TIMOTHY J. POWER et al., Voto obrigatório, votos inválidos e abstencionismo no brasil
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - Operação de ... · desenho ou escreva sobre os indígenas do...
Transcript of DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - Operação de ... · desenho ou escreva sobre os indígenas do...
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Autora: Profª Maria de Lourdes Mancino
Orientadora e co-autora: Profª. Drª. Cláudia Regina A. Prado Fortuna.
NRE: Londrina
Escola: Col. Est. Profª Maria José Balzanelo Aguilera – Ensino Fundamental e Médio
Disciplina: História - Ensino Fundamental - 6ª série
Disciplina de Relação Interdisciplinar: Artes
Disciplina de Relação Interdisciplinar: Geografia
Conteúdo Estruturante: Cultura
Conteúdo Específico: História e Cotidiano dos Kaingang
Tema: A Questão Indígena e o Ensino de História
Titulo: História e Cotidiano dos Kaingang na Região de Londrina
OS POVOS INDÍGENAS HOJE
Durante muito tempo, acreditou-se no desaparecimento dos indígenas por causa do
contato com o “civilizado”. Mas, 500 anos depois, o que se vê é algo bem distante disso. A
população indígena cresce a cada ano e com isso aumentam também suas reivindicações. Em
2008, havia cerca de 950 mil indígenas agrupados em 227 povos que falavam 180 línguas
diferentes.
Eles estão organizados e lutando incansavelmente pelo reconhecimento de seus direitos à
terra, à saúde, à educação, à capacitação para o trabalho, ao lazer, à segurança, à participação
política, etc.
Em relação à terra, a Constituição brasileira garante-lhes a sua posse. Por exemplo, o
artigo 231 diz que: “as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
nelas existentes”. Muitas terras indígenas são dotadas de grandes riquezas naturais e isso
desperta cobiça de garimpeiros, posseiros, investidores, fazendeiros, empresas, madeireiras,
Atividade inicial
Certamente você já cruzou com uma grande quantidade de
pessoas das mais diferentes aparências. Na nossa região é
muito comum encontrarmos indígenas da etnia kaingang.
De modo geral, o que você sabe sobre os indígenas? Faça um
desenho ou escreva sobre os indígenas do passado e no
presente. Nós, brasileiros, somos a mistura de várias etnias.
Você sabe de qual ou de quais etnias você descende?
Pesquise essa questão com os seus familiares.
questão com os seus familiares.
Etnia: grupo de indivíduos originados de uma ascendência comum e que
compartilham uma mesma cultura.
etc., que estão entrando e tomando posse das terras e das riquezas, causando danos
generalizados ao meio ambiente, como a contaminação das reservas de água na exploração do
ouro com o uso de metais perigosos, inundações de grandes aéreas para construção de
barragens, biopirataria, extração ilegal de bens da fauna e da flora das reservas indígenas.
OS INDÍGENAS SÃO TODOS IGUAIS?
Você acha que os povos indígenas são todos iguais? Saiba que existe uma grande
diversidade de culturas, de línguas, de rituais, de estilos de moradias, de organizações sociais,
de crenças, de costumes, etc. Atualmente a maioria das etnias indígenas vive em reservas, que
são áreas demarcadas e protegidas pelo governo. A área de uma reserva indígena deve incluir
não só a aldeia, mas também as terras ao redor, onde se pode plantar, caçar, pescar. É nas
reservas que os indígenas mantêm suas tradições e seus costumes. Os diversos grupos
indígenas apresentam algumas semelhanças e diferenças. Como diferenças pode-se destacar
que cada etnia possui sua língua, suas crenças, seu jeito de preparar alimentos, seu sistema de
casamento, suas formas de trabalhar, de construir casas, de organização social, etc. Nas
semelhanças, a terra pertence a todos, ou seja, a terra é de quem nela trabalha, as tarefas
cotidianas são divididas por sexo e idade. Todos os membros do grupo têm acesso ao
conhecimento; isto implica dizer que basta pertencer a um grupo para aprender como
sobreviver física e culturalmente. Os saberes das tradições são comuns a todos.
O fato de a grande maioria indígena viver em reservas, não significa que estão
alheios aos acontecimentos nacionais. Eles estão organizados em muitos movimentos
exigindo o direito à diferença e à cidadania. Muitos frequentam universidades e isso causa
Biopirataria - é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização
internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção sobre
Diversidade Biológica de 1992.
www.youtube.com/watch?v=bSN8CTjqkfg
Atividade
www.youtube.com/watch?v=bSN8CTjqkfg
Assista ao vídeo indicado acima e faça um relato do que a biopirataria representa para o
Brasil.
uma maior integração com outros grupos e novos conhecimentos. Os indígenas precisam de
autonomia para ser donos dos seus próprios destinos.
É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica específica de cada uma das
sociedades indígenas, compreender suas línguas e suas formas tradicionais de organização
social, de ocupação da terra e de uso dos recursos naturais. Isto significa o respeito pelos
direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio pacífico, por meio de um
intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.
INDÍGENAS VOTAM?
Segundo o Instituto Sócio-Ambiental “Todo cidadão brasileiro pode votar, desde que
possua registro eleitoral. Como o voto no Brasil é obrigatório, os índios são obrigados a votar
se tiverem mais de 16 anos e forem alfabetizados em língua portuguesa. Porém, se viverem na
aldeia e, segundo seus usos e tradições, o povo, coletivamente, decide não votar, esta decisão
prevalece sobre a obrigatoriedade da lei brasileira. Isso porque os povos indígenas têm o
direito constitucional de viver segundo seus usos, tradições e costumes”. Se desejarem,
também podem se candidatar a cargos políticos se cumprirem as leis nacionais e eleitorais.
Atividade
Buscar em jornais e revistas notícias e imagens sobre as condições indígenas na atualidade
e montar um painel.
Procurar em livros didáticos a forma como estes mostram os indígenas. Será que retratam
apenas no passado ou também falam da atualidade desses povos?
Os livros didáticos quase sempre trabalham com a noção de índios genéricos, ignorando a
diversidade que sempre existiu entre os inúmeros grupos? Por quê?
Como os noticiários da televisão mostram os indígenas?
Verificar se na escola existem alunos indígenas ou descendentes.
Você acha que a sua escola busca valorizar e respeitar as diferenças pluriétnicas? Ou seja,
a sua comunidade escolar é capaz de respeitar e conviver com as diferentes normas e
valores de outros grupos?
TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL ATUAL
Atividade
Pesquisar nomes de políticos indígenas em nível estadual e federal.
Na nossa cidade, existe alguma liderança política indígena? Quem é e onde atua?
Atividade
Você sabe qual é a língua indígena mais falada no Brasil atualmente?
Faça leitura da legenda do mapa acima e escreva o que significa.
No mapa, vemos a demarcação das terras indígenas. O que você acha quando dizem; “há
muita terra para pouco índio”.
OS KAINGANG
Os Kaingang são um dos povos indígena do sul do Brasil. Também conhecidos por
alguns nomes alternativos como: Caingang, Caingangue, Kanhgág, Kaingangue, Camé,
Coroados, Goyaná, Guaianá, Guayaná, Gualacho, Bugre.
A denominação Kaingang define ao mesmo tempo um povo indígena e a própria
língua falada por esse povo. Seu significado é: povo do mato ou povo da floresta. A
maioria dos Kaingang são bilíngües, ou seja, falam a língua materna e o português. Nas
escolas indígenas, os conteúdos são ensinados nas duas línguas.
No sistema Kaingang, a filiação a uma metade clânica é definida patrilateralmente,
ou seja, os filhos de ambos os sexos vão pertencer à metade do pai e não a de sua mãe. Os
filhos, tanto meninas como meninos, pertencem à mesma seção de seu pai. Neste sentido,
filhos e filhas devem casar com a mesma metade de onde veio a sua mãe.
Os Kaingang formam o grupo indígena mais populoso do sul do Brasil, vivendo em
mais de 30 terras distribuídas nos estados do sul.
Estudos arqueológicos e lingüísticos apontam que os Kaingang são do grupo
lingüístico Jê, originado nas nascentes dos rios São Francisco e Araguaia no Brasil Central e
deslocaram-se para o sul do continente onde vivem desde o sul de São Paulo, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e avançando até a região leste da Província de Missiones, na
Argentina. Atualmente, segundo dados do Instituto Sócio Ambiental (ISA), “os Kaingang
somam 33 mil pessoas e vivem em mais de 30 Terras Indígenas que representam uma
pequena parcela de seus territórios atuais”. Só no Paraná, conforme informa o Portal
Kaingang, existem cerca de 9.000 mil índios. A bacia do rio Tibagi hoje abriga 5 Terras
Indígenas Kaingang: Reserva de Apucaraninha, em Tamarana; Reservas Barão de Antonina e
São Jerônimo, em São Jerônimo da Serra e Reservas de Queimadas e Mococa em Ortigueira.
TERRAS INDÍGENAS KAINGANG
A COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ E A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO
KAINGANG
Os Kaingang são habitantes das terras da região de Londrina muito antes da chegada
do homem branco nesta região. Foram "colonizados e pacificados" no período de 1.770 a
1.930. A partir daí, tiveram seus territórios expropriados e perderam sua autonomia enquanto
grupo, pois passaram a viver em aldeamentos administrados por outras pessoas ou órgãos,
vendo-se privados de seus saberes e de seus amplos territórios de sobrevivência.
A ocupação do território paranaense se deu sob a ótica do “vazio demográfico”. Esta
idéia de áreas “despovoadas” permitiu aos colonizadores apropriarem-se dos territórios
Kaingang de forma brutal, ignorando sua presença, ou seja, os índios eram invisíveis aos
olhos do colonizador. O colonizador é que passou para a “história” como um heróico
desbravador e os índios passaram para a “história” como um incômodo para o
desenvolvimento da região. Quase nunca se mencionam as atrocidades cometidas contra eles,
nem à resistência ante a tomada das suas terras e a destruição de suas culturas e de suas vidas.
Os Kaingang não aceitaram passivamente a presença do branco e reagiram de muitas
maneiras diante do avanço da colonização. Invadiam os núcleos de povoamento e as
plantações dos brancos, fugiam para o interior, longe da influência dos colonizadores para
tentar manter suas terras. Pois, para os Kaingang, a terra está relacionada à sua origem, sendo
muito mais do que um simples meio de subsistência e por estar diretamente ligada a um
sistema de crenças e conhecimento. Na cultura Kaingang, quando uma criança está suja de
Atividade
Analise o mapa e:
1- Circunde com lápis colorido o contorno do Estado do Paraná.
2- Quantas e quais são as Terras Indígenas Kaingang no Paraná?
3- Qual é o nome da Terra Indígena Kaingang da região de Londrina? Localize-a no mapa
e a circule.
4- Ao observar o mapa, você poderá perceber que os Kaingang se concentram longe do
litoral. Por quê?
5-Você saberia dizer qual era o povo indígena que vivia na área hoje ocupada pelo
território do Estado do Paraná, quando da chegada de Cabral?
terra, significa que a criança brinca e a terra não é sujeira. É da terra que provém a vida, sem
ela não tem vida. (Cartilha, 2003).
Para que os conflitos entre os indígenas e os brancos fossem amenizados, foram
construídos aldeamentos onde os indígenas tinham que se submeter aos costumes e às
vontades dos brancos, pois assim os territórios indígenas estariam livres para ser explorados,
retirando daí as riquezas que os colonizadores tanto apreciavam como metais, vegetais,
animais, etc. Esta situação acabou resultando, nos séculos XIX e XX, nas reservas indígenas,
ou seja, pequenas parcelas dos seus antigos e vastos territórios tradicionais, ficando assim
confinados em pequenas áreas – as TIs – Terras Indígenas – onde vivem como povos
tutelados, enclausurados, onde sua liberdade se restringe a esse espaço.
Atividade
a) Com base no texto, e no seu conhecimento sobre os indígenas, responda à questão a
seguir. Você acha que é necessário olhar a História do Paraná numa visão diferente da
visão do colonizador, levando em consideração a presença e a reação das várias etnias
indígenas que aqui viviam? Por quê?
b) Pesquisar quais povos habitavam a região de Londrina quando os colonizadores
chegaram. Onde e como vivem atualmente?
c) Conforme vimos no texto, foi veiculada a idéia de que a região onde hoje se situa o
Estado do Paraná era um grande vazio demográfico. Qual é o significado de vazio
demográfico? A região era mesmo despovoada? Por que foi difundida a idéia de vazio
demográfico?
Tutelados – significa índios resguardados, protegidos.
Vazio demográfico: áreas despovoadas,ou seja, sem habitantes.
Colonização - é o ato de colonizar, ou seja, quando pessoas de um determinado país ou
região vão para uma outra região (desabitada ou com nativos) para habitar ou explorar.
No processo de colonização, ocorre a influência ou transferência cultural dos
colonizadores para os colonizados e vice-versa.
OS ÍNDIOS KAINGANG DA REGIÃO DE LONDRINA
A RESERVA APUCARANINHA
No Paraná, existem aproximadamente 10 mil indígenas, habitando 85.264,30
hectares de terras. Esta área está distribuída em 17 terras, abrigando as etnias Guarani,
Kaingang e remanescentes do povo Xetá.
No norte do Paraná, temos a reserva de Apucaraninha, que fica a cerca de 100
quilômetros de Londrina, onde está sediada a administração regional da FUNAI – “Fundação
Nacional do Índio”. A reserva se localiza no município de Tamarana, que significa longa
espada ou clave de madeira na língua Kaingang.
SALTO DO APUCARANINHA
Fonte: http://jornalsullondrina.blogspot.com/2010/02/salto-do-apucaraninha-e-opcao-de.html
A reserva leva o nome de Salto do Apucaraninha devido a uma bela queda de água
com cerca de 125 m de altura. As formações rochosas, que se localizam pouco antes da
entrada da aldeia Kaingang, lhes dão uma beleza natural. Em épocas passadas, os rios e as
matas da região eram importantes fontes de alimentos para os Kaingang, mas hoje quase não
há peixe, nem caça, obrigando-os a se adaptarem a outros tipos de sobrevivência.
LOCALIZAÇÃO DA TERRA INDÍGENA APUCARANINHA
A Terra Indígena (TI) do Apucaraninha possui uma área de 6.300 hectares e está
limitada ao norte pelo Rio Apucaraninha, ao sul pelo Rio Apucarana, a leste pelo Rio Tibagi e
a oeste por alguns pequenos rios.
A CESTARIA KAINGANG DO APUCARANINHA
A cestaria (balaios, cestos, baús, peneiras, etc.) Kaingang atualmente se mostra como uma
importante fonte de desenvolvimento sustentável para famílias da Reserva do Apucaraninha,
através do Projeto Kre Kygfy ou “CestoTrançado”. Desenvolvido pela Associação das
Mulheres Artesãs Kaingang da Bacia do rio Apucaraninha – AMAK - da região de Londrina
(PR), este projeto visa à produção e valorização dos objetos artesanais dentro de uma
perspectiva etno-ecológica.
A PINTURA CORPORAL É REPRESENTADA NAS CESTARIAS
Mulher e homem Kaingang preparados para o ritual da Dança Tradicional Kaingáng
Grupo de Dança "Vãnh Ton" Aparecido Pajú
(coordenador do grupo de dança)
Pintura Kairu (círculos) Pintura Kamé ( riscos)
O trançado Kaingang possui formas e motivos gráficos que são ligados ao modo de
vida social e cultural desse povo. Representa a organização social dual marcada por duas
metades clânicas, personificadas nos heróis míticos Kamé e Kairu que se opõem e se
complementam. Cada uma dessas metades possui pintura corporal diferente. Os Kamé
possuem pinturas em riscos; compridos, longos, altos e abertos. Já os Kairu possuem pinturas
em círculos, quadrangulares, baixos e fechados e essas diferenças são representadas em suas
cestarias. Assim, cada objeto produzido carrega consigo importantes marcas e códigos da
cultura e comunicação entre os Kaingang e ainda revela o seu pertencimento familiar. É
através dela que se manifesta a marca de seu estilo grupal e que se reafirma a herança cultural
desse povo, além de preservar sua identidade étnica.
Os motivos das cestarias ainda podem representar animais, plantas, e seres
cosmológicos, ou seja, os desenhos da cestaria evidenciam a organização social, natural e
sobrenatural dos Kaingang.
A TECNOLOGIA DO TRANÇADO
A arte indígena de confeccionar cestos e outros objetos requer conhecimento
tecnológico uma vez que essa arte tem a concepção de mundo de tal sociedade. E são as
mulheres que detêm essa tecnologia. Os homens participam colhendo e preparando a matéria-
prima para sua confecção. Na arte Kaingang, os cestos são confeccionadas por mulheres e
apresentam muitas variedades de modelos, estilos e forma e, a princípio, eram utilizados
como utensílios domésticos para acondicionar os mais diversos produtos; alguns eram
revestidos com cera de abelha para armazenar líquidos.
DA EXIGÊNCIA DO MERCADO A PRESERVAÇAO DO TRANÇADO
Atualmente a confecção de cestos e de outros objetos artesanais serve para atender
uma necessidade do mercado, ou seja, o artesanato é confeccionado com a finalidade de
comercialização. Para Tommasino (1995), “o incremento da cestaria como objeto de
comercialização também parece ter permitido a preservação da arte do trançado Kaingang,
levando-se em conta que os demais produtos artesanais foram desaparecendo à medida que
entravam os produtos sucedâneos do mundo exterior” (p.301).
A atividade artesanal de confecção das cestarias possibilita a recuperação,
revitalização e valorização do trançado Kaingang ao utilizar diversas fibras naturais como a
criciúma, o cipó-imbé, o bambu, a taquara, o urucum, a embira, o rami, etc. A coleta destas
espécies obedece o calendário lunar Kaingang e só é feita durante a lua minguante.
O APRENDIZADO INFANTIL
Em todo o processo de produção das cestarias, as mulheres mais velhas e detentoras
das técnicas tradicionais de fabricação são as responsáveis para passar esse conhecimento
para as próximas gerações. As meninas, desde muito pequenas, observam e manuseiam as
matérias-primas da arte de trançar, confeccionando seus pequeninos cestos.
http://home.londrina.pr.gov.br/assistenciasocial/kaingang/aspectos_culturais.htm
acesso em 15/08/2009 e 10/04/2010
Atividade
Assistir ao vídeo: “Salto Apucaraninha”, disponível no site
www.youtube.com/watch?v=bSN8CTjqkfg realizado pelo Projeto KRE – Kygfy
– Trançado Kaingang – da T.I. Apucaraninha.
Após a exibição do filme, os alunos deverão escrever sobres as diversas etapas da
confecção das cestarias e a participação das meninas em todo o processo.
O POVOAMENTO DA AMÉRICA
Como explicar que, quando os europeus chegaram ao continente americano, já havia
aqui milhões de habitantes? Como os seres humanos chegaram até aqui, uma vez que,
segundo os estudiosos, o surgimento dos seres humanos ocorreu na África? Existem várias
hipóteses. Entre elas, estão as de que os primeiros habitantes da América vieram da Ásia
através do Estreito de Bering (Rota Asiática) e da Oceania (Rota Malaio-Polinésia) em muitas
viagens, há milhares de anos atrás, e alcançaram o continente americano através das ilhas do
Oceano Pacifico.
Atividade
Você é um pesquisador e quer saber como o nosso continente foi habitado. Comece,
localizando no mapa, o Estreito de Bering, a Malásia, a Polinésia e a Oceania. Depois
compare com o mapa-múndi atual e escreva a sua versão para o povoamento do
continente americano.
Você acredita que os nativos americanos são realmente descendentes de asiáticos? Por
quê?
A DENOMINAÇÃO DOS NATIVOS AMERICANOS
Por que os nativos das Américas foram chamados de índios? Esta história começou
com a chegada do navegador italiano Cristóvão Colombo que, em nome da Coroa Espanhola,
empreedeu uma viagem, em 1492, rumo às Índias. No caminho, deparou-se com uma região
que acreditou ser as Índias mas que, na verdade, era o atual continente americano. Foi assim
que os nativos do nosso continente receberam o nome genérico de “índios” ou “indígenas”.
Índias - na época do descobrimento era uma região da Ásia
A OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DO PARANÁ
Graças aos estudos arqueológicos, históricos, geográficos, lingüísticos,
paleontológicos, etc, sabemos que, na região do nosso Estado, já existiam pessoas há milhares
de anos antes da chegada dos europeus. Nessas pesquisas, foram encontrados vestígios
arqueológicos das diferentes etnias indígenas aqui existentes tais como restos de cultura lítica,
de cerâmica e também de origem religiosa. Os indígenas usavam os artefatos líticos (feitos de
pedra) para moer grãos, derrubar e cortar árvores, caçar, colher, preparar alimentos, etc.
Também foram encontrados fósseis humanos, de animais, restos mortais em urnas funerárias,
resquícios de fogueiras, pinturas rupestres, instrumentos de pesca, de caça, sambaquis e outras
peças líticas como talhadores, mão-de-pilão, lâminas de machados polidas, pontas de lança,
vasos, etc. Tudo isso foi e ainda são catalogados por estudiosos através do método científico
do carbono 14 (C-14). Essas provas científicas evidenciam a existência humana no continente
americano bem antes da chegada do homem branco.
Veja a imagem em: HTTP://www.museuhistoricodopioneiro.blogspot.com/2008/05
Atividade
1- Cristóvão Colombo era de qual nacionalidade? Estava a serviço do rei de qual
país? Qual era o principal objetivo de Colombo? Por quê?
2- Se você pudesse mudar a denominação “índios” dos nativos americanos, que
nome daria?
3- Pesquise em dicionários ou na internet e anote em seu caderno as definições de
índio, indígena, ameríndio, aborígene, nativo e povos pré-colombianos.
LÍNGUAS INDÍGENAS X LÍNGUA PORTUGUESA.
É muito grande na nossa língua, dita portuguesa, o uso de palavras de origem
indígena. Esses vocábulos dão nomes a lugares, cidades, alimentos, plantas, nomes próprios,
de animais, objetos, etc.
Atividade
Você é um arqueólogo e vai explicar, através de um texto, de um desenho, ou de história
em quadrinhos como nós temos tantas informações de como viviam os habitantes da
América pré-colombiana.
Carbono 14 - O Carbono-14 (C-14) é um método científico descoberto pelo Dr. Willard
Libby, que data a idade de materiais, como o tecido, através da quantidade de partículas
de Carbono-14 encontradas no mesmo.
Vestígios arqueológicos – são restos materiais (objetos, pinturas, ossos, cerâmicas, etc.)
de antigas populações humanas.
Paleontologia – a Paleontologia é uma ciência que estuda, através dos fósseis, os
animais e vegetais que viveram no passado. Buscam informações como: idade do fóssil,
condições de vida e morte do ser fossilizado; características, influências ambientais,
entre outras.
Arqueologia – é a ciência que estuda a cultura material das sociedades que têm escrita
ou não e permite ao pesquisador reconstituir o modo de vida de antigas sociedades.
ALIMENTOS INDÍGENAS
Mulher Kaingang preparando o garpé (milho tradicional kaingang)
O milho tem uma grande importância para alimentação indígena. Os Kaingang o
usam de muitas formas: fazem o pise (comida típica à base de farinha de milho torrada nas
cinzas), a kajika (canjica), o entô (milho cozido na brasa), o bolo da cinzas (êmi) (pão
típico), gãru (pipoca), pamonha com milho verde, etc. Além de bebidas como o Kiki em que
o ingrediente principal é o milho.
Atividade
Em grupos, fazer o levantamento de palavras indígenas que usamos no nosso cotidiano,
incluindo nomes de cidades paranaenses e o próprio nome do estado e confeccionar um
pequeno dicionário com os seus devidos significados.
Muitos alimentos que utilizamos hoje são de origem indígena. Por exemplo, a
mandioca, a batata doce, a jabuticaba, a pitanga, a cambuquira, a abóbora, o pinhão, fruto do
pinheiro (Araucaria angustifolia ), etc. Outros produtos nativos de várias regiões do Brasil
tiveram muita importância para a alimentação e comércio no período colonial como as ervas
aromáticas, as plantas medicinais, as castanhas, a erva-mate, o anil, o cacau, a baunilha,
madeiras etc. Alguns desses produtos eram considerados especiarias, pois tinham grande valor
comercial e geravam lucros para os europeus, que usavam a mão-de-obra indígena para
extraí-los das florestas, pois os indígenas eram grandes conhecedores das matas.
Solene dos Povos Indígenas do Mundo
Nós, Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo.
Nós, povos indígenas do mundo, unidos numa grande assembléia de homens sábios,
declaramos a todas as nações:
quando a terra-mãe era nosso alimento,
quando a noite escura formava nosso teto,
quando o céu e a lua eram nossos pais,
quando todos éramos irmãos e irmãs,
quando nossos caciques e anciãos eram grandes líderes,
quando a justiça dirigia a lei e sua execução,
aí outras civilizações chegaram!
Atividades
Pesquisar algumas variedades de produtos do sul do Brasil e montar um painel com
desenhos, fotografias ou exemplares.
Pesquisar as seguintes lendas: do Milho, do Fogo, da Erva-mate, da Gralha Azul, das
Cataratas do Iguaçu e da Araucária. O resultado dessa pesquisa deverá ser apresentado
em forma de livretos ilustrados.
Lendas – elas buscam no repertório mítico e poético brasileiro
explicar o surgimento dos seres e das coisas.
Com fome de sangue, de ouro, de terra e de todas as suas riquezas,
trazendo numa das mãos a cruz e na outra a espada
sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos,
nos classificaram abaixo dos animais, roubaram nossas terras
e nos levaram para longe delas, transformando em escravos os “filhos do Sol”.
Entretanto, não puderam nos eliminar!
Nem nos fazer esquecer o que somos,
porque somos a cultura da terra e do céu,
somos de uma ascendência milenar e somos milhões.
Mesmo que nosso universo inteiro seja destruído,
NÓS VIVEREMOS
por mais tempo que o império da morte!
Port Albemi, 1975, Conselho Mundial dos Povos Indígenas.
Atividades
a) Após fazer a leitura da declaração acima, reflita sobre o assunto e faça uma síntese da
idéia principal.
b) No texto da declaração, é possível perceber como os indígenas do continente americano
viram a chegada e os interesses do homem branco. Escreva sua opinião
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Índios no Brasil.
Brasília, 1999. Cadernos da TV Escola, n. 1
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Índios no Brasil.
Brasília, 1999. Cadernos da TV Escola. n. 2
BRASIL, Lei n.11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de
1996, modificada pela Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece para diretrizes e
bases da educação nacional, a obrigatoriedade da temática “História e cultura Afro-Brasileira
e Indígena.”
BOULOS Júnior, Alfredo. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2009.
LUCIANO, Gersem dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos
indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006. (Coleção
Educação Para Todos. Série Vias dos Saberes, v. 1)
MOTA, Lúcio Tadeu. As Guerras dos índios Kaingang: a história épica dos índios
Kaingang no Paraná (1769-1924). Maringá: EDUEM, 1994.
PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA. Folder-KRE-Kygfy. Trançado Kaingang –,
2007. (Folhetos explicativos sobre os projetos da Secretaria de Ação Social junto aos
Kaingang da Reserva do Apucaraninha)
PROJETO ARARIBÁ. História/obra coletiva. 1.ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2006
RODRIGUES, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto. São
Paulo:Renovada, 2009.
TOMMASINO, Kimiye. A história dos Kaingang da bacia do Tibagi: uma sociedade Jê
meridional em movimento. 1995. Tese (Doutorado em Antropologia Social). USP, São
Paulo, 1995.
SITES
FUNAI - Fundação Nacional do Índio. Povos Indígenas. Disponível em:<
http://www.funai.org.br>. Acesso em: 03 ago. 12 dez. 2009.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O números dos índios no Brasil.
Disponível em:<http://www.ibge.org.b >. Acesso em: 10 set. 2009.
ISA - Instituto Sócio Ambiental. Povos Indígenas do Brasil. Disponível em:<
http://www.institutosocioambiental.org.br>. Acessos em: 04 ago., 16 dez. 2009.
PARANÁ INDIGENA. Organização Indígena. Assessoria Especial de Assuntos Indígenas
do Paraná. Disponível em: <www.ambientebrasil.com.br>>. Acesso em: 10 abr. 2010
BAÇO, José António. Um encontro com os homens invisíveis de volta aos "tristes trópicos".
Disponível em:<http://amazonia.no.sapo.pt/HomemInvisivel.html>.Acessos em 10 de
fevereiro e 15 de março de 2010.
http://home.londrina.pr.gov.br/assistenciasocial/kaingang/aspectos_culturais.htm - Acessos
em: 15-06-2010 e 10-03-2010
http://home.londrina.pr.gov.br/assistenciasocial/kaingang/krekygfy.htm
www.ambientebrasil.com.br/ - Acessos em 07/08/2009 e 08/04/2010
www.atica.com.br/historia/gislaneereinaldo/apresentacao.asp. Acessos em: 04/04/2010 e
25/04/2010
www.comin.org.br/news/publicacoes/1207077349.pdf - Acessos em 5/02/2010 e 02/04/2010
www.etnolinguistica.org/lingua:lingua:kaingang/p/1. - Acesso em 10-04-2010
www.exsurge.com.br/santosudario/.../otestecarbono14.htm. Acesso em: 10-05-2010
www.midiaindependente.org. Acesso em: 03/05/2010
www.suapesquisa.com/o_que_e/colonizacao.htm - Acesso em: 10-05-2010
www.portalsaofrancisco.com.br/.../linguas - indigenas-no-brasil-2.php. Acesso em 11/04/2010
www.portalkaingang.org.br - Acessos em 02/08/2009 e 01/03/2010
www.wikipedia.org. Acessos em: 08/08/2009 e 06/04/2010
www.youtube.com/watch?v=bSN8CTjqkfg. Acesso em: 08-05-2010
www.youtube.com/watch?v=h4nC0h2Q85k&feature=PlayList&p=90BA692E4B0BE868&pl
aynext_from=PL&playnext=1&index=444