DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · atividades e segurança. Exemplos de civilizações que...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
AVALIAÇÃO DO TEMA AQUECIMENTO GLOBAL EM
ALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO
Rosiani Mydlo Sardi1
Prof. Dr. Mauro Parolin2
Resumo
O aquecimento global bem como todos os problemas ambientais, vem adquirindo espaço de discussão neste início de século. Assim, a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica exigido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE desenvolvido em duas turmas de 2ª série do Ensino Médio (Município de Mamborê/Paraná) teve o objetivo de mediar o conhecimento sobre as correntes científicas que analisam o aquecimento global. Para isso, o estudo foi subsidiado mediante análise do material Didático-Pedagógico e de vários textos complementares que abordavam a discussão dos cientistas antropogênicos, entendido como aqueles que atribuem ao Homem o aquecimento, e dos céticos com relação às questões que permeiam o aquecimento do planeta. A concepção dos alunos sobre o aquecimento global foi diagnosticada e reformulada através de: produção de texto inicial; leitura e análise de textos; análise de vídeos; pesquisa escolar e produção de texto final. No término da implementação do projeto o resultado observado foi que o foco do aluno sobre a problemática do aquecimento global passou de uma visão limitada, midiática e catastrófica para uma concepção com mais embasamento científico estabelecendo relações com interesses políticos e econômicos, considerando também a capacidade do homem de adaptação ao aumento da temperatura global.
Palavras-chave - clima, meio ambiente, mídia, mudança climática,natureza.
1 Professora de Geografia – Colégio Estadual João XXIII – EFM e Escola Estadual Rui Barbosa –EF.
Graduada em Geografia pela Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão-FECILCAM. Especialista em Planejamento Geoambiental pela FECILCAM. Integrante da Terceira Turma do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado e da Educação. Governo do Estado do Paraná. 2 Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de
Campo Mourão
INTRODUÇÃO
Dentre os grandes desafios da humanidade neste século, a questão
ambiental torna-se prioridade.
A mídia tem enfatizado muitos problemas ambientais, dentre os mais
destacados estão: lixo, poluição, desmatamento, efeito estufa, aquecimento global,
destruição da camada de ozônio, entre outros. Desses problemas o aquecimento
global é o que vem sendo apontado como grande vilão.
É importante salientar que o planeta Terra possui um efeito estufa, sendo este
um fenômeno natural, e, é em parte graças a ele que existe vida no nosso planeta.
Sem esse aprisionamento de calor na atmosfera, a Terra seria um planeta gelado e
inabitável. O problema enfatizado atualmente, por uma corrente de cientistas,
governos e a mídia é que, ao longo do último século e meio, a humanidade tem
contribuído muito para o aumento das concentrações de gases estufa na atmosfera
e conseqüentemente para o aumento da temperatura da atmosfera terrestre, ou
seja, para o aquecimento global. Contudo, a comparação do aumento dos gases de
efeito estufa na atmosfera, e, a elevação da temperatura da Terra no século
passado não convenceu alguns cientistas que passaram então a investigar outras
possíveis causas dessa anomalia.
No final da década de 1980, soou o primeiro alerta para a possibilidade de
uma “interferência perigosa” das atividades humanas no clima, com conseqüências
catastróficas. A Organização das Nações Unidas (ONU) então criou o Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), com o objetivo de compilar
toda a pesquisa produzida sobre o assunto.
O relatório do IPCC foi recebido com pânico por ambientalistas, mas por parte
de alguns governos, o mesmo foi recebido com certo ceticismo. Para outra corrente
de cientistas o aquecimento global é um fenômeno natural, e está longe de ser
provocado exclusivamente pelas atividades humanas.
Estudos realizados por esse grupo de cientistas mostram que a dinâmica do
aumento da temperatura da atmosfera terrestre ao longo dos anos está
paralelamente relacionada à intensa atividade solar no mesmo período analisado.
Diante do exposto, faz-se necessário uma análise mais criteriosa desse
fenômeno “aquecimento global” no sentido de avaliar as diferentes opiniões
decorrentes de pesquisas realizadas por grupos antagônicos de pesquisa, visando
desenvolver um posicionamento científico dessa questão, deixando de lado o
alarmismo e sensacionalismo midiático por parte de professores, alunos e
comunidade. Considerando seus efeitos perversos, já tão bem colocados e
divulgados, é importante também visualizar perspectivas favoráveis projetadas para
a humanidade com o aumento da temperatura atmosférica. É primordial que o
educando tenha clareza dos diferentes enfoques que norteiam as discussões sobre
o aquecimento global para identificar o nível de responsabilidade e
comprometimento dos seres humanos com esse fenômeno da atmosfera terrestre.
Afinal a própria história da evolução do nosso planeta evidencia as
transformações nele ocorridos.
No desenvolvimento deste trabalho foram contemplados os Conteúdos
Estruturantes: A Dimensão Socioambiental do Espaço Geográfico que de acordo
com PARANÁ (2008) a questão socioambiental não se restringe aos estudos da
flora e da fauna, mas à interdependência das relações entre sociedade, elementos
naturais, aspectos econômicos, sociais e culturais. (DCE, 2008). E a “Dimensão
Política do Espaço Geográfico” que engloba os interesses relativos aos territórios e
às relações de poder, que os envolvem (PARANÁ, 2008).
ANTROPOGENISMO X CETICISMO E O AQUECIMENTO GLOBAL
A humanidade entrou no século XXI com um grande desafio: a busca por
soluções para os problemas ambientais nos âmbitos local e global, amplamente
divulgados pela mídia a nível mundial. O aquecimento global se tornou a grande
preocupação ambiental da comunidade científica, governos, setores econômicos e
sociedade em geral. Apesar de sua ampla exploração pela mídia, em que é tratado
como inegável, o aquecimento global no âmbito da ciência, é muito mais uma tese
do que uma certeza (VEIGA, 2008).
As discussões mundiais colocam o chamado Efeito Estufa como o grande
causador do aquecimento global e garantem muitos cientistas que os gases do
efeito estufa (GEE) são os maiores responsáveis por esse fenômeno, pois no último
século tiveram aumento significativo nas suas concentrações na atmosfera terrestre
devido às atividades humanas que se desenvolveram a partir da Revolução
Industrial ocorrida no século XVIII. De acordo com Molion (2007), o efeito estufa
ocorre por meio da composição da atmosfera terrestre por gases semipermanentes
e gases variáveis. O autor destaca ainda os gases semipermanentes mais
importantes: nitrogênio (78%), oxigênio(21%) e argônio (0,9%) e suas concentrações
por volume não apresentaram variação com o tempo. Esses mesmos não absorvem
radiação de onda longa (ROL) emitida pela superfície. Já os gases variáveis como:
vapor d’água (H2O) 4%, dióxido de carbono (CO2) 0,037%, metano (CH4 ), o ozônio
estratosférico nitrogênio e CFCs (clorofluorcarbonetos) com concentrações bem
menores absorvem ROL emitida pela superfície terrestre e remitem ROL em direção
a superfície e ao espaço exterior.
Angelo (2008) relata que a tempestade tropical Katrina que devastou a costa
sul dos Estados Unidos sob a forma de furacão de categoria máxima; a seca que
ocorreu na Amazônia brasileira deixando cidades isoladas e ciclones no sul do Brasil
ocorridos nos últimos anos como exemplos de fenômenos atribuídos as mudanças
climáticas que segundo alguns cientistas não são fenômenos típicos e exclusivos
somente da sociedade atual.
Para Molion (2007), a humanidade ao longo de sua existência vivenciou os
impactos da variabilidade climática natural com conseqüências sobre suas
atividades e segurança. Exemplos de civilizações que floresceram durante períodos
de clima favorável, como o Ótimo Climático do Holoceno tem-se a Egípcia e Assíria,
e outras, que em clima adverso que predominou na metade do primeiro milênio DC
desapareceram, como as civilizações Maia e Nazca. Molion (op. cit.) considera que
somente nas três últimas décadas é que o alerta quanto à vulnerabilidade humana
diante das adversidades climáticas chegaram aos administradores e a população em
geral. Nas últimas décadas a mídia atribuiu enfaticamente o aumento da
concentração de CO2 na atmosfera como responsável pelo aquecimento do planeta.
Segundo Molion (2007), dados divulgados revelam aumento significativo por
exemplo, entre 1957 e 2006 a concentração de CO2 passou de 315 ppmv (por
milhão por volume) para 370 ppmv.
Molion (2009), concorda que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não
devido ao CO2, e sim por conta de outros constituintes como por exemplo o enxofre.
Com referência às concentrações de CO2 na atmosfera, “Nos últimos 200
anos já tivemos três vezes concentrações de CO2 mais altas do que hoje: em torno
de 1825, 1857 e 1942.” (BECK, 2007, apud BLÜCHEL, 2008). Com relação à
quantidade de CO2 , Molion (2008), coloca que entre 1925 e 1946 o planeta se
aqueceu mais rapidamente e a quantidade de CO2 lançada era inferior a 10% da
atual, e entre 1947 e 1976 com o desenvolvimento econômico após a Segunda
Guerra Mundial, se resfriou.
Bluchel (2008) relata que o aumento de CO2 aumenta a produção de
alimentos sem influência humana, e em caso de abaixamento da temperatura e do
CO2 , grande parte da humanidade precisaria temer por sua existência.
Até este início de século predominou a divulgação de idéias e comprovações
científicas de que o aquecimento global é um fenômeno antrópico. A comunidade
científica, governos e sociedade deram então início a uma verdadeira batalha na
busca por “soluções” que viessem de encontro com a urgente necessidade de
reduzir o processo de aquecimento terrestre sob alegação de que suas
conseqüências para a humanidade seriam catastróficas.
Com relação a essas catástrofes, Bessat (2003 apud CONTI, 2005), identifica
cinco tendências para o século XXI: aumento de 20º na temperatura da terra (entre
1990 e 2100); elevação do nível do mar, de 0,50 a 0,80 m até 2100 e com isso um
desarranjo na circulação das correntes oceânicas; aumento da precipitação de
inverno em latitudes elevadas; intensificação do ciclo hidrológico e perturbações do
ciclo do carbono. No entanto, existem estudiosos do clima que consideram também
os processos naturais responsáveis pelo aquecimento global. Sobre isso Conti
(2005), relata que a própria história do planeta trás documentado em relevos
residuais, em depósitos sedimentares, em paleossolos, em formações vegetais
relictuais e meteorológicas desde o século XVII a alteração do perfil climático, em
forma de rupturas e ciclicidades.
A observação de relatos históricos liga os indícios da Sagrada Escritura
inequivocamente, à mudança climática abrupta no fim da Era Glacial e defende a
tese de que o Jardim do Éden teria submergido no Golfo Pérsico, devido à elevação
de mais de dez metros do mar, durante o período de poucas décadas (Buchner apud
BLÜCHEL, 2008). Este é só um exemplo de como as mudanças climáticas
acompanham e fazem parte da história da humanidade.
Lino (2004), esclarece que a falta de evidências antropogênicas de CO2 vem
desde 1992. A Petição de Oregon de 1998 foi assinada por aproximadamente
20.000 cientistas dos EUA que afirmam categoricamente essa evidência.
Para Molion (2008), a variabilidade climática tem grande importância no
controle do clima e cita a ocasionada pelos eventos El Nino dando destaque para o
de 1997-1998 que produziu anomalia de temperatura global em torno de 0.8 C (
acima de 1ºC no hemisfério Norte), enquanto o La Nina de 1984-1985, registrou um
resfriamento de -0,5ºC.
Marshall (2009), relata que conclusões obtidas por cientistas alemães e
suíços afirmaram que a causa das mudanças climáticas é o aumento da radiação
solar.
A NASA (National Aeronautics and Space Administration), segundo Marshall
(2009), observou tempestades em Saturno que revelam alterações do clima que
estão ocorrendo naquele planeta, sob influência do aumento da radiação solar. Esse
dado identifica que não é só a Terra o único planeta do Sistema Solar que passa por
um período de aquecimento. Para Molion (2009), o sol num período de 90 anos
passou de atividade máxima para mínima e que esteve em baixa atividade em 1820,
final do século XIX e início do século XX. Devendo nos próximos 22, 24 anos
apresentar baixa atividade.
Para Conti (2005), o alerta sobre os problemas ambientais à comunidade
internacional chegou na década de 1970 culminando na criação de vários acordos
entre os países do mundo.
Oliveira (2008), relata que diante da preocupação com as mudanças
climáticas, a organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations
Environment Programme - Unep) e a Organização Mundial - (WMO) criaram em
1988 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas -Intergovernmental
Painel on Climate Change (IPCC). Para Oliveira (op. cit.), a missão do IPCC é
produzir informação científica, técnica e socioeconômica de forma abrangente,
objetiva e transparente para a compreensão do grau de comprometimento do
homem na mudança climática considerando seus impactos potenciais e opções para
adaptação e mitigação.
A camada de Ozônio foi uma das primeiras preocupações desta época. Conti
(2005) destaca a destruição da camada de Ozônio atribuída aos CFCs e levou a
assinatura em 1988 do Protocolo de Montreal que estabelecia o fim do uso dos
CFCs em refrigeradores e outras aplicações industriais, cuja finalidade seria
proteger a vida na Terra. Dentro deste contexto o papel dos gases lançados pela
atividade vulcânica, entre os quais há, além de enxofre, enormes volumes de cloro,
flúor e bromo, que também concorrem para danificar a camada de ozônio em
proporções muito significativas. Molion (1992, apud CONTI, 2005), para Molion (op.
cit.) a radiação ultravioleta do sol obedece a ciclos de 11 anos e sua produção
fotoquímica depende da radiação ultravioleta do sol. Portanto, o Protocolo de
Montreal teria eficácia limitada (MOLION,1992).
A década de 1990 ficou marcada pela Conferência realizada no Rio de
Janeiro conhecida como Rio-92, que reuniu governos de vários países e teve como
resultado a adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança
Climática – conhecida também como Convenção do Clima. O objetivo dessa
Convenção é estabilizar as emissões de gases estufa na atmosfera em um nível que
previna interferências antrópicas perigosas no sistema climático (TOLENTINOS et al,
2004).
Tolentinos et al (2004), afirma que a Convenção do Clima não estabelece
metas quantificadas de redução de emissões de CO2, com isso os países,
mantiveram seus índices de emissões fósseis, o que levou os mesmos a criar
mecanismos de redução, dando origem ao Protocolo de Kyoto.
De acordo com Tolentinos et al (2004), os países industrializados reduziriam
suas emissões de gases estufa em pelo menos 5% em relação ao nível de 1990 até
o período de 2008 a 2012.
Para Conti (2005), o Protocolo de Kyoto fundamenta-se na redução gradativa
no lançamento na atmosfera dos gases bloqueadores da radiação de onda longa
(dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, ozônio e outros) causadores do
aquecimento global, mediante acordo internacional.
Veiga; Vale (2008), destaca dentro do Protocolo de Kyoto o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite aos países industrializados que fazem
parte do Anexo I da Convenção, negociar suas obrigações de redução de emissões
de carbono, comprando reduções feitas em países em desenvolvimento.
No que diz respeito ao MDL, Conti (2005), aborda que o seqüestro de
carbono não garante que o CO2 não será liberado novamente para a atmosfera. E
que gases nocivos, mesmo após a estabilização de seus lançamentos
permanecerão por dezenas de anos na atmosfera.
No dia 16 de fevereiro de 2005 o Protocolo de Kyoto entrou em vigor, depois
de ter sido assinado pela Rússia, cumprindo então o disposto no documento que
previa a participação de 55 países representando 55% das emissões de gases de
efeito estufa (CONTI, 2005). Conforme Angelo (2008), o terceiro relatório do IPCC
publicado em 2001 gerou pânico nos ambientalistas e ceticismo em alguns
governos, levando os Estados Unidos a abandonar o Protocolo de Kyoto alegando
que seria dispendioso para a economia norte-americana dependente de
combustíveis fósseis e a incerteza do quanto às atividades humanas influenciavam o
clima gerando então, o fenômeno do aquecimento global. Mas a União Européia
decidiu levar Kyoto adiante, considerando que o protocolo é importante na busca de
uma solução global para esse grande e ameaçador problema.
Enfatiza-se que “se assumida a tese do IPCC, não pode haver meio termo,
como o Protocolo de Kyoto” (VEIGA; VALE, 2008).
Conti (2005) critica o Protocolo de Kyoto por não contemplar a dinâmica geral
da atmosfera responsável em redistribuir vapor d água pelo planeta robustecendo o
efeito estufa global.
Segundo Veiga; Vale (2008), com a publicação do Relatório Stern em 2006 o
debate sobre a racionalidade econômica do combate ao aquecimento global ganhou
visibilidade. Veiga; Vale (2008), destacam William Nordhaus, da Universidade de
Yale que lançou os alicerces de uma “economia do aquecimento global” (EAG),
utilizando um modelo analítico que considera emissões de CO2 como bem público
global e propôs imposto sobre essas emissões.
Marshall (2009) relata medidas adotadas no Canadá e na União Européia que
visam tornar a população mais “verde” através da adoção de impostos, penalizando
os contribuintes. E questiona ainda, que se o aquecimento global tem como causa o
Sol, um imposto de emissões de carbono ajudará a travá-lo?
De acordo com o jornal do MSIa (2007) se a descarbonização da economia fosse
implantada provocaria vastos problemas econômicos.
Para Khilyuk; Chilingar (2006), as tentativas de mitigar mudanças climáticas
usando regulamentações restritivas estão condenadas ao fracasso, pois forças
naturais globais são pelo menos 4-5 ordens de magnitude maiores que os controles
humanos.
Para Lino et al ( 2007), a presente histeria climática se acelerou em 2006 com
o lançamento do documentário sensacionalista “Uma verdade inconveniente”
protagonizado por AL Gore apoiado por Maurice Strong, articulador do
ambientalismo internacional.
A Conferência de Copenhague realizada em dezembro de 2009 na
Dinamarca que ficou conhecida como COP15 não promoveu nenhum acordo
consistente. Resultou apenas em uma “carta de intenções” que serve de base para
redução dos gases, mas não possui nenhum valor legal e não possibilita a
fiscalização e cobrança por parte das entidades responsáveis.
Sobre a importância da convenção de Copenhague para o meio ambiente
Molion (2009), enfatiza que poderiam ser discutidas questões como: melhoria nas
condições de prever eventos naturais, produzir adaptações do ser humano às
condições impostas, plantas que se adaptem à falta de água. Enfim, buscar reduzir
as desigualdades sociais.
Lino (2004), alerta que não é a ciência, mas a política e o big business, que
estão determinando o rumo dessa questão crucial para o futuro da Civilização.
Considerando o exposto é importante para o educando compreender a
dinâmica do aquecimento global sob diferentes óticas científicas e suas implicações
no âmbito da política, da economia, da sociedade e da própria natureza, explicitando
as contradições que estão por de trás do discurso hegemônico de “salvação da
natureza” e do “planeta”, construindo um saber que ressignifique as concepções do
progresso, do desenvolvimento e do crescimento sem limites, configurando numa
nova racionalidade social, local e global.
METODOLOGIA
O projeto foi aplicado no Colégio Estadual João XXIII – Ensino Médio, no
município de Mamborê – PR em duas salas de 2ª séries do ensino médio, em ambas
as salas foram trabalhados os mesmos assuntos e a mesma metodologia. O
diferencial entre as duas turmas se encontra no perfil de cada uma delas. A turma
“A” apresentava-se mais dinâmica interagindo mais nas discussões dos assuntos
abordados e maior comprometimento na execução das atividades propostas. A
turma “B” era composta por alunos que na grande maioria apresentavam
comportamento agitado, com dificuldade de concentração e interação nas
discussões dos temas e realização das atividades propostas.
Inicialmente foi proposto aos alunos uma produção de texto sobre
“Aquecimento Global” com caráter diagnóstico. Sem fazer nenhuma consideração,
ou mesmo explicação sobre o tema Aquecimento Global com a turma, foi solicitado
que os mesmos registrassem todas as informações que possuíam até aquele
momento, a respeito do tema. O texto elaborado pelos alunos será retomado
apenas, no final da implementação para que o aluno possa comparar e ampliar seus
conhecimentos retomando a prática inicial. O levantamento quantitativo tanto na
pesquisa inicial quanto na final foi realizado através da identificação dos termos e ou
palavras citadas em cada uma das produções textuais que apresentavam ligação
direta ou indireta com o Aquecimento Global. Para isso, os textos foram
minuciosamente analisados e os termos correlatos ao Aquecimento Global foram
identificados com diferentes símbolos e cores, conforme mostra a Figura 1. O
procedimento seguinte foi quantificar esses termos e ou palavras que serviram de
parâmetro para determinar a concepção que o aluno detinha sobre a problemática
em questão tanto na fase inicial dos trabalhos, quanto a que ele apreendeu com as
análises e discussões que se desenvolveram até a finalização da pesquisa.
Em seguida o momento foi para discutir e analisar o Aquecimento Global da
forma como é repassado pela mídia e assimilado pela sociedade de modo geral.
Dentro deste contexto as discussões foram pautadas a partir da análise e
debates dos assuntos contidos no material didático-pedagógico (Figura 2), o qual, é
composto por material áudio visual que mostra a teoria científica que defende um
Aquecimento Global antrópico, enfatizado pela mídia. Também foi apresentada a
visão dos cientistas céticos que defendem e também comprovam um Aquecimento
Global tendo como causas os fatores naturais Outras informações relevantes e
pertinentes ao assunto como o Efeito Estufa foram igualmente discutidas, por meio
dos vídeos e dos textos.
Através das discussões abordou-se de forma crítica os interesses econômicos
e políticos que permeiam a problemática do Aquecimento Global. Interesses que
atualmente envolvem e comprometem as regiões em desenvolvimento do planeta
em detrimento dos privilégios atribuídos às grandes empresas transnacionais.
Na seqüência, os alunos já com o conhecimento mais elaborado sobre o
assunto aplicaram uma pesquisa por amostragem nas demais turmas, séries e
turnos do colégio com o intuito de verificar a concepção dos demais alunos sobre o
Aquecimento Global. O resultado da pesquisa foi tabulada e transformada em
gráficos.
Em seguida por meio de levantamento, pesquisa e coleta de imagens e
informações obtidas, os alunos confeccionaram cartazes identificando as diferentes
teorias do aquecimento global e as mudanças catastróficas advindas do
aquecimento global e as mudanças consideradas positivas ou vantajosas para a
humanidade caso o planeta venha a ter um aquecimento global nas proporções que
estão sendo veiculadas.
Ao término das análises e discussões em torno do tema Aquecimento Global,
nova produção de texto foi solicitada aos alunos para verificação se houve melhora
na apreensão das questões que envolvem a problemática em questão.
As produções foram novamente quantificadas para verificação se as mesmas
apresentaram maior teor científico e crítico em comparação às produções
elaboradas no início da pesquisa.
Figura 1 – Exemplos de como as redações foram avaliadas. Acima um texto inicial e abaixo uma
produção final. Observe-se as anotações com diferentes cores nas palavras afim de quantificá-las.
Figura 2 - Imagens do áudio visual do material didático pedagógico disponível em: Parte I: http://www.youtube.com/watch?v=omOiodB5E7Y; Parte II: http://www.youtube.com/watch?v=8DsMhHXVsCE; Parte III: http://www.youtube.com/watch?v=111Lf8nMD-w
RESULTADOS
Primeira produção de texto
O resultado da pesquisa quantitativa inicial e final de cada uma das turmas
envolvidas no projeto foi tabelada conforme mostra a tabela 1. Na produção de texto
inicial da turma “A”, vinte e nove alunos participaram, sendo levantadas e
quantificadas um total de vinte e cinco palavras e ou termos relacionados ao
aquecimento global.
Tabela 1 – Resultado do levantamento quantitativo na primeira e segunda
produção de texto realizada.
TURMA A TURMA B
Palavras/Termos Ocorrências
Texto 1 Ocorrências
Texto 2 Ocorrências
Texto 1 Ocorrências
Texto2
Adaptação - 14 - 2
Água 12 - 7 -
Animais/Vegetais 12 - 4 -
Antrópico - 40 - 33
Ar/Atmosfera 19 12 13 6
Benefícios - 4 - -
Brasil/Cidade 10 9 10 2
C02/Gases 37 57 7 19
Catástrofes naturais 9 2 17 10
Causas Naturais - 20 - 31
Céticos - 41 - 36
Cientistas 2 34 - 31
Clima 9 25 10 28
Combustíveis Fósseis 7 12 4 8
Corrupção - 1 - -
Crítico - 2 - 3
Degradação 10 - 28 9
Desenvolvimento - 5 - -
Dominação - 5 - 8
Econômico 7 15 1 12
Efeito Estufa 9 50 1 18
Energia Alternativa - 6 - 1
Fontes de Energia 2 - 5 -
Geleiras 13 1 19 -
Governo - 1 - 2
Homem 43 39 38 50
IPCC - 13 - 16
Mar 15 11 13 7
Matéria Orgânica - 1 - 5
Mercado de Carbono - 4 - -
Mídia 21 4 6 4
Molion - 8 - 9
Natureza 15 40 33 26
ONU - 5 - 2
País Desenvolvido - 12 - 1
País Subdesenvolvido - 8 - 7
Países/Mundo - 17 - 2
Pesquisas - 7 - 1
Político/Interesse - 9 - 8
Poluição 41 19 36 15
Preservar - 14 - 7
Protocolo de Kyoto 2 13 - 1
Resfriamento - 3 - 2
Saúde 7 7 12 19
Sol 1 12 8 11
Tecnologias 27 19 17 5
Temperatura 17 7 7 9
Terra/Mundo 58 26 56 30
Vapor d'água - 9 - 1
Vulcões - 11 - 8
Conforme se observa na tabela 1, os termos e ou palavras mais evidenciadas
pelos alunos na primeira produção textual foram: mundo/Terra (58); homem (43);
poluição (41); CO2/gases (37); tecnologia (27); ar/atmosfera (19); mídia (21);
temperatura (17).
Na turma “B” trinta e quatro alunos participaram da produção de texto inicial,
sendo levantados e quantificados vinte e três termos e ou palavras mais
evidenciadas pelos alunos, como mostra a tabela 1. Destacaram-se os seguintes
termos e ou palavras: mundo/Terra (56); homem (38); poluição (36); natureza (33);
degradação (28); geleiras (19); tecnologias (17); catástrofes naturais (17).
A relação estabelecida entre esses termos deixa claro em ambas as turmas a
visão midiática dos alunos sobre o Aquecimento Global, transparecendo a idéia
veiculada que o homem polui o meio ambiente através de ações e atividades
emissoras de CO2 e outros gases, sendo então o único responsável pelo
Aquecimento Global
Verificou-se também que a percepção da complexa problemática do
Aquecimento Global está limitada a relação do homem com a natureza. Que o
homem polui o meio ambiente e por isso está destruindo o planeta. Inicialmente não
se tem a percepção que o Aquecimento Global está relacionado com as mudanças
climáticas e com o Efeito Estufa.
Outros termos e ou palavras citadas tanto pela turma A quanto pela turma B,
aparecem com menor relevância, conforme se verifica na tabela 1, mas deixam claro
a informação que possuem das conseqüências catastróficas para a humanidade
caso a temperatura do planeta continuar aumentando.
De posse do levantamento quantitativo, deu-se início aos estudos, análises e
debates sobre o aquecimento global. O vídeo elaborado foi assistido pelas duas
turmas. Foi notória a participação maior da turma A em relação à turma B. Na turma
A foram levantadas questões como: “A humanidade pode esperar algum benefício
do aquecimento global ou apenas tragédia?”, “Porque o professor Molion não
aparece nos programas de TV? e “O que são os créditos de carbono?”. Já a turma B
não questionava, apenas alguns alunos se propunham a comentar a respeito do que
estavam assistindo.
Percebeu-se nas duas turmas, porém com maior relevância na turma A, que
as informações com as quais os alunos tiveram contato no vídeo apresentado e nos
textos trabalhados causaram indignação, parecendo que jamais fizeram alguma
relação entre o problema do aquecimento global com política e economia,
principalmente no que se refere à capacidade de dominação que se pode
estabelecer e comprometer regiões subdesenvolvidas. Portanto o material
proporcionou a análise e reflexão sobre o lado mais oculto das discussões em torno
do Aquecimento Global, a dominação política e econômica.
Pesquisa Escolar
De posse de um conhecimento mais aprofundado sobre o Aquecimento
Global, resultado do estudo realizado sobre o tema foi aplicada uma pesquisa em
nível escolar contendo oito questões, as quais foram tabuladas e apresentadas em
gráficos conforme demonstrado abaixo.
Na primeira questão perguntou-se aos alunos o que causa o Aquecimento
global. A resposta apontando o homem como causador foi de 50%, o homem e a
natureza juntos foi de 42,5% e somente 7,5% apontaram a natureza (Figura 3 – A).
Na segunda questão foi indagado sobre a origem das informações que o
aluno possuía sobre o Aquecimento Global. As respostas apontaram através da
mídia 66,8%, a escola 28,2% e amigos 5% (Figura 3 - B).
A terceira questão perguntou se o aluno confiava na veracidade das
informações repassadas atualmente principalmente pela mídia sobre a problemática
do Aquecimento Global. As respostas apontaram que 56,6% tem dúvidas, 34,3 sim e
9,4% não (Figura 3 - C).
A quarta questão procurou saber se o aluno busca obter informações sobre o
Aquecimento Global além daquelas que estão sendo veiculadas na mídia.
Responderam que parcialmente 40,6%, que não 37,4% e sim 22% (Figura 3 - D).
A
B
C
D
Figura 3 – Resultados das respostas de 1 a 4 aplicadas aos alunos de 1ª a 3ª séries de todos os
turnos do Colégio Estadual João XXIII - EFM.
Na quinta questão foi perguntado se os alunos tinham, conhecimento a
respeito dos céticos, que defendem outra teoria sobre as causas do Aquecimento
Global. Somente 17,5% responderam que sim, 37,5% que não possuem
informações a respeito e 45% apontaram que sabem que existe, mas não tem
conhecimento (Figura 4 - A).
A sexta questão questiona se é possível que países desenvolvidos se utilizem
da problemática do Aquecimento Global como “arma” de dominação. As opiniões se
dividiram em 17,5% acham que não, 27% que sim e 55,5% que talvez (Figura 4 - B).
A sétima questão perguntava qual é o principal gás responsável pelo efeito
estufa. Sem surpresa apareceu o CO2 com 79,4%, o metano com 15,6% e o vapor
dӇgua com apenas 5% (Figura 4 - C).
A oitava questão solicitava que o aluno cita-se a principal conseqüência do
Aquecimento Global para o nosso planeta. As três conseqüências mais citadas
50,0%
7,5%
42,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Causas do Aquecimento Global:
Homem
Natureza
Ambos28,2%
66,8%
5,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
Origem das Informações sobre o Aquecimento Global
Mídia
Escola
Amigos
34,3%
9,4%
56,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Confiança na veracidade das informações veiculadas pela
mídia:
Sim
Não
Duvida
22,0%
37,4%40,6%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
Busca outras fontes de informação além da mídia:
Sim
Não
Parcialmente
foram: descongelamento das geleiras 42%, aumento da temperatura 33% e 25% as
catástrofes ambientais (Figura 4 - D).
A
B
C
D
Figura 4 – Resultado das questões de 5 a 8 aplicadas aos alunos de 1ª a 3ª séries de todos os turnos
do Colégio Estadual João XXIII - EFM.
Conclui-se que o conhecimento que os demais alunos possuem sobre o
Aquecimento Global é limitado e midiático. No entanto uma mudança de concepção
e de postura frente à problemática do Aquecimento Global por parte desses alunos
se torna possível quando verificamos que a maioria deles tem dúvidas quanto às
informações veiculadas atualmente e uma parcela significativa acredita que talvez
seja possível a problemática do aquecimento global ser utilizada pelos países
desenvolvidos para impor a sua dominação.
17,5%
37,5%
45,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
Tem informações sobre os Cientistas céticos do Aquecimento Global
Sim
Não
Sei que existem
27,0%
17,5%
55,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
O Aquecimento Global pode ser usado como arma de dominação:
Sim
Não
Talvez
5,0%
79,4%
15,6%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Principal gás do Efeito Estufa:
Água
CO2
Metano
5,0%
79,4%
15,6%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Consequências mais citadas:
Descongelamento das Geleiras
Aumento da temperatura
Catástrofes naturais
Produção de texto final
A produção de texto final das turmas A e B após o levantamento quantitativo
mostrou que em ambas as turmas os alunos ampliaram e diversificaram bastante os
termos e ou palavras citados nos textos. Sendo muitos repetidos da produção inicial
e novos que surgiram como resultado das novas informações que assimilaram
(Tabela 1).
Na turma A vinte e dois alunos participaram da produção final, sendo
levantadas e quantificadas cinqüenta termos e ou palavras. Dessas, vinte e cinco
faziam parte da produção inicial e vinte e cinco são exclusivas da produção final.
Comparando com a produção inicial, manteve-se em evidência os termo e ou
palavras como; CO2 (57); homem(39) e Terra/mundo (26), priorizou-se, clima (25);
efeito estufa (50); cientista (34); econômico (15); Protocolo de Kyoto (13) e sol (12) e
dando menos ênfase a poluição (19); ar/atmosfera (12); mar (11); mídia (04) e
geleiras (01), por exemplo.(Tabela 1)
Considerando novos termos e ou palavras a turma A citou: antrópico (40);
céticos (41); causas naturais (20); países/mundo (17); preservar (14); adaptação
(14); IPCC (13), país desenvolvido (12); vulcões (11); político/interesses (09); vapor
d”água (09); Molion (08) e país subdesenvolvido (08). Variando de uma a sete
ocorrências do total dos textos foram ainda citados os seguintes termos e ou
palavras: pesquisa, desenvolvimento, energia alternativa, dominação, ONU,
mercado de carbono, benefícios, resfriamento, crítico, matéria orgânica, corrupção e
governo.
Na produção final da turma B vinte e cinco alunos participaram e foram
levantados e quantificados quarenta e cinco termos e ou palavras. Dessas, vinte e
três faziam parte da produção inicial que foram retomadas na produção final, e vinte
e dois novos termos e ou palavras foram citados. Destacam-se com menor
prioridade comparando com a primeira produção, mas ainda bem evidentes em
relação aos demais: homem (50); Terra/mundo (30) e natureza (26). Com menor
ênfase aparecem: poluição (15); catástrofes naturais (10); mar (07); degradação
(09); ar/atmosfera (06) e tecnologia (05). E com maior prioridade foram: CO2 (19);
clima (20); efeito estufa (19); saúde (18); econômico (12); temperatura (09); e sol
(11). (Tabela 1)
Com relação aos novos termos e ou palavras mencionados pela turma B na
produção final foram levantados os de maior relevância: antrópico (33); céticos (36);
causas naturais (31); cientista (31); IPCC (16); Molion (09); dominação (08); vulcões
(08) e político/interesses (08). E variando de uma a sete ocorrências apareceram os
seguintes termos e ou palavras: países subdesenvolvidos, matéria orgânica,
preservar, países/mundo, governo, ONU, resfriamento, adaptação, país
desenvolvido, vapor d”água, Protocolo de Kyoto, pesquisas, crítico e energia
alternativa. (Tabela 1)
Considerando o levantamento quantitativo é perceptível a mudança de
concepção dos alunos em relação à temática do Aquecimento Global.
A produção final, tanto da turma A quanto da turma B, apesar de
apresentarem perfis diferentes foi satisfatória, demonstrando um conhecimento mais
elaborado sobre o Aquecimento Global com relação às suas causas e
conseqüências. Também destacaram a influência das questões políticas e
econômicas que indiretamente influenciam nas decisões e estratégias ambientais
tomadas pelos diferentes países. A turma A destacou mais a importância de que
governos e sociedade devem buscar soluções para que a humanidade possa se
adaptar às mudanças climáticas futuras. Na tentativa de se prevenir para obter
também benefícios e não só calamidades e catástrofes. Essa turma apresentou
também maior percepção do domínio político e econômico que os países
desenvolvidos exercem sobre os subdesenvolvidos, em nome da preservação da
natureza e ou do planeta.
O conhecimento das correntes científicas que discutem o aquecimento global
despertou nos alunos uma visão mais crítica e menos alarmista. Percebe-se que a
visão antropogênica não está tão intrínseca e que prevalece um conhecimento com
teor mais científico do que midiático.
Conclusão
Após a observação dos resultados obtidos da produção de texto inicial
constatou-se que em ambas as turmas trabalhadas, os alunos mostraram possuir a
visão de que o Aquecimento Global é causado pelo homem. Predominando então,
uma concepção antropogênica do aquecimento do planeta.
A aplicação do material didático-pedagógico, as atividades propostas e as
discussões se basearam nas teorias dos cientistas antropogênicos e dos céticos. A
primeira, muito divulgada pela mídia e a segunda ainda pouco conhecida pela
maioria das pessoas. Teoria essa, pouco conhecida, que defende e comprova, de
acordo com seus modelos, um aquecimento global tendo como causas os fatores
naturais. As duas teorias contribuíram para que os alunos revelassem na produção
de texto final uma nova visão a respeito do aquecimento global apresentando maior
conhecimento cientifico e crítico em contraste com o primeiro texto que
apresentaram repleto de informações midiáticas e alarmistas.
Portanto, acredita-se que as práticas descritas neste artigo possam vir ao
encontro das necessidades de reflexão acerca das discussões e experiências sobre
as hipóteses do Aquecimento Global.
Promover discussões em torno de um assunto tão polêmico e complexo como
é o Aquecimento Global foi bastante desafiador. Principalmente, pelo fato de que se
coloca em questionamento a postura da mídia, dos interesses políticos e
econômicos de governos e dos grandes grupos empresariais.
Após a realização deste trabalho, é possível que para os alunos que
participaram do processo, qualquer questão ambiental será, a partir de então,
analisada sob uma nova perspectiva: a da avaliação, argumentação e de
posicionamento com criticidade diante das informações veiculadas.
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