DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma...

35
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Transcript of DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma...

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO

CADERNO DIDÁTICO

Xangô Oxum

NATUREZA E RELIGIOSIDADE NO CONTEXTO DAS CULTURAS NEGRAS E

SUA APREENSÃO NOS MEIOS ESCOLARES

CLICEU ANTUNES PEREIRA

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS D E PARANAGUÁ

PDE - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - SEE D/PARANÁ

CLICEU ANTUNES PEREIRA

PROFª ORIENTADORA: DRª EULÁLIA MARIA A. DE MORAES

NATUREZA E RELIGIOSIDADE NO CONTEXTO DAS CULTURAS NEGRAS E

SUA APREENSÃO NOS MEIOS ESCOLARES

PARANAGUÁ

2010

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3

2 A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL .............................................................. 4

2.1 A RESISTÊNCIA DO NEGRO CONTRA A ESCRAVIDÃO: O SURGIMENTO

DOS QUILOMBOS ............................................................................................. 5

3 AS LEIS ABOLICIONISTAS EM PROL DA LIBERTAÇÃO DOS NEGROS

NO BRASIL ....................................................................................................... 7

4 AS CONTRIBUIÇÕES DO NEGRO PARA A CULTURA E SOCIED ADE BRA-

SILEIRA ............................................................................................................. 10

5 A HERANÇA DA RELIGIOSIDADE NEGRA NO BRASIL ............................... 14

6 SUGESTÕES DE ATIVIDADES ....................................................................... 20

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 30

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

3

1 INTRODUÇÃO

No século XIX foi abolida a escravidão no Brasil e com ela tentou-se extirpar

lembranças e heranças do passado escravista. A despeito da forte presença afro-

descendente no Brasil até início do século XX, a mestiçagem, vista sob o viés da

biologia era considerada sinônimo de atraso do país. Atualmente, em um mundo

cada dia mais globalizado; um mundo de barreiras raciais, geográficas, culturais e

econômicas tênues, a mestiçagem vem sendo condição valorizada. Desta forma,

buscamos na temática transversal, para o Ensino de História, as manifestações

culturais afro-brasileiras: os ritos religiosos, a musicalidade e o espírito da natureza

presentes na afrobrasilidade do século XXI. Buscando desenvolver a capacidade,

dos alunos, de se posicionarem diante de questões que interferem na vida coletiva,

bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável.

Em conformidade com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais é

necessário esclarecer que a problemática didático/pedagógica e a metodologia é

uma adaptação às diretrizes curriculares nacionais que asseguram a Escola seu

papel social. Nesse sentido, proceder ao estudo e análise das heranças das

manifestações culturais afro-descendente no Brasil é levar os alunos de Ensino

Fundamental e Médio do Colégio Estadual Senhorinha de Moraes Sarmento a refletir

sobre questões sociais na perspectiva de cidadania; é situá-los como sujeito dessa

história multiétnica e multicultural; é trabalhar o respeito às diferenças e refletir a

comunhão com a natureza que a religiosidade primitiva cultua em uma perspectiva

antropológica.

A abordagem pedagógica e didática deve ser direcionada ao educando

priorizando contextos que abordem conhecimentos úteis e esclarecedores que

enalteçam a figura de grandes heróis. O presente material de estudo desta Unidade

Didática tem por objetivo trabalhar os aspectos da cultura e religiosidade dos povos

ou etnias africanas na 2ª série do Ensino Fundamental no sentido da reconstrução

da História da África.

Em nossa sociedade, os modos de vida são marcados pela transformação de

modelos familiares, onde o trabalho da mãe, a precariedade econômica, ou ainda, o

desemprego dos pais, a situação marginal de indivíduos como o negro, servem de

amparo às transformações que as crianças sofrem ao longo de sua infância. É na

escola que se buscam respostas que justifiquem este amadurecimento precoce, não

linear, de crises vivenciadas por este mal-estar de violência e desespero.

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

4

2 A ESCRAVIDÃO NEGRA NO BRASIL

A escravidão negra no Brasil teve início na primeira metade do século XVI por

causa da produção de açúcar. Segundo Pinsky (1985), o negro foi trazido para

preencher o papel de força de trabalho compulsório numa estrutura que se

organizava em função disso. Os negros eram originários da Grande Guiné, Angola e

outras zonas da África Oriental. O desembarque dos negros dava-se assim que o

negro chegava a um dos portos de destino no Nordeste, Norte ou no Rio de Janeiro,

áreas de grande demanda de escravos nos séculos XVI e XVII. A partir do século

XVII para o XVIII o tráfico passa a ser uma atividade em si, explicada internamente

pela maior demanda de escravos e, ao nível do sistema colonial, como um todo,

pela necessidade de acumulação.

O transporte dos negros era feito nos porões dos navios negreiros, onde eles

viajavam em condições desumanas e amontoados. Muitos morriam antes de chegar

ao Brasil. Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana e eram

obrigados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho de açúcar.

Logo que os escravos chegavam ao Brasil, eram separados do seu grupo

cultural africano e misturados com outros de tribos diversas. Seu papel era o de

servir de mão-de-obra para seus senhores, caso contrário, poderiam sofrer castigos

violentos.

A escravidão negra foi implantada no Brasil durante o século XVII e se

intensificou entre os anos de 1700 e 1822, sobretudo pelo grande crescimento do

tráfico negreiro. O apogeu do afluxo de escravos negros ocorreu entre 1701 e 1810,

quando 1.891.400 africanos foram desembarcados no país (MUNDO DA

EDUCAÇÃO, 2010).

O tráfico negreiro é considerado uma das maiores tragédias da história da

humanidade. Durou séculos e tirou da África subsaariana milhões de homens e de

mulheres que foram arrancados de suas raízes e deportados para três continentes:

Ásia, Europa e América (MUNANGA, 2006).

O negro foi trazido para exercer o papel de força de trabalho compulsório

numa estrutura que estava se organizando em função da grande lavoura. Nas

fazendas de açúcar ou nas minas de ouro, os escravos eram tratados da pior forma

possível. Eles trabalhavam muito e recebiam apenas trapos de roupa e uma

alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas acorrentados

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

5

para evitar fugas e eram constantemente castigados fisicamente (MUNANGA, 2006).

Desde muito cedo a África tornou-se um campo de pilhagens e grande parte

do seu devassamento geográfico está subordinado aos interesses dos traficantes de

escravos. As populações africanas passaram a ser mercadoria de exportação. As

principais nações da África haviam transformado o tráfico em empresa comercial

supridora da mão-de-obra, os produtores das colônias tinham de estar subordinados,

direta ou indiretamente, ao supridor de escravos (MOURA, 1988).

O negro era oriundo do Golfo da Guiné e da Angola e mesmo sendo forçado a

vir para o Brasil trouxe com ele deuses africanos que aqui fizeram a sua nova

morada. Os negros sofreram intensas e severas torturas e para impedir sua fuga das

fazendas eram utilizadas diversas mutilações no escravo como: cortar suas mãos,

as orelhas e o tendão de Aquiles, bem como, utilizar a castração, a amputação dos

seios, a extração dos olhos e a fratura dos dentes. Os negros também eram

cobertos com melado, amarrados e depois ateados sobre o formigueiro (BARBEIRO,

1978).

2.1 A RESISTÊNCIA DO NEGRO CONTRA A ESCRAVIDÃO: O SURGIMENTO DOS QUILOMBOS

Mesmo sofrendo tantas torturas, o negro pode comemorar com a intervenção

de seu herói Zumbi, o qual liderou a única luta Revolucionária de libertação

opressora até hoje já ocorrida no Brasil. Isso ocorreu no Estado de Alagoas no

século XVII, onde Zumbi desenvolveu a República de Palmares com 800 casas: ali

viviam negros, índios e alguns brancos, o maior núcleo era o de macacos. No local,

existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil habitantes. Palmares

negociava com os produtores agrícolas recebendo em troca armas e munições.

Zumbi foi vencido por Domingos Jorge Velho em 1692 e executado em 1695, vítima

da traição de um ex-soldado de Palmares sua luta se refletiu na única e real tentativa

de extinguir a escravidão negra no Brasil.

Deste acontecimento, ao negro fica o incentivo a resistência e ao verdadeiro

combate ao racismo, uma mensagem de que o negro não veio ao Brasil porque quis,

não recebeu chicotadas porque gostava, não escolheu este sofrimento e

humilhação, mas foi deixado sem amparo por uma dita liberdade decretada em 13

de maio de 1888, e que resultou na discriminação e opressão deste na sociedade

brasileira.

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

6

Entendemos que ainda hoje a sociedade brasileira vive sob a forte influência

da herança escravocrata, que tinha e tem por tradição, pouco se voltar para a

valorização das heranças deixadas por costumes ou por crenças de um povo

remanescente das Senzalas e das Quilombolas. Esta postura de negação que a

nossa cultura também é filha, ou ainda, descendente da religião e da cultura oriunda

das veias africana são fatos comprovados na História da escravidão negra no Brasil.

Reconhecer que ao valorizar os grandes feitos heróicos de lideranças negras

como Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares, iremos com isto, finalmente resgatar a

identidade destes grupos étnicos, trazendo a eles o vigor da autoestima, que

estavam sendo escondidas pelo ensino oficial brasileiro. Com isto, o nosso

educando irá dentro deste contexto, motivar-se a somar forças em prol da luta dos

indígenas e da sociedade negra, sob a bandeira de suas raízes culturais, religiosas

e artísticas, vivenciadas na ferocidade da sua paixão étnica.

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

7

3 AS LEIS ABOLICIONISTAS EM PROL DA LIBERTAÇÃO DOS NEGROS NO BRASIL

O projeto da Lei do Ventre Livre foi proposto pelo gabinete conservador

presidido pelo visconde do Rio Branco em 27 de maio de 1871. Durante a

elaboração do referido projeto, os deputados dos partidos Conservador e Liberal

discutiram a proposta. A Lei do Ventre Livre provocou muitas discussões, contudo,

considera-se que a mesma foi um pequeno passo para as futuras conquistas

inerentes à abolição dos escravos. O documento declarava ser de condição livre os

filhos de mulher escrava que nascessem desde a data da lei, libertos os escravos da

Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daqueles filhos menores

e sobre a libertação anual dos escravos (BONAVIDES, 1997).

A tutela concedida pela referida mostrava-se configurada como um

mecanismo de controle da mão-de-obra, não apenas dos ingênuos, crianças

nascidas livres de mães escravas após a Lei do Ventre Livre, mas também sobre

outras categorias, como: crianças, órfãs, pobres e/ou desvalidas no século XIX.

Segundo Zero (2005) a tutela era usada basicamente para as crianças de posses,

como forma de garantir a gerência do menor e de seus bens no caso da falta de seu

pai. Dar um tutor aos filhos menores só se tornava necessário por morte dos pais,

pois caso viesse à mãe a falecer, o pai ficava como natural administrador dos bens

dos menores, não se colocando assim a questão da tutoria. Por outro lado, se o pai

no seu testamento deixava designada à pessoa que devia assumir o papel do tutor,

a sua decisão era acatada pelo juiz de órfãos. Na maioria de suas cláusulas, a lei se

pautava mais na teoria do que na prática e mais uma vez os escravos se viam na

situação de cativo e sem muito ou pouco a reivindicar.

Em 1885 foi aprovada a Lei Sexagenária, que libertava os escravos com mais

de 60 anos de idade. Essa lei praticamente não alterou em nada a história, pois

poucos escravos conseguiam atingir essa idade. A Lei Sexagenária provocou

descontentamentos dos cafeicultores. Segundo Hollanda (2000), no recenseamento

de 1872 muitos agricultores haviam aumentado a idade de seus escravos para

burlarem a rematrícula de 1872, escondendo os ingênuos introduzidos por

contrabando, após a Lei Eusébio de Queiroz. Dessa forma, numerosos negros

robustos jovens eram legalmente sexagenários. Seus proprietários tentaram anular a

libertação sob a alegação de que fomos enganados em 1872.

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

8

A Lei Áurea promulgada em 1888 declarou extinta a escravidão no Brasil.

Segundo Bonavides (1997) a Lei não teve como preocupação fixar as comunidades

na terra e garantir as terras nas quais já viviam, reconhecida pelas próprias leis dos

dominantes. O mesmo autor sustenta que a Lei Áurea foi assinada já num contexto

histórico de absoluta falta de sustentação do movimento escravista, que vinha

sofrendo diversos revezes com as demais leis promulgadas. A extinção do tráfico

africano determinou uma profunda inflexão na experiência de cativeiro como até

então se apresentava para os cativos residentes no país, bem como para aqueles

que estavam envolvidos na administração do controle social dos escravos.

Após a abolição iniciou-se o trabalho livre. Contudo, as dificuldades se

acentuavam a cada dia. Os fazendeiros passaram a enfrentar muitas dificuldades

em decorrência da substituição da mão escrava pela livre.

Mesmo assim, a escravidão continuou a ser a principal forma de trabalho

durante o século XIX, tanto nas áreas agro-exportadoras como naquelas dedicadas

à cultura de subsistência. O longo período de servidão devia-se ao fato de que os

escravos eram os únicos que trabalhavam quer nas cidades quer no campo. Este

fato ficou evidente quando os senhores de engenho procuraram outros

trabalhadores para exercer o trabalho escravo.

Contudo, após o fim da escravidão, muitos fazendeiros continuaram usando

estratégias para manter o trabalho escravo. O trabalho escravo mostrou uma

realidade excludente e que mesmo após a abolição, os negros não se viram em

situação favorável em relação aos demais. Isso evidencia o profundo período que se

instalou entre o Brasil colônia cuja realidade foi pontuada pela intensificação do

trabalho escravo, até os dias atuais, pois, sabe-se que no Brasil este tipo de

exploração ainda não acabou.

Apesar da abolição dos escravos, ter sido há muito tempo, ainda hoje no

Brasil e no mundo, se faz necessário discutir este assunto. A história ao longo do

tempo mostra que o negro, sempre foi perseguido. No Brasil até início do século XX,

a mestiçagem, era vista como algo inferior, ruim. O cotidiano escolar poderá revelar

uma inclinação, para corresponder ao padrão branco/europeu negligenciando os

valores referentes às matrizes africanas, podendo levar à acentuação do estigma de

ser inferior. Essas ações preconceituosas conduzem a um processo de

despersonalização dos caracteres africanos, o que dificulta e, em alguns casos,

inviabiliza a inserção da criança no sentimento de pertença ao espaço escolar,

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

9

comprometendo a sua autoestima, impossibilitando-a de ter um autoconhecimento

individual ou cultural, pois esses dois níveis estão diretamente ligados a condições

desvalorizadoras atribuídas pelo grupo dominante.

O processo educativo pode ser uma via de acesso ao resgate da autoestima,

da autonomia e das imagens distorcidas, pois a escola é ponto de encontro e de

embate das diferenças étnicas, podendo ser instrumento eficaz para diminuir e

prevenir o processo de exclusão social e incorporação do preconceito pelas crianças

negras.

Hoje finalmente pelos próprios princípios legais da Lei 10.639/03 se estuda a

cultura e a religiosidade africana como uma importante via de informação capaz de

nos revelar origem de nossa identidade cultural que até então era desprezada. Esta

transformação hoje colocada em prática vai facilitar informações que nos

possibilitam desvendar e conhecer a história de etnias culturais africanas que fazem

parte da nossa História cultural étnica e racial.

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

10

4 AS CONTRIBUIÇÕES DO NEGRO PARA A CULTURA E SOCIED ADE BRASILEIRA

As contribuições dos africanos trazidos ao Brasil foram de três ordens:

econômica, demográfica e cultural. No plano econômico, os negros serviram como

força de trabalho, fornecendo a mão-de-obra necessária às lavouras de cana-de-

açúcar, algodão, café e mineração. Os negros ajudaram no povoamento do Brasil.

Até 1830, os negros constituíam 63% da população total, os brancos 16% e os

mestiços 21%. A partir da abolição do tráfico negreiro, acompanhada pela extinção

da escravidão em 1888, a população negra decresceu sensivelmente por causa das

más condições de vida que eles viviam. No plano cultural os negros contribuíram na

arte visual, na dança, na música, na arquitetura e no campo da religiosidade

(MUNANGA, 2006).

Os negros foram de fundamental importância para a formação da cultura e do

povo brasileiro. Na língua brasileira existem diversas palavras oriundas da língua

africana. Os negros também trouxeram para o Brasil animais e plantas que aqui não

havia, como: dendê, galinha d’angola, entre outros (MUNDO DA EDUCAÇÂO,

2010).

O negro africano contribuiu para o desenvolvimento populacional e econômico

do Brasil e tornou-se, pela mestiçagem, parte inseparável de seu povo. Os africanos

espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar, fazendas de

criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações de algodão, fazendas de

café e áreas urbanas. Sua presença projetou-se em toda a formação humana e

cultural do Brasil com técnicas de trabalho, música e danças, práticas religiosas,

alimentação e vestimentas.

Na música, a contribuição apareceu com o samba, gênero musical binário,

que representa a própria identidade musical brasileira. De nítida influência africana,

o samba nasceu nas casas de baianas que emigraram para o Rio de Janeiro no

princípio do século. O primeiro samba gravado foi Pelo telefone, de autoria de

Donga e Mauro de Almeida, em 1917. Inicialmente vinculado ao carnaval, com o

passar do tempo o samba ganhou espaço próprio. A consolidação de seu estilo

verifica-se no final dos anos 20, quando desponta a geração do Estácio, fundadora

da primeira escola de samba. Grande tronco da MPB, o samba gerou derivados,

como o samba-canção, o samba-de-breque, o samba-enredo e, inclusive, a bossa

nova.

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

11

A capoeira foi outra contribuição. É uma dança de luta, ritualizada e estilizada,

que tem sua própria música e é praticada principalmente na cidade de Salvador,

estado da Bahia. É uma das expressões características da dança e das artes

marciais brasileiras. Evoluiu a partir de um estilo de luta originário de Angola. Nos

primeiros anos da escravidão havia lutas permanentes entre os negros e quando o

senhor de escravos as descobria, castigava ambos os bandos envolvidos. Os

escravos consideravam essa atitude injusta e criavam "cortinas de fumaça" por meio

da música e das canções, para esconder as verdadeiras brigas. Ao longo dos anos,

essa prática foi sendo refinada até se converter em um esporte sumamente atlético,

no qual dois participantes desfecham golpes entre si, usando apenas as pernas, pés

calcanhares e cabeças, sem utilizar as mãos. Os lutadores deslizam com grande

rapidez pelo solo fazendo estrelas e dando espécies de cambalhotas. O conjunto

musical que acompanha a capoeira inclui o berimbau, um tipo de instrumento de

madeira em forma de arco, com uma corda metálica que vai de uma extremidade à

outra. Na extremidade inferior do berimbau há uma cabaça pintada, que funciona

como caixa de som. O músico sacode o arco e, enquanto ressoam as sementes da

cabaça, toca a corda tensa com uma moeda de cobre para produzir um tipo de som

único, parecido com um gemido.

Na comida, a marca africana é profunda, sobretudo na Bahia, em pratos como

vatapá, caruru, efó, acarajé e bobó, com largo uso de azeite-de-dendê, leite de coco

e pimenta. São ainda dessa região a carne-de-sol, o feijão-de-corda, o arroz-de-

cuxá, as frigideiras de peixe e a carne-seca com abóbora, sempre acompanhados

de muita farinha de mandioca. A feijoada carioca, de origem negra, é o mais

tipicamente brasileiro dos pratos.

Essas contribuições nem sempre são reconhecidas por falha na formação de

nossa sociedade, o projeto pde mostra muito bem isso quando fala por exemplo que

desde a mais tenra idade a criança é ensinada, tanto em casa quanto na escola a ter

padrões brancos, o exemplo das bonecas e das lendas são perfeitos para ilustrar tal

falha. sabe-se hoje que a cultura negra é riquíssima em lendas e histórias, porém

mesmo de posse desse conhecimento muitos educadores e muitos pais não passam

isso para as crianças não dando a elas a oportunidade de assistir vídeos como

"kiriku e a feiticeira" que é um ótimo exemplo da cultura e das lendas africanas.

talvez por essa falha na infância é que muitos adolescentes e jovens mostram certa

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

12

relutância quando tais temas são apresentados já nas séries finais do ensino

fundamental.

Com base nessas considerações o projeto a ser desenvolvido abre os olhos

da sociedade para o povo negro, para a importância de sua contribuição para a

formação de nossa sociedade, a partir da necessidade de mostrar a cultura do negro

não apenas ao branco mais ao próprio negro, como já foi discutido em outros

momentos, mostrar ao negro sua importância, pois muitas vezes quando ele próprio

faz piada de sua condição não é por ser racista como alguns desavisados insistem

em afirmar, mais é para se sentir menos inferior, talvez para tentar mostrar que não

é atingido pelo preconceito que o cerca todo o tempo e para se mostrar superior, ou

talvez a melhor palavra seja imune, a tantas agressões que seu povo e ele mesmo

vem sofrendo a tanto tempo.

Essas duas questões devem estar no cotidiano de educador(a), ou seja a

interdisciplinaridade ou até multidisciplinariedade como norteadoras desta prática.

Tendo uma visão sistêmica da religiosidade ela se sustentará quando os elementos

da natureza forem reverenciados pela sua importância na conexão com os seres

humanos. Esta relação com o próximo se perpetuara favorecendo uma harmonia da

irmandade que todos somos e pertencemos.

Quem viver só em suas funções de si mesmo nunca terá a felicidade

verdadeira. Isto se aplica em qualquer momento de discriminação feita pelo homem

principalmente no campo da religiosidade. A grande preocupação consiste em

buscar meios de aos poucos podermos ir eliminando este racismo que está instalado

mesmo nos meios escolar e na sociedade como um todo o objetivos discutir temas

ligados às chamadas: O negro cantor, compositor, engenharia Irmãos Rebouças.

Arquitetura africana Pirâmides do Egito, O negro poeta, o negro na literatura, Castro

Alves e outros.

Façamos aqui uma reflexão sobre a noção deste valioso e vivo patrimônio da

cultura dos povos africanos, os quais deveremos passar aos nossos educandos.

Através disso poderão ocorrer debates quando for trabalhado imagens de um povo

que tem sua relação diretamente ligada com a natureza, e ela se manifesta na sua

arte, na sua religiosidade o qual distingue, em outros elementos da vida social do

povo negro como ponto histórico sem os quais não poderíamos entender até mesmo

grande parte do comportamento cultural, artístico e religioso do povo brasileiro.

Temos o conceito clássico do legado que herdamos das gerações passadas dos

Page 15: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

13

nossos irmãos africanos, onde 47% da nossa população tem descendência ligada as

raízes africanas. É necessário que tenhamos este entendimento cultural relacionado

aos modelos de cultura Africana pois eles servem para que às gerações do mundo

atual e do futuro possam precisar e ter esse ressignificado como um legado que

passou por um processo de proposital de exclusão, mas por ser um grupo étnico

representativo de pessoas de etnia negra possam até mesmo, no campo da sua

religiosidade, ser reconhecida e estudada como é o caso do Candomblé, identificado

como o ponto de partida das manifestações culturais do povo negro.

O Caderno de material didático procurou desenvolver um trabalho direcionado

aos bancos escolares para que sejam mostradas as manifestações culturais do povo

africano, especialmente a arte e a religiosidade. Isso serve para que o aluno possa

se identificar como pertencente a estes objetos de seu próprio mundo cultural.

Assim como possa ter uma noção de seu coletivo e como um elemento que está

devidamente pertencente a este legado cultural, embora seu passado não tenha até

então ter sido revelado a ele. Só assim poderemos estabelecer que novos conceitos

deste patrimônio cultural do qual os brasileiros ainda não compreendem que dele

fazem parte efetivamente. Esta definição didática deste patrimônio cultural

africano, embora não seja conhecido, fazem parte das nossas manifestações diárias

e que este conhecimento, fatalmente facilitará a perpetuação deste grupo de

brasileiros que até então pouco ou quase nada conheciam.

Portanto, é bom que seja ressaltado a necessidade de uma construção de

noções do que é um patrimônio cultural em nossa sociedade e que este, será

justificado pelos herdeiros da história africana um patrimonial vivo o qual através de

sua memória deve ser lembrado e estudado. Mediante a importância desta cultura,

sabemos da preocupação que outras sociedades tiveram e tem em praticar e

divulgar a sua religiosidade, onde aqui destacamos a Grécia na idade antiga: o

mundo greco romano enaltecia seus valores místico-religiosos, não se afastando dos

mesmos, pelo contrário, assim como os Orixás, conduziam o homem dentro dos

valores artísticos, filosóficos e científicos, isto em condições de igualdade a Deus.

Page 16: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

14

5 A HERANÇA DA RELIGIOSIDADE NEGRA NO BRASIL

Com a vinda dos escravos para o Brasil, seus costumes deram origem a

diversas religiões, tais como o candomblé, que tem milhões de seguidores,

principalmente entre a população negra, descendente dos africanos. Estão

concentradas em maior número nos grandes centros urbanos do Norte, como Pará,

no Nordeste, Salvador, Recife, Maranhão, Piauí e Alagoas, no sudeste, Belo

Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, e no Rio Grande do Sul. Diferente do

candomblé, que é a religião sobrevivente da África ocidental, há também a

Umbanda, que representa o sincretismo religioso entre o catolicismo, espiritismo e

os orixás africanos.

A religião negra é a mais hostilizada no país, porque a maioria dos brasileiros

não são esclarecidos sobre esta religião, pois a religião africana, como a cultura

africana é uma das mais antigas do mundo, pertencendo o seu primeiro credo ao

animismo, religião antiquíssima em todo o planeta onde os índios de todos os

lugares tinham essa mesma religião mesmo não tendo comunicações entre eles.

Índios americanos, índios da Áustrália (os aborígenes), índios do gelo (esquimós),

todos viam tudo na natureza com vida, com alma (por isso animismo: vem de ânima

(em latim), alma. E por isso mesmo a religião africana tem os seus orixás, que são

os "deuses" de cada elemento da natureza: do fogo, do ar, da água, da terra, entre

outros. Até mesmo na cultura chinesa existem esses elementos, mas em cada lugar

eles têm nomes diferentes, por causa da língua de cada povo. Mas no Brasil,

também por dogmas e crenças das outras religiões; quer queira ou não o catolicismo

e o evangelismo são os mais fortes no país, prevalecendo o monoteísmo. Assim, a

religião africana também é rechaçada por outro motivo: seu desdobramento espírita

que acontece nos rituais religiosos africanos. Portanto, além do preconceito com a

cultura negra também prevalece o preconceito ao espiritismo.

Foi com estes valores de espiritualidade associados à veneração aos

elementos da mãe natureza que os povos africanos iniciaram sua saga histórica

junto às culturas da cana-de-açúcar e trabalho nos garimpos de ouro.

As chamadas Religiões Afro-Brasileiras são as seguintes: o candomblé que é

dividido em várias nações, o batuque, o Xangô do Recife e o Xambá foram trazidas

originalmente pelos escravos. Estes escravos cultuavam seu Deus, e as divindades

chamadas Orixás, Voduns ou inkices com cantos e danças trazidos da África.

Page 17: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

15

Estas religiões foram perseguidas, pois acredita-se terem o poder para o bem

e o mal. Hoje são consideradas como religiões legais no país, mas mesmo assim,

muitos de seus seguidores preferem dizer que são "católicos" para evitar algum tipo

de discriminação, principalmente na área profissional. Porém, aos poucos, vão

sendo mais bem compreendidos.

Os orixás estão longe de se parecerem com os santos cristãos. As práticas de

culto em terreiros aos Orixás são hoje incorporadas em nossa sociedade como

costumes, onde desta religiosidade se produziu uma cultura que tem características

muito humanas, como podemos constatar: no Candomblé os Orixás são parecidos

com os seres humanos: são vaidosos, temperamentais, briguentos, fortes,

maternais, apaixonados, ciumentos, amorosos (SUPER INTERESSANTE, 1995,

p.18).

Lamentavelmente a idéia do movimento do Sincretismo colaborou muito para

a desafricanização dessa cultura no Brasil. O Sincretismo foi um processo nocivo e

venenoso quando aconteceu a avalanche de idéias do Cristianismo, e isto foi

decisivo para a perda da pureza da cultura africana. De modo que se hoje apenas

temos o 1º) Jeje-Nagô; 2º) Jeje-Nagô-Muçulmi; 3º)Jeje-Nagô-Banto; 4º) Jeje-Nagô-

Muçulmi-Banto; 5º) Jeje-Nagô-Muçulmi-Banto-Caboclo; 6º) Jeje-Nagô-Nagô-Banto-

Caboclo-Espírito; 7º)Jeje-Nagô-Muçulmi-Banto-Caboclo-Espírito-Católico. São as

últimas modalidades hoje de Religiosidades de matriz africana que ainda hoje

predominam no Brasil (RAMOS, 2001).

Tudo isto foi decorrente do Sincretismo que fez com que se perdesse o

caráter coletivo dos cultos. Esta transformação foi feita par poder acomodar o lado

prático para a solução de um problema da verdadeira caça aos bruxos

desencadeados pelos Cristãos católicos da época. Portanto, esta perda da

naturalidade das verdadeiras raízes africanas vem ao longo dos séculos provocando

a desafricanização e isto tudo acontece por conta deste cínico e disfarçado modelo

evangelizador do Cristianismo denominado de Sincretismo.

Ramos (2001) apresenta no texto destacado em três pontos: Festividades e

Manifestações Culturais, o Sincretismo Religioso no Brasil e as Grandes Fontes

Culturais. É um breve relato de como as manifestações e festividades culturais

podem exprimir o modo de vida das pessoas destacadas pelas tradições e que

essas em toda a parte do Brasil está caracterizada no período colonial

principalmente nas tradições indígenas e africanas. Ele põe em destaque a

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

16

influência católica onde a natureza está em plena harmonia com a sociedade e

encerra citando algumas festas de cunho popular e cultural no final, e de como estas

se relacionam com os indígenas, africanos e portugueses. O autor destaca como as

festividades e manifestações culturais estão diretamente ligadas ao cotidiano das

pessoas expressas na ordem católica e na influência africana. Destaca ainda, as

manifestações culturais, como o Maracatu em Pernambuco, a Iemanjá, o Nego

Fugido, e as festas associadas às safras agrícolas. O autor destaca o quanto a

influência da natureza pode ditar o cotidiano das pessoas como, por exemplo, está

expressa na evocação de entidades divinas. Num segundo momento ele ressalta a

força religiosa ligada a natureza em especial, demarcações deixadas na natureza

pelos indígenas e africanos. Para encerrar, ele coloca os portugueses, indígenas e

africanos como grandes formadores de cultura por terem contribuído para a

identidade do povo brasileiro ou por suas manifestações culturais e aculturações.

Assim o autor sinteticamente traduz como a força religiosa, a influência da

natureza, e aculturação entre esses povos, africanos, indígenas e portugueses,

estão diretamente ligados na formação da identidade brasileira ora em suas

manifestações culturais ora na expansão das mesmas.

Por sua vez, a religião de origem africana sobrevive no Brasil em meio a uma

descontinuidade da sua tradição teológica e filosófica, em que o absoluto

desconhecimento da sociedade em geral se estende também à seus adeptos e

sobretudo, aos que se intitulam sacerdotes e sacerdotisas da Religião Afro. Dentre

essas religiões africanas, o Candomblé é uma delas. Essa religião foi implantada

pelos ancestrais afro-brasileiros, cientes de sua permanência no Brasil pelos laços

familiares aqui criados e que adaptaram os ritos tradicionais e abolindo outros

contrários à nossa cultura.

O Candomblé é uma religião na qual se busca a felicidade, a saúde, a vida

familiar e social com alegria e dignidade. É uma religião em que nada acontece sem

emoção, ou seja, isso ocorre quando se aguarda a chegada do Orixá e ela é

redobrada quando ele é recebido. Não tem nada a ver com loucura ou alienação,

mas num ideal de transformar os limites da realidade cotidiana em processos de

busca e reencontro de novas dimensões na vida. O Candomblé é uma religião da

natureza. Mar, rios, terra, ar, fogo, chuva, trovões, árvores sagradas e outros

espaços naturais são as marcas da presença do divino na grande proposta original

do culto do Candomblé (BENISTE, 2006).

Page 19: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

17

A iniciação no Candomblé é um processo de construção de uma identidade

psicológica permanente entre o participante e a entidade, bem ao contrário do

desenvolvimento mediúnico do espiritismo em que o médium renuncia a própria

subjetividade em favor da subjetividade de um desencarnado. Ou seja, no

Candomblé o existe um objetivo principal que é o auto-reconhecimento recíproco

entre o santo e seu filho. A identificação simbólica entre os participantes e os Orixás

não existe apenas no momento privilegiado do transe ritual, mas corresponde a

incorporação psicológica permanente das características do orixá na personalidade

de seus filhos. No Candomblé cada entidade se manifesta através de um conjunto

de temas arquetípicos – a representação/incorporação de forças naturais

personificadas em comportamentos e estórias – que se sucedem durante a

cerimônia. Invocados por meio de danças estáticas e de três tambores cerimoniais

(rum, rumpi e lé), os deuses africanos incorporam em seus filhos, fazendo-os

redramatizar os grandes feitos mítidos e lendas: a luta dos irmãos Ogum e Xangô

PE,o amor de Oxum, a viagem de Oxalufã ao encontro de seu filho Xangô, as

aventuras amorosas de Yansã (BENISTE, 2006).

As entidades são representadas por fundamentos psíquicos de

comportamentos humanos e forças místicas da natureza, e são representadas nos

rituais como identidades sagradas que se manifestam dentro de uma estrutura

mítico-litúrgica de interpretação do mundo.

Os rituais do Candomblé não são uma encenação teatral ou uma catarse

histérica, mas é um ambiente onde atuam forças espirituais são manipuladas e

manipulam os corpos dos participantes, em um espetáculo coreográfico que associa

imagens tema a ritmos determinados.

Os Candomblés estão divididos por nações: jeje, nagô, ketu, angola, fon,

entre outras e cada uma guarda em si formas e expressões próprias de cultuar os

orixás. As nações têm a ver com as particularidades de cada região africana. No

Brasil, o tipo de Candomblé que possui maior número de adeptos é o de ketu,

Nigéria, e a iniciação depende de uma preparação rigorosa com o propósito de

despertar o corpo dos adeptos para a visita das divindades africanas. É a iniciação

compreendida em sua dimensão comunitária, com o propósito de proporcionar

harmonia social e espiritual. Para o Candomblé existem dois espaços de

convivência: o òrun e o aiyé. O òrun é o espaço do sobrenatural, céu para alguns,

paraíso para outros. É um espaço paralelo ao mundo real que coexiste com todos os

Page 20: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

18

conteúdos deste. O aiyé é o espaço da via concreta, cotidiana, onde os seres

naturais habitam. As pessoas responsáveis pela organização de todas as funções e

da distribuição do axé, que é a força que assegura a existência dinâmica, que

permite o acontecer e o devir, são a sacerdotisa (iyalorixá; mãe-de-santo) e o

sacerdote (babalorixá; pai-de-santo) que, cercado por mães e pais pequenas(os) e

outras pessoas hierarquicamente importantes, trabalham pela estabilidade do grupo.

Essa distribuição pode ocorrer pelas palavras, gestos, movimentos corporais,

cantigas. A palavra tem papel fundamental porque carrega o sangue branco (saliva,

hálito); ela, então é sagrada, tem axé, tem força a energia vital e emocional. Para

que a palavra do orixá possa ser emitida por uma iniciada, é preciso que passe por

um fundamento, a fim de abrir a sua fala, com o propósito de dar força ao orixá para

emitir seu som particular, um grito que o identificará como ser individual (LODY,

1988).

O santuário do Candomblé, espaço destinado à guarda, fixação, atribuição e

perpetuação do axé, está situado num conjunto físico e mágico com os demais

espaços do terreiro ou da roça. O santuário assume aspecto diferente quando são

realizadas as chamadas obrigações do preceito ou de fundamento.

O corpo é também tema do espaço sagrado, merecendo detalhada atenção.

Tapo importantes e significativos são a cabeça, as mamas, os órgãos genitais, os

pelos, as mãos, enfim, todo o corpo tem um sentido específico. O corpo é um

espaço do culto. Suas partes específicas detêm valores característicos diante dos

preceitos, fundamentos e funções das cerimônias. O corpo é tido como um espaço

que precisa de revitalizações por práticas especiais, objetivando a permanência e

vida do axé. As fotos a seguir apresentadas mostram algumas cerimônias do

Candomblé.

Page 21: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

19

CERIMÔNIA DO CANDOMBLÉ

Fonte: Cliceu. Fonte: Cliceu

Page 22: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

20

6 SUGESTÕES DE ATIVIDADES

O caderno de material didático traz a possibilidade de divulgação e

valorização da Cultura Afro-Brasileira, o que se faz extremamente necessário, uma

vez que a sociedade brasileira é fortemente influenciada pela cultura negra, embora

muitas vezes, passe despercebida. E os meios escolares são, sem dúvida, as

pontes mais eficazes para a quebra de barreiras e preconceitos, sejam raciais,

sociais, sexuais, religiosos e outros, desde que seja traçado uma estratégia, um

caminho a ser percorrido, de tal forma que seja capaz de desconstruir as idéias e

conceitos pré-concebidas sobre o assunto em questão. Levando em conta esses

aspectos apresentamos a seguir algumas atividades direcionadas aos alunos.

ATIVIDADE 1

RESGATANDO A IDENTIDADE CULTURAL E RELIGIOSA AFRO-B RASILEIRA

Marque com X a resposta certa:

1) Ao cultivarmos nossas tradições responsáveis pela formação da Cultura

Brasileira nós estaremos garantindo a nossa identidade de nação e de povo?

( ) Certa ( ) Errada

2) Coube ao negro o reconhecimento de ser ele o responsável pela contribuição da

cultura que originou as composições musicais que temo ritmos o Olodum, o

Samba, o Pagode, o Frevo, o Axé e a do Rap no Brasil?

( ) Certa ( ) Errada

3) Na sua opinião a herança que lembra a escravidão, trás dificuldades ao Negro

em ser selecionado entre brancos na disputa do mesmo espaço no mercado de

trabalho no Brasil?

( ) Certa ( ) Errada

4) Na sua opinião, é verdadeira as afirmações que se faz em ser as Religiões de

matriz Africana como o Candomblé e a Umbanda em serem responsáveis pelos

males praticados no Brasil?

( ) Certa ( ) Errada

5) É comprovado que as religiões africanas têm práticas constantes de fazer o mal?

( ) Certa ( ) Errada

Page 23: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

21

6) Você é favorável que o Estado Brasileiro não crie Leis proibitivas no

funcionamento desta prática de culto religioso de natureza africana?

( ) Certa ( ) Errada

7) Sabe-se que o negro escravo sofreu torturas diferenciadas durante 400 anos,

como: amputação de orelhas, pernas, braços, língua, etc. Na sua opinião, pelo

trabalho escravo e por todas estas torturas recebidas por 4 séculos, já não era

hora dos mesmos serem indenizados?

( ) Sim ( ) Não

8) Quais as religiões brasileiras que são resultado da contribuição do negro em

nosso país?

ATIVIDADE 2

CIDADANIA NEGRA

a) Escreva uma narrativa histórica sobre o que você sabe sobre o movimento de

cidadania negra que resultou na conquista das cotas junto aos bancos

universitários do ensino público.

Nesta atividade o professor deverá categorizar as respostas considerando:

a) se o estudante conhece o movimento negro que resultou na conquista das

cotas junto ao Ensino Público Universitário;

b) como ele compreende esse movimento;

c) se esse movimento provocou alguma reação contrária junto a sociedade

brasileira;

d) se para o negro a conquista das cotas junto aos bancos universitários vai ser

o suficiente para que seja definitivamente resgatado a dívida da sociedade

brasileira junto a esta etnia vítima de todo seu sofrimento histórico;

e) se eles conhecem alguns movimentos desumanizados que o negro enfrentou

durante séculos junto a sociedade escravocrata brasileira.

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

22

ATIVIDADE 3

PRESENÇA DO NEGRO NO BRASIL

a) Selecione apenas três fontes históricas que se relacionam com o tema presença

do negro no Brasil, onde nele o nosso educando destaca as contribuições

Artísticas Africanas: na dança da Capoeira com elemento de resistência do

“escravizado” africano. Esta nova terminologia serve para que nossos educandos

entendam de forma definitiva de que o negro nunca aceitou a sua situação de

escravo no Brasil. Por isso ele lutou, muitos morreram, mas o seu ideal de

liberdade de dignidade e de cidadania permanecem até os dias atuais.

Procure relacionar as fontes históricas selecionadas com a saga dos

escravizados africanos no Brasil considerando os seguintes procedimentos

metodológicos:

1) Abordar os contextos históricos de produção de cada fonte histórica.

2) Se for o caso, abordar o contexto histórico representado por estas fontes.

3) Abordar o contexto histórico do estudante leitor.

As seguintes perguntas poderão nortear esta abordagem:

1) Qual é a natureza dessa fonte histórica? Como ela é?

2) Você reconhece algum sujeito e situação do passado nesta fonte histórica?

Quais?

3) O que estes sujeitos e situações do passado representam para você?

4) Em que conteúdos históricos você incluirá estes sujeitos e situações do

passado?

5) Qual a relação destes sujeitos e situações do passado com a sua vida

cotidiana?

6) Você encontrou algum anacronismo em algumas dessas fontes históricas?

Em quais? Por quê?

IMPORTANTE:

a) Neste momento é fundamental que o professor permita que os educandos

produzam livremente suas referências.

b) Mesmo sofrendo tantas torturas, o negro pode comemorar com a intervenção de

seu herói Zumbi, o qual liderou a única luta Revolucionária de libertação

opressora até hoje já ocorrida no Brasil.

Page 25: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

23

ATIVIDADE 4

O NEGRO APÓS A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA EM 1888

Para a realização desta atividade, o professor deverá mostrar aos alunos que

a transição do trabalho escravo para o assalariado não foi um processo simples.

Muitos negros libertos do jugo, buscaram nas cidades melhores opções de

sobrevivência, o que levou ao inchaço e o surgimento de novos cortiços e mais

tarde, de favelas. O professor também deverá mostrar que esta mudança provocou

impactos sociais, culturais e econômicos, incluindo a expansão urbano. O professor

deve dividir a turma em grupos de no máximo quatro alunos cada um para facilitar a

busca de informações.

Para a realização desta atividade, o professor deverá sugerir aos alunos uma

pesquisa em várias obras, como:

O racismo na História do Brasil de Maria Luiza Tucci Carneiro.

Ser negro no Brasil de Ana Lúcia Valente

Além de vários sites que versam sobre o assunto.

O objetivo desta atividade é o de ensinar o aluno a pesquisar informações

históricas em livros, jornais e documentos históricos que fornecem dados para

compreensão das transformações do passado e seus impactos no cotidiano.

Ao final da atividade os alunos poderão criar um painel comparando as visões

predominantes da transição que ocorria naquele período e suas conseqüências,

como o inchaço das cidades.

ATIVIDADE 5

O LEGADO RELIGIOSO DOS AFRO-DESCENDENTES

a) Leia o trecho a seguir que mostra porque a crença de que nosso sincretismo foi

fruto apenas de relações pacíficas e cordiais:

Abaixo os santos Expoentes do candomblé baiano não querem mais saber de sincretismo com os católicos

Baixou o espírito da antropologia nos terreiros de candomblé da Bahia. Os

arautos da cultura negra agora batalham intensamente para que os orixás deixem de

Page 26: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

24

ser associados a santos católicos, sincretismo que remonta à época da colônia.

Proibidos de realizar seus cultos, os escravos passaram a misturar símbolos da

Igreja aos africanos, como forma de ludibriar seus senhores. A estratégia de

sobrevivência entranhou-se de tal maneira na essência dos cultos que gerou uma

religiosidade peculiar, afro-brasileira, na qual os orixás têm correspondência com os

santos católicos. Uma correspondência, diga-se, totalmente arbitrária. Por exemplo:

o orixá equivalente a São Jorge, o santo guerreiro não é Ogum, a divindade da luta,

e sim Oxóssi, bem mais pacífico, senhor das florestas e da caça. Ao lado dos

estudiosos que defendem o purismo militam algumas das figuras mais influentes dos

terreiros baianos, como Mãe Stella e Mestre Didi.

A revogação do sincretismo, acreditam eles, reforçará a visão de que o

candomblé não é manifestação folclórica ou animista, mas uma religião como

qualquer outra. O outro sentido dessa batalha é retaliar os ataques do clero baiano.

Os padres partiram para a confrontação com o candomblé estimulados por dom

Lucas Moreira Neves. Em 1998, na condição de cardeal-arcebispo de Salvador, dom

Lucas afastou da cidade o bispo negro dom Gílio Felício, que gostava de usar batas

africanas e se mostrava simpático demais com relação às tradições afro-brasileiras.

Até um dos mais tradicionais ritos sincréticos do país não é mais tão sincrético

assim. Antigamente a lavagem da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim acontecia no

seu interior, mas hoje só é permitida nas escadarias. "Da nossa parte, o anti-

sincretismo é também uma questão política", confirma Mestre Didi, sumo sacerdote

do culto aos ancestrais no candomblé.

Mãe Stella, mãe-de-santo do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, foi uma das

primeiras a dar seu apoio ao anti-sincretismo. Ela afirma que o uso de imagens

católicas no terreiro é profanação. "Sincretismo é resquício da escravatura", diz.

"Não precisamos disso." A maior dificuldade dos que desejam um retorno às origens

africanas é fazer com que a idéia chegue à massa dos adeptos. Isso porque no

candomblé não existe comando central. Cada pai ou mãe-de-santo é papa em seu

próprio terreiro – estima-se que haja 2.000 apenas em Salvador. Ou seja,

diferentemente do que acontece na igreja católica, não é possível estabelecer uma

lei que valha em todo lugar. O trabalho dos anti-sincretistas tem de ser de

convencimento, quase de doutrinação. A tarefa é duplamente árdua porque a maioria

dos donos de terreiro acha que interditar a correspondência entre orixás e santos

católicos vai afugentar boa parte dos freqüentadores. Mesmo no terreiro de Mãe

Stella há mães-de-santo que se declaram católicas e vão à missa. Os anti-

Page 27: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

25

sincretistas terão de bater muito atabaque para que as suas concepções vinguem.

Se é que algum dia vingarão.

b) Após a leitura, analise com seus alunos os seguintes aspectos:

O que o título do livro sugere sobre o imaginário religioso dos colonizadores

europeus católicos no Brasil?

Como e por que ocorreram as primeiras formas de sincretismo religioso no

Brasil?

Por que aqui a religião dos negros se tornou diferente da original africana?

c) No Brasil predomina o candomblé jêje-nagô, resultante da fusão entre essas

duas tradições. Existem no país outros rituais de origem africana? Quais são?

d) Sugira que a turma levante informações sobre os orixás abaixo.

ATIVIDADE 5

ORIGENS – A COR DA CULTURA MOJUBA

a) Iniciar a aula questionando os alunos sobre o significado das palavras: Órum,

Olorum, Oxalá, Ayê, Ododua, Orixás , etc. Questionando também sobre a

influência da cultura africana na cultura brasileira: quais costumes são

preservados ou originaram da cultura africana.

OXOSSI XANGO OXUMARÉ

IANSÃ OXUM IEMANJÁ

Page 28: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

26

b) Iniciar os temas utilizando os vídeos: Origens: A cor da cultura: mojuba – parte 1,

2 e 3. O Projeto A Cor da Cultura mostra o grupo Olodum como exemplos de

projetos de educação, voluntariado e geração de renda que buscam a inclusão

social do cidadão negro.

Disponível em: HTTP://portaldoprofessor.mec.gov.br/store/recursos/18468/me003648.wmv

Origens: parte 1 [A cor da cultura: mojubá]

Disponível em: HTTP://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/recursos/18470/me003649.wmv

Origens: parte 2 [A cor da cultura: mojubá]

Disponível em: HTTP://portaldoprofessor.mec.gov.br/store/recursos/18472/me003650.wmv

Origens: parte 3 [A cor da cultura: mojubá]

Mostra a religião e tradição dos povos africanos.

c) Responder ou Questionar os alunos sobre as diferenças de costume

apresentados no vídeo com os ensinamentos aprendidos sobre a formação do

mundo, os santos, os costumes, etc. Discutir também os pontos que mais

chamaram a atenção dos alunos.

d) Após esta análise do vídeo cada aluno terá que produzir um texto sobre as

percepções encontradas no vídeo e a relação com a sua formação: familiar,

Fala sobre aspectos da cultura negra, indo de suas origens e representações

passando por suas festas e influências. Esta produção conta também com

entrevistas de pessoas atuantes em algum movimento da cultura negra e estudiosos

da temática. A fita está dividida em assuntos como: origens, fé, meio ambiente e

saúde e influências.

Fala sobre aspectos da cultura negra, indo de suas origens e representações

passando por suas festas e influências. Esta produção conta também com

entrevistas de pessoas atuantes em algum movimento da cultura negra e estudiosos

da temática. A fita está dividida em assuntos como: liberdade e oralidade,

Quilombos, Comunidades e Festas.

Page 29: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

27

social, local, etc. O texto deve ser postado no blog do aluno. Sugeri o Blogger:

HTTP://www.blogger.com//home

e) Incentivar os alunos para criação de blogs. A ferramenta estimula a escrita,

reflexão, discussão sobre temas diversos, a articulação das idéias, o trabalho

criativo, cooperativo e colaborativo. O aluno passa a ser mais ativo e reflexivo

diante das informações.

f) agora que os alunos já conhecem um pouco mais sobre a religião afro-brasileira

é hora de pesquisa: dividir a turma em grupos, cada grupo deverá pesquisar

sobre um dos orixás abaixo:

• Exú: senhor da comunicação

• Ogum: senhor dos caminhos e do progresso

• Oxossi: o grande caçador, provedor da comunidade

• Ossain: senhor das folhas

• Omolu: dono da Terra

• Oxumaré: serpente- arco-íris

• Xangô: divindade dos raios e dos trovões

• Oya-iansã: deusa guerreira

• Oba: guerreira caçadora

• Yemanjá: mãe universal

• Ewá: educadora ética

• Nana: mãe ancestral

• Oxum: senhora da fertilidade

• Oxalá: senhor da paz

g) Assistir ao filme: Yansan – HTTP://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod 4839

FONTES DE REFERÊNCIAS:

Gênero: Animação Conteúdo adulto

Diretor: Carlos Eduardo Nogueira

Elenco: Milton Gonçalves

Ano 2006

Page 30: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

28

Yansan e Xangô vieram juntos ao mundo. Um pertence ao outro. Eles morrerão

no mesmo dia.

O resultado da pesquisa deverá ser apresentado em uma wiki, será criado como:

HTTP://www.sitedaescola.com/aulas_inovadoras/ju/tutorial _wiki.doc

h) A pesquisa deverá conter além da “biografia” sobre o Orixá o seu papel na

atualidade, se ele é cultuado e de que forma.

i) Para enriquecer a pesquisa, caso seja possível, os alunos deverão entrevistar

alguns dos religiosos atuantes do candomblé. É interessante discorrer sobre o

significado das vestes e adereços utilizados.

j) Acompanhar a pesquisa de forma que todo o grupo participe, uma sugestão é

criar funções dentro da equipe: pesquisador, iconógrafo, redator, revisor,

diagramador, etc. Cada aluno ficará responsável por pesquisar um item do tema,

mas terá que dominar todo o conteúdo. O avanço e as percepções individuais

sobre a pesquisa devem ser publicados no blog do aluno. Os grupos além de

postar o texto escrito, deverão utilizar imagens, áudios e vídeos sobre a temática

pesquisada.

ATIVIDADE 6

SUGESTÕES DE DOCUMENTOS E DE VÍDEOS

Como exemplo: Abdias do Nascimento na arte e literatura que cito neste

endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch#!v=Rm49WLD1e7k. Esta

contribuição africana além de enaltecer as contribuições negras também contribui

para o seu desenvolvimento social e educativo, aberto ao público estudantil o qual

poderá dar continuidade nesta investigação a qual, serve para que se conserve e

investigue e difunda novos testemunhos artísticos que enaltece a estética, que se

faz presente nas imagens seguintes:

http://www.youtube.com/watch#!v=KTd9IlROM-U, Fotos de Quadros mostrando

estampas africana (retirado do site: //.www.youtube.com) Esta contribuição

representa a arte de “Unity” Monica Stewart, “de Vous a Moil” Isabelle Vital, “Flor

del Desierto” Joadoor. Esta contribuição africana representa a arte da Pintura e

Page 31: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

29

Escultura Africana, a qual retrata o perfil da alegria representada pelo colorido em

seus movimentos utilizado em seu dia-a-dia.

Além da diversidade africana aqui representadas, também a capoeira criada

como um estilo de dança utilizada para confundir, na defesa corporal, e também para

confundir os senhores e os capitães do mato, elementos repressores do escravo

negro: http://www.youtube.com/watch#!v=w6Au0dz5uSQ. Este vídeo de

documentários retrata a dança da Capoeira de Angola “Come Play With Me Brother”.

Nesta dança é possível notar que o negro precisava de movimentos rápidos,

precisos e mortais, pois quando eles eram apanhados pelos capitães do mato, eles

usavam cachorros filas os quais ao atacar os negros a única chance de defesa para

sua sobrevivência seria na capoeira acertar em um só golpe este animal, pois ao

contrário o negro morreria nas garras deste cão. com

http://www.youtube.com/watch#!v=3vllE0-Xuo0. Neste documentário está retratado

um breve documentário de um Continente que foi propositalmente invisibilizado. Foi

a negação do ser africano por 500 anos junto as Escolas brasileira.

A abordagem pedagógica e didática deve ser direcionada ao educando

priorizando contextos que abordem conhecimentos “úteis”, esclarecedores, e que

principalmente, enalteçam a figura de grandes heróis.

ATIVIDADE 7

O CANDOMBLÉ

Para que este Plano de ação ultrapasse a teoria, e na sua prática se efetive

como uma lógica visível aos olhos dos incrédulos, serão pelos alunos apresentados

as seguintes atividades no meio escolar:

Local: Colégio Estadual Senhorinha de Moraes Sarmento: Ensino

Fundamental e Médio.

• De 02/02/2010 à 02/03/2010

a) Elaboração de um Calendário Mundial Ecumênico e Ambiental:

Plano de ação: cada aluno escolhe uma nacionalidade;

Resultados: o calendário apresenta os elementos da natureza como feriados

nacionais.

b) Conhecer os rituais sagrados do Candomblé:

c ) Plano de ação: os alunos assistirão aos filmes sobre os rituais sagrados do

Page 32: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

30

Candomblé;

d )- Resultados: pelo processo da pesquisa, os alunos associarão ao toque

musical, ao vestuário e ao alimento oferecido ao Orixá qual elemento da natureza

esta Divindade do Candomblé representa. Os alunos devem produzir um relatório de

tudo que assistiram e leram, para então responderem:

• De 03/04/2010 a 03/05/2010

1º) Do tipo musical do ritual assistido do Candomblé, qual ritmo profano

produziu a cultura brasileira?

• De 04/05/2010 à 04/06/2010

2º) Do alimento oferecido à natureza durante o ritual do Candomblé, qual foi

utilizado como conseqüência, e hoje está presente em nossa culinária?

• De 05/06/2010 à 05/07/2010

3º) Do vestuário usado pela Divindade durante o ritual do Candomblé, qual é

hoje o modelo semelhante que veste o povo brasileiro?

• De 06/08/2010 à 06/09/2010

4º) Dos movimentos da dança dos Orixás, quais foram as consequências

destes movimentos de corpos realizados, e hoje são repetidos pelos brasileiros em

seus passos de dança, ou na prática do esporte, bem como, no gingar e no

confundir os atletas adversários?

Page 33: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

31

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCASTRO, Luis Felipe de. História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

BARBEIRO, Heródoto. História do Brasil. 1º ed. São Paulo: Moderna, 1978.

BARRAGLOUCH, G. Introdução à História Contemporânea. Rio: Zahar, l966.

BENISTE, José. Mitos Yorubás: o outro lado do conhecimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

BONAVIDES, Paulo & VIEIRA, R.A. Amaral. Textos políticos da história do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na História do Brasil. 8º ed. São Paulo: Ática, 1999.

CROUZET, M. História geral das Civilizações Paris, S.Paulo: Difusão, 1961.

FERREIRA, Roberto Martins. Sociologia da Educação. 1º ed. São Paulo: Moderna, 1993.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. 45º ed. São Paulo: Moderna, 1993.

GRIMBERG, C. História Universal. Lisboa: Europa-América,1972.

HOLANDA, S. B. História Geral da Civilização Brasileira. S. Paulo: Difusa, 1964.

______. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

L. D. B. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional . Lei nº 9394 de, 20 de dezembro de 1996. D. O. U. 23 de dezembro de 1996.

LODY, Raul. Espaço-Orixá: sociedade, arquitetura e liturgia do candomblé. Salvador: Ianamá, 1988.

MONNIER, J. Histoire. Paris: Fernand Nathan, 1965.

MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. MUNANGA, Kabengele. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. MUNDO DA EDUCAÇÃO. O negro. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/historiadobrasil/o-negro-1.htm Acesso em: 12 maio 2010. PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil. São Paulo: Global, 1985.

PIRENNE, J.H. Panorama da História Universal. S. Paulo: U.S.P., 1972.

Page 34: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

32

REVISTA PLANETA UMBANDA. Uma religião brasileira . Setembro, 1984.

_____________________. Uma religião brasileira . Fevereiro, 1985.

RUBARDI, A. A Prodigiosa história da Humanidade. Rio: Zahar, 1964.

SAVELLE. M. Historiada Civilização Mundial. Belo horizonte: Itatiaia, 1968.

VALENTE, Ana Lúcia E. F. Ser Negro no Brasil Hoje. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 1987.

ZERO, Arethuza Helena. Ingênuos, libertos, órfãos e a lei do ventre livre. Disponível em http://www.abphe.org.br/congresso2003/Textos/Abphe_2003_76.pdf. Acesso em: 10 jul. 2010.

Page 35: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · bem como superar a indiferença e intervir de forma responsável. ... viviam negros, ... existiam 1.500 casas, com uma população de oito mil

33