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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

Secretaria de Estado da EducaçãoSuperintendência da Educação

Departamento de Políticas e Programas EducacionaisCoordenação Estadual do PDE

Inclusão Escolar: Acesso do aluno surdo aos conhecimentos específicos de  geografia 

Autor: Zilman do Rocio Martins Rechi1

   Orientador Irene Stock.2

RESUMO

O presente artigo examina como vem sendo viabilizado o acesso do aluno surdo aos conhecimentos   geográficos,   bem   como   as   práticas   pedagógicas   utilizadas   no atendimento as diferenças, propiciando um olhar diferenciado sobre a questão da inclusão dos surdos no ensino regular. Promover uma aprendizagem satisfatória junto a alunos surdos nas escolas públicas, é um dos desafios da educação atual. Mais do que inclusão é preciso pensar na acessibilidade ao conhecimento e na qualidade das relações sociais para promover o seu desenvolvimento. A educação inclusiva é a prática da inclusão de todos os alunos, independente de suas   necessidades   especiais,   de   modo   que  haja   o   aprendizado   dos   conteúdos ministrados.    

Palavras­chave: Inclusão, Geografia. Surdos, práticas pedagógicas.

ABSTRACTThis article examines how  it  has been enabled access  to knowledge of geography deaf students and the teaching practices used in the treatment differences, providing a  different  look at  the  issue of  inclusion of deaf people  in mainstream education. Promote a satisfactory learning from the deaf students in public schools, is one of the challenges of education today.  More than inclusion is necessary   to   think   about accessibility to knowledge and quality of social  relations in their development aid. Inclusive education is the practice of including all students, regardless of their special needs, so that there is learning the contents taught.

1. Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado daEducação, Graduada em Geografia pela FAFIG.2. Professora do Departamento de Educação Especial da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Orientadora do PDE,

Keywords: Inclusion, Geography. Deaf, teaching practices.INTRODUÇÃO 

Na  realidade  atual   no  meio  educacional   e  da   sociedade,   tem­se 

discutido a inclusão educacional, ou seja, como estão sendo incluídas pessoas com 

deficiência como: mental, física ou psico­motora na escola.    A questão é difícil de 

ser analisada, pois ainda há vários paradigmas a serem quebrados.  

O estudo realizado se desenvolveu nas seguintes etapas: pesquisa e 

análise de material sobre ensino especial e educação inclusiva, principalmente no 

ensino de surdos ou com deficiência auditiva, diretrizes curriculares de Geografia e 

de   educação   especial   do   Estado   do   Paraná;   observação   do   ambiente   escolar; 

contato com os professores de Geografia  e  de outras áreas que  trabalham com 

alunos surdos; realização de entrevistas com base em um roteiro semi­estruturado 

com   professores  e  alunos,  aplicação  em sala  de  aula   regular  de  um conteúdo 

geográfico com utilização de imagens, estudo de campo e, finalmente, análise do 

material coletado.

Partindo de pesquisa realizada junto ao corpo docente e discente do 

Colégio Estadual Antonio Dorigon, onde existem alunos surdos incluídos no ensino 

regular,   o  estudo  de  caráter  qualitativo   realizado,  procurou  estabelecer  quais  as 

concepções sobre ensino e escola inclusiva que os professores que trabalham com 

alunos   surdos   incluídos   tinham   no   momento   da   pesquisa.   Se   a   escola   possui 

interprete de LIBRAS?   Que avaliações  fazem disso, diante de sua realidade de 

ensino? Quais as práticas pedagógicas têm favorecido a aprendizagem de alunos 

surdos? Quais recursos didáticos são mais utilizados? Quais formas de avaliação 

são mais utilizadas com alunos surdos?

 Assim, procuramos reconhecer qual o entendimento e envolvimento 

dos professores de Geografia e demais disciplinas quanto à questão da inclusão, 

bem  como  as  dificuldades   e  possibilidades  de   trabalho   com  o  aluno   surdo  em 

relação aos conteúdos da disciplina.

 Também foram analisadas as dificuldades encontradas pelos alunos 

surdos em relação às aulas, destacando quais práticas pedagógicas favorecem o 

entendimento dos conteúdos.

1. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: SUA TRAJETÓRIA E CARACTERÍSTICAS

A inclusão de alunos com deficiência, seja esta qual for, é um grande 

desafio para nós educadores, o qual não deve ficar apenas no campo das idéias ou 

opiniões, mas sim efetivamente praticado com responsabilidade. 

Neste  sentido,  Carvalho   (2004)   faz  um comentário  extremamente 

propício:

(...) a proposta de educação inclusiva tem sido apresentada por educadores, por   outros   profissionais,   ou   por   pais   e   familiares,   com         conotações diferenciadas   e,   por   vezes,   contraditórias,   o   que   tem  gerado   dúvidas   e resistências, principalmente dos professores em geral”. (p.14)

O que   realmente  ocorre,  é   falta  de  conhecimento  pleno  sobre  o 

assunto tanto de educadores, como pais e comunidade em geral. Muitas discussões 

ficam  limitadas  ao  nível  do  senso comum,  predominando a  afirmação de que a 

escola não está preparada para receber estes alunos e que os professores ainda 

não estão capacitados.

  A educação  inclusiva é  algo que necessita ser compreendida na 

escola, pois é lei e esta deve  receber o aluno com deficiência independentemente 

de   qual   seja   ela.   Portanto,   a   palavra­   chave   neste   momento   é   “capacitação”, 

ressaltando que quando  falamos em escola,  estamos nos    referindo a   todos os 

envolvidos diretamente: direção, professores,    funcionários, enfim,  todos   aqueles 

que fazem parte do contexto escolar.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) a 

Educação  Especial   é   entendida   como:   “Modalidade    de   educação    escolar, 

oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores 

de  necessidades especiais”.

A   educação   inclusiva   deve   ser   encarada   como   um   processo   de 

formação do indivíduo, e sobretudo cumprimento da lei.

Sabe­se   que   existem   um   conjunto  de   leis,   as  quais   garantem   o 

acesso e permanências de crianças com deficiência. Podemos citar como referência 

a Declaração de Salamanca, esta elaborada pela ONU (Organização das Nações 

Unidas), em 1994, a qual afirma que os Estados devem assegurar que a educação 

de pessoas com deficiência seja parte integrante do sistema educacional.

      Sabemos   que   a   aceitação   do   indivíduo   com   deficiência   na 

sociedade   é   um   tanto   quanto   complicada,   pois   desde   os   primórdios   de   nossa 

existência, eles eram simplesmente abandonados, deixados de lado.

                                 Portanto, se faz necessário que a sociedade entenda a sua 

responsabilidade,   e   comprometimento,   no  sentido  de   tornar   o   ensino  um direito 

realmente de  todos, sem distinção.

                         Nesse sentido,  a escola necessita entender que receber o aluno 

especial  não é  um fato   a ser questionado, se pode ou não frequentar a escola 

regular, mas sim uma obrigatoriedade.

2. O DEFICIENTE AUDITIVO NO PROCESSO DE INCLUSÃO NO BRASIL

Em   1857,   foram   implantadas   as   primeiras   ações   em   relação   ao 

processo de aprendizagem dos surdos, através da Fundação do Imperial  Instituto 

dos Surdos­Mudos, pelo imperador Dom Pedro II, através da Lei nº 839, de 26 de 

setembro, onde teve início a primeira escola de surdos do Brasil.

                                 O professor francês, surdo, Eduard Huet implantou no Brasil a 

Língua de Sinais Francesa.

                 Mais tarde, na década de 1950, o Instituto passou a denominar­se 

INES   –   Instituto   Nacional   de   Educação   especializado   em   surdez,   onde   eram 

desenvolvidas   pesquisas   científicas,   esperando   promover   e   assegurar   o 

desenvolvimento do sujeito com deficiência auditiva, sua socialização com o mundo 

e o respeito às suas diferenças. 

                 Em 1951, foi criado o primeiro curso normal para professores na 

área da surdez. 

                Em 1980, é criado o Curso de Especialização para professores na 

área   da   surdez,   este   com   a   finalidade   de   capacitar   ,   bem   como   formar 

multiplicadores   na   área   da   surdez,   conhecido   hoje   como     Curso   de   Estudos 

Adicionais,   onde   são   recebidos   professores   de   todo   o   país,   os   quais   serão 

disseminadores dos conhecimentos adquiridos.

    Depois da publicação da Declaração de Salamanca em 1994, a qual 

atesta que  “toda criança tem o direito fundamental à educação, e deve ser dada a 

oportunidade de  atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” percebeu­se a 

necessidade do conhecimento, por parte dos órgãos governamentais, das diferenças 

e situações individuais, principalmente levando em consideração a importância da 

lingua de sinais como meio de comunicação entre os surdos.

     Finalmente, em 1996 a Coordenadoria Nacional para Integração da 

Pessoa  Portadora  de  Deficiência,   realiza  uma Câmara  Técnica,  onde   resulta  no 

documento “Resultado da Sistematização dos Trabalhos da Câmara Técnica sobre o 

Surdo e a Língua de Sinais”, consolidando propostas e sugestões dos participantes 

de todo o Brasil,   tanto ouvintes como surdos, assinadas e aprovadas em sessão 

plenária do evento, a título de subsidiar a legalização da Língua Brasileira de Sinais 

no país e a caracterização da profissão de intérprete.

                No V Congresso Latino­Americano de Bilingüismo, em 1999, surdos 

de   todo     Brasil,   realizam   um   encontro   nacional,   onde   resulta   o   documento  “A 

educação que nós Surdos queremos”.

                Na Lei n° 10.172 de Janeiro de 2001 que aprovou o Plano Nacional 

de Educação, em relação aos deficientes auditivos na parte 8 coloca a obrigação de:

Garantir a generalização, em cinco anos, da aplicação de testes e acuidade visual e auditiva em todas as instituições de educação infantil e do ensino fundamental,   em   parceria   com   a   área   de   saúde,   de   forma   a   detectar problemas e oferecer apoio adequado às crianças especiais. Implantar, em cinco anos, e generalizar em dez anos, o ensino da Língua Brasileira de Sinais  para os alunos surdos e,  sempre que possível,  para 

seus familiares e para o pessoal da unidade escolar, mediante um programa de   formação   de   monitores,   em   parceria   com   organizações   não­governamentais.

       Hoje, conhecida como uma fonte de comunicação e cidadania para os deficientes auditivos, a LIBRAS ( Língua de Sinais):                            

Art.   1o  É   reconhecida  como meio   legal  de  comunicação e expressão a Língua   Brasileira   de   Sinais   –   Libras   e   outros   recursos   de   expressão   a ela associados. Parágrafo único. Entende­se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma   de   comunicação   e   expressão,   em   que   o   sistema   lingüístico   de natureza   visual­motora,   com   estrutura   gramatical   própria,   constitui   um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos nas comunidades de pessoas surdas do Brasil. (Lei  Federal no 10.436, de 24 de Abril de 2002).

                 Em   22   de   dezembro   de   2005,   pelo   decreto   no   5.626   é 

regulamentado a LIBRAS, a qual veio reforçar a idéia de inclusão, pois destaca que:

Art.   3.   A   Libras   deve   ser   inserida   como   disciplina   curricular obrigatória   nos   cursos   de   formação   de   professores   para   o   exercício   do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

 Reforça ainda a idéia da educação dos surdos, destacando também 

a capacitação do professor,  neste mesmo decreto colocando que:

Art. 4. A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino   fundamental,  no ensino  médio  e  na  educação superior,  deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.

                 Ainda estamos engatinhando neste processo de evolução na área 

da surdez. Devemos procurar enquanto professores e educadores nos adaptar a 

estas diferenças.

                 É fundamental a capacitação do professor, pois em sua graduação 

não foi preparado para trabalhar com as diferenças. Demo (2007) destaca que:

É preciso, em contra partida, cuidar do professor com absoluto carinho e sistematicidade,   para   que   possa   dar   conta   de   tantas   expectativas depositadas sobre ele. Não cabe apenas exigir e muito menos criticar. Ele precisa   antes   de   tudo,   de   oportunidades   para   que   possa   contribuir   na construção das oportunidades da sociedade. Um professor tendencialmente excluído   não   consegue   cuidar   da   inclusão   dos   outros,   em  particular   da imensa multidão excluída de nossa sociedade. 

                Constatamos que vários cursos de graduação já possuem em suas 

matrizes curriculares disciplinas que visam esclarecer e preparar o discente para 

este desafio. Já existem muitas universidades que possuem cursos específicos de 

Libras, como propõe a lei.

    Verificamos através do exposto, que o Brasil, sob o ponto de vista da 

legislação, possui uma série de mecanismos, os quais garantem o atendimento, bem 

como visa a inclusão das pessoas com deficiência, inclusive os surdos na educação.

3. A VISÃO DO PROFESSOR SOBRE A  EDUCAÇAO DO SURDO.

Pelas pesquisas realizadas com os professores da rede estadual, 

pertencentes ao Colégio Estadual Antonio Dorigon, pudemos ter uma visão sintética 

a respeito da inclusão, bem como o desenvolvimento em suas aulas.

Foram   questionados   26   professores,     com   o   objetivo   de   coletar 

dados sobre as práticas pedagógicas utilizadas no desenvolvimento dos conteúdos 

da disciplina, junto a alunos surdos. 

Podemos observar os resultados da pesquisa através dos gráficos a 

seguir:

No primeiro gráfico refere­se as quais concepções os professores 

possuem   em   relação   ao   trabalho   com   aluno   surdo,   62%   responderam   que 

apresentam   dificuldades   no   trabalho   por   não   ter   formação,   15%   acham   que   o 

trabalho   com   surdos   é   muito   difícil,   15%   responderam   que   acham   de   grande 

importância os projetos relacionados com   os surdos e 8% responderam que os 

alunos surdos não conhecem Libras.

Que concepção você professor possui em relação ao trabalho com aluno surdo?

62%15%

15%

8%

Dificuldades no trabalhosem formação

Trabalho difícil

Grande importância aosprojetos relacionadoscom os surdos

Aluno surdo não conhecelibras

Figura 1­ Zilman do Rocio Martins Rechi 

                Pelas respostas apresentadas quanto as concepções do trabalho 

com alunos surdos, constata­se que os professores encontram  grandes dificuldades 

no desenvolvimento de suas atividades ,sendo o principal motivo o despreparo e 

insegurança para lidar com essa realidade.

               O gráfico a seguir demonstra quais as práticas pedagógicas que têm 

favorecido a aprendizagem de alunos surdos. 47% acreditam que a utilização de 

Libras, imagens e gravuras, favorecem na aprendizagem, 23% responderam que a 

busca   de   material   visual   e   técnicas   de   conhecimento   em   Libras   auxiliará   na 

aprendizagem, 15% responderam que não conhece nenhum material didatico, 15% 

acham muito importante o atendimento individual e na  sala de recursos.

Quais as práticas pedagógicas tem favorecido a aprendizagem de alunos surdos?

47%

23%

15%

15%Uso de libras, imagens egravuras

Busca de materiais etecnicas de conhecimentoem libras

Atendimento individual esala de recursos

Não conhece nenhummaterial didáticodiferenciado

Figura 2­ Zilman do Rocio Martins Rechi

Percebe­se em relação as práticas pedagógicas que o uso de Libras 

e imagens são destaques no ensino aprendizagem. Contudo   observa­se que uma 

grande parcela de professores não conhecem materiais didáticos que facilitariam a 

aprendizagem de seus alunos o que impede seu direito de aprender.

                               O gráfico 3 refere­se a quais recursos didáticos os professores 

mais utilizam, 39% responderam que utilizam slides na TV pendrive, 15% utilizam 

imagens, 38% ainda utilizam apenas o quadro de giz e 8% utlizam gestos para se 

comunicar com os alunos.

Recursos didáticos mais utilizados

39%

15%

38%

8%

Slides

Imagens

Quadro de giz

Gestos

Figura 3­ Zilman do Rocio Martins Rechi

                               Pelos dados obtidos acima observa­se a importância do uso de 

imagens e slides, como recurso didático essencial no trabalho com aluno surdo. 

                O ensino de Geografia, assim como as demais disciplinas, será 

melhor   ensinada   e   terá   uma   aprendizagem   significativa,   com   a   utilização   de 

materiais didáticos que não fiquem presos apenas à escrita. 

                                Segundo   Reily   (2003   p.16),   é   importante   o   uso   de 

representações  visuais   como estratégia  de  ensino  numa proposta  pedagógica 

inclusiva. Ela afirma que o uso das imagens beneficia o ensino do aluno surdo e, 

que os educadores devem compreender mais seu poder construtivo para utiliza­

lo adequadamente, auxiliando no processo de desenvolvimento do pensamento 

conceitual.

                                 As imagens são   peças fundamentais na aprendizagem do 

aluno   surdo,   pois   é   um   importante   meio   para   a   pessoa   surda   associar 

informações com a realidade. As novas tecnologias, mapas, murais, ilustrações e 

todas as atividades dinâmicas como estudo do meio,  saída a campo etc,   irão 

subsídiar o ensino­aprendizagem do aluno surdo.

4. A VISÃO DO ALUNO SURDO SOBRE O ENSINO APRENDIZAGEM

                 Com base nas pesquisas feitas com alunos surdos do já referido 

colégio, destacamos que todos possuem grandes dificuldades de comunicação com 

professores e demais alunos, acreditam ser fundamental a presença do intérprete de 

Libras  nas salas,  porem não contam com esse auxilio.  Gostam de   estudar  em 

escolas   regulares  sendo que um aluno  relatou  que gosta  mais  ou  menos,  e  as 

atividades que mais gostam são as que utilizam­se de imagens e desenhos, e uso 

de   laboratório   de   informática.  Destacaram   também  que  as   principais   formas  de 

avaliação   feitas   pelos   professores   são   uso   de   provas   escritas   com   perguntas, 

marque verdadeiro ou falso, sendo que um aluno relatou que são usadas poucas 

imagens nas provas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

                  Diante dos resultados obtidos na pesquisa que foi relatado no 

presente artigo, constatamos que não é   fácil  aprender e aceitar  a  inclusão de 

alunos surdos.  É  uma tarefa difícil  para muitos educadores,  pois  se necessita 

romper  barreiras   frente  aos ambientes  educacionais  pautados por  paradigmas 

tradicionais e disciplinares.

                               Percebemos que as salas de aula hoje, devem atender as 

particularidades de cada aluno surdo, pois existem diferentes graus de surdez, 

além   de   domínios   diferentes   de   linguagem,   alguns   chegam   na   escola 

alfabetizados na Língua de Sinais (LIBRAS), mas muitos apenas se comunicam 

com gestos criados na própria família. Portanto, a capacidade de interpretação 

de   textos   pode   variar   muito,   havendo   necessidade   maior   ou   menor   de 

investimentos de recursos didáticos diferenciados e apoio extra­sala.

                                                     Hoje para que a escola comum possa ser efetivamente 

inclusiva,   o   professor   necessita   ser   informado   sobre   todas   as   dificuldades   e 

possibilidades do aluno surdo, entre outros, bem como necessita ser capacitado 

para atender o mesmo de modo eficaz. A Secretaria de Educação deve oferecer 

formação a  todos os professores,  para  informar sobre a surdez e a educação 

inclusiva,   pois   só   assim   estaremos   implantado   uma   educação   inclusiva   com 

responsabilidade   e   ao   mesmo   tempo   ajudando   a   eliminar   preconceitos.   O 

professor precisa estar apto para se comunicar com o aluno surdo em Libras e 

ter a ajuda de um intérprete.

                             Precisamos entender que mais do que se comunicar, o aluno 

surdo  como qualquer  outro  ser  humano  tem   suas  necessidades,  ou  seja  ele 

precisa   realizar,   para   se   desenvolver   cognitivamente,   profissionalmente   e 

pessoalmente. Assim, ele se sentirá parte do mundo em que vive. O importante, 

mais do que tudo, é o que eles querem, ou seja, poder intervir, participar, viver 

em comunidade e mostrar a sua capacidade.

                             No livro “Pedagogia da autonomia”, de Paulo Freire, onde o 

mesmo fala de ética e sobre a necessidade do professor respeitar o aluno como 

um individuo com “vocação ontológica para ser mais”, afirma o seguinte:

 

[...]   mais   do   que   um   ser   no   mundo,   o   ser   humano   se   tornou   uma Presença  no   mundo,   com   o   mundo  e   com   os   outros.   Presença   que, reconhecendo a outra presença como um “não­eu” se reconhece como “si   própria”.  Presença  que  se  pensa  a   si  mesma,  que  se  pensa  a   si mesma, que se sabe presença, que intervém, que transforma, que fala do que faz mas também do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe.(FREIRE, 2002, p. 20)

                            Finalizamos,   ressaltando   a   importância   do   professor   de 

Geografia,     estar   preparado   para   o   uso   das   diferentes   linguas,   não   somente 

visando   a   compreensão   dos   alunos   surdos,   mas   no   sentido   de   ampliar   e 

potencializar o processo de alfabetização geográfica para todos os alunos.

                Para ensinar alunos surdos e ouvintes, o professor precisa oferecer 

práticas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem de todos, sem exclusão. Ao 

ensinar a Geografia numa perspectiva inclusiva, o professor deverá dispor e utilizar 

dos   mesmos   recursos   que   geralmente   utiliza   com   os   alunos   ouvintes,   pois   se 

estamos trabalhando com inclusão, nossa meta é integrar e não excluir. Para tanto, 

ao   planejarmos   e   prepararmos   nossas   aulas   é   importante   questionarmos   que 

metodologia   é  mais   indicada  para   viabilizarmos  o  acesso  ao  conhecimento  dos 

conteúdos de geografia  a   todos os  alunos,  sem deixar  o  aluno surdo ou outros 

alunos que tenham dificuldade de aprendizagem à margem do conhecimento.  

                               A utilização de diferentes linguagens se constitui em recursos 

didáticos eficazes como mediadoras do processo de ensino­aprendizagem, e devem 

obedecer   alguns   critérios,   tais   como  adequação  aos   objetivos  propostos,   e   aos 

conteúdos   a   serem   trabalhados.   Destaca­se   alguns   recursos   utilizados   no 

desenvolvimento   de   conteúdos   geográficos   tais   como,   imagens   (compreende 

fotografias, ilustrações, figuras, mapas, gráficos, tabelas, gravuras, pinturas e obras 

de   arte),   filmes,   etc.  Esses   recursos  além   de   facilitar   a   aprendizagem   poderão 

contribuir  para   tornar  a  disciplina  de  geografia  mais  significativa na   reflexão dos 

alunos.

                 Nas DCEs de educação inclusiva encontramos uma definição de 

estudiosos da área sobre adaptações curriculares onde os professores devem estar 

atentos:

(...) quando se fala de adaptações curriculares esta se falando, sobretudo, e em primeiro lugar, de uma estratégia de planejamento e de atuação docente e, nesse sentido, de um processo para tratar de responder as necessidades de   aprendizagem   de   cada   aluno   [...]   fundamentado   em   uma   série   de critérios para guiar a tomada de decisões com respeito ao que é, ao que o aluno ou aluna deve aprender, como e quando e qual é a melhor forma de organizar o ensino para que todos saiam beneficiados (MEC, 1992 apud MANJON, 1995, p.82).

       Não se trata de ter currículos separados, mas sim, utilização de 

práticas educacionais  com estratégias metodológicas  flexíveis,  buscando  remover 

barreiras que impeçam a aprendizagem dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Rosita E. Educação Inclusiva com os pingos nos “is”. Porto Alegre:Editora Mediação, 2004.

Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

DEMO, Pedro. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. 5. ed. Petrópolis, RJ. Vozes, 2007.

ESTADO  DO PARANÁ,  SECRETARIA   DE   ESTADO  DA  EDUCAÇÃO,  Diretrizes curriculares de Geografia para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio, Curitiba, 2008.

ESTADO  DO PARANÁ,  SECRETARIA   DE   ESTADO  DA  EDUCAÇÃO,  Diretrizes curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos, Curitiba, 2006

Educação  Bilíngüe  para  os  Surdos.  Espaço   Informativo  Técnico  Científico  do INES, Rio de Janeiro, v. 6, p. 49­57, 1997. 

FERNANDES,  S.  Educação bilíngüe  para  surdos:  desafios  a   inclusão.  Texto elaborado para o 4 encontro: Grupo de estudos – Educação Especial, 2006.Governo do Paraná.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Terra e paz. São Paulo. 2002. 

GASPARIN, João Luiz.  Uma didática para a Pedagogia Histórico Critica. (5.ed. Campinas, SP: Autores associados,2009. Coleção educação contemporânea)

Lei  Federal no 10.436, de 24 de Abril de 2002.

REILY,L.H. (2003). As imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré­escolares surdos. Em I. R. Silva; S. Kauchakje & Z. M. Gesueli (Orgs). Cidadania, Surdez  e  Linguagem:  desafios  e   realidades.   Cap.   IX   (pp.   161­192).  SP:  Plexus Editora

SKLIAR, C.  Uma análise preliminar das variáveis que intervêm no Projeto de Educação  Bilíngüe  para  os  Surdos.  Espaço   Informativo  Técnico  Científico  do INES, Rio de Janeiro, v. 6, p. 49­57, 1997. 

______. Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2005.