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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA MELHORIA NA CONCESSÃO DE CRÉDITO NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, AGÊNCIA PELOTAS: UM ESTUDO DE CASO Dari Luiz Reichert Porto Alegre 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA

MELHORIA NA CONCESSÃO DE CRÉDITO NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,

AGÊNCIA PELOTAS: UM ESTUDO DE CASO

Dari Luiz Reichert

Porto Alegre 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA

MELHORIA NA CONCESSÃO DE CRÉDITO NA CAIXA ECONÔMICA

FEDERAL, AGÊNCIA PELOTAS: UM ESTUDO DE CASO

Dari Luiz Reichert

Trabalho de Conclusão do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia - Modalidade Profissionalizante - Qualidade e Gerência de Serviços.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Gonçalves Amaral

Co-orientadora : Prof. Dra. Carla Schwengder ten Caten

Porto Alegre 2004

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Este trabalho de Conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção do

título de Mestre em Engenharia e aprovado em sua forma final pelo Orientador do

Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia – Universidade

Federal do Rio Grande do Sul

____________________________________ Prof. Fernando Gonçalves Amaral, Dr.

Orientador Escola de Engenharia/ UFRGS

_________________________________________ Prof. Dra. Carla Schwenger ten Caten

Co-orientadora Escola de Engenharia/UFRGS

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Francisco José Kliemann Neto PPGEP/UFRGS Prof. Dr. Márcio de Souza Pires PPGEP/UFRGS Prof. Dr.ª Cláudia Medianeira Cruz Rodrigues UCS

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A minha esposa Odenir e aos nossos filhos,

Júlia e Pedro, com um carinho especial,

dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter tornado a minha vida uma jornada repleta de aprendizados e

conquistas.

A minha esposa Odenir pelo apoio e pela compreensão, especialmente, nesta etapa

de nossas vidas.

Aos meus filhos Júlia e Pedro (nascido durante esse curso), com um carinho

especial, por terem compreendido as constantes ausências.

Aos ilustres professores do curso de Engenharia de Produção e também ao

professor orientador Prof. Dr. Fernando Gonçalves Amaral pelos conhecimentos

repassados.

Finalmente, agradeço àqueles que, de alguma forma, contribuíram para a

realização deste trabalho.

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RESUMO

A sociedade está vivenciando, hoje, um bom momento para colocar pequenos negócios no foco das estratégias para a modernização e maior competitividade da economia brasileira. Esta competitividade tem motivado as micro e pequenas empresas a procurar melhorias no seu desempenho, para acompanhar as transformações que vêm ocorrendo. Neste contexto, surge a necessidade dessas empresas procurarem crédito. O Sistema Financeiro Brasileiro, embora seja desenvolvido, sofisticado e complexo, não atende às necessidades das micro e pequenas empresas. As dificuldades de acesso ao crédito, aliada ao alto custo financeiro, reforçam as desigualdades e estimulam um círculo vicioso que se reproduz continuamente. Essa situação paradoxal afeta de diversas formas as empresas em questão. Esse estudo de caso tem como objetivo aplicar e analisar um método de soluções de problemas, através de ferramentas de qualidade adequadas, que possibilita planejar, realizar e verificar ações que revertam em produtividade e rentabilidade. Esse estudo foi realizado na Caixa Econômica Federal, Agência Pelotas, baseado no ciclo do PDCA, que enfoca um plano de ação para aumentar o volume de negócios com micro e pequenas empresas, destacando a concessão de créditos com recebíveis, aumentando a venda de produtos, o relacionamento e a satisfação do cliente.

Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas, Plano de Ação, Crédito, Recebíveis, Caixa Econômica Federal.

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ABSTRACT

Society is experiencing, nowadays, a good moment to put small business on focus of the strategies towards a more modern and competitive Brazilian economy. This competitiveness has motivated small and micro companies to improve the performance end follow the ongoing changes. Consequently, these companies need credit. The Brazilian Financial System, though it’s well developed, sophisticated and complex, doesn’t respond to the needs of small and micro companies. The difficulties of credit access, along with the high financial cost, intensify the inequalities and stimulate a vicious cycle that reproduces itself continuously. This paradoxical situation affects these companies in many different ways. This study of case has the objective of applying and analyzing a method of solving problems, through proper quality instruments, which allows planning, producing and verifying actions that result on productivity and profitability, generating employment and profit. This study was taken in Caixa Econômica Federal, Agency Pelotas, based on the PDCA cycle, which focuses a action plan to increase the business volume, detaching credit concession with receivables, increasing, thus, the products sale, the relationship and the customer’s satisfaction.

Keywords: Small and Micro Companies, Credit, Receivables, Strategic Planning, Caixa Econômica Federal.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ 10

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 12

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...................................................................... 13

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16

1.1 Apresentação do Tema ............................................................................................... 16

1.2 Objetivos..................................................................................................................... 17

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 17

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 17

1.3 Justificativa do Tema.................................................................................................. 18

1.4 Metodologia................................................................................................................ 19

1.5 Delimitações do Trabalho........................................................................................... 20

1.6 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 22

2.1 Conceituação de Problemas........................................................................................ 22

2.2 Ferramentas para Identificar os Problemas ................................................................ 24

2.2.1 Lista ou Folha de Verificação para Coleta de Dados ........................................ 26

2.2.2 O Diagrama em Espinha de Peixe ..................................................................... 26

2.2.3 O Histograma..................................................................................................... 27

2.2.4 O Gráfico de Pareto ........................................................................................... 28

2.2.5 O Diagrama de Relações ................................................................................... 29

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2.2.6 Gráfico de Controle ou Carta de Controle......................................................... 29

2.2.7 Gráficos de Áreas .............................................................................................. 30

2.3 A Necessidade de um Planejamento Estratégico........................................................ 31

2.4 O Ciclo PDCA Usado Para Resolver Problemas ....................................................... 33

2.5 A Satisfação dos Clientes Soluciona Problemas ........................................................ 36

2.6 A Necessidade da Avaliação da Gestão ..................................................................... 37

2.7 Conceito e Histórico de Crédito ................................................................................. 39

2.8 Histórico das Instituições Bancárias........................................................................... 41

2.9 O Sistema Financeiro Nacional .................................................................................. 42

2.9.1 Autoridades Monetárias..................................................................................... 44

2.9.1.1 Conselho Monetário Nacional ............................................................... 44

2.9.1.2 O Banco Central do Brasil..................................................................... 45

2.9.1.3 Autoridades de Apoio............................................................................ 45

2.10 Conceito de Banco Múltiplo..................................................................................... 46

2.10.1 Principais Operações Bancárias de um Banco Múltiplo .............................. 47

2.10.2 Tipos de Operações: ..................................................................................... 47

2.11 Micro e Pequenas Empresas ..................................................................................... 48

2.11.1 Micro e Pequenas Empresas e a Necessidade de Crédito................................ 51

3 METODOLOGIA........................................................................................................... 53

3.1 Etapa 1: Planejar......................................................................................................... 54

3.1.1 Análise do Problema para Solução de Crédito .................................................. 55

3.1.2 Coleta de Dados................................................................................................. 56

3.1.3 Pré-Diagnóstico ................................................................................................. 58

3.1.4 O Diagnóstico.................................................................................................... 59

3.1.5 Elaboração do Plano de Ação............................................................................ 60

3.2 Etapa 2: Execução das Ações Planejadas ................................................................... 62

3.3 Etapa 3: Avaliação das Transformações..................................................................... 65

3.4 Etapa 4: Validação...................................................................................................... 66

4 RESULTADOS ............................................................................................................... 68

4.1 Histórico e Missão da Caixa Econômica Federal....................................................... 68

4.2 As Principais Atividades Prestadas pela Caixa ......................................................... 69

4.3 Atuação da Caixa junto às Micro e Pequenas Empresas .......................................... 70

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4.4 As Vantagens de Trabalhar com Crédito de Recebíveis e com Micro e Pequenas

Empresas.............................................................................................................................. 72

4.5 Descrição da Agência Pelotas..................................................................................... 74

4.6 Etapa 1: Planejamento ................................................................................................ 76

4.6.1 Análise Preliminar da Demanda de Crédito e Identificação do Problema ........ 76

4.6.2 Coleta de Dados................................................................................................. 78

4.6.3 Pré-Diagnóstico ................................................................................................. 79

4.6.4 Diagnóstico........................................................................................................ 82

4.6.5 Elaboração do Plano de Ação............................................................................ 83

4.7 Etapa 2: Execução das Ações Planejadas ................................................................... 86

4.8 Etapa 3: Avaliação das Transformações..................................................................... 89

4.9 Etapa 4: Validação...................................................................................................... 91

5 CONCLUSÃO................................................................................................................. 98

5.1 Considerações sobre a Metodologia Empregada........................................................ 99

5.2 Considerações a Respeito dos Resultados Alcançados ............................................ 101

5.3 Sugestões para Estudos Futuros ............................................................................... 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 106

APÊNDICES .................................................................................................................... 109

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: 7 Passos e 7 Ferramentas para o Controle da Qualidade. ................................... 25

Figura 2: Modelo de Gráfico Espinha de Peixe ................................................................. 26

Figura 3: Histograma.......................................................................................................... 27

Figura 4: Gráfico de Pareto ................................................................................................ 28

Figura 5: Gráfico de Áreas ................................................................................................. 30

Figura 6: O Ciclo do PDCA para Melhoria Contínua........................................................ 34

Figura 7: O Balanced Scorecard Fornece a Estrutura Necessária para a Tradução da

Estratégia em Termos Operacionais. ................................................................. 38

Figura 8: Razões Alegadas pelos Bancos para não dar Empréstimos às MPE, Segundo as

Empresas com Proposta de Crédito Negada...................................................... 52

Figura 9: PDCA Associado ao Problema........................................................................... 53

Figura 10: Gráfico “Os Serviços da Economia Brasileira”................................................ 56

Figura 11: PDCA do Pré-Diagnóstico................................................................................ 58

Figura 12: Do Diagrama de Pareto ao Diagrama de Causa-e-Efeito ................................. 60

Figura 13: Dimensões do AVGESTÃO............................................................................. 63

Figura 14: PDCA da Validação dos Resultados ................................................................ 66

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Figura 15: Gráfico da Evolução da Participação no Mercado à Pessoa Jurídica ............... 71

Figura 16: Gráfico de Clientes por Segmento da Agência Pelotas .................................... 75

Figura 17: Gráfico do Volume de Crédito do ano 2003..................................................... 78

Figura 18: AVGESTÃO Agência Pelotas.......................................................................... 80

Figura 19: Cronograma de Atividades do Segmento Empresarial..................................... 81

Figura 20: Diagrama de Causa e Efeito dos Problemas do Segmento Empresarial........... 83

Figura 21: Plano de Ação para o Segmento Empresarial da Agência Pelotas ................... 85

Figura 22: Gráfico do Volume de Crédito dos Últimos Doze Meses até 15/12/04 ........... 90

Figura 23: Gráfico da Quantidade de Empresas do Segmento Empresarial ...................... 93

Figura 24: Gráfico da Quantidade de Sócios das Empresas............................................... 93

Figura 25: AVGESTÃO do Crédito Emprego e Renda PJ ................................................ 95

Figura 26: Evolução das Operações com Recebíveis......................................................... 96

Figura 27: Evolução das Operações com Recebíveis Mês a Mês ...................................... 96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução das Operações de Crédito no Brasil ................................................... 41

Tabela 2: Uso de Crédito por Classe de Tamanho de Empresas........................................ 70

Tabela 3: Rede de Proteção Social, Pagamentos Ano 2003 na Agência Pelotas ............... 75

Tabela 4: Folga no Limite de Crédito ................................................................................ 88

Tabela 5: Folga no Limite de Crédito Cliente.................................................................... 89

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACI Associação Comercial Industrial

AVGESTÃO Avaliação da Gestão

BB Banco do Brasil

BC Banco Central

BNCC Banco Nacional de Crédito Cooperativo

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BNH Banco Nacional da Habitação

BSC Balanced Scorecard

CDB Certificado de Depósito Bancário

CDL Câmara de Dirigentes Lojistas

CF Conformidade

CMN Conselho Monetário Nacional

CODEFAT Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador

CVM Comissão de Valores Mobiliários

FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social

FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

FCVS Fundo de Compensação de Variáveis Salariais

FDS Fundo de Desenvolvimento Social

FIES Financiamento Estudantil

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FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FINAME Financiamento à Aquisição de Máquinas e Equipamentos

GMC Grupo Mercado Comum

GP Gestão de Pessoas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INFOGER Sistema de Informações Gerenciais

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

IRM Índice de Resultado de Metas

IR Índice de Rentabilidade

IE Índice de Eficiência

IOF Imposto sobre Operações Financeiras

LH Letra Hipotecária

ME Metas Estratégicas

MPMEs Micro, Pequenas e Médias Empresas

OC Objetivos de Comercialização

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PIB Produto Interno Bruto

PDCA Planejar, Executar, Verificar, Agir

PF Pessoa Física

PIS Programa de Integração Social

PJ Pessoa Jurídica

PM Participação de Mercado

PROGER Programa de Geração de Emprego e Renda

QA Qualidade de Atendimento

SAC Sistema de Amortização Constante

SEBRAE Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa

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SERVQUAL Service Quality.

SIGAT Sistema Integrado de Gestão da Administração Tributária

SINDILOJAS Sindicato dos Lojistas do Comércio

SIRIC Sistema de Mensuração de Risco de Crédito

SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito

SURIC Superintendência Nacional de Risco de Crédito

SUS Sistema Único de Saúde

TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do Tema

A importância deste estudo reside na possibilidade de executar um plano de ação, em

qualquer nível, para viabilizar as estratégias, já que se trata de um caminho seguro para ajudar

a atingir os resultados que se espera na forma que toda empresa almeja, ou seja, o seu

crescimento e sucesso. O planejamento é um dos responsáveis pelo sucesso de muitas

empresas. Refere-se, portanto, a um conjunto de princípios teóricos, técnicas de grupo e

procedimentos metodológicos que podem ser aplicados a qualquer tipo de organização social

que busca um objetivo, uma mudança situacional futura. O planejamento não trata apenas das

decisões que estão por vir, mas questiona, principalmente, qual é o futuro dessas empresas

(DE TONI, 2004).

É fundamental que o plano de ação seja realizado dentro de um processo contínuo de

preparação para o futuro. É imprescindível avaliar o comportamento das empresas frente às

forças competitivas, com a finalidade de diagnosticar o grau de competitividade da

organização, identificando sua posição como concorrente no setor em que atua e a

necessidade de melhorar seu desempenho, através da obtenção de crédito.

Com o intuito de fortalecer a sua atuação, estas organizações agilizariam o processo

de inovação, incorporando novas tecnologias, objetivando melhorar os níveis de eficiência e

eficácia, ao mesmo tempo em que maximizariam a produção e otimizariam a qualidade. Neste

contexto, a concorrência organizacional é primordial para a sobrevivência no mercado atual.

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Neste estudo, faz-se análise de uma Agência da Caixa Econômica Federal em

Pelotas, dentro de um enfoque que privilegie melhorias e a qualidade em serviços de crédito

para micro e pequenas empresas.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral dessa pesquisa é elaborar um plano de ação para resolver problemas

em relação ao volume de créditos da Caixa1, na Agência Pelotas, para micro e pequenas

empresas.

1.2.2 Objetivos Específicos

São objetivos específicos do estudo:

- identificar as causas dos problemas da Agência Pelotas para oferecer créditos às

micro e pequenas empresas,

- analisar melhorias através de ferramentas da qualidade e solucionar os problemas

com estratégias elaboradas através do ciclo PDCA2

- promover volume de crédito, preferencialmente com recebíveis, da Agência

Pelotas com as micro e pequenas empresas.

1 Para simplificar o trabalho será usado o termo Caixa para o nome Caixa Econômica Federal. 2 Planejar, Executar, Verificar, Agir. É, hoje, o método principal da Administração pela Qualidade Total, tendo sido criado na década de 1920, por Shewhart. Disponível em www.ppgia.pucpr.br Acesso em 17/12/04.

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1.3 Justificativa do Tema

A competitividade do sistema financeiro brasileiro foi alterada nos últimos anos pela

abertura do mercado. Essa abertura propiciou mais opções de crédito para as empresas, mas,

por outro lado, aumentou significativamente a concorrência entre os bancos. Além disso, teve

início, também, expressivamente a concorrência entre as micro e pequenas empresas. Elas

começaram a verificar seus custos financeiros, a fim de permanecerem no mercado. Como

conseqüência, os bancos precisam rever seus processos na concessão de crédito e as empresas

de sua parte necessitam reavaliar seus custos, de modo que ambos continuem no mercado. A

falta de linhas de crédito ou a aplicação adversa da sua finalidade, principalmente, em capital

de giro e em investimentos nas micro e pequenas empresas, vem colaborar com a

competitividade das empresas e satisfação dos seus clientes.

Desse modo, tendo em vista a crescente competitividade, a empresa tem que ser

capaz de perceber mudanças e se preparar para enfrentá-las, adotando uma postura ativa no

sentido de planejar suas ações. Não se pode esquecer que a qualidade da atividade é de

extrema importância para o êxito de qualquer negócio. Esta é a razão pela qual é fundamental

a participação da Caixa no mercado de crédito às micro e pequenas empresas.

A principal justificativa para o tema proposto está associada às condições

econômicas da economia brasileira, onde pode ser observada a crescente abertura dos

mercados e a lógica de globalização da economia. As micro e pequenas empresas, não

obstante enfrentarem uma série de problemas, justificados, em parte, devido ao seu porte,

como a limitação de recursos financeiros e técnicos, pouca qualificação do pessoal,

administração familiar, dificuldade no acesso a novas tecnologias e às linhas de crédito,

contribuem, decididamente, para a economia da cidade ou região onde estão instaladas.

Logo, a escolha deste tema é um fator determinante para melhorar o desempenho da

agência em questão e seu relacionamento com micro e pequenas empresas. É necessário,

portanto, definir estratégias adequadas que, colocadas em prática, disponibilizarão ações no

sentido de aumentar a rentabilidade da Agência Pelotas.

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Coloca Longenecker (1997), que a contribuição econômica geral dos pequenos e

médios negócios é semelhante a das grandes empresas, pois as micro e pequenas empresas

possuem algumas qualidades que as tornam similares às grandes organizações, já que

oferecem significativas contribuições, gerando novos empregos e inovações, o que estimula a

competição e auxilia as grandes empresas a produzir bens e serviços com eficiência.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)3, conforme a

Pesquisa Mensal de Emprego realizada no mês de dezembro de 2003, 18,9 milhões pessoas

estavam ocupadas e 2,3 milhões estavam desocupadas nas seis Regiões Metropolitanas

abrangidas pela pesquisa (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto

Alegre). A taxa de ocupação situou-se em 89,1% e a de desocupação em 10,9%. A última

apresentou queda de 1,3 ponto percentual em relação a novembro de 2003, mantendo o

comportamento sazonal típico dessa época do ano.

O caminho que a pequena empresa precisa perseguir é o de não medir esforços para

conquistar o seu espaço no mercado. Tem de reinventar-se, ir à luta e perseverar sempre.

Rever, no primeiro momento, seus objetivos, sua conduta, seu gerenciamento, suas táticas e

seu comportamento. Adotar o planejamento para implementar as estratégias que irão conduzir

a organização para a consecução dos objetivos previamente definidos.

A competição tem levado empresários de micro e pequenas empresas a um

aprendizado emergencial ou correrão o risco de fechar as portas da empresa. A única solução

possível, para evitar problemas como este, seria um planejamento que oportunizasse às

pequenas empresas um financiamento, que possibilitasse capital de giro.

1.4 Metodologia

Para a realização deste trabalho de conclusão, será abordada, em uma primeira etapa,

uma pesquisa exploratória, realizada através de um levantamento bibliográfico-documental

3 http://www.stcas.rs.gov.br/empregos Acesso em 15/12/04.

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para, através de documentos, inferir a viabilidade das ferramentas e de satisfação dos clientes

que possibilitem solucionar os problemas do crédito para as micro e pequenas empresas.

Para a pesquisa bibliográfica, utilizaram-se várias fontes, tais como livros

especializados, artigos técnicos e periódicos nacionais e internacionais, viabilizando, assim, a

sustentação teórica do plano.

Posteriormente, em uma segunda etapa, será realizado um estudo de caso, tendo em

vista a aplicabilidade de ferramentas para solucionar problemas dentro da lógica do PDCA na

carteira empresarial. A partir daí, serão feitas análises dos levantamentos obtidos, através das

pesquisas, cujo objetivo será a compreensão dos fatos apresentados para alcançar os objetivos

propostos.

1.5 Delimitações do Trabalho

O presente trabalho delimitar-se-á apenas ao estudo da Caixa Econômica Federal,

Agência Pelotas, enfocando a carteira empresarial e seu volume de negócios com micro e

pequenas empresas. Da mesma forma, o planejamento das ações estará direcionado,

unicamente, para a concessão de crédito às micro e pequenas empresas. Não serão

consideradas outras estratégias adotadas pela empresa estudada, como: satisfação de clientes,

captação de recursos, convênios, volume de negócios, rentabilidade, quantidade de produtos,

etc.

1.6 Estrutura do Trabalho

Este trabalho estará dividido em cinco capítulos, através de uma seqüência

estruturada no estudo teórico.

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Assim, o primeiro capítulo apresenta os comentários iniciais que contam com uma

introdução ao tema, onde se busca fundamentar o estudo com conceitos e afirmações de

importantes autores. Salientam-se, ainda, os objetivos e as justificativas, o método utilizado, a

estrutura do trabalho e as limitações do plano.

O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica onde se apresentam

conceitos importantes para a pesquisa. Aborda-se, neste capítulo, a conceituação de

problemas, ferramentas usadas para identificar problemas, importância de um plano de ação e

o ciclo PDCA como estratégia para solucionar problemas. Como o objetivo do trabalho é a

melhoria na concessão de crédito às micro e pequenas empresas, pela Caixa, Agência Pelotas,

far-se-á necessário conceituar crédito e instituições bancárias, bem como conhecer um pouco

sobre o sistema financeiro nacional e as principais autoridades monetárias. Além disso,

conceitua-se banco múltiplo, já que a Caixa enquadra-se neste tipo de serviços bancários.

Aborda-se, ainda, neste capítulo, o conceito de micro e pequenas empresas e a necessidade de

crédito que estas empresas têm.

O terceiro capítulo consiste na metodologia usada na pesquisa, onde são detalhados o

plano de ação e as ferramentas usadas, segundo a lógica do PDCA, para que se possam

solucionar os problemas. No quarto capítulo, é feita uma descrição da agência, traçando seu

perfil, realizando um diagnóstico dos problemas e análise dos resultados obtidos.

No quinto e último capítulo, realiza-se um resgate dos objetivos propostos,

destacando os resultados encontrados, além de considerações sobre a metodologia empregada.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceituação de Problemas

Como este trabalho é um estudo de caso na Agência Pelotas, da Caixa

Econômica Federal, far-se-á necessário conceituar problemas e procurar as ferramentas

para solucioná-los.

Normalmente, associa-se a palavra problema a coisas que importunam e

incomodam, mas segundo Loriggio (2002, p.33), “problema é o elemento que dispara todo

processo de diagnóstico e tomada de decisão”. O autor ressalta que os problemas são a

mola propulsora das ações dos administradores e que existem em todas as organizações, e,

vai além disso, coloca que fazem parte do dia-a-dia do ser humano.

Portanto, se os problemas fazem parte do dia-a-dia de qualquer empresa ou

instituição é preciso defini-los bem, para resolvê-los. Loriggio, depois de discutir a visão

de vários autores, chega a uma definição de problema que, segundo ele, parece a mais

pertinente:

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23

“Problema é:

• desejo de algo e que não se sabe como obter;

• necessidade não satisfeita;

• estado de incerteza ou caos;

• comportamento ou situação indesejável presente ou futura;

• resultado que necessite de correção;

• diferença entre condições atuais e condições desejadas;

• obstáculo de atingimento de metas;

• ameaça a sobrevivência;

• desvio entre o objetivo e o real” (LORIGGIO, 2002, p. 35).

Resumindo o conceito de problema para o administrador, Loriggio (2002, p.36)

propõe a seguinte definição: “Problema é algo que precisa de solução. Em administração, a

solução é uma mudança, uma escolha, uma decisão ou uma ação em direção aos

objetivos”. Conclui ainda que, “problema é uma situação inadequada, causada por desvio

em relação aos objetivos organizacionais”.

Os problemas podem apresentar diferentes níveis de complexidade, Loriggio

(2002) classifica-os de acordo com o esforço despendido para sua resolução. Esse esforço

poderá ser medido em dinheiro, número de pessoas envolvidas, tempo gasto até a solução e

assim por diante. Quanto maior o esforço, maior a complexidade. Além do esforço,

Loriggio mede a complexidade, também, pela dificuldade associada à ausência de

soluções disponíveis. “É possível analisar a dificuldade do ponto de vista do diagnóstico e

da análise de problema em si, ou seja, um problema complexo seria aquilo que exige

grande esforço para se entender porque ocorre ou quais seriam suas causas, independente

da sua solução” (LORIGGIO, 2002, p. 36).

Loriggio (2002) ainda classifica os problemas em quantitativos e qualitativos.

Segundo o autor o tratamento para cada um deles deve ser diferenciado, observando as

seguintes características:

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“A- quantitativos são aqueles que podem ser expressos em números ou símbolos. Possuem, por sua vez, uma série de características:

• precisão – pode ser estimada a confiabilidade;

• maneabilidade – possui fácil manipulação;

• redutibilidade a números – pode ser lido por máquinas;

• não-ambigüidade – tem apenas uma interpretação;

• versatilidade – podem-se elaborar novas correlações e relacionamentos;

• consistência – possui coerência, uniformidade; e não há contradições.

B – Qualitativos são aqueles resolvidos por julgamento, definido como operação da mente que envolve comparação e discriminação. É o meio pelo qual o conhecimento, os valores e os relacionamentos são formulados” (LORIGGIO, 2002, P. 39)

Antes de buscar as soluções, precisa-se compreender plenamente os problemas;

do contrário, todos os esforços subseqüentes poderiam nos levar na direção errada.

2.2 Ferramentas para Identificar os Problemas

Enquanto os problemas de manutenção apontam limitadas soluções, os problemas

de realização, segundo Stevens (2003), podem apresentar diversas formas de solução.

Segundo Shiba (1997), a maioria dos problemas podem ser resolvidos com emprego de

algumas ferramentas, que passam por 7 etapas do controle de qualidade e 7 ferramentas de

controle de qualidade que operam juntas. E, segundo o autor, num estudo de caso é

necessário o uso de vários padrões, como as 7 etapas e as 7 ferramentas. Veja-se a figura 9:

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7 etapas do controle de qualidade 7 ferramentas do controle de qualidade

1. selecionar o tema

2. coletar e analisar os dados

3. analisar a causa

Lista de verificação, gráficos, diagrama de

Pareto, histograma, diagrama de

correlação, diagrama de causa-e-efeito.

4. planejar e implementar a solução

5. avaliar os efeitos Lista de verificação, gráficos, diagrama de

Pareto, histograma, diagrama de

correlação, diagrama de causa e efeito,

cartas de controle.

6. padronizar a solução

7. refletir sobre o processo (e o problema

seguinte)

Figura 1: 7 Passos e 7 Ferramentas para o Controle da Qualidade. Fonte: Shiba et al. (1997, p. 66).

A definição do problema, segundo Stevens (2003), ajuda a identificar uma meta a

ser atingida, a reduzir os problemas complexos a problemas menores, a concentrar-se em

aspectos importantes, avaliando a importância e a alocar recursos necessários para a

solução. É preciso, portanto, compartilhar o problema com as outras pessoas envolvidas,

para encontrarem possíveis estratégias e soluções, além de avaliar a possível eficácia das

soluções.

Smith (1997) coloca que se deve assegurar que o problema seja específico e bem

definido, com uma dimensão relativamente pequena, e, assim como Stevens (2003),

reforça que todos os participantes devem entender exatamente o que está sendo analisado.

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2.2.1 Lista ou Folha de Verificação para Coleta de Dados

Segundo Paulo Miguel (2001), a Lista de Verificação consiste em uma planilha

na qual um conjunto de dados pode ser sistematicamente coletado e registrado de maneira

ordenada e uniforme, possibilitando uma rápida interpretação dos resultados. Possibilita a

verificação do comportamento de uma variável a ser controlada.

2.2.2 O Diagrama em Espinha de Peixe

Para identificar as causas do problema, pode-se usar a Análise do Diagrama de

Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama em Espinha de Peixe ou de Ishikawa,

que, segundo Smith (1997), é uma técnica para identificar todas as causas possíveis (dados

iniciais) associados a um determinado problema/efeito (dados de saída) antes de chegar a

um número reduzido de causas principais que precisam ser tratadas. A seguir, vemos a

figura Modelo de Gráfico Espinha de Peixe que ilustra isso.

Figura 2: Modelo de Gráfico Espinha de Peixe Fonte: Smith (1997, p.62)

Ao desenhar o Diagrama de Causa e Efeito, procura-se estabelecer categorias de

causas. Para Smith (1997) as categorias mais usadas são: pessoal, equipamento, material,

ambiente (físico e cultural), método ou processo, a estas podem ser acrescentadas outras,

tais como: comunicações, políticas, medição, clientes, fornecedores, sistemas, podendo ser

adaptadas de acordo com as necessidades.

item 1 item 2

item 3 item 4 item 5

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Considerando as causas mais prováveis, coloca-se o Diagrama Espinha de Peixe

pendurado numa parede e, aumentado ou modificado, à medida que novas idéias vão

surgindo.

Segundo Smith (1997), o Diagrama Espinha de Peixe pode ser usado para cada

atividade, independente do processo que esteja gerando a saída de dados ou resultados, de

modo que as causas estejam ligadas a determinadas etapas do processo. Segundo este

autor, a análise de causa e efeito pode ser aplicada para concentrar-se em causas, captar

conhecimento e a experiência coletiva de um grupo, produzir uma imagem sobre por que

um efeito está se manifestando e para estabelecer uma base profunda para coleta de dados

e providências posteriores.

2.2.3 O Histograma

Miguel (2001) coloca que o Histograma é uma ferramenta que fornece quão

freqüente um determinado valor ou uma classe de valores ocorre em um grupo de dados.

Resume-se num gráfico de barras no eixo horizontal, onde a largura da barra representa um

intervalo de classe variável, e a altura no eixo vertical representa a freqüência da

ocorrência. Observe-se a figura 3 abaixo:

Histograma

05

101520253035

a b c d e

Classes

Valo

res

Figura 3: Histograma Fonte: Miguel (2001, p.142)

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A importância do histograma consiste em demonstrar os dados, ordenando-os e

registrando-os seqüencialmente.

2.2.4 O Gráfico de Pareto

O Gráfico de Pareto, segundo Miguel (2001), consiste em organizar dados por

ordem de importância, de modo a determinar as prioridades para resolução dos problemas.

Este gráfico é usado para classificar causas, que podem ser defeitos, não-conformidades,

etc. É um gráfico formado por colunas, onde se colocam dados relacionados em

percentuais e distribuídos nos eixos das abcissas em ordem decrescente (figura 4).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

causas

no. e

rros

Figura 4: Gráfico de Pareto Fonte: Smith (1997,p.67)

Segundo Smith (1997), a análise de Pareto é uma ferramenta que serve para:

identificar e priorizar áreas de problemas importantes; separar a “minoria essencial” da

“maioria útil” de coisas a fazer; identificar causas e efeitos importantes. Esta ferramenta

costuma ser usada com o Brainstorming e da Análise de Causa e Efeito.

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2.2.5 O Diagrama de Relações

Esse Diagrama é uma técnica para ligar relações de causa e efeito complexas.

Smith (1997) coloca que, embora seja semelhante ao Diagrama em Espinha de Peixe e a

Técnica de Perguntar Por Quê, os Diagramas de Relações permitem que se investiguem

múltiplas cadeias de efeitos e causas que existem geralmente e as ilustram graficamente.

Para isso, é necessário definir o efeito a ser analisado ou criado.

A segunda etapa é perguntar por quê para identificar os fatores essenciais que

causam esse efeito. Assim, escrevê-los como raios principais derivados do efeito. Depois,

uma de cada vez, observar as causas como um efeito por si só identifique causa

suplementares tornando a perguntar por quê. Acrescentar essas respostas ao Diagrama.

Smith (1997) ainda sugere procurar ligações cruzadas entre as causas e os efeitos

e desenhá-las em linhas, seguido de uma discussão ou obtenção de consenso para definir as

causas principais que deseja trabalhar.

O Diagrama de Relações é conveniente para ilustrar essas cadeias e interligações

e, portanto, para identificar para onde dirigir a ação. São úteis para identificar e introduzir

essas ações.

2.2.6 Gráfico de Controle ou Carta de Controle

Na visão de Miguel (2001), este gráfico serve para representar e registrar

tendências de desempenho seqüencial ou temporal de um processo de desempenho, ou

seja, monitorar o comportamento do processo ao longo do tempo. Analisando esse gráfico,

é possível verificar se o processo está ou não sob controle. Este gráfico serve para

monitorar o processo e detectar as causas da variação desse processo.

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2.2.7 Gráficos de Áreas

Segundo Smith (1997), o Gráfico de Áreas chama-se, também, de Gráficos de

Setores, e mostram proporções em relação ao todo. Produzem impactos visuais e

permitem comparações fáceis e imediatas com outros gráficos de áreas quando são usadas

porcentagens (figura 5).

Gráfico de Áreas

Classe A

Classe B

Classe C

Classe D

Classe E

Figura 5: Gráfico de Áreas Fonte: Smith (1997, p.44)

Segundo Reis (1998), todo processo de prestação de serviços, por mais

controlado que seja, apresenta uma variabilidade que lhe é inerente, quanto mais não seja

pela participação do fator humano. Segundo o autor, as técnicas ou ferramentas estatísticas

da qualidade são utilizadas para avaliar o desempenho dos processos e verificar se eles

estão de acordo com as especificações, isto é, dentro dos limites de controle estabelecidos.

São também indicadores para tomar ações preventivas.

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2.3 A Necessidade de um Planejamento Estratégico

Uma empresa exige, obrigatoriamente, decisões e ações que serão executadas

diariamente, portanto, torna-se necessária a elaboração de um Planejamento Estratégico,

que permita analisar e avaliar corretamente estas decisões e ações. Segundo Gracioso

(1991), o Planejamento Estratégico é um meio para se chegar a um fim, ou seja, para se

chegar à rentabilidade desejada.

Espera-se que os sistemas de planejamento gerem as melhores estratégias,

incluindo instruções detalhadas de como colocá-las em prática. Assim, tudo começa pela

definição dos objetivos. Conforme Chiavenato (1999), há seis passos no processo de

planejamento:

1.Definir os objetivos;

2.Verificar qual a situação atual em relação aos objetivos;

3.Desenvolver premissas quanto às condições futuras;

4.Analisar as alternativas de ação;

5.Escolher a melhor entre as várias alternativas;

6.Implementar o plano e avaliar os resultados.

As grandes empresas definem e implementam suas estratégias, embora nem

sempre tenham sucesso nessa operação. Para as micro e pequenas empresas, uma

característica essencial dos empresários deve ser o empreendedorismo, pois é preciso que

os titulares sejam inovadores, criativos, independentes, com um bom desempenho de

liderança nos negócios. Logo, é recomendável a elaboração de um planejamento para

viabilizar as estratégias e, assim, atingir o resultado esperado, ou seja, o crescimento e o

sucesso da empresa.

Kotler (1995) afirma que “o propósito do Planejamento Estratégico é ajudar a

empresa a selecionar e organizar os negócios de maneira que se mantenha saudável, apesar

das turbulências que ocorrem em qualquer um de seus negócios específicos ou linhas de

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produto”. Ainda, conforme Kotler (1995), as empresas que têm excelente desempenho e se

adaptam facilmente ao mercado, praticam a “arte do Planejamento Estratégico orientado

para o mercado”. Pode-se constatar, assim, que o Planejamento Estratégico reduz as

incertezas e o risco do fracasso, aumentando as chances de que a empresa alcance seus

objetivos.

Segundo a visão de Gracioso (1991), a origem do planejamento estratégico, em

nível de empresa privada, pode ser localizada nos anos que se seguiram à Segunda Guerra

Mundial. A partir daí, algumas empresas americanas, principalmente, criaram sistemas de

orçamentos anuais formalizados, com o objetivo de controlar melhor o fluxo das receitas e

despesas. Nos anos 50, começaram a tomar forma, a partir de alguns grupos da Harvard

Business School, os primeiros conceitos da administração integrada, que defendiam a

necessidade de uma estratégia global, capaz de harmonizar e disciplinar os diversos setores

da empresa (produção, marketing, finanças etc.). Cresceu a febre dos planos estratégicos

entre as grandes corporações diversificadas, formuladas pela alta gerência e impostos

discricionariamente aos executivos de linha.

Para Tavares (1991), o planejamento estratégico começou nos Estados Unidos nos

anos 60, com o intuito de criar e implementar estratégias que iriam aumentar a

competitividade das organizações, envolvendo a separação entre o pensar e o fazer. Isto

criou a função dos planejadores estratégicos.

Vale acrescentar o conceito dado por Oliveira (1991), quando ensina que o

planejamento estratégico é um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer

o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação

da empresa com o seu ambiente e mercado.

O planejamento estratégico, para Gracioso (1991), é definido pela “alocação de

recursos calculados para atingir determinados objetivos, num ambiente competitivo e

dinâmico”. Afirma o autor que a função principal do planejamento estratégico é “criar

condições para o crescimento equilibrado da empresa”. Acrescenta ainda que o “sucesso

dependerá da capacidade do líder para combinar as idéias do grupo numa estratégia de

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ação; obter o consenso de todos em torno dessa estratégia; e, finalmente, confiá-la ao grupo

para que seja implementada”.

Smith (1997) resume a análise estratégica como uma maneira de resumir

graficamente um determinado processo, produto, departamento ou organização em termos

de suas vantagens, desvantagens, oportunidades e ameaças. Segundo ele, deve-se

identificar o que vai ser analisado e executar um brainstorming sobre quatro setores:

Vantagens- características/comportamentos/aspectos intrínsecos do desempenho que constituem seus pontos fortes.

Desvantagens- características / comportamento/ aspectos intrínsecos do desempenho que constituem seu ponto fraco.

Oportunidades- eventos, disponibilidade, mudanças externas ao elemento em análise que oferecem oportunidades positivas de crescimento ou aprimoramento.

Ameaças - eventos, disponibilidade, mudanças externas ao elemento em análise que podem ser prejudiciais ao desempenho. (SMITH, 1997, p. 71)

A Análise Estratégica é usada para resumir as diversas forças que atuam numa

situação como ponto de partida para identificar áreas de ação.

2.4 O Ciclo PDCA Usado Para Resolver Problemas

As ferramentas são necessárias para resolver problemas e devem ser adequadas a

cada empresa. Por problemas usa-se o conceito usado por Stevens (2003) que apresenta os

problemas como quaisquer circunstâncias - reais ou imaginárias - as quais se acha que

devem ser melhoradas. Para ele, no entanto, solucionar um problema é preencher a lacuna

entre os dois estados, com uma ação que almeje o objetivo a ser alcançado, ou seja, é o

processo de transformar uma situação em outra.

Para solucionar os problemas é necessário submetê-los a um sistema, que passará

por etapas para realizar as melhorias, envolvendo os vários segmentos da instituição. Por

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isso, é importante determinar metas e objetivos a serem alcançados. Neste sentido, “o

PDCA simboliza o princípio da interação na resolução de problemas – efetuar melhorias

por etapas e repetir o ciclo de melhoria várias vezes” (SHIBA; GRAHA; WALDEN, 1997,

p. 47).

Seguindo essa lógica de trabalho, é importante explicar como funciona o ciclo

PDCA – Plan-Do-Check-Act – (Planejar – Fazer – Verificar – Agir) que, na visão de

Gianesi e Corrêa (1996, p. 228), é um processo de melhoria (figura 6).

É visto como um processo contínuo e continuado, representado por um círculo. Os envolvidos no processo têm que percorrer o círculo no sentido horário, começando pelo estágio de planejamento da melhoria, passando, subseqüentemente, pelos estágios de Implantar a melhoria. Depois de avaliar a melhoria, por fim, tem que decidir sobre a ação a ser disparada pelos resultados da avaliação.

AÇÃO A SER DISPARADA * Se melhoria foi sucesso, normatiza e padroniza *Se melhoria não foi sucesso, ou se re-inicia o ciclo ou se volta à situação anterior

IMPLANTAR MELHORIA * Medir Desempenho Atual * Envolver Pessoas * Implantar Alteração de Processo

AVALIAR A MELHORIA * Medir desempenho após melhoria * Avaliar desempenho após melhoria

PLANEJAR MELHORIA * Identificação de Oportunidade de Melhoria * Análise do processo * Geração de Alternativas * Avaliação de Alternativas * Planos de Ação e Implantação

PPlan

DDo

AAct

CCheck

Figura 6: O Ciclo do PDCA para Melhoria Contínua Fonte: Gianesi e Correa (1994, p.228)

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Para melhor entender esse processo, precisa-se explicar cada termo que compõe o

PDCA, para isso usam-se conceitos elaborados por Shiba, Graha e Walden (1997, p. 47).

Planejar – determinar analítica e quantitativamente quais são os problemas chave em um processo ou atividades existentes e como eles poderiam ser corrigidos.

Executar – ou fazer – implementar o plano.

Verificar – confirmar quantitativa e analiticamente que o plano funciona e resulta em melhor desempenho.

Atuar – ou agir – modificar o processo anterior adequadamente, documentar o

processo revisado e utilizá-lo

Smith (1997, p. 119) avalia o processo de Planejar-Fazer-Verificar-Agir como um

“processo de aprimoramento sistemático para resolver problemas de qualidade e

implementar soluções duradouras”.

Neste sentido para Smith (1997), Planejar significa:

1- criar oportunidades de aprimoramento;

2- observar e analisar as exigências dos clientes;

3- definir o problema, comparando as exigências dos clientes com a situação atual;

4- recolher informações definindo e mapeando o processo atual;

5- fazer uma análise das causas do problema;

6- desenvolver ferramentas para as soluções possíveis e analisar o custo-benefício;

7- definir metas de aprimoramento, preparando um plano de ação inicial, onde

estejam identificadas as forças motivadoras e contrárias, bem como, o

desenvolvimento dos pontos de verificação para acompanhar os processos.

O Fazer consiste em implementar soluções, ou seja, executar o plano. Na etapa

seguinte, Verificar é acompanhar os resultados e avaliar o plano. Aqui deve ser levada em

conta a satisfação do cliente, os benefícios obtidos, se o plano foi bem sucedido ou não e

por quê.

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O Agir corresponde a providenciar ações corretivas para os desvios. Assegurar-se

de que a padronização do processo pode tornar permanente uma solução bem-sucedida,

sem deixar de refletir sobre o que se aprendeu, o que se conseguiu e qual será o ponto de

partida para a próxima melhoria.

Ainda pela visão de Smith (1997, p. 122) este “processo ajuda a resolver

problemas e identificar/implementar soluções de maneira disciplinada”.

2.5 A Satisfação dos Clientes Soluciona Problemas

Como o problema aqui apresentado refere-se ao volume de negócios com créditos

de recebíveis e funcionamento de uma Agência da Caixa, importa referir a qualidade de

serviços, associada à rentabilidade, já que é necessário verificar a satisfação dos clientes,

pois, é através desta satisfação que se conseguirá a fidelidade dos mesmos. Segundo

Kaplan e Norton (1997, p. 74),

... tanto a retenção quanto a captação de clientes são determinadas pelo atendimento às necessidades dos clientes. Indicadores de satisfação dos clientes fornecem feedback sobre o desempenho da empresa. A importância da satisfação do cliente não deve ser subestimada. Pesquisas recentes indicaram que um nível meramente adequado de satisfação de clientes não basta para assegurar um alto grau de fidelidade, retenção e lucratividade. Somente quando os clientes classificam suas experiências de compra como total ou extremamente satisfatórias a empresa pode contar com a repetição.

Para avaliar a satisfação dos clientes faz-se necessário entrevistá-los e, para isso,

segue-se orientação e conceitos formulados por Shiba, Graha e Walden (1997, p. 148-9).

Os autores sugerem quatro perguntas abertas para questionar os clientes:

1. “Que imagem lhe vem à cabeça quando você visualiza este produto ou serviço?” (...) A partir desta pergunta, as exigências do cliente podem ser desenvolvidas em relação à utilização real do produto.

2. “A partir de sua experiência, que reclamações, problemas ou deficiências você gostaria de mencionar sobre o produto ou serviço?” Esse tipo de questionamento identifica fatores que formam as expectativas correntes com respeito ao produto ou serviço.

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3. “Que características você valoriza quando seleciona um produto ou serviço?” Esse tipo de questionamento determina fatores que formam percepções atuais.

4. “Que novas características atenderiam às suas necessidades futuras?” Esse tipo de questionamento identifica aspectos que podem conduzir a um aumento no grau de satisfação do comprador.

Foi preciso identificar critérios pelos quais os clientes avaliam os serviços. Por

estes critérios se determina a gestão dos serviços, assim, tem-se a formulação de uma

estratégia de operações. Zeithaml, Parasuraman e Berry (apud GIANESI & CORRÊA, 1996,

p.90) criaram um instrumento para avaliar a percepção dos clientes a respeito da qualidade

do serviço, denominado SERVQUAL, baseado em uma lista de cinco critérios:

• confiabilidade – habilidade de prestar o serviço de forma confiável, precisa e consistente;

• responsividade – a disposição de prestar o serviço prontamente e auxiliar os clientes;

• confiança – conhecimento (competência) e cortesia dos funcionários e sua habilidade de transmitir confiança, segurança e credibilidade;

• empatia – o fornecimento de atenção individualizada aos clientes, facilidades de contato (acesso) e comunicação

• tangíveis – aparência das instalações físicas, dos equipamentos, dos funcionários e dos materiais de comunicação.

Atualmente, encontrar novas formas de satisfazer o cliente, perceber mais

rapidamente suas mudanças, de preferência, ouvir o cliente, enfim, aprender com o cliente

é um dos pré-requisitos para o sucesso de qualquer empresa.

2.6 A Necessidade da Avaliação da Gestão

Robert Kaplan e David Norton (1997, p. 21) notaram que indicadores contábeis e

financeiros isoladamente mostravam-se incapazes de medir as atividades criadoras de valor

para as empresas relacionadas com ativos intangíveis, como habilidade, competência e

motivação dos empregados, relacionamentos com clientes, imagem da organização, entre

outras. Segundo eles, “medir é importante: ‘o que não é medido não é gerenciado’. O

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sistema de indicadores afeta fortemente o comportamento das pessoas dentro e fora da

empresa”.

A partir dessa idéia foi criado o Balanced Scorecard (BSC) que é um modelo de

gestão que tem por objetivo auxiliar as empresas a traduzir estratégias em objetivos

operacionais, que direcionam comportamentos e performances. Na visão de Kaplan e

Norton (1997) o Balanced Scorecard preserva as medidas financeiras tradicionais e

complementa com medidas de vetores que impulsionam o desempenho futuro. Sendo

assim, seus objetivos e medidas focalizam o desempenho organizacional sob quatro

perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e de aprendizado e crescimento.

Isso é demonstrado pelos autores na figura a seguir:

Figura 7: O Balanced Scorecard Fornece a Estrutura Necessária para a Tradução da Estratégia em Termos Operacionais.

Fonte: Kaplan e Norton (1997, p.10)

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2.7 Conceito e Histórico de Crédito

É necessário fazer uma análise do que vai se tratar por crédito, já que a palavra

pode ter vários significados. A origem está no latim e significa “crença”, “confiança”.

Desse modo, pode-se entender que ter crédito é desfrutar de confiança. Significa ainda,

“soma posta à disposição de alguém num banco, numa casa de comércio, etc., mediante

certas vantagens” (AURELIO, 1995, p.186).

Desde a Antigüidade os homens já emprestam dinheiro, pode-se observar isso

num dos Códigos de Leis mais antigos do mundo, o Código de Hamurabi (1800 a.C.), que

apresentava algumas leis referentes ao crédito na Babilônia (CAQUETE, ALTMAN e

NARAVANAM, 1999).

O conceito de crédito, considerado em contexto amplo, para Gomes (2003,

p.172) “está ligado à idéia de segurança e de verdade que se pode inferir de alguma pessoa

ou de uma empresa”. Contudo, dentro da área financeira, crédito caracteriza a concessão

de receber a posteriori algo que se poderia estar recebendo no momento da transação.

Já Pereira (1998) conceitua uma operação de crédito como a troca de um valor

presente pela promessa de um pagamento futuro, que pode ser representada, tanto pela

cessão de prazo de pagamento de um fornecedor para seu cliente, quanto por uma operação

de empréstimo.

O crédito está presente em quase todas as políticas financeiras das empresas

comerciais e industriais, como expediente de vendas ou para prover as necessidades de

caixa. Obter crédito, para a pequena empresa, no Brasil, não é tarefa fácil, tendo em vista

as altas taxas de juros praticadas.

É função dos bancos promover a intermediação financeira, administrando

recursos de terceiros, para fornecer crédito ao comércio, às empresas, à indústria e às

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pessoas físicas. Segundo Carvalho e Abramovay (2004), o sistema brasileiro é eficiente do

ponto de vista microeconômico, pois os serviços são muito sofisticados e a posição

patrimonial é sólida, com indicadores de risco de crédito ponderado superiores ao previsto,

no acordo da Basiléia.

No âmbito específico das entidades bancárias, Silva (1997) entende que crédito

consiste na disponibilização ao cliente de certo valor, sob a forma de empréstimo ou

financiamento, mediante uma promessa de devolvê-lo em montante maior numa data

futura4. Deve-se salientar a conceituação dada por Santos (2000, p. 15), quando ensina

que:

Crédito, em finanças, é definido como a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes. O crédito inclui duas noções fundamentais: confiança, expressa na promessa de pagamento; e o tempo, que se refere ao período fixado entre aquisição e liquidação da dívida.

Como se pode constatar, a concessão de crédito significa confiar que outrem irá

honrar seus compromissos, nas datas pactuadas anteriormente.

Os bancos comerciais, as financeiras e as sociedades de leasing precisam gerir

eficazmente suas carteiras de empréstimos, para que não prejudiquem seus clientes, já que,

no futuro, a grande fonte de recursos para os bancos estará centrada no crédito. Este fato

resultará da tendência de queda nas taxas de juros e na estabilidade do câmbio. Assim

sendo, os bancos estarão obrigados a cumprir eficientemente a sua função básica de

fomento à economia.

No entanto, o que ocorre, atualmente, em vista da alta taxa de juros e do aumento

da inadimplência, é a retração nos empréstimos no sistema financeiro. Conforme dados do

Banco Central, o volume total das operações de crédito atinge 332 bilhões de reais, em

dezembro de 2001. Em dezembro de 2002, evoluiu para 378 bilhões de reais e, em

outubro de 2003, evoluiu para 394 bilhões de reais.

4No decorrer deste trabalho, a palavra crédito será utilizada conforme esse conceito.

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Tabela 1: Evolução das Operações de Crédito no Brasil

Fonte: Site do Banco Central (2003)

2.8 Histórico das Instituições Bancárias

O sistema bancário surgiu, no Brasil, quando D. João VI fundou o Banco do

Brasil em 1808, baseado no modelo europeu; sendo que muitas operações que são

realizadas hoje, nem sequer eram imaginadas. De acordo com Fortuna (2004, p.3):

Os bancos sempre guardaram, através do tempo, uma característica excessivamente nobre ou, porque não dizer austera. Um exemplo desse rigor eram as próprias gerências operacionais, as quais obrigatoriamente deveriam manter contato com o público e ficavam situadas no fundo das agências, com portas muito bem trancadas, por onde poucos ousariam entrar.

O autor ainda coloca que essa situação estendeu-se até a metade do século XX.

Somente a partir dos anos 50, o Brasil expandiu seu potencial econômico. Propagaram-se

bancos pelo Brasil e junto com eles uma “debilitada capacidade empresarial para

administrá-los” (FORTUNA, 2004, p. 3). Para amenizar esses problemas, em 1945, foi

Habit. Rural BNDES Outros Total

2001 Dez 194 105 21 259 26 132 65 540 3 966 116 897 11 537 9 845 332 384

2002 Dez 212 427 21 623 34 668 84 717 1 917 142 925 9 474 13 481 378 307

2003 Jan 213 046 21 694 34 754 85 077 869 142 395 9 192 13 438 378 071

Fev 214 905 21 801 35 395 85 698 981 143 876 8 947 13 907 381 635

Mar 215 483 21 979 35 657 83 503 1 449 142 588 8 571 13 771 380 413

Abr 214 611 22 135 36 300 80 554 1 630 140 619 8 332 13 158 376 720

Mai 214 759 22 171 37 139 81 175 1 972 142 456 8 225 13 827 379 267

Jun 214 478 22 592 38 432 82 078 2 387 145 489 8 183 13 154 381 304

Jul 212 634 22 691 38 447 83 670 2 616 147 424 8 269 14 552 382 879

Ago* 213 926 22 806 39 293 83 197 2 569 147 865 8 438 15 107 385 336

Set* 215 931 22 903 41 244 84 442 2 637 151 226 8 531 15 067 390 755

Out* 218 314 22 973 42 868 84 185 2 482 152 507 8 531 15 205 394 557

Leasing Setor Público Total GeralMês Recursos

LivresRecursos Direcionados

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criada, através do Decreto-Lei nº 7.293, a SUMOC (Superintendência da Moeda e do

Crédito). A partir daí, começou a se consolidar o Sistema Financeiro Nacional.

Em 1964, aconteceu a reforma bancária que, segundo Fortuna (2004, p. 3-4) foi

realizada pela Lei nº 4.595, de 31/12/64) e a Reforma do Mercado de Capitais (Lei nº

4.728, de 14/07/65), as quais definiram uma política que procurava acabar com a

controvérsia relativa às instituições financeiras, ou seja, evolução no sentido europeu, pela

qual os bancos eram as principais peças do sistema financeiro, operando em todas as

modalidades de intermediação financeira, ou adoção de modelo americano, onde

predominava a especialização. Assim, o banco ficaria com o segmento de capital de giro e

outras operações de curto prazo. Em 1959, criaram-se os bancos de investimento; em 1965,

as associações de poupança; e empréstimo, em 1969. O Banco Nacional de Crédito

Cooperativo, foi criado em 1951, e o BNDES, em 1952. E, em 1964, foi criado o BNH.

Mais tarde, em 1986, foram extintos o BNCC e o BNH, este absorvido pela Caixa

Econômica Federal.

Ao que parece, a estrutura bancária atual é resultado das reformas realizadas em

64/65, quando foram criados o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central, além

disso foram regulamentadas as instituições de intermediação. Mais tarde, a Resolução nº

1.524/88, de 22/09/88, facultou às instituições financeiras sua organização como

instituição única e personalidade jurídica própria, chamada de banco múltiplo (FORTUNA,

2003).

2.9 O Sistema Financeiro Nacional

O Sistema Financeiro é considerado um conjunto de instituições que se dedicam

ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos

entre os poupadores e investidores. O mercado financeiro – onde se processam transações

– permite que um agente econômico qualquer (indivíduo ou empresa), sem perspectivas de

aplicação, em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar, seja

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colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superam as respectivas

disponibilidades de poupança. O mercado financeiro pode ser considerado como elemento

dinâmico no processo de crescimento econômico, uma vez que permite a elevação das

taxas de poupança e investimento (FORTUNA, 2004, p.15).

Pela Lei de Reforma Bancária (4.595/64), o Art. 17, caracteriza instituições

financeiras:

Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.

“O mercado financeiro é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos

financeiros, destinados a possibilitar a transferência de recursos dos ofertadores para os

tomadores, criando condições de liquidez no mercado.” Afirmam, ainda, os autores que “O

mercado financeiro é o local onde o dinheiro é gerido, intermediado, oferecido e

procurado, por meio de canais de comunicação que se entrelaçam na formação de

sistemas” (RUDGE ; CAVALCANTE, 1996, p.3).

O mercado financeiro divide-se em duas categorias, levando-se em conta,

principalmente, os prazos das operações:

- Mercado de crédito: é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos

financeiros destinados a possibilitar operações de prazo curto, médio ou aleatório. Ex.:

depósitos à vista.

- Mercado de capitais: é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos

financeiros destinados a possibilitar operações de médio ou longo prazo ou de prazo

indefinido, como no caso de ações, por exemplo (ANDREZO, 2002).

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2.9.1 Autoridades Monetárias

Existem autoridades monetárias que aplicam as leis e regulam o sistema

financeiro. Entre elas, pode-se citar:

2.9.1.1 Conselho Monetário Nacional: órgão normativo responsável pela

fixação das diretrizes das políticas monetárias, creditícia e cambial do País. O CMN

transforma-se num conselho de política econômica. Subordinada ao CMN, foi criada a

Comissão Técnica da Moeda e do Crédito. Seus componentes são: Presidente do Banco

Central, Presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Secretários do Tesouro Nacional

e de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Diretores de Política Monetária, de

Assuntos Internacionais e de Normas e Organização do Sistema Financeiro, todos do

Banco Central (SANTOS, 1999, p.25).

Ligadas a CMN funcionam, também, as comissões consultivas das Normas e

Organização do Sistema Financeiro, Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros, Crédito

Rural, Crédito Industrial, Endividamento Público, Política Monetária Cambial e Processos

Administrativos.

O CMN, segundo Fortuna (2004), é a entidade superior do sistema financeiro.

Cabe ressaltar algumas de suas atribuições: autorizar as emissões de papel-moeda; aprovar

os orçamentos monetários preparados pelo BC; fixar diretrizes e normas da política

cambial; disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias;

estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros;

determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras;

regulamentar as operações de redesconto de liquidez; outorgar ao BC o monopólio de

operações de câmbio, quando o balanço de pagamento o exigir; estabelecer normas a serem

seguidas pelo BC nas transações com títulos públicos; regular a constituição, o

funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financeiras que operam no país.

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2.9.1.2 O Banco Central do Brasil: entidade criada para atuar como órgão

executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer

cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas

pelo CMN. Sediado em Brasília, possui representações regionais em Belém, Belo

Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. O BC pode ser

considerado como: Banco dos Bancos, Gestor do Sistema Financeiro Nacional, Executor

da Política Monetária, Banco Emissor e Banqueiro do Governo. É por meio do BC que o

governo interfere no sistema financeiro (SANTOS, 1999, p.26).

2.9.1.3 Autoridades de Apoio: conforme Fortuna (2004), além das autoridades

citadas anteriormente pode-se verificar que existem as autoridades de apoio, entre as quais

destacam-se as seguintes: CVM , BB, BNDES, Caixa Econômica Federal.

A Comissão de Valores Mobiliários – CVM - foi criada em 1976 como órgão

normativo do sistema financeiro voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a

fiscalização do mercado de valores mobiliários.

O Banco do Brasil é um conglomerado financeiro que vem, aos poucos, se

ajustando à estrutura de um banco múltiplo tradicional, embora ainda opere como agente

financeiro do Governo Federal. É o principal executor da política oficial de crédito rural.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES - é a

instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal e

é, também, a principal instituição financeira de fomento do País. Tem como objetivos

básicos impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país, fortalecer o setor

empresarial nacional, atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de

produção, promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de

serviços e promover o crescimento e a diversificação das exportações.

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A Caixa Econômica Federal é a instituição financeira responsável pela

operacionalização das políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento

básico, caracterizando-se, cada vez mais, como banco de apoio ao trabalhador de baixa

renda. Atua nas áreas de atividades relativas a bancos comerciais, sociedades de créditos

imobiliários e de saneamento e infra-estrutura urbana, além de prestação de serviços de

natureza social, delegada pelo Governo Federal. As principais atividades estão

relacionadas com a captação de recursos em cadernetas de poupança, em depósitos

judiciais entre outros. Os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço – FGTS – são direcionados, quase na sua totalidade, para as áreas de saneamento e

infra-estrutura urbana. Também é responsável pela administração de loterias, de fundos e

de programas, com destaque ao FGTS, ao Fundo de Compensação de Variações Salariais –

FCVS, ao Programa de Integração Social – PIS, ao Fundo de Apoio ao Desenvolvimento

Social – FAS – e ao Fundo de Desenvolvimento Social – FDS (FORTUNA, 2004, p. 24).

2.10 Conceito de Banco Múltiplo

É relevante destacar o conceito de banco múltiplo, no qual se pode

contextualizar a Caixa Econômica Federal. Para melhor compreender o que é conhecido

como banco múltiplo será usado o conceito elaborado por Fortuna (2004, p. 37):

Os bancos múltiplos surgiram através da Resolução nº 1.524/88, emitida pelo BC por decisão do CMN, a fim de racionalizar a administração das instituições, que muitas vezes eram empresas de um mesmo grupo, se constituíam em uma única instituição financeira com personalidade jurídica própria e, portanto, com um único balanço, um único caixa e, conseqüentemente, significativa redução de custos. Em termos práticos, mantêm as mesmas funções de cada instituição em separado, com vantagens de contabilizar operações como uma só instituição.

As carteiras de um banco múltiplo envolvem carteira comercial (regulamentação do Banco Central), carteira de investimento (regulamentação dos BI), carteira de crédito imobiliário (regulamentação das SCFI) e carteira de desenvolvimento (regulamentação dos BD). Em 1994, quando da adesão ao Acordo da Basiléia, foi incluída a carteira de leasing. Para configurar a existência do banco múltiplo, ele deve possuir pelo menos duas das carteiras mencionadas, sendo, obrigatoriamente, uma delas comercial ou de investimento.

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2.10.1.1 Principais Operações Bancárias de um Banco Múltiplo

Conforme Fortuna (2004), os principais tipos de operações bancárias que se tem

hoje, no mercado financeiro, são as seguintes:

2.10.1.2 Tipos de Operações:

Produtos de serviços: entende-se por produtos de serviços os relacionados à

prestação de serviços aos clientes, cuja remuneração ao banco é obtida através do float

(permanência de recursos transitórios dos clientes no banco) ou pela cobrança de tarifas de

prestação de serviços. Destacam-se alguns dos principais serviços: depósito à vista ,

Cobrança de títulos, Pagamentos de títulos e carnês, arrecadação de tributos em geral, etc.

Produtos de captação: uma das principais funções dessa mesa é que está ligada à

captação de recursos comprados pela instituição. Alguns dos principais produtos de

captação: poupança, fundos, Certificados de depósito bancário e recibos de depósito

bancário, Cédulas de debêntures, Letras de Câmbio, Letras Hipotecárias, Letras de crédito

imobiliário, etc.

Produtos de empréstimo: as instituições financeiras fazem repasse dos recursos

captados dos agentes econômicos superavitários aos agentes econômicos deficitários.

Existe uma enorme variedade de produtos disponíveis que se diferenciam pelos prazos,

taxas, formas de pagamento e garantias, com o limite sendo a criatividade do banco diante

das limitações impostas pelo Banco Central. Estes produtos são oferecidos para as pessoas

físicas e para as pessoas jurídicas. Tais serviços não serão descritos aqui, uma vez que a

Caixa, por ser um Banco Múltiplo, possui os mesmos produtos prestados pelo mercado

financeiro.

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Dinheiro de plástico: existe uma variedade de dinheiro de plástico para facilitar

o dia-a-dia e aumentar o consumo. Alguns exemplos: cartões magnéticos, cartões de

débito, cartões de crédito, etc.

Produtos de financiamento imobiliário: o grande financiador de crédito

imobiliário é a Caixa que o faz através de recursos específicos, como o FGTS, o Fundo de

Arrendamento Residencial (FGTS e Tesouro Nacional), o Orçamento Geral da União, o

Fundo de Amparo ao Trabalhador e recursos captados na própria Caixa. Segundo Eduardo

Fortuna (2004), as principais linhas de financiamento oferecidas no mercado são a Carta de

Crédito FGTS Individual, Construcard, Financiamento de Imóveis na Planta, entre outras.

Crédito rural: são recursos financeiros que só podem ser utilizados para

aplicação em atividades agropecuárias, desenvolvidas por produtores rurais. Somente os

bancos comerciais e múltiplos podem atuar neste segmento.

Ainda existem outros serviços, tais como: Captação de recursos no exterior, as

operações de swap e derivativos e operações com títulos da dívida externa, operações de

intermediações financeiras, operações de leasing, etc .

2.11 Micro e Pequenas Empresas

Tendo em vista a importância deste mercado de empresas para a Caixa e,

principalmente, seu foco de atuação empresarial, faz-se necessário conceituar Micro e

Pequenas Empresas.

Vidal (1995) considera como critério diferencial dessas empresas as suas

peculiaridades específicas no que diz respeito à organização de sua direção, suas funções, o

pequeno volume de operações ou transações efetuadas e as relações entre o empréstimo e a

empresa, pois, muitas vezes, confundem-se a pessoa física e a jurídica.

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O conceito de pequena empresa é amplo. Para Longenecker (1997), por exemplo,

especificar pelo padrão de tamanho é arbitrário, porque as pessoas podem adotar padrões

diferentes para propósitos diferentes e, ainda, comparada com outras empresas pode ser

considerada “pequena” e “grande” comparada a outras.

São vários os conceitos para micro, pequenas, médias e grandes empresas no

Brasil. São considerados critérios quantitativos, como o número de empregados e o

faturamento anual bruto para classificar estas empresas.

O Sebrae (2004) – Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa – define estas

empresas conforme o faturamento anual e o número de empregados. Considera-se:

Microempresa aquela que possui até 19 empregados na indústria, até 9 empregados em

comércio ou serviços. Receita operacional bruta anual até R$ 1,2 milhão; Pequena

Empresa, entre 20 e 99 funcionários na indústria, de 10 a 49 empregados em comércio ou

serviços. Receita operacional bruta anual entre R$ 1,2 milhão e R$ 10,5 milhões; Média

Empresa, acima de 100 e 499 empregados na indústria, de 50 a 99 empregados em

comércio ou serviços. Receita operacional bruta anual entre R$ 10,5 milhões e R$ 60

milhões; Grande empresa é aquela que emprega mais de 499 pessoas na indústria, mais de

99 empregados em comércio ou serviços. Receita operacional bruta anual superior a R$ 60

milhões.

As MPMEs não poderão estar controladas por outra empresa ou pertencer a um

grupo econômico que, em seu conjunto, supere os valores estabelecidos. Além disso,

deixarão de pertencer à condição de MPMEs se, durante dois anos consecutivos, superarem

os parâmetros estabelecidos.5 As duas principais normas que estabelecem classificações de

firmas, conforme o porte empresarial são a Resolução GMC nº 59/98 do MERCOSUL e o

Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei 9.841/99).

5 Fonte: MERCOSUL/GMC/RES nº90/93 e MERCOSUL/GMC/RES nº59/98

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O surgimento de novas empresas, principalmente, as pequenas, é de fundamental

importância para o desenvolvimento econômico de uma região, já que propicia uma

melhor distribuição de renda e o surgimento de novas oportunidades de emprego.

Sendo, então, relevante contribuir para que a pequena empresa, através de

práticas administrativas, seja consolidada no mercado com seus serviços ou produtos.

Deve-se considerar, ainda, que, de acordo com Leone (1999, p. 93-4),

As teorias das organizações nascem, essencialmente, dos problemas surgidos nas grandes unidades empresariais... Durante muito tempo pensou-se que as Pequenas e Médias Empresas deveriam ter, em menor escala, os mesmos princípios de administração usados pelas Grandes empresas... No entanto, a dimensão da organização pequena e média empresa cria uma condição particular que a distingue das empresas de maior porte e, constatando-se esse aspecto, torna-se necessário estudar um enfoque diferente para sua gestão. As pequenas e médias empresas têm seus próprios problemas que já merecem uma teoria específica.

Desta forma, o crescimento destas empresas vem provocando grande

preocupação, não apenas por parte dos empresários, tendo em vista o capital investido, mas

também de organizações como a Caixa que podem oportunizar desenvolvimento, através

de programas que estimulem os pequenos negócios.

Sabe-se, outrossim, que as micro e pequenas empresas enfrentam dificuldades

para se fixar no mercado. Estatísticas demonstram que a maioria encerra suas atividades

antes mesmo de completar um ano. Constata-se, ainda, que a permanência destas empresas

possibilita contribuir para a diminuição do desemprego, já que ocupam nichos de mercado

desprezados pelas grandes empresas, além de promover a descentralização das atividades

industriais no país (BATALHA, 1989).

Ainda que as pequenas empresas enfrentem problemas como a limitação de

recursos financeiros, pouca qualificação do pessoal empregado e dificuldade de acesso às

linhas de crédito elas "oferecem contribuições excepcionais na medida e que fornecem

novos empregos, introduzem inovações, estimulam a competição, auxiliam as grandes

empresas e produzem bens e serviços com eficiência" (LONGENECKER, 1997).

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As micro e pequenas empresas são a base da sustentação da economia nacional,

conforme o Sebrae (2004), respondendo por 21% do PIB e 60% da oferta de emprego. Em

números absolutos, pode-se dizer, que são, respectivamente, R$ 189 bilhões e 44,4 milhões

de vagas ocupadas pela população economicamente ativa.

2.11.1 Micro e Pequenas Empresas e a Necessidade de Crédito

Há necessidade de crédito, quando o empresário precisa de capital para investir

em melhorias na empresa, como renovar as instalações, incorporar novas tecnologias,

processos, adquirir novos equipamentos, imóveis, etc.

Uma outra situação ocorre quando a empresa precisa de Capital de Giro para

suprir as defasagens de caixa da empresa, para suprir as necessidades operacionais de

compra de matéria prima, pagamento de impostos e salários.

O Sebrae realizou uma pesquisa e constatou que o maior problema das empresas

para conseguir crédito não está na dificuldade de acesso ao sistema bancário . A figura 8

indica as principais alegações dos bancos para não fornecer crédito às empresas.

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40%

16%

12%

8%

8%

4%

12%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Falta de Garantias Reais

Registro no CADIN/SERASA

Insuficiência de Documentos

Inadimplência da Empresa

Linhas de Crédito Fechadas

Projeto Inviável

Outras ( * )

Razões alegadas pelos bancos para não dar empréstimos às MPEs, segundo as empresas com propostas de crédito negadas

Figura 8: Razões Alegadas pelos Bancos para não dar Empréstimos às MPE,

Segundo as Empresas com Proposta de Crédito Negada. Fonte: Sebrae (2004)

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3 METODOLOGIA

A metodologia empregada neste estudo baseia-se na utilização de ferramentas

para análise e melhoria de serviços com fundamentação na lógica do PDCA6, desde a

satisfação dos clientes, dos funcionários até a rentabilidade da Agência estudada. Para tal,

realizou-se um estudo de caso da Caixa Econômica Federal, na Agência Pelotas, com

ênfase no setor empresarial, que efetua negócios com micro e pequenas empresas. A figura

9 mostra as fases do PDCA planejado, associado ao problema em questão.

A P

DC

Análise de demandaColeta de DadosPré-diagnósticoDiagnóstico Elaboração do Plano de Ação

Execução das ações planejadasAvaliação das transformações

Validação

Figura 9: PDCA Associado ao Problema Fonte: Lick (2003)

6 Termo que foi explicado no capítulo 2.

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Na observação dos problemas7 e análise para encontrar soluções precisa-se seguir

uma metodologia, pois, a solução destes é um processo complexo. Há necessidade então de

se reconhecer e definir o problema, analisá-lo e desenvolver as possíveis soluções. Além

disso, avaliam-se as possibilidades dessas soluções até a implementação daquela mais

adequada.

Para resolver os problemas eventualmente encontrados na Agência seguem-se os

passos do PDCA que a serem desenvolvidos nas etapas a seguir:

3.1 Etapa 1: Planejar

Em primeiro lugar, é necessário eleger um objetivo, ou seja, conhecer o problema

é fundamental para planejar uma ação a ser posta em prática. Segundo Shiba (1997), é

possível relacionar a lógica do PDCA com as sete etapas do controle de qualidade e as sete

ferramentas do controle de qualidade. Dentro desta lógica, é importante fazer um

planejamento das ações a serem providenciadas. Em primeiro lugar, segundo este autor,

seleciona-se o tema, coletam-se os dados e analisa-se a causa.

Deve-se identificar o problema, no momento em que se percebe que as coisas não

acontecem como deveriam. Geralmente, os problemas estão relacionados aos

aborrecimentos do dia-a-dia. Para selecionar o problema a ser resolvido foram utilizadas

algumas ferramentas que possibilitaram diagnosticar os problemas, tais como, o gráfico de

clientes por segmento na agência estudada. Neste estudo começa-se pela análise da

demanda dos serviços prestados.

7 Refere-se à palavra problema “às incertezas ou dificuldades encontradas durante uma passagem de uma situação para outra mais favorável” (STEVENS, 2003, p.3).

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3.1.1 Análise do Problema para Solução de Crédito

A sociedade atual preocupa-se com a qualidade de serviços. Medir a qualidade,

isto é, o desempenho dos processos pré-determinados é importante para conhecer,

antecipadamente os resultados finais. A relevância dos serviços, segundo Gianesi e Corrêa

(1996), fazem aumentar a demanda, o que está relacionado a alguns fatores. São eles: as

pessoas têm desejo de melhor qualidade de vida, portanto querem mais tempo de lazer, em

conseqüência disso, a urbanização torna necessários alguns serviços (como segurança, por

exemplo); com as mudanças demográficas que aumentam a quantidade de crianças e/ou

idosos, os quais consomem maior variedade de serviços; além disso, mudanças

socioeconômicas como o aumento da participação da mulher no trabalho remunerado e

pressões sobre o tempo pessoal, aumentam a sofisticação dos consumidores, levando a

necessidades mais amplas de serviços; as mudanças tecnológicas (como o avanço dos

computadores e das telecomunicações) que têm aumentado a qualidade dos serviços ou,

ainda, criando serviços completamente novos, surgindo, também, consumidores mais

exigentes.

Em termos de ocupação de mão-de-obra, o setor de serviços vem aumentando nos

últimos anos. Para reforçar isso, Gianesi e Corrêa (1996) analisaram a figura 10, que

representa a participação percentual dos três principais setores da economia, segundo a

classificação do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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56

Os Serviços na Economia Brasileira

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

1950 1960 1970 1980 1989

AgriculturaServiçosIndústriaOutros

Figura 10: Gráfico “Os Serviços da Economia Brasileira” Fonte: Gianesi e Corrêa (1994)

A análise da demanda é uma forma importante de auxiliar os funcionários a

aumentar suas habilidades para melhoria e resolução dos problemas, mas para isso precisa-

se que todos estejam envolvidos desde o início da análise da demanda, do conteúdo e dos

possíveis resultados.

3.1.2 Coleta de Dados

Partindo da necessidade de verificar o nível de satisfação de clientes - efetivos e

potenciais - da Agência analisada, foram implementados os seguintes procedimentos

metodológicos: entrevistas abertas, observação direta, questionários estruturados com

respostas abertas com diversos clientes, funcionários, gerentes e com empresas que não

operam, mas poderiam estar operando com a Agência. Foram levantados e sumarizados os

principais problemas.

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57

Entende-se como entrevista aberta uma conversação continuada com os

entrevistados, onde o entrevistador, com base no conhecimento prévio do assunto e na

revisão bibliográfica realizada, direciona para programas que interessem a sua pesquisa.

Os questionários estruturados foram elaborados e aplicados pelo pesquisador, em

encontros face-a-face com clientes e funcionários da agência analisada. As respostas foram

abertas e livres, gravadas com a autorização dos entrevistados. As perguntas foram

elaboradas com base nas questões abertas, formuladas por Shiba (1997) e citadas

anteriormente. As questões foram adaptadas para esse trabalho, portanto, reformuladas

para se adequarem ao tema proposto e se encontram em anexo.

Neste sentido, acredita-se na importância de realizar entrevistas que abordem os

critérios citados acima. Após o levantamento de dados, a análise é feita juntamente com os

gráficos de rentabilidade da agência. Nesta fase, para demonstrar os dados coletados foi

elaborado um gráfico, demonstrando o volume de crédito da agência em 2003. Precisa-se,

também, verificar o nível de satisfação dos funcionários – elemento importante para o

atingimento dos objetivos propostos, bem como, a sua capacidade criativa dentro da

empresa, fazendo-se indispensável realizar entrevistas8 com estes.

Neste contexto, torna-se necessário observar o ambiente de trabalho, local

importante para identificar problemas e encontrar as soluções. É preciso identificar as

influências negativas e de que forma elas estão agindo. Deve-se criar um ambiente de

trabalho onde seja possível encontrar as soluções necessárias, para resolução dos

problemas.

Para se ter um cliente satisfeito precisa-se de funcionários satisfeitos. Kaplan e

Norton (1997, p.135) colocam que “o objetivo de satisfação com o emprego são hoje

aspectos considerados altamente importantes pela maioria das empresas” Segundo eles,

funcionários satisfeitos são determinantes para um aumento de produtividade, de

capacidade de resposta, de qualidade e de melhoria aos serviços prestados aos clientes.

8 Roteiro de entrevistas realizadas com funcionários encontra-se em anexos.

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Foram observados o atendimento e comentários dos clientes, antes e depois de

serem atendidos, captando-se seu grau de satisfação e/ou indignação pelo tratamento

recebido e pela qualidade na solução de demandas, da mesma forma foram observadas as

questões de infra-estrutura (material e humana) da Caixa para a resolutividade de

problemas.

3.1.3 Pré-Diagnóstico

Como apresenta Stevens (2003), os problemas nem sempre são óbvios, ou seja,

nem sempre são palpáveis, podem estar encobertos por alguma circunstância, daí surge a

necessidade de um pré-diagnóstico. No pré-diagnóstico, é possível apresentar uma

explicação sobre os problemas, além disso, podem-se estabelecer elementos que ajudarão

na solução dos problemas.

Pela lógica do PDCA, um pré-diagnóstico tem a finalidade de dar início a uma

ação, que será amplamente estudada e planejada. Neste sentido, usa-se o gráfico do PDCA

para explicar essa lógica (figura 11).

A P

DC

Diagnóstico

A P

DCC A

PD

Observação dos problemas apontados

Emissão do parecer inicial

Análise preliminar dos problemas

Correção de desvios ouPré-Diagnóstico

Figura 11: PDCA do Pré-Diagnóstico Fonte: Lick (2003)

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A partir dessa etapa, elabora-se um parecer apresentando os problemas. Com isso,

podem-se direcionar os problemas a cada segmento, delegando, assim, responsabilidade a

todos. Kaplan e Norton (1997) argumentam que a comunicação aos funcionários dos

objetivos críticos a serem alcançados serve para que a estratégia da empresa dê certo.

Segundo eles, no momento em que todos compreendem os objetivos e medidas a serem

tomadas, tornam-se capazes de estabelecer metas locais, que dêem unidade à estratégia a

ser adotada. Para demonstrar que cada agência deve estar adequada ao perfil do cliente em

cada região, nesta etapa demonstrou-se o gráfico com os índices do AVGESTÃO da

agência para análise dos índices que deveriam ser melhorados.

Para solucionar os problemas, é necessário elaborar um planejamento das

atividades que serão postas em prática. Neste momento, então, se apresenta um

cronograma de atividades do segmento empresarial, que deve conter as atividades e os

responsáveis por elas.

3.1.4 O Diagnóstico

Esta fase é importante, porque permite um aprofundamento dos problemas e

elegem-se as prioridades para começar a testar as soluções. Neste caso, se faz uma análise

dos serviços prestados e a satisfação dos clientes. Stevens (2003) ressalta que a totalidade

das informações forma a base para se desenvolver ações eficazes, sem deixar de fazer as

distinções entre fatos, idéias, necessidades e opiniões, mesmo que todas sejam importantes.

Depois de identificadas as causas do problema, devem-se estudá-las

detalhadamente e, segundo Shiba, Graham e Walden (1997), a equipe deverá evoluir

através do uso repetido das 7 etapas do controle de qualidade: selecionar o tema, coletar e

analisar dados, analisar a causa, planejar e implementar, avaliar os efeitos, padronizar

solução e refletir sobre o processo seguinte. Ainda pela visão desses autores, para que a

análise das causas seja um processo passível de ensino e difusão, deve haver um processo

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explícito pelo qual se possam considerar as causas possíveis de um problema dado. Neste

caso, o processo gira em torno de um diagrama de relações (figura 12).

Figura 12: Do Diagrama de Pareto ao Diagrama de Causa-e-Efeito Fonte: Shiba (1997)

Este diagrama de causa-e-efeito visualiza como a equipe considerou as possíveis

causas básicas do problema e qual a importância que deu a elas. Segundo Shiba (1997),

tem que ficar claro como as conclusões foram atingidas e verificadas. Por isso, os gráficos

devem ilustrar conceitos separados, com suas respectivas conclusões.

3.1.5 Elaboração do Plano de Ação

Muitos têm a crença de que o planejamento estratégico só é possível quando se

convive com um ambiente de estabilidade e de grande organização. Há ainda os que

alegam que não planejam sua própria vida, ficando, em conseqüência, muito difícil

planejar sua organização. Para resolver os problemas deve-se fazer um planejamento

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estratégico. É neste momento que se definem os responsáveis, os prazos e os custos das

ações que são necessários para colocar a estratégia em prática.

Neste sentido, a estratégia é um instrumento que visa orientar, organizar e planejar

ações para os diversos tipos de organizações. Pina (1994) ensina que estratégia é a

essência, a síntese de um processo de busca que determina a direção que a empresa vai

seguir no caminho futuro. É, ainda, o resultado mais importante de um Planejamento

Estratégico, pois servirá como guia para a elaboração de todos os planos e ações adotados

pela empresa.

Em um mundo competitivo, como o que se vive hoje, as empresas que não

adotarem estratagemas eficientes para gerenciar suas operações, não sobreviverão.

Portanto, pode-se afirmar que a Estratégia Empresarial tem como propósito auxiliar as

empresas na construção de vantagens competitivas, buscando desenvolver o pensamento

estratégico na organização, através da identificação da melhor forma de implantar a

estratégia. Para ressaltar a importância da organização apresenta-se, nesta etapa, um plano

constando as próximas ações da equipe.

Um ambiente competitivo e em constante evolução requer a elaboração de um

Planejamento Estratégico para todas as empresas, sejam elas micro, pequenas, médias ou

grandes. A verdade é que elas somente melhorarão os seus desempenhos, se forem

introduzidas estratégias capazes de ajudar a empresa a selecionar e organizar os negócios

de maneira que se mantenha saudável, apesar das turbulências que ocorrem em qualquer

um de seus negócios específicos ou linhas de produto (KOTLER, 1995).

A sociedade, através de seus fatos históricos, tinha sua interpretação realizada a

posteriori. Para Santos (2001), agora dada a velocidade das transformações, só terão êxito

aqueles que conseguirem uma leitura dos fatos à medida que estes forem acontecendo.

Uma decisão que obteve êxito mesmo em um passado recente, pode não ter mais a mesma

eficácia, precisa-se estar atento para o que acontece aqui e agora.

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Tavares (1991) estabelece algumas distinções sobre as organizações públicas e

privadas. Para ele a empresa pública é, ao mesmo tempo, instrumento e parte de um

processo político, que legitima suas metas. Caracteriza-se, ainda, por uma forte

dependência, na obtenção de recursos. Além disso, há vários aspectos que interferem na

geração de seus próprios recursos: a definição de suas linhas de atuação, de seus segmentos

de mercado ou, ainda, da função dos preços dos produtos que vende ou dos serviços que

presta. Nem sempre investe por decisão própria. Quando investe, na maior parte das vezes,

emprega recursos oriundos ou autorizados pelo governo. Está, geralmente, sujeita a

inúmeros controles, muitos deles decorrentes da vontade de seus proprietários e outros

resultantes da obtenção e aplicação de recursos financeiros.

3.2 Etapa 2: Execução das Ações Planejadas

Ainda dentro da perspectiva elaborada por Shiba (1997), passa-se para a segunda

etapa que é planejar e implementar para executar uma solução.

Dentro da perspectiva de planejamento estratégico e organização pública, a Caixa

tem formas de avaliar seu desempenho e uma delas é o AVGESTÃO, modelo baseado no

Balanced Scorecard, de Kaplan e Norton. O modelo de avaliação de desempenho da Caixa

evoluiu na sua forma e composição, de maneira a refletir a estratégia e demonstrar

resultados alcançados pela instituição, permitindo acompanhamento e análise transparente

do resultado das unidades. É uma ferramenta de avaliação institucional, apresentada da

seguinte forma:

O AVGESTÃO é disponibilizado a todos os funcionários da Caixa. Este modelo

de avaliação consiste no acompanhamento dos resultados, por meio de um painel, contendo

dimensões, que demonstra o desempenho dos negócios e permite uma visualização e

avaliação da gestão, como um todo. Tem seu resultado final apresentado através de um

gráfico com os percentuais mínimos a serem atingidos. Este percentual é no mínimo 85%

para todas as dimensões exceto pela Dimensão conformidade, cuja exigência é de 100%.

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Cada dimensão usa objetivos individualizados. Não existe um sistema de hierarquização

entre as agências da Caixa. As consultas podem ser feitas alterando os seguintes

parâmetros: avaliação da agência, Escritório de Negócios ou Total Caixa; Segmento; por

data, produto, etc. Através das consultas feitas podem-se obter as respostas procuradas.

Assim, a nova forma de gestão integrada é representada em um painel de controle

sintetizado na forma de um gráfico de radar, em que cada dimensão destaca o que a Caixa

elege como ponto de reflexão, ação e acompanhamento por parte de seus gestores, e que

pode ser visualizado pela figura 13.

Figura 13: Dimensões do AVGESTÃO Fonte: Intranet Caixa

Pela Dimensão IR - Índice de Rentabilidade demonstra-se o resultado em cada

unidade de forma quantitativa (orçado e realizado para os produtos que são metas

estratégicas) e qualitativa (despesas administradas em relação à margem de contribuição

dos produtos). O IR é composto pela média dos seguintes indicadores: Índice de Eficiência

– IE que demonstra as despesas totais em relação ao resultado de produtos e serviços;

Índice de Resultado de Metas - IRM que demonstra quanto a unidade alcançou de

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resultado, comparado com aquilo que é dela esperado para compor o resultado global

Caixa. Estes índices baseiam-se apenas nos produtos marcados como estratégicos.

Também é necessário fazer uma comparação entre o valor orçado (retorno previsto em

função das operações realizadas) e o realizado (é aquilo que efetivamente se conseguiu

alcançar, descontando, entre outros, os casos de inadimplência).

Na Dimensão ME - Metas Estratégicas - acompanham-se as metas definidas

como estratégias do Conselho Diretor, as quais objetivam o cumprimento da missão da

empresa e seu equilíbrio estrutural.

Na Dimensão OC – Objetivos de Comercialização – permite-se o

acompanhamento da qualidade das vendas efetuadas em cada segmento, observados os

produtos focos, traduzindo em métrica o modelo de segmentação da Caixa.

Enquanto na Dimensão PM – Participação de Mercado – permite-se o

acompanhamento de participação de mercado da Caixa no cenário nacional, representado

pelos produtos passíveis de monitoramento.

A Dimensão QA – Qualidade de Atendimento – mede o grau de satisfação do

cliente em relação ao atendimento prestado nos diferentes canais de atendimento, assim

como nos diversos segmentos.

A Dimensão GP – Gestão de Pessoas – permite acompanhar o percentual de

desenvolvimento de competências necessárias ao desempenho das atribuições de gestão da

unidade, definidas pela área de Recursos Humanos, demonstrando a defasagem porventura

existente e permitindo o desenvolvimento de ações por parte do gestor na busca de

desenvolvimento do corpo gerencial.

Na Dimensão CF – Conformidade – é definida como a adesão aos controles, bem

como às leis e regulamentos aplicáveis e observância pela Caixa das normas internas e

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externas. É composta por 5 itens: adiantamento de depositantes, excesso sobre limites,

saldo negativo, cheque administrativo, abertura/alteração de contas e garantias

O AVGESTÃO é uma forma institucional de medir as metas estratégicas, foco

deste estudo de caso, e está assim dividido: acesso à moradia, captação e formação de

poupança, emprego e renda consumo PF e emprego e renda produtos PJ. Este, por sua vez,

está dividido em dois grupos: crédito de curto prazo e crédito de médio e longo prazo. No

crédito de curto prazo estão inseridas as operações com recebíveis.

3.3 Etapa 3: Avaliação das Transformações

Depois que se identifica o problema e a solução que se deseja atingir e os define

em termos avaliativos, Stevens (2003) sugere que se compare o resultado atingido com

aqueles que se pretendia atingir.

Kaplan e Norton (1997, p.53), escrevem que uma empresa, na sua gestão

financeira, deve fazer um gerenciamento dos riscos. Porque, segundo eles, “a gestão

financeira eficaz deve abordar tanto o lucro quanto o risco”. Por isso, o gerenciamento de

risco deve ser complementar à estratégia definida pela empresa, para realizar seus

negócios.

O risco é um elemento que permeia a atividade humana, uma vez que uma ação

presente pode gerar conseqüências futuras inesperadas. Todavia, quando se trata do

mercado financeiro não só é um fator presente, como decisivo, entre o sucesso e o fracasso

de uma transação. Genericamente, entendido como probabilidade de perda, suas definições

e conceitos, geralmente, perpassam pelo aspecto da incerteza. Nesta etapa, mostra-se um

gráfico com o volume de crédito dos últimos doze meses, comparando mês a mês,

verificando assim se as estratégias aplicadas surtiram os efeitos desejados.

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Diante do risco, a atitude de cada indivíduo é diferente, depende de quanto se está

disposto a ousar. São as disposições em assumir riscos que garantem a dinâmica do

mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos e oportunidades de negócios.

Portanto, se o resultado tiver falhas, em relação ao que se pretendia, talvez seja

necessário ter mais ações. Pode-se, ainda, utilizar essas informações para melhorar ainda

mais os resultados.

3.4 Etapa 4: Validação

Se depois de analisadas todas as ações e todos os efeitos que estas tiveram sobre a

atividade da instituição tem-se, então, que atuar, ou seja, procurar padronizar ações que

possam solucionar os problemas e possibilitar a reflexão sobre o processo seguinte.

Através de gráficos, pode-se observar a quantidade de empresas e sócios das empresas que

fazem negócios no segmento empresarial, possibilitando a análise dos resultados atingidos

e as estratégias que poderão ser utilizadas para melhor desempenho da carteira.

Nesta etapa, Stevens (2003) considera que, se os resultados atingidos não foram

os desejados e a meta esperada não tenha sido alcançada, faz-se necessário definir novos

objetivos e obstáculos associados, ou seja, surge um novo problema e o processo volta ao

início. A figura 14 ilustra o PDCA da validação dos resultados.

A P

DCA P

DC

Resolução sobre a ação

Análise dos resultados alcançados

Comunicação, educação e treinamento

Acompanhamento do novo método de trabalhoValidação

Figura 14: PDCA da Validação dos Resultados Fonte: Lick (2003)

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67

Conforme apresentado neste capítulo, fundamentou-se a lógica do PDCA para

resolução de problemas. No seguinte, serão abordados os resultados da aplicação dessa

metodologia na Caixa, Agência Pelotas, envolvendo todos os funcionários do segmento

empresarial.

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4 RESULTADOS

4.1 Histórico e Missão da Caixa Econômica Federal9

Em janeiro de 1861, D. Pedro II fundou, no Rio de Janeiro, a Caixa que deveria

emprestar dinheiro e incentivar a poupança popular. A idéia do imperador era reprimir

outras empresas que não ofereciam garantias aos depositantes e concediam empréstimos a

juros altos. A partir de 1874, a empresa foi instalada em outras províncias, como São

Paulo, Alagoas, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Em 1934, tiveram início as

operações de crédito comercial e consignado.

Desde 1961, a Caixa passou a operacionalizar as Loterias Federais, de onde o

governo pôde retirar recursos para programas sociais, tais como: Seguridade Social, Fundo

Nacional da Cultura, Programa do Crédito Educativo entre outros. O Programa de

Integração Social foi implantado nos anos 70, na mesma época em que foi criada a Loteria

Esportiva.

Em 1990, foi concluída a transferência de todas as contas do FGTS para a Caixa,

consolidando, assim, a Caixa como, efetivamente, centralizadora de todos os recursos do

FGTS.

A Caixa, além dos serviços bancários que qualquer banco possui, tem uma função

social, pois sua missão é promover o desenvolvimento e privilegiar a qualidade de vida da

9 Informações obtidas no site da Caixa: www.caixa.gov.br

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sociedade. A Caixa tem como valores fundamentais: ações para o atendimento das

expectativas da sociedade e dos clientes; permanente busca para qualidade dos serviços;

equilíbrio financeiro em seus negócios; conduta ética pautada nos valores sociais e, além

disso, o respeito e a valorização do ser humano.

4.2 As Principais Atividades Prestadas pela Caixa

As principais atividades da Caixa estão divididas em três grandes grupos a saber:

Desenvolvimento Urbano e Transferência de Benefícios, Serviços Financeiros.

No grupo do Desenvolvimento Urbano existem 60 produtos, principalmente nas

modalidades de habitação, saneamento, e infra-estrutura.

No grupo Transferência de Serviços, existem, no portfólio da Caixa, 41 produtos.

A maior parte destes produtos são considerados prestação de serviços e, na maioria,

delegados pelo Governo Federal, tais como, Bolsa Escola, Bolsa alimentação, Auxílio Gás,

PIS, etc, além dos produtos de arrecadação de tributos, cobrança, pagamento seguro

desemprego, saque do FGTS, etc.

No grupo dos serviços Financeiros, existem 190 produtos disponíveis, que

englobam todos os produtos de captação (fundos, poupança, cdb, LH, etc.), seguros,

capitalização, cartões de crédito, convênios, depósitos, loterias, auto-atendimento,

previdência privada, folha de pagamento, empréstimos e financiamento, tais como

antecipação de recebíveis, BNDES automático, Cheque empresa caixa, Cheque especial

caixa, Consignação caixa, Créd sênior, Crédito caixa aqui, Crédito direto caixa, Crédito

empresarial caixa, Crédito empresarial empresa caixa, Crédito pessoal, Desconto de

títulos, Empréstimo sob penhor, FINAME, Financiamento de veículos, Girocaixa,

Girocaixa instantâneo múltiplo, PROGER – programa de geração de emprego e renda.

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4.3 Atuação da Caixa junto às Micro e Pequenas Empresas

É importante que as empresas, constantes deste estudo, em face das dificuldades

de incertezas que as ameaçam, busquem alternativas que as auxiliem junto àquelas

organizações que possibilitam a sua sobrevivência.

Quanto à obtenção do crédito para investimentos e capital de giro, esta é uma

questão que causa as maiores reclamações deste segmento de empresas, tendo em vista,

além dos juros cobrados, a burocracia, as exigências que as instituições financeiras fazem e

as garantias reais. Sobre este assunto, entre outros, cumpre dizer que o governo vem se

reunindo com representantes da iniciativa privada e órgãos de apoio às micro e pequenas

empresas para regulamentar o que está contido no Estatuto das mesmas.

A concentração do crédito nas empresas de maior porte aparece na tabela 2, parte

do estudo de Carvalho e Barcelos (2002).

Tabela 2: Uso de Crédito por Classe de Tamanho de Empresas.

Ano Classe de Tamanho Total de Firmas Crédito de Curto Prazo Crédito Longo PrazoGrande 533 87,05% 92,31%Média 518 74,71% 82,24%Pequena 517 48,55% 58,03%Total 1568 70,28% 77,68%Grande 611 88,87% 94,76%Média 593 74,70% 83,64%Pequena 592 52,36% 59,29%Total 1796 70,08% 79,31%Grande 693 81,47% 92,36%Média 673 54,74% 78,87%Pequena 672 32,23% 45,66%Total 2038 56,37% 72,45%Grande 745 91,01% 95,30%Média 724 73,34% 84,25%Pequena 723 45,92% 52,01%Total 2192 66,61% 73,91%Grande 741 90,82% 95,82%Média 720 73,33% 85,42%Pequena 720 46,53% 56,11%Total 2181 70,43% 79,28%

1997

1998

Uso de Crédito por Classe de Tamanho de Empresas

1994

1995

1996

Fonte: Sebrae (2004)

No caso de uma empresa, os pontos fundamentais para a sua sobrevivência são:

“seus clientes, seu posicionamento competitivo, sua estabilidade financeira, sua estratégia

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71

empresarial” (LINCOLN; PRICE, 1997 apud CARLINI JR, 2004, p. 60). Em um momento

em que há uma acirrada competição entre empresas estabelecidas e o mercado informal é

de fundamental importância buscar uma estabilidade financeira capaz de apontar os

melhores caminhos para a consecução dos objetivos estabelecidos. A pequena empresa

enfrenta desvantagens competitivas perante as médias e grandes empresas, portanto, é

preciso que o pequeno empresário esteja ciente dos objetivos de sua empresa, dos desafios

e oportunidades a serem enfrentados para atingir seus objetivos.

Em 2003, a Caixa aumentou sua participação efetiva no mercado de crédito

comercial para a pessoa jurídica. Por outro lado, em decorrência da retratação do mercado,

da baixa demanda para investimentos, aliada a ajustes internos no modelo de avaliação de

empresas e renovações de diversas operações de crédito, houve queda na participação no

mercado de crédito à pessoa jurídica, que, em dezembro de 2002 era de 1,06% e, ao final

de 2003, passou a 0,97% (figura 15).

EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO A PESSOA JURÍDICA

0,97%1,06%

0,78%

0,45%

0,50%

0,00%

0,20%

0,40%

0,60%

0,80%

1,00%

1,20%

DEZ/99 DEZ/00 DEZ/01 DEZ/02 DEZ/03

Figura 15: Gráfico da Evolução da Participação no Mercado à Pessoa Jurídica Fonte: Intranet Caixa em set/2004

Como Micro Empresas, reconhece as empresas com o faturamento anual de até

R$ 244.000,00. A Caixa é o terceiro banco de primeiras relações com este segmento,

conforme pesquisa realizada pela mesma. Utilizam uma gama restrita de produtos e

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72

preferem os menos complexos. Valorizam o contato pessoal e têm um padrão mais

informal. A proximidade da agência é importante. Tem grande demanda por crédito, mas

algumas dificuldades para obtê-lo. A Caixa denomina este segmento de empreendedor.

Como Pequenas Empresas a Caixa estipula um faturamento anual entre R$

244.000,01 e R$ 1.200.000,00 e para as Médias Empresas o faturamento entre de R$

1.200.000,01 e R$ 35.000.000,00 por ano. E, para identificar as Grandes Empresas,

estipula um faturamento anual acima de R$ 35.000.000,01. A Caixa denomina estes

segmentos de Empresarial Pleno e Empresarial Absoluto.

4.4 As Vantagens de Trabalhar com Crédito de Recebíveis e com Micro e Pequenas

Empresas

Antecipação de Recebíveis é um empréstimo que possibilita o aumento do capital

de giro e acelera o crescimento da empresa. Com essa linha de crédito, pode-se antecipar o

fluxo de caixa utilizando, como garantia, o que a empresa tem a receber. Após a aprovação

do crédito, os valores são liberados diretamente em conta corrente e a cobrança dos

recebíveis é feita pela Caixa.

A Caixa prioriza a concessão de créditos às micro e pequenas empresas, no

entanto, é necessário fazer uma avaliação de risco para conceder os créditos a essas

empresas. Para isso, a Caixa mantém um sistema, que é agilizado, junto ao segmento

empresarial das agências. Esse sistema é conhecido como SIRIC – Sistema de Mensuração

de Risco de Crédito, que funciona da seguinte maneira:

Como risco de crédito tem-se a probabilidade de perdas, decorrentes do

inadimplemento do tomador em obrigações financeiras em qualquer contrato. O

gerenciamento do risco de crédito tem por objetivo reduzir a probabilidade de um evento

de risco indesejável, ocorrer em um nível aceitável. O controle de risco de crédito consiste

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em avaliar o perfil, a situação econômico-financeira, a capacidade de pagamento do

tomador, a qualidade das garantias oferecidas e gerenciar a inadimplência.

O público-alvo prioritário da Caixa, para as operações de crédito, é composto de:

pessoas físicas no segmento comercial e habitacional, com renda comprovada ou não;

pessoas jurídicas no segmento comercial compreendendo as micro, pequenas, médias e

grandes empresas; empresas públicas e privadas do setor de saneamento e infra-estrutura e

estados e municípios.

A avaliação de Risco de Crédito é de responsabilidade da SURIC –

Superintendência Nacional de Risco de Crédito e abrange os seguintes aspectos:

classificação de risco de crédito do tomador; apuração de limite de crédito e classificação

de risco operação associada às garantias.

Os modelos de Avaliação de Risco de Crédito atribuem níveis de classificação de

risco tanto para o tomador quanto para a operação, associada à garantia.

As operações de crédito da Caixa devem ter seu risco mensurado por intermédio

do SIRIC, para efeito de sua contratação, exceto aquelas referentes aos créditos como o

Penhor (garantia de jóias), FIES (programa de governo) e Caixa Hospitais (desconto

diretamente no SUS).

A classificação de risco de pessoa jurídica é efetuada por intermédio de modelos

de Avaliação de Risco que utilizam métodos estatísticos, para os segmentos de Micro,

Pequenas, Médias e Grandes Empresas, bem como para a Área Pública da Administração

Direta e Indireta. A partir da avaliação, cabe a SURIC definir o grau de afetação no nível

de risco da empresa proponente.

A classificação de risco da operação consiste no resultado da ponderação do risco

do cliente, conjugado com o risco da carteira, o qual leva em conta o histórico de

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recuperação de inadimplência da carteira. E, não havendo estudo da carteira, considera-se a

suficiência e liquidez das garantias apresentadas.

4.5 Descrição da Agência Pelotas

O estudo de caso foi realizado na Agência Pelotas, da Caixa Econômica Federal,

instalada na cidade de Pelotas, região Sul do Rio Grande do Sul, fundada em 05 de julho

de 1888. Atualmente, a Agência realiza seus serviços em cinco andares irregulares e

subsolo, ocupando uma área de 2.723,78 m². No térreo, é feito atendimento ao público em

geral, serviço de auto-atendimento, agendamento das filas virtuais de acesso ao caixa e ao

atendimento do FGTS, bateria de caixas (efetuam-se pagamentos de contas, recebimentos,

títulos, saques, cadastramentos de senhas, emissões de cartões, etc.). No segundo piso,

estão instalados três segmentos: o essencial, integral A e B, além do penhor. O terceiro

piso, dispõe de segmento personalizado e banheiros. No quarto, está disposto o segmento

empresarial e a área administrativa da Agência. No quinto, está o suporte técnico da

carteira habitacional, almoxarifado, cozinha e sala de reuniões. No subsolo, está instalada a

caixa forte, a retaguarda e garagem.

Os segmentos Empresarial, Personalizado, Integral, Essencial e Estados e

Municípios possuem um total de 24.374 clientes, conforme demonstra a figura 16.

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AGÊNCIA PELOTAS POR SEGMENTO

1481

1417415

7059

1645EMPRESARIAL

ESSENCIAL

ESTADOS E MUNICÍPIOS

INTEGRAL

PERSONALIZADO

Figura 16: Gráfico de Clientes por Segmento da Agência Pelotas Fonte: Intranet Caixa

Além disso, a Agência Pelotas dispõe de uma carteira de penhor com mais de seis

mil clientes. Realiza pagamentos, tais como benefícios sociais do INSS, Bolsa Escola,

Bolsa Família, Auxílio Gás, Seguro Desemprego, PIS, FGTS, etc. Pode-se verificar

quantidade e valores na tabela 3.

Tabela 3: Rede de Proteção Social, Pagamentos ano 2003 na Agência Pelotas

Rede de Proteção Social – Ano 2003 – Agência Pelotas

Pagamentos Quantidade Valores

FGTS 98.104 30.092.000,00

Seguro Desemprego 71.503 12.810.000,00

PIS 31.076 2.719.000,00

Bolsa Escola 12.163 2.189.000,00

Bolsa Alimentação 661 118.000,00

Auxílio Gás 8.412 1.514.000,00

Total 221.919 49.442.000,00

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76

A Agência conta com 51 funcionários de carreira, sendo que destes, 6 estão

lotados na retaguarda, 23 estagiários, 09 bancários temporários, 5 vigilantes, 2 telefonistas,

1 copeira, 5 auxiliares de limpeza e 20 prestadores que auxiliam os funcionários da

retaguarda, totalizando 116 pessoas. Do total que trabalham ligados à carteira empresarial,

6 são funcionários de carreira, que é foco deste trabalho, sendo dois gerentes, um agente

empresarial e 3 escriturários, além de 2 estagiários. Destes, 2 funcionários e 1 estagiário

trabalham nas avaliações de risco de crédito das empresas, ou seja , exercem atividades de

suporte para o segmento, tais como: solicitação do checklist de documentos para os

escritórios de contabilidade, inclusão dos dados no sistema de avaliação da Caixa,

digitação, impressão de contratos de crédito, além de outras tarefas. Um funcionário de

carreira e um estagiário fazem o atendimento geral do segmento.

4.6 Etapa 1: Planejamento

4.6.1 Análise Preliminar da Demanda de Crédito e Identificação do Problema

A demanda do trabalho partiu do Gerente de Mercado do Escritório de Negócios

de Pelotas, cuja preocupação, já que se enfrenta grande dificuldade na carteira empresarial,

é mostrar que a Caixa trabalha com créditos para empresas. A partir daí, foram realizadas

algumas mudanças no segmento empresarial com a intenção de aumentar o volume de

crédito.

Foram observados alguns problemas que dificultavam o aumento do volume de

negócios, principalmente no que se refere a negócios com micro e pequenas empresas. No

atendimento ao público e no auto-atendimento a maioria dos funcionários não tinha como

oferecer os produtos da Caixa para os clientes, devido à sobrecarga de trabalho, ao número

elevado de atendimentos e ao desconhecimento dos produtos e serviços. Portanto, não é

possível identificar as necessidades dos clientes e enquadrá-los nos segmentos adequados.

Assim, é difícil aos clientes empresários chegarem ao segmento empresarial, até

porque a Caixa não tinha um histórico de trabalhar com créditos para empresas. O mercado

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ainda não vê na Caixa um exemplo de banco múltiplo, pois a história ressalta um passado

ligado à poupança e à habitação. Não se pode esquecer que o processo de prestação de

serviço está diretamente relacionado com a confiabilidade do serviço. Não havia uma

tradição da Caixa em oferecer créditos e nem tampouco das empresas procurarem.

O modelo que impera em algumas agências é o típico banco modelo europeu,

trazido para o Brasil, no século XIX, austero e com características aristocráticas. Por isso,

para manter uma carteira de clientes que tenha negócios com o Banco e não só a prestação

de serviços, a Agência deve ter um banco de dados para começar a trabalhar. A partir

dessas preocupações desenvolveu-se o trabalho, procurando aplicar uma metodologia

científica que pudesse ajudar a resolver os problemas. Assim desenvolveu-se o seguinte

cronograma:

- Reunião com os gerentes da Agência: em outubro de 2003, mostrou-se a

preocupação em aumentar o volume de negócios com micro e pequenas

empresas. O Gerente de Mercado questionou sobre as principais dificuldades

de atrair clientes para a carteira empresarial.

- Definição dos objetivos da ação: a equipe que atua na carteira empresarial

foi reunida e comunicado o desejo do Escritório de Negócios, responsável pela

agência, em montar uma equipe de trabalho para analisar os problemas e

propor ações para mudar a situação.

- Montagem da equipe de trabalho: a equipe de trabalho é formada com o

Gerente de Mercado, que propôs o trabalho, dois gerentes da carteira

empresarial, um agente empresarial, um escriturário e dois estagiários.

- Treinamento da equipe: com base nos conhecimentos adquiridos, o Gerente

de Mercado começou um treinamento com a equipe, principalmente, em

relação à melhoria no atendimento e aumento dos negócios

- Proposição do calendário de reuniões: o grupo de trabalho definiu um

calendário de reuniões. Semanalmente, os funcionários da carteira faziam suas

reuniões. As primeiras contavam com a participação do Gerente de Mercado,

que depois delegou mais autonomia aos gerentes.

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78

- Confirmação dos objetivos: o Gerente de Mercado apresentou para a equipe

de trabalho um plano de ação baseado na lógica do PDCA, com a participação

de todos no processo de solução dos problemas.

Começou-se, então, um plano de ação, definindo responsabilidades de cada um;

partindo, desse modo, para o próximo passo, que foi realizar a coleta de dados.

4.6.2 Coleta de Dados

A coleta de dados iniciou quando se percebeu que o volume de negócios em

créditos da Agência Pelotas não estava tendo os resultados esperados, em relação às micro

e pequenas empresas. Constatou-se que alguns problemas precisavam ser superados para,

conseqüentemente, aumentar o desempenho. A figura 17 mostra o desempenho em crédito

da Agência Pelotas no ano de 2003.

Emprego e Renda PJ - Total - Ano 2003

-

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

metareal acum

Figura 17: Gráfico do Volume de Crédito do ano 2003 Fonte: Intranet Caixa

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79

4.6.3 Pré-Diagnóstico

Este pesquisador que também é funcionário da Caixa, e tem o cargo de Gerente de

Mercado, no Escritório de Negócios da região de Pelotas, no final de 2003, observou

alguns problemas na Agência Pelotas.

A análise preliminar desenvolveu-se em duas etapas:

1) Realizou-se uma análise dos dados estatísticos e gráficos. A partir dessas

informações foi possível identificar que havia poucos empréstimos, a maioria

das operações da Agência era de Girocaixa, ou seja, operações de empréstimo

de até 24 meses. Como conseqüência disso, tinha-se uma inadimplência alta e

pouco relacionamento com os clientes. Como na agência não havia uma

carteira empresarial, as pessoas que trabalhavam neste setor não estavam

qualificadas para trabalhar com esse tipo de serviço. Não havia carteira de

clientes organizada. As contas correntes da Agência eram basicamente de

sindicatos, condomínios e imobiliárias. Contas que não geravam negócios, ou

seja, créditos, somente atendimento. No setor, havia dois gerentes, um agente

empresarial e quatro pessoas que faziam atendimento.

Algumas informações foram adquiridas no sistema AVGESTÃO, que mostra as

metas estratégicas definidas pela Caixa.

A Agência ideal é aquela que se aproxima dos 100% da avaliação da gestão, onde

estão incluídos vários itens, inclusive a satisfação do cliente, onde a pesquisa é realizada

por um instituto de pesquisa, comparando-a ao mercado. É preciso que haja um cliente

satisfeito, participação de mercado, captação de recursos e os contratos têm que ser bem

elaborados para não haver reclamação e ser passível de cobrança judicial. Deve-se obter

bons resultados com o menor esforço possível. A Agência deve estar adequada ao tipo de

perfil de cliente da região. Vê-se, na figura 18, os índices do AVGESTÃO que devem ser

atingidos ao final de cada avaliação.

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Figura 18: AVGESTÃO Agência Pelotas Fonte: Intranet Caixa

Nesta etapa, realizou-se a coleta de dados através de observação, entrevistas com

funcionários, gerentes e clientes e não clientes.

2) Na etapa seguinte, através da revisão da literatura, do conhecimento e das

experiências do pesquisador e da equipe de trabalho do segmento envolvido

foi emitido um parecer inicial. O parecer inicial apontou que o maior

problema na dificuldade de concessão de crédito estava na imagem que as

pessoas tinham da Caixa, pois a maioria das empresas não tinha

conhecimento de que, no setor empresarial, não havia filas, ela era vista como

um lugar de muitas filas. Não existia uma cultura de crédito empresarial na

Caixa. Além disso, não havia pessoas qualificadas para dar atendimento às

necessidades das empresas, inclusive com crédito. A Caixa realiza

pagamentos do FGTS, seguro desemprego e presta serviços públicos, não se

via na Caixa a possibilidade de empréstimos para empresas , a não ser para

adquirir a casa própria. Em geral, os resultados não eram bons, pois se

emprestava pouco na Agência para micro e pequenas empresas.

A partir desses primeiros dados, foi possível elaborar um cronograma de trabalho

junto com a equipe de trabalho (figura 19).

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ETAPA Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezAnalisar a DemandaDefinir a Equipe de TrabalhoColeta de DadosElaborar Pré-diagnósticoDefinir MetaDiagnóstico dos ProblemasElaborar Plano de AçãoExecução das AçõesAvaliação das TransformaçõesAnálise dos Resultados

MÊS2003 2004

Figura 19: Cronograma de Atividades do Segmento Empresarial

Com base nos dados obtidos até esta etapa, a equipe, através da observação,

confirmou as origens dos problemas. Constatou-se que as principais dificuldades eram:

Havia poucos negócios com as empresas que já eram clientes. Na maioria das

vezes, os gerentes não conheciam seus clientes. Não se conseguia emprestar, nem

tampouco captar recursos ou vender produtos e serviços como seguros, previdência,

capitalização, folha de pagamento, cobrança de títulos, etc. A Agência servia basicamente

para resolver problemas de atendimento em geral. Havia uma demanda e um fluxo de

clientes muito grande no setor. Isso fazia com que quatro empregados ficassem somente

envolvidos com a resolução de problemas.

Para conseguir fazer negócios, os serviços bancários devem ser ágeis, fáceis e

devem manter a satisfação do cliente, dando facilidades, por exemplo, como verificar

extratos, saldos de contas correntes, pagamentos de contas com o uso da Internet, sem sair

da própria empresa.

Como a característica principal da cidade de Pelotas é o comércio e a prestação de

serviços, torna-se imperativo formar uma carteira de clientes com necessidade de crédito

para este setor. Quanto mais dinheiro tiver emprestado, mais o banco tem resultados

positivos.

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Sabe-se que o bom andamento da instituição financeira depende muito do

desempenho dos funcionários que executam os serviços. Portanto, as condições de trabalho

agem diretamente na satisfação do funcionário, o que está ligado à qualidade dos serviços e

à satisfação dos clientes.

Como a Caixa é prestadora de serviços na área de FGTS, PIS e outros serviços na

área de seguridade e assistência social, tem no setor de atendimento um fluxo muito grande

de clientes e de usuários. Esse grande fluxo de pessoas, juntamente, com condições

precárias de infra-estrutura – material e humana – tornam o atendimento moroso, com filas

e falta de resolutividade das demandas dos usuários.

4.6.4 Diagnóstico

Com base na coleta de dados e num pré-diagnóstico dos problemas apresentados,

foi realizado o diagnóstico através das seguintes etapas:

- Definição do método de trabalho: para resolução dos problemas adotou-se a

lógica de aplicação do PDCA, quando toda a equipe comprometeu-se a

trabalhar na resolução dos problemas.

- Identificação das causas: em reuniões com a equipe de trabalho quando ela

colocou as dificuldades que tinham para atrair clientes para a carteira

empresarial. Todos os presentes colocaram sua opinião num diagrama de

causa e efeito, exposto na sala de reuniões. Nesta etapa, somente foram

analisadas as causas, sem preocupação ainda com as sugestões de melhoria.

A partir dessas informações foi possível levantar as causas dos problemas e

montar o diagrama de causa e efeito (figura 20).

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Sem Visão de Negócios

Desmotivadas

Reduzido Valor em

Crédito

Muita Alteração em Manuais Normativos

Burocracia nas concessões de Crédito

Dificuldade de Atendimento

Excesso de Clientes Com Problemas

Máquina / Sistemas Ambiente Local

Pessoas / Força de Trabalho

Sem Noção da Importância do Segmento Empresarial

Perfil não Adequado para o Segmento

Sem Qualificação Adequada

Funcionários em Final de Carreira

Estagiários com Grande Rotatividade

Método / Procedimentos

Local Inadequado

Infinidade de Sistemas

Sistemas muito Complexos e Não Amigáveis

Atividades Extremamente Complexas

Mudanças de Legislações

Grande Quantidade de Produtos e

Agência sem Estrutura de Atendimento Geral

Empresas Localizadas no Meio do Segmento PF

Ar-Condicionado Fazendo Barulho

Muito fluxo de pessoas no local do banheiro

Figura 20: Diagrama de Causa e Efeito dos Problemas do Segmento Empresarial

Para verificação das hipóteses a equipe de trabalho teve que ouvir os clientes sobre

a opinião que tinham em relação aos problemas abordados.

4.6.5 Elaboração do Plano de Ação

Uma estratégia empresarial requer a tomada de decisões, antecipadamente, para

que seja viável atingir objetivos e metas estabelecidos em um tempo pré-determinado.

Resumidamente, pode-se afirmar que a estratégia é a arte de planejar, com vistas a atingir

objetivos de longo prazo.

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Depois de realizadas as observações e análises, a etapa seguinte foi elaborar um

plano para fazer as transformações necessárias, através dos seguintes procedimentos:

a) Avaliação das sugestões e hipóteses: realizou-se a elaboração do plano de

ação, avaliando as hipóteses, através seguintes passos:

- reunião para discussão com a equipe de trabalho;

- confirmar que as ações serão tomadas sobre as causas fundamentais dos

problemas e não sobre os efeitos;

- propor soluções, considerando a eficácia, os custos e os prazos para se

colocar em prática.

b) Definição das ações de melhoria, responsáveis e prazos serão realizadas a

partir dos itens: o quê, quem, como, por que e quando. A figura 21 indica o Plano de Ação

para o Segmento Empresarial da Agência Pelotas.

Foi realizada a confirmação das ações dos prazos e responsáveis, através de uma

revisão no cronograma, mantendo-se prazos e ações já estipulados.

Após a apresentação e validação do plano de ação por toda equipe partiu-se para

execução das ações.

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Oque Quem Como e Porque Quando(What) (Who) (How and Why) (When)

Reunião Interna DariDefinir Estratégias para melhorar o Desempenho

out/03

Treinamentos GerentesReuniões de

Treinamento, Cursos Universidade Caixa

Nov/Dez/Jan/Fev

Mudança de Gerente Dari Remanejar o Profissional Jan

Mudança de Funcionários Gerentes

Adequar o perfil e comprometimento da implantação do plano

de ação

Fev

Mudança do Local do Segmento

EmpresarialGerentes Mudar-se para local

mais adequado Fev

Visita às Entidades Empresariais da

Cidade de Pelotas;

Visitar, expor produtos e serviços

Reunião de Divulgação dos

Produtos e Serviços da Caixa para

Associados das Entidades

Divulgar os produtos nas sedes das

entidades.

Visita às Empresas GerentesVisitar empresas com

perfil tomadora de crédito

Fev em Diante

Definir Banco de Dados dos Clientes e

Não ClientesGerentes

Disponibilizar os bancos disponíveis na

Caixa, FGTS, ACI, Sindilojas, CDL,

SEBRAE

Fev/Mar

Reunião com Escritórios de Contabilidade

Dari e Gerentes

Divulgar a Necessidade de

Crédito das Empresas e Procurar Parcerias

Abr

Criação da Ferramenta Folga nos

Limites de CréditoDari

Implementar Melhor Gestão de Crédito por

ClienteAbr

Criação de Diversas Planilhas de

Acompanhamento de Resultados

Dari

Disponibilizar para Gerentes e Equipes

dos Resultados Alcançados

Decorrer de 2004

PLANO DE AÇÃO

Dari e

GerentesFev/Mar

Figura 21: Plano de Ação para o Segmento Empresarial da Agência Pelotas

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4.7 Etapa 2: Execução das Ações Planejadas

No primeiro momento, realizaram-se cursos com os funcionários, alguns

ministrados por este pesquisador e membros da equipe de trabalho e outros através da

Intranet Caixa denominado de Universidade Caixa, onde o funcionário pode melhorar sua

capacitação.

A execução das ações deu-se conforme o cronograma. Apresenta-se, então, o

detalhamento e justificativa destas ações:

1) reunião interna com o Gerente de Mercado, para definir estratégias para

melhorar as ações;

2) treinamento dos funcionários pelos gerentes e cursos sobre atendimento na

Universidade Caixa;

3) como a Caixa realiza remanejo profissional houve a troca de um dos gerentes;

4) as mudanças realizadas não estavam atingindo os objetivos propostos, por isso

houve mudança de funcionários. Foram colocados funcionários que se

adequassem ao novo perfil da carteira;

5) mudança do local do segmento empresarial, para um andar superior e mais

apropriado. Era um ambiente muito pequeno, localizava-se próximo ao

banheiro e à central de ar condicionado. Havia muito barulho, além disso, tinha

grande fluxo de pessoas. Ficava entre duas carteiras de segmento de Pessoa

Física, ao lado de um caixa que atendia as demandas internas;

6) algumas mudanças já começaram a ser colocadas em prática para tentar atrair

mais clientes para a carteira empresarial, tais como: o pesquisador, Gerente de

Mercado e os gerentes organizaram reuniões na ACI, e no CDL para divulgar os

produtos da Caixa. Foi assinado convênio com o SINDILOJAS, oferecendo

descontos de tarifas na abertura de contas correntes de seus associados. O

próprio sindicato se encarregou de oferecer os produtos da Caixa aos seus

associados;

7) ainda, no sentido de se aproximar dos clientes e futuros clientes foi necessário

fazer visitas às empresas. As visitas eram focadas para empresas que já

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operavam com crédito com outras instituições financeiras, não tinham restrições

cadastrais e preferencialmente com faturamento acima de R$ 244.000,00 ao

ano. Os gerentes tiveram que sair de trás da mesa e ir até os clientes

selecionados;

8) não existia um banco de dados eficiente. Não se visualizava o volume de

negócios dos clientes. Foi preciso criar mecanismos que possibilitassem aos

gerentes visualizarem os clientes em potencial para crédito. Dentro dessa

perspectiva, a Caixa adota diferentes graus de relacionamento com seus

clientes, observando dois grupos com características diferenciadas de

relacionamento: Clientes de primeiro relacionamento são os clientes já

fidelizados. Os clientes fidelizados são aqueles que concentram a maior parte de

suas atividades financeiras na Caixa buscam segurança e tranqüilidade,

possuem um relacionamento de longo prazo, valorizam a qualidade dos serviços

e dos produtos. Clientes de segundo relacionamento são aqueles clientes

fidelizáveis, ou seja, aqueles que mantêm seu relacionamento principal em

outro banco;

9) foi realizada reunião com os contadores, sensibilizando-os da importância do

papel deles na concessão de crédito, através da Caixa, gerando emprego e

renda para a região. As empresas têm necessidade de crédito, e elas são clientes

dos escritórios de contabilidade, assim como da Caixa.Ambos dependem delas.

Portanto, é imprescindível e necessária agilidade na disponibilização dos

documentos da empresa e das informações relevantes para fazer a análise

econômico-financeira e definição dos limites de crédito das empresas;

10) para visualizar melhor a gestão do crédito, este pesquisador idealizou uma

ferramenta que foi denominada Folga no Limite de Crédito e que é

disponibilizada aos gerentes e empregados através do site do Escritório de

Negócios que visualiza a situação dos limites de créditos do cliente, de acordo

com a necessidade do mesmo. Nesse caso, a prioridade dada foi para a folga no

limite de crédito Desconto de Títulos . Isso significa que o gerente terá êxito

maior se oferecer, primeiro, crédito para quem possui limite maior implantado e

que já teve alguma experiência de desconto na Caixa.

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Outro dado importante que se pode verificar é em relação aos saques acima dos

limites de cheque especial do contrato em vigor com a Caixa. Cabe, neste caso, uma ação

do gerente, tendo em vista que as garantias da Caixa começam a se fragilizar. Na tabela 4

ilustra-se os dados, sendo que os clientes foram omitidos, tendo em vista sigilo bancário.

Tabela 4: Folga no Limite de Crédito

A seguir, verifica-se na tabela 5 a gestão de um determinado cliente e as

operações de crédito existentes. Verificam-se, também, os dados mínimos para fazer

contatos, os valores disponíveis, as taxas de juros praticados por modalidade, as cauções,

folgas, vencimentos e os valores utilizados pelos clientes em todas as modalidades de

recebíveis. Da mesma forma que na tabela 4, os dados dos clientes foram omitidos devido

ao respeito ao sigilo bancário.

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Tabela 5: Folga no Limite de Crédito Cliente

Criação de diversas planilhas dos resultados das ações realizadas para

visualização e acompanhamento dos gerentes e suas equipes.

A cada ação implantada verificava-se que a implantação destas ocorria, conforme

o planejamento da equipe.

4.8 Etapa 3: Avaliação das Transformações

Depois de colocadas em prática as ações planejadas, seguiram-se as seguintes

etapas:

- Coleta de dados: nesta etapa coletaram-se dados do volume de concessão de

crédito nos últimos doze meses, para comparar os resultados depois do

planejamento estratégico (figura 22).

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90

Emprego e Renda PJ - Total

-

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

14.000.000,00

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

Meta Esp. MêsCom Caixa HospitaisSem Caixa Hospitais

Figura 22: Gráfico do Volume de Crédito dos Últimos Doze Meses até 15/12/04 Obs: os resultados de dezembro/2004 foram projetados.

- Comparação dos resultados: pode-se observar, através da figura 22, que o

resultado foi alcançado em relação à meta esperada para o ano de 2004.

Comparando o volume de crédito total, concedido pela agência, com o

resultado sem as operações de crédito Caixa Hospitais, verifica-se que a

agência fica muito aquém do esperado, pois esta operação não exige avaliação

de risco de crédito (desconto direto no SUS), logo várias etapas operacionais

não são realizadas nesta operação de crédito.

Verificou-se que alguns problemas continuaram acontecendo. Um exemplo disso,

é uma avaliação de risco de crédito de empresa não ter sido aprovada, tendo em vista que

um dos sócios da empresa que possui 1% na composição societária e não exerce cargo de

gerente, mesmo assim, o Sistema de avaliação econômico-financeira da Caixa – SIRIC,

negar a operação. Neste caso, a Agência não possui alçada para conceder crédito para essa

empresa.

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91

A equipe toda, gerentes, funcionários e estagiários começaram a observar

diariamente a evolução dos resultados em crédito para as empresas. Os resultados foram

buscados diariamente por todos os envolvidos no processo.

4.9 Etapa 4: Validação

A validação das melhorias foi realizada pela equipe de trabalho e por este

pesquisador. Assim, todos os envolvidos puderam verificar as transformações ocorridas.

Acompanhamento do novo método. Depois de cada mudança realizada os

funcionários da carteira puderam avaliar e experimentar as novas ações. Um exemplo

disso, é o sistema Folga no Limite de Crédito, criado e desenvolvido por este pesquisador.

Este sistema possibilita ao gerente, empregado ou o atendente visualizar a situação da

gestão do cliente em relação aos limites de crédito com recebíveis, como limite do cheque

especial, desconto de títulos, caução de fatura de cartão de crédito Redecard. Com isso, os

gerentes podem oferecer crédito de acordo, por exemplo, com a folga do limite em

desconto, e de acordo com os limites efetivamente implantados e utilizados pelo cliente,

como mostram as tabelas 4 e 5.

Ao final de cada ação, realizavam-se reuniões informativas com os funcionários

da carteira empresarial, para informar e comunicar os resultados alcançados. Foram

realizados diversos cursos sempre com foco em atendimento, satisfação de clientes, etc.

Na validação, puderam-se constatar os seguintes resultados:

- que embora a morosidade e precariedade do atendimento fosse no setor

“pessoa física” e nos usuários de serviços não afetando a carteira de

atendimento a empresas que tem uma infra-estrutura melhor, não se pode

desconhecer a questão de imagem pública da Caixa que transmitia a imagem,

pelo menos simbólica, de aparelho burocrático e ineficiente. Assim, um

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92

empresário que necessita de uma transação bancária não vai, pelo menos num

primeiro momento, procurar serviços de uma instituição com as qualidades

citadas. No entanto, para o serviço agradar aos clientes é preciso ter

funcionários qualificados, pois uma das dificuldades que se tinha era com

funcionários que não demonstravam interesse pelo seu trabalho, desmotivados

e muito tempo no setor e ou serviço público;

- como a Caixa é uma instituição pública, os funcionários, só podem ser

contratados através de concursos públicos ou contratos com instituições de

ensino para estágios. O serviço público atrai muitas pessoas pela estabilidade

oferecida do emprego, no entanto, muitas vezes, não gostam do que fazem ou,

simplesmente, se acomodam por estar há muito tempo fazendo a mesma

atividade. A partir daí, a Caixa proporcionou treinamentos e cursos para

qualificação dos funcionários, aos gerentes esses cursos são obrigatórios.

Como houve uma mudança no quadro de funcionários que trabalhavam com a

carteira percebe-se uma mudança de mentalidade em relação aos que

trabalhavam há mais de um ano. Hoje, quem está trabalhando na carteira,

realizou ou realiza cursos para atendimento ao cliente, fez ou faz curso

superior em relação à área em que está atuando.

Além disso, verifica-se que os funcionários do segmento empresarial estão

satisfeitos com o que fazem. Os resultados com crédito no ano de 2004 foram superiores

aos realizados no ano de 2003. Houve, também, uma qualificação dos clientes da carteira

empresarial. Prova disso está na quantidade de 1481 clientes que o segmento empresarial

possuía e, hoje, com a qualificação da carteira, possui 455 empresas e 347 sócios de

empresas com negócios de primeiro ou de segundo relacionamento com a Agência,

conforme as figuras 23 e 24.

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EMPRESAS

9

131

355

EMPRESARIAL ABSOLUTO

EMPREENDEDOR

EMPRESARIAL PLENO

Figura 23: Gráfico da Quantidade de Empresas do Segmento Empresarial

SÓCIOS EMPRESARIAIS

3

250

94

SÓCIO EMPRESARIAL ABSOLUTO

SÓCIO EMPREENDEDOR

SÓCIO EMPRESARIAL PLENO

Figura 24: Gráfico da Quantidade de Sócios das Empresas

A Caixa normatiza esse sistema de segmentação da seguinte forma: atuar perante

a clientela de forma segmentada, diante da necessidade de atender expectativas do mercado

e dos clientes, cada vez mais exigentes; mudar o foco de atuação no produto para o foco no

cliente; atuar, visando um aumento da penetração de produtos na base de clientes; atuar de

modo a manter o foco no negócio, gerenciando as atividades de relacionamento com o

cliente; garantir a manutenção da qualidade do atendimento; estruturar mecanismos de

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94

relacionamento adequados aos segmentos selecionados; identificar, com precisão, as

necessidades dos clientes para a utilização de canais alternativos (administração dos custos

do atendimento); segregar as atividades de suporte ao negócio (atividades da retaguarda).

Além disso, a Caixa dispõe do SIGAT, que é um aplicativo da automação de

escritório que padroniza e controla todos os processos de atendimento e de retaguarda,

permitindo acompanhamento gerencial automatizado de todas as estações da rede de

escritório da Agência. Constitui ferramenta para gestão das carteiras de clientes

identificados na Segmentação e se direciona aos Gerentes de Relacionamento Empresarial,

permitindo o acesso a informações pessoais e comerciais dos clientes, incluindo produtos

que possuem e possibilidade de aquisição de outros.

Hoje, a Caixa está segmentada, como já visto anteriormente, facilitando o contato

de funcionários com o cliente no segmento de trabalho. Para haver uma visualização destes

clientes existe o INFOGER - Sistema de Informações Gerenciais - através do qual é

possível visualizar os produtos foco para aquele cliente e quais ele está utilizando.

Com a criação do Folga no Limite de Crédito é possível, por exemplo, gerenciar

as principais operações com recebíveis, possibilita ao gerente oferecer serviços e produtos

que se enquadram no perfil do cliente. O gerente mantém contatos com o cliente com

maior freqüência, melhorando assim, o relacionamento e a venda de outros produtos.

Nem sempre, em uma empresa pública, o lucro é o principal. No caso da Caixa,

existe uma preocupação social, quando prioriza micro e pequenas empresas leva-se em

conta a geração de emprego e renda. Mas, apesar disso, é preciso dar sustentabilidade para

a instituição, até mesmo para manter os programas sociais.

Portanto, dentro dessa perspectiva, deve-se realizar um planejamento para

aumentar os empréstimos para micro e pequenas empresas, o segmento empresarial

disponibiliza negociar os recebíveis. O fundo de recebíveis visa atender as empresas que

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necessitam captar recursos para melhorar seu fluxo de caixa, proporcionando novos

investimentos para ampliação da capacidade produtiva.

Além disso, com a antecipação dos recebíveis, verifica-se um índice muito baixo

de inadimplência, pois se um dos cheques e duplicatas que a empresa negociou com a

Caixa, não for pago, este título deverá ser trocado pelo cliente. O resultado da baixa

inadimplência verificada no decorrer do ano de 2004 com crédito, de modo em geral,

verifica-se na figura 25.

Figura 25: AVGESTÃO do Crédito Emprego e Renda PJ.

Analisando a figura 26 se verifica a meta total esperada acumulada mês a mês no

crédito da agência, em relação aos valores realizados acumulados com recebíveis. Nota-se

que há uma evolução nos recebíveis; porém, essa evolução não acompanha a linha de

crescimento do volume total de crédito esperado da Agência Pelotas.

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96

Emprego e Renda PJ - Curto Prazo

-

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

14.000.000,00

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

META TOTALCURTO PRAZO

Figura 26: Evolução das Operações com Recebíveis

Na figura 27 verifica-se a evolução mês a mês das operações de crédito com recebíveis da

Agência Pelotas. Observa-se que a agência está evoluindo , principalmente nos últimos meses. Se

continuar neste ritmo, em meados de 2005 realizará a meta de crédito total somente com recebíveis.

Emp e Rend PJ Curto Prazo

0,00

200.000,00

400.000,00

600.000,00

800.000,00

1.000.000,00

1.200.000,00

1.400.000,00

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

Figura 27: Evolução das Operações com Recebíveis Mês a Mês

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Após doze meses de pesquisa e análise dos resultados, desde a demanda inicial até

a fase de avaliação final dos dados obtidos, foi realizado um balanço geral dos resultados

alcançados. As conclusões baseadas nestas informações estão apresentadas no próximo

capítulo.

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5 CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão tinha como principal objetivo elaborar um plano de

ação para resolver problemas em relação ao volume de crédito da Caixa, na Agência

Pelotas, para micro e pequenas empresas e, conseqüentemente, melhorar o seu

desempenho. Para reverter o quadro de poucos empréstimos concedidos, tinha como

objetivos específicos: identificar as causas dos problemas da Agência Pelotas para

oferecer crédito às micro e pequenas empresas; analisar melhorias através de ferramentas

da qualidade e solucionar os problemas com estratégias elaboradas através do ciclo PDCA;

e assim, promover o volume de crédito, preferencialmente, com recebíveis, para micro e

pequenas empresas.

Hoje, o mercado está exigindo empresas mais competitivas. Neste contexto,

micro e pequenas empresas precisam de crédito. Além disso, o futuro exigirá das

instituições bancárias, qualidade. A Caixa, interessada nesta fatia do mercado, teve que se

adaptar e procurar ferramentas para solucionar os problemas decorrentes da dificuldade em

conceder crédito para micro e pequenas empresas.

Trata-se de adequar as instituições bancárias a uma nova realidade de mercado,

onde a tecnologia e a qualificação das competências dos recursos humanos têm um papel

cada vez mais importante a desempenhar. A Caixa precisou, então, rever algumas

metodologias na hora de conceder os créditos. Através da coleta de dados identificaram-se

problemas que geravam insatisfação dos clientes. Reclamavam do grande número de filas,

mas desconheciam que a maioria ocorria no setor de pessoas físicas, no auto-atendimento e

nos caixas e não no setor empresarial. Como a Caixa realiza pagamentos de benefícios

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sociais para o Governo Federal, a imagem que passa é de um atendimento moroso,

repercutindo, assim, na carteira empresarial. Pois, a maioria dos empresários quer agilidade

e rapidez, associada a um bom atendimento.

Além disso, verifica-se que a Caixa não tinha cultura de oferecer crédito

empresarial. Ela tem, em seu longo histórico, a tradição do crédito para a aquisição da casa

própria. Por muitos anos, o financiamento para habitação foi quase sempre exclusividade.

Porém, não havia uma imagem de que ela negociava créditos com micro e pequenas

empresas.

Como a Caixa é uma instituição pública, constatou-se que muitos funcionários

estavam acomodados e não se preocupavam com a sua qualificação. O emprego público

sempre atraiu pessoas devido à sua estabilidade. Isso também proporciona àqueles

funcionários que têm seu emprego garantido, a não procurarem melhorar seu desempenho

e sua qualificação.

Depois de constatadas algumas das causas da dificuldade em conceder créditos,

foi necessário elaborar um plano de ação para saná-las. Empregou-se, então, a lógica do

PDCA, que possibilitou uma avaliação constante do processo empregado. Com as

ferramentas adequadas, foi possível conhecer os problemas. Com a coleta de dados

observou-se que o volume de crédito não tinha sido o esperado na carteira empresarial. A

partir daí, depois de ter contato com a bibliografia sobre problemas e ferramentas, foi

possível a definição de um plano de ação para solucionar problemas.

5.1 Considerações sobre a Metodologia Empregada

O planejamento através da lógica do PDCA, possibilita que o plano de ação possa

ser avaliado durante todo processo.Quando os erros se repetem, pode-se retornar ao início

novamente. A metodologia possibilitou um acompanhamento constante de todos os

membros da equipe empresarial. Também foi possível fazer uma análise dessa situação

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para encontrar as soluções para os problemas. Através das reuniões todos os envolvidos

podiam acompanhar as novas ações postas em prática.

Este método através do planejar, fazer, verificar e agir é fundamental para manter

o comprometimento da equipe de trabalho. Pois, pode-se visualizar cada etapa do processo

e ver quais os passos que devem ser seguidos. Assim, o plano de ação fica bem definido e

mais fácil para colocá-lo em prática.

Dentro da lógica de primeiro planejar e depois medir, foi criado o AVGESTÃO,

baseado no Balanced Scorecard, de Kaplan e Norton (1997). Esse sistema possibilita

medir o desempenho de cada Agência da Caixa e da instituição como um todo. Só é

possível gerenciar uma empresa depois de medir seu desempenho. Também permite

acompanhar os resultados em sete dimensões, tais como: metas estratégicas, objetivos de

comercialização, participação no mercado, qualidade no atendimento, gestão de pessoas,

índice de rentabilidade e conformidade.

A qualquer momento este método, através das ferramentas adequadas pode

mostrar aos funcionários e à gerência os avanços dos objetivos propostos, inclusive se os

prazos estavam sendo cumpridos. Os gerentes, então, podem cobrar os resultados e um

maior comprometimento dos funcionários, se for o caso.

Para aumentar o volume de crédito da Agência Pelotas com micro e pequenas

empresas procurou-se identificar os motivos dos valores reduzidos de empréstimos com

recebíveis. Para isso, foi necessário entrevistar clientes e saber por que não estavam

negociando créditos com a agência. Através das entrevistas constatou-se que a Caixa tinha

uma imagem de filas e não havia um histórico de negócios com micro e pequenas

empresas, o que afetava diretamente a carteira empresarial. Basicamente, os clientes que se

tinha na carteira empresarial eram clientes ligados ao crédito imobiliário, como

imobiliárias, condomínios, sindicatos, etc.

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Portanto, o ciclo PDCA, permite a resolução de problemas de uma forma clara e

eficiente, pois se faz uma constante avaliação do processo, podendo corrigir as falhas a

cada etapa cumprida.

As instituições bancárias, em geral, já começaram a entender que o controle da

qualidade, no final do processo de prestação de serviços, não é suficiente. O controle de

qualidade tem que ser realizado ao longo de todo processo e, por isso, ele passou a ser

planejado e a prevenção passou a ser a grande ferramenta para garantia da qualidade ao

cliente.

5.2 Considerações a Respeito dos Resultados Alcançados

Neste estudo, pode-se visualizar o quê para a Caixa seria uma Agência ideal. Ela

precisa gerar lucratividade como qualquer instituição bancária e, também, característica de

banco múltiplo.

O objetivo geral dessa pesquisa foi de elaborar um plano de ação para resolver

problemas em relação ao volume de crédito na Agência Pelotas, para micro e pequenas

empresas. Este objetivo foi totalmente alcançado, tendo em vista que no ano de 2003 a

agência realizou em crédito pouco mais de 5 milhões, representando um pouco mais de

50% da meta esperada. Já no ano de 2004 o volume de crédito superou os 12 milhões,

ultrapassando a meta em mais de 100%.

Os objetivos específicos do estudo foram identificar as causas dos problemas da

agência para oferecer créditos às empresas, através da coleta de dados, para solucioná-los

com estratégias elaboradas através do ciclo PDCA. Esse plano de ação foi amplamente

discutido e posto em prática. Várias ações demandadas, resultaram em ganhos na geração

de crédito para as micro e pequenas empresas. Todas as etapas foram amplamente

discutidas por todos os funcionários do segmento empresarial e acompanhadas em reuniões

de divulgação.

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A partir dessa idéia foi importante divulgar as linhas de crédito para empresas em

Associações Comerciais e Industriais, Clubes de Dirigentes Lojistas – CDL, sindicatos,

entre outros. Em um primeiro momento se fez reuniões com os dirigentes destas entidades

procurando ressaltar a necessidade de créditos para as empresas e com isso promover o

desenvolvimento da região. Logo a seguir, se fez reuniões com os associados das

entidades, nas quais os próprios dirigentes destas, mostraram a importância do crédito para

suas empresas. Com o SINDILOJAS, por exemplo, foi assinado convênio de parceria,

onde a própria entidade ligava para seus associados, oferecendo os benefícios das linhas

de crédito da Caixa.

Para promover o volume de crédito, de preferência com recebíveis, foi necessário

disponibilizar um banco de dados com clientes potenciais, empresas da cidade de Pelotas

com perfil de tomador de crédito. Para isso, buscou-se em todos os bancos existentes, tais

como: relação de empresas do FGTS, associados das entidades de classe, sindicatos,

fornecedores da Prefeitura Municipal, SEBRAE, etc, empresas que não possuíam

restrições cadastrais, tomadoras de crédito e, preferencialmente, em operações de crédito

de curto prazo. Buscou-se, também, empresas com faturamento mais elevado dentro das

micro e pequenas empresas. Isso gerou limites maiores para estas empresas. Criou-se,

também, um banco de clientes, conhecido como Folga no Limite de Crédito, que favorece

ao gerente empresarial visualizar os limites de operações de crédito no oferecimento dos

produtos adequados ao perfil do mesmo. Ainda, se qualificou o banco de dados, separando

aqueles clientes que mantêm e os que não mantêm negócios com a Caixa, dando agilidade

ao atendimento e tempestividade na concessão do crédito.

O volume de crédito, preferencialmente, com recebíveis, na Agência Pelotas, com

as micro e pequenas empresas foi alcançado em parte. O total do volume de crédito da

Agência dobrou de 2003 para 2004. A meta total de crédito estabelecida pelo Escritório de

Negócios de Pelotas foi atingida. Agora, a meta de recebíveis não teve o aumento esperado

nos primeiros meses de 2004, embora tenha havido um crescimento nos últimos meses. Por

motivos de promoção, embora não estivesse no planejamento do segmento empresarial, foi

trocado um dos gerentes da carteira e isso, pode ser um dos motivos do baixo desempenho

em operações com recebíveis no início do ano vigente. Essa troca de gerente num primeiro

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momento causou impacto negativo nos negócios, mas logo a situação mudou e, hoje, o

volume de créditos com recebíveis, já ultrapassaria a meta esperada.

Embora não fosse foco deste trabalho reduzir o volume de inadimplência da

Agência Pelotas, pode-se observar que este volume foi inferior em relação ao ano de 2003.

Neste ano a inadimplência foi de R$ 323.850,00 e, em 2004, apenas R$ 85.910,77. Essa

inadimplência poderá ainda ser renegociada no decorrer dos próximos meses. De qualquer

forma, isso significa que estes valores ainda não estão perdidos. Como a inadimplência em

2003 foi elevada, perdeu-se muito tempo no segmento empresarial no decorrer deste ano

com cobrança e montagem de processos para execução judicial. Como conseqüência da

baixa inadimplência em 2004, no próximo ano sobrará mais tempo para realizar negócios

com crédito.

Hoje, existe no mercado financeiro uma tendência de disponibilizar limites de

crédito, principalmente, limites para desconto de recebíveis para micro e pequenas

empresas que estão, cada vez mais, proporcionando o desenvolvimento econômico do país.

Essa estratégia de relacionamento de disponibilizar limites de crédito para antecipar

recebíveis, também foi definida e adotada como estratégia pela Agência Pelotas. Muitos

limites disponibilizados para os clientes ainda não refletiram na utilização. Isso, somente

ocorrerá no decorrer do tempo, à medida que vai se intensificando o relacionamento com

estes clientes.

Não basta somente aplicar em recebíveis, o que mais gera resultados positivos são

os empréstimos em médio e longo prazo. Porém, somente com estas operações, não se

consegue fidelidade. É através dos recebíveis que se mantém um maior contato com os

clientes. Manter um relacionamento próximo abre possibilidades de vender outros produtos

e formar uma carteira empresarial .

O volume total aplicado na carteira empresarial é o que forma o saldo gerador do

crédito, e é este que gera as receitas, descontados os custos de captação e os custos

administrativos. Por isso, torna-se necessário aumentar a quantidade de clientes,

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disponibilizar mais limites de Cheque Especial , Desconto e de Giro Instantâneo Múltiplo,

controlando seu uso adequado, evitando assim, novas inadimplências.

Para atrair mais clientes para a carteira empresarial é preciso mudar a imagem da

Caixa. Além disso, deve-se facilitar o acesso das micro e pequenas empresas ao crédito. O

modelo operacional que impera na Caixa, muitas vezes, dificulta e traz empecilhos,

morosidade, criando, assim, uma imagem negativa da Agência.

Como conseqüência das mudanças na carteira empresarial da Agência Pelotas e

as campanhas publicitárias em mídia nacional, está havendo uma maior divulgação das

linhas de crédito para as micro e pequenas empresas o que, certamente, irá colaborar no

aumento do volume de crédito.

O atendimento ao público em geral prejudica a imagem da agência. Isso precisa

ser melhorado constantemente. A infra-estrutura disponível também é determinante nos

problemas enfrentados e, muitas vezes, de difícil solução. Embora, hoje a agência adote o

sistema de fila virtual, com agendamento de atendimento nos caixas e para os programas

sociais, não há maiores problemas, desde que não haja nenhuma falha no sistema de

comunicações.

Através de reuniões com os contadores, também foi possível agilizar a

documentação que estes precisam encaminhar para a Caixa, quando as empresas

necessitam de crédito. A Caixa, por sua vez, diminuiu consideravelmente o número de

documentos para realizar a avaliação da capacidade de pagamento das empresas. O modelo

de avaliação – SIRIC, sofreu muitas mudanças nos últimos meses, tornando o processo

mais ágil e disponibilizando limites maiores de crédito para as micro e pequenas empresas.

Uma das dificuldades para se atingir as metas propostas com o segmento de

micro e pequenas empresas refere-se à quantidade de empresas que se precisa atender.

Pois, os negócios com este segmento são contratações de valores baixos. Por outro lado, a

Caixa, por ser uma instituição estatal, também deverá ter uma função social e, neste

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sentido, não se pode esquecer que as micro e pequenas empresas empregam muitas

pessoas, gerando emprego e renda para a região.

5.3 Sugestões para Estudos Futuros

Embora, tenha-se qualificado a carteira empresarial, ainda não foram atingidos os

índices de rentabilidade indicados no AVGESTÃO. Além disso, houve um aumento na

concessão de créditos, mas os índices com recebíveis ainda não chegam aos patamares

considerados ideais. Sugere-se, então, que a administração da carteira continue avaliando

suas ações e, se necessário, volte ao início do ciclo do PDCA.

Logo, uma continuidade de aplicação do método poderá indicar um estudo futuro

sobre as diversas receitas que são geradas sobre os valores emprestados nas diversas linhas

de crédito da Caixa. Sabe-se que o volume emprestado influi diretamente sobre isso,

dependendo de algumas variáveis, tais como juros, prazos, tipos de operações, etc.

Este estudo ainda pode ser aprofundado em vários aspectos, principalmente, no

que se refere à satisfação do cliente empresarial, associado à imagem que a Caixa tem no

mercado.

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SMITH, S. Resolva o problema! Ferramentas testadas e aprovadas para aprimoramento contínuo. São Paulo: Editora Clio, 1997.

STEVENS, M. Como ser o Melhor Resolvedor de Problemas. Rio de Janeiro: Alta Books, 2003.

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APÊNDICES

APÊNDICE A: Roteiro de Entrevistas com Funcionários

APÊNDICE B: Roteiro de Entrevistas com Clientes

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APÊNDICE A: Roteiro de Entrevistas com Funcionários

1ª PARTE – DADOS PESSOAIS 1. Idade:........... 2. Sexo:........... Estado civil:......................................... 4. Escolaridade:........................................................................................................... 5- Como usa o tempo livre?........................................................................................ 6- Você procura se aperfeiçoar?.................................................................................. 2ª PARTE: DADOS PROFISSIONAIS: 7- Por que procurou trabalhar na Caixa?..................................................................... . 8- Qual o nível de satisfação com o emprego?............................................................ . 9- O que gosta de fazer dentro da instituição?............................................................. 10- O que não gosta de fazer dentro da instituição?.................................................... 11- Faz algum curso em relação a sua função? E em outras áreas? Qual?.................. 12- Qual a principal dificuldade que enfrenta na instituição?..................................... 13- Tem feito algum curso para melhorar o atendimento aos clientes?....................... 14- Conheces bem os produtos que precisa vender aos clientes?................................. 15- Os clientes têm saído satisfeitos, depois que são atendidos por você? Por quê?... 16- O que a instituição têm feito para atrair clientes para negócios?........................... 17- Do que os clientes reclamam? O que elogiam?..................................................... 18- Na tua opinião o que deveria ser feito para melhorar o atendimento às empresas?.. Muito Obrigado.

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APÊNDICE B: Roteiro de Entrevistas com Clientes

1ª PARTE – DADOS PESSOAIS 1. Idade:........... 2. Sexo:.......... 3. Estado civil:.............................. 4. Escolaridade:................................................................................................... 2ª PARTE – INFORMAÇÕES SOBRE A CAIXA 5- Qual a imagem que você tem da Caixa?........................................................... 6- Como é atendimento na Caixa? ....................................................................... 7- Fica muito tempo esperando em filas?............................................................... 8- Quais os serviços que realiza na Caixa?............................................................. 9- Como é o seu relacionamento com os funcionários?.......................................... 10- Faz negócios com a Caixa? Por quê? ............................................................... 11- Como é o atendimento no segmento empresarial?............................................ 12- Fica muito tempo esperando neste setor?.......................................................... 13- Quais os setores em que o atendimento é melhor? E o pior?............................. 14- Que características valoriza quando escolhe um banco?.................................... 15- O que gostaria que a Caixa tivesse no futuro?................................................... Muito obrigado.