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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL Danillo Cordeiro dos Reis ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA - BA Feira de Santana 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

Danillo Cordeiro dos Reis

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA

GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA - BA

Feira de Santana

2011

Danillo Cordeiro dos Reis

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA

GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA - BA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia

Civil da Universidade Estadual de

Feira de Santana como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Silvio Roberto Magalhães Orrico

Co-orientador: Prof. Dra. Sandra Maria Furiam Dias

Feira de Santana

2011

Danillo Cordeiro dos Reis

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA

GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA – BA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Engenharia

Civil da Universidade Estadual de

Feira de Santana como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, 27 de dezembro de 2011

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Silvio Roberto Magalhães Orrico – Orientador Universidade Estadual de Feira de Santana

Prof. M.Sc. Áurea Chateaubriand Andrade Campos Universidade Estadual de Feira de Santana

Prof. Esp. Carlos Antônio Alves Queirós Universidade Estadual de Feira de Santana

Dedico este trabalho a Deus pela sua grandiosidade, a meu pai Luiz Cláudio, minha mãe Maria Railda, meu irmão Cláudio, a minha namorada Manoela de Moraes e a todos que se fizeram presentes na minha vida.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por ter me guiado durante toda minha vida,

principalmente no decorrer da minha carreira acadêmica, tanto nos momentos fáceis

quanto nos momentos difíceis.

Agradeço a meus pais Luiz Cláudio e Maria Railda pelo apoio desde a escolha

pelo curso de Engenharia Civil até o dado momento de encerramento do mesmo,

sempre ajudando e me confortando nas más horas.

Agradeço a meu avô Elpídio, mesmo não estando presente conosco, vibrou

muito quando passei no vestibular. E minha avó Agda, mesmo não tendo muito

estudo, ajudou todos os netos no aprendizado da leitura e caligrafia.

Agradeço a meu irmão Cláudio Reis, pela ajuda que foi dada mesmo sem ele

saber, quando percebia sua força de vontade e garra para terminar o curso de

Economia na própria UEFS, que me motivava ainda mais.

Agradeço a meu amor, Manoela de Moraes, mesmo aparecendo no fim do

curso me proporcionou muitas alegrias e incentivou para que concluísse a

universidade com perseverança.

Agradeço a meus amigos Luiz Humberto, Reytor e todos os outros que fizeram

parte de minha infância.

Também agradeço a meus colegas de curso Kléber Lôbo, Cleberson Queiroz,

Henrique Anacleto, Uillen Barreto, Diego da Cruz, Lucas Bulhões e os tantos outros

amigos que abrilhantaram minha caminhada pela Universidade Estadual de Feira de

Santana.

Agradeço a meus professores orientadores Sandra Furiam que iniciou comigo

os estudos e a Silvio Orrico nessa jornada, ao decorrer do Trabalho de Conclusão de

Curso.

Não posso esquecer também de alguns colegas de estágio que me ajudaram

na carreira acadêmica na colaboração pela parte prática da Engenharia Civil nas

obras de Feira de Santana, que são: Cláudio Alex, Tiago Almeida, Bruno Coelho,

Jorge Brito, Diego Lopes, Eunilson (grande mestre de obras), Edvaldo Costa e seus

auxiliares. Em especial devo citar o encarregado de carpintaria da última obra que

estagiei, me ajudando nos estudos da pesquisa, Vitor Muniz.

Adoramos a perfeição, porque não a

podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.

Fernando Pessoa.

Resumo

Este trabalho de conclusão de curso envolve pesquisa de campo sobre o

gerenciamento do fluxo de madeira em obras de Feira de Santana. O objetivo principal

do trabalho é verificar o controle de entrada, circulação e saída de materiais em obra,

mais especificamente madeira. Para concretizar o estudo fez-se uma avaliação do

planejamento da utilização de madeira utilizada em estruturas para cobertura em duas

obras de Feira de Santana, que vai desde o estudo da aquisição de madeira, discute

sobre o transporte, analisa as sobras e sua reutilização e descarte, passando por

registros fotográficos e aferição de medidas em campo. Foi feito também estudo

através de formulário entrevista sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Construção Civil (PGRCC) em algumas obras de Feira de Santana e região. Conclui-

se que na obra de prédios de multipavimentos a aquisição das peças de madeira é

mais exata, resultando em baixo desperdício, minimizando descartes. Esse tipo de

obra requer muita fôrma, porem o sistema de fôrmas é reutilizado várias vezes. Já na

obra de casas residenciais de um pavimento houve um desperdício maior de madeira

na estrutura das coberturas, ademais a utilização de fôrmas é menor.

Palavras chave: Fluxo de materiais, madeira, resíduos, desperdício,

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, Feira de Santana.

Abstract

This work involves the completion of ongoing field research on managing the

flow of wood into works of Feira de Santana. The main objective of the study is to test

the input control, movement and exit of materials on site, specifically wood. To achieve

the study made an assessment of planning the use of wood used in structures to cover

in two works of Feira de Santana, ranging from the study of wood procurement,

discusses transportation, examines the remains and re-use and disposal, through

photographic records and verification of measures in the field. Study was also

conducted interviews using the form on the Waste Management Plan Construction

works in some of Feira de Santana and region. It is concluded that the work of

buildings multipavimentos the acquisition of the wood is more accurate, resulting in low

waste, minimizing discards. This type of work requires a lot of way, but the system of

formwork is reused several times. In the work of one floor of residential houses there

was a greater waste of wood in the structure of the covers, besides the use of forms is

less.

Keywords: Flow of materials, wood, waste, waste, Waste Management of

Construction, Feira de Santana.

Lista de Figuras

Figura 1. Composição média aproximada de RCD ...................................................... 25

Figura 2. Composição do percentual de RCD em São Carlos ..................................... 26

Figura 3. Composição do percentual de RCD em Petrolina......................................... 27

Figura 4. Tabela de comparação para geração de RCD.............................................. 28

Figura 5. Resíduos de madeira a céu aberto na Obra 1. ............................................. 31

Figura 6. Resíduos classe A, B e C misturados no mesmo lugar na Obra 1. .............. 31

Figura 7. Resíduos de madeira separados em um dos compartimentos para

acondicionamento de resíduos na Obra 1. .................................................................. 31

Figura 8. Planilha de controle de transporte dos resíduos - Fonte: Resíduos de Gesso

na Construção Civil – Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall,

2009. ............................................................................................................................ 33

Figura 9. Resíduos lançados em córregos................................................................... 38

Figura 10. Queima de resíduos, provocando contaminação do ar. .............................. 39

Figura 11. Descarregamento de madeira em obras. .................................................... 44

Figura 12. Armazenamento de madeira em estaleiro numa obra (foto à esquerda);

armazenamento de madeira sobre o solo e sem cobri-la na Obra 1 (foto à direita). ... 45

Figura 13. Transporte interno de madeira com manipulador na Obra 1 (transportando

paletes). ....................................................................................................................... 46

Figura 14. Gabarito para locação (Obra 1). ................................................................. 47

Figura 15. Andaime fachadeiro (Obra 1). ..................................................................... 47

Figura 16. Gazêbo em madeira (eucalipto tratado). ..................................................... 47

Figura 17. Casa toda feita em madeira. ....................................................................... 47

Figura 18. Fôrma para concretagem de viga (Obra 1). ................................................ 48

Figura 19. Cobertura em madeira. ............................................................................... 48

Figura 20. Madeiramento de cobertura de prédio de multipavimentos (Obra 1). ......... 49

Figura 21. Parcela da sobra de madeira para cobertura de um prédio de

multipavimentos (Obra 1). ............................................................................................ 50

Figura 22. Sobras de madeira utilizadas em cobertura de um prédio (Obra 1)............ 53

Figura 23. Armazenamento de madeira em obras de Feira de Santana e região........ 55

Figura 24. Transporte interno em obras de Feira de Santana e região. ...................... 56

Figura 25. Estocagem da madeira nas obras de Feira de Santana e região. .............. 56

Figura 26. Armazenamento das sobras de madeira nas obras de Feira de Santana e

região. .......................................................................................................................... 58

Figura 27. Percentual de obras consultadas que tem CTR.......................................... 59

Figura 28. Destinação final dos resíduos em obras de Feira de Santana e região. ..... 59

Lista de Tabelas

Tabela 1. Componentes do resíduo de construção e suas fontes geradoras. Fonte:

POLYTTECHNIC, citado por Leite (2001).................................................................... 29

Tabela 2. Dispositivos de acondicionamento de resíduos. Fonte: PINTO – 2005b ..... 30

Tabela 3. Doenças e seus vetores. Fonte: Guia de Processamento de Resíduos

Sólidos Urbanos, 2008 ................................................................................................. 40

Tabela 4. Aquisição de madeira para obra de prédios de multipavimentos. ................ 51

Tabela 5. Aquisição de madeira para obra de casas residenciais. .............................. 51

Tabela 6. Sobras de madeira da obra de prédios de multipavimentos. ....................... 52

Lista de Siglas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

PGRCD – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção e Demolição

CTR – Controle de Transporte de Resíduos

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

ATT – Áreas de Transbordo e Triagem

DOF – Documento de Origem Florestal

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

OEMA – Órgão Estadual do Meio Ambiente

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

Sumário

1 Introdução .............................................................................................................. 14

1.1 Objetivos ......................................................................................................... 16

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................. 16

1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................... 16

1.2 Justificativa ...................................................................................................... 17

1.3 Metodologia de Pesquisa ................................................................................ 18

1.3.1 Condições de Pesquisa .................................................................. 18

1.3.2 Observação de Campo ................................................................... 19

1.3.3 Geração de Resíduos de Madeira nas Obras ................................. 19

1.3.4 Entrevistas ...................................................................................... 19

2 Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 21

2.1 Introdução ....................................................................................................... 21

2.2 Gerenciamento de Resíduos ........................................................................... 23

2.3 Geração de Resíduos ..................................................................................... 24

2.4 Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção e Demolição ............. 29

2.4.1 Acondicionamento dos Resíduos .................................................... 29

2.4.2 Transporte Externo ......................................................................... 32

2.4.3 Reutilização dos Resíduos da Construção ..................................... 33

2.4.4 Destinação Final ............................................................................. 35

2.5 Impactos na Saúde e nos Recursos Naturais ................................................. 37

2.5.1 Impactos Ambientais ....................................................................... 38

2.5.2 Proliferação de Doenças por Agentes Contaminantes.................... 40

2.5.3 Impactos Ambientais Relacionados ao Desmatamento .................. 40

2.6 Resíduos de Madeira ...................................................................................... 42

3 Resultados ............................................................................................................. 43

3.1 Pesquisa de Campo ........................................................................................ 43

3.1.1 Especificação da Madeira Compatível com o Projeto ..................... 43

3.1.2 Aquisição da Madeira...................................................................... 43

3.1.3 Armazenamento das Peças de Madeira ......................................... 44

3.1.4 Transporte Interno da Madeira ........................................................ 45

3.1.5 Utilização da Madeira...................................................................... 46

3.1.6 Reutilização das Peças ................................................................... 48

3.1.7 Sobras da Madeira .......................................................................... 49

3.1.8 Destinação Final dos Resíduos de Madeira das Obras .................. 50

3.2 Avaliação do Planejamento da Utilização de Madeira nas Obras Estudadas . 51

3.2.1 Aquisição das Peças de Madeira para Cobertura das Obras

Estudadas 51

3.2.2 Sobras de Madeira para Cobertura das Obras Estudadas ............. 52

3.2.3 Discussão ....................................................................................... 52

3.3 Entrevistas....................................................................................................... 54

4 Conclusão .............................................................................................................. 60

5 Recomendações .................................................................................................... 63

6 Referências ........................................................................................................... 64

APÊNDICES ................................................................................................................ 67

ANEXOS ...................................................................................................................... 69

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1 Introdução

Há algum tempo, com o crescimento populacional, o consumo cada vez maior de

insumos e com o apoio motivacional do capitalismo (através de anúncios,

propagandas televisivas, internet e outros meios de comunicação) para o avanço

desse consumismo, fez com que a geração de resíduos aumentasse gradativamente.

Além da geração que cresceu muito de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que

segundo a norma brasileira NBR 10004, de 1987 – Resíduos sólidos – classificação,

resíduos sólidos são:

“aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que

resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam

incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações

de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e

economicamente inviáveis em face de melhor tecnologia disponível”.

E, de acordo com pesquisas (como as que Tarcisio de Paula Pinto realizou em 1999),

nos últimos anos com o auge da Construção Civil, os resíduos de construção e

demolição (RCD) vieram contribuir ainda mais com a poluição do meio ambiente.

Isso trouxe a necessidade emergente de se implementar maneiras de planejar e

controlar a geração excessiva de todo tipo de resíduo. Em todo município deve ser

elaborado, deste modo, um plano de gerenciamento de resíduos, criando-se um

esquema de fluxo, desde a geração dos resíduos até a destinação final, contando com

sistemas de coleta, áreas de triagem e locais licenciados para a disposição final (que

podem ser os aterros sanitários, aterros controlados ou os lixões).

15

A madeira é um material que possui compostos que são inadequados para usá-los

como substituto de agregado em concreto, porque é suscetível à dilatação volumétrica

em contato com água, assim, sua reutilização apenas acontece em formato de peça,

quando há sobras que possam ter alguma finalidade aplicativa em obra. Isso para a

madeira utilizada em cobertura de edifícios. Por exemplo, a sobra de peças de

madeira de 6,5x12cm (seção transversal) pode ser utilizada como pontalete (peças

que servem de apoio para as terças – que compõem a cobertura) ou calço para os

próprios pontaletes e terças.

Além disso, os resíduos de madeira também podem ser reutilizados como lenha para

aquecimento, no desmonte de rochas, onde elas passam por esse aquecimento e

posterior resfriamento com água, esse choque térmico cria fissuras nas rochas que

facilitam sua quebra, porém esse fenômeno apenas acontece em pedras menos

resistentes.

16

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar o Programa de Gerenciamento dos Resíduos de Madeira na Construção Civil,

em duas obras que em execução na cidade de Feira de Santana.

1.1.2 Objetivos Específicos

Observar a circulação da madeira nas obras;

Estimar a perda da madeira nas obras;

Mobilizar os funcionários no gerenciamento de fluxo da madeira.

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1.2 Justificativa

O processo de êxodo rural, e a concentração nos grandes centros das cidades de

médio a grande porte têm trazido resultados negativos para a destinação do grande

volume de resíduos gerados na indústria da Construção Civil, assim como nas

reformas e demolições de edificação e infra-estrutura urbanas. (PINTO, 1999)

Parte dos resíduos que é gerado nas obras pode ser reutilizada, diminuindo os

desperdícios com materiais, colaborando na limpeza do canteiro de obras, além de

economizar recursos naturais trazendo benefícios ao meio ambiente. Outra questão é

a redução da ocorrência de doenças transmissíveis que podem ser evitadas com a

gestão correta desses resíduos na Construção Civil.

A indústria da madeira trata-se de um segmento de significativa importância para a

economia do país com significativo potencial de impactos ambientais decorrentes de

atividades como: siderurgia, mineração, construção, indústria madeireira, etc., que

abastecem as obras, porém são passíveis de intervenções e controle que podem

trazer não apenas melhorias no processo produtivo, mas também promover o

desempenho econômico e ambiental do segmento.

O motivo principal para a escolha do estudo do fluxo de madeira de estrutura para

cobertura nas obras é devido ao desperdício observado e pelo seu potencial de

reutilização, como exemplo: em „pontaletes‟ (peças que dão apoio as terças), calços

dos próprios pontaletes, terças e chapuz.

18

1.3 Metodologia de Pesquisa

1.3.1 Condições de Pesquisa

Este trabalho foi baseado em uma pesquisa de campo, onde se considerou a

princípio, para a execução das medições e parâmetros, uma etapa preliminar, na qual

consistiu na seleção das obras.

Vale salientar, que em cada uma das duas obras a serem investigadas, a quantidade

de resíduos de madeira foi considerado proveniente da cobertura de um prédio (em

um empreendimento de 50 prédios; onde o autor do trabalho de conclusão de curso

estagiava – condomínio residencial) e da cobertura de uma casa (em um

empreendimento com 446 casas – condomínio residencial) e levou o tempo

necessário para conclusão de cada unidade dos empreendimentos.

A primeira obra consiste de prédios residenciais de 5 pavimentos, 4 apartamentos por

pavimento, cada apartamento com sala, 2 quartos, sanitário, cozinha e lavanderia; seu

padrão é para famílias de baixa renda (Anexos 1 e 3); a segunda obra consiste de

unidades residenciais de um pavimento com sala, 2 quartos, sanitário, cozinha e

lavanderia; seu padrão é para famílias de média renda (Anexos 2 e 4). Para facilitar na

dinâmica do estudo denominou-se a obra de edifícios de multipavimentos de OBRA 1

e a de casas de 1 pavimento de OBRA 2.

Dessa forma tornou possível relacionar os dados obtidos em cada obra, uma vez que

se têm todos os projetos dos 2 (dois) empreendimentos em estudo.

Foram coletados dados sobre a aquisição de madeira de cada obra, o

armazenamento, transporte interno, sua utilização, a ocorrência de sobras e se há ou

não a reutilização dessas sobras.

A razão de serem escolhidas as estruturas de madeira das coberturas é pelo

motivo de ser mais acessível ao estudo e mais controlável, pois as peças utilizadas

em fôrmas, por serem utilizadas muitas vezes, dificultaria o monitoramento do estudo.

19

1.3.2 Observação de Campo

O roteiro para observação de campo levou em conta os seguintes aspectos:

Armazenamento;

Transporte interno;

Utilização;

Sobras;

Armazenamento das sobras;

Reutilização (se houver).

Todas essas etapas têm registro fotográfico.

1.3.3 Geração de Resíduos de Madeira nas Obras

Nessa etapa, foram quantificados os resíduos de madeira e os valores obtidos foram

relacionados com o processo de execução dos serviços; com a quantidade de material

pré-estabelecido para tal serviço, incluso em orçamento. Com esse estudo foi

calculada a quantidade de madeira desperdiçada nos empreendimentos analisados,

tendo uma relação entre quantidade de resíduos gerados e a quantidade necessária

de madeira para finalizá-los; por meio desses dados determina-se o Índice de Perdas

[

] gerado na aplicação da madeira. Para obter

esse índice foi necessário mobilizar os funcionários que estavam desenvolvendo

esses serviços, a fim de que, ao término de cada jornada de trabalho diária, os

resíduos de madeira fossem segregados em cada empreendimento e armazenados.

1.3.4 Entrevistas

A entrevista teve como objetivo complementar os dados observados e apresentou a

percepção do responsável sobre as questões que envolvem a circulação da madeira

nas obras. Em cada obra foi entrevistado um ou mais funcionário, utilizando formulário

20

com questões formuladas que se encontram no Apêndice 1. Sua função também é

mostrar um pouco como está a situação da cidade (Feira de Santana) em relação à

organização das obras no contexto do gerenciamento de resíduos.

Foram entrevistados funcionários de 4 empresas de Feira de Santana, (com 27

empreendimentos em execução na cidade de Feira de Santana e região) e

funcionários de uma empresa de Salvador (com 7 obras em execução na cidade de

Salvador e cidades vizinhas).

21

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Introdução

Há algum tempo a Construção Civil tinha grandes perdas de materiais devido à

geração excessiva de resíduos. Quando se começou a contabilizar essas perdas,

verifiou-se que a quantidade de material de bota fora era significativa. O problema era

apenas do ponto de vista do acúmulo e posterior transporte desses materiais para

seus destinos finais; que por sua vez não tinha uma fiscalização, ou seja, os resíduos

eram transportados para locais incorretos.

Devido a tais problemas, em janeiro de 2003, entrou em vigor a Resolução nº 307 do

CONAMA - BRASIL (2002), que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a

gestão dos resíduos de construção. Através da mesma, passou-se a ter um marco

legal para tratar as questões referentes aos Resíduos da Construção e Demolição

(RCD).

Os resíduos gerados pela Construção Civil são classificados, da seguinte forma pela

Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplenagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fio etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que

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permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

Para o início desse trabalho, há de se considerar algumas definições importantes

dadas pela Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002:

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos na Resolução;

III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e programar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo;

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto;

IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe “A” no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área,

23

utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.

2.2 Gerenciamento de Resíduos

O gerenciamento de resíduos ainda hoje não é muito bem visto pelas empresas, pois

a coleta, acondicionamento, transporte e destinação final de todo material reciclável

representa um custo para essas empresas. Acontece que algumas empresas aderem

à regulamentação desses serviços e acabam sendo prejudicadas pela concorrência

que não faz questão de se agrupar no meio da produção mais limpa.

Geralmente as empresas brasileiras que programam o gerenciamento de resíduos,

têm essa preocupação porque provavelmente estarão entrando em concorrência com

empresas americanas ou européias, os ativos dessas áreas que se preocupam com a

qualidade de seus produtos, desde a fabricação até a destinação final. Como estes

empreendedores têm uma cultura de preservação ambiental devido a leis mais rígidas

e com mais fiscalização, preferem consumir produtos ambientalmente adequados.

Assim, para que os produtos brasileiros possam competir no exterior, as empresas

exportadoras devem criar seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS).

(BETIM, 2004)

O PGRS é um documento elaborado pelas empresas que descrevem como vão ser

realizados todos os processos de circulação dos resíduos na obra. Geralmente, como

muitos autores relatam, a geração de resíduos pode ser minimizada através da política

dos 3R‟s; reutilização, reaproveitamento e reciclagem.

24

2.3 Geração de Resíduos

Conforme a Resolução nº 307 do CONAMA - BRASIL (2002), a responsabilidade

pelos resíduos é do gerador, cabendo aos demais participantes da cadeia de

atividades, responsabilidades solidárias no âmbito de sua participação e, ao poder

publico, o papel de disciplinar e fiscalizar as atividades dos agentes privados.

Um modo dos geradores assumirem essas responsabilidades é elaborando planos de

gerenciamento de resíduos, que devem ser apresentados ao poder público no

processo de aprovação do projeto de qualquer empreendimento que envolva a

Construção Civil, a ser elaborado por: técnicos, engenheiros civis, estagiários,

diretores de empresas, mestres de obra, encarregados de serviços, responsáveis

pelas diversas atividades na cadeia produtiva da Construção Civil, a quem cabe a

aplicação prática dessas novas posturas.

Nas atividades da Construção Civil a quantidade de material desperdiçado nos

canteiros é excessiva, em parte proveniente de técnicas antiquadas na execução de

serviços e na falta de projetos detalhados que faz com que os operários se utilizem do

artifício da improvisação.

Como relata Pinto (2005b), a boa organização faz com que sejam evitados

sistemáticos desperdícios na utilização e na aquisição dos materiais para substituição.

Em alguns casos, os materiais permanecem espalhados pela obra e acabam sendo

descartados como resíduos. A dinâmica da execução dos serviços na obra acaba por

transformá-la em um grande almoxarifado, podendo haver “sobras” de insumos

espalhadas e prestes a se transformar em resíduos.

A prática de circular pela obra sistematicamente, visando localizar possíveis “sobras”

de materiais, para resgatá-los de forma classificada e novamente disponibilizá-los até

que se esgotem, pode gerar economia substancial. Isso permite reduzir a quantidade

de resíduos gerados e aperfeiçoar o uso da mão-de-obra, uma vez que não há a

necessidade de transportar resíduos para o acondicionamento. A redução da geração

25

de resíduos também implica redução dos custos de transporte externo e destinação

final.

Segundo Pinto (1999, apud Silva 2007), a questão das perdas em processos

construtivos vem sendo tratada de forma insuficiente no Brasil, em processos de

pesquisa cada vez mais abrangentes, sendo aceitável a afirmação de que para a

construção empresarial a intensidade de perda se situe entre 20 e 30% da massa total

de materiais. E essa geração de resíduos é altamente dependente das tecnologias

utilizadas nas execuções dos serviços por cada empresa, então cada um deve atentar

para seus índices de perdas particulares de materiais, e procurar sempre a renovação

para conquistar mais ganho de mercado e reaproveitamento dos bens renováveis.

Todos esses fatores, explanados anteriormente, ocasionaram nesses últimos tempos

o interesse maior de pesquisadores no que diz respeito à geração excessiva de

resíduos na Construção Civil. Além de ser inviável a ocupação de espaço, todo esse

acúmulo de resíduos representa tanto o desperdício de materiais, quanto de recursos

naturais; e faz com que a Construção Civil se torne alvo constante de críticas

frequentes a questões ambientais. A Figura 1 apresenta a quantidade aproximada de

resíduos gerados em obra no Brasil, no ano de 2005.

Figura 1. Composição média aproximada de RCD

Fonte: (CREA – SP, 2005)

26

No município de São Carlos, em São Paulo, foi realizado um estudo do

quantitativo de Resíduos de Construção e Demolição (RCD), e pelo cálculo das

massas dos materiais foi determinada a composição dos RCD das amostras. A Figura

2 apresenta os percentuais dos materiais contidos nos RCD em São Carlos.

(MARQUES NETO, SCHALCH; 2006)

Figura 2. Composição do percentual de RCD em São Carlos

Fonte: Marques Neto e Schalch (2006)

Ordenando os resíduos da Figura 2 por classes, de acordo com a Resolução nº 307

do CONAMA - BRASIL (2002), os percentuais ficariam dessa forma: classe A – 88%;

classe B – 11% e classe C – 1%.

No município de Petrolina, em Pernambuco, também foi realizado um estudo do

quantitativo de resíduos de construção e demolição (RCD), chegando aos seguintes

valores, de acordo com as classificações da Resolução CONAMA (2002): Resíduos

classe A – 91,2%; classe B – 2,5%; e os resíduos classe C (gesso) – 6,3%; como

apresenta a Figura 3. (SANTOS; 2008).

27

Figura 3. Composição do percentual de RCD em Petrolina

Fonte: SANTOS (2008)

Com base nos dados quantitativos de geração de RCD explanados acima para o

Brasil, no município de São Carlos e no município de Petrolina, verifica-se que os

resíduos mais gerados na Construção Civil são os de classe A.

Porém, como o presente estudo foi direcionado aos resíduos de madeira, tem maior

importância a presente quantidade gerada de resíduos Classe B, o qual a madeira

está inserida. Como se pode ver em Petrolina encontra-se o menor índice de geração

desse tipo de material, por pouco uso ou por uma política de reaproveitamento de

madeira melhor executado na região. A Figura 4 apresenta os percentuais de geração

dos resíduos por classe no Brasil, em São Carlos e Petrolina.

28

Figura 4. Tabela de comparação para geração de RCD.

Foi encontrado por Levy (1997), citado por Leite (2001), um estudo dos componentes

de resíduos de construção e demolição em Hong Kong que aponta a geração de

resíduos de madeira expressiva em construção, sendo insignificante para trabalhos

rodoviários. Tem-se baixa geração em escavações, em demolições também se verifica

uma quantia significativa da geração desses resíduos, tanto quanto nas sobras de

limpeza, como mostra a Tabela 1.

Mas onde se tem a geração dos resíduos de madeira em potencial é na Construção

Civil, onde aparece a demanda por fôrmas, escoramentos, locação de área

(gabaritos), fundações em estacas de madeira e na estrutura das coberturas, na

maioria das vezes em madeira. A madeira pode ser usada também como estrutura

(pilares, vigas e assoalhos de madeira) e mostra designer inovador esteticamente,

porém nesse sub-setor da engenharia o desperdício é menor, tanto pela modulação

das peças, quanto pelo custo da madeira utilizada para essa função.

80

15 5

88

11 1

91,2

2,5 6,3

Classe A Classe B Classe C

Comparação de RCD - dados em

percentual (%)

Brasil São Carlos Petrolina

29

2.4 Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção e

Demolição

2.4.1 Acondicionamento dos Resíduos

Para uma gestão organizada de resíduos no canteiro de obras, a segregação e o

acondicionamento são fases importantes do sistema. Envolvem a compra de

materiais, máquinas, instalações para coleta seletiva, equipamentos – bombonas,

caixas estacionárias, baias e contêineres.

Componentes presentes

Fontes que dão origem ao entulho de construção

Trabalhos rodoviários

(%)

Escavações (%)

Sobras de demolição (%)

Obras diversas (%)

Sobras de limpeza (%)

Asfalto 23,47 0,00 1,61 0,00 0,13

Concreto Simples 46,38 3,16 20,00 8,03 9,26

Concreto Armado 1,61 2,96 33,10 8,31 8,25

Poeira, solo e lama 16,75 48,91 11,91 16,09 30,54

Pedra Britada 7,07 31,10 6,82 7,76 9,73

Cascalho - 1,43 4,60 15,25 14,13

Madeira 0,10 1,07 7,14 18,22 10,53

Bambu 0,00 0,03 0,30 0,05 0,29

Blocos de Concreto 0,00 0,00 1,16 1,12 0,90

Tijolos Maciços 0,00 0,31 6,33 11,94 5,00

Vidros 0,00 0,00 0,20 0,35 0,56

Papel e Matéria Orgânica

0,00 0,29 1,30 2,62 3,05

Tubos Plásticos 0,00 0,00 0,60 0,35 1,13

Areia 4,62 9,58 1,43 3,24 1,69

Árvores 0,00 0,70 0,00 0,01 0,12

Conduites 0,00 0,00 0,04 0,01 0,03

Retalho de Tecidos 0,00 0,00 0,07 0,13 0,23

Metais 0,00 0,47 3,40 6,08 4,36

Tabela 1. Componentes do resíduo de construção e suas fontes geradoras. Fonte: POLYTTECHNIC, citado por Leite (2001)

30

O que pode ajudar nesse processo são os meios de transporte interno, que podem ser

as jericas motorizadas que são chamados de dumper’s (pequenos automotores que

transportam massa na obra, assim como os próprios resíduos), fazendo a operação de

transferência dos resíduos gerados até os locais de estocagem temporária.

Tudo isso visa a minimização de desperdícios e viabiliza a reutilização de sobras de

materiais, consequência da organização planejada. O acondicionamento deve levar

em conta a classificação preconizada na Resolução CONAMA nº 307. A seguir, tem-

se a com exemplos de dispositivos de acondicionamento de resíduos.

Tabela 2. Dispositivos de acondicionamento de resíduos. Fonte: PINTO – 2005b

Os resíduos de madeira devem ser estocados em bombonas sinalizadas e

revestidas internamente por sacos de ráfia (pequenas peças) ou em pilhas formadas

nas proximidades da própria e dos dispositivos para transporte vertical (grandes

peças). (PINTO; 2005b)

Dispositivos Descrição Acessórios Utilizados Bombonas Recipiente plástico, com capacidade

para 50 litros, normalmente produzido para conter substâncias líquidas. Depois de corretamente lavado e extraída sua parte superior, pode ser utilizado como dispositivo para coleta.

1-Sacos de ráfia 2-Sacos de lixo simples (quando forem dispostos resíduos orgânicos ou outros passíveis de coleta pública) 3-Adesivos de sinalização

Bags Saco de ráfia reforçado, dotado de 4 alças e com capacidade para armazenamento em torno de 1m3

1-Suporte de madeira ou metálico 2-Plaquetas para fixação dos adesivos de sinalização 3-Adesivos de sinalização

Baias Geralmente construída em madeira, com dimensões diversas, adapta-se às necessidades de armazenamento do resíduo e ao espaço disponível em obra.

1-Adesivos de sinalização 2-Plaquetas para fixação dos adesivos de sinalização (em alguns casos)

Caçambas estacionárias

Recipiente metálico com capacidade volumétrica de 3, 4 e 5m

3

Recomendável o uso de dispositivo de cobertura, quando disposta em via pública.

31

Na Obra 1 os resíduos são armazenados de forma errada, se nota a mistura de

resíduos Classe A com os da Classe C (Figura 6), e os resíduos de madeira são

armazenados diretamente no chão (Figura 5), por conta da grande quantidade desses

resíduos em estoque, não cabendo no espaço reservado para isso (Figura 7).

Figura 6. Resíduos classe A, B e C misturados no mesmo lugar na Obra 1.

Figura 7. Resíduos de madeira separados em um dos compartimentos para acondicionamento de resíduos na Obra 1.

Figura 5. Resíduos de madeira a céu aberto na Obra 1.

32

2.4.2 Transporte Externo

O transporte externo pode ser contratado ou a própria empresa empreendedora pode

adquirir seus meios, sendo que o transportador é co-responsável pelo manejo desses

materiais e seu despejo em locais apropriados, sempre obedecendo às leis que regem

o município assim como as questões ambientais.

O custo do transporte dos resíduos é condicionado a situação de cada região, da

capacidade do meio de transporte, das distâncias percorridas e da situação do trecho

que o veículo irá percorrer. Dependendo, de região para região, os resíduos podem

ser transportados por veículos com poliguindastes, caçambas intercambiáveis,

caminhões basculante, ou, até mesmo carroças. Atualmente, se destaca a crescente

utilização de poliguindastes pela demanda de obras, que fez crescer a geração de

resíduos.

A melhor maneira de o profissional responsável ter garantia que o transportador está

cumprindo esta responsabilidade, é indicando o local de destinação final, e exigir

antes do pagamento pelo serviço prestado, a terceira via do Controle de Transporte

dos Resíduos (CTR), com carimbo de comprovação que o material foi entregue em

lugar correto. (PINTO, 2005a)

O Controle consta do número seqüencial – para controlar a freqüência de viagens do

empreendimento; das informações do transportador (razão social, endereço,

município, número de cadastro municipal, telefone, CNPJ); das informações do

gerador (razão social, endereço, município, data de retirada, telefone, CNPJ); das

informações da destinação final (razão social, endereço, município, data da

destinação, telefone, CNPJ); da descrição do material predominante; do tipo de

veículo utilizado; do volume (em metros cúbicos) ou do peso (em t - toneladas); e das

assinaturas da unidade de destinação dos resíduos e do transportador. Esses itens

podem ser observados na Figura 8 (pág. 33) onde é apresentado uma cópia do

formulário de Controle de Transporte dos Resíduos.

33

Figura 8. Planilha de controle de transporte dos resíduos - Fonte: Resíduos de Gesso na Construção Civil – Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, 2009.

As empresas contratadas para o transporte dos resíduos deverão estar cadastradas

nos órgãos municipais competentes e isentas de quaisquer restrições cadastrais.

2.4.3 Reutilização dos Resíduos da Construção

Como definem a Resolução nº 307 do CONAMA - BRASIL (2002), reutilização é o

aproveitamento de um resíduo, na sua forma original, portanto não há a transformação

do mesmo.

34

Para que possa acontecer a reutilização não basta apenas misturar determinado

resíduo numa composição, pois não saberíamos seu comportamento em longo prazo,

causando não somente danos ao meio ambiente como expondo a edificação a riscos

de contaminação. Deve ser feito um estudo de viabilidade e compatibilidade do

material reutilizável com os outros, os quais vão ser misturados, observando sua

finalidade e aplicação.

Na Construção Civil, a reutilização de resíduos deve ser colocada em prática. O que

tem colaborado bastante nesse quesito é a pressão exercida pelos órgãos de controle

ambiental em relação à manipulação e a destinação final dos resíduos, embora

representem um custo alto para os empreendimentos. A exigência de disposição dos

resíduos em aterros industriais controlados é uma das formas como o Estado interfere

no problema, por intermédio dos seus órgãos de controle ambiental, exigindo dos

geradores sistemas de manuseio, estocagem, transporte e destinação adequada; o

não cumprimento dessas exigências resulta em notificações, multas ou o embargo e

suspensão das atividades em uma obra. Entretanto, os órgãos fiscalizadores

municipais não atendem à demanda de observação para esse setor, no Brasil.

(MANSUR, 2004)

Como exemplo de reutilização pode-se citar as cinzas pesadas na fabricação de

elementos estruturais, como: blocos estruturais, blocos de vedação, briquetes de

pavimentação; e argamassas para revestimento prontas para o consumo. As cinzas

pesadas são materiais que apresentam heterogeneidade em função do processo de

produção e cuja composição dependerá do grau de beneficiamento e moagem do

carvão, do projeto e tipo de operação da caldeira, do sistema de manuseio e da

extração das cinzas. (ROCHA; CHERIAF, 2003)

Porém, trazendo para o contexto do trabalho em estudo, madeira é um material

constituinte de compostos inadequados a substituição de agregados no concreto, é

inviável e pode trazer conseqüências desastrosas a utilização desse concreto em

estruturas. (LEITE, 2001)

35

Por isso, o dimensionamento das peças de madeira deve ser feita o mais próximo

possível das medidas necessárias na edificação.

2.4.4 Destinação Final

A destinação final do RCD para áreas receptoras de pequenos volumes - unidades de

competência pública - ou grandes volumes - que podem ser implantadas por agentes

privados, por agentes públicos, ou até mesmo em parceria - e esses locais são

definidos como:

Áreas de transbordo e triagem, entre as quais se incluem os pontos de entrega

para pequenos volumes – que devem ser licenciadas pelo poder público

municipal;

Áreas de reciclagem;

Aterros de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Inertes.

Nos dois últimos casos, os materiais devem ser recebidos triados, ou prever local

específico para triagem; também devem ser licenciados pelos órgãos estaduais de

meio ambiente.

A Resolução nº 307, de 2002, dispõe que: “os resíduos Classe B devem ser

reutilizados, reciclados ou encaminhados para armazenamento temporário, sendo

dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; os de Classe C

deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as

normas técnicas específicas.”

2.4.4.1 Triagem

A triagem é um meio de os resíduos da Construção Civil serem reutilizados e

reciclados mais facilmente, pois propõem a segregação desses materiais por sua

caracterização, garantindo o máximo aproveitamento. Para isso, devem ser criadas

Áreas de Transbordo e Triagem (ATT), locais destinados ao recebimento de resíduos

da Construção Civil e resíduos volumosos gerados e coletados por agentes privados,

36

cujas áreas, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente, deverão ser

usadas para triagem dos resíduos recebidos, eventual transformação e posterior

remoção para adequada disposição.

Para isso, muitos municípios estão criando Centrais de Triagem, esses locais recebem

os resíduos, fazem a segregação entre materiais reutilizáveis (nas suas devidas

classificações) e materiais rejeitados, após esse processo efetuam a saída desses

resíduos para locais adequados, como usinas de reciclagem e aterros sanitários. Mas

todo esse processo somente funcionará se o layout do local for adequado a esse tipo

de serviço, e também, devem ter um ciclo de entrada e saída desses materiais, pois o

acumulo desordenado dos resíduos nas centrais se torna inviável, por conta do tempo

de armazenamento e aparecimento de vetores de doenças. (DALFOVO; 2007)

2.4.4.2 Aterros

Segundo LUZ (1993, apud ZORZAL 2005), os aterros podem ser classificados quanto

à forma de disposição e forma de operação. Possa ainda ser classificado quanto à

forma de disposição final, em aterros comuns (lixões), aterros controlados, ou aterros

sanitários, este último uma forma melhorada dos primeiros.

A implantação de aterros sanitários deve ser pensada para que não haja o

comprometimento do meio ambiente nem da saúde publica; para isso devem ser

tomados alguns cuidados necessários referentes à escolha da área, implantação do

projeto executivo, monitoramento constante e operação. Por conseguinte, a American

Society of Civil Engineers (Sociedade Americana de Engenharia Civil) define aterro

sanitário, como sendo “uma técnica para a disposição de lixo no solo, sem causar

prejuízo ao meio ambiente e sem causar moléstia ou perigo à saúde pública, método

este que utiliza princípios de engenharia para confinar o lixo na menor área possível,

reduzindo o seu volume ao mínimo praticável, e para cobrir o lixo assim depositado

com uma camada de terra com frequência necessária, pelo menos ao final de cada

jornada”.

37

Segundo BIDONE e POVINELLI (1999, apud ZORZAL 2005), os aterros podem ser

classificados em método da trincheira, método da escavação progressiva e método da

área. Em virtude da falta de locais disponíveis, muitas vezes torna-se necessário,

principalmente nas grandes metrópoles, o aproveitamento de áreas baixas e úmidas,

como pântanos, alagados e mangues para a construção de aterros sanitários.

Esse procedimento não é correto e caiu em desuso, pois requer cuidado especial,

como rebaixamento constante de lençol freático, construção de diques ao longo da

linha costeira ou dos rios, com a finalidade de evitar a contaminação das águas pelo

chorume, além do bombeamento de toda a água do local antes do inicio da construção

do aterro.

Algumas características são muito importantes no levantamento das áreas para

aterros sanitários, dentre eles podemos citar: topografia, proteção de enchentes,

distâncias de corpos d‟água, profundidade do lençol freático, distância de residências,

distância dos centros geradores de resíduos a ser transportado (deve ser a mínima

possível), plano diretor e ficar sempre longe de reservas e áreas de proteção

preconizada por lei.

A cobrança de taxas de descarte nos sistemas de aterro varia em função de uma série

de fatores, e entre eles certamente devem ser inseridas as características dos

resíduos (ser ou não inertes) e a sua periculosidade. (PINTO, 1999)

2.5 Impactos na Saúde e nos Recursos Naturais

O destino adequado do lixo é fundamental para a preservação dos recursos naturais e

da qualidade de vida da população, pois evita a geração de impactos ambientais e

disseminação de doenças, seja pela contaminação dos cursos d água, sejam pela

transmissão de doenças pela proliferação de animais e insetos que ocasionam mal a

saúde.

38

Não se tem dúvidas que a afirmação acima seja compatível com a realidade atual,

pois a má distribuição dos lixos gerados pela civilização ocasiona mal estar na própria

população, é tanto que acontecem várias enchentes em cidades no Brasil

relacionadas ao acúmulo de lixo em bueiros e caixas impedindo o escoamento das

águas pluviais.

2.5.1 Impactos Ambientais

2.5.1.1 Poluição de Mananciais

A falta de colaboração das populações no que diz respeito ao gerenciamento de

resíduos transmite à natureza alguns danos, sendo que a própria natureza pode se

voltar contra a comunidade, por exemplo, quando acontece o entupimento de bueiros

e as águas que deveriam transitar por ali acabam escoando de forma errônea para

dentro das residências; dentre outras ocorrências relatadas a seguir.

Por causa do lixiviado, líquido resultante da lavagem dos lixões pelas águas das

chuvas e também por causa do lixo lançado nos córregos (Figura 9), servem de

substrato para as larvas de mosquitos e impedem o fluxo da água, sendo uma das

principais causas das enchentes urbanas.

Figura 9. Resíduos lançados em córregos.

Fonte: Guia de Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos, 2008

39

2.5.1.2 Contaminação do Ar

Por causa da queima do lixo, que lança no ar produtos tóxicos, desde fuligem (que

afeta os pulmões) até poluentes cancerígenos como as dioxinas, resultantes da

queima de plásticos. As fumaças podem, inclusive, interromper o tráfego aéreo (Figura

10).

Figura 10. Queima de resíduos, provocando contaminação do ar.

Fonte: Guia de Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos, 2008.

Como se observa, deve-se evitar ao máximo esse tipo de ação, pois além de

prejudicar a fauna e a flora, há o prejuízo econômico (como foi dito na citação acima

em relação ao tráfego aéreo), ainda mais, a saúde do próprio ser humano, muitas das

vezes o responsável por esse absurdo.

2.5.1.3 Assoreamento de Córregos

Segundo o Guia de Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos o assoreamento de

córregos pode acontecer “por deposição inadequada de lixo, que podem provocar

inundações, por sua vez contribuem para a transmissão de doenças como a

leptospirose, causada pela urina dos ratos.”

40

2.5.2 Proliferação de Doenças por Agentes Contaminantes

Na tabela a seguir se apresentam alguns exemplos de doenças, formas de

transmissão e agentes transmissores dessas doenças.

Tabela 3. Doenças e seus vetores. Fonte: Guia de Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos, 2008

Animais Doenças Formas de Transmissão da Doença

Ratos

Leptospirose Mordida

Tifo murino Urina

Peste bubônica Pulga contaminada pelo rato infectado

Moscas

Disenteria Bacilos não móveis anaeróbicos facultativos

Febre tifóide Via patas, asas e corpo

Salmonelose Exceto por picadas

Verminose Endoparasitas e Protozoários

Baratas

Doenças gastrointestinais Bactérias, vírus ou combinação dietéticas

Febre tifóide Pelas patas, asas, corpo ou pelas fezes

Cólera Fecal-oral

Giardíase Bactérias

Mosquitos Malária Através da picada da fêmea

Dengue Picada do Mosquito Aedes aegypti

Todas essas doenças podem ter sua disseminação facilitada pela errônea destinação

final dos resíduos. O acúmulo de lixo, misturado com a água da chuva ocasiona o

aparecimento da maioria dos fatores de transmissão relacionados na tabela mostrada

anteriormente.

2.5.3 Impactos Ambientais Relacionados ao Desmatamento

Dos impactos ambientais causados pela extração e disposição inadequada da

madeira, o que tem mais repercussão no meio ambiente é a emissão de gases do

efeito estufa, então quanto mais se faz a utilização descontrolada de madeira na

Construção Civil, será gerada quantidade maior dos resíduos desse material, que é

41

descartado, muitas vezes em locais incorretos, contribuindo para os eventos

anteriormente citados, ocasionando a necessidade de novas peças de madeira, e para

adquiri-las tem-se que ordenar mais extração, tornando isso um circulo vicioso.

O que majora os impactos ambientais causados pelo desmatamento é a retirada das

árvores para produzir peças comerciais de madeira com pouco potencial de valor

agregado e baixo nível de aproveitamento. São devastadas grandes áreas para

projetos agropecuários cuja produtividade não justifica; e são desnudados grandes

montantes de solo florestal para produção de minérios com baixo percentual de

produtividade e pouco beneficiamento. Em uma análise de custo x benefício, esses

empreendimentos não teriam aprovação, pois ignoram a sustentabilidade e aumentam

os desperdícios com os recursos naturais.

O coordenador de Pesquisas em Silvicultura Tropical do INPA, Niro Higuchi (2000)

descreve algumas conseqüências do desmatamento na Amazônia da seguinte forma:

“A Amazônia já acumulou uma área desmatada de mais de 50 milhões de hectares e nem, por isso, transformou-se em região mais rica do Brasil ou em seu principal fornecedor de proteínas. No entanto, os impactos ambientais resultantes são bem conhecidos e têm preocupado toda a sociedade. Os mais importantes impactos são: emissão de gases do efeito-estufa à atmosfera, principalmente pelas queimadas e pela decomposição de árvores em pé nos lagos das hidrelétricas; potencial alteração no ciclo d'água pela retirada da cobertura florestal; erosão genética, tanto pelo corte raso, como pela exploração seletiva de madeira; perda da biodiversidade; e sedimentação e poluição dos rios e igarapés. Menos conhecidos que os impactos ambientais, os impactos sociais e culturais são, porém, igualmente importantes. Problemas de terra (e sem-terra) na Amazônia, apesar do tamanho de seu território, têm também aumentado na região e repercutido no mundo inteiro.”

Então, para minimizar esse desmatamento excessivo das plantações na Amazônia

deve ser feito um controle rigoroso das retiradas, além de planejar plantações novas

que possam substituir as quantidades desmatadas em um esquema de rodízio,

beneficiando tanto a Indústria da Construção Civil quanto a vida na Amazônia.

42

2.6 Resíduos de Madeira

“O termo resíduo de madeira por muitas vezes é associado a palavra problema, pois geralmente sua disposição ou utilização adequada gera custos altos que muitas vezes se quer evitar. Porém, o conhecimento da quantidade, da qualidade e das possibilidades de uso deste material pode gerar uma alternativa de uso que viabilize o seu manuseio.” (FEITOSA, 2007)

O desperdício da madeira começa no início da cadeia produtiva, pois desde o corte

das árvores até o corte das toras e aparelhamento das peças vão deixando os

resíduos como relatam o texto a seguir:

“Segundo o Inventário Florestal Nacional, lenha é o tipo de resíduo oriundo da indústria de base florestal de maior representatividade, correspondendo a 71% da totalidade dos resíduos. Por lenha entendem-se os resíduos como costaneiras, refil, aparas, casca e outros. A serragem vem a seguir, correspondendo a 22% do total e, finalmente, os cepilhos ou maravalhas, correspondendo a 7% do total.”; ”Em 1991 o Brasil foi responsável por 4% da produção mundial de toras para serraria e laminação, correspondendo a um total de 37.968.000m³. Deste material, 49,29% foi transformado em produto, sendo que o restante (50,71%) corresponde aos resíduos gerados pela industrialização, ou seja um volume de 19.255.000m3.” (BRITO, 1995)

Como se verifica, a madeira é um material que é pouco aproveitado na sua essência,

boa parcela de sua forma bruta se transforma em resíduos, o que não é bem visto nos

anseios da preservação ambiental. Os resíduos de madeira geralmente são utilizados

em: geração de energia através da queima, uso na Construção Civil e na produção de

carvão; todas essas utilizações não levam em conta o potencial econômico desse

material.

43

3 Resultados

3.1 Pesquisa de Campo

3.1.1 Especificação da Madeira Compatível com o Projeto

Deve-se utilizar a madeira adequada a seu tipo de projeto, de acordo com sua massa

específica, que define a classe de resistência; dependendo do serviço que será

executado, optar pela espécie que é mais bem adequada. De grande importância

também é detalhar as dimensões das peças, para que não haja quantidade exagerada

de cortes e/ou emendas. (ZENID, 2009)

3.1.2 Aquisição da Madeira

O início de tudo é na certificação, se a madeira que está sendo adquirida tem

procedência legal ou não, pois as empresas ou empreiteiras que compram matéria-

prima em locais de exploração predatória e na ilegalidade dos recursos florestais

também estão contribuindo com o desmatamento e a derrubada excessiva de árvores

nativas. A procedência da madeira pode ser comprovada através de documento de

liberação de transporte – retirada da floresta – que é o Documento de Origem Florestal

(DOF), emitido pelo IBAMA, ou documento correlato emitido pelo Órgão Estadual do

Meio Ambiente (OEMA); esses documentos atestam o desmatamento autorizado.

(ZENID, 2009)

O processo de aquisição da madeira inicia-se na quantificação exata desse material. É

analisado em projeto, por exemplo, a orientação das águas do telhado e também o

detalhamento das treliças (se essas se apresentarem nos projetos); próximo passo é

verificar o comprimento das terças (peças que apresentam as dimensões da seção

maior em relação as outras peças de madeira do telhado, se apoiam nas treliças ou

pontaletes e servem para apoiar os caibros).

44

Deve-se verificar o espaçamento, o comprimento e a quantidade dos caibros (peças

em madeira que apresentam as dimensões da seção em média de 4x6cm, que se

apoiam nas terças e servem de apoio para as ripas).

Por último, o espaçamento, o comprimento e a quantidade das ripas (peças em

madeira que apresentam as dimensões das seções em média de 2,5x6cm, que se

apoiam nos caibros e servem como apoio das telhas), o espaçamento entre elas vai

depender do tamanho das telhas.

Para ilustrar a aquisição de madeira em obras, a seguir, Figura 11 mostrando chegada

de caminhão com peças de madeira serrada:

3.1.3 Armazenamento das Peças de Madeira

Tópico importante no gerenciamento da madeira na Construção Civil é seu

armazenamento, pois a madeira é muito suscetível as intempéries; através de chuvas,

água que escoa de outras áreas para os locais de armazenamento da madeira; por

exemplo, as peças de madeira quando são molhadas, chegam a um nível que

Figura 11. Descarregamento de madeira em obras.

45

empenam e perdem sua função pela diminuição da resistência, e também pela

impossibilidade de execução.

O material quando descarregado dos caminhões na obra seguem para o estaleiro de

madeira, é uma estrutura em madeira que separa as peças de madeira por dimensões

da secção transversal e por comprimento, assim como, por tipo. A não ser em obras

que não tem esse tipo de estrutura e armazenam as peças de forma desorganizada e

diretamente no chão. Para ilustração dessas duas possibilidades de armazenamento

apresentam-se Figura 12 abaixo:

Figura 12. Armazenamento de madeira em estaleiro numa obra (foto à esquerda); armazenamento de madeira sobre o solo e sem cobri-la na Obra 1 (foto à direita).

3.1.4 Transporte Interno da Madeira

O transporte interno desse material é feito de diversas formas, através de retro

escavadeira, mini carregadeira, dumper, pequenas plataformas com rodas ou

manipuladores. A seguir foto que ilustra transporte interno feito por manipulador em

obra (Figura 13).

46

Figura 13. Transporte interno de madeira com manipulador na Obra 1 (transportando paletes).

3.1.5 Utilização da Madeira

Esse material é utilizado na obra para fazer os gabaritos de marcação dos lotes, como

fôrma para concretagem de lajes, pilares e vigas; e para estrutura das coberturas.

A madeira utilizada nos gabaritos e fôrmas é reutilizada várias vezes; as fôrmas,

enquanto estiverem em bom estado de utilização, não houver furos nem fissuras que

prejudiquem na concretagem dos elementos estruturais, podem ser reutilizadas

normalmente.

Onde se verifica a maior quantidade de sobras são nas estruturas das coberturas, que

será o foco de estudo e as possibilidades de reaproveitamento, assim como, o destino

dos resíduos gerados durante essa execução.

47

Para visualizar as utilizações de madeira comentada anteriormente, ilustra-se através

de fotos tiradas em obras (Figura 14 a Figura 18).

Figura 15. Andaime fachadeiro (Obra 1). Figura 14. Gabarito para locação (Obra 1).

Figura 16. Gazêbo em madeira (eucalipto tratado). Figura 17. Casa toda feita em madeira.

Fonte: <digitei.blogspot.com>

48

3.1.6 Reutilização das Peças

O que já vem sendo feito há muito tempo, mas que ainda deve ser citado é a

reutilização de algumas peças de madeira em determinados serviços, como: conjunto

de fôrmas para concretagem, as peças que são utilizadas na confecção do gabarito

(barrotes e tábuas) que podem ser reutilizadas dependendo do estado de conservação

até 12 vezes, piquetes de marcação de terreno; enfim, a madeira é um dos materiais

que se alcança melhor aproveitamento numa obra para esses sub-setores de

utilização nas obras.

Porém, após a utilização das peças de madeira (terças, barrotes e ripas) sempre ficam

algumas sobras, provenientes dos cortes que são feitos para se adequar a arrumação

correta no formato da cobertura, compondo tanto a parte estrutural quanto a parte

estética (incluindo o beiral).

Figura 18. Fôrma para concretagem de viga (Obra 1). Figura 19. Cobertura em madeira.

49

Por fim, o que resta de madeira na construção das coberturas é usado como

pontaletes (peças – 6,5x12cm - que servem de apoio para as terças, que compõem a

cobertura) ou calço para os próprios pontaletes e terças. A seguir, Figura 20

demonstrativa tirada em obra de prédios de 5 pavimentos, cuja a cobertura é em

telhas de fibrocimento (grandes placas), não utilizando barrotes nesse tipo de

estrutura de telhado.

3.1.7 Sobras da Madeira

Então, depois de todo o fluxo de madeira na obra, desde a aquisição até a utilização e

posterior análise do que pode ser reutilizada, a parcela de material não reutilizável,

que é o resíduo propriamente dito, é separado nos locais de armazenamento, e logo

após, transportados para as áreas de destinação final, certificadas e fiscalizadas.

Figura 20. Madeiramento de cobertura de prédio de multipavimentos (Obra 1).

50

A seguir Figura 21 de uma pequena parcela da sobra das peças de madeira registrada

na Obra 1 (mais especificamente de sua cobertura).

3.1.8 Destinação Final dos Resíduos de Madeira das Obras

As duas obras estudadas encaminham os resíduos de madeira para uma empresa

particular de coleta, transporte, armazenamento e incineração, assim como todos

resíduos Classe B gerados, no qual os resíduos contaminados são incinerados e os

resíduos reaproveitáveis são reciclados.

Figura 21. Parcela da sobra de madeira para cobertura de um prédio de multipavimentos (Obra 1).

51

3.2 Avaliação do Planejamento da Utilização de Madeira nas Obras

Estudadas

3.2.1 Aquisição das Peças de Madeira para Cobertura das Obras

Estudadas

A quantidade de madeira (em volume) adquirida para cobertura de um prédio,

referente à Obra 1 está apresentado a seguir pela Tabela 4.

Tabela 4. Aquisição de madeira para obra de prédios de multipavimentos.

Madeiramento para cobertura de um prédio de multipavimentos (Obra 1)

Item Descrição Tamanho (m) Quantidade (Unid) Volume (m³)

1 Peças de Madeira 6x10 cm 3,50 8,00 0,168

2 Peças de Madeira 6x10 cm 4,00 8,00 0,192

3 Peças de Madeira 6x10 cm 7,00 22,00 0,924

4 Tabeira 2,5x12 cm 3,50 10,00 0,105

5 Tabeira 2,5x12 cm 5,00 4,00 0,06

6 Ripa 2x7 cm 5,00 12,00 0,084

Total de Madeira 1,533

A seguir, na Tabela 5, a quantidade de madeira adquirida (em volume) para cobertura

de uma casa (Obra 2).

Tabela 5. Aquisição de madeira para obra de casas residenciais.

Madeiramento para cobertura de uma casa (Obra 2)

Item Descrição Tamanho (m) Quantidade (unid) Volume (m³)

1 Barrote 5x3,5 cm 4,0 12,00 0,084

2 Barrote 5x3,5 m 5,5 13,00 0,125

3 Peça 10x6 m 2,0 1,00 0,012

4 Peça 10x6 m 6,0 2,00 0,072

5 Peça 10x6 m 6,5 4,00 0,156

6 Ripa 4x1,5 m 4,0 186,00 0,446

7 Tabeira 15x2,5 m 5,0 23,00 0,431

Total de Madeira 1,327

52

3.2.2 Sobras de Madeira para Cobertura das Obras Estudadas

Após execução de estrutura de cobertura em madeira de cada obra estudada na

pesquisa foi mensurada e registrada em fotos as sobras de madeira correspondente a

cada empreendimento.

A sobra de madeira aferida na estrutura de madeira da cobertura de um prédio

configurou-se como mostra a Tabela 6.

Tabela 6. Sobras de madeira da obra de prédios de multipavimentos.

Sobras de madeiramento de cobertura de um prédio (Obra 1)

Item Descrição Volume Unitário (cm³) Quantidade

(unid) Volume

(m³)

1 Peça triangular de (10x6) cm 750,00 7,00 0,00525

2 Peça triangular de (10x6) cm 600,00 17,00 0,0102

3 Cubo (10x6x6) cm 360,00 16,00 0,00576

4 Cubo (10x6x12) cm 720,00 2,00 0,00144

5 Peças de (10x6) cm 6900,00 2,00 0,0138

6 Tabeiras de (2,5x12) cm 6300,00 1,00 0,0063

7 Ripa de (2x7 )cm 1106,00 1,00 0,001106

Sobra de Madeira 0,04275

A sobra de madeira aferida na estrutura da cobertura de uma casa foi de 0,095 m³.

Dado esse entregue pelo responsável da obra, que não permitiu acesso a área de

armazenagem das sobras do material.

3.2.3 Discussão

Para a obra de prédios residenciais a sobra de madeira referente a cobertura foi

satisfatória, percebe-se que a aquisição das peças nessa obra em relação a aquisição

é quase exata. A maior parte das sobras é reutilizada como pontaletes e calços para

pontaletes e terças.

53

O resultado foi descarte de apenas 2,78% da madeira utilizada na cobertura de um

prédio, se considera um valor mínimo em relação alguns materiais que apresentam

perdas muito maiores, e como relata Pinto (1999, apud Silva 2007) na construção

empresarial a intensidade de perdas se situa entre 20 e 30% da massa total de

materiais.

Outro fator importante, a consideração em orçamentos sobre perdas fica na razão de

5%, obtendo êxito para madeira que apresentou apenas 2,78% para a obra de prédios

estudada. A seguir Figura 22 que mostra a quantidade exata de sobra de madeira da

cobertura de um prédio de multipavimentos (Obra 1).

Na obra de casas (Obra 2) não foi possível tirar foto das sobras, pois o autor não teve

acesso livre ao local onde estavam armazenadas as sobras de madeira da cobertura

referente a uma unidade, mas os resíduos foram mensurados pelo encarregado dos

profissionais da obra, instruído pelo autor desse trabalho a utilizar o mesmo

procedimento de mensuração ocorrido na Obra 1, registrando um descarte de 0,095

m³, equivalendo a 7,2% da madeira utilizada na cobertura de uma casa.

Figura 22. Sobras de madeira utilizadas em cobertura de um prédio (Obra 1).

54

Fazendo a mesma comparação que foi feita a obra de prédios relacionados a

orçamento, nessa obra de casas o desperdício de madeira é um pouco maior, pois

ultrapassa os 5% desejáveis no orçamento a desperdício de todo material adquirido,

tornando-se uma perda não satisfatória.

3.3 Entrevistas

Durante a elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso, como foi mencionado

na „Metodologia de Pesquisa‟, foi realizada entrevistas (Apêndice 1) com profissionais

da área da Construção Civil para saber como está o gerenciamento de resíduos (com

enfoque em madeira). Foram entrevistados funcionários de 4 empresas de Feira de

Santana, que estão executando em Feira de Santana e região 27 empreendimentos; e

funcionários de uma empresa de Salvador que executa 7 obras em Salvador e cidades

vizinhas.

Na primeira questão foi perguntado se nas obras que cada profissional trabalha existe

um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção e Demolição (PGRCD),

foram dadas as opções: „Sim ou Não‟, as respostas foram as seguintes em percentual:

Sim – 35% e Não – 65%.

De certa forma mostrando que a Construção Civil em Feira de Santana ainda não se

adaptou aos planos exigidos de gerenciamento de resíduos, a fiscalização também

deixa muito aquém do que deveria ser. Enfim, 35% é muito pouco aos parâmetros de

legislação do meio ambiente.

Na segunda questão foi perguntado aos entrevistados como são armazenados as

peças de madeira em cada obra; foram dadas as opções: „Diretamente no Chão,

Palete, Estaleiro de Madeira e Outros‟, e as respostas foram as seguintes (em

percentual - %), como mostra o Figura 23.

55

Figura 23. Armazenamento de madeira em obras de Feira de Santana e região.

Como pode se observar, ainda há um descaso dos responsáveis técnicos em relação

a arrumação dos materiais na obra. Como se sabe a madeira quando exposta as

intempéries, à chuvas, sereno, por exemplo, molha e deforma, chegando a um estado

de não utilização e por não ser um material de alto custo não há o cuidado devido.

Mas, em Feira de Santana o percentual de obras que arrumam esse material em

estaleiros de madeira está favorável a aprovação.

Na terceira questão foi perguntado aos entrevistados como é feito o transporte interno

da madeira nas obras; foram dadas as opções: „Plataforma, Carrinho de Mão e

Outros‟, e as respostas foram as seguintes (em percentual - %), como mostra a

Figura 24.

Estaleiro de

Madeira

65%

Palete

0%

Diretamente no

Chão

35%

Outros

0%

56

Figura 24. Transporte interno em obras de Feira de Santana e região.

Nesse quesito percebe-se o descaso na utilização da mão de obra, onde se registrou

38% do transporte interno por vias manuais.

Na quarta questão foi perguntado aos entrevistados como é feito a estocagem da

madeira nos locais onde serão executados os serviços; foram dadas as opções:

„Palete, Diretamente no Chão e Outros‟, e as respostas foram as seguintes (em

percentual - %), como mostra o Figura 25.

Figura 25. Estocagem da madeira nas obras de Feira de Santana e região.

Plataforma

21%

Carrinho de

Mão

26%

Manualment

e

38%

Mini-

caminhão

15%

Palete

12%

Diretamente

no Chão

73%

Sobre

Blocos

15%

57

Os entrevistados que marcaram a opção „Outros‟ indicaram que as peças de madeira

eram estocadas nos locais de execução amarradas em cima de blocos de concreto.

Nessas respostas tem-se outra vez o descaso relatado na questão sobre a

armazenagem do material, sendo que desta vez a estocagem do material diretamente

no chão chegou a 73% das obras, demonstrando descuido.

Na quinta questão foi pedido aos entrevistados que se fizesse uma estimativa da

sobra de madeira em relação à quantidade adquirida. A depender do tipo de obra, a

utilização de madeira, sua sobra e posterior descarte pode ser insignificante ou pode

ter quantidade exagerada na geração de resíduos. De acordo com os dados coletados

na entrevista o descarte de madeira gira em torno de 18,94%; sendo que em algumas

obras de construção de condomínios residenciais gera em torno de 5 a 10% e em

algumas obras de reforma, por exemplo, esse descarte fica no intervalo de 40 a 45%.

Um fato pode ser observado nas respostas dos entrevistados; a madeira é um material

muito aproveitado, principalmente na utilização de fôrmas, porém, no final de várias

repetições na sua utilização é um material bastante descartado.

Na sexta questão foi perguntado aos entrevistados como são armazenadas as sobras

da madeira nas respectivas obras consultadas; foram dadas as opções: „Baias,

Diretamente no Chão e Outros‟, e as respostas foram as seguintes (em percentual -

%), como mostra o Figura 26.

58

Figura 26. Armazenamento das sobras de madeira nas obras de Feira de Santana e região.

Na sétima questão foi perguntado aos entrevistados se as sobras da madeira são em

sua essência descartadas ou reutilizadas, quando reutilizadas em que são

aproveitadas a madeira nas respectivas obras consultadas; foram dadas as opções:

„Descartadas e Reutilizadas‟, e as respostas foram as seguintes em percentual:

Descartadas – 21%; Reutilizadas – 79%.

Os entrevistados que optaram pela reutilização das sobras de madeira comentaram

sobre onde estavam sendo reutilizadas, que foram: Piquetes para marcação, calços,

chapuz, emenda de fôrmas e no fechamento de pisos para andaimes.

Na oitava questão foi perguntado aos entrevistados como é o transporte dos resíduos

e se existe um Controle de Transporte de Resíduos (CTR) nas obras. As respostas

foram as seguintes (em percentual - %), como mostra o Figura 27.

Um dos entrevistados explicou que a obra de sua responsabilidade não tem CTR

porque o transporte é feito através de caminhões particulares da empresa. Mas, o

número de empresas em Feira de Santana e região que não utilizam CTR é

significativo (47% - apresentado na Figura 27).

Baias

35%

Diretamente no

Chão

65%

Outros

0%

59

Figura 27. Percentual de obras consultadas que tem CTR.

Na nona questão foi perguntada aos entrevistados qual a destinação final dos resíduos de resíduos de construção; foram dadas as opções: „Lixão, Aterro Controlado, Aterro Sanitário e Outros‟, e

Sanitário e Outros‟, e as respostas foram as seguintes (em percentual - %), como mostra o

mostra o

Figura 28.

Alguns entrevistados relataram que parte dos resíduos além de ser destinados aos

aterros sanitários também eram doadas ou transportadas para obras que

necessitavam de aterro (compensação do nível do terreno).

Figura 28. Destinação final dos resíduos em obras de Feira de Santana e região.

Tem CTR

35%

Não tem

CTR

47%

Não

opinaram

18%

Lixão

20%

Aterro

Controlado

18% Aterro

Sanitário

41%

Locais

Particulares

21%

60

4 Conclusão

Pelos resultados obtidos pode-se concluir que a empresa que administra a obra de

prédios de multipavimentos (Obra 1) teve mais exatidão na aquisição e no fluxo de

suas peças de madeira, do que a empresa que administra a obra de casas (Obra 2).

Ao final do estudo observou-se que a taxa de desperdício desse material (madeira)

para a primeira obra foi de 2,78% contra os 7,2% da segunda obra.

Embora a primeira obra tenha uma demanda pela utilização de fôrmas de madeira

maior, mas oportunamente, a utilização do sistema de fôrmas de madeira é um

recurso apropriado de reutilização, como já foi dito anteriormente, podendo ser

reutilizada até 12 vezes a depender do seu estado de conservação e condição de

isolamento.

Outra questão que pode ser discutida é a relação de habitantes, usuários de um

espaço em relação à quantidade de material usada e também descartada. Um prédio

como o da obra estudada habita em média 80 pessoas (20 apartamentos por prédio –

na faixa de 4 pessoas por apartamento). Já a casa, da segunda obra estudada, habita

em média 4 pessoas. Ou seja, em um prédio, 0,04275 m³ descartados dividido por 80

habitantes, resultando 0,00053 m³ por habitante (0,035% do total de madeira adquirido

para a cobertura de um prédio). Na casa, 0,095 m³ descartados dividido por 4

habitantes, resulta em 0,02375 m³ por habitante (1,79% do total de madeira adquirido

para a cobertura de uma casa).

Se for comparado o desperdício de madeira com relação às áreas utilizáveis,

podemos ter uma noção mais visível da variabilidade de desperdício de madeira para

cobertura de uma unidade de cada obra:

Obra 1 – área útil de um apartamento = 37,66 m² (Anexo 3);

Área útil em um pavimento (4 apartamentos) = 37,66 X 4 = 150,64 m²;

Área útil em um prédio com 5 pavimentos = 150,64 X 5 = 753,2 m².

Obra 2 – área útil de uma casa = 35,04 m² (Anexo 4).

61

Fazendo as contas, em um prédio, 0,04275 m³ descartados dividido por 753,2 m² de

área útil, resulta em 0,00006 m³/m². Enquanto na casa da Obra 2, 0,095 m³

descartados dividido por 35,04 m² de área útil, resulta em 0,00271 m³/m²; um valor

exorbitante em relação ao desperdício na Obra 1.

Contabilizando o total do desperdício de madeira de cobertura em cada

empreendimento, também percebemos a grande diferença:

Obra 1 – Desperdício de madeira em um prédio = 0,04275 m³

Empreendimento com 50 prédios = 0,04275 m³ X 50 = 2,1375 m³;

Obra 2 – Desperdício de madeira em uma casa = 0,095 m³

Empreendimento com 446 casas = 0,095 m³ X 446 = 42,37 m³.

No decorrer da aquisição de dados da pesquisa de campo, foi observando-se a

circulação de madeira nas obras estudadas, mais profundamente na de prédios

residenciais (obra onde o autor da pesquisa estagiava) concluindo-se que a aquisição

nessa obra era muito bem planejada, o armazenamento deixava a desejar, o

transporte interno era bem executado por dumper‟s e manipuladores, o

armazenamento das sobras era ruim (depositava-se o material diretamente no chão) e

a destinação final adequada (empresa particular de descarte de resíduos de

construção).

Na obra de casas, foi pouco observado, pelas limitações impostas dos responsáveis

pelo empreendimento, mas nas poucas visitas realizadas pelo pesquisador percebeu-

se que a aquisição das peças para execução da cobertura não era muito eficiente,

ocasionando um percentual considerável de sobras, o armazenamento era satisfatório

(em estaleiros de madeira), o transporte interno também era executado por dumper‟s e

plataformas, não se sabe sobre o armazenamento das sobras provenientes das

limitações de acesso ao local e a destinação final também era adequada (para o

mesmo local mencionado na obra anterior).

Nos dois empreendimentos estudados a colaboração dos funcionários com o estudo

foi imprescindível para o desenvolvimento do presente trabalho. Muito atenciosos em

62

todas as horas que eram abordados para fazer algo, como a separação das sobras do

material, para posterior contagem.

No que diz respeito as entrevistas formulada pelo autor da pesquisa, deu para

perceber o despreparo e o descaso significativo das empresas de Feira de Santana e

região em relação ao Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção, e também

para o fluxo de madeira nessas empresas. Muitas delas não se preocupam com o

armazenamento dos materiais tanto quando chega às obras, quanto o

armazenamento das sobras que é realizado em locais inadequados e muitas vezes

misturado os resíduos Classe “A” com Classe “B”.

Esse trabalho de conclusão de curso resultou para o autor a sensação de dever

cumprido, o processo de estudo e aquisição de dados deu trabalho, mas compensou

no ganho de informações e na observação que, nas obras até hoje o desperdício com

materiais é muito grande, trazendo prejuízos financeiros às empresas, prejuízo esse

incalculável pela falta de controle dos profissionais responsáveis pelos

empreendimentos.

63

5 Recomendações

Tema futuro de Trabalhos de Conclusão de Curso para os novos graduandos em

Engenharia Civil recomenda-se que façam um estudo mais apurado em relação ao

sistema de fôrmas de madeira em Feira de Santana, ou o estudo do custo benefício

da utilização de sistemas de fôrmas com outros materiais, como metais.

É importante também, repetir o presente trabalho em mais obras para se obter dados

mais consistentes, podendo assim alertar ou conscientizar os profissionais da

Engenharia Civil com relação ao desperdício dos materiais e consequentemente o

prejuízo econômico para as empresas, cujo os lucros estão em primeiro lugar.

Pode ser realizado também o estudo do fluxo de outro material, como foi feito para

madeira nesse trabalho. Recomenda-se a utilização de algum material da Classe A da

Resolução nº 307 do CONAMA - BRASIL (2002), porque no decorrer das pesquisas

nesse trabalho foi constatado que a geração dessa classe de resíduos da Construção

Civil é bem maior comparado com os da Classe B (o qual a madeira faz parte).

64

6 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos sólidos: NBR

10004. Rio de Janeiro, 1987.

BARRETO, Aerson Moreira; BERTINI, Alexandre Araújo; CARVALHO, Ricardo

Marinho. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Construção Civil:

crítica à implementação. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE APROVEITAMENTO

DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO, 2009, Fortaleza. Anais do Encontro Nacional

Sobre Aproveitamento de Resíduos, Feira de Santana, 2009.

BETIM, Leozenir et al. A logística reversa agregando valor aos resíduos de

madeira através de uma visão empreendedora, Jaguariaíva, Paraná, 2004.

BRITO, Edvá Oliveira. Revista da Madeira, Estimativa da produção de resíduos na

indústria brasileira de serraria e laminação de madeira, v. 4, n. 26, nov. 1995, p. 34-39.

CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). Resolução nº 307, de 5

de julho de 2002: Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção, 2002.

DALFOVO, S. R. et al. Otimização do Layout de Produção nas Centrais de

Triagem – Estudo de Caso do Município de Caxias do Sul. In: 24º CONGRESSO

BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Caxias do Sul, 2007.

FEITOSA, Bruno C.. Web Artigos. [S.I.], 2007. Disponível em:

<http://www.webartigos.com/articles/1175/1/Aproveitamento-Economico-Dos-

Residuos-De-Madeira-Como-Alternativa-Para-Minimizacao-De-Problemas-Socio-

ambientais-No-Estado-Do-Para/pagina1.html#ixzz18nWDSjb2>. Acesso em 20 dez.

2010.

65

HIGUCHI, Niro. (Coord.) Manejo Florestal na Amazônia. [S.l.] 2000. Disponível em:

<http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz13.htm>. Acesso em 01 de

julho de 2011.

LEITE, Mônica B. Avaliação de Propriedades Mecânicas de Concretos Produzidos

com Agregados Reciclados de Resíduos de Construção e Demolição. Tese

(Doutorado em Engenharia), Porto Alegre, 2001.

MANSUR, Beto. Projeto de Lei Complementar; Prefeitura de Santos, Santos, 2004.

MARQUES NETO, José da C.; SCHALCH, Valdir. Diagnóstico Ambiental Para Gestão

Sustentável Dos Resíduos De Construção E Demolição. In: XII Simpósio Luso

Brasileiro em Engenharia Sanitária, Figueira da Foz, 2006.

PINTO, Tarcisio de Paula. Metodologia Para a Gestão Diferenciada De Resíduos

Sólidos Da Construção Urbana. Tese (Doutorado em Engenharia), São Paulo, 1999.

PINTO, Tarcisio de Paula; GONZALEZ Juan Luís Rodrigo (Coord.). Guia Profissional

para uma Gestão Correta dos Resíduos da Construção; Conselho Regional de

Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo, São Paulo, 2005a.

PINTO, Tarcisio de Paula (Coord.). Gestão Ambiental de Resíduos da Construção

Civil; Obra Limpa: SindusCon-SP, São Paulo, 2005b.

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Habitacional. [S.l.]. Coletânea Habitare, Vol. 4, 2003.

SANTOS, Almai do N. dos. Diagnóstico Da Situação Dos Resíduos De Construção

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Engenharia Civil); Recife; 2008.

SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL (org.). Guia de

Processamento de Resíduos Sólidos Urbanos, Salvador, 2008.

66

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de Cerâmicas em Obras de Construção de Edifícios na cidade do Recife-PE. In:

24º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,

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ZENID, Geraldo José. Madeira : uso sustentável na construção civil, 2. Edição, São

Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas; SVMA; 2009.

ZORZAL, Fábio M. B. et al. Critérios de Dimensionamento para Coleta e

Disposição Final em Aterro Sanitário – Uma Revisão Bibliográfica. In: 23º

CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Curitiba,

2005.

67

APÊNDICES

Apêndice 1. Formulário utilizado nas Entrevistas sobre Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Formulário sobre Plano de Gerenciamento de Resíduos - Madeira; Para análise de dados em Trabalho de Conclusão de Curso do Graduando em Eng. Civil Danillo Cordeiro dos

Reis - Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Cargo do Entrevistado na Empresa:

Localização da Obra:

Tipo de Obra:

Marque 'X' nas alternativas que correspondem com os dados de sua obra. No caso de escolhida a opção 'outros' nas questões indique o que é aplicado.

1. Sua Obra tem um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção e Demolição (PGRCD)?

Sim

Não

2. Como está sendo armazenado o material (madeira) na Obra?

Estaleiro de Madeira Palete

Diretamente no chão

Outros

3. Como se dá o transporte interno da madeira em sua Obra?

Plataforma Mini-escavadeira Carrinho de mão

Outros

4. Como é a estocagem de madeira no local onde será executado o serviço?

Paletes

Diretamente no chão Outros

68

5. Há muita sobra de material (madeira) em sua Obra? Faça uma estimativa da porcentagem (%) da sobra desse material em relação à quantidade adquirida.

6. Como é o armazenamento das sobras em sua Obra?

Baias

Diretamente no chão Outros

7. A maior parcela da sobra é reutilizada na Obra ou descartada? Em que a madeira é reutilizada?

Reutilizada Descartada

Se reutilizada, com que finalidade?

8. Como é feito o transporte de sua Obra para a Destinação Final? Tem registros em Controle de Transporte de Resíduos (CTR)?

9. Qual a Destinação Final dos Materiais de sua Obra?

Lixão

Aterro Controlado Aterro Sanitário

Outros

10. Mais informações pertinentes ao assunto e que não foram abordadas nas questões anteriores podem ser adicionadas aqui.

Obs.: Os dados fornecidos no formulário são de extremo sigilo; os nomes das empresas ou obras não serão citados, para não haver constrangimento entre os entrevistados e seus locais de trabalho.

69

ANEXOS

Anexo 1. Projeto de Implantação do Condomínio Residencial com 50 prédios de multipavimentos (Obra 1).

70

Anexo 2. Projeto de Implantação do Condomínio Residencial de com 446 casas (Obra 2).

71

Anexo 3. Planta baixa de um apartamento da Obra 1.

72

Anexo 4. Planta baixa de uma casa da Obra 2.