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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM ENGENHARIA AGRONOMICA DANILO TELES DE MENEZES DAVID MANOEL DA SILVA DIEGO JOSÉ GOMES DE MORAES LUCAS HENRIQUE DE OLIVEIRA ANÁLISE DA COMPREENSÃO E ACEITAÇÃO DOS COMERCIANTES E CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS DA REGIÃO NOROESTE PAULISTA Lins/SP 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

ENGENHARIA AGRONOMICA

DANILO TELES DE MENEZES

DAVID MANOEL DA SILVA

DIEGO JOSÉ GOMES DE MORAES

LUCAS HENRIQUE DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA COMPREENSÃO E ACEITAÇÃO DOS COMERCIANTES E

CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS DA REGIÃO

NOROESTE PAULISTA

Lins/SP

2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

ENGENHARIA AGRONOMICA

DANILO TELES DE MENEZES

DAVID MANOEL DA SILVA

DIEGO JOSÉ GOMES DE MORAES

LUCAS HENRIQUE DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA COMPREENSÃO E ACEITAÇÃO DOS COMERCIANTES E

CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS DA REGIÃO

NOROESTE PAULISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Engenharia Agronômica sob orientação do Professor Harumi Hamamura.

Lins/SP

2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

ENGENHARIA AGRONOMICA

Menezes, Danilo Teles; Silva, David Manoel; Gomes, Diego José; Oliveira, Lucas Henrique

Análise da compreensão e aceitação dos comerciantes e consumidores sobre os produtos orgânicos da Região Noroeste Paulista / Danilo Teles de Menezes; David Manoel da Silva; Diego José Gomes; Lucas Henrique de Oliveira. – – Lins, 2018.

43p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Engenharia Agronômica, 2018.

Orientadores: Harumi Hamamura; Clelia Maria Mardegan

5. Orgânico – Aceitação. 3. Comercialização. 4. Consumidor. 5. Comerciante I. Título.

CDU 631

M51a

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ENGENHARIA AGRONOMICA

DANILO TELES MENEZES

DAVID MANOEL DA SILVA

DIEGO JOSÉ GOMES DE MORAES

LUCAS HENRIQUE DE OLIVEIRA

ANÁLISE DA COMPREENSÃO E ACEITAÇÃO DOS COMERCIANTES E

CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS NA REGIÃO

NOROESTE PAULISTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Agronômica. Aprovado em: ___/________/______. BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Harumi Hamamura.

______________________________________________

Prof. Dr.ª Clélia Maria Mardegan.

______________________________________________

Prof. Me. Tais Santo Dadazio.

Lins, ___ de _______ de 2018.

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ENGENHARIA AGRONOMICA

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado forças para chegar até aqui mesmo em meio a

muitas adversidades. E possibilitar que eu obtenha a gloria de conquistar o

sonho da primeira graduação.

A minha família, por ter me dado incentivo nos momentos em que ousei

pensar em desistir me respaldando e contribuindo enormemente para que

tivesse chance de eu alcançar meus objetivos.

Aos professores do curso de Engenharia Agronômica do Unisalesiano

de Lins, por todos os ensinamentos e tempo dedicado a nos preparar para o

que esta por vir.

A meu orientador Professor Harumi Hamamura, por toda ajuda e tempo

dedicado ao longo dessa jornada de muito sacrifício porem de muito

aprendizado.

A minha orientadora técnica Eng. Drª. Clélia Maria Mardegan, pelo

carinho cuidado e toda dedicação para que pudéssemos chegar até aqui.

Ao coordenador do curso de Engenharia Agronômica Eng.Dr. Carlos

Suguitani, por toda dedicação e empenho para conosco. Respaldando-nos e

contribuindo de maneira assídua para nossa formação.

Danilo Teles de Menezes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

ENGENHARIA AGRONOMICA

Gostaria de agradecer a Deus em primeiro lugar pois sem ele acredito

que não alcançaria meus objetivos .

A minha querida família que me apoiaram em minhas decisões e por

sempre estarem comigo nos momentos bons e ruins.

Aos professores que se dedicaram em nos ensinar dando o seu melhor

com a gente.

Ao nosso orientador Harumi Hamamura que se dedicou em orientar em

nosso trabalho.

Ao coordenador do curso de Engenharia agronômica Eng. Dr. Carlos

Suguitani.

David Manoel

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ENGENHARIA AGRONOMICA

A Deus, por ter me dado forças para seguir até aqui mesmo em meio a

muitas adversidades. E possibilitar que eu obtenha a gloria de conquistar o

sonho da graduação.

A minha família.

A minha Mãe Nair Gomes de Moraes que foi Pai e Mãe se desdobrando

junto com meus avós para poder nos criar com dignidade.

A meus Avós Elpídio, Ana e Ieda que não estão aqui mas fizeram toda a

diferença em meu ser.

A minha Irmã Vera Lúcia Moraes Souza que sempre ao meu lado me

apoiou nessa jornada, se não fosse por ela pegar no meu pé eu não haveria

iniciado essa gloriosa etapa que esta findando.

Minha Esposa Thaylizze Goes Nunes Pereira que me ajudou e apoiou

nessa dura e longa jornada e como minha parceira em casa me dando as

dicas, sendo ela uma pessoa Maravilhosa que amo muito.

A meu filho Davi Miguel que é o melhor presente que poderia ter

recebido de Deus até hoje.

Aos professores do curso de Engenharia Agronômica do Unisalesiano

de Lins que nos guiaram com sabedoria até o presente momento.

A nosso orientador Professor Harumi Hamamura por toda ajuda e tempo

dedicado ao longo de sua jornada de muito sacrifício, porem de muito

aprendizado.

A minha orientadora técnica Eng. Drª. Clélia Maria Mardegan. Pelo

carinho cuidado e toda dedicação para que pudéssemos chegar até aqui.

Ao coordenador do curso de Engenharia Agronômica Eng.Dr. Carlos

Suguitani por toda dedicação e empenho para conosco. Respaldando-nos e

contribuindo de maneira Assídua para nossa formação.

Diego José Gomes de Moraes.

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ENGENHARIA AGRONOMICA

A Deus primeiramente.

A minha família, pai Antonio Carlos e meus irmãos Julio e Carlos, que

sempre me apoiaram e me ajudaram em todas as minhas decisões.

Em especial a minha mãe, Sandra Maria Gonçalves de Oliveira, por todo

apoio, carinho, incentivo e dedicação, que hoje não pode ver este trabalho,

devido seu falecimento, mas à quem dedico todo ele!

Aos professores do curso de Engenharia Agronômica do Unisalesiano

de Lins pelo tempo dedicado a nos ensinar e guiar rumo a vida profissional.

A meu orientador Professor Harumi Hamamura por toda ajuda,

dedicação e tempo disponível ao longo dessa jornada de muito sacrifício porem

de muito aprendizado.

A minha orientadora técnica Eng. Drª. Clélia Maria Mardegan.

Por toda dedicação para que pudéssemos concluir com êxito nosso trabalho.

Ao coordenador do curso de Engenharia Agronômica Eng. Dr. Carlos

Suguitani, pela dedicação especial e tempo disponível a nos ajudar.

Lucas Henrique de Oliveira

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ENGENHARIA AGRONOMICA

RESUMO

No Brasil o atual modelo de produção agropecuário é baseado no agronegócio.

Este deve ser compreendido como um conjunto que abrange todas as

atividades de produção, processamento, distribuição e comercialização dos

produtos agrícolas, tendo como suas principais características, baixo valor

agregado, monocultura, grande escala, transgenia e uso de agroquímicos. Na

contra mão desse modelo de produção, a cada dia surgem mais agricultores

que almejam outra lógica de produção, baseada na multicultura, e sem o uso

de agroquímicos, produzindo orgânicos. Entretanto, sabemos que esse

segmento necessita ganhar o mercado e o consumidor, pois o seu consumo e

comercialização no Brasil ainda são limitados e restritos a uma pequena

parcela da população. Esse trabalho visou levantar mais informações acerca

da demanda de mercados e consumidores para o segmento na região noroeste

paulista. Assim, pretendeu-se compreender a aceitação dos comerciantes e

consumidores e a compreensão que estes têm em relação ao segmento de

produtos orgânicos, através de uma pesquisa de campo coletando informações

nas de Araçatuba, Bauru e São José do Rio Preto. Posteriormente com a

análise dos resultados constatou-se que 83% dos entrevistados alegam saber

o que são os produtos orgânicos, entretanto, apenas 44% destes fazem uso

regular dos produtos orgânicos.

Palavras chaves: Orgânico, Aceitação, Comercialização, Consumidor,

Comerciante.

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ENGENHARIA AGRONOMICA

ABSTRACT

In Brazil, the current agricultural production model is based on agribusiness. It

should be understood as a set that encompasses all the activities of production,

processing, distribution and commercialization of agricultural products, having

as its main characteristics: low value-added, monoculture, large scale,

transgenic and use of agrochemicals. Contrary to this model of production,

more and more farmers have been looking for a different production logic,

based on multiculturalism, without the use of agrochemicals, producing organic

products. However, this segment needs to gain the market and the consumer,

since its consumption and commercialization in Brazil are still limited and

restricted to a small part of the population. This paper aimed to raise more

information about the demand of markets and consumers for the segment in the

northwest region of São Paulo. Thus, it was intended to understand the

acceptance of traders and consumers and the understanding they have

regarding the organic products segment, through a field survey collecting

information in the cities of Araçatuba, Bauru and São José do Rio Preto.

Subsequently, with the analysis of the results, it was found that 83% of

respondents claimed to know what organic products are, however, only 44% of

them make regular use of organic products.

Key words: Organic, Acceptance, Marketing, Consumer, Trader.

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ENGENHARIA AGRONOMICA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Área plantada de alimentos orgânicos por Continente (em hectares) ....... 15

Figura 2 – Distribuição geográfica da produção de orgânico no Brasil ....................... 19

Gráfico 1 – Você comercializa produtos orgânicos? ................................................... 28

Gráfico 2 – O que leva a comercializar os produtos orgânicos? .................................. 29

Gráfico 3 – De que região vem os produtos? .............................................................. 29

Gráfico 4 – Porque não comercializa produtos orgânicos? ......................................... 30

Gráfico 5 – O que levaria a comercializar (ou comercializar ainda mais) os produtos

orgânicos? .................................................................................................................. 31

Gráfico 6 - Você conhece os produtos orgânicos? ...................................................... 31

Gráfico 7 - Como conheceu os produtos orgânicos? .................................................. 32

Gráfico 8 - Você consome produtos orgânicos? .......................................................... 33

Gráfico 9 - Qual a principal razão que te leva a consumir este produto?..................... 33

Gráfico 10 – Qual a principal razão que leva a não consumir o produto orgânico? ..... 34

Gráfico 11 – O que poderia tornar o produto orgânico mais atrativo? ......................... 35

Gráfico 12 – Quantas pessoas moram com você? ...................................................... 36

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ENGENHARIA AGRONOMICA

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

R$ Real / Cifrão

x Comparativo

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FIBL European and global organic farming statistics

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFOAM International Federation of Organic Agriculture Movements

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

OCS Organizações de Controle Social

ONGs Organização Não Governamental

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PNAE Projeto Nacional de Alimentação Escolar

SisOrg Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SP São Paulo

SPG Sistema Participativo de Garantia

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ENGENHARIA AGRONOMICA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 17

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 25

4.1 COMERCIANTES ......................................................................................... 25

4.2 CONSUMIDORES ........................................................................................ 31

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 37

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 39

7 APÊNDICE.............................................................................................................42

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1 INTRODUÇÃO

A agricultura orgânica é caracterizada pelo uso de práticas e processos

que visam à produção agrícola com redução dos impactos ao ambiente em que

se encontra inserida. Partindo do pressuposto que a agricultura deve ser

sustentável ambientalmente, socialmente e economicamente, não utilizando

fertilizantes químicos de alta solubilidade, aditivos e agroquímicos, como

também reguladores de crescimento (Embrapa, 2014).

Corroborando com essa ideia, a agricultura orgânica vai além da troca

de insumos químicos por insumos biológicos, dando ênfase ao uso racional dos

recursos naturais não renováveis, de modo a obter maior eficiência, atrelado ao

melhor aproveitamento dos processos biológicos (Embrapa, 2006).

O levantamento realizado entre os anos de 2000 e 2006 pelo

International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM) constatou

um crescimento exponencial a nível mundial com relação a produção de

orgânicos no Mundo. Os níveis produção apresentados pelo IFOAM referente a

área de manejo de orgânico nos continentes foram: Oceania com 40,7%,

seguida da Europa com 24,3%, América Latina com 16,2%, Ásia com 10,2%,

América do Norte com 7,3% e África com 1,4% (CAERDES, 2014).

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Figura 1 – Área plantada de alimentos orgânicos por Continente (em

hectares)

(Fonte: CAERDES, 2014)

O último estudo a nível mundial realizado em 2008 pela IFOAM e pelo

European and global organic farming statistics (FIBL) apontam que 35 milhões

de hectares de terra são conduzidos organicamente por quase 1,48 milhões de

produtores. Na América Latina 23%, Europa 23%, seguidos de Ásia 9%,

América do Norte 7%, África 3% e Oceania com maior porcentagem em

hectare, cerca de 35% (FIBL; IFOAM, 2010).

No Brasil a produção orgânica nacional cresce cerca de 20% ao ano

segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Em contrapartida a demanda para esses produtos não acompanha seu

crescimento, sendo que 70% do que é produzido é destinado a exportação

para países do continente Europeu (SEBRAE NACIONAL, 2017).

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De acordo com Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

(MAPA) as propriedades certificadas e em processo de transição de

certificação correspondem hoje cerca de 16 mil, sendo que 75% delas pertence

a agricultura familiar.

Por ser considerado um setor em ascendência e que apresenta

potencial de desenvolvimento para o pequeno produtor, mas ter ainda pouca

divulgação para o público em geral, objetivamos compreender nesse trabalho a

aceitação e compreensão de dois segmentos específicos, sendo eles, os

comerciantes e consumidores da região noroeste paulista.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No final da década de 1940, iniciou-se a implementação de novas

técnicas agrícolas pelo mundo, mas somente nas décadas de 1960 e 1970

foram observados resultados expressivos daquilo que foi chamado

mundialmente de Revolução Verde. Estas técnicas foram introduzidas nos

países em desenvolvimento sobre o discurso ideológico de que seu pacote

tecnológico aumentaria a produção de alimentos e acabaria com a fome no

mundo. Porém, toda essa tecnologia caminharia na contramão do

desenvolvimento sustentável e duradouro para a população e o meio ambiente,

pois ao invés de desenvolver um conhecimento que tivesse pequenos ou nulos

impactos ao meio ambiente, a Revolução Verde buscou controlar a natureza

através de diferentes tecnologias.

Todas as inovações tecnológicas verticais (setor industrial agrícola) e transversais (setores da química, genética, mecânica) são reunidas por volta de 1960 e 1970 e direcionadas para agricultura, surgindo a Revolução Verde. Essa revolução é um conjunto homogêneo de práticas tecnológicas (variedades geneticamente melhoradas, fertilizantes químicos, agrotóxicos, irrigação e motomecanização), chamado de pacote tecnológico, que viabilizou, em larga escala, os sistemas monoculturais. Esta concepção era a esperança ilimitada de combate à miséria no mundo. Instituições internacionais e governos dos países subdesenvolvidos se lançaram de corpo e alma nesta empreitada. Nesta época o desprezo pela agricultura orgânica era marcante (EHLERS, 1994) (MAZZOLENI; NOGUEIRA, 2006, p.268).

Com isso, o que parecia ser um verdadeiro milagre logo mostrou sua

fragilidade. Além de não acabar com a fome no mundo, esse pacote

tecnológico destruiu o solo, causando erosões, perda de sua fertilidade,

aumento do desmatamento, dilapidação do patrimônio genético e

biodiversidade, além da contaminação da água, solo, animais, homens e

alimentos (MAZZOLENI; NOGUEIRA, 2006).

Em estudo realizado por (CHABOUSSOU, 1987) no qual o mesmo

define a teoria da trofobiose, onde suas relações com os agrotóxicos

demonstram que o equilíbrio nutricional de uma planta é prejudicado na medida

em que o uso de um defensivo químico ou de um insumo químico –

responsável por inibir a síntese de proteínas – tem-se um acúmulo de

nitrogênio e aminoácidos os quais se encontram livres no sulco celular e na

seiva da planta, que serão utilizados como forma de alimento por patógenos e

insetos para sua reprodução.

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Esta modernização do campo também alterou a estrutura fundiária no

Brasil, pois os pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às novas

técnicas de produção e também não atingiam a produtividade suficiente para

competir com grandes empresas agrícolas acabaram se endividando nos

bancos e consequentemente perdendo suas propriedades. Isso prejudicou a

produção familiar e fomentou o êxodo rural. Assim, mesmo o Brasil sendo

considerado o décimo maior país produtor de produtos orgânicos no mundo, de

acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa de Cultura Orgânica e da

Federação Internacional de Movimentos da Agricultura Orgânica (IFOAM), esse

número acaba sendo pouco expressivo se comparados com a quantidade total

de terras agrícolas no Brasil, representaria apenas 0,27%. Segundo o

Censo Agropecuário Brasileiro realizado em 2006 pelo IBGE constatou-se que

o Brasil possui quase 5 milhões de hectares de terras cultivando orgânicos

(ORGANICA BRASIL, 2018).

Esses números estão em constante crescimento, no ano de 2012 já

existiam 5.500 produtores orgânicos no Brasil, em 2013, esse número cresceu

para 7,959 produtores biológicos e 10,064 unidades de produção orgânica no

Brasil, que estão devidamente registrados e em conformidade com os

requisitos estabelecidos. Em relação à produção, existiu um salto que passou

de 40.000 toneladas em 2007 para 300.000 toneladas em 2012 (ORGANICA

BRASIL, 2018).

Um novo levantamento foi realizado em 2016, onde se constatou que o

país ainda apresenta um crescimento significativo de produtores orgânicos

divididos em dois grupos, os pequenos produtores da agricultura familiar que

representam 85% e os médios e grandes produtores empresariais que

representam 15% do total de produtores no Brasil. Podemos observar na figura

abaixo que o no ano de 2016 já existiam no Brasil 8.900 estabelecimentos

voltados a horticultura e floricultura orgânica e 9.557 lavouras permanentes

produzindo orgânicos em todo o país (REVISTA CAMPO E NÉGOCIO, 2016).

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Figura 2 – Distribuição geográfica da produção de orgânico no Brasil

Fonte: Revista Campo e Negócios, 2016.

Muitos produtores estão voltando a usar práticas menos agressivas ao

meio ambiente, pensando na produção de alimentos saudáveis e livres de

resíduos tóxicos. Visando uma melhor qualidade de vida, as pessoas têm

buscado cada vez mais alimentos saudáveis, sendo esse o novo caminho para

a produção e expansão do mercado de produtos orgânicos, que tem como

características a sustentabilidade e produtos de qualidade com certificação.

Para a segurança tanto do consumidor, quanto do produtor, a

legislação brasileira considera ser um produto orgânico, seja in natura ou

processado, aquele que é obtido por um sistema orgânico de produção

agropecuária ou de processo extrativista sustentável e que não afete de forma

negativa o ambiente que foi inserido.

Assim, para que não ocorra a comercialização dos produtos orgânicos

fora dos parâmetros exigidos na produção deste tipo de mercadoria, os

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mesmos receberam um selo de certificação indicando que eles obedeceram as

normas de produção orgânica. A certificação pode ser em Sistemas

Participativos de Garantia (SPG) quando Organizações Não Governamentais

(ONGs) se credenciam juntas, em regime de reciprocidade, visando reduzir os

custos do processo através da Certificação Participativa. Outra forma de

certificação ocorre via Organização de Controle Social (OCS), onde para serem

comercializados, os produtos orgânicos devem ser certificados por organismos

credenciados no MAPA, podendo esses apenas comercializar em venda direta

aos consumidores e instituições governamentais, tais como, Projeto Nacional

de Alimentação Escolar (PNAE), e Projeto de Aquisição de Alimentos (PAA)

(MAPA, 2009; 2014).

Essas políticas públicas procuram incentivar cada vez mais o agricultor

familiar, pois nelas o valor do produto orgânico é 30% acima do valor do

produto convencional, e esses tem prioridade na escolha de compra, além de

ser sem sombra de dúvidas de uma qualidade superior, na questão da saúde,

incentiva diretamente o produtor a produzir alimentos orgânicos. Essas

políticas públicas deram uma alavancada na produção de orgânicos na região,

pois junto com elas chegaram as informações necessárias para tal produção.

Para venda direta em feiras, cestas e venda na rua, por exemplo, o

produtor sem certificação de um órgão fiscalizador deve apresentar um

documento chamado Declaração de Cadastro, que certifica que ele está

cadastrado junto ao MAPA e que faz parte de um grupo que se responsabiliza

por ele. Essa declaração deve ser apresentada sempre que o consumidor ou

fiscalização solicitar.

Outro modo de certificação é a individual, realizada por uma única

empresa certificadora, submetida pela fiscalização do Colegiado Estadual de

Agricultura Orgânica (FELICONIO, 2002).

Os produtos vendidos em mercados, supermercados, lojas devem

apresentar o selo federal do SisOrg em seus rótulos, sejam produtos nacionais

ou internacionais. Caso o produto seja vendido a granel é necessário ser

identificado corretamente, por meio de cartaz, etiqueta ou outro meio. Já os

locais que servem pratos orgânicos ou pratos com ingredientes orgânicos tem

que manter à disposição dos consumidores listas dos ingredientes orgânicos e

dos fornecedores dos ingredientes (MAPA, 2009; 2014).

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Em decorrência da baixa dependência por insumos externos, pelo aumento de valor agregado ao produto com conseqüente aumento de renda para o agricultor e por propiciar a conservação dos recursos naturais, a agricultura orgânica apresenta-se como um mercado inovador. Cria oportunidades, principalmente, para pequenos e médios produtores, inclusive comunidades de agricultores familiares e vários outros segmentos da cadeia produtiva, o que pode auxiliar o desenvolvimento das áreas rurais próximas aos grandes centros urbanos e aos corredores de exportação (ALMEIDA, et al, 2000, p. 6).

Hoje, a agricultura orgânica possui uma conotação nova e mais

abrangente e representa uma agricultura que presa por ser economicamente

viável, socialmente justa e ambientalmente correta. Além disso, vale destacar

que:

Os alimentos orgânicos são aqueles provenientes de sistemas de produção agrícola que, conceitualmente, visa manejar, de forma equilibrada, o solo e os demais recursos naturais como água, vegetais, animais, macro e microrganismos, procurando minimizar os impactos ambientais dessa atividade graças à eliminação do uso de agrotóxicos e de quaisquer adubos minerais de alta solubilidade nas práticas agrícolas, conservando-os em longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. Além disso, recorre ao manejo racional das culturas, como os policultivos, e a ecologia da paisagem, a fim de atingir o equilíbrio e a otimização da produção. Tenta-se, assim, produzir alimentos de alta qualidade sem qualquer resíduo tóxico, que, segundo Gonçalves; Gomes; Medeiros (2007), têm mais sabor e maior qualidade nutricional e biológica. (Terrazzan; Valarini, 2009, p.27)

O cultivo orgânico procura atender a demanda dos consumidores, pelo

uso de processos mais conscientes de produção, evita a degradação do solo e

do meio ambiente. Além disso, o sistema de cultivo de Olericolas Orgânicas

exclui o uso de agroquímicos, pesticida, hormônios e aditivos conservantes de

alimentos.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário relata que o Brasil tem tido

um crescimento regular em relação ao consumo de produtos deste seguimento.

E que somente no ano de 2010 este crescimento chegou a 20% comparado ao

ano anterior (NUNES, 2011). Sendo os alimentos orgânicos responsáveis neste

mesmo ano, pela movimentação de cerca de 360 milhões de reais (AZEVEDO,

2011).

No final da década de 1970 e no início dos anos de 1980, foram

realizadas muitas pesquisas sobre os impactos da mecanização e

agroquímicos o ser humano e o meio ambiente.

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Este crescimento pode ser associado com a preocupação da

população por uma alimentação saudável e com a desintoxicação do meio

ambiente. Nas últimas décadas, surgiram estudos que comprovam a

contaminação de alimentos e do meio ambiente por agrotóxicos, prejudicando

a saúde das pessoas e por isso cresce o número de pessoas que criticam o

modelo de agricultura vigente, que utiliza agroquímicos nas culturas

implantadas, fazendo com que surja um novo tipo de consumidor, o

consumidor orgânico (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

Vale destacar que o número crescente de produtores orgânicos Brasil

está dividido basicamente em dois grupos: pequenos produtores familiares

ligados a associações e grupos de movimentos sociais, que representam 90%

do total de agricultores, sendo responsáveis por cerca de 70% da produção

orgânica brasileira, e grandes produtores empresariais (10%) ligados a

empresas privadas (CAMARGO FILHO, 2004).

Em 2012 o setor de alimentos orgânicos faturou R$1,5 bilhões, cerca

de 1% do mercado global de alimentos segundo as estatísticas de mercado

(FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2013).

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23

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido em duas etapas:

A- Levantamento Bibliográfico;

Realizou-se um levantamento bibliográfico referente à temática que foi

proposta, embasando-se no trabalho dos autores LIU; HARTMANN,2011.

Após esse levantamento, iniciou-se a pesquisa de campo, que foi realizada

com comerciantes e consumidores. Esses dois seguimentos foram escolhidos

a fim de obtermos uma dimensão mais global do processo de comercialização

até a chegada dos produtos ao consumidor final.

B- Pesquisa de Campo;

Para realizar a pesquisa de campo com esses dois segmentos

entrevistamos doze comerciantes e trezentos consumidores, subdividindo-os

em quatro comerciantes e cem consumidores por cidade pesquisada.

Os comerciantes e consumidores entrevistados foram das cidades de

Bauru, São José do Rio Preto e Araçatuba, todas do interior do estado de São

Paulo. Elas foram escolhidas pois são as maiores cidades da região Noroeste

de São Paulo e com isso teríamos uma amostra significativa sobre a

comercialização e aceitação dos produtos orgânicos nessa região do estado.

Para realizar a pesquisa de campo elaborou-se um questionário

estruturado quantitativo (Apêndice I e II) para os consumidores e um

questionário semiestruturado para os comerciantes (MINAYO, 2011). Os

questionários foram elaborados em Novembro em 2017 e foram feitas algumas

entrevistas testes para verificar possíveis erros. Após realizar as últimas

adaptações nos questionários iniciou-se a pesquisa de campo que foi realizada

em três etapas.

A primeira etapa foi na cidade de São José do Rio Preto no dia 12 de

março de 2018. A segunda etapa foi na cidade de Bauru nos dias 28 e 29 de

abril de 2018. E a terceira etapa na cidade de Araçatuba nos dias 12 e 19 de

maio de 2018.

A princípio havíamos elaborado um questionário quantitativo, mas assim

que fomos a campo percebemos a dificuldade que seria em enquadrar

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pequenos, médios e grandes comércios em um questionário fechado. Assim,

acabamos optando por um questionário semiestruturado onde tivemos mais

liberdade para conversar com os mesmos e entender a demanda de cada um.

Após o termino da pesquisa de campo, fez-se a transcrição dos

questionários para uma matriz criada no Excel e realizou-se a análise dos

mesmos.

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25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 COMERCIANTES

Optamos pela não identificação dos estabelecimentos, pois sem serem

identificados os mesmos nos forneceram mais informações relevantes do que

na primeira tentativa que havíamos feitos onde visávamos à identificação.

Bauru

O supermercado A, localizado em uma região mais central e com acesso

de todos os públicos, principalmente comerciantes, relatou que comercializa a

seis anos os produtos orgânicos, porém, não in natura, o foco dele são

industrializados. Ao questionar se existia público efetivo para consumir tais

produtos relatou que sim, caso contrário não continuaria com esses produtos.

Ele tem uma boa margem de lucro com esses produtos e alegam que se

houvesse uma maior variedade de produtos no mercado eles com certeza

conseguiriam atingir um público ainda maior. Quando perguntado sobre a

origem dos produtos que ele vende, alegou que esses vêm de São Paulo, pois

na região é difícil de encontrar produtos orgânicos processados e

industrializados.

O supermercado B, localizado em uma região mais central, porém com

um público de classe média baixa, disse que não comercializa produtos

orgânicos, por ter baixa demanda de produtos orgânicos. Essa seria a principal

razão de não comercializar produtos desse tipo.

O supermercado C, localizado em um bairro periférico e com a maioria

do seu público de classe média baixa, comercializa os produtos orgânicos tanto

in natura quanto os industrializados e alegou que o que leva ele a comercializar

esse tipo de produto é para atender melhor seus clientes buscando mais

diversidade e qualidade nos produtos, porém nos disse que se fosse pensar

apenas no lucro não comercializaria pois o lucro é quase zero. Os produtos que

ele vende vem da região, e para aumentar as vendas nesse segmento nos

disse que precisaria ter uma maior diversidade e qualidade nos produtos.

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Nesse supermercado passam mais de 1.000 pessoas/dias só no hortifrúti e a

venda total por dia desse setor chega a 40 mil reais.

O supermercado D, localizado no centro e com um público de classe

média alta, é conhecido por ter um setor destinado somente aos orgânicos,

eles os comercializam a mais de 10 anos. Foi assim relatado que a média

comparativa da saída de orgânicos ou convencionais é de 1/15, porém é um

consumidor fiel do mercado. Sempre existe a demanda dos produtos orgânicos

por parte dos clientes e por isso o supermercado continua investindo no setor.

Quando indagado sobre o que levaria a aumentar a comercialização dos

orgânicos, foi relatado que se os preços fossem mais acessíveis haveria maior

demanda e se perderia menos produtos nas gôndolas. Os orgânicos vendidos

nesse estabelecimento vem de Cabreúva/SP e ele atende cerca de 5 mil

pessoas por dia no setor de hortifrúti.

São José do Rio Preto

O supermercado E, localizado em um bairro de classe média, não

comercializa mais, já tentou comercializar por duas vezes e não deu certo. Por

não existir giro de venda os produtos acabaram estragando. Ele alegou que os

produtos vinham de São Paulo, diminuindo o tempo de vida útil dos produtos.

Ele acredita que se houvesse maior conhecimento por parte dos clientes esses

seriam viáveis para o comércio.

O supermercado F, localizado um pouco afastado do centro, próximo a

BR 153, é voltado à classe média alta e é muito conhecido no ramo da

comercialização de orgânicos, tanto in natura quanto os mais variados

industrializados. Ele relatou que a solicitação da venda de produtos orgânicos

veio dos próprios clientes, quanto mais os clientes foram pedindo, mais

produtos eles foram introduzindo e hoje eles têm um setor separado somente

para orgânicos. Para abastecer o setor, os industrializados vêm de São Paulo e

as verduras e legumes da região. Para melhorar as vendas, seria necessário

que os produtos tivessem um preço mais acessível, mesmo assim a renda dos

orgânicos corresponde a 20% do setor.

O supermercado G está localizado em um bairro de classe média,

começou a comercializar produtos orgânicos na semana em que foi realizada a

pesquisa. Ele alegou que esse início se deu porque houve demanda por parte

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dos clientes. Os produtos dele vêm de Turiuba/SP e não existe ainda uma

estimativa de vendas e lucro, pois acabou de ingressar nesse setor.

O supermercado H é de uma grande rede de hipermercados

internacionais que está localizado no centro, comercializa produto orgânico e

atende em sua maioria a classe média. O que levou ele a comerciar foi o nicho

de mercado emergente, uma boa margem de lucro percentual, custo x

beneficio e a proposta de fazer os clientes se sentirem saudáveis. Os produtos

vem de várias partes do país, entre elas, Rio Grande do Sul, São Paulo e o

hortifrúti vêm da região. Para aumentar a comercialização ele acredita que se

houvesse mais divulgação aumentaria as vendas e a oferta de mercado. A

procura dos orgânicos nesse estabelecimento não chega a 30% do setor.

Araçatuba

O supermercado I, localizado próximo a Rodovia Marechal Rondon,

atende a classe média, não trabalha com os produtos orgânicos. É integrante

de uma rede de supermercados onde as características comerciais são

padronizadas e estes tipos de produtos não pertencem a rede.

O supermercado J, encontra-se no centro comercial atendendo a classe

média, comercializa produtos orgânicos e vem demonstrando resultado

satisfatório. São produtos que vem tendo boa aceitação e crescimento em

função de serem alimento saudável, livre de agrotóxicos e produtos que

possam conter algum tipo de toxicidade prejudicial a saúde humana. Os

produtos orgânicos que esse supermercado comercializa são oriundos de

cidades do interior do estado de São Paulo.

O supermercado K, está localizado no centro e atende a classe média,

mas não trabalha com produtos orgânicos, porém já faz planos para

comercialização do mesmo. Até o momento, a comercialização não se havia

iniciado devido a falta de procura do consumidor sobre os produtos do gênero,

mas com a início da procura no mercado por produtos orgânicos, o mesmo

analisou que terá que investir nesse setor.

O supermercado L, trabalha com produtos orgânicos há alguns anos,

sendo favorável a comercialização de produtos do gênero. Os produtos

comercializados são todos vindos da região. O supermercado começou a

trabalhar com os produtos orgânicos após uma análise de mercado, que

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resultou no aumento e procura por produtos orgânicos. Este alegou também

que consegui uma boa margem de lucro percentual, e acrescentou que espera

que este tipo de produto ganhe muito mais espaço no mercado.

A seguir estão apresentados os gráficos que detalham mais os

resultados obtidos na pesquisa.

Em Bauru e São José do Rio Preto 75% dos supermercados

entrevistados disseram comercializar produtos orgânicos contra 25% que

disseram não comercializar. Já em Araçatuba, o percentual que comercializa e

não comercializa é o mesmo, de 50%, assim como podemos observar no

Gráfico 1.

Gráfico 1 – Você comercializa produtos orgânicos?

Quando perguntando a esses estabelecimentos que comercializam

produtos orgânicos o que levaram eles a aderirem a esse tipo de

comercialização, 20% relatou que apostavam nesse nicho de mercado, outros

20% acreditam obter uma boa margem de lucro, 20% prezam pela variedade e

qualidade dos produtos que vendem, e 40% das respostas estão ligadas a

demanda dos clientes a consumirem produtos orgânicos (Gráfico 2).

25% 25%

50%

75% 75%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

BAURU SÃO JOSÉ DO RIO PRETO ARAÇATUBA

Não Sim

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Gráfico 2 – O que leva a comercializar os produtos orgânicos?

Em relação a origem dos produtos 64% deles vem da própria região,

27% correspondem aos que vem de São Paulo – Capital, e os outros 9% vem

de outros Estados (Gráfico 3).

Gráfico 3 – De que região vem os produtos?

20% 20%

40%

20%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Nicho de mercado Boa margem delucro

Demanda dosclientes

Variedade equalidade

64%

27%

9%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Da própria Região São Paulo - Capital Outros Estados

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30

Perguntou-se para os supermercados que não comercializam produtos

orgânicos o porquê deles não comercializarem nesse segmento, obtivemos

duas variáveis, 20% alegam que falta conhecimento por parte dos clientes

sobre o que seriam os produtos orgânicos, quanto a maioria de 80% alegou

existir baixo índice de demanda (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Porque não comercializa produtos orgânicos?

Perguntou-se também o que levaria esses mercados a comercializar (ou

comercializar ainda mais) os produtos orgânicos. 7% das respostas acreditam

que se houvesse maior divulgação os índices seriam maiores, outros 7%

apostam na melhora da aparência do produto, 14% comercializariam ou

aumentariam sua comercialização se os orgânicos tivessem um preço mais

acessível, e outros 14% se houvesse maior conhecimento por parte dos

clientes, outros 14% aposta na maior diversidade dos produtos, e a maioria

44% acredita que somente a procura dos clientes pode fazer o estabelecimento

se interessar por iniciar ou aumentar esse setor (Gráfico 5).

80%

20%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Baixo indíce de demanda Falta de conhecimento dosclientes

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Gráfico 5 – O que levaria a comercializar (ou comercializar ainda mais) os

produtos orgânicos?

4.2 CONSUMIDORES

Em relação a pergunta: “Você conhece os produtos orgânicos?”, 83%

responderam que sim, enquanto 17% nunca havia ouvido falar sobre

orgânicos (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Você conhece os produtos orgânicos?

7%

44%

14%

7%

14% 14%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Divulgação Procura MaiorDiversidade

Melhora naaparência do

Produto

Preço maisascessivel

Maiorcohecimentodos clientes

83%

17%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Sim Não

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Com objetivo de mapear de onde se obtém informações sobre

orgânicos fez-se a pergunta: “Como conheceu os produtos orgânicos?”, esta

pergunta foi respondida por 83% do total de entrevistados, percentual referente

aos que responderam conhecer os produtos orgânicos.

No gráfico 7 estão apresentadas as informações de como os

consumidores conheceram os orgânicos. Obteve-se que apenas 1% dos

entrevistados consomem orgânicos por recomendações médicas, 5%

conheceram por divulgação ou apresentação no mercado, 16% através das

redes sociais, 16% alegam conhecer os orgânicos através da própria

experiência de vida – vale ressaltar que essa variável apareceu na primeira

cidade que formos realizar a pesquisa e passamos a adota-la, já que ela

passou a tem significativa presença, outros 24% dos entrevistados

responderam que foi através da imprensa, e a grande maioria 38% por amigos

e familiares.

Gráfico 7 - Como conheceu os produtos orgânicos?

No gráfico 8 estão apresentados as respostas sobre o consumo de

produtos orgânicos. orgânicos, dos 83% que alegaram conhecer os produtos

orgânicos, 35% disseram não fazer uso dos mesmos, 21% disseram que as

vezes consome, e 44% alegaram consumir produtos orgânicos.

39%

4%

16% 16%

24%

1%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

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33

Gráfico 8 - Você consome produtos orgânicos?

Para esses 44% que responderam que consomem orgânico, e para os

21% que responderam que as vezes consomem, questionou-se qual seria a

principal razão que levou eles a aderirem a esse produto (Gráfico 9). A grande

maioria das respostas, 69% foi que a qualidade de vida é o fator essencial para

o consumo de produtos orgânicos, 22% das respostas atrelaram o sabor ao

principal motivo do consumo, 5% foram influenciados por amigos e apenas 3%

segue orientações médicas para o consumo de produtos sem agrotóxicos.

Gráfico 9 - Qual a principal razão que te leva a consumir este produto?

44%

35%

21%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Sim Não As Vezes

69%

5%

22%

3% 1% 0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Qualidadede vida

Influenciade amigos

Sabor Indicaçõesmédicas

Outros

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No Gráfico 10 estão apresentados os motivos pelos quais 35% do

público entrevistado não consomem os produtos orgânicos. 52% das respostas

foram que o não consumo estaria diretamente ligado ao preço, 23% disseram

que existe falta de oferta de produtos orgânicos (dificuldade de encontrar), 17%

alegaram não ver diferença entre produtos orgânicos e convencionais e 3%

disseram que a aparência do produto não o tornava atrativo ao consumo, os

consumidores alegaram aqui que na maioria das vezes os produtos aparentam

ter “passado do ponto” por estarem um longo período na prateleira do

supermercado.

Gráfico 10 – Qual a principal razão que leva a não consumir o produto

orgânico?

Tentando encontrar uma resposta ou até mesmo uma alternativa para

melhor aceitação e comercialização dos produtos orgânicos, perguntou-se aos

entrevistados o que poderia tornar o produto orgânico mais atrativo para eles, e

obtivemos as respostas que estão no Gráfico 11.

A maioria, 51% das respostas foi que os produtos orgânicos seriam

mais atrativos se o preço fosse mais acessível, 16% se atrairiam mais se

houvesse maior variedade de produtos, 16% apostam que uma boa divulgação

desse segmento de produtos seria essencial para sua maior aceitação, pois a

52%

17% 23%

3% 5%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Preço Não vêdiferençaentre eles

Falta deoferta

Aparência doproduto

desagrada

Outros

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35

população teria mais conhecimento sobre o mesmo, 9% acreditam que uma

melhor apresentação dos produtos – melhora na aparência, embalagem, os

tornariam mais atrativos, e 8% disseram que a oferta do produto ainda é muito

baixa e isso não contribui na criação de um hábito na vida dos consumidores,

tornando o consumo muitas vezes esporádico.

Gráfico 11 – O que poderia tornar o produto orgânico mais atrativo?

No gráfico 12 perguntou-se em relação a quantidade de pessoas que

moram com os responsáveis pelos imóveis. Esses questionários foram

aplicados a 300 pessoas nas três cidades diferentes, e perguntou-se para

essas, quantas pessoas moravam com elas, a fim de saber quantas pessoas

conseguiríamos alcançar com essa pesquisa, e chegou-se ao total 797

pessoas.

51%

9%

16% 16%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Preço maisacessível

Apresentaçãodo produto

Maiorvariedade de

produto

Divulgação(Marketing)

Oferta deproduto

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36

Gráfico 12 – Quantas pessoas moram com você?

36

111

98

34

17

4

Sozinho Uma Duas Três Quatro Cinco oumais

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37

5 CONCLUSÃO

Para as cidades de Bauru/SP e São José do Rio Preto/SP, 75% dos

entrevistados trabalham com o seguimento de orgânico contra 25 % que não.

Já na cidade de Araçatuba/SP o índice é igual, 50%.

Um dado interessante a ser observado é que a demanda dos clientes

corresponde a 40% dos motivos pelos quais esses supermercados trabalham

com o ramo dos orgânicos, ganhando da margem de lucro que ficou com 20%.

Em sua maioria 64%, obtêm estes produtos da própria região em que

estão inseridos, 27% da capital do estado de São Paulo e apenas 9% de outros

estados. Entretanto em sua totalidade estes alegam que a baixa diversidade

dos produtos, influenciam diretamente na demanda de clientes, tornando-se

esse um fator limitante a expansão deste mercado na região.

Cerca de 83% dos entrevistados alegam quem tem ciência do que são

os produtos orgânicos e 17% afirmam não ter conhecimento. Deste total é

possível observar, que a fonte de informação de cerca de 38% dos

entrevistados são os amigos e familiares, seguidos de imprensa 24%, rede

sociais 16%, experiência de vida 16%, mercado 5% e recomendações médicas

1%. Aonde apenas 44% destes consumidores fazem uso regular dos produtos

orgânicos

É possível observar que a maior parte dos consumidores consome em

algum período do ano produtos orgânicos. E que o índice de consumo, está

diretamente ligado à compreensão que estes têm em relação ao seguimento no

qual 68,93% deste público coloca a questão saúde a priori.

Já o grupo não optante cerca de 35% aponta o preço como um fator

determinante na opção pelo não consumo dos produtos orgânicos,

considerando estes como de alto custo.

Essa compreensão está atrelada as influências que estes indivíduos

recebem, como exemplo, a cultura que é a somatória das crenças, valores e

costumes aprendidos, estes que dão diretrizes ao padrão de consumo de

determinados membros de uma sociedade (SCHIFFMAN e KANUK, 2000).

Pinheiro (2006) relata que além das influências culturais, as de caráter

étnico e de classe social são também, parte integrante da composição do

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comportamento de consumo do indivíduo. Neste contexto um dos maiores

influenciadores para decisão ou opção de escolha, é sem dúvida a família.

De uma forma geral observa-se uma consciência em relação aos

produtos orgânicos e os benefícios e valores agregados que estes carregam.

Porem fica evidente que o valor de comercialização dos produtos orgânicos

ainda é um fator limitante para expansão deste mercado para essas regiões.

Esta situação fica mais evidente ao observamos o Gráfico 11 que aponta

como se poderiam tornar os produtos mais atrativos ao consumidor e

evidentemente 51,33% desse público relata que um valor mais acessível

poderia gerar uma maior demanda para estes produtos.

Contudo sabemos que a condição preço está diretamente ligada com as

relações entre oferta e demanda dos produtos. Neste contexto o que poderia

gerar um aporte significativo da demanda para o seguimento seria o aumento

da oferta como também da diversidade desses produtos por intermédio não

somente dos produtores, mas também através de políticas públicas que

possibilitem respaldar esse fomento da produção de orgânicos na região

noroeste paulista.

Sobre tudo, ficou evidente na pesquisa realizada que o grande entrave

para o real desenvolvimento da agricultura orgânica no noroeste paulista e no

Brasil como um todo, é a falta de informação por parte população sobre esse

segmento, onde muitos conhecem os orgânicos de forma superficial, não

sabendo exatamente como funciona o processo de produção e

desenvolvimento dessa cultura e não tendo clareza de fato dos benefícios que

esse tipo de alimentação saudável agregaria para sua saúde. Conclui-se que

mesmo existindo algumas políticas públicas e propagandas que incentive a

produção e consumo de alimentos orgânicos no Brasil, essas ainda são

limitadas se comparadas ao grande monopólio do agronegócio e da política do

veneno existente em nosso país.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, D.L. et al. Agricultura Orgânica: Instrumento para a Sustentabilidade dos Sistemas de Produção e Valoração de Produtos Agropecuários. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, dez. 2000.

ARAUJO, J. C. COMERCIALIZAÇÃO DE ORGÂNICOS. Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007. p. 33-36.

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Apêndice I - Questionário do comerciante

1 - Você comercializa os produtos orgânicos? ( ) Sim. ( ) Não. 2 - Se sim, o que te leva a comercializar este tipo de produto? ( ) Nicho de mercado emergente. ( ) Boa Margem de lucro percentual ( ) Outros: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________. 3 – Se não, porque? ( ) Baixo índice de demanda de produtos orgânicos. ( ) Baixa oferta de produtos orgânicos. ( ) Não tem interesse em trabalhar com este tipo de produto. ( ) Outros:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. 4 - Qual a região fornecedora dos produtos orgânicos com que você trabalha? ___________________________________________________________________________________________________. 5 - O que te levaria a comercializar produtos orgânicos? ( ) Divulgação. ( ) Procura. ( ) Maior diversidade. ( ) Outros: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. 6 – Em média, quantas pessoas são atendidas por dia? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________. 7 – Dentro dessas estatísticas, qual a média de pessoas que consomem os produtos orgânics? __________________________________________________________________________________________________________________________________________.

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Apêndice II - Questionário do consumidor 1 – Você conhece os produtos orgânicos? ( ) Sim ( ) Não 2 – Como conheceu os produtos orgânicos? ( ) Amigos ( ) Redes sociais. ( ) Imprensa. ( ) Recomendação médica. 3 – Você consome produtos orgânicos? ( ) Sim ( ) Não 4 – Se sim, qual a principal razão que te leva a consumir este produto? ( ) Qualidade de vida. ( ) Influência de amigos. ( ) Sabor. ( ) Indicações médicas. ( ) Outras: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Se não, porque? ( ) Preço. ( ) Não vejo diferença entre eles. ( ) Falta de oferta de produtos orgânicos. ( ) Aparência dos produtos. ( ) Outros: ______________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – O que poderia tornar o produto orgânico, mais atrativo? ( ) Preço mais acessível. ( ) Apresentação do produto (aparência dos produtos no mercado). ( ) Maior variedade de produtos. ( ) Divulgação do produto (marketing). ( ) Oferta de produto (disponibilidade de produtos). 7 – Quantas pessoas moram com você? ( ) Moro sozinho. ( ) uma. ( ) duas. ( ) três. ( ) quatro. ( ) cinco ou mais.