Dados preliminares sobre os custos de produção do Abacate ......terceiro, quarto e quinto anos....

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A produção de abacate em São Gotardo, Minas Gerais, e em Piraju, São Paulo, apre- sentou resultados econômico-financeiros posivos para os produtores, de acordo com o levantamento de custos de pro- dução do Projeto Campo Futuro/2016. O Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa In- terna de Retorno (TIR) nas duas regiões demonstraram resultados favoráveis para invesmento, considerando as condições atuais. Analisando os dados preliminares obdos junto aos produtores rurais, técnicos, sin- dicatos rurais e respecvas Federações de Agricultura e Pecuária dos estados, os sal- dos de caixa médios gerados com a produ- ção foram posivos a parr do quarto ano após a implantação dos pomares, como se observa no Gráfico 1. Devido às caracteríscas da produção de abacate, a produvidade média de cada propriedade pica foi considerada inte- gralmente a parr do sexto ano após a implantação dos pomares. Considerou-se, respecvamente, uma proporção de 25%, 50% e 75% da produvidade integral no terceiro, quarto e quinto anos. Nos anos seguintes, foi manda uma produvidade constante. A análise considerou um período de 25 anos de existência do projeto. No inves- mento, foram avaliados todos os bens de capital de cada propriedade pica, excetu- ando-se a aquisição da terra. O montante total foi fracionado entre os três primeiros anos de projeto, sendo que no primeiro ano os valores de implantação da lavoura foram integrais, e nos demais houve um fracionamento de 50% do restante do in- vesmento para cada um. Nestas condições, o VPL em São Gotar- do (MG) foi de R$ 503.280,48 e a TIR, de 16,81%. Já em Piraju (SP), o VPL foi de R$ 889.231,84 e a TIR de 24,10%. No primei- ro município, os invesmentos em poma- res, tratores, máquinas e implementos são maiores em relação ao segundo, onde as benfeitorias se destacaram. Além disto, a produvidade no município mineiro, que é de 15 toneladas por hectare, foi 13,33% menor em comparação com o município de Piraju o que influencia diretamente as receitas geradas. Em maio deste ano, o preço médio recebido pelos produtores nestas regiões foi de R$ 1.100,00 a R$ 1.440,00, por tonelada, respecvamente. A taxa de desconto ulizada, de 14,15%, se referiu ao equivalente à taxa referen- cial do Sistema Especial de Liquidação e Gráfico 1: Saldos de caixa médios, VPL e TIR da produção de Abacate em São Gotardo/MG e Piraju/SP. Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA-CIM/UFLA Elaboração: CIM/UFLA de Custódia (Selic) observada em maio deste ano, e os saldos de caixa para cada região dizem respeito às médias dos valo- res observados no acompanhamento de custos e preços, realizado pelo Centro de Inteligência em Mercados (CIM) no mes- mo mês. O VPL é a diferença entre a soma do va- lor presente dos saldos de caixa gerados ao longo de um projeto, descontando-se uma determinada taxa de juros e o inves- mento inicial. A TIR demonstra qual é a taxa de remu- neração de um invesmento realizado em um projeto ou negócio. Corresponde à taxa que gera um VPL zero, visto que os valores presentes dos saldos de caixa a futuro se igualam ao invesmento inicial. Dados preliminares sobre os custos de produção do Abacate demonstraram resultados positivos em MG e SP Ano 3 - Edição 6 - Setembro de 2016 -1.800.000,00 -570.000,00 -398.860,59 342.278,83 513.418,24 684.557,66 684.557,66 684.557,66 684.557,66 -600.000,00 -362.400,00 -248.144,96 228.510,08 342.765,12 457.020,16 457.020,16 457.020,16 457.020,16 -2.500.000,00 -2.000.000,00 -1.500.000,00 -1.000.000,00 -500.000,00 - 500.000,00 1.000.000,00 1 2 3 4 5 6 7 ... 24 25 REAIS ANO São Gotardo/MG Piraju/SP VPL: R$ 503.280,48 R$ 889.231,84 TIR: 16,81% 24,10% twitter.com/SistemaCNA facebook.com/canaldoprodutor instagram.com/cna_brasil www.cnabrasil.org.br www.canaldoprodutor.tv.br

Transcript of Dados preliminares sobre os custos de produção do Abacate ......terceiro, quarto e quinto anos....

  • A produção de abacate em São Gotardo, Minas Gerais, e em Piraju, São Paulo, apre-sentou resultados econômico-fi nanceiros positi vos para os produtores, de acordo com o levantamento de custos de pro-dução do Projeto Campo Futuro/2016. O Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa In-terna de Retorno (TIR) nas duas regiões demonstraram resultados favoráveis para investi mento, considerando as condições atuais.

    Analisando os dados preliminares obti dos junto aos produtores rurais, técnicos, sin-dicatos rurais e respecti vas Federações de Agricultura e Pecuária dos estados, os sal-dos de caixa médios gerados com a produ-ção foram positi vos a parti r do quarto ano após a implantação dos pomares, como se observa no Gráfi co 1.

    Devido às característi cas da produção de abacate, a produti vidade média de cada propriedade tí pica foi considerada inte-gralmente a parti r do sexto ano após a implantação dos pomares. Considerou-se, respecti vamente, uma proporção de 25%, 50% e 75% da produti vidade integral no terceiro, quarto e quinto anos. Nos anos seguintes, foi manti da uma produti vidade constante.

    A análise considerou um período de 25 anos de existência do projeto. No investi -mento, foram avaliados todos os bens de capital de cada propriedade tí pica, excetu-ando-se a aquisição da terra. O montante total foi fracionado entre os três primeiros anos de projeto, sendo que no primeiro ano os valores de implantação da lavoura foram integrais, e nos demais houve um fracionamento de 50% do restante do in-vesti mento para cada um.

    Nestas condições, o VPL em São Gotar-do (MG) foi de R$ 503.280,48 e a TIR, de 16,81%. Já em Piraju (SP), o VPL foi de R$ 889.231,84 e a TIR de 24,10%. No primei-ro município, os investi mentos em poma-res, tratores, máquinas e implementos são maiores em relação ao segundo, onde as benfeitorias se destacaram. Além disto, a produti vidade no município mineiro, que é de 15 toneladas por hectare, foi 13,33% menor em comparação com o município de Piraju o que infl uencia diretamente as receitas geradas. Em maio deste ano, o preço médio recebido pelos produtores nestas regiões foi de R$ 1.100,00 a R$ 1.440,00, por tonelada, respecti vamente.

    A taxa de desconto uti lizada, de 14,15%, se referiu ao equivalente à taxa referen-cial do Sistema Especial de Liquidação e

    Gráfi co 1: Saldos de caixa médios, VPL e TIR da produção de Abacate em São Gotardo/MG e Piraju/SP.Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA-CIM/UFLAElaboração: CIM/UFLA

    de Custódia (Selic) observada em maio deste ano, e os saldos de caixa para cada região dizem respeito às médias dos valo-res observados no acompanhamento de custos e preços, realizado pelo Centro de Inteligência em Mercados (CIM) no mes-mo mês.

    O VPL é a diferença entre a soma do va-lor presente dos saldos de caixa gerados ao longo de um projeto, descontando-se uma determinada taxa de juros e o inves-ti mento inicial.

    A TIR demonstra qual é a taxa de remu-neração de um investi mento realizado em um projeto ou negócio. Corresponde à taxa que gera um VPL zero, visto que os valores presentes dos saldos de caixa a futuro se igualam ao investi mento inicial.

    Dados preliminares sobre os custos de produçãodo Abacate demonstraram resultados positivos

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  • 2Ano 3 - Edição 6 - Setembro de 2016

    O momento vivenciado pela citricultura brasileira, em relação à remuneração do produtor, tem apresentado melhorias em comparação às últi mas safras. Em meio à realidade vivenciada pela indústria pau-lista, de menor oferta de suco, as rela-ções comerciais na cadeia agroindustrial tem possibilitado maior equilíbrio entre oferta e demanda. Mesmo com cenário podendo se manter, a médio prazo, as diferentes unidades produti vas no esta-do de São Paulo devem avaliar suas es-tratégias e buscar aumentar sua compe-ti ti vidade, em relação à gestão de riscos e, especialmente, no caso dos custos de produção.

    Os dados preliminares sobre os custos de produção no estado de São Paulo mos-tram que o Custo Operacional Efeti vo (COE), nas cidades de Avaré e de Ibiti nga, municípios relati vamente próximos, fo-ram de R$ 20.719,53 e R$ 13.957,11 por hectare em maio respecti vamente. No primeiro município, a propriedade tí pica (modal) possui 100 hectares com poma-res em produção, e uma produti vidade de 1.428 caixas por hectare. No segundo município, a propriedade tí pica possui 63 hectares e produti vidade de 952 caixas por hectare.

    Apesar dos custos por hectare em Avaré serem 48% superiores aos de Ibiti nga, ao analisar o custo unitário, por caixa de 40,8 quilogramas, observa-se que em Avaré o COE é menor. Em Ibiti nga o COE foi de R$ 14,66 por caixa, segundo os nú-

    O Custo Operacional Efeti vo (COE) da produção de goiaba em Petrolina (PE) foi de R$ 529,73 por tonelada em maio deste ano. Segundo os parti cipantes do painel de levantamento de custos de produção a culti var mais comum na pro-priedade tí pica (modal) é a “Paluma”, com manejo semimecanizado e sistema de culti vo irrigado. Foi considerada uma área com pomares de 3 hectares em pro-

    meros de maio deste ano, enquanto em Avaré foi de R$ 14,51 por caixa.

    Como demonstrado no Gráfi co 2, o es-tande de planti o é o mesmo em ambos municípios, 476 plantas por hectare. Além disto, os dois municípios possuem um sistema de culti vo não irrigado e ti po de produção semimecanizado.

    Os custos por hectare mais elevados em Avaré refl etem principalmente o impac-to da colheita e pós-colheita, indicando maior quanti dade de serviços emprega-dos nesta etapa do processo produti vo que, em parte, está relacionado à maior produti vidade. Esse dado, porém, não

    dução plena, e uma produti vidade média de 40 toneladas por hectare.

    O grupo de custos de pessoal na condu-ção do pomar representa a maior par-cela do COE (22,37%), seguido por Co-lheita e pós-colheita (20,25%). Neste, os gastos com pessoal representam perto de 90%, indicando que os custos com mão de obra representam 41% do COE

    pode ser analisado de forma categórica, pois existem diferenças entre os demais componentes de custos, em menor pro-porção.

    Neste cenário de preços maiores, é evi-dente a maior lucrati vidade de Avaré, devido à economia de escala. Esta é uma situação estratégica. Isso porque na me-dida em que há maior uti lização de mão de obra, dos insumos agrícolas e da me-canização, ou seja, dos recursos necessá-rios à produção, menores são os custos gerados. Assim, com preços de venda maiores, mantendo-se os custos relati va-mente constantes, as margens de lucro também aumentam.

    no município.

    Como observado no Gráfi co 3, os Gas-tos gerais, que incluem materiais di-versos, custos administrati vos e impos-tos, dentre outros itens, representam 17,14% do COE, seguidos pelos custos com água e energia elétrica de irrigação (12,60%), Manutenções (10,77%), Ferti li-zantes (8,91%), Produtos fi tossanitários

    Diferenças de custos nas cidades de Avaré e Ibitinga demonstram impacto da economia de escala nos

    resultados da citricultura em São Paulo

    Mão de obra na produção de goiaba representa41% do COE em Petrolina (PE)

    Gráfi co 2: Área produti va, estande de planti o e produti vidade média da laranja em Avaré/SP e Ibiti nga/SP, em 2016.Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA-CIM/UFLAElaboração: CIM/UFLA

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    (4,30%), Correti vos (2,36%) e Mecaniza-ção (1,30%). Segundo os parti cipantes do painel, não são necessários recursos de terceiros para cobrir o COE no município, não gerando, portanto, juros de custeio.

    Com um preço médio pago ao produtor de R$ 1.086,00 por tonelada em maio, a Margem Bruta (MB = Receita Bruta – COE) no município foi de R$ 556,27 por tonelada. Nesta condição, seria necessá-

    rio vender 19,52 toneladas, 48,80% da produti vidade, para cobrir o COE em um hectare. Para pagar os custos com mão de obra em um hectare, seria necessário vender outras 8 toneladas.

    Pessoas (condução do pomar)22,37%

    Colheita e pós-colheita20,25%

    Gastos gerais17,14%

    Água + Energia de irrigação12,60%

    Manutenções10,77%

    Fertilizantes8,91%

    Produtos Fitossanitários4,30%

    Corretivos2,36%

    Mecanização1,30%

    Juros de custeio0,00%

    Gráfi co 3: Composição média do COE da produção de goiaba em Petrolina/PE, em maio/16.Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA-CIM/UFLAElaboração: CIM/UFLA

    Gráfi co 4: Quanti dade exportada de melão e valor FOB da exportação de 1997 a maio de 2016. Fonte: MDIC.Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA-CIM/UFLAElaboração: CIM/UFLA

    De acordo com o Ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a quanti dade exportada de melão nos primeiros cinco meses de 2016 foi de aproximadamente 53.715 toneladas, representando 98,5% do total exportado no mesmo período de 2015.

    A quanti dade exportada em 2016 deve-rá superar a do ano passado de manei-ra expressiva, em função da colheita no segundo semestre. Além disto, a norma que possibilitará ao Brasil exportar melão e outras frutas para o Japão foi atualiza-da, e está prevista para entrar em vigor em novembro próximo. Segundo o Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa), a China também poderá liberar as importações de melão brasilei-ro. Agentes do órgão de defesa agrope-cuária daquele país já visitaram a região Nordeste, onde avaliaram e conheceram o sistema de culti vo e os controles fi tos-sanitários prati cados nas principais regi-ões produtoras.

    O valor médio de exportação (Free on

    board - FOB) para o quilograma de me-lão, segundo o MDIC, está em US$ 0,62 até o momento, valor 3,32% menor que a média do valor de exportação de 2015, e o menor valor unitário dos últi mos cinco

    anos. Entretanto, em função da taxa de câmbio, que em média foi de R$ 3,761 por US$ 1,00 de janeiro a maio deste ano, o valor de exportação está em R$ 2,34 por quilograma, o maior do período.

    Preço de exportação do melão, em Real, no primeiro semestre, foi o mais alto dos últimos cinco anos

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    Boletim Ativos da Fruticultura é um boletim trimestral elaborado pela Superintendência Técnica da Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)e Centro de Inteligência em Mercados (CIM/UFLA)

    SGAN - Quadra 601 - Módulo KCEP: 70.830-021 Brasília/DF

    (61) 2109-1419 [email protected]

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