DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · ... dos cursos profissionalizantes em Guia de ... aula de...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA PAISAGEM NA DINÂMICA CARTOGRÁFICA:
CARTOGRAFANDO O ESPAÇO PERCEBIDO:
PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ – TIBAGI – PR
Eva de Fátima Silva Santos1
Mario Cezar Lopes2
Resumo
Este artigo é uma síntese dos resultados práticos e teóricos vivenciados na implementação da Proposta de Intervenção Pedagógica do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, 2010. O principal objetivo da proposta foi trabalhar reflexão sobre as necessidades de subsidiar os alunos do Colégio Estadual Professor Júlio Teodorico, dos cursos profissionalizantes em Guia de Turismo e Técnico em Turismo do município de Ponta Grossa-PR, com conhecimentos pautados na concepção da Geografia-Crítica. Numa perspectiva de superar metodologias de ensino aprendizagem de Geografia, usando a cartografia como instrumento motivador, desenvolveu-se a proposta aliando teoria, prática, aula de laboratório de informática, aula de campo e confecção de trabalho cartográfico voltado para a atividade do turismo. Para tanto, a metodologia foi sistematizada oportunizando ao educando um aporte teórico e prático peculiar da cartografia do turismo para que os alunos compreendam a importância da representação gráfica para a atividade do turismo e para a aprendizagem de Geografia através da expressão “alfabetização cartográfica”. Este conceito consiste no processo de ensino-aprendizagem para o aluno compreender todas as informações contidas num mapa. Alfabetizar cartograficamente é entender os conceitos elementares de um mapa: título, legenda, escala e orientação espacial. Os resultados mostraram avanços significativos, principalmente no uso de símbolo cartográfico, necessário à elaboração/confecção de mapas e folder. A aula de campo foi desenvolvida no Parque Estadual do Guartelá, no município de Tibagi- PR. Os resultados transcenderam expectativas com as apresentações dos trabalhos confeccionados pelos alunos que participaram do programa. Palavras-chave: Geografia, cartografia, aula de campo, turismo.
1 Introdução
1 Mestre em Geografia - UFPR, Especialização em EJA – UFPR, Graduação em Geografia – UEPG, Professora do
Colégio Estadual Professor Júlio Teodorico – Ponta Grossa PR. 2 Mestre em Educação – UEPG, Especialista em Metodologia do Ensino Superior – UEPG, Professor Assistente
na Universidade Estadual de Ponta Grossa PR.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a produção didático-
pedagógica elaborada enquanto participante do Plano de Desenvolvimento
Educacional – PDE. Este programa tem como objetivo a valorização dos
profissionais de educação, com produção de material didático e aporte metodológico
destinado à escola pública paranaense. Entre os pressupostos básicos do
Programa, destacamos a consolidação de espaço para discussão teórico-prático,
utilizando-se dos suportes tecnológicos, que permitam a interação entre os
professores participantes e os demais professores da rede. (PDE, 2009)
A inserção no Programa de Desenvolvimento Educacional de 2009/2010 nos
proporcionou os enfrentamentos de desafios visando a melhoria pedagógica e
operacional da educação. É nessa expectativa, com objetivo de implementar
proposta pedagógica norteada pelas Diretrizes Curriculares da rede estadual de
ensino do Paraná, que apresentamos o referido artigo. Estas Diretrizes Curriculares
se apresentam como documento norteador para um repensar da prática pedagógica
dos professores de Geografia, a partir de questões epistemológicas, teóricas e
metodológicas que estimulam a reflexão sobre a disciplina de Geografia e seu
ensino. Problematizar a abrangência dos conteúdos desse campo do conhecimento,
bem como reconhecer os impasses e contradições existentes são procedimentos
fundamentais para compreender e ensinar o espaço geográfico no atual período
histórico. (PARANÁ, 2008)
As Diretrizes Curriculares de Geografia propõem que os mapas e seus
conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos, passíveis de
interpretação, problematização e análise crítica. Também, que jamais sejam meros
instrumentos de localização dos eventos e acidentes geográficos, pois, ao final do
Ensino Médio, espera-se que os alunos sejam capazes, por exemplo, de
“correlacionar duas cartas simples, ler uma carta regional simples, de uma
paisagem, analisar uma carta temática que apresenta vários fenômenos”. (2008, p.
84).
Sendo assim, esta proposta visa contribuir com práticas pedagógicas para o
ensino da Geografia como meio de conscientizar os alunos sobre a importância de
compreenderem os mapas e de adquirirem a habilidade sobre eles. Outro sim, a
aplicação de metodologia pedagógica norteada pelas Diretrizes Curriculares da
Geografia. (PARANÁ, 2008).
É nessa perspectiva, que elaboramos a presente proposta de implementação
pedagógica com objetivo de desenvolver um trabalho de ensino-aprendizagem com
alunos do Colégio Estadual Professor Júlio Teodorico do Município de Ponta
Grossa, nos Cursos: Técnico de Turismo Integrado, na disciplina de Geografia 3º e
4º Ano; Técnico em Guia de Turismo Regional, na disciplina de Geografia Turística
2º Semestre de 2010.
2 O saber geográfico e as representações gráficas
A vida contemporânea passa por profunda e veloz estruturação, vivenciamos
mudanças sérias que afetam a comunidade escolar, tanto no sentido social quanto
teórico. Na Geografia, as mudanças são muitas, entre elas as novas tecnologias, as
paisagens que se tornam mercadorias para atender a demanda do turismo. É nesse
sentido, que propomos um projeto de ensino de Geografia e sua linguagem
cartográfica com metodologias que possam contribuir nessa fase de renovação.
Parafraseando Oliva (2001, p.34-49), a preocupação com valor educativo da
Geografia é representada por avanços pedagógicos, novos conhecimentos da
Geografia se fazem necessários. Um novo olhar para o sistema teórico, ou pelo
menos um discurso conceitual mais organizado, que contribua para o aluno se situar
no mundo e compreender a realidade contemporânea com contribuições decisivas
do enfoque geográfico são preocupações de pesquisadores dessa ciência.
O norte do nosso trabalho ensino-aprendizagem de Geografia, representação
cartográfica, alfabetização cartográfica, estudo do meio turístico, aula de campo ou
segundo Freinet “aula passeio”, exigem abrangência de conhecimento em face da
interdisciplinaridade que ela exige. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica
(2008, p. 80-81), destaca “... a aula de campo como um importante encaminhamento
metodológico para analisar a área em estudo (urbana ou rural) de modo que o aluno
poderá diferenciar, por exemplo, paisagem de espaço geográfico”.
Nesse contexto, torna-se importante iniciar o estudo analisando trabalhos
desenvolvidos por pesquisadores que priorizam metodologia de ensino da ciência
geográfica. Entre eles, um artigo com o tema “Fundamentos da Alfabetização
Cartográfica no Ensino de Geografia” (PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S., 2007,
p.186-195). O texto apresenta a Geografia como a ciência que estuda a relação
existente entre a sociedade e o meio e a Cartografia como uma das ferramentas
utilizadas para esse estudo. A última parte do texto “A Alfabetização Cartográfica” é
de grande importância para nosso trabalho pela busca em conceituar o tema e sua
aplicabilidade nos diferentes graus de ensino. Em resumo, a expressão
“alfabetização cartográfica” consiste no processo de ensino/aprendizagem para que
a pessoa consiga compreender todas as informações contidas num mapa. Portanto,
alfabetizar cartograficamente é entender os conceitos elementares – título, legenda,
escala e orientação espacial. O presente artigo tem o objetivo de dar suporte ao
professor habilitando a fazer conexões entre a teoria e a prática apresentadas pelos
mapas.
Segundo Simielli (2001, p. 98), “... a alfabetização supõe o desenvolvimento
de noções conceituais para a desmistificação da cartografia como apresentadora de
mapas prontos e acabados. O objetivo das representações dos mapas e dos
desenhos é transmitir informações e não ser simplesmente objeto de reprodução”.
Outra contribuição da autora é a crítica do aluno copiador, metodologia que faz parte
do passado. E apresenta o aluno “mapeador consciente”, aquele que participa
efetivamente do processo de mapeamento, que confecciona o mapa depois de
analisar o fenômeno estudado (2001, p. 98-103). Freinet3 é um dos pedagogos
contemporâneos que mais contribuições oferece àqueles que atualmente estão
preocupados com a construção de uma escola ativa, dinâmica, historicamente
inserida em um contexto social e cultural. Ele acredita no poder transformador da
educação. Por isso, propõe uma pedagogia de busca e experiências que eduque
profundamente.
Freinet concebe a educação como um processo dinâmico que se modifica
com o tempo e que está determinada pelas condições sociais. Desta maneira é
preciso transformar a escola para adaptá-la à vida, para readaptá-la ao meio. Esta
tarefa estaria nas mãos do professor, que obtém sucesso quando toma consciência
de que a educação é uma necessidade, uma realidade. A experiência é a
possibilidade para que a criança chegue ao conhecimento. Assim, criação, trabalho
e experiência, por sua ação conjunta resultam em aprendizagem. Esta contribuição
do autor é fundamental para o nosso trabalho quando afirma que o papel do
3 http://www.centrorefeducacional.com.br/freinet.html - Vera Lúcia Câmara Zacharias é mestre em
Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora de diversas instituições, profere palestras e
cursos, criou e é diretora do CRE (Centro de Referência Educacional).
professor deve ser planejar situações de aprendizagem proporcionando aos alunos
estratégias para conhecer e utilizar os fenômenos geográficos através de
experiência vivida.
Outra concepção frenetiana relevante neste contexto refere-se às técnicas da
pedagogia de Freinet: o desenho livre, o texto livre, as aulas-passeio, a
correspondência interescolar, o jornal, o livro da vida (diário e coletivo), o dicionário
dos pequenos, o caderno circular para os professores, etc... Essas técnicas têm
como objetivo favorecer o desenvolvimento dos métodos naturais da linguagem
(desenho, escrita, gramática), da matemática, das ciências naturais e das ciências
sociais. Porém, essas técnicas não são um fim em si mesmo, e sim, momentos de
um processo de aprendizagem, que a partir dos interesses mais profundos da
criança, propicia as condições para o estabelecimento da apropriação do
conhecimento. Nessas diretrizes, destaca-se o trabalho dos geógrafos humanistas,
pelo discurso integrador desta nova tendência.
Santos aborda a Geografia da Percepção e do Comportamento sendo uma
das novas tendências de nossa disciplina.
Ela deve muito à contribuição da psicologia social. O fundamento desta abordagem vem do fato de que cada indivíduo tem uma maneira específica de apreender o espaço, mas também de o avaliar. Não se trata apenas de definir, para cada indivíduo, um tipo de espaço social na cidade e fora dela (...). Este espaço seria definido pelos lugares que lhe são familiares e as parcelas de territórios que ele deve percorrer entre estes diferentes lugares. (SANTOS, 1980, p. 67).
Na busca de entender como os indivíduos percebem seu meio ambiente,
muitos psicólogos e geógrafos pesquisam no campo da percepção visual e sua
representação. É a abertura de um espaço de ação, reflexão e discussão. É um
estudo das imagens, das percepções pessoais de lugares, dos valores, das
motivações e preferências espaciais.
Nessa construção de conhecimento, Y-FU TUAN propõe pensar a Geografia
como uma experiência sensória que vislumbra o mundo a partir do lugar enquanto
percepção do corpo. “... a percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos
externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente
registrados (...). Muito do que percebemos tem valor para nós, para a sobrevivência
biológica, e para propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na cultura”
(1980, p. 4).
Tuan4 fornece uma contribuição importante para o nosso trabalho, quando
define o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou meio ambiente físico como topofilia,
tema que associa sentimento com lugar e paisagem. Tuan examina algumas
manifestações específicas de topofilia e evidencia como o homem experiencia a
paisagem e como as emoções e o pensamento dão coloridos a toda a experiência
humana. Mas evidencia, também, como é difícil articular boa parte dessa
experiência e mensurar os aspectos mais íntimos das pessoas como percepção,
significados, valores e propósitos. Percepção, atitudes e valores são temas que nos
preparam para compreender nós mesmos e, consequentemente os problemas
ambientais, que são problemas humanos. Seja quais forem esses problemas
econômicos, políticos ou sociais, dependem do centro do psicológico da motivação,
dos valores e atitudes que dirigem as energias para os objetivos.
Tais estudos vêm assumindo cada vez mais papel de destaque por
expressarem o gosto, a preferência e os vínculos afetivos dos seres humanos e de
suas comunidades para com os lugares e suas paisagens. Tuan discorre sobre
alguns ambientes que, em diferentes tempos e lugares, têm atraído fortemente o
interesse das pessoas: a montanha, a praia, o vale e a ilha.
Nesse contexto de abordagem que estuda a paisagem como fenômeno
experienciado, tendência que procura valorizar a experiência do indivíduo e do
grupo, objetivando compreender a percepção, a conduta e o sentimento das
pessoas em relação ao meio ambiente, aos lugares e as paisagens é que propomos
estudar as paisagens enquanto meio de aprendizagem geográfica e cartográfica.
Esta dinâmica tem como objetivo disponibilizar para alunos/professores mais
um recurso pedagógico no ensino-aprendizagem de Geografia: a Alfabetização
Cartográfica.
É possível perceber que o estudo da linguagem cartográfica vem, cada vez
mais, reafirmando sua importância desde o início da escolaridade. A observação, a
percepção, a análise conceitual e a síntese através das representações
cartográficas possibilitam pensar significativamente o conhecimento do espaço
geográfico. O estudo das representações cartográficas contribui não apenas para
que os alunos compreendam os mapas, mas também que desenvolvam
4 TUAN, Hi-Fu . Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel,
1980.
capacidades relativas à representação do espaço tornando-se um aluno, segundo
Simielli (2001, p. 98), “mapeador consciente”.
Para isso, os alunos precisam ser preparados para que construam
conhecimentos fundamentais sobre essa linguagem, como pessoas que
representam, codificam o espaço e como leitores, das informações expressas. Ler
mapas significa dominar a linguagem cartográfica. Portanto, vamos nos preparar
para essa leitura. Essa atividade passa por preocupações metodológicas tão sérias
quanto a de ensinar a ler e escrever, contar e fazer cálculos matemáticos. Vamos à
escola para aprender a ler e a contar e também para aprender o alfabeto dos
mapas. A informação é transmitida por meio de uma linguagem cartográfica que se
utiliza de definições cartográficas importantes.
3 Alfabetização cartográfica: um estudo necessário
Uma proposta de ensino-aprendizagem em Geografia alicerçada em práticas
pedagógicas através de aula de campo é o norte do nosso trabalho. Para tanto,
elaboramos a proposta de intervenção com objetivo de desenvolver um trabalho de
ensino buscando a compreensão do espaço natural e social por meio de várias
ações que proporcionam o conhecimento geográfico, entre eles podemos considerar
a observação, a análise da paisagem e a elaboração de representações gráficas.
É possível perceber que o estudo da linguagem cartográfica, vem sendo
valorizada nos últimos anos com trabalhos de pesquisa educacionais e também
como pesquisa científica. No entanto, os alunos precisam ser preparados para
construírem conhecimentos fundamentais sobre essa linguagem, facilitando a
análise geográfica.
Um novo olhar para o encaminhamento metodológico, ou pelo menos um
discurso conceitual mais organizado, que contribua para o aluno se situar no mundo
e compreender a realidade contemporânea com práticas pedagógicas para o ensino
da Geografia, faz-se necessária.
Sendo assim, nossa proposta pedagógica inicia-se com a divulgação do
projeto para comunidade escolar, promovendo encontros divulgando as possíveis
ações a serem desenvolvidas na escola. Essa apresentação ocorreu durante a
primeira semana letiva do segundo semestre de 2010 no Colégio Estadual Professor
Júlio Teodorico, na cidade de Ponta Grossa – PR.
Figura 1 – Paisagem natural Fonte: http://www.google.com.br
Os trabalhos tiveram início após a formação do grupo de participantes com
apresentação das fases do projeto, metodologia, estratégia de ações a serem
desenvolvidas durante o período do referido curso. Nesse momento, houve
discussão das datas, horários, avaliações, carga horária e um breve planejamento
da aula de campo.
Após a fase de integração, das discussões, das reflexões, partiu-se para a
segunda etapa, com apresentação de aulas expositivas e a participação do grupo
interagindo com o saber geográfico.
3.1 Análise e interpretação da paisagem na dinâmica natural e social.
Entre os conteúdos estudados, a ênfase foi o “Espaço Geográfico”. Partindo
do conceito de “Espaço Geográfico” sistematizamos a primeira aula com o Tema
“PAISAGEM”. Tentando elucidar e transformar as frases contextuais em caminhos
para o conhecimento, desenvolveu-se a seguinte metodologia: O Estudo da
Paisagem, seguindo o conceito de Espaço Geográfico. Depois outros temas foram
abordados: Percepção da Paisagem, Cartografia e Unidade de Conservação
(Parque Estadual do Guartelá Tibagi- PR).
Espaço Geográfico “... deve ser compreendido como resultado da integração
entre dinâmica físico-natural e dinâmica humano-social, e estudado a partir de
diferentes níveis de escala de análise”. (PARANÁ, 2008, p. 78-79).
Assim, é a partir desse conceito que organizamos a nossa trajetória do
conhecimento “geográfico cartográfico”. As reflexões foram analisadas em torno do
conceito de “Paisagem” nas três categorias de análise: Dinâmica Físico-Natural –
Dinâmica Humano-Social – Escala de Análise Local.
3.1.1 Dinâmica físico-natural – paisagem
Mas, o que é paisagem?
O conceito pré-formado, pelos alunos é
sempre a visão física: Vegetação – flores –
água – lago - sol – relevo – etc... Esta
definição nos leva a discutir com os alunos
os conceitos pré-estabelecidos por eles.
Figura 2 – Paisagem dos Campos Gerais Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2009
Conduzindo-os para “... aquilo que podemos observar num determinado espaço de
visão”. Neste momento o diálogo interativo leva o aluno a questionar seu próprio
conceito e analisar conceitos dos nossos seguidores.
Paisagem é definida, pela maioria dos Geógrafos, como espaço geográfico,
cuja individualidade ocorre na presença de seus elementos mais característicos,
como desertos, montanhas, florestas, oceanos, mares, entre outros.
Segundo SANTOS, entendemos paisagem como “... o domínio do visível,
aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volume, mas também de cores,
movimentos, odores, sons, etc...”. (SANTOS, 1988, p. 6).
FONT (1994) afirma que “... todas as definições de paisagem partem do ponto
de vista de quem contempla e a analisa, como se a paisagem não existisse sem
alguém que a observasse”.
Nesse contexto, temos que reconhecer também a dimensão subjetiva da
paisagem, já que o domínio do visível está ligado à percepção do observador. Essa
atividade depende do conhecimento de quem a observa.
Portanto, para analisar a paisagem e atingir seu significado é necessário que
os alunos compreendam que a paisagem tem muito mais do que aquilo que
observamos num determinado espaço de visão, ela atende a funções sociais
diferentes, porque é um conjunto de objetos com diferentes significados.
Dependendo do campo de visão teremos significados diferentes. E, num mesmo
campo de visão teremos também traços culturais e naturais.
Essa discussão resultou
em vários questionamentos por
parte dos alunos, mostrando o
interesse pela conceituação. Foi
possível observar a discussão
entre eles planejando a
sequência das atividades e o
trabalho final a ser desenvolvido
após a observação da paisagem
durante a saída de campo.
3.1.2 Dinâmica humano-social - paisagem
PAISAGEM DOS CAMPOS GERAIS
Na sequência, tentando ainda elucidar o perfil de um observador da
paisagem, discutimos a leitura da paisagem no estudo do turismo.
4 A leitura da paisagem no estudo do turismo
A Leitura da paisagem pelo sujeito depende do seu conhecimento e do uso
dos seus sentidos. A maneira como ele percebe e interpreta tal leitura, influencia
aquilo que está sendo observado. São as formas paisagísticas que mobilizam os
sentidos do sujeito observador, formando uma unidade visual. Apesar do observador
se utilizar mais do visual para a leitura da paisagem, pode se utilizar também de
outros sentidos carregados de conteúdo espacial.
Segundo BARTLEY (apud RODRIGUES, 2001), o organismo humano
apresenta dez modalidades sensoriais, por meio das quais contata o mundo externo.
Além dos cinco sentidos do corpo humano ele apresenta mais cinco para análise da
paisagem centrada no sujeito, que são resultantes da movimentação do observado,
isto é, dependendo do campo de visão. Tentando entender as dez modalidades
sensoriais: VISÃO – A visão estereoscópica é que permite ao homem ver
PAISAGEM GEOGRÁFICA
É a parte visível do espaço, que pode ser descrita através dos elementos ou objetos que a compõem, cada qual com suas cores, formas, sons e funções.
Mas, como não é possível perceber tudo ao mesmo
tempo, o observador seleciona os elementos que mais chamam sua atenção.
Figura 3 – Paisagem dos Campos Gerais Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2008
tridimensionalmente o espaço, identificar e interpretar as formas dos objetos e as
suas disposições na paisagem. Com a visão enxergamos todos os objetos dentro do
campo abrangido pelos olhos, a visão auxilia o homem a ver as coisas nitidamente,
isto é, a forma, ordem, cores, brilhos e movimentos. SENTIDO SINESTÉSICO –
Visão combinada com som e tato, relação subjetiva que se estabelece
espontaneamente entre uma percepção e outra que pertence no domínio de um
sentido diferente. Ex. um perfume que lembra uma pessoa, um som (música) que
evoca uma imagem.
SENTIDO QUÍMICO – Ao ter reações alérgicas mediante o contato com alguns
vegetais ou animais, dotados de substâncias agressoras ao organismo humano,
causando irritações na pele.
TATO Um ativo (tocar) e outro passivo (ser tocado). Ex. ao caminhar por uma trilha, pisar no solo, tocar as árvores, roçar as folhas, o caminhante, movido pelo sentido sinestésico, amplia suas sensações, enriquecendo com a paisagem.
SOM
Somos mais sensibilizados pelo que ouvimos do que pelo que vemos. Ex: som da chuva, da cachoeira, dos pássaros.
Figura 4 - Cachoeira da Mariquinha – Campos Gerais Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2007
Figura 5 - Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2008
OLFATO – Captando o odor da paisagem. Este fator é importante na formação da
imagem e na sua memorização. Ex. recordação da infância vem acompanhada de
cheiro.
DOR – Funciona como proteção do indivíduo, como mecanismo de defesa do
indivíduo, das alergias resultantes do contato com substância ou agente físico.
PALADAR – O sabor dos alimentos ou sensibilidade da água. SENSAÇÂO
TÉRMICA – O calor dos objetos, do ar atmosférico, da água.
Mediante o exposto, acrescenta-se a experiência individual construída a partir da
bagagem cultural e da história de vida, de pensamentos e sentimentos que
envolvem uma visão de mundo consciente e inconsciente, sempre subjetiva e
permeada pelo imaginário e pelo conhecimento do observador. Tais estudos existem
para podermos aprender e a entender a “... leitura da paisagem no estudo do
turismo”.
As discussões, reflexões e atividades apresentadas pelos alunos sobre as
modalidades sensoriais foram positivas, eles retrataram que jamais imaginaram que
através do olhar o observador pudesse descrever a paisagem além da sua descrição
física. Eles perceberam que as modalidades apresentadas por BARTLEY são
perfeitas para o estudo de região natural, são portas abertas para o aprofundamento
do diálogo com a geografia e consequentemente com a cartografia. Nesse sentido,
os alunos compartilharam a atração pela paisagem e elencaram traços comuns
SENTIDO VESTIBULAR Que se localiza na parte auditiva do ouvido interno, captando a sensação de equilíbrio, é responsável pela vertigem das alturas quando se observa um precipício, por exemplo.
Figura 6 - Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
apresentados por tantas paisagens que se estendem sob o nosso olhar em escalas
local, regional e global.
5 Geografia da percepção
Com objetivo de discutir as relações entre a produção do conhecimento
geográfico e a arte da representação gráfica, a partir da observação da paisagem,
realizamos uma síntese conceitual da Geografia da Percepção.
Percepção, atitudes e valores são temas que nos preparam para
compreender nós mesmos e, consequentemente os problemas ambientais que são
problemas humanos. Quaisquer que sejam esses problemas: econômicos, políticos
ou sociais, eles dependem do centro do psicológico da motivação, dos valores e
atitudes que dirigem as energias para os objetivos. Tais estudos vêm assumindo
cada vez mais papel de destaque por expressarem o gosto, a preferência e os
vínculos afetivos dos seres humanos e de suas comunidades para com os lugares e
suas paisagens.
Segundo TUAN a
percepção é tanto a respostas dos sentidos aos estímulos externos, como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados (...). Muito do que percebemos tem valor para nós, para a sobrevivência biológica, e para propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na cultura. A percepção é uma atividade, um estender-se para o mundo através do uso dos nossos sentidos (ex. ver não envolve as nossas emoções). (TUAN, 1980, p. 4).
Objetivando o entendimento por parte dos alunos citamos o seguinte exemplo:
passamos sempre por uma praça, sempre no mesmo espaço, mas não percebemos
o que enxergamos, porque não analisamos todas as referências que elas nos
proporcionam. Quando passamos a entender o método da percepção, os nossos
sentidos passam a registrar o espaço, de modo, que os sentidos passam a ver o
ambiente de modo perceptivo. O espaço ocupado da praça tem árvores, igreja com
arquitetura de uma determinada época marcante para a cidade, os prédios em volta
estão voltados para aquela organização no tempo e no espaço.
Podemos afirmar, então, que a percepção é justamente uma interpretação como
fim de nos restituir a realidade objetiva, através da atribuição de significados aos
objetos percebidos. Um ser humano percebe o mundo simultaneamente através de
todos os sentidos. Portanto, quando nos preocupamos com a percepção espacial
não podemos confundir o ver com o perceber.
Tuan fornece uma contribuição importante para o nosso trabalho, quando define
o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou meio ambiente físico como Topofilia, tema
que associa sentimento com lugar e paisagem. (TUAN, 1980).
Parafraseando Tuan, topofilia é um estudo das imagens, das percepções
pessoais de lugares, dos valores, das motivações e preferências espaciais. É o elo
afetivo entre a pessoa e o lugar ou meio ambiente físico, denominado por ele de
topofilia, tema que associa sentimento com lugar e paisagem. Tuan examina
algumas manifestações específicas de topofilia e evidencia como o homem
experiencia a paisagem e como as emoções e o pensamento dão coloridos a toda a
experiência humana. Mas evidencia também, como é difícil articular boa parte dessa
experiência e mensurar os aspectos mais íntimos das pessoas como percepção,
significados, valores e propósitos. (TUAN, 1980).
Segundo os alunos participantes desta discussão, a abordagem
complementou o entendimento da leitura da paisagem para o profissional de
turismo. De forma bastante simplificada, podemos considerar que a paisagem seja
ela natural ou cultural, são atrativos turísticos fortemente valorizados pelas
sociedades, em função das atividades que o espaço geográfico proporciona ao
turismo.
6 Alfabetização cartográfica
Esta dinâmica tem como objetivo disponibilizar para alunos mais um recurso
pedagógico no ensino-aprendizagem de Geografia: a Alfabetização Cartográfica.
É possível perceber que o estudo da linguagem cartográfica vem, cada vez
mais, reafirmando sua importância desde o início da escolaridade. A observação, a
percepção, a análise conceitual e a síntese através das representações
cartográficas possibilitam pensar significativamente o conhecimento do espaço
geográfico. O estudo das representações cartográficas contribui não apenas para
que os alunos compreendam os mapas, mas também que desenvolvam
capacidades relativas à representação do espaço tornando-se um aluno, segundo
Simielli (2001, p. 98), “mapeador consciente”.
Para isso, os alunos precisam ser preparados para que construam
conhecimentos fundamentais sobre essa linguagem, como pessoas que
representam, codificam o espaço e como leitores das informações expressas
Embora não seja conclusivo, porque temos muito que aprender ainda,
podemos sintetizar que “... Cartografia é a ciência e a arte da representação gráfica
da superfície terrestre, a qual apresenta como produto final o mapa, isto é, o
resultado das informações colhidas e representadas de forma sistemática, à
representação espacial do fenômeno que foi mapeado”.
É por isso que os mapas são fundamentais para a Geografia, pois nada mais
são do que a representação total ou parcial do espaço geográfico.
Justificamos aqui a necessidade de preparar os alunos para lerem mapas,
através de um conhecimento estratégico, Daí a importância de compreendermos a
alfabetização cartográfica.
6.1 Como ser alfabetizado em leitura de mapas?
A expressão “alfabetização cartográfica” consiste no processo de
ensino/aprendizagem para que a pessoa consiga compreender todas as
informações contidas num mapa. Portanto, alfabetizar cartograficamente é entender
os conceitos elementares de um mapa: título, legenda, escala e orientação espacial.
(PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S., 2007, p.186-195)
Segundo Simielli (2001, p. 98), “... a alfabetização supõe o desenvolvimento
de noções conceituais para a desmistificação da cartografia como apresentadora de
mapas prontos e acabados. O objetivo das representações dos mapas e dos
desenhos é transmitir informações e não ser simplesmente objeto de reprodução”.
Outra contribuição da autora é a crítica do aluno copiador, metodologia que faz parte
do passado. E, apresenta o aluno “mapeador consciente”, aquele que participa
efetivamente do processo de mapeamento, que confecciona o mapa depois de
analisar o fenômeno estudado (2001, p. 98-103).
Este será o nosso propósito, motivar os alunos na elaboração de
representações gráficas que comuniquem informações verdadeiras, que a
observação feita por eles de um determinado espaço, seja utilizada como um meio
de entender e utilizar a linguagem dos mapas, que este processo possibilite
apreender o significado da realidade como totalidade que envolve sociedade e
natureza. Neste sentido, definições sobre linguagem cartográficas fazem-se
necessárias. (As definições a seguir estão disponíveis no site:http://orbita.starmedia.
com/geoplanetbr/cartografia.htm)
6.2 Aprendendo os elementos que fazem parte da linguagem cartográfica.
a) A linguagem dos mapas:
Todo mapa é uma representação da realidade. Porém, nenhum mapa
consegue captar todos os elementos que fazem parte da realidade. Por mais
precisas que sejam as representações, sempre carregam algum grau de incertezas
e limitações. Ao se reduzir as dimensões do fato que se deseja representar, é
necessário também simplificar e resumir as informações que o espaço real contém.
Transformar essas informações em um conjunto de símbolos que possam ser lidos,
analisados e interpretados é a tarefa do cartógrafo.
b) O alfabeto Cartográfico:
Os mapas, como um meio de comunicação, têm sua linguagem própria, e o
seu "alfabeto" é composto de símbolos arranjados em padrões específicos. Para
compreender um mapa é necessário que a informação possa ser entendida com
facilidade. Os principais símbolos utilizados nos mapas são de três tipos: pontos,
linhas e áreas. A maneira de apresentá-los pode mudar em relação à escala, ao
objetivo do mapa, ou de acordo com o fenômeno a ser observado. Se aquilo que se
deseja representar é pouco extenso e bem localizado (os principais núcleos
urbanos de um território), pode-se utilizar pontos (círculos, quadrados etc.); se, ao
contrário, o que se quer representar é extenso (como regiões agrícolas), é
preferível utilizar áreas (cores, tramas, etc.).
6.3 Representações Cartográficas - A teoria colocada em prática na escola
Após as aulas expositivas os alunos desenvolveram atividades de pesquisa
no laboratório de informática espaço este, que transcende a sala de aula como
proposta para reflexão, interação e aprendizagem acerca do amplo universo de
abrangência da Geografia. O estudo de mapa em ambiente virtual é uma das
ferramentas inovadoras que favorecem a aprendizagem da linguagem cartográfica.
O Programa Paraná Digital – PRD, disponibiliza nas escolas laboratório de
informática conectado à Internet, propiciando a pesquisa em Google Earth, Atlas
digital, construído a partir de imagens de satélite. A riqueza de abordagens que este
tipo de atividade proporciona como fonte de conhecimento é bastante ampla, desde
que sejam exploradas à luz de seus fundamentos teóricos-conceituais. Nessa
atividade os alunos realizaram pesquisa sobre o espaço a ser estudado em visita
técnica. Parque Estadual do Guartelá, localizado no município de Tibagi – PR é um
espaço ideal para o desenvolvimento do estudo da cartografia, por proporcionar o
desenvolvimento de conexões entre teoria e prática de representação gráfica
No segundo momento, foi organizado pelos alunos, professores e
coordenadores o “Planejamento da Aula de Campo”. Este teve como objetivo,
preparar o plano de trabalho da saída de campo (dividido em grupo e por tema),
discussão do plano de ação, formulação de regras disciplinares, horários e
avaliação. Esta estratégia possibilitou tanto o conhecimento conceitual, quanto, a
organização para o contato com a natureza, educação e preservação ambiental.
Nesta etapa, inúmeros recursos visuais foram analisados: mapa, cartas, croquis,
folder, revistas, desenho, fotos, imagem de satélites e figuras, acostumando o aluno
à linguagem visual.
Em seguida a etapa mais importante do processo, foram as atividades em
aulas de campo/visitas educativas/visitas técnicas e ou “Estudo do MeioTurístico”.
É nessa etapa que
iniciamos o processo de coleta
de informações preparando o
aluno para compreender a
organização espacial, o que
exige dele a observação,
interpretação e análise do
fenômeno, percorrendo trilhas
educativas e realizando
anotações prévias em mapa
mudo do espaço em estudo.
Figura 7 - Portal do Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
Esta atividade possibilitou
ao aluno ver as diferentes formas
de topografia, as diferentes
altitudes do determinado espaço
visitado, infra-estrutura,
organização espacial, vegetação e
outros fenômenos geográficos
presentes no local. Portanto, esta
atividade proporcionou o aluno
condições de observar os
elementos fundamentais do que
será representado, cartografado e
confeccionado por ele.
O Parque Estadual do Guartelá está situado dentro do território da cidade de
Tibagi – PR. Foi criado em 1992 e é administrado pelo IAP (Instituto Ambiental do
Paraná). O espaço geográfico do Parque apresenta infra-estrutura turística
possibilitando a observação de pontos de referência e paisagens cênicas (rio –
cânion – vegetação – geologia - formações rochosas – mirante – placas indicativas –
tipos diferentes de trilhas – limites territoriais), entre outros atrativos.
CAMINHO PARA CHEGAR AO PARQUE ESTADUAL DO GUARTELÁ -TIBAGI-PR
Figura 9 - Caminho para chegar ao Parque Estadual do Guartelá -Tibagi-PR
Fonte: http://www.odois.org
Figura 8 - Ponte de Pedra do Parque Estadual do Guartelá
Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
É importante frisar que o aluno é o participante efetivo do processo de
mapeamento, cabe a ele observar, analisar aquilo que lhe chama mais atenção.
Percorrendo trilhas, eles anotam, discutem, localizam pontos de referência, placas
indicativas, fenômenos naturais, ocupação do solo por moradores do local, mirantes
e também observam a organização do espaço que foram criados pela administração
do Parque. Tudo é devidamente anotado, enumerado e fotografado. Neste,
momento, os alunos usaram material de apoio disponível, mapa mudo/croqui (sem
informação), recebido na aula de planejamento.
Figura 10 – Trilha do Parque Estadual do Guartelá Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
Figura 11 – Panelões do Parque Estadual do Guartelá Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
Figura 12 – Aula de campo: Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
Conforme as DCE, “... o dominio da leitura de mapa é um processo de
diversas etapas porque primeiro é acolhida a compreensão que o aluno tem da
realidade em exercício de observar e representar o espaço vivido, com o uso da
escala intuitiva e criação de símbolos que identifiquem os objetos. (...) Ao apropriar-
se da linguagem cartográfica, o aluno estará apto a reconhecer representações de
realidades mais complexas, que exigem maior nível de abastração” (PARANÁ, 2008,
p.81).
Figura 13 – Aula de campo: Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR
Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
A “Aula de Campo sugere alguns passos a serem seguidos, tais como:
observação sistemática orientada: descrição, seleção, ordenação e organização de
informações; registro das informações de forma criativa”. (PARANA, 2008, p. 81).
Está atividade jamais será apenas “um passeio”, porque terá importante papel
pedagógico no ensino de Geografia.
É notória a motivação dos alunos com os atrativos do espaço e a ansiedade
em compartilhar informações com o grupo para serem anotados nos mapas bases.
Outra observação importante durante aula de campo é a interatividade com o
conhecimento adquirido nas aulas teóricas e a observação da paisagem.
CANYON GUARTELÁ
“... e como não se sentirá o
homem pequeno diante desta
gigantesca majestade
esmagadora. E como se furtará
ele de ser orgulhoso quando se
lembrar que basta um aceno de
sua mão para destruir toda esta
obra de uma quase eternidade".
Alberto Loefgren
O QUE É UM CANYON?
Produto das movimentações geológicas do planeta, um Canyon se forma,
basicamente, porque a erosão vertical é superior à horizontal formando uma espécie
de vale profundo, escavado por rios e cercados por paredes abruptas.
Após a aula prática de campo, os alunos elaboraram material com abordagem
do tema em questão. Entre eles, material didático para o Ensino Fundamental,
Figura 15 - Mirante do Canyon Guartelá – Tibagi – PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
Figura 14 – Canyon do Parque Estadual do Guartelá – Tibagi - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
folder, mapa e croqui turístico, todos com qualidade visual contendo representação
gráfica indicando trilhas, localização geográfica, texto conceitual e paisagens
cênicas do espaço local. (Ver anexo 1)
7 Trabalho em rede: formação continuada
Conforme cronograma determinado pelo PDE, desenvolvemos atividade
como tutora no GTR - Grupo de Trabalho em Rede que consistia na inserção de
outros professores da Rede Estadual no processo de formação continuada, como
forma de divulgar e disponibilizar para discussão e avaliação todas as ações
desenvolvidas pelo professor PDE.
As atividades desenvolvidas foram organizadas em seis módulos, sendo que
em cada um deles havia o Fórum de Discussões em que tutor e professores da
Rede de várias cidades do Paraná promoviam a discussão e trocavam experiências
sobre o tema proposto naquela unidade e também o Diário em que o professor
Figura 16 – Aula prática – Colégio Estadual Júlio Teodorico- Ponta Grossa - PR Foto: Eva de Fátima Silva Santos, 2010
apresentava as atividades solicitadas pelo professor PDE visando uma
complementação mais efetiva do trabalho em questão.
Podemos concluir que em todos os módulos a participação dos professores
superou as expectativas, houve interatividade do grupo no fórum de discussão com
a participação de todos. Ficou claro o interesse do grupo em aprender a desenvolver
atividades na sala de aula com os temas discutidos durante o curso, entre eles, o
texto da KATUTA, A. M. As imagens na Geografia: coordenadas semióticas para a
compreensão da ordenação dos lugares (2007). Este foi um dos que mais provocou
discussão e aprendizagem para trabalhar com imagem na sala de aula. Outro tema
que os professores cursistas avaliaram positivamente foi a estratégia de
planejamento para a saída de campo.
Conclusão
Atendendo ao objetivo principal desse programa todos os procedimentos ao
serem socializados na escola, tiveram uma excelente repercussão, tanto por parte
da Direção, Equipe Pedagógica, mas principalmente por parte dos alunos. Quando
buscamos desafiar nossos alunos, principalmente no saber usar um mapa no dia-a-
dia, conseguimos uma resposta positiva, isto ficou evidente durante o
desenvolvimento do curso. Outra metodologia usada no referido curso com resultado
positivo foi o uso das tecnologias disponíveis no laboratório de informática,
ferramenta esta motivadora no processo de leitura cartográfica e ensino
aprendizagem de geografia, este é sem dúvida um instrumento facilitador e
motivador para conduzir a aprendizagem. Na sala de aula ou em conversa informal
com os alunos participantes do curso, foi possível constatar a motivação gerada pela
metodologia desenvolvida durante as aulas teóricas, isto é, o uso constante de
imagem para elucidar a compreensão dos conceitos elementares no uso da
linguagem cartográfica. Foi possível também observar a aprendizagem dos alunos
durante a aula de campo, todos empolgados com a paisagem cênica do local, as
trilhas, o relevo com característica geográfica muito significativa, podendo associar-
se à atividade turística de várias maneiras. Podemos concluir que os alunos se
envolveram e mostraram resultados efetivamente satisfatórios para as propostas
apresentadas.
Por isso, neste trabalho, buscamos, através da alfabetização cartográfica,
fazer face ao desafio de desenvolver a leitura cartográfica e confecção de
representação gráfica em nossos jovens para que eles tenham condições de
analisar e perceber os recursos utilizados em um trabalho cartográfico e também
reconhecer a tecnologia disponível na mídia atualmente.
É nesse contexto que poderemos efetivamente dar acesso aos nossos jovens
ao mundo do conhecimento em toda a sua potencialidade, pois eles estarão
habilitados a inserir no seu dia-a-dia as informações geográficas tanto em sua
vivência pessoal como profissional Técnico e Guia de Turismo podendo interferir
como agentes transformadores desta realidade, com conhecimento da realidade que
os cerca.
Com relação ao GTR – Grupo de Trabalho em Rede, tivemos 14 professores
participantes que desenvolveram todas as atividades propostas, inclusive,
socializando experiências pessoais de sucesso desenvolvidas por eles em sala de
aula e dando sugestão de atividades complementares às que foram apresentadas
pela tutora.
Referências
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REFERÊNCIAS ON-LINE
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6507471300/Home/DSC_0093.jpg&imgrefurl=http://sites.google.com/site/ecumenenow/
http://www.odois.org
http://www.centrorefeducacional.com.br/freinet.html - Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE (Centro de Referência Educacional)