DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Viagem, de Júlio Ferrez, narrava a visita do caipira...

34
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

Transcript of DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Viagem, de Júlio Ferrez, narrava a visita do caipira...

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

(CADERNO PEDAGÓGICO)

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

SERTANÓPOLIS-2010

2

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

MÚSICA SERTANEJA RAIZ: HISTÓRIAS NARRADAS E CANTADA S

O ÊXODO RURAL E A URBANIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SERTA NÓPOLIS -

1950-1970

SERTANÓPOLIS – 2010

Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

desenvolvido através do Curso do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, na área

de História, com o tema de estudo: O ÊXODO

RURAL E URBANIZAÇÃO EM

SERTANÓPOLIS – 1950-1970.

Orientador: JOSÉ MIGUEL ARIAS NETO

3

1 – INTRODUÇÃO

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, torna-se

fundamental problematizar com o estudante, para que esse se torne sujeito ativo do processo

educacional, oportunizando uma proposta pedagógica diversificada estabelecida a partir de

reflexões sobre a diversidade cultural, tornando-a mais próxima da realidade e trazendo ações

cotidianas para o espaço escolar, contribuindo para o processo ensino-aprendizagem.

Os estudantes da EJA trazem consigo um legado cultural – conhecimentos construídos

a partir do senso comum e um saber popular, não-científico, constituído no cotidiano, em suas

relações com o outro e com o meio, os quais devem ser considerados na dialogicidade das

práticas educativas. Portanto, o trabalho dos educadores da EJA é buscar de modo contínuo o

conhecimento que dialogue com o singular e o universal, o mediato e o imediato, de forma

dinâmica e histórica.

As transformações da sociedade contemporânea bem como as novas perspectivas

historiográficas, como as relações entre história e memória, tem estimulado o debate sobre a

necessidade de novos conteúdos e novos métodos de ensino de História. (SCHIMDT;

CAINELLI, 2004, p.24).

O ensino da História possibilita demonstrar e confirmar que nossa cultura nacional não

possui uma única fonte, mas muitas; que nossa linguagem e nossos costumes não se

desenvolveram isolados, imunes aos movimentos mundiais dos povos; que toda sociedade,

sempre que se trate de sua sobrevivência, tem que responder e se adaptar a elementos sobre os

quais não possui nenhum controle. Ainda que o patrimônio e a cultura derivem de um passado

complexo, um estudo da história ajudará a situá-los num contexto compreensível.

(SCHIMDT; CANELLI, 2004, p.27).

Considerando que a história de vida, em grande parte dos alunos da EJA migrou do

campo para as cidades, o desafio será trabalhar a música sertaneja raiz com as quais eles se

identificam e ao mesmo tempo resgatar parte da história do caipira e a riqueza cultural que há

nas letras das músicas.

Propõem-se trabalhar o período da história do Brasil entre as décadas de 1950-1970,

em que ocorreram grandes transformações, na economia brasileira com a decadência da

monocultura cafeeira e o inicio da agricultura mecanizada. Esse período caracteriza-se por

4

mudanças radicais, tanto no campo, como nas cidades, ocasionando inúmeros problemas: falta

de moradia, desemprego, violência, dentre outros.

Com o crescimento da indústria cultural brasileira, houve o avanço crescente dos

meios de comunicações, (radio, revistas, cinema, televisão), que através do poder da mídia

que passa a ditar novas regras, tenta-se padronizar a maneira de pensar, de agir e de consumir,

quase que extinguindo as arcaicas tradições culturais do universo caipira, restando ainda, a

música sertaneja raiz, regravada em parte por duplas famosas da atualidade, em novas

versões, ganhando na qualidade, perdendo na originalidade.

Segundo Adorno a indústria cultural não é um tipo de cultura que surja

espontaneamente do povo; tampouco o que se pode conceber como cultura popular. A

indústria cultural é uma produção dirigida para o consumo das massas segundo um plano

preestabelecido, seja qual for a área para a qual essa produção se dirija. (ADORNO, 2002,

s.p.).

Para Rocha (apud CHAVES, 1996, p.55), embora não produzida com a finalidade de

ser pedagógica, a música caipira pode ser utilizada, em escola, pelos professores, em aulas de

história, como fonte a partir da qual os alunos podem se aproximar das formas como

diferentes grupos sociais produzem realidades sociais diversas. No caso específico da música

caipira que carrega a exemplo da música urbana, uma gama de metáforas, simbologias, é

possível pensar que pode auxiliar alunos e professores na construção do conhecimento

histórico, despertando a capacidade de analisar, a partir da comparação, épocas e sociedades

diferentes, corrigindo idéias preconceituosas que acabaram por se tornar cânones ao longo da

História. A música caipira tem por excelência essa possibilidade, uma vez que apresenta o

caipira falando da cidade ou do campo, com temas como a literatura, as artes, o amor, a

guerra, o tempo, o trabalho, a natureza, a vida. Tomando-se essas idéias, pode-se discutir um

tipo de aprendizado que relacione o trabalho de História com a música/canção, apontando

possibilidades que permitam criar condições para que o aluno adquira os instrumentos

necessários para decodificar idéias já existentes e produzir novas. Nesse sentido, chama a

atenção para a preparação do professor, afirmando que diferentes falas históricas, sem a

preocupação com uma teoria que possa ordená-las e dados que possam suplementá-las, pode

cair, por outro lado, num relativismo inconseqüente. (ROCHA apud CHAVES, 1996, p. 55).

Abud (2005, S.p.) afirma que o uso de canções abre aos professores muitas

possibilidades de trabalho com os conteúdos da História, chamando a atenção para o fato de

que as letras podem ser tomadas como evidências para a compreensão de determinados

5

acontecimentos: Os diferentes temas tratados na canção (trabalho, disciplina do trabalho,

mentalidade, cotidiano, moda, comportamentos, entre outros) podem sugerir ao professor

novos roteiros de organização dos conteúdos a serem desenvolvidos, desviando-se de

propostas guiadas exclusivamente pela cronologia, predominante nos manuais didáticos,

mesmo naqueles que se apresentam como portadores da "história integrada". Propomos as

análises das canções a partir dos eixos temáticos sugeridos pelas Diretrizes Curriculares da

EJA, a saber: relações de trabalho, cultura e poder. Tal metodologia de ensino auxilia os

alunos a elaborarem conceitos e a dar significados a fatos históricos. As letras de música se

constituem em evidências, registros de acontecimentos a serem compreendidos pelos alunos

em sua abrangência mais ampla, ou seja, em sua compreensão cronológica, na elaboração e

re-significação de conceitos próprios da disciplina. Mais ainda, a utilização de tais registros

colabora na formação dos conceitos espontâneos dos alunos. (ABUD, 2005, s.p).

Para Chaves (2006, p.78), o ensino de História passa a ter, portanto, um significado

especial ao trabalhar a música caipira sertaneja na sala de aula, pois, ao considerar o

significado do caipira no cenário do capitalismo a partir do uso das canções produzidas por

ele e a respeito dele, passará a considerá-lo como um sobrevivente, procurando destacar suas

raízes, mas, sobretudo as mudanças ocorridas no interior de sua cultura. Tal raciocínio pode

servir também de alerta para as novas produções de manuais didáticos e que esses autores, na

estruturação de seus conteúdos possam abrir espaço para a inserção de letras de canções

caipiras.

Foram escolhidas as seguintes músicas para fazerem parte do projeto:

• VELHA PORTEIRA, autores (???) cantores: Lourenço e Lourival, 1979. Retorno do

homem ao campo – encontrou tudo modificado.

• MÁGOA DE BOIADEIRO, autor: Nono Basílio, cantores: Pedro Bento e Zé da

Estrada, 1967. Lamento pelo desaparecimento da profissão de boiadeiro.

• O CABOCLO NA CIDADE, Autores: Dino Franco e Nhô Chico, Dupla: Dino Franco

e Morai.

Serão ainda trabalhadas outras leituras complementares: imagens, vídeos, textos

literários.

6

2 - A MÚSICA E A CULTURA CAIPIRA

2.1- ORIGENS DO CAIPIRA E DA MÚSICA

Trataremos nesta unidade levar ao conhecimento dos alunos da EJA a origem do caipira e um

pouco do seu legado cultural, mais especificamente o da musica música raiz.

Segundo Alaman (apud NEPOMUCENO, 1999, p.56), o vocábulo caipira é uma

denominação tipicamente paulista e, etimologicamente estudos levam a crer que seja o

resultado da contração das palavras tupis caa (mato) e pir (que corta). Cortar mato era o que

mais fazia o caboclo, abrindo trilhas e limpando os arredores da choupana, para se proteger

dos bichos e plantar sua roça [...]. E também para ajuntar os vizinhos, para o grande

divertimento de roda do fogo: tocar viola, cantar, sapatear e bater palmas.

À música caipira, produto da primeira miscigenação do índio e do branco, nasceu logo

dos primeiros contatos, quando os portugueses trouxeram consigo a viola. [...] (ALAMAN

apud RIBEIRO, 2006, p. 16).

A viola, hoje símbolo musical do caipira, foi utilizada pêlos jesuítas para seduzir o

índio e, assim, catequizá-lo, misturando melodias portuguesas às indígenas, crenças cristãs às

danças pagãs. Essa mistura deu origem a ritmos e gêneros caipiras como o cateretê e o cururu.

O catira, evolução do cateretê, considerado o primeiro dos gêneros caipiras, em sua gênese

reunia conteúdo português (na letra e na viola) — a dança — à moda indígena (batendo os pés

e as mãos). (RIBEIRO, 2006, p.l6 e 17).

2-2 – O CAIPIRA SAI DA ROÇA

Para Ribeiro (2006, p.16), em 1929, quando a indústria fonográfica brasileira estava a

todo vapor, tocar uma música cheia de erros de português era inadmissível. Mas Cornélio

Pires, audaciosamente, propôs ao presidente da Columbia, Byíngton Jr., a prensagem de mais

de mil discos da então desconhecida música caipira, com custos pagos com recursos do

próprio bolso, ou melhor, do bolso de um amigo: Assim, "as edições foram lançadas com

trezentos a quatrocentos discos, um número arrojado para época. Como poucos possuíam

7

vitrolas, Cornélio Pires passou a vender as vitrolas e a brindar o cliente com dois ou três

discos para começar a sua coleção" Com a venda conjugada, logo a primeira edição esgotou e

Cornélio Pires partiu para segunda e terceira impressões, para, em seguida, ser contratado pela

gravadora como produtor de discos caipiras. Como produtor e com medo de os discos ficarem

muito caros, tem a idéia de fazer das capas anúncios de propaganda de lojas, indústrias,

farmácias, padarias. Como resultado, as vendas dispararam. (RIBEIRO, 2006, p. 33).

Alaman (apud SOUZA, 2005, p.89) afirma que o início da produção dos discos

caipiras coincide com o crescimento do rádio no Brasil e logo se fez uma parceria promissora.

As emissoras atraiam as duplas de sucesso e criavam programas caipiras ou sertanejos de

grande audiência. Com esta parceira, os artistas viam sua popularidade crescer e vendiam

mais discos: "Como o disco era ainda uma novidade, ir para o estúdio não era sinal de que a

carreira de um cantor popular estava 'engrenando'. Mas um contrato de exclusividade com

uma emissora de rádio, sim."

Para Ribeiro (2006, p.35), em 1958, o mundo caipira também chegou às revistas, com

a publicação da Revista Sertaneja, para divulgar os artistas caipiras que faziam sucesso nas

rádios. A revista compunha-se de "criticas de discos, análises, reportagens ilustradas, ensaios

fotográficos, seção de caça e pesca, página literária, fotonovela e histórias em quadrinhos com

personagens do mundo caipira, letras de músicas, coluna de leitores e até seção de humor

[...]".

Segundo Alaman (apud NEPONUCENO1999, p.122), outro meio conquistado pela

"trupe" caipira foi o cinema: vários artistas invadiram a "telona" entre eles. Jararaca e

Ratinho, Alvarenga e Ranchinho e o mais famoso Amacio Mazzaropi. Rosa Nepomuceno

registra que o primeiro filme brasileiro de ficção, rodado em 1908, Nhô Anastácio Chegou de

Viagem, de Júlio Ferrez, narrava a visita do caipira ao Rio de Janeiro.

2-3 - OS RITMOS DA VIOLA

O símbolo da música caipira é a viola. As constantes trocas de experiências culturais

foram diversificando os ritmos no repique deste instrumento que, aparentemente simples e

rústico, revelou-se portador de infinitos recursos. Sempre acompanhadas pela viola, surgiram

diversas modalidades de danças e cantorias, como o cururu, o cateretê, o samba caipira e a

moda de viola, as folias de reis, as danças de São Gonçalo, as congadas, os calangos.

(NEPOMUCENO, 1999, s.p.).

8

Atividade:

• Fazer uma discussão em sala de aula sobre os textos que compõem esta unidade,

partindo dos conhecimentos prévios do aluno sobre o caipira e a música.

9

3- REPRESENTAÇÕES DO CAIPIRA NA PINTURA E NA LITERATUR A

3-1 - O CAIPIRA NA PINTURA

José Ferraz de Almeida Júnior, (Brasil 1850-1899), Caipira picando fumo, 1893, ost,

Pinacoteca do Estado de São Paulo Oleo sobre tela - dimensões, etc..

Pintor paulista (1850-1899). Baseado na escola realista, na fase madura de sua obra

aborda temas nacionais, retratando principalmente cenas do interior de São Paulo. José Ferraz

de Almeida Júnior nasce em Itu. Em 1869 ingressa na Academia Imperial de Belas-Artes e

tem aulas com Vítor Meirelles e Le Evrel.

Viaja para Paris em 1876, com uma pensão dada por dom Pedro II, e aperfeiçoa-se

com o artista Alexandre Cabanel. Pinta obras tipicamente acadêmicas, como Descanso do

Modelo (1882) e Leitura (1892), e entra em contato com o impressionismo, mas não se

influencia pela nova técnica. Volta ao Brasil e exibe “O Derrubador Brasileiro” na Exposição

Geral de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, em 1884.

10

Segue a tendência do retrato clássico, tornando-se conhecido por ser um dos primeiros

nomes do academicismo brasileiro a valorizar a temática nacional - mais especificamente

paulista -, com obras como Amolação Interrompida e Caipira Picando Fumo (1893). Recebe a

medalha de ouro do Salão Nacional de belas-artes em 1898. É assassinado por razões

passionais em Piracicaba (SP).

3-2 – O CAIPIRA NA LITERATURA

Segundo Monteiro Lobato (1957, p.271) em sua famosa obra “O URUPÊS,” este

funesto parasita da terra é o caboclo, espécie de homem baldio, seminômade, inadaptável a

civilização, mas que vive à beira pela penumbra das zonas fronteiriças. À medida que o

progresso vem chegando vai refugiando em silêncio, com seu cachorro, seu pilão. [...] De

modo á sempre se conservar fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra,

recua para não se adaptar. [...]

Atividade:

• Como o pintor José Ferraz de Almeida Junior, em sua famosa tela “O CAIPIRA

PICANDO FUMO” e o escritor Monteiro Lobato através do personagem “O JECA

TATU” representam a figura do caipira?

11

4 – O ÊXODO RURAL E A URBANIZAÇÃO NAS LETRAS DA MÚS ICA CAIPIRA

NO MUNICÍPIO DE SERTANÓPOLIS

Propomos nesta unidade trabalhar com algumas músicas selecionadas para fazerem

parte do projeto e ao mesmo tempo, não só levar ao conhecimento dos alunos da EJA quem

são seus autores e alguns dos seus muitos intérpretes, bem como, questionar e debater o

quanto as letras dessas músicas estão ligadas as suas histórias de vida e ao mesmo tempo

levantar alguns dados sobre a história do município escolhido, que neste caso é o de

Sertanópolis.

4-1 – MÚSICAS, COMPOSITORES E INTÉRPRETES

- VELHA PORTEIRA

Lourenço e Lourival

Composição: (???)

Ao passar pela velha porteira

Senti minha terra mais perto de mim

De emoção eu estava chorando

Porque minha angústia chegava ao fim

Eu confesso que era meu sonho

Rever a fazenda onde me criei

[...] Que surpresa cruel me aguardava

Ao ver a fazenda como transformou

Quase todos dali se mudaram

E a velha colônia deserta ficou

12

[...] E você minha velha porteira

Também não está como outrora deixei

Seus morões pelo tempo ruído

No solo caído também encontrei

Já não ouço as suas batidas

Seu triste rangido lembranças me trás

Porteira na realidade, você é a saudade

Do tempo da infância que não volta mais.

- QUEM SÃO OS AUTORES DA MÚSICA VELHA PORTEIRA?

• Para Chaves (2006, P.154) os compositores da música Velha Porteira são: Hélio Alves

e Ziltinho.

Alguns SITES consultados confirmam que Hélio Alves/Ziltinho são autores da música Velha

Porteira, entretanto, em outros apresentam como autor Osvaldo Francisco Lemes (“Cumpadre

Nho Piraci”).

A polêmica levantada sobre os verdadeiros autores da música Velha Porteira vem

confirmar que:

• A quase inexistência de pesquisa histórica sobre a música caipira.

• Sabe-se também que a música caipira, cujas letras, em grande parte estão ligadas ao

folclore regional, desconhecendo-se quem são seus verdadeiros autores. A princípio

faziam parte da história oral, causos supostamente acontecidos que cada um contava a

sua maneira e que a indústria cultural vai ser beneficiada com tais narrativas,

transformando-as em músicas. Hoje essas músicas são verdadeiros clássicos do

cancioneiro popular.

13

Atividades:

• Por que a mídia raramente cita os nomes dos compositores das músicas?

• Quais os meios de comunicação que foram usados pela indústria cultural na

divulgação da música caipira?

- A HISTÓRIA DA DUPLA: LOURENÇO E LOURIVAL

Nascidos na região de Ribeirão Preto, os irmãos Arlindo (Lourenço) e Antônio

(Lourival) tiveram uma infância humilde. Filhos de lavradores trabalharam na lavoura desde

pequenos, mas já sonhavam com a vida artística. Nas horas vagas, a imaginação transformava

As enxadas em violas e as latinhas em microfones.

Aos 14 anos começaram a cantar na Rádio 79, em Ribeirão Preto, no programa

"Festinha na Roça" do Compadre Barbosa, componente da dupla Barreiro e Barroso.

Aos 15 anos mudaram-se para São Paulo, onde começaram a trabalhar na Rádio

América. Foram contratados pela gravadora Continental, ainda com o sêlo Chantecler, onde

gravaram dois discos de 78 rotações e posteriormente seu 1º LP.

Pouco tempo depois foram para a Rádio Bandeirante, no programa Serra da

Mantiqueira e, logo após, para a Rádio Nacional, onde tiveram como companheiros de

trabalho nomes como: Tião Carreiro e Pardinho, Abel e Caím, Zé fortuna e Pitangueira, entre

outros.

Em 1974 foram trabalhar no programa Linha Sertaneja Classe A, na Rádio Record,

juntamente com Zé Bétio e José Russo, onde permaneceram durante 16 anos.

Lançaram mais 30 LPs pela gravadora Chantecler, trabalhos remasterizados e disponíveis

atualmente em CDs, e 15 títulos pela gravadora RGE. Contratados desde 2004 pela Gravadora

Alegreto, já lançaram mais três CDs e alguns DVDs em parceria com outras duplas.

Atividades:

14

• Que semelhanças existem na letra da música Velha Porteira com a história de vida da

Dupla: Lourenço e Lourival?

• Caso haja alguma semelhança na letra da música Velha Porteira com a história de sua

vida, explique.

- MÁGOA DEBOIADEIRO

Pedro Bento e Zé da Estrada

Composição: Nono Basílio / Índio Vago

Antigamente nem em sonho existiam, tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas.

A gente usava quatro ou cinco sinueiros, pra trazer o pantaneiro, no rodeio da boiada.

Mas hoje em dia tudo é muito diferente, com o progresso nossa gente, nem sequer faz uma

idéia.

Que entre outros, fui peão de boiadeiro, por este chão brasileiro, os heróis da epopéia.

Tenho saudade de rever nas currutelas, as mocinhas nas janelas acenando uma flor,

Por tudo isso, eu lamento e confesso, que a marcha do progresso é a minha grande dor.

[...] O velho basto, o sinete e o apero, o meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão,

Ainda restam a guaiaca sem dinheiro, deste pobre boiadeiro, que perdeu a profissão.

Não sou poeta, sou apenas um caipira e o tema que me inspira é a fibra de peão.

Quase chorando, imbuído nesta mágoa rabisquei estas palavras e saiu esta canção.

Canção que fala da saudade das pousadas, que já fiz com a peonada junto ao fogo de um

galpão.

15

Saudade louca de ouvir o som manhoso, de um berrante preguiçoso, nos confins do meu

sertão.

Atividades:

• Consultar no dicionário o significado das palavras em negrito.

• Quais acontecimentos relacionados com o progresso das últimas décadas, que

provocaram mudanças na sua história de vida?

- NONÔ BASÍLIO

Nascido em Formiga-MG no dia 22/11/1922 e falecido em São Paulo-SP no dia

01/07/1997, Alcides Felisbini Basílio foi Compositor, Cantor e Diretor Artístico, tendo

trabalhado inclusive na produção do excelente programa "Viola Minha Viola", apresentado

por Inezita Barroso e que vai ao ar aos Sábados às 19h30min, com reprise aos Domingos às

09:00 da manhã pela TV Cultura de São Paulo-SP.

Desde cedo, Alcides demonstrou sua paixão pela Música, cantando e compondo. Sua

carreira artística ganhou força quando formou juntamente com sua esposa Maria de Lourdes

Souza (nascida também em Formiga-MG no dia 19/08/1934) a dupla "Nono e Naná". O casal

havia se conhecido ainda na infância em sua cidade-natal.

Foi com apenas 12 anos de idade que Alcides adotou o pseudônimo de Nono Basílio e,

nessa época, Já se apresentava com os "Irmãos Azevedo", que faziam sucesso na emissora de

rádio de Formiga-MG. [...]

Antes, porém de formar a dupla com Naná, Nono Basílio seguiu para São João D'EL

Rey-MG em 1946, onde estudou Instrumentos de Sopro na Corporação Musical Teófilo

Oíoni. Em seguida, Nono seguiu para a Paulicéia Desvairada, onde tentou formar dupla com

seu irmão Dudu Basílio que, no entanto desistiu e decidiu retornar para Formiga-MG.

16

Foi em 1950 que Nono conheceu o renomado trio "Luizinho, Limeira e Zezinha" na

Rádio Tupi de São Paulo-SP. E eles gravaram em 1951 o corrido "Cantando Sempre" (Nono

Basílio - Mauro Pires).

[...] Como compositor Nono Basílio é sem dúvida de fundamental importância para o

nosso Cancioneiro Sertanejo; e um grande momento de sua carreira foi certamente o

lançamento e o sucesso de "Mágoa de Boiadeiro", que ele compôs em parceria com Índio

Vago. Essa belíssima composição foi gravada por dezenas de diferentes intérpretes, tais

como Pedro Bento e Zé da Estrada, Sérgio Reis e outros mais.

Calcula-se que Nono Basilio tenha mais de 500 composições, às quais foram gravadas

pelos mais variados artistas, tais como Luizinho, Limeira e Zezinha, Cascatinha e Inhana,

Pedro Bento e Zé da Estrada, Mário Zan, Nenete e Dorinho, Duo Cinema, Irmãs Galvão,

Tónico e Tinoco e Sérgio Reis, apenas para citar alguns.

Como compositor Nono Basílio teve como um dos mais constantes parceiros o

acordeonista Mário Zan. [...] De acordo com a jornalista e pesquisadora Rosa Nepomuceno

em seu excelente livro "Música Caipira - Da Roça Ao Rodeio", Nono Basílio, em 1956,

juntamente com Mário Zan, foi o criador do novo ritmo que é "uma espécie de guarânia, com

maior influência da música dos Índios Tupi-Guaranís, em compasso 3x4, com batidas

ritmadas marcadas pelo tambor".

- ÍNDIO VAGO

Elias Costa nasceu em Águas de Santa Bárbara-SP e, com apenas seis anos, já

acompanhava seu pai João Avelino da Costa que era Rezador, Violeiro e Também boiadeiro

Dessa forma, Elias passou praticamente toda a infância e adolescência em contato com

boiadas e montarias.

Curiosamente, aos 18 anos, Elias tentou embarcar como voluntário para a Europa, para

participar da II guerra mundial, porém, acabou retornando à vida de boiadeiro.

Elias trabalhou também em circos de tourada e foi nessa época que ele conheceu um

gaúcho que declamava poemas e falava sobre os "Índios Vagos" que eram valorosos

Guerreiros que defendiam o Território Nacional contra as invasões estrangeiras.

Identificando-se com o temperamento deles, foi que Elias Costa acabou adotando o nome

artístico pelo qual é conhecido como compositor.

17

Índio Vago compôs "Mágoa de Boiadeiro" praticamente na sua totalidade, apesar de

registrada a parceria com Nonô Basílio. Tal procedimento, apesar de lamentável, é bastante

comum quando se deseja registrar um trabalho para garantia de Direitos Autorais... Assim

como, da mesma forma, para conseguir que sua música fosse gravada.

Apesar da importância da belíssima, Mágoa de Boiadeiro, (Índio Vago e Nonô

Basílio), na História da Música Caipira Raiz, Índio Vago é um compositor injustamente

desconhecido. Este resumo biográfico só foi possível graças à excelente Revista Viola

Caipira, editada pelo Pinho em Belo Horizonte - MG, que Inclui uma biografia do compositor

na seção Celeiro.

- PEDRO BENTO E ZÉ DA ESTRADA

Dupla sertaneja formada por Joel Antunes Leme, o Pedro Bento (Porto Feliz SP

19340) e Valdomiro de Oliveira, o Zé da Estrada (Botucatu SP 1929-). Desde menino, Pedro

Bento cantava cururus em Porto Feliz. Mais tarde, foi a São Paulo SP para se apresentar no

programa Manhãs na Roça, de Chico Carretel, na Rádio Cruzeiro do Sul, e ali conheceu

Valdomiro de Oliveira, que já adotara o pseudônimo de Zé da Estrada. Resolveram formar

uma dupla e em 1956 começaram a atuar na Rádio Cultura e em circos, participando também

de campanhas políticas. Em 1957 a dupla gravou na Continental seu primeiro 78 rotações,

com o maior sucesso de sua carreira, Seresteiro da lua (Pedro Bento, Cafezinho e José Raia).

Atuavam acompanhados pelo acordeonista Coqueirinho, mas em 1961 passaram a tocar com

Celinho (Célio Cassiano Chagas), com quem formaram o trio Pedro Bento, Zé da Estrada e

Celinho. O conjunto passou então a se apresentar na Rádio Bandeirante, tendo, logo depois,

assinado contrato com a Rádio Tupi, ambas em São Paulo. [...] Em 1974 transferiu-se para a

Rádio Record, onde permaneceu até 1981, participando em 1978 do filme Os três boiadeiros,

de Valdir Kopezky. A dupla já gravou mais de 80 discos e 11 CDs, sendo o mais recente

lançado pela Continental em 1996, com seleção de seus maiores sucessos.

Atividade:

• O que as biografias dos compositores: Nonõ Basílio, Índio Vago e da dupla: Pedro

Bento e Zé da Estrada têm em comum entre si e com a história de sua vida?

18

- O CABOCLO NA CIDADE

Autores: Dino Franco e Nhô Chico

Dupla: Dino Franco e Morai

Seu moço eu já fui roceiro

No triângulo mineiro

Onde eu tinha o meu ranchinho.

Eu tinha uma vida boa

Com a Isabel minha patroa

E quatro barrigudinhos.

Eu tinha dois boi carreiros

Muito porco no chiqueiro

E um cavalo bom, arriado.

Espingarda cartucheira

Quatorze vaca leiteira

E um arrozal no banhado.

Na cidade eu só ia

A cada quinze ou vinte dias

Para vender queijo na feira.

[...] Muita gente assim me diz

Que não tem mesmo raiz

Essa tal felicidade.

Então aconteceu isso

Resolvi vender o sítio

19

Pra vir morar na cidade.

Minha filha Sebastiana

Que sempre foi tão bacana

Me dá pena da coitada.

Namorou um cabeludo

Que dizia ter de tudo

Mas foi ver não tinha nada.

[...] Até mesmo a minha velha

Já está mudando de idéia

tem que ver como passeia.

Vai tomar banho de praia

Está usando mini-saia

E arrancando a sobrancelha.

Nem comigo se incomoda

Quer saber de andar na moda

Com as unhas todas vermelhas.

Depois que ficou madura

Começou a usar pintura

Credo em cruz que coisa feia.

[...] Nem sei como se deu isso

Quando eu vendi o sítio

Para vir morar na cidade.

Seu moço naquele dia

Eu vendi minha família

E a minha felicidade!

Atividades

20

• O personagem da música “Caboclo na Cidade” narra que ele tinha uma vida boa

vivendo na roça, por que então se mudou para a cidade com toda a sua família?

• Justifique as razões da sua aparente felicidade morando na roça.

• Por que o personagem não se acostumou com a sua nova vida morando na cidade?

• Se você morava no campo e mudou para a cidade, faça uma redação contando como

foi esta mudança? O que se modificou na sua vida?

• Se você mora no campo, escreva uma redação sobre como é sua vida neste, se deseja

mudar para a cidade ou não e as razões para isto.

- DINO FRANCO (DINO FRANCO E MOURAI

Oswaldo Franco nasceu em Paranapanena-SP no dia 08/09/1936. Na infância já ouvia

no rádio, excelentes Duplas Caipiras, tais como Tonico e Tinoco, e "Raul Torres e Florêncio",

entre outras. Aos 12 anos trocou o trabalho na enxada pela carreira artística, abandonando em

definitivo a lavoura que era seu "ganha-pão" na época.

Na década de 1950, trocou o Interior Paulista pela Capital e adotou inicialmente o

nome artístico de Pirassununga. Atuou com Tibagi (o mesmo que havia acabado de desfazer a

dupla com Zé Marciano e que depois havia feito dupla Com Miltinho).

Em São Paulo, na década de 1960, Oswaldo Franco cantou com diversos parceiros

usando também nomes artísticos diversos. [...] Em 1968, Oswaldo adotou em definitivo o

nome artístico de Dino Franco, pelo qual é conhecido e consagrado até os dias atuais.

Em 1979, Dino Franco formou dupla com Mouraí (Luiz Carlos Ribeiro que nasceu em

Ibirarema-SP no dia 19/07/1946 e faleceu em Catanduva-SP no dia 16/10/2005). "Dino

Franco e Mouraí" foram pioneiros na regravação de antigos sucessos da Música Sertaneja.

Em seu trabalho, "Dino Franco e Mouraí" procuraram sempre cultivar a Música

Caipira Raíz e se destacaram também com temas de Inspiração Ecológica, tais como "Manto

Estrelado" (Dino Franco - Tenente Wanderley), "Serra Molhada" (Dino Franco - Valdemar

Reis), "Amanhecer Divino" (Tenente Wanderley - Dino Franco), "Cheiro de Relva" (Dino

21

Franco - José Fortuna) e "Por do Sol" (Jesus Belmiro - Cláudio Balestro), apenas para citar

algumas.

Dino Franco também produziu e apresentou algumas peças teatrais juntamente com

Liu e Léu, Abel e Caim e Zico e Zeca. Dino Franco tem merecido destaque como excelente

compositor, especialmente na Moda de Viola, com inúmeras composições que têm sido

gravadas pelas mais renomadas Duplas Caipiras Raiz.

- NHÔ CHICO

Poeta e Compositor da Música Caipira Raiz, Francisco Fornaziero, o "Nhô Chico",

nasceu no Bairro Sete Barrocas, na cidade de Piracicaba-SP (município riquíssimo da dança

do Cururu) [...].

"Aos quatro anos, tornou-se órfão de mãe, recebendo assim a educação e os carinhos

de sua madrasta, a Sra. Regina Betiol. Aos 11 anos começou a tocar Cavaquinho e a cantar

com seu irmão de criação, nascendo assim, a dupla 'Chiquinho e Luizinho'. Uma dupla dotada

de muito talento, mas também de muita timidez, que ao notara presença de estranhos parava

de cantar.

Acompanhando a sua família, Chiquinho, como era carinhosamente chamado, aos

quatorze anos, mudou-se para Pederneiras - SP, onde viveu por 20 anos. Já aos 16 anos,

começou a compor as primeiras letras. Cantor de Modas-de-Viola, também demonstrava seu

grande talento, cantando Cururu.

Certa vez, o que foi motivo de muita emoção, a dupla 'Chiquinho e Luizinho', recebeu

um convite da Rádio PRG-8 de Bauru-SP, para uma apresentação. Tiveram Assim, um sonho

realizado.

Teve como seu maior parceiro Dino Franco. Participou do corpo de jurados de

diversos festivais, ao lado de grandes nomes ligados à cultura sertaneja. Comandou a partir

desse momento, uma nova trajetória começava a ser traçada na vida programas nas rádios:

Rádio Alvorada (AM e FM) e Municipal-FM e se apresentou na TV Bandeirante e na TV

cultura por diversas vezes.

Nhô Chico possui belíssimas Modas de Viola gravadas por excelentes intérpretes do

quilate de Pedro Bento e Zé da Estrada, Zilo e Zalo, "Os Dois Mineiros", Dino Franco e

Mouraí, Tião Carreiro e Pardinho, Craveiro e Cravinho, "Cativante e Continente", Tião Do

22

Carro e Pagodinho, Daniel e Cacique e Pajé, apenas para citar alguns. 28/03/1912 e faleceu na

mesma cidade em 12/03/1988.

Atividades:

• O que há em comum e de diferente nas histórias de vida dos compositores: Dino

Franco e Nhô Chico?

• Qual o público alvo das músicas caipiras?

4-1 – UM POUCO DA HISTÓRIA DE SERTANÓPOLIS

Entre os anos de 1918 e 1920 as terras férteis do Norte do Paraná atraíam grande

número de compradores de terra e posseiros ávidos em busca de novas fontes de

enriquecimento.

[...] Em 1920 chegava à região o pioneiro FRANCISCO GREGÓRIO DE OLIVEIRA,

que vindo de Floresta, Município de Capivara-SP, abriu picadas, e construiu um rancho de

palmito onde hoje se localiza a zona suburbana, região leste da cidade. Trouxe em sua

companhia sua filha BENEDITA OLIVEIRA VEIGA e um empregado, não foram poucos os

momentos difíceis encontrados, era a pé que percorria o trecho até a Colônia Militar D. Pedro

de Alcântara (hoje Jataizinho) ou até Maracai-SP, para as compra de suprimentos que a terra

não produzia. Como referência esse ponto do sertão paranaense passou a ser conhecido como

"POTIGUARÁ-TIBAGI PANEMA".

O ano de 1923 marca oficialmente o início da história de Sertanópolis, com a chegada

de uma caravana chefiada pelo Senhor "CORAIM MACHADO, concessionário das terras

além do Ribeirão Biguá. Após atravessarem o Rio Paranapanema fez o primeiro

acampamento onde surgiu o povoado "LIMOEIRO" que posteriormente foi mudado para o

local onde hoje se acha plantada a cidade de Primeiro de Maio.

Em 1924 foi iniciada a colonização das terras situadas na margem direita do rio Biguá

por iniciativa do concessionário Dr. JOÃO LEITE DE PAULA E SILVA, contou nos

trabalhos com a participação dos Senhores: MANOEL RABELLO LOUREIRO DOS

SANTOS e do Sr. LUDOVICO GINER SURJUS (agrimensores) que enfrentaram a mata

23

virgem e alcançaram o riacho da Taboca, onde acamparam e deram início às demarcações dos

lotes destinados a chácaras, contaram nos trabalhos de derrubadas e queimadas com a

participação dos senhores: Machado César, Lourenço António da Veiga e LUIZ

DELIBERADOR (que ficou encarregado da venda das terras). No dia 1° de março de 1924 os

agrimensores Manoel Rabello e Ludovico Surjus fizeram o alinhamento da primeira praça da

cidade (onde hoje está localizada a Igreja Matriz de Santa Terezinha). O primeiro rancho de

palmito foi construído (onde se situa a quadra de número 4) pelo Sr. JOSÉ F. NICKNNAS

FAGUNDES passou a ser a primeira hospedaria, mais tarde surgiu desta o primeiro hotel

(Buenos Aires).

No ano de 1929 já com a denominação de Colônia Sertanópolis a localidade contava

com 50 casas residenciais, cinco casas de comércio, uma igreja, uma pensão, um médico, uma

farmácia, uma máquina de beneficio de café e arroz, e uma população de aproximadamente

500 pessoas.

[...] Em 10 DE ABRIL DE 1929, através do Decreto Lei n° 2.645, nesse mesmo ano

foi realizada a primeira eleição municipal para o Executivo e Legislativo.

[...] O recém criado Município passou por períodos de inúmeras dificuldades, em

virtude das revoluções de 1930 e 1932, agravados pelas fortes geadas e chuvas prolongadas,

tornando as estradas intransitáveis por longo tempo. Esses contratempos originaram um total

desânimo nos habitantes ocasionando um êxodo de grandes proporções, resultando uma

estagnação na vida do Município, culminando com o retorno â sua categoria de Distrito, vol-

tando a pertencer à Comarca de Jatai, através do Decreto Lei n° 1078 no dia 13 de Maio de

1932. Dois anos após, a união dos moradores que permaneceram, propiciou um trabalho di-

nâmico e empreendedor, foram criados 138 pequenos engenhos, criação de suínos, safras

compensadoras, mercado acessível para a produção agrícola, um comércio atuante resultou

numa total transformação. Foi realizado um trabalho dos mais atuantes com inúmeras

reivindicações que possibilitaram a recuperação da autonomia, sendo novamente elevado a

Município no dia 06 DE JUNHO DE 1934 através do Decreto Lei n° 1391 conseguindo

definitivamente sua emancipação político-administrativa. Em Janeiro de 1939 foi anexado ao

território de Sertanópolis às terras que hoje pertencem aos municípios de Ibiporã, Bela Vista

do Paraíso, Jaguapitã e Porecatu, o Município atingiu nessa época uma área de 5.571

quilômetros quadrados.

Em 1947 no dia 14 de Março através do Decreto Lei n° 02, Sertanópolis sofreu seu

primeiro grande desmembramento, nessa data foram criados os Municípios de Bela Vista do

24

Paraíso Ibiporâ, Jaguapitã, Jataizinho e Porecatu. No ano de 1951, novo desmembramento

com a criação do Município de Primeiro de Maio. (SERTANÓPOLIS, 1981, p.02).

4-2 - A AGRICULTURA NO MUNICÍCIPIO DE SERTANÓPOLIS

A agricultura teve um papel muito importante em relação à ocupação e

desenvolvimento da região de Sertanópolis. A colonização deste município foi influenciada

devido à facilidade de aquisição e da abundância de terras férteis com características similares

as terras de cultivo de cafezais da região de São Paulo. Cafezais que, por sua vez, geravam

divisas provenientes de outras localidades e serviram para desenvolver o norte paranaense.

Este processo foi intensificado devido ao "convênio de Taubaté" firmado entre os estados de

São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro que tinha como meta limitar a produção destas

regiões, como uma forma de estratégia econômica. Este convênio por sua vez, acabou por

proporcionar a expansão de novas fronteiras agrícolas, e como pode se constatar neste caso

serviu para atrair paulistas para o município de Sertanópolis.

Devido à proximidade e similaridade com o estado de São Paulo vários imigrantes optaram

por realizar o plantio de café nesta região dando começo ao processo de colonização, o qual

acabou por resultar no desmatamento de áreas para posteriormente, proceder com o processo

de plantio.

Neste município com o passar do tempo muitas outras mudanças foram acontecendo

devido a intempéries climáticas e medidas governamentais. Ocorreu um processo de

erradicação dos cafezais, ao mesmo tempo em que ocorreu, a revolução verde, a mecanização

do campo e a introdução de vastas áreas de plantio de culturas temporárias.

A principio, a riqueza do município foi proveniente dos cafezais e atualmente grande parte da

economia funciona impulsionada peia agricultura, voltada a culturas temporárias

principalmente soja O agronegócio interfere de forma significativa na dinâmica de

desenvolvimento deste município [...]. (KRÜGER, 2008, p. 20).

4-3 - A MIGRAÇÃO DO CAMPO PARA A CIDADE

. O censo demográfico de 2000 revelou que nada menos de 137.669.439 habitantes

residem na zona urbana, o que equivale a 81,22% do total da população brasileira. De acordo

com os censos do IBGE, na década de 1960, 13 milhões de pessoas trocaram o campo pela

25

cidade; nos dez anos seguintes, esse número se elevou para 15,5 milhões. Tudo indica que

desde 1970, quando a população rural passou a ser minoritária, até os dias de hoje, mais de 40

milhões de brasileiros migraram do campo para a zona urbana. Se levarmos em conta que a

região Sudeste concentra 72.282.411 habitantes, ou seja, 42,6% da população do país, e tem

um percentual de urbanização da ordem de 90,52%, fica ainda mais evidente o crescimento da

cidade em detrimento do campo.

Quando se fala da migração do campo para acidade é preciso levar em consideração

que cidades pequenas como Sertanópolis, cuja economia essencialmente agrícola, baseada

inicialmente na lavoura cafeeira e que tiveram entre os anos de 1950 a 1970 uma diminuição

significativa de sua população. Vejamos alguns dados, de acordo com os censos

demográficos, desse período, através de uma pesquisa realizada na Biblioteca Municipal para

este trabalho.

Em 1950 Sertanópolis, segundo dados do IBGE, contava com uma população de 36

354 habitantes, sendo que aproximadamente 80% moravam na zona rural e o restante na

cidade. Já no censo de 1970 a população do município caiu para 21.877 habitantes. Pode-se

dizer que o esvaziamento populacional ocorreu em grande parte na Zona Rural e que vai

acentuar ainda mais a partir do ano de 1975, quando ocorreu a grande geada que colocou um

fim na lavoura do café, reforçando de vez o predomínio das lavoras de soja, milho e trigo na

região proporcionada pela evolução crescente da mecanização. Para completar, Sertanópolis

entrou no ano 2000 com uma população, de acordo com o censo demográfico, de: 15.146,

sendo que apenas 2.539 moravam na Zona Rural.

Pode-se afirmar de um modo geral, que foram muitos os fatores que contribuíram para

migração do campo para as cidades de médio e grande porte, principalmente as mais

industrializadas. Citaremos apenas dois: o primeiro foi o “Estatuto do Trabalhador Rural” que

em menos de uma década, fez com que os fazendeiros, em suas propriedades demolissem as

casas dos trabalhadores rurais, trocassem a mão de obra dos colonos e porcenteiros pela a dos

bóias-frias, agora morando precariamente nas cidades. O segundo fator foi o do incentivo

governamental dado aos grandes proprietários. Sertanópolis, no início da Colonização tinha

em torno de 2.200 propriedades agrícolas, pequenos e médios sitiantes. Em 1993 o número de

propriedades rurais girava em torno de 600.

Atividade:

26

• Saiba que você, aluno do C.E.E.B.J.A. TEOTÔNIO VILELA , é um personagem da

história de Sertanópolis. Qual foi a sua participação na construção dessa história? Busque

subsídios nos textos desta unidade e na sua história de vida.

4-5 - IMAGENS DA COLHEITA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DE S ERTANÓPOLIS

Entre as décadas de 1930-1970 o café fez história em Sertanópolis, toda a economia

local girava em torno dele. Falar em café nos dias atuais somente através das narrativas dos

remanescentes pioneiros e de imagens encontradas nos velhos álbuns de fotografias.

A COLHEITA DO CAFÉ NO CERNE – SERTANÓPOLIS - DÉCAD A DE 1950 –

ARQUIVO DO AUTOR.

27

O Cerne é um Rio, um vale de Sertanópolis que foi colonizado por centenas de

famílias portuguesas e italianas, entre as décadas de 1920-1970, que se dedicaram

exclusivamente nesse período, a lavoura cafeeira.

O CASARÃO DO CERNE E O TERREIRÃO DE CAFÉ, SERTANÓPOLIS –

DÉCADA 1950 – ARQUIVO DO AUTOR.

Atividades:

• Faça uma leitura das imagens: “A COLHEITA DO CAFÉ NO CERNE” e a do “O

CASARÃO DO CERNE E O TERREIRÃO DE CAFÉ”. Caso haja alguma

semelhança com a sua história de vida, explique.

• De acordo com os textos que foram estudados, as atividades que foram desenvolvidas

em cada unidade, produzir um texto histórico sobre a sua história de vida, levando em

consideração os seguintes tópicos:

28

01 - Ano e lugar em que nasceu

02- Profissões da família

03- Escolas em que estudou

04- Lugares em que a família morou antes de migrar apara Sertanópolis

05- Migrações dentro do Município de Sertanópolis

06- Trabalhos profissionais desenvolvidos

07- Dificuldades que foram encontradas, superadas ou não.

08- Constituição familiar, vida religiosa, lazer...

09- Fatos marcantes

10- Motivos que o (a) levaram a parar de estudar

11- Motivos que o (a) levaram a retornar aos estudos - Sonhos que ainda pretende

realizar

29

05 – PROCEDIMENTOS PRÁTICOS

- PRIMEIRA ETAPA – UNIDADE 1 - (JUSTIFICATIVA)

• Inicialmente o professor fará uma apresentação do projeto: esclarecimentos sobre o

tema e o título, fundamentação teórica, os objetivos e a metodologia. Propiciando aos

alunos a fazerem perguntas e comentários.

(Duas aulas)

- SEGUNDA ETAPA - UNIDADE 2

• Os alunos, divididos em grupos farão leituras e comentários dos textos literários e

comentários das imagens, em seguida responderão as atividades propostas na Unidade.

(Quatro aulas)

- TERCEIRA ETAPA – UNIDADE 3

• Após ver e ouvir os CLIPS das músicas escolhidas será feito através de uma palestra

ministrada pelo professor da turma ou convidado, um estudo detalhado das letras

musicais, dos textos sobre os autores e os interpretes, com destaque principal ao tema

tratado em cada uma das músicas: os problemas da migração do campo para a cidade,

as relações e as mudanças de trabalho e de comportamento, as vantagens e as

desvantagens do progresso, o público alvo das músicas no passado e no presente, os

meios de comunicação que foram utilizados na divulgação das músicas, as relações

com história de Sertanópolis e as histórias de vida dos alunos, concluindo com os

alunos respondendo as atividades propostas na Unidade.

30

(Quatro aulas)

- QUARTA ETAPA – SARAU – UNIDADE 4

• Será realizado um sarau público com os alunos envolvidos expondo e apresentado seus

trabalhos.

• Os alunos convidarão um apresentador da escola ou da cidade para conduzir o

protocolo do evento.

• Os alunos convidarão artistas da escola ou da cidade para finalizar as apresentações

cantando as músicas escolhidas do projeto.

• Toda a apresentação será fotografada e filmada por um aluno da escola.

(Quatro aulas)

- QUINTA ETAPA – FINALIDADE DO MATERIAL PRODUZIDO P ELOS ALUNOS

• Publicação de uma coletânea (encadernamento simples ou em livro) com os textos

produzidos durante a implementação do projeto e que ficará a disposição dos alunos e

professores na biblioteca do Colégio.

• As fotos e o vídeo farão parte do acervo do Colégio.

– AVALIAÇÃO

• A avaliação será contínua, a cada tópico trabalhado através das atividades propostas

em cada unidade.

31

6- REFERÊNCIAS:

ABUD, Katia Maria. Registro e representação do cotidiano: a música popular na

aula de história. Caderno CEDES, vol.25, n°.67, set./dez. 2005 p.309-317. ISSN 0101-

3262. São Paulo: Cortez; Campinas, CEDES.

ADORNO, T. W. A Indústria Cultural e Sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

LAMAN , Taizi Caroline e Silva. O poema narrativo na canção caipira, 2009. Dissertação –

Pós-Graduada em letras da UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Três

Lagoas, MS.

BASÍLIO , VAGO. Mágoa de boiadeiro. Disponível em:http://letras.terra.com.br/pedro-

bento-ze-da-estrada/401645/ - Acesso em: 07-07-2010.

CHAVES, Edilson Aparecido. A música caipira em aulas de história: questões e

possibilidades. 2006. Dissertação. Graduação em Educação, área de Concentração: Cultura e

Ensino. Curitiba PR.

SCHIMIDT , Maria Auxiliadora e Cainelli. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.

CANDIDO , ANTONIO, Literatura e formação do homem. Ciência e cultura. (São Paulo:

V.24, nº 9, P.806-9, set. 1972).

CHICO ; FRANCO. Caboclo na cidade. Disponível em:

http://www.vozeviola.com.br/historiaMostra.asp?id=90 – Acesso em 03-07-2010.

32

GONÇALVES , Alfredo José. Migrações Internas: evoluções e desafios. Est.av.Vol.15, Nº

43.São Paulo. Sept./Dec.2001.

KRÜGER , Cristina do Rocio. O desenvolvimento do agronegócio e suas implicações

socioeconômicas: o caso de Sertanópolis Pr. 2008. Dissertação, Pós-Graduada em Ciências

Agrárias. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Pr.

LOBATO , Monteiro. Disponível em:

http://www.projetoradix.com.br/arq_artigo/VI_07.pdf . Acesso em 02-07-20010.

NEPOMUCENO, Rosa. Música caipira: da roça ao rodeio. Ed.34, 1999.

RIBEIRO , José Hamilton. Música caipira: as 270 melhores moda de todos os tempos. São

Paulo: Globo, 2006.

ROCHA , Ubiratan, “Reconstruindo a História a partir do Imaginário do Aluno”. In:

NIKITIUK, Sonia L. (org). Repensando o Ensino de História. São Paulo: Cortez, 1996.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e

Adultos. Curitiba, 2006.

SERTANÓPOLIS. Histórico e Atualidades, 1981, P.02.

SOUSA, Walter de. Moda inviolada: uma história da música caipira. São Paulo: Quiron,

2005.

SITES CONSLTADOS:

.http://www.cifras.com.br/cifra/lourenco-e-lourival/velha-porteira - Acesso em: 07-07-2010.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato - Acesso em: 07-07-2010.

33

http://letras.terra.com.br/lourenco-e-lourival/282498/ - Acesso em: 07-07-2010.

http://www.youtube.com/watch?v=5-nSKCystm8&feature=related - Acesso em: 07-07-

2010.

http://www.vagalume.com.br/lourenco-lourival/velha-porteira.html - Acesso em: 07-07-2010.

http://www.lourencoelourival.com.br/?pagina=novidades&cod=1 – Acesso em: 02-07-2010.

http://www.boamusicaricardinho.com/comppoet_23.html#nonobasilio. Acesso em: 02-07-

2010.

http://www.letras.com.br/biografia/pedro-bento-e-ze-da-estrada ´- Acesso em: 03-07-2010.

http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/12066/1/DISSERTA%C3%87%C3%

83O%20EDILSON%20%20APARECIDO%20CHAVES.pdf. - Acesso em: 03/04/2010.

http://www.algosobre.com.br/biografias/almeida-junior.html. Acesso em 17-08-2010