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Luísa de Sousa de Dias DE FATOS E PROSAS SE CONSTRÓI UMA HISTÓRIA: Um olhar panorâmico sobre a história do Sítio Serra Furada ao município de NOVA OLINDA Dedicatórias Dedico este trabalho às pessoas para mim, especiais. Uns fizeram ou fazem parte da nossa história, outros da minha história. Aos meus pais José Pedro Dias e Maria Bernadete de Sousa, minha irmã Mazé Dias in memoriam. Raimunda de Sousa e Ir. Maria Aparecida, também irmãs. Maria Bernadette, sobrinha. E a todos os familiares que me apoiaram. A Lucinda Luísa e Ideião Moisés, minhas primeiras fontes de pesquisa. Aos grandes benfeitores desta terra: Severino Job de Sousa, João Lopes Ferreira, Pe. José Lopes Sobrinho. Dra. Vanilda Cazé, grande amiga, além de benfeitora, todos in memoriam. A Albertino de Sousa Barreiros e Francisco Teotônio de Sousa, grandes incentivadores deste projeto.

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Luísa de Sousa de Dias

DE FATOS E PROSAS SE CONSTRÓI UMA HISTÓRIA:

Um olhar panorâmico sobre a história do Sítio Serra Furada ao município de NOVA

OLINDA

Dedicatórias

Dedico este trabalho às pessoas para mim, especiais. Uns fizeram ou fazem parte da nossa história,

outros da minha história.

Aos meus pais José Pedro Dias e Maria Bernadete de Sousa, minha irmã Mazé Dias – in memoriam.

Raimunda de Sousa e Ir. Maria Aparecida, também irmãs. Maria Bernadette, sobrinha. E a todos os

familiares que me apoiaram.

A Lucinda Luísa e Ideião Moisés, minhas primeiras fontes de pesquisa. Aos grandes benfeitores

desta terra: Severino Job de Sousa, João Lopes Ferreira, Pe. José Lopes Sobrinho. Dra. Vanilda Cazé,

grande amiga, além de benfeitora, todos in memoriam.

A Albertino de Sousa Barreiros e Francisco Teotônio de Sousa, grandes incentivadores deste

projeto.

Agradecimentos:

A todos que contribuíram com alguma informação para a construção deste trabalho, especialmente:

Terezinha Teotônio, Luísa Moisés, Enéas Teotônio, Rui Gonzaga, José Batista (Zé Grande) – in

memoriam. Ana Teotônio, Maria Ana de Sousa, Abigail Meira, Albertino de Sousa Barreiros,

Francisco Teotônio, Irineu Eneas, Antonio José de Sousa, Erenildo Medeiros, Paulo Luis, Rosa

Gertrudes, Sandoval Lopes, Francisca Enéas (Pitica), Dra. Maria do Carmo Silva – prefeita e aos

Secretários Municipais, Jose Raimundo Neto (Dedé de Lula).

“Bastou um século para que te tornasses menina. Menina-criança em cujos lábios já ressoam o

balbuciar do teu choro, mas também do teu sorriso.... És uma expressão de grandeza e de

eternidade: Nova Ó Linda! Relembra a admiração de Duarte Coelho ao desvendar os mares bravios

no Nordeste disse: ó linda condição para se fazer uma Vila.... Não quero te personificar, não és uma

pessoa. És um povo, que trabalha, que sofre, que rir e que chora. És um conglomerado de casas que

formam ruas largas e estreitas, grandes e pequenas. Aliás, és pequena. Tão pequena, que até as

crianças te abraçam sem complexo de inferioridade. Porém és tão grande, que para te contemplar é

preciso olhar com os olhos da ternura e da meiguice”.

(Albertino de Sousa Barreiro)

SUMÁRIO

PREFÁCIO

APRESENTAÇÃO

1 ASPECTOS HISTÓRICOS

1.1 A fundação

1.2 O nome

1.3 A família fundadora

2 A RELIGIOSIDADE – UM POVO DE FÉ

2.1 Origem da devoção a N. Sra. dos Remédios

2.2 Primeira Igreja Batista de Nova Olinda

2.3 Assembleia de Deus

2.4 Congregação Cristã do Brasil

3 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

3.1 Localização

3.2 Símbolos Municipais

3.3 Aspectos fisiográficos

3.4 As águas

3.5 Economia e agricultura

3.6 A Política

3.7 O Distrito de Manguenza

3.8 A Educação

3.9 A Cultura

3.10 A Saúde

3.11 A Ação Social

3.12 O Esporte

4 CURIOSIDADES HISTÓRICAS

4.1.Um lugar talvez já habitado

4.2 A Casa da Torre

4.3 Nova Olinda nos acontecimentos da História do Brasil e da Paraíba – A Revolução de 1930

4.4 A passagem da Coluna Prestes

5 CURIOSIDADES LOCAIS

5.1 Relatos do cotidiano

5.2 Mitos locais – Lenda do Boqueirão da Serra Furada

6 NOVA OLINDA POR SEUS CONTERRÂNEOS E ADMIRADORES

6.1 Minha Terra – Por Albertino Barreiro

6.2 O meu nome é Nova Olinda – Francisco Teotônio

6.3 Nova Olinda- Pátria minha – Francisca Eneas de Sousa ( Pitica)

PREFÁCIO

Por Albertino de Sousa Barreiros

Vem a lume, com magnitude de uma obra repleta de significados, a síntese de uma longa e fascinante

viagem. É como se fosse um breve retorno ao útero no afã de recompor a posição gestatória e a

proteção amniótica, pois esse trabalho se refere a uma mãe, a qual guardou só para nós, seus filhos e

filhas, algo que só ela tem para nos oferecer como o primeiro ar respirado, a primeira gota de água

tomada, o primeiro contato com a lei da gravidade com o primeiro tombo.

Um dado que traspassa a medula do mistério humano nos faz perguntar por que, entre tantas cidades

que fazem plasmar o olhar, com riquezas e oportunidades, fomos nascer aqui, no ponto mais

incidental da concha da Serra Furada, na vertente mais fértil dos Rios Gravatá e Canoa?

Quando algum de seus filhos vêm ao seu encontro é como se viesse ao fim do mundo, horas e mais

horas, um cansaço suportável seguido de ansiedade. Mas todo o incômodo da viagem desaparece na

descida da ladeira da Andreza. Um cheiro suave de colo de mãe onde há sempre um abraço, um jantar

gostoso, uma boa xícara de café, às vezes até torrado em casa mesmo, uma cama aconchegante e um

cochichar ao pé do ouvido: ‘’ me conta as novas’’. Não se pede licença para puxar a taramela da porta

de entrada. É como se todo mundo fosse dono de todas as casas e de todos os corações.

A nossa conterrânea Luísa de Sousa Dias é uma pessoa iluminada e predestinada a nos ajudar na

compreensão da história de nossa Terra materna. Posso dizer que acompanhei desde muitos anos a

sua incansável luta para não deixar o tempo destruir esse legado. Quantas portas fechadas à sua

chegada. A missão de Luísa é justa porque ela aprendeu na sua militância que um povo sem história

é fragilizado na sua própria essência e exposto às dominações daqueles que não pensam no bem de

todos, mas sim, nos seus projetos políticos e econômicos.

Amamos muito nossa Terra, porém, não somos ingênuos românticos ou transeuntes saudosistas.

Sabemos que ela tem inúmeros problemas que precisam ser combatidos com determinação e coragem.

Eis, pois, outro motivo desse trabalho desenvolvido por Luísa de Sousa Dias. Além do mais, seus

escritos fogem dos prismas tradicionais quando muitas vezes a história é escrita sob a ótica e ideologia

dos vencedores e dominadores.

Não guarde essa obra numa fria e solitária biblioteca. Leve-a para as escolas, universidades, lugar de

trabalho e deixe todos consultá-la. Fale para seus amigos e conhecidos que sua terra natal tem uma

história linda a ser contada.

Esse livro de histórias e memórias quer nos dizer uma coisa mais: no mundo, há algo que os olhos

não veem. Jamais um estranho se encantaria por esse pedaço de chão. Aqui há uma energia que nos

atrai. Quantas vezes já ouvi de conterrâneos a intenção de viverem na Terrinha após se aposentarem,

o que nem sempre é possível. Eu mesmo vivo como se fosse uma oração ao olhar para a Serra do

Cruzeiro, provar das mangas do Canhoto e ser renovado no banho das águas sagradas jorradas das

comportas da barragem do Saco ou até mesmo sentir o cheiro da terra molhada no inverno.

Obrigado Luísa de Sousa Dias por essa grande contribuição. Que Deus continue sendo sua grande

fonte de inspiração com encanto e ousadia.

Parabéns Nova Olinda, você venceu.

APRESENTAÇÃO

Cada povo ou comunidade tem uma memória, às vezes, gravada em relatos históricos, outras vezes,

em monumentos artísticos, fotografias e imagens ou, simplesmente, na lembrança de pessoas que

viveram ou presenciaram aquilo que se constitui essa memória e vão contando e passando geração

após geração.

Analisando o panorama histórico-cultural do município de Nova Olinda/PB, percebemos que

existem poucos elementos que evidenciam a sua formação, tais (FOTO 3 – Vista aérea da cidade) como registros de fatos e acontecimentos. Vimos que muitos deles já estão se perdendo no tempo ou

ficando esquecidos na memória das pessoas e, principalmente, porque muitas pessoas que podiam

contribuir na narração dos mesmos, já são falecidas.

Buscando resgatar um pouco dessa história e oferecer um subsídio que informe especialmente, à

comunidade novolindense sobre sua origem e desenvolvimento – já que segundo o crítico literário e

sociólogo Walter Benjamin, “a memória é a faculdade épica por excelência, cuja função é o

conhecimento do passado que se organiza, ordena o tempo, localiza cronologicamente” – decidimos

pela realização de uma pesquisa sobre os principais acontecimentos históricos, religiosos e culturais

deste município, desde o seu surgimento até o presente. Espero que este trabalho auxilie o leitor,

especialmente o novolindense, a conhecer e entender um pouco mais a trajetória histórica de sua

cidade. Nosso propósito também é atualizar o trabalho que fizemos por ocasião da comemoração do

centenário de fundação da cidade – Nova Olinda – 100 anos de história, no qual já havíamos feito

alguns relatos. A grande dificuldade é encontrar fontes de pesquisas, principalmente escrita. O nosso

povo não teve a preocupação de registrar a sua história, por isso colhemos a maior parte das

informações através de entrevistas, relatos de fatos, histórias e acontecimentos. Segundo artigo da

historiadora Sandra Pesavento, velhos papéis falam de um outro tempo, de outros lugares, de outras

gentes. Oficiais ou não, públicos ou privados, do texto literário ao discurso político, da crônica de

jornal ao registro policial, as narrativas do passado nos fornecem pistas para fazer reviver os espaços,

os sons, as músicas e canções que cantam a cidade, trazendo ao presente as sensibilidades do passado.

Uma cidade possui seus mitos, suas lendas, suas histórias extraordinárias, transmitidas de boca em

boca, de geração em geração, através da oralidade. A história e a memória de um povo é também o

boato, o ouvir dizer, o relato memorialístico que se apoia, não só na lembrança pessoal, mas também

naquilo que foi contado um dia por alguém de quem não se sabe mais.

Entendemos que é preciso conservar a memória e atualizar a história, e assim poder manter vivas

as tradições, manifestações e anseios da nossa terra.

Luísa Dias

ASPECTOS HISTÓRICOS

A fundação

Tudo começa com a chegada da família Sousa ao Sítio Várzea de Dentro – na época pertencente

ao município de Misericórdia (hoje Itaporanga) e que agora pertence ao município de Pedra Branca,

no início do século XIX, quando chegaram os primeiros povoadores desta terra, dentre os quais

estavam Antônio de Sousa Dias e Inácia, pais de Job de Sousa Dias.

De acordo com o que nos contaram, pudemos perceber que a origem de Nova Olinda se deu,

principalmente, por duas necessidades: religiosa e comercial. Os habitantes, de origem portuguesa,

muito religiosos celebravam em suas casas os terços e as novenas dos santos. Já para participarem de

missas e realizarem batizados e casamentos, era preciso percorrer a cavalo ou a pé cerca de 30 km até

Misericórdia (hoje Itaporanga), pois dificilmente aparecia padres por aqui. Muito raramente algum

frade, vindo de Pernambuco, aparecia em suas missões pelos sertões. E foi numa noite, após uma

novena, lá no Sítio Várzea de Dentro, onde todos se reuniam no terreiro – espaço em frente às casas

– para conversar, que Job de Sousa, juntamente com alguns senhores ali reunidos, começaram a

planejar a construção de uma capelinha para que pudesse facilitar a vinda, de vez em quando, de um

padre para celebrar, como também poderiam realizar uma feira livre para atrair comerciantes de fora.

E assim iniciaram a procura pelo local onde seria construída a capelinha. Andaram por vários

lugares a procura do lugar ideal e o escolhido foi o Sítio Serra Furada. Era a melhor localização, pois

lá havia terras férteis e perto do Rio Gravatá, já que era uma grande preocupação da época que fosse

perto de água, talvez por que tinham passado anos antes (1877) por uma das maiores secas da história

do Sertão Nordestino, que dizimou grande número de pessoas e animais. O terreno era de propriedade

do Coronel Abílio Rodrigues, que o doou para ali ergueram a Capelinha, primeiro monumento

erguido e marco inicial e principal da nossa história.

No dia 15 de agosto de 1890, dia em a Igreja Católica celebra a Assunção de Nossa Senhora, o Pe.

Severino Ramalho, na época vigário da Freguesia de Piancó, deu a bênção da Capelinha e celebrou a

primeira festa de N. Sra. dos Remédios. Neste dia, mudou-se o nome do lugar de Serra Furada para

Nova Olinda. Nascia, ali, a nossa terra, sob as bênçãos de Deus e a proteção de N. Sra. dos Remédios

e começava a se concretizar os sonhos dos nossos fundadores. Esta certidão de nascimento, um

conterrâneo nosso muito ilustre, o professor, escultor e benfeitor Severino Job de Sousa filho do

fundador Job de Sousa, fez questão de nos deixar nos seus escritos sobre a origem de Nova Olinda,

que, por sinal, é um dos poucos e raros documentos que encontramos sobre a nossa origem – é o Livro

de Notas e Muvimento* desta Capela de Nova Olinda: 1890 a 1928 (Nota de rodapé: conservamos a

ortografia original da época em que o texto foi escrito), escrito de próprio punho por ele.

O nome

O Sítio Serra Furada, segundo relatos, possuía esse nome por causa das serras que aqui existem e

por onde corria anteriormente, em seu meio, o Rio Gravatá. Acreditavam os nossos antepassados, que

o rio havia furado as serras e até bem pouco tempo o local era chamado de Furadinha. Ali foi

construída a Barragem Saco, que constitui uma das nossas maiores riquezas. É interessante perceber

como a nossa origem está intimamente ligada à água ou ao Rio Gravatá, que assim se torna também

um patrimônio natural nosso, fato que não é explorado nem valorizado pela população, escolas, e

principalmente pelo poder público, tendo em vista que quase não há investimento, tanto na área de

agricultura quanto no turismo, que melhor aproveite as águas da barragem e do rio. Em alguns trechos,

ele está quase morto por poluição ou plantações, precisando que se faça um resgate desse rio de

tamanha importância para esta terra desde o seu princípio.

Nova Olinda foi o nome dado por frades religiosos de Olinda/PE, que faziam missões pelo sertão

durante o século XIX, inicialmente a um engenho de cana de açúcar, que ficava no Sítio Várzea de

Dentro, de propriedade do Sr. Antônio de Sousa Dias, pai do fundador, o qual aproveitou a presença

dos frades para benzer, batizar e inaugurar o engenho. Vendo os frades alguma semelhança entre o

terreno onde se encontrava o engenho a ser inaugurado e a cidade de Olinda – de onde vinham,

resolveram dar o nome de Nova Olinda. Antônio de Sousa possuía uma imagem de N. Sra. dos

Remédios, vinda de Portugal com os primeiros integrantes da família e que foi passando, por herança,

de geração em geração. Quando decidiram fazer a Capelinha, a imagem que estava com o Sr. João

Barreiro, casado com Conceição, irmã de Job de Sousa e uma das herdeiras de Antônio de Sousa, foi

doada para ser a padroeira e com ela veio o nome do Sítio (engenho) para o povoado que surgia,

também como uma forma de homenagear o seu antigo dono. E assim nasceu Nova Olinda.

O único registro que encontramos sobre o nome e a origem de Nova Olinda, foi deixado

por Severino Job, na página 2 do seu Livro de Notas, conforme cópia abaixo:

A cidade teve ainda o nome de Andreza, quando passou a Distrito pela Lei estadual nº520 de

31/12/1943 e era subordinado ao município de Piancó. Este nome não foi aceito pela população, que

continuava a falar o nome anterior e por isso por força da Lei nº 168 de 05/11/1948, foi modificado

para o topônimo de Nova Olinda, nome que se tornou mesmo a nossa identidade desde o princípio.

A família fundadora Souza/Sousa: uma das mais antigas e ilustres famílias de Portugal. Felgueiras Gayo, em seu Nobiliário

das Famílias de Portugal ( Tomo XXIX ) usando o Nobiliário do Cazal do Paço, principia esta

antiquíssima família em D. Sueiro Belfaguer, antigo cavaleiro Godo, que floresceu nos primeiros anos

do século VIII ou pelos anos 800. Foi filho, segundo as melhores opiniões, de D. Fayão Theodo ou

Theodosio ( que foi bisneto em varonia de Flavio Egica, Rei da Espanha) e sua esposa Sona Soeira,

filha de D. Soeiro, Príncipe Godo. Felgueiras Gayo informa ser a mais antiga família que se encontra

na Espanha Portuguesa. O sobrenome se tirou do segundo Solar desta família, que fica em Entre

Douro e Minho, no contorno do Concelho do Rio Tamago, denominado – a terra de Souza – regado

pelo Rio Souza, que nascendo por cima do Mosteiro beneditino de Pombeiro, recebe outras águas, e

corre até incorporar o Rio Douro, muito abaixo de ambos os rios, sendo o Tamago o último que recebe

duas léguas antes da Cidade do Porto.

O sobrenome não surgiu senão muito depois de principiar esta família, conforme vimos em

D.Sueiro Belfaguer, que deixou numerosa e ilustre descendência do seu casamento com D. Munia,

ou Menaya – Ribeiro, descendente de Sizebuto, filho de Witissa, penúltimo Rei Godo. Foram quarto

avós de D. Gomes Echigues, que floresceu pelos anos de 1030. Homem de muito valor, que combateu

em Santarém, onde, sua lança deteve o Rei de Castela D. Sancho e o venceu. Foi governador de toda

a comarca de Entre Douro e Minho, por nomeação do Rei D. Fernando pelos anos de 1050. Deixou

numerosa descendência de seu casamento com D. Gontrode Moniz. Entre os filhos registra-se D. Egas

Gomes de Souza, que foi o primeiro a usar este apelido Souza na forma de nome de família, por ser

nascido, criado e, depois, Senhor das Terras de Souza, Solar dessa família. Deste descendem todos os

Souzas, de Portugal e Brasil, salvo para aquelas famílias que em algum tempo adotaram este

sobrenome, por apadrinhamento.

D. Egas Gomes de Souza, casou-se com D. Flamula, ou Gontinha – Góes. E, entre os seus

descendentes estão Martim Afonso de Souza, primeiro Donatário da Capitania de São Vicente, e

Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil.

Síntese do texto original retirado do site a seguir: www.usinadesolucoes.com.br/souza.html

(FOTO 8 – Brasão da família SOUSA)

Descrição do Brasão – Escudo esquartelado: o primeiro e o quarto de prata e, 5 escudete de azul

abotoados de 5 besames em prata. O segundo e o terceiro de vermelho com uma caderna de crescentes

lunares em prata. Timbre: um castelo de ouro de três torreões. (Fonte: Heráldica Galvão – pesquisa e

confecção de Brasões de família.)

Segundo a tradição, os Sousas fundadores de Nova Olinda teriam chegado ao Brasil em uma das

caravanas de Tomé de Sousa. Primeiramente, ficaram na cidade de Penedos/AL, de lá alguns vieram

para Icó/CE, em seguida para a região de Cajazeiras/PB. E foram se encaminhando para o Vale do

Piancó, a partir de Pombal, de onde vieram Joaquim de Sousa Dias e Timóteo de Sousa Dias. Os dois

teriam se radicado na Sesmaria de Aroeiras, hoje município de Santana dos Garrotes, de acordo com

pesquisa de Francisco Teotônio (Piancó o pequeno grande rio). Joaquim de Sousa Dias casou-se com

Francisca de Sousa, e dentre seus filhos estava Antônio de Sousa Dias, que se casou com Inácia e

tiveram 10 filhos e um deles foi Job de Sousa Dias, o fundador, que nasceu em 1839 e casou-se com

Lucinda Umbelina de Sousa, com que teve 9 filhos, falecendo em 1927. Aos Sousas são ligadas todas

as famílias que originou e constituem a sociedade Novolindense: Dias, Job, Moisés, Barreiro,

Rodrigues, Lourenço, Enéas, Henrique, Pinto, Silva e tantas outras que de alguma forma contribuíram

ou contribuem para o engrandecimento dessa terra.

A RELIGIOSIDADE

Um povo de fé – Origem da devoção a N. Sra. dos Remédios

A devoção a Nossa Senhora, sob o título dos Remédios (do Bom Remédio, do Remédio), começou

com São João de Matha, fundador da Ordem da Santíssima Trindade, morto em Roma em 17/12/1213.

Com o objetivo de resgatar os cristãos escravizados na África e no Oriente Médio. São João de Matha

e São Félix de Valois fundaram em 1198 a Ordem da Santíssima Trindade. Precisavam, para isso, de

vultuosas somas em dinheiro. Recorreram, então, ao auxílio da Santíssima Virgem, o remédio para

todas as necessidades que encontravam na vida. Foram abundantemente atendidos e conseguiram

libertam da escravidão milhares de irmãos na fé.

Na linguagem medieval, os verbos “redimere” e “remediare” e os substantivos “redémptio” e

“remédium”, tinham um significado similar: redimir, resgatar, resgate, remédio (com o sentido de

salvação, libertação). Isto explica porque, nos escritos dos séculos XVI – XVII, se dão a padroeira

três títulos: “do Remédio”, “do Resgate”, “da Libertação”.

A representação mais antiga hoje conservada é uma imagem românica, que pertenceu à primeira

casa dos Trinitários em Marselha: a Virgem está sentada com o Menino no braço esquerdo e com a

bolsa de dinheiro no direito. A bolsa alude, como relatam muitos biógrafos, à aparição e ao socorro

dado por Nossa Senhora a São João de Matha, em Túnis e em Valência (Espanha).

Em Portugal, a devoção a Nossa Senhora dos Remédios, foi introduzida por religiosos franceses

da Ordem Hospitalar da Santíssima Trindade, que estiveram em Lisboa no início do século XIII.

No Brasil, Nossa Senhora do Bom Remédio é mais conhecida com o título de Nossa Senhora dos

Remédios. Os frades Trinitários com suas confrarias e os devotos, se empenharam na difusão de suas

devoções específicas, e assim trouxeram para o Brasil o culto da Virgem dos Remédios, em honra da

qual ergueram várias capelas em várias províncias do Nordeste ( Maranhão, Pernambuco e Bahia) e

nas regiões barrocas de Minas Gerais.

As primeiras e mais famosas Igrejas construídas dedicadas a Nossa Senhora dos Remédios, foram

em Paraty/RJ, em 1646. Em São Paulo, a Igreja com seu frontispício de azulejos e sua história

recheada de lendas, estava situada na Praça João Mendes. Era o refúgio dos escravos perseguidos, e

nos últimos tempos do Império, o reduto preferido dos abolicionistas. Em 1941, foi demolida para o

alargamento da praça, conhecida antigamente como Largo dos Remédios. Dedicada a Nossa Senhora

dos Remédios, é também a única Igreja na Ilha de Fernando de Noronha, construída em estilo

português em 1737.

Texto original com alguns cortes, devido ao tamanho do texto, retirado do site descrito a seguir:

www.sementesdoreino.com.br/oracao_n_sra_dos_remdios.html

Em Nova Olinda, a devoção foi trazida pelos primeiros povos desta terra, que vieram de Portugal,

por volta dos séculos XVIII ou XIX, e trouxeram a imagem de N. Sra. dos Remédios, aquela que já

citamos no capítulo sobre o nome de Nova Olinda e que é conservada até hoje na Paróquia, a qual

possui pintura em ouro e, devido a sua originalidade, tornou-se para a comunidade um valioso

patrimônio artístico e religioso. Com o tempo, havia muitos herdeiros da imagem e todos queriam

possuí-la. Então decidiram fazer um leilão para ver com quem ela ficaria e João Barreiro, casado com

Conceição, irmã de Job de Sousa e uma das herdeiras, arrematou a imagem por 600 mil réis. A

primeira capelinha em sua honra foi construída em 1890, para a realização da primeira missa, que

marcou a fundação da cidade. Em seguida, já fizeram uma capela maior, onde no dia 27/09/1903 foi

rezada a primeira missa pelo Pe. Aristides Ferreira da Cruz. A comunidade foi crescendo e a capelinha

foi ficando pequena. Assim decidiram fazer a atual matriz no mesmo local da capelinha, não restando

nada desse patrimônio religioso a não ser algumas pouquíssimas fotos da mesma. As únicas fotos

dela, são as que mostramos neste trabalho.

No dia 08/09/1955 realizou-se a benção solene da atual matriz, pelo bispo de Cajazeiras D. Zacarias

Rolim de Moura. A solenidade contou com a presença dos padres Francisco das Chagas Barros,

Milton Arruda de Alencar, Antonio Costa, Manoel Otaviano (orador da festa), além do vigário na

época Luís Laíres da Nóbrega. Na antiga capela foi colocada uma imagem maior, feita e doada por

Severino Job de Sousa, que hoje é utilizada nas procissões da festa da padroeira. Depois foi comprada

a atual imagem, que foi benta no dia 05/10/1952, pelo Pe. Luis Gualberto de Andrade.

Desde o princípio, como já podemos observar, o nosso povo era extremamente religioso. E mesmo

antes de se pensar na construção da capela, eles já tinham as suas devoções e celebrações, mesmo que

fossem realizadas em suas casas. O mês Mariano, a reza do terço, as novenas dos santos, o pagamento

das promessas, eram as principais formas de expressarem a sua religiosidade. E quando construíram

a capela e, consequentemente, com o crescimento do povoado e distrito, começaram a surgir os grupos

e movimentos religiosos. Assim, em 1919, foi fundado o Apostolado da Oração, pelo Pe. Nazário

Rolim; em 1937 a Cruzada Eucarística Infantil, que tinha o nome de Apostolado das Crianças, pelo

Pe. Nicolau Leite; em 1953 a irmandade das Filhas de Maria (só para moças), pelo Pe. Luís Gualberto;

(esses dois últimos não existem mais); em 1985, a Fraternidade do Escapulário pelos frades

Carmelitas, quando o vigário era o Pe. Severino de Alencar Leite; em 1999, a Legião de Maria pelo

Pe. Francinaldo de Sousa Justino; em 2002, o movimento Jesus Misericordioso pelo Pe. Antônio

Evandro; e em 2001, os Mensageiros de Lourdes também pelo Pe. Antônio Evandro.

Houve ainda o projeto das Santas Missões Populares na Diocese de Patos, onde todas as Paróquias

participaram, inclusive Nova Olinda, com encontros, celebrações e retiros missionários. Ocasião em

que houve nesta Paróquia, durante a semana missionária em julho/2008, a visita da imagem de Nossa

Senhora D’água, padroeira da Diocese, com a presença do bispo diocesano – D. Manoel dos Reis, em

preparação para o Jubileu de Ouro da Diocese, que culminou com a celebração do Jubileu em

agosto/2009.

No dia 30/08/1965, a capela é elevada à condição de Paróquia, a solenidade foi presidida pelo

bispo de Patos, D. Expedito Eduardo de Oliveira. O primeiro vigário foi o Pe. Valdomiro Batista de

Amorim. Em seguida, veio o Pe. Severino de Alencar Leite. Depois deste, veio o Pe. José Lopes

Sobrinho, grande benfeitor da Paróquia. A festa da Padroeira é ainda hoje uma das maiores da cidade

– época em que esta é visitada pelos filhos ausentes e amigos, que se encontram para festejarem com

os que moram na cidade.

A Paróquia hoje possui diversas Comunidades Rurais, onde as celebrações são realizadas tanto

pelo padre, como pelos animadores de comunidades. São elas: Manguenza, Andreza, Canto, São

Domingos, Santo Amaro,Cipó.

A Paróquia possui também as suas vocações sacerdotal e religiosa: os padres Zé Dias e Albertino

que deixaram o sacerdócio; os padres Expedito Caetano e Abany de Sousa Barreiro; as irmãs

Carmelitas descalças: Ir. Maria Aparecida do Menino Jesus e Ir. Terezinha (Geovana).

Da década de 30 até a de 70, por várias vezes houve as Missões de Frei Damião, o grande

missionário do Nordeste, que juntava multidões por onde passava para ouvir os seus sermões. Depois

tivemos, a partir da década de 80, também as Missões Carmelitas.

Outra característica da nossa religiosidade é a busca por rezadeiras ou benzedeiras, prática utilizada

ainda hoje por algumas pessoas na comunidade. São senhoras e senhores simples, na sua maioria

analfabetos ou semianalfabetos, que herdaram de suas mães e avós o dom de curar ou afastar os mais

diversos males do corpo ou da alma, tais como peito aberto, mal olhado, companhia caída, torcicolos,

dor de dente e de cabeça, e até para encontrar coisas perdidas ou roubadas. Antes, a procura se dava

pela crença nas rezas e também pela falta de médicos. Hoje, há apenas a crença. Dentre rezadeiras

que se destacaram nesse ofício ontem e hoje, podemos citar: Maria de Cotoco, Marculina Gonzaga,

Mocinha de Elpídio, Angelita Ramos, Neném de Manoel de Bila, Maria de Bita, Anita Rufino, Dona

Rita de Chico Gandé, entre tantas outras.

Outro fato curioso das crendices popular eram as “assombrações”, que se diziam serem vistas,

sobretudo em casas antigas ou em encruzilhadas (vultos, vozes, objetos que se moviam sozinhos),

como o episódio que teria acontecido na casa de Pedro Manoel, no sítio Várzea de Dentro, onde

ocorriam, segundo relatos, fenômenos sobrenaturais, e que só parou depois de um frade ter rezado

uma missa no local. E ainda tinham as “botijas” (que geralmente eram joias ou objetos de ouro ou

prata enterradas no chão ou nas paredes), que segundo as crendices, as almas apareciam em sonho,

pedindo para que fossem arrancadas em troca de alguns “padre nossos e ave marias” ou uma missa

em memória do defunto. Não podemos nos esquecer que, na época, esses objetos e dinheiro eram

mesmo enterrados, como forma de guardá-los para que não fossem roubados ou mesmo para esconder

de pessoas da família ou herdeiros, já que não havia bancos, exceto nas cidades grandes. Também

eram guardados dentro de imagens de santos (os santos do pau oco), pois segundo historiadores, ali

as pessoas e até mesmo os ladrões não ousavam mexer, por medo dos castigos do santo.

A cidade hoje conta também com a presença de Igrejas Evangélicas, não existentes nos primeiros

anos de sua existência, mas que agora também realizam seus cultos e celebrações na cidade e nas

comunidades, contribuindo na evangelização do nosso povo. Dentre elas, as principais temos:

Primeira Igreja Batista de Nova Olinda

De acordo com as palavras do pastor Erenildo Medeiros, em meados de 1980, chegava ao sertão

paraibano, o Pr. Cirino Refosco, enviado pela JMN – Junta de Missões Nacionais, para desenvolver

a implementação de igrejas no Vale do Piancó. Eram tempos difíceis, em que a aridez marcava o

coração dos moradores da região. Sem presença evangélica de raiz não católica, os novolindenses

tiveram o primeiro contato com a mensagem de Jesus sob o viés evangélico, através de cultos

realizados na rua pelo Pr. Cirino, na época, pastor da Primeira Igreja Batista – PIB de Itaporanga/PB

– inicialmente, com uma certa resistência das pessoas, pois ainda era uma novidade na cidade.

Em julho de 1990, o Ministério JUVEP desenvolveu na localidade um projeto missionário que

durou 22 dias. Foi então que houve as primeiras adesões de pessoas à Igreja. Era o marco inicial da

história dos batistas em Nova Olinda. Os convertidos passaram a se reunir regularmente para estudo

da Palavra, oração e adoração, assistidos pelo Pr. Cirino.

Em 31 de dezembro de 1990, foram batizados os primeiros crentes: Maria Helena Neta, José

Ulisses, Vilany Pedrosa, Socorro J. Conceição, Aparecida Evangelista, Maria Caetano, Martizeth

Rodrigues, Elisete Rodrigues e Damiana Rita.

A primeira Assembleia Ordinária foi realizada em 07/03/1991, presidida pelo Pr. Cirino Refosco.

Em 1995 foi construído um salão para reuniões. Em 2001 foi lançada a pedra fundamental para a

construção do templo, inaugurado em 07/12/2003. A Congregação conquistou sua autonomia em

05/02/2006, em Culto Consagratório presidido pelo pastor da igreja-mãe, Roberto Manoel de Andrade,

com as presenças do Pr. Cirino, examinador do concílio, outras igrejas da região e representantes da

PIB de Vitória/ES. Depois de organizada, passou a se chamar Primeira Igreja Batista de Nova Olinda.

A PIB tem propagado a Palavra de Deus no município, através de evangelismo de casa em casa,

programa de rádio, eventos, entre outras atividades. Tem expandido seu trabalho para outras

localidades; além do Distrito de Manguenza, em 2008 foi aberta uma frente missionária na cidade de

Tavares/PB, em parceria com a Igreja Batista de Boa Ventura/PB.

Além do Pr. Cirino Refosco, que iniciou a igreja, passaram ainda os pastores: Vilmar Nóbrega, José

de Arimatéia (in memorian), as Missionárias Wilma de Sousa e Ivoneide Nair. Desde 1996, o

Evangelista Erenildo Medeiros da Silva, missionário autóctone, dirige a PIB de Nova Olinda, que

hoje com pouco mais de 100 membros.

Assembleia de Deus

O primeiro culto realizado na cidade foi no dia15/08/1990, na residência do Sr. Severino Bento, na

rua Presidente João Pessoa, pelo pastor Antônio José de Lima, que deu continuidade ao trabalho

evangélico. Depois vieram os pastores: Jorge Lucena Simões, em 1991, e Sadrak em 1992. Em

setembro de 1993, foi iniciada a construção do templo, concluído em 1996, situado à rua Custódio

Salviano. Em 15/11/1996, foi realizada a inauguração do templo pelo Pr. Sadrak. Desde então,

diversos outros pastores passaram pela igreja, acompanhando os seus membros nos cultos e trabalhos

de evangelização.

Congregação Cristã do Brasil

A Congregação Cristã do Brasil chegou a Nova Olinda em setembro de 1988, introduzida pelo Sr.

Lindolfo Ferraz e família, cooperador da Palestina, no Ceará. O primeiro batismo aconteceu em

01/06/1990, onde foi batizado Paulo Luís. A congregação está presente também na comunidade São

Domingos. As principais atividades realizadas são: batismos, cultos, santa ceia, culto de jovens

semanal, orações familiares, culto de busca dos dons divinos. Há também um trabalho de formação

musical, principalmente para os jovens, que fazem o acompanhamento dos hinos nos cultos e a Obra

da Piedade – parte social da igreja. O cooperador José Simão da Silva é quem coordena os irmãos

atualmente.

No tocante à religião, o município é bem assistido em todas as suas correntes e devoções religiosas,

preservando essa característica da sua origem.

CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Localização

O município de Nova Olinda está localizado na região oeste do estado da Paraíba, limitando-se a

sul com Princesa Isabel e Tavares, a oeste com Pedra Branca, a norte e nordeste com Santana dos

Garrotes e a leste com Juru. Ocupa uma área de 84km2, inserida nas folhas Itaporanga (SB.24-Z-C-

II), Piancó (SB.24-Z-C-III), Serra Talhada (SB.24-Z-C-V) e Afogados da Ingazeira (SB.24-Z-C-VI),

ESCALA 1:100.000, editadas pelo MINTER/SUDENE em 1972. Os limites do município podem ser

observados no Mapa de Recursos Minerais do estado da Paraíba na escala 1:500.000, resultante do

convênio CPRM/CDRM (Serviço Geológico do Brasil), publicado em 2002. A sede municipal

apresenta uma altitude de 350m e coordenadas geográficas de 38º 02’ 31’’ longitude oeste e 07º 28’

47’’ de latitude sul. O acesso a partir de João Pessoa é feito pela BR-230 até a cidade de Patos, onde

toma-se a BR-361 até a cidade de Piancó, daí segue-se pela BR-426 até a sede municipal, distante

cerca de 430 km da capital. Outro acesso é por Pedra Branca , seguindo pela PB361 até Itaporanga,

depois pela PB354. Podemos ainda dizer que Nova Olinda está situada na Mesorregião do Sertão

Paraibano e na Microrregião da Depressão do Alto Piranhas. Possui uma população de 6.070

habitantes, destes 3.019 são homens e 3.051 são mulheres, e ainda 3.227 residem na zona urbana e

2.843 residem na zona rural, conforme o último censo. Aliás, algo chama a atenção sobre esse ponto,

pois descobrimos que a nossa população vem diminuindo a cada recenseamento. Em 1996, éramos

7.241 habitantes; em 2000 – 6.457 habitantes; em 2007 – 6.280 habitantes, e nesse último, mais uma

queda de mais de 200 habitantes e não se investigou ainda o motivo desse fato está acontecendo e

quais os impactos do mesmo para o município.

O município possui um Distrito, Manguenza, e diversas comunidades rurais, dentre as quais se

destacam: Santo Amaro, Canto, Riacho Vermelho, Andresa, São Domingos, Favela, Pedra Branca,

Umbuzeiro, Gatos, Saco da Pedra, Saco, Cipó, Zé Ramos.

Símbolos municipais

O Hino do Município, foi composto pelo conterrâneo Albertino de Sousa Barreiros, inicialmente para

a comemoração do centenário de fundação da cidade. A Bandeira do Município foi criada, ainda na

época da primeira administração, por Bethelânia Job, filha de Chico Job. Há uma outra informação

que diz ser a sua criação de um cidadão da cidade de Patos chamado de Antônio de Fernão. A Bandeira

possui as cores vermelha e branca, tendo no centro um escudo formado de uma flor de algodão (que

já foi o principal produto agrícola do município), com raios de sol no canto superior esquerdo da flor

– simbolizando a sua localização numa região onde o sol predomina quase o ano inteiro, sustentados

por dois ramos verdes e uma laço de fita, onde está a inscrição 1961, ano da emancipação política.

O gentílico é o Novolindense.

Hino da cidade

Letra e Música – Albertino de Sousa Barreiro

Refrão – SALVE, SALVE, Ó NOVA OLINDA,

TERRA AMADA E POR NÓS TÃO QUERIDA.

SALVE, SALVE, Ó NOVA OLINDA,

EM TEU SEMBLANTE RELUZ NOSSA VIDA.

I

Entre as serras fizeste morada

Pelos rios deixastes banhar.

Covardia jamais terra amada

Nós queremos pra sempre te amar.

Se embalas em teu seio este povo

São teus filhos de amor que conduzes.

Da Andreza queremos de novo

Constatar que és terra das luzes.

II

Salve Nova Olinda de glórias!

Nunca um sol já brilhou mais que o teu.

Haveremos de honrar nossa história

Nessa terra onde o amor já nasceu.

Oh! Que Serra Furada sem par

És mãe fértil repleta de vida.

Como é bom sob o teu pálio estar

Sem que fales, teu céu nos convida.

III

Que não sejas debilmente enganada.

Que respondas ao explorador.

Não te traiam os que a tem por amada,

És tão linda e não patíbulo de dor.

Já nascestes aos pés de uma cruz

Em teu verde há balbucios de fé.

Desde o engenho tua prece reluz

Ao altar cantaremos de pé.

Aspectos fisiográficos

Segundo o documento, Diagnóstico do Município feito pelo Ministério de Minas e Energia, em

termos climatológicos, o município acha-se inserido no denominado “Polígono das Secas”,

constituindo um tipo semiárido quente e seco. As temperaturas são elevadas durante o dia,

amenizando-se a noite, com variações anuais dentro de um intervalo 23 a 30°C, com ocasionais picos

mais elevados, principalmente durante a estação seca. O regime pluviométrico, além de baixo, é

irregular, com médias em torno de 840mm/ano, e mínimas e máximas de 367,9 e 1690,9 mm/ano

respectivamente, isso quando não há secas. Devido às oscilações dos fatores climáticos, podem

ocorrer variações com valores para cima ou para baixo do intervalo referenciado. No geral,

caracteriza-se pela presença de apenas 02 estações: a seca que constitui o verão, cujo clímax é de

setembro a dezembro e a chuvosa denominada pelo sertanejo de inverno.

A vegetação é de pequeno porte, típica de caatinga xerofítica, onde se destaca a presença de

cactáceas, arbustos e árvores de pequeno e médio porte.

Os solos são resultantes da desagregação e decomposição das rochas cristalinas do embasamento,

sendo em sua maioria do tipo Podizólico Vermelho-Amarelo de composição areno-argilosa, tendo-se

localmente latossolos e porções restritas de solos de aluvião.

A rede de drenagem é do tipo intermitente e seu padrão predominantemente dentrítico. Devido à

existência de fraturas geológicas, mostra variações para retangular e angular. Os riachos e demais

cursos d’água que drenam a área, pertencem a denominada Bacia do Piancó. De acordo com amostras

coletadas para análise das águas subterrâneas do município, os resultados mostraram a predominância

de 65% de água salobra, 29% de água doce e 6% de salina.

O relevo acha-se incluso na denominada “Planície Sertaneja”, a qual constitui um extenso pedi

plano arrasado, onde localmente se destacam elevações alongadas e alinhadas com o “trend” da

estrutura geológica regional.

Ainda segundo estudos, temos aqui no município uma grande quantidade de ferro, o minério mais

produzido e utilizado no mundo.

As pessoas mais idosas falavam ou falam da existência de ouro bem começo da nossa história, em

serras próximas, mas não há registros formais desse fato.

As águas

O município de Nova Olinda encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio

Piranhas, sub-bacia do Rio Piancó. Seus principais tributários são os riachos Campos, Canoas e

Gravatá. O principal corpo de acumulação é o açude Saco (98.000.000m). Todos os cursos d’água no

município têm regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dentrítico. Como já foi

citado anteriormente estudos mostraram que a maior parte das águas do município é salobra, 65%. O

restante – 6% é constituído por água salina e somente 29% por água doce. Isso explica o fato de que,

quando não tínhamos água encanada, em várias residências possuíam poços, chamados cacimbões, e

a água era mesmo muito salobra. Mesmo assim, utilizada na cozinha, para banhos e lavar roupas.

A barragem do açude Saco está implantada no local Serra Furada, recebendo o maior volume de

água do Rio Gravatá. Construída através de tecnologia avançada “concreto rolado”, sendo na época

da sua construção a 1ª na América Latina a ser construída nesse estilo. O manancial é utilizado no

abastecimento humano, animal, na piscicultura e na irrigação, sendo administrado pela AESA

(Agência Executiva de Gestão de Água da Paraíba) e gerenciada pela Associação dos Usuários de

Água, que tem como objetivo preservá-la de maneira racional, de modo a assegurar sua existência

com qualidade e quantidade suficiente para suprir as necessidades atuais e também das gerações

futuras. Também é possível perceber um grande potencial turístico na barragem, que, por não haver

nenhuma estrutura para receber as pessoas que a visitam quais sejam, barracas, comidas, bebidas,

acesso adequado ao local, entre outros, não é valorizado e aproveitado devidamente pelas autoridades

e pela população, que deixa, dessa forma, de dispor de uma das áreas mais favoráveis, sobretudo ao

turismo ecológico e à geração de renda agrícola da região.

Durante três anos, foi organizada pela FAEPA/SENAR-PB, com a participação de Francisco Teotônio,

a Caminhada da Natureza Alto da Serra, que contava também com um Seminário de Desenvolvimento

Sustentável do Turismo Rural, e na última edição houve ainda o Workshop de Escalada realizado na

Pedra do Catolé, em Pedra Branca, organizada pela DN Aventura/RJ e Aventura Ecológica/PB. A

caminhada tinha participantes dos municípios de Nova Olinda e Pedra Branca, além de convidados,

e tinha início da Serra do Olho D’água, com um percurso de 9,3 km, com trecho de aclive nível pesado,

trechos de altitude que vão de até 700m em relação ao nível do mar, e duração de cerca de 4h.

encerrando na Barragem Saco. O evento deixou de ter continuidade por falta de investimento e apoio

do poder público. Nos últimos anos, a Barragem teve que passar por um reparo, pois apareceu um

vazamento que comprometia a sua estrutura e trazia riscos para a população, sendo necessário

esvaziar boa parte da sua água para a realização do reparo, fato que coincidiu com os últimos anos de

seca, onde a população mais precisava de água, mas que garantiu a segurança da população e a

possibilidade de armazenar água adequadamente nos períodos posteriores.

Economia e agricultura

Quando nossos fundadores pensaram em construir a capelinha para facilitar a participação das

pessoas na vida religiosa, eles tinham ainda uma outra preocupação, que era as suas necessidades

comerciais. Grande parte da alimentação era produzida pela agricultura: o arroz, milho, feijão, batata,

abóbora e da cana de açúcar, da qual faziam a rapadura e se adoçava o café e demais comidas doces,

pois o açúcar era raridade; a mandioca, da qual faziam a farinha; as carnes, que vinham dos seus

próprios criatórios: gado (carne. leite e queijo), ovelhas, porcos e galinhas (ovos). Do algodão, fiavam

as linhas que teciam as redes e outros tecidos mais rústicos. Quanto às demais necessidades era preciso

ir até Misericórdia (Itaporanga) ou até Triunfo/PE, a cavalo, para fazerem suas compras, muitas vezes

passavam dias viajando. No mesmo ano da fundação (1890), realizaram a 1ª feira livre. Contam-se

que fizeram uma latada (uma espécie de tenda) em frente a uma das poucas casas que aqui existia na

época, que era a casa do senhor João Tomaz, a qual seria hoje nas proximidades da praça da matriz,

e naquela 1ª feira havia apenas para venda laranjas e carnes de porco e de gado. A intenção era

começar a chamar a atenção de comerciantes de outras cidades para participarem da feira aqui e,

assim, ir diminuindo as viagens para fazer compras. E não demorou muito a vir comerciantes para a

feira, sobretudo na época da festa da Padroeira, como ainda acontece hoje também por ocasião de

outras festas. Depois, alguns senhores da cidade se tornaram comerciantes e entre os primeiros

estavam: Moisés Rodrigues, Luís Santos, Amâncio Rosado, João Veloso e Inácio Buxudo. Havia uma

vontade e um interesse enorme de ver o desenvolvimento econômico do pequeno povoado.

Até a década de 90, a nossa feira livre era bem movimentada e durava o dia inteiro (das 5h da

manhã até o final da tarde) e com bastantes bancas, que vendiam desde comidas, tecidos, cereais,

calçados, utensílios domésticos e agrícolas, etc. Havia também as louceiras que faziam utensílios em

cerâmica – panelas, potes, cuscuzeiras, pratos, e até para as crianças eram feitas em tamanhos

pequenos para brincadeiras de casinha. Havia bancas que vendiam pão com doce, sobretudo com

quebra-queixo (doce de coco com açúcar caramelado). Quem dessa época não se deliciou com essa

iguaria da nossa feira, principalmente nos tempos de criança? Esperava-se a semana inteira pelo dia

da feira. Era também o dia em que se comprava e comia carne fresca, pois quase ninguém tinha

geladeira e os marchantes só matavam os animais aos sábados. Para os outros dias, as carnes eram

salgadas e colocadas para secar, principalmente em uma vara ou corda que ficava em cima do fogão

de lenha, já que fogão a gás ou mesmo de carvão também eram raridades na época. Hoje, a feira

começa às 6h da manhã e vai até 2h da tarde no máximo, com algumas poucas bancas, exceto nos

períodos de festas, que vêm maiores quantidades de comerciantes e ficam por mais tempo. Na época

da safra do algodão então, aconteciam as melhores feiras. Com o dinheiro do algodão comprava-se

as roupas, calçados (geralmente era perto do mês de setembro, época da festa da padroeira, e era

comum só comprar roupas e calçados somente uma vez no ano para a festa) e comprava-se e estocava-

se os alimentos não perecíveis para serem consumidos por muito tempo: café, açúcar, rapadura,

farinha, entre outros. Não podemos deixar de relatar algumas curiosidades que costumavam

aconteceram nas feiras. As pessoas vinham para a feira, faziam suas compras e depois começavam a

beber (geralmente aguardente) e, com os ânimos alterados, o ambiente tornava-se propício para se

resolver os casos de intrigas e desafetos e, de vez em quando, as feiras acabavam com brigas e, em

algumas vezes, com tiroteios com vítimas fatais, dispersando as pessoas para suas casas. Entre alguns

desses fatos, destacam-se a morte de um senhor de Princesa Isabel chamado Pio, as de Zé Madalena

e Jordão Martins, entre outras. Isso rendeu a Nova Olinda, por muito tempo, a fama de povo valente,

pois tudo se resolvia na base de brigas, sob facas e revólveres e, ainda pior, sob efeito de álcool, na

maioria das vezes. Aliás, essa era uma característica da maioria das pequenas cidades do sertão.

Felizmente, nos últimos tempos vivemos outra realidade, onde prevalece mais o diálogo para se

resolver desavenças entre famílias e vizinhos e, dificilmente, há registros de violência, a não ser

alguns acontecidos no Manguenza e numa Vaquejada.

Desde os primórdios de nossa existência como cidade, a agricultura foi a maior base da economia

do município, sendo suas atividades mais intensas nos primeiros anos. Além das culturas que

garantiam a maior parte da alimentação das famílias, tivemos por algum tempo o plantio da cana- de-

açúcar. No início do século passado, havia, só no sítio Várzea de Dentro, 06 engenhos de cana-de-

açúcar, onde se fazia mel, rapaduras e até um pequeno alambique, onde se fabricava uma boa cachaça.

É impressionante como eles foram extintos completamente, não deixando nenhum vestígio, restando

hoje apenas um, na região do sítio Belo Monte, município de Pedra Branca, que pertenceu a Zé Job,

também a Chico Job, e hoje a João Teotônio de Sousa. Isso é fato curioso: a extinção de uma cultura

tão marcante durante toda uma época e que é parte da história da cidade, se lembrarmos da origem do

seu nome, sem quase deixar vestígios. Nunca se procurou investigar a causa dessa extinção. Talvez a

cultura do algodão, que por muito tempo foi o maior produto agrícola da região, tenha contribuída

para o fim do cultivo da cana-de-açúcar

O algodão que, como já mencionado, foi por muito tempo a maior fonte de renda da população.

Era o nosso “ouro branco” e, nessa época, Nova Olinda era uma das maiores produtoras desse produto

da região. Saiam daqui muitos carregamentos em direção às localidades que compravam o referido

produto. Chegaram até a montar uma mini-indústria, que limpava e descaroçava o algodão, mandado

para as fábricas, chamada de vapor, de propriedade de Zé Ferino e Zé Cazé. O cultivo do algodão

durou até o início da década de 90, quando apareceu a praga do “bicudo”, um inseto que acabou com

as plantações não só aqui, mas em diversas regiões do país. Nesse caso, faltou para os nossos

agricultores, apoio e incentivo dos órgãos governamentais no sentido de combater a tal praga ou pelo

menos minimizar os seus danos. Isso fez com que os agricultores desistissem quase que por completo

do cultivo de uma cultura que poderia ter gerado fontes de rendas para o município, com fábrica e

comércio têxtil. Hoje quase não existe mais, nem sequer houve a preocupação de tentar substituí-la

por outra cultura. A marca mais profunda deixada pelo algodão que podemos ver hoje está na bandeira

do município, que traz gravada a flor do algodão como principal figura.

Hoje, permanece com a agricultura de subsistência: planta-se apenas para o consumo familiar. Um

município não tem aproveitado adequadamente o potencial agrícola e hídrico que possui, deixando

de fazer crescer a economia e a qualidade de vida da sua população. O Projeto de Irrigação, que aqui

foi implantado no ano de 1996, pela SRH (Secretaria de Recursos Hídricos do estado da Paraíba),

dentro da programação do Projeto Canaã, deveria atender aos municípios de Nova Olinda e Pedra

Branca, não chegou a atingir sequer todo o município de Nova Olinda. A referida área compreende

terras férteis das sub-bacias dos Rios Gravatá e Canoas, pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio

Piancó, estando esta última inserida no sistema Piranhas, que corre no sentido sul-norte para o vizinho

estado do Rio Grande do Norte. No entanto, apenas a barragem Saco foi concluída, o projeto incluía

também uma Barragem no rio Canoas, que foi iniciado o trabalho de construção, mas paralisado logo

em seguida. A irrigação é utilizada de maneira irracional, com precária assistência técnica dos órgãos

públicos que, através do manejo inadequado do solo e do uso de adubos, deixam resíduos salinos e,

aliado à deficiência de matéria orgânica, tem provocado acúmulos nos teores de fósforo e potássio,

causando um desequilíbrio nutricional e ambiental, sem considerar os prejuízos de ordem

econômica.Outros fatores que impediram o desenvolvimento do projeto foram as más condições das

estradas de acesso ao município. A pavimentação da BR 426 continua inacabada, faltando apenas um

pequeno trecho. E, como já foi por muitas vezes projetada, há quem que está concluída oficialmente,

mas os novolindenses continuam a esperar a sua conclusão. Por outro lado, já temos um acesso todo

pavimentado por Pedra Branca, através da PB354. De toda área que deveria ser irrigada, somente é

utilizada por 15% a 20%, aproximadamente, dos irrigantes. O projeto passou por modificações, que

passou a contar com uma área total irrigável de 934ha. (contra um total de 1.216ha. do projeto

original), com um total de 411 lotes. A área inclui 48 lotes de irrigação por aspersão num total de

97ha. 261 lotes de irrigação por sulcos ocupando 561,5ha. e 102 lotes de irrigação por inundação com

275,5ha. Pelo menos era essa a estrutura do projeto, que ainda não foi concluído em sua totalidade

As primeiras experiências de plantio não rederam muito lucro, a Cooperativa não durou muito tempo

e muitos agricultores perderam o interesse pelo projeto. Hoje, são poucos os que se ariscam a

utilizarem a irrigação nos seus plantios e, na verdade, a maioria prefere plantar só mesmo no período

das chuvas, como se fazia antigamente. Por falta de conscientização e de fiscalização dos órgãos

públicos, diversos trechos dos canais de irrigação foram destruídos pela própria comunidade, que teve

o incentivo necessário para fazer o projeto funcionar.

Em entrevista, o atual secretário da agricultura e o técnico da EMATER, nos informaram quais os

projetos que estão sendo realizados pelo município ou que estão em andamento, dentre eles estão: a

construção de pequenos açudes e poços; a Garantia Safra, que ampliou o número de beneficiados de

102 para 180; o PENAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar, que consiste em incentivar os

agricultores a plantarem verduras e legumes para serem vendidos para a merenda das escolas do

município; junto com a EMATER, é desenvolvido o PRONAF – Programa do Pequeno Produtor

Rural, que oferece créditos para pequenos investimentos rural para a agricultura familiar; o programa

Luz para todos, que já cobre 100% do município; distribuição de sementes de milho e feijão para o

plantio. E em andamento estão o projeto para a restauração e revitalização dos canais de irrigação; o

projeto do Arroz Vermelho; e as passagens molhadas, pequenas pontes construídas sobre o rio para

facilitar a locomoção, principalmente na época das chuvas. Vê-se que o município tem buscado

muitos dos Projetos e Programas do governo federal, mas muito ainda precisa ser feito,

principalmente sabendo do potencial agrícola existente no município. E ainda vê-se também que é

cada vez menor o trabalho no campo, sobretudo entre os mais jovens, que preferem ir buscar trabalho

fora, por não serem incentivados a buscarem cursos universitários ou técnicos voltados para a

agricultura.

Nesse setor, não podemos deixar de registrar também o trabalho do Sindicato dos Trabalhadores

Rurais, que desde o ano de 1973, quando foi registrado, esteve a serviço do nosso homem do campo.

E aqui vale lembrar a figura de D. Maria Jose Dantas, mulher de personalidade forte, destemida, que,

com o esposo Jose Gomes, estiveram por muito tempo à frente do sindicato, principalmente na sua

origem, e muito contribuíram trazendo benefícios como o primeiro consultório odontológico, o

encaminhamento de benefícios previdenciários, trabalho realizado até hoje em favor dos agricultores.

O sindicato também deu apoio na realização de exames de vista e ainda faz assessoria jurídica junto

aos sócios.

Quanto ao comércio atual, já temos uma maior variedade de mercadinhos, lojinhas, bares, entre outros,

mas ainda não atende as necessidades da população, em relação ao fornecimento de hortaliças e frutas,

apesar do município ser dotado de tantas terras boas e ter água em abundância, é preciso buscá-las

em outras cidades, o que encarece o produto e, às vezes, faz a sua qualidade cair por causa do percurso

que se faz para chegar até a cidade. O certo é que a pequena Vila e Distrito, onde havia apenas umas

pequenas “budegas”, nas quais se comprava o básico do básico (uma quarta de açúcar, óleo de soja a

colheradas, meia garrafa de querosene, etc.), padaria, bares e uma loja de tecido – pois os demais

mantimentos só se comprava na feira, aos sábados, hoje oferece aos seus habitantes o necessário para

a sobrevivência sem precisa deslocar-se para outros municípios, como se fazia anteriormente, e

mesmo o acesso às cidades vizinhas se tornou também mais fácil e acessível.

A sociedade de Nova Olinda hoje é formada de pequenos agricultores, comerciantes, e

funcionários públicos municipais e estaduais, além de aposentados rurais. E já não há mais tanta

necessidade de se deslocar para outros estados a procura de trabalho, como era há mais ou menos

duas décadas atrás. Nos anos mais secos, a maioria dos homens, pais de famílias, tinha que viajar,

principalmente para a região sudeste (São Paulo) para trabalhar e mandar o sustento da família que

aqui ficava. Muitos acabavam constituindo uma nova família, deixando à própria sorte a que aqui

deixara. Os que conseguiam uma melhor condição financeira mandavam buscar as suas famílias,

vindo à cidade apenas para visitas; outros permanecem lá, muitas vezes obrigados, à falta de

condições financeiras e, assim, vivem nas favelas e periferias, desempregados ou subempregados,

expostos a toda sorte de vida, como cantou Luiz Gonzaga: “ ... Notícias das bandas no Norte, tem ele

por sorte o gosto de ouvir...”

As secas, são sempre um capítulo à parte na nossa história, aliás na história do nordestino. Desde o

século XIX, a maior seca que se tem notícia foi a de 1877, que dizimou grande parte da população

em decorrência de fome e doenças (chamadas de peste) características desse fenômeno. Ocorreram

muitas outras secas desde essa, que foi mais intensa, até os dias atuais e em decorrência disso,

começou a peregrinação de muitos nordestinos em busca de terras mais férteis, fugindo da fome. Vem

daí o termo “retirante”. E ainda hoje, as autoridades continuam a buscar soluções para esse problema

e uma das mais audaciosas e discutidas, desde a época do império, D. Pedro II, é a transposição do

Rio São Francisco, que segundo especialistas, resolveria o problema da seca, que até agora continua

a atingir milhares de pessoas em todo o Nordeste.

A Política

Até 1930, todo o movimento político de Nova Olinda era em Piancó, pois era lá que, desde a

fundação da cidade, aconteciam as votações. Em 1930, a votação foi em Santana dos Garrotes e a

partir de 1935, as eleições já eram realizadas em nossa cidade. A força política da época era

representada pelos senhores João Barreiro, Moisés Rodrigues, José Henrique, Izidro Henrique,

Antônio Moisés, Raimundo de Paula, entre outros. (Fonte: Nova Olinda – 100 anos de história, 1990

– colocar no rodapé). Como distrito de Piancó, eram esses representantes que buscavam meios para

o desenvolvimento da comunidade. Duas forças políticas da região tinham influência por aqui: eram

os Leites de Piancó – tendo como maiores representantes Major Maru, Dr. Felizardo Leite, Dr. Pedro

Leite, Antônio Montenegro – e os Teotônios, de Santana dos Garrotes – tendo como maiores

representantes, José Teotônio, Teotônio Neto e Renato Teotônio.

Foi no governo de Pedro Gondim que aconteceu a emancipação política da cidade e assim começaram

os preparativos para a primeira eleição. Segundo relato da Dra. Maria do Carmo, que participou do

processo, já naquela época houve muito movimento. Os candidatos foram João Lopes Ferreira, tendo

como vice Antônio Moisés de Sousa – a apoiado pelo grupo de Teotônio Neto – e Jorge Jose da Silva

(Jorge Cazé) e Elizeu Manoel – apoiado pelos Leite, saindo vitorioso João Lopes. A Campanha foi

muito acirrada e foi necessário a presença de soldados do exército para garantir a segurança da eleição.

E já naquela época, segundo a Dra. Maria do Carmo, os candidatos se utilizavam de meios ilícitos

usados pelos candidatos para ganhar a eleição: compra de votos e títulos eleitorais feitos na véspera

da eleição. E depois, nas campanhas seguintes, encontramos a mudança na idade de eleitores para

poderem votar, sem falar das apurações dos votos, onde acontecia de tudo: desde esconder urnas,

acréscimo ou diminuição de votos, só para citar alguns exemplos.

Em 22 de dezembro de 1961, pela Lei nº 2.668/61, foi criado o município e instalado em 25 de

outubro de 1962, quando tomou posse o 1º prefeito João Lopes Ferreira e seu vice Antônio Moisés

de Sousa. A primeira Câmara de Vereadores era composta pelos senhores Manoel Emídio Ramalho,

José Pinto Ramalho, Manoel Benedito da Silva, José Pereira da Silva, Antônio Gonçalves da Silva,

Manoel Caetano da Silva e Marçal Henrique de Lima. Este último foi o primeiro presidente da câmara,

que faleceu após três meses de mandato, assumindo o seu lugar o suplente Luís Leite da Silva.

Em seguida tivemos as seguintes administrações:

Francisco Pinto Ramalho: 1966-1968; Jorge Jose da Silva: 1969-1972; Francisco Pinto Ramalho:

1973-1976; Luís Leite da Silva: 1977-1982; Francisco Pinto Ramalho: 1983-1988; Luís Leite da Silva:

1989-1992; José Alves Sobrinho: 1993-1996; João Raimundo Neto: 1997 -2000; João Raimundo

Neto: 2001- 2004; Francisco Rosado da Silva: 2005-2008. Em 2009 assume Maria Galdino Irmã,

cassada pela Justiça Eleitoral, e após a realização de novas eleições, é eleita a Dra. Maria do Carmo

Silva, que assume em janeiro de 2010. A Dra. Maria do Carmo concorreu seis vezes, ou sete se

contarmos que na última foram duas eleições, para enfim assumir a prefeitura. Esta foi reeleita na

última eleição de 2012, assumindo já um segundo mandato.

Muitas outras pessoas também fizeram parte da história política do município, os quais citaremos

aqui, para que também fiquem registrados e sejam lembrados por todos. Até porque, em sua grande

maioria já não estão mais entre nós. Uns foram candidatos a prefeito, outros candidatos a vice-prefeito.

Alguns dos que foram candidatos a vice-prefeito, tiveram suas chapas vitoriosas. E assim lembramos:

Eliseu Manoel, Manoel Benedito, Pedro Jacó, Otacílio Sabão, Enéas Teotônio, Antônio David,

Antônio Jacob, Francisco Pereira, Alindo Francisco, Guarim David, Anchieta Luiz, Adrian Alves,

João Rosado, Dra. Vanilda Cazé, João Pinto, Idácio Souto, Luis Leite Júnior, Karlla Pinto, Maria

Galdino Neta.

Em 01 de abril de 1990, foi promulgada a constituição municipal. A solenidade foi realizada no

prédio da Câmara municipal, casa Marçal Henrique de Lima, com a presença dos poderes Executivo

e Legislativa da época e de autoridades e pessoas da cidade.

As principais obras do município foram realizadas nas primeiras administrações como: calçamento,

escolas, energia elétrica, telefonia e água encanada, posto de saúde. As demais continuaram

realizando obras, mas de forma mais esporádicas e dentre essas últimas estão o Hospital, creches e

ginásios de esportes, entre outras. O que se pode constatar é que, em mais de cem anos de história, a

cidade, assim como muitas outras localizadas no semiárido nordestino, se desenvolveu muito pouco,

talvez devido à falta de estrutura nas estradas que lhe dão acesso, à posição geográfica na qual ela se

encontra e também à falta de disposição política por parte dos governantes.

Por muito tempo vigorou na política local, assim como em quase todo o Nordeste, o regime de

coronelismo, no qual o chefe político mantinha sob seu domínio grande parte do eleitorado, que apesar

de não serem beneficiados, a não ser no período eleitoral, lhe eram fiéis. Hoje ainda impera, assim

como na maioria das cidades brasileiras, regime de paternalismo, pois faz-se a assistência pessoal

para se obter mais votos, deixando-se de lado o bem da coletividade.

O Distrito de Manguenza

Em 22 de dezembro de 2005, foi criado o Distrito de Manguenza, uma das maiores áreas rurais do

município, com 12.000m, e onde se concentra grande parte da população, - 703 habitantes. O distrito

é habitado desde quando Nova Olinda era ainda o Sítio Serra Furada. De acordo com relatos, na sua

origem teria vestígios indígenas e foi habitado inicialmente pela família do Capitão Antônio Pinto e

Constância Conserva, vindo daí o seu fundador, o Sr. Genésio Pinto, conforme relato de um trabalho

de professores do Escola Maria Dionísia. Já na década de 1940, teria iniciado seu processo de

escolarização, com aulas particulares, ministradas pelo Sr. Manoel Avelino de Lima, na residência do

Sr. Cícero Henrique. Em 1979, foi construída a Capela, dedicada a São Francisco de Assis, idealizada

pela professora Maria do Socorro Rufino, sob a orientação do saudoso Pe. José Lopes, ocasião em

que começou a desenvolver o Distrito. Foi o que me relatou o trabalho realizado por alunos e

professores. De lá, vieram muitos representantes políticos do município, dentre os quais Francisco

Pinto, prefeito por três mandatos, e os vereadores Zacarias Henrique, João Vianês, Manoel Raimundo,

Marçal João, Cícero Martins e Francisco Cipriano (Ticô). Hoje, o distrito já possui uma infraestrutura

bem organizada com comércio, escolas, Igrejas, posto de saúde, creche. No passado, encontramos

relatos de acontecimentos ocorridos no Distrito por ocasião da passagem da Coluna Prestes, em 1926,

e da Revolução de 1930, conforme relataremos a diante, por causa da proximidade com o município

de Tavares, que leva ao município de Princesa Isabel.

Só a título de curiosidade quero registrar os governantes do Brasil e do Estado na época da origem

da nossa cidade e do município. Em 1890, governava o primeiro presidente do Brasil, o Marechal

Manoel Deodoro da Fonseca, e na Paraiba governava o presidente Venâncio Augusto de Magalhães

Neiva. Em 1961, foi um ano conturbado na política brasileira com muitas mudanças na presidência

do Brasil. Até 31/01, governou Juscelino Kubitschek; de 31/01 a 25/08, governou Jânio Quadros; de

25/08 a 07/09, governo interino de Ranieri Mazzilli; e a partir de 07/09, governou João Goulart. Já na

Paraiba o governador em 1961, era Pedro Moreno Gondim.

A Educação

O processo educativo no município de Nova Olinda foi lento e os registros a respeito são poucos,

por isso a maior parte das informações que temos são passadas de forma oral, por pessoas que

participaram ou presenciaram esse processo e que consideramos aptos a prestar tais informações.

O início não foi diferente de tantas outras cidades do seu porte. Os desafios enfrentados pelos que

passaram por aqui foram enormes. Na época, poucos eram os que aprendiam o que se considerava o

básico: ler, escrever e contar e jamais tinham acesso a níveis mais elevados no ensino. Mas sempre

houve aqueles que lutaram e buscaram, apesar das dificuldades, os meios para trazer a instrução aos

primeiros povos desta terra.

A origem de Nova Olinda é do final do século XIX e já nessa época encontramos os primeiros

sinais de educação. E a primeira figura que aparece nesse cenário é de um padre chamado Ângelo.

Segundo nos relataram, ele era um francês que por aqui passou algumas vezes, mas que nas suas

poucas passagens ensinou as primeiras letras aos nossos antepassados. Como geralmente aconteceu

com o início da educação em todo o país, também aqui vemos a presença da Igreja. Era mesmo uma

forte característica da época o envolvimento dos padres com o ensino, pois eram considerados os mais

preparados para o ofício. Vimos que muitas congregações e ordens religiosas foram responsáveis pela

criação de muitos colégios em todos as regiões do país. Muitos permanecem até hoje como as

Lourdinas, os Salesianos entre outros.

Nesse período, a população local era reduzida a poucas famílias, que residiam principalmente no

Sítio Várzea de Dentro, além de umas poucas que habitavam o Sítio Serra Furada, onde mais tarde

foi erguida a cidade. Por isso, certamente havia um pequeno número de alunos. Alguns dos alunos do

Pe. Ângelo se tornaram os primeiros professores desta terra, entre eles estavam Manoel Pedro de

Sousa e João Mestre, que lecionavam em suas casas. Além do ensino dos números, da escrita e da

leitura, o professor João Mestre lecionava as disciplinas de geografia e história do Brasil, segundo

dados recolhidos em entrevista no livro – Nova Olinda: 100 anos de história.

Conforme a cultura da época, inicialmente a instrução era privilégio principalmente dos homens, por

isso eram eles quem mais frequentavam a escola e se tornavam professores. Às mulheres eram

reservadas as prendas domésticas e a artes manuais, como preparação para o casamento. Pouquíssimas

mulheres conseguiam estudar, pois era preciso enfrentar a autoridade patriarcal, que deveria ser

obedecida à risca, e ela não permitia que suas filhas estudassem, segundo relatos, para não escreverem

cartas para os namorados.

É dentro desse contexto que encontramos o primeiro registro de escola. Assim escreveu no seu

Livro de Notas, Severino Job de Sousa: “Foi inaugurada a Escola Rudimentar Urbana, de sexo

masculino no dia 20 de agosto de 1931, regida pelo professor João Batista de Sousa e foi numiado

inspetor local da mesma escola Severino Job de Sousa” (nota de rodapé – ortografia original da

época). Ainda segundo relatos, a escola funcionou na antiga Casa Paroquial, que ficava no mesmo

local da atual. Ali, muitos dos meninos, nossos pais e avós, receberam as primeiras instruções. Era o

despertar de um processo que continua a desenvolver-se até hoje. É interessante perceber o esforço

daquela gente para fazer o pequeno povoado crescer e como já sentiam que a educação teria um papel

fundamental para o seu crescimento. Numa época tão remota, em um lugar tão distante e de difícil

acesso a cidades maiores e mais desenvolvidas, sem ainda ter um representante político oficial

(prefeito) que pudesse reivindicar benefícios aos poderes públicos competentes, pois o povoado

sequer tinha sido elevado à condição de distrito, mesmo assim eles conseguem dar o pontapé inicial

da educação nesta terra. Além da Escola Rudimentar Urbana, continuaram a existir ainda por muitos

anos as aulas particulares, onde os professores lecionavam em suas casas ou em casa de família daqui,

já que muitos professores vinham de outras cidades. Mas eram poucos os pais que podiam pagar por

aulas particulares para os filhos; apena os que possuíam maiores condições financeiras. Por isso,

muitas crianças ficavam fora da escola.

Com o tempo, as mulheres começaram a frequentar as aulas e algumas depois se tornaram

professoras. Entre as pioneiras daqui ou que vieram de fora estavam Dona Sindá, Dona Almerinda,

além dos professores João Ângelo e Geraldo Magela. Em seguida, vieram Maria Filha, Maria

Gonzaga, Severina Leite de Almeida, Maria das Neves Costa, Maria do Carmo Silva, Abigail Meira,

entre tantas outras e outros que também participaram da história da educação de Nova Olinda. Umas,

principalmente as primeiras citadas, eram das aulas particulares, enquanto que outras foram

professoras já na escola pública, no grupo escolar.

A escola pública surge na década de 1950. Embora não se tenha nenhum registro escrito sobre ela,

temos informações através de pessoas que fizeram parte ou frequentaram a mesma. Nessa época, foi

construído um prédio, onde funcionou o Grupo Escolar. O referido prédio hoje não existe mais e este

ficava mais ou menos onde é a Creche Municipal atualmente. É importante observar que a norma do

Governo nessa época, conforme informações sobre os Grupos Escolares na Paraíba, era que para que

fosse implantado um Grupo Escolar em uma localidade e era preciso que as prefeituras arcassem com

as despesas da construção do prédio e dos materiais para o funcionamento das aulas, ficando o

governo do estado responsável pelo salário dos professores. Só que, nesse tempo, Nova Olinda ainda

não era cidade, portanto ainda não havia prefeito e mesmo assim foi contemplada com um grupo

escolar. De acordo com as informações, isso foi possível porque as pessoas influentes daqui, já

consideradas lideranças políticas, recorreram aos políticos de Piancó, de quem éramos distritos,

principalmente ao Dr. Antônio Leite Montenegro, que ocupou vários cargos políticos de vereador a

prefeito daquela cidade e até como deputado, e foi um dos responsáveis pela aquisição desse benefício

para a nossa gente. Assim, nossas primeiras lideranças mostravam uma vontade imensa de ver Nova

Olinda crescer e logo perceberam que a educação seria uma das portas de entrada para o progresso e

o desenvolvimento do lugar. Dessa forma, surgiu a Escola Elementar Mista de Nova Olinda. Como

não havia por aqui pessoas com formação para o magistério, foi preciso, inicialmente, trazer

professores de outras cidades. Aqui aparece a figura da professora Severina Leite de Almeida, vinda

da cidade de Olho D’água, e Maria das Neves Costa. Em seguida, também Abigail Meira, de Patos,

que também foi regente de ensino da mesma, pois nessa época, não havia o cargo de diretora, a quem

tive a oportunidade de entrevistar. Essas são consideradas as principais precursoras da escola pública

da cidade. Já na década de 1960, aparecem também as professoras Maria Auxiliadora e Maria do

Carmo Silva. Nessa época, o governador Pedro Gondim transforma a escola em Escolas Reunidas,

esta já organizada com diretoria, e nomeia como primeira diretora Maria do Carmo, conforme nos

informou a mesma.

Como acontecia com a educação de anos atrás, o sistema de ensino era mais direcionado à instrução,

ou seja, ler, escrever e as operações matemáticas, tudo à base da “decoreba”, sob os castigos da

palmatória e outros tantos, sem ter a preocupação com os problemas e dificuldades da criança. Hoje

em dia isso já não acontece mais, pois o professor ou a escola que submeter um aluno a qualquer tipo

de constrangimento físico ou psicológico são punidos. Há os estudiosos e teóricos que ensinam como

lidar com as diversas situações por que passam os profissionais da educação na sala de aula. Também

os professores do início da nossa história tinham pouca formação e, às vezes, quase nenhuma. E uma

das maiores preocupações do estado era erradicar o analfabetismo e aumentar o número de eleitores,

já que, naquele tempo, analfabetos não votavam. Era mais um interesse político do que realmente de

fazer com que as pessoas tivessem mais formação.

No Grupo Escolar, nos relatou o senhor Rui Gonzaga, estudavam a Cartilha do ABC, a Cartilha

do Povo e só então iam para a primeira série. A 1ª e 2ª séries eram destinadas apenas à leitura e escrita

e só a partir da 3ª série entravam as outras disciplinas. Davam destaques também às comemorações

cívicas: descobrimento do Brasil, dia da Pátria, dia da Bandeira, etc. Segundo Maria do Carmo, nessa

época aconteceram os mais belos desfiles cívicos de 7 de setembro. O espírito patriótico era muito

forte. Depois da 4ª série, havia a preparação para o exame de admissão ao Ginásio, para os alunos que

conseguiam continuar estudando. Só que para isso era preciso ir morar em Piancó ou Itaporanga, onde

cursavam do ginasial e até o curso normal. Poucos conseguiam passar dessa fase, porque nesse caso

era preciso ir morar na capital, João Pessoa, e os custos eram maiores ainda e nem todos tinham como

pagar. Já era uma dificuldade cursar o ginasial, por isso a maioria parava na 4ª série. Observando hoje

as pessoas daquela geração, vemos que esse é o nível de escolaridade da sua maioria, uma

consequência dessa fase da nossa educação, mas que para a época era mais uma evolução no ensino.

No início da década de 1970, um novo prédio para o grupo escolar foi construído, na Rua Job de

Sousa, o qual permanece até hoje. Inicialmente, possuía apenas 03 salas de aula, pátio, cantina, 02

banheiros e diretoria. E as professoras já eram, em sua maioria, aqui da cidade. A referida escola

possuiu os seguintes nomes: Escola Elementar Mista de Nova Olinda, Escolas Reunidas de Nova

Olinda, Escola Estadual de Nova Olinda, Escola Estadual de 1º grau de Nova Olinda. E por fim,

através do Decreto Lei nº 21.216 de 12 de fevereiro de 2001, passou a se chamar Escola Estadual de

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio João Leite Neto. Hoje, a escola oferece as seguintes

modalidades de ensino: infantil, fundamental e médio, distribuída s nos turnos manhã, tarde e noite.

Após passar por uma reforma e ampliação, ela possui uma área de 1.766,5 m2 distribuídos em 20

dependências, com um quadro razoável funcionários entre direção, professores e auxiliares, e conta

com grande número de alunos matriculados. Assim, do pequenino Grupo Escolar do início da nossa

história, com 02 salas de aula, alguns poucos professores, onde se lecionavam apena até a 4ª série

primária, a escola cresceu e se transformou na estrutura física e humana que acabamos de citar. Ela

foi e continua sendo a base educacional da maioria das crianças e jovens do nosso município, hoje

espalhados nos mais diversos recantos do país, exercendo as mais variadas funções e ocupações em

diversas áreas do conhecimento e níveis de formação: graduação, pós-graduação, mestre e doutor.

No município há ainda outras duas escolas estaduais, a Escola Estadual de Ensino Supletivo Paulo

VI e a Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Dionísia, no Distrito de Manguenza.

Ainda no início da década de 1960, a professora Maria do Carmo, cria o Educandário N. Sra. dos

Remédios, uma escolinha particular, onde ela mesma lecionava e dirigia, frequentada por adultos e

crianças a partir do segundo ano primário até a preparação para o Exame de Admissão, obrigatório

para quem ia ingressar no Ginásio, como já menciomos. O referido educandário funcionou nas

proximidades da casa do senhor Rui Gonzaga, na rua Job de Sousa.

Em 1972, surge o Colégio Nova Olinda, também sob a Direção da professora Maria do Carmo

Silva, instituição particular que pertencia a Fundação Pe. Ibiapina. Foram responsáveis pela criação

do colégio os professores Afonso Pereira, Vicente Trocolli, além do advogado Francisco Teotônio

que, embora sendo de Pedra Branca, tem grande carinho por Nova Olinda, como demonstra na letra

da música O Meu Nome é Nova Olinda, escrita por ele, entre outros escritos. A partir dessa época, já

é possível concluir o Ginásio sem precisar se deslocar para outra cidade. Como o Colégio era

particular, muitos alunos que não podia pagar, tiveram bolsas de estudo doadas pela Paróquia N. Sra.

dos Remédios, através do saudoso Pe. Zé Lopes, grande benfeitor dessa cidade, o qual também foi

professor no referido Colégio. É bom ressaltar também aqui a participação da Dra. Maria do Carmo

Silva na educação da cidade, que desde muito cedo se dedicou a melhorar as condições do ensino das

nossas crianças e jovens.

Com a emancipação política em 1961, foi criada a rede de escolas municipais que funcionavam de

forma precária, com turmas de 1ª a 4ª series do ensino fundamental. Não havia muita preocupação

com a capacitação dos professores e qualquer pessoa podia se tornar um deles, em sua maioria

somente com essa formação fundamental. Em 1982, o município começa a ampliar e a melhorar na

educação criando o Colégio Municipal Sebastião Leite, no qual passa a funcionar a Escola Normal,

hoje extinta. Em 1987, foi criado Colégio Municipal Genésio Pinto Ramalho, hoje Escola Municipal

Genésio Pinto Ramalho, que oferece ensino fundamental completo.

Hoje, segundo nos informou a secretária de educação do município, há 09 escolas municipais: 04

na zona urbana e 05 na zona rural, com um número grande de alunos matriculados, onde se oferece

desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental. O município ainda oferece vários

programas na área da educação: escola ativa multiseriada; correção de fluxo; educação de jovens e

adultos; reforço para as dificuldades de leitura e escrita; inclusão digital, laboratório de informática.

Está sendo viabilizado o projeto com teatro e dança. Há também biblioteca com livros e vídeos para

consulta dos alunos. Há ainda duas creches, uma na cidade e outra no Distrito de Manguenza, que

atende crianças em horário integral, com educação, alimentação e recreação.

Uma das grandes conquistas dos profissionais da educação foi a implementação do plano de cargos

e salários, que valorizou melhor os salários dos professores. Também o concurso público para

ocupação dos cargos tem sido um grande passo para a ocupação democrática de cargos públicos,

acabando com a prática de apadrinhamento político que perdurou por muito tempo.

Também é importante lembrar que nos últimos anos o município tem dado uma atenção maior ao

ensino universitário, principalmente disponibilizando transporte para os estudantes se deslocarem até

a cidade de Patos, coisa que antes era uma grande dificuldade, porque os municípios não assumiam a

responsabilidade sobre o ensino universitário. Hoje já se sabe da importância de se investir na

capacitação dos profissionais, pois ainda é necessário que muitos venham de fora, já que a cidade não

dispõe de pessoas suficientemente capacitadas para a ocupação dos cargos que requerem nível

superior.

De modo geral, temos no município um quadro escolar bastante amplo, pelo menos em quantidade.

No entanto, ainda não temos uma educação de qualidade. É certo que já há muitas discussões,

formações e atualizações por parte dos profissionais e poder público, mas muito ainda é preciso ser

feito para melhorar e atender de forma satisfatória as necessidades da população nessa área.

A Cultura

No princípio de nossa história, havia muitas manifestações artísticas e culturais que, com o passar

dos anos, deixaram de existir existem. Percebe-se como, nessa área Nova Olinda, era bem mais

desenvolvida anteriormente. Ouvimos falar, com nostalgia, dos animadíssimos Reisados, que eram

apresentados aqui e nas cidades vizinhas. Ainda é possível ouvir algumas cantigas cantadas por alguns

dos que chegaram a participar das danças ou que simplesmente viram e ouviram as apresentações.

Segundo relatos, o primeiro mestre que comandou o reisado foi um senhor de nome Antônio Pereira

e o último, foi o senhor Clementino Francisco dos Santos. Havia ainda as rodas de Coco, dançadas

nos terreiros, animando as noites dos nossos sítios, principalmente na época das moagens da cana nos

engenhos, onde se reuniam muitas pessoas, ou mesmo nos momentos festivos, quando se

encontravam muitas famílias, amigos e vizinhos. E tinha também os “sambas”, onde as moças “de

família”, inicialmente, não podiam frequentar, mas que, com o tempo, se transformaram nos bailes e

todos participavam.

Nas artes, se destacou o artista Severino Job de Sousa que, até a década de 1930, pintava e esculpia

imagens sacras na madeira e no barro, chamadas de “santeiro”, o qual recebia encomenda de pessoas

de diversos lugares. Da pintura e escultura não recebeu influência de nenhum mestre. Os materiais e

os livros de instrução eram provenientes do sul do país, principalmente do Rio de Janeiro e Rio grande

do Sul, através do serviço de Correios e Telégrafos, do qual foi fundador e primeiro funcionário da

Agência local. Ainda é possível encontrar algumas dessas peças com alguns dos seus familiares ou

na Igreja Matriz da cidade. Ele confeccionou também um violino, ainda existente na sua família. O

mesmo foi também professor, em sua própria casa e numa escolinha que aqui foi criada, em 1931, e

diretor da banda de música. Apesar de sua relevância para a cultura e educação local, poucos na cidade

conhecem e valorizam esta personalidade que tanto contribuiu, nos primeiros tempos desta terra, nas

áreas artísticas, cultural e religiosa.

(FOTO 20 - Imagem feita por Severino Job)

Em 1911, foi organizada a primeira banda de música, sob a regência do maestro Severino Ramalho,

que teve como primeiro diretor o senhor João Sabino da Silva, e que por muitos anos animou as festas

religiosas e sociais de Nova Olinda e de toda a região. Essa banda permaneceu ativa até a década 70,

sob a direção de João Lopes Ferreira (1º prefeito), e por ela passaram muitas gerações de músicos da

nossa terra. E como as demais outras expressões artísticas, também foi extinta. Houve uma tentativa

de resgatá-la em 2004, pela Administração Municipal, e uma nova banda foi organizada sob a

regência do maestro Francisco Passos Neto, com a participação de 31 componentes da comunidade,

que como a anterior animava as festas sociais, cívicas e religiosas, mostrando a vocação musical

existente nesta terra. E, mais uma vez, a banda ficou parada por um tempo, reiniciando suas atividades

em 2012, com 24 componentes, agora sob a regência do maestro Hugo Gilles Oliveira de Sousa que

permanece até hoje.

(FOTOS 21, 22 E 23 - Bandas de música em três gerações – décadas de 20 e 70, e 2014)

Outra atração cultural que existiu na cidade nas décadas de 1960 a 1970 foi a banda de pífanos

(Cabaçal), que no mês de maio, principalmente, animava as novenas marianas e os leilões, e mais

uma vez foi extinta sem deixar resquícios. A banda era organizada por Genésio Caboclo, com a

participação de pessoas humildes, e, como as diversas outras manifestações, não tinham fins

lucrativos, fazia-se tudo de forma gratuita, com o único desejo de animar a comunidade.

Em 1966, foi criado o ACRENO (Associação Cultural e Recreativa de Nova Olinda), que atuava

na promoção de festas dos jovens e estudantes, e a sede era o ponto de encontro dos jovens naquela

época. Formou-se um grupo de intercâmbio cultural e estudantil que atuava em diversas cidades da

região, promovendo eventos culturais e festas, era o 4S – (Sentir, Saúde, Servir e Saber). Nessa época,

surge o grupo do Pastoril – dançado no natal, as Quadrilhas do São João e os Dramas – apresentações

dramáticas e musicais, que ajudavam a arrecadar dinheiro para a Igreja. Sem falar das quermesses e

leilões que sempre aconteciam no mês de maio e na festa da Padroeira. Desses, ainda sobrevive a

ACRENO – a qual atua na direção da Rádio Gravatá, as Quadrilhas no São João antecipado,

organizado pela Prefeitura Municipal, onde há também outras pequenas apresentações culturais, todas

com pouca expressividade artística. Permanece viva a Festa da Padroeira, que é um acontecimento

religioso, mas também social, conservando muitas das características tradicionais, onde as pessoas da

cidade e visitantes se confraternizam. O carnaval era comemorado com bailes, matinês nos bares e na

escola e passeatas pelas ruas, até deixar de ocorrer, por algum tempo na cidade, restando aos

novolindenses a opção de ir brincá-lo nas cidades vizinhas, principalmente em Piancó e Coremas, por

causa do açude. Nos últimos anos, tem-se tentando resgatar esse evento, através de alguns bailes

organizados pela casa de show local e, às vezes, pela prefeitura, mas inda não tem tanta tradição.

O São João ainda é comemorado, sempre no segundo final de semana do mês de junho, ocasião

em que são apresentadas algumas quadrilhas, danças, show de calouros, mas, como já comentado,

com pouca expressividade e sem muitas novidades, e se não houver mais investimento para torná-lo

mais atrativo para a comunidade e para os visitantes, pode, como as outras manifestações culturais,

também deixar de existir ou se transformar apenas em mais uma festa, apenas com apresentações de

bandas e nenhuma identidade do município.

Criado em 1989, o GRUTANO – Grupo de Teatro Amador de Nova Olinda, atuou por muitos anos

e participou, junto a Federação Paraibana de Teatro Amador, em Mostras Teatrais em várias cidades.

Chegou a sediar, em 1991, o Primeiro Festival Sertanejo de Teatro, com a participação de grupos

teatrais de várias cidades do sertão e de João Pessoa. Hoje o GRUTANO também não existe mais.

(FOTOS 24 E 25 – GRUTANO – Grupo de Teatro Amador de Nova Olinda)

Outro evento cultural que está quase desaparecendo é o Judas da Sexta-feira da Paixão. Lembro-me

que, anos atrás, todos iam para o roçado do Judas, ver as pessoas roubando seus pertences, enquanto

seus guardas o defendiam. Quem se arriscasse a entrar no sítio, levava muitas chicotadas e, no final,

o boneco, que representava o Judas e era colocado no alto de um pau, no centro, era destruído. Hoje,

ainda acontece a brincadeira, mas de maneira muito tímida, com pouca participação popular.

Enfim, ao fazermos um balanço do início da nossa história até a atualidade, percebe-se um

retrocesso no setor artístico-cultural do município e a necessidade, por parte do poder público e da

população, de se resgatar e/ou reconstruir tradições que constituem a nossa identidade cultural.

A Saúde

Na saúde, antes não havia médico de forma alguma. Nos casos mais graves teriam que ir a

Itaporanga, em burros e cavalos. Mas, em sua grande maioria, os problemas de saúde eram tratados

em casa, com ervas, os remédios caseiros e as rezas. Ainda na década de 1920, Severino Job criou

sua drogaria homeopática, cujos medicamentos vinham do Rio Grande do Sul. Em seguida, começou

a aparecer, ainda que com pouca frequência, os primeiros médicos. Na década de 1950, entre os

médicos que vinham uma vez ou outra, estava o Dr. João Lucio de Sousa, o primeiro filho da terra a

se tornar médico. Depois dele, o município teve apenas a Dra. Vanilda Cazé como médica, sendo esta

também vice-prefeita e secretária municipal de saúde, com muito serviço prestado à população. Dr.

João Lúcio trabalhou no Posto Médico em Piancó, mas sempre que vinha a Nova Olinda consultava

as pessoas na casa de seus pais e familiares. Contávamos ainda com os serviços de João Moisés de

Sousa, que possuía uma farmácia e pela experiência adquirida, em muitos casos, era a quem as pessoas

recorriam quando estavam doentes ou para tomar injeções consultadas pelos médicos.

Mais tarde, começou a vir um médico de Piancó, apenas aos sábados, dia da feira, que atendia um

grande número de pessoas da cidade e zona rural em um curto espaço de tempo. Muitas pessoas

esperavam com a doença durante toda a semana para se consultarem apenas no sábado ou então

tinham que ir a Piancó, numa época em que havia poucos veículos na cidade, as condições financeiras

da maioria das famílias eram precárias e as estradas encontravam em péssimas condições, causando

um sofrimento ainda maior para o doente e sua família. Vale lembrar também aqui os serviços das

parteiras, que traziam ao mundo a maioria das crianças da comunidade. Mulheres simples, quase

sempre analfabetas, que não mediam distâncias nem sacrifícios para atenderem às mulheres grávidas,

fosse na cidade ou zona rural, de dia ou de noite, debaixo de sol ou e chuvas, fazendo um serviço

gratuito, pois geralmente nunca cobravam nada, e eram respeitadas por todos a quem ajudavam a

nascer, ao ponto de serem chamadas de mães por estes e de lhe pedirem a bênção. E assim lembramos

de Dona Antônia de Zé Menino, Dona Luzia de João Ramos, Maria Soté, Rita Silvino, a enfermeira

Lourdes de Juvenal, que apenas com um curso técnico, às vezes tinha que agir como médica, tamanha

era a precariedade e a falta desses profissionais. Em muitos casos as parteiras não resolviam e era

preciso levar as mulheres para Piancó, para serem atendidas por médicos. No entanto, muitas davam

à luz na estrada, outras, com menos sorte, morriam.

Outro fato trágico dessa época era a dificuldade para os pais criarem os filhos, principalmente

quando crianças. O difícil acesso à saúde pública somada às dificuldades financeiras da maioria das

famílias fazia com que muitas crianças morressem nos primeiros anos de vida. Era comum o enterro

de “anjinhos” acompanhados, principalmente por crianças, ao som do sino da Igreja, que tocava

durante o cortejo para o cemitério. Essa imagem felizmente hoje é uma raridade.

Atualmente, segundo nos informou a secretária de saúde, o município conta com atendimento

médico, de enfermagem e ambulatorial realizados na Unidade Mista de Saúde João Moisés de Sousa,

nas três unidades de saúde da família: uma na cidade e duas na zona rural no sítio Gatos e no Distrito

de Manguenza, com previsão da criação de novas unidades nos sítios Canto, Saco da Pedra e Saco de

Nova Olinda. Há os programas: hiperdia – que cuida da diabetes e hipertensão; saúde mental; cito-

patológico; álcool e drogas; farmácia básica; odontologia, na sede e PSF Manguenza. No hospital, há

os serviços de urgência e emergência, ambulatório, ginecologia, fisioterapia, nutrição,

eletrocardiograma, analise clínica, além de um aparelho de Raio X, que não está ainda em uso. As

gestantes são acompanhadas do pré-natal até o parto, fazendo com que a taxa de mortalidade esteja

dentro da faixa do Ministério da Saúde e também contribuindo para o aumento da natalidade. Quanto

à vacinação, há uma cobertura de 90%, nas campanhas. chegando a quase 100%. O programa

Referências trabalha com programa pactuado integrado com o estado para referência e contra

referência (encaminhamento para outras cidades: Patos, Campina Grande e João Pessoa, para exames

complexos e cirurgias). Também há ações voltadas para a vigilância sanitária, epidemiológica e

ambiental – cobrindo 100% na Dengue e 90% de doença de Chagas, bem como o PSE – Programa de

Saúde nas Escolas. O lixo hospitalar é tratado, havendo gerenciamento de resíduos hospitalares.

Ultimamente, houve a efetivação de todo o quadro de funcionários: enfermagem, técnicos em

enfermagem, fisioterapeuta, bioquímica, farmacêutica. No convênio com o Consórcio Intermunicipal

de Saúde, com sede em Piancó, são realizados exames e consultas especializados. Na Medimagem,

em Itaporanga, são feitas mamografias, ultrassonografia e raio X. Apesar de todos esses recursos,

constata-se uma grande dificuldade: a falta de médicos para o atendimento. Segundo a secretária de

Saúde, não é fácil fazer com que médicos venham da capital ou de outras cidades, pois há uma

escassez desses profissionais, principalmente para cidades pequenas e de difícil acesso e, infelizmente,

a população ainda sofre, tendo, muitas vezes, que se deslocar para outras cidades em busca de médicos.

Uma última conquista do município foi a aquisição dos serviços do SAMU, que auxilia no transporte

de doentes quando há necessidade de locomoção para outras cidades, com melhores condições de

saúde.

A Ação Social

Na área da Ação Social, o município conta com vários programas provenientes do governo federal,

tais como: Bolsa Família; Casa da Família que atende a grupos de gestantes e idosos; Pro-Jovem;

PETI, na zona urbana e rural; Creches, na zona urbana e rural, Brinquedoteca na creche Irmã Dulce,

apoio psicológico e de assistência social, contando duas psicólogas e duas assistentes sociais, que

trabalham com mães, crianças e jovens dos programas acima citados. Também há cursos de pintura

e corte e costura destinados a participantes dos programas. Há ainda o CREAS, programa voltado

para jovens em situação de risco. A secretaria sempre participa dos eventos socioculturais do

município, onde os seus jovens, crianças e idosos se apresentam com danças, teatro, capoeira. Vê-se

aqui que, embora ainda precise de uma maior expansão nessa área, já temos algum progresso nessa

área, que atende a essa boa parcela da nossa população, ou pelo menos existe a busca por programas

e projetos, já que o município não dispõe de recursos para desenvolver tais programas.

O Esporte

O futebol foi, desde o início, o esporte mais praticado pelas nossas crianças e jovens. Das brincadeiras

com bolas de meia, aos jogos realizados, primeiramente, no Sítio Várzea de Dentro, onde o senhor

João de Santo comandava o time Vila Nova, na década de 1960, passando pelo Palmeiras, de Miguel

de Bruno dos anos 80, década em que também surgiu o Esperança, do qual participaram entre tantos

outros Chico e Negrinho Liberato, Roldão de Zé Carlos, Miguel de Bruno, Sapeca, Dama, Dida de

Nega. O campo de futebol era onde hoje fica mais ou menos a Rua Antônio Gonçalves, que depois

foi transformada na Rua Donzira Barreiro. Depois, veio o Guarani, com Sandoval Lopes, Prego, Neto,

Silva, Noel, Valdeci e tantos outros. Também no final dos anos 80, teve o Vasco, comandado por Zé

Grande.

Na década de 1990, o CRB era quem se destacava e dentre os muitos jovens da cidade que

participaram, citamos Dedé Miguel, João Eudes, Dé de Nega, Eilson, Edvando, Carlinhos e Toinho

de Otacílio. Eram organizados torneios e participavam em outras cidades, muitas vezes, assim como

era nos primeiros times, com recursos dos próprios jogadores ou com o patrocínio do comércio local

e de pessoas da comunidade, porque não tinham nenhum apoio dos setores governamentais. No final

dos anos 1990 e início de 2000, um campeonato, já mais organizado foi realizado e este depois se

repetiu por vários anos, sob a organização de Dedé de Lula, Maria Rivaneide, Cícero Amâncio, e do

qual participavam muitos times do município: Veteranos, Elite, Portuguesa, Juventude, São Caetano,

Náutico, Inter e Corinthians de Manguenza, e Cruzeiro de Andreza. Hoje, alguns ainda continuam a

participar de torneios na cidade e na região, como por exemplo o Poeirão, em Itaporanga. Entre eles

estão os Urubus do Sertão, Elite e Veteranos, e tantos outros que foram surgindo na zona rural e

urbana. Já temos também a presença do futebol feminino e o futebol de Salão, sem falar na Escolinha

de Futebol de Coca de Lula, que atua na preparação da meninada para o futebol. Mesmo sem muitos

investimentos, o futebol segue fazendo sua história no município. Vale registrar ainda os Jogos

escolares, que visam a integração entre os alunos e os colégios

CURIOSIDADES HISTÓRICAS

Um lugar talvez já habitado – Severino Job escreveu no seu livro de notas que, quando cavaram os

alicerces da calçada da Igreja, encontraram sepulturas como se tivesse sido ali, antigamente, um

cemitério, e um pau como se fosse de uma cruz. E, pelo seu relato, este procurou saber com as pessoas

da época e ninguém tinha notícia do cemitério encontrado. Isso leva a crer que antes dos Sousas, mais

gente morou na localidade.

A Casa da Torre – O desbravamento dos sertões paraibano, mais precisamente do Vale do Piancó.

Sabe-se que era grande o interesse da Coroa Portuguesa de fazer povoar o Brasil, à época da sua

colonização. Assim foram criadas as Capitanias Hereditárias, daí os Povoados, Vilas e Cidades.

Pessoas de influência junto à Coroa eram encarregadas de ocupar os lugares e se tornavam donos das

terras que ocupavam.

Em se falando do sertão paraibano, no Vale do Piancó, segundo o historiador Padre Heliodoro

Pires, na Bahia havia a Casa da Torre, fundada por Francisco Dias d’Ávila, colono baiano, e esta casa

ou família conquistou, explorou e dominou grande parte do São Francisco, os sertões pernambucanos,

largo trecho de Alagoas e os sertões do Piauí. A Casa da Torre e os Oliveira Ledo são as duas famílias

mais importantes de colonizadores e bandeirantes do Nordeste brasileiro. Fizeram entradas no

território de cinco estados: Bahia, Alagoas, Pernambuco, Piauí e Paraíba. Roteiro dos Bandeirantes,

ainda segundo o mesmo estudo. Nos sertões nordestinos, os bandeirantes abriram caminhos entre os

selvagens, habitantes dessas áreas na época, a tiro, a punhal, a cacete, a grito, a combate, a fogo, de

modo pérfido e não raro brutal. Nisso, muitos índios foram mortos, tiveram que entregar suas terras

para os colonizadores, além de, às vezes, também ter que trabalhar para essa gente.

Assim foram formadas linhas de penetração nos sertões nordestinos. Piancó é o ponto terminal de

três entradas ainda no século XVII: dos descendentes de Garcia d’Ávila e Francisco d’Ávila; de

Domingos Jorge Velho, arrojado sertanista, e a de Teodósio de Oliveira Ledo. Foi assim o ponto de

convergência de três linhas, uma que vinha do Sul, a da Casa da Torre, dos Ávila; a segunda que

vinha do Nordeste, a de Domingos Jorge, pelo Icó; e a terceira, que vinha da nascente, a de Teodósio

Ledo, de Cabaceiras. E foi desbravando terras distantes, guerreando com índios selvagens, nesse caso,

os Piancós, que esses homens foram habitando nossos sertões, principalmente criando gado e

fundando Vilas e Povoados. Havia ainda especulações sobre minas de ouro na região de Piancó, daí

certamente se justifica muito o interesse dessa gente de povoar uma região tão seca e tão distante. Diz

ainda o estudo sobre as entradas e bandeiras ao sertão nordestino, que, com a submissão dos índios

Curemas ou Piancós, foram fundadas fazendas de criar gado, naquele sertão, apossando-se de terras

sobre as quais só mais tarde herdeiros e sucessores conseguiram firmar direitos. Por relatos, ficamos

sabendo que, mais ou menos um século depois disso, chegam nessa região do Vale do Piancó nossos

primeiros antepassados, fundando seus sítios e fazendas, criando gado, construindo engenhos de cana

de açúcar, e mais tarde, os povoados que se transformaram em cidades.

Nova Olinda nos acontecimentos da História do Brasil e da Paraíba – A Revolução de 1930

A Revolução de 1930 é parte não somente da história da Paraíba, mas também da história do Brasil

e, como em tantos municípios do sertão do estado, está também presente em Nova Olinda, na época

ainda em que era povoado.

O Brasil se preparava para mais uma eleição para presidente da república. Os candidatos que

concorriam às eleições eram Júlio Prestes e Getúlio Vargas, que tinha o presidente da Paraíba João

Pessoa como candidato a vice, na Chapa da Aliança Liberal.

João Pessoa, segundo o escritor paraibano José Américo de Almeida no seu Livro de memórias O

Ano do Nego, assumiu o governo da Paraíba com o intuito de moralizar o estado. Assim, ele teria dito

que “ achava tudo “podre” e concluiu que só uma “vassourada” em regra, poderia purificar a vida

pública, rebaixada por figuras sem significação e aproveitadores gulosos” (1938, p. 21). E para isso,

teria tomado medidas que desagradaram a muitos dos que faziam parte da política paraibana, dentre

estes o coronel José Pereira de Lima – Zé Pereira, deputado e chefe político de Princesa Isabel, e que

tinha grande influência na região.

Por outro lado, segundo o jornalista e escritor paraibano Tião Lucena, filho de Princesa Isabel, em

seu livro: 1930 – A história de uma guerra, “ João Pessoa estava em campanha para se eleger vice-

presidente e queria os votos dos coronéis, sem, no entanto, prestigiá-los. Ao contrário, hostilizava

aquelas lideranças” (2005, pp. 15-16). Assim, retirou os nomes de José Pereira e do ex-presidente

João Suassuna, principal aliado de Princesa, de uma chapa de candidatos à Câmara dos Deputados,

para beneficiar seu primo Carlos Pessoa. Também teria transferido o irmão do coronel, Manoel Carlos,

chefe da Mesa de Renda de Princesa, para a cidade de Patos. Estas e outras medidas teriam feito Zé

Pereira romper politicamente com João Pessoa, criando o território livre e a independência, que

segundo o seu desejo, Princesa se apartaria da Paraíba, mas não do Brasil. E assim criou “A República

Independente de Princesa”, com exército, constituição e hino, como escreveu Tião Lucena.

A partir daí, teria dado início aos conflitos, com a vinda das tropas de João Pessoa para o sertão,

enquanto que Zé Pereira formava também seu exército, chamados pela polícia de “ cangaceiros”, para

defender Princesa. Era o final do mês de fevereiro de 1930 quando a guerra começou.

Nova Olinda esteve presente de forma significativa na Revolução de 1930. Tropas do Estado Maior

da Polícia, comandados por José Américo de Almeida (grande escritor paraibano, autor do livro A

Bagaceira) lutava contra os Perrepistas, também chamados de Cangaceiros, comandados pelo coronel

Zé Pereira, que também contava com o apoio do governo federal. O comando dos soldados, que se

alojaram em Nova Olinda ficou sob a responsabilidade do capitão Irineu Rangel.

O próprio Jose Américo no seu livro de memórias “O Ano do Nego” (1938, p.99) confirma essa

participação de Nova Olinda: “ Minha intenção era ir a Nova Olinda, onde se instalara o Comando

Geral, mas cansado, fiz uma parada em Piancó”. Como Nova Olinda é próxima a Princesa Isabel, que

era o alvo da revolução, aqui ficou um dos comandos das tropas. Toda a população do povoado foi

para a zona rural, principalmente para o Sítio Várzea de Dentro, porque as tropas tomaram conta das

casas dos seus moradores. Segundo relatos, ainda houve muitos combates por aqui, como pudemos

encontrar registro no livro citado. Ele diz que cangaceiros de Zé Pereira foram surpreendidos num

açude em Manguenza, hoje Distrito, pela força do sargento Vicente Chaves, deixando muitos corpos

sobre o terreno. Segundo José Américo, os cangaceiros foram derrotados. Também no Sítio Cipó, a

propriedade do Sr. Zé Cazé foi uma das que foi saqueada pelos revoltosos, causando grande prejuízo

financeiro àquela família.

Ainda segundo José Américo, o bando de Zé Pereira era dividido em diversos grupos e em cada

grupo havia um chefe. E um dos grupos que combateu aqui era chefiado por José Ferreira, 40 anos,

residente em Belém, do município de Princesa. Comerciante a agricultor, tomou parte nos combates

de Tavares, Nova Olinda e Manguenza, onde foi morto em maio de 1930, pelo volante do sargento

Vicente Chaves.

Relatos de Tião Lucena também contam que

“De Nova Olinda, Rangel mandou os tenentes Arruda, Benício, Ascendino Feitosa e Nonato com 150 soldados

atacarem Princesa por Alagoa Nova, novamente, enquanto ele subia com 60 soldados pelo Cipó, uma garganta

da serra do Canoa distante 4 km de Nova Olinda, onde os aguardavam 40 cabras de Zé Pereira, comandados

por Zeca Ferreira. Ali, foi travado um ligeiro combate, saindo a polícia com dois mortos e três feridos”. (2005,

p.75) É possível imaginar a aflição do nosso povo naqueles tempos, refugiados no Sítio Várzea de Dentro.

Mulheres grávidas iam dar à luz em lugares escondidos, as filhas moças também eram escondidas,

porque os pais temiam que soldados ou cangaceiros as seduzissem. Roupas, joias e dinheiro eram

enterrados no, porque muitas casas eram saqueadas. Casas na rua da Igreja foram abertas de uma para

outra formando uma trincheira; um canhão foi colocado atrás da capelinha e uma bandeira vermelha

foi colocada no mastro da capela. Era mais ou menos esse o cenário por aqui em 1930. Foi nesse ano

que foi visto pela primeira vez um avião nos céus de Nova Olinda: era um aparelho chamado

“ Garoto”, que chegou a Piancó para deixar provisões para os soldados em Santa Maria e Princesa,

como escreveu José Américo. O avião, nunca visto antes, causou o maior alvoroço na cidade. Conta-

se que mulheres estavam lavando roupa e se banhando no açude dos Grossos e algumas correram

nuas, com medo.

No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi morto na Confeitaria Glória no Recife/PE, por João

Dantas, encerrando-se a guerra no sertão paraibano. Em seguida, acontece a Revolução para derrubar

o presidente Washington Luiz.

A passagem da Coluna Prestes

A Coluna Prestes, foi um movimento político-militar que aconteceu no Brasil entre 1925 e 1927,

ligado ao “tenentismo”, corrente que possuía como linhas gerais a insatisfação com a República Velha,

exigência do voto secreto, defesa do ensino público e a obrigatoriedade do ensino primário para toda

a população, entre outros. O movimento contou com lideranças das mais diversas correntes políticas,

mas a maior parte era composta por capitães e tenentes da classe média, fato do qual se originou-se o

ideal do “Soldado Cidadão”. Esse movimento deslocou-se pelo interior do país, pregando reformas

políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Artur Bernardes e, posteriormente, de

Washington Luís. A coluna tinha como comando principal Miguel Costa e Luis Carlos Prestes (chefe

do estado maior), chamado na marcha de “ Cavaleiro da Esperança”, e enfrentou as tropas regulares

do Exército ao lado de forças policiais de vários estados, além de batalhões patrióticos e grupos de

jagunços estimulados por promessas de anistia. Percorreram, a pé 25,.000km pelo interior do Brasil.

Apesar dos esforços, a Coluna não conseguiu a adesão da população. A longa marcha foi concluída

em fevereiro de 1927, na Bolívia.

Na Paraíba, a Coluna passou entre os dias 05 a 12 de fevereiro de 1926. No Vale do Piancó, mais

precisamente na cidade de Piancó, a passagem da Coluna Preste foi marcada por um triste episódio:

a morte violenta do Aristides Ferreira da Cruz e de seus companheiros, chamados de “ os mártires de

Piancó”, inclusive este é o título de um livro escrito pelo Pe. Manoel Otaviano. O Pe. Aristides era

uma grande liderança política da região na época, deputado por três mandatos e já não exercia suas

funções sacerdotais, quando liderou, junto com algumas pessoas, o combate e a resistência à Coluna.

A maioria da população havia fugido da cidade quando ouvira a notícia de que a Coluna se

aproximava, como acontecia em outras cidades e povoados por onde ela passava. Apesar de todo o

ideal de justiça e igualdade da marcha, é sabido que houve muitos confrontos e saques por onde

passavam, deixando a população amedrontada. O grupo do Pe. Aristides se rebelou contra a Coluna

e seus integrantes, que saquearam toda a cidade, matando o padre e seus companheiros de forma

brutal, no dia 9 de fevereiro de 1926, em um pequeno açude próximo a cidade, o qual, segundo

testemunhas da época, teve suas águas ensanguentadas,

Após a matança em Piancó, a marcha seguiu para Santana dos Gorrotes e em seguida, passaram em

Nova Olinda, pelo Manguenza, para alcançarem Tavares. Esse é um dado desconhecido pela nossa

população, pois, mesmo por um breve instante, Nova Olinda fez parte da rota da Coluna Prestes, um

movimento de repercussão nacional, página da história do Brasil e que não é conhecido nem por

nossos alunos, mostrando que os habitantes da cidade desconhecem fatos importantes de sua história.

Todo esse relato, pude ouvir quando participei dos seminários sobre o assunto.

Um projeto do historiador Chico Jó, da cidade de Piancó, pretende fazer uma trilha em que as

pessoas possam conhecer a rota da Coluna pela Paraíba. Inclusive já foi toda mapeada (conforme

figuras) e colocados marcos no percurso, onde temos um no Distrito de Manguenza, para mostrar por

onde eles passaram. O projeto tem como objetivo, além de despertar para o fato histórico, o turismo

rural e ecológico, com geração de renda, envolvendo todos os municípios por onde passaria a trilha,

mas não implantado por falta de adesão do puder público local.

CURIOSIDADES LOCAIS

Relatos do cotidiano

Queria voltar no tempo e recordar cenas as quais, a grande maioria não vivi, nem conheci. Mas,

de tanto ouvir falar, não há como não sentir uma nostalgia, uma saudade dos tempos que não voltam

mais, que, de certa forma, tinham as suas dificuldades, mas que eram vividos intensamente. Tempo

que corria devagar, onde os dias passavam lentamente e que dava tempo para tudo. A festa da

padroeira, que era um marco no calendário anual, demorava uma eternidade de uma para outra. Hoje,

a correria é tanta, que o tempo voa e a vida passa num piscar de olhos.

A tecnologia ajuda muito, apesar de ter levado embora muitos prazeres simples, mas que davam

muito mais sentido à vida, como ouvir o rádio de pilha AM, modelo ABC Canarinho, considerado

um dos melhores na época em que ainda não existia FM, e onde se podia sintonizar as rádios

Aparecida, em São Paulo, Sociedade, em Salvador/BA, entre tantas outras, e mais tarde até

acompanhar as radionovelas como O Direito de Nascer. Assim como os aparelhos de TV são hoje, o

rádio era peça indispensável na mesinha no canto da sala, juntamente com os quadros dos santos na

parede e os retratos de pessoas da família, que eram pintados a partir de fotos em preto-e-branco e o

retratista tinha toda liberdade para colocar as roupas e joias que quisesse nos retratos. Não havia ainda

as fotos coloridas e mesmo para ocasiões como festas, casamentos, para documentos ou em qualquer

situação eram em preto-e-branco. Ainda lembro que, por muito tempo, meu pai, Zé de Pedro, era um

dos poucos fotógrafos da cidade –só nas festas é que vinham Geraldo e Antônio Raimundo –, lá em

casa tinha sempre alguém para tirar fotos.

Quando chegava o final de semana, a diversão dos jovens era sentar na calçada do senhor João

Lopes para bater papo, namorar, paquerar ou dar umas voltas na praça da matriz ou em volta do

comércio, onde hoje é o calçadão, muitas vezes ouvindo música na difusora da prefeitura, que tinha

alto-falantes nos postes e levavam músicas para as ruas centrais. Às vezes, bastava arranjar um salão,

uma radiola com discos de vinil e se faziam os bailes e assustados onde os jovens se divertiam. E

conforme relatos, as garotas da Rua da Igreja, que eram em grande quantidade, era que mandavam no

pedaço. Quando elas saiam, e geralmente saiam todas de uma vez, praticamente acabava o baile.

Tinha o bar de Zé Pequeno, onde o pessoal ia sempre lá para tomar umas “biritas”. Depois tinha o

Bar de Manoel de Cícero, o de Severino de Zé Pedro, e, mais recente, a danceteria de Afonso, que

foram, por muito tempo, os pontos de encontro e de diversão da nossa juventude. O sábado de Aleluia

e o dia 31 de maio também eram datas marcantes no calendário da cidade. Bandas, ou Conjuntos

Musicais como se chamava na época, só tinha na festa de setembro e na festa de conclusão do colégio.

Depois, estas começaram a vir nas festas do dia dos pais e das mães. Havia também os Cortejos, que

saíam da Praça da Matriz para a boate ou colégio, onde os casais faziam contribuições e dava-se um

brinde para quem contribuísse com maior valor. De tempos em tempos, aparecia um circo; pequenos,

humildes, mas que por alguns dias animavam a cidade. A Festa de Setembro era um capítulo à parte:

vinham os habitantes da cidade que morava fora; tinha o parque com a “onda”, as canoas, e mais tarde

a roda-gigante. Outra atração dos parques era o locutor, que oferecia, a pedidos – às vezes, anônimos

– músicas para quem quisesse, de um alguém para fulano ou fulana, etc., tudo tão simples assim, sem

maldades. Com muito pouco o pessoal se divertia muito.

À noite, sentava-se nas calçadas para conversar com os vizinhos, debulhar feijão na época da

colheita, enquanto a criançada brincava de roda, do anel, de casinha, de toca, de se esconder. As

crianças se contentavam com brinquedos, muitas vezes, feitos por elas mesmas ou pelos pais. As

meninas brincavam com bonecas de pano, panelinhas de barro, e os meninos, com carrinho de latas,

bolas de meia, bolas de gude (bilas como chamavam). Corriam soltos pelas ruas, a tomar banho de

rio, na época do inverno, matando rolinhas, subindo em árvores para tirar frutas. Como disse o poeta:

“...de camisa aberta ao peito, pés descalços, braços nus, correndo pelas campinas...” (Cassimiro de

Abreu, poesia – Meus Oito Anos) A infância de hoje já não tem mais esses prazeres, as crianças se

tornam adultas muito cedo, vivendo e buscando cada vez mais coisas de gente grande, infelizmente,

a televisão, a internet e os hábitos da vida moderna, não permitem mais que isso aconteça.

A maioria da população não tinha muito dinheiro, apenas o suficiente para sobreviver. Comprava-

se, ainda me lembro, na bodega de Seu Zé Menino, de João Cazé ou de Oiô, uma quarta de açúcar ou

de café, algumas colheres de óleo, o que se precisava no momento, pois não havia tanta necessidade

de estocar, porque também a maior parte dos alimentos vinha da roça. Bom era comer o cuscuz feito

do milho fresquinho, moído em casa, o arroz vermelho pisado no pilão, feijão que vinha direto da

roça, tudo natural e saudável. Hoje, paga-se caro por uma refeição assim e nem sempre é possível

encontrá-la. O pão de Negrinho, aquele que não se encontra igual em nenhum lugar, era uma das

melhores coisas para comer e se fosse com “kisuque” (marca de suco em pó famosa na época; ainda

não havia Tangue nem as tantas outras marcas de hoje), lá de João Rosado Preto, era melhor ainda.

Carne fresca só ao sábado, dia feira. Quase ninguém tinha geladeira, então a carne era salgada e seca

para comer no resto da semana, geralmente colocada numa vara suspensa em cima do fogão de lenha.

Estávamos distantes da era de plástico e dos descartáveis de agora. As coisas e os utensílios de

trabalho eram tão mais duráveis e valorizados, que eram aproveitados ao máximo. Colocavam-se

fundos em panelas e latas de buscar água, solados nos chinelos, remendos ou remodelava roupas.

As pessoas das últimas duas ou três décadas não sabem como era bom e divertido, apesar de

cansativo, ir buscar água no rio, todos os dias, com uma lata na cabeça, repetindo 5,8,10 vezes, até

encher os potes de barro para lavar louça, fazer a comida, tomar banho. Para beber, a água era trazida

nas ancoretas dos jegues, do açude dos Grossos ou do Juvenal. Era no rio ou no açude que as roupas

eram lavadas. Quando chegou a água encanada, acabou a farra de buscar água no rio, onde era possível

se saber de todas as fofocas e fuxicos da cidade, às vezes, até “pendengas” eram resolvidas em brigas

que terminavam com cacimbas tapadas de areia e latas de água derrubadas de cabeças. Mas no dia

seguinte estavam todas juntas de novo, pois sempre prevalecia a amizade.

No período do inverno, era comum tomar banho de chuva na rua, nas biqueiras das casas. Às vezes,

a meninada deitava na ladeira que desce para a rua JK, onde o volume de água era maior, podia ser

de manhã ou à tarde, e ninguém ficava doente. Depois tinha a colheita do arroz, (a bata do arroz, era

assim que se falava), muitas vezes, feitas em mutirão. Partilhava-se o trabalho e a comida, que era

oferecida pelo do dono da colheita da vez. Panelas de galinhas cozidas, arroz doce ou “rubacão”, eram

preparados para alimentar os trabalhadores. Aliás, outro costume interessante, quando se matavam

animais em uma casa, eram sempre partilhados com a vizinha ou comadre. Tão diferente de hoje,

onde é preciso pagar para fazer um pequeno serviço que seja e onde há tanta individualidade.

A natureza, muitas vezes, mostrava a sua face mais dura. Era quando apareciam as secas, que eram

uma constante na vida do povo nordestino, sertanejo. Estudos mostram como as regiões sertanejas do

Nordeste brasileiro sempre foram castigadas por grandes secas. A de 1877, como já citado

anteriormente, foi das umas piores, dizimando grande parte da população pela fome e doenças, e na

qual houve até a intervenção do imperador D. Pedro II, vindo daí a ideia da transposição das águas

do Rio São Francisco, que iniciada pelo governo do Presidente Lua, mas que ainda não foi concluída.

Em 1932, outra grande seca marca o nosso povo, dentre tantas outras que aconteceram. E, naquela

época, não tinha as bolsas e auxílio do governo de hoje. Só na década de 50 começou a aparecer as

frentes de trabalho, para construir estradas e açudes, onde os trabalhadores eram chamados de

“cassacos” e recebiam um valor insignificante pelo trabalho, só para não passar fome. Mas nem todos

conseguiam nem mesmo esse tipo de trabalho, então a solução era ir pra São Paulo, para trabalhar e

mandar o sustento da família. No entanto, até nessas situações extremas, o povo fazia festa. Bastavam

uns poucos pingos de chuva para se fazer uma novena ou para entregar uma imagem de São José que

havia sido roubada de alguma casa para que ele fizesse chover, e que era entregue ao dono, que

muitas vezes nem sabia quem havia roubado, sob cantos, rezas e fogos e umas “biritas’ no final, é

claro.

Tinha um som que era constantemente ouvido na cidade. Era o sino da Igreja, que Maria de Lúcio

e depois Adelaide Juvenal, tocava sempre que falecia alguém ou quando fazia aniversário de morte,

o qual a família mandava tocar para que seus defuntos fossem lembrados. Interessante que havia

toques específicos. Quando era criança (os anjos), era de uma forma, de rapaz ou moça solteira, era

outro toque e para os adultos casados, mais um toque diferente. São particularidades de uma época

tão cheia de costumes interessantes, talvez sem nenhum valor nos tempos atuais, mas que tinham

significados importantes para aquelas gentes. Outro som que ninguém mais ouve é o dos carros de

boi: levando ou trazendo as colheitas, lenhas, areia e barro e até mudanças; iam com suas rodas,

cantando pelo caminho.

Não podemos deixar de registrar também, algumas figuras folclóricas e marcantes que fizeram

parte da vida da cidade. Quem não se lembra ou já ouviu falar de Zé Leopoldina, Maria Faú, Dos

Anjos, Bedelo, o professor Manoel Rita. E na atualidade, o nosso querido Ximba, entre tantos outros

e outras que passaram pela nossa cidade.

Até 1959, não tínhamos energia elétrica; era a luz do motor que funcionava das 18h até as 21h da

noite, mas que dez minutos antes, emitia-se um sinal de que a luz seria desligada. Então era a hora de

acender o candeeiro, se recolher e encerrar mais um dia de labutas, dificuldades e alegrias.

Já os meios de comunicações, no início, só tínhamos o rádio e os correios, com o serviço do

telégrafo, trazido pelo nosso benfeitor Severino Job, do qual foi o primeiro funcionário. A televisão

só chegaria na década de 1970, inicialmente em pouquíssima quantidade, que assim como a geladeira

era um artigo de luxo a que poucas famílias tinham acesso. Na década de 1980, a grande novidade foi

o telefone, que, mesmo com muitas limitações, já podíamos falar com pessoas em qualquer lugar,

mesmo que para isso fosse preciso aguardar horas na TELPA, porque eram apenas dois aparelhos

para atender o município inteiro. Depois, foram colocados ramais nas casas e, em seguida, chegaram

as linhas particulares. Finalmente, tivemos a chegada da telefonia móvel, sem falar também do uso

da internet.

Quanto vale uma cena como essa abaixo? O inesquecível João Moisés, de saudosa memória, em sua

calçada, cercado de jovens de sua época, numa tarde qualquer, de um dia qualquer no passado, cena

que ainda hoje é possível de se ver na cidade com os moradores atuais. Mas, pra quem já está na

cidade grande torna-se cada vez mais impossível por causa do alto índice de violência e sempre mais

crescente.

Mitos locais – Lenda do Boqueirão da Serra Furada – por Francisco Teotônio

Contavam os mais antigos moradores da atual cidade de Nova Olinda que existia uma lenda,

alimentada pela população indígena, localizada sobre a abertura do Boqueirão da Serra Furada entre

os dois municípios: Nova Olinda e Pedra Branca e que consistia no seguinte conto popular.

Ao longo dos mais remotos tempos, que se perderam na memória daqueles habitantes, existia um

enorme lago, criado pela serra que impedia a passagem das águas que vinham da cidade de Princesa

Isabel. Portanto, eram barradas pela imponente Serra Furada.

Pára, A rainha das águas, cotidianamente, vinha cercada de curumins, tomar banho no lago, cujas

águas subiram tanto que, aos poucos, foram cortando a serra até formar o Boqueirão atual e onde se

construiu a Barragem do Saco de Nova Olinda.

Assim, a rainha das águas ficou triste e desolada com a extinção do grande lago, deixando de

frequentar o local, que pensavam ser o lugar de seu repouso, fazendo desaparece da face da terra a

referida população, como dizia a mitologia contada pelos ancestrais de seus povos.

Aberto o famoso e belo Boqueirão, não tinha mais onde a rainha das águas tomar banho e se divertir

com as crianças. Diziam que a revolta de Pára foi tanta que ela só volta ao Saco de Nova Olinda nos

anos de secas, passando a fazer cacimbas no leito do rio Gravatá e Canoas, nas noites de lua cheia,

para matar a sede das pessoas e animais dos quais gosta muito. Construída a Barragem, Pára volta ao

Boqueirão, luminosa como dantes, exercendo todo o poder e majestade que possuíra no seu infinito

passado, no meio da parede da Barragem, o rio barrado como no passado, cercada por jovens meninas-

moças, como se fossem personagens de um celeste corpo de balé, apresentado só para pessoas

privilegiadas e escolhidas por Tupã.

NOVA OLINDA POR SEUS CONTERRÂNEOS E ADMIRADORES

MINHA TERRA – Por Albertino Barreiro

O que há de tão sublime, como te contemplar?

O que há de tão legítimo, como ser teu?

O que há de tão verdadeiro, como falar teu nome?

O que há de tão profundo, como sentir saudades ao lembrar de ti?

O MEU NOME É NOVA OLINDA

Autores – Letra: Francisco Teotônio

Música: João Vanildo

Eu sou a mais famosa/ Cidade do meu sertão

Sou banhada pelas águas/ Do perene Gravatá

Sou as mais procuradas/ Terras, pra irrigação

Sou fruto da natureza/ O retrato da grandeza

Eu sou toda inspiração.

REFRÃO

O meu nome é Nova Olinda/ O destino quis assim

Disto eu tenho certeza/ Sou fruto da natureza

Orgulho eu tenho de mim...

Graças a mão do destino/ Me tornei realidade

Me fiz adulta, cresci em/ Fama e prestígio mais,

Que qualquer outra do Vale/ Nova Olinda uma princesa

Orgulho eu tenho de mim/ O destino quis assim

Disto eu tenho certeza.

Das Várzeas do Gravatá/ Riquezas mil brotarão

Sou o encontro das águas/ Com a grande plantação

Sou da terra fonte viva/ Que desabrocha em riqueza

Faz de mim só esperança/ Um rosário de bonança

Disto eu tenho certeza.

Nova Olinda- Pátria minha Francisca Eneas de Sousa ( Pitica)

Nova Olinda, centenária, porém... menina.

Tão pequenina!

Carregas em teu seio tão jovem

Os sonhos de tantos filhos que vão e vem

Seguindo o movimento da vida,

Buscando em outros seios o que em ti ñ encontram.

São tantos que partem carregando a esperança e a vontade de dizer:

"ESTOU DE VOLTA PRO MEU ACONCHEGO.”

Ah! mas quantos se vão e se perdem no caminho...

E sequer recordam de ti...

Quantas lembranças...

Quantas histórias deixadas pra trás...

Quantas vitórias...

Quantas decepções...

Quantas vidas levadas ao vento!

E tu, qual mãe amorosa

De braços abertos

Aguardas o regresso

Daqueles que um dia viste nascer, crescer e alçar voo

Sem destino nem direção certos.

Ó meu pequeno torrão!

Quisera eu, jamais ouvir dizer de ti

Palavras escusas, grosseiras, vãs...

Que o fulgor daqueles a quem podes chamar de teus

Seja a chama ardente que vivaz e veemente

Escrevem a história de uma gente

Que, presente ou ausente

Vai traçando, rabiscando, contornando

Na imensidão do universo

A esperança de um dia

Fazer de ti um lugar entre mil

Onde se possa parar, repousar

Descansar.

"SALVE Ó NOVA OLINDA DE GLÓRIAS.

NUNCA UM SOL JÁ BRILHOU MAIS QUE O TEU..."

Que teu nome seja pra sempre honrado

Por teus filhos pra sempre amada

Que os “estrangeiros” aqui encontrem pousada

E o amor...

Ah, o amor seja o escudo

E na bandeira seja gravada

FELIZ TERRA AMADA

POR DEUS ABENÇOADA!

REFERÊNCIAS

- ALMEIDA, José Américo de, O Ano do Nego – Memórias. Gráfica Record Editora. Rio de Janeiro,

1938.

- DIAS, Luisa de Sousa, Nova Olinda – 100 anos de história. A União – Superintendência de Imprensa

e Editora. João Pessoa, 1990.

- Livro de Notas e Muvimento desta Capella de Nova Olinda – 1890 a 1929. Severino Job de Sousa.

- LUCENA, Sebastião, 1930 – A História de uma guerra. A União – Superintendência de Imprensa e

Editora. Copyright by 2005.

PIRES, Heliodoro, Padre Mestre Inácio Rolim: Um trecho da colonização do norte brasileiro, 2ª

edição. Teresina/PI.Gráfica Estado do Piaui- Impressora e editora Ltda, 1991.

- SOUSA, Francisco Teotônio de, Piancó, o pequeno grande rio. João Pessoa. Editora Universitária,

2008.

- Diagnóstico do Município de Nova Olinda – Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água

subterrânea – Ministério de Minas e Energia – Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação

Mineral – Outubro/2005

- www.sementesdoreino.com.br/oracao_n_sra_dos_remedios.html

- http://pt.wikipedia.org/wiki/coluna_prestes.

- www.usinadesolucoes.com.br/souza.html

- http://pt.wikipedia.org/wiki/lista_de_presidentes_do_Brasil.

- http://pt.wikipedia.org/wiki/lista_de_governadores_da_Paraiba.

Sobre a autora

Luisa de Sousa Dias, nascida em Nova Olinda onde também passou maior parte de sua vida, inclusive

de estudos. Graduada em Pedagogia pela UVA – Universidade Estadual Vale do Acaraú. Funcionária

dos Correios e participante desde cedo no meio cultural da cidade, bem como na Igreja, sobretudo no

teatro e na música. Também foi desde criança que começou a ouvir e a interessar-se pela história da

cidade contada pela família, daí a escrever já em 1990, por ocasião do centenário de fundação, Nova

Olinda – 100 anos de história.