De lateral a diretor em um ano - cdn.rbth.com · conquistou o penta com a Se-leção em 2002,...

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NOTAS Cientistas russos e sul-co- reanos iniciaram uma par- ceria para clonar o mamu- te, segundo a agência Itar-Tass. O animal foi ex- tinto há 4,5 mil anos. O projeto, cofinanciado pelos dois países, foi acor- dado entre a Universidade Federal Noroeste da Rús- sia e o Centro Sul-Coreano de Pesquisas Biotecnológi- cas. Segundo Semion Gri- góriev, do Museu do Mamu- te, na cidade de Iakutsk (no Extremo Oriente russo), um clone do animal só poderá ser obtido dentro de 10 a 20 anos. “O objetivo do nosso pro- jeto é cooperar no estudo do genoma de animais ex- tintos”, diz Grigóriev. “Vamos colher material biológico para clonagem no norte da região da Iakútia”, completa. Rossiyskaya Gazeta Sul-coreanos e russos querem clonar mamute O Google premiou o uni- versitário russo Serguêi Glazunov, da cidade de Tiu- men, na Sibéria, com US$ 60 mil (R$ 108 mil) em uma competição de hackers realizada em Vancouver, no Canadá. Glazunov foi o primeiro a detectar uma vulnerabi- lidade no navegador Goo- gleChrome, que era o obje- tivo da competição. Os defeitos no browser estão associados ao histórico de navegação. O Google infor- mou que só anunciará de- talhes no futuro. Enquanto isso, a empresa lançou um comunicado recomendan- do que usuários instalem as atualizações de seguran- ça para se precaver. Gazeta.ru A prefeitura de Moscou au- torizou a instalação de má- quinas de venda de caviar vermelho em passagens subterrâneas da capital. Agora, a cidade já conta com 10 exemplares das má- quinas, situadas em centros de negócios de alto padrão e no gabinete da prefeitura de Moscou. Em mercados, a lata de 140 g custa cerca de 290 rublos (R$ 18). Aeroexpress Hacker ganha prêmio do Google Máquinas de caviar As verdades de As verdades de Elke Maravilha Elke Maravilha Nascida em São Pe- Nascida em São Pe- tersburgo, Elke fala tersburgo, Elke fala em entrevista exclu- em entrevista exclu- siva à Gazeta Russa siva à Gazeta Russa P.4 Mercado de consumo País já ocupa 7° lugar no ranking mundial e pode ser primeiro até 2018 P.3 QUARTA-FEIRA, 28 DE MARÇO DE 2012 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru A indústria do turismo de São Petersburgo - segunda maior cidade russa e um dos destinos mais famosos do país – pode sofrer com a in- trodução de uma lei antigay endossada por legisladores locais em meio a protestos de ativistas ligados à causa. A Assembleia Legislativa de São Petersburgo aprovou um projeto de lei cuja intenção é proibir “a promoção de so- domia, lesbianismo, bisse- xualismo e transexualismo a menores de idade”. Em uma campanha de re- percussão internacional lan- çada na internet, turistas estrangeiros ameaçavam o governador de São Peters- burgo, Geórgui Poltá- vtchenko, com o boicote da cidade caso tal projeto se transformasse em lei. Uma das mais principais organi- zações de ativismo digital Legislação Governador promulga lei proibindo promoção homossexual LGBT, a AllOut.org divul- gou em seu site um abaixo assinado com os dizeres: “Se o projeto for realmente apro- vado, não viajarei mais a São Petersburgo e vou estimu- lar todos os meus amigos e conhecidos a fazerem o mesmo”. Mas o governador não atendeu aos pedidos e, em 7 de março, promulgou a lei, que prevê penalidades para a promoção do homossexu- alismo e da pedofilia entre menores de idade. Segundo os opositores, o projeto de lei, que não espe- cifica o sentido do termo “promoção”, pode vir a ser usado arbitrariamente para reprimir qualquer manifes- tação pública de homosse- xualidade – arte, filmes, li- teratura e imprensa para eventos de orgulho gay e protestos em prol da causa. Eles também ressaltam que a “promoção” de ativi- dades constitucionalmente legais não pode resultar em punição, motivo pelo qual um projeto de lei similar foi descartado pela Duma (par- lamento russo) em 2006. O projeto gerou repercus- são internacional e críticas de políticos, como a secre- tária de Estado norte-ame- ricana Hillary Clinton, e de figuras da cultura como o diretor e escritor britânico Stephen Fry. Com show marcado para o verão no país, a cantora Madonna anunciou que irá se apresen- tar contra a nova lei. Mas na segunda votação do projeto de lei, no dia 8 de fevereiro, 30 dos 49 deputa- dos presentes deram seu voto favorável. O autor do proje- to, Vitáli Milonov, que é de- putado pelo partido gover- nista Rússia Unida e chefe do Comitê Legislativo, agora está sendo processado pelo principal ativista gay do Turismo pode cair com lei antigay em São Petersburgo Críticos à lei vão de Anistia Internacional a Madonna Anatóli Aksakov, represen- tante russo enviado ao Brasil Comunidade teme que termo “promoção” possa ser usado para reprimir qualquer manifestação gay, como arte, filmes e paradas da causa. SERGUÊI TCHERNOV ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 3 Rússia e Brasil podem assi- nar um acordo de swap cam- bial (troca de taxa de varia- ção cambial por juros pós-fixados), afirmou o pre- sidente da Associação de Ban- cos Regionais, Anatóli Ak- sakov, ao jornal russo Marker. A questão foi abordada du- rante a recente visita de uma delegação de bancos russos à América do Sul. “As transa- ções comerciais internacionais em moedas nacionais têm um bom futuro. Os países devem unir esforços para promover a prática de pagamentos e re- cebimentos em moedas nacio- nais, evitando os riscos decor- rentes das flutuações cambiais e reduzindo prejuízos. Tudo isso favorecerá o intercâmbio comercial e as atividades de investimento, assim como per- mitirá cumprir as metas do crescimento econômico e gerar vantagem mútua”, disse Aksakov. Segundo ele, enquanto as transações comerciais com Bilateral Swap já é usado com China Países discutem adoção de suas próprias moedas, que podem ajudar a reduzir prejuízos decorrentes de flutuações cambiais. o Brasil continuam sendo re- alizadas em dólares, a Rús- sia já praticamente resolveu o problema com a China. “O Brasil é um país emergente. E nossa moeda nacional é agora bastante estável, por isso poderíamos abandonar aos poucos o dólar, primei- ro em transações de peque- no porte, depois em outras maiores”, disse. De acordo com ele, os Bancos Centrais da Rússia e do Brasil pre- tendem discutir a possibili- dade de simplificar as ope- rações de câmbio entre os dois países. Rússia e Brasil negociam fim do uso do dólar ANASTASSIA ALEKSÊIEVSKIKH MARKER FOTO DO ARQUIVO PESSOAL ITAR-TASS ITAR-TASS Futebol Em rápida ascensão, Roberto Carlos vira treinador interino e, em seguida, diretor do Anji Makhatchkalá Lateral esquerdo assinou contrato de 15 milhões de reais há apenas um ano com Anji e já assume novo posto. Depois de terminar a carrei- ra no gramado, muitos joga- dores de futebol brasileiros se dedicam a atividades não relacionadas com o esporte. Raí se dedica a uma entida- de filantrópica, Cafu tem uma rede de restaurantes na Itália, e assim por diante. Um dos maiores casos de sucessos fora do gramado, porém, é o de Leonardo, late- ral esquerdo na Copa de 1994, que trabalhou como consul- tor e técnico do Milan e, desde 2011, é diretor do Paris Saint- German. Agora o também lateral es- querdo Roberto Carlos, que conquistou o penta com a Se- leção em 2002, escolheu um caminho parecido, assumin- do a função de diretor do clube russo Anji Makhatchkalá. Considerado o mais ambicio- so projeto do futebol euroasi- ático da atualidade, o clube contava com os dotes de Ro- berto Carlos em campo so- mente há pouco mais de um ano. “Temos planos ambiciosos, vamos promover a marca do clube em todo o mundo. Que- remos ganhar o título de cam- peão da Rússia e títulos eu- ropeus”, escreveu Roberto Carlos em seu microblog após o anúncio da nova posição. Esse é mais um desafio para Roberto Carlos, que teve uma carreira recheada deles. O brasileiro se mudou para a Eu- ropa aos 22 anos, para jogar no Internazionale de Milão. No entanto, após uma ótima temporada na Série A, o clube italiano decidiu vender seu la- teral esquerdo ao Real Ma- drid por seis milhões de dó- lares. Em 2007, Roberto Carlos foi jogar na Turquia, mas no ano seguinte estava de volta ao Brasil. Depois de ingressar no Anji Makhtchkalá, em fevereiro de 2011, seu nome tomou as man- chetes da imprensa esportiva quando um torcedor arreme- sou uma banana em campo perto do jogador. Na época, muitos consideraram absur- da a decisão do lateral esquer- do de assinar com um clube da explosiva capital do Da- guestão, Makhatchkalá. Agora, porém, que o Anji virou notícia internacional, muitos jogadores gostariam de estar em seu lugar, e aspirantes a futebolistas têm visitado o país em busca da sorte e de um gordo contrato. “A assinatura de um con- trato com Roberto é um ver- dadeiro sucesso não só para No novo cargo, brasileiro deve ser uma espécie de guia do futebol internacional para Suleiman Kerimov, o bilionário proprietário do clube TIMUR GANEEV GAZETA RUSSA o Anji mas também para todo o futebol russo”, disse à Ga- zeta Russa o vice-presidente do Anji, Guérman Tchis- tiakov. “Como jogador, Ro- berto Carlos ganhou tudo o que podia e devia ganhar. CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 De lateral a diretor em um ano PHOTOSHOT/VOSTOCK-PHOTO © VITALIJ BELOUSOW_RIA NOVOSTI LORI/LEGION MEDIA

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NOTAS

Cientistas russos e sul-co-reanos iniciaram uma par-ceria para clonar o mamu-te, segundo a agência Itar-Tass. O animal foi ex-tinto há 4,5 mil anos.

O projeto, cofi nanciado pelos dois países, foi acor-dado entre a Universidade Federal Noroeste da Rús-sia e o Centro Sul-Coreano de Pesquisas Biotecnológi-cas. Segundo Semion Gri-góriev, do Museu do Mamu-te, na cidade de Iakutsk (no Extremo Oriente russo), um clone do animal só poderá ser obtido dentro de 10 a 20 anos.

“O objetivo do nosso pro-jeto é cooperar no estudo do genoma de animais ex-tintos”, diz Grigóriev.

“Vamos colher material biológico para clonagem no norte da região da Iakútia”, completa.

Rossiyskaya Gazeta

Sul-coreanos e russos querem clonar mamute

O Google premiou o uni-versitário russo Serguêi Glazunov, da cidade de Tiu-men, na Sibéria, com US$ 60 mil (R$ 108 mil) em uma competição de hackers realizada em Vancouver, no Canadá.

Glazunov foi o primeiro a detectar uma vulnerabi-lidade no navegador Goo-gleChrome, que era o obje-tivo da competição. Os defeitos no browser estão associados ao histórico de navegação. O Google infor-mou que só anunciará de-talhes no futuro. Enquanto isso, a empresa lançou um comunicado recomendan-do que usuários instalem as atualizações de seguran-ça para se precaver.

Gazeta.ru

A prefeitura de Moscou au-torizou a instalação de má-quinas de venda de caviar vermelho em passagens subterrâneas da capital.

Agora, a cidade já conta com 10 exemplares das má-quinas, situadas em centros de negócios de alto padrão e no gabinete da prefeitura de Moscou. Em mercados, a lata de 140 g custa cerca de 290 rublos (R$ 18).

Aeroexpress

Hacker ganha prêmio do Google

Máquinas de caviar

As verdades de As verdades de Elke MaravilhaElke MaravilhaNascida em São Pe-Nascida em São Pe-tersburgo, Elke fala tersburgo, Elke fala em entrevista exclu-em entrevista exclu-siva à Gazeta Russasiva à Gazeta Russa

P.4

Mercado de consumo País já ocupa 7° lugar no ranking mundial e pode ser primeiro até 2018

P.3

QUARTA-FEIRA, 28 DE MARÇO DE 2012

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUSSIA BEYONDTHE HEADLINESwww.rbth.ru

A indústria do turismo de São Petersburgo - segunda maior cidade russa e um dos destinos mais famosos do país – pode sofrer com a in-trodução de uma lei antigay endossada por legisladores locais em meio a protestos de ativistas ligados à causa. A Assembleia Legislativa de São Petersburgo aprovou um projeto de lei cuja intenção é proibir “a promoção de so-domia, lesbianismo, bisse-xualismo e transexualismo a menores de idade”.

Em uma campanha de re-percussão internacional lan-çada na internet, turistas estrangeiros ameaçavam o governador de São Peters-burgo, Geórgui Poltá-vtchenko, com o boicote da cidade caso tal projeto se transformasse em lei. Uma das mais principais organi-zações de ativismo digital

Legislação Governador promulga lei proibindo promoção homossexual

LGBT, a AllOut.org divul-gou em seu site um abaixo assinado com os dizeres: “Se o projeto for realmente apro-vado, não viajarei mais a São Petersburgo e vou estimu-lar todos os meus amigos e

conhecidos a fazerem o mesmo”.

Mas o governador não atendeu aos pedidos e, em 7 de março, promulgou a lei, que prevê penalidades para a promoção do homossexu-

alismo e da pedofi lia entre menores de idade.

Segundo os opositores, o projeto de lei, que não espe-cifica o sentido do termo “promoção”, pode vir a ser usado arbitrariamente para reprimir qualquer manifes-tação pública de homosse-xualidade – arte, fi lmes, li-teratura e imprensa para eventos de orgulho gay e pr ot e s t o s e m pr ol d a causa.

Eles também ressaltam que a “promoção” de ativi-dades constitucionalmente legais não pode resultar em punição, motivo pelo qual um projeto de lei similar foi descartado pela Duma (par-lamento russo) em 2006.

O projeto gerou repercus-são internacional e críticas de políticos, como a secre-tária de Estado norte-ame-ricana Hillary Clinton, e de fi guras da cultura como o diretor e escritor britânico Stephen Fry. Com show marcado para o verão no país, a cantora Madonna anunciou que irá se apresen-tar contra a nova lei.

Mas na segunda votação do projeto de lei, no dia 8 de fevereiro, 30 dos 49 deputa-dos presentes deram seu voto favorável. O autor do proje-to, Vitáli Milonov, que é de-putado pelo partido gover-nista Rússia Unida e chefe do Comitê Legislativo, agora está sendo processado pelo principal ativista gay do

Turismo pode cair com lei antigay em São Petersburgo

Críticos à lei vão de Anistia Internacional a Madonna

Anatóli Aksakov, represen-tante russo enviado ao Brasil

Comunidade teme que termo “promoção” possa ser usado para reprimir qualquer manifestação gay, como arte, filmes e paradas da causa.

SERGUÊI TCHERNOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 3

Rússia e Brasil podem assi-nar um acordo de swap cam-bial (troca de taxa de varia-ção cambial por juros pós-fi xados), afi rmou o pre-sidente da Associação de Ban-cos Regionais, Anatóli Ak-sakov, ao jornal russo Marker. A questão foi abordada du-rante a recente visita de uma delegação de bancos russos à América do Sul. “As transa-ções comerciais internacionais em moedas nacionais têm um bom futuro. Os países devem unir esforços para promover a prática de pagamentos e re-cebimentos em moedas nacio-nais, evitando os riscos decor-rentes das fl utuações cambiais e reduzindo prejuízos. Tudo isso favorecerá o intercâmbio comercial e as atividades de investimento, assim como per-mitirá cumprir as metas do crescimento econômico e gerar vantagem mútua”, disse Aksakov.

Segundo ele, enquanto as transações comerciais com

Bilateral Swap já é usado com China

Países discutem adoção de suas próprias moedas, que podem ajudar a reduzir prejuízos decorrentes de flutuações cambiais.

o Brasil continuam sendo re-alizadas em dólares, a Rús-sia já praticamente resolveu o problema com a China. “O Brasil é um país emergente. E nossa moeda nacional é agora bastante estável, por isso poderíamos abandonar aos poucos o dólar, primei-ro em transações de peque-no porte, depois em outras maiores”, disse. De acordo com ele, os Bancos Centrais da Rússia e do Brasil pre-tendem discutir a possibili-dade de simplifi car as ope-rações de câmbio entre os dois países.

Rússia e Brasil negociam fim do uso do dólar

ANASTASSIA ALEKSÊIEVSKIKHMARKER

FOTO DO ARQUIVO PESSOAL

ITAR

-TASS

ITAR-TASS

Futebol Em rápida ascensão, Roberto Carlos vira treinador interino e, em seguida, diretor do Anji Makhatchkalá

Lateral esquerdo assinou contrato de 15 milhões de reais há apenas um ano com Anji e já assume novo posto.

Depois de terminar a carrei-ra no gramado, muitos joga-dores de futebol brasileiros se dedicam a atividades não relacionadas com o esporte. Raí se dedica a uma entida-de filantrópica, Cafu tem uma rede de restaurantes na Itália, e assim por diante.

Um dos maiores casos de sucessos fora do gramado, porém, é o de Leonardo, late-ral esquerdo na Copa de 1994, que trabalhou como consul-tor e técnico do Milan e, desde 2011, é diretor do Paris Saint-German.

Agora o também lateral es-querdo Roberto Carlos, que conquistou o penta com a Se-leção em 2002, escolheu um caminho parecido, assumin-do a função de diretor do clube russo Anji Makhatchkalá. Considerado o mais ambicio-so projeto do futebol euroasi-ático da atualidade, o clube contava com os dotes de Ro-berto Carlos em campo so-mente há pouco mais de um ano.

“Temos planos ambiciosos, vamos promover a marca do clube em todo o mundo. Que-remos ganhar o título de cam-peão da Rússia e títulos eu-ropeus”, escreveu Roberto Carlos em seu microblog após o anúncio da nova posição.

Esse é mais um desafi o para

Roberto Carlos, que teve uma carreira recheada deles. O brasileiro se mudou para a Eu-ropa aos 22 anos, para jogar no Internazionale de Milão. No entanto, após uma ótima temporada na Série A, o clube italiano decidiu vender seu la-teral esquerdo ao Real Ma-

drid por seis milhões de dó-lares. Em 2007, Roberto Carlos foi jogar na Turquia, mas no ano seguinte estava de volta ao Brasil.

Depois de ingressar no Anji Makhtchkalá, em fevereiro de 2011, seu nome tomou as man-chetes da imprensa esportiva

quando um torcedor arreme-sou uma banana em campo perto do jogador. Na época, muitos consideraram absur-da a decisão do lateral esquer-do de assinar com um clube da explosiva capital do Da-guestão, Makhatchkalá. Agora, porém, que o Anji virou

notícia internacional, muitos jogadores gostariam de estar em seu lugar, e aspirantes a futebolistas têm visitado o país em busca da sorte e de um gordo contrato.

“A assinatura de um con-trato com Roberto é um ver-dadeiro sucesso não só para

No novo cargo, brasileiro deve ser uma espécie de guia do futebol internacional para Suleiman Kerimov, o bilionário proprietário do clube

TIMUR GANEEVGAZETA RUSSA

o Anji mas também para todo o futebol russo”, disse à Ga-zeta Russa o vice-presidente do Anji, Guérman Tchis-tiakov. “Como jogador, Ro-berto Carlos ganhou tudo o que podia e devia ganhar.

CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2

De lateral a diretor em um ano

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BRPolítica e Sociedade

Na primeira semana de março foi aberta em Moscou a primeira rede de postos de carregamento para carros elétricos no país. Embora a rede tenha apenas sete pos-tos, a intenção é ampliá-la e estendê-la a outras cidades.

O uso de carros elétricos poderia diminuir a pressão sobre o meio ambiente e o sis-tema de energia da cidade. Suas vendas, porém, ainda são muito pequenas e não devem crescer nos próximos anos. A razão é que esse tipo de veículo tem mais pontos negativos do que positivos.

Até o fi nal deste ano, a dis-tribuidora de energia Com-panhia Rede Elétrica Unida de Moscou pretende instalar 28 estações de carregamen-to em todo o país. Em abril, por iniciativa do departa-mento de recursos naturais e proteção ambiental de Mos-cou, serão instaladas na ca-pital outras 20 estações de

Energia verde Benefícios são menores que os da gasolina

Primeira rede de postos de carregamento de veículos elétricos foi inaugurada, mas vendas no país ainda não deslancharam.

carregamento do Departa-mento de Ecologia e Prote-ção do Meio Ambiente de Moscou e 50 postos da com-panhia Revolta.

Segundo o diretor-geral da Revolta, Maksim Ossoin, até o fi nal deste ano deverão ser instalados ao todo cerca de mil estações de carregamen-to no país. Hoje, as estações da capital levam de oito a dez horas para abastecer um au-tomóvel e seus principais clientes são veículos elétri-cos corporativos da Compa-nhia Rede Elétrica Unida de Moscou. Há planos para ins-talar, num futuro próximo, postos rápidos que possam abastecer um veículo em 20 ou 30 minutos.

Como estão em teste até julho, as estações farão o abastecimento gratuitamen-te. Ainda não foram divul-gados os valores de varejo, mas um carro elétrico pode-ria ser abastecido com um quinto do valor usado em um comum, segundo o diretor de desenvolvimento de negócios da Revolta, Vassíli Mankó.

Por um ar mais puroVeículos elétricos poderiam reduzir signifi cativamente a

pressão sobre o ambiente de grandes cidades. As emissões de gases produzidas por ve-ículos a motor representam cerca de 40% da poluição total. Em grandes áreas me-tropolitanas, esse valor atin-ge os 90%.

A Rússia está dando ape-nas os primeiros passos no desenvolvimento de trans-porte elétrico. No ano passa-do, o vice-diretor do depar-tamento de transportes e in-fraestrutura rodoviária de Moscou, Iúri Mazíkin, pro-pôs equipar estacionamentos com postos de carregamento para carros elétricos e incen-tivar os motoristas a usar a nova tecnologia, mas os pla-nos ainda não foram coloca-dos em ação.

É caro e pouco eficazA Rússia tem um número de veículos elétricos extrema-mente pequeno. Isso aconte-ce porque o emprego do carro elétrico no dia-a-dia muitas vezes sai mais caro do que o uso de veículos com combus-tível comum.

Além do preço alto, carros elétricos têm outro ponto ne-gativo notável: a vida útil da bateria é extremamente li-

Os investimentos em pro-jetos para instalação de redes de postos de carregamento na região de Moscou nos pró-ximos três a cinco anos são avaliadas em 1,5 a 2 bilhões de rublos (cerca de R$ 121 milhões).

No entanto, de acordo com Golovanov, só se pode falar no desenvolvimento do setor quando forem criadas novas baterias que aumentem a au-tonomia dos carros.

“Para isso, é preciso força de vontade por parte da maioria das montadoras in-ternacionais. Enquanto não surgirem veículos elétricos no segmento de varejo, não podemos considerá-los como alternativa séria aos carros movidos a gasolina”, afi rma Kirill Márkin, acrescentan-do que sem o apoio do go-verno o projeto não terá êxito.

O desenvolvimento do setor de transportes elétricos, en-tretanto, vai contra os inte-resses econômicos do Esta-do. Por mais que os meios ofi -ciais citem a necessidade de melhorar o ambiente nas áreas urbanas, o Estado não permitirá que uma fonte de receita orçamentária tão grande quanto o imposto de consumo sobre a gasolina seja reduzida.

Além disso, não se pode esquecer que o desenvolvi-mento de veículos elétricos em escala global terá como consequência o aumento do consumo de energia elétri-ca. Se as necessidades cres-centes de energia forem co-bertas principalmente pelas usinas termelétricas a car-vão ou a gás, a poluição am-biental tenderá a aumentar, não a diminuir.

Benefício para quem?De acordo com a Companhia Rede Elétrica Unida de Mos-cou, a primeira a instalar postos de carregamento para carros elétricos, o projeto não é rentável. “Simplesmente mostramos as perspectivas de desenvolvimento do trans-porte elétrico. A princípio, para desenvolver esses pro-jetos serão necessários ope-radores independentes”, afi r-ma o d iretor-geral da empresa.

Carro elétrico é desafio para Estado russo

Primeira rede de postos do país leva de 8 a 10 horas para abastecer um carro

LARISSA MAKÉIEVARIA NÓVOSTI

“Autonomia de carro elétrico ainda é baixa, de 100 km, e no inverno não chega a 60 km”

Estado não vai deixar que volumoso imposto sobre a gasolina seja reduzido

país, Nikolai Aleksêiev. De acordo com o site GayRus-sia.Ru, o ativista pede uma indenização de um milhão de rublos (cerca de R$ 61,7 mil) por difamação e atenta-do contra sua honra e digni-dade. Milonov declarou à im-prensa que Aleksêiev “exe-cuta suas ações com dinhei-ro recebido do Ocidente”. Além disso, de acordo com reportagem do jornal The Moscow Times, o deputado chamou o ativista de “meni-na”. Segundo o jornal, Milo-nov disse que não sabia a idade de Aleksêiev, mas que “isso é algo que não se per-gunta às meninas”.

Audiência formalUma audiência aberta foi

realizada em fevereiro com a participação de diversos opositores do projeto, mas não teve efeito sobre sua aprovação. Segundo o dire-tor do grupo de direitos

LGBT “Vikhod” (em russo, “Saída”), Igor Kotchetkov, seu objetivo foi apenas “mos-trar ao mundo que o público está sendo formalmente ouvido”.

“O projeto de lei passou

ritual dos menores de idade, incluindo a formação de ideias distorcidas sobre a equivalência social das rela-ções conjugais tradicionais e não tradicionais”.

Em 29 de fevereiro, a As-

sembleia Legislativa de São Petersburgo aprovou, em vo-tação fi nal, o polêmico pro-jeto de lei, passado em segui-da ao governador de São Pe-tersburgo, Gueórgui Poltá-vtchenko, conhecido por ser um ardente defensor da igre-ja cristã ortodoxa.

De acordo com a lei, ações públicas para a promoção de sodomia, lesbianismo, bisse-xualismo e transexualismo serão penalizadas com multa de 5 mil rublos (cerca de R$ 300) para cidadãos comuns, 50 mil rublos (R$ 3 mil) para servidores públicos, e de 250 mil (R$ 15,3 mil) a 500 mil (R$ 30,6 mil) rublos para pes-soas jurídicas.

O ativista Kotchetkov afi r-ma que o projeto – que sur-giu durante a campanha para as eleições da Duma em de-zembro e ganhou força du-rante a campanha presiden-cial – é uma estratégia das autoridades para conquistar o v o t o d e e l e i t o r e s conservadores.

LGBT temem uso arbitrário de lei polêmica

Comunidade teme repressão de qualquer manifestação gay, como arte, cinema e paradas

mitada. De acordo com o vi-ce-diretor da revista Auto Review, Leonid Golovanov, essa é a principal razão pela qual as vendas de carros elé-tricos são extremamente pe-quenas em comparação com as de veículos tradicionais.

“O que se anuncia é que um carro elétrico faz 160 km, mas na verdade ele não ul-trapassa os 100 km. No in-verno, ele mal faz 50 ou 60 km. Infelizmente, é muito pouco”, explica.

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para segunda leitura, mesmo depois da conclusão do Co-mitê Jurídico que chamou atenção para a redação do projeto, considerada extre-mamente vaga e com termos como ‘sodomia’, ‘lesbianismo’

e ‘transsexualismo’, sequer definidos pela lei”, disse Kotchetkov.

Os legisladores acrescen-taram uma especifi cação ao projeto de lei antes da segun-da votação, no dia 8 de feve-

reiro, esclarecendo que o crime está na “disseminação pública intencional e descon-trolada de informações ca-pazes de prejudicar a saúde das pessoas, bem como o de-senvolvimento moral e espi-

Sua experiência vai mostrar aos jogadores mais jovens do Anji que no futebol nada é impossível”, completa.

Segundo Tchistiakov, as di-versas conversas que o vice-presidente teve com o jogador o levaram a crer que Roberto Carlos chegou ao Anji Makha-tchkalá não apenas pelo di-nheiro, apesar do milionário contrato assinado entre as partes. O lateral-esquerdo foi contratado pelo time por uma quantia de 15 milhões de reais ao ano. Assim que ingressou, em fevereiro de 2011, recebeu a faixa de capitão e, em se-tembro, já era o treinador interino.

“Roberto Carlos realmen-te quer desenvolver o futebol nessa região. Seu nome e os projetos que planejamos nos ajudarão a atrair para nosso clube jogadores conhecidos e, o mais importante, a for-mar nossos jovens”, diz Tchistiakov.

Diretoria a vista Agora, pouco mais de um

ano depois de ingressar no

time, Roberto Carlos asumi-rá as funções de diretor do Anji. “No novo posto, Rober-to Carlos terá muito traba-lho a fazer, mas estou segu-ro de que ele vai superar esse desafi o. Ele é um homem de caráter e de grande capaci-dade de organização. Acho que Suleiman Kerimov [bi-lionário russo que é proprie-tário do clube Anji] fez a es-colha certa”, disse Tchis-tiakov à Gazeta Russa.

O novo treinador do Anji, o holandês Guus Hiddink, que assumirá as funções de

Gadzhi Gadzhiev, demitido em setembro, também apoia o brasileiro no novo cargo. “O Roberto é muito útil ao nosso clube. Foi ele quem me ajudou a treinar o time e me deu muita informação útil sobre sua situação. Ele tem uma credibilidade inabalá-vel. Juntos, vamos construir um novo Anji, mais moder-no e competitivo”, declarou.

O passe do brasileiro, que foi apelidado pelo time de “Senhor Artilheiro” foi a pri-meira grande aquisição do clube de Suleiman Kerimov. A notícia ganhou as manche-tes do noticiário esportivo mundial. Em pouco tempo, Roberto Carlos foi seguido pelo camaronês Samuel Eto’o, do Inter de Milão.

A partir de agora, o novo diretor do Anji deve se tor-nar uma espécie de guia para Kerimov no futebol in-ternacional. Os contatos e a autoridade de Roberto Car-los no futebol mundial podem fi nalmente ajudar o Anji a se transformar no clube de referência interna-cional que há tempos pre-tende ser.

Roberto Carlos troca gramado por diretoria

Guérman Tchistiakov e Roberto Carlos

Mikhail Khodorkóvski cum-priu 8 anos e continua preso

O diretor do Serviço Federal de Controle de Drogas da Rússia, Víktor Ivanov, decla-rou que jovens em escolas de todas as regiões da Rússia estão sendo submetidos a tes-tes de drogas.“Na verdade, todas as esco-las do país já fazem esses tes-tes”, disse Ivanov.“Eu não

A Procuradoria Geral da Fe-deração Russa, chefi ada por Iúri Tchaika, deve fi nalizar a revisão dos casos até o dia 1° de abril. Da lista de Med-vedev constam 32 nomes, dentre eles o do ex-diretor da petrolífera Yukos, Mikhail Khodorkóvski, além de seu sócio Platon Lêbedev e do chefe de segurança Aleksêi Pitchúguin.

Os condenados fazem parte de um rol de 39 presos polí-ticos entregue pela oposição russa ao chefe do Conselho Presidencial de Direitos Hu-manos, Mikhail Fedotov, no início de fevereiro para serem perdoados pelo presidente.

Em meados de março, a Corte Europeia de Direitos Humanos anunciou a deci-são de não reconsiderar um caso da Yukos contra o Es-

Saúde Jovens passam por análises Justiça Sentenças teriam motivo político

Segundo autoridades, exame não é obrigatório, já que “muitas escolas o realizam por vontade própria”.

O presidente russo Dmítri Medvedev ordenou que se verifique a legalidade de diversas condenações judiciais no país.

diria que os testes são obri-gatórios porque muitas esco-las, centros de ensino e uni-versidades do país começa-ram a realizar testes de do-enças e drogas por vontade própria”, acrescentou. Segundo Ivanov, o objetivo dos testes é diagnosticar o quanto antes o uso de dro-gas para tratamento dos usu-ários. A alteração da legis-lação que inclui a obrigato-riedade dos testes foi feita em abril de 2011, pelo presiden-te russo Dmítri Medvedev.

tado russo. A corte decidiu que a Yukos não tem evidên-cias sufi cientes para provar que sua bancarrota foi pro-v o c a d a p o r m o t i v o s políticos.

Medvedev não assentiu com a anistia imediata dos listados, mas ordenou que os casos fossem revisados. Con-denado por sonegação de im-postos, Khodorkóvski cum-priu sua pena de oito anos, mas continua preso.

Testes de drogas nas escolas

Pena revista para 32 condenados

INTERFAX

COM AS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

“Caça aos gays” se amplia no paísApós a aprovação da lei que proíbe “a promoção de so-domia, lesbianismo, bissexu-alismo e transsexualismo a menores de idade” em São Pe-tersburgo, o diretor do conse-lho jovem da Igreja Ortodoxa Russa, padre Dmítri Pershin, declarou que os legisladores devem aprovar “sem demora” uma lei que torne crime a pro-moção de homossexualidade entre menores de 16 anos em todo o país. O mesmo pedido foi feito em novembro pela presidente do Conselho da Federação da Rússia, Valentina Matvienko.

Leis semelhantes já foram aprovadas nas regiões de Ria-zan, em 2006, e de Arkhan-guelsk, em 2011. Em Novosi-birski, 10 mil assinaram um pedido de adoção da lei,Anatóli Artiukh, membro da organização nacionalista cristã ortodoxa Naródni Sobor, des-creveu a lei como “apenas o primeiro passo rumo à reintro-dução das penas criminais para o homossexualismo na Rússia”. A lei soviética que punia o ho-mossexualismo masculino com prisão foi extinta em 1993 na Rússia, sob o governo do ex-presidente Boris Iéltsin.

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Economia e Mercado

Assim como a taxa de nata-lidade voltou a crescer desde meados de 2009, também o mercado de consumo na Rús-sia está se desenvolvendo ra-pidamente. Em serviços de telefonia celular, por exem-plo, o país tornou-se o maior mercado na Europa desde 2004. Em 2011, alcançou o tí-tulo de maior mercado euro-peu de artigos para crianças e de produtos lácteos. O mercado de consumo russo

Classe média Com dívida ínfima, população tem metade da renda média per capita europeia, mas poder de compra equivalente

País tem maiores mercados de roupas para crianças, telefonia celular e lácteos da Europa e é o 7° no ranking mundial de consumo.

deve continuar a aumentar até 2018, quando pode se tor-nar o maior da Europa.

Com população de aproxi-madamente 15 milhões de ha-bitantes registrados e maior cidade da Europa, Moscou é responsável pela maior parte do crescimento do consumo.Mas agora a prosperidade econômica está se estenden-do gradualmente também às onze cidades russas com mais de um milhão de habitantes, transformando o país um pa-raíso para varejistas e mar-cas internacionais.

Renda x poderA renda média per capita na Rússia é quase a metade da dos europeus, mas levando

em conta o nível ínfi mo da dívida russa, a população tem o mesmo poder de compra dos europeus – e adora usá-lo. Segundo pesquisa de mer-cado da consultoria interna-cional Euromonitor, a Rússia já ocupa o sétimo lugar no ranking de mercado de con-sumo do mundo.

“A Rússia se tornou um país de classe média”, expli-ca Kingsmill Bond, diretor de estratégia do Citigroup na Rússia. O desenvolvimento do país está acontecendo de forma muito rápida, e ele logo alcançará a Alemanha, que agora detém o maior merca-do de varejo da Europa.

O volume mensal de ne-gócios no varejo na Rússia é cerca de 50 bilhões de dóla-res. De acordo com a Rosstat (Agência Federal de Estatís-ticas Russa), o mercado de varejo movimentou US$ 470,3 bilhões em 2009; US$ 543,5 bilhões em 2010 e, no primei-ro semestre de 2011, o volu-me cresceu 5,4% em relação ao ano anterior.

Com o crescimento do poder de compra, aumenta o consumo de produtos alimen-tícios na Rússia. E os consu-midores são atraídos por itens cada vez mais sofi sticados.

“O mercado de alimenta-ção representa o maior setor do mercado russo com rápi-da expansão”, diz Katarzi-na Twardzik, analista de venda em varejo da consul-

to na Europa, e em 2010 atingiu US$ 56,8 bilhões. Se a indústria manter a taxa de crescimento anual de 10%, a Rússia vai ultrapassar a Ale-manha nos próximos dois anos, tornando-se o maior mercado europeu, segundo Twarkzik, da PMR.

US$ 10,5 bilhões em 2009, mas, enquanto a taxa com-posta de crescimento anual (CAGR) é de apenas 1,5%. Ou-tros mercados da Europa estão em declínio.

O mercado russo de aces-sórios e roupas está experi-mentando o maior crescimen-

Rússia pode ser maior mercado de consumo da Europa até 2018

Setor de brinquedos e artigos infantis é um dos que mais crescem no país

ANNA KRÁVTCHENKO, BEN ARISESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Crianças também são alvo de mercado de luxoSeguindo o crescimento do consumo de produtos infan-tis, o grupo russo Bosco di Ci-liegi anunciou a abertura, em setembro próximo, do Détski Gum (em russo, “Gum Infan-til”). Na mesma linha do fa-moso shopping center de luxo Gum, a loja multimarca infan-til reunirá produtos Armani Jr., Dolce & Gabbana Jr., Burber-ry, Baby Dior, Ermanno Scervi-no, Versace Jr., Junior Gaultier, Miss Blumarine e Hugo Boss, entre outros.

Segundo o proprietário da Bosco, Mikhail Kusnirovitch, re-velou ao diário russo Kommer-sant em meados de março, o empreendimento será instala-do num prédio lateral do Gum original, que fica bem em fren-te à Praça Vermelha. A loja te-rá três andares, totalizando 3 mil m2. “Será uma loja multimarca com roupas e calçados infan-tis, brinquedos, um café para crianças. Não será um shop-ping center com locatários por

contrato, mas uma grande loja sem divisões”, disse Kusniro-vitch. O edifício, localizado no metro quadrado mais caros de Moscou, não faz parte do Gum, que é estatal e tem uma área de 74,9 mil m2. Em Moscou já há três estabe-lecimentos no mesmo formato do Détski Gum: duas lojas En-dless Story, de mais de quatro mil m2 cada, em bairros nobres da capital, e a Détskaia Gale-reia, de propriedade da rede Détski Mir.

toria anglo-americana PMR. “A Rússia já é capaz de com-petir com os principais pa-íses da Europa Ocidental”, completa.

Consumo infantilA estabilidade política dos últimos dez anos é uma das razões do aumento do núme-ro de jovens famílias no país. O mercado de produtos para bebês e crianças se ampliou e apareceram novas redes de lojas de brinquedos e roupas infantis.

O setor de brinquedos é um dos que evolui mais rapida-mente no grupo de produtos não alimentícios, e alcançou uma taxa de crescimento de 76% durante os últimos cinco anos, de acordo com dados da PMR.

A Détski Mir (em russo, “Mundo das Crianças”), loja de produtos infantis mais fa-mosa da Rússia, foi fundada em 1953 e se tornou uma rede moderna em rápida expansão. A empresa possui hoje 146 lojas em 73 cidades do país.

“Esperamos que as vendas atinjam os 10 bilhões de dó-lares”, afi rma o proprietário da Détski Mir, Vladímir Ie-vtushenkov, acrescentando que o grupo tem planos de abrir mais 25 novas lojas.

Em 2011, a Rússia tinha 22 milhões de crianças me-nores de 14 anos. Moscou re-presenta 25% da demanda total (US$ 11,3 bilhões) de

brinquedos na Rússia, de acordo com Twardzik. Se-gundo dados da consultoria de mercado RBC, esse nú-mero dobrou desde 2006, quando era de apenas US$ 5,34 bilhões.

Na Alemanha, o setor de brinquedos movimentou

Maiores mercados de varejo

Gastos com publicidade na Rússia

A ilha de Vrangel é uma fortaleza para várias espécies de ani-mais e plantas do Ártico. Lá, debaixo de muitos metros de ne-ve, nascem pequeninos filhotes, pesando apenas 400 gramas.

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Com plataforma de lagarta unificada, Rússia poderá construir sobre uma mesma base veículos de combate, de comando e de controle, de artilharia, entre outros. Técnica pode ser estendida a veículos de rodas.

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Rússia tem cada vez menos aspirantes à carreira. En-quanto agência espacial russa recebeu apenas 25 ins-crições em seu último con-curso para cosmonautas, a norte-americana teve mais de 3,5 mil pretendentes.

gazetarussa.com.br/14176

GAZETARUSSA.COM.BR/14147QUANDO OS URSOS POLARES SAEM DAS TOCAS

Novo tanque russo

Cosmonautas em declínio

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Vitória virtual Publicidade na internet só perde para TV

Aumento do número de usuários impulsionou crescimento. Em 2011, Rússia tornou-se maior mercado de internet da Europa.

Em 2011, os gastos com pu-blicidade na Rússia cresce-ram 21% em relação a 2010, alcançando 263,4 bilhões de rublos (R$ 15,04 bilhões). Os números constam de um re-latório da Associação das Agências de Comunicação da Rússia. O maior crescimen-to, de 56%, foi registrado no segmento de publicidade on-line e o menor, de 6%, no de jornais impressos.

A internet ultrapassou os veículos impressos, tornan-do-se a segunda maior recei-ta de publicidade na mídia

russa, com R$ 2,3 bilhões (contra os R$ 2,2 bilhões ar-recadados pelos jornais no último ano). As empresas de internet tomaram a diantei-ra dos jornais em receita pu-blicitária no terceiro trimes-tre de 2011 e agora estão à frente também no balanço anual. A principal mídia do país continua a ser a TV, acom metade dos investimen-tos publicitários do país.

Em certa medida, a TV contribuiu para o crescimen-to mais rápido da publicida-de on-line. “Os espaços de TV para anúncios publicitários já foram comprados nos pri-meiros meses do ano passa-do, o que levou alguns gran-des anunciantes a aumentar seus gastos com publicidade na internet”, diz o diretor-geral da agência AdWatch,

Anúncio on-line supera o impresso

KSÊNIA BOLÉTSKAIAVEDOMOSTI.RU

Andrêi Tchernitchov. Como resultado, em alguns meses a demanda por anúncios on-line ultrapassou a oferta, con-tribuindo para uma alta de

cerca de 15% nos preços nos maiores portais. “O volume de publicidade vendida tam-bém aumentou devido ao crescimento contínuo do nú-

mero de usuários na Rússia e do tempo que eles fi cam co-nectados”, explica o diretor comercial do portal Mail.ru Group, Aleksêi Katkov.

Segundo o diretor de de-senvolvimento de produtos do portal Yandex, Lev Gléi-zer, a concentração da recei-ta publicitária aumentou e hoje os maiores portais con-trolam cada vez mais inves-timentos. Entre os maiores anunciantes estão empresas especializadas em comércio e serviços eletrônicos.

O vice-diretor de marke-ting do banco TCS, Oleg Aníssimov, afi rma que a em-presa aumentou considera-velmente os gastos on-line. “Não temos agências off-li-ne, por isso gastamos mais e m p u b l i c i d a d e n a internet”.

A mesma questão será dis-cutida pelo Banco Central russo com seu congênere ar-gentino. “Falei com os argen-tinos nos bastidores. A opi-nião deles é que quaisquer restrições entre os países, in-cluindo as relativas ao câm-bio, não têm efeito”, diz Aksakov.

De acordo com Aksakov, os bancos centrais da Rússia e do Brasil negociam tam-

bém a possibilidade de sim-plificar os procedimentos para a abertura de contas correspondentes.

Experiência chinesaO acordo de swap cambial entre os bancos centrais da Rússia e da China foi cele-brado no ano passado. O pro-cesso teve início em 2002, quando foi assinado um acor-do de liquidações interban-cárias para o comércio nas regiões próximas das fron-

teiras entre os dois países. O documento permite que os interessados usem, no comér-cio que ocorre em regiões pró-ximas da fronteira, as moe-das nacionais de seus respectivos países, impulsio-nando assim o crescimento do número de regiões e ban-cos dispostos a operar com as moedas nacionais dos dois países.

A negociação em rublo e yuan começou em 2010 na Rússia e na China. Em junho

de 2011, os bancos centrais dos dois países assinaram um acordo que permitiu esten-der a prática de pagamentos nas moedas nacionais a todas as transações comerciais.

Segundo dados disponíveis em dezembro de 2011, o valor de negociação do par yuan/rublo no mercado interban-cário de câmbio da China atingiu 4,7 bilhões de yuans (R$ 1,35 bilhão).

Nas transações comerciais, a porcentagem de pagamen-

tos em rublo é maior que em yuan. No entanto, o volume de operações de liquidação em yuan está crescendo, e au-mentou 8,2 vezes em 2011 (para 1,7 bilhão de yuans).

O Sberbank, o maior banco russo, pretende promover sua marca na China e ampliar contatos com potenciais par-ceiros chineses. O anúncio foi feito pelos representantes do banco durante uma apresen-tação na China no ano passado.

Fim do dólar em transações comerciaisCONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

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Em Foco Opinião

AS MATÉRIAS PUBLICADAS NA RÚBRICA OPINIÃO EXPÕEM OS PONTOS DE VISTA DOS AUTORES, E NÃO NECESSARIAMENTE REPRESENTAM

A POSIÇÃO EDITORIAL DA GAZETA RUSSA OU DA ROSSIYSKAYA GAZETA

A falta de condições para uma com-petição política real e as fraudes ge-neralizadas nas recentes eleições parlamentares e presidenciais cau-

saram, em boa parte da sociedade russa, dúvidas sobre a legitimidade do atual go-verno. Isso é extremamente perigoso, pois o país irá enfrentar, em breve, uma série de importantes desafi os na área socioeconômi-ca e terá de tomar medidas impopulares. A já difícil situação do país complicou-se ainda mais com as abundantes promessas da cam-panha eleitoral, mais numerosas que nunca.

O presidente eleito Vladímir Pútin avalia que só na esfera social suas promessas de campanha demandarão 1,5% do PIB. Já o Centro de Pesquisa Macroeconômica do Banco Sberbank calcula entre 4% a 5% do PIB o valor total das promessas eleitorais, enquanto a agência de classifi cação de risco Fitch fala em R$ 288 bilhões – ou 8% do PIB – até o fi m do mandato presidencial de seis anos.

As novas promessas se somam às anterio-res, das quais as mais onerosas são o incre-mento de gastos militares para 20 trilhões de rublos (R$ 10 bilhões) até 2020 e o au-mento, já concretizado, dos salários de po-liciais e militares, somado às pensões para os aposentados. Além disso, há ainda o de-safi o de fi nanciar megaprojetos como os Jogos Olímpicos de Sôtchi, o Fórum Ásia-Pacífi co e a Copa do Mundo.

A situação seria preocupante, mas não as-sustadora se a economia russa tivesse cres-cimento rápido e sustentável. Infelizmente, a perspectiva de agravamento da recessão na Europa, a esperada estagnação da eco-nomia chinesa e o crescimento econômico instável dos EUA criam um cenário exter-no desfavorável à economia russa, depen-dente das exportações de matéria-prima.

Por mais otimistas que sejam as previ-sões ofi ciais, o crescimento do PIB russo não ultrapassará nos próximos anos os 3% ou 4% ao ano. Mesmo esse valor só será possível se o preço do petróleo no mercado mundial se mantiver alto. O impacto dos fatores desfavoráveis externos será refor-çado pelos problemas internos do país, sur-gidos em consequência da política atual do governo que evita decisões arriscadas e impopulares.

Entre os problemas está a reforma da pre-vidência social. Cobrir o défi cit sempre cres-cente do fundo de pensões tem sido um dos maiores desafi os no orçamento federal nos últimos anos. Para reformar o setor de saúde e ensino, não bastam apenas decisões de ín-dole administrativa e organizacional. Serão necessários recursos fi nanceiros, já que a Rússia fi ca atrás dos países desenvolvidos em despesas orçamentárias com saúde e edu-cação. A intenção de aumentar os salários nessas áreas já foi anunciada, assim como a intenção de ampliar, já no próximo ano, a oferta de bolsas de estudos.

Outros setores do funcionalismo público também obtiveram a promessa de aumento de salário, mas saúde e ensino são prioritá-rios, já que atualmente a Rússia tem indi-cadores de expectativa média de vida e mor-talidade infantil que não condizem com um país que reivindica o título de grande po-tência. A reforma e a substituição de equi-pamentos também são urgentes e exigem grandes investimentos.

Aos problemas estratégicos podemos acres-centar difi culdades como a queda expressi-va no superávit comercial do país. A Rússia não se tornou, até agora, um país atrativo para investimentos. Mais do que isso, du-rante a crise de 2008/2009 e nos últimos meses, o país tem assistido à fuga de capi-tais em larga escala. Como resultado, um possível défi cit da balança comercial não

A ESTABILIDADE NA ECONOMIA RUSSA E AS ÚLTIMAS ELEIÇÕES

Andrêi Netcháiev

ECONOMISTA

será compensado com a entrada de capitais. Isso provocará, inevitavelmente, a desvalo-rização do rublo, com as consequências in-fl acionárias daí decorrentes devido à alta dependência da economia nacional de im-portações de bens de consumo.

Ao mesmo tempo, irão piorar as condi-ções para a modernização da economia na-cional devido à importação de tecnologia avançada de países ocidentais e fi carão re-duzidas as possibilidades de captação de em-préstimos externos.

Mesmo assim, as promessas feitas devem ser cumpridas. Se há alguns anos o equilí-brio do orçamento federal era garantido pelo preço de US$ 30 por barril de petróleo, agora o mesmo só é mantido porque o barril gira em torno de US$ 115 dólares. Uma prolon-gada e expressiva queda nos preços de pe-tróleo provocará um colapso orçamentário. Por enquanto, com a tensão em torno do Irã, os preços do combustível se mantêm favo-ráveis ao orçamento russo, mas não adianta esperar que eles continuem subindo.

Além disso, novas tecnologias de extração e transporte de gás, bem como a adoção cada vez mais ativa de fontes de energia alterna-tivas e programas de economia de energia em países desenvolvidos poderão vir a cau-sar, em uma perspectiva de médio prazo, uma redução na demanda por recursos ener-géticos russos.

Na economia não existem milagres. Para a solução dos inevitáveis problemas orça-mentários é preciso cortar as despesas ou aumentar a carga tributária. O primeiro caminho acarreta riscos políticos e não será aceito pelo governo diante das dúvidas que a sociedade colocou sobre sua legitimidade e da falta de consolidação das elites. Por-tanto, a solução é seguir o segundo caminho.

Não foi à toa que Pútin, quando ainda candidato, mencionou a possibilidade de uma manobra tributária e propôs, a pretexto de fazer a justiça social, instituir um imposto sobre bens de luxo, cobrar compensações pela privatização irregular e outras inicia-tivas do gênero. Todavia, aumentar impos-tos é perigoso, porque, como se sabe, o em-presariado russo já paga um preço alto pela corrupção no país.

O governo ainda não fez nada para di-minuir a corrupção. Além disso, o ajusta-mento estrutural da economia russa, que é de importância vital, e o desenvolvimento de inovações, exigem incentivos fi scais em forma de diminuição dos impostos. Recen-temente, o aumento do imposto sobre os sa-lários resultou na diminuição da atividade econômica no país, e empresas de pequeno e médio porte passaram a sonegar os im-postos. Foram arrecadados 300 bilhões de rublos (R$ 18 bilhões) a menos do que se esperava.

A solução do problema passa pela expres-siva intensifi cação do crescimento econômi-co do país. Potencialmente, isso pode ser con-seguido por meio de uma grande liberalização das atividades econômicas e diminuição da corrupção e da pressão sobre o setor priva-do. Mas o efeito da intensifi cação não se fará sentir de imediato. Infelizmente, o governo não se mostra disposto a seguir esse cami-nho. Então, só a vida poderá ensiná-lo. Es-peramos que não seja tarde demais!

Andrêi Netchaiev foi ministro da Economia da Rússia (1992-1993) e hoje é presidente do Banco Russian Financial Corporation

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Hoje o orçamento federal só é garantido pelo barril de petróleo a US$ 115, mas novas tecnologias e fontes de energia alternativas podem diminuir a demanda

ENTREVISTA ELKE MARAVILHA

As verdades de Elke MararvilhaNASCIDA EM LENINGRADO, ATUAL SÃO PETERSBURGO, A EX-APRESEN-

TADORA, QUE VAI INTERPRETAR UMA SÍNDICA QUE ENFRENTA A MÁFIA

RUSSA EM NOVO SERIADO HUMORÍSTICO, FALOU À GAZETA RUSSA

Ex-modelo, ex-jurada de pro-gramas de auditório, atriz, estilista, cantora, poliglota, nascida em Leningrado (hoje São Petersburgo), onde viveu até os sete anos, Elke Gro-nup Maravilha volta à TV no papel de uma “louca interes-sante” no seriado humorís-tico “Morando Sozinho”, cuja terceira temporada começa no dia 17 de abril, no canal Multishow. Faz uma síndica que enfrenta a máfi a russa. Enquanto descansava da ro-tina de decorar textos, em seu apartamento, no Rio de Janeiro, ela falou à Gazeta Russa.

Quando eu vejo a Lady Gaga, ela me lembra um pouco você. Ela copiou seu estilo?Todo mundo fala. Dizem: ela te copiou. Não, ela não me copiou. Algum assessor dela... Bem, tem umas coisas que não podem nem ser coinci-dência. Deve ter algum as-sessor que gostou, achou bo-nito. Eu me sinto honrada com isso. Por exemplo, alguns anos atrás eu inventei um ca-saco de cabelo. Seis meses de-pois, Jean-Paul Gaultier fez um casaco de cabelo! A ideia foi minha! Dizem que eu fui a primeira a usar cabelos co-loridos. Não. As primeiras a usar cabelo colorido foram as mulheres-faraós do Egito. Elas raspavam a cabeça e usavam perucas coloridas. Eu peguei essa ideia do passado e remeti para o futuro. Antes de mim eu nunca tinha visto.

Você já voltou à Rússia?Eu fui três vezes à Rússia. Da primeira vez, eu tinha 22 anos. Eu gosto da Rússia, acho legal. Mas não é uma paixão. Eu estive lá duas vezes no alto comunismo e uma vez depois que caiu. Eu gostei. Eu gostei do povo porque é um povo transparente. Mesmo que ele seja mau ele não tem medo de mostrar o mau que ele é. Então, a gente sabe bem onde está pisando com ele. Ele não fi ca dando risada da tua cara e depois dá uma facada nas costas, não. Se ele quiser dar uma facada ele vem direto na tua frente. São muito amorosos. Dos povos brancos é o mais amoroso e também o mais bravo. É um povo sem fi ltro. E é bipolar.

Você reencontrou seu pas-sado?A última vez que eu estive na Rússia, já tinha caído o

comunismo. O meu bisavô foi a pessoa mais rica da Rússia depois dos czares. Ele era muito, muito rico, uma rique-za que não tem no Brasil. Banqueiro. Da noite para o dia ele perdeu tudo na revo-lução comunista. Bem feito. Ficou louco, foi amarrado, e fi cou em chagas até morrer. O sobrenome era Cerezniof. As pessoas me diziam: “Ce-rezniof? Você tem que pedir ao governo o dinheiro dele, agora que caiu o comunis-mo”. Eu falo: “Não, meu amor. Primeiro, porque é um dinheiro maldito e segundo: eu não fi z nada para ganhá-lo”.

Seu sucesso no Brasil tam-bém se deve ao fato de você ser russa?Acho que não. Bem, claro que, com a bipolaridade, pode ser. Porque o russo é um povo que ri muito. É um povo que dança muito, que bebe muito e eu sou assim. Isso talvez ajude, sim. Mas tem o outro lado. O brasileiro não gosta de ouvir as verdades que o russo fala. E eu falo as ver-dades que o russo fala.

Outro dia você disse: “Sil-vio Santos é a pior pessoa do mundo!” Ah, sim. E é mesmo (risos). Perguntaram pra mim: qual é a melhor pessoa do mundo? “Chacrinha”. E qual é a pior?

“Silvio Santos”. Eu trabalhei com o pior e o melhor.

Mas por que Silvio Santos é o pior?Tem uma palavra em alemão de que eu gosto muito: fain-guifi lt. Literalmente, seria “sentimento fino”. Mas é muito mais. É uma daquelas palavras alemãs sobre as quais você pode fazer um compêndio. Engloba respei-to, educação e muitas outras coisas. E é uma coisa que o Silvio Santos não tem. Ele já teve a cara de pau de com-parar Jesus Cristo com Collor de Mello! Eu não sou judia, mas não comparo Moisés com

Collor de Mello! Respeito é bom! Fainguefi lt! E, ali na-quela convivência, eu não vi respeito. Aliás, Pedro de Lara tem uma frase que é ótima. Agora eu posso dizer porque o Pedro já morreu. Ele disse um dia, se referindo a Silvio Santos: “É, Elke, tem gente que é tão pobre, tão pobre, que só tem dinheiro”. Eu gostaria que essa frase fosse minha.

E por que Chacrinha é o me-lhor?Durante os 14 anos que tra-balhei com Chacrinha vinha gente do mundo inteiro, in-clusive da Rússia, estudar o fenômeno Chacrinha. Era co-munismo na época, e eu per-

ALEX SOLNIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

guntei aos russos: “Por que vocês vieram estudar o Cha-crinha?” Eles me disseram: “Nós temos os melhores pa-lhaços do mundo e sabemos que palhaço não dá certo na televisão, só em circo. Então, viemos estudar o Chacrinha porque ele deu certo em te-levisão”. Ele gostava muito de mim e eu muito dele. Eu não ganhava muita grana com ele, mas era uma ótima vitrine.

Por que você foi presa duran-te a ditadura?Em 1971, eu fi quei presa no Dops [Departamento de Ordem Política e Social], perdi a cidadania brasileira - eu era naturalizada - e virei apátrida. Até hoje sou apá-trida. Não porque eu seja de esquerda – não acredito em direita nem em esquerda. Fui presa porque arranquei uns cartazes de “procura-se ter-roristas” no aeroporto do Rio de Janeiro.

Você era muito assediada, muito paparicada?Uma vez, quando eu tinha 30 e poucos anos, na Aveni-da Nossa Senhora de Copa-cabana eu dei de cara com Carlos Drummond de Andra-de. Aí ele veio falar comigo. Ele me abraçou, e falou: “Elke, eu sou doido por você!” Quase caí de bunda, né? Ele falou: “Pois é, você sabe que eu sou fechado, sou uma pes-soa triste, taciturna. E quan-do estou bem triste, ligo a te-levisão, te vejo, fi co alegre, fi co até feliz. Mas uma coisa eu não entendo: como é que você é desse jeito, e é de Ita-bira, de Minas Gerais? Você é muito diferente da gente!” “Meu coração é mineiro, mas eu nasci em Leningrado”. E ele: “Ah, então não precisa dizer mais nada. Já entendi tudo!”

Polêmica, a ex-apresentadora Elke Maravilha diz que Silvio Santos é a pior pessoa do mundo e Chacrinha, a melhor

A apresentadora abraça o cineasta Humberto Mauro na década de 1980

Elke como jurada de progra-ma de auditório nos anos 80

“Brasileiro não gosta de ouvir as verdades que o russo fala, e eu falo as verdades que o russo fala”

“Meu bisavô perdeu tudo na revolução comunista. Bem feito. Ficou louco, foi amarrado e morreu”

Confira slide show:www.gazetarussa.com.br

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