DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 - … · publicado o primeiro livro sobre a Língua de Sinais...

90
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

Transcript of DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 - … · publicado o primeiro livro sobre a Língua de Sinais...

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

ÍCONES DESTE LIVRO

Filme explicativo sobre o tema abordado

Materiais de Apoio

Centros de Atendimento

Leitura complementar

Reportagem ligada ao tema

Ouvir

Ouço cores no ar, vejo uma aquarela de sons pincelando o cantar... Atrás da janela, o vento sussura, na ramagem das árvores em pranto...

Pode-se ouvir o som do vento, cortando as folhas de muitas árvores...

Pode-se ouvir o coração batendo, sentir sua dor, ouvir seu choro...

Pode-se ouvir o pássaro que canta, lamenta.. .vive... Pode-se ouvir o som do relógio, arrastando o tempo num sofrimento imperceptível...

Pode-se ouvir as harpas para a entrada no céu...

Ou... pode-se não ouvir nada... o som brincando como criança pode não chegar aos

ouvidos... Somente na alma...

Bernadete Fornazari 2008

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, sempre presente em tudo.

À professora Ana Paula, que me orientou com paciência, sempre disponível

diante de minhas constantes dúvidas, conduzindo-me com mãos seguras aos

caminhos certos para a conclusão deste material didático.

Aos profissionais da Escola Epheta, na qual foi realizado este trabalho, pela

receptividade constante.

Aos alunos da Escola Epheta, sem os quais este trabalho seria impraticável.

Ao meu marido Moisés, que se apresentou dedicado e amigo durante a

realização deste trabalho.

À minha filha surda Crisdayane, que muito vem me ensinando ao longo da

estrada.

À minha filha Raphaella, bálsamo das horas difíceis.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – IMPLANTE COCLEAR ....................................................................... 13

FIGURA 2 – EXERCÍCIO 1 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 25

FIGURA 3 – EXERCÍCIO 2 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 27

FIGURA 4 – EXERCÍCIO 3 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 29

FIGURA 5 – EXERCÍCIO 4 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 31

FIGURA 6 – EXERCÍCIO 5 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 33

FIGURA 7 – EXERCÍCIO 6 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 35

FIGURA 8 – EXERCÍCIO 7 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 37

FIGURA 9 – EXERCÍCIO 1 DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 41

FIGURA 10 – EXERCÍCIO 2 DISCRIMINAÇÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 43

FIGURA 11 – EXERCÍCIO 3 – DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 45

FIGURA 12 – EXERCÍCIO 4 - DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 48

FIGURA 13 – EXERCÍCIO 5 – DISCRIMINAÇÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 50

FIGURA 14 – EXERCÍCIO 1 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 54

FIGURA 15 – EXERCÍCIO 2 – RECONHECIMENTO - ALUNO E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 56

FIGURA 16 – EXERCÍCIO 3 – RECONHECIMENTO ALUNO E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 58

FIGURA 17 – EXERCÍCIO 4 – RECONHECIMENTO - ALUNO E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 60

FIGURA 18 – EXERCÍCIO 5 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 64

FIGURA 19 – EXERCÍCIO 5 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 65

FIGURA 20 – EXERCÍCIO 6 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 67

FIGURA 21 – EXERCÍCIO 7 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA

– ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR ............................................... 69

FIGURA 22 – EXERCÍCIO 1 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 72

FIGURA 23 – EXERCÍCIO 2 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 74

FIGURA 24 – EXERCÍCIO 3 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 76

FIGURA 25 – EXERCÍCIO 4 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR .................................................................................... 78

FIGURA 26 – EXERCÍCIO 4 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 78

FIGURA 27 – EXERCÍCIO 5 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 80

FIGURA 28 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA –

ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR .................................................. 83

FIGURA 29 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR .................................................................................... 84

FIGURA 30 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 84

FIGURA 31 – EXERCÍCIO 7 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR .................................................................................... 86

FIGURA 32 – EXERCÍCIO 7 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA

EPHETA – CURITIBA/PR .................................................................. 86

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

1.1 BREVE HISTÓRIA SOBRE A INSERÇÃO DOS SURDOS NA SOCIEDADE ....... 9

1.2 A TECNOLOGIA ................................................................................................. 10

1.3 IMPLANTE COCLEAR ........................................................................................ 11

1.3.1 Partes do Aparelho de Implante Coclear .......................................................... 12

1.3.2 O Funcionamento do Implante Coclear ............................................................ 13

1.4 HABILIDADES AUDITIVAS ................................................................................. 13

1.5 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES

AUDITIVAS ........................................................................................................ 17

1.6 TRABALHANDO COM OS PEQUENOS ............................................................. 18

1.7 INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O PROFESSOR DO ENSINO COMUM ....... 20

2 DETECÇÃO AUDITIVA ......................................................................................... 22

2.1 ATIVIDADES DE DETECÇÃO AUDITIVA ........................................................... 24

3 DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA ................................................................................ 38

3.1 ATIVIDADES DE DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA .................................................. 39

4 RECONHECIMENTO AUDITIVO ........................................................................... 51

4.1 ATIVIDADES DE RECONHECIMENTO AUDITIVO ............................................ 53

4.1.1 Introdutório – campo fechado ........................................................................... 53

5 COMPREENSÃO AUDITIVA ................................................................................. 70

5.1 ATIVIDADES DE COMPREENSÃO AUDITIVA .................................................. 71

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 87

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 89

APRESENTAÇÃO

A transição de um paradigma em crise para um novo, do qual pode surgir uma nova tradição de ciência normal, está longe de ser um processo cumulativo obtido através de uma articulação do velho paradigma. É antes uma reconstrução da área de estudos a partir de novos princípios, reconstrução que altera algumas das generalizações teóricas mais elementares do paradigma, bem como muitos de seus métodos e aplicações.

Thomas S. Kuhn

The Structure of Scientific Revolution

Algo que há poucos anos tratava-se apenas de ficção científica, é hoje uma

realidade. O ouvido biônico, diferente da ficção científica, não confere poderes

auditivos especiais aos seus usuários, mas é capaz de aproximar muito, um

deficiente auditivo, dos padrões auditivos de um ouvinte.

Tecnicamente chamamos o ouvido biônico de implante coclear. Tal avanço

tecnológico soma-se ao processo de educação da pessoa surda e torna premente

repensar as estratégias, abordagens e metodologias pedagógicas empregadas no

processo ensino-aprendizagem de tais indivíduos.

Neste momento de transição e adaptação a esta nova e imutável realidade,

quais direcionamentos, no trabalho com a pessoa surda submetida ao implante

coclear, tendo como base os conteúdos curriculares, deverão ser realizados?

O processo de educação do deficiente auditivo tem sofrido diversas

mudanças nas últimas décadas. Desde os tempos em que se impedia a utilização de

sua primeira língua, a lingua de sinais, passando pela abordagem bilinguista até,

finalmente chegar aos novos avanços tecnológicos capazes de, em muitos casos,

aproximar o portador de deficiência auditiva, da condição de um ouvinte.

O implante coclear oferece ao indivíduo surdo a possibilidade de acesso às

informações da linguagem oral recebida por meio da audição.

Nesta perspectiva precisamos investigar os aspectos teóricos, práticos e

vivenciais presentes neste processo. Para que tais aspectos sejam relevantes na

dinâmica, ensino-aprendizagem é fundamental o direcionamento educacional

adequado realizado pelo professor em sala de aula.

Os responsáveis pela elaboração das políticas educacionais não devem

ignorar essa tecnologia visto que o aluno implantado terá seu processo de

oralização acelerado e facilitado. Portanto, a abordagem exclusivamente através de

LIBRAS pode não ser a mais adequada para estes alunos. O que não podemos é

fechar os olhos para este novo momento histórico, suas implicações e impactos

sobre a atual política educacional para as pessoas com surdez, bem como sobre os

aspectos filosóficos e sociológicos de um grupo de cidadãos que busca, não apenas

um lugar na sociedade, mas também ver-se plenamente incluído nela.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394/96, no

artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos

currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas

necessidades. A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da

Educação Inclusiva coloca que cabe aos sistemas de ensino promover respostas às

necessidades educacionais especiais, então os alunos com implante coclear não

devem ficar de fora das discussões que estão acontecendo à nível nacional devido

alegações de que os mesmos “flutuam” entre a identidade surda e a comunidade

ouvinte. Eles precisam e tem o direito de um olhar diferenciado, pois a escola

comum começa a receber esse novo alunado e com certeza a tecnologia de

Implante Coclear fará parte cada vez mais do sistema educacional do nosso país.

A sistematização de informações deste caderno pedagógico não terá como

objetivo exclusivo, apenas a informação e sugestão de atividades, mas também

procurará despertar reflexões para uma melhor compreensão do processo de

desenvolvimento educacional do aluno com implante coclear.

9

1 INTRODUÇÃO

1.1 BREVE HISTÓRIA SOBRE A INSERÇÃO DOS SURDOS NA SOCIEDADE

Na Idade Média os surdos eram adorados como se fossem deuses, serviam

de mediadores entre os Faraós e os deuses, portanto eram temidos pela população.

Eram lançados em alto mar na China e do alto de rochedos em Esparta. Na Grécia

eram considerados incompetentes. Aristóteles colocou que sem linguagem, os

mesmos não tinham raciocínio. Os romanos jogavam-nos no Rio Tibre e alguns

trabalhavam como bobos para entreter os imperadores. Santo Agostinho dizia que

pais que tinham um filho surdo pagavam por um pecado cometido, mas a alma dos

surdos era salva.

Na Idade Moderna distinguiu-se mudez de surdez. No século XVI

apareceram os primeiros educadores surdos que trabalhavam com a língua oral do

país. Na Espanha em aparece o alfabeto datolológico e mais tarde em 1644 é

publicado o primeiro livro sobre a Língua de Sinais universal e seus elementos

constitutivos icônicos. Na França em 1750 aparecem os sinais metódicos (Língua de

Sinais, com a gramática sinalizada francesa. Na Alemanha surge a primeira escola

oralista.

Na Idade Contemporânea o Método oral começa a ganhar força com o apoio

de Alexandre Grahan Bell no Congresso Internacional de Educadores de Surdos,

realizado em Milão, em 1880, onde optou pela Abordagem Oralista. Depois aparece

a Comunicação Total onde utiliza a língua oral, a leitura labial, o treino auditivo, a

Língua de Sinais e o alfabeto manual.

A partir da década de 80 surge o Bilingüismo colocando que deve ofertar a

Língua de Sinais como primeira língua e a língua oral como segunda língua, alguns

ainda colocam que deve ser ofertado ao surdo a Língua de Sinais como primeira

língua, e a língua escrita do país como segunda língua, descartando totalmente a

língua oral.

A discussão ainda ocorre em diversos países, mas grande parte convive

com essas diferentes visões sobre os surdos e sua educação, acreditando que a

verdade única não existe e, portanto, todas as abordagens seriamente trabalhadas

devem ter espaço.

10

Novos avanços tecnológicos capazes de, freqüentemente, aproximar e muito

a pessoa surda da condição de ouvinte fomentam a necessidade de estudar os

processos educativos de pessoas que se utilizam dessas novas tecnologias.

Reportagem ligada ao tema Fonte: http://www4.usp.br/

Universidade de São Paulo – Tema: “Reabilitação” e veja corais de surdos em Bauru encantam com música e

superação sendo que a LIBRAS também encontra seu espaço.

1.2 A TECNOLOGIA

As conquistas científicas do final do século, no intuito de oferecer às

crianças surdas a possibilidade de acesso às informações da linguagem oral

recebidas por meio da audição, têm-se concretizado no avanço tecnológico dos

Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais (AASI) e do Implante Coclear

Multicanal (ICM). Usar a informação auditiva, recebida por meio desses dispositivos

eletrônicos, favorece a integração bio-psico-social dessas crianças, capacitando-as,

conseqüentemente, a interação na vida acadêmica e social.

A tecnologia continuará a oferecer inúmeras oportunidades para o indivíduo

surdo, permitindo que este ocupe seu lugar de direito neste mundo onde a

comunicação é basicamente auditiva e verbal.

O Implante Coclear, conhecido como ouvido biônico é um tratamento

cirúrgico, que requer avaliação criteriosa na seleção de indivíduos candidatos e

acompanhamento pós-cirúrgico rigoroso, tanto no que se refere aos procedimentos

de ativação e mapeamento dos eletrodos, avaliação audiológica e complementares,

como também na realização de acompanhamento do desenvolvimento das

habilidades auditivas.

Nas últimas décadas, o desenvolvimento dos sistemas de implantes

cocleares multicanais revolucionou o tratamento das deficiências auditivas de grau

severo e profundo. O Implante Coclear em crianças foi aprovado pela Food and

Drug Administration (FDA), e atualmente, é uma valiosa opção de tratamento em

todos os países do mundo.

11

Os Implantes Cocleares são dispositivos eletrônicos biomédicos de alta

tecnologia, desenvolvidos para realizar a função das células ciliadas da cóclea que

estão danificadas ou ausentes, e proporcionar a estimulação elétrica das fibras do

nervo auditivo remanescentes. O Implante Coclear não cura a surdez, mas provê a

sensação da audição ao indivíduo com a qualidade necessária para a percepção

dos sons da fala. Portanto o Implante Coclear é a ênfase das propostas atuais para

o trabalho com o indivíduo surdo.

Atualmente, no Brasil, existem vários centros de Implante Coclear. A grande

maioria destes centros é credenciada no Sistema Único de Saúde (SUS) nacional,

oferecendo, portanto, este procedimento gratuitamente. Serviços privados de

Implante Coclear existem em menor quantidade.

Reportagem ligada ao tema Fonte: http://www4.usp.br/

Universidade de São Paulo – Tema: “Reabilitação” e veja corais de surdos em Bauru encantam com música e

superação sendo que a LIBRAS também encontra seu espaço.

1.3 IMPLANTE COCLEAR

O Implante Coclear é nos dias de hoje, a principal tecnologia de reabilitação

auditiva disponível. O barateamento da tecnologia e a facilitação do acesso à

mesma, através de órgãos governamentais de saúde pública levará a um aumento

significativo da população de pessoas surdas com implante nas escolas brasileiras

que irá requerer uma abordagem diferenciada às suas potencialidades e

necessidades.

Segundo Kozlowski (1997), o implante coclear é um dispositivo que implica

na estimulação do oitavo par craniano, por intermédio de um ou mais eletrodos. Sua

função é levar diretamente ao nervo auditivo a informação sonora já transformada

em sinais elétricos. A cóclea já não pode mais efetuar a decodificação, então é

substituída por este dispositivo, estimulando diretamente as fibras do nervo auditivo

pelo seu “equivalente elétrico”.

Bento (1997) coloca que o aparelho de implante coclear não é um

amplificador de som, trata-se de um estímulo elétrico. Coloca que o mesmo fará o

12

papel de todo o ouvido, incluindo desde a captação do som, a transformação do

mesmo em estímulo elétrico e a estimulação do nervo auditivo. Segundo este autor,

não mais a necessidade da orelha, membrana do tímpano, ossos do ouvido e

cóclea.

Segundo Bevilacqua e Coube (1997), este tipo de recurso permite aos

portadores de deficiência auditiva profunda a utilização da função auditiva como

fonte de informação.

O Implante Coclear tem por objetivo oferecer ao indivíduo surdo a

possibilidade de acesso às informações da linguagem oral recebida por meio da

audição. Usar a informação auditiva, recebida por essa tecnologia favorece a

integração bio-psico-social, facilitando a interação na vida acadêmica e social. Essa

tecnologia oferece inúmeras oportunidades para o indivíduo surdo, permitindo que

esse ocupe seu lugar de direito neste mundo onde a comunicação é basicamente

auditiva e verbal.

Filme explicativo sobre o tema abordado Fonte: www.youtube.com – pesquisar – implante coclear Procure Implante Coclear – medicina tecnologia - tatianebraga

1.3.1 Partes do Aparelho de Implante Coclear

O componente interno é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e

é composto por uma antena interna com um ímã, um receptor estimulador e um

cabo com filamentos e múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino e

flexível.

O componente externo é constituído por um microfone direcional, um

processador de fala, uma antena transmissora e dois cabos.

13

FIGURA 1 – IMPLANTE COCLEAR

FONTE: Associação dos Deficientes Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de Implante Coclear

1.3.2 O Funcionamento do Implante Coclear

Os sons são captados pelo microfone direcional.

O cabo conduz o som desde o microfone até o processador de fala.

O processador de fala (que funciona como um microcomputador) filtra,

analisa e digitaliza o som em sinais codificados.

Os sinais codificados são enviados do processador de fala à antena

transmissora.

A antena transmissora envia os sinais codificados como sinais de rádio por

freqüência modulada ao receptor/estimulador abaixo da pele.

O receptor/estimulador envia a energia elétrica apropriada ao feixe de

eletroudos inserida na cóclea.

Os eletrodos dispostos ao longo do complexo estimulam as fibras

remanescentes do nervo auditivo na cóclea.

A informação sonora elétrica resultante é enviada ao cérebro através do

sistema auditivo para sua interpretação.

1.4 HABILIDADES AUDITIVAS

O Desenvolvimento das Habilidades Auditivas

A audição deve ser priorizada e maximizada após a cirurgia de Implante

Coclear. O objetivo maior é usar a mesma de forma funcional e desenvolver o uso

da linguagem oral se até o momento da cirurgia não a tiver.

14

O ouvir deve ser um modo de vida, deve fazer parte da personalidade da

criança. O objetivo do Implante Coclear em crianças pequenas é fazer com que elas

cresçam aprendendo a ouvir e a falar. Com a finalidade de adotar a audição como

um modo de ser, a criança deverá ser ajudada a descobrir o que o ouvir significa a

melhor maneira de entender.

O canal auditivo é o caminho natural quando se aprende a falar, e as

habilidades auditivas são essenciais para o desenvolvimento da linguagem oral e

para a produção de fala, necessitando assim, ser realizado um trabalho efetivo para

que elas se desenvolvam. As habilidades da audição e da linguagem são

construídas através dos anos.

Concluindo, o desenvolvimento das habilidades auditivas e da linguagem

depende de vários fatores, tais como:

− Grau e época da perda auditiva

− Idade de detecção e intervenção

− Características da criança: estilo cognitivo, capacidade de construir

linguagem, aspectos psíquicos (memória e atenção) e o desenvolvimento

educacional

− Características familiares: atitudes e habilidades de pais e irmãos

− Ambiente adequado: ambiente acústico em casa e no contexto escolar,

que favoreça o desenvolvimento das habilidades auditivas

− Terapia e/ou professora devem ter capacidade e sensibilidade para

realizar o trabalho de desenvolvimento das habilidades auditivas

Inicialmente, a criança deve ser avaliada para se saber em que nível de

desenvolvimento ela se encontra e para onde deve ir. É importante estar atento ao

momento em que está a criança, ao seu ritmo de desenvolvimento e, dessa forma,

proporcionar atividades que visem atingir os objetivos dentro do planejamento. Não

se deve exigir nada além nem aquém de sua capacidade e ritmo, procurando não

levá-la à ansiedade ou frustrações.

Visando o melhor desenvolvimento das habilidades auditivas as pessoas

envolvidas devem estar atentas a alguns itens:

Motivação: a criança deve estar motivada e ser incentivada a buscar as

habilidades.

15

Recompensa: a criança deve perceber que a conquista das habilidades é

importante e gratificante podendo controlar os sons.

Prática: a criança deve usar no seu dia-a-dia as habilidades que já

conquistou, generalizando-as.

Exposição: a criança deve estar exposta a ambientes estimulantes, como o

contato com diversos materiais, pessoas, eventos e objetos.

Exploração: incentivar a criança a explorar e interagir ao máximo com seu

meio ambiente, vivenciando as mais diferentes situações de maneira concreta.

Expansão: estimular a criança a conhecer novas experiências, atividades,

pessoas. Procurar sempre expandir o seu mundo e incentivá-la a ir buscar novos

conhecimentos.

Ao se ativar o Implante Coclear pela primeira vez, é comum a criança ter

uma reação de susto ou rejeição. Isso ocorre, pois para ela é tudo novo, ela não

conhece o que está ouvindo, não sabe interpretar os sons e os estímulos recebidos.

Será necessário um trabalho que ensine a criança o significado de cada som que

escuta, associando-os à fonte sonora.

Dentro dessa proposta do desenvolvimento das habilidades auditivas, a

criança deverá passar pelas mesmas etapas auditivas, pelas quais, passam as

crianças ouvintes.

Segundo Bevilacqua (2005) a seqüência das habilidades auditivas são:

Detecção auditiva: perceber a presença e ausência do som.

Discriminação auditiva: discriminar dois ou mais estímulos dizendo se são

iguais ou diferentes.

Reconhecimento auditivo: identificar o som, classificando-o e nomeando o

que ouviu, repetindo ou apontando o estímulo.

Compreensão auditiva: entender os estímulos sonoros sem repetição.

Responder perguntas, seguir instruções e recontar histórias.

O trabalho auditivo inicia-se com a simples detecção do som, caminhando

para discriminação, reconhecimento e compreensão da informação auditiva

significativa. As atividades auditivas são melhores quando incorporam habilidades

de comunicação significativas, apropriadas ao nível lingüístico e cognitivo da

criança.

16

Através da função auditiva desenvolvida a criança terá um “fedback”

acústico articulatório e conseguirá monitorar sua fala em desenvolvimento e o meio

ambiente, isso lhe dará mais segurança.

Portanto, espera-se que através do desenvolvimento das habilidades

auditivas, a criança consiga desenvolver a linguagem oral e estabelecer o domínio

da comunicação.

Material de Apoio Fonte: http://www.booktoy.com.br livros, cds, jogos brinquedos e demais materiais de apoio.

Bevilaqua (2005) apresenta uma síntese onde apresenta uma visão geral do

seqüenciamento das habilidades auditivas:

DETECÇÃO DISCRIMINAÇÃO RECONHECIMENTO COMPREENSÃO Habilidade para responder a presença ou ausência do som. Atenção seletiva ao som. Procura ou localização do som. Resposta condicionada ao som. Atenção espontânea ao som.

Habilidade para perceber semelhanças e diferenças entre duas ou mais informações da fala.

Habilidade para reconhecer a informação da fala, repetindo, apontando ou escrevendo. Pistas Supra-segmentais da Fala Características prosódicas da fala (ritmo, duração, freqüência, intensidade, entonação, acentuação). Reconhecimento de vozes masculinas, femininas e infantis. Reconhecimento das onomatopéias. Pistas Segmentais da Fala Onomatopéias Palavras, variando o número de sílabas. Palavras de uma sílaba variando vogal e consoante. Expressões familiares e ordens. Palavras com consoantes idênticas e vogais diferenciadas. Palavras com vogais idênticas e consoantes diferenciadas quanto ao modo, ponto e sonorização. Palavras com vogais idênticas e consoantes diferenciadas quanto ao modo de articulação. Palavras com vogais idênticas e consoantes diferenciadas quanto à sonorização.

Habilidade para compreender o significado da fala respondendo questões, seguindo instruções, parafraseando ou participando de uma conversação. Sequenciamento Auditivo Expressões familiares. Seguindo solicitações simples. Seguindo instruções escolares. Sequenciando dois, três ou quatro elementos. Sequenciando três ordens. Sequenciando ordens com multi-elementos. Habilidades auditivas/cognitivas: Em conjunto fechado: Sequenciar uma série de ordens com multi-elementos. Fazer reconhecimento baseado em várias descrições relacionadas. Sequenciar três quatro ou cinco eventos. Memorizar cinco detalhes de um evento ou história. Compreender a idéia principal de um evento ou história complexa. Na conversação: Responder questões que exigem compreensão da idéia principal de uma conversação curta. Parafrasear comentários de outros. Oferecer comentários espontâneos relevantes.

QUADRO 1 - VISÃO GERAL DO SEQÜENCIAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS

Centros de Atendimento http://www.hc.unicamp.br Campinas São Paulo http://www.hospitaliguacu.com.br Curitiba Paraná

17

1.5 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES

AUDITIVAS

A família tem papel fundamental para que a criança para a criança que fez o

implante coclear tenha sucesso na aquisição das habilidades auditivas.

A intervenção com a criança pequena precisa ser feita dentro de um

contexto familiar. A família precisa entender o processo e dar continuidade em casa,

pois a comunicação se efetiva dentro de casa.

A escola, o serviço de oftalmologia e a família devem trabalhar juntos

buscando fazer com que a criança desenvolva as habilidades auditivas no máximo.

O sucesso da criança tem muito a ver com a família, com a ação da mesma.

A família funciona como “agente modificador” da realidade das crianças e os

terapeutas e professores como “agentes de apoio.

Os adultos que interagem com a criança precisam internalizar essas

estratégias para aproveitar as situações do dia-a-dia, enriquecer os eventos diários

e, finalmente, criar um ambiente adequado para a estimulação da função auditiva e

da linguagem oral. Os pais não devem se tornar professores ou terapeutas, mas

precisam aprender a integrar a audição e a linguagem dentro das atividades do dia-

a-dia, dando um contexto significativo, de forma natural e prazerosa. O ambiente

familiar deve ser um ambiente de aprendizagem, por isso os pais precisam ser

orientados. Essa orientação será feita através do fornecimento de material

atualizado de leitura, visando aumentar o conhecimento sobre a área, buscando a

participação completa da família.

A família deverá ter paciência e entusiasmo, todos os familiares devem se

envolver para não sobrecarregar somente os pais.

A criança precisa aprender a usar seu resíduo auditivo para o

desenvolvimento da função auditiva assim ela construirá sua linguagem oral

podendo se interar com o meio social.

Leitura complementar FONTE: Bevilacqua, Maria Cecília; Moret, Mortari Adriane Lima. Deficiência auditiva:

Conversando com familiares e profissionais da Saúde. São Paulo: Editorial Pulso.

18

1.6 TRABALHANDO COM OS PEQUENOS

Quando falamos de crianças pequenas nos referimos àquelas menores de 4

anos. O trabalho com as mesmas segue o mesmo princípio do trabalho com as de

outras idades, isto é, onde o ouvir deve estar integrado às rotinas, deve estar

ativamente engajada em interações agradáveis e significativas, com pais,

professores e cuidadores da mesma.

Do nascimento à idade escolar é um período de enorme desenvolvimento na

vida da criança. O bebê cresce de um ser totalmente dependente a um comunicador

competente e um pensador independente e aprendiz no momento em que chega a

escola.

Temos escalas integradas de desenvolvimento que descrevem os estágios

típicos de desenvolvimento nas áreas da audição (Escala de Aquisição Cottage para

Audição, Linguagem e Fala), nestas escalas veremos a audição de uma criança

ouvinte e que servirá de parâmetro para a criança pequena com Implante Coclear.

0 a 3 meses: consciência para os sons; responde aos sons vocalizando,

virando a cabeça, parando a atividade, sorrindo; etc., responde a sons altos;

reponde a voz da mãe.

4 a 6 meses: os sons começam a ter significados; ouvem com a maior

atenção; inicia a associação som-significado, ex: responde ao seu nome às vezes;

responde ás mudanças de “inflexões” vocais; localiza a fonte da voz mais

apuradamente; escuta sua própria voz.

7 a 9 meses: localiza a fonte sonora, discrimina aspectos supra-segmentais

como duração, intensidade e freqüência; tem mais memória/atenção; associa as

palavras aos significados; discrimina conteúdos de vogais e consoantes.

10 a 12 meses: associa mais palavras aos seus significados; monitora sua

voz e as vozes dos outros; discrimina a voz de falantes com estímulo competitivo.

13 a 15 meses: identifica mais palavras; processa linguagem simples;

memória auditiva de um item no final da frase/sentença; discrimina frases de

familiares; segue ordens simples familiares.

16 a 18 meses: discrimina mais frases; identifica e relaciona mais palavras

aos seus respectivos objetos ex: brinquedos, partes do corpo comida e vestuário;

imita palavras ouvidas.

19

19 a 24 meses: memória auditiva de dois itens; discrimina sons;

compreende uma variedade de frases; discrimina frases descritivas; segue ordens

de duas direções, ex: “pegue a sua bola e traga aqui”; identifica pela categoria.

25 a 30 meses: memória auditiva de dois itens em diferentes contextos

lingüístico; escuta sons familiares gravadas; compreende sentenças longas; escuta

à distância;

31 a 36 meses: continua a expandir a memória auditiva – três itens com

diferentes características lingüísticas; seqüencia duas partes da informação em

ordem; escuta histórias em cd; segue ordens de 2 a 3 “direções”.

37 a 42 meses: memória auditiva aumenta para 5 itens, seqüencia 3 ou

mais pedaços da informação em ordem; reconta uma história; segue ordens de 3

direções; processa sentenças de estruturas complexas... frases de 6 elementos.

43 a 48 meses: processa estruturas de linguagem mais longas e complexas,

ex: “você pode encontrar uma coisa que vive em uma árvore e que canta?”; segue

direções com conceitos mais complexos, ex: “coloque o cubo azul pequeno dentro

da caixa verde”; reconta longas histórias em 5 ou mais sentenças; tenta realizar uma

sentença de 8 palavras.

A consciência ou atenção ao som é o primeiro passo para aprender a ouvir.

A criança pequena precisa detectar os sons ao seu redor. Essa habilidade é o

fundamento do aprendizado do processo auditivo. Em seguida ela associa o som

ouvido ao objeto relacionado e deverá reconhecer frases familiares. No próximo

estágio a criança pequena deverá imitar a linguagem que é exemplificada. Em

seguida, deverá processar e repetir a linguagem ouvida, envolvendo a memória a

curto e longo prazo e habilidades auditivas mais complexas.

As atividades para desenvolver as habilidades auditivas das crianças

pequenas serão realizadas através de brincadeiras, atividades do cotidiano, na hora

do lanche, bandinha rítmica, instrumentos musicais trabalhados individualmente,

brinquedos sonoros, dramatizações, brincadeiras como procurar um objeto sonoro

escondido, enfim atividades selecionadas com cuidado e se possível com apoio dos

fonoaudiólogos.

Sempre elogie a criança para encorajar a ação ou resposta. Os prêmios ou

reforços podem ser oferecidos de várias formas. Um prêmio efetivo é o elogio. Esse

elogio deve ser imediato e direto. Mostrar satisfação logo após uma ação ou

resposta dela, encorajará a criança a apresentar mais respostas. O elogio oral deve

20

vir acompanhado de um toque, um carinho, evitar presentes, a criança deve sentir-

se satisfeita com ela mesma por ter feito bem uma tarefa.

1.7 INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA O PROFESSOR DO ENSINO COMUM

a) Garantir o acesso da criança ao conhecimento acadêmico.

b) Conscientizar-se e ter respeito às potencialidades do ser humano.

c) Não discriminar.

d) Substituir a piedade pelo respeito à diferença.

e) Conscientizar-se de que os surdos são indivíduos que podem ser

integrados e produtivos.

f) Conhecer as causas que podem gerar a surdez.

g) Lutar pela inclusão da disciplina sobre Educação Especial nos cursos de

Magistério em nível de Segundo Grau.

h) Lutar pela inclusão de disciplinas e/ou conteúdos acerca dos portadores

de necessidades educativas especiais nos cursos de Terceiro Grau,

especialmente Pedagogia, Psicologia e todas as Licenciaturas de Áreas

da Saúde.

i) Ajudar a sensibilizar outros professores mais resistentes à inclusão, rever

sua postura, seus paradigmas, seus conceitos, acreditar no que faz.

j) Solicitar ajuda, sempre que necessário da equipe pedagógica da escola.

k) Trocar informações com profissionais da saúde que atendem o seu

aluno.

l) Trocar informações com outros professores que possuem alunos com

Implante Coclear.

m) Se possível, acompanhar a criança em algumas sessões de

fonoaudiologia.

n) Fazer cursos de LIBRAS.

o) Conhecer sua verdadeira função dentro do processo de aquisição das

habilidades auditivas, sabendo que seu aluno após a cirurgia de implante

passará por um longo processo para conseguir transformar a sua

audição em funcional.

21

p) Fazer o planejamento, tendo como base o estágio auditivo em que seu

aluno se encontra, auxiliando-o, visando a passagem para o outro.

q) Incentivar o aluno com Implante Coclear propiciando momentos em que

ele possa crescer auditivamente com abordagens dos conteúdos,

lúdicas, vivenciais etc.

r) Trocar com a família as informações que possam ser relevantes para o

progresso bio-psiquico-social do aluno.

s) Informar-se quanto aos avanços tecnológicos que poderão auxiliá-lo em

sala de aula (telefone, sistema FM etc.),

t) Respeitar o ritmo de desenvolvimento da criança, jamais comparando

com outra.

22

2 DETECÇÃO AUDITIVA

Após o Implante coclear a primeira habilidade auditiva a ser desenvolvida é

a detecção, a mesma serve como base para as outras habilidades.

Ling (1992) coloca que o trabalho para desenvolver a habilidade de detecção

seja intensivo, tendo como meta os sons ambientais e os sons da fala. Os sons

ambientais serão utilizados para que a criança vivencie e conheça os inúmeros

estímulos sonoros, que ocorram em seu meio ambiente e também para facilitar o

aprendizado da tarefa de detecção. Os sons da fala merecem destaque para

propiciar o desenvolvimento da linguagem oral e devem ser enfatizados.

Deve-se dar ênfase, no início, apenas via audição, a leitura orofacial poderá

distrair a pessoa com o implante coclear. O indivíduo surdo “funciona” via visual,

após o Implante Coclear deverá direciona-se via auditivo, o trabalho das habilidades

auditivas deve também ter como meta esse novo modo de entender o mundo.

Para o trabalho com a pessoa com implante coclear, a melhor maneira de

apresentar o trabalho é sentar-se próximo a ela ou fazer uso de uma tela acústica.

Deve-se estar mais próximo ao ouvido com o implante coclear, junto ao microfone

para garantir a entrada de um bom sinal acústico. No uso da tela deve-se tomar o

cuidado de colocá-la logo abaixo dos olhos impedindo, portanto qu se faça a leitura

dos momentos de fala, a tela cria uma distorção mínima do som, não interferindo no

resultado almejado.

No trabalho de detecção deve-se chamar a atenção para a presença e a

ausência do som. Quando ocorrer um som ocasionalmente deve-se apontar o

ouvido e chamar a atenção da pessoa com implante, para o som que se está

ouvindo e quando este finalizar mostrar que o mesmo acabou. Desta maneira a

pessoa será conduzida a perceber quando o som se inicia e quando o mesmo

termina. Essa atenção é de suma importância pois sem ela a pessoa com implante

coclear não ouvirá a informação auditiva.

No início deve-se produzir intencionalmente um som em situações

diferentes, mas com a pista visual, ex: alertar que a porta irá bater e paralelamente a

este trabalho deve-se apresentar o estímulo auditivo sem o apoio visual, no

momento em que a pessoa está envolvida em uma atividade, através desse

procedimento pode-se observar se a detecção está fazendo parte da vida da pessoa

23

com implante coclear. Na criança, observamos algumas reações como: parar o que

estão fazendo e ficar em estado de alerta; olhar para a direção onde está a fonte

sonora; arregalar os olhos e ficar quieta; assustar-se. Todas essas reações são

positivas e comprovam que a habilidade da detecção está assegurada.

A detecção auditiva também pode ser ensinada através de um trabalho

auditivo direcionado; onde se apresenta um estímulo sonoro e espera-se uma

resposta. À medida que as respostas são positivas pode-se diminuir a intensidade

do estímulo sonoro, ou aumentando a distância da fonte sonora, pois o “ouvir” os

sons de baixa intensidade também é necessário.

Para se trabalhar a Detecção de forma direcionada a mesma deve estar

associada a uma atividade motora. Quando iniciar o movimento inicia-se a emissão

(em relação à fala), cessando o movimento, interrompe-se a emissão. Desta forma,

chama-se a atenção para a presença e para a ausência do som. É necessário variar

a duração, a intensidade e a modulação do estímulo sonoro.

Objetivos da Detecção

− Desenvolver a atenção auditiva

− Verificar o funcionamento do aparelho

− Aprender a escutar os sons ao seu redor

− Descobrir os sons que pode produzir

− Estimular a vocalização

− Desenvolver a tendência a responder aos sons mais fracos

− Desenvolver a autoconfiança (controle do espaço ao redor)

− Preparar para os níveis mais refinados e complexos das habilidades

auditivas

Os passos da Detecção: atenção seletiva ao som; procura ou localização do

som; resposta condicionada ao som; atenção espontânea ao som.

A pessoa com implante coclear deve vivenciar diferentes tipos de sons,

quanto mais rica essa experiência auditiva maior a possibilidade de desenvolver as

habilidades auditivas.

24

2.1 ATIVIDADES DE DETECÇÃO AUDITIVA

Exercício 1: “QUEBRA-CABEÇA”

Material utilizado: - tambor ou tamborim

- quebra-cabeça com 6 peças

Procedimentos: 1º passo - Sentar com a criança, montar com ela um quebra-cabeça de 6

peças, com nível de dificuldade simples.

2º passo - Pedir para a criança montar o quebra-cabeça (a criança deverá

fazê-lo até não apresentar dificuldade).

3º passo - O professor segura um instrumento de percussão (ex: tambor).

4º passo - O professor bate o tambor pela 1º vez e coloca uma das peças

no quebra-cabeça. O professor bate o tambor pela 2º vez e coloca outra peça do

quebra-cabeça e assim sucessivamente.

5º passo - O professor baterá em seguida no tambor e a criança deverá

colocar uma das peças no quebra-cabeça, baterá novamente e novamente a criança

colocará a peça e assim sucessivamente.

6º passo - O processo deverá ser repetido com o professor posicionado

atrás da criança.

7º passo - Fazer registro do desempenho.

Obs: Caso a criança tenha idade inferior a 4 anos utilizar um quebra-cabeça

de 3 peças.

25

FIGURA 2 – EXERCÍCIO 1 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

26

Exercício 2: “CONSTRUINDO UM BRINQUEDO”

Material utilizado: tamborim, tambor, aparelho de som, garrafa pequena de

plástico transparente, sal, peças pequenas coloridas (botões, brinquedos, bolinhas,

pedaços de canudinho, boinhas de gude etc).

Procedimentos: 1º passo: A criança deve sentar-se no chão, e em sua frente ficará a garrafa

com água e sal. Explicar para o aluno que ele ouvir um som deverá colocar uma dos

brinquedos (peças pequenas) na garrafa.

2º passo: Posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do implante

coclear.

3º passo: Ligar o aparelho de som (volume alto), neste momento a criança

pegará uma das peças pequenas e colocará dentro da garrafa (ou tambor)

4º passo: O professor desligará o aparelho e o tornará a ligar outras vezes

sendo que o som deverá ser diminuído gradativamente.

5º passo: O professor deverá fazer registro do desempenho, anotando o

volume mínimo em que a criança fez a detecção ( registro importante para

acompanhar o progresso).

Obs 1: O sal fará com que o movimento dos brinquedos ocorra de maneira

mais lenta dentro da garrafa, após a mesma ser agitada.

27

FIGURA 3 – EXERCÍCIO 2 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

28

Exercício 3: “A PESSOA NO MUNDO” – Identificação

Vocabulário trabalhado: Nome (Identificação enquanto pessoa, amigos,

professores, familiares...).

Material utilizado: fotos e cartelas com nomes (do aluno, dos pais, dos

amigos, avós, dos irmãos etc).

Obs 1: O aluno deverá detectar o seu nome, depois o nome dos seus

famíliares e pessoas mais próximas sempre um a um.

Obs 2: Sempre dê um sinal auditivo para o aluno imediatamente após o

estímulo tátil. Nunca toque no aluno sem dar o som em seguida.

Obs 3: Utilizar como apoio foto e/ou o nome em uma cartela se o aluno já

estiver alfabetizado.

Procedimentos: 1º passo: Explique para o aluno que você o tocará no ombro e em seguida

falará o seu nome (ou o que antes combinar), o mesmo deverá colocar objetos

pequenos (pinos, brinquedos, botões...) sobre a foto apresentada toda vez que ouvir

o nome.

2º passo: Mostre para o aluno como você procederá e veja se ele

compreendeu o que lhe fora solicitado.

3º passo: Posicione-se atrás da criança junto ao microfone de implante

coclear.

4º passo: Chame o aluno pelo nome e se não houver resposta, diga

novamente, não havendo resposta repita o nome pela 3º vez e toque-o

imediatamente.

5º passo: Registre as dificuldades juntamente com a data que ele começar

a responder, isso para acompanhar o seu progresso auditivo.

6º passo: Faça as atividades com o nome das pessoas mais próximas.

29

FIGURA 4 – EXERCÍCIO 3 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

30

Exercício 4: “DINOSSAURO MEU AMIGO”

Material utilizado: dinossauro de brinquedo e tambor

Procedimentos: 1º passo: Mostrar para o aluno o brinquedo, deixando que o mesmo se

familiarize.

2º passo: Explicar para o aluno que você baterá no tambor e que ele deverá

colocar a mão na boca do dinossauro quando ouvir a batida.

3º passo: Sondar a compreensão da criança com perguntas e

dramatizações.

4º passo: Posicionar-se atrás do aluno junto ao implante coclear e bater no

tambor (uma ou mais vezes).

5º passo: A criança ao ouvir o tambor deverá colocar a mão na boca do

dinossauro.

6º passo: Anotar resultados, tempo de espera, data e demais dados para

acompanhamento do progresso auditivo.

Obs 1: Trabalhar com outros instrumentos musicais: sino, tamborim, bumbo,

reco-reco, prato etc.

31

ALUNA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FIGURA 5 – EXERCÍCIO 4 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

32

Exercício 5: “PERCORRENDO UM CAMINHO”

Vocabulário trabalhado: Cores (amarelo, azul, verde, vermelho)

Material utilizado: Jogo – O Trajeto

Procedimentos: 1º passo: Apresentar para o aluno o brinquedo que será utilizado na

atividade, deixando-o manusear por algum tempo.

2º passo: Dar ênfase aos pinos coloridos, falando de frente para a criança

suas cores um a um, pedindo para que ele repita os nomes das cores.

3º passo: Peça para o aluno escolher uma das cores, mostre sua grafia,

fazendo uma ficha.

4º passo: Diga para o aluno que ele deverá deslocar o pino toda a vez que

ouvir a cor escolhida.

5º passo: Sondar a compreensão do aluno com perguntas e dramatizações.

6º passo: Posicionar-se atrás da criança, junto ao microfone do implante

coclear e falar a cor previamente escolhida.

7º passo: A criança deverá deslocar o pino previamente escolhido.

8º passo: Anotar os resultados e o tempo esperado pela resposta, repita a

atividade com as outras cores.

Obs 1: O professor deverá trabalhar as cores individualmente cobrando a

pronúncia da mesma, a escrita (caso a criança já esteja num processo de

alfabetização), a identificação constatando se a criança apresenta domínio sobre

este conteúdo.

33

ALUNO – ESCOLA EPHETA –CURITIBA/PR

FIGURA 6 – EXERCÍCIO 5 DETECÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

34

Exercício 6: “AS FORMAS NO MUNDO”

Vocabulário trabalhado: Formas Geométricas (quadrado, círculo,

retângulo, triângulo) e Cores Primárias (amarelo azul e vermelho)

Material utilizado: Blocos Lógicos

Procedimentos: 1º passo: Trabalhar de frente com o aluno as quatro formas geométricas,

deixando o mesmo fazer uso da leitura de fala, cobrar a emissão oral das formas se

possível e/ou fazer apontamentos para averiguar a compreensão.

2º passo: Associar as quatro formas às cores (pode utilizar cartelas com

cores), sondar a compreensão através de apontamentos (ex: quadrado amarelo).

3º passo: Solicitar à criança que escolha uma das formas na cor desejada.

4º passo: Retirar as demais formas e explicar para a criança que você falará

o nome da forma escolhida e que ela quando ouvir deverá bater com a forma que

está segurando na mesa.

5º passo: Posicionar-se atrás da criança, junto ao microfone do implante

coclear e falar a forma previamente escolhida pela criança.

6º passo: Registrar os acertos, o tempo esperado para a conclusão da

atividade para confirmar se a criança está tendo progresso.

35

FIGURA 7 – EXERCÍCIO 6 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

36

Exercício 7: “NOSSA AMIGA PLANTA”

Vocabulário trabalhado: Partes da Planta (Raiz, Caule, Flor, Folha e Fruto)

Material utilizado: Plantas, flor em madeira, fichas

Procedimentos: 1º passo: Pegar algumas plantas junto com o aluno.

2º passo: Explicar para o aluno as partes que compõem uma planta

completa, deixando que ele manuseia-as livremente.

3º passo: Cobrar a pronúncia de cada parte da planta, apresentando sua

grafia em fichas (se a criança já estiver em fase de alfabetização).

4º passo: Sondar a compreensão através da linguagem oral ou

apontamentos.

5º passo: Pedir para que o aluno faça um desenho e escreva as partes da

planta.

6º passo: Solicitar ao aluno para escolher uma das partes da planta.

7º passo: Retirar as demais partes da planta ficando com a que o aluno

escolheu.

8º passo: Explicar para o aluno que você falará o nome da parte da planta

escolhida e ele deverá sinalizar livremente quando ouvir.

9º passo: Anotar os resultados, o tempo esperado, a data para

acompanhamento do progresso nessa habilidade.

Obs: Após a atividade com uma das partes da planta, proceder da mesma

maneira com as demais.

37

FIGURA 8 - EXERCÍCIO 7 DETECÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

38

3 DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA

Para o trabalho de discriminação auditiva, a criança deverá indicar se dois

ou mais estímulos sonoros são iguais ou diferentes.

Para dar início a este trabalho, a criança já deve ter passado com sucesso

pela fase de detecção e a criança deverá também já ter dominado o conceito de

“igual” e “diferente”.

Nas atividades trabalha-se a discriminação auditiva de: vogais; traços

distintivos de consoantes; palavras; frases; curvas melódicas.

Apresenta-se à criança, sem pista visual, dois fonemas duas palavras ou

duas frases e a criança deverá dizer se o que está ouvindo é “igual” ou “diferente”.

O trabalho auditivo, no início deve ser fácil para a criança aprender a

atividade solicitada, percebendo a diferença dos estímulos. Inicialmente apresentar-

se à criança estímulos sonoros com grandes diferenças acústicas, como: “pé/janela”,

“café/cobra” etc., somente depois estímulos acústicos semelhantes, como:

“bola/cola”, “pato/sapo”.

No trabalho de discriminação auditiva, podemos trabalhar no vocabulário:

− Tonicidade: pára/para

− Modo de articulação: bato/pato

− Ponto de articulação: gato/pato

− O traço definitivo de sonoridade: queijo/queixo

− No trabalho de discriminação auditiva de sentenças podem ser

trabalhadas:

− Extensão frasal: “Eu comi maçã.” / “Eu comi maçã na praça.”

− Modo - mudar apenas uma palavra: “Eu gosto do azul.” “Eu gosto do

amarelo”.

− Entonação – frase interrogativa, afirmativa, exclamativa “Eu vou comer?”

“Eu vou comer.” “Eu vou comer!”

Este trabalho será desenvolvido com as crianças maiores e já num processo

de alfabetização. Para crianças pequenas a discriminação auditiva pode ser

associada a um jogo de encaixe, por exemplo: ao ouvir sons “iguais”, a criança fará

o encaixe, caso sejam diferentes não fará o encaixe.

39

Um terceiro elemento poderá ser colocado quando for percebido que a

criança consegue realizar a atividade com constante sucesso.

Quando a criança apresentar problema de memória, o estímulo sonoro

deverá ser apresentado um de cada vez, tendo como apoio (se a criança for menor)

duas gravuras ou dois objetos, o professor deverá apontar um deles e perguntar se

foi o que ouviu. Com as crianças alfabetizadas cartelas com palavras deverão ser

utilizadas.

A criança deverá ter pelo menos 5 respostas corretas e consecutivas para

que seja considerado que a atividade atingiu o objetivo proposto.

Objetivos da Discriminação Auditiva:

− Perceber diferenças acústicas de intensidade (alto/baixo).

− Perceber diferenças acústicas de freqüência (grave/agudo).

− Perceber diferenças acústicas de duração (curto/longo).

− Perceber diferenças acústicas de intermitência ou continuidade.

− Perceber diferenças acústicas de ritmo.

− Perceber diferenças acústicas de entonação.

Enfim, propiciar um trabalho de percepção acústica mais refinada,

percebendo as diferenças sutis dos estímulos sonoros.

3.1 ATIVIDADES DE DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA

Exercício1: “CONHECENDO OS ANIMAIS”

Discriminação da Extensão da Palavra: A resposta deverá ser: “igual” ou

“diferente”.

Neste momento, não será cobrada a identificação da palavra.

Vocabulário trabalhado: Animais (vaca, foca, gato, porco, pato, cobra

peixe, tigre, rato, onça, sapo e urso) e palavras dissílabas.

Material utilizado: 12 cartelas com nome de animais ou 12 cartelas com

gravuras de animais. (dissílaba)

40

Procedimentos: 1º passo: Colocar sobre a mesa todas as cartelas de animais viradas para

baixo.

2º passo: Solicitar à criança que retire duas cartelas.

3º passo: Perguntar à criança que animais são aqueles (confirmar

compreensão).

4º passo: Mostrar à criança a escrita do nome destes dois animais (ficha ou

quadro-de-giz), colocando que são palavras dissílabas.

5º passo: Explicar à criança que você falará dois nomes ou repetirá um

deles, dar o exemplo de frente para a criança (PEIXE/SAPO PEIXE/PEIXE

SAPO/SAPO SAPO/PEIXE) e ela terá que dizer se as palavras ouvidas são “iguais”

ou “diferentes”.

6º passo: Somente fazer os exercícios quando perceber que a criança

entendeu o que lhe foi solicitado.

7º passo: Posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do implante

coclear.

8º passo: Solicitar que a criança pegue novamente duas cartelas e falar dois

nomes, repedindo ou não (apresentar cartela com a escrita paralelamente ou a

escrita no quadro-de-giz).

9º passo: A criança deverá dizer “igual” ou “diferente”.

10º passo: Fazer o registro dos resultados obtidos (considerar cinco acertos

consecutivos).

Obs 1: A criança já deverá ter o domínio dos conceitos “igual” e “diferente”.

ONÇA GATO URSO COBRA PORCO RATO

SAPO PEIXE VACA TIGRE FOCA PATO

41

FIGURA 9 – EXERCÍCIO 1 DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

42

Exercício 2: “TRABALHANDO COM OS ADJETIVOS OPOSTOS”

Discriminação da Extensão da Palavra: (dissílaba /dissílaba e dissílaba

/trissílaba)

A resposta deverá ser “igual” ou “diferente”.

Neste momento, não será cobrada a identificação da palavra.

Vocabulário trabalhado: Adjetivos opostos (ALEGRE/TRISTE,

FEIO/BONITO, ALTO/BAIXO, GORDO/MAGRO, CLARO/ESCURO, LIMPO/SUJO,

GROSSO/FINO, CURTO/COMPRIDO) e palavras dissílabas / trissílabas.

Material utilizado: 16 cartelas com adjetivos (mostrar os opostos)

Procedimentos: 1º passo: Colocar todas as cartelas sobre a mesa com a escrita para baixo.

2º passo: Solicitar à criança que escolha uma das cartelas.

3º passo: Solicitar a leitura ou ler para a criança as palavras.

4º passo: Sondar a compreensão e se necessário explicar à criança o

significado das duas palavras da cartela escolhida, mostrando que as mesmas são

adjetivos.

5º passo: Explicar à criança que você poderá falar as duas palavras ou

repetir uma delas. Dar exemplo de frente para a criança (GROSSO/FINO,

GROSSO/GROSSO, FINO/FINO ou FINO/GROSSO). Somente passar para o passo

seguinte quando a criança tiver entendido o que lhe será solicitado.

6º passo: Solicitar que a criança pegue uma cartela.

7º passo: O professor deverá posicionar-se atrás da criança, junto ao

microfone do implante coclear e dizer 2 palavras.

8º passo: A criança deverá dizer “igual” ou “diferente”.

9º passo: Fazer o registro dos resultados obtidos (considerar cinco acertos

consecutivos).

Obs 1: A criança deverá já ter o domínio dos conceitos “igual” e “diferente”.

ALEGRE TRISTE GORDO MAGRO FEIO BONITO GROSSO FINO

CLARO ESCURO ALTO BAIXO

LIMPO SUJO CURTO COMPRIDO

43

FIGURA 10 – EXERCÍCIO 2 DISCRIMINAÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

44

Exercício 3: “O MUNDO DAS CORES”

Obs: Criança com dificuldade de memória auditiva – ouvir um estímulo de

cada vez.

Discriminação da Extensão da Palavra: (dissílaba /trissílaba)

A resposta deverá ser “igual ou “diferente”.

Neste momento, não será cobrada a identificação da palavra (decodificação

da escrita).

Vocabulário trabalhado: Cores: azul escuro, azul claro, preto, branco,

verde, vermelho, laranja, amarelo, marrom.

Material utilizado: 8 cartelas coloridas e cartelas com os nomes das

respectivas cores.

Procedimentos: 1º passo: Colocam-se as cartelas sobre uma mesa com as cores viradas

para baixo.

2º passo: Solicitar à criança para pegar um das cores.

3º passo: Perguntar à criança que cor ela pegou (sondar compreensão) em

caso de dúvida falar de frente para a criança, mostrando também a grafia da

palavra.

4º passo: O professor deverá posicionar-se atrás da criança junto ao

microfone do implante coclear e falar uma cor, perguntando posteriormente para a

criança “eu falei o nome dessa cor?” (repetir a atividade se necessário até a criança

demonstrar compreensão).

5º passo: A criança deverá dizer “igual” ou “diferente”.

6º passo: Fazer o registro dos resultados obtidos (considerar cinco acertos

consecutivos).

Obs 1: A criança já deverá ter o domínio do conceito “igual” ou “diferente”.

45

FIGURA 11 – EXERCÍCIO 3 – DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

46

Exercício 4: “A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS DO TEMPO EM NOSSA

VIDA”

Discriminação quanto à Entonação: Frases exclamativas e frases

interrogativas com o vocabulário proposto.

Vocabulário trabalhado: (“chuva”, “sol”, “calor”, “frio”, “vestuário”,

“calçados”, “utensílios apropriados” ex: “cachecol”, “bota”, “chinelo”, “guarda-

chuva”...)

Material utilizado: Cartelas com frases ilustradas com palavras do

vocabulário em destaque e cartelas com os símbolos ≠ ou =

Procedimentos: 1º passo: Sondar se a criança diferencia frases exclamativas de frases

negativas.

2º passo: Explicar para o aluno que você falará duas frases e ela terá que

dizer se as mesmas são “iguais” ou “diferentes” ou usar os símbolos = ou ≠

3º passo: Posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do implante

coclear.

4º passo: O professor falará as frases e o aluno terá que dizer se as

mesmas são “iguais” ou “diferentes”.

5º passo: Mostrar para o aluno a cartela apontando as frases que você

falou.

6º passo: Trabalhar com as demais frases, anotar os resultados e repetir as

atividades se for necessário em outros momentos.

HOJE TEM SOL! HOJE TEM SOL? HOJE TEM SOL!

HOJE TEM SOL? HOJE TEM SOL? HOJE TEM SOL!

EU SAÍ NA CHUVA! EU SAÍ NA CHUVA? EU SAÍ NA CHUVA!

EU SAÍ NA CHUVA? EU SAÍ NA CHUVA? EU SAÍ NA CHUVA!

47

VOCÊ TEM UM CACHECOL! VOCÊ TEM UM CACHECOL? VOCÊ TEM UM CACHECOL!

VOCÊ TEM UM CACHECOL? VOCÊ TEM UM CACHECOL? VOCÊ TEM UM CACHECOL!

O GUARDA-CHUVA É MEU! O GUARDA-CHUVA É MEU? O GUARDA-CHUVA É MEU!

O GUARDA-CHUVA É MEU? O GUARDA-CHUVA É MEU? O GUARDA-CHUVA É MEU!

VOCÊ COLOCOU A BOTA! VOCÊ COLOCOU A BOTA? VOCÊ COLOCOU A BOTA!

VOCÊ COLOCOU A BOTA? VOCÊ COLOCOU A BOTA? VOCÊ COLOCOU A BOTA!

HOJE ESTÁ FRIO! HOJE ESTÁ FRIO? HOJE ESTÁ FRIO!

HOJE ESTÁ FRIO? HOJE ESTÁ FRIO? HOJE ESTÁ FRIO!

48

HOJE ESTÁ CALOR! HOJE ESTÁ CALOR? HOJE ESTÁ CALOR!

HOJE ESTÁ CALOR? HOJE ESTÁ CALOR? HOJE ESTÁ CALOR!

DEIXEI O MEU CHINELO LÁ! DEIXEI O MEU CHINELO LÁ? DEIXEI O MEU CHINELO LÁ!

DEIXEI O MEU CHINELO LÁ? DEIXEI O MEU CHINELO LÁ? DEIXEI O MEU CHINELO LÁ!

FIGURA 12 – EXERCÍCIO 4 - DISCRIMINAÇÃO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

49

Exercício 5: “CATEGORIAS DE FILMES”

Vocabulário trabalhado: “categoria”, “terror”, “comédia”, “drama”,

“suspense”, “ficção”, “desenho”, “animação”, “ação”, “aventura”, “legenda”, “áudio”,

“oscar” “duração”, “título”, “autor”, “atriz”, “ator” “curtas”

Material utilizado: filmes em CDs (incluir caixa)

Procedimentos: 1º passo: Trabalhar com o aluno as categorias de filmes, preferências, mais

vendidos, conhecidos, quem atuou, autor, qual é a duração do filme, título, se tem

legenda ou não, foi premiado ou não e demais informações que julgar necessário ou

que o aluno demonstrar interesse – todo o trabalho inicial será através da

conversação com apoio da leitura de fala (face a face).

2º passo: Mostrar para o aluno os filmes (caixas), procurando as

informações levantadas na frente e verso das mesmas.

3º passo: Após esse trabalho pedir para o aluno selecionar 2 filmes de sua

preferência retirando os demais do seu campo de visão.

4º passo: Explicar para o aluno que você falará o nome de um filme duas

vezes ou você falará o nome dos dois filmes. Ex: “HARRY POTTER” e “O GORDO E

O MAGRO” OU “HARRY POTTER” e “HARRY POTTER” ou “O GORDO E O

MAGRO” e “O GORDO E O MAGRO” OU “O GORDO E O MAGRO” e “HARRY

POTTER” e que ele deverá dizer se o que ouviu é “igual” ou “diferente” ou levantar

um dos filmes pedidos (igual) ou os dois (diferente).

5º passo: Posicionar-se atrás do aluno junto ao implante coclear e falar o

nome de um dos filmes duas vezes ou o nome dos dois fimes.

6º passo: O aluno deverá dizer “igual” ou “diferente” ou levantar um (igual)

ou os dois filmes (diferente).

7º passo: Anotar resultados, tempo de espera, participação na atividade e

demais informações que o professor julgar necessárias.

Obs 1: Essa atividade poderá ser trabalhada em momentos diferentes por

conter uma gama grande de informações, mas o objetivo final deverá ser a

discriminação auditiva.

50

FIGURA 13 – EXERCÍCIO 5 – DISCRIMINAÇÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

51

4 RECONHECIMENTO AUDITIVO

O Reconhecimento é a habilidade de identificar corretamente um evento

sonoro previamente conhecido, sendo um processo totalmente aprendido. A etapa

do Reconhecimento é o início da habilidade de Compreensão, conseqüentemente

pressupõe que a criança já domina a etapa da Detecção e da Discriminação.

Essa etapa do trabalho segue duas etapas: “Introdutória” e “Avançada”.

Etapa Introdutória: o estímulo sonoro é apresentado em conjunto fechado,

isto é a criança deverá reconhecer, diante de dois ou mais estímulos, quais ela

detecta.

Etapa Avançada: o estímulo sonoro é apresentado em conjunto aberto, isto

é a criança deverá dizer o que ouviu, a criança deverá repetir sem apoio visual.

Etapa Introdutória (Conjunto Fechado)

A atenção da criança deverá ser direcionada para as diferenças entre os

sons. São apresentados três ou mais sons, a criança deverá dizer qual ouviu. É uma

atividade de múltipla escolha. No trabalho prático pode-se promover reconhecimento

de sons ambientais, onomatopéias, vogais, traços distintos de consoantes, palavras

e frases.

Para que essa atividade seja realizada com sucesso a criança deve ter

internamente associado o estímulo sonoro à fonte geradora, (ex. precisa saber que o

som “buuuuu” se refere ao boi.

O desenvolvimento da habilidade de reconhecimento autivo será mais fácil,

quanto maiores forem as experiências auditivas com significado pelas quais a

criança tenha passado.

O estímulo sonoro onde a criança já saiba associar o nome ao elemento, isto

é já ter sido internalizado, deve ser o começo dessa etapa.

Segundo Bevilacqua e Formigoni (1997) os itens para se trabalhar o

reconhecimento auditivo são:

− sons ambientais;

− onomatopéias de sons de animais e de meios de transportes;

− vogais;

− traços distintos de consoantes;

52

− palavras;

− frases;

Em caso de dificuldade pode-se usar os recursos acústicos como: ênfase,

fala clara, repetição e redução do número de alternativas. Um aspecto a ser

considerado é o de ajudar a criança a de perceber que é capaz, de reconhecer o

som que ouvir. Ao ouvir o som, chame a atenção da criança, perguntando o que

escutou, dando a oportunidade de responder e reconhecer. Caso não consiga, seja

agente facilitador, dê a resposta, faça o reconhecimento para ela.

Para o reconhecimento auditivo utilizar 3 ou 4 elementos ( 2 elementos

podem levar a criança a responder por adivinhação). A criança apresentando

progresso, o número de elementos deverá ser aumentado. Esse trabalho poderá ser

realizado em casa, na escola em terapia fonoaudiológica e jamais deve frustrá-la e

os acertos devem ter margem de 70%.

Etapa Avançada (Conjunto Aberto)

O estímulo é apresentado em conjunto aberto, não existe um número de

elementos (infinito) envolve todo o contexto da linguagem.

A criança deve dizer o que ouviu sem apoio visual. O sucesso dependerá de

como a criança percebe o mundo e de como o organiza. A criança não só

identificará o estímulo mas deverá repeti-lo espontaneamente. Para isso, a criança

precisa ter vivenciado, inúmeras e repetidas vezes, as experiências auditivas,

atribuindo significado aos sons que detectou e discriminou nas fases anteriores, daí

a importância de não inverter ou pular as fases das habilidades auditivas.

Para a criança reconhecer um som, primeiramente precisa detectá-lo, depois

discriminá-lo diante de inúmeras características auditivas, aquelas que são

consistentes e afirmativas. Para que isso ocorra são necessárias boa memória e

linguagem interna, sendo assim ela buscará a associação entre o estímulo sonoro e

a fonte geradora.

O trabalho com as atividades abertas podem ser introduzidas mesmo que a

criança não tenha domínio total do conjunto fechado. Frases do cotidiano podem ser

apresentadas auditivamente, se não forem compreendidas as mesmas deverão ser

repetidas com apoio da leitura orofacial.

Nessa etapa não se utilizará objetos ou figuras como nas etapas anteriores.

Os estímulos sonoros devem fazer parte da vida da criança, como os conteúdos de

53

sala de aula, o trabalho poderá ser paralelo ao da escola e os vocabulários de sala

de aula poderão fazer parte dessa etapa de trabalho.

Para os adolescentes dar os vocabulários usados no meio e as gírias devem

ser explicadas, pois trazem uma linguagem ambígua. Os conteúdos trabalhados na

fase de Detecção e na fase de Discriminação poderão ser aproveitados mudando-se

o grau de exigência.

Nesta fase poderá ser trabalhado o “rastreamento da fala” que é a leitura de

um pequeno texto em que a criança irá repetindo a medida que o mesmo ocorre.

Calcula-se o número de palavras repetidas corretamente e compara-o em outro

momento.

4.1 ATIVIDADES DE RECONHECIMENTO AUDITIVO

4.1.1 Introdutório – campo fechado

Exercício 1: “O MUNDO DOS SUBSTANTIVOS”

Reconhecimento da Extensão da Palavra: (dissílaba / trissílaba /polissílaba)

Vocabulário trabalhado: Substantivos comuns

Material utilizado: 6 cubos com desenhos diversos; fichas com nomes dos

desenhos solicitados

Procedimentos: 1º passo: Solicitar que a criança escolha um dos tubos que estão sobre a

mesa.

2º passo: Perguntar para a criança o nome dos desenhos que estão nas

faces do cubo (linguagem interior).

3º passo: Explicar para a criança que todas as gravuras são substantivos

comuns e associar todas as gravuras com o nome escrito.

4º passo: Nomear as gravuras uma a uma, de frente para a criança para

que a mesma possa fazer a leitura de fala, mostrando a ficha com a escrita da

palavra.

5º passo: pedir para a criança falar ou repetir os nomes apresentados

(aceitar a pronúncia da criança, pois o objetivo é sondar a compreensão).

54

6º passo: Explicar para a criança que você falará um nome e a mesma

deverá apontar a figura ou se já estiver reconhecendo a escrita pegar a palavra

escrita e colocar junto ao desenho.

7º passo: Posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do Implante

Coclear.

8º passo: Considerar 5 (cinco) respostas certas consecutivas e anotar

desempenho da criança.

Obs 1: Caso a criança não tenha compreendido o exercício, realizar com a

mesma diversas vezes os passos. Somente considerar os dados após compreensão

por parte da criança do que fora combinado.

FIGURA 14 – EXERCÍCIO 1 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA

– CURITIBA/PR FONTE: O Autor

55

Exercício 2: “CUIDANDO DO CORPO” Memória Auditiva Vocabulário trabalhado: Produtos de Higiene

Material utilizado:

− sabonete;

− xampu;

− cotonete;

− escova de dente;

− pasta de dente;

− algodão;

− toalha;

− pente;

− escova;

− desodorante.

Procedimentos: 1º passo: Apresentar os produtos um a um falando de frente para a criança

os seus respectivos nomes (mostrar a grafia).

2º passo: Explicar para a criança que você falará o nome de três produtos e

ela deverá colocá-los na ordem em que foram falados.

3o passo: Falar o nome dos produtos de frente para a criança para que ela

possa fazer a leitura de fala.

4o passo: Após a criança colocar os produtos pedir para as mesmas

nomeá-los, e se mostrar a grafia (se estiver alfabetizada/ou em processo).

5º passo: Posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do Implante

Coclear, solicitar 3 produtos, caso a criança tenha sucesso, retomar a atividade com

4 produtos... 5 produtos... e assim sucessivamente.

6º passo: Registrar a quantidade máxima de produtos que a criança

conseguiu memorizar.

7º passo: Em outro momento e quando sentir que a criança está mais

segura posicionar-se atrás da criança junto ao microfone do Implante Coclear e

desenvolver os passos sem apoio da leitura de fala.

56

Obs 1: O trabalho com o registro escrito deverá ser feito sempre associando

o nome ao produto, em outro momento retirar o produto (concreto) trabalhar

somente com a grafia do produto (escrita/nome).

FIGURA 15 – EXERCÍCIO 2 – RECONHECIMENTO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

57

Exercício 3: “A NOSSA LÍNGUA”

Vocabulário trabalhado: Termos utilizado na Língua Portuguesa

Material utilizado: Fichas com nomes de termos utilizados na Língua

Portuguesa e seus respectivos sinais: “reticências”, “vírgula”, “ponto e vírgula”,

“ponto de exclamação”, “ponto de interrogação”, “ponto final”, “travessão”, “aspas”,

“dois pontos”, “asterisco”, “hífen”, “parágrafo”.

Procedimentos: 1º passo: Colocar as cartelas sobre a mesa com a escrita para baixo.

2º passo: Pedir para a criança virar uma das cartelas, pedir para que a

mesma “leia” e posteriormente explique quando o termo é utilizado.

3º passo: Caso a criança apresente dificuldade mostrar através de

exemplos colocados em um quadro-de-giz ou tela de um computador quando o

termo é usado.

4º passo: Diminuir o número de fichas de acordo com a dificulade de cada

criança.

5º passo: Posicionar-se atrás da criança, junto ao microfone do Implante

Coclear e falar o nome de um dos termos trabalhados.

6º passo: A criança deverá mostrar a ficha correspondente.

“RETICÊNCIAS” “VÍRGULA” “PONTO E VÍRGULA”

“PONTO DE EXCLAMAÇÃO” “ASPAS” “ASTERISCO”

“PONTO FINAL” “PONTO E VÍRGULA” “TRAVESSÃO”

”HÍFEN” “PARÁGRAFO” “DOIS PONTOS”

58

FIGURA 16 – EXERCÍCIO 3 – RECONHECIMENTO ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA

– CURITIBA/PR FONTE; O Autor

59

Exercício 4: “O QUE NOSSO CORPO PODE FAZER”

Identificação contrastante em sentenças Vocabulário trabalhado: Partes do corpo e verbos referentes

Material utilizado: cartelas com frases e palavras destacadas que

representam as partes do corpo e os verbos referentes também em destaques.

Procedimentos: 1º passo: Mostrar um das cartelas para os alunos.

2º passo: Ler ou solicitar que o aluno leia as duas frases.

3º passo: Explicar para o aluno que você falará uma das duas frases

apresentadas e que ele deverá apontar ou repetir a frase que você falou.

4º passo: Posicionar-se atrás da criança próximo ao microfone de implante

coclear, enquanto o aluno segura a cartela e falar uma das frases apresentadas.

5º passo: O aluno aponta a frase que ouviu.

6º passo: Trabalhar com as outras frases seguindo o mesmo procedimento.

7º passo: Anotar os resultados, retomando a atividade se for necessário em

outro momento, tendo sempre em vista o progresso auditivo do aluno.

USAMOS OS DENTES PARA MASTIGAR.

USAMOS OS OLHOS PARA VER. USAMOS OS JOELHOS PARA AJOELHAR.

USAMOS AS MÃOS PARA AMASSAR.

USAMOS O NARIZ PARA CHEIRAR.

USAMOS OS OUVIDOS PARA OUVIR.

USAMOS AS PERNAS PARA ANDAR.

USAMOS A MÃO PARA ACENAR. USAMOS O PÉ PARA CHUTAR.

USAMOS AS NÁDEGAS (BUMBUM) PARA SENTAR.

USAMOS AS PERNAS PARA CORRER.

60

FIGURA 17 – EXERCÍCIO 4 – RECONHECIMENTO - ALUNO E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA

– CURITIBA/PR FONTE: O Autor

61

Identificação da Extensão da Frase Exercício 5: “CUIDANDO DO MATERIAL ESCOLAR”

Vocabulário trabalhado: Material Escolar (nomeação, cor, cuidados,

respeito ao material do outro...)

Material utilizado: material escolar e fichas com frases ilustradas e palavras

(material escolar) destacadas.

Procedimentos: 1º passo: Sondar a compreensão do aluno perguntando o nome de cada

material e/ou falando o nome e pedindo para que o mesmo o aponte.

2º passo: Explicar para o aluno que você lhe dará uma ficha e falará a frase

com um dos três finais e que ele deverá apontar ou falar a frase ouvida. 3º passo: Sondar a compreensão do aluno.

4º passo: Posicionar-se atrás do aluno junto ao microfone do implante

coclear.

5º passo: Falar a frase com um dos finais escolhidos.

6º passo: A criança deverá falar ou apontar a frase ouvida.

7º passo: Trabalhar com as demais frases seguindo os mesmos

procedimentos.

8º passo: Anotar os resultados retomando a atividade se necessário em

outro momento, tendo sempre em vista o progressoa auditivo do aluno.

VOCÊ VIU _________________ O LÁPIS?

__________________ A CANETA VERMELHA?

___________________ A MINHA RÉGUA?

62

A MENINA DERRUBOU________ A BORRACHA. _________ O SEU CADERNO. __________ A MOCHILA NA CALÇADA.

O ESTOJO É __________________ É MEU. __________________ DA MINHA PROFESSORA DE ARTES. ___________________ DA VOVÓ TERESA.

ESQUECI O APONTADOR NA_________ GAVETA DO MEU ARMÁRIO. __________ MOCHILA. __________ SALA DE AULA.

NA LANCHEIRA TEM _____________ UMA PERA E UM SUCO DE LARANJA. _______________ UMA MAÇÃ VERMELHA. _______________ UM PASTEL.

63

A COLA COLOU ___________________ MEU DEDO. ___________________ A FIGURA DE UM CARRO ANTIGO. ___________________ O DESENHO DA MÔNICA.

O LIVRO É ________________________ DO MEU AMIGO PEDRO. _________________________ DELA. _________________________ DA PROFESSORA.

LEVEI O CADERNO __________________ PARA A ESCOLA. __________________ PARA A SALA DE AULA. __________________ PARA CASA FAZER A TAREFA.

64

FIGURA 18 - EXERCÍCIO 5 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

65

FIGURA 19 - EXERCÍCIO 5 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

66

Exercício 6: “PARTES DO NOSSO CORPO”

Reconhecimento da Extensão da Palavra: (monossílaba, dissílaba,

trissílaba)

Vocabulário trabalhado: Nomeação de algumas partes do corpo (cabeça,

tronco, perna, braço, mão e pé).

Material utilizado: quebra-cabeça em madeira (partes do corpo).

Procedimentos: 1º passo: Mostrar para o aluno o quebra-cabeça desmontá-lo e de frente

para o mesmo (para que o mesmo faça a leitura de fala), nomear uma a uma as

partes que compõem o corpo humano.

2º passo: Explicar para o aluno que você falará o nome de uma das partes

do corpo e que ele deverá colocar a peça solicitada no lugar apropriado.

3º passo: Constatar se a criança entendeu o que lhe será solicitado.

4º passo: Posicionar-se atrás do aluno próximo ao implante coclear e falar

uma das partes.

5º passo: A criança deverá pegar a peça e colocá-la no lugar apropriado,

montando aos poucos o corpo humano.

6º passo: Se a criança apresentar dificuldade, pegar a peça, falar de frente

e posteriormente de costas e colocar a peça no local apropriado.

7º passo: Repetir a atividade em outros momentos, se a criança apresentar

dificuldade, sondando sempre a compreensão do aluno.

67

FIGURA 20 – EXERCÍCIO 6 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

68

Exercício 7: “EU E O MUNDO – CRIANDO E OUVINDO HISTÓRIAS”

Acompanhamento de Parágrafos: (utilização de informações pessoais)

Vocabulário trabalhado: Localização/Nomeação – “País” “Estado” “Cidade”

“Bairro” “Endereço” (Rua, CEP, número da residência etc “Escola” “Série”

Material utilizado: 1 texto previamente elaborado (com cópia) ou livros de

histórias

Procedimentos: 1º passo: Montar em uma aula anterior, junto com o aluno (máximo 3

parágrafos), um texto e fazer uma cópia.

2º passo: Em outro momento, dar um texto para o aluno e explicar que você

irá ler o texto que ele produziu (cópia) e que ele deverá seguir o mesmo apontando

para cada palavra falada.

3º passo: Averiguar se o aluno compreendeu o que lhe será solicitado.

4º passo: Posicionar-se atrás do aluno, próximo ao microfone do implante

coclear e fazer a leitura.

5º passo: Case o aluno atrase, o professor repete a última palavra o número

de vezes o suficiente para que o aluno o alcance.

6º passo: Anotar o número de dificuldades apresentadas pelo aluno para

comparar com resultados de outros momentos.

7º passo: Repetir a atividade em outros momentos, visando sempre o

desenvolvimento desta habilidade auditiva.

Obs 1: Mudar para materiais mais complexos (ex: livros de histórias) e

aumentar a velocidade da leitura à medida que o professor observe progressos.

Obs 2: Podemos acrescentar vocabulários novos, mas em sentenças

menores. As idéias podem ser discutidas e a discriminação das palavras, assim

como a identificação e o reconhecimento podem ser praticados.

Obs 3: O nível de trabalho com o aluno dependerá do nível de necessidade

e da linguagem do mesmo.

69

FIGURA 21 – EXERCÍCIO 7 – RECONHECIMENTO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA

– CURITIBA/PR FONTE: O Autor

70

5 COMPREENSÃO AUDITIVA

É a capacidade de entender, de dominar a comunicação, o discurso oral

sem fazer uso de pistas como a leitura de fala, pois no discurso oral temos

perguntas, piadas, diálogos, histórias e outras mensagens acústicas.

Somente chegará na compreensão auditiva, o indivíduo que passar por

todas as outras habilidades auditivas.

A informação acústica é um código sofisticado e simbólico que ligado a um

contexto significativo adquire um significado. Para que o indivíduo realize a

compreensão precisa haver um vínculo entre a mensagem e o contexto, precisa ter

conhecimento da linguagem, regras gramaticais, vocabulário, conceitos, memória e

experiência de vida.

O indivíduo não deve fazer uso da repetição, como anteriormente tinha como

hábito, esta estratégia de comunicação deve ser retirada ao se trabalhar a

compreensão.

Recomenda-se realizar as atividades e paulatinamente introduzir um ruído

de fundo (ex: música, ventilador etc.), pois no dia-a-dia normalmente existem sons

que dificultam a compreensão das mensagens, como ruído de fundo, efeito de

reverberação, distância da fonte sonora e outros. Estas atividades devem ser

realizadas com cautela, pois como o implantado coclear tem todos os sons

aumentados, inclusive o do fundo, faz com que os mesmos se irritem durante as

atividades.

O trabalho de compreensão auditiva de textos e vocabulário é um processo

contínuo, pois sempre temos expressões ou palavras que podem ser

desconhecidas. Devemos trabalhar com os adolescentes, expressões lingüísticas e

com as gírias por trazer linguagem ambígua.

O trabalho com o indivíduo surdo é muito complexo, exige tempo, dedicação

de todos os envolvidos: escola, família, trabalho fonoaudiológico e somente com um

trabalho integrado este indivíduo poderá participar ativamente e produzir na

sociedade em que está inserida.

71

5.1 ATIVIDADES DE COMPREENSÃO AUDITIVA

Exercício 1: “LEMBRANÇA DE UM TEXTO”

Vocabulário trabalhado: Comemorações Sociais

Material utilizado: texto pré-elaborado, mas não será utilizado durante a

atividade

Procedimentos: 1º passo: Na aula anterior, produzir um texto junto com o aluno sobre uma

data comemorativa (ex: NATAL), suas expectativas em relação à data, seus gostos,

lembranças, alegrias, significado, enfeites, presentes etc.

2º passo: Na aula posterior, conversar sobre o aluno sobre o que ele

registrou e se desejar, ler o texto para o mesmo.

3º passo: Explicar para o aluno que você fará perguntas sobre tudo o que

vocês “conversaram” e sobre o que ele produziu na aula anterior e que ele deverá

dar respostas às perguntas feitas.

4º passo: Posicionar-se atrás do aluno, junto ao microfone do implante

coclear e “conversar” com o aluno, fazendo perguntas diretas sobre o tema

trabalhado ex: NATAL

5º passo: Caso a criança apresente dificuldade, tocar na criança e fazer a

pergunta de frente para que ela possa fazer a leitura de fala (mantendo a

compreensão).

72

FIGURA 22 – EXERCÍCIO 1 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

73

Exercício 2: “SÍTIO DO PICA-PAU AMARELHO”

Vocabulário trabalhado: Personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo

(Emília, Visconde de Sabugosa, Saci, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta e Anastácia)

e Características

Material utilizado: Livros, bonecos, Fichas com os nomes dos personagens

Procedimentos: 1º passo: Mostrar para a criança os personagens e sondar o seu

conhecimento sobre os mesmos, deixar que ela os manuseie livremente.

2º passo: Falar das características de cada um, mostrando livros para

reforçá-las, falar das roupas usadas, das cores das mesmas, realizando a atividade

sempre de frente para dar-lhe oportunidade de fazer a leitura de fala.

3º passo: Desenhar os personagens e escrever seus nomes.

4º passo: Explicar para a criança que agora vocês irão “conversar” sobre

tudo o que vocês fizeram.

5º passo: Posicionar-se atrás da criança, junto ao implante coclear e

inicialmente fazer perguntas diretas (ex: cor da roupa do Visconde) e posteriormente

direcionar para uma conversação.

6º passo: Evitar a repetição, usar ruído de fundo somente quando o aluno já

conseguir entender a maior parte da conversação.

7º passo: Anotar os progressos alcançados e as datas dos mesmos.

74

FIGURA 23 – EXERCÍCIO 2 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

75

Exercício 3: “NOSSOS ANIMAIS”

Vocabulário trabalhado: Animais Mamíferos e Selvagens (leão, girafa,

onça, tigre, zebra, elefante)

Material utilizado: Animais de brinquedo

Procedimentos: 1º passo: Apresentar para a criança os animais de brinquedo um a um,

nomeando e mostrando a grafia, justificando porque são chamados de “mamíferos”

e “selvagens”.

2º passo: Sondar a compreensão da criança através da linguagem oral e/ou

apontamentos, cobrar a pronúncia dos nomes dos animais.

3º passo: Pedir para a criança que escolha o animal que mais gostou,

solicitando em seguida que o desenhe e escreva seu nome ou copie-o (ver nível de

alfabetização).

4º passo: Retirar os demais brinquedos deixando somente o escolhido,

explicando que vocês conversarão sobre tudo o que viram.

6º passo: Explicar para a criança que vocês irão “conversar” sobre tudo o

que viram.

7º passo: Posicionar-se atrás da criança, junto ao implante coclear e falar

destacando os pontos mais relevantes com perguntas diretas inicialmente (ex. diga o

nome dos animais que vimos) e posteriormente tentar manter uma conversação,

onde a criança poderá direcionar, contando fatos.

76

FIGURA 24 – EXERCÍCIO 3 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

77

Exercício 4: “OUVINDO “SIM” OU “NÃO” NO TELEFONE”

Vocabulário: “Sim” ou “Não” (com diferente duração)

Material utilizado: 2 telefones e fichas com as palavras “SIM” ou “NÃO”

Procedimentos: 1º passo: Explicar para o aluno que vocês farão uso do telefone. Mostrar

para o aluno que vocês só utilizarão duas palavras “SIM” (duração mais curta) e

“NÃOOOO” (duração mais longa) mostrando as fichas com as palavras, mas que

primeiramente vocês farão a atividade sem o telefone.

2º passo: Posiciona-se atrás do aluno, junto ao microfone do implante

coclear e falar a palavra “SIM” ou “NÃO”, o mesmo deverá levantar a ficha com a

palavra correspondente.

3º passo: Após o trabalho auditivo com o aluno e sucesso do mesmo,

entregar-lhe um telefone, explicando-lhe que você sairá da sala e que o mesmo

deverá repetir a palavra ouvida.

4º passo: O professor no outro ambiente falará uma das palavras e anotará

as respostas para controle posterior.

5º passo: Observar o desempenho e repetir a atividade em outro momento

Obs: Após compreensão e respostas positivas na maioria das vezes,

trabalhando com o aluno as duas palavras com curta duração.

78

FIGURA 25 – EXERCÍCIO 4 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR FONTE: O Autor

FIGURA 26 – EXERCÍCIO 4 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

79

Exercício 5: “PERGUNTAS E RESPOSTAS – MOMENTOS DIFERENTES”

Vocabulário: a escolher tendo como base os conteúdos de sala de aula

(organizar sentenças com os mesmos).

Material utilizado: Folha com perguntas diversas e fichas com as palavras

“SIM” e “NÃO”

Procedimentos: 1º passo: Mostrar ao aluno as sentenças fazendo o levantamento do

vocabulário desconhecido, em seguida trabalhar um a um estes vocabulários

utilizando recursos variados.

2º passo: Explicar para o aluno que esta atividade terá duas fases, na

primeira fase você falará uma das frases e que ele deverá apontar e falar a frase

ouvida e na segunda fase você fará uma pergunta e ele deverá repetir e responder

levantando a ficha “SIM” ou “NÃO”.

Primeira Fase e 3º passo: Falar uma das frases com apoio da leitura de

fala (sondar se o mesmo compreendeu o que lhe será solicitado) e depois fazer a

atividade sem apoio da mesma.

Primeira Fase e 4º passo: Em seguida, posicionar-se atrás do aluno junto

ao implante coclear e falar uma das sentenças.

Primeira Fase e 5º passo: O aluno deverá mostrar a sentença que ouviu.

Segunda Fase e 6º passo: Falar uma das frases, o aluno deverá repetir e

mostrar a ficha que achar mais apropriada ou “SIM” ou “NÃO”.

80

FIGURA 27 – EXERCÍCIO 5 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR

FONTE: O Autor

81

Exercício 6: “O VALOR DO “SIM” E DO “NÃO” NAS FRASES”

Vocabulário: amplo com direcionamento para o “sim” e “não” com diferente

duração

Material utilizado: fichas com frases que deverão ser respondidas com

“sim” ou “não”; 2 telefones

Procedimentos: 1º passo: Explicar para o aluno que vocês falarão ao telefone e que ele

deverá fazer perguntas e ouvir as respostas que serão “sim” ou “não”, mas que

antes vocês trabalharão com as fichas com as perguntas pré- selecionadas.

2º passo: Trabalhar com as perguntas (somente as que possam ser

respondidas com “sim” ou “não”).

3º passo: Posicionar-se atrás do aluno junto ao implante coclear e pedir

para ele fazer-lhe uma pergunta e que o professor deverá responder “sim” ou

“nãoooooooo” ou “sim sim” e “não” o aluno deverá repetir essa resposta.

4º passo: Entregar ao aluno um telefone, explicando-lhe que você sairá da

sala e que o mesmo deverá fazer a pergunta e repetir o que ouvir (“sim” curto e

“nãooooooooooooo” longo ou “sim sim” e “não”)

5º passo: O professor em outro ambiente, fora do alcance visual e auditivo

do aluno ouvirá as perguntas e responderá, o aluno deverá repetir o que ouvir

(professor anotará os resultados).

Obs 1: Observar o desempenho e repetir a atividade em outros momentos,

posteriormente mudar as duas palavras para curta duração.

Obs: 2: O código simples de telefone pode ser usado por pessoas que tem

dificuldade de entender o que é dito sem apoio da leitura de fala. Exemplificando, a

pessoa surda disca o número que quer, espera pelo sinal e a voz do outro lado. Ela

explica que é uma pessoa surda, mas pode usar o telefone se receber como

resposta às perguntas apenas “sim” ou “não”. Esse tipo de conversação tem a

vantagem que a pessoa surda tenha algum “feedback” sobre as questões. Isso

permite, por exemplo, que se marquem compromissos por telefone. Por outro lado

tem a desvantagem se a pessoa iniciar a conversação e a única coisa que o

82

“receptor” contribui é com o “sim” ou com o “não”. (A dica da duração com apenas

“sim” e “nãoooooooo” é importante).

Obs 3: Para ser capaz de usar o telefone na forma mencionada, a pessoa

surda deve ser capaz de discriminar entre alguns sons. A pessoa deveria ser capaz

de dizer a diferença entre o som ou o soar da campainha, o sinal empregado e a

pessoa que fala do outro lado do aparelho. Esses sons diferem dos sons rítmicos e

seriam captados pelo implante coclear.

Obs 4: É importante deixar claro que a outra pessoa que está recebendo a

chamada telefônica compreenda o que tem a fazer. Por exemplo, se a família e os

amigos se familiarizarem com o código, menos explicação será necessário, embora

algumas pessoas que tenham menos contato possam ter que ser lembradas quanto

ao código.

Obs 5: Com estranhos será sempre necessário usar a seguinte explicação:

“Meu nome é................................ Eu sou surdo, mas posso usar o telefone

se você me ajudar. Eu vou fazer-lhe algumas perguntas que deverão ser

respondidas com “sim” ou “não”. Quando a resposta for sim, quero que você diga

“SIM, SIM” e quando a resposta for não, quero que você diga “NÃO”. Você

compreendeu? (Pode-se solicitar como resposta o “SIM” e o “NÃOOOOOOOOOO”).

83

FIGURA 28 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - ALUNA E PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

84

FIGURA 29 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR FONTE: O Autor

FIGURA 30 – EXERCÍCIO 6 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

85

Exercício 7: “ORELHÃO – SIM É POSSÍVEL”

Vocabulário: Direcionamento livre para o assunto que desejar

Material utilizado: 2 telefones sendo um fixo ou celular e outro um orelhão.

Procedimentos: 1º passo: Explicar para o aluno que você falará em um telefone celular ou

um telefone fixo e que o mesmo deverá usar o orelhão, passar para o mesmo o

código simples do telefone.

2º passo: Demonstre para o aluno os sinais do telefone (o som de discar, o

toque do telefone, o sinal de ocupado, vozes, etc.).

3º passo: Discuta sobre códigos de telefone, o que fazer em uma

emergência as interferências dos ruídos vindos do trânsito e demais informações

que julgar necessárias.

4º passo: Escreva uma lista de sentenças que podem ser faladas ao

telefone. Use somente sentenças simples.

5º passo: Discuta o assunto face a face com pistas auditivas e visuais,

“treine” estas frases junto com o aluno.

6º passo: Ainda na sala de aula o aluno tenta repetir o quer foi combinado

(as sentenças previamente trabalhadas) sem apoio da leitura de fala, para isso o

professor ficará atrás do aluno junto ao microfone do implante coclear, sendo que o

aluno poderá somente usar a audição.

7º passo: Após praticar as sentenças, então tentar transmiti-las pelo

telefone sendo que o aluno deverá ficar em um orelhão.

Obs 1: Isto é um trabalho em “closed-set” o aluno escolhe as sentenças.

86

FIGURA 31 – EXERCÍCIO 7 – COMPREENSÃO - ALUNA – ESCOLA EPHETA – CURITIBA/PR FONTE: O Autor

FIGURA 32 – EXERCÍCIO 7 – COMPREENSÃO - PROFESSORA – ESCOLA EPHETA –

CURITIBA/PR FONTE: O Autor

87

6 CONCLUSÃO

Este material coloca num primeiro momento uma breve revisão sobre a

História dos Surdos e como estes eram vistos ao longo do tempo. Apresentou-se o

papel da tecnologia de ponta representada pelo Implante Coclear como recurso para

melhorar a função auditiva, considerado hoje tecnologia de última geração para os

indivíduos que possuem surdez neurossensorial profunda bilateral.

Como citado neste material somente a colocação deste tão sofisticado

aparelho, o implante coclear não garante que o indivíduo seja colocado dentro do

mundo sonoro e que use sua audição de forma funcional. Após a ativação do

aparelho, o começo de uma nova etapa se faz presente, o desenvolvimento das

habilidades auditivas, etapa esta que deve ser sistemática e compreendida pelas

pessoas que convivem e trabalham com a criança.

Qual seria a posição do professor dentro desse processo? Ele poderia e

muito contribuir com a criança se conhecesse melhor esse momento que a mesma

está vivenciando. O professor precisa entender que a criança necessitará de um

tempo de reestruturação cerebral que ela precisará “apreender” a ouvir. O

acompanhamento de um fonoaudiólogo é necessário nessa etapa. O professor,

desde que seja preparado para isso, poderá trabalhar com as atividades para o

desenvolvimento das habilidades auditivas, sempre acompanhado de perto pelos

fonoaudiólogos.

À medida que os conteúdos de sala de aula são apresentados, para a

criança com implante coclear, diversas atividades auditivas podem ser trabalhadas.

O professor precisa ter adquirido alguns conhecimentos, como por exemplo, a

criança que está na fase de detecção não conseguirá realizar as atividades da fase

de reconhecimento, mas se ela estiver na fase de reconhecimento ela deverá em

alguns momentos fazer atividades de detecção, sempre com mudanças de materiais

e metodologias.

O importante é o professor ter o apoio de um fonoaudiólogo que o oriente e

interagir com a família que também deve participar desse processo. Diversas

atividades foram sugeridas dentro de cada fase, atividades estas que podem ser

modificadas, transformadas, enriquecidas que possui um ponto em comum, o

currículo de sala de aula. O uso do currículo nestas atividades tem dois objetivos:

88

audição e reforço acadêmico. Merece destaque, que somente o conteúdo já visto

pela criança poderá ser utilizado nas atividades auditivas.

Enfim, escola, família e profissionais da saúde (médicos, fonoaudiólogos,

psicólogos, terapeutas, assistentes sociais etc) precisam interagir para não só

habilitar esta criança auditivamente, mas acompanhar o seu desenvolvimento bio-

psiquico-social e contribuir de forma a propiciar a esta criança a sua inserção de

forma saudável nesta sociedade.

89

REFERÊNCIAS

BEVILACQUA, Maria Cecília; FORMIGONI, Gisela Maria Pimentel. Audiologia educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. São Paulo: Editorial Pró-Fono. BEVILACQUA, Maria Cecília; MORET, Mortari Adriane Lima. Deficiência auditiva: conversando com familiares e profissionais da Saúde. São Paulo: Editorial Pulso. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1994. CAPOVILLA, Alessandra G.S.; CAPOVILLA, Fernando C. Alfabetização: método Fônico. São Paulo: Memnon Edições Científicas. CARVALHO, Maria Inês Favetti de; PIGATTO, Carmem Sulei e HAMMES, Marta Maria. Escutando as famílias: registro interdisciplinar do trabalho de grupos de pais na área de deficiência auditiva. Curitiba, Paraná, 2002. CORRÊA, Jordelina Montalvão. Surdez e os fatores que compõem o método áudio+visual de linguagem oral: para crianças com perda auditiva. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. KOZLOWSKI, Lorena. Implantes cocleares. São Paulo: Editorial Pró-Fono. PERDONCINI, Guy; COUTO-LENZI, Álpia. Audição é o futuro da criança surda. Rio de Janeiro: Aipeda, 1996. SCHOCHAT, Eliane. Processamento auditivo. São Paulo: Editora Lovise, 1996.