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    V. V. Davidov

    O que a atividade de estudo

    As mudanas positivas no sistema da educao moderna vo depender em muito dese os pedagogos sabero dar uma nova organizao a todo o processo de ensino-educacional na escola. Por sua vez, do nosso ponto de vista isto est relacionado com aorganizao do aprendizado dos alunos dos conhecimentos e habilidades sob a forma deatividade de estudo. Mas o que vem a ser mesmo a atividade de estudo? Pararesponder a essa pergunta preciso antes de mais nada prestar ateno ao conceito maisgeral de atividade.

    O conceito filosfico-pedaggico de atividade significa transformao criativa pelaspessoas da realidade atual. A forma original desta transformao o trabalho. Todos os

    tipos de atividade material e espiritual do homemso derivados do trabalho e carregamem si um trao principal a transformao criativa da realidade, e ao final tambm do

    prprio homem.O psiclogo sovitico A. N. Leontiev e seus alunos, ao investigarem a construo

    concreta da atividade humana, determinaram seus componentes, que so as necessidadese os motivos, os objetivos, as condies e meios de seu alcance, as aes e operaes.

    Uma particularidade importante da atividade consiste em que ela tem sempre umcarater de objeto evidente ou no evidente, todos os seus componentes tm um ou outrocontedo de objeto, e ela prpria est obrigatoriamente dirigida para a edificao criativade um produto material ou espiritual determinado (assim, graas atividade do

    trabalhador se edificam mquinas, edifcios reais, enquanto na atividade do escritor e dopintor se criam obras de arte).Se ns queremos usar conscientemente a palavra atividade aplicada a essa ou

    quela esfera da vida do homem, ento temos obrigatoriamente que imaginar claramenteo contedo de objeto de seus componentes, o contedo de seu produto final. Porm senos acontecimentos da vida por ns observados no pudermos evidenciar e definir ocontedo dos componentes da atividade, no pudermos acompanhar a transformaoreal pelo homem dessa ou daquela atividade material ou espiritual, ento o termoatividade no poder ser usado para esses eventos. A vida de algumas pessoas apenas em parte relacionada com a atividade humana plena, ela est apenas latente nelasem uma forma no desenvolvida.

    Tudo o que foi dito refere-se diretamente quilo que deve ser chamado de atividade deestudo do aluno de escola. Em primeiro lugar, ela contm todos os componentesenumerados do conceito geral de atividade. Em segundo lugar, estes componentes tm umcontedo de objeto especfico, que os distingue de qualquer outra atividade (por exemplo,da atividade de jogo ou de trabalho). Em terceiro, na atividade de estudo obrigatrio quehaja o princpio criativo ou transformador. Se nas atividades dos alunos em sala de aulaque realmente observamos no houver os elementos citados, ento estes alunos ou noesto de todo realizando a atividade de estudo propriamente dita, ou a esto realizando em

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    uma forma muito incompleta ( preciso dizer que semelhante situao se observa comfrequencia nas escolas).

    Contudo conforme as suas origens o estudo escolar posto corretamente exatamentea atividade de estudo das crianas. Estamos falando exatamente das origens, uma vezque na histria subsequente da educao escolar houveram longos perodos nos quais a

    permanncia do aluno em sala de aula no se traduzia em uma autntica atividade deestudo. Para que as crianas, sentadas na sala de aula, estudassem e assimilassem osconhecimentos e as habilidades sob a forma de uma plena atividade de estudo, eranecessrio que esta fosse corretamente organizada. E qual de fato o significado de umatal correta organizao?

    A criana assimila um certo material sob a forma de atividade de estudo somentequando ela tem uma necessidade e motivao interior para tal assimilao. Ademais,isto est relacionado com uma transformao do material assimilado e desta formacom a obteno de um novo produto espiritual, ou seja de conhecimento destematerial. Sem isto no h uma plena atividade humana.

    As necessidades e os motivos educacionais direcionam as crianas para aobteno por eles de conhecimentos como resultados da transformao do materialdado. Tal transformao expe no material as relaes internas ou essenciais, cujaconsiderao permite ao aluno da escola acompanhar a origem das manifestaesexternas do material assimilado. A necessidade educacional vem a ser a necessidadeque o aluno da escola tem de experimentar de forma real ou mental este ou aquelematerial com o fim de desmembrar nele o essencial-geral do particular, com o fim deobservar as suas interligaes.

    Notemos, que os conhecimentos sobre a interligao do essencial-geral e doparticular na lgica so chamados de tericos. A demanda da criana porensinamento exatamente a aspirao de obter conhecimento sobre o geral noobjeto, ou seja, conhecimentos tericos sobre alguma coisa por meio daexperimentao com o objeto. Nesta transformao do objeto est forosamentelatente o elemento criativo, o carter educativo-atuante constituidor daaprendizagem daqueles conhecimentos, que se referem ao objeto da experimentao.L onde o mestre cria sistematicamente na sala de aula as condies que exijam dosalunos a obteno de conhecimentos sobre o objeto por meio da experimentaocom este, onde as crianas deparam com as tarefas que exigem deles a realizaoda atividade de estudo.

    Naquelas condies, quando as crianas tm que aprender alguns conhecimentos jformulados para eles, propostos para eles j prontos, a atividade de estudo das crianas

    no pode realizar-se, embora eles at mesmo executam um certo trabalho escolar. exatamente para este tipo de trabalho, sem os elementos especficos da atividade,que os alunos so empurrados pelo contedo dos manuais e compndios tradicionais. exatamente com a necessidade de superar essas tradies que est relacionada uma dascaractersticas do novo pensamento pedaggico, que exige a realizao da abordagematuante da organizao do ensino.

    necessrio dizer algumas palavras sobre a correlao entre os conceitos deatividade de estudo, aprendizagem e ensino. As crianas e os adultos assimilamconstantemente conhecimentos sob as formas mais variadas de atividade (porexemplo, na atividade de jogos, de trabalho). Pode-se aprender tambm conhecimentos

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    prontos, enquanto que o ensino pode realizar-se sem que exija dos alunos aexperimentao de objeto ou mental. Consequentemente, a atividade de estudo,incluindo em si os processos de aprendizagem, s se realiza quando esses processostranscorrem sob a forma de uma transformao objetiva deste ou daquele material.Uma vez que a aprendizagem e o ensino podem transcorrer, em primeiro lugar,

    tambm sob outras formas de atividade, e em segundo lugar, tambm sem atransformao de o material assimilado, logo esses conceitos no podem seridentificados com a atividade de estudo.

    Deve-se enfatizar, que a atividade de estudo e a meta de estudo a elacorrespondente esto ligadas antes de tudo com a transformao do material, quando

    para alm de suas particularidades multifacticas exteriores se pode descobrir, afixar eestudar a base essencial ou interior e deste modo compreender todas as manifestaesexteriores desse material.

    Repitamos mais uma vez: os conhecimentos, que refletem a interligao dointerno com o externo, da essncia com o fenmeno, do primitivo com o derivado,

    so chamados de conhecimentos tericos. Mas estes s podem ser aprendidosreproduzindo-se o prprio processo de seu surgimento, obteno e conformao, ouseja transformando novamente um certo material. Este material tem destinaoeducacional, haja vista que ele agora est destinado apenas a percorrer de novo oscaminhos que outrora j trouxeram de fato as pessoas descoberta e formulao dosconhecimentos tericos.

    Quanto experimentao de estudo, que o nico meio no qual os alunos podemacompanhar a interligao do interno com o externo no contedo do material assimilado,esta tem sempre um carater criativo. Para ns, a personalidade do homem manifesta-se nassuas criaes. Portanto, a formao nos alunos da necessidade de uma atividade de estudoe de sua habilidade em realiz-la d uma contribuio para o desenvolvimento de sua

    personalidade.Detenhamo-nos na questo sobre o que vem a ser organizao correta da atividade

    de estudo. Antes de tudo esta uma organizao do processo de estudo-educativo, que serealiza com base na necessidade dos prprios alunos de dominar as riquezas espirituaisdas pessoas (esto entre essas riquezas por exemplo a capacidade de convivncia com ouso dos valores morais e as normas do direito). A correta organizao da atividade deestudo comea com a formao gradual, porm constante desta necessidade no aluno.Sem esta necessidadeseu principal componenteela simplesmente no pode existir(a questo sobre como criar no aluno essa necessidade requer uma conversa especial).

    No se pode obrigar uma criana de idade pr-escolar a brincar. Ela deve sentir

    a necessidade de brincar. Sem uma necessidade correspondente no possvelforar um aluno a realizar uma atividade de estudo. verdade que sem talnecessidade ele pode estudar e aprender diferentes conhecimentos (e at aprend-los

    bem), mas ele no poder realizar a transformao criativa do material de estudo jque no tem aquelas questes vitais agudas cujas respostas podem ser encontradassomente na busca dos segredos que se revelam somente no processo deexperimentao.

    A segunda condio para a correta organizao da atividade de estudo a colocaoperante os alunos de uma tarefa de estudo cuja soluo o que justamente ir exigir delesa experimentao com o material a ser assimilado. No possvel resolver a questo de

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    estudo sem esta transformao. Por exemplo, numa aula de matemtica nas classesiniciais pode-se colocar para as crianas a seguinte tarefa de estudo (obviamente, em umadeterminada sucesso de outras tarefas): Se temos um objeto muito grande mensurvel eum medidor pequeno, ento como possvel reduzir o tempo da prpria medio aoexpressar seu resultado usando este medidor? Para resolver esse problema as crianas

    devem realizar uma experimentao sria, em particular introduzir na condio doproblema um medidor maior.

    Em suma o significado das aes dos alunos consiste no seguinte: inicialmente eleschegam a pensar que a reduo do tempo de medio pressupe a utilizao de ummedidor maior, depois (j com a ajuda do professor) eles desconfiam da necessidade deconhecer a relao entre os medidores grande e pequeno. Por fim, conhecendo essarelao e alm disso trabalhando com o medidor maior, as crianas rapidamente medem ogrande objeto expressando o resultado nas unidades do medidor menor.

    Embora esse problema seja resolvido pelas crianas sob a orientao do professr, elesde fato descobriram para si a necessidade da utilizao da operao matemtica de

    multiplicao quando da procura da soluo de uma questo que tem carater prtico (aresposta dada pressupe dirigir as crianas para a relao interna entre as medidas).A tarefa de estudo, que to somente o comeo do desdobramento da atividade de

    estudo na sua plenitude, exige dos alunos da escola uma anlise das condies de origemdestes ou daqueles conhecimentos tericos e o domnio das formas de aesgeneralizadas correspondentes. Em outras palavras, ao resolver a tarefa de estudo oaluno descobre no objeto sua relao de origem ou essencial.

    Usando de uma metfora, importante estudar no uma rvore determinada como tal,e sim tratar de considerar seu fundamento universala semente, e somente depois buscarrelacionar um com o outro. Com isto, trata-se no daquelas tarefas que o professor noraramente coloca perante os alunos na aula: resolver um dado exemplo, recontar um dadotexto. A correta organizao da atividade de estudo pressupe o estabelecimento peranteas crianas de uma tal meta que ao tentar alcan-la eles antes de mais nada se voltam paraa anlise da semente, e depois por meio da experimentao objetiva e mental que voacompanhar como ela vai se transformar em uma rvore.

    A formulao e a soluo de tarefas de estudo exige um tal material com o qual ascrianas possam realizar as transformaes correspondentes, executar a experimentaoobjetiva e mental. A esta exigncia em maior medida satisfaz o material de disciplinasescolares tais como a fsica, a qumica, a biologia. Porm com uma conduo condizentedo caso tambm h grandes possibilidades para isto na histria, literatura, lingua russa,artes plsticas e etc. Por exemplo, o ensino do idioma pode ser feito por meio da

    colocao para as crianas de tarefas de estudo durante a soluo das quais ao executaruma srie de aes eles realizam com satisfao a transformao de palavras, frases,

    pargrafos e graas a isso aprendem muitas leis de sua construo. Pode-se organizar umensino anlogo por meio da soluo de tarefas de estudo tambm no campo damatemtica, do trabalho e de outras disciplinas escolares.

    A realizao de uma atividade de estudo completa para vrias disciplinas dos ciclos dascincias naturais-matemticas e das humanitrias pressupe uma ateno especial para com aexecuo plena e correta pelos alunos das aes e operaes, por meio das quais se resolvecom xito as tarefas de estudo. Atualmente so conhecidas vrias dessas aes. Vamos nos

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    deter nelas. A ao primordial e fundamental a transformao pelo aluno das condies deuma tarefa que no pode ser resolvida pelos mtodos que ele conhece. Esta ao tem por fim

    buscar e detectar uma base geral das particularidades parciais de todas as tarefas de umamesma espcie. Exatamente uma tal ao que executaram os alunos menores ao resolverema tarefa escolar de matemtica mencionada anteriormente que exigia a busca de uma relao

    de multiplicidade entre medidas.Outra tarefa de estudo a confeco de modelos sob a forma objetiva, grfica ou

    simblica para uma relao j evidenciada na tarefa que est sendo resolvida (para atarefa matemtica mencionada tal relao moldada sob a forma de sinais e nmeros).Com isto, no toda representao deste ou daquele material que se pode chamar demodelo, mas somente aquela que fixa uma certa relao geral (essencial) das condiesda tarefa de estudo que est para ser resolvida.

    Uma ao de estudo especial consiste na transformao do prprio modelo com o fimde estudar minuciosamente as propriedades da relao geral evidenciada nele. Mais umaao de estudo consiste na concretizao desta relao num sistema de diferentes tarefas

    particulares, uniformes com a tarefa de estudo (na tarefa matemtica dada talconcretizao ocorre atravs da evidenciao pelos alunos das possibilidades de aplicaoda operao de multiplicao em todas as situaes onde seja difcil comparar o objeto aser medido com a medida disponvel).

    Na composio das aes de estudo h ainda tais aes como o controle e a avaliao.O controle garante ao aluno uma execua correta das aes de estudo, e a avaliao lhe

    permite determinar se assimilou ou no (e em qual grau) a forma geral de soluo da tarefade estudo dada.

    Deste modo, uma correta organizao da atividade de estudo consiste em que oprofessor, baseando-se na necessidade e disposio dos alunos de dominar osconhecimentos tericos, sabe colocar para eles em um determinado material uma tarefade estudo que pode ser resolvida pelas aes acima consideradas (com isto o professor,usando de determinados recursos, forma nos alunos a necessidade apontada, e acapacidade de receber uma tarefa de estudo e executar as aes de estudo). Neste caso,o professor ensina a disciplina correspondente em conformidade com as exigncias daatividade de estudo, isto com o mtodo de soluo pelos alunos das tarefas de estudo.

    As observaes mostram que alguns professores, conscientes ou no disto, utilizamem seu trabalho prtico este mtodo, bem verdade que frequentemente no em suaforma completa e sem a integridade suficiente. Isto acontece devido a que nos livros enos mtodos de ensino de determinadas disciplinas o material e a forma de suaintroduo no processo de estudo no correspondem muitas vezes s exigncias da

    atividade de estudo completa, s exigncias do mtodo de soluo das tarefas de estudo.Para superar essas inconsistncias essenciais so necessrios complexos especiais deinvestigao de lgicos, psiclogos, didatas e metodistas.

    Abordemos mais uma questo referente ao ensino desenvolvimental. Todo ensinoest orientado em uma ou outra medida para o desenvolvimento ou aperfeioamento daconscincia e da personalidade do aluno. Uma atividade de estudo completa cria edesenvolve propositalmente nos alunos as bases da conscincia e do pensamento terico,favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Os professores em geral supem quea conscincia e o pensamento terico so a relao abstrata-distraida com a realidade,

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    no raramente relacionada apenas com os conhecimentos verbalmente formalizados. Isto um equvoco, que tem, bem verdade, causas determinadas relacionadas com noesfilosofico-psicolgicas antiquadas.

    A conscincia e o pensamento tericos, em primeiro lugar, realizam-se sob a formaaparente-ativa, aparente-figurativa, e verbal-discursiva, em segundo lugar, esto

    representadas na cincia e na arte, na moral e no direito, em terceiro lugar, a sua essnciaconsiste na relao racional do homem com a realidade, na soluo racional por ele detarefas tanto abstratas como tambm da vida prtica. Mas no de quaisquer tarefas, esim daquelas cuja soluo exige do homem (inclusive, naturalmente, tambm do alunto)a sabedoria de dissociar o externo e o interno, o fenmeno da essncia. sabido, que asmanifestaes externas de uma coisa no so semelhantes sua essncia interior. Aqui

    pode haver contradies.Como sabido smente a conscincia e o pensamento dialticos que so capazes de

    solucionar as contradies. Por isso o que se costuma chamar de pensamento terico que o pensamento dialtico. A conscincia terica dirige a ateno do homem para o

    entendimento de suas prprias aes cognitivas, para a anlise do prprio conhecimento. Nalinguagem filosfica isto chamado de reflexo. necessrio formular o pensamento dialtico em todas as etapas da educao.

    Disto depende o desenvolvimento nos alunos das capacidades criativas, do ativismo, daindependncia, isto , no final de contas o desenvolvimento de sua personalidade. Tudoisto precisamente que favorecido por uma correta organizao e realizao da atividadede estudo dos alunos. O valor desenvolvente desta atividade cresce muitas vezes quandoela for combinada com a atividade de trabalho, com o trabalho produtivo dos alunos, como qual esto ligadas as razes da verdadeira transformao criativa das coisas, daexperimentao com elas. A unio da experimentao escolar com a laboral cria novasfontes de desenvolvimento do potencial criativo dos alunos, isto , de sua personalidade.

    Pode-se perguntar: mas ser que nos alunos que estudam pelos livros comumenteusados tambm no se cria uma conscincia e pensamento tericos? Respondo de uma vez:sim se cria, mas de forma espontnea, no plenamente e nem de longe em todos os alunos. Ese isto acontece muitas vezes a despeito de muitas normas da didtica e metodologia aceitas,entre cujas normas e a prtica real de alguns professores existe um conjunto de divergncias.

    A teoria da atividade de estudo est na base da elaborao dos programas escolares denovo tipo. Sabe-se, que nos programas se estabelece o contedodas disciplinas escolares(por exemplo, de matemtica, biologia, histria e outras), a listagem hierrquica e o modo dedesdobramento no tempo de conhecimentos e habilidades concretos, correspondentes a estaou aquela disciplina escolar. As questes de elaborao dos programas no so

    questes parciais e especficas de metodologia, e sim as questes mais essenciais e gerais detodo o sistema de educao. A reforma da educao russa est intimamente ligada criaode programas escolares de um novo tipo, de programas que de forma radical diferem dos

    programas comuns adotados na escola tradicional.Formulemos as principais teses da nova psicologia pedaggica da nossa orientao

    referente elaborao de um novo programa escolar.Primeira tese. Os programas da escola tradicional esto elaborados em

    correspondncia com as exigncias logico-formais sobre o pensamento humano. Omaterial de estudo nestes programas est disposto de tal forma que durante a sua

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    assimilao o pensamento dos alunos vai da observao de muitas manifestaesparticulares de um dado objeto para a distino neles de certos elementos iguais,semelhantes ougerais que so denotados por uma palavra. Neste caso o conhecimentogeral assimilado pelos alunos como resultado da comparao dos fenmenos

    particulares. O pensamento dos alunos vai do particular para o geral. Os programas

    escolares, que so precisamente o que proporciona tal movimento do pensamento noprocesso de assimilao dos conhecimentos, vm a ser um catlogo, uma classificaoou uma conglomerao de conhecimentos. Na aprendizagem do contedo de tais

    programas um grande papel desempenhado pelos raciocnios verbaisdos alunos.Daremos um exemplo de tal construo de um programa de matemtica, relacionado

    com a assimilao pelas crianas do conceito de nmero. bem sabido que paraapresentar esse conceito s crianas a eles apresentada uma coleo de objetos (porexemplo, colees de bolas, palitos, carrinhos de brinquedos e etc.). As crianasobservam essas colees, comparam-nas segundo a quantidade de cada objeto, abstraem-se das particularidades qualitativas das colees, distinguem nelas uma caracterstica

    numrica igual ou geral, denotando-a com palavras numeradoras. Como resultado umacoleo pode ser denotada com o nmero dois, outra com o nmero trs e assim pordiante.

    Ns demos uma ilustrao do processo de formao na criana do conceito denmero na base formal-lgica, porm exatamente por este esquema que se formam nascrianas tambm outros conceitos, exigidos pelo programa tradicional de matemtica. Eo principal que no somente de matemtica mas de todas as outras disciplinasescolares.

    Segunda tese. O ensino sistemtico dos alunos pelos programas tradicionais, por umlado forma neles noes e conceitos empricossobre as diferentes esferas da atividade, e

    por outro lado cultiva o pensamento emprico. Com o auxlio deste pensamento ohomem classifica toda a variedade de objetos dessas esferas e resolve diferentes

    problemas em cuja base jazem relaes de gnero-espcie dos objetos.O pensamento emprico permite ao homem orientar-se bem nos eventos da vida

    cotidiana. Este pensamento corresponde ao bom senso. O pensamento empricodesenvolve-se na pessoafora de qualquer instruo escolaro ensino apenas d forma,utiliza este pensamento e o cultiva.

    Por isso, no importa quo paradoxal, o ensino conforme os programas tradicionaisno desenvolve o pensamento das crianas. Mais exatamente, o ensino tradicional noforma as bases de qualquer outro tipo de pensamento alm do emprico. este que semanifesta na pessoafora da escola e em certo grau pode desenvolver-sefora da educao

    escolar.Terceira tese. Nossos programas so formulados com base na compreenso

    dialtica do pensamento. O material escolar desses programas so transformadosativamentepelos alunos antes de tudo por meio da execuo de determinadas aesmateriais ou mentais. No processo de tal transformao os alunos descobrem eevidenciam no material uma certa relao geral ou essencial, de cujo estudo se podedescobrir suas numerosas manifestaes particulares. Neste caso, o conhecimentogeral imediatamente assimilado pelos alunos por meio da anlise atuante domaterial. Suas manifestaes particulares so distinguidas da conhecimento geral.O pensamento dos alunos move-se do geral para o particular. Os programas

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    escolares que propiciam tal movimento do pensamento, fixam os sistemas integraisdos conhecimentos. As aes dos alunos desempenham papel decisivo na suaaprendizagem.

    Daremos uma ilustrao da elaborao de um programa do nosso tipo no exemplo daintroduo das crianas ao conceito de nmero. Preliminarmente as crianas so

    apresentadas ao conceito de grandeza (esta determinada por trs relaes de diferenas: = b, a < b, a > b). Baseando-se neste conceito, as crianas podem efetuar a igualaodireta das grandezas fsicas. Por exemplo, utilizando uma amostra de qualquer pedaode madeira, as crianas podem fazer com uma grande tbua muitos desses pedaos

    pequenos.Porm h casos em que a igualao das grandezas s pode ser feita por meios

    indiretos. Por exemplo, em um balde de uma certo conformao preciso despejartanta gua quanto se tem em um balde de outra conformao. Para resolver este

    problema, a pessoa devem saber medir grandezas com o auxlio do nmero.Conforme nosso programa, o professor passa para os alunos uma tarefa que exija

    medio. As crianas advinham que para executar essa tarefa preciso achar um meioespecial (por exemplo, uma pequena caneca, se for para medir a gua), e tambmdominar regras especiais de sua utilizao (por exemplo, a regra de como encher essacaneda d'gua).

    As crianas com a ajuda do professor encontram o meio de medio, aprendem asregras de sua utilizao e descobrem que o prprio ato de medio uma busca de umarelao de multiplicidade das grandezas, que implica neste ou naquele nmero. Osalunos podem imediatamente escrever na forma verbal a frmulageral dessa relao.

    b = N ( a grandeza medida; b o meio de medio; N a relaode multiplicidade, fixada por um nmero como expresso do resultado da ao damedio). Tendo assimilado o significado geral dessa frmula, as crianas podemento efetuar quaisquer tipos de medies particulares, podem obter nmerosconcretos, baseando-se nos quais podem realizar uma igualao indireta (porexemplo, resolver um problema de igualao da gua em baldes de diferenteconformao).

    Nos demos aqui de forma muito resumida uma ilustrao da formao nas crianasdo conceito de nmero com base no tratamento dialtico das particularidades do

    pensamento. Por esse esquema, os alunos podem adquirir tambm outros conceitosmatemticos, se eles forem sistematicamente educados por um programa do nosso tipo.Por esse esquema se pode formar nas crianas o conceito tambm de outras disciplinasescolares. Quarta tese. Como mostram investigaes psicologicas-pedaggicas

    especiais, o ensino sistemtico de alunos seguindo os nossos programas forma nelesconceitos tericos e desenvolve o pensamento terico, voltado para a busca dascondies do surgimento destas ou daquelas relaes. O pensamento terico orienta ohomem nas relaes gerais, permite-lhe deduzir delas diversas consequncias

    particulares. Tal pensamento no anula a necessidade tambm do pensamentoemprico, simplesmente ele de um tipo novo e se destina soluo de tarefasespeciais.

    O pensamento terico no surge e nem se desenvolve na vida contidiana daspessoas, ele se desenvolve somente em uma tal instruo, cujos programas sebaseiam na compreenso dia ltica do pensamento. exatamente este ensino que

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    tem o carater desenvolvimental (desenvolvente). Portanto a elaborao e arealizao de tais programas so extremamente necessrias para a educao russa,se ele no processo de reforma tiver como meta assegurar o desenvolvimentoautntico das foras intelectuais dos jovens.

    Notemos, que a nossa teoria de atividade de estudo e de educao

    desenvolvimental tem uma aplicao prtica bastante ampla. Pelos programasescolares criados com base nesta teoria, trabalham atualmente muitas escolas urbanase rurais das diversas regies do nosso pas. So programas escolares de matemtica efsica, lngua ptria e literatura, de artes plsticas e preparao para o trabalho, dequmica e geografia. Estes programas so aplicados nas classes iniciais e na escolamdia. Nos ltimos anos o nosso programa de matemtica usado em cursos iniciaisda Universidade de Kranoiarski na Sibria Oriental.

    Deste modo, a reforma decisiva da educao que est em andamento no nosso pas realizada com base em um novo pensamento pedaggico e se d por meio dautilizao de novos programas criados com base em uma nova psicologia pedaggica.

    O processo de reforma comeou muito recentemente e para que ele prossiga comxito so necessrios grandes esforos tanto dos cientistas como dos profissionais doensino.

    Revista Escola inicial, 7, 1999.

    Traduo do Russo de Ermelinda Prestes.

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