DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela...

104
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS CIÊNCIAS DO AMBIENTE SÔNIA RAYMUNDA LAVAGNOLI DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ÁGUA SUJA - TOCANTINS. PALMAS - TO FEVEREIRO/2007

Transcript of DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela...

Page 1: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS

CIÊNCIAS DO AMBIENTE

SÔNIA RAYMUNDA LAVAGNOLI

DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO SUBSÍDIO AO

ORDENAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL DA SUB-BACIA DO

RIBEIRÃO ÁGUA SUJA - TOCANTINS.

PALMAS - TO

FEVEREIRO/2007

Page 2: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

2

SÔNIA RAYMUNDA LAVAGNOLI

DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO SUBSÍDIO AO

ORDENAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL DA SUB-BACIA DO

RIBEIRÃO ÁGUA SUJA - TOCANTINS.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins para a obtenção do Título de Mestre em Ciências do Ambiente.

Orientador: Dr. José Ramiro Lamadrid Marón

Área de Concentração: Conservação da Biodiversidade

PALMAS - TO

FEVEREIRO/2007

Page 4: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

3

Título da Dissertação: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO

SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL DA SUB-

BACIA DO RIBEIRÃO ÁGUA SUJA - TOCANTINS.

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de

Mestrado, em sessão pública realizada a _____/ _____/ _____ considerou o candidato (a):

( ) Aprovado (a) ( ) Reprovado (a)

a) Examinador (a):

Dra. Elizabeth Rodrigues Brito

b) Examinador (a):

Dra. Adriana Malvasio

c) Presidente:

Dr. José Ramiro Lamadrid Marón

Page 5: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

4

DEDICATÓRIA

A minha filha Lorena pelo incentivo e paciência nas horas de desânimo.

Aos meus filhos Leonardo e Sabino bençãos de Deus para mim.

Aos meus pais que apesar da distância física estavam sempre presentes.

Page 6: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria possível.

Ao meu orientador Dr. José Ramiro Lamadrid Marón pela oportunidade e confiança.

Ao Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS), na pessoa do Exmo. Presidente

João Josué Batista Neto, pelo apoio.

Aos Colegas da Coordenadoria de Geoprocessamento, principalmente ao Carlos

Sérgio e, ao André pelo apoio no campo e ajuda na elaboração dos mapas.

Ao amigo Marco Aurélio pelo apoio incondicional nos momentos em que mais

precisei.

Ao Sued Coordenador da Unidade Regional do NATURATINS em Palmas pelo apoio

logístico quando das minhas idas ao campo.

A todas as pessoas que colaboraram direta e indiretamente na conclusão desta etapa da

minha vida.

A Universidade Federal do Tocantins em especial ao corpo docente pela oportunidade

e infra-estrutura no desenvolvimento da pesquisa.

LAVAGNOLI, Sônia Raymunda. Dados da Vulnerabilidade da Paisagem como Subsídio ao Ordenamento e Monitoramento Ambiental da Sub-Bacia do Ribeirão Água Suja -

Page 7: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

6

Tocantins. 2007. 94 p. Dissertação de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2007.

RESUMO

A sub-bacia do ribeirão Água Suja, localizada na bacia hidrográfica do rio Tocantins, tem sido explorada ambientalmente de forma desordenada. Essa realidade tem provocado a degradação dos recursos naturais, que refletem na qualidade de vida dos habitantes e a toda biodiversidade. Utilizando dados de Sensoriamento Remoto (imagens TM/Landsat) e técnicas de Geoprocessamento, esta pesquisa vem contribuir para a Gestão Territorial da sub-bacia, através do desenvolvimento dos seguintes procedimentos operacionais: análise das modificações ocorridas na cobertura vegetal e sua integração com os diferentes componentes do meio físico (Geologia, Geomorfologia, Pedologia e Clima). A partir da metodologia do Zoneamento Ecológico Econômico foi possível apresentar um mapa com classes de vulnerabilidade à perda de solo para compreensão dos processos de transformação da paisagem. Houve a indicação e localização das áreas de vegetação nativa antropizadas no período de 1996 a 2002. Essas informações corroboram para o ordenamento e monitoramento ambiental da área de estudo, com ênfase àquelas que necessitam ser preservadas, recuperadas e manejadas. As mudanças no uso da terra ao longo do período demonstraram que a sub-bacia do ribeirão Água Suja tornou-se mais vulnerável.

Palavras-chave: sensoriamento remoto, geoprocessamento, zoneamento ecológico econômico, gestão territorial , bacia hidrográfica.

LAVAGNOLI, Sônia Raymunda. Vulnerable Landscape Data as Aid for Enviromental ordering and monitoring of the Sub-Basin Stream Água Suja - Tocantins. 2007. 94 p. Dissertation of Post Graduation in Environmental Science Tocantins Federal University, 2007, Palmas.

Page 8: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

7

ABSTRACT

The Sub-Basin Stream Água Suja which is located in the hydrographical basin of the Tocantins River has been explored in a disorderly manner and this fact has provoked the degradation of natural resources which is reflected in the quality of life of its inhabitants and its entire biodiversity. Making of use of Data from Remote Sensory (TM/Landsat images) and Geoprocessing Techniques this research has contributed in Territorial Administration of the Sub-Basin, through the development of the following operational procedures: analysis of the modifications that occurred in the landscape covering and its integration with the different components of physical means (Geology, Geomorphology, Pedology and Climate). It was from the methodology of Economical Ecology Zoning it was possible to present a map with various classes of vulnerability to soil loss in order to understand the process of landscape transformation there was an indication and localization of the areas of native vegetation anthropization during the period 1996 to 2002. This information corroborates for the ordering and environmental monitoring of the study area with emphasis in relation to the areas which needed to be preserved, recovered and managed. The changes of the use of the earth throughout the period have demonstrated that the Sub-Basin Stream Água Suja has become more vulnerable. Key words: remote sensing, geoprocessing, economical ecological zoning, territorial administration, hydrographical basin.

Page 9: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

8

ILUSTRAÇÕES.

PG

Figura 3.1 – Localização da Área de Estudo 23

Figura 3.2 – Sub-bacia do Ribeirão Água Suja 25

Figura 3.3 - Empreendimentos minerários cadastrados no DNPM localizados na área da sub-bacia do ribeirão Água Suja

35

Figura 4.1 - Fluxograma da metodologia para a elaboração da carta de vulnerabilidade à perda de solo

42

Figura 4.2 - Modelo esquemático do cálculo de vulnerabilidade à perda de solo de cada unidade de paisagem

47

Figura 4.3 - Padrão de resposta espectral dos principais alvos da superfície terrestre

50

Figura 5.1 - Mapa das Unidades Territoriais Básicas 76

Figura 5.2 - Mapa de Geologia 78

Figura 5.3 - Mapa de Geomorfologia 80

Figura 5.4 - Mapa de Pedologia 82

Figura 5.5 - Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Classificação 1.250:000 85

Figura 5.6 -Mapa de vulnerabilidade das unidades de paisagem à perda de solo da

sub bacia do Ribeirão Água Suja

88

Figura 5.7 - Distribuição da vulnerabilidade/estabilidade na sub-bacia do Ribeirão Água Suja

91

Figura 5.8 - Polígonos de Ação Antrópica Anos 1996 a 2002. 93

Page 10: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

9

TABELAS

PG

Tabela 4.1 - Valores Atribuídos às Unidades Estáveis, Instáveis e Intermediárias 46

Tabela 4.2 - Características Avaliadas para Medir a Estabilidade/Instabilidade das UTBS

46

Tabela 4.3 - Representação da vulnerabilidade e/ou estabilidade das UTBs 48

Tabela 4.4 - Distribuição sazonal da precipitação média mensal e total anual em mm, período 1961/1990

57

Tabela 4.5 - Posto Pluviométrico na região da sub-bacia 58

Tabela 4.6 – Coordenadas dos pontos visitados 59

Tabela 4.7 – Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns 61

Tabela 4.8 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para amplitude altimétrica 63

Tabela 4.9 – Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas 63

Tabela 4.10 - Valores de vulnerabilidade para a dissecação do relevo 63

Tabela 4.11 - Valores de vulnerabilidade atribuídos aos principais tipos de solos 66

Tabela 4.12 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura vegetal e uso da terra

68

Tabela 4.13 - Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de solo

69

Tabela 5.1 - Padrões de cobertura vegetal e uso da terra observados no campo na

composição 5R4G3B das imagens dos satélites Landsat 2002 e Cbers

2006

71

Tabela 5.2 - Valores de vulnerabilidade à geologia 79

Tabela 5.3: Valores de vulnerabilidade à geomorfologia 81

Tabela 5.4 -Valores de vulnerabilidade à pedologia 83

Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86

Tabela 5.6 - Valores de vulnerabilidade à cobertura vegetal e uso da terra 87

Tabela 5.7 - Valores de vulnerabilidade por tema com respectivos percentuais 89

Tabela 5.8 - Situação das unidades de paisagem quanto à estabilidade 60

Page 11: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

10

SUMÁRIO

PG

ILUSTRAÇÕES 08

TABELAS 09

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

2.1 - Métodos de Análise da Paisagem; 19

CAPÍTULO 3 - ÁREA DE ESTUDO 23

3.1 - Localização da Área de Estudo 23

3.2.-.A Influência da UHE Luís Eduardo Magalhães no processo erosivo da Área de Estudo

26

3.3 - Aspectos Fisiográficos 26

3.3.1 - Geologia no Contexto Estadual 27

3.3.1.1 - Geologia no Contexto Local 27

3.3.2 - Geomorfologia no Contexto Estadual 28

3.3.2.1 - Geomorfologia no Contexto Local 29

3.3.3 - Pedologia no Contexto Estadual 29

3.3.3.1 - Pedologia no Contexto Local 30

3.3.4 - Cobertura Vegetal no Contexto Estadual 31

3.3.4.1 - Cobertura Vegetal no Contexto Local 32

3.3.5 - Uso da terra no Contexto Estadual 32

3.3.5.1 - Uso da terra no Contexto Local 34

3.3.6 - Clima no Contexto Estadual 36

3.3.6.1 - Clima no Contexto Estadual Local 37

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA 39

4.1. - Fundamentos Teóricos 39

4.1.1. - Geração da Carta de Vulnerabilidade à perda de solo 39

4.1.1.2. - Desenvolvimento da Metodologia 42

4.1.1.3. - Definição das unidades Territoriais Básicas (UTB) 43

4.1.1.4. - Elaboração do Mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTB) 43

4.1.1.5. - Análise das Unidades de Paisagem Natural (UPN) 43

4.1.1.6. - Polígonos de Intervenção Antrópica (PIA) 44

4.1.1.7. - Associação do Mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTBs) aos Dados Temáticos

44

4.1.1.8. - Avaliação da Vulnerabilidade à perda de solo de cada tema dentro das 46

Page 12: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

11

UTBs 4.1.2. - Considerações Teórico-Metodológicas da Pesquisa 49

4.1.2.1. - Sensoriamento Remoto 49

4.1.2.2. - Processamento Digital de Imagem 53

4.1.2.3. - Classificação de Imagens Digitais 53

4.1.2.4. - Geoprocessamento e Sistema de Informação Geográfica (SIG) 54

4.2 - Seleção de Materiais 55

4.2.1. - Materiais Empregados 55

4.2.1.1 - Dados Orbitais 55

4.2.1.2 - Dados Temáticos 56

4.2.1.3 - Material Cartográfico 56

4.2.1.4 - Dados Climáticos 56

4.2.2 - Definição dos Equipamentos e Aplicativos 57

4.2.3 - Manipulação e análise dos dados 57

4.2.3.1 - Arquivos Temáticos 57

4.2.3.2 - Dados Pluviométricos 58

4.2.3.2.1 - Identificação e Coleta dos Dados Disponíveis 58

4.2.3.3 - Etapa de campo 59

4.2.4 - Análise Ecodinâmica 59

4.2.4.1 - Geologia 60

4.2.4.2 - Geomorfologia 61

4.2.4.3 - Solos 63

4.2.4.4 - Cobertura vegetal e uso da terra 66

4.2.4.5 - Clima 68

CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 70

5.1 - Interpretação das Imagens 70

5.1.1 - Coleta de Dados em Trabalho de Campo 70

5.1.2 - Delimitação das UTBs 75

5.2 - Análise da Vulnerabilidade da Área de Estudo 77

5.2.1 - Definição dos Valores de Vulnerabilidade/Estabilidade para Cada Tema 77

5.2.1.1 - Geologia (Ge) 77

5.2.1.2 - Geomorfologia (G) 79

5.2.1.3 - Pedologia (P) 81

5.2.1.4 - Cobertura Vegetal e Uso da terra (F) 84

Page 13: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

12

5.2.1.4.1 - Cobertura Vegetal 85

5.2.1.4.2 - Uso da Terra 85

5.3 - Integração dos Dados Gerados 87

5.3.1 - Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo 87

5.3.2 - Análise dos Dados Gerados 88

5.3.2.1. - Caracterização da Ação Antrópica entre 1996 e 2002 92

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 96

Page 14: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

13

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO As recentes políticas ambientais como, por exemplo, a publicação da RESOLUÇÃO

CONAMA Nº 303, de 20 de março de 2002 que dispõe sobre parâmetros, definições e limites

de áreas de Preservação Permanente; que considera que as Áreas de Preservação Permanente

e outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante

interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras

gerações; reforçam uma preocupação em desenvolver novas teorias organizacionais que se

adaptem produtivamente às estruturas sociais já existentes e às novas feições do meio

ambiente, com o intuito de garantir a estabilidade e a sustentabilidade ecológica do território

ocupado, das unidades sociais constituintes e das futuras. Concepção defendida como vínculo

da consolidação entre qualidade ambiental, qualidade de vida e qualidade de vida futura,

compreendida pelo termo desenvolvimento sustentável.

A diversidade de ecossistemas e o uso da terra com atividades diferenciadas, fazem do

Estado do Tocantins um espaço geográfico dinâmico e complexo, com eventos de ocupação

mais intensa, registrados desde o século XVIII.

A população que habita a região norte do Brasil é conseqüência da existência passada

e ainda presente de grandes vetores de ocupação, destacando-se: (i) projetos de colonização

promovidos pelos governos estadual e federal; (ii) a política de regularização fundiária; (iii) o

surgimento da rodovia Belém-Brasília, principal vetor de ocupação do território tocantinense;

(iv) a implantação de um amplo programa de infra-estrutura estadual para integração das

diversas regiões do Estado; (v) a inserção de produtores rurais em programas de crédito

especial para a Amazônia Legal e (vi) a utilização do Cerrado, uma nova fronteira agrícola,

para o desenvolvimento da agricultura de grãos e pecuária. Tudo isso tem propiciado

constantes migrações à procura de áreas mais promissoras ao desenvolvimento da agricultura.

Essa ocupação, muitas vezes desordenada, vem degradando o ambiente (Senografia; Curitiba,

2004).

Desmembrado do Estado de Goiás, em 1988, o Tocantins vem sendo construído

tentando desenvolver ações que visam associar o desenvolvimento da atividade produtora à

conservação dos recursos naturais diversificados e abundantes, podendo usar como exemplo,

sua disponibilidade de água, como fator de desenvolvimento econômico e social,

potencializando a agricultura irrigada.

Page 15: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

14

Entretanto, a necessidade de instalação de projetos de irrigação, não deve estar apenas

condicionada a economicidade da exploração agrícola pela promoção de altas produtividades

por área, mas também serem originados de uma necessidade social, ecológica, e mesmo de

estratégias governamentais ou, ainda representar uma associação desses interesses. Portanto, a

viabilidade de uma agricultura irrigada, além de seus efeitos diretos na produção agrícola,

deve considerar os retornos sociais, ecológicos e econômicos de uma determinada região.

Sob o ponto de vista agrícola o clima, aliado aos tipos de litologia, relevo, solo e

cobertura vegetal, provoca um processo natural de perda de solo que tem sido acelerado

devido à ocupação humana em áreas consideradas vulneráveis. Incrementada pela

antropização, a perda de solo é um fator relevante na causa da queda da produtividade

agrícola e, para evitar ou minimizar os efeitos do desgaste do solo, torna-se necessário

estabelecer planos de ocupação. Faz-se necessário também, além de definir os tipos de

utilização recomendáveis para determinadas áreas, o desenvolvimento de medidas para a

racionalização do espaço que procurem preservar ambientes mais suscetíveis à degradação.

Os zoneamentos ecológico-econômicos seriam, neste caso, as ferramentas necessárias para

este tipo de estudo.

No âmbito da Constituição Federal de 1988 o embasamento para planos de

ordenamento territorial e de ZEE, a nível nacional e estadual, pode ser encontrado: - no artigo

21, que estabelece a competência da União para elaborar e executar planos nacionais e

regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; - no artigo 23,

que estabelece a competência comum da União, dos Estados e do Distrito Federal e

Municípios a fim de promover a proteção do meio ambiente, o combate à poluição, a

preservação das florestas, da fauna e da flora e a organização do abastecimento alimentar; - e

no artigo 225, que afirma que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida para as

espécies, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações”.

Considerando a importância estratégica dessa ferramenta para o desenvolvimento do

país, em particular da Amazônia Legal, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência

da República (SAE-PR), em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(INPE), procurou desenvolver uma metodologia para o Zoneamento Ecológico Econômico

(ZEE) desta região, como instrumento de planejamento e ordenamento territorial.

Crepani et al. (1996), baseados no conceito de Ecodinâmica de Tricart (1977) e

analisando o meio físico e biótico, desenvolveram uma metodologia para a geração de cartas

Page 16: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

15

que dividem uma região em classes de maior ou menor vulnerabilidade aos processos de

perda de solo utilizando para isso dados de Geologia, Geomorfologia, Pedologia,

Fitogeografia e Clima. Becker e Egler (1997) procuraram detalhar os procedimentos para a

análise do meio socioeconômico avaliando os potenciais natural, humano, produtivo e

institucional que, em conjunto com a carta de vulnerabilidade à perda de solo, fornecem

informações necessárias para subsidiar a gestão do território.

Meirelles (1997), a fim de se investigar o método que combina as técnicas de Sistema

de Informações Geográficas (SIG) com a abordagem integrada do ambiente para fins de

zoneamento, utilizou como estudo de caso a Bacia Hidrográfica da Baia de Sepetiba, no Rio

de Janeiro. Esta foi a primeira das cinco regiões que foram consideradas no Zoneamento

Ecológico-Econômico do Estado do Rio de Janeiro. Através da abordagem desenvolvida neste

estudo de caso, foi verificada uma importante contribuição para o desenvolvimento de uma

metodologia para elaboração de Zoneamento Ecológico-Econômico.

As bacias hidrográficas, para as políticas de ordenamento regional, se justificam como

unidade de planejamento por compreender um grande ecossistema agro-pastoril, onde se

verificam vários processos de transformações que os elementos naturais e sociais possam

sofrer.

ROCHA (1991) designa que o manejo de bacias hidrográficas visa a recuperar a bacia,

regularizando o seu fluxo de água, aumentando o escoamento subterrâneo e diminuindo ao

máximo o escoamento superficial, diminuindo os processos erosivos e, por conseguinte, o

assoreamento do rio e afluentes, fornecendo água de boa qualidade e em abundância para

irrigação, principalmente na época da estiagem. O manejo adequado de uma bacia, visando

recuperá-la, somente é possível através de um correto planejamento, alicerçado no respeito à

capacidade de uso dos solos que a compõem.

A política de planejamento regional vem impondo a necessidade de um

conhecimento mais profundo sobre as questões inerentes às bacias hidrográficas. A Lei 9.433

de 08 de janeiro de 1997 que tem como princípio a adoção desses ecossistemas como unidade

territorial para implementação da Política dos Recursos Hídricos, considera que a gestão

desses recursos deve envolver os sistemas de dimensões ambientais e sócio-cultural.

Os inventários ambientais específicos quanto aos comportamentos hidrológicos,

propensão à erosão, à seca, à inundação, à poluição, à sedimentação, dentre outros, em

conjunto, vêm constituir base para um inventário global de uma determinada região. Estes

procedimentos (inventários) tornam-se um hábil instrumento de aperfeiçoamento à integração

Page 17: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

16

dos meios técnico-científicos ao uso racional dos recursos naturais da região, para que não se

distancie mais ainda a prática humana do progresso sócio-cultural (MOTTA, 1994).

O conhecimento da potencialidade à erosão em unidades paisagísticas1, representa

importante aspecto a ser levantado nos estudos subsidiais ao ordenamento regional. Os

diferentes estados de vulnerabilidade quanto à perda de solo, pode vir a indicar um fator de

limitação, principalmente da capacidade produtiva dos solos, cuja conseqüência do mau uso

das terras rurais vem causando perdas significativas de camadas superficiais do solo mais

ricas em matéria orgânica e nutriente, diminuindo a fertilidade destes e, consequentemente,

desencadeando outras situações problemáticas como aumento das ocorrências de enxurradas e

inundações, deslizamentos de encostas, assoreamento dos rios, poluição das águas,

racionamento de água nas áreas urbanas, redução das áreas disponíveis à agricultura, entre

outros.

Portanto, a concepção de planejamento ambiental é compatível com o que preconiza o

desenvolvimento sustentável, onde o conhecimento do grau da vulnerabilidade das unidades

de paisagem à perda de solos de uma região, principalmente rural, torna-se um dos principais

elementos subsidiais para gestão territorial, por fornecer auxílio à implantação de atividades

que não venham provocar adversidade e afetar tanto sua estabilidade ecológica quanto a

sócio-econômica.

Esta pesquisa está contribuindo, através da criação de modelos de padrões de

vulnerabilidade da paisagem da sub-bacia do Ribeirão Água Suja, para o Projeto Pró-Lago

desenvolvido pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e do curso de mestrado em

Ciências do Ambiente, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), juntamente com outros trabalhos já apresentados, como por

exemplo, a dissertação: "Dinâmica da Paisagem na sub-bacia do ribeirão Taquaruçu Grande

no município de Palmas-TO", (Souza, 2006).

De modo a aplicar a metodologia desenvolvida por Crepani et al (1996, 2001) para

analisar as condições ambientais da sub-bacia do ribeirão Água Suja, que possui uma

superfície aproximada de 1.114 Km², com perímetro de aproximadamente 161 Km,

abrangendo parte dos municípios de Porto Nacional e Monte do Carmo, foi proposto este

estudo. Para otimizar o procedimento de análise, o objetivo geral desse trabalho foi para a

1 Áreas nas quais se conferem determinado significado estético, científico, cultural, social. Podem ser tratadas como unidades autônomas, apesar de não serem estáticas, constituem uma espécie de funcionalidade (possuírem determinadas finalidades).

Page 18: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

17

geração da carta de vulnerabilidade à perda de solo, na escala 1:250.000, com o auxílio de

técnicas do geoprocessamento e mapeamentos temáticos, visando a gestão territorial da sub-

bacia do ribeirão Água Suja.

Para a execução deste objetivo geral, os objetivos específicos foram os seguintes:

♦ Gerar mapas temáticos capazes de caracterizar os componentes do meio físico

(Geologia, Geomorfologia, Solo, Clima e Cobertura Vegetal e Uso da Terra),

importantes para avaliação da vulnerabilidade à perda de solo de cada unidade de

paisagem caracterizada;

♦ Caracterização da área com relação à vulnerabilidade à perda de solo através da

manipulação das informações reunidas;

♦ Gerar dados para serem utilizados como ferramenta (subsídios) para política de

gestão territorial da sub-bacia do ribeirão Água Suja.

Para facilitar a análise, este trabalho foi dividido em seis capítulos. O Capítulo 1 faz

uma introdução do trabalho, apresentando as questões sociais, ambientais e a técnica de

abordagem utilizada para alcançar os objetivos; o Capítulo 2 traz uma revisão bibliográfica e

fundamentos teóricos que procura esclarecer alguns conceitos sobre os métodos de análise

da paisagem, a metodologia utilizada para a geração da carta de vulnerabilidade à perda de

solo e as técnicas de sensoriamento remoto e processamento de imagens digitais, incluindo

noções gerais sobre sistemas de informação geográfica; o Capítulo 3 caracteriza a área de

estudo em um contexto estadual e local, apontando os principais aspectos do ambiente; o

Capítulo 4 apresenta a metodologia que descreve o processo de aquisição de materiais, a

manipulação e análise dos mapas, necessárias para a avaliação ecodinâmica e geração do

produto final; o Capítulo 5 enumera os resultados apresenta as discussões dos diferentes

produtos gerados; e o Capítulo 6 avalia o produto e conclui com base nos objetivos, a

aplicabilidade da metodologia utilizada em região da área da sub-bacia do Ribeirão Água

Suja, sugerindo algumas modificações para futuras pesquisas relacionadas ao tema.

Page 19: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

18

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As mudanças ambientais por fatores naturais e antrópicos têm despertado um grande

interesse em pesquisadores para desenvolver métodos simples e precisos de avaliação,

planejamento e conservação dos recursos naturais, de forma que este planejamento ambiental

esteja ligado ao desenvolvimento sustentável da área, almejando assim, a melhoria da

qualidade de vida presente e futura, através do respeito às limitações dos ecossistemas. A

partir da década de 80, os geomorfólogos juntamente com os planejadores, passaram a

demonstrar a relevância do planejamento ambiental para a conservação e preservação do meio

ambiente (Guerra e Cunha, 2000).

O avanço de novas tecnologias que manipulam informações espacializadas deu origem

a um novo termo conhecido como geotecnologia. Considera-se como geotecnologia o

conjunto de ferramentas e materiais utilizados no auxílio de análises de informações

espaciais, englobando o uso de imagens de satélites, Sistemas de Posicionamento Global –

GPS e Sistemas de Informações Geográficas - SIG, entre outros. A geotecnologia há muito

tempo extrapola o campo científico e vem sendo aplicada cada vez mais em diversas áreas do

conhecimento e está presente em um grande número de situações no cotidiano das pessoas.

Atualmente, tais ferramentas também se constituem em poderosos instrumentos que

subsidiam as tomadas de decisão para o gerenciamento de análises ambientais (Senografia,

2004).

O sensoriamento remoto e suas análises em sistemas de informação geográfica, através

do desenvolvimento de seus produtos, fornecem subsídios para o estudo de diferentes

ambientes (Semi-árido, Amazônia, Mata Atlântica, por exemplo). Evidenciada basicamente

pelo comportamento da vegetação e a utilização do solo, a compreensão dos processos que

atuam para a formação das paisagens dentro desses ambientes, necessita desses produtos e

análises para uma avaliação mais precisa. Neste capítulo será apresentado métodos de análise

da paisagem, o método a que se propõe este estudo, as técnicas de sensoriamento remoto,

processamento digital de imagens e SIG’s aplicados no trabalho.

Page 20: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

19

2.1 - Métodos de Análise da Paisagem

Entende-se por paisagem como um espaço do território que difere de outro próximo,

partindo de uma idéia geral, cuja definição pode ser complementada por estudos que se

aprofundam no tema.

Segundo Guerra et. al. (1999) pesquisadores acreditam que é possível reconhecer e

estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos

que atuam em sua esculturação, através da bacia hidrográfica como unidade natural de análise

da superfície terrestre.

Para Rodriguez et al (2004) a "análise da paisagem" é o conjunto de métodos e

procedimentos técnico-analíticos que permitem conhecer e explicar a estrutura da paisagem,

estudar suas propriedades, índices e parâmetros sobre a dinâmica, a história do

desenvolvimento, os estados, os processos de formação e transformação da paisagem e a

pesquisa das paisagens naturais, como sistemas manejáveis e administráveis.

Enfocando os aspectos integrados dos elementos naturais da paisagem, em detrimento

dos aspectos da dinâmica biológica dos ecossistemas, em 1962, o russo Sotchava propôs o

conceito de geossistema, que estabelece uma tipologia aplicável aos fenômenos geográficos.

Introduzida na França por Bertrand (1968), apud Christofoletti (1999), a concepção de

geossistema enquadra-se no contexto de abordagem holística para o estudo de sistemas

ambientais. Em sua forma ou no uso, decorre que o termo paisagem pode ser entendido como

uma porção de terra heterogênea, que abrange um grupo de ecossistemas ou unidades

homogêneas que se repetem e interagem.

Naveh e Lieberman (1983) envolvem em seus conceitos a ecologia da paisagem,

tornando-a uma combinação entre a análise "horizontal" do geógrafo que examina as inter-

relações espaciais de fenômenos naturais com a pesquisa "vertical" dos ecólogos que estuda a

inter-relação funcional em um determinado local. Neste caso, busca-se o estudo dos

componentes da paisagem (Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Vegetação e Clima) em um

espaço geográfico.

A ecologia da paisagem pode ser considerada como um sistema que descreve a

hierarquia de organismos e sociedade para a Terra como um sistema total (Zonneveld, 1989).

Pires Neto (1995) acredita que o ambiente pode ser investigado de duas formas: as

abordagens geológico-geotécnica e a de paisagem. A abordagem geológico-geotécnica está

relacionada à elaboração de cartas geotécnicas que visam à avaliação de obras de engenharia

civil e planejamento urbano. Nesta abordagem, somente as características geológicas e os

dados do meio físico (geologia e relevo, por exemplo) são considerados. Surge, então, a

Page 21: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

20

necessidade de se utilizar outra forma para avaliar o ambiente que considere não só o meio

físico, mas o ambiente de uma forma integrada. Para estes casos, Pires Neto (1995)

recomenda a abordagem de paisagem. As pesquisas que utilizam esta abordagem, também

conhecida como conceito de terreno, necessitam de uma equipe multidisciplinar para explicar

as interações entre os componentes do meio físico e biótico.

Mabbutt (1968) distingue três sistemas de classificação de terreno: genético,

paramétrico e de paisagem. O sistema genético é baseado na morfogênese e características

genéticas do terreno; o paramétrico procura classificar cada um dos elementos do terreno para

se ter uma visão sintética da paisagem; e o de paisagem envolve múltiplos aspectos,

classificando o terreno pelas diferenças de padrões dos componentes considerados,

visualizados através do arranjo espacial.

Florenzano (1986) apresenta uma revisão sobre os mapeamentos integrados mais

encontrados. Menciona um mapeamento pioneiro na adoção de uma metodologia própria para

a abordagem de paisagem, também conhecido como "land system approach", desenvolvido na

Austrália com o objetivo de mapear extensas áreas para fins de planejamento agropecuário,

utilizado pela CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization) que,

também, possui uma versão mais elaborada, onde há uma divisão da paisagem em escala

crescente de dimensão, dividida em três níveis hierárquicos: "site", "land unit" e "land

system".

De acordo com Gerrard (1981) o mapeamento de "land systems" é baseado no

princípio de que os padrões de relevo, solo e vegetação são muito relacionados e que um pode

ser utilizado para explicar ou prever os outros. O CSIRO dispõe de produtos de sensoriamento

remoto para delimitá-lo (fotografias aéreas e/ou imagens orbitais) e para a delimitação de

unidades de paisagem. Cada unidade reflete a interação entre seus diferentes componentes

(geologia, relevo, solo, vegetação, uso do solo) e apresenta a descrição de suas características.

Os produtos gerados neste tipo de mapeamento variam em escala e pode chegar até a

1:1.000.000.

No entanto, o método do CSIRO faz apenas uma descrição das unidades delimitadas.

Por sua vez, Tricart (1977) já avalia o caráter dinâmico das unidades de paisagem e as

interações entre os diferentes componentes utilizados no trabalho, consideradas uma

abordagem de paisagem com caráter sistêmico, também utilizado por Zonneveld (1989).

Existem estudos que procuram métodos de se avaliar a paisagem integradamente e,

dentre os que utilizam produtos de sensoriamento remoto e técnicas de SIGs para se avaliar a

Page 22: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

21

vulnerabilidade da paisagem à perda de solo, foram selecionados alguns trabalhos, já que o

objetivo não será o de esgotar o assunto, sendo este bastante amplo.

Barbosa (1997) implementou no Sistema de Processamento de Informações

Georreferenciadas – SPRING (INPE, 1996) um módulo de operações zonais para calcular o

valor de vulnerabilidade à perda de solo das unidades territoriais básicas. Como experimento,

o autor utilizou a metodologia de Crepani et. al., (1996, 2001) encontrando resultados

satisfatórios quando comparado com o processo de cálculo manual.

Oliveira et al.(1988) procuraram delimitar unidades de paisagem para estudos de

avaliação do potencial geoambiental que, além das informações temáticas sobre a área, foram

extraídos dados específicos de solos e clima. Adotando uma análise de grupamentos e

medidas de semelhança a área foi caracterizada seguindo uma classificação baseada em

províncias, seção, sub-seção e geotipos onde, cada um destes últimos (classe definida para o

mapeamento) foi individualmente descrito e alertado quanto às recomendações para uso

agrícola.

Marcomin (2002), em seus estudos para realizar a análise ambiental da bacia

hidrográfica do Rio Pinheiros (SC), baseou-se na caracterização e diagnóstico dos elementos

da paisagem (altitude, declividade, tipos de solos, tipos de uso e ocupação de solo e malha

viária) e da perda de solo por erosão laminar, estimando a perda de solo com base na Equação

Universal de Perda de Solo. Concluindo, ressaltou a necessidade de ser considerado na área, a

vocação agrícola dos solos, a necessidade e importância de redução do uso de disco, do

incentivo ao plantio direto e cultivo mínimo, do aumento de barreiras naturais como cercas

viva, da manutenção da cobertura vegetal e da proteção dos corpos d'água a fim de promover

a sustentabilidade.

Para Crepani et al. (2001) as unidades de paisagem, enquanto unidades territoriais

básicas passíveis de georreferenciamento contêm uma porção do terreno em que se inscreve

uma combinação de eventos e interações, visíveis e invisíveis, cujo resultado é registrado e

pode ser visto na forma de imagem fotográfica de um determinado momento, representando

um elo entre a Geografia e a Ecologia.

A análise das unidades de paisagem é importante porque a atuação do homem sobre o

meio ambiente, sem o prévio conhecimento do equilíbrio dinâmico existente entre os diversos

componentes que permitiram a “construção” da paisagem, pode levar à situações desastrosas

do ponto de vista ecológico e econômico. A maioria dos ambientes naturais mostra-se em

equilíbrio dinâmico até ser submetida à exploração dos seus recursos naturais.

Page 23: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

22

Ross (1994, 1995) ressalta que a extração dos recursos naturais feita

desordenadamente, sem atentar à potencialidade e fragilidade dos ambientes dos quais são

extraídos, conduz à instalação de processos degenerativos resultantes da quebra de

mecanismos de funcionamento e interdependência entre os componentes físico-bióticos.

Mecanismos esses que exigem um equilíbrio entre o ritmo ditado pelo desenvolvimento e o

ritmo suportável pela natureza.

Durante a execução deste trabalho, seguindo o embasamento teórico, foi utilizada a

abordagem de paisagem de uma forma sistêmica (Tricart, 1977), semelhante aos estudos de

Zonneveld (1989) que pode ser confirmada a partir da aplicação da metodologia para a

geração da carta de vulnerabilidade (Crepani et al., 1996 e 2001).

Page 24: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

23

CAPÍTULO 3

ÁREA DE ESTUDO

3.1 - Localização da Área de Estudo

O estado do Tocantins abrange, aproximadamente, dois terços da área da bacia

hidrográfica do rio Tocantins e um terço do rio Araguaia. Considera-se o estado do Tocantins

como um dos mais ricos do Brasil em disponibilidade de água.

A sub-bacia do ribeirão Água Suja, situa-se à margem direita no médio curso do rio

Tocantins, localiza-se entre os paralelos 10º30’ e 10º45’s e os meridianos 48º00’ e 48º30’w

(Figura 3.1), abrange parte dos municípios de Monte do Carmo e Porto Nacional e, dentro

deste limite, encontra-se a Serra do Carmo a leste do município de Monte do Carmo.

Figura 3.1 – Localização da Área de Estudo

Page 25: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

24

O acesso a estes municípios dá-se pela rodovia pavimentada TO-050, Palmas / Porto

Nacional (63 km), seguindo pela rodovia TO-255, Porto Nacional / Monte do Carmo (45

km). Porto Nacional está servida por um sistema aéreo que suporta pouso de aeronaves de

grande porte e pela hidrovia artificial do lago da UHE Lajeado. Em Monte do Carmo

encontra-se uma pequena pista sem infra-estrutura básica, utilizada com pouquíssima

fequência, para pousos e decolagens de pequenas aeronaves, do tipo monomotor.

O ribeirão Água Suja tem sua nascente na Serra do Carmo a leste do município de

Monte do Carmo, numa altitude de 440 metros, atravessa a cidade do mesmo nome, percorre

para o nordeste em direção ao município de Porto Nacional, tendo sua exutória no rio

Tocantins (hoje lago da UHE Luís Eduardo Magalhães) à jusante da sede deste município, a

uma altitude de 220 metros. Tem como principais sub-bacias à margem esquerda, da nascente

à desembocadura, as dos córregos Sucuri, Formigueiro, Toldas, Fundo, e do Pau, e à margem

direita, as dos córregos Gameleira, João Rodrigues, do Prata, Estiva, Moleque, ribeirão São

Chupé e córrego da Prata. A delimitação da sub-bacia sofreu uma alteração na sua foz, devido

à formação do lago da UHE Lajeado (figura 3.2).

Page 26: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

25

Figura 3.2 – Sub-bacia do Ribeirão Água Suja

Page 27: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

26

3.2.- A influência da UHE Luís Eduardo Magalhães no processo erosivo da área de Estudo

De acordo com Maciel Filho (1997), a construção de barragem rompe a seqüência

natural dos rios tanto a montante quanto a jusante da barragem. À montante, ocorre o

levantamento do nível local da base do vale, acarretando o aumento de sedimentos e,

consequentemente, alterando a forma do canal e assoreamento do reservatório. Já à jusante

ocorre o aprofundamento da calha fluvial, o entalhe do leito, a erosão nas margens e a

deposição.

A sub-bacia do ribeirão Água Suja é refletora destes impactos oriundos de barragens

(à jusante), local de sua foz.

Esta UHE influencia uma área de 750 km² que abrange os municípios de Miracema,

Porto Nacional, Palmas, Brejinho de Nazaré, Lajeado e Ipueiras. Após seu represamento

atingiu a cota de 212 metros acima do nível do mar, obtendo um acréscimo de 42 metros com

referência a cota anterior (SEPLAN, 2004).

Considera-se o funcionamento da barragem muito recente para apresentar as reações

de impactos advindos de sua implantação, tendo em vista que sua construção teve início em

outubro de 2001 e o processo de enchimento foi completado em abril de 2002. Porém, a

erosão é um fenômeno que previsivelmente irá acontecer e, com isso, irá gerar modificações

no meio.

O interesse pelo conhecimento do potencial à perda de solo nas unidades paisagísticas

das sub-bacias que direcionam seus sedimentos a reservatório de Usinas Hidreléticas, neste

caso exemplificado pela UHE do Lajeado, apesar de não fornecer parcelas quantitativas

quanto ao transporte de sedimentos sólidos pelos canais de drenagem, deve ser entendido

como uma preocupação atual por vir a comprometer o tempo de vida útil destes reservatórios.

3.3 – Aspectos Fisiográficos

Para BECKER e EGLER (1997), o conhecimento dos distintos componentes da

dinâmica natural, revela-se informações efetivas quanto à origem, constituição da forma física

e estágio de evolução natural do ecossistema, que em associação com o produto obtido do

mapeamento das alterações da superfície pelo uso e o tipo de cobertura que se desenvolve

sobre a superfície da região, permite qualificar a potencialidade erosiva em uma unidade de

paisagem natural.

Page 28: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

27

Portanto, a dinâmica envolvida neste estudo, para qualificar as unidades em meios

estáveis a instáveis quanto à perda dos solos, envolvem os fatores fisiográficos mais

significativos aos processos de pedogênese e morfogênese: geologia, geomorfologia, solo,

cobertura vegetal, uso da terra e clima.

3.3.1 – Geologia no Contexto Estadual

De acordo com o Atlas do Tocantins (SEPLAN, 2003) na área encontram-se

ambientes geológicos constituídos por coberturas Cenozóicas (45.345,8 km²) e litologias da

Bacia Sedimentar do São Francisco (20.580,8 km²), da Bacia Sedimentar do Parnaíba

(92.257,2 km²), da faixa de Dobramentos do Proterozóico Médio e Superior (64.084,7 km²),

seqüências metavulcano-sedimentares do Arqueano e Proterozóico Inferior (3.624,3 km²) e

também, Complexos Metamórficos do Arqueano e Proterozóico Inferior (52.527,9 km²).

Dentre as coberturas destacam-se os Aluviões Holocênicos / Pleistocênicos das

planícies e terraços fluviais e de algumas pequenas áreas de acumulação inundáveis.

Na área da Bacia Sedimentar do Parnaíba sobressaem os sedimentos Paleo-

Mesozóicos e Meso-Cenozóicos e coberturas detrito lateríticas Terciárias e também

Pleistocênicas, com ocorrência entremeada de extrusivas básicas. No domínio da faixa de

Dobramentos destacam-se as litologias da seqüência Metavulcano Sedimentar dos Grupos

Estrondo e Tocantins.

No complexo Metamórfico, onde estão as litologias mais antigas da área, destacam-se

os granitos e granitos-gnaisses.

3.3.1.1 – Geologia no Contexto Local

A evolução geológica da microbacia do ribeirão Água Suja, envolve seis ambientes

estratigráficos. A seguir será feita uma a síntese da estratigrafia da região.

Aproximadamente 13,74% da região (166,82 km2) está coberta por ambientes

sedimentares do quaternário, representado por Depósitos Aluvionares (Ha) e Cobertura

Detríto-laterítica (Tq). Os depósitos aluvionares são constituídos, de modo geral, por

cascalhos, areno-argilosos, não consolidados (variada granulometria), produtos das periódicas

inundações fluviais do rio Tocantins. Os aluviões estão normalmente relacionados com a

presença de ouro e diamante. A Cobertura Detrito-Laterítica, corresponde aos depósitos que

Page 29: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

28

assoalham nas superfícies aplanadas e são constituídos por sedimentos areno-pelitosos (os

clastos são geralmente pouco numerosos e pouco arredondados), predominantemente não

consolidados e parcialmente laterizados2.

O período devoniano é representado na região pela Formação Pimenteiras (Dp),

perfazendo 35,61% (432,26 km2); constitui-se de arenitos finos a grosseiros, siltitos

(tamanhos de grãos inferiores a 0,062 mm), siltitos foliácios ferruginosos, argilitos (partículas

de diâmetro menor que 0,004 mm podem conter alta porcentagem de argila).

O ambiente compreendido pelo Pré-Cambriano médio, Suite Intrusiva Ipueiras (Pεgi),

constitui-se de depósitos álcali-granitos, tonalitos e granitos posfiríticos, vulcânicas ácidas

(rochas magmáticas). Apresenta associada a este ambiente ocorrência de ouro próximo a

cidade de Monte do Carmo, perfazendo apenas 0,39% (4,55 km2) da microbacia.

Os ambientes mais antigos da região (Pré-cambriano inferior), compreende o

Complexo Porto Nacional (AnPn)3, que compreende depósitos constituídos de rochas ígneas e

metamórficas, como piroxênio, hornblenditos, granodiorito, hiperstênio, gnaisses, granada-

piroxênio, granulitos, com possíveis ocorrência de manganês; e o Complexo Goiano (Pεg),

unidade litológica constituída de gnaisses, migmatitos, anfibolitos e quartzitos, granitos,

granulitos, calcossilicatadas, perfazem uma área de 50,26% de toda microbacia (610,10 km2).

3.3.2 – Geomorfologia no Contexto Estadual

A geomorfologia regional, segundo a SEPLAN - TO (ATLAS do Tocantins, 2003,

p.15 – 16), compreende as seguintes formas de relevo: Estrutural (superfícies tabulares e

patamares estruturais; Erosiva (superfícies tabulares erosivas, pediplanos, inselbergs e terraços

fluviais); Dissecação (cristas, mesas, interflúvios tabulares, patamares, colinas, colinas de topo

aplainado, ravinas, grupos de mesa, cristas e maciços, colinas e ravinas, ravinas e mesas, colinas com

vales encaixados); e Acumulação (terraços fluviais, planícies fluviais e áreas de acumulação

inundáveis).

A maior parte do Estado é constituída de formas dissecadas, destacando-se as

morrarias, serras, depressões, patamares e planaltos de formas geralmente tabulares e

2 Nos climas tropicais a tendência de decomposição química das rochas é para a formação de hidróxidos de ferro e/ou de alumínio. (LEINZ e AMARAL, 1995) 3 Mapa Geológico de Goiás, 1984.

Page 30: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

29

colinosas, entremeados com testemunhos de dissecação constituídas por mesas, cristas e

alguns maciços.

3.3.2.1 – Geomorfologia no Contexto Local

Destaca-se na região 4 (quatro) unidades geomorfológicas, com a presença de 3 (três)

tipos de relevo (acumulação, estruturais e erosivos): 1) os Terraços Fluviais (Aptf), relevos

resultantes do depósito de sedimentos em regiões fluviais e lacustres, normalmente sujeitas à

inundação, são encontrados nas áreas periodicamente alagáveis do rio Tocantins e perfazem

um total de apenas 1,51 % da área (18,34 km2 ); 2) os Patamares Estruturais (St), relevo cuja

topografia é condicionada pela estrutura, onde os processos morfodinâmicos geram formas de

relevo em conformidade com a estrutura geológica, sobressaem as camadas mais resistentes

do relevo da região cujas formas estão compreendidas na serra do Carmo, perfazendo um total

de 13,32% (161,70 km2); 3) Superfícies tabulares erosivas (St) e 4) Superfície de pediplano

(Ep) são formas de relevo constituídas a partir de processos predominantemente erosivos,

onde houve um rebaixamento das saliências, tendendo ao nivelamento do relevo. Perfazem

respectivamente, 3,20% (38,80 Km2) e 79,90% (969,73 km2). Estas formas compreendem

83,10% de toda extensão de área da bacia; e, também, o tipo de dissecação (Dpt) Dissecado

em Patamares, abrangendo 2,07% da bacia (25,17 km2).

3.3.3 – Pedologia no Contexto Estadual

De acordo com o RADAMBRASIL (1982) e a SEPLAN – TO (ATLAS do Tocantins,

2003), o Estado possui dez (10) unidades pedológicas, são elas: Latossolos, Podzólicos,

Brunizem, Cambissolos, Plintossolos, Solos Hidromórficos, Areias Quartzosas

Hidromórficas, Areias Quartzosas, Solos Litólicos e Solos Concrecionários.

As classes de solos presentes no Estado do Tocantins possuem, segundo a SEPLAN – TO

(ATLAS do Tocantins, 2003, p. 19 - 20) as seguintes extensões:

• Solos concrecionários: 63.468,1 km2 (22,8 %);

• Latossolos: 61.648,8 km2 (22,1 %);

• Areias Quartzosas : 52.555,8 km2 (18,9 %);

Page 31: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

30

• Plintossolos: 30.800,6 km2 (11,1 %);

• Podzólicos: 28.158,7 km2 (10,1 %);

• Solos Litólicos: 23.484,8 km2 (8,4 %);

• Solos Hidromórficos: 14.089,2 km2 (5,1 %);

• Cambissolos: 4.214,7 km2 (1,5 %).

3.3.3.1 – Pedologia no Contexto Local

Transcreveremos as principais classes de solos identificados na microbacia do ribeirão

Água Suja, segundo EMBRAPA, com descrição da aptidão dos solos segundo o Plano de

Desenvolvimento da Região Araguaia/Tocantins - PRODIAT (1987).

Predomina na região, com 65,56% (795,80 km2), os latossolos. Os Latossolos

Vermelho Escuro distrófico (LE), perfazem apenas 3,90% (47,36 km2) dos solos da região,

são solos minerais acentuadamente drenados, muito bem desenvolvidos, de textura média

argilosa. São bastante permeáveis, muito porosos, com horizontes espessos e pouca

diferenciação entre si. Tem como principal limitação a baixa fertilidade natural, devido a

acidez, aos altos teores de alumínio livre e às altas altitudes.

Porém os Latossolos Vermelho-Amarelo (LV), recobrem 61,66% (748,45 km2) da

área, são solos com perfil profundo a muito profundo, porosos e friáveis, ocorrem em

patamares erosivos com relevo suave ondulado. Sua principal limitação é a baixa fertilidade

natural devido à carência de nutrientes e altos teores de alumínio livre. O aproveitamento

racional desses solos requer correções, fertilizantes e práticas simples a moderada de

conservação.

Os Solos Hidromórficos (HG), ocorrem acompanhando o médio/baixo curso do

ribeirão Água Suja, e representa 5,92% (71,84 km2). São solos pouco desenvolvidos,

apresentam grande variabilidade de textura, por serem encontrados em áreas baixas estão sob

grande influência do lençol freático próximo a superfície. Apresentam grandes limitações ao

uso agrícola, pois exigem drenagem e correção com fertilizantes e calagem.

Os solos Concrecionários (SC), compreendem cerca de 21,39% (259,64 km2) dos

solos da região e estão associados às altas superfícies da serra do Carmo. São solos minerais

rasos a medianamente profundos, bem a moderadamente drenados, possuindo como

Page 32: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

31

característica fundamental a ocorrência de grande quantidade de concreções ferruginosos do

tamanho do cascalho e calhaus, ocupando a camada agricultável do solo ou todo o perfil, o

que acarreta diminuição significativa do volume real da terra, assim como da profundidade

efetiva, condicionando sérias limitações ao uso agrícola.

Os Solos Litólicos (R), correspondem apenas 7,13% (86,46 km2) dos solos da região.

Compreende solos minerais rasos ou muito rasos, pouco desenvolvidos, geralmente

assentados sobre a rocha. Estão geralmente associados a relevo montanhoso, recomenda-se

sobretudo para preservação da vegetação natural, por não apresentar viabilidade de utilização

com vistas a um plano de desenvolvimento agropecuário.

O solo junto com outros fatores como declividade do relevo, intensidade da chuva,

densidade da cobertura vegetal, determinam maior ou menor suscetibilidade à erosão.

3.3.4 – Cobertura Vegetal no Contexto Estadual

O Estado do Tocantins possui, com base no mapeamento realizado pela SEPLAN –

TO (ATLAS do Tocantins, 2003, p. 23-24), cinco (5) regiões fitoecológicas:

- Região da Floresta Estacional Decidual: abrange uma área de 1.756,9 km² (0,6 %) e

apresenta um tipo de vegetação com grandes áreas descontínuas, localizadas do norte para o

sul, entre a Floresta Ombrófila Aberta e a Savana e, de leste para oeste, entre a Floresta

Estacional Semidecidual e a Savana Estépica (caatinga);

- Região da Floresta Estacional Semidecidual: com uma área de 5.272,0 km² (1,9 %), ocorre

principalmente em áreas de altitude e/ou situadas no sudoeste e sudeste do Estado;

- Região da Floresta Ombrófila Aberta: ocupando uma área de 15.195,5 km² (5,4 %) é um

tipo de vegetação que representa uma área de transição entre a Floresta Amazônica e as

regiões extra-amazônicas, caracterizando uma diminuição gradativa de densidade de

recobrimento;

- Região da Floresta Ombrófila Densa: com área de 11.836,4 km² (4,3 %), ocorre na porção

noroeste do Estado. Sua principal característica ecológica são os ambientes ombrófilos, que

marcam a região florística florestal amazônica; e

- Região do Cerrado: possui uma área de 244.359,9 km² (87,8 %), é uma região onde

predomina a vegetação xeromorfa aberta, dominada e marcada por um estrato herbáceo.

Ocorre na maior parte do Estado, preferencialmente em clima estacional (mais ou menos seis

Page 33: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

32

meses secos), sendo também encontrada em clima ombrófilo, quando, obrigatoriamente,

reveste solos lixiviados e/ou aluminizados.

Ocorrem ainda no Estado, segundo RIBEIRO & WALTER (1998, p. 130-136 e 146-

147), as Formações Campestres do Cerrado constituídas de três (3) tipos fitofisionômicos

principais: Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo Limpo. Em função de particularidades

ambientais, topográficas e edáficas, o Campo Sujo e Campo Limpo apresentam subdivisões

naturais, adotando-se para cada tipo os termos Seco, Úmido e com Murundus. A característica

principal do Campo Sujo é a presença marcante de arbustos e subarbustos entremeados no

estrato herbáceo, sendo que o tipo Campo Rupestre apresenta estrutura similar ao Campo

Sujo, porém diferencia-se por apresentar afloramentos de rocha e composição florística com

muitos endemismos. No Campo Limpo é insignificante a presença de arbustos e subarbustos e

não são encontrados em grandes extensões na região do Cerrado.

3.3.4.1 Cobertura Vegetal no Contexto Local

A região da sub-bacia do ribeirão Água Suja compreende em sua totalidade domínio

de savana, numa extensão de 795,1795 km2 (65,55%), mais da metade da área. Foram

observadas as seguintes unidades de vegetação:

- O Cerrado, envolvendo as subdivisões fisionômicas encontradas, abrange uma área de

605,9729 km2 (49,91%);

- As formações ciliares com 85,8034 km2 , corresponde a 7,07 % da área;

- A classe de Mata Seca e Cerradão possui 0,4523 km2 que corresponde a 0,04%; e

- A classe Palmeiral + Mata de Galeria possui 102,9507 km2 que corresponde a 8,48%.

3.3.5 Uso da terra no Contexto Estadual

Através do estudo realizado pela SEPLAN – TO (ATLAS do Tocantins, 2003, p. 41-

42), no Estado do Tocantins encontram-se seis (6) tipos de cobertura e uso da terra:

1. Formações Florestais: florestas ombrófila densa e aberta; formações ciliares; florestas

estacional decidual e semidecidual e floresta secundária, ocupando 36.502,1 km² (13,1

%);

Page 34: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

33

2. Pastagem: 74.982,5 km² (26,9 %) de áreas com pastagem plantada e/ ou natural;

3. Terras agricultáveis: agricultura de sequeiro, irrigada por pivô central e inundação, áreas

de silvicultura, cobrindo 2.784,2 km² (1 %);

4. Vegetação de cerrado: campo, campo cerrado, cerradão e campo parque, ocupando

157.373,4 km² (56,6 %);

5. Rios, lagos, represas e açudes: cobrindo 6.474,0 km² ou 2,3 % da área total; e,

6. Outros usos: áreas de mineração e uso urbano, com 304,5 km² (0,1 %).

O mapeamento da Potencialidade de Uso da Terra realizado pela SEPLAN – TO

(ATLAS do Tocantins, 2003, p. 37-38) revelou que o Estado do Tocantins está ocupado com:

Áreas de Uso Intensivo para Produção:

a) região de floresta ombrófila: 13.568,8 km² (4,9 %) dessas áreas foram ocupadas para

culturas de ciclo curto e longo e/ou pecuária intensiva e 8.658,9 km² (3,1 %) ocupadas

para pecuária intensiva e/ou com culturas de ciclo curto e longo;

b) região de floresta estacional: 2.188,5 km² (0,8 %) dessas áreas ocupadas para culturas

de ciclo curto e longo e/ou pecuária intensiva;

c) região de Cerrado: 51.851,9 km² (18,6 %) de áreas para culturas de ciclo curto e longo

e/ou pecuária intensiva e 30.975,7 km² (11,1 %) com áreas para pecuária intensiva

e/ou culturas de ciclo curto e longo;

Áreas de Uso de Média Intensidade para Produção:

a) região de Cerrado: 14.291,3 km² (5,1 %) de áreas para pecuária semi-intensiva e/ou

silvicultura;

Áreas de Uso de Baixa Intensidade para Produção:

a) região de Cerrado: 8.880,4 km² (3,2 %) de áreas para silvicultura e/ou pecuária

extensiva, e 79.260,9 km² (28,6 %) com áreas de pecuária extensiva;

Áreas Especiais de Produção:

a) região de Cerrado: 9.228, 2 km² (3,3 %) de áreas para pecuária intensiva e/ou culturas

de ciclo curto e longo; e,

Áreas com limitação de uso ou restrição legal:

a) 59.516,2 km² (21,3 %) de áreas para conservação ou com alta limitação natural para

uso.

Page 35: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

34

3.3.5.1 - Uso da terra no Contexto Local

As coberturas antropizadas na região, correspondem a 418,4464 km2 (34,50%) de toda

a área, incluindo em sua quase totalidade as atividades de uso da terra ligada ao caráter

agropecuário, na qual cerca de 207,7595 km2 (17,12%) está ocupada por pastagens (área onde

a vegetação natural foi substituída por alguns tipos de atividade agropastoril). A agricultura

ocupa uma área correspondente a 171,4440 km2 (14,12%);

Na década de 90, já havia sido verificada a presença de “moinhos” clandestinos na

atividade de extração do ouro, localizados no alto curso do ribeirão Água Suja, em áreas

próximas a sede do município de Monte do Carmo.

O ouro nesta região apresenta-se encravado nos veios de quartzo, em maior

profundidade, necessitando de grandes escavações que com freqüência utiliza-se de explosões

por dinamite ou jato de água para quebra do aluvião.

Estudos desenvolvidos pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais)

apontam várias áreas de interesse para a pesquisa mineral na região em estudo; esta mesma

Companhia classifica as áreas favoráveis para exploração mineral em três níveis, conforme a

potencialidade que apresentam, quais sejam:

- potencialidade 1: áreas com presença de rochas hospedeiras e/ou favoráveis, com

garimpo e depósito, além de indícios, ocorrência e/ou anomalias geoquímicas e geofísicas

superpostas;

- potencialidade 2: áreas com rochas hospedeiras e/ou estruturas favoráveis com

ocorrências, indícios e/ou anomalias geoquímicas ou geofísicas;

- potencialidade 3: áreas com rochas hospedeiras e/ou estruturas favoráveis sem

registros diretos de mineralização e demandando estudos complementares.

Os afluentes do rio Tocantins, especialmente os da margem direita, possuem depósitos

aluvionares com potencialidade 1 em relação a ouro e diamante, enquanto a potencialidade

dessas substâncias minerais, nos aluviões e terraços do rio Tocantins, é 3.

Constatou-se que existem na região da sub-bacia do ribeirão Água Suja 14 (quatorze)

empreendimentos minerários cadastrados junto ao DNPM (Departamento Nacional de

Pesquisa Mineral), conforme Figura 3.3.

Page 36: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

35

Figura 3.3 - Empreendimentos minerários cadastrados no DNPM localizados na área da sub-bacia do ribeirão Água Suja. Fonte: site www.dnpm.gov.br (consulta efetuada em novembro/2006)

Abaixo transcreveremos a relação dos empreendimentos por corpo hídrico e por

numeração, conforme consta na Figura 3.3:

Ribeirão Água Suja

1- Autorização de Pesquisa para enxofre, solicitada pela Porto Nacional Mineração

Ltda, no ano de 1998, com área de 8.997 ha;

2- Autorização de Pesquisa para areia/argila, solicitada por Ailton Lopes da

Conceição, no ano de 2004, com área de 300 ha;

3- Autorização de Pesquisa para ouro, solicitada por Porto Nacional Mineração Ltda,

no ano de 1990, com área de 10.000 ha;

4- Autorização de Pesquisa para níquel, solicitada por Companhia Nacional de

Mineração - CNM, no ano de 2005, com área de 300 ha; e

5- Autorização de Pesquisa para ouro, solicitada por Verena Mineração Ltda, no

ano de 1988, com área de 8.100 ha; e

Page 37: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

36

6- Autorização de Pesquisa para níquel, solicitada por Companhia Nacional

Mineração - CNM, no ano de 2005, com área de 9.000 ha.

Córrego Moleque

1- Autorização de Pesquisa para ferro, solicitada por São Bernardo Recursos

Minerais Ltda, no ano de 2005, com área de 4.400 ha;

2- Autorização de Pesquisa para ferro, solicitada por São Bernardo Recursos

Minerais Ltda, no ano de 2005, com área de 7.000 ha;

3- Autorização de Pesquisa para ferro, solicitada por São Bernardo Recursos

Minerais Ltda, no ano de 2005, com área de 7.600 ha;

4- Autorização para exploração de argila, solicitada por Cerâmica Porto Real, no

ano de 2004, com área de 50 ha; e

5- Autorização para exploração de argila, solicitada por Caixeta e Rodrigues Ltda,

no ano de 2005, com área de 20 ha;

Ribeirão São Chupé

1- Autorização de Pesquisa para ferro, solicitada por São Bernardo Recursos

Minerais Ltda, no ano de 2005, com área de 6.400 ha; e

2- Autorização de Pesquisa para ferro, solicitada por São Bernardo Recursos

Minerais Ltda, no ano de 2005, com área de 2.500 ha.

A Companhia de Mineração do Tocantins (MINERATINS) está concluindo um estudo

que caracterizará e avaliará o setor mineral do Tocantins, onde apresentará avaliações

diagnóstica atualizada e diretriz estratégica que permitirá aos Governos Federal e Estadual

formular políticas públicas relacionadas ao setor. Este estudo foi objeto do Convênio firmado

entre Ministério das Minas e Energia e a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do

estado do Tocantins (SEPLAN). Os dados serão disponibilizados para o público, através da

(SEPLAN) já no primeiro semestre do ano de 2007.

3.3.6 – Clima no Contexto Estadual Segundo a regionalização climática, realizada pela SEPLAN - TO (ATLAS do

Tocantins, 2003, p. 07-08), o Estado do Tocantins apresenta os seguintes tipos climáticos:

Page 38: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

37

a) Clima Úmido: B1wA’a’ – clima úmido com moderada deficiência hídrica no inverno; B2rA’a’ – clima úmido com pequena ou nula deficiência hídrica;

b) Clima Úmido SubÚmido: C2rA´a´ - Clima úmido subúmido com pequena deficiência

hídrica; C2wA´a´ - clima úmido subúmido com moderada deficiência hídrica no inverno;

c) Clima Subúmido Seco: C1dA´a´ - clima subúmido seco com moderada deficiência hídrica

no inverno.

A precipitação média anual varia de 1300 a 2100 mm, sendo que a região com maiores

valores está localizada no oeste do Estado, em parte das regiões administrativas de Guaraí e

Paraíso do Tocantins e a de menores valores está situada mais ao sudeste nas regiões

administrativas de Paranã e Arraias. A temperatura média anual situa-se entre 26 e 28ºC,

sendo que no sudeste do Estado, envolvendo parte das regiões de Dianópolis e Taguatinga, as

temperaturas são mais amenas (ATLAS do Tocantins, 2003, p. 9-12).

3.3.6.1 – Clima no Contexto Local

O regime pluviométrico da região apresenta características tipicamente de zona

tropical e, durante o ano, a distribuição sazonal das chuvas acusa duas estações bem distintas:

uma chuvosa e de grande excedente de água (verão) e outra seca bastante marcada pela

deficiência de água (inverno).

As condições climáticas apresentam uma relativa homogeneidade em toda a região do

médio curso do rio Tocantins. Segundo Köppen, o clima é do tipo AWi – tropical chuvoso de

savana, caracterizado por verão úmido e inverno seco.

Estudos de regionalização climática para o Estado do Tocantins, elaborados pela

UNITINS, baseados nos do Instituto Nacional de Meteorologia e Recursos Hídricos do

Tocantins – INMET, Núcleo Estadual de Porto Nacional e, também, divulgados pelo

Ministério da Agricultura e Reforma Agrária através da Secretaria Nacional de Irrigação

(Departamento Nacional de Meteorologia - Normas Climatológicas; 1961/1990, Brasilia-

DF,1992), caracteriza a região, na subdivisão climática C2rA’a’, clima úmido subúmido,

megatérmico, com moderada deficiência hídrica; média anual variando entre 1500.0 a 1668.0

mm e concentração da evapotranspiração potencial no verão em torno de 28%. Nos meses de

agosto, setembro e outubro, a temperatura apresenta maiores elevações. As normais

climatológicas obtidas da Estação Porto Nacional, tem localização: Lat - 10º 43' 42'' e Long -

48º 25' 00''. A partir de 1991 até o ano de 2000 não foram divulgados os dados de precipitação

Page 39: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

38

por aquela Estação Climatológica, ficando os interessados de recorrer ao INMET em Goiânia,

para a compra dos mesmos. A partir de 2001 já se consegue novamente ter acesso aos dados,

por intermédio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Tocantins

(SEAGRO) que fez um convênio com aquela Instituição.

O período chuvoso inicia-se em outubro, porém suas chuvas não são suficientes para

tornar esse mês efetivamente úmido. A carência quase absoluta de umidade no solo, faz com

que esse mês seja deficitário em água. Normalmente a precipitação efetiva torna-se positiva

em novembro, permitindo a subida do nível dos cursos d’água, após um período de seca e

vazante. A manutenção das freqüentes e fortes chuvas, durante o mês de dezembro a março,

possibilita a enchente dos córregos.

A partir de abril, inicia-se a estação cuja precipitação é geralmente inferior a

evapotranspiração, e em maio ocorre um brusco declínio das chuvas, iniciando-se a estação

seca. De junho a setembro aumentam os déficits mensais, em julho o runoff é insignificante e

as vazantes dos rios atingem seus níveis mais baixos.

Page 40: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

39

CAPÍTULO 4

METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa foi dividida em duas etapas distintas. A primeira se refere

aos fundamentos teóricos e metodológicos e na segunda será descrito o processo de seleção de

materiais, de equipamentos e aplicativos.

4.1. -Fundamentos Teóricos

Nesta etapa, do trabalho, apresentam-se os fundamentos teóricos e metodológicos

referentes ao desenvolvimento da pesquisa, buscando-se subsídios e referências para as

análises.

4.1 1- Geração da Carta de Vulnerabilidade à Perda de Solo

Desde 1933 Sewell considerava o zoneamento como o controle deliberativo mais

comum exercido sobre o uso do solo. Tauk (1995), diz que os diagnósticos ambientais

regionais deverão obrigatoriamente caracterizar as potencialidades e as vulnerabilidades da

região, visando adequar o manejo dos recursos naturais às suas potencialidades e às suas

limitações.

A vulnerabilidade está associada a um conjunto de fatores, que diante de atividades

ocorrentes ou que venham a ocorrer, poderá provocar adversidade e afetar de forma

catastrófica ou não, a princípio, a estabilidade ecológica do ecossistema.

As atividades desenvolvidas pelo homem introduzem novas forças que podem alterar,

em escala variável, as condições de equilíbrio do sistema representado pelas unidades de

paisagem. A agricultura, a pecuária, a silvicultura, a mineração e as obras de engenharia civil

são exemplos de atividades que, em maior ou menor escala, introduzem estímulos externos ao

sistema.

Para Becker e Egler (1997) o mapa de vulnerabilidade à perda de solo representa a

análise do meio físico e biótico para a ocupação racional e uso sustentável dos recursos

naturais. A sua associação com dados de potencialidade social e econômica oferece subsídio à

gestão territorial.

Para se analisar uma unidade de paisagem é necessário conhecer sua gênese,

constituição física, forma e estágio de evolução, bem como o tipo da cobertura vegetal que

Page 41: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

40

sobre ela se desenvolve. Estas informações são fornecidas pela Geologia, Geomorfologia,

Pedologia e Fitogeografia e precisam estar integradas para que se tenha um retrato fiel do

comportamento de cada unidade frente à sua ocupação. Finalmente, é necessário o auxílio da

Climatologia para que se conheçam algumas características climáticas da região onde se

localiza a unidade de paisagem, a fim de que se anteveja o seu comportamento frente às

alterações impostas pela ocupação. Apesar de entender que os impactos sociais interferem na

estrutura e dinâmica da paisagem, os mesmos não são objetos de estudo desta pesquisa.

A tendência à estabilidade ou instabilidade a perda de solos nas unidades de paisagem

está na dependência de vários fatores, sendo que os principais são comentados a seguir:

a ) Quantidade e intensidade das chuvas: O conhecimento dos valores pluviométricos

fornece parâmetros indispensáveis para contabilização da água no solo (potencial

hídrico), e ao conhecimento da propensão da erosão dos solos. A precipitação

pluviométrica atua diretamente como fator de deterioração do solo por ação física,

impacto das gotas das chuvas sobre os compartimentos do solo. As chuvas

torrenciais arrastam muito mais quantidades de materiais que as chuvas mais fracas.

b ) Estrutura e composição geológica do terreno: As unidades fisiomorfológicas,

geologia e geomorfologia, oferecem informações importantes sobre as formações

superficiais do material que constituem o solo quanto a sua litologia (origem e

transformação). As características litológicas podem proporcionar uma idéia

aproximada sobre a permeabilidade das rochas (armazenar e conduzir a água de

infiltração) e a propensão à erosão. O grau de desagregação da rocha constitui fator

importante ao efeito mecânico das chuvas, onde quanto maior for a aderência entre

as partículas da rocha (rochas consistentes), mais difícil será o efeito desagregador

das chuvas.

c ) Declividade: O estudo do relevo através de classes quantificáveis, representa a

realidade do terreno e auxilia no conhecimento dos processos erosivos. O transporte

do solo está intensamente associado ao grau de inclinação da rampa e sua extensão.

Quanto maior inclinação e maior extensão do declive, maior será a remoção de

partículas (condicionado ao tipo de rocha e solo).

d ) Solos: A geografia dos solos está relacionada intimamente com as unidades

fisiomorfológicas (estrutura das rochas, declividade do relevo, densidade da

cobertura vegetal, intensidade das chuvas), nas quais eles foram desenvolvidos. As

Page 42: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

41

informações sobre os solos oferecem a base fundamental para avaliação da sua

potencialidade erosiva, quanto maior for a profundidade do solo permeável (solos

maduros) menos intenso será o fenômeno da erosão.

e ) Cobertura vegetal: A cobertura vegetal adquire maior importância no papel de

proteção ambiental, contra os fatores erosivos, modificadores das formas de relevo.

A ação da cobertura vegetal na proteção do solo ocorre de diversas maneiras:

− Reduz ou amortece o impacto direto das gotas de chuva contra o terreno,

diminuindo a promoção de desagregação das partículas, e constitui uma

barreira ao transportes de materiais, reduzindo a velocidade do escoamento

da água;

− Estabiliza fisicamente o solo, impedindo a compactação do mesmo, e

possibilitando o aumento da capacidade de infiltração do fluxo de água da

chuva;

− Suporta a vida silvestre que, pela presença de estruturas biológicas como

raiz de plantas, perfurações de vermes e buracos de animais, aumenta a

porosidade e a permeabilidade do solo;

− Retarda o ingresso das águas provenientes das precipitações pluviais nas

correntes de drenagem, pelo aumento da capacidade de infiltração, pois o

ingresso imediato provoca incremento do ‘runoff’ (massas de água em

movimento), com o conseqüente aumento na capacidade de erosão e

transportes, pela transformação de energia potencial4 em energia cinética5.

f ) Ações antrópicas: o processo natural de erosão é acelerado pelas atividades

antrópicas na superfície. Os diferentes tipos de ocupação antrópica que integram

num território, constituem informações quanto ao grau de interferência na

dinâmica natural do ecossistema. Os principais fatores ocorrentes quanto ao uso,

que contribuem para acelerar a erosão são os desmatamentos, as queimadas, o

turismo e as atividades agropecuárias intensivas, principalmente por comprometer

o revestimento protetor do solo.

4 Representada pela força inicial que leva o funcionamento natural dos ecossistemas. 5 Energia do movimento, cuja força alia-se a potencial.

Page 43: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

42

4.1.1.2 - Desenvolvimento da Metodologia

Há aproximadamente uma década, o governo brasileiro procurou desenvolver uma

metodologia para possibilitar a gestão do território. Após reuniões entre a Secretaria de

Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Institutos de Pesquisas e Universidades

foi definido que, para alcançar este objetivo, seria necessária uma análise do meio físico e

biótico para gerar uma carta de vulnerabilidade à perda de solo (Crepani et al., 1996) e uma

outra análise da sócio-economia, que produz uma carta de potencialidade social (Becker e

Egler, 1997).

Baseado na morfogênese (processo de modificação das formas de relevo) e

pedogênese (processo que dá origem à formação dos solos), e da potencialidade para estudos

integrados de imagens orbitais e sistemas de informação geográfica, foi elaborada a

metodologia para a geração da carta de vulnerabilidade à perda de solo, desenvolvida a partir

do conceito de Ecodinâmica (Tricart, 1977). As etapas para a elaboração de cartas de

vulnerabilidade à perda de solo serão descritas a seguir, com as suas subdivisões quando

necessário (Figura 4.1).

Figura 4.1 - Fluxograma da metodologia para a elaboração da carta de vulnerabilidade à perda de solo. Fonte: Adaptada de Crepani et al. (2001)

Análise e Interpretação das imagens orbitais

Associação do mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTBs) aos dados

temáticos

Avaliação da Vulnerabilidade a perda de solo de cada tema dentro das UTBs

Carta de Vulnerabilidade a perda de solo

Page 44: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

43

4.1.1.3 - Definição das Unidades Territoriais Básicas (UTB)

A definição das UTBs sobre as imagens é feita a partir de critérios sistematizados de

fotointerpretação que levam em consideração os elementos de textura, de relevo e drenagem,

definindo estruturas, formas, e os matizes de cores relacionados aos padrões de resposta

espectral da vegetação, solo e água. Este processo permite a elaboração do mapa de UTBs,

formado por unidades de paisagem natural (UPN) e polígonos de intervenção antrópica.

As imagens orbitais vêm sendo os produtos mais utilizados nestes estudos e sobre

estas, na composição escolhida pelo intérprete, desenvolve-se o trabalho de análise e

interpretação que permite a confecção de um mapa contendo as Unidades Territoriais Básicas

(UTBs).

A imagem orbital é considerada a “âncora” da metodologia, pois a partir dela é

possível a extração das informações básicas e recentes da área de estudo, com a possibilidade

de se utilizar todo o potencial do sensoriamento remoto e dos SIGs, aplicável em diferentes

produtos disponíveis.

4.1.1.4 - Elaboração do Mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTBs)

Segundo Becker e Egler (1997) as UTBs são consideradas células elementares de

informação e análise para o Zoneamento Ecológico-Econômico. Considera que uma unidade

territorial básica é uma entidade geográfica que contém atributos ambientais que permitem

diferenciá-la de suas vizinhas, ao mesmo tempo em que possui vínculos dinâmicos que a

articulam a uma complexa rede integrada por outras unidades territoriais. Crepani et al. (1996)

as dividem em unidades de paisagem natural (ou polígono de paisagem natural) e polígonos

de intervenção antrópica.

4.1.1.5 – Análise das Unidades de Paisagem Natural (UPNs)

Zonneveld (1989) reporta que a idéia de unidade de paisagem é importante quando se

pretende fazer uma avaliação de atributos da terra, sendo necessário integrar os aspectos de

vegetação, solo, geomorfologia, geologia e os aspectos biológicos (influência da massa viva).

Entretanto, o conceito de unidade de paisagem não se limita à adição desses temas separados,

mas a integração entre eles, sempre considerando a idéia do todo, no sentido de sistema.

Page 45: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

44

Através das informações obtidas pela Geologia, Pedologia, Climatologia,

Geomorfologia e Fitogeografia se conseguem analisar uma unidade de paisagem natural, pois

através destas informações poderemos conhecer sua gênese, constituição física, forma e

estágio de evolução, bem como o tipo da cobertura vegetal que sobre ela se desenvolve.

As Unidades de Paisagem Natural (UPNs) contêm uma porção do terreno no qual se

inscreve uma combinação de eventos e interações, cujo resultado é registrado e pode ser visto

sob forma de imagem. A delimitação das UPNs pode ser considerada uma unidade de

mapeamento do terreno, definida por Meijerink (1988) como formas que agrupam associações

naturais de Geologia, Geomorfologia, morfometria e distribuição dos solos, geralmente

derivadas de fotografias aéreas ou imagens de satélite, trabalho de campo e de mapas

temáticos existentes.

4.1.1.6 – Polígonos de Intervenção Antrópica (PIAs)

Os Polígonos de Intervenção Antrópica (PIAs) são as áreas em que as condições

naturais foram modificadas pela atuação humana e podem localizar-se sobre uma única ou

várias unidades de paisagem natural, dependendo exclusivamente de suas dimensões. A fim

de orientar as atividades a serem desenvolvidas dentro do polígono de intervenção antrópica é

necessário se conhecer previamente as unidades de paisagem natural.

Os Polígonos de Intervenção Antrópica (PIAs) representam apenas linhas fechadas e

sem validade quando não estão sobre a imagem interpretada. Para caracterizá-los e

individualizá-los tematicamente, deve-se associá-los aos dados temáticos. Os polígonos são

delimitados de acordo com os padrões identificados pelas variações de forma, tonalidade, cor,

textura, sombra e pelos elementos texturais de relevo e drenagem (Veneziani e Anjos, 1982;

Valério filho et al., 1981) encontrados nas imagens orbitais selecionadas.

4.1.1.7- Associação do Mapa de Unidades Territoriais Básicas (UTBs) aos Dados

Temáticos

Através da interpretação da imagem orbital se obtém o mapa de UTBs que é associado

aos dados preexistentes (mapas geológico, geomorfológico, de solos e de vegetação) para que

cada unidade de paisagem seja caracterizada quanto à sua morfodinâmica. Esta caracterização

das unidades de paisagem natural é feita segundo critérios desenvolvidos a partir dos

princípios da Ecodinâmica de Tricart (1977), que levam em consideração os processos

Page 46: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

45

morfogenéticos e pedogenéticos. Com isso, podem-se dividir as categorias morfodinâmicas

em: Meios estáveis; Meios intergrades ou intermediários; e Meios instáveis.

Meios estáveis:

- cobertura vegetal densa;

- dissecação moderada; e

- ausência de manifestações vulcânicas.

Meios intergrades:

- equilíbrio entre as interferências morfogenéticas e pedogenéticas.

Meios instáveis:

- condições bioclimáticas agressivas, com ocorrências de variações fortes e

irregulares de ventos e chuvas;

- relevo com vigorosa dissecação;

- presença de solos rasos;

- inexistência de cobertura vegetal densa;

- planícies e fundos de vales sujeitos a inundações; e

- geodinâmica interna intensa.

Crepani et al. (1996) dividiram os meios de acordo com a relação

morfogênese/pedogênese e convencionam esta relação, caracterizando as UTBs em estáveis,

intermediárias e instáveis, com valores que variam de 1 a 3, conforme mostrado pela Tabela

4.1. Esta Tabela apresenta um intervalo de valores de estabilidade/instabilidade (ou

vulnerabilidade) distribuídos entre as situações de predomínio dos processos pedogenéticos

(valores próximos de 1,0), passando por situações intermediárias (valores ao redor de 2,0) e

situações de predomínio dos processos de morfogênese (valores próximos de 3,0).

Os critérios desenvolvidos por Crepani et al. (1996), a partir desses princípios,

permitiram a criação de um modelo no qual se buscou a avaliação, de forma relativa e

empírica, do estágio de evolução morfodinâmica das unidades de paisagem, atribuindo

valores de estabilidade às categorias morfodinâmicas. Nesta análise quando predomina a

morfogênese prevalecem os processos erosivos, modificadores das formas de relevo, e

quando predomina a pedogênese prevalecem os processos formadores de solos.

Page 47: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

46

Tabela 4.1 - Valores Atribuídos às Unidades Estáveis, Instáveis e Intermediárias.

Categoria Morfodinâmica

Relação Pedogênese/Morfogênese

Valor

Estável Prevalece a Pedogênese 1,0 Intermediária Equilíbrio Pedogênese/Morfogênese 2,0

Instável Prevalece a Morfogênese 3,0 Fonte: Crepani et al. (1996).

A cada tema associado à UTB existirá um valor de vulnerabilidade à perda de solo.

Estes valores são estabelecidos a partir de estudos detalhados da vegetação, geologia,

geomorfologia, pedologia e clima da região e foram estabelecidos seguindo os critérios

apresentados pela Tabela 4.2. Estes critérios permitem a avaliação da vulnerabilidade à perda

de solo para cada UTB.

Tabela 4.2 - Características Avaliadas para Medir a Estabilidade/Instabilidade das UTBS.

Temas Características Geologia - História da Evolução Geológica

- Tipo de Rocha e Grau de Coesão (rochas pouco coesas facilitam processos modificadores das formas de relevo. Já as rochas bastante coesas facilitam processos de formação de solos).

Geomorfologia - Amplitude altimétrica - Grau de dissecação - Declividade

Pedologia - Maturidade dos Solos Fitogeografia - Densidade da cobertura vegetal

Clima - Intensidade Pluviométrica (Pluviosidade anual/Duração do período chuvoso)

Fonte: Modificada de Crepani et al. (1996). 4.1.1.8 - Avaliação da Vulnerabilidade à Perda de Solo de Cada Tema Dentro das Unidades Territoriais Básicas.

O modelo desenvolvido por Crepani et al. (2001) é aplicado aos temas (Geologia,

Geomorfologia, Solos, Vegetação/Uso da Terra e Clima) que compõem cada unidade de

paisagem e estas recebem posteriormente um valor final resultante da média aritmética dos

valores individuais de cada tema, conforme a equação abaixo, que busca representar

empiricamente a posição desta unidade dentro da escala de vulnerabilidade à perda de solo:

Vulnerabilidade = (Ge + G + P + F + C) / 5

onde:

Page 48: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

47

"Ge" representa o valor atribuído ao tema Geologia; "G" representa o valor atribuído à

Geomorfologia; "P" representa o valor atribuído ao tema Pedologia; "F" representa o valor

atribuído ao tema Fitogeografia e "C" representa o valor atribuído ao tema Clima.

Deste modo é possível obter o valor médio de vulnerabilidade e um fluxograma

explicativo pode ser visualizado na Figura 4.2 que apresenta valores hipotéticos para cada

tema e a média entre os valores, fornecendo uma UTB com um valor final de vulnerabilidade.

Figura 4.2: Modelo esquemático do cálculo de vulnerabilidade à perda de solos de cada unidade de paisagem (modificado de Sousa, 1999).

O número obtido com a média calculada procura caracterizar cada uma das UTBs

dentro de uma escala de estabilidade/vulnerabilidade com 21 valores estabelecidos empírica e

relativamente na metodologia para a geração de cartas de vulnerabilidade à perda de solo,

apresentada pela Tabela 4.3.

Geologia

Geomorfologia

Pedologia

Vegetação

Climatologia

1,5

1,4

2,0

1,5

1,6

1,6 ∑ / 5 = 1,6

Exemplo de valores de vulnerabilidade atribuídos a cada unidade de paisagem

Valor médio da vulnerabilidade a perda de solo

Page 49: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

48

Tabela 4.3 - Representação da Vulnerabilidade e/ou Estabilidade das UTBS.

Fonte: Crepani et al. (1996). Para a representação cartográfica da estabilidade, ou vulnerabilidade, das unidades de

paisagem natural foram selecionadas 21 cores (Tabela 2.3) obtidas a partir da combinação das

três cores aditivas primárias (Azul, Verde e Vermelho) de modo que se associasse a cada

classe de vulnerabilidade sempre a mesma cor, obedecendo ao critério de que ao valor de

maior estabilidade (1,0) se associa a cor azul, ao valor de estabilidade intermediária (2,0) se

associa a cor verde e ao valor de maior vulnerabilidade (3,0) a cor vermelha. Aos valores

situados entre 1,1 e 1,9 na escala de vulnerabilidade associam-se cores resultantes da

combinação entre o azul e o verde, crescendo a participação do segundo na medida em que se

aproxima de 2, 0, enquanto que aos valores situados entre 2,1 e 2,9 associam-se cores

resultantes da combinação entre o verde e o vermelho, crescendo a participação do segundo à

medida que o valor da vulnerabilidade se aproxima de 3,0.

Na escolha das cores procurou-se obedecer a critérios de comunicação visual que

buscam associar às cores “quentes” e seus matizes (vermelho, amarelo e laranja) situações de

emergência, e às cores “frias” e seus matizes (azul, verde) situações de tranqüilidade.

A atribuição de valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cada tema

que compõe uma unidade de paisagem procura obedecer a uma lógica diretamente

relacionada com as características destes temas. Embora esses valores sejam relativos e

empíricos procura-se representar através deles o comportamento esperado para cada um dos

temas frente aos processos naturais da denudação, conjunto de processos que agem na

Page 50: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

49

remoção do solo e conseqüente abaixamento de uma superfície elevada pela interação de

processos intempéricos e erosivos.

A denudação é a responsável pelo arrasamento das formas de relevo da superfície

terrestre, sendo a água, seu principal agente e responsável direta pela perda de solo. Toda

água que cai na forma de chuva ou neve, sobre 29% da superfície terrestre ocupada pelos

continentes, tende a mover-se para baixo, pela ação da gravidade, de volta ao oceano de onde

veio na forma de vapor. Toda gota de chuva que atinge o solo possui energia potencial

proporcional ao produto de sua massa e altitude acima do nível do mar do seu ponto de queda

e tende a transformá-la em energia cinética. A denudação não só é responsável pelo

arrasamento das formas de relevo, mas também pelo processo de acumulação que o mesmo

sofre.

A água em seu curso irreversível para o mar sobre a superfície terrestre é o agente

dominante de alteração da paisagem, são os rios que realizam a grande maioria do trabalho de

transporte dos detritos do continente para o oceano.

4.1.2 - Considerações Teórico-Metodológicas da Pesquisa 4.1.2.1 - Sensoriamento Remoto

O sensoriamento remoto é uma técnica que permite analisar diferentes alvos a partir da

energia eletromagnética emitida ou refletida por eles, captada por diferentes sensores que

operam em diferentes comprimentos de onda (faixas espectrais) e em diferentes plataformas

(Novo, 1992; Lillesand e Kiefer, 1994).

Segundo Florenzano (2002) sensoriamento remoto é uma tecnologia que permite obter

imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro da

energia refletida ou emitida pela superfície.

Page 51: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

50

Figura 4.3 – Padrão de resposta espectral dos principais alvos da superfície terrestre. Fonte: Modificado de Lillesand & Kiefer (1994).

O comportamento espectral relaciona a energia refletida, absorvida e transmitida por

um determinado objeto e varia de acordo com o alvo analisado. Instrumentos imageadores, a

bordo de aviões e satélites, detectam e medem a energia eletromagnética em diferentes

comprimentos de ondas, convertendo o sinal resultante em uma forma perceptível ao Sistema

Visual Humano (SVH), a qual é chamada de imagem.

Os produtos fornecidos por sensoriamento remoto podem ser imagens orbitais,

fotografias aéreas, dados de variáveis climáticas e ambientais, com várias aplicações. Para

interpretar esses produtos é necessário avaliar as faixas espectrais captadas pelo sensor e ter

em mente a detecção, identificação, medição e solução de problemas (Pinto e Valério Filho,

1996), além dos elementos de fotointerpretação (tonalidade, tamanho, forma, textura, padrão,

altura, sombra, localização e vizinhança).

Os principais alvos estudados em comportamento espectral são: vegetação, solo e

água. No entanto, a geologia e o relevo também podem ser interpretados quando se analisa

uma imagem orbital.

No caso da geologia deve-se proceder à fotointerpretação, já que o comportamento

espectral das rochas não pode ser avaliado por sensores óticos, a não ser que estejam

expostas. Assim, a textura, a drenagem e o relevo fornecem informações sobre zonas

Page 52: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

51

homólogas e explicam fenômenos geológicos a partir dos processos indutivo e dedutivo de

análise (Veneziani e Anjos, 1982).

O mesmo acontece com as formas de relevo que apesar de serem potencializadas

quando se utiliza diferentes sensores remotos devido à visão sinóptica e a possibilidade de

análise dos processos dinâmicos de formação da paisagem (Valério Filho et al., 1981; Pinto e

Valério Filho, 1996), não apresentam distinção quanto à sua análise em determinadas regiões.

Deste modo, a interpretação de imagens orbitais, objetivando estudos do modelado geral do

terreno, tem se mostrado versátil identificando uma diversidade de aspectos geomorfológicos

(Novo e Nascimento, 1977). Sausen e Novo (1981) apresentam uma visão geral da aplicação

de diferentes produtos do sensoriamento remoto em trabalhos geomorfológicos com noções

de escalas de mapeamentos e tipos de sensores.

Parâmetros importantes na geomorfologia como densidade de drenagem, textura

topográfica e declividade; podem ser observados em imagens de satélite. Novo e Santos

(1977) utilizaram dados do MSS/Landsat e encontraram uma alta correlação entre a textura

fotográfica das imagens e as condições topográficas de uma área. Através do índice de

rugosidade, esses parâmetros permitiram o zoneamento de uma região em termos de variações

topográficas e indicaram áreas topograficamente favoráveis à implantação de projetos. Ou

seja, como critério de fotointerpretação, o relevo é considerado o mais importante.

Para o comportamento espectral dos solos, de maneira geral, os principais fatores que

afetam a resposta espectral são: matéria orgânica, umidade, granulometria, concentração de

óxidos de ferro, mineralogia da argila e material de origem. A variação de cada um desses

parâmetros interfere na resposta espectral, aumentando ou diminuindo a reflectância.

O comportamento espectral da vegetação é o parâmetro que melhor permite a

diferenciação entre maior ou menor cobertura vegetal. A assinatura espectral da vegetação é

definida, na região do visível, pela concentração de pigmentos fotossintetizantes (clorofila e

carotenóides), na região do infravermelho próximo, pela estrutura interna da folha (presença

de lacunas no tecido das folhas - parênquima) e, no infravermelho médio pela quantidade de

água presente na folha (Kumar, 1972; Ponzoni e Disperati, 1995).

Outros componentes da vegetação, como galhos, também influenciam a resposta

espectral devido à sombra por estes provocada na época seca, quando as árvores perdem suas

folhas, diminuindo a reflectância e alterando a assinatura espectral de outros alvos (Tueller,

1987).

Para a análise de dados de sensoriamento remoto visando obter informações sobre o

uso do solo, os elementos de interpretação continuam sendo muito utilizados. A tonalidade

Page 53: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

52

indica basicamente a quantidade de exposição do solo e o estágio e vigor das culturas, por

exemplo. A textura permite indicar a composição das copas de espécies vegetais. A forma e

dimensão podem auxiliar na identificação de aspectos agrícolas em pequena escala, como a

diferenciação entre área agrícola e reflorestada. A sombra permite definir culturas mais altas

das mais baixas e, o sítio topográfico indica as possíveis culturas implantadas bem como a sua

distribuição (Santos et al., 1981).

Com relação ao comportamento espectral das culturas irrigadas pode-se perceber uma

maior resposta espectral na região do visível e infravermelho devido à quantidade de

biomassa e concentração de água. Em períodos secos, a diferenciação de culturas irrigadas da

vegetação natural circunvizinha é bastante clara (Pinto et al., 1989a). Um dos aspectos mais

importantes para a interpretação do uso do solo é a informação contextual que associa os

parâmetros de interpretação e permite uma análise mais completa da área.

Utilizando composições coloridas, Pinto et al. (1989b), visaram identificar glebas de

áreas irrigadas e não irrigadas e consideraram para isso, o comportamento espectral dos alvos

dominantes na cena de estudo (cultura irrigada, solo exposto, cerrado) essenciais para

diferenciar as áreas irrigadas das não irrigadas. Com isso, pode-se também perceber o estágio

fenológico da cultura de acordo com a maior ou menor interferência do solo na resposta

espectral.

Guarda (2006), em seu trabalho de dissertação apresentado no Curso de Mestrado em

Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em outubro/2006,

representou a evolução temporal da cobertura e uso da terra, na bacia do Ribeirão Taquaruçu

Grande 2, Palmas-TO, para os anos de 1990, 1993, 1999, 2002 e 2005, nas classes de Campo,

Cerrado, Cerradão, Florestas/Matas e Área Urbana/Antropizada, conforme os valores de área

identificados na interpretação das imagens de satélite.

Para a análise do comportamento espectral da água, o último alvo comumente

estudado em sensoriamento remoto, deve-se saber que sua resposta espectral está

condicionada pelas propriedades de absorção e espalhamento de componentes em suspensão e

dissolvidos. Trata-se então, da interpretação do comportamento espectral da água e dos seus

constituintes (Novo e Braga, 1991). Cada um destes atua em uma determinada faixa espectral,

ocasionando maiores ou menores reflectância devido à sua concentração.

Todas essas informações são necessárias para a interpretação de imagens em papel ou

para avaliar os resultados dos processamentos realizados sobre imagens digitais. Serão

apresentadas, a seguir, as técnicas que são utilizadas neste processamento e que, através das

quais, foi gerado o produto utilizado neste trabalho.

Page 54: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

53

4.1.2.2 - Processamento Digital de Imagem

Denota-se processamento digital de imagem ao tratamento de imagens através do

computador que envolve a análise e a manipulação de imagens, utilizando um conjunto de

ferramentas que visam a identificação e extração de informações realizando transformações

necessárias para o realce das características de interesse (Richards, 1986; Crósta, 1993;

Lillesand e Kiefer, 1994; Fonseca, 1996). Essas técnicas são usadas na manipulação de

imagens para identificação e extração de informações úteis à análise e interpretação do

homem. De acordo com Novo (1992) as técnicas de processamento digital de imagens são

organizadas em três conjuntos: técnicas de pré-processamento, técnicas de realce e técnicas de

classificação.

Considera-se como pré-processamento de imagens a fase que inclui a restauração

quantitativa da imagem para corrigir degradações radiométricas e geométricas inseridas pelo

sensor, no processo de formação das imagens. São exemplos de pré-processamento de

imagens as técnicas de correção radiométrica e as técnicas de correções geométricas. O

processo de correção geométrica de imagens compreende, por sua vez, três etapas:

mapeamento direto ou transformação geométrica, mapeamento inverso e reamostragem

(Fonseca, 2000).

Consideram-se como realce de imagens as técnicas que visam melhorar a qualidade

visual das imagens e enfatizar alguma característica de interesse para uma aplicação

específica. O resultado do realce de imagens é uma outra imagem transformada e melhorada

visualmente.

A análise de imagens está relacionada com a extração de informação das imagens.

Este procedimento pode incluir a segmentação de imagens (partição da imagem em regiões

com características diferentes) e a classificação de imagens propriamente dita.

4.1.2.3 - Classificação de Imagens Digitais

Segundo Fonseca (2000), entende-se por classificação o processo de extração de

informação em imagens para reconhecer padrões e objetos homogêneos com objetivo de

mapear as áreas da superfície terrestre. O produto final de uma classificação é uma imagem

temática (mapa), onde os pixels classificados são representados por símbolos gráficos ou

cores. Cada cor ou símbolo está associado a uma classe temática (por exemplo: área urbana,

floresta, solos) definida pelo analista.

Page 55: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

54

A classificação automática (feita por computador) envolve análise individual dos

atributos numéricos de cada pixel na imagem, por isso é considerada uma análise quantitativa.

Na classificação de dados digitais utilizam-se programas apropriados, também denominados

algoritmos de classificação ou simplesmente classificadores. A categorização (rotulação) dos

valores dos níveis de cinza é feita utilizando algoritmos estatísticos de reconhecimento de

padrões espectrais. Dependendo do algoritmo utilizado, neste procedimento, a classificação é

dita supervisionada ou não-supervisionada (Moreira, 2001).

4.1.2.4 - Geoprocessamento e Sistema de Informação Geográfica (SIG)

A necessidade de armazenar e manipular informações e fenômenos do mundo real

(análise dos recursos naturais, planejamento regional e urbano, dentre outros.) e o crescente

avanço tecnológico da informática tornou possível o desenvolvimento de uma ferramenta

capaz de permitir a realização de análises complexas de dados geográficos (Câmera e

Medeiros, 1996).

Deste modo surgiram as ferramentas computacionais para o Geoprocessamento,

chamadas de Sistema de Informação Geográfica (SIG), que permite a integração e análise de

dados de diversas fontes, bem como automatizar a produção de documentos cartográficos,

através da criação de um banco de dados georreferenciados (INPE, 2000).

Um Sistema de Informação Geográfica pode ser definido como um conjunto de

ferramentas para manipular dados georreferenciados capaz de armazenar, recuperar,

transformar, analisar e manipular os dados coletados do mundo real (Aronoff, 1989; Câmara e

Medeiros, 1996).

A informação geográfica representa um dado, com uma localização, expressa pelas

coordenadas em um espaço geográfico e atributos descritivos (representados em um banco de

dados convencional). O geoprocessamento, que se baseia em técnicas matemáticas e

computacionais para o tratamento da informação geográfica, se utiliza os Sistemas de

Informação Geográfica (SIGs) (Câmara e Medeiros, 1996). O SIG pode ser considerado um

conjunto manual ou computacional de procedimentos utilizados para armazenar e manipular

dados georreferenciados (Aronoff, 1989), sendo elaborado justamente para dados onde a

localização geográfica é imprescindível às análises.

Um SIG armazena a geometria e os atributos dos dados que estão georreferenciados,

isto é, localizados na superfície terrestre segundo uma projeção cartográfica. Os dados

Page 56: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

55

tratados em geoprocessamento têm como principal característica a diversidade de fontes

geradoras e de formatos apresentados.

Câmara e Medeiros (1996) afirmam que o requisito de armazenar a geometria dos

objetos geográficos e de seus atributos representa uma necessidade básica para um SIG.

Segundo estes autores, para cada objeto geográfico, o SIG necessita armazenar seus atributos

e as várias representações gráficas associadas a ele. Os SIG’s apresentam uma diversidade de

aplicações em várias áreas: agricultura, cartografia, floresta, solos, geofísica, cadastro urbano,

redes de concessionárias (água, energia e telefonia), dentre outras. Devido a sua ampla gama

de aplicações, há pelo menos três grandes maneiras de utilizar um SIG: como ferramenta para

produção de mapas; como suporte para análise espacial de fenômenos; como banco de dados

geográficos, com funções de armazenamento e recuperação de informação espacial. Estas três

maneiras de utilização do SIG são antes convergentes que conflitantes, e refletem a

importância relativa do tratamento da informação geográfica, no desenvolvimento de projetos

ou dentro de uma instituição (Câmara e Medeiros, 1996).

4.2. - Seleção de Materiais

Será descrito nesta etapa o processo de seleção de materiais, de equipamentos e

aplicativos que envolvem diferentes tipos de dados, de diferentes fontes, assim como

aplicativos e equipamentos diversos.

4.2.1 - Materiais Empregados

Os materiais empregados foram: dados orbitais, dados temáticos, material

cartográfico e dados climáticos. Esta divisão está relacionada aos diferentes formatos

encontrados e tratamentos realizados. Para facilitar a compreensão, serão descritos os

diferentes materiais e como foi realizado o processo de seleção das diferentes fontes.

4.2.1.1 - Dados Orbitais

O dado orbital foi adquirido levando em conta as imagens TM/Landsat órbita/ponto

222/67, data da passagem 25/07/2002 e 07/06/1996.

Page 57: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

56

As imagens foram selecionadas em formato digital e obtidas através do banco de

imagens de satélite contido no Geo-Tocantins (Governo do Estado do Tocantins -

NATURATINS, 2004).

4.2.1.2 – Dados Temáticos

Os dados temáticos de geologia, vegetação, geomorfologia, solos e clima foram

obtidos em duas entidades; Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Tocantins

(SEPLAN) e no Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS). Eles foram selecionados

para que a área pudesse ser caracterizada quanto ao meio físico, fornecendo informações

diretas sobre os diferentes temas. Esta seleção esteve baseada na data do mapeamento e na

escala mais próxima a do trabalho e os mapas utilizados são:

- Mapa Geológico, escala 1:250.000 (SEPLAN);

- Mapa Geomorfológico, escala 1: 250.000 (SEPLAN);

- Zoneamento Agroecológico do Estado do Tocantins, escala 1: 250.000 (SEPLAN);

- Mapa de Vegetação e Uso do Solo, escala 1:100.000 e 1: 250.000 (NATURATINS, Geo-

Tocantins, 2003);

4.2.1.3 Material Cartográfico

Como material cartográfico, foi utilizado as seguintes cartas topográficas:

Folha: Porto Nacional - SC-22-Z-B MIR 304, escala 1:250.000

Fonte: Ministério do Exército / Departamento de Engenharia e Comunicações, 1986

Folha: Porto Nacional - SC-22-Z-B-VI, escala 1:100.000

Fonte: Ministério do Exército / Departamento de Serviços Geográficos, 1978.

Além das informações sobre a topografia, a carta topográfica também foi utilizada

para situar a área de estudo dentro do espaço geográfico.

4.2.1.4 Dados Climáticos

Estes dados foram obtidos através de normais climatológicas obtidas da Estação

Climatológica de Porto Nacional (1961-1990) e são apresentados na Tabela 4.4.

Page 58: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

57

Tabela 4.4- Distribuição Sazonal da precipitação média mensal e total anual em mm, período de 1961-1990.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total Ano

240.0 267.0 272.0 148.0 38.0 7.0 5.0 7.0 52.0 183.0 219.0 230.0 1668

Fonte: Departamento Nacional de Meteorologia - Normais Climatológicas; 1961/1990, Brasilia-DF, 2006)

4.2.2 - Definição dos Equipamentos e Aplicativos

Os equipamentos, aplicativos e suas utilidades para o trabalho foram as seguintes:

- PC (Personal computer) para o processamento dos dados;

- GPS GARMIM 12 XL, para posicionamento geográfico dos pontos amostrais do

trabalho de campo.

- Software ARCGIS 8.3;

- Editores diversos de textos, planilhas e figuras para edição do documento.

4.2.3 - Manipulação e análise dos dados

Nesta etapa, são descritos os procedimentos utilizados na análise e interpretação de

dados e imagens orbitais para identificação das unidades de paisagem e posterior geração do

mapa de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem, seguindo a metodologia

de Crepani et al. (1996, 2001). Para obter uma melhor qualidade nos resultados da

interpretação e na classificação das imagens utilizadas como “âncora” é necessário aplicar

algumas técnicas de processamento de imagens como registro e técnicas de realce. Estes

procedimentos foram verificados quando da análise e interpretação de dados das imagens

orbitais, pelas empresas contratadas para a elaboração do Geo-Tocantins, para a imagem de

2002.

4.2.3.1 - Arquivos Temáticos

O arquivo temático de Cobertura Vegetal e Uso da Terra, para o ano de 2002, foi

produzido utilizando-se as informações contidas no banco de dados Geo-Tocantins

pertencente ao Órgão Ambiental do Estado do Tocantins (NATURATINS); para o ano de

1996 o arquivo temático foi produzido fazendo a edição dos polígonos sobre a imagem de

satélite; e os arquivos temáticos de Geomorfologia, Geologia e Solos foram produzidos

Page 59: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

58

utilizando-se as informações do ZEE/SEPLAN (Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente

do Estado do Tocantins), que processadas adequadamente, geraram as informações

necessárias ao estudo.

4.2.3.2 - Dados Pluviométricos

4.2.3.2.1 - Identificação e Coleta dos Dados Disponíveis

A determinação dos valores médios mensais representativos de estação pluviométrica

pode ser obtido fundamentalmente de duas maneiras alternativas:

− Coleta de série histórica observada, cuja extensão permita inferir uma

representatividade mínima admissível para os valores médios dela obtidos;

− Utilização de valores médios já normalizados para um período padrão (Normal

Climatológica Padrão), geralmente disponíveis em publicações oriundas das entidades

envolvidas com a operação das estações.

Caracterizando-se por oferecer as médias mensais já processadas, consistidas e sem

falhas, representando um período comum de observação, sempre que possível, a opção deverá

ser pela utilização de valores já normalizados, os quais agregam uma maior representatividade

estatística.

A caracterização climática da sub-bacia do ribeirão Água Suja foi realizada com base

em dados oriundos da estação climatológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia)

localizada em Porto Nacional (Tabela 4.5).

Tabela 4.5 - Posto Pluviométrico na região da sub-bacia

Nome

Responsável

Lat.

Long.

Alt. (m)

Porto Nacional

INMET

10°43'00''

48°25'67''

239,2

Com os dados do posto pluviométrico, foram realizadas as seguintes operações:

cálculo de valores médios de precipitação mensal e obtenção da precipitação média anual.

Page 60: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

59

4.2.3.3 - Etapa de campo

A etapa de campo serviu para o reconhecimento e compreensão dos processos

formadores da paisagem, bem como para identificar feições que se apresentavam como

dúvidas na interpretação das imagens orbitais a respeito da geologia, geomorfologia, solos e

principalmente da cobertura vegetal e uso da terra.

Foram utilizados dois dias para visitar, reconhecer, e fotografar 21 pontos da área de

estudo, registrados com o auxílio de GPS (Tabela 4.6).

Tabela 4.6 - Coordenadas dos pontos visitados.

Nº PONTO

COORDENADAS

Nº PONTO

COORDENADAS

Nº PONTO

COORDENADAS

01 790959-8838067 08 788730-8832476 15 795680-8827833

02 09 789966-8832565 16 796189-8827951

03 791058-8839046 10 798012-8825601 17 806914-8830588

04 787783-8835283 11 797659-8823739 18 807126-8830344

05 787688-8835307 12 799275-8822530 19 807359-8834238

06 786875-8834077 13 794158-8825545 20 805619-8835767

07 787404-8830413 14 794315-8826226 21 801044-8840513

4.2.4 - Análise Ecodinâmica

Para estabelecer os valores de vulnerabilidade à perda de solo das unidades de

paisagem, atribuídos individualmente a cada tema analisado, foram considerados os processos

que influenciam no desenvolvimento da morfogênese e/ou pedogênese. Embora esses valores

sejam relativos e empíricos, procura-se através deles representar o comportamento esperado

para cada um dos temas frente aos processos naturais da denudação, resultante da interação de

processos intempéricos e erosivos, responsável direto pela perda de solo.

A denudação em seu trabalho contínuo reduz as montanhas e elevações, aplainando as

irregularidades até atingir uma superfície de erosão de topografia quase plana denominada

peneplano. A velocidade de denudação é maior nas áreas de topografia mais acidentada e

depende da vegetação, do clima, da resistência à erosão das rochas que encontra para

desgastar e, desde que o homem começou a atuar na superfície do planeta, depende também

da atividade humana.

Page 61: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

60

4.2.4.1 Geologia

Segundo Crepani et al (2001) os aspectos da Geologia a serem analisados para a

atribuição de valores de vulnerabilidade à perda de solo, compreendem as informações

relativas à história da evolução geológica do ambiente onde a unidade de paisagem se

encontra e ao grau de coesão das rochas que a compõem. Por grau de coesão das rochas

entende-se a intensidade da ligação entre os minerais ou partículas que as constituem.

Como toda rocha é um agregado de minerais, sua resistência ao intemperismo vai

depender da resistência ao intemperismo dos minerais que a compõem (o que depende da

natureza das ligações entre os átomos dos diferentes elementos químicos que os constituem),

bem como da resistência à desagregação entre os minerais (o que vai depender da natureza

das forças que juntaram as partículas, cristais ou grãos). O grau de coesão das rochas é a

informação básica da Geologia a ser integrada a partir dos conceitos da Ecodinâmica, uma vez

que em rochas pouco coesas devem prevalecer os processos modificadores das formas de

relevo (morfogênese), enquanto que nas rochas bastante coesas devem prevalecer os

processos de formação de solos (pedogênese).

Os processos intempéricos podem ser classificados como físicos ou químicos. No

intemperismo físico predominam os processos de desintegração, onde as rochas são separadas

em partes sem haver alteração na estrutura cristalina. No intemperismo químico prevalecem

os processos de decomposição, os quais causam a destruição da estrutura cristalina dos

minerais que formam as rochas (Crepani et al, 2001).

Com o objetivo de se atribuir uma posição dentro de uma escala de vulnerabilidade à

denudação (intemperismo + erosão), absolutamente relativa e empírica, as rochas mais

comumente encontradas na superfície do planeta foram reunidas na Tabela 4.7, na qual se

procurou considerar todos os aspectos relativos ao grau de coesão das rochas ígneas,

metamórficas e sedimentares.

Page 62: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

61

Tabela 4.7 – Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.

Escala de vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns Quartzitos ou

metaquartzitos

1,0 Milonitos, Quartzo muscovita, Biotita,

Clorita xisto

1,7

Arenitos quartzosos ou ortoquartzitos

2,4

Riólito,Granito, Dacito

1,1

Piroxenito, Anfibolito Kimberlito, Dunito

1,8

Conglomerados, Subgrauvacas

2,5

Granodiorito, Quartzo Diorito,

Granulitos

1,2

Hornblenda, Tremolita, Actinolita

xisto

1,9

Grauvacas, Arcózios

2,6

Migmatitos, Gnaisses

1,3

Estaurolita xisto, Xistos granatíferos

2,0

Siltitos, Argilitos

2,7

Fonólito, Nefelina Sienito, Traquito, Sienito

1,4

Filito, Metassiltito

2,1

Folhelhos

2,8

Andesito, Diorito, Basalto

1,5

Ardósia, Metargilito

2,2

Calcários, Dolomitos, Margas, Evaporitos

2,9

Anortosito, Gabro, Peridotito

1,6

Mármores

2,3

Sedimentos Inconsolidados:

Aluviões, Colúvios etc.

3,0

Fonte: Crepani et al. (2001)

4.2.4.2 Geomorfologia

Crepani et al (2001) consideraram que os valores de vulnerabilidade à perda de solos

atribuídos á Geomorfologia são baseados na análise das formas de relevo e associados aos

índices morfométricos (amplitude altimétrica, declividade e grau de dissecação).

Para atribuir o valor de vulnerabilidade associado à amplitude altimétrica considerou-

se a seguinte relação: quanto maior a diferença encontrada entre as cotas máximas e mínimas,

extraídas das cartas topográficas da região e contidas nas unidades de

paisagem, maior o valor de vulnerabilidade atribuído. Por outro lado, os menores valores de

vulnerabilidade foram associados aos menores valores de amplitude altimétrica.

Assim foi considerado porque os valores de amplitude altimétrica estão relacionados à

energia potencial contida nas águas das precipitações pluviais que descem do ponto mais alto

para o ponto mais baixo das unidades de paisagem. Quanto maior a energia potencial,

transformada em energia cinética na descida das encostas, maior será a capacidade de erosão

das águas pluviais.

Para o cálculo da amplitude altimétrica primeiramente foram extraídas as curvas de

nível e pontos cotados constantes da base de dados Geo-Tocantins (NATURATINS). Isto

Page 63: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

62

proporcionou uma melhor precisão na extração dos pontos máximos e mínimos encontrados

em cada unidade de paisagem delimitada no tema Geomorfologia. Deste modo, o cálculo da

amplitude altimétrica foi feito através da diferença entre as cotas máximas e mínimas

extraídas daquele banco de dados.

No caso dos valores de vulnerabilidade para a declividade, considerou-se o ângulo de

inclinação das encostas em relação ao horizonte para cada unidade de paisagem. Quanto

maior a inclinação maior a declividade mais rapidamente a energia potencial das águas

pluviais se transforma em energia cinética, o que se traduz em maior velocidade para as

massas de água em movimento e, conseqüente, maior poder erosivo. Desta forma, quanto

maior a declividade, maior o valor de vulnerabilidade à perda de solo atribuído.

Para a dissecação do relevo pela drenagem, o valor de vulnerabilidade foi atribuído

considerando-se a amplitude dos interflúvios (distância média entre os canais de drenagem).

A intensidade de dissecação do relevo pela drenagem está diretamente ligada à

porosidade e à permeabilidade do solo e da rocha. Rochas e solos impermeáveis dificultam a

infiltração das águas pluviais e, conseqüentemente, apresentam maior quantidade de água em

superfície para ser drenada em direção às partes mais baixas do terreno, o que implica em um

número maior de canais de drenagem, em maior disponibilidade de energia potencial para o

escoamento superficial (runoff) e, portanto, maior capacidade erosiva.

Quanto maiores forem os interflúvios (ou menor for a intensidade de dissecação)

menores são os valores de vulnerabilidade atribuídos às unidades de paisagem. Da mesma

forma as unidades de paisagem que apresentarem os menores interflúvios (ou maiores

intensidades de dissecação) têm os maiores valores de vulnerabilidade.

A intensidade da dissecação foi obtida através da amplitude dos interflúvios e tendo

como base a metodologia descrita em Florenzano (1999). Nesta metodologia mediu-se a

distância entre os canais de drenagem, de onde foi retirado o maior, o menor e um valor

intermediário. Estes valores serviram para calcular a média entre os três valores escolhidos.

Os valores calculados dos índices morfométricos foram associados aos valores de

vulnerabilidade à perda de solo, conforme mostrado nas Tabelas 4.8, 4.9 e 4.10.

Page 64: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

63

Tabela 4.8 – Valores de vulnerabilidade à perda de solo para a amplitude altimétrica.

Fonte: Crepani et al. (2001) Tabela 4.9 – Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas.

Fonte: Crepani et al. (2001) Tabela 4.10 – Valores de vulnerabilidade para o grau de dissecação do relevo.

Fonte: Crepani et al. (2001)

4.2.4.3 - Solos

A causa fundamental da erosão hídrica seja laminar, em sulcos ou ravinas, é a ação da

chuva sobre o solo. A chuva é o agente ativo da erosão e o solo é o agente passivo.

Page 65: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

64

O termo erodibilidade se refere à capacidade de um determinado solo resistir à erosão.

A erodibilidade de um solo é função das condições internas ou intrínsecas do

solo,como sua composição (mineralógica e granulométrica) e características físicas e

químicas, e das suas condições externas ou atributos da superfície do solo, relacionadas ao

manejo do solo.

O manejo do solo pode ser subdividido em manejo da terra, que se refere aos

diferentes tipos de uso da terra, como silvicultura, pastagens e agricultura, e manejo da cultura

que se refere especificamente às técnicas de agricultura, como tipo de cultura, métodos de

preparo de solo e plantio, tipo de cultivo, dentre outros.

Para a caracterização morfodinâmica das unidades de paisagem nos aspectos relativos

ao solo são enfocadas suas condições intrínsecas, enquanto que para a análise do uso do solo

são abordados os seus atributos de superfície.

A Pedologia participa da caracterização morfodinâmica das unidades de paisagem

fornecendo o indicador básico da posição ocupada pela unidade dentro da escala gradativa da

Ecodinâmica: a maturidade dos solos. A maturidade dos solos, produto direto do balanço

morfogênese/pedogênese, indica claramente se prevalecem os processos erosivos da

morfogênese que geram solos jovens, pouco desenvolvidos, ou se, no outro extremo, as

condições de estabilidade permitem o predomínio dos processos de pedogênese gerando solos

maduros, profundos, lixiviados e bem desenvolvidos.

Nas unidades de paisagem consideradas estáveis o valor atribuído aos solos na escala

de vulnerabilidade à perda de solo é 1,0 e são representados pela classe de solos do tipo

Latossolos. Os Latossolos são solos bem desenvolvidos, com grande profundidade e

porosidade sendo, portanto, considerados solos cujos materiais são mais decompostos. São

considerados solos velhos ou maduros. Devido ao intenso processo de intemperismo e

lixiviação, a que foram submetidos, estes solos apresentam quase que uma ausência total de

minerais facilmente intemperizáveis e/ou minerais de argila 2:1, por outro lado neles ocorre

uma concentração residual de sesquióxidos (óxido de alumínio - Al2O3 e óxido de ferro -

Fe2O3), além de argila do tipo 1:1. São solos que possuem boas propriedades físicas:

permeabilidade à água e ao ar, e mesmo quando contam com alta porcentagem de argila são

porosos, friáveis, de baixa plasticidade.

Nas unidades de paisagem consideradas intermediárias o valor atribuído aos solos na

escala de vulnerabilidade é 2,0 e são representados pela classe de solos do tipo Podzólicos (ou

Argissolos de acordo com EMBRAPA (1999b) baseado em Prado (2001)). Os solos

Podzólicos ou Argissolos, quando comparados com os Latossolos, apresentam profundidade

Page 66: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

65

menor e são solos menos estáveis e menos intemperizados. Ocorrem geralmente em

topografias um pouco mais movimentadas.

Nos solos Podzólicos ou Argissolos ocorre um horizonte B onde existe acumulação de

argila, isto é, durante o processo de formação uma boa parte da argila move-se por eluviação

do horizonte A para o horizonte B, onde se acumula. Nestes solos a diferença de textura entre

os horizontes A e B (ocasionada pelo acúmulo de argila no horizonte B) dificulta a infiltração

de água no perfil, o que facilita os processos erosivos.

Nas unidades de paisagem consideradas vulneráveis ocorrem solos jovens e pouco

desenvolvidos aos quais é atribuído o valor 3,0 e sua característica principal é a pequena

evolução dos perfis de solo.

Nestes solos o horizonte A está assentado diretamente sobre o horizonte C ou então

assentado diretamente sobre a rocha mãe (não possuem o horizonte B). São considerados

como sendo solos jovens, em fase inicial de formação, pois estão ainda se desenvolvendo a

partir dos materiais de origem recentemente depositados, ou então porque estão situados em

lugares de alta declividade, nos quais a velocidade da erosão é igual ou maior que a

velocidade de intemperismo.

A maior ou menor suscetibilidade de um solo a sofrer os processos erosivos da

morfogênese depende de diversos fatores e os mais importantes são: estrutura do solo, tipo e

quantidade das argilas, permeabilidade e profundidade do solo e a presença de camadas

impermeáveis. É bom lembrar que o tempo de formação de um solo desenvolvido, apesar de

ser variável, nunca é uma reação instantânea, requerendo centenas a milhares de anos para

formar 1 cm de solo que, com manejo inadequado, pode se perder em apenas uma safra. A

Tabela 4.11 mostra os valores de vulnerabilidade atribuídos aos principais tipos de solos.

Page 67: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

66

Tabela 4.11 - Valores de vulnerabilidade atribuídos aos principais tipos de solos.

Fonte: Modificada de Crepani et al. (2001) incluindo a correlação com a nova nomenclatura de solos de Embrapa (1999b) baseada em Prado (2001). 4.2.4.4 Cobertura vegetal e uso da terra

As informações vindas da Fitogeografia se revestem de grande importância para a

caracterização da vulnerabilidade à perda de solo das unidades de paisagem, porque a

cobertura vegetal representa a defesa da unidade contra os efeitos dos processos

modificadores das formas de relevo (erosão). A ação da cobertura vegetal na proteção da

paisagem se dá de diversas maneiras:

• Evita o impacto direto das gotas de chuva contra o terreno que promove a

desagregação das partículas;

Page 68: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

67

• Impede a compactação do solo que diminui a capacidade de absorção de água;

• Aumenta a capacidade de infiltração do solo pela difusão do fluxo de água da

chuva;

• Suporta a vida silvestre que, pela presença de estruturas biológicas como raízes

de plantas, perfurações de vermes e buracos de animais, aumenta a porosidade e

a permeabilidade do solo.

Em última análise, compete à cobertura vegetal um papel importante no trabalho de

retardar o ingresso das águas provenientes das precipitações pluviais nas correntes de

drenagem pelo aumento da capacidade de infiltração. A infiltração impede o incremento do

escoamento superficial, com a conseqüente diminuição na capacidade de erosão pela

transformação de energia potencial em energia cinética.

A participação da cobertura vegetal na caracterização morfodinâmica das unidades de

paisagem está, portanto, diretamente ligada à sua capacidade de proteção. Assim, aos

processos morfogenéticos relacionam-se as coberturas vegetais de densidade (cobertura do

terreno) mais baixa, enquanto que os processos pedogenéticos ocorrem em situações onde a

cobertura vegetal mais densa permite o desenvolvimento e maturação do solo (Crepani et al,

2001).

Portanto, para as áreas com alta densidade de cobertura vegetal foram atribuídos

menores valores de vulnerabilidade, já para as áreas com baixa densidade de cobertura vegetal

e maior intensidade de uso da terra atribuiu-se os maiores valores de vulnerabilidade.

A Tabela 4.12 mostra os valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de

cobertura vegetal e uso da terra presentes na área de trabalho.

Page 69: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

68

Tabela 4.12 - Valores de vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura vegetal e

uso da terra.

Unidades Territoriais Básicas

Convenção Descrição Vuln. Estab.

Cerradão Sc Savana arbórea densa - árvores densamente dispostas sobre um tapete gramíneo.

1,7

Campo Cerrado Sr Savana arbórea aberta - árvores dispersas sobre um tapete gramíneo.

2,1

Campo Sp Savana parque - grande extensão campestre interrompidas, às vezes, por indivíduos arbóreos de pequeno porte.

2,5

Cerradão c/form.ciliar Sf Savana arbórea densa com floresta de galeria 2,1

Cerrado de encosta c/formação ciliar

Sef Área de cerrado contendo mata ciliar associada aos canais de drenagem.

2,1

Área alagadiça A Savana arbórea aberta periodicamente inundada. 2,7

Agricultura de irrigação Ai Área produtiva por irrigação por pivô central. 2,9

Pasto c/biomassa verde P1 Terra cultivada com presença de uma biomassa verde. 2,8

Pasto c/biomassa seca P2 Terra cultivada com presença de uma biomassa seca. 2,9

Pasto c/solo exposto P3 Terra cultivada com solo exposto. 3,0

Corpos d'água Ca Lagos e represas. 3,0

Centro Urbano Cu Áreas urbanizadas (aglomerado urbano) 3,0

Fonte: Lamadrid , adaptado de CREPANI et al, 2001)

4.2.4.5 Clima

A erosão hídrica - causada pelo impacto das gotas de chuva e arraste de partículas na

superfície e sub-superfície do solo, ou pelo movimento do rio em seu leito - é a forma mais

comum e mais importante de erosão.

A causa fundamental da denudação é a ação da chuva agindo inicialmente sobre as

rochas provocando o intemperismo, e mais tarde sobre o solo removendo-o pela erosão

hídrica. O impacto direto das gotas e o escoamento superficial do excesso de água da chuva

são os agentes ativos da erosão hídrica, o solo é o agente passivo (Crepani et al, 2001).

A erosão, produto final desta interação chuva/solo é, portanto, uma resultante do poder

da chuva em causar erosão e da capacidade do solo em resistir à erosão. O poder da chuva em

causar erosão é chamado erosividade e é função das características físicas da chuva.

As principais características físicas da chuva envolvidas nos processos erosivos são a

quantidade ou pluviosidade total, a intensidade ou intensidade pluviométrica e a distribuição

sazonal. Dentre as três características é especialmente importante se conhecer a intensidade

pluviométrica, pois representa uma relação entre as outras duas características (quanto chove /

Page 70: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

69

quando chove), resultado que determina, em última análise, a quantidade de energia potencial

disponível para transformar-se em energia cinética.

A maior importância da intensidade pluviométrica é facilmente verificada quando se

observa que uma elevada pluviosidade anual, mas com distribuição ao longo de todo período,

tem um poder erosivo muito menor do que uma precipitação anual mais reduzida que se

despeja torrencialmente num período determinado do ano. Esta última situação é responsável

pela intensa denudação das regiões semi-áridas, caracterizada pela abundância de

afloramentos rochosos e pequena espessura de solos.

Os valores de intensidade pluviométrica podem ser considerados representantes de

valores de energia potencial disponível para transformar-se em energia cinética responsável

pela erosividade da chuva. Logo podemos dizer que quanto maiores os valores da intensidade

pluviométrica maior é a erosividade da chuva e podemos, portanto, criar uma escala de

erosividade da chuva que represente a influência do clima nos processos morfodinâmicos

(Crepani et al, 2001).

Assim, as unidades de paisagem localizadas em regiões que apresentam menores

índices pluviométricos anuais e maior duração para o período chuvoso receberão valores

próximos à estabilidade (1,0), aos valores intermediários associam-se os valores de

vulnerabilidade/estabilidade ao redor de 2,0, e às unidades de paisagem localizadas em

regiões de maiores índices de pluviosidade anual e menor duração do período chuvoso

atribuem-se valores próximos da vulnerabilidade (3,0).

A Tabela 4.13 mostra os valores de vulnerabilidade à perda de solo relacionados aos

valores de intensidade pluviométrica.

Tabela 4.13 – Escala de erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade à perda de solo.

Fonte: Crepani et al. (2001)

Page 71: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

70

CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo trata da apresentação dos resultados e é dividido em: interpretação das

imagens orbitais e análise e interpretação dos dados. O produto final indica em um mapa,

áreas com maior ou menor vulnerabilidade aos processos de perda de solo para o ano de 2002.

Será feita uma comparação entre a vulnerabilidade da paisagem da sub-bacia do Ribeirão

Água Suja entre os anos de 1996 e 2002, bem como o incremento do desmatamento,

informando o percentual antropizado para cada classe da vegetação.

5.1 - Interpretação das Imagens

A fase de interpretação das imagens teve como resultado o mapa de Unidades

Territoriais Básicas que foi elaborado com o auxílio dos dados coletados durante o trabalho de

campo. Estes dados contribuíram para o processo de interpretação de imagens, permitindo a

confirmação da delimitação dos polígonos de ação antrópica e de paisagem natural (vide

Figura 5.1).

5.1.1 - Coleta de Dados em Trabalho de Campo

Para o processo de interpretação da imagem, a coleta de dados em campo permitiu

verificações em pontos importantes ou considerados duvidosos. O trabalho procurou registrar

fotograficamente os pontos e percorrer a maior parte da área de estudo com o intuito de

compreender os processos de formação da paisagem. Nestes pontos foi possível observar as

características das feições no terreno e o seu comportamento na imagem. A Tabela 5.1 mostra

alguns padrões de cobertura vegetal e de uso da terra observados no campo e na composição

R5G4B3 das imagens dos satélites Landsat 2002 e Cbers 2006.

As categorias correspondentes a cobertura vegetal existente na área em questão e

listadas na tabela abaixo, foram descritas segundo o IBGE (1992, p. 10-38) e RIBEIRO &

WALTER (1998, p.89-166). Com relação ao uso da terra, adotou-se como referência para a

descrição dessas classes ANDERSON et alii (1979, p. 13-73) e IBGE (1999, p. 11-39).

Page 72: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

71

Tabela 5.1 - Padrões de cobertura vegetal e uso da terra observados no campo na composição 5R4G3B das imagens dos satélites Landsat 2002 e Cbers 2006.

Classe Características Fotografia /Imagem

Escala 1:100.000

Cerrado sentido Restrito Denso e Típico

Escala 1:250.000

Cerrado

Arbóreo com 20 a 70% de cobertura e altura média de 3 a 8 metros. Forma mais densa e alta do cerrado sentido restrito. Apresenta estratos arbustivos e herbáceos mais ralos. Solos predominantes: Latossolo (Roxo, Vermelho-Amarelo, Vermelho-Escuro), Cambissolos, Neossolos, Areias Quartzosas, Litossolos ou Concrecionários

Coordenadas UTM: E 807126 N 8830344

CCD Cbers 2-2006 TM Landsat-2002

Parâmetros Observados na imagem: Cor verde média escura; textura rugosa; e forma irregular.

Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 40m de comprimento por 10m de largura.

Cerrado Denso Cerrado Típico

Page 73: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

72

Classe Características Fotografia /Imagem

Escala 1:100.000

Mata de Galeria

Escala 1:250.000

Formações Ciliares

Vegetação florestal que acompanha os rios de

pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central,

formando corredores fechados (galerias) sobre o

curso de água. Altura média: varia entre 20 e 30 metros.

Cobertura arbórea: 70 a 95%; Presença de árvores com pequenos sapopemas ou

saliências nas raízes, principalmente nos locais

úmidos; Solos: Cambissolos, Plintossolos, Podzólicos,

Hidromórficos ou Aluviais, podendo ocorrer Latossolos.

Coordenadas UTM: E 798012 N 8825601

CCD Cbers 2-2006 TM Landsat-2002

Parâmetros Observados na imagem: Cor verde média; textura rugosa; e forma irregular.

Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 80m de comprimento por 10m de largura.

Mata de Galeria

Page 74: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

73

Classe Características Fotografia /Imagem

Escala 1:100.000

Cerrado Sentido

Restrito Ralo e Rupestre

Escala 1:250.000

Cerrado

arbóreo-arbustivo, com cobertura arbórea de 5 a 20% e altura de 2 a 4 metros. Representa a forma mais baixa e

menos densa desse tipo de cerrado. Ocorrem em mosaicos, incluído em

outros tipos de vegetação. O estrato arbustivo-herbáceo é

mais destacado que nos outros subtipos.

Predominam solos como: Latossolos,

Cambissolos, Neossolos Quartzosos, Litossolos, Solos Concrecionários e

Hidromórficos.

Coordenadas UTM: E 796189 N 8827951

CCD Cbers 2-2006 TM Landsat-2002

Parâmetros Observados na imagem: Cor rosa esverdeada média escura; textura média rugosa; e forma irregular.

Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2), representando uma faixa de 40m de comprimento por 10m de largura.

Cerrado Rupestre

Cerrado Ralo

Page 75: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

74

Classe Características Fotografia /Imagem

Escala 1:100.000

Agricultura Modernizada

Escala 1:250.000

Agricultura

Praticada, em geral, por

grandes e médios produtores que empregam as mais modernas técnicas

de práticas agrícolas, utilizando todos os

insumos necessários. Apresenta

acompanhamento técnico especializado para todas as fases do trabalho, até que o produto chegue ao mercado. O manejo é adequado para que se

obtenha uma boa produtividade. As relações sociais de produção são sempre assalariadas, com

a utilização de empregados permanentes

e temporários.

Coordenadas UTM: E 794158 N 8825545

CCD Cbers 2-2006 TM Landsat-2002

Parâmetros Observados na imagem: Cor rosa; textura lisa; e forma poligonal.

Page 76: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

75

Classe Características Fotografia /Imagem

Escala 1:100.000

Pecuária Semi-intensiva

Escala 1:250.000

Pecuária

Utilização do pasto natural, do plantado,

piqueteamento e práticas fitossanitárias

Coordenadas UTM: E 797659 N 8823739

CCD Cbers 2-2006 TM Landsat-2002

Parâmetros Observados na imagem: Cor rosa esverdeada média escura; textura média lisa; e forma poligonal.

5.1.2 - Delimitação das UTBs

As UTBs foram extraídas das informações adquiridas da imagem TM Landsat 2002,

constantes no banco de dados Geo-Tocantins. A delimitação dos polígonos se baseou em

métodos de interpretação que avaliam o padrão das formas, da textura, da tonalidade, do

arranjo espacial, das imagens orbitais e analógicas. As UTBs representam um conjunto de

polígonos resultantes da fase de interpretação da imagem (Figura 5.1).

Os polígonos definidos a partir da interpretação da imagem de satélite, correspondem

a porções do terreno, que dependendo da estética visual na imagem, conferem características

próprias à paisagem, com determinado significado natural ou antrópico, que corresponde a

cobertura vegetal e o uso do solo da sub-bacia, que podem ser visualizados na Figura 5.5.

Page 77: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

76

Figura 5.1 - Mapa das Unidades Territoriais Básicas

Page 78: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

77

O valor de vulnerabilidade à perda de solo para cada UTB foi obtido através da média

aritmética ponderada entre os valores de cada tema (Ge + G + P + F +C/ 5) com relação a sua

área total, com aplicação da seguinte fórmula:

Vul_UTB = (Vul_1 x AREA1 + Vul_2 x AREA 2 + ... + Vul_n x AREA n)

(AREA 1 + AREA 2 + ... + AREA n)

5.2 Análise da Vulnerabilidade da Área de Estudo

Esta fase inclui a análise dos mapas temáticos e a caracterização quanto à morfogênese

e pedogênese, representada pela atribuição de valores de estabilidade ou vulnerabilidade aos

processos de perda de solo.

5.2.1 Definição dos Valores de Vulnerabilidade/Estabilidade para Cada Tema

A partir do resultado das manipulações dos mapas, as classes foram detalhadas e pôde-

se dar início à definição dos valores de estabilidade e vulnerabilidade para cada um dos temas.

5.2.1.1 – Geologia (Ge)

Como já foi dito, a evolução geológica da microbacia do ribeirão Água Suja, envolve

6 ambientes estratigráficos. Aproximadamente 13,74% da região (166,82 km2) está coberta

por ambientes sedimentares do quaternário, representado por Depósitos Aluvionares (Ha) e

Cobertura Detríto-laterítica (Tq). O período devoniano é representado na região pela

Formação Pimenteiras (Dp), perfazendo 35,61% (432,26 km2); O ambiente compreendido

pelo Pré-Cambriano médio, Suite Intrusiva Ipueiras (Pεgi), constitui-se de depósitos álcali-

granitos, tonalitos e granitos posfiríticos, vulcânicas ácidas (rochas magmáticas); apresenta

associada a este ambiente ocorrência de ouro próximo a cidade de Monte do Carmo,

perfazendo apenas 0,39% (4,55 km2) da microbacia. Os ambientes mais antigos da região

(Pré-cambriano inferior) compreendem o Complexo Porto Nacional (AnPn). Perfazendo uma

área de 50,26 % de toda microbacia (610,10 km2), o Complexo Goiano (Pεg), unidade

litológica constituída de gnaisses, migmatitos, anfibolitos e quartzitos, granitos, granulitos,

calcossilicatadas (Figura 5.2).

Page 79: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

78

Figura 5.2 – Mapa de Geologia

Descrição das classes de geologia da legenda:

Dp – Formação Pimenteiras: arenitos finos a grosseiros, siltitos, siltitos foliáceos

ferruginosos, argilitos, níveis conglomeráticos e microconglomeráticos subordinados.

Ha – Holoceno Aluvionar: aluviões areno-argilosos, incosolidados, produtos das periódicas

inundações fluviais das bacias dos rios Tocantins e Araguaia.

pεεεεg – Complexo Goiano: rochas de composição granítica a tonalítica, textura granoblástica

porfiroblástica com cristais de feldspatos bem desenvolvidos. Os principais litotipos são

granitóides, gnaisse granodiorítico, metabasitos, diatexitos, dfx; anfibolitos, anf e cataclasitos,

ct.

pεεεεmc – Formação Monte do Carmo: quartzitos, conglomerados polimíticos, grauvacas,

siltitos, andesitos, dacitos e brechas vulcânicas.

pεεεεsa – Grupo Santo Antônio: quartzitos, ardósias e metaconglomerados.

pεγεγεγεγi – Suíte Intrusiva ipueiras: álcali-granitos, tonalitos e granitos porfiríticos; vulcânicas

ácidas, ∝.

Page 80: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

79

Os parâmetros geológicos, que contribuem para análise e definição da categoria

morfodinâmica das unidades de paisagens, são basicamente as informações relativas ao grau

de coesão das rochas que a compõe.

Atribuem-se valores próximos à estabilidade (1,0) para as rochas que apresentam

maior grau de coesão, valores intermediários (ao redor de 2,0) para as rochas que apresentam

valores intermediários no seu grau de coesão, e valores próximos à vulnerabilidade (3,0) para

as rochas que apresentam os menores valores no seu grau de coesão, conforme Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Valores de vulnerabilidade à geologia.

Unidades Estratigráficas

Convenção Litologia Vuln.

Estab.

Depósitos Aluvionares Ha Aluviões areno-argilosas, inconsolidadas, produtos das periódicas inundações da bacia do rio Tocantins.

3

Formação Pimenteiras Dp Arenitos finos e grosseiros, siltitos, siltitos foliáceos ferruginosos, argilitos, níveis conglomeráticos subordinados.

2,7

Suíte Intrusiva ipueiras: pεγi

Alcali-granitos, tonalitos e granitos porfiríticos; vulcânicas ácidas, ∝;

1,2

Formação Monte do Carmo

pεmc

Quartzitos, conglomerados polimíticos, grauvacas, siltitos, andesitos, dacitos e brechas vulcânicas;

2,6

Grupo Santo Antônio pεsa Quartzitos, ardósias e metaconglomerados 2,2

Complexo Goiano pεg Gnaisses, mignatitos, anfibolitos e quartzitos, granitos, granulitos, calcossilicatos

1,5

Fonte: Lamadrid, adaptado de (Crepani et al, 2001); 5.2.1.2 - Geomorfologia (G) A região da micro bacia do Ribeirão Água Suja encontra-se no contato com 4 unidades

geomorfológicas (Figura 5.3), como já foi dito anteriormente, com a presença de 3 tipos de

formas de relevo: as formas de acumulação, os Terraços Fluviais (Aptf), perfazendo um total

de apenas 1,51 % da área (18,34 km2); as formas estruturais, os Patamares Estruturais (St),

estas formas estão compreendidas na serra do Carmo, perfazendo um total de 13,32% (161,70

km2); e as formas erosivas, Superfícies tabulares erosivas (Et) e Superfície de pediplano (Ep),

estas formas compreendem 83,10% (1.008,52 km2) de toda extensão de área da bacia e,

Page 81: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

80

também, o tipo de dissecação (Dpt) Dissecado em Patamares, abrangendo 2,07% da bacia

(25,17 km2).

Figura 5.3 – Mapa de Geomorfologia

A geomorfologia integrante da análise geográfica é responsável pela compreensão do

comportamento do relevo.

Para atribuições de valores da escala de vulnerabilidade para as unidades de paisagem

natural com relação à geomorfologia (Tabela 5.3) é considerada a declividade do relevo,

devido o fenômeno da erosão ser explicado, primariamente, pelas classes de declividade, onde

a desagregação e o deslocamento das partículas no solo parte, principalmente das regiões mais

altas para as mais baixas, e pelo processo de acumulação (Lamadrid, 1995).

Page 82: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

81

Tabela 5.3 - Valores de vulnerabilidade à geomorfologia.

Modelos Convenção Litologia Vuln.

Estab.

Terraços Fluviais Aptf Formas de acumulação – planície e terraços fluviais aplanados. Inundações periódicas, eventualmente alagada.

3,0

Patamares estruturais

St Formas estruturais – superfície aplanada por escarpas retrabalhada por processo de pediplanação. 1,6

Superfície tabular erosiva

Et Formas erosivas – relevo residual, topo aplanado, limitado por escarpas erosivas. 1,6

Superfície Pediplano

Ep Formas erosivas – superfície pediplano/ aplananamento.

1,0

Dissecado em Patamares

Dpt Formas de relevo entalhadas pelos agentes erosivos, havendo uma dissecação diferencial do relevo, principalmente ao longo da rede hidrográfica.

2,9

Fonte: Lamdrid, adaptado de (Crepani et al, 2001);

Descrição das classes de geomorfologia da legenda:

Aptf – Terraço Fluviais – Formas de Acumulação, relevos resultantes do depósito de

sedimentos, em regiões fluviais, paludais e lacustres, normalmente sujeitos à inundação.

Dpt – Dissecado em Patamares – Formas de relevo entalhadas pelos agentes erosivos,

havendo uma dissecação diferencial do relevo, principalmente ao longo da rede hidrográfica.

ESpp – Superfícies de Pediplanos e EStb – Superfícies Tabulares Erosivas – Formas de

relevo constituídas a partir de processos predominantemente erosivos, onde houve um

rebaixamento das saliências, tendendo ao nivelamento do relevo.

SEpt – Patamares Estruturais – Relevo cuja topografia é condicionada pela estrutura. Neste

caso, processos morfodinâmicos geram formas de relevo em conformidade com a estrutura

geológica. As camadas mais resistentes sobressaem no relevo.

5.2.1.3 – Pedologia (P)

Como já foi observado, predomina na região (Figura 5.4), com 65,56% (795,80 km2),

os Latossolos, sendo que os Latossolos Vermelho Escuro distrófico (LE), perfazem apenas

Page 83: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

82

3,90% (47,36 km2) e os Latossolos Vermelho-Amarelo (LV), recobrem 61,66% (748,45 km2)

da área. Os Solos Hidromórficos (HG), ocorrem acompanhando o médio/baixo curso do

ribeirão Água Suja, e representa 5,92% (71,84 km2). Os solos Concrecionários (SC),

compreendem cerca de 21,39% (259,64 km2) dos solos da região e estão associados às altas

superfícies da serra do Carmo. Os Solos Litólicos (R), correspondem apenas 7,13% (86,46

km2) dos solos da região. Compreendem solos minerais rasos ou muito rasos, pouco

desenvolvidos, geralmente assentados sobre a rocha. Estão geralmente associados a relevo

montanhoso e, sobretudo, recomenda-se a preservação da vegetação natural, por não

apresentar viabilidade de utilização com vistas a um plano de desenvolvimento agropecuário.

Figura 5.3 – Mapa de Pedologia

O solo junto com outros fatores como declividade do relevo, intensidade da chuva,

densidade da cobertura vegetal, determinam maior ou menor suscetibilidade à erosão.

A contribuição da pedologia nos valores de estabilidade das unidades de paisagem é

obtida a partir do conhecimento do grau de desenvolvimento e estágio dos solos, a maturidade

dos solos, que se apresenta diretamente proporcional à sua profundidade. ”Uma unidade de

paisagem é estável , quando favorece o processo de pedogênese, isto é, o ambiente favorece a

formação e o desenvolvimento do solo. Nestes ambientes encontramos solos bastantes

Page 84: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

83

desenvolvidos, intemperizados e envelhecidos. (...). Uma unidade de paisagem natural é

instável, quando prevalece a formação do relevo (morfogênese), existe um predomínio dos

processos de erosão do solo em detrimento ao seu processo de formação e desenvolvimento

do solo,” CREPANI et al (1998).

Tabela 5.4: Valores de vulnerabilidade à pedologia

Fonte: Lamdrid, adaptado de (Crepani et al, 2001).

Descrição das classes de pedologia da legenda:

HG2 – Associação de Glei Pouco Húmico Tb textura indiscriminada + Latossolo Vermelho-

Amarelo plíntico textura argilosa + Solo Aluvial Tb textura indiscriminada todos Distróficos

relevo plano.

LE1 – Latossolo Vermelho-Escuro Distrófico textura argilosa relevo plano e suave ondulado.

LV2 – Associação de Latossolo Vermelho-Amarelo concrecionário ou não textura média e

argilosa relevo suave ondulado + Solos Concrecionários Indiscriminados Tb textura

indiscriminada relevo suave ondulado e ondulado ambos Distróficos.

Page 85: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

84

R1 – Associação de Solos Litólicos textura indiscriminada + Podzólico Vermelho-Amarelo

textura argilosa + Afloramentos de Rocha todos Distróficos relevo montanhoso e forte

ondulado.

R3 – Associação de Solos Litólicos textura indiscriminada + SOLOS Concrecionários

Indiscriminados Tb textura indiscriminada + Afloramentos de Rochas todos Distróficos

relevo ondulado.

SC7 – Associação de Solos Concrecionários com B Textural Tb textura média/argilosa +

Podzólico Vermelho-Amarelo Tb textura média/argilosa + Solos Litólicos textura média

todos Distróficos relevo ondulado e forte ondulado.

5.2.1.4 – Cobertura Vegetal e Uso das terras (F)

O aspecto informativo desta etapa caracteriza-se pela avaliação em função do

conhecimento dos elementos naturais e antrópicos verificados sobre as unidades paisagísticas

da microbacia do ribeirão Água Suja, adquiridos através da interpretação da imagem de

satélite TM-Landsat 222/67, passagem de setembro de 2002.

A análise da vulnerabilidade à perda de solo para as classes de cobertura vegetal e uso

da terra baseia-se na densidade de cobertura que a vegetação ou a atividade antrópica

proporcionam ao solo (Figura 5.5). Deste modo, considerando-se os valores sugeridos por

Crepani et al. (2001), apresentam-se como áreas mais estáveis aquelas com maior densidade

de cobertura vegetal, às quais são atribuídos os menores valores de vulnerabilidade (p. ex.

floresta primária, floresta de várzea e sucessão secundária). Por outro lado, para as áreas que

apresentam uso da terra, com menor densidade de cobertura vegetal (p. ex. reflorestamento,

pasto sujo, pasto limpo, campo de várzea, agricultura e área urbana), atribuiu-se os maiores

valores de vulnerabilidade.

Page 86: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

85

Figura 5.5 – Mapa de Uso e Cobertura do Solo

5.2.1.4.1 Cobertura Vegetal

A região compreende em sua totalidade domínio de savana, numa extensão de

795,1795 km2 (65,55%), mais da metade da área, como já mencionamos, observando-se as

seguintes unidades de vegetação: O cerrado com 605,9728 km2 (49,91%); As formações

ciliares com 85,8034 km2 (7,07%); A Mata Seca e Cerradão recobrem uma extensão de

0,4523 km2 (0,04%); e a unidade de vegetação Palmeiral + Mata de Galeria ocupa uma área

de 102,9507 km2 (8,48%);

5.2.1.4.2 Uso da Terra

No contexto local, a interferência humana no ecossistema se mostra através das

coberturas artificiais na região, correspondem a 418,4464 km2 (34,50%) de toda a área. As

atividades de uso da terra ligada a classe de pecuária correspondem a cerca de 207,7595 km2

(17,12%) e está ocupada por pastagens (área onde a vegetação natural foi substituída por

Page 87: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

86

alguns tipos de atividade agropastoril). A agricultura com 171,4440 km2 ocupa 14,12% da

área da sub-bacia.

Abaixo, está relacionada as categorias de uso da terra existentes no Estado do

Tocantins (Tabela 5.5).

Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins

AGRICULTURA

1. Agricultura Tradicional - At: pequenos e médios produtores; sem orientação técnica especializada; produção predominantemente familiar.

2. Agricultura Modernizada – Am: Praticada, em geral, por grandes e médios produtores que empregam as mais modernas técnicas de práticas agrícolas, utilizando todos os insumos necessários. Apresenta acompanhamento técnico especializado para todas as fases do trabalho, até que o produto chegue ao mercado. O manejo é adequado para que se obtenha uma boa produtividade e proporcione a conservação do ambiente. As relações sociais de produção são sempre assalariadas, com a utilização de empregados permanentes e temporários.

PECUÁRIA 1. Pecuária Extensiva - Pe: gado é criado solto na vegetação natural; o pastoreio não tem cerca.

2. Pecuária Semi Intensiva - Ps: utilização do pasto natural, do plantado, piqueteamento e práticas fitossanitárias

3. Pecuária Intensiva- Pi: pasto plantado, manejo mais sofisticados (rotação de pasto, irrigação e melhoramento genético).

4. Agropecuária- Ap: Atividade de agricultura e pecuária. A agricultura praticada tem a finalidade pecuária.

FLORESTA Reflorestamento - Re

ÁREA URBANA OU CONSTRUÍDA

1. Área urbanizada; α) Áreas urbanizadas de uso misto - Au.

CORPOS D’ÁGUA

1. Lagos, rios, reservatórios, açudes e represas: a) Lagos – La b) Rios – Ri c) Reservatórios, açudes e represas - Ac

TERRAS COM INDLUÊNCIA

FLUVIAL OU DE MINERAÇÃO

1. Áreas de Praia e Mineração: d) Praias – Pr e) Mineração a Céu Aberto - Ma

FONTE: ANDERSON et alii, 1979, p. 13-73; IGBE, 1999, p. 11-39.

Com relação a paisagem, os polígonos definidos a partir da interpretação da imagem

de satélite, correspondem a porções do terreno, nas quais se conferem, a depender da estética

visual na imagem, características próprias com determinado significado natural ou antrópico,

Page 88: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

87

este último referencia um momento atual onde a interferência humana impulsiona uma

alteração nas unidades de paisagem natural.

As dimensões obtidas do produto do sensoriamento remoto “Cobertura vegetal e uso

das terras”, revelam a ordenação do espaço, onde se permite obter uma compreensão ante as

perturbações morfogênicas à tendência para efeitos erosivos ou não, a depender da

concentração de vegetação natural sobre as unidades de paisagem, pois a cobertura vegetal

exerce um importante papel na estabilização e redução da capacidade de transporte,

minimizando os processos de morfogênese.

Os meios estáveis caracterizam-se pelos locais onde prevalece a cobertura vegetal

mais densa, e os meios instáveis relacionam-se às coberturas vegetais de densidade mais

baixa.

Tabela 5.6: Valores de vulnerabilidade à cobertura vegetal e uso das terras

Fonte: Lamdrid, adaptado de (Crepani et al, 2001).

5.3 Integração dos Dados Gerados

5.3.1 Mapa de Vulnerabilidade à Perda de Solo

A partir dos valores atribuídos a cada tema (cobertura vegetal e uso da terra, geologia,

geomorfologia, solos e intensidade pluviométrica) foi possível determinar um valor de

Page 89: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

88

vulnerabilidade para cada unidade de paisagem. Estes valores possibilitaram caracterizar as

diferentes unidades de paisagem da área em um mapa de vulnerabilidade à perda de solo da

sub-bacia (Figura 5.6).

Figura 5.6 - Mapa de Vulnerabilidade a perda de solo

5.3.2 Análise dos Dados Gerados

Para a representação cartográfica (Figura 5.6), foi aplicado o modelo proposto por

Crepani et al (1998), de representação da escala de vulnerabilidade, que estabelece padrões de

cores às 21 classes , que vai da vulnerabilidade até a estabilidade à erosão, obedecendo ao

critério de que ao valor de maior estabilidade (1,0) se associa a cor azul, ao valor de

estabilidade intermediária (2,0) se associa a cor verde e ao valor de maior vulnerabilidade

(3,0) a cor vermelha. Aos valores situados entre 1,1 e 1,9 na escala de vulnerabilidade

associam-se cores resultantes da combinação entre o azul e o verde, crescendo a participação

do segundo na medida em que se aproxima de 2,0, enquanto que aos valores situados entre

2,1 e 2,9 associam-se cores resultantes da combinação entre o verde e o vermelho, crescendo

a participação do segundo à medida que o valor da vulnerabilidade se aproxima de 3,0.

Page 90: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

89

Na tabela 5.7, estão descritos os valores de vulnerabilidade encontrados para cada

tema, conforme sua participação nas UTB's identificadas na sub-bacia do Ribeirão Água Suja.

Tabela 5.7 - Valores de vulnerabilidade por tema com respectivos percentuais.

Grau de Vulnerabilidade

Valores Médios

(%) Geologia

(%) Geomorfologia

(%) Pedologia

(%) Uso e

Cobertura Vulnerável 2,8 a 3,0 3,16 0,00 0,00 34,28

Moderadamente Vulnerável

2,4 a 2,7 14,13 0,00 8,48 0,04

Medianam. Estável Vulnerável

1,9 a 2,3 82,59 0,00 0,00 65,48

Moderadamente Estável

1,5 a 1,8 0,12 3,12 84,33 0,00

Estável 1,0 a 1,4 0,00 96,88 7,19 0,00

Analisando a dinâmica natural nas unidades de paisagem da sub-bacia do ribeirão

Água Suja, sobre influência da geologia, geomorfologia e pedologia, verifica-se um meio

balanceado entre o processo de pedogênese/ morfogênese.

Com a participação dos elementos da cobertura vegetal e uso da terra, o processo

morfogenético se altera. Na sub-bacia não é encontrada, segundo este fator temático, nenhuma

unidade territorial básica com valor de vulnerabilidade que evidencia a estabilidade ecológica

do ecossistema. O fator de proteção às unidades de paisagem nesta região encontra-se já

bastante modificada pelo contato com a atuação humana, onde 34,28% das unidades de

paisagens estão comprometidas com a situação de instabilidade.

Porém a dinâmica evolutiva dos ecossistemas envolvendo uma análise integrada, não

pode ser entendida através destes fenômenos isolados. Observando as áreas com maior

predisposição aos meios vulneráveis (em amarelo), verificou-se que estão sobre influência,

tanto da geologia como da pedologia, com valores a partir de 1,8. A contribuição da cobertura

vegetal e uso da terra, concentradas por unidades de vegetação, campo e de pastagem,

compromete ainda mais a dinâmica deste meio à tendência medianamente vulneráveis.

Se observarmos as áreas com uma maior tendência à estabilidade (em azul), a

evolução dinâmica envolvida pelos fenômenos naturais, geologia, geomorfologia e pedologia,

favorecem um meio naturalmente estável, porém quando da interferência da cobertura vegetal

e uso da terra, onde as unidades de paisagens estão também associadas a campo e pastagem,

provoca uma elevação do comprometimento a meios parcialmente ou moderadamente

estáveis.

Page 91: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

90

Nos meios intermediários (em verde), a pedogênese está em relação direta

principalmente com a geomorfologia (onde as superfícies pediplanadas perfazem quase a

totalidade dos terrenos da sub-bacia) e a pedologia. Enquanto a geologia e a cobertura vegetal

através das formações de savana em associação com formações ciliares e a pastagem,

comprometem as unidades de paisagem, havendo uma tendência a processos de morfogênese.

Baseado nos índices de predisposição à erosão natural, a distribuição das unidades de

paisagem da microbacia do ribeirão Água Suja, quanto a meios estáveis, moderadamente

estáveis, medianamente estável/vulnerável, moderadamente vulnerável e vulnerável,

apresenta a seguinte realidade (Tabela 5.8):

Tabela 5.8: Situação das unidades de paisagem quanto à estabilidade.

Meios Km2 %

Moderadamente estável (de 1,5 a 1,8) 901,326 74,26

Medianam. estável/vulnerável (1,9 a 2,3) 312,474 25,74

1.213,80 100

Conforme podemos observar, na região da sub-bacia do ribeirão Água Suja está

compreendido um meio predominantemente intermediário em cuja área está associada os

meios moderadamente estável, onde 74,26% da região apresentam-se dentro desta classe, e o

meio medianamente estável vulnerável. ( Figura 5.7).

Page 92: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

91

Figura-5.7- Distribuição da vulnerabilidade/estabilidade na sub-bacia do Ribeirão Água Suja

Page 93: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

92

5.3.2.1 Caracterização da ação antrópica entre 1996 e 2002

O Cerrado, com relação a outros biomas, considerando a superfície e o número de

ecorregiões é o mais diverso, pois ocupa uma área que é próxima à metade da Amazônia

(Ferreira & Arruda, 2001). A última avaliação realizada pelo estudo de prioridades de

conservação do Probio (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

Biológica), com imagens de 1987 a 1993, mostrou que mais de 80% do Cerrado já foi

antropizado, com algumas áreas com até 92% de antropização nos estados de São Paulo,

Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul (Brasil/MMA, 2002). Constatou-se que áreas

importantes do ponto de vista da biodiversidade já foram antropizadas e as que restaram estão

em processo de ocupação, tanto pela agricultura como pela pecuária e mineração.

Considerando os dados obtidos da sub-bacia do ribeirão Água Suja, verificou-se que a

ação antrópica entre o período de 1996 a 2002 foi muito grande, com área antropizada de

331,00 km. Isto corresponde a 27,27% da área total da sub-bacia, conforme se pode observar

na Figura 5.8.

Com a vegetação suprimida, a paisagem tornou-se mais vulnerável o que pode ser

visto no mapa de vulnerabilidade (Figura 5.6), cuja área medianamente estável vulnerável,

identificada através das nuances associadas à cor amarela, fica justamente onde foi suprimida

a maior parte da vegetação.

Constatou-se que a tipologia vegetal mais antropizada foi o cerrado com 91,46% da

área (302,747 km²). Machado et at (2004) relatou em seu trabalho que 57% da área de cerrado

no Brasil já foram completamente destruídos. Na área de estudo foi observado um percentual

de área antropizada bem superior àqueles encontrados no trabalho supramencionado.

Page 94: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

93

Figura 5.8 - Polígonos de Ação Antrópica Anos 1996 a 2002.

Page 95: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

94

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Tendo como objetivo principal aplicar a metodologia utilizada para gerar mapa de

vulnerabilidade à perda de solo para os ambientes da sub-bacia do Ribeirão Água Suja, este

trabalho possibilitou a compreensão da formação da paisagem, os processos que podem levar

a degradação desta região além dos métodos e técnicas necessárias para obter informações

relevantes sob estes aspectos.

Através das análises dos polígonos das unidades territoriais básicas, adquiridos através

da interpretação da imagem de satélite foi possível conhecer os elementos naturais e

antrópicos verificados sobre as unidades paisagísticas da microbacia do ribeirão Água Suja.

Para o processo de interpretação da imagem, a coleta de dados em campo permitiu a

validação das informações obtidas para a compreensão dos processos de formação da

paisagem. Com as fotos tiradas no campo com respectivas coordenadas, foi possível elaborar

uma tabela na qual se pode verificar sua correspondência na imagem de satélite e comparar

com o perfil de cobertura arbórea, classificando-as.

No que diz respeito à aplicação das técnicas observou-se que o ajuste e

complementação dos mapas temáticos dependem da disponibilidade de materiais auxiliares e

da obtenção das informações na imagem orbital.

A dinâmica das unidades de paisagem na sub-bacia do ribeirão Água Suja é mantida

em função do balanço pedogênese/morfogênese. Não existe um predomínio entre os

processos, prevalecendo um nível intermediário de vulnerabilidade. A participação da

cobertura vegetal está diretamente relacionada a morfodinâmica das unidades de paisagem,

bem como sua proteção, que deve ser monitorada para o ordenamento. No período de 1996 a

2002, constatou-se que áreas do cerrado foram as mais afetadas. O principal agente de

degradação é a agricultura e pecuária, principalmente nos estratos pediplanados que estão

associados aos latossolos e áreas de preservação permanente.

Com estas informações torna-se possível fazer a gestão territorial da sub-bacia, por

fornecer auxílio à tomada de decisão com relação ao planejamento ambiental, que é

fundamental para a conservação e preservação do meio ambiente. A informação mais direta

sobre as formas de utilização dos recursos naturais correlacionadas com suas capacidades de

suporte, permite evitar ou corrigir possíveis degradações ambientais. Além disso, tais

Page 96: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

95

informações podem subsidiar a aplicação de políticas públicas a nível regional, servindo

como guia para investimentos em áreas com menor risco ambiental.

O manejo e conservação das terras nesta bacia hidrográfica devem passar por

adequações de uso, visto que há práticas que contribuem para o aumento da vulnerabilidade

da paisagem cujas conseqüências serão refletidas em toda a bacia hidrográfica.

Houve a necessidade de utilizar informações de diversas áreas do conhecimento e a

utilização de geotecnologias permitiu a integração e a obtenção de resultados representativos

ao planejamento e gestão territorial. O método ZEE mostrou-se eficaz na delimitação das

unidades de paisagem naturais e antrópicas. A abordagem sistêmica demonstrou-se

fundamental para a compreensão de todos os processos de formação da paisagem, pois um

tema se mostrou diretamente relacionado ao outro.

A metodologia para a obtenção da carta de vulnerabilidade à perda de solo aplicada se

mostrou eficaz, no que diz respeito aos conceitos, ferramentas, técnicas e aplicabilidade. Esse

tipo de produto poderá ser utilizado em um ordenamento territorial centrado em

características físicas e bióticas. A análise sócio-econômica pode servir como uma outra

análise, importante em estudos de gestão territorial, tema que deve ser imprescindível em

regiões frágeis, sob o ponto de vista ambiental.

Portanto, a concepção de planejamento ambiental é compatível com o que preconiza o

desenvolvimento sustentável, onde o conhecimento do grau da vulnerabilidade das unidades

de paisagem à perda de solos de uma região, principalmente rural, torna-se um dos principais

elementos subsidiais ao manejo das terras, por fornecer auxílio à implantação de atividades

que não venham provocar adversidade e afetar tanto sua estabilidade ecológica quanto a

sócio-econômica.

Conclui-se que as informações territoriais, associada a outros critérios, podem orientar

o sistema político administrativo em suas decisões sobre o uso dos recursos naturais e a

ocupação do espaço de uma determinada região, tendo em vista que o processo de conciliação

das políticas públicas setoriais, necessárias para racionalizar o uso dos recursos e a ocupação

dos espaços, constitui a essência da gestão do território, cujo resultado é o ordenamento

territorial.

Recomenda-se um constante monitoramento dos ecossistemas na busca da ordenação

equilibrada do território e a estratificação do espaço geográfico em sub-bacias para um

planejamento detalhado que possa ser extrapolado a todas as regiões do estado do Tocantins.

Page 97: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

96

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, JAMES R.; HARDY, ERNEST E.; ROACH, JOHN T.; WITMER, RICHARD E. Sistema de classificação do uso da terra e do revestimento do solo para utilização com dados de sensores remotos. Rio de Janeiro: Superintendência de Recursos Naturais e Meio Ambiente (SUPREN), 1979. 78 p ARONOFF, S. Geographic information systems: a management perspective. Ottawa: WDL, 1989. 294 p. BARBOSA, C.C.F. Álgebra de mapas e suas aplicações em sensoriamento remoto e geoprocessamento. 150p. (INPE-7115-TDI/667) Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1997. BECKER, B.K.; EGLER, C.A.G. Detalhamento da metodologia para execução do zoneamento ecológico-econômico pelos estados da Amazônia Legal. Rio de Janeiro: LAGET/UFRJ, 1997. 43p. BRASIL/MMA. Avaliação e identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília: MMA, Probio, 2002. 404 p. BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL. Folha SD. 23. Brasília: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro: IBGE, 1982. p. 465-519. BRASIL. Lei n. 9.443/97 de 8 de janeiro de 1997. Institui a política Nacional de Recursos Hídricos. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. CÂMARA, G,; MEDEIROS, J. S. Geoprocessamento para projetos ambientais. Tutorial. São José dos Campos. INPE. 1996. CHRISTOFOLETTI, ANTONIO. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blücher ltda, 1999. 236p. CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S.; AZEVEDO, L. G.; HERNANDEZ FILHO, P.; FLORENZANO, T. G.; DUARTE, V. Curso de sensoriamento remoto aplicado ao zoneamento ecológico econômico. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 8., Salvador, 1996. Anais. São Paulo: Image Multimidia, 1996. Seção de Comunicações Técnico-Científicas. 1 CD-ROM. CREPANI, E. Formação da paisagem da região de Parnamirim (PE) baseado em informações sobre a geologia. (Parnamirim-PE, 1998). (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1998). Comunicação pessoal.

Page 98: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

97

CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. DE.; HERNANDEZ, P.; FLORENZANO, T.G.; DUARTE, V.; BARBOSA, C. C. F. Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicado ao Zoneamento Ecológico-Econômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos Campos. SAE/INPE. 2001. CRÓSTA, A.P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. Campinas: UNICAMP, 1993. 170p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ) Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Embrapa Solos, 412p. : il., 1999b. FERREIRA, L.V.; ARRUDA, M. B. Identificação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade por meio da representatividade das unidades de conservação e tipos de vegetação nas ecorregiões da Amazônia Brasileira. In: Biodiversidade na Amazônia Brasileira. São Paulo: Ed. Estação Liberdade; Instituto Sócioambiental, p. 268-289, 2001. FLORENZANO, T.G. Avaliação de dados MSS-LANDSAT-4 para o mapeamento geomorfológico no semi-árido como suporte ao planejamento regional: uma abordagem integrada (área teste região de Juazeiro - BA). 197p. (INPE-3984 -TDL/236). Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1986. FLORENZANO, T.G. Delimitação e caracterização das unidades geomorfológicas de uma área do semi-árido de Pernambuco (PE). (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 1999). Comunicação pessoal. FLORENZANO, T. G.; Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. 97 p. FONSECA, L.M.G. Processamento digital de imagens. Rio de Janeiro: 2000. 48p. Apostila. FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASIELIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de janeiro: IBGE, 1992. 92 p. GERRARD, A. J. Soils and landforms – an integration of geomorphology and pedology. London: Geoge Allen & UNWIN, 1981. 219p. Cap 12, p.173-183. Soil survey and landforms in environmental management. GUARDA, D.M.S. Expansão urbana do entorno do lago do municipio de Palmas – TO (1990, 1993, 1999, 2002, 2005): Acompanhamento por dados de Sensoriamento Remoto. Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente. Palmas. UFT, 2006. (cópia cedida pela autora). GUERRA , A. J. T.; SILVA, A. S., BOTELHO, R. G. M. Erosão e Conservação dos Solos: conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. GUERRA , A. J. T.; CUNHA S. D. Geomorfologia e meio ambiente. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

Page 99: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

98

IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1999. 58 p. INPE-INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Fundamentos de Geoprocessamento – Tutorial – SPRING, São José dos Campos. Maio, 2000. KUMAR, R. Radiation from plants-reflection and emission: a review. West Lafaiette: Purdue Research Foundation, 1972. 28p. (Research Project n.5543).

LAMADRID, J.R. Geomorfologia do Tocantins. V Congresso Latino Americano de Geografia. Anais. Habana, Cuba, 1995.

LEINZ, V. e AMARAL, S. E., Geologia Geral. 12ª ed. Ver. São Paulo: Editora Nacional, 1995. Pp. 33-73.

LILLESAND, T. M.; KIEFER, R. W. Remote sensing and image interpretation. New York: J. Wiley, 1994. MABBUT, J. A.. Review of concepts of land classification. In: Stewart, G.A. ed. Symposium on Land Evaluation, Camberra, 1968. Papers. Melbourne: CSIRO/UNESCO, 1968. p.11-28. MACIEL FILHO, C.L. Introdução à geologia de engenharia. 2ª edição. Santa Maria: Editora da UFSM; Brasília: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 1997. MARCOMIN, F.E. Análise Ambiental da bacia hidrográfica do Rio Pinheiros Municípios de Orleans e São Ludgero, (SC), com base na caracterização e diagnóstico dos elementos da paisagem e perda de solo por erosão laminar. São Carlos: UFSCar, 2002. 155p. MEDEIROS, J. S. Banco de dados geográfico e redes neurais artificiais: tecnologias de apoio à gestão do território. São Paulo: 221p. Tese (Doutorado em Geografia). USP/FFLCH, IG, 1999. MEIJERINK, A.M.J. Data acquisition and data capture through terrain mapping units. ITC Journal, n.1, 1988, p. 23-44. MEIRELLES, P.S.M. Análise Integrada do Ambiente Através de Geoprocessamento – Uma Proposta Metodológica Para Elaboração de Zoneamentos. Rio de Janeiro. 1997. 192 p. IGEO/UFRJ, D.Sc., Geografia, l997)Tese, Universidade Federal do Rio de Janeiro, IGEO. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Irrigação. Departamento Nacional de Meteorologia. Normas Climatológicas; 1961/1990. Brasilia-DF,1992. MOREIRA, M. A. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação. São José dos Campos: INPE, 2001. 250 p.

MOTTA, M. N. J. O zoneamento ambiental como alternativa para regulamentação da apropriação dos recursos naturais em Guaraqueçaba (PR). Curitiba, maio/1994.

Page 100: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

99

NAVEH, A.; LIEBERMAN, A.S. Landscape ecology: theory and application. New York: Springer-Verlag, 1983, 356p. NOVO, E.M.L.M.; NASCIMENTO, M.A.L.S. Mapeamento geomorfológico através de imagens do Landsat. São José dos Campos: INPE, 1977, 22p. (INPE 1076-NTE/102). NOVO, E.M.L.M.; SANTOS, A.P.S. Determinação de variações topográficas através da análise de textura fotográfica de imagens. São José dos Campos: INPE, 1977, 33p. (INPE 1077-NTE/103). NOVO, E.M.L.M.; BRAGA, C.Z.F. Relatório do projeto "Sensoriamento remoto de sistemas aquáticos". São José dos Campos: INPE, 1991, 74p. (INPE-5271-PRP/159). NOVO, E.M.L.M. Sensoriamento Remoto: princípios e aplicações. São Paulo, 1992, Ed.Edgard Blücher, 308p. OLIVEIRA, J.G.B.; FERNANDES, A.G.; BEZERRA, C.L.F.; NUNES, E.P.; LIMA, F.A.M.; MOTA, F.O.B.; QUESADO, H.L.C.; SOUZA, M.J.N.; SALES, M.C.L.; LIMA, M.F.; OLIVEIRA, S.T; OLIVEIRA, V.P.V. Zoneamento geo-ambiental da região de Canindé - CE. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 5., Natal, 1988. Anais... São José dos Campos: INPE, v. 1, p. 41-48. PINTO, S.A.F.; VALÉRIO FILHO. M.; FERRANTE, J.E.T. Utilização de Dados TM/Landsat para o mapeamento de áreas agrícolas irrigadas em região semi-árida. In: Simpósio Latino-americano sobre Sensores Remotos, México, 1989. Memórias. México: SELPER, 1989a, p. 85-90. PINTO, S.A.F.; FERRANTE, J.E.T.; VALÉRIO FILHO. M.; SIQUEIRA, F.B. Identificação de áreas irrigadas no vale do São Francisco através de dados de sensoriamento remoto – área piloto de Petrolina-Juazeiro. São José dos Campos: INPE, 1989b. 61p. (INPE-4800 - RPE/587). PINTO, S.F.A.;VALÉRIO FILHO, M. Análise e interpretação de dados de sensoriamento remoto. São José dos Campos: INPE, 1996. 31p. Apostila de Aula PIRES NETO, A. Planejamento territorial e a abordagem geológico-geotécnica e o conceito de terreno ou abordagem de paisagem. São Paulo. USP, Geografia, v.8, p.51-62. 1995. PONZONI, F.J.; DISPERATI, A.A. Comportamento espectral da vegetação. São José dos Campos: INPE, 1995, 37p. (INPE-5619-PUD/065). PRADO, H. do -Solos do Brasil: gênese, morfologia, classificação, levantamento. 2. ed. rev. e ampl. Piracicaba. 220 p.: il. 2001.

PRODIAT. Plano de Desenvolvimento da Região Araguaia/Tocantins (1985/1994). Brasília: GEDP, SEDAP, 1987.

Page 101: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

100

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sano, S. M.; Almeida, S. P. de. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA - CPAC, 1998. 556 p. RICHARDS, J.A. Remote sensing digital image analysis: an introduction. Berlin: Springer-Verlag, 1986. 218p. ROCHA, J.S.M. Manual de Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas. Rio Grande do Sul. UFSM, 1991. RODRIGUEZ, J.M.M; SILVA, E.V.; CAVALCANTI, A.P.B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. Fortaleza. UFC. 2004. 220 p. ROSS, J.L.S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista do Departamento de Geografia. São Paulo. USP, v.8, p.63-74, 1994. ROSS, J.L.S. Análise e síntese na abordagem geográfica da pesquisa para o planejamento ambiental. Revista do Departamento de Geografia. São Paulo. USP, v.9, p.65-75. 1995. SANTOS, A.P.; FORESTI, C.; NOVO, E.M.L.M.; LOMBARDO, M.A. Metodologia de interpretação de dados de sensoriamento remoto e aplicações no uso da terra. São José dos Campos: INPE, 1981, 66p. (INPE-2261-MD/016). SAUSEN, T.M.; NOVO, E.M.L.M. Metodologia de interpretação de dados de sensoriamento remoto e aplicações em geomorfologia. São José dos Campos: INPE, 1981, 44p. (INPE-2209 - MD/007). SENOGRAFIA. Relatório Técnico do Mapeamento da Cobertura e Uso da Terra, Identificação e Estimativa de Áreas Desmatadas; Curitiba,2004. SEPLAN. ATLAS DO TOCANTINS: Subsídios ao Planejamento da Gestão Territorial. Secretaria do Planejamento Meio Ambiente - SEPLAN, Diretoria de Zoneamento Ecológico-Econômico – DZEE. Palmas: SEPLAN, 1999. SEPLAN, Secretaria de Planejamento e meio Ambiente, Diretoria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Plano das Bacias hidrográficas do Entorno de Palmas-TO. 2004. SEWELL, G.H. Administração e controle da qualidade ambiental. São Paulo: EDUSP, 1933. 295p. SOTCHAVA, V.B. 1978. Por uma Teoria da Classificação dos Geossistemas da Vida Terrestre. São Paulo. IGEOG, USP. n° 14. SOUZA, C.J.S. Carta de Vulnerabilidade à erosão como subsídio ao zoneamento ecológico-econômico em área intensamente antropizada. São José dos Campos: 172p. (INPE-7030-TDI/662). Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 1999.

Page 102: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

101

SOUZA, V.M.A. Dinâmica da Paisagem na Sub-Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande no Município de Palmas-TO. Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente. Palmas. UFT, 2006. (cópia cedida pela autora). TAUK, S. M. et al. Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar. 2ª ed. São Paulo : Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995. TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: FIBGE/SUPREN, 1977, 91p. TUELLER, P.T. Remote sensing science applications in arid environments. Remote Sensing of Environment, v.23, p.143-154, 1987. VALÉRIO FILHO, M.; EPIPHANIO, J.C.N.; FORMAGGIO, A..R. Metodologia de interpretação de dados de sensoriamento remoto e aplicações em pedologia. São José dos Campos: INPE, 1981. 58p. (INPE-2211-MD/008). VENEZIANI, P.; ANJOS, C.E. Metodologia de interpretação de dados de sensoriamento remoto e aplicações em geologia. São José dos Campos: INPE, 1982, 61p. (INPE-227-MD/014). ZONNEVELD, I.S. The land unit – A fundamental concept in landscape ecology and its applications. Landscape Ecology, v.3, n. 2, p.67-86, 1989.

Page 103: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 104: DADOS DA VULNERABILIDADE DA PAISAGEM COMO …livros01.livrosgratis.com.br/cp085299.pdf · Tabela 5.5 - Descrição das categorias de uso da terra do Estado do Tocantins 86 Tabela

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo