DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - Operação de ... · ocorrência de reprodução assexuada. A...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDEUNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
MARIA APARECIDA HONORATO
UNIDADE DIDÁTICA: CLONAGEM VEGETAL
PONTA GROSSA
2010
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MARIA APARECIDA HONORATO
UNIDADE DIDÁTICA: CLONAGEM VEGETAL
Unidade didática apresentada como requisito de avaliação parcial referente ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
Universidade Estadual de Ponta GrossaOrientador: Prof. Dr.Giovani Marino Favero
PONTA GROSSA
2010
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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA
Para iniciar o trabalho com os alunos e introduzir o tema que será discutido nessa
unidade, propomos a leitura de um pequeno texto sobre a clonagem da ovelha Dolly. Em
seguida, solicitaremos aos alunos que respondam individualmente as perguntas que
elaboramos, com o propósito de captar os conhecimentos que o aluno possui sobre o tema. Os
dados coletados serão registrados em um diário de bordo e analisados posteriormente.
Na medida do possível faremos uso de imagens envolvendo situações que tem ligação
com o tema de estudo e desafiem o aluno a expor o que pensa e como pensa, a fim de
instaurar o diálogo e conduzir a problematização. Os textos para leitura contemplam direta ou
indiretamente o tema clonagem vegetal e, foram selecionados com base em artigos científicos
e livros atuais. Temos como objetivo introduzir e discutir a clonagem vegetal, com os alunos
do Ensino Médio, desafiando-os, a compreenderem que a produção de novos conhecimentos
pelo homem e os avanços da biotecnologia, vem promovendo uma revolução em diversas
áreas, tais como: a agricultura, a medicina, a silvicultura. Essa situação gera muitas
discussões em todos os segmentos da sociedade e acarreta novos desafios para o ensino da
Biologia.
Os textos disponibilizados para leitura são acompanhados de questões para reflexão e
discussão, com o propósito de desafiar o aluno a perceber que os resultados dos
conhecimentos científico-tecnológicos produzidos pelo homem permeiam a nossa vida. É
necessário que o aluno compreenda e incorpore estes conhecimentos como instrumentos para
a intervenção na realidade. Nesse sentido propomos discussão com base em textos que
contemplam as técnicas convencionais da clonagem vegetal e, da clonagem in vitro, e o
emprego dessas técnicas em diversas atividades desenvolvidas pelo homem.
Os textos sugeridos para leitura e discussões envolvem conceitos científicos atuais da
Biologia e da biotecnologia e são ferramentas necessárias para instrumentalizar os alunos a
fazer uma nova leitura da realidade. A atividade prática proposta tem como objetivo desafiar o
aluno a colocar em prática a técnica da estaquia com folhas da violeta africana e a elaborar
perguntas para acompanhar o processo e os resultados. Optamos por essa atividade, levando
em conta que o vegetal é de pequeno porte e as estacas podem ser cultivadas em vasos que
ocupam pouco espaço, propiciando aos alunos condições para realizá-la.
As figuras utilizadas neste trabalho são oriundas do acervo de fotos da autora.
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INTRODUÇÃO
A clonagem, técnica utilizada para gerar a ovelha Dolly, despertou o interesse da mídia na década de 1990 e desencadeou muitas discussões. Entretanto, em se tratando dos vegetais, sabe-se, que há muito tempo o homem emprega técnicas para induzir a propagação de plantas. No seu modo de pensar, o que levou o homem a se preocupar e fazer uso dessas técnicas? Como elas foram se aperfeiçoando ao longo dos tempos? Quais as vantagens e desvantagens da clonagem vegetal?
Dolly, cópia exata de uma ovelha adulta, da qual, o pesquisador Ian Wilmut e seus
colaboradores retiraram a célula somática inicial, nasceu em 1996. O nascimento dessa ovelha
despertou o interesse da mídia e chamou a atenção do mundo. Essa técnica contou com a
participação de apenas um dos progenitores e ficou conhecida mundialmente. Segundo Zats
(2004, p.) o fato que mais chamou a atenção, “foi justamente a descoberta de que uma célula
somática de mamífero, já diferencida, poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a
ser totipotente”.
Depois de Dolly, outros animais foram clonados. No Brasil, a equipe da Embrapa
comemorou o nascimento da Bezerra Vitória em 2001, gerada, graças a essa mesma técnica.
Pode se dizer, que em se tratando de animais, o emprego da clonagem é relativamente novo,
mas, no que diz respeito à propagação de várias espécies de vegetais superiores, o domínio de
técnicas pelo homem, para clonar plantas em diversos ramos das atividades humanas, não é
recente. Há bastante tempo, as técnicas convencionais de propagação de plantas vêm sendo
utilizadas e aperfeiçoadas, para propagar espécies vegetais frutíferas, medicinais, ornamentais
e florestais.
DISCUTA O TEXTO COM SEUS COLEGAS, E COM BASE NOS
CONHECIMENTOS QUE VOCÊ TEM EM BIOLOGIA, RESPONDA AS
PERGUNTAS:
1) Nos vegetais superiores, de modo geral, a propagação ocorre pelas vias sexuada e assexuada. Como você diferencia estes dois tipos de propagação. Explicite sua resposta.
________________________________________________________________________
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2) A clonagem está relacionada com qual dos processos de reprodução nos vegetais? Justifique a sua resposta:
__________________________________________________________________________
3) Para você, o que é um clone vegetal?
___________________________________________________________________________
4) Os clones vegetais apresentam genes iguais ou diferentes? Justifique sua resposta:
___________________________________________________________________________
5) Em algumas plantas, como por exemplo, a bananeira, a propagação é feita por meio de
mudas, retiradas de uma bananeira-mãe. Essa forma de propagação vegetal é considerada
clonagem?
a) ( ) sim b) ( ) não
b) Por que a bananeira precisa ser propagada por meio de mudas?
___________________________________________________________________________
6) Ao longo dos tempos, o homem desenvolveu técnicas que lhe possibilitou o cultivo de
vegetais, geralmente de forma mais rápida, tais como: a mergulhia, alporquia, enxertia,
estaquia. Você conhece alguma delas? Já viu alguém fazer uso de alguma delas na sua
comunidade?
___________________________________________________________________________
7) Em sua opinião é possível fazer a propagação de plantas utilizando folhas ou pedaços de
caule? Exemplifique e comente sua resposta:
As respostas dadas pelos alunos serão comentadas e problematizadas pelo professor.
DISCUTAM AS QUESTÕES ABAIXO E EXPLICITEM AS CONSIDERAÇÕES DO
GRUPO
Em nosso Município, embora a vocação predominante seja a silvicultura, existem
pequenas propriedades rurais, onde os agricultores fazem o cultivo de alguns vegetais,
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com o intuito de comercializar sua produção na Feira do produtor. Seu José acabou de
adquirir uma destas propriedades e quer saber como ele pode fazer o plantio dos
seguintes vegetais: morangueiro, batata, mandioca e alho (projetar imagens dessas
plantas). Elaborem uma síntese para orientar seu José a fazer o seu plantio.
Reflita sobre a seguinte questão: Uma extensa área florestal constituída por florestas
plantadas, entremeadas pelas matas nativas preservadas pode ser observada no
entorno do nosso Município. Que importância você atribui a cada uma delas? Você já
ouviu falar nos corredores para manutenção da biodiversidade? Qual a importância
desses corredores?
Fig. 1 - Floresta de eucaliptos
Uma das espécies cultivadas nas florestas plantadas do nosso Município é o eucalipto,
matéria prima para a produção da celulose, na indústria de papel dessa região. Lucas e
Joana se mudaram recentemente para a nossa cidade e querem saber se o Eucalipto é
uma planta que produz sementes? Estão curiosos para conhecer as características
desse vegetal e como se obtém as mudas para o plantio.
Sugestão: Para colaborar com Lucas e Joana, façam uma visita no viveiro de mudas e
uma busca na internet para organizar uma ficha, relacionando as características da
planta, origem e adaptabilidade ao meio, exigências de nutrientes e de água e o
processo utilizado na obtenção de mudas.
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VEJA O QUE DIZ O TEXTO DE PEREIRA SANTOS et al. (2000, p.6), SOBRE OS
CLONES DE EUCALIPTO:
CLONES DE EUCALIPTO?
Muito antes de Dolly entender-se como ovelha, o processo de clonagem já era realizado com sucesso em vegetais, em um processo de reprodução assexuada que tem sido empregado na produção de mudas destinadas aos reflorestamentos que abastecem o mercado de madeira para a produção de celulose. A clonagem pode ser realizada pela cultura de tecidos do vegetal, possibilitando melhoramentos genéticos, ou pelo procedimento de estaquia. Nesse último caso, árvores de características adequadas e bem adaptadas a uma dada região são cortadas e, a partir das brotações dos tocos, preparam-se as primeiras mudas. Essas mudas recebem cuidados especiais e fornecem estacas durante todo o ano, sendo assim, multiplicadas em grande escala. As estacas, plantadas em pequenos tubos, são levadas a casas de vegetação para que ocorra o enraizamento. Em seguida, as mudas produzidas são colocadas em ambientes abertos, onde permanecem até que atinjam o tamanho adequado para o plantio. Através da clonagem é possível reflorestar extensas áreas com árvores idênticas geneticamente, garantindo a qualidade e a uniformidade da matéria prima, o que favorece a produtividade florestal e industrial.
Além da estaquia que outros procedimentos podem ser utilizados na obtenção de mudas de
eucalipto? Leia com atenção o que dizem os autores abaixo citados, sobre a silvicultura.
A SILVICULTURA CLONAL
Xavier; Wendling e Luiz da Silva (2009) asseguram que a silvicultura clonal, pode ser
considerada como um veículo para os avanços da biotecnologia. O ramo da silvicultura clonal
possibilita a implementação de novas tecnologias destinadas ao cultivo de áreas florestais.
Dentre elas, se encontra a cultura de tecidos. Essa tecnologia é realizada “por meio da
micropropagação e embriogênese somática e têm sido alvo de vários trabalhos de pesquisa,
assim como a possibilidade de implementação da transformação genética para a obtenção de
plantas com desempenho silvicultural e tecnológico de interesse comercial” (p.16).
Para estes autores, compreender melhor a silvicultura clonal implica em ter como pré-
requisitos, o entendimento dos princípios específicos da Biologia e dos conceitos envolvidos
na multiplicação de plantas. De modo geral, a propagação das plantas superiores ocorre de
duas maneiras: sexuada e assexuadamente. Na primeira, o elemento de propagação é a
semente e a segunda, “tem nos propágulos vegetativos o meio de multiplicação da planta” (p.
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17). Denomina-se propágulo vegetativo, qualquer estrutura da planta, utilizada para fazer a
sua multiplicação vegetativa.
Conforme Xavier; Wendling e Silva (2009), a silvicultura clonal, é um ramo da
silvicultura que surgiu com base na enxertia, no início do século XX. Esse ramo da
silvicultura vem ampliando o seu potencial em razão da aplicação da biotecnologia e do
melhoramento genético, nas espécies florestais. Embora a clonagem de árvores seja pré-
requisito para a silvicultura clonal, ela vai além disso, pois os clones obtidos precisam ser de
boa qualidade, isto é, com características desejáveis a fim de atender as exigências técnicas e
econômicas. Assim, a silvicultura clonal, “compreende todo o processo de formação da
floresta, desde a seleção da árvore superior, passando pela multiplicação vegetativa, avaliação
em teste clonal e produção de mudas” (p. 22).
Após a leitura dos textos, retome a resposta que você elaborou para Lucas e Joana e
analise se é necessário acrescentar outras informações.
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO:
De acordo com o texto acima, como são conceituados os elementos de propagação das
plantas, pelas vias sexuada e assexuada?
Em qual das vias de propagação pode ocorrer variabilidade genética e em qual delas a
constituição genética se mantém inalterada?
As plantas que se propagam por via assexuada, podem apresentar algum tipo de
variação fenotípica?
Quais são os conhecimentos necessários para desenvolver a silvicultura clonal?
A propagação in vitro é muito utilizada na clonagem de plantas. Xavier; Wendling e
Silva (2009, p. 29) asseguram que “a condição in vitro indica, literalmente, no vidro”.
Você concorda com essa expressão?
( ) sim ( ) não
Justifique sua resposta:
_____________________________________________________________________
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TEXTO PARA LEITURA: CLONAGEM DE PLANTAS “IN VITRO”, Kerbauy
(p. 32-33)
O termo “clonagem”, hoje já incorporado ao cotidiano das pessoas significa a formação de indivíduos geneticamente idênticos a partir de células ou fragmentos de uma determinada matriz. Clone deriva etmologicamente do grego klón, que quer dizer “broto” e pressupõe, portanto a existência de um indivíduo gerador e a ocorrência de reprodução assexuada. A técnica da clonagem in vitro de plantas também conhecida por micropropagação, devido ao emprego de porções de tecidos bastante pequenas, tem se mostrado de enorme importância prática e potencial nas áreas agrícolas, florestal, horticultural, bem como na pesquisa em geral. A necessidade de colocação rápida no mercado de plantas de ciclo de vida longo, geralmente arbóreas e arbustivas, selecionadas após prolongados períodos de melhoramento genético faz da clonagem uma alternativa muito importante e indispensável aos dias atuais.
[...]
Particularmente na área de plantas ornamentais onde predominam plantas híbridas (gérbera, cravo,tulipa,orquídea etc.), a clonagem in vitro de matizes selecionadas tem permitido a compatibilização de demandas específicas do mercado interno e externo com atributos importantes como época de floração, coloração, tamanho e forma de flores, número de flores/planta, comprimento e resistência das hastes florais, tamanho e vigor das plantas.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO
Ramos (2001), nos diz que a clonagem de plantas, vem sendo muito empregada na produção
de laranja, uva, morango, pêssego, abacate, manga goiaba, entre outros.
(http://www.comciencia.br/reportagens /clonagem/clone10.htm).
“Outra vantagem da cultura in vitro é a rapidez com que se pode produzir um grande número
de mudas” Um segmento de bananeira, por exemplo, pode resultar, no prazo de um ano, em
um grande número de mudas, enquanto que, pelos métodos tradicionais, em um ano, a planta
produz poucas mudas. (http://www.embrapa.br/noticias/2002/ ).
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Fig. 2 - Bananeira
Com base na leitura dos textos acima discuta com seus colegas e estabeleça uma
comparação sobre a clonagem in vitro na fruticultura, com a necessidade de produção
de alimentos, para uma população em franco processo de crescimento.
Observe com atenção as imagens projetadas na TV-pendrive e discuta com seu grupo
as seguintes questões:
Fig. 3 - Estacas de roseiras Fig. 4 - Canteiro com estacas de pingo de ouro
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Fig. 5 - Estacas de pingo de ouro
- Você conhece as plantas projetadas nas imagens?
- Em que tipo de cultivo elas são utilizadas?
- Conhece a técnica de reprodução assexuada que está sendo empregada?
- Você conhece outras plantas que podem ser cultivadas com a utilização dessa mesma
técnica?
- Após a discussão, leia com atenção o texto abaixo:
AS TÉCNICAS CONVENCIONAIS DE REPRODUÇÃO ASSEXUADA COM
PLANTAS
Barbosa et al. (2007, p.110), acrescenta que as técnicas de reprodução assexuada
foram criadas pelo homem, “para facilitar a regeneração, possibilitando que pedaços de
caules, de folhas e de raízes venham formar plantas completas”. Essas técnicas propiciam ao
homem condições de cultivar plantas cujas características se pretendem preservar de uma
forma mais rápida. Estes autores explicitam como proceder para desenvolver as técnicas da
mergulhia, alporquia e enxertia.
A Mergulhia é o método de propagação vegetativa que permite enraizar uma porção da planta sem destacá-la da planta mãe. Assim, durante o enraizamento, ocorre o suprimento de reservas, de água e de hormônios pela planta-mãe, tornando o método
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mais efetivo. Neste processo um ramo da planta-matriz, após sofrer cortes ou anelagem, é forçado a passar por dentro do solo, deixando de fora a porção ligada à planta e a sua porção apical.
Nesse processo, após a formação das raízes no ramo que foi enterrado no solo, ele é
destacado da planta-mãe para ser plantado em outro local. Segundo estes autores a mergulhia
pode ser feita com qualquer planta que apresente disponibilidade de ramos. No entanto, este
procedimento é mais demorado e tem um baixo rendimento na obtenção de mudas.
Na alporquia, conforme Barbosa et al. (2007) é o solo que é levado até o ramo. Para
isso, após a remoção das folhas de uma região do ramo, fazem-se alguns cortes na epiderme.
“Em seguida, reveste-se a região com uma porção de substrato (terriço, pó-de-xaxim etc.)
úmido, que é envolvida com um filme plástico e amarrada nas partes inferior e superior do
alporque” (p. 129). Para se obter a muda enraizada, o ramo pode ser cortado abaixo do
alporque, logo que as raízes puderem ser observadas em contato com o filme plástico.
Barbosa et al. (2007, p.130) assegura que na enxertia “podem-se usar como cavalo ou
porta enxerto variedades ou espécies que contenham o sistema radicular resistente a
determinadas condições, e como cavaleiro ou enxerto, variedades de melhor produção”.
Afirmam ainda, que a enxertia é mais eficiente, quando há maior “compatibilidade entre
porta-enxerto (cavalo) e enxerto (cavaleiro)” (p. 131).
Ramos (2001) afirma que a enxertia é bastante utilizada para a produção de laranja
em grandes quantidades. “Desde que virou cultura em larga escala, a laranja é produzida por
clonagem” (p.2). No caso da enxertia em laranjas, utiliza-se como porta enxerto ou cavalo, o
limão cravo, por ser mais resistente as condições do solo. Esclarece ainda que no Brasil, as
pesquisas em clonagem vegetal se encontram bem adiantadas e as empresas de biotecnologia
investem muito nessa área de pesquisa.
ESTAQUIA
A estaquia, segundo Barbosa et al. (2007, p. 110) “é o processo de propagação
(multiplicação), no qual pequenas porções das hastes (caules), folhas ou raízes são postas sob
condições que favorecem o enraizamento (leitos de enraizamento)”, com o propósito de
formar uma nova planta. Essa técnica é bastante utilizada no cultivo de plantas ornamentais.
Guimarães e Bieski (2007) asseguram que para colocar em prática a técnica da
estaquia, é necessário destacar, folhas, ramos e galhos de uma determinada planta. Estas
partes destacadas são chamadas de mudas. Para essas autoras, uma boa estaca de caule,
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precisa ter cerca de 20 (vinte) cm de comprimento, 1 (um) a 2 (dois) cm de diâmetro, e conter
no mínimo 5 (cinco) gemas.
Nascimento (2004) assinala que a estaquia pode ser utilizada na propagação
assexuada de várias espécies de plantas. As estacas são obtidas a partir de porções de raízes,
caules, caules modificados (rizomas, tubérculos, bulbos), e folhas. Estas porções da planta,
quando colocadas em condições favoráveis se recompõem e formam uma nova planta com
características idênticas a planta-mãe. Para Nascimento (2004), o comprimento e o diâmetro
das estacas, dependem da espécie a ser cultivada. Na estaquia de folhas, por exemplo,
dependendo da espécie, é possível utilizar a folha inteira. No plantio de uma folha inteira,
mantém-se a parte basal para baixo, enterrando-a no substrato, para que ocorra o
enraizamento.
Ramos (2001) assegura que tradicionalmente, a clonagem de plantas é feita por
estacas. Em se tratando de estacas obtidas a partir do caule de uma planta, corta-se o mesmo
em várias partes. Cada uma dessas partes é plantada em local apropriado e dá origem a uma
nova planta, idêntica a original. “A vantagem dessa tecnologia é que se obtém uniformidade.
As plantas possuem todas, a mesma cor, o mesmo sabor e apresentam o mesmo período de
maturação” (P. 1) Segundo Ramos, a reprodução via clonagem, vem sendo utilizada em
plantações de árvores frutíferas, principalmente, quando se pretende produzir frutas em escala
comercial, de forma mais rápida.
TIPOS DE SUBSTRATO E ENRAIZAMENTO DAS ESTACAS
Fig. 6 - Preparo de vaso para o plantio de estacas de violeta
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O meio utilizado para o plantio das estacas é denominado substrato. Nascimento
(2004) afirma que na preparação do substrato é comum, entre outros, a utilização de terra,
areia, argila e compostos orgânicos. Alerta, no entanto, que é preciso observar às necessidades
da espécie que se pretende cultivar, antes de fazer a escolha do mesmo. Dentre os substratos
orgânicos, os mais utilizados são: casca de arroz, xaxim e casca de pinus.
De acordo com Nascimento (2004), o potencial de enraizamento pode variar em
função da qualidade da estaca obtida e, da influência de fatores externos, tais como: tipo de
substrato utilizado no plantio, água e temperatura. O enraizamento e o desenvolvimento da
nova planta estão relacionados ainda, com a época do ano. O plantio das estacas pode ser feito
em vasos ou canteiros, previamente preparados, dependendo da quantidade de estacas que se
quer plantar e da espécie que se pretende cultivar.
ESTACAS DA VIOLETA AFRICANA
Fig. 7 - Violeta em estado vegetativo
Segundo Pereira Neto, et al. (2004), a violeta africana (Saintpaulia ionantha Wendl.),
tem sua origem nas montanhas da Usambra, no leste da África. A violeta é uma espécie de
planta ornamental que vem sendo cultivada no Brasil, há bastante tempo. Como planta de
vaso, para decorar casas e outros ambientes, ela chama a atenção pela delicadeza e colorido
das flores. As características dessa planta são descritas por estes autores do seguinte modo:
planta de porte herbáceo, folhas ovais, verdes escuras com textura aveludada, produzem flores
simples ou dobradas com uma grande variação de cores, florescem o ano todo e suas flores
duram de 5 a 7 dias.
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As violetas são plantas fáceis de cultivar e ocupam pouco espaço. A propagação
dessa planta pode ser feita por meio da estaquia de folhas. Neste caso, Pereira Neto et al.
(2004), alertam que o tipo de substrato utilizado para o plantio das estacas precisa ser poroso e
rico em matéria orgânica. Para Barbosa et al. (2007, p. 126), na violeta africana, a brotação
“ocorre tanto com o pecíolo imerso em água quanto em leito de enraizamento”. Segundo estes
autores, as brotações surgem na extremidade do pecíolo, afirmam ainda que quando o pecíolo
é colocado na água, o processo de enraizamento é mais demorado.
Observe as imagens com o preparo de estacas e as diferentes fases da violeta africana
Fig. 8 - Retirada de estacas da base da planta
Fig.9-Plantio de estacas
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Fig. 10 – Fase inicial de mudas em desenvolvimento
Fig. 11 – Fase mais adiantada de mudas em desenvolvimento
Fig. 12 – Violetas com flores
Após a leitura e discussão do texto: as técnicas convencionais de reprodução
assexuada com plantas elaborem com o seu grupo de trabalho, um projeto
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contemplando o processo de estaquia, em um vegetal de seu interesse. Para isso, é
necessário formular uma pergunta, sobre o que você pretende investigar.
Sugestão:
Organizar uma visita no viveiro Municipal, para conhecer quais vegetais são
cultivados, por meio da utilização da estaquia.
ATIVIDADE PRÁTICA
TEMA: CLONAGEM DA VIOLETA AFRICANA, POR MEIO DA TÉCNICA DA ESTAQUIA, EM DIFERENTES SUBSTRATOS
Objetivos:
- Realizar a estaquia de folhas para clonar a violeta africana.
- Discutir o processo de reprodução assexuada nos vegetais.
- Preparar diferentes tipos de substratos.
- Comparar o potencial de enraizamento das estacas de folhas da violeta africana em areia lavada e no composto orgânico misturado com a terra.
- Descrever o processo utilizado na estaquia de folhas, obtidas a partir de uma planta sem flores.
- Relacionar o processo de clonagem por meio da estaquia com a produção de mudas em larga escala.
Problematização inicial:
- Você conhece a técnica da estaquia em vegetais? É possível clonar a violeta africana por meio da estaquia de folhas? Qual a vantagem e a desvantagem desse tipo de propagação nos vegetais?
- Realizar uma atividade prática para utilizar a técnica da estaquia de folhas
Materiais: vasos com plantas adultas para a obtenção de estacas, vasos de plástico pequenos com a base perfurada, luvas, areia lavada, composto orgânico, terra.
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Metodologia
- Questionar com os alunos os procedimentos adotados para colocar em prática a técnica da estaquia, como por exemplo: a preparação do substrato, a drenagem, a identificação dos tipos de substrato, a forma para obter as estacas sem prejudicar a planta-mãe; a transferência da estaca para os vasos que serão preparados; o local onde os vasos podem permanecer para obter a iluminação adequada sem receber diretamente a luz do sol; os cuidados que precisam ser tomados com as novas plantas.
Organização do conhecimento
1) Formar pequenos grupos para a leitura e discussão de um texto relacionado com o tema da atividade proposta.2) Discutir a atividade prática realizada e levantar possíveis hipóteses, tais como: o tipo de substrato pode influenciar o potencial de enraizamento das estacas? Que fatores contribuem para a emissão de brotações na estaca e no desenvolvimento da planta?3) Observar o experimento realizado de dois em dois dias, para verificar se a emissão de brotações e o potencial de enraizamento das estacas são iguais nos dois tipos de substrato? 4) Registrar as observações feitas para discutí-las com o grande grupo, com base na interpretação dos textos propostos para leitura.
Aplicação do conhecimento
- O potencial de enraizamento das estacas é igual nos dois tipos de substratos utilizados? Comente sua resposta.- Em qual dos substratos a planta se desenvolveu melhor? Que fatores contribuíram para o desenvolvimento da planta?- Que outros vegetais podem ser cultivados utilizando a técnica da estaquia?
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REFERÊNCIAS
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