DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · SECRETARIA DE ESTADO DA ... onde tivemos a oportunidade de...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
FACULDADE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS
DE PARANAVAÍ - FAFIPA
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: “SOLOS: TEORIA E
PRÁTICA NA GEOGRAFIA”
PROFESSOR PDE: NORTON DONATO ASSIS
Paranavaí
2010
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
FACULDADE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS
DE PARANAVAÍ - FAFIPA
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: “SOLOS: TEORIA E
PRÁTICA NA GEOGRAFIA”
Produção Didático Pedagógica – Unidade
Didática – área de geografia da Faculdade
Estadual de Educação, Ciências e Letras de
Paranavaí – Fafipa – para ser implementada
no curso técnico de Meio Ambiente do Colégio
Estadual Dr. Marins Alves de Camargo, sob a
Orientação do Prof. Ms. Gilmar Aparecido
Asalin.
PROFESSOR PDE: NORTON DONATO ASSIS
Paranavaí
2010
Unidade Didática
Autor: Norton Donato Assis
Orientador: Gilmar Aparecido Asalin.
IES: Fafipa
NRE: Paranavaí
Colégio Estadual Dr. Marins Alves de Camargo E.F.M.P
Disciplina: Geografia
Ensino Médio e Pós-Médio em Meio Ambiente
Conteúdo Estruturante: Dimensão Socioambiental do Espaço Geográfico.
Título: Solos: Teoria e Prática na Geografia
Apresentação
Esta unidade didática têm por objetivo demonstrar que para a preservação do
solo acontecer na prática, os alunos deveram conhecer melhor as práticas de campo,
bem como os fatores de formação do solo. Desde o ano de 2006 quando foi implantado
o curso técnico em meio ambiente no Colégio Estadual Dr. Marins Alves de Camargo
em Paranavaí e nos anos que se seguiram, desenvolvemos com a equipe de professores
do curso, algumas atividades de trabalho em campo e pesquisa, dentro das quais o
trabalho de campo na Estação Ecológica do Caiuá em Diamante do Norte. O Projeto
inicialmente foi destinado às disciplinas de monitoramento e controle ambiental,
política e gestão de recursos hídricos e sistema de gestão, qualidade e meio ambiente. O
Projeto em questão iniciou-se no primeiro semestre de 2007 sob a coordenação dos
docentes Suzi Cristiane Faquim e Norton Donato Assis, as atividades que foram
realizadas na Estação tinham por finalidade colocar em prática o que os discentes
aprenderam em sala de aula, como por exemplo, a utilização de cartas e mapas
topográficos do local, tradagem e corte de barranco, medição de temperatura em pontos
distintos da EEC (Estação Ecológica do Caiuá) e Educação Ambiental, com cronograma
das atividades e informações gerais entregues aos alunos ainda na escola. Acredito que
o que acabou me influenciando a trabalhar com solos no curso técnico em meio
ambiente, foi quando assumi a disciplina de monitoramento e controle ambiental, pois,
percebi que material e trabalhos sobre água, e atmosfera era muito superior ao de solo e
isso me motivou a me inscrever em uma disciplina de mestrado na área de Geografia
que se intitulava “Solos Tropicais: Gênese e Organização” ministrado pela Prof. (a)
Dr.(a) Maria Teresa de Nóbrega, realizada na UEM (Universidade Estadual de
Maringá), onde percebi a riqueza de informações de que necessitava para o meu
trabalho, logo após o término, no semestre seguinte, fiz minha inscrição em outra
disciplina, agora na UEL (Universidade Estadual de Londrina) no mestrado em
Geografia, Dinâmica Espaço Ambiental e acabei fazendo a disciplina de Geografia,
Meio Ambiente e Desenvolvimento, ministrada pela Prof.(a) Dr.(a) Yoshiya Nagawara
Ferreira, onde desenvolvi um trabalho sobre “As ferramentas no campo do
Planejamento e Gestão Ambiental” que me trouxe uma nova visão dos problemas
ambientais. No ano de 2009, surge à oportunidade em concorrer a uma vaga para o PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná) onde após o resultado positivo
na classificação, tive a oportunidade em participar de diversas palestras e na específica
da área de geografia, um dos cursos que mais contribuiu para a elaboração desta
Unidade Didática foi: “Solos paranaenses: uma abordagem ambiental” ministrada pelo
Prof. Dr. Hélio Silveira, onde tivemos a oportunidade de conhecer o laboratório de
Pedologia e realizar algumas experiências sobre a compactação do solo e porosidade.
Foi muito importante para o meu trabalho o “Manual de Descrição e Coleta de Solo no
Campo de Lemos e Santos – 2005, Praticando Geografia: técnicas de campo e
laboratório que impulsionaram ainda mais meu trabalho docente, mas, o ponto alto de
toda essa trajetória foi o “V Simpósio Brasileiro de Educação em Solos”, realizado em
Curitiba, de 15 a 17 de abril de 2010, onde participei de diversas Palestras, mesas
redondas, relato de caso e grupos de estudo e apresentação de propostas para a
educação, como por exemplo, cito: “A disciplina de geografia e o ensino de solos”,
além da mesa redonda: “A educação em solos nas licenciaturas e no ensino técnico”.
Tenho a certeza de que esta minha caminhada proporcionou uma base sólida para
elaborar a Unidade Didática que hora apresento De acordo com MANFREDINI et al
(2005, p.85) “Didaticamente, para se iniciar um trabalho de campo temos que
obrigatoriamente passar por três etapas que são: o gabinete, campo e laboratório”. Para
que ocorra, precisamos promover o conhecimento dos alunos com referência aos
impactos ambientais gerados pelas alterações, pela apropriação e uso indevido do solo,
incorporando hábitos e atitudes diante do problema. Colocar o aluno em contato direto
com o objeto de estudo, realizando atividades de levantamento de dados,
conscientizando o mesmo para a problemática do assunto. Neste sentido o papel do
professor é fundamental, a fim de intervir com seu educando, modificando seu
comportamento, sua maneira de interagir com o meio, bem como a sua relação com o
solo. A partir deste ponto é que desenvolvemos nesta unidade didática alguns
exercícios, reflexões e sugestões a fim de que as técnicas em pedologia se tornem mais
acessíveis aos alunos do ensino médio integrado e pós-médio em meio ambiente, onde a
temática solo é ponto fundamental no monitoramento e controle ambiental. Segundo
MANFREDINI et al (2005 p.85), “Em pedologia, a escolha da técnica a ser utilizada é
definida pela problemática abordada. As técnicas para estudar solos são numerosas e
envolvem observação, análise, representação cartográfica e abrangem diferentes níveis
de complexidade. Nesta unidade didática abordaremos apenas as técnicas de base para
os trabalhos de campo e a fundamentação básica da sua formação, na verdade, as que
permitem realizar uma descrição das características morfológicas dos solos no terreno.
O Solo é o sustentáculo de nossa vida, por isso se torna importante
conhecê-lo. Como se processa a sua formação? Vamos conhecer?
(Adaptado de Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima) O Solo é o
resultado da ação simultânea e integrada do Clima e organismos vivos. Durante o seu
desenvolvimento ele sofre a ação de diversos processos de formação como perdas,
transformações, transportes e adições, sendo estes processos responsáveis pela formação
de todos os tipos de solos existentes. Esses processos são responsáveis pela
transformação da Rocha em Solo, diferenciando-se desta por ser constituído de uma
sucessão vertical de camadas que diferem entre si na cor, espessura, granulometria,
conteúdo de matéria orgânica e nutrientes de plantas.
De acordo com o texto acima, todos os mais variados tipos de solos se
formam através dos mesmos processos, como explicamos então os diversos tipos de
solos existentes em nosso Planeta? O que os diferencia?
Os principais fatores de formação do Solo são o Clima, relevo, material de
origem, organismos e tempo cronológico.
O Clima exerce influência devido à questão da variável de precipitação e da
temperatura, em regiões com elevada precipitação e calor temos solos muito
intemperizados (profundos) e ácidos, como em nosso país predomina o clima Tropical,
temos então chuvas o ano todo com temperaturas elevadas o que intensifica o
intemperismo na formação do solo, mas em regiões secas com baixa precipitação os
solos são razos e pedregosos.
(Adaptado de Valmiqui Costa Lima e Marcelo Ricardo de Lima) De acordo
com o relevo temos uma diferenciação na formação do Solo, nas partes mais altas o
intemperismo é maior, portanto temos o intemperismo químico, que se caracterizam
quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de compostos que
reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua
constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de
hidrogênio (hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação)
em minerais que antes não continham nenhum destes elementos. Muitos minerais
secundários formaram-se por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum
em climas tropicais úmidos, a presença de Solos rasos (pedregosos), na parte plana a
infiltração é quase total favorecendo a formação de Solos profundos, nas inclinações a
água forma enxurradas dificultando a formação do Solo, sendo essas áreas ocupadas de
uma forma predominante, por solos rasos, ou gerando um processo de transporte do
mesmo para regiões mais baixas. Em áreas abaciadas o acúmulo de água é maior,
formando solos hidromórficos (com excesso de água – banhados, várzeas etc.).
O clima e o relevo influenciam no tipo de solo? De que maneira isto
acontece na prática?D
De acordo com o Material de origem temos também diferentes tipos de Solos,
como por exemplo, os solos residuais, provenientes da decomposição e degradação de
rocha subjacente ou “in situ”, por terem sido formados no mesmo local onde se
encontram, já os solos transportados, são provenientes de erosão, transporte e deposição
de solos pré existentes. Os principais tipos de solos transportados são os: aluviões,
constituídos por material erodido; coluvião, constituído por depósitos de material solto,
encontrados nos sopés das encostas, geralmente transportados pela ação da gravidade e
o tálus que é formado pelo mesmo processo de transporte por gravidade que produz os
coluviões, diferenciando-se pela presença ou predominância de blocos de rochas,
resultando em solos pouco espessos o que restringe a presença de tálus no sopé de
encostas de forte declividade. Solos de textura argilosa e com altos teores de ferro, a
exemplo da Terra Roxa, originaram-se a partir do basalto que é uma rocha magmática,
no caso de rochas sedimentares como o arenito geralmente irá originar solos de textura
grosseira (arenosa), armazenando pouca água e muito propensos à erosão, atualmente a
região Noroeste tem se notabilizando pela produção de laranja, cana-de-açúcar,
mandioca entre outras culturas, quebrando o mito da baixa fertilidade do solo arenoso
(Adaptado de http://www.agr.feis.unesp.br/estadao27072003b.htm).
Fotografia: Corte de barranco EEC, preparado para a descrição morfológica.
Fonte: O autor, pesquisa “in loco”, junho. 2010.
Nos fatores de formação do solo temos o material de origem que é a
matéria-prima da qual os solos se desenvolvem, podendo ser de origem mineral ou
orgânica e dependendo do tipo de material esses solos podem ser mais arenosos, ou
mais argilosos, férteis ou não. Faça uma pesquisa sobre dois tipos de solos
encontrados na região Noroeste do Estado do Paraná, para isso, utilize o mapa de
solos do Estado do Paraná fornecido pela Embrapa Florestas: Embrapa Solos e o
Instituto Agronômico do Paraná de 2008.
Organismos – São representados por espécies tanto da flora como da fauna, no
primeiro caso pelos vegetais, que fornecem matéria orgânica e protegem contra a erosão
através de suas raízes e folhas. A fauna, que age na trituração e no transporte dos
resíduos vegetais, os fungos e bactérias que transformam a matéria orgânica em húmus,
retendo água e nutrientes que são importantes para o desenvolvimento das plantas.
Tempo – É necessário para a atuação dos processos que levam a formação do
solo, é difícil prever o tempo para a formação do solo, mas a sua degradação pode ser
rápida, por isso devemos conhecê-lo para preservá-lo.
Pesquise mais sobre o papel do tempo (do homem e da natureza) na
atuação dos processos que levam a formação do solo.
Se o Solo passa por um processo de desenvolvimento, quais são os processos
que permitem que isso ocorra? Os processos de desenvolvimento que permitem o
desenvolvimento do Solo são: tudo o que é incorporado é adição, matéria orgânica
proveniente da morte de organismos vivos que são ricos em carbono imprimem cores
escuras a parte superior do Solo. Essa quantidade de matéria orgânica adicionada ao
Solo é variável, pois depende do Clima e do relevo. Durante o desenvolvimento os
Solos perdem materiais em forma sólida (erosão) em solução (lixiviação). Dentro do
desenvolvimento temos os processos denominados de transformações que ocorrem
durante a formação do Solo produzindo alterações químicas, físicas e biológicas. As
alterações químicas é a transformação dos minerais primários em novos minerais (ou
secundários) como exemplo podemos citar a argila, e as cores que são resultado dos
compostos óxidos a partir do ferro. Os elementos físicos são compostos pelos vegetais
que caem no Solo transformando-se em húmus que é responsável pela cor preta dos
Solos, provocando a liberação de ácidos orgânicos que alteram os componentes
minerais dos Solos. As transformações biológicas são mais intensas em regiões úmidas
e quentes, processo que é acelerado em temperaturas mais elevadas. Em decorrência da
ação da gravidade e da perda de água das plantas e do Solo devido ao calor, pode
ocorrer deslocação de materiais orgânicos e minerais dentro do próprio Solo.
Após fornecermos os processos de formação do Solo, como podemos
definir a formação do seu perfil? Como ela se processa?
Ele se dá pela ação continuada dos processos pedogenéticos (transformações,
perdas, transportes e adições), a massa inicial da Rocha alterada homogênea, passou a
adquirir propriedades e características variáveis tais como: cor, porosidade, conteúdo de
matéria orgânica; formando os horizontes do perfil do solo
Discuta com seus amigos e colegas os processos de formação do solo e
depois escreva o que significa perdas, transformações, transportes e
adições.
Citamos acima os processos pedogenéticos, vocês conhecem o significado
da terminologia “Pedologia”? Para esta pesquisa, você poderá utilizar o
laboratório de informática e o dicionário.
Pedologia é a ciência que estuda o Solo, abordando a sua origem, sua estrutura,
formação e classificação. As técnicas em Pedologia são variadas, e vai desde a
observação, análise, representação cartográfica entre outras. (Adaptado de:
http://www.pedologiafacil.com.br/glossario.php). De uma forma mais generalizada, as
técnicas são divididas em três fases distintas, mas que são complementares e
interdependentes, o gabinete, o campo e o laboratório. Neste material didático, iremos
abordar as técnicas para o trabalho de campo, que nos fornecerão as bases para a
determinação das características morfológicas dos Solos.
Leitura e pesquisa
Agora que sabemos o significado da terminologia “Pedologia”, quais serão
os primeiros passos para prepararmos uma saída para o campo?
Para realizarmos uma boa aula de campo, temos que conhecer bem o local
onde será realizado o trabalho, o professor deverá antes de tudo levantar os dados do
local a ser estudado, como a sua localização dentro do Estado, suas características
físicas: relevo, hidrografia, vegetação e fauna, no caso específico da Estação Ecológica
do Caiuá, têm no plano de manejo da mesma todas essas informações. Na Escola, antes
devemos transmitir aos alunos as atividades a serem desenvolvidas no local de estudo e
orientá-los através de aulas expositivas todas as técnicas a serem utilizadas, bem como o
material necessário para que o trabalho de campo se execute com exatidão, esta primeira
fase chamamos de gabinete. No campo, o principal objetivo é demonstrar aos alunos as
técnicas de descrição de perfil de solo, neste caso escolhemos trabalhar com corte de
barranco, onde os educandos terão a oportunidade de presenciar a escolha do local, o
preparo a classificação e a coleta de material. Com a coleta devidamente realizada,
levaremos o material para a Escola onde o mesmo será objeto de estudo, a esta última
etapa chamamos de laboratório.
Durante esse processo de organização são previstas três etapas para o trabalho
em campo: o primeiro é a escolha do ponto de observação do solo na paisagem e o
segundo são as técnicas de observação (tradagem, trincheira ou barranco) e por último a
descrição morfológica do solo: Cor, Textura, Estrutura, Porosidade, Atividade
Biológica, e Feições Pedológicas. Os pontos de observação podem ser estabelecidos a
partir de ações conjuntas de gabinete e de campo. Para que possamos realizar a
observação do solo é necessário alguns instrumentos para exame e coleta, são eles:
martelo pedológico; trado de rosca; trado holandês; trado de caneco; enxadão; pá
quadrada; pá reta, faca ou canivete; fita métrica uma caixa de madeira para organizar as
amostras de solo.
Debate e Pesquisa
As técnicas para estudo do solo são distribuídas em três âmbitos de trabalho
distintos, mas complementares e interdependentes.
Quando falamos na escolha do local, das técnicas utilizadas para a coleta de
material e a descrição morfológica do solo, discuta com os colegas e na seqüência
pesquise uma ordem adequada para essas etapas e justificando a escolha. Esta
pesquisa poderá ser realizada no laboratório de informática e em livros
disponibilizados pelo professor.
Temos como técnicas de trabalho de campo a tradagem, que consiste na coleta
de solo em profundidade utilizando o trado, são feitas onde não há cortes de estradas
que permitem visualização do solo. A trincheira é realizada onde a tradagem deixa
dúvidas e devem ser abertas com o uso de enxadas e pás, devendo apresentar largura
suficiente para que seja realizada a descrição do solo (1m) e se possível conseguir
atingir a Rocha Mãe, já os barrancos devem ser limpos com o auxílio do martelo
pedológico e da enxada de cima para baixo, procurando evitar contaminação com
materiais das camadas suprajacentes, o barranco se já utilizado anteriormente, deve ser
aprofundado aproximadamente 40 cm para que as camadas externas sejam
completamente eliminadas.
Características Morfológicas do Solo
Para a descrição do solo em barranco deve-se observar a sua macro-
organização, observada pela presença ou não de camadas horizontais mais ou menos
distintas ou paralelas à superfície do terreno: os horizontes, para diferenciá-los usa-se o
parâmetro visual de cores. Em seguida com o auxílio de uma faca, pode-se acrescentar o
parâmetro tátil, sentir a resistência do material através da penetração da ponta da faca ou
canivete, por meio de sucessivas e suaves batidas.
Fotografia: Corte de barranco do solo evidenciando o horizonte de matéria orgânica,
Estação Ecológica do Caiuá. Diamante do Norte- PR
Fonte: O autor, pesquisa “in loco”, junho. 2010.
Cor
A cor expressa à proporção dos diferentes constituintes da fase sólida do solo,
esses constituintes minerais são: a argila e o quartzo que interagem diferentemente com
os constituintes coloridos que são o óxido de ferro e matéria orgânica. Adaptado de
MANFREDINI et al (2005 p.88) No trabalho desenvolvido dentro da Estação Ecológica
do Caiuá, utilizamos, a tabela de Cores Munsell (1994) disponível naquele momento
pela Estação.
A Tabela de Munsell é utilizada para a classificação de cores de solo. No caso
específico a mesma foi utilizada na Estação Ecológica do Caiuá.
Textura
A textura do solo expressa a composição granulométrica dos constituintes
minerais do solo individualizados, que apresentam tamanhos variados separados em
classes que é definido em função do conhecimento que se tem das relações entre
tamanho das partículas, sua natureza mineralógica e sua função no solo.
(MANFREDINI et al 2005 p.90) As principais classes são: Argila, Silte e Areia. Para
identificar a textura no campo, uma pequena amostra de solo saturada com água deve
ser trabalhada entre os dedos, de forma a destruir completamente os agregados,
esfregando-se a pasta assim obtida entre o polegar e o indicador, pode-se ter a
percepção das proporções de seus diferentes constituintes.
Fotografia: teste prático de textura com amostra molhada.
Fonte: O autor, pesquisa “in loco”, junho. 2010.
Atividade Prática
Após o trabalho de campo, e o devido cuidado em recolher as amostras,
levar as diferentes amostras ao laboratório da escola para que os alunos possam
manusear amostras umedecidas entre os dedos e sentir a sensação do tato (de
preferência com os olhos vendados). Após o experimento, realizar com os alunos
um debate do que sentiram ao manusear amostras diferentes de solo, registrando
os resultados obtidos, pois, o teste serve antes de tudo para aguçar o tato a fim de o
educando perceber a proporção relativa das frações de areia, silte e argila, que
compõem a massa do solo, levando o mesmo a refletir sobre a questão da erosão na
região de Paranavaí e o tipo de agricultura praticada nessa região e o que difere,
por exemplo, da região de Maringá.
Estrutura
A estrutura é a característica mais importante do solo, pois mostra a interação
entre os constituintes e seus fatores de formação (material de origem, clima, relevo e
atividade biológica) do solo, condicionando o funcionamento atual do solo e definindo a
geometria dos espaços vazios, ou seja, dos poros por onde a água circula ou é retida,
onde acontecem as trocas gasosas. Ela pode ser contínua sem agregados ou fragmentária
com agregados. Quanto a sua forma os agregados podem ser: arredondados; angulosos e
laminares.
O grau de desenvolvimento da estrutura pode ser classificada em: fraca quando
se defaz em unidades menores com predomínio de material solto; moderada quando se
defaz em unidades menores com material solto e forte quando se defaz em similares
menores mantendo a mesma forma sem material solto. A Consistência da estrutura do
solo é condicionada pela natureza das interações físicas e químicas que se estabelecem
entre seus constituintes e a caracterização da consistência pode ser realizada em três
estados de umidade: consistência a seco (solta, macia, dura); consistência úmida (solta,
friável, firme); e consistência molhada (plasticidade).
Porosidade
É o local por onde a água, ar e solutos circulam ou são retidos no interior da
crosta terrestre. São vias de transferência de matéria em estado sólido líquido e gasoso e
da atividade biológica; alguns são invisíveis a olho nu, mas certos tipos de poros podem
ser observados com os olhos e com a ajuda de lupa. No campo a descrição da
porosidade é feita através da forma, da abundância do tamanho e da origem.
Atividade Biológica
As atividades biológicas são variadas e complexas, uma vez que se superpõem
e interagem integrando microorganismos vegetais e animais, como: vegetais superiores,
parte subterrânea dos vegetais com atividade orgânica; fauna constituída por macro
fauna (mamíferos e répteis); mesofauna (vermes, insetos e artrópodes);
microorganismos constituídos por fauna e flora microscópicas.
Feições Pedológicas
São constituídos por: ferripãs (camada endurecida do solo constituída por
óxidos de ferro); Duripã são nódulos cimentados pela sílica conhecida como silcrete;
Caliche materiais constituintes de argila e ferro menos duros; Concreções ferruginosas,
termo utilizado na África para designar ferripãs em blocos angulares e subangulares e
Couraças ferruginosas que são corpos endurecidos cimentados por ferro.
Horizontes
São volumes pedológicos mais ou menos paralelos à superfície do terreno com
espessura de alguns centímetros a vários metros, sendo fundamental a descrição de seus
limites, pois indicam processos pedológicos passados e atuais. Esses limites podem ser
claros, progressivos ou abruptos. Lateralmente ele desaparece ou dá origem a outro
horizonte e sua transição é descrita quanto à nitidez e topografia.
Para realizar a descrição do solo, primeiro se observa sua macro-
organização numa seção vertical, trincheira ou barranco. A macro-organização é
observada pela presença ou não de camadas horizontais ou paralelos a superfície
do terreno: os horizontes que se diferenciam por um conjunto de características
morfológicas.
Atividade Prática
Vamos conhecer alguns tipos de solos e realizarmos uma experiência de
percolação? (filtragem)
Para tal, temos que montar situações diferenciadas, tais como:
1- O solo nu no arenito.
2- O solo nu na terra vermelha
3- Areia
4- Arenito com cobertura vegetal
5- Uma mistura de arenito com terra vermelha
Material necessário: garrafas pet, tesoura, bacias plásticas, pano voal, elásticos e
cronômetros.
Desenvolvimento
Corte as garrafas pet próximas ao bocal, no bocal amarre um pedaço de pano voal
com elástico formando um funil, e com a outra parte da garrafa seja o receptor.
Coloque em cada bocal as diferentes amostras d solo conforme a sugestão acima e
logo após peça a alguns alunos que ao mesmo tempo coloquem a mesma
quantidade de água para filtrar nas amostras, observe o que irá acontecer e
cronometre com seus colegas e amigos o tempo que cada amostra deverá ter para
percolar a água. Por que houve a diferença de tempo em cada amostra? Quais os
motivos que levaram a essa diferenciação? Mostrar ao aluno que cada coeficiente
tem sua importância nessa experiência, como a granulometria, índice de vazios,
composição mineralógica, estrutura, fluído, macro-estrutura e a temperatura. Sendo
uma excelente forma de rever conceitos teóricos em prática de laboratório.
O solo é um componente de fundamental importância dentro do ecossistema
terrestre, pois seu substrato é utilizado pelas plantas para seu crescimento e
disseminação. O solo também exerce inúmeras funções, tais como: regulação da
distribuição, armazenamento, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação;
armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros organismos; ação
filtrante de poluentes e proteção da qualidade da água. O ser humano também utiliza o
solo enquanto matéria-prima ou substrato para obras civis (casas, indústrias, estradas)
cerâmica e artesanato.
Abaixo algumas sugestões para ampliar seus conhecimentos:
http://www.youtube.com/watch?v=T83Ypw1LWAc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=0-LCEpBxh5U&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Clqm_TRYHsw&feature=related
Referências Bibliográficas
DALMOLIN, Ricardo Simão Diniz, PEDRON, Fabrício de Araújo. Procedimentos
para confecção de monólitos de solos 1ª ed.– Santa Maria: Pacardes, 2009 32p.
EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Centro
Nacional de Pesquisa de Solos, 1997. 212p.
EMBRAPA, Embrapa Florestas, Embrapa Solos, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, IAP, Instituto Agronômico do Paraná, Mapa de
Solos do Estado do Paraná Legenda Atualizada, 1ª ed. 2008 74p
IBGE. Manual Técnico de Pedologia 2ª ed. coleção manuais técnicos em Geociências.
Rio de Janeiro: IBGE, 2007 n.4. PDF
LEMOS, R.C., SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 3. ed.
Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1996. 84 p.
LIMA, Marcelo Ricardo de, LIMA, Valmiqui Costa, MELO, Vander de Freitas, O Solo
no meio ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e
alunos do ensino médio. 1ª ed. Curitiba: Universidade Federal do Paraná.
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola. Projeto de Extensão Universitária Solo
na Escola. UFPR, 2007. 130p.
VENTURI, Luis Antonio Bittar, organizador Praticando a Geografia: técnicas de
campo e laboratório em geografia e análise ambiental – São Paulo: Oficina de
Textos, 2005 239p.
MUNSELL – Soil Color Charts. New Widson: Kollmorgen Instruments – Macbeth
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