DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

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DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular com enfoque especial para os circuitos entre a habênula, o núcleo interpeduncular e os núcleos da rafeTese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Humana do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutora em Ciências. São Paulo 2018

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DÉBORA NUNES MARTINS BUENO

“Conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular com

enfoque especial para os circuitos entre a habênula, o núcleo

interpeduncular e os núcleos da rafe”

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Fisiologia Humana do Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de

Doutora em Ciências.

São Paulo

2018

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DÉBORA NUNES MARTINS BUENO

“Conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular com

enfoque especial para os circuitos entre a habênula, o núcleo

interpeduncular e os núcleos da rafe”

Tese apresentado ao Programa de Pós-Graduação em

Fisiologia Humana do Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de

Doutora em Ciências.

Área de concentração: Fisiologia Humana

Orientador: Prof. Dr. Martin Andreas Metzger

Versão Original

São Paulo

2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

Candidato(a): Débora Nunes Martins Bueno Título da Tese: Conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular com enfoque especial para os circuitos entre a habênula, o núcleo interpeduncular e os núcleos da rafe Orientador: Martin Andreas Metzger A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado/Tese de

Doutorado, em sessão pública realizada a ........./......../.........., considerou o(a) candidato(a):

( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)

Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

Nome: ......................................................................................

Instituição: ................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

Nome: ......................................................................................

Instituição: ................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

Nome: ......................................................................................

Instituição: ................................................................................

Presidente: Assinatura: ...............................................................................

Nome: ......................................................................................

Instituição: ................................................................................

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Dedico este trabalho ao meu amado esposo

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço ao meu orientador Martin, por ter me acolhido no laboratório, pela

confiança e pelo ensinamento.

Agradeço também ao José Donato, pela oportunidade de trabalhar em alguns de seus projetos.

Aos colegas do Laboratório de Neuroanatomia Funcional, que compartilharam o

conhecimento de técnicas para a realização de muitas etapas deste trabalho, muito obrigada a

todos vocês pelo profissionalismo e em alguns momentos o companheirismo.

À Aninha, pelo carinho, por sua dedicação a todo momento, pelo apoio e incentivo antes de

iniciar e durante a minha trajetória na pós-graduação.

Aos professores da Banca de Qualificação, Newton, Thiago e Tatiana pelas valiosas

contribuições que enriqueceram este trabalho.

Ao meu amado esposo, meu companheiro e melhor amigo que esteve ao meu lado a todo o

momento me motivando e logo teremos a alegria de compartilhar nosso amor pela nossa

pequena Pandora. Deus me abençoou muito ao colocar você em minha vida.

À minha querida e amada mãe, meu exemplo de superação, crescimento e sucesso. Sou

eternamente grata a você pelo amor incondicional de pai e mãe, por me incentivar a crescer e

por sempre ter acreditado que eu alcançaria os meus sonhos.

Aos meus irmãos Raquel e Gustavo, sem vocês na minha vida nada teria graça, obrigada por

estarem sempre ao meu lado, mesmo longe estamos perto.

Às minhas tias e primos que mesmo longe conseguimos ficar em dia com as mensagens do

grupo de zapzap. Vocês são muito importantes para mim!

Aos meus sobrinhos Bruna, Eloísa, Elena, Maria Eduarda, Antônio Henrique, Augusto,

Benjamin e minha afilhadinha Helena, amo muito vocês e sempre morro de saudade, obrigada

por me fazerem tão feliz!

À minha segunda família, meu presente de casamento, sou muito grata a vocês pelo carinho e

pelas orações.

À Deus agradeço todos os dias por ter me escolhido para a vida. Pois mesmo a vida com

tantas tribulações, esforços, cansaço ainda assim sigo na vida encontrando alegria, pois quem

é meu escudo e onde deposito minha alegria em viver é Nele. “Ele é o meu Deus, o meu

refúgio, a minha fortaleza, e Nele confiarei” Sl 91:2.

À CAPES e FAPESP pelo auxílio financeiro, a todos que contribuíram direta ou indiretamente

para a realização deste trabalho.

Muito obrigada a todos!

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RESUMO

Bueno, DNM. Conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular com enfoque

especial para os circuitos entre a habênula, o núcleo interpeduncular e os núcleos da

rafe. 2018. 92 f. Tese (Doutorado em Ciências). Instituto de Ciências Biomédicas,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

A habênula é uma estrutura epitalâmica diferenciada em dois complexos nucleares, a

habênula medial (MHb) e a habênula lateral (LHb). Recentemente, a MHb junto com seu alvo

principal, o núcleo interpeduncular (IP), foram identificados como estruturas chaves

envolvidas na mediação dos efeitos aversivos da nicotina. Contudo, estruturas intimamente

interligadas com o eixo MHb-IP, como o núcleo mediano (MnR), a parte caudal do núcleo

dorsal da rafe (DRC), e o núcleo tegmental laterodorsal (LDTg) podem contribuir para os

efeitos comportamentais da nicotina. As conexões aferentes e eferentes do IP, até agora, não

foram sistematicamente investigadas com traçadores sensíveis. Assim, realizamos injeções de

traçadores retrógrados ou anterógrados em diferentes subdivisões do IP, no MnR, ou LDTg e

também examinamos a assinatura neuroquímica de algumas das mais proeminentes aferências

dessas três estruturas através da combinação de rastreamento retrógrada com métodos de

imunofluorescência e hibridização in situ. Além de receber entradas topograficamente

organizadas da MHb e também da LHb, observamos que o IP está principalmente interligado

de forma recíproca com estruturas da linha média, incluindo o MnR/DRC, o núcleo incerto, o

núcleo supramamilar, o septo e o LDTg. As conexões bidirecionais entre o IP e o MnR assim

como as entradas do LDTg para o IP provaram de ser principalmente GABAérgicas. Com

respeito a uma possível topografia das saídas do IP, todos os subnúcleos do IP deram origem a

projeções descendentes, enquanto as suas projeções ascendentes, incluindo projeções focais

para o hipocampo ventral, o septo ventrolateral, e a LHb originaram da região dorsocaudal do

IP. Nossos resultados indicam que o IP está intimamente associado a uma rede de estruturas

da linha média, todos eles considerados moduladores chave da atividade teta do hipocampo.

Assim, o IP forma um elo que liga MHb e LHb com esta rede e com o hipocampo. Além

disso, as proeminentes interconexões predominantemente GABAérgicas entre IP e MnR,

assim como IP e LDTg, suportam um papel chave dessas vias bidirecionais na resposta

comportamental à nicotina.

Palavras chave: Habênula medial. Núcleos da rafe. Hipocampo. Nicotina. Aversão.

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ABSTRACT

Bueno, DNM. Afferent and efferent connections of the interpeduncular nucleus, with

special reference to the circuits linking the habenula, interpeduncular nucleus, and

raphe nuclei. 2018. 92 p. Ph. D. Thesis (Human Physiology). Instituto de Ciências

Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

The habenula is an epithalamic structure differentiated into two nuclear complexes,

medial (MHb) and lateral habenula (LHb). Recently, MHb together with its primary target,

the interpeduncular nucleus (IP), have been identified as major players in mediating the

aversive effects of nicotine. However, structures downstream of the MHb-IP axis, including

the median (MnR), caudal dorsal raphe nucleus (DRC), and the laterodorsal tegmental

nucleus (LDTg), may contribute to the behavioral effects of nicotine. The afferent and efferent

connections of the IP have hitherto not been systematically investigated with sensitive tracers.

Thus, we placed injections of retrograde or anterograde tracers into different IP subdivisions,

the MnR, or LDTg and additionally examined the transmitter phenotype of some major IP and

MnR afferents by combining retrograde tract tracing with immunofluorescence and in situ

hybridization techniques. Besides receiving topographically organized inputs from MHb and

also LHb, we found that the main theme of IP connectivity are strong reciprocal

interconnections with midline structures, including the MnR/DRC, nucleus incertus,

supramammillary nucleus, septum, and LDTg. The bidirectional connections between IP and

MnR and the LDTg inputs to the IP proved to be mostly GABAergic. Regarding a possible

topography of IP outputs, all IP subnuclei gave rise to descending projections, whereas

ascending projections, including focal projections to the ventral hippocampus, ventrolateral

septum, and LHb mostly originated from the dorsocaudal IP. Our findings indicate that IP is

closely associated to a distributed network of midline structures, all of them considered key

modulators of hippocampal theta activity. Thus, IP forms a node that links MHb and LHb with

this network and the hippocampus. Moreover, the rich predominantly GABAergic

interconnections between IP and MnR, as well as IP and LDTg, support a cardinal role of

these bidirectional pathways in the behavioral response to nicotine.

Key words: Medial habenula. Raphe nuclei. Hippocampus. Nicotine. Aversion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama esquemático mostrando as principais conexões da habênula ................... 19

Figura 2. Locais de injeção de PHA-L no IP ............................................................................ 38

Figura 3. Desenhos esquemáticos de neurônios impregnados de PHA-L no IP....................... 39

Figura 4. Desenhos esquemáticos de axônios anterogradamente marcados ............................ 40

Figura 5. Fotomicrografias ilustrando a marcação de PHA-L no septo, na habênula lateral e no

hipocampo ................................................................................................................................ 42

Figura 6. Fotomicrografia ilustrando marcação de PHA-L nos núcleos dorsal da rafe............ 43

Figura 7. Fotomicrografias ilustrando a marcação de PHA-L no núcleo incerto ..................... 44

Figura 8. Fotomicrografias ilustrando injeções de CTb no IP .................................................. 53

Figura 9. Desenhos esquemáticos de neurônios retrogradamente marcados ............................ 54

Figura 10. Fotomicrografias ilustrando marcação de CTb no septo, prosencéfalo basal e no

núcleo supramamilar................................................................................................................. 56

Figura 11. Fotomicrografias ilustrando a marcação de CTb no núcleo dorsal da rafe ............. 57

Figura 12. Fotomicrografias ilustrando a marcação de CTb no núcleo incerto ....................... 58

Figura 13. Fotomicrografias ilustrando a assinatura neuroquímica dos neurônios no DR e

LDTg que se projetam para o IP ............................................................................................... 59

Figura 14. Fotomicrografias ilustrando a assinatura neuroquímica dos neurônios no

DRC/MnR que se projetam para o IP ....................................................................................... 60

Figura 15. Fotomicrografias ilustrando marcação de CTb e PHA-L resultantes de injeções no

MnR/PMnR .............................................................................................................................. 61

Figura 16. Fotomicrografia ilustrando marcação de CTb e PHA-L na Hb resultantes de

injeções no LDTg..................................................................................................................... 62

Figura 17. Fotomicrografia ilustrando marcação de CTb e PHA-L no IP resultantes de

injeções no LDTg..................................................................................................................... 63

Figura 18. Diagrama esquemático mostrando as principais conexões aferentes e eferentes da

Hb e IP...................................................................................................................................... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Casos usados para análise. ........................................................................................ 25

Tabela 2. Lista de anticorpos primários usados ........................................................................ 27

Tabela 3. Lista de anticorpos secundários usados .................................................................... 28

Tabela 4. Quantificação de GAD no MnR................................................................................ 52

Tabela 5. Quantificação de ChAT no LDTg ............................................................................. 52

Tabela 6. Quantificação de GAD no LDTg .............................................................................. 52

Tabela 7. Quantificação de GAD no IP .................................................................................... 52

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ABREVIAÇÕES

3N núcleo oculomotor

4V quarto ventrículo

5-HT serotonina

ac comissura anterior

Aq aqueduto

BAC núcleo intersticial da comissura anterior

BST núcleo intersticial da estria terminal

CA1 campo hipocampal CA1

CA2 campo hipocampal CA2

Cg2 córtex do cíngulo 2

CPu caudado putâmem

ChAT enzima colina acetiltransferase

cp pedúnculo cerebral

CTb subunidade b da cólera-toxina

DBB núcleo da banda diagonal de Broca

DLPAG parte dorsolateral da substância cinzenta periaquedutal

DMTg área tegmental dorsomedial

DR núcleo dorsal da rafe

DRC núcleo dorsal da rafe, parte caudal

DRD núcleo dorsal da rafe, parte dorsal

DRDC DRD, cerne

DRDCe DRD, parte central

DRDSh DRD, concha

DRL núcleo dorsal da rafe, parte lateral

DRR núcleo dorsal da rafe, parte rostral

DRV núcleo dorsal da rafe, parte ventral

DTgP núcleo tegmental dorsal, parte pericentral

f fórnix

fi fimbria do hipocampo

fr fascículo retroflexo

GPi globo pálido, segmento interno

HDB núcleo horizontal da banda diagonal

HIpD hipocampo, parte dorsal

HIpV hipocampo, parte ventral

IL córtex infralímbico

IP núcleo interpeduncular

IPA IP, subnúcleo apical

IPC IP, subnúcleo central

IPDL IP, subnúcleo dorsolateral

IPDM IP, subnúcleo dorsomedial

IPI IP, subnúcleo intermédio

IPL IP, subnúcleo lateral IPR IP, subnúcleo rostral

LC locus coeruleus

LDTg núcleo tegmental laterodorsal

LDTgV núcleo tegmental laterodorsal, parte ventral

LH hipotálamo lateral

LHb habênula lateral

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LHbL habênula lateral, parte lateral

LHbM habênula lateral, parte medial

LHbMPc LHbM, subnúcleo parvocelular

LSV núcleo septal lateral, parte ventral

LPAG substância cinzenta periaquedutal, parte lateral

LPO núcleo pré-optico lateral

LV ventrículo lateral

MCPO núcleo pré-optico, parte magnocelular

MHb habênula medial

MHbD MHb, parte dorsal

MHbS MHb, subnúcleo superior

MHbV MHb, parte ventral

MHbVc MHbV, subnúcleo central

MHbVl MHbV, subnúcleo lateral

MHbVm MHbV, subnúcleo medial

ml lemnisco medial

mlf fascículo longitudinal medial

MM núcleo mamilar medial, parte medial

MnR núcleo mediano da rafe

mp pedúnculo mamilar

MPA area pré-optica medial

MPO núcleo pré-optico medial

MS septo medial

MS/DB complexo septo medial/banda diagonal

NI núcleo incerto

NIc núcleo incerto, parte compacta

NId núcleo incerto, parte difusa

NTS núcleo do trato solitário

PDTg núcleo tegmental, parte posterodorsal

PeFLH hipotálamo lateral, parte perifornicial

PHA-L Phaseolus vulgaris leucoaglutinina

PL córtex pré-límbico

PHD área hipotalâmica posterior, parte dorsal

PLH hipotálamo lateral, parte peduncular

PMnR núcleo paramediano da rafe

PnO do núcleo pontino reticular, parte oral

PT núcleo paratenial do tálamo

PVP núcleo paraventricular do tálamo, parte posterior

RMTg núcleo tegmental rostromedial

S septo

scp pedúnculo cerebelar superior

SFi núcleo septofimbrial

SHy núcleo septohipotalâmico

sm estria medular

SNc substância negra, parte compacta

SNR substância negra, parte reticular

Sph núcleo esferóide

SuM núcleo supramamilar

SuML núcleo supramamilar, parte lateral

SuMM núcleo supramamilar, parte medial

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TS núcleo septal triangular

VGLUT3 transportador de glutamato do tipo 3

VLPAG substância cinzeta periaquetudal, parte ventrolateral

VTA área tegmental ventral

xscp decussação do pedúnculo cerebelar

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

1.1 Núcleo interpeduncular ................................................................................................ 16

1.2 Complexo habenular ..................................................................................................... 17

1.3 Funções da Hb ............................................................................................................... 19

1.4. Papel do eixo MHb-IP na mediação dos efeitos aversivos da nicotina.................... 21

2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 23

2.1 Objetivos específicos ..................................................................................................... 23

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 24

3.1 Animais .......................................................................................................................... 24

3.2. Experimentos de rastreamento retrógrado e anterógrado ...................................... 24

3.3 Perfusão e microtomia .................................................................................................. 25

3.4 Caracterizações dos anticorpos e controles imunoistoquímicos ............................... 26

3.5 Anticorpos ...................................................................................................................... 27

3.6 Marcações de imunoperoxidase ................................................................................... 29

3.7 Marcações duplas de imunofluorescência .................................................................. 29

3.8 Hibridização in situ com 35S combinado com Imunoistoquímica para CTb ........... 30

3.9 Análise de dados ............................................................................................................ 31

4. RESULTADOS ................................................................................................................... 34

4.1 Experimentos de rastreamento anterógrado .............................................................. 34

4.1.1 Projeções ascendentes do IP .................................................................................... 34

4.1.2 Projeções descendentes do IP .................................................................................. 36

4.2 Experimentos de rastreamento retrógrado ................................................................ 45

4.2.1 Entradas prosencefálicas para o IP ......................................................................... 45

4.2.2 Entradas mesopontinas para o IP ............................................................................ 47

4.3 Assinatura neuroquímica das projeções do MnR e LDTg para o IP ....................... 48

4.4 Conexões do MnR com o IP e Hb ................................................................................ 49

4.5 Conexões do LDTg com o IP e Hb ............................................................................... 50

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 64

5.1 Considerações metodológicas ....................................................................................... 65

5.2 Comparações gerais dos nossos resultados com aquelas de estudos anteriores ...... 66

5.3 O IP como elo entre as duas divisões da habênula e o hipocampo ........................... 67

5.4 O IP como uma parte associada de uma rede de estruturas da linha média

envolvido no controle do ritmo teta do hipocampo.......................................................... 69

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5.5 Topografia das projeções entre o IP e o DR ............................................................... 72

5.6 Organização dos circuitos entre Hb, IP e MnR/DRC e LDTg considerações

funcionais ............................................................................................................................. 73

REFERÊNCIAS1 .................................................................................................................... 77

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Núcleo interpeduncular

O núcleo interpeduncular (IP) está localizado na linha média ventral do

istmo/rombencéfalo (LORENTE-CÁNOVAS et al., 2012). Os dois terços rostrais do IP são

cercados por diferentes subregiões da área tegmental ventral (VTA), enquanto o polo

dorsocaudal do IP é localizado adjacente ao núcleo mediano da rafe (MnR). O IP é uma

estrutura altamente complexa composta por vários subnúcleos. A base de critérios

citoarquitetônicos e neuroquímicos pelo menos sete subnúcleos são distinguidos dentro do IP,

três núcleos localizados na linha média, sendo denominados apical, rostral e central (IPA,

IPR, IPC), e quatro subnúcleos bilaterais, denominados subnúcleo dorsolateral, dorsomedial,

lateral e intermédio (IPDL, IPDM, IPL, IPI; LENN; HAMILL, 1984; GROENEWEGEN et

al., 1986).

A conectividade e assinatura neuroquímica do IP foram bastante exploradas durante os

anos oitenta do século passado. O IP é o principal, e provavelmente único, alvo da habênula

medial (MHb). As massivas entradas da MHb percorrem o fascículo retroflexo (fr) e

terminam de uma maneira bastante peculiar no IP (HERKENHAM; NAUTA; 1979;

SUTHERLAND, 1982; KIM; 2009). A intrigante topografia e assinatura neuroquímica dessas

entradas tem sido descritas detalhadamente em ratos (CONTESTABILE et al., 1987) e

camundongos (QIN; LUO, 2009; HSU et al., 2013; GARDON et al 2014; QUINA et al.,

2017). Assim, os axônios que originam da parte dorsal da MHb (MHbD) usam glutamato e

substância P como neurotransmissor e inervam seletivamente o IPL e o teto dorsal do IP,

enquanto os axônios oriundos da parte ventral da MHb (MHbV) co-liberam glutamato e

acetilcolina nos restantes subnúcleos do IP (REN et al., 2011; FRAHM et al., 2015). Ademais,

a maioria dos axônios oriundos da MHb atravessa o IP várias vezes num plano horizontal

antes de terminar ipsilateralmente (HERKENHAM; NAUTA, 1979; KIM, 2009). Com

relação a sua própria neuroquímica, o IP contém essencialmente neurônios GABAérgicos,

além de uma minoria de neurônios glutamatérgicos (QUINA et al., 2017). Outros estudos

pioneiros usando técnicas de imunoistoquímica e rastreamento neural (CONTESTABILE;

FLUMERFELT, 1981; GROENEWEGEN et al., 1986; SHIBATA; SUZUKI;

MATSUSHITA, 1986) revelaram que o IP não somente recebe proeminentes entradas

colinérgicas oriundas da MHb, mas também descreveram robustas conexões recíprocas com

outras estruturas mesopontinas da linha média ou próximo dela, incluindo o MnR , o núcleo

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17

dorsal da rafe (DR), o núcleo incerto (NI; GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001; RYAN et

al., 2011) e o núcleo tegmental laterodorsal (LDTg).

Em relação as suas funções, o IP foi contextualizado como um dos principais alvos do

sistema de condução diencefálica dorsal (DDC; SUTHERLAND, 1982). O DDC é altamente

conversado durante a evolução (STEPHENSON-JONES et al., 2012; ROBERTSON et al.,

2014) e abrange a estria medular (sm), os dois complexos nucleares da Hb (MHb e LHb), e o

fr. O DCC foi contextualizado de regular particularmente o fluxo de informações entre

estruturas do telencéfalo “límbico”, como o septo, o segmento interno do globo pálido e o

hipotálamo lateral, com grupamentos monoaminérgicos do mesencéfalo e tegmento

mesopontino, e assim integrar processos cognitivos com processos emocionais e sensoriais

(SUTHERLAND, 1982; ELLISON, 1994).

1.2 Complexo habenular

A habênula (Hb) é o componente central do DDC e está localizado no teto do terceiro

ventrículo, na região póstero-medial do tálamo dorsal. A Hb é uma estrutura

filogeneticamente antiga, cujas projeções e assinatura neuroquímica são altamente

conservadas durante a evolução (AMO et al., 2010; STEPHENSON-JONES et al., 2012; DE

CARVALHO et al., 2014). Enquanto em lampreias, peixes, anfíbios e répteis a Hb apresenta

uma pronunciada assimetria esquerda-direita, em mamíferos a Hb é uma estrutura bilateral

praticamente simétrica (BIANCO; WILSON, 2009; AIZAWA, 2013). A Hb é subdividida em

dois complexos nucleares principais, habênula medial (MHb) e habênula lateral (LHb). Em

virtude de conexões aferentes e eferentes distintas (HERKENHAM; NAUTA, 1977, 1979;

GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012), a LHb é ainda subdividida em duas partes

principais, a LHb medial (LHbM) e lateral (LHbL). Baseados nos critérios citoarquitetônico,

citoquímico e ultraestrutural, no total quinze subnúcleos foram distinguidos na Hb, sendo

cinco na MHb, LHbM e LHbL, respectivamente (ANDRES; VON DURING; VEH, 1999;

GEISLER; ANDRES; VEH, 2003; AIZAWA et al., 2012; WAGNER; STROH; VEH, 2014). A

maioria das suas aferências chegam à MHb e LHb através da estria medular enquanto a via de

saída das projeções eferentes desses complexos nucleares é feita pelo fascículo retroflexo

(HERKENHAM; NAUTA, 1977, 1979).

Apesar das principais aferências e eferências da LHb e MHb serem conduzidas pelo DCC,

LHb e MHb apresentam um perfil de conexões bastante segregadas e uma assinatura

neuroquímica diferenciada (ANTOLIN-FONTES et al., 2015; ZAHM; ROOT, 2017). Assim,

a MHb recebe a grande maioria das suas entradas de distintas regiões do septo caudal, como o

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septo triangular, o septo fimbrial e o núcleo da banda diagonal (HERKENHAM; NAUTA,

1977; QIN; LUO, 2009; YAMAGUCHI et al., 2013), enquanto ela tem o IP como

provavelmente único alvo (VISWANATH et al., 2014). As entradas da LHb são mais

diversificadas, sendo que LHbM e LHbL recebem aferências razoavelmente segregadas

(HERKENHAM; NAUTA, 1979; PROULX; HIKOSAKA; MALINOW, 2014). Deste modo,

aferências telencefálicas para a LHbM emergem do córtex pré-frontal, do pálido ventral, do

septo, da região da banda diagonal e sobretudo de um vasto território do hipotálamo, se

estendo da área pré-óptica até o hipotálamo lateral (HERKENHAM; NAUTA, 1977;

KOWSKI et al., 2008; KIM; LEE, 2012; LI et al., 2011; YETNIKOFF et al., 2015). Ademais,

a maioria, mas não todas (por exemplo, DEL-FAVA et al., 2007) entradas dos principais

grupamentos monoaminérgicas e colinérgicos do mesencéfalo inervam preferencialmente a

LHbM (ZAHM; ROOT, 2017; METZGER; BUENO; LIMA, 2017). Enquanto isso, a LHbL,

além de receber também aferências do hipotálamo, é principalmente inervada pelo núcleo

entopeduncular (EP; HERKENHAM e NAUTA; 1977), o homólogo do segmento interno do

globo pálido de primatas.

Como já contextualizado por Sutherland (1982), a grande maioria das eferências da LHb

são direcionadas para importantes grupamentos monoaminérgicos, colinérgicos e

GABAérgicos da ponte e do mesencéfalo, incluindo grupamentos rostrais da rafe (DR,

MnR/PMnR), a VTA, o LDTg, o núcleo tegmental rostromedial (RMTg) e NI

(HERKENHAM; NAUTA, 1979; ARAKI; MCGEER; KIMURA, 1988; CORNWALL;

COOPER; PHILLIPSON, 1990; GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001; JHOU et al.,

2009a; KIM, 2009; HONG et al., 2011; GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012; SEGO et

al., 2014; QUINA et al., 2015). Além dessas saídas primordiais, a LHb ainda emite escassas

projeções para áreas talâmicas, hipotalâmicas e regiões do septo ventrolateral

(HERKENHAM; NAUTA, 1979; ARAKI; MCGEER; KIMURA, 1988). De novo, as

eferências da LHbM e LHbL parecem bastante segregadas, com as projeções para os

grupamentos serotonérgicos, dopaminérgicos e colinérgicos originando sobretudo da LHbM

(HERKENHAM; NAUTA, 1979; CORNWALL; COOPER; PHILLIPSON, 1990;

GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012; SEGO et al., 2014). Em contraste, o RMTg

(JHOU et al., 2009a, b), um núcleo relé puramente GABAérgico (PERROTTI et al., 2005)

localizado no tegmento rostromedial, é o principal alvo da LHbL. O RMTg, por sua vez, ficou

conhecido por também robustamente inervar a VTA, o DR e o LDTg (BALCITA-PEDICINO

et al., 2011; LAVEZZI; PARSELY; ZAHM, 2012; GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012;

SEGO et al., 2014). Visto que a LHb é uma estrutura quase puramente glutamatérgica

Page 20: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

19

(BRINSCHWITZ et al., 2010), isso significa que LHbM e LHbL podem modular a atividade

de grupamentos serotonérgicos, dopaminérgicos e colinérgicos numa maneira bidirecional por

vias paralelas e segregadas (GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012, SEGO et al.; 2014;

METZGER; BUENO; LIMA, 2017).

Figura 1. Diagrama esquemático modificado de Gonçalves, Sego e Metzger (2012) mostrando alguns das mais

proeminentes conexões aferentes e eferentes da Hb e fotomicrografia da expressão da enzima colina

acetiltransferase (ChAT) em um camundongo geneticamente modificado destacando a posição do núcleo

interpeduncular (IP) e da MHb (modificado de FRAHM et al. 2015).

1.3 Funções da Hb

Até pouco tempo atrás, as exatas funções da Hb permaneceram relativamente obscuras e a

Hb foi implicada em funções tão diversas, como a regulação do sono, comportamento

maternal e regulação dos ritmos circadianos (BIANCO; WILSON, 2009; HIKOSAKA, 2010).

Porém, atualmente existem claras evidências que a Hb é, sobretudo, um componente-chave de

um circuito anti-recompensa implicado no processamento de estímulos aversivos, variando de

estímulos nocivos até a perda de recompensas esperadas (HIKOSAKA, 2010; SHELTON et

al., 2012; PROULX; HIKOSAKA; MALINOW, 2014). Até o momento, a maioria das

investigações focou as funções e conexões da LHb e, especificamente, seu papel na

codificação de frustrações e no subsequente controle inibitório de grupamentos

monoaminérgicos (LECOURTIER; DEFRANCESCO; MOGHADDAM, 2008; LAMMEL et

al.; 2012). Possíveis funções da LHb foram investigadas sistematicamente numa série de

estudos eletrofisiológicos inovadoras realizados em macacos (MATSUMOTO; HIKOSAKA,

Page 21: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

20

2007, 2009). Esses estudos esclareceram que os neurônios da LHb são excitados por

estímulos aversivos ou a omissão de recompensas, enquanto recompensas, como sinais que

predizem recompensas, inibem os mesmos neurônios. Em humanos, a participação da LHb no

processamento de estímulos aversivos foi relevada em elegantes estudos de imagem

mostrando de maneira consistente que a LHb é seletivamente ativada por desfechos negativos

(ULLSPERGER; VON CRAMON, 2003; SHEPARD; HOLCOMB; GOLD, 2006). Em

consonância com um possível papel chave na codificação de eventos aversivos, estudos em

animais (CALDECOTT-HAZARD; MAZZIOTTA; PHELPS, 1988; AMAT et al., 2001) e

humanos (MORRIS et al., 1999; SHEPARD; HOLCOMB; GOLD, 2006) apontaram que a

hiperatividade da LHb é um fator importante em distúrbios do tipo depressivo (YANG et al.,

2018; NUNO-PEREZ et al., 2018). Além disso, embora não haja projeções diretas entre a

LHb e o hipocampo, foi recentemente demonstrado que uma LHb intacta é crítica para a

codificação e resgate da memória espacial (GOUTAGNY et al., 2013; MATHIS et al., 2015),

bem como para regular as oscilações teta do hipocampo (AIZAWA et al., 2013). Recentes

estudos também apontam para um papel determinante da LHb na flexibilidade

comportamental (BAKER; MIZUMORI, 2017) e adição a distintas drogas de abuso (JHOU et

al., 2013; LECCA; MEYE; MAMELI, 2014; SHAH et al., 2017; FAKHOURY, 2018).

Em contraste, até recentemente muito pouco se soube sobre as funções e a circuitaria da

MHb (para revisão ver, BIANCO; WILSON, 2009; VISWANATH et al., 2014). Mesmo

apresentando um perfil de conexões bastante segregadas e uma assinatura neuroquímica

diferenciada (ANTOLIN-FONTES et al., 2015; ZAHM; ROOT, 2017), aumentam as

evidências que LHb e MHb exercem algumas funções importantes parecidas, Assim, como a

LHb, a MHb tem sido implicada em distúrbios do tipo depressivo (SHUMAKE; EDWARDS;

GONZALEZ-LIMA, 2003), em mecanismos de aversão (SORIA-GÓMEZ et al., 2015), e na

regulação do medo e da ansiedade (OKAMOTO; AGETSUMA; AIZAWA, 2012;

YAMAGUCHI et al., 2013; ZHANG et al., 2016). Também foram descritas variações diárias

na atividade eletrofisiológica dos neurônios da MHb (SAKHI et al., 2014a), indicando que, de

novo semelhante à LHb (SAKHI et al., 2014b; BAÑO-OTÁLORA; PIGGINS, 2017), a MHb

está envolvida na regulação de ritmos circadianos. Mais importante, um papel fisiológico

central tem sido atribuído recentemente para o eixo MHb-IP na resposta do cérebro à nicotina

(JACKSON et al., 2015; FOWLER, 2017).

Page 22: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

21

1.4. Papel do eixo MHb-IP na mediação dos efeitos aversivos da nicotina

Depois de décadas de relativa negligência, o interesse no eixo MHb-IP ressurgiu quando

diversos estudos apontaram para o eixo MHb/IP como estruturas chaves de um circuito

envolvido na mediação dos efeitos aversivos, bem como dos sintomas somáticos da retirada

da nicotina (SALAS et al., 2009; para revisão ver, DE BIASI; DANI, 2011; FOWLER;

KENNY, 2014; ANTOLIN-FONTES et al., 2015; MCLAUGHLIN; DANI; DE BIASI,

2017). Assim, a eliminação ou super-expressão de receptores nicotínicos de acetilcolina

(nAChRs) na MHb de camundongos geneticamente modificados tem sido mostrado suficiente

para modular o consumo de nicotina e a atividade neural no eixo MHb-IP (FOWLER et al.,

2011; FRAHM et al., 2011). Particularmente as subunidades α3, β4, e α5 são atualmente

consideradas essenciais por desempenhar um papel-chave na mediação das propriedades

aversivas da nicotina (GÖRLICH et al., 2013; para revisão ver, BALDWIN; ALANIS;

SALAS, 2011; LESLIE; MOJICA; REYNAGA, 2013). De forma notável, essas três

subunidades são expressas de maneira abundante e bastante seletiva na MHb e/ou IP (SHIH et

al., 2014). Além disso, estudos genéticos de larga escala em humanos mostraram que o risco

de desenvolver dependência de nicotina mais que dobra em indivíduos com duas cópias do

alelo CHRNA5. Junto com CHRNA3 e CHRNB4, o CHRNA5 faz parte de um cluster de

genes de risco do cromossomo 15 que codifica exatamente as subunidades α3/β4 e α5 dos

nAChRs e variações nesse cluster estão também associados ao risco elevado de desenvolver

doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão (BIERUT et al., 2007, 2008;

SACCONE et al., 2007). Entretanto, também foram identificados em camundongos

geneticamente modificados alguns dos mecanismos pelo quais distintos nAChRs medeiam

respostas chave para nicotina. Esses mecanismos incluem a facilitação da liberação de

glutamato no IP pelos axônios originados na MHb (FRAHM et al., 2015), assim como a

regulação da atividade marca-passo dos neurônios colinérgicos na MHb (GÖRLICH et al.,

2013). No IP, Zhao-Shea et al. (2013) mostraram que principalmente neurônios GABAérgicos

são ativados depois da retirada da nicotina e que a estimulação ótica de neurônios

GABAérgicos do IP elícita os sintomas somáticos da abstinência de nicotina.

No entanto, há evidências crescentes de que alguns dos alvos principais do IP, como o

MnR, a parte caudal do núcleo dorsal da rafe (DRC) e o LDTg contribuem para distintos

efeitos comportamentais da nicotina. Assim, foi demonstrado que a importante subunidade α5

dos nAChRs é mais robustamente expressa no IP que na MHb, inclusive em neurônios do IP

que se projetam para o MnR (HSU et al., 2013). Ademais, neurônios GABAérgicos no IP e

Page 23: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

22

MnR provavelmente participam na regulação da ansiedade durante a retira da nicotina

(ZHAO-SHEA et al., 2013; 2015). Ao mesmo tempo, o MnR e o DRC são considerados

estruturas-chave envolvidas na regulação da ansiedade (DEAKIN; GRAEFF, 1991;

ANDRADE et al., 2013; PAUL; LOWRY, 2013), tornando-os candidatos promissores para a

mediação do aumento da ansiedade, um dos sintomas afetivos mais comuns da abstinência de

nicotina.

No interim desde os estudos pioneiros sobre a conectividade do IP, novos núcleos foram

delineados ou núcleos existentes têm sido descrito de ser composto de distintas sub-regiões

funcionais, levando a novos conceitos sobre a estrutura e função de áreas específicas do

cérebro (ver, GEISLER; ZAHM, 2005). O primeiro fato se aplica para o NI, que foi somente

delineado de forma convincente por Goto, Swanson e Canteras (2001) e Olucha-Bordonau et

al. (2003). Além disso, nos últimos anos tem-se estabelecido que o complexo habênular (Hb)

(ANDRES; VON DURING; VEH, 1999; GEISLER; ANDRES; VEH, 2003; AIZAWA et al.,

2012; WAGNER; STROH; VEH, 2014) e os núcleos da rafe (COMMONS; CONNOLLEY;

VALENTINO, 2003; HIOKI et al., 2010; CALIZO et al., 2011; SEGO et al., 2014) são

estruturas altamente heterogêneas compostas por várias sub-regiões contendo populações

neuronais distintas. Assim, foi mostrado que, distintos distritos do DR e MnR contém além de

neurônios serotonérgicos, uma grande quantidade de neurônios que expressam ou co-

expressam GABA, dopamina e glutamato (HIOKI et al., 2010; SEGO et al., 2014). No IP,

Zhao-Shea et al. (2013) mostraram que principalmente neurônios GABAérgicos são ativados

depois da retirada da nicotina e que a estimulação ótica de neurônios GABAérgicos do IP

elícita os sintomas somáticos da abstinência de nicotina.

Todos os estudos existentes de mapeamento neural das conexões do IP utilizaram

traçadores pouco sensíveis e só detalharam pontualmente a neuroquímica das vias

investigadas. Assim, considerando a só recentemente reconhecida importância biológica do

eixo habênula-IP na resposta do cérebro à nicotina, o principal objetivo do presente trabalho

foi reexaminar em detalhe as conexões aferentes e eferentes do IP assim como a assinatura

neuroquímica de alguns das suas conexões principais. Ênfase especial foi dada para os

circuitos entre a habênula, o núcleo interpeduncular, os núcleos da rafe e o tegmento pontino.

Page 24: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

23

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente projeto foi investigar em detalhe, através de métodos de

rastreamento neural combinados com métodos de imunoistoquímica e hibridização in situ, as

conexões aferentes e eferentes do núcleo interpeduncular (IP) assim como a assinatura

neuroquímica de algumas de suas mais proeminentes saídas e entradas. Ênfase especial foi

dada para os circuitos entre a habênula, o núcleo interpeduncular, os núcleos da rafe e o

tegmento dorsal.

2.1 Objetivos específicos

Com o objetivo de explorar em detalhe as conexões neurais do núcleo interpeduncular e os

circuitos que foram recentemente implicados no controle da ingestão de nicotina exploramos

os seguintes objetivos específicos:

- Investigamos e mapeamos num contexto subnuclear, as eferências do IP através de

injeções do traçador PHA-L em diferentes distritos do IP.

- Investigamos e mapeamos num contexto subnuclear, as aferências do IP através de

injeções do traçador CTb em diferentes distritos do IP.

- Investigamos, através de uma combinação metódica de injeções do traçador retrógrado

CTb no IP com métodos de imunofluorescência, a assinatura neuroquímica das entradas que o

IP recebe da MHb, do DR/MnR e do LDTg.

- Investigamos, através de uma combinação metódica de injeções do traçador retrógrado

CTb no IP ou na MnR/PMnR com métodos de hibridação in situ, uma possível assinatura

GABAérgica das projeções recíprocas entre IP e MnR/PMnR, assim como das aferências do

LDTg para o IP.

Page 25: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

24

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais

Os experimentos foram realizados em ratos adultos albinos (Rattus norvegicus) da

linhagem Wistar, com peso entre 210 a 250 g, criados no Biotério do Instituto de Ciências

Biomédicas I – USP, mantidos sob temperatura constante (21±2ºC), iluminação em ciclo de

12 horas e água e ração ad libitum. Todos os procedimentos seguiram o protocolo aprovado

pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do ICB – USP (Protocolo nº 153/2012) e

os princípios adotados pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

(CONSEA) e pelo “Guia de Uso de Animais em Pesquisas” do National Institutes of Health

(NIH publicação No. 80-23, revisão 1996).

3.2. Experimentos de rastreamento retrógrado e anterógrado

Os animais foram profundamente anestesiados pela administração subcutânea de um

coquetel anestésico contendo xilazina (Syntec; 0,05 mg/100 g de peso corporal) e ketamina

(Syntec; 0,09 mg/100 g de peso corporal). Depois de anestesiados os ratos foram

posicionados num instrumento estereotáxico Kopf. Foi realizada tricotomia na região craniana

e pequenas trepanações foram feitos com uma broca odontológica. Através deste orifício,

pipetas de vidro com diâmetro interno de 10 a 15 μm previamente confeccionadas em

estirador de pipetas (Kopf, California) foram inseridas no tecido cerebral. Foram utilizados

neste estudo o traçador anterógrado Phaseolus vulgaris leucoagglutinin (PHA-L, Vector

Laboratories, Burlingame, CA, 2.5 % em 0,01M tampão fosfato, PB) e o traçador retrógrado a

subunidade b da cólera-toxina (CTb low salt; List Biological Lab, Campell, CA, 1 % em água

destilada). Os dois traçadores foram depositados através de injeções iontoforéticas. Um

primeiro grupo de ratos recebeu injeções unilaterais de CTb em diferentes distritos do IP. O

segundo grupo recebeu injeções unilaterais de PHA-L no IP e um terceiro grupo recebeu

injeções de CTb e/ou PHA-L no MnR ou LDTg (Tabela 1). Os traçadores foram injetados por

meio de uma corrente elétrica positiva pulsada (10 segundos “on”/10 segundos “off”) de 4 μA

no caso de PHA-L e 5 μA no caso de CTb. Em dois ratos que receberam injeções de PHA-L

no MnR (RD33, RD34) e em todos os casos com injeções de PHA-L no LDTg, PHA-L foi

injetado como descrito acima exceto que uma corrente positiva contínua foi usada. As

coordenadas estereotáxicas para as injeções foram inicialmente adquiridas através do atlas de

Paxinos e Watson (2007), para o IP (AP: 5,5 mm; ML: 0,0 mm; DV: -8,5 mm), MnR (AP: 7,1

mm; ML: 0,0 mm; DV: -7,6 mm) e LDTg (AP: 8,0 mm; ML: -0,7 mm; DV: -6,2 mm), e

refinadas empiricamente de acordo com nossas injeções anteriores. Após a injeção, a

Page 26: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

25

micropipeta foi mantida em posição por pelo menos 1 minuto e uma corrente negativa foi

aplicada para minimizar o fluxo retrógrado de traçador pelo rastro da pipeta.

Observação: Uma parte dos casos analisados no presente estudo foi constituída por casos de

um acervo de encéfalos de nosso laboratório que já receberam injeções de CTb ou PHA-L em

alguns dos alvos desse estudo anteriormente. Esses encéfalos já foram cortados para outros

estudos e as séries de cortes foram armazenadas em solução anti-congelante. Para minimizar o

número de animais sacrificados, analisamos esses casos e paralelamente injetamos novos

casos.

Traçadores e local de injeção Total

n = 29 Casos analisados

PHA-L – IP 5 RL41, RL42, RL47, RL48, RL49

PHA-L – MnR 6 RL57, RD24, RD25, RD30, RD33, RD34

PHA-L – LDTg 3 RD52, RD65, RD75

CTb – IP 7 R89, RL39, RL40, RL62, RL63, RL67, RL68

CTb – MnR 5 RD4, RD10, RD11, RD29, RD32

CTb – LDTg 3 RD55, RD67, RD68

Tabela 1. Casos usados para análise.

3.3 Perfusão e microtomia

Após uma sobrevida de 7 dias (CTb) ou 10 dias (PHA-L) os ratos foram

profundamente anestesiados através de injeção intraperitoneal de um coquetel xilazina e

cetamina de acordo com o peso corpóreo, e então, foram perfundidos transcardiacamente com

100 ml de solução de salina a 0,9%, seguida de uma solução de 500 ml de formaldeído a 4%

(adquirido a partir de paraformaldeídeo aquecido a 60-65°C) em tampão fosfato de sódio (PB)

a 4°C. Os encéfalos foram então removidos do crânio e pós-fixados por 2 horas.

Os casos que foram usados para rastreamento anterógrado, os encéfalos foram

armazenados overnight a 4°C em uma solução de crioproteção de 0,02M KPBS, pH 7,3.

Então, no dia seguinte os encéfalos foram seccionados no plano coronal em micrótomo de

congelamento (espessura 40 μm), e coletados em 4 séries em solução anti-congelante. Em

todos os casos, uma das séries dos cortes foi colecionada em solução de azida de sódio a

Page 27: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

26

0,02% em tampão fosfato de potássio (KPBS) e corada com tionina (Sigma) para a avaliação

dos limites das injeções e das regiões imunomarcadas.

No entanto, para os casos de combinação de rastreamento retrógrado com métodos de

hibridação in situ, os procedimentos adotados foram em condições de livres de RNase, pois

uma parte dos cortes foi posteriormente usado para experimentos de hibridização in situ (ver

3.8). Logo, os encéfalos removidos do crânio, foram pós-fixados por 2 horas e guardados

overnight a 4°C em 0,1M PB, pH 7,4, preparado com água tratada com dietil pirocarbonato

(DEPC). A todo momento desde procedimento houve um cuidado para que todas as soluções

utilizadas nesta metodologia estivessem em condições livres de RNase. Os encéfalos foram

seccionados no plano coronal em micrótomo de congelamento (espessura 40 μm), e coletados

em 4 séries em uma solução anti-congelante livre de RNase.

Em geral, uma das séries foi processada pelo método de imunoperoxidase para CTb ou

PHA-L. Nos ratos que receberam injeções de CTb ou PHA-L no IP, uma outra série de cortes

do tegmento mesopontino foi processado pela técnica de dupla– ou tripla imunofluorescência.

Outra série de cortes de 5 ratos com injeções de CTb no IP (n = 3) ou MnR (n = 2) foi

processado para hibridização in situ para GAD67, VGLUT2 e/ou VGLUT3. Finalmente, uma

série adicional foi corada com tionina, para servir como referência citoarquitetônica.

3.4 Caracterizações dos anticorpos e controles imunoistoquímicos

Todos os anticorpos primários utilizados no presente estudo (Tabela 2) foram

previamente caracterizados e testados para definição de sua especificidade (para detalhes, ver

SEGO et al., 2014). O anticorpo feito em cabra contra CTb (List, #104) foi obtido a partir da

purificação da toxina do vibrião da cólera, que não é fisiologicamente encontrado no

organismo. O anticorpo feito em coelho contra PHA-L (DAKO, Carpinteria, CA, #B275) foi

produzido pela hiperimunização de ratos com lectina purificada, que também não é

encontrada no organismo de mamífero. É importante mencionar que cortes de encéfalos que

não receberam injeções de PHA-L ou CTb não mostraram imunorreatividade, quando

reagidos com os respectivos anticorpos primários contra PHA-L ou CTb. As concentrações

ideais de cada anticorpo foram individualmente determinadas. A especificidade dos anticorpos

secundários foi comprovada pela ausência de marcação específica em cortes dos encéfalos de

animais que não receberam injeção de traçador ou em cortes dos encéfalos de animais que

receberam injeção de traçador.

Page 28: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

27

3.5 Anticorpos

Todos os anticorpos primários que foram usados no presente estudo (ver Tabela 2) já

foram utilizados em estudos prévios e suas especificidades reveladas no cérebro de rato por

análise por Western Blot e em experimentos de pré-incubação com seu imunógeno. Todos os

anticorpos primários e secundários (ver Tabela 3), também já foram testados em nosso

laboratório e suas diluições já foram determinadas previamente.

Antígeno Imunogênio Empresa Diluições

IPe IF

5-HT

Serotonina acoplada a

albumina de soro bovino

(BSA) com

paraformaldeído

Immunostar, (Hudson, WI),

#200800, produzido em coelho,

policlonal

1:40.000

ChAT

Enzima colina

acetiltransferase de

placenta humana

Millipore (Temecula, CA),

AB144P, produzido em cabra,

policlonal

1:400

CTb Toxina purificada do

Vibrião da cólera

List Laboratories, INC,

(Burlingame, CA),

#104, produzido em cabra,

policlonal

1:10.000 1:10.000

CTb Toxina purificada do

Vibrião da cólera

Abcam, (Cambridge, MA),

#ab35988, produzido em

camundongo, monoclonal

1:1.000

GluA4 Peptídeo sintético do rato

GLUA4 (aa 871-883)

Millipore, (Temecula, CA),

AB1508, produzido em coelho,

policlonal

1:400

PHA-L Lectina purificada do

Phaseolus vulgaris

DAKO, (Carpinteria, CA),

#B275, produzido em coelho,

policlonal

1:5.000 1:2.500

PHA-L Lectina purificada do

Phaseolus vulgaris

Vector, (Burlingame, CA),

#AS2224, produzido em cabra,

policlonal

1:2.500

VGLUT3 Peptídeo sintético do rato

VGLUT3 (aa 569-588)

Millipore, (Temecula, CA),

#AB5421, produzido em

porquinho da índia, policlonal

1:2.000

Tabela 2. Lista de anticorpos primários usados. Abreviações: 5-HT, serotonina; ChAT, colina acetiltransferase;

CTb, subunidade b da cólera-toxina; IF, imunofluorescência; IPe, imunoperoxidase; PHA-L, Phaseolus vulgaris

leucoaglutinina; VGLUT3, transportador de glutamato do tipo 3.

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Conjugado

com

Anti- Produzido em Empresa

Diluições

IPe IF

Biotina Coelho Cabra

Vector #BA-1000 1:200

Biotina Cabra Burro Jackson (West Grove, PA),

#705-065-147 1:4.000

Alexa488 Coelho Burro

Jackson, #711-546-152 1:500

Alexa594 Cabra Burro

Jackson, #705-586-147 1:500

Alexa488 Porquinho da

índia

Burro Jackson, #706-546-148 1:500

Tabela 3. Lista de anticorpos secundários usados. Abreviações: IF, imunofluorescência; IPe, imunoperoxidase.

Page 30: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

29

3.6 Marcações de imunoperoxidase

Em geral, a maioria das etapas de lavagem e incubação foram realizadas em cortes

com livre flutuação em temperatura ambiente. Os cortes foram pré-tratados com 1%

boroidreto de sódio (Sigma, Deisenhofen, Alemanha) em PB (10 minutos), seguido de

lavagem em PB e pré-incubação em 1% H2O2 em PB contendo 10% metanol (10 –15

minutos). Os cortes foram então lavados 3 vezes em PB e em seguida pré-incubados durante

30 minutos em PB contendo soro normal a 2% (Jackson) proveniente da espécie em qual foi

gerado o anticorpo secundário. Os cortes foram depois incubados durante 72 horas a 4°C com

soluções dos respectivos anticorpos primários (ver Tabela 2) diluídos em PB contendo soro

normal a 1% proveniente da espécie em qual foi gerado o anticorpo secundário e Triton X-

100 a 0,3%.

Os cortes foram lavados novamente em PB e depois incubados durante 2 horas nos

respectivos anticorpos secundários biotinilados (ver Tabela 3). Após lavagens em PB, os

cortes foram incubados por 2 horas em um kit ABC (ABC Elite Kit, Vector Laboratories,

Burlingame, CA). Depois de outras lavagens em PB, o produto da reação de peroxidase foi

visibilizado pelo procedimento de glicose oxidase (ITOH et al., 1979) e o 3,3’-

diamenobenzidine (DAB) tetrahidrocloreto sem metal como cromógeno (para demais

detalhes, veja SHAMMAH-LAGNADO et al.,1999). Após uma última lavagem em PB, os

cortes foram montados em lâminas gelatinizadas. Para intensificação da marcação, as lâminas

foram finalmente mergulhadas em uma solução de tetróxido de ósmio a 0,05% por um

período de 15 a 20 segundos e depois desidratadas em concentrações crescentes de etanol,

transferidos para xilol e cobertas com DPX (Sigma).

Tanto CTb (LUPPI et al., 1990) quanto PHA-L (GERFEN; SAWCHENKO, 1984)

foram processados pelos métodos de imunoperoxidase (IPe), como descrito acima. Somente

os passos de pré-incubação no tetraborato de sódio e no H2O2 foram omitidos. No caso do

PHA-L, a solução bloqueadora com soro normal a 2% foi omitida e os cortes foram incubados

diretamente na solução do anticorpo primário em PB, contendo leite desnatado a 10% (Nestlé)

e Triton X-100 a 0,3%.

3.7 Marcações duplas de imunofluorescência

Através da técnica de imunofluorescência (IF) foram realizadas as seguintes

marcações duplas de imunofluorescência: 1) anti-CTb/anti-serotonina (5-HT) ou 2) anti-

CTb/anti-transportador vesicular de glutamato do tipo 3 (VGLUT3), afim de esclarecer uma

Page 31: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

30

possível assinatura serotonérgica/glutamatérgica dos neurônios do DR ou MnR que se

projetam para o IP ou 3) anti-CTb/anti-ezima colina acetiltransferase (ChAT) para esclarecer a

porcentagem dos neurônios colinérgicos no LDTg e na MHb.

Em geral, as etapas de lavagem e incubação foram realizadas em cortes imersos em

solução a temperatura ambiente. Os cortes foram lavados por 3 vezes em PB e depois foram

pré-incubados em 1% H2O2 em PB contendo 10% álcool metílico por 30 minutos, seguido de

mais lavagens em PB. Então, os cortes foram pré-incubados durante 30 minutos em PB

contendo soro normal de burro a 2% (Jackson). Os cortes foram incubados durante 72 horas a

4°C num “coquetel” de dois anticorpos primários (ver Tabela 2) em PB, contendo soro normal

de burro a 1% e Triton X-100 a 0,3%.

Foram usadas as combinações de anti-coelho Alexa 488/anti-cabra Alexa 594 ou anti-

coelho Alexa594/anti-porquinho da índia Alexa488 (ver Tabela 3). Após lavagens finais em

0,05M Tris-HCL, os cortes foram montados em lâminas microscópicas gelatinizados,

cobertos com lamínulas usando uma solução “slow-fade” (Molecular Probes) e finalmente

selados com esmalte de unha. Vários grupos controles foram realizados, incluindo a omissão

de um, dois ou três anticorpos primários, omissão de um dois ou três anticorpos secundários e

troca dos fluoróforos relacionados para os diferentes marcadores. Todos estes procedimentos

controles resultaram na prevista marcação fluorescente simples ou duplas ou nos casos de

omissão de três anticorpos primários, na ausência total de marcação de fluorescência.

3.8 Hibridização in situ com 35S combinado com Imunoistoquímica para CTb

Para investigar a distribuição do mRNA do GAD-67-kDA, VGLUT2, e VGLUT3,

uma série de cortes com extensão do tálamo até o tegmento mesopontino foi processado pela

técnica de hibridização in situ (HIS). Foi tomado cuidado para que todas as soluções

utilizadas nesta metodologia estivessem livres de RNase ou tivessem sido preparadas a partir

de água tratada com dietilpirocarbonato (DEPC) e auto-clavadas. Cortes de cérebros de ratos

que receberam anteriormente injeções de CTb no IP ou MnR foram lavados com DEPC-PBS,

pH 7,0 por uma hora, seguido por incubação em boridreto de sódio (Sigma) em DEPC-PBS

por 15 minutos. Secções foram então incubadas por 10 minutos em anidro acético 0,25%

(Merck, Darmstadt, Germany) em 0,1M de trietanolamina. Para gerar ribosondas antisense

35S-marcadas para GAD-67kDA, VGLUT2 ou VGLUT3, plasmídeos foram linearizados pela

digestão pelo Sal1 e sujeitos a transcrição in vitro pela T3 polimerase de acordo com

protocolos do fabricante (Promega). A sonda anti-sense 35S-marcada para GAD-67kDA foi

gerada a partir de referências de cDNA como descrito previamente (ELIAS et al., 2001). Os

Page 32: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

31

plasmídeos contendo o DNA do GAD67 foram gentilmente fornecidos pelos Drs. N.

Tillakaratne e J. C. Bittencourt (Universidade da Califórnia, Los Angeles, CA, USA, e

Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil). A ribosonda anti-sense 35S-marcadas para

VGLUT2 foi gerada a partir de referências de cDNA como descrito previamente (DONATO

JR. et al., 2010). Ela compreende as posições 2154 a 2526 do número de acesso

NM_080853.3 do GenBank, incluindo partes dos éxons 11 e 12 do gene Slc17a6. A ribosonda

anti-sense 35S-marcadas para VGLUT3 corresponde as posições 392 a 591 do número de

acesso NM_182959.3 do GenBank, incluindo partes dos éxons 1 e 2 do gene Slc17a8.

As sondas de cRNA foram diluídas para 106 cpm/ml em solução de hibridização e

aplicada nos cortes. A solução de hibridização consistiu de 50% formamida, 10 mM Tris-HCl

(Fisher Scientific, Fair Lawn, NY), 0,01% DNA de esperma de salmão cisalhada, 0,01%

RNAt de levedura (Sigma), 0,05% RNA total de levedura (Sigma), 10mM de ditiotreitol

(Amresco, Solon, OH), 10% de sulfato de dextrano, 0,3M NaCl, 1mM ácido

etilenodiaminetracético (EDTA, pH 8,0) e 1x solução de Denhart (Sigma). Os cortes foram

hibridizados por 16 horas à 56ºC. No dia seguinte, os tecidos foram lavados quatro vezes em

cloreto de sódio/citrato de sódio (SSC) e foram incubados em RNase A à 0,002% (Roche

Diagnostics, Mannheim, Germany) diluído em 0,5M NaCl, 10mM Tris-HCL. pH 8,0, e 1mM

de EDTA por 30 minutos à 37ºC. Os cortes foram submetidos a uma lavagem em 0,1x SSC

por 60 minutos em 55ºC. Subsequentemente, os cortes foram incubados no anticorpo anti-

CTb por 48 horas como descrito acima, usando DAB como cromógeno. Os cortes foram

montados em lâminas SuperFrost Plus (Fisher Scientific) e desidratados em concentrações de

etanol crescentes. Depois da secagem, os cortes foram colocados em um filme cassete de

raios-X BMR-2 (Kodak, Rochester, NY) por 2 dias. Os cortes foram mergulhados em

emulsão fotográfica NTB2 (Kodak), guardados em um recipiente para secagem, em caixas

envolvidas por papel alumínio a 4ºC por 16-20 dias. As lâminas foram reveladas com

revelador D-19 (Kodak), e desidratadas, deslipidificadas com xilol e cobertas com DPX e

lamínula.

3.9 Análise de dados

Os cortes marcados pelas técnicas de IPe ou pela combinação metódica de IPe/HIS

foram examinados ao microscópio óptico de campo claro e escuro com microscópio Zeiss

Axioimager A1 (Zeiss, Muenchen, Alemanha). Os cortes marcados pela técnica de IF foram

examinados com o mesmo microscópio sob iluminação de epifluorescência. Fotomicrografias

digitais foram adquiridas usando uma câmera Zeiss Axiocam HRc (Zeiss). As imagens dos

Page 33: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

32

cortes de dupla- ou tripla IF foram adquiridas e analisadas com uso do software Axiovision

(Zeiss), que permite a aquisição de imagens de diferentes canais de fluorescência e uma

superposição subsequente destas imagens. Este software também foi usado para contagem de

eventos e medidas.

A distribuição global das marcações anterógradas e retrógradas dos casos

representativos foram mapeados usando o programa de desenho AutoCad R13 e uma câmera

lúcida acoplada a um microscópio Diaplan (Leitz, Leica Microsystems, Wetzlar, Alemanha) e

situada frente à um monitor (Pivot 1700, Portrait Display Labs.). A quantificação de células

simplesmente marcados para CTb ou duplamente marcados para ChAT/CTb em cortes

processados para dupla–imunofluorescência para ChAT/CTb foi realizada com o auxílio do

software Axiovision (Zeiss, versão 4.8. 2). A identificação e a quantificação de neurônios

simples ou duplamente marcados foram realizadas em imagens num formato de 1388 x 1040

pixels, adquiridas com objetiva de 20x. Somente corpos celulares nitidamente em foco foram

considerados para análise e classificados como simples- ou duplamente marcados. Devido à

escassez de neurônios retrogradamente marcados na parte ventral do LDTg (LDTgV), as

contagens das células foram restritas ao LDTg. Todos os neurônios dentro do LDTg que

exibiram um corpo celular bem marcado e em foco foram considerados para análise, plotados

eletronicamente e classificadas como simples- ou duplamente marcado. Esta análise foi

realizada em 3 animais em 3-4 cortes ao longo do eixo rostrocaudal do LDTg, com intervalo

nos cortes de 160 m.

Os cortes processados pela técnica de HIS seguido pela imunoistoquímica para CTb

foram examinados tanto sob iluminação de campo claro quanto escuro com um microscópio

Zeiss Axioimager A1 (Zeiss). A quantificação das células CTb contendo mRNA de GAD67 no

IP, MnR/PMnR, e LDTg foi realizada em 2 animais que tiveram injeções de CTb no

MnR/PMnR (RD4, RD11) e em 3 animais com injeções de CTb no IP (RL63, RL67, RL68).

Para esse propósito, fotomicrografias abrangendo o IP, o MnR/PMnR ou o LDTg em toda a

sua extensão foram capturadas sob iluminação de campo claro com objetiva de 20x e

fotomontagens foram montadas utilizando o software Adobe Photoshop (versão 7.0; Adobe

Systems Inc., Mountain View, CA). Estruturas de interesse foram circunscritas nas imagens e

células simplesmente marcados para CTb ou duplamente marcadas para CTb/GAD67 foram

plotadas eletronicamente com o software Axiovision. Esta análise foi realizada em 2-4 cortes

ao longo do eixo rostrocaudal das estruturas de interesse, com intervalo entre os cortes de 160

m. Considerando que a penetração dos anticorpos primários e secundários para CTb foi

muito maior que aquela das partículas de prata indicativo para mRNA, somente neurônios

Page 34: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

33

CTb+ em foco na superfície do corte foram considerados para análise. Neurônios CTb+ foram

considerados como duplamente marcados, quando a densidade das partículas de prata acima

do corpo celular foi mais que três vezes maior (> 10 partículas de prata por neurônio) que os

níveis de fundo. As fotomicrografias foram processadas e montadas com o programa Adobe

Photoshop (Versão 7.0). O equilíbrio de cor, contraste e brilho das imagens foram ajustados

de maneira variável. O programa Canvas (ACD Systems, Victoria, Canada, Version 9,0) foi

utilizado para desenhos feitos em cima de fotomicrografias e esquemas.

A nomenclatura utilizada no presente estudo é baseada no atlas de Paxinos e Watson

(2007) a menos que especificado de outra forma. Aderimos à nomenclatura recentemente

proposta por Wagner, Stroh e Veh (2014) para os diferentes subnúcleos do complexo da MHb

de ratos e camundongo. Estes autores descreveram cinco subnúcleos dentro da MHb que

correspondem bem com aqueles anteriormente descrito por Aizawa et al. (2012) em ratos.

Para os subnúcleos do complexo da LHb, foi utilizada a nomenclatura previamente

estabelecida por Andres, Von During e Veh (1999) no rato (ver também GEISLER; ANDRES;

VEH, 2003). No que diz respeito às subdivisões do IP, adotamos a nomenclatura de Lenn e

Hamill (1984), exemplificado em muito mais detalhes por Groenewegen et al. (1986). Assim,

nós distinguimos os subnúcleos do IP rostral (IPR), central (IPC) e apical (IPA), todos eles

não pareado. Além disso, existem quatro subnúcleos emparelhados bilateralmente, o IP

intermediário (IPI), lateral (IPL), dorsolateral (IPDL) e dorsomedial (IPDM). Com exceção do

IPA, que pode ser considerado como uma extensão caudodorsal do IP, estes subnúcleos estão

representados na Figura 2A. Esta figura ilustra um corte coronal do IP marcado pelo método

de imunoperoxidase para a subunidade do receptor AMPA GluA4, que identificamos

casualmente com um marcador válido para delinear os subnúcleos do IP. No que diz respeito

às subdivisões do DR adotamos a nomenclatura utilizada por Hioki et al. (2010) e ainda

distinguimos uma sub-região adicional, o DRD central (DRDCe), descrito recentemente por

Sego et al. (2014). Seguindo a descrição de Goto, Swanson e Canteras (2001), dividimos o NI

em uma parte compacta (NIC) e uma parte difusa (NID). No atlas de Paxinos e Watson

(2007), as duas partes emparelhadas dessa região característica da linha média que fica

localizada no chão do quarto ventrículo, são referidos como núcleo O e parte cinzenta central

alfa, respectivamente.

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34

4. RESULTADOS

4.1 Experimentos de rastreamento anterógrado

4.1.1 Projeções ascendentes do IP

As injeções de PHA-L no IP foram destinadas a diferentes níveis ao longo do eixo

rostrocaudal do IP central. Todas as 5 injeções de PHA-L analisadas no presente estudo

(RL41, RL42, RL47, RL48, RL49) foram confinadas ao IP e não contaminaram a área

tegmental ventral (VTA) ou qualquer outra região adjacente. As injeções tiveram uma

aparência bastante semelhante com um centro contendo um número variável de neurônios

PHA-L impregnados e um halo difuso ao redor. De forma interessante, as injeções de PHA-L

no IP tenderam de estar confinado a subnúcleos específicos do IP, poupando os subnúcleos

adjacentes em sua maior parte ou totalmente (Figura 2, 3). É importante ressaltar que regiões

corticais e estriatais, assim como os núcleos intralaminares do tálamo foram livres de

marcação de PHA-L seguido de nossas injeções no IP. Esse fato exclui qualquer contaminação

substancial de estruturas adjacentes, como a VTA e o MnR pelas nossas injeções.

O caso RL42 (Figura 2B) foi escolhido para representar melhor as eferências do IP. A

distribuição da marcação anterógrada, neste caso, é ilustrada na figura 4. Este caso teve uma

injeção grande de PHA-L centrada no IPR, envolvendo caudalmente também o IPA. Alguns

neurônios impregnados com PHA-L foram encontrados no IPC, IPI, IPDL e IPDM, enquanto

não teve envolvimento do IPL nessa injeção.

A maioria dos axônios ascendentes saiu do IP bilateralmente perto do subnúcleo

dorsolateral formando feixes ao redor do pólo rostral do IP. Os axônios PHA-L+, em seguida,

tornaram-se menos organizados e seguiram em direção rostral por múltiplos trajetos. Um dos

principais ramos de axônios ascendentes seguiu o fascículo retroflexo, depois bifurcou-se,

cercou o corpo mamilar e finalmente formou um proeminente campo terminal no núcleo

supramamilar (SuM). As divisões laterais assim como a parte medial do SuM foram

robustamente inervadas por axônios PHA-L+, exibindo muitas ramificações terminais.

Portanto, em alguns níveis do SuM esta inervação apareceu levemente assimétrica (Figura

4H). Dorsal ao SuM, feixes de axônios PHA-L+ visando como alvo o pólo caudal da LHb

ascenderam entre o fascículo retroflexo e o ventrículo lateral. Na LHb, encontramos uma

robusta marcação de PHA-L principalmente confinado a parte medial da LHb (LHbM) que

evitou de forma bem visível o subnúcleo parvocelular (Figura 5B). No terço rostral da LHb,

axônios e terminais PHA-L+ tornaram-se mais homogeneamente distribuídos. Em contraste,

Page 36: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

35

exceto poucos axônios ocasionais, tipicamente encontrados ao longo da divisa entre LHb e

MHb, a MHb estava desprovida de axônios PHA-L+. Alguns axônios foram observados

entrando na estria terminal e um pequeno campo terminal ocupou um distrito entre a parte

mais rostral do núcleo talâmico mediodorsal e o núcleo talâmico paratenial (Figura 4E). Um

outro pequeno campo terminal talâmico, provavelmente formado por axônios ascendendo ao

lado do trato mamilo-talâmico, estava localizada no núcleo talâmico submédio.

Outra parte considerável dos axônios oriundos do IP ascenderam no feixe

prosencefálico medial. Assim, muitos axônios de passagem, mas também pequenos campos

terminais foram observados na parte peduncular do hipotálamo lateral. Alguns destes axônios

percorreram medialmente e formaram campos terminais locais em uma região hipotalâmica

englobando, sobretudo o hipotálamo lateral perifornicial e o núcleo hipotalâmico posterior

(Figura 4F, G). Um grande contingente de axônios de passagem continua a percorrer em

direção rostral, primeiro ao lado do fórnice atravessando a parte peduncular do hipotálamo

lateral (Figura 4E) e em seguida a área pré-óptica lateral (Figura 4D). Uma parte destes

axônios formou campos terminais locais na área pré-óptica medial (Figura 4D, E). Portanto, a

maioria deles continuou ascendendo entre o fórnice e a estria medular ou penetrando no

fórnice visando finalmente o complexo septal e o hipocampo, respectivamente. Entrando no

septo, a maior parte dos axônios PHA-L+ atravessou o núcleo septo-hipotalâmico, que

também exibiu campos terminais proeminentes. A parte ventral do núcleo septal lateral (LSV)

foi uma das regiões prosencefálicas mais robustamente marcadas e foi ocupada por um grande

contingente de axônios PHA-L+, a maioria deles sendo altamente varicosas (Figuras 4A-C,

5A). No entanto, a inervação do LSV por axônios oriundos do IP não foi homogênea. A

marcação de PHA-L foi mais densa e bastante focal na parte caudal do LSV em um nível

onde ocorre o cruzamento da comissura anterior (Figura 4C). Em níveis mais rostrais do LSV

(Figura 4A, B), os axônios PHA-L+ apresentam-se associados ao ventrículo lateral e muitos

deles estendem-se dorsalmente na parte intermédia do núcleo septal lateral que era a estrutura

cerebral mais rostral contendo quantidades consideráveis de axônios PHA-L+. Notavelmente,

com exceção de alguns axônios ascendentes, o septo medial estava quase desprovido de

axônios PHA-L+. Outro campo terminal bastante robusto foi observado no hipocampo. De

forma interessante, a marcação no hipocampo foi principalmente restrita ao seu pólo

temporal/ventral, com a maior parte da marcação encontrada no campo CA1 do hipocampo

ventral ou em torno, da camada granular do giro dentado (Figura 5C).

É importante ressaltar que a maior parte das projeções ascendentes descritas acima,

foram detectadas somente nos dois casos (RL42, RL48), em que a injeção envolveu em um

Page 37: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

36

grau substancial a metade dorsocaudal do IP (ou seja, os subnúcleos IPA, assim como a parte

caudal do IPR e IPDM). Em contraste, as projeções ascendentes do IP estavam quase

completamente ausentes nos casos, em que a injeção estava principalmente confinada à parte

central do IP ventral, ou seja, aos subnúcleos IPI e IPC (casos RL47, RL49) ou à parte rostral

do IPR (RL41). Isto se tornou particularmente evidente, comparando a marcação resultante

das injeções de PHA-L nos casos RL 48 (Figura 2C) e RL 47 (Figura 2D). Estes dois casos

tiveram grandes injeções de PHA-L centradas no IPI que apareceram na primeira vista

bastante semelhantes. No entanto, a injeção no caso RL48 também envolveu o IPR, IPDM,

IPA e a metade caudal do IPL, resultando em uma marcação robusta no septo, hipocampo e

hipotálamo, semelhante ao padrão descrito acima no caso RL42. Em contraste, todas estas

projeções ascendentes eram quase ausentes no caso RL47, em que a injeção foi confinada ao

IPI/IPC.

4.1.2 Projeções descendentes do IP

É importante ressaltar que todas as projeções descendentes descritas aqui, para o caso

RL42 foram observadas em todos os outros casos com injeções de PHA-L no IP. No nível do

local de injeção, os axônios PHA-L+ espalharam-se fora do IP em todas as direções. A

maioria desses axônios percorreu bilateralmente em direção dorsal, evitando o núcleo

interfascicular e o núcleo rostral linear da rafe e juntaram-se em feixes antes de entrar na

substância cinzenta periaquedutal. Na substância cinzenta periaquedutal axônios ascendentes

e também alguns campos terminais locais, foram observados sobretudo nas colunas

dorsolateral e lateral (Figura 4I). Mais caudal, axônios PHA-L+ saíram da parte caudal do IP

subindo em feixes percorrendo medialmente o MnR ou lateralmente o PMnR (Figura 4J). Em

níveis rostrais ao longo do MnR/PMnR, axônios PHA-L+ de grande calibre e espessura lisa

foram misturados com axônios formando campos terminais locais. Em direção caudal, esse

padrão foi substituído por uma densa rede homogênea de axônios PHA-L+, formando campos

terminais em todas as partes do MnR (Figuras 4J-L, 6B) enquanto o PMnR somente exibiu

poucos axônios PHA-L+.

O núcleo dorsal da rafe (DR) foi inervado de forma visivelmente heterogênea (Figura

6). Assim, a densidade das projeções oriundas do IP foi apenas escassa a moderada na parte

rostral e médio-rostrocaudal do DR (Figuras 4J, K, 6A). Além disso, nesses níveis, a maior

parte dos axônios e terminais PHA-L+ foi confinada às asas laterais do DR, que contêm

sobretudo neurônios GABAérgicos (HIOKI et al., 2010). Em contraste, o DRC apresentou

uma marcação de PHA-L bastante densa (Figuras 4L, 6B). Através da dupla

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37

imunofluorescência para PHA-L e 5-HT, encontramos muitos terminais PHA-L+ fazendo

contatos com neurônios 5-HT+ (Figura 6C).

Mais caudalmente, uma robusta marcação de PHA-L ocupa o chão do quarto

ventrículo e a região do LDTg, enquanto o núcleo tegmental póstero-dorsal e o lócus

coeruleus apresentam-se desprovidos de marcação anterógrada (Figuras 4L, M, 7). Em torno

de cerca 9 mm posterior ao Bregma, a robusta marcação de PHA-L no DRC foi primeiro

acompanhado lateralmente e ainda mais caudal substituído por uma marcação de PHA-L

extremamente densa em outra região da linha média, o NI. Ao lado do MnR e do DRC, o NIc

se destacou como um dos alvos principais do IP, enquanto a inervação axonal do NId

lateralmente adjacente foi considerável menos densa (Figuras 4M, N, 7).

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38

Figura 2. A-D: Locais de injeção de PHA-L no IP. Fotomicrografias ilustrando subdivisões do núcleo

interpeduncular (IP) em um nível médio-rostrocaudal desse núcleo através da imunomarcação para GluA4 (A) e

três locais de injeção de PHA-L representativos no IP (B-D). Nota-se que as injeções de PHA-L no IP tendem a

ser confinadas a subnúcleos específicos do IP, evitando parcialmente ou totalmente os subnúcleos adjacentes (por

exemplo, o IPL no caso RL42 e IPL, IPDL e IPR no caso RL47). Escala da barra = 100 µm em A (aplica-se a A-

D).

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39

Figura 3. A-E: Desenhos esquemáticos de neurônios impregnados por PHA-L no IP. São ilustrados três níveis

ao longo do eixo rostrocaudal do IP em cinco casos individuais. Cada ponto representa um neurônio impregnado.

Repare que os limites dos subnúcleos do IP só foram representados quando foram facilmente identificáveis. Uma

fotomicrografia do local de injeção dos casos RL42, RL47 e RL48 é fornecida na Figura 2.

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40

Figura 4. A-N: Desenhos esquemáticos de axônios anterogradamente marcados resultantes de uma injeção de

PHA-L centralizada na parte dorsocaudal do IP (caso RL42, Figura 2B). As secções são ordenadas de rostral para

caudal e a injeção é indicada em preto em I. Para as abreviaturas, ver a lista.

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41

Figura 4. A-N. Continuação.

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42

Figura 5. A-C: Fotomicrografias ilustrando a marcação de PHA-L no septo (A), na habênula lateral (B) e no

hipocampo (C). A marcação é resultante de uma injeção de PHA-L centralizada no IP (caso RL48; Figura 2C).

Repare a marcação densa e focal na parte ventral do núcleo septal lateral (LSV, inserção em A), na LHb e na arte

ventral do campo CA1 do hipocampo (inserção em C). Em B, note a ausência de marcação na MHb e LHbMPc.

Para abreviaturas, ver a lista. Escala da barra = 200 µm em A, B; C; 20 µm nas imagens inseridas.

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43

Figura 6. Fotomicrografia de campo escuro ilustrando marcação de PHA-L em níveis médio-rostrocaudal (A) e

caudal (B) do núcleo dorsal da rafe. Nota-se em A que a maior parte dos axônios PHA-L+ são encontrados no

DRL, e em B a densa rede de axônios PHA-L+ formando campos terminais cobrindo em todo o MnR e DRC. Os

asteriscos marcam o mesmo sítio nas fotografias de baixa e alta resolução. C: Dupla-imunofluorescência para 5-

HT (verde) e PHA-L (magenta) no DRC. As setas apontam para os terminais PHA-L+ formando aposições com

corpos celulares de neurônios 5-HT+. Para abreviaturas, ver a lista. Escala da barra = 150 µm em A (aplica-se

para A, B); 50 µm em C; 10 µm na imagem inserida em B.

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44

Figura 7. A-E: Fotomicrografias de campo escuro (A-C) e campo claro (D, E) ilustrando a marcação de PHA-L

em três níveis rostrocaudal consecutivas através do núcleo incerto (NI). A marcação é resultante de uma injeção

de PHA-L centrada na parte dorsocaudal do IP (caso RL42; Figura 2B). Note em D e E que os axônios PHA-L+

no NIc exibem extensivas ramificações e botões sinápticos sugestivos de um campo terminal. Os asteriscos

marcam o mesmo sítio nas fotografias de baixa e alta resolução. Para abreviaturas, ver a lista. Escala da barra =

200 µm em A (aplica-se para A-C); 100 µm em D; 25 µm em E.

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45

4.2 Experimentos de rastreamento retrógrado

4.2.1 Entradas prosencefálicas para o IP

Em geral, as nossas injeções de CTb foram tipicamente depositadas no IPR central

(Figura 8). Até agora 7 casos do acervo com injeções de CTb foram analisados. Em todos os

casos, as injeções foram essencialmente restritas ao IP sem contaminar outras estruturas

adjacentes. As injeções apresentaram um centro mais escuro rodeado por um halo periférico.

Embora as injeções se distinguiram com relação à posição de seu centro ao longo do eixo

rostrocaudal do IP, o depósito do traçador em 5 dos casos preencheu quase todo o IP (casos

R89, RL39, RL63, RL67, RL68). Porém, no caso RL40, o depósito da injeção de CTb foi

quase confinado ao subnúcleo IPR na metade dorsal do IP, sem contaminar os subnúcleos

IPL, IPI e IPC na metade ventral (Figura 8B). Em contraste no caso RL62, o depósito de CTb

foi quase confinado ao IPI, IPC e IPL na parte ventral do IP (Figura 8C). Em geral, nossas

injeções no IP resultaram em um padrão de marcação retrógrada bastante consistente. No

entanto, na MHb, cada injeção no IP resultou em um padrão singular de marcação, dando

mais uma prova para a organização topográfica intrigante das projeções da MHb para o IP.

Entre os casos com injeções no IP, o caso R89 foi escolhido como padrão para representar as

aferências para o IP. Este caso apresenta uma injeção de CTb grande, centrada na parte rostral

do IPR com o depósito do traçador praticamente preenchendo a maior parte do IP, exceto sua

região mais lateral (Figura 8A). A distribuição da marcação retrógrada, deste caso, é mostrada

na figura 9. A menos que indicado, a marcação retrógrada após injeções no IP foi

essencialmente bilateral. Para relacionar a marcação retrógrada diferenciada encontrada na

MHb com os locais de injeção, vamos descrever inicialmente a marcação na Hb.

No epitálamo, a MHb destacou-se como a estrutura prosencefálica mais densamente

marcada. No caso R89 e nos outros quatro casos, em que a injeção envolveu a maior parte do

IP, todos os três subnúcleos ventrais da MHb (MHbVl, MHbVc, MHbVm) foram ocupados

por neurônios CTb+ (Figura 8D). Alguns neurônios CTb+ foram também observados na LHb,

a maior parte deles em subnúcleos da LHbM. Além disso, foram encontrados poucos

neurônios CTb+ espalhados nos dois subnúcleos da parte dorsal da MHb, o MHbS e MHbD.

No caso RL40, em qual a injeção não envolveu os subnúcleos ventrais do IP, o subnúcleo

ventromedial da MHb (MHbVm) estava quase desprovido de marcação (Figura 8E). Por outro

lado, no caso RL62 em qual havia somente um pequeno depósito de CTb essencialmente

restrito aos subnúcleos IPL, IPI e IPC da parte ventral do IP, a marcação na MHb ficou

completamente confinada ao MHbVm. Além disso, RL62 foi o único caso, em que a LHb não

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46

apresentou neurônios retrogradamente marcados (Figura 8F). Observamos nos cortes

revelados pela técnica de dupla imunofluorescência para CTb/ChAT que uma grande maioria,

mas não todos, os neurônios CTb+ na parte ventral da MHb foram duplamente marcados para

ChAT (Figura 8G-J). Em contraste, exceto poucos neurônios espalhados próximo do ponta

dorsal da habênula, todos os neurônios CTb+ na parte dorsal da MHb e na LHb medial foram

ChAT-.

No córtex, um número moderado de neurônios CTb+ foi observado nas subdivisões

pré-límbica e infra-límbica do córtex pré-frontal (Figura 9A), bem como num agrupamento

característico localizado imediatamente dorsal do pólo rostral do núcleo accumbens (ver,

YETNIKOFF et al., 2015). Além disso, houve uma marcação fraca no córtex cingulado que

diminui em direção caudal. O estriado dorsal e ventral, inclusive o núcleo accumbens, foram

desprovidos de neurônios CTb+, claramente indicando que as nossas injeções não envolveram

de forma substancial a área tegmental ventral (VTA). Uma quantidade considerável de

neurônios CTb+ foi observada ao longo de todo o eixo rostrocaudal do núcleo horizontal da

banda diagonal (HDB), com a maior parte dos neurônios retrogradamente marcados

consistindo de neurônios não colinérgicos (Figura 9B-D). Em níveis caudais do HDB a

marcação retrógrada se espalhou lateralmente para o núcleo pré-óptico magnocelular. O septo

destacou-se como outra fonte importante de entrada para o IP, com a maioria da marcação

retrógrada confinada ao núcleo septofimbrial (Figuras 9C; 10A). Além disso, poucos

neurônios dispersos foram encontrados no núcleo septo hipotalâmico e no septo ventrolateral.

O tálamo apresentou-se desprovido de marcação retrógrada, com exceção de poucos

neurônios CTb+ espalhados no núcleo paraventricular.

No hipotálamo, a marcação retrógrada apresentou-se muito fraca em regiões do

hipotálamo rostral, incluindo todas as partes da área pré-óptica (Figuras 9D; 10B). Foi

observada uma marcação somente discreta no núcleo paraventricular do hipotálamo. Entradas

fracas até moderadas originaram de uma região hipotalâmica que se estendeu do núcleo

posterior do hipotálamo medial passando dorsalmente sobre o fórnix e chegando lateralmente

à parte peduncular do hipotálamo lateral (Figura 9E, F).

O SuM destacou-se como outra importante fonte de entradas para o IP, contendo um

número elevado de neurônios retrogradamente marcados em todas as suas subdivisões

(Figuras 9G, H; 10C). Analisamos também cortes do SuM de dois ratos (RL63, RL68), que

foram duplamente marcados para CTb por imunoistoquímica e pelo mRNA de VGLUT2

através do método de hibridização in situ. Observamos aglomerações de prata indicativos de

mRNA de VGLUT2 acumulados sobre a maioria das células CTb+ no SuM (Figura 10D).

Page 48: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

47

4.2.2 Entradas mesopontinas para o IP

No mesencéfalo rostral, alguns neurônios CTb+ podem ser observados na VTA, na parte

medial da substância negra compacta e na parte dorsal da substância cinzenta periaquedutal

(Figura 9I). Mais caudal, um grupamento característico de neurônios CTb+ foi confinado a

porção ventrolateral da substância cinzenta periaquedutal (VLPAG; Figuras 9J, K; 11A).

Alguns neurônios dispersos foram encontrados na formação reticular mesencefálica, no

campo retrorubral, ou embutidos na decussação do pedúnculo cerebelar e no lemnisco medial.

Além disso, poucos neurônios CTb+ apareceram na parte dorsocaudal do IP e na região

supralemniscal que contém o grupamento serotonérgico B9 (Figura 9J). Caudalmente, a

marcação na VLPAG persistiu e poucos neurônios CTb+ surgiram no DR (Figura 9L).

A marcação no DR exibiu um gradiente de densidade acentuada, com a marcação

retrógrada aumentando de maneira gradual em direção caudal. Assim, somente poucos

neurônios CTb+ dispersos, foram observados nas sub-regiões ventral e dorsal do DR (Figura

11A, B). Mais caudal, um grupamento característico de neurônios CTb+ surgiu nas asas

laterais (Figura 11B). Em direção caudal a densidade de neurônios CTb+ nas asas laterais

aumenta gradualmente (Figura 11C). O DRC finalmente exibiu uma marcação retrógrada

bastante robusta (Figura 11D).

O MnR, ao lado do LDTg e NI constitui uma das principais fontes de entrada para o

IP. No MnR, um grande número de neurônios CTb+ foi distribuído homogeneamente ao

longo de toda sua extensão rostrocaudal (Figura 9K-N, 14A). O núcleo paramediano da rafe

(PMnR) foi consistentemente marcado, mas continha menos neurônios que o MnR. O LDTg

se destacou por ter uma marcação retrógrada muito robusta que se estende desde o seu pólo

rostral para a sua porção mais caudal (Figuras 9N, O; 12A, B). Em contraste, poucos

neurônios foram encontrados na parte ventral do LDTg, bem como no núcleo tegmental

pedunculopontino. O núcleo tegmental póstero-dorsal estava quase livre de marcação em seu

nível rostral, mas continha alguns neurônios CTb+ em sua porção caudal. Uma marcação

retrógrada intensa foi encontrada no pequeno núcleo esferóide. Além disso, uma marcação

retrógrada robusta foi distribuída em todo o locus coeruleus (Figuras 9O; 12A-C).

Na parte compacta do núcleo incerto (NIc) foi observado uma marcação retrógrada

muito densa ao longo de toda sua extensão rostrocaudal, enquanto a marcação na sua parte

difusa (NId) se mostrou consideravelmente mais fraca (Figura 12). O NIc e o NId podem ser

facilmente reconhecidos em cortes corado pela técnica de Nissl (Figura 12D) como estruturas

acompanhando bilateralmente a linha média em um nível rostrocaudal onde os neurônios 5-

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48

HT+ tornam-se cada vez mais escassos (Figura 12F). Ainda mais caudalmente, alguns

neurônios CTb+ foram observados no núcleo interpósito da rafe e na parte dorsal do núcleo

subcoeruleus. É importante mencionar que estruturas como o DRC, MnR, LDTg e NI não

somente apresentaram uma robusta marcação de CTb retrógrada, mas também uma difusa

marcação de CTb anterógrada.

4.3 Assinatura neuroquímica das projeções do MnR e LDTg para o IP

Entretanto é bastante esclarecido que o DR e MnR/PMnR contêm além dos

neurotransmissores clássicos 5-HT e GABA, também grandes populações de neurônios com

uma assinatura neuroquímica mista serotoninérgica/glutamatérgica ou puramente

glutamatérgica (HIOKI et al., 2010; SEGO et al., 2014). Além disso, tem sido descrito

projeções não-serotoninérgicas do DR e do MnR para estruturas específicas, tais como o

hipocampo (AZNAR; QIAN; KNUDSEN, 2004; SZÖNYI et al., 2016) e VTA (QI et al.,

2014). Assim, a fim de especificar a exata assinatura neuroquímica dos neurônios do DR e

MnR/PMnR que se projetam para o IP, nós combinamos a detecção imunoistoquímica de CTb

com métodos de imunofluorescência para 5-HT e/ou VGLUT3 e também com a hibridização

in situ para GAD67 ou VGLUT3.

Em níveis rostrais/médio-rostrocaudais através do DR, neurônios duplamente

marcados para CTb/5-HT, bem como CTb/VGLUT3 foram completamente ausentes. Assim,

em cortes triplamente marcados para CTb/VGLUT3/5-HT, todos os neurônios CTb+ foram

restritos nas asas laterais do DR e simples marcados (Figura 13A). Ao combinar o

rastreamento retrógrado com CTb através do IP com a hibridização in situ para GAD67, nós

observamos que quase todos, se não todos, os neurônios CTb+ no DRL exibiram aglomerados

de partículas de prata indicativos de mRNA de GAD67 (Figura 13B).

Mais caudal, observou-se que o DRC continha poucos neurônios duplamente

marcados para CTb/5-HT (Figura 14A) e muito raramente também neurônios triplamente

marcados para CTb/5-HT/VGLUT3. Ventralmente no MnR, neurônios duplamente marcados

para CTb/5-HT ou CTb/VGLUT3 também provaram ser bastante escassos. Conforme

demostrado pelas técnicas de dupla imunofluorescência para 5-HT/VGLUT3 ou pela

combinação do rastreamento retrógrado com CTb através do IP com a técnica de hibridização

in situ para mRNA de VGLUT3, os poucos neurônios duplamente marcados para

CTb/VGLUT3 foram tipicamente encontrados perto do polo ventral do MnR (Figura 14B).

Em seguida, analisamos cortes do MnR/PMnR duplamente marcados para CTb e mRNA de

GAD67 em 2 ratos (RL67, RL68) que tiveram injeções de CTb na parte rostral do IPR.

Page 50: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

49

Observamos que mais de 68% (84 de 122 neurônios) dos neurônios CTb+ no IP também

exibiram aglomerados de partículas de prata indicativos de mRNA de GAD67 (Tabela 4,

Figura 14, C, D).

O LDTg é conhecido como outra fonte principal de entradas do IP (CONTESTABILE;

FLUMERFELT, 1981; GROENEWEGEN et al., 1986; LIMA et al., 2017; QUINA et al.,

2017) e compreende proeminentes subpopulações de neurônios colinérgicos, glutamatérgicos

e GABAérgicos (WANG; MORALES, 2009). No entanto, a exata assinatura neuroquímica

das projeções do LDTg para o IP permanece desconhecido. Para esclarecer, se o LDTg pode

proporcionar, além da MHb, outra entrada colinérgica em grande escala para o IP,

combinamos primeiro rastreamento retrógrado com CTb através do IP com a marcação de

imunofluorescência para ChAT. A semi-quantificação dessa marcação em 3 animais revelou

que uma boa parte dos neurônios CTb+ no LDTg (28.07% ± 3.36%) foi duplamente marcado

para ChAT (Tabela 5). Em seguida, analisamos cortes do LDTg duplamente marcados para

CTb e mRNA de GAD67 em 3 animais (RL63, RL67, RL68) com injeções de CTb centradas

no IPR rostral. Um exame cuidadoso desses cortes revelou que quase dois terços das células

CTb+ no LDTg continha aglomerados de partículas de prata indicativos de mRNA de GAD67

(Tabela 6).

4.4 Conexões do MnR com o IP e Hb

Especificamente para detalhar as projeções recíprocas entre o MnR e a Hb, bem como

entre o MnR e o IP, injeções de CTb (Figura 15A) e PHA-L (Figura 15B) foram feitas em

diferentes níveis ao longo do eixo rostrocaudal do MnR. As injeções de CTb analisadas no

presente estudo (RD4, RD10, RD11, RD29, RD32), variaram em tamanho, mas foram todas

confinadas ao MnR e PMnR adjacente com leve contaminação do núcleo ventral tegmental de

Gudden (VTg) em dois casos. Em geral, as injeções CTb no MnR/PMnR resultaram em uma

marcação retrógrada bastante robusta na LHb, enquanto que a MHb estava quase desprovida

de células CTb+. Além disso, confirmamos dados anteriores de rastreamento anterógrado do

nosso grupo (GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012; SEGO et al., 2014), mostrando que a

maior parte dos neurônios CTb+ na LHb foi confinada a LHbM, com alguns neurônios CTb+

adicionais presentes na LHbL. Afim de verificar se as projeções da LHb para o MnR/PMnR

são predominantemente glutamatérgicas, nós analisamos em seguida cortes da LHb de 2

animais (RD4, RD11) com injeções de CTb no MnR/PMnR que foram duplamente marcados

para CTb e mRNA de VGLUT2. Quase todas as células CTb+ observadas na LHb exibiram

aglomerados de grãos de prata indicativos de mRNA de VGLUT2 (Figura 15C).

Page 51: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

50

Em geral, as injeções de CTb no MnR ou PMnR produziram marcação retrógrada

intensa no IP abrangendo todo seu eixo rostrocaudal. Todos os subnúcleos do IP continham

neurônios CTb+, como o IPR, IPDL, IPDM e a metade lateral do IPL tipicamente exibindo

uma marcação mais proeminente. Em contraste, a marcação retrógrada de CTb foi na maioria

dos casos mais fraca na metade medial do IPL, no IPC e no IPI (Figura 15D). Nos casos com

uma injeção assimétrica de CTb no MnR/PMnR, tornou-se claro, que a projeção do IPDL para

o MnR/PMnR é predominantemente contralateral. Além disso, a marcação retrógrada de CTb

no IP foi tipicamente acompanhada de uma marcação anterógrada difusa de CTb, que se

mostrou particularmente densa no IPC. Em seguida, analisamos cortes do IP em 2 animais

(RD4, RD11) com injeções de CTb no MnR/PMnR que foram duplamente marcados para

CTb e mRNA de GAD67. A análise desses cortes sob a óptica de campo claro revelou que

mais de 55% (130 de 236) das células CTb+ em foco na superfície do tecido do IP continham

mRNA de GAD67 (Tabela 7). A metade medial do IPL (Figura 15F) claramente se destacou

por conter a maior proporção de neurônios duplamente marcados.

Por fim, analisamos as projeções do MnR para o IP e a Hb em 5 casos com injeções de

PHA-L no MnR/PMnR. Nossa descrição baseia-se principalmente em 2 casos (RD33 e RD34)

com injeções de PHA-L centradas no MnR que resultaram em uma marcação anterógrada

bastante intensa no IP e Hb. Curiosamente, os axônios vindos do MnR formaram campos

terminais densos em subnúcleos do IP, diferentes daqueles que proeminentemente inervam o

MnR (Figura 15G, compare com a Figura 15D). Assim, os axônios do MnR apresentaram

como alvo preferencial o IPC e o IPI, sendo que estes subnúcleos do IP continham uma

marcação retrógrada relativamente fraca, após injeções de CTb no MnR. Por outro lado, o

IPDM e IPL eram quase desprovidos de marcação de PHA-L, mas normalmente exibiam uma

marcação retrógrada de CTb robusta seguidos de injeções no MnR. Além disso, a marcação

de PHA-L foi mais proeminente nos dois terços caudais do IP comparado a seu terço rostral

em qual o IPR foi quase completamente desprovido de axônios PHA-L+. Na Hb, um

proeminente campo terminal ocupou a LHbM com alguns axônios adicionais observadas na

LHbL (Figura 15E). Muito raramente, observamos axônios PHA-L+ se estendendo para a

MHb. Finalmente, a porção septal do hipocampo localizado dorsal da Hb foi robustamente

inervado por axônios PHA-L+ (Figura 15E).

4.5 Conexões do LDTg com o IP e Hb

Especificamente para detalhar as projeções recíprocas entre o LDTg e a Hb, bem como

entre o LDTg e o IP, injeções de CTb (Figura 16A, 17A) e PHA-L (Figura 17B) foram feitas

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51

em diferentes níveis ao longo do eixo rostrocaudal do LDTg. Todas as injeções de CTb no

LDTg analisadas no presente estudo (RD55, RD67, RD68) envolveram principalmente a sua

divisão dorsal. Em geral, as injeções de CTb no LDTg resultaram em uma marcação

retrógrada bastante robusta na LHb, enquanto que somente ocasionalmente um neurônio

CTb+ foi achado na MHb (Figura 16B). Semelhante dos casos com injeção do CTb no MnR,

a grande maioria dos neurônios CTb+ resultantes de injeções no LDTg foi confinada a

LHbM, com alguns neurônios CTb+ adicionais presentes na LHbL e ao redor do fr (Figura.

16B).

As injeções de CTb no LDTg também produziram marcação retrógrada intensa no IP

abrangendo todo seu eixo rostrocaudal (Figura 17A, C, E). Notavelmente, a marcação de CTb

no IP foi bilateral e altamente lateralizado. Assim na porção rostral do IP, a mais intensa

marcação retrógrada foi encontrada predominantemente no lado ipsilateral numa faixa lateral

do IPR (Figura 17A), recentemente denominado núcleo interpeduncular rostrolateral (IPRL;

QUINA et al., 2017). Em contraste, em níveis mais caudais do IP, o IPDL contralateral foi o

subnúcleo mais fortemente marcado, apresentando um número de neurônios

consideravelmente maior que o IPDL ipsilateral (Figura 17C, E). Além disso, populações

menores de neurônios CTb+ foram encontrados no IPL ipsilateral, no IPR e IPC, e

bilateralmente no IPDM. De novo, a marcação retrógrada de CTb no IP foi tipicamente

acompanhada de uma marcação anterógrada difusa de CTb, que se mostrou particularmente

densa no IPDL e IPL contralateral.

Por fim, analisamos as projeções do LDTg para o IP e a Hb em 3 casos com injeções

de PHA-L no LDTg (RD52, RD65, RD75). Nesses casos, a injeção foi centrada, ou na parte

central (RD52), ou na parte ventral (RD65) do LDTg caudal, e na parte ventral do LDTg

rostral (RD75). Todas essas injeções deram origem a uma marcação somente moderada na

LHb (Figura 16D) e em uma marcação anterógrada densa e bastante focal no IP (Figura 17B,

D, F). Assim, um campo terminal muito denso foi confinado ao IPDL contralateral, enquanto

o IPDL ipsilateral continha somente poucos axônios PHA-L+ (Figura 17B, D). Ademais, um

contingente menor de axônios PHA-L+ foi observado no IPL.

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52

CTb CTb e GAD

Casos n n %

RL 67 65 44 67,69

RL 68 57 40 70,18

Total 122 84 68,85

Tabela 4. Quantificação de GAD no MnR. Análise dos casos com injeção de CTb localizada no IP, utilizando a

técnica de hibridização in situ.

CTb CTb e ChAT

Casos n n %

RL 39 164 49 36,7

RL 67 109 24 22,01

RL 68 90 23 25,5

Total 363 96 28,07

Tabela 5. Quantificação de ChAT no LDTg. Análise dos casos com injeção de CTb localizada no IP, utilizando a

técnica de imunofluorescência.

CTb CTb e GAD

Casos n n %

RL 63 82 49 59,76

RL 67 138 97 70,29

RL 68 104 68 65,38

Total 324 214 66,05

Tabela 6. Quantificação de GAD no LDTg. Análise dos casos com injeção de CTb localizada no IP, utilizando a

técnica de hibridização in situ.

CTb CTb e GAD

Casos n n %

RD 04 150 89 59,33

RD 11 86 41 47,67

Total 236 130 55,08

Tabela 7. Quantificação de GAD no IP. Análise dos casos com injeção de CTb localizada no MnR, utilizando a

técnica de hibridização in situ.

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53

Figura 8. A-F: Fotomicrografias da marcação de imunoperoxidase ilustrando injeções de CTb, centrado no IPR

rostral (caso R89; A) ou na parte dorsal (caso RL40; B) ou ventral (caso RL62; C) do IP central, assim como a

marcação retrógrada resultante na habênula (D-F). Note que a injeção no caso R89 resulta em marcação nos três

subnúcleos da MHbV e também na LHbM. Em contraste as injeções menores nos casos RL40 e RL62 resultaram

em um padrão mais seletivo com a marcação restrita a MHbVc/MHBVl (caso RL40) ou MHbVm (caso RL62),

respectivamente. G-J: Fotomicrografias da marcação de dupla imunofluorescência para CTb (verde) e ChAT

(magenta) na habênula, mostrando os dois canais sobrepostas no caso R89 (G), e os dois canais separados assim

como sobrepostas no caso RL62 (H-J). Repare que a maioria dos neurônios CTb+ na parte ventral da MHb

(MHbV) que é enriquecida em ChAT, são duplamente marcados. Escala da barra = 100 µm em A (aplica para A-

C); 150 µm em D (aplica para D-G); 50 µm em H (aplica para H-J).

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54

Figura 9. A-P. Desenhos esquemáticos de neurônios retrogradamente marcados resultantes de uma grande

injeção de CTb centrada no IPR rostral (caso R89; Figura 8A). Cada neurônio retrogradamente marcado é

representado por um ponto. As secções são ordenadas de rostral para caudal e a injeção é indicada em preto em I.

Para abreviaturas, ver lista.

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55

Figura 9. A-P. Continuação.

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56

Figura 10. A-C: Fotomicrografias ilustrando marcação de CTb no septo (A), prosencéfalo basal (B) e no núcleo

supramamilar (SuM; C). A marcação é resultante de uma injeção de CTb centralizada no IP dorsocaudal (caso

RL39, mostrado na imagem inserida em B). Note em A a robusta marcação anterógrada de CTb no septo

ventrolateral (LSV) e em B a quase ausência de marcação retrógrada nos núcleos pré-óptico lateral e medial

(LPO, MPO). Repare também que os neurônios CTb+ na HDB são não-colinérgicos (imagem inserida em B). D:

Fotomicrografia de alta resolução da marcação de CTb e VGLUT2 no SuML. A marcação de CTb é resultante de

uma injeção de CTb no IP rostral (caso RL63, mostrado na imagem inserida). Repare que os agregados de grãos

de prata indicativos de mRNA de VGLUT2 são acumulados sobre a maioria dos neurônios CTb+ (setas apontam

para exemplos). Escala da barra = 200 µm em A (aplica-se a A, B); 250 µm em C; 25 µm em D; 100 µm nas

imagens inseridas.

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57

Figura 11. A-D: Fotomicrografias ilustrando a marcação de CTb em quatro níveis consecutivos ao longo do eixo

rostrocaudal do núcleo dorsal da rafe (DR). A marcação de CTb resulta de uma injeção de CTb no IPR rostral

(caso R89; Figura 8A). Repare o proeminente gradiente rostrocaudal na densidade dos elementos CTb+ no DR,

com a marcação retrógrada e anterógrada aumentado em direção caudal. Escala da barra = 100 µm em A (aplica

para A – D).

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58

Figura 12. A-C: Fotomicrografias de campo claro ilustrando a marcação de CTb em três níveis consecutivos ao

longo do eixo rostrocaudal do tegmento dorsal. A marcação é resultante de uma injeção de CTb centrada no IPR

rostral (caso R89; Figura 8A). Note a proeminente marcação retrógrada no NIc e no núcleo tegmental

laterodorsal (LDTg). D: Corte corado pela técnica de Nissl ilustrando a citoarquitetura em um nível rostrocaudal

entre A e B. E: Dupla imunofluorescência para 5-HT (verde) e CTb (magenta) a partir de um nível em um nível

rostrocaudal entre C e E. Repare a escassez de neurônios 5-HT+ nesse nível. Escala da barra = 200 µm em A

(aplica para A – C), 100 µm em D; 50 µm E.

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59

Figura 13. Fotomicrografia de tripla-imunofluorescência para CTb (vermelho), VGLUT3 (verde), e 5-HT (azul)

no DR (A) e ChAT (vermelho), CTb (verde) e 5-HT (azul) no DRC e LDTg (C). A marcação de CTb é resultante

de uma injeção de CTb centrada na parte dorsocaudal do IP (caso RL39; inserção na Figura 10B). Repare em A

que neurônios CTb+ no DR estão principalmente restritos ao DRL e são todos não-serotoninérgicos/não-

glutamatérgicos. Repare em C que muitos neurônios CTb+ no LDTg são colinérgicos (exemplos indicados por

setas). Fotomicrografias da marcação de CTb e mRNA de GAD67 no DR (B) e LDTg (D). As setas apontam

para exemplos de neurônios CTb+ que expressam GAD67 e os asteriscos marcam o mesmo sítio nas fotografias

de baixa e alta resolução. Escala da barra = 100 µm em A, B, C; 20 µm nas inserções.

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60

Figura 14. A, B: Fotomicrografias ilustrando marcações de dupla imunofluorescência para 5-HT (verde) e CTb

(magenta, A) ou VGLUT3 (verde) e CTb (magenta, B) no DRC/MnR. A marcação de CTb em A é resultante de

uma injeção na parte rostral do IPR (caso R89; Figura 8A) e aquela em B de uma injeção centralizada na parte

dorsocaudal do IP (caso RL39; Figura 10B). Repare que apenas poucos neurônios CTb+ no DRC/MnR são

duplamente marcados para 5-HT (setas em A) ou VGLUT3 (pontas de seta em B). A imagem inserida em B

ilustra um exemplo de um neurônio duplamente marcado para CTb e VGLUT3 mRNA. C, D: Fotomicrografias

da marcação de CTb e GAD67 mRNA no MnR/PMnR. A marcação de CTb é resultante de uma injeção na parte

rostral do IPR (caso RL 68; imagem inserida). Repare que os agregados de grãos de prata indicativos de mRNA

de GAD67 são acumulados sobre muitos dos neurônios CTb+ (exemplos indicados pelas setas). Os asteriscos

indicam o mesmo sítio nas fotografias de baixa e alta resolução. Escala da barra = 150 µm em A; 20 µm em B;

100 µm em C e na inserção; 25 µm em D.

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61

Figura 15. Fotomicrografias ilustrando marcação de CTb e PHA-L resultantes de injeções no MnR/PMnR. A, B:

Injeções representativas de CTb (A) ou PHA-L (B) no MnR/PMnR. C: Marcação de CTb e mRNA de VGLUT2

na Hb. Repare que a maioria dos neurônios CTb+ se encontram na LHbM e contêm mRNA de VGLUT2

(imagem inserida). D, F: Marcação de CTb (D) e CTb/ transcrito do GAD67 (F) no IP. Repare que grãos de

prata são acumulados sobre quase todos os neurônios CTb+ no IPL. E, G: Marcação de PHA-L na

LHb/hipocampo (E) e no IP (G). Repare em E que a maioria dos axônios vindos do MnR estão confinados à

LHbM. Observe em G, comparando com D, que a marcação de PHA-L no IP evita os subnúcleos IPDM e IPL,

que contêm uma marcação retrógrada robusta seguidos de injeções de CTb no MnR. Escala da barra = 500 µm

em A (aplica-se a A, B); 150 µm em C (aplica-se a C, D, E, G); 25 µm em F e 10 µm nas imagens inseridas.

Page 63: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

62

Figura 16. Fotomicrografias ilustrando a marcação de CTb (B) e PHA-L (D) na Hb resultantes de injeções de

CTb (A) ou PHA-L (C) no LDTg. Repare em A que a injeção de CTb é centrada na parte dorsal do LDTg

caudal, enquanto em C a injeção de PHA-L é centrado na parte ventral do LDTg rostral. Repare em C que a

maioria dos neurônios CTb+ resultantes de injeções no LDTg se encontram na LHbM, com alguns neurônios

CTb+ adicionais presentes na LHbL e ao redor do fr. Note em D que os axônios PHA-L+ inervam uma região

mais lateral do LHbM que aquela que dá origem as projeções para a LHb. Escala da barra = 200 µm em A

(aplica para A – D).

Page 64: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

63

Figura 17. Fotomicrografias ilustrando marcação de CTb (A, C, E) e PHA-L (B, D, F) em três níveis

consecutivos ao longo do eixo rostrocaudal do IP. A, B (imagens inseridas): Injeções de CTb (A) ou PHA-L (B)

no LDTg que deram origem a marcação mostrado em A-F. Repare que a projeções entre IP e LDTg são

altamente lateralizados. Assim, a marcação retrógrada de CTb mais intensa é encontrada numa faixa lateral do

IPR ipsilateral (indicado por asterisco branco em A), enquanto no lado contralateral se destaca a intensa

marcação no IPDL (indicado por asterisco preto em B). Note também a intensa marcação focal de terminais

PHA-L+ no IPDL contralateral (B, D, inserção em D) enquanto o IPDL ipsilateral contém somente poucos

axônios PHA-L+. Escala da barra = 200 µm em A (aplica-se para A – F) e 100 µm nas imagens inseridas em A e

B, e 10 µm em D.

Page 65: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

64

5 DISCUSSÃO

No presente estudo, investigamos através de traçadores anterógrado e retrógrado

combinado com técnicas de imunoistoquímica e hibridização in situ as conexões aferentes e

eferentes do IP, bem como a assinatura neuroquímica de algumas de suas principais entradas e

saídas. Os principais resultados do nosso estudo são mostrados em resumo na Figura 18. Em

geral, verificamos que todos os subnúcleos do IP contribuem para as projeções descendentes

do IP, tendo como alvos principais o MnR, o DRC, o NI, e o LDTg, enquanto as projeções

ascendentes do IP para o SuM, a LHb, o LSV, e o hipocampo ventral são principalmente

oriundas da parte dorsocaudal do IP. Resumindo, os nossos resultados sublinham que além de

receber uma entrada dominante da MHb, a principal característica das conexões do IP são

robustas interligações recíprocas com uma rede de núcleos da linha média. Essas estruturas

incluem o MnR, o NI, o SuM e o septo, todas consideradas estruturas-chave na regulação da

atividade teta do hipocampo. Além disso, observamos que as fortes conexões bidirecionais

entre o IP e o MnR são na sua maioria oriundas de neurônios GABAérgicos e que as

projeções do MnR são sobretudo direcionadas a subnúcleos do IP, diferentes daqueles que

emitem as mais proeminentes saídas para o MnR. Finalmente, revelamos que as projeções do

LDTg para o IP são predominantemente GABAérgicas e colinérgicas. Nossos resultados serão

discutidos dando referência a um papel funcional do IP 1.) como núcleo relé entre as duas

divisões principais da habênula e o hipocampo, 2.) como uma região associada a uma rede de

estruturas da linha média envolvida no controle do ritmo teta do hipocampo e 3.) com respeito

a importância das interconexões do IP com o MnR e LDTg para a resposta comportamental à

nicotina.

Page 66: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

65

Figura 18. Diagrama esquemático das principais conexões aferentes e eferentes da Hb e IP, destacando as fortes

conexões recíprocas do IP com estruturas consideradas moduladoras-chave da atividade teta hipocampal

(indicada por letras azuis). Este diagrama é baseado em conexões exploradas neste estudo ou estudos anteriores

do nosso grupo (linhas sólidas) e dados da literatura (linhas tracejadas). Observe que o diagrama é altamente

simplificado. Assim, algumas das conexões aqui descritas como unilaterais são bidirecionais e existem ricas

interconexões entre a maioria das estruturas mesopontinas e mesencefálicas incluídas nesse diagrama. Por razões

de simplicidade, essas conexões não são mostradas. Observe também que enquanto as projeções da LHbM para

o tegmento pontino e os núcleos da rafe são todas glutamatérgicas, as projeções de volta dessas estruturas para a

LHb muitas vezes exibem uma assinatura neuroquímica mista e ainda não completamente determinada. Esquema

parcialmente adaptado de Hikosaka (2010), Gonçalves, Sego e Metzger (2012), Lima et al. (2017). Para

abreviações, veja a lista.

5.1 Considerações metodológicas

Uma limitação inerente para a interpretação dos resultados de um estudo de

rastreamento neural é o potencial de captação e transporte dos traçadores neuronais

retrógrados e anterógrados por fibras de passagem lesadas que passam pelos locais de

injeções (CLIFFER; GIESLER, 1988; LUPPI et al., 1995). A necrose acentuada no local de

injeção tem sido considerada como a principal causa de captação do traçador por fibras de

passagem (DADO et al., 1990; LUPPI et al., 1995). No entanto, o IP é um núcleo bem

delimitado contido numa cápsula, e não é atravessado por outros proeminentes tratos de

fibras. Além disso, no presente estudo, PHA-L e CTb na maioria dos casos, foram injetados

por iontoforese usando corrente pulsada, a fim de minimizar o desenvolvimento de calor e

consequente dano tecidual próximo as pontas das pipetas (LUPPI et al., 1990). Todavia, não

podemos excluir totalmente que alguma captação de PHA-L ou CTb tenha ocorrido por fibras

de passagem lesadas.

Page 67: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

66

Um problema metodológico severo foi observado em nossos experimentos

combinados de rastreamento retrógrado com CTb com hibridização in situ usando sondas

radioativas. Assim em algumas regiões, como o DRC e o NI encontramos uma robusta

marcação retrógrada de CTb sendo fortemente misturados com uma também densa marcação

anterógrada de CTb. Isso muitas vezes tornou inviável de reconhecer sem dúvida limites

celulares e assim atribuir as aglomerações de prata resultantes das hibridizações a distintos

neurônios CTb+. Por exemplo, no NI foram detectados vários neurônios CTb+ exibindo

aglomerados de grãos de prata indicativos de mRNA de GAD67 ou VGLUT2. Porém, devido

ao fato descrito acima, não foi possível de realizar uma análise sistemática das células

duplamente marcadas nessas regiões.

5.2 Comparações gerais dos nossos resultados com aquelas de estudos anteriores

Os resultados obtidos até o presente momento estão de acordo com os resultados de

estudos pioneiros de rastreamento neural que examinaram as conexões aferentes

(CONTESTABILE; FLUMERFELT, 1981; SHIBATA; SUZUKI; MATSUSHITA, 1986) e

eferentes do IP (GROENEWEGEN et al., 1986). No entanto, desde então, novos núcleos têm

sido descritos ou núcleos existentes foram subdivididos em compartimentos funcionalmente

distintos, levando a novos conceitos sobre a estrutura e função de diversas regiões do cérebro

(ver, GEISLER; ZAHM, 2005). A afirmação inicial se aplica ao NI, que foi somente delineada

de forma convincente por Goto, Swanson e Canteras (2001) e Olucha-Bordonau et al. (2003).

Além disso, atualmente existe amplo consenso que a Hb (ANDRES; VON DURING; VEH,

1999; GEISLER; ANDRES; VEH, 2003; AIZAWA et al., 2012; WAGNER; STROH; VEH,

2014) e os núcleos da rafe (COMMONS; CONNOLLEY; VALENTINO, 2003; HIOKI et al.,

2010; CALIZO et al., 2011; SEGO et al., 2014) são estruturas altamente heterogêneas,

compostos por várias sub-regiões contendo populações neuronais distintas. Assim, uma vez

que os núcleos da rafe, a Hb e o NI são pilares da conectividade do IP e são os focos deste

estudo, os nossos resultados contribuem com novos aspectos importantes aos estudos

pioneiros citados acima.

Em contraste com a descrição clássica de Groenewegen et al. (1986), que utilizaram

aminoácidos radioativos ou conjugado aglutinina do germe de trigo-peroxidase do rábano

silvestre (WGA-HRP) como traçadores anterógrados, o uso de PHA-L nos permitiu de

distinguir claramente entre campos terminais e fibras de passagem. Ademais, algumas de

nossas injeções de PHA-L ou CTb foram pequenas o suficiente de propiciar conclusões bem

fundamentadas sobre a topografia de algumas entradas e saídas do IP. Por exemplo, as

Page 68: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

67

projeções da MHb para o IP têm sido descritas em bastante detalhe através de estudos de

rastreamento neural (CONTESTABILE; FLUMERFELT, 1981; KIM, 2009),

imunoistoquímica (CONTESTABILE et al., 1987) ou distintos ensaios em camundongos

geneticamente modificados (QUINA et al., 2009; REN et al., 2011; HSU et al., 2013, 2014;

BROMS et al., 2014; SHIH et al., 2014; FRAHM et al., 2015). Em conjunto, esses estudos

destacaram que, enquanto que o IPL e o teto dorsal do IP são na primeira linha inervados por

neurônios da MHbD usando glutamato e substância P, todo o restante do IP é inervado por

neurônios da MHbV que co-liberam glutamato e acetilcolina (para uma revisão ver,

ANTOLIN-FONTES et al., 2015). No entanto, apesar da riqueza de informações sobre as

projeções diferenciadas da MHbD e MHbV para o IP, pouco se sabe sobre as projeções

específicas dos distintos subnúcleos, recentemente delineados dentro da MHbD e MHbV

(AIZAWA et al., 2012; WAGNER; STROH; VEH, 2014). A este respeito, nossos resultados

de rastreamento retrógrado demonstram que os subnúcleos IPC e IPI na parte ventral do IP

são seletivamente inervados pela MHbVm, enquanto a MHbVc e MHbVl inervam

principalmente o grupo dorsal dos subnúcleos do IP.

5.3 O IP como elo entre as duas divisões da habênula e o hipocampo

É importante ressaltar que nossos resultados de rastreamento anterógrado especificam

que as projeções ascendentes do IP são quase exclusivamente oriundas da parte dorsocaudal

do IP, formando proeminentes campos terminais focais no SuM, na LHbM, no LSV e no

hipocampo ventral. A primeira observação está conforme com os resultados de estudos

anteriores de rastreamento retrógrado, indicando que a maior parte dos neurônios

retrogradamente marcados resultantes de injeções no hipocampo ou no septo foram restritas

ao IPA, com muito poucos neurônios adicionais encontrados no IPL (GROENEWEGEN;

STEINBUSCH, 1984; MONTONE; FASS; HAMILL, 1988). No que diz respeito à estudos

anteriores de rastreamento anterógrado, o SuM e o LSV já foram descritos como alvos

importantes do IP por Groenewegen et al. (1986), enquanto somente projeções mínimas do IP

para a LHb e o hipocampo ventral têm sido descritas. Porém, as projeções do IP para a LHb e

o hipocampo ventral podem ser altamente relevantes, uma vez que proporcionam uma via de

ligação indireta entre a MHb e a LHb, e também entre a Hb e o hipocampo. Embora, que uma

parte dos axônios da MHb atravessam a LHb (KIM; CHANG, 2005), conexões intrínsecas

entre MHb e LHb nunca foram demonstradas de forma convincente. Nossos resultados

indicam que o IP pode ser um elo pelo qual informação vinda da MHb é transmitida para a

LHb. Por sua vez, conforme com nossos dados atuais de rastreamento retrógrado, vários

Page 69: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

68

estudos de rastreamento anterógrado (KIM, 2009; GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012;

QUINA et al., 2015) têm demonstrado uma entrada bastante focal da LHbM para o IP. Assim,

nossos dados providenciam mais evidências para uma alça de retroalimentação entre a LHbM

e o IP e também sugerem que informações vindas da MHb e da LHbM podem ser acopladas e

integradas no IP.

Os resultados de vários estudos evidenciaram que a LHb é funcionalmente acoplada ao

hipocampo dorsal e também sugerem um envolvimento da LHb no processamento da

memória espacial (LECOURTIER; NEIJT; KELLY, 2004; GOUTAGNY et al., 2013;

MATHIS et al., 2015). Além disso, estudos recentes revelaram um elevado grau de sincronia

entre a LHb e o hipocampo dorsal e revelaram que lesões da LHb reduzem as oscilações teta

do hipocampo (AIZAWA et al., 2013; GOUTAGNY et al., 2013). No entanto, até o momento

nenhuma ligação direta entre Hb e hipocampo tem sido mostrado, ficando obscuro como a

LHb pode modular a atividade hipocampal. A saída direta do IP para o hipocampo

demonstrado aqui, indica que o IP pode ser um dos relés pelo qual informações vindas da

MHb e LHb podem chegar ao hipocampo. No entanto, é bem conhecido que o processamento

da memória espacial ocorre preferencialmente no hipocampo dorsal (MOSER; MOSER;

ANDERSEN, 1993; ROYER et al., 2010), enquanto o hipocampo ventral está mais

relacionado ao estresse, a emoção e ao afeto (FANSELOW; DONG, 2010; O'LEARY;

CRYAN, 2014). Assim, é sugestivo especular que a função da projeção focal do IP para o

hipocampo ventral seria de transmitir informações sobre eventos aversivos processadas na

LHb, e também na MHb, para o hipocampo. Conforme com isso, os resultados de um estudo

recente de rastreamento retrógrado transsináptico mostraram que a MHb é ligada através de

uma via bi-sináptica com o hipocampo ventral, provavelmente através de um relé na parte

dorsal do IP (OHARA et al., 2013).

Por outro lado, é bastante aceitável que a LHb pode influenciar o processamento da

memória espacial e a atividade teta do hipocampo, indiretamente através do MnR. De acordo

com isto, foram mostradas projeções focais diretas da LHbM para o MnR (BEHZADI et al.,

1990; SEGO et al., 2014), que por sua vez, inerva principalmente o hipocampo dorsal

(VERTES; FORTIN; CRANE, 1999). Além disso, foi demonstrado por Aizawa et al. (2013)

que o efeito inibitório de lesões na LHb sobre as oscilações teta do hipocampo depende de um

MnR intacto. Ademais, nesse estudo, a maior parte dos neurônios da LHb com atividade

síncrona foi encontrado na LHbM. Ao todo, nossos dados ilustram como informações vindas

da LHb e MHb podem ser transmitidas para o hipocampo. Eles ainda reforçam que a LHbM

Page 70: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

69

possui um conjunto de conexões diferenciadas comparada à LHbL (HERKENHAM; NAUTA,

1977; GONÇALVES; SEGO; METZGER, 2012; SEGO et al., 2014).

5.4 O IP como uma parte associada de uma rede de estruturas da linha média envolvido

no controle do ritmo teta do hipocampo

A atividade teta do hipocampo (4-12 Hz) é um dos ritmos mais regulares do cérebro

que pode ser facilmente registrada no eletroencefalograma durante a atividade locomotora

voluntária, estados cerebrais associadas ao alerta, e durante o sono REM. A atividade teta é

controlada por uma rede neuronal que se estende do tronco cerebral para o prosencéfalo, com

a parte oral do núcleo reticular pontino (PNO), o SuM e o complexo septo medial/núcleo da

banda diagonal (MS/DB) consideradas peças chaves para a indução, e o MnR para a

interrupção do ritmo teta (para revisão ver, VINOGRADOVA, 1995; VERTES; KOCSIS,

1997; PAN; MCNAUGHTON, 2004; ORZEŁ-GRYGLEWSKA; MATULEWICZ;

JURKOWLANIEC, 2015). Embora os mecanismos exatos ainda não estejam bem

esclarecidos, há indícios de que as oscilações teta desempenham um papel importante em

processos de neuroplasticidade hipocampal, subjacentes a funções de memória e orientação

espacial (HUERTA; LISMAN, 1993; BUZSÁKI, 2002; HASSELMO, 2005; HASSELMO;

STERN, 2014). Porém, até o momento, existem somente relatos isolados na literatura que

ligam o eixo MHb/IP com a modulação da atividade teta. Assim, tem sido demonstrado que

lesões do FR (VALJAKKA et al., 1998) e perda de um fator de transcrição no IP (FUNATO et

al., 2010) reduzem as fases REM do sono e modulam a banda da atividade teta.

De forma importante, nossos resultados obtidos sublinham que o IP é robustamente

interligado de forma recíproca com estruturas tradicionalmente consideradas como

reguladores-chave da atividade teta do hipocampo, tais como o SuM, MS/DB e MnR. Além

disso, eles demonstram ligações bilaterais entre o IP e estruturas que só recentemente foram

reconhecidas como moduladores do ritmo teta, como o NI (NUÑEZ et al., 2006; MA et al.,

2009; MARTÍNEZ-BELLVER et al., 2015) e a LHb (AIZAWA et al., 2013; GOUTAGNY et

al., 2013). Ao todo, isso sugere um papel mais amplo do IP na modulação do ritmo teta do que

anteriormente relatado que deve em estudos futuros também sendo investigado através de

técnicas farmacológicas e eletrofisiológicas.

Conexões recíprocas do IP com o SuM já foram descritas anteriormente (SHIBATA;

SUZUKI; MATSUSHITA, 1986; GROENEWEGEN et al., 1986). Nós mostramos aqui que a

maioria dos neurônios que se projetam do SuM para o IP exibem um fenótipo glutamatérgico.

Entretanto, são necessários estudos mais profundas para detalhar o exato fenótipo das

Page 71: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

70

projeções do SuM para o IP, uma vez que foi demonstrado que os axônios do SuM que

inervam o hipocampo apresentam um fenótipo GABAérgico, glutamatérgico ou misto

(SOUSSI et al., 2010). Nossos dados de rastreamento anterógrados indicam que o IPA

contribui mais para as projeções do IP para o SuM. Esse achado está bem alinhado com os

dados de Kiss et al. (2002), que descreveram que os neurônios retrogradamente marcados

resultantes de injeções no SuM, foram em sua maioria confinados ao IPA.

Nossos resultados obtidos com traçadores anterógrados em relação às projeções do IP

para o septo são mais difíceis de conciliar com um papel do IP na modulação do ritmo teta,

uma vez que encontramos a marcação anterógrada concentrada no LSV e não no MS/DB, que

é tradicionalmente visto como a principal região marca-passo da atividade teta hipocampal

(PETSCHE; STUMPF; GOGOLAK, 1962). No entanto, foi proposto que não apenas o

MS/DB, mas toda a rede neural que liga o hipocampo com o septo medial e lateral seja

envolvido na gênese do ritmo teta (NERAD; MCNAUGHTON, 2006). Assim, estudos

anteriores mostraram que as saídas septais para a MHb são primariamente oriundas do septo

posterior (SPERLÁGH et al., 1998; YAMAGUCHI et al., 2013). Os dados do presente estudo

mostrando projeções focais do IP para o LSV, indicam a existência de um tipo de circuito de

retroalimentação, ligando a MHb através do IP com o septo. De forma notável, o septo lateral

é tradicionalmente visto como uma parte importante dos circuitos envolvidos na sinalização

de eventos aversivos no cérebro (SHEEHAN; CHAMBERS; RUSSELL, 2004) e tem sido

mostrado funcionalmente ligado a Hb (MIRRIONE et al. 2014) e hipocampo ventral

(CALFA; BUSSOLINO; MOLINA, 2007). Confirmamos os achados de estudos de

rastreamento retrógrado anteriores (CONTESTABILE e FLUMERFELT, 1981; SHIBATA;

SUZUKI; MATSUSHITA, 1986), descrevendo uma entrada robusta direta do MS/DB para o

IP. No entanto, em contraste com estudos anteriores (por exemplo, ALBANESE;

CASTAGNA; ALTAVISTA, 1985), descobrimos que a grande maioria dos neurônios que se

projetam do IP para o MS/DB são não-colinérgicos. Essa discrepância pode ser devido ao fato

de que a acetilcolinesterase, que é muito menos específica que a ChAT, foi usada como

marcador para um fenótipo colinérgico nesses estudos anteriores. Mais uma vez, o fenótipo

exato do neurotransmissor usado pelas projeções do MS/DB ainda precisa ser esclarecido.

Nossos achados também fortemente enfatizam que conexões recíprocas com o NI é

outra característica marcante da conectividade do IP. Conexões bidirecionais entre IP e NI já

foram documentadas em estudos anteriores de rastreamento neural (HAMILL;

JACOBOWITZ, 1984; GROENEWEGEN et al. 1986; SHIBATA; SUZUKI; MATSUSHITA,

1986). No entanto, naquela época, o NI ainda não era muito caracterizado e diferenciado de

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71

outras estruturas circundantes do tegmento dorsal. Assim, nos relatos de Hamill e Jacobowitz,

(1984) e Shibata, Suzuki e Matsushita (1986), o NI foi, provavelmente, confundido com o

núcleo esferoide. Funcional e anatomicamente, o NI está altamente integrado em circuitos que

regulam a ativação cerebral e a motivação (GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001;

OLUCHA-BORDONAU et al., 2003; SANCHEZ-PEREZ et al., 2015). É importante ressaltar

que nossos achados sublinham que o IP, o NI (GROENEWEGEN et al. 1986; SHIBATA;

SUZUKI; MATSUSHITA, 1986), e o MnR, (BEHZADI et al., 1990; VERTES; FORTIN;

CRANE, 1999) apresentam um conjunto semelhante de conexões robustas bilaterais com

núcleos-chave envolvidos na indução do ritmo teta, como o SuM e MS/DB. Embora, no caso

do septo, as projeções do IP para essa estrutura sejam diferentes daquelas oriundas do NI e

MnR, uma vez que os axônios do IP inervam principalmente o LSV, enquanto o MnR

(VERTES; FORTIN; CRANE, 1999) e o NI (GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001)

projetam com maior destaque para o MS. Estudos combinando lesões, registros

eletrofisiológicas (NUÑEZ et al., 2006), e rastreamento neural (TERUEL-MARTÍ et al.,

2008) caracterizaram o NI como um elo entre o PnO e o MS/DB. Devido a este conjunto

único de conexões, NI é considerado uma estrutura relé que integra a ativação

comportamental com o ritmo teta hipocampal (RYAN et al., 2011; MA; GUNDLACH, 2015;

MARTÍNEZ-BELLVER et al., 2015). No entanto, tem sido proposto que o NI não está

envolvido apenas na ativação comportamental, mas também na esquiva ativa, com entradas

do IP e do MnR exercendo influência inibitória sobre o NI (GOTO; SWANSON;

CANTERAS, 2001). A LHb é considerada uma estrutura chave envolvida na esquiva ativa

(HIKOSAKA, 2010; STAMATAKIS; STUBER, 2012). Visto que o NI recebe entradas

robustas diretas da LHbM (GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001), a entrada maciça do IP

para o NI pode fornecer informações adicionais de valência negativa para o NI, indiretamente

através do eixo do septo caudal/MHb/IP. Esta informação pode então ser integrada no NI para

evitar, de forma adaptativa, riscos potenciais (ver também, AMO et al., 2014).

No geral, o caráter bidirecional distinto das conexões do IP com estruturas como o NI,

MnR, SuM e septo, bem como as ricas interconexões recíprocas entre os últimos (por

exemplo, VERTES, 1988, 1992; VERTES; FORTIN; CRANE, 1999; GOTO; SWANSON;

CANTERAS, 2001), fortemente suportam uma hipótese recentemente postulado por Sanchez-

Perez et al. (2015, p. 565). Esclarecendo as conexões bilaterais entre NI e septo, esses autores

concluíram que: “Processos neurais e os comportamentos associados, iniciados ou modulados

por mudanças no ritmo teta do hipocampo, dependem provavelmente de conexões recíprocas

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72

entre vias ascendentes e descendentes, em vez da regulação unidirecional através do septo

medial”.

5.5 Topografia das projeções entre o IP e o DR

O DR e MnR já foram descritos em estudos anteriores como sendo importantes fontes

de entradas (CONTESTABILE e FLUMERFELT, 1981; SHIBATA; SUZUKI;

MATSUSHITA, 1986), bem como os principais alvos (GROENEWEGEN et al., 1986) do IP.

No entanto, a exata topografia e assinatura neuroquímica das conexões recíprocas entre o IP e

DR permaneceram largamente inexploradas. Destacamos aqui a existência de um gradiente

nítido rostro-caudal em relação à densidade de marcação das conexões bidirecionais entre o IP

e DR, destacando o DRC como principal fonte e alvo do IP. De acordo com isso,

Groenewegen et al. (1986) já descreveram o DRC como a sub-região do DR, sendo mais

fortemente marcado após injeções de traçador anterógrado no IP.

É importante ressaltar que as conexões diferenciais do DRC descritas aqui fornecem

evidências substanciais adicionais de que o DRC é consideravelmente distinto dos dois terços

rostrais do DR (ver também, GONÇALVES et al., 2009; GONÇALVES; SEGO; METZGER,

2012; SEGO et al., 2014). A este respeito, com base em uma análise de dados publicados na

internet (Allen Institute for BrainScience. Allen Mouse Brain Connectivity Atlas [Inter-net].

Disponível em: http://connectivity.brain-map.org/;RRID:nlx_146253) (Oh et al., 2014)

mostrando que o DRC compartilha mais conexões com o MnR do que com o DR, Commons

(2015, 2016) propôs recentemente que faz mais sentido afiliar o DRC (grupamento B6) com o

MnR (grupamento B8) do que com o DR rostral (grupamento B7). Em sintonia com isso,

agora há claras evidências de que o DR e MnR inervam (VERTES; FORTIN; CRANE, 1999;

MUZERELLE et al., 2016), e também recebem projeções (OGAWA et al., 2014; POLLAK

DOROCIC et al., 2014), de um conjunto diferencial de estruturas cerebrais. Além disso,

também em termos de origem embrionária, o DRC está mais relacionado com o MnR do que

com o DR rostral (ALONSO et al., 2013). Argumentando que o DRC e a MnR estão

intimamente ligados à LHbM (BEHZADI et al., 1990; SEGO et al., 2014), Commons (2015)

propôs que ambas fazem parte de circuitos que influenciam o grau de excitação e processos de

aprendizagem, particularmente sob condições aversivas.

Em geral, nossos resultados corroboram bem com essas suposições, detalhando

que ambos, o DRC e o MnR, comparado a parte rostral do DR, exibem conexões bilaterais

muito mais robustas com o IP. Além disso, nossos resultados indicam que informações

aversivas podem ser transmitidas para o MnR/DRC também através do eixo MHb/IP. No

Page 74: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

73

entanto, resta esclarecer se, em termos hodológicos, há uma transição brusca entre o DR

rostral e o DRC ou, como indicado pelos nossos resultados, uma transição gradual ao longo

do eixo rostrocaudal do DR.

Nós também especificamos que nos dois terços rostrais do DR, os neurônios que

aferentam o IP, consistem exclusivamente de neurônios GABAérgicos localizados no DRL.

De forma recíproca, nessa porção rostral do DR, a maioria dos axônios oriundos do IP tem

também o DRL como principal alvo. De forma notável, foi demonstrado que neurônios

serotoninérgicos e GABAérgicos do DRL são ativados pela nicotina aguda (ver Figura 8 em

SPERLING; COMMONS, 2011) e que circuitos GABAérgicos no DRL são seletivamente

alterados seguido estresse social (CRAWFORD; RAHMAN; BECK, 2013). Ao todo, nossos

achados fornecem novas evidências de que o DR é uma estrutura altamente heterogênea

composta de várias sub-regiões que contém subpopulações neuronais distintas que diferem

em relação a sua assinatura neuroquímica, suas projeções, e propriedades eletrofisiológicas

(para exemplo, COMMONS; CONNOLLEY; VALENTINO, 2003; HIOKI et al., 2010;

CALIZO et al., 2011; HALE; LOWRY, 2011, para mais citações ver, SEGO et al., 2014).

5.6 Organização dos circuitos entre Hb, IP e MnR/DRC e LDTg considerações

funcionais

Existe atualmente amplo consenso de que o eixo MHb-IP desempenha um papel chave

na mediação das propriedades aversivas da nicotina e comportamentos de abstinência (para

revisões, ver ANTOLIN-FONTES et al., 2015; FOWLER; KENNY, 2014; JACKSON et al.,

2015). Assim, nAChRs distintos provaram mediar as principais respostas à nicotina por meio

de mecanismos que incluem a facilitação pré-sináptica da liberação de glutamato pelos

axônios MHb no IP (FRAHM et al., 2015), e a regulação da atividade do marcapasso dos

neurônios colinérgico na MHbV (GÖRLICH et al., 2013), que são notavelmente capazes de

co-liberar acetilcolina e glutamato no IP através de diferentes modos de transmissão (REN et

al., 2011).

Porém, enquanto é bem documentado que as manifestações somáticas de abstinência

de nicotina são primariamente mediadas pelo eixo MHb-IP (SALAS et al., 2009; ZHAO-

SHEA et al., 2013), muito menos se sabe sobre as estruturas que contribuem para as

consequências afetivas da retirada da nicotina, incluindo o aumento da ansiedade (DAMAJ;

KAO; MARTIN, 2003; JACKSON et al., 2015). Candidatos promissores apontados em nosso

trabalho como alvos principais do IP, são o MnR/DRC e o LDTg. O MnR e DRC foram

apontados em experimentos farmacológicos/comportamentais, usando o marcador de

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74

atividade neural c-Fos como aqueles distritos da rafe seletivamente envolvidos na regulação

da ansiedade (SPIACCI; COIMBRA; ZANGROSSI, 2012; ANDRADE et al., 2013).

Conforme com isso, vários estudos genéticos em peixes zebras (AGETSUMA et al., 2010;

AMO et al., 2014) e camundongos (YAMAGUCHI et al., 2013; SORIA-GÓMEZ et al., 2015;

ZHANG et al., 2016) implicaram recentemente o eixo MHb-IP, e também o eixo LHb-MnR,

na regulação da ansiedade e do medo. Assim, embora MHb e LHb exibam um conjunto de

conexões bastante diferenciada, esses estudos fornecem evidências adicionais que ambos os

complexos nucleares da Hb desempenham um papel importante na regulação do

comportamento (BENARROCH, 2015) e estão particularmente envolvidos no enfrentamento

de condições aversivas (AMO et al., 2014; ZHANG et al., 2016).

Com relação ao IP, Zhao-Shea et al. (2013) revelaram que principalmente seus

neurônios GABAérgicos são ativados durante a retirada da nicotina. Evidências adicionais

para um papel importante de mecanismos GABAérgicos na retirada da nicotina foram

fornecidos por Hsu et al. (2013), mostrando que a subunidade 5 de nAChR é fortemente

expressa em um subgrupo de neurônios GABAérgicos no IP, alguns deles projetando para o

MnR e também em populações neuronais GABAérgicas nas principais regiões alvos do IP

incluindo o MnR/DRC. Assim, em absoluta concordância com essas descobertas recentes e

um papel potencial para a alça IP-MnR na mediação dos efeitos ansiolíticos da nicotina, nós

determinamos em nosso trabalho que, tanto no IP quanto no MnR, principalmente neurônios

GABAérgicos dão origem às robustas conexões bidirecionais entre eles. Ademais, nossos

resultados em relação à diversidade de neurotransmissores no DR e MnR/PMnR, incluindo a

abundância de neurônios GABAérgicos observada no MnR/PMnR, estão bem de acordo com

descrições recentes na literatura (HIOKI et al., 2010; SOS et al., 2017, para uma discussão

detalhada sobre essa diversidade, ver SEGO et al., 2014).

Em relação às interconexões do IP com o LDTg, nossos dados são perfeitamente em

acordo com um recente estudo de rastreamento viral de Quina et al. (2017). Assim como esse

estudo, nós mostramos que o as projeções entre IP e LDTg exibem uma lateralização

intrigante e envolvem principalmente o IPDL contralateral e a parte dorsal do IPR.

Notavelmente, Wolfman et al. (2018) recentemente revelaram em um elegante estudo

optogenético que o LDTg também participa nos efeitos aversivos da nicotina. Assim, esses

autores demonstraram que as projeções do IP para o LDTg são GABAérgicas e que a

estimulação optogénetica dessa via elícita comportamento de esquiva. Ademais, somente altas

doses de nicotina ativam a via IP – LDTg e provocam respostas aversivas, fortemente

indicando que essa via especificamente contribua na mediação dos efeitos aversivos da

Page 76: DÉBORA NUNES MARTINS BUENO Conexões aferentes e …

75

nicotina. Em nosso estudo, mostramos que a via do LDTg para o IP é predominantemente

GABAérgica (cerca 66%), mas também contém uma considerável componente colinérgica

(cerca 28%). Junto com os resultados de Wolfman et al. (2018) isso indica que com no caso

das vias bilaterais entre IP e MnR, a conexão recíproca entre IP e LDTg também é

principalmente GABAérgica. O componente colinérgico da via LDTg – IP, indica que o

LDTg ao lado da MHb contribui para a inervação colinérgica do IP, e talvez assim como a via

LDTg – VTA (LAMMEL et al., 2012; STEIDL et al., 2017) para processos de plasticidade

associada a mecanismos de recompensa.

No momento, podemos apenas especular sobre um potencial significado funcional das

alças GABAérgicas de retroalimentação entre o IP e MnR assim como IP e LDTg. Existem

mais exemplos de projeções GABAérgicas bidirecionais de longo alcance (revisado em

CAPUTI et al., 2013), sendo a mais proeminente a alça GABAérgica que liga o septo com o

hipocampo. Foi proposto que a atividade em tal tipo de circuito levaria à desinibição das

células excitatórias nas áreas-alvos (FREUND; ANTAL, 1988; TOTH; BORHEGYI;

FREUND, 1993), e também, temporalmente, para uma atividade oscilatória coordenada

(CAPUTI et al., 2013). Para esclarecer parâmetros importantes como a assinatura

neuroquímica dos neurônios alvos na alça IP-MnR e o grau de sincronia exibido por IP e MnR

sob diferentes condições, são necessários futuros estudos eletrofisiológicos e também de

microscopia imunoeletrônica. Além disso, o fato de que o MnR também recebe entradas

excitatórios diretas da LHbM (BEHZADI et al., 1990), que por sua vez recebe entradas do

septo lateral, da área pré-óptica lateral e do pálido ventral (HERKENHAM e NAUTA, 1977;

YETNIKOFF et al., 2015), implica que o MnR tem acesso a informações adicionais

relacionadas a mecanismos de recompensa ou aversão através da LHbM.

Ao todo, nossos achados providenciam importantes novos detalhes em relação a um

sistema complexo de vias paralelas e topograficamente organizadas que ligam MHb e LHb

com MnR/DRC, LDTg e NI, tanto bi-sinapticamente através do IP; ou LHb também por

projeções diretas principalmente oriundas da LHbM. (GONÇALVES; SEGO; METZGER,

2012; GOTO; SWANSON; CANTERAS, 2001; HERKENHAM e NAUTA, 1979; KIM,

2009; SEGO et al., 2014, LIMA et al., 2017). Além disso, eles comprovam que distintas

subdivisões da MHb (MHbD, MHbV), LHb (LHbM, LHbL) e do IP fazem parte de vias

segregadas que foram recentemente implicadas em funções comportamentais distintas (HSU

et al., 2014; PROULX; HIKOSAKA; MALINOW, 2014; YAMAGUCHI et al., 2013), com

um papel fundamental na dependência da nicotina atribuída ao eixo IP-MHbV central

(FRAHM et al., 2015). Em conjunto, nossos achados destacam circuitos entre Hb, IP e

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76

MnR/DRC que são altamente preservadas durante a evolução e podem ser acima de tudo

relevante na supressão/ativação comportamental e, especificamente, nos mecanismos de

reatividade emocional à nicotina.

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