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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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Esta sequência didática com o gênero textual/

discursivo fábula tem por objetivo contribuir para

despertar no aluno o gosto e o prazer da leitura e ampliar

seus conhecimentos a fim de que interajam com o texto

(fábula) e compreensão de textos literários para a

formação de leitores críticos e para o desenvolvimento da

expressão escrita. Sua forma de composição é modular.

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Os valores humanos são uma energia que pulsa em todos os seres humanos. Estão vivos e presentes no pensamento humano a todo momento, determinam o comportamento e orientam a inteligência e a criatividade. Estes integram o conhecimento, a família, escola e a vida em sociedade. Veinculam na escola nas circunstâncias da vida, construindo uma consciência da ética e moral a partir dos textos trabalhados. Fábula é um gênero discursivo que sempre atraiu a atenção de adultos e crianças. Os primeiros utilizam-nas em uma tentativa de transmitir lições de moral, já que as crianças são atraídas pelo lado lúdico e fantástico que estão contidos nessas histórias. Acreditamos que as fábulas possibilitam reconhecimento e análise crítica sobre o homem, o amor, caridade, prudência, justiça, honestidade, paciência, respeito, responsabilidade, fortaleza, saberes, em determinados contextos que surgem em suas vidas, e ainda mais em saberes científicos e linguísticos.

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Animais que falam, sentem ciúmes, inveja, são maldosos, uns são fraternos ou não, acham que a liberdade não vale a pena, outros que só querem liberdade, são trabalhadores, outros que vivem às custas dos outros, frustram-se e dão culpa às circunstâncias... A maioria das fábulas têm com personagens animais ou criaturas imaginárias ( criaturas fabulosas) que representam, de forma alegórica os traços de caráter ( negativos e positivos) dos seres humanos. Embora, é claro, os animais nunca tenham falado como nós seres humanos, a imaginação da humanidade – em todos os tempos e lugares, o simbolismo dos animais e o princípio moral são fatores que favorecem a memorização. Ocorre que muitas dessas histórias foram escritas muito, muito, muito tempo atrás.

A professora fará indagações ou questionamentos aos alunos

para sondar o que eles sabem a respeito do gênero fábula, quais

fábulas conhecem (conhecimento prévio), levar os alunos até

ao laboratório de informática para que pesquisem e aprofundam-

se a respeito do gênero em estudo como: conceito, características,

estrutura, origem e os objetivos centrais em relação ao estudo do

gênero discursivo fábulas.

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Para Tersariol(1983), Fábulas: (lat. Fari + falar e Gr. Phaó + dizer, contar

algo) é uma narração curta, de natureza simbólica, onde os personagens são

animais , o objetivo dessa narrativa é transmitir uma moralidade O nascimento

da fábula coincide com o aparecimento da linguagem, vindas do conhecimento

popular, transmitidas de boca em boca e que encerram um certo ensinamento

sob algum aspecto da vida, por se tratar de um gênero transmitido oralmente,

as fábulas costumam ter muitas versões, a mesma história ganha roupagens

diferente, em época e regiões diferentes. Segundo Oswald O. Portella (1983) a

fábula é um gênero híbrido que possui uma linguagem própria, as palavras são

medidas e direcionadas para um alvo bem definido: a moral, assim a fábula foi

o meio encontrado para proclamá-la sem que o homem a rejeitasse de pronto.

Dificuldade literária, desse gênero alegórico é manter a analogia entre

uns e outros. Desconhecendo-se essa lei, o relato corre o risco de tornar-se

incoerente, que, por exemplo, no caso de os animais manifestaram-se em sua

própria natureza a ponto de nos fazerem esquecer que representam homens,

que no caso de agirem de modo tão humano que não pareçam mais animais.

Os mestres da fábula (Esopo, Fedro, La Fontaine) primam por essa harmonia

entre significante e significado, entre máscara e face. Alguns traços distintos

concedidos aos animais permanecem constantes em países diferentes. Veja,

por exemplo: o gato é hipócrita e sem escrúpulos; a raposa, astuta; o lobo,

violento e ferozmente independente; o burro, estúpido; o pavão, vaidoso; a

galinha, idiota,etc. Além de observar o estudo do gênero discursivo fábula,

retomando o que foi comentado no início desta sequência didática a respeito

da leitura que se deve despertar o gosto e o prazer, objetivando tornar o leitor

mais interativo com o texto.

A leitura tem sido na escola o cumprimento de uma formalidade. Ao

priorizar o processo de associar sons e letras, decodificar palavras isoladas,

formar frases e períodos, afasta-se o aluno do real sentido da leitura, que é a

possibilidade de mergulhar no universo conceitual do outro. Para desenvolver

esta prática, é importante redimensionar o conceito de leitura que, na

perspectiva teórica, não pode ser apenas decodificação para o domínio dos

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aspectos mecânicos, da fluência e boa dicção. Estes são aspectos

necessários, mas não suficientes, quando se concebe a leitura também como

processo interacional entre o leitor, o autor e o contexto, como afirma Leffa, ―ao

propor uma definição de leitura, afirma que a leitura é um processo feito de

múltiplos processos, que ocorrem tanto simultânea como sequencialmente;

esses processos incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de

modo automático na leitura proficiente, até estratégias de alto nível, executadas

de modo consciente ―(LEFFA, 1996 p, 35,).

A leitura, em uma concepção de linguagem interacionista ultrapassa a

compreensão da superfície, ela é mais do que um entendimento das

informações explícitas, processo dinâmico entre sujeitos que constituem trocas

de experiências por meio do texto escrito. É preciso que o aluno leia material

explícito, mas também o implícito, o subentendido, o extralinguístico.

Segundo Tersariol (1983),os conceitos das fábulas são:

La Fontaine ( séc. XVII) – ― A fábula é uma pequena narrativa que, sob o véu da ficção, guarda uma moralidade.‖

Fedro (séc.I d.C.) – ― A fábula tem dupla finalidade entreter e aconselhar.‘

Theon (séc. I d.C. – ‗ A fábula é um discurso mentiroso que retrata uma verdade.‖

Segundo Tersariol(1983), nas fábulas podemos fazer duas leituras independentes:

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1- A narrativa propriamente dita cuja estrutura narrativa sempre se

repete:(professor dar de pesquisa os elementos da narrativa)

- situação inicial: é a parte do enredo que situa o ouvinte / leitor /espectador diante da narrativa - conflito: O desenvolvimento (ou complicação) é a parte em que a história toma forma, sendo normalmente a parte mais extensa do enredo. É durante o desenvolvimento que o conflito (ou conflitos, uma vez que é possível existir mais de um conflito ou mais de um enredo em uma mesma narrativa) envolve em direção a uma resolução. - desfecho: No desfecho (ou desenlace), há a resolução do conflito e o destino

das personagens se revela.

1- Moral – linguagem temática, dissertativa. Ela pode ser usada e analisada independentemente da fábula. A fábula nos leva a dois mundos: o imaginário, o narrativo, fantástico; e o real, dissertativo, temático. A moral pode ser expressa por uma máxima no início ou no final, ou vir subentendida Trata-se, antes de tudo, de instruir os homens. A partir de certo contexto histórico (algumas Fábulas de Esopo são na realidade escritos políticos destinados a prevenir as cidades gregas contra diversos perigos), extraem-se lições duradouras: as que louvam a generosidade e a humanidade ou as que condenam a ingratidão e a arrogância. A moral das fábulas ressalta quase sempre um certo bom-senso cuja origem é popular; ela se quer antes fruto de uma observação do que regra de conduta.

SERÁ QUE A SUA MORALIDADE, OU SEJA, SEUS ENSINAMENTOS TÊM

O MESMO VALOR NOS DIAS ATUAIS?

A composição da fábula é em verso e prosa.

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Segundo Tersariol(1983), a fábula nasceu ao mesmo tempo na África, na Europa e no Oriente. A fábula floresceu, como o conto e o provérbio, no folclore de todos os países. Desenvolveu-se de modo especial no Oriente, como testemunham os apóstolos bíblicos e as fábulas indianas. Na índia, foi favorecida pela crença no panteísmo e nas reencarnações, a qual estabelece vínculos estreitos entre os homens e animais. As fábulas orientais, da Índia ou da Pérsia, possuem grande valor evocativo e poético; citem-se as do brâmane lendário Pilpav; o ― Livro dos reis‖, do poeta persa Firdusi; e o ― O Jardim das rosas‖, do poeta persa Saadi. A fábula ocidental caracteriza-se sobretudo pelo espírito malicioso e moralizador. Com os gregos Esopo e Babrius, é breve e didática; com o latino Fedro, enriquece e adquire mais vida.No século XX, Anowith renovou o gênero com sua coletânea de ―Fábulas‖ (1962).

Trata-se, antes de tudo, de instruir os homens, educá-los,

formando-os indivíduos pensantes, criativos, críticos, éticos... Quem

de nós já não passou por situações do contexto das fábulas?

pessoas querendo levar vantagens em tudo ? (o simbolismo da

raposa nas fábulas);

pessoas hipócritas e sem escrúpulos? (a simbologia do gato);

pessoas vaidosas e “achando-se”? (simbologia do pavão);

Enfim, são histórias que nos permitem conhecer a nós mesmos,

fazendo a leitura e releitura nos contextos e circunstâncias dos

pressupostos das nossas vidas.

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O pavão zombava da grua por causa da cor de sua plumagem: — Minha roupa é de ouro e púrpura, já a tua plumagem não tem nenhuma beleza. — Só eu — respondeu a grua — canto entre as estrelas, e meu vôo me leva às alturas; tu, igual a um galo, caminhas pela terra como a galinhada.

Melhor a glória em andrajos que a desonra no fausto.

Passeando o Pavão com ufania,

É fama que dissera ao Corvo um dia:

- Repara quanto devo à natureza;

Olha que lindas cores, que viveza!

Que adorno, que matiz! Olha este rabo!

Em mim não há senão; e tu diabo,

Negro como um carvão, como um bisouro,

Inda és, de mais a mais, ave de agouro!

O Corvo, que na língua não tem papas,

Lhe responde: - Essas penas são mui guapas;

Mas, para refrear teu desvario,

Observa d‘essas pernas o feitio.

Ainda ( quem dará crédito a isto?)

As pernas o Pavão não tinha visto;

Mas que muito, se há gente, e gente grave,

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Que em seus olhos não vê nem uma trave?

1 - PROCURE NO DICIONÁRIO AS PALAVRAS QUE VOCÊ NÃO

SABE O SIGNIFICADO DAS FÁBULAS DE O PAVÃO E A GRUA

DE ESOPO E O CORVO E O PAVÃO DE MANUEL MARIA

BARBOSA DU BOCAGE.

2- NO VERSO: ( FÁBULA DE BOCAGE) O QUE SIGNIFICA A

EXPRESSÃO: ― O CORVO, QUE NA LÍNGUA NÃO TEM PAPAS‖

3 – EXPLIQUE A MORAL DAS DUAS FÁBULAS ACIMA DE

ESOPO E BOCAGE:

3-FÁBULA O CORVO E O PAVÃO RECONTADA POR

MONTEIRO LOBATO NOSSO PRINCIPAL FABULISTA

O corvo e o pavão

O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo ao corvo: — Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais formosa, a mais perfeita, não? — Não há dúvida que você é um belo bicho — disse o corvo. Mas,perfeito? Alto lá! — Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengraçado e, além disso, ave de mau agouro... Que falha você vê em mim, ó tição de pernas?

O corvo respondeu:

— Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhes deu um par de patas que, faça-me o favor, envergonharia até a um pobre diabo como eu...

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O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os longamente. E, desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma. Tinha razão o corvo: não há beleza sem senão.

Inspirado na fábula de Esopo ―O pavão e a grua‖, Lobato substitui a grua, ave de arribação e de cor cinzenta, por um corvo, de coloração preta e tida como de mau-agouro, que entra em contraste com o pavão de penas coloridas. Lobato abandona o estilo conciso de Esopo, não só alongado o diálogo entre as personagens, mas acrescentando-lhe uma boa pitada de humor. Na fábula o corvo reconhece a beleza do pavão, mas faz um comentário a respeito de seus pés ―patas‖, seriam o senão , o toque de desarmonia do mesmo. O pavão olhou-se e percebeu que era verdade o que o corvo havia falado, com seu orgulho ferido, desapontado segue seu caminho.

1) Esta fábula, (O Corvo e o Pavão) recontada por Monteiro Lobato, é uma versão da fábula tradicional de Esopo. Escreva duas razões para este texto ser considerado uma fábula: 2)Este texto é narrativo porque possui algumas -características: personagem que vivencia determinadas ações numa sequência temporal, cujos fatos estão encadeados numa relação de causa / consequência. Tais fatos se modificam num movimento de anterioridade e posterioridade.

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a- Transcreva do texto a situação inicial e o conflito da narrativa b-Que elementos do texto indicam a passagem do lugar ? c- ―...no texto narrativo os fatos estão encadeados numa relação de causa / conseqüência‖...Comprove com elementos do texto esta afirmação. 3) Qual o desfecho do texto narrativo?

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4) Há um momento no texto em que a personagem fala. Que marcas indicam neste texto a fala do personagem? Reescreva essa fala do personagem, utilizando recursos da língua.

QUEM FOI ESOPO? - Esopo é conhecido pelas suas inúmeras fábulas. Existem diferentes versões para a sua identidade: PRIMEIRA VERSÃO - Fabulista grego do século VI a.C. O local de seu nascimento é incerto Eventualmente morreu em Delfos. Na verdade, todos os dados referentes a Esopo são discutíveis e trata-se mais de uma personagem lendária do que histórica. A única certeza é que as fábulas lhe são atribuídas foram reunidas pela primeira vez por Demétrio de Falera em 325 a.C.. Ao que tudo indica, viajou pelo mundo antigo e conheceu o Egito, a Babilônia e o Oriente. Concretamente, não há indícios seguros de que tenha escrito qualquer coisa. Entretanto, foi-lhe atribuído um conjunto de pequenas histórias, de caráter moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais. Em Atenas do século V a.C., essas fábulas eram conhecidas. As suas fábulas sugerem normas de conduta que são exemplificadas pela ação dos animais (mas também de homens, deuses e mesmo coisas inanimadas). Esopo partia da cultura popular para compor seus escritos, que refletem um caráter realista e irônico.

SEGUNDA VERSÃO - Esopo era um escravo que viveu na Grécia há uns 3000 anos. Tornou-se famoso pelas suas pequenas histórias de animais, cada uma delas com um sentido e um ensinamento, e que mostram como proceder com inteligência. Os seus animais falam, cometem erros, são sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens. A intenção de Esopo, nas suas fábulas, é mostrar como nós, homens, podemos agir. Dizem que as fábulas de um Esopo encantaram tanto o seu dono que este o libertou. Dizem que esse Esopo recebeu honrarias e foi recebido em palácios reais. As fábulas de Esopo, contadas e readaptadas pelos seus continuadores, como Fedro, La Fontaine e outros, tornaram-se parte de nossa linguagem diária. "Estão verdes", dizemos quando alguém quer alcançar coisas impossíveis - expressão que a raposa usou quando não conseguiu as uvas... Esopo nunca escreveu as suas histórias. Contava-as para o povo, que se encarregou de repeti-las. Mais de duzentos anos depois da morte de Esopo é que as fábulas foram escritas, e se reuniram às de vários Esopos. Noutros países além da Grécia, noutras civilizações e noutras épocas, sempre se inventaram fábulas que permaneceram anônimas. Assim, podemos dizer que em toda parte, a fábula é um conto de moralidade popular, uma lição de inteligência, de justiça, de astúcia, trazida até nós pelos nossos Esopos. FÁBULAS ATRIBUÍDAS A ESOPO: A Formiga e a Pomba A Gansa dos Ovos de Ouro A Mulher e a sua Galinha A Mula As Árvores e o Machado As Lebres e as Rãs O Asno, a Raposa, e o Leão O Asno e o Velho Pastor O Boi e a Rã O Asno em Pele de Leão O Cão e a sua Sombra O Carvalho e os Juncos O Cavalo e o Tratador de Cavalos

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O Cego e o Filhote de Lobo O Filhote de Cervo e a sua Mãe O Galo e a Pedra Preciosa O Galo de Briga e a Águia O Gato e o Galo O Ladrão e o Cão de Guarda O Leão Apaixonado O Leão e o Rato O Leão e os Três Touros A Lebre e o Cão de Caça O Lobo e a Garça O Cervo Doente O Lobo e a Ovelha O Cão Raivoso O Corvo e o Jarro O Leão, o Urso e a Raposa A Raposa e as Uvas JEAN DE LA FONTAINE

Nascido a 13 de julho de 1621 na cidade francesa Château-Thierry, na região de Champagne, La Fontaine não ouviu o pai na hora de decidir seu futuro profissional. Chegou a estudar e completar o curso de direito, mas ser advogado não era sua vocação. Pensou em ser padre, entrou para um seminário e, pouco mais de um ano depois desistiu. Aos 26 anos, La Fontaine estava casado. Onze anos depois, separou-se e foi viver em Paris. Sua sensibilidade o despertou para a literatura e, com o apoio de mecenas – homens ricos que patrocinavam os artistas -, ele se dedicou às letras.Inspirado nas literaturas clássica e oriental, ele começou a escrever fábulas. E foi em Esopo que La Fontaine se inspirou para escrever suas história. A série Fábulas foi publicada entre 1668 e 1694, totalizando 12 livros de contos, como ― O lobo e o cordeiro‖, ― A cigarra e a formiga‖, entre outros. Em 1684, La Fontaine foi nomeado membro da Academia Francesa por ter feito do classicismo francês uma das mais belas expressões literárias da época. Doze anos mais tarde, já bastante doente, decidiu resgatar seu interesse pela religião. Pensou em escrever uma obra sobre fé, mas não chegou a fazê-lo. Morreu em 13 de abril de 1695, em Paris, deixando para as gerações futuras várias lições sobre a condição humana.

Algumas fábulas escritas por ele são: A Lebre e a Tartaruga, O Homem, O Menino e a Mula, O Leão e o Rato, e O Carvalho e o Caniço.

Fábulas recontadas por La Fontaine :

A Reunião Geral dos Ratos

A Cigarra e a Formiga

A morte e o lenhador, entre outras

Fedro (15 a.C. – 50 d.C.) era romano, poeta, filho de escravos, nasceu num país de língua grega, a Trácia.Foi introdutor do gênero fábula na literatura romana, provavelmente alforriado pelo imperador Augusto e perseguido pelo ministro de Tibério, Sejano e se declarava admirador e imitador de Esopo, recontou as fábulas de Esopo em forma de poesia.Suas histórias mostram através da sátira sua revolta contra as injustiças e o crime. Algumas de suas fábulas: O Lobo e o Cordeiro, A Raposa e o Corvo, A raposa e as Uvas.

NOSSOS FABULISTAS

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MONTEIRO LOBATO

José Bento Renato Monteiro Lobato (Monteiro Lobato), contista, ensaísta

e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de

Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como

promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada

pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus

primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma

série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor. Em uma época em que

os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-

se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele

implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis. Este notável

escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de

escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado.

Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil. Suas

personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e

idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando

criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de

adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras

personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau

Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos. No ano de 1948, o

Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento

de nossa literatura. Lobato ostensivamente revelava, em seus livros, as

influências que recebeu diretamente dos autores de obras infantis, desde os

fabulistas clássicos, como Esopo e La Fontaine Monteiro Lobato que além de

recontar as fábulas de Esopo e LaFontaine, cria suas próprias fábulas. O

escritor brasileiro usou fábulas para criticar e denunciar as injustiças,

tiranias, mostrando às crianças a vida como ela é. Em suas fábulas, alerta que

o melhor é esperto (inteligente) porque o forte sempre vence e afirma que o

único meio de derrotar a força é a INTELIGêNCIA

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SUA OBRA

Fábulas · Os Doze Trabalhos de Hércules (2 volumes) · Histórias

Diversas Personagens do Sítio do Picapau Amarelo Emília · Narizinho ·

Pedrinho · Visconde de Sabugosa · Marquês de Rabicó · Conselheiro ·

Quindim · Dona Benta · Tia Nastácia · Tio Barnabé · Príncipe

Escamado · Saci · Cuca

No livro “Fábulas”, Lobato reescreve as fábulas de Esopo e La Fontaine,

mas com comentários dos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo -

Emília, Pedrinho, Narizinho, Dna. Benta etc.

OLAVO BILAC

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos. Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo. Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro.

Obras:

( Não se esqueça: Olavo Bilac, recontou as fábulas de esopo em poesias).

- fábulas - A Rã e o Touro

- O Lobo e o Cão

- O Leão e o camundongo, entre outras.

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MILLÔR FERNANDES

Nasceu Milton Viola Fernandes, tendo sido registrado, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr, o que veio a saber adolescente. Aos dez anos de idade vendeu o primeiro desenho para a publicação O Jornal do Rio de Janeiro. Recebeu dez mil réis por ele. Em 1938 começou a trabalhar como repaginador, factótum e contínuo no semanário O Cruzeiro. No mesmo ano ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra (sob o pseudônimo de "Notlim"). Assumiu a direção da publicação algum tempo depois, onde também publicou a seção "Poste Escrito", agora assinada por "Vão Gogo".Em 1941 voltou a colaborar com a revista O Cruzeiro, continuando a assinar como "Vão Gogo" na coluna "Pif-Paf". A partir daí passou a conciliar as profissões de escritor, tradutor (auto-didata) e autor de teatro.Já em 1956 dividiu a primeira colocação na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhista norte-americano Saul Steinberg, e em 1957 ganhou uma exposição individual de suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.Dispensou o pseudônimo "Vão Gogo" em 1962, passando a assinar "Millôr" em seus textos n'O Cruzeiro. Deixou a revista no ano seguinte, por conta da polêmica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica. Em 1964 passou a colaborar com o jornal português Diário Popular. Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja, e em 1969 tornou-se um dos fundadores do jornal O Pasquim.Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de voltar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio. Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre estas, clássicos de Sófocles, Shakespeare, Molière, Brecht e Tennessee Williams.Depois de colaborar com os principais jornais brasileiros, retornou à Veja em setembro de 2004. Millôr Fernandes, com seu humor e ironia, cria e recria velhas fábulas dando-lhes novos finais ou novos significados refletindo valores e antivalores, satirizando a nossa realidade sócio - política - econômica em seus livros, e nem sempre coloca uma moral plausível.

SUA OBRA.

Fábulas Fabulosas (O Leão e o Rato, A Galinha dos Ovos de Ouro, entre outras)

Novas fábulas fabulosas

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100 Fábulas Fabulosas

Novas Fábulas E Contos Fabulosos

RUTH ROCHA

Ruth Rocha nasceu no dia dois de março de 1931 na cidade de São Paulo. Filha dos cariocas Alvaro de Faria Machado, médico, e Esther de Sampaio Machado, tem quatro irmãos, Rilda, Alvaro, Eliana e Alexandre. Teve uma infância alegre e repleta de livros e gibis. O bairro de Vila Mariana, onde morava, tinha nessa época muitas chácaras por onde Ruth passava, a caminho da escola - estudava no Colégio Bandeirantes. Mais tarde, terminou o Ensino Médio no colégio Rio Branco. Graduada em Sociologia e Política pela Universidade de São Paulo e pós-graduada em Orientação Educacional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Casada com Eduardo Rocha, tem uma filha, Mariana e dois netos, Miguel e Pedro. Ruth Rocha promove uma adaptação das fábulas de Esopo. Mantendo seu caráter direto e sua moral explícita, a autora opta por uma linguagem muito simples e coloquial. Tal escolha tem em vista o público alvo, infanto-juvenil, da obra. É interessante notar como a faixa etária do público-alvo das fábulas muda através dos tempos e, agora na modernidade, os textos fabulares se tornam infantis ou adultos a depender do uso de cada autor.

Obra

(fábulas de Esopo)

O homem e sua galinha

O lobo e o cão

A raposa e as uvas

A rã e o touro, entre outras fábulas

Ao voltar para a sala de aula será feito a socialização das

informações e conclusões dos alunos, sobre o gênero fábula, a professora

deve mediar as interações que vão surgindo para que haja uma melhor

compreensão. A professora irá escrever os comentários dos alunos na

lousa e depois fazer com que os copie.

Levar os alunos até à biblioteca para que peguem e leiam obras que

contenham fábulas, sempre fazendo a socialização com os colegas da

turma das histórias lidas (momento da contação de histórias), com o

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objetivo da interação social e a leitura implícita que está em cada fábula

lida, permitindo que o aluno amplie seu conhecimento de mundo,

argumentando e defendendo o seu ponto de vista e identificando a moral

dos textos lido.

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VERSÕES DA FÁBULA O LOBO E O CÃO

1-Lobo e o Cão(fábula de Esopo)

Encontraram-se na estrada

Um cão e um lobo. E este disse:

―Que sorte amaldiçoada!

Feliz seria, se um ida

Como te vejo me visse.

Andas gordo e bem tratado,

Vendes saúde e alegria:

Ando triste e arrepiado,

Sem ter onde cair morto!

Gozas de todo o conforto,

E estás cada vez mais moço;

E eu, para matar a fome,

Nem acho às vezes um osso!

Esta vida me consome...

Dize-me tu, companheiro:

Onde achas tanto dinheiro?‖

Disse-lhe o cão:

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―Lobo amigo!

Serás feliz, se quiseres

Deixar tudo e vir comigo;

Vives assim porque queres...

Terás comida à vontade,

Terás afeto e carinho,

Mimos e felicidade,

Na boa casa em que vivo!‖

Foram-se os dois. em caminho,

Disse o lobo, interessado:

―Que é isto? Por que motivo

Tens o pescoço esfolado‖

— ―É que, às vezes, amarrado

Me deixam durante o dia...‖

―Amarrado? Adeus amigo!

(Disse o lobo) Não te sigo!

Muito bem me parecia

Que era demais a riqueza...

Adeus! inveja não sinto:

Quero viver como vivo!

Deixa-me, com a pobreza!

— Antes livre, mas faminto,

Do que gordo, mas cativo!‖

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1 - (ANÁLISE LINGUÍSTICA) ESCREVA TRÊS ADJETIVOS DEFINIDORES DO CARÁTER DO LOBO E CÃO:

2 – O ENCONTRO DO LOBO E DO CÃO OCORREU ONDE?

3 -IDENTIFIQUE A QUEM SE REFEREM OS SEGINTES TERMOS ― – ANTES LIVRE, MAS FAMINTO, DO QUE GORDO, MAS CATIVO‖

2-O Lobo e o Cão (recontada por La Fontaine em verso)

Em manhã nublada, e fria, Um velho Lobo esfaimado Sua sorte maldizia, Que tamanho era o cuidado Dos guardadores do gado; Eis que mui gordo, e mui rédeo Vê vir um Gôzo anafado Que lhe não faria tédio Se o comesse, mas temia Pelo estado em que se via

Combater, e sair mal,

E a manhã por brusca, e fria Ter questões não permitia; Eis prudente em caso tal, De projetos variando, Fez-lhe grande cortesia Mui submisso elogiando Sua formosa figura,

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Asseio, porte, e gordura; A louvores tais sensível Torna-lhe o Gôzo aprazível: "Se esta vida, esta ventura Gozar queres, novo amigo, Deixa o campo, e vem comigo, Viverás sempre em fartura, Verá sempre de comer, Tenros ossos que roer De perú, frangão, perdiz." Eis o atalha o Lobo, e diz: "Saber quero, caro amigo, O que é preciso fazer, Para tanta dita obter?" "Não o sabes? Eu to digo," Lhe responde o Gôzo honrado, "Deves ter muito cuidado Em guardar a toda a hora A porta do teu patrão, Vedar qu'entre algum ladrão; Sempre ladrar aos de fora, E aos de casa fazer festa; Mais dizer-te ainda me resta, Que também não será mau, Que não corras sobre os gatos, Quando lamberes os pratos, Que pode vir algum pau E fazer-te o catatáu; Deves também ter cuidado Em ser em casa asseiado; Que se o que eu digo fizeres Evitará desprazeres, Verás o rosto à ventura Sem trabalho, e com fartura." O bom Lobo do que ouvia De prazer pranto vertia,

E impaciente d'alvoroço

Dia ao Gôzo: "voemos, Por ver se chegar podemos Hoje inda às horas do almoço; Mas espera, amigo caro! Eu agora é que reparo! O que tens tu no pescoço?"

CÃO

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Quem eu? Isto não é nada. LOBO Não é nada! Isso é asneira!

CÃO Quase nada, brincadeira.

LOBO Pois daqui não movo um pé Sem saber isso o que é.

CÃO É o calo da coleira.

LOBO Que? Tu vives em prisão?

CÃO Vivo sim, isso que tem? Como, bebo, passo bem, E amigos meus todos são.

Lobo Pois regala-te por lá, Que eu antes sem sujeição Quero pobre viver cá Sofrendo fome, e lazeira, Do que assistir na cidade, Bem que passe à cavalheira, Tendo presa a liberdade.

Nisto dando uma carreira Para o bosque mais vizinho Foge, e deixa o cão sozinho: Que dando atenção severa Ao que de ouvir acabava, Conheceu bem que não era Tão feliz como julgava.

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3-O lobo e o cão (fábula recriada por Ruth Rocha)

Certo dia, um Lobo só pele e osso encontrou um cão gordo, forte e com o pêlo muito lustroso. Via-se bem que não passava fome. O Lobo, admirado,quis saber onde é que ele conseguia obter tanta comida. - Se me seguires,ficarás tão forte como eu - respondeu o cão. - O homem dar-te-á restos saborosos.

. . .

Preso? Então não podes correr quando queres? - exclamou o Lobo. - Esse é um preço demasiado elevado: não troco a minha liberdade por toda a comida do mundo. Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode para bem longe dali.

VAMOS AGORA ANALISAR AS VERSÕES ― DA FÁBULA O LOBO E O CÃO DE LA FONTAINE COM A VERSÃO DE RUTH ROCHA:

1) PRIMEIRA COISA: VAMOS AO DICIONÁRIO PARA VERIFICAR E COPIAR AS PALAVRAS QUE VOCÊ NÃO SABE O SIGNIFICADO:

2) QUAL A FORMA LITERÁRIA USADA EM AMBAS AS VERSÕES? ( VERSO OU PROSA?

3) PARA VOCÊ ESTÁ CLARA A MORAL DA HISTÓRIA? EXPLIQUE E SE FOR O CASO DE NÃO ESTAR CLARA, EXPLÍCITA, MONTE UMA MORAL QUE FIQUE ADEQUADA PARA A HISTÓRIA.

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4) QUAIS SÃO AS PERSONAGENS DA HISTÓRIA? HÁ

INDÍCIOS DE TEMPO, LUGAR (ESPAÇO) CONFLITOS, AFINAL TODOS OS ELEMENTOS DA NARRATIVA, VEJAM

O QUE DÁ PARA ANALISAR ?

5) DÊ UM OUTRO FINAL PARA A FÁBULA – USE A SUA IMAGINAÇÃO! BOA SORTE!

4) O LOBO E O CÃO, FÁBULA DE ESOPO, RECONTADA POR OLAVO BILAC E ILUSTRADA POR DIVERSOS ARTISTAS

HTTP://peregrinacultural.files.wordpress.( acessado dia 16/0/10) Ilustração Harrison Weir (Inglaterra 1824-1906).

O lobo e o cão - Olavo Bilac

Encontraram-se na estrada

um cão e um lobo. E este disse:

– Que sorte amaldiçoada!

Feliz seria, se um dia

como te vejo me visse.

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Ilustração Eleanor Grosch (EUA, contemporânea).

Andas gordo e bem tratado,

vendes saúde e alegria;

ando triste e arrepiado,

sem ter onde cair morto!

O cão e o lobo, ilustração em manuscrito francês, Idade Média.

Gozas de todo conforto,

e estás cada vez mais moço;

e eu, para matar fome,

nem acho às vezes um osso!

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Ilustração Charles H Bennet (Inglaterra, 1829-1867).

Esta vida me consome…

Dize-me tu, companheiro:

Onde achas tanto dinheiro?

Disse-lhe o cão: — Lobo amigo!

Serás feliz, se quiseres

Deixar tudo e vir comigo:

vives assim porque queres…

Ilustração, André Quellier (França, 1925)

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Terás comida à vontade,

terás afeto e carinho,

mimos e felicidade,

na boa casa em que vivo!

Foram-se os dois. Em caminho,

disse o lobo, interessado:

– Que diabo é isto? Por que motivo tens o pescoço esfolado?

ilustração Georges Fraipont (França, 1873-1912).

– É que às vezes amarrado

Me deixam durante o dia…

– Amarrado? Adeus, amigo!

(disse o lobo) Não te sigo!

Muito bem me parecia

Que era demais a riqueza…

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Ilustração Henry Morin (França, 1873-1961).

Adeus! Inveja não sinto:

quero viver como vivo!

Deixa-me com a pobreza!

Antes livre, mas faminto,

Do que gordo, mas cativo!

Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro

ilustração Carle Vernet (França 1758-1836).

ATIVIDADES : Preste atenção nas ilustrações

a seguir, escolha uma delas e produza uma fábula, não esquecendo de tudo que foi visto e analisado a respeito do gênero fábula.

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Ilustração François Chauveau (França 1613-1676) Ilustração Christian Richet (França, 1959).

Ilustração Eric Raspaud (França, 1955) Ilustração Adam Weisblatt (EUA,

contemporâneo)

Xilogravura, ilustrando o texto de Heinrich Ilustração anônima de aluno de escola pública francesa Steinhövel, das Fábulas de Esopo década de 1950. de 1950. publicado 1501. . . Autor desconhecido

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1- Leitura da fábula O LOBO E O CÃO e identificação das

características constituídas no gênero;

2- Uso do dicionário para melhor entendimento dos

termos desconhecidos encontrados na fábula;

3- Argumentação a respeito da temática e da lição de moral

da referida fábula;

4- Comparação dessa fábula com outras versões dela;

5- Recitação da versão de Olavo Bilac , esta será

apresentada por um aluno, no Dia da Mostra Cultural, na

Casa da Cultura Municipal;

6- As fábulas são apresentadas em duas formas literárias :

em prosa e verso. Mostrar a diferença entre prosa e verso;

7- Quais as diferenças da fábula de Esopo (versão

original), recontada pelo poeta parnasiano Olavo Bilac,

chamado de “Príncipe dos Poetas”?;( Professor pesquisar

porque Olavo Bilac é chamado de “Príncipe dos Poetas”;

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8- Discutir as temáticas que essa fábula aborda( fome,

liberdade, êxodo rural...);

9- Com base nas reflexões da fábula O lobo e o cão e no

texto de apoio, produza uma fábula, tendo como a temática

“A liberdade e suas conseqüências”. Não esquecendo de

criar uma moral para a história.

O texto que se segue, sobre a LIBERDADE, é da

autoria de André Torres, aluno do 10º ano, no ano

lectivo de 1998/99, da Escola Secundária de Emídio

Navarro de Viseu.

SITE: O CANTO DA FILOSOFIA

“A liberdade é a capacidade racional de afirmar as vontades e

intenções, configuradoras da acção, onde os outros animais só

respondem por impulsos. É a capacidade de caracterizar de

criativa a acção Humana, escusando-se a generalizações sociais,

sem que isso signifique um individualismo incoerente com a

natureza colectiva do Homem. É a capacidade de atribuir

simbolismo ao agir e de responder única e exclusivamente pelos

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nossos actos, tendo somente a nossa razão como tribunal. É a

capacidade que o Homem tem, pesem embora inúmeros

condicionalismos sociais, de tornar as suas acções criativas e por

isso, ao contrário dos outros animais, dar-se à... liberdade de ser

desumano. O Homem pode transgredir as suas próprias regras e

superar as suas obrigações chegando ao ponto de se

descaracterizar aos olhos dos outros como ser Humano. A liberdade

é enfim um conceito inatingível na plenitude da sua definição e

convém que assim seja: primeiro porque no dia em que o Homem

deixar de possuir o entusiasmo para procurar a liberdade morre; e

depois porque a liberdade encontra a sua própria ruína na

ausência de restrições que a razão a si própria impõe como forma

de combater a arrogância e leviandade daqueles que se julgam

totalmente livres”.

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A FÁBULA O LOBO E O CORDEIRO E SUAS VERSÕES

Neste módulo III, será apresentada a fábula “ o lobo e o

cordeiro” e suas versões. Com um trabalho sistematizado,

procurando comparar diferentes versões das mesmas.

Haverá discussões sobre o seu conteúdo e suas

características. O aluno deverá refletir sobre os fatos

narrados e relacioná-los ao seu cotidiano, por meio de

questionamentos organizados pela professora.

Na fábula “O lobo e o cordeiro”, fazer com que o aluno

focalize a luta entre os fortes e os fracos, observando a

posição ideológica ali contida, bem como as artimanhas da

linguagem, utilizadas para manipular o leitor ou as

personagens. A configuração do lobo ( poder, força,

arrogância e opressão) opõem-se à do cordeiro ( razão,

fragilidade, humildade, submissão, etc.)

1-O Lobo e o Cordeiro - Versão original de Esopo

Uma vez o Lobo estava na colina bebendo água do riacho. Olhou para baixo e viu o Cordeiro fazendo a mesma coisa. Lá está meu jantar, ele pensou, é só arranjar uma razão para apanhá-lo. E gritou para o Cordeiro. Como você ousa sujar a água que estou bebendo? Espera aí, meu senhor, disse o Cordeirinho, como vou sujar sua água se ela vem correndo daí pra cá? Está

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bem, respondeu o Lobo, mas porque você andou me xingando o ano retrasado? Essa não, disse o Cordeiro, eu não tenho ainda seis meses. Não importa, se apressou o Lobo, não foi você, foi seu pai. E tibum! Comeu o Cordeirinho inteiro. Só deu tempo do coitado suspirar. A razão do mais forte é sempre mais forte.

2-O LOBO E O CORDEIRO - Fábula recontada por La Fontaine ( Professor pesquisar

com os alunos a fábula citada)

COMPREENSÃO DE TEXTO E ANÁLISE LINGUÍSTICA

NÃO ESQUEÇAM-SE DE USAR O DICIONÁRIO E UMA GRAMÁTICA PARA PESQUISAREM:

1) O INÍCIO DAS VERSÕES DAS FÁBULAS O LOBO E O CORDEIRO DE ESOPO E LA FONTAINE SÃO IGUAIS? JUSTIFIQUE COM EXPRESSÕES :

2) O QUE NOS PERMITE AFIRMAR QUE O LOBO E CORDEIRO ERAM VELHOS CONHECIDOS?

3) A FÁBULA APRESENTA UM ENSINAMENTO AO LEITOR. QUE ENSINAMENTO É ESTE E QUEM O TRANSMITE?

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4) ESCREVA TRÊS ADJETIVOS DEFINIDORES DO CARÁTER DO LOBO E DO CORDEIRO:

5) NA EXPRESSÃO“ –“ MAJESTADE, PERMITE-ME UM APARTE”. HÁ UM PRONOME, QUAL É ESSE PRONOME? E PARA QUEM É EMPREGADO ESSE PRONOME?

6) CITE TODOS OS DISCURSOS DIRETOS EXISTENTES NA VERSÃO DA FÁBULA O LOBO E O CORDEIRO DE LA FONTAINE:

7) NA FRASE: “ – ENTÃO, ALGUM PARENTE: TEUS TIOS, TEUS PAIS... CORDEIROS, CÃES, PASTORES, VÓS NÃO ME POUPAIS: FAÇA A ANÁLISE LINGUÍSTICA DAS SEGUINTES PALAVRAS, (ANÁLISE MORFOLÓGICA); DA VERSÃO DA FÁBULA O LOBO E O CORDEIRO DE LA FONTAINE

A) ALGUM: B) PARENTE: C) TEUS: D) TIOS, PAIS: E) ENTÃO: F) ME: G) POUPAIS: H) VÓS: I) NÃO:

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J)DÊ O SUBSTANTIVO COLETIVO DAS SEGUINTES PALAVRAS: CORDEIROS, CÃES E PASTORES.

HTTP:bp2blogger.com

Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto. ─ Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ─ disse o monstro, arreganhando os dentes. ─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!... O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência: ─ Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim? Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a torcer. ─ Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano passado. ─ Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano? Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu: ─ Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo. ─ Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único? O lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com razão de lobo faminto: ─ Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô! E ─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço

Contra a força não há argumentos.

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PRODUÇÃO DE TEXTO : REESCREVER A HISTÓRIA NA 1ª PESSOA (PONTO DE VISTA DO CORDEIRO): INICIA-SE ASSIM... EU ESTAVA TRANQUILAMENTE TOMANDO ÁGUA NUM RIACHO, QUANDO SEM QUE EU ESPERASSE, CHEGOU UM

LOBO....(CONTINUAR A HISTÓRIA): ( Professor, você poderá inserir a classificação dos pronomes).

Ao mesmo rio vieram, compelidos pela sede, o lobo e o cordeiro.

O lobo estava mais acima e o cordeiro bem mais abaixo. Então o Predador ,incitado por sua goela maldosa, encontrou motivo de rixa: ―Estou a beber e tu poluis a água!‖.

O lanoso, tímido, responde:

―Como posso fazer isso de que te queixas, ó lobo? De ti para meus goles é que o liquido corre‖.

Repelido pela força da verdade, ele replicou:

―Cerca de seis meses atrás, falaste mal de mim‖.

O cordeiro retruca: ―Eu? Então eu sequer era nascido…‖.

- Por Hércules!, teu pai é que me destratou!

Em seguida, dilacera a presa, dando-lhe morte injusta.

Escrevi esta fábula por causa daqueles indivíduos que oprimem os inocentes por razões fictícias.

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Estava o cordeirinho bebendo água, quando viu refletida no rio a sombra do lobo. Estremeceu, ao mesmo tempo que ouvia a voz cavernosa: ―Vais pagar com a vida o teu miserável crime.‖ ―Que crime?‖ – perguntou o cordeirinho tentando ganhar tempo, pois já sabia que com lobo não adianta argumentar. ―O crime de sujar a água que eu bebo.‖

. . .

E já ia se preparando para devorar o cordeiro quando apareceu o caçador e o esquartejou. MORAL: QUANDO O LOBO TEM FOME NÃO DEVE SE METER EM FILOSOFIAS.‖ (FERNANDES)

1- Na nossa sociedade quem representa o Lobo e o Cordeiro? Justifique. 2- O que fez cada personagem e quais as razões que motivaram suas ações? 3- Você se identificou com um dos personagens? Por quê?

4- As situações da fábula são semelhantes às situações do seu dia-a-dia? Justifique.

5- Em caso afirmativo, você acredita que é possível mudar essas situações? Por quê?

6- Enumere os argumentos usados pelo Lobo para justificar o castigo imposto ao Cordeiro.

7- É possível determinar a localização exata do cenário onde se passa a ação? Justifique sua resposta.

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A RAPOSA E AS UVAS E SUAS VERSÕES

Neste módulo, trabalharemos com a fábula “ A raposa e as

uvas” e suas versões, fazer com que o aluno reflita a respeito das

frustrações que ocorrem ao longo das nossas vidas e nem por isso

devemos parar de lutar para conseguirmos alcançar nossos

objetivos; e não fazermos como a raposa “ mentir para si própria”.

Uma raposa entrou faminta num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas, ma, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse:

- estão verdes ...

É FÁCIL DESDENHAR DAQUILO QUE NÃO SE ALCANÇA.

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Certa raposa esfomeada encontro uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando. O matreiro bicho torceu o focinho. -Estão verdes – murmurou. – Uvas verdes, só para cachorro. E foi-se. Nisto deu o vento e uma folha caiu. A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar... QUEM DESDENHA QUER COMPRAR.

Contam que certa raposa, Andando muito esfaimada, Viu roxos, maduros cachos Pendentes de alta latada.

De bom grado os trincaria,

Mas sem lhes poder chegar, Disse: «Estão verdes, não prestam,

Só os cães os podem tragar!»

Eis cai uma parra, quando

Prosseguia seu caminho, E, crendo que era algum bago,

Volta depressa o focinho.

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De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de

os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que

descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura

de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadora. E cuspiu.

Realmente as uvas estavam muito verdes !

. . .

MORAL: A FRUSTRAÇÃO É UMA FORMA DE JULGAMENTO TÃO BOA COMO QUALQUER OUTRA.

O soberbo finge desprezar o que não pode conseguir. Faminta, uma raposa bracejava Para d’úvas um cacho agadanhar D’alta parreira que sobre ela estava, E neste afã pulava a bom pular. Como, porém, baldado fosse o intento De atingir o manjar que a seduzia, Parou cansada, e neste quebrantamento Foi-se afastando, enquanto assim dizia: -“Inda bem que estão verdes; não as quero: Travam como de fel; não as tolero.” Aqueles que improperam maldizentes Do que fazer não podem, neste espelho Deverão remirar-se, conscientes De haverem desprezado o bom conselho.

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VAMOS USAR O DICIONÁRIO NOVAMENTE!

1- AO SE CONTAR E RECONTAR HISTÓRIAS, NUNCA FAZEMOS DA MESMA MANEIRA. SEMPRE ACRESCENTAMOS OU OMITIMOS ALGO. ALGUNS AUTORES, NO ENTANTO, PREFEREM MODIFICAR TOTALMENTE OS SENTIDOS OU EXPRESSÕES DA HISTÓRIA: ANALISANDO A FÁBULA DE MILLÔR E FEDRO. O QUE VOCÊ PERCEBEU DE DIFERENTE?

Passava certo dia uma raposa perto de uma videira. Apesar de

normalmente nunca se alimentar de uvas, pois se trata de um animal carnívoro e não vegetariano - o que nos faz desconfiar um pouco da fábula original.

. . .

Bastou-lhe um olhar para perceber que as uvas não estavam maduras. "Estão verdes" - disse a raposa, deixando estupefatos dois coelhos que estavam ali perto e que nunca tinham visto uma raposa falar.

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1- QUE FIGURA DE PALAVRA DEIXA EXPLÍCITA NAS SEGUINTES EXPRESSÕES:

A-― ESTÃO VERDES‖ – DISSE A RAPOSA:

B-DEIXANDO ESTUPEFATOS DOIS COELHOS QUE ESTAVAM ALI PERTO E QUE NUNCA TINHAM VISTO UMA RAPOSA FALAR:

. . .

E tudo o que a gente transava eram três, quatro cubas Eu era a raposa e você as uvas, eu sempre querendo Teu beijo roubar, e por mais que você se esquivasse Eu tinha certeza que no fim do baile, na minha lambreta Aquele broto ia me abraçar Quando a orquestra tocava "Besame mucho", eu lhe apertava e olhava o seu busto Dentro do corpete querendo pular.

. . .

http://www.gifmania.com.pt/alimentos/uvas/

A pílula já existia, mas nem se falava, pois dos muitos conselhos que tua mãe te dava Tinha um que dizia: "só pode depois que casar"

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(Reginaldo Rossi, A Raposa e as Uvas, do disco A Raposa e as Uvas

1 - VAMOS ANALISAR O CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA DE REGINALDO ROSSI, A RAPOSA E AS UVAS), ESSA MÚSICA É DE QUE ÉPOCA MESMO? 2 – PESQUISE A MÚSICA E AUTOR “BESAME MUCHO”: 3 – O NAMORO DA ATUALIDADE É O MESMO DA ÉPOCA QUE REGINALDO ROSSI COMENTA NA MÚSICA? E QUAIS OS TERMOS USADOS NA NOSSA ÉPOCA PARA O NAMORO? 4 – QUEM SERIA ESSE “VOCÊ” QUE REGINALDO ROSSI FAZ ALUSÃO NA MÚSICA? 5 – QUAL RELAÇÃO DA MÚSICA DE REGINALDO ROSSI( A RAPOSA E AS UVAS), COM A FÁBULA ORIGINAL, “ EU ERA A RAPOSA E VOCÊ AS UVAS”: 6 – NA FRASE: “ E TUDO O QUE A GENTE TRANSAVA ERAM TRÊS, QUATRO CUBAS ...”ESSA PALAVRA SUBLINHADA TEM O MESMO SIGNIFICADO QUE HOJE? JUSTIQUE: 7 – CITE AS PALAVRAS QUE HÁ NA MÚSICA, QUE CAÍRAM EM DESUSO, QUE HOJE EM DIA FORAM SUBSTITUÍDAS POR OUTRAS E DÊ O SIGNIFICADO DAS MESMAS:

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Uma raposa passou por baixo de uma parreira carregada de lindas uvas. Depois de muito tentar foi-se embora, dizendo: Eu nem estou ligando para as uvas. Elas estão verdes mesmo

. . .

http://www.fotosdahora.com.br/gifs_path/1983/uva_desenho/

http: //www.gifmania.com.pt/alimentos/uvas/

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1-Comparar os textos da fábula "A Raposa e as uvas", identificando as

semelhanças e diferenças de cada fábula;

2-Explicar a moral de cada fábula;3- A raposa conta uma mentira para si

mesma. Justifique com uma passagem da versão de Monteiro Lobato;

3-Que parte das versões dessas fábulas são iguais:

( ) Início

( ) meio

( ) final

4-Muitos falam mal da vida dos outros, que atitude está subentendida nas

versões de Esopo e Monteiro Lobato?

5-Quais dos provérbio traduz a idéia principal da fábula de Esopo:

( ) quem desdenha quer comprar;

( ) a mentira tem pernas curtas;

( ) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

6-Quando a raposa vê os cachos de uvas maduros, começa as várias

tentativas de apanhá-los, ela não consegue apanhar nem sequer um dos

cachos. Vem a decepção, o desapontamento de não poder atender à sua

necessidade básica, que é a fome. Você já sentiu-se como a raposa, derrotado,

infeliz, quando não consegue seus objetivos? Explique.

7-Você quando não consegue algo almejado, culpa as circunstâncias, disfarça

os verdadeiros motivos, tornando o inaceitável mais aceitável? Justifique:

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Os alunos serão avaliados pela leitura compreensiva das fábulas, leituras

explícitas e principalmente das implícitas, que ele seja capaz de emitir

opiniões a respeito do que leu, que amplie seu horizonte de expectativas,

utilizando seu discurso de acordo com a situação de produção formal e

informal que apresente clareza de idéias ao se colocar diante dos

colegas. Ao produzir textos atenda as circunstâncias de produção

proposta quanto ao gênero fábula e ainda, utilize adequadamente

recursos linguísticos e amplie o léxico.

SUGESTÕES DE LEITURAS E ATIVIDADES

COMPLEMENTARES (VÍDEOS, JOGOS, PALAVRAS

CRUZADAS, CAÇA-PALAVRAS...)

http://www.youtube.com/watch?v=qqlfIFn-fxY&feature=related fábulas vídeos

http://www.youtube.com/watch?v=SN6oFpTV-gc&feature=fvsr fábulas vídeos

http://www.youtube.com/watch?v=N772Ov1VUbs&feature=PlayList&p=DFD7324F51777AE5&p

laynext=1&playnext_from=PL&index=7

http://sitededicas.uol.com.br/cfab.htm

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http://www.youtube.com/watch?v=DBmTiIMEmH8

http://www.youtube.com/watch?v=N772Ov1VUbs vídeos

http://www.fotosdahora.com.br/gifs_path/1983/uva_desenho/

http://www.contandohistoria.com/fabulas.htm

http://www.contandohistoria.com/Esopo.htm

http://www.contandohistoria.com/o_alce_e_os_lobos.htm

http://www.jefferson.blog.br/2008/09/fbulas-de-esopo.html

http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/infantil/esopo.html

http://www.contandohistorias.com.br/historias/2006136.php

http://turma12blm.blogspot.com/2009/05/atividades-realizadas-sobre-fabula-o_22.html

http://www.slideshare.net/jstenico/especificidade-do-texto-literário

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http://www.filologia.org.br/xcnlf/2/04.htm

http://www.youtube.com/watch?v=ar8w9b_oZGY

ttp://www.youtube.com/watch?v=5dlAxvaE6-E

http://nonio.eses.pt/fabulas/

http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_derecha_w.php?id_actividad=890&id_

pagina=3

http://nonio.eses.pt/eusei/passa/qijogar.asp?cod_jogos=1865

http://blig.ig.com.br/blogsestorias/page/2/

http://cantinhodoeducar.blogspot.com/2009/07/cantinho-de-textos-diversificados.html

http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/portugues/generos_textuais/fabulas/biblio.htm

http://oficinadaslinguas-clubedeleitura.blogspot.com/2008/01/o-leo-e-o-mosquito.html

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http://www.scrapsegifs.com.br/gifs-recados-cachorrinhos-76.htm( 23/06/2010)

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http://www.gifmania.com.pt/mamiferos/ovejas (23/06/2010)

HTTP:/WWW.canto da Filosofia (23/06/2010)

http://www.entrelinhas.unisinos.br

HTTP://wwwpereginaculturalfilespress.br