DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 - Operação de … · 2011-11-23 · metodológicas...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

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ME I

I

Objeto de Aprendizagem Colaborativa

Autor: José Odecio Langer

Estabelecimento: Colégio Estadual Novo Horizonte

Disciplina: Geografia

Professora Orientadora: profª. Drª. Rosana Cristina Biral LemeIES: Unioeste

Tema:Escassez de Água: podemos minimizar o problema?

Título:Educação Ambiental e Recursos Hídricos

Atividade relacionada ao PDE

Toledo aos 10 de dezembro de 2008

Chamada para problematização do conteúdo:

"O problema da água desperta a atenção da humanidade. A Educação Ambiental pode ser a chave que solucionará este problema?"

PROBLEMATIZAÇÃO DO CONTÚDO:

Neste trabalho estarão contemplados todos os Conteúdos Estruturantes das Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, com maior ênfase para o conteúdo: Dimensão Socioambiental. Tivemos a preocupação de fundamentá-lo com dados científicos, propiciando aos professores o entendimento de diversos aspectos relacionados a degradação dos recursos hídricos.

O escopo deste Objeto de Aprendizagem Colaborativa é auxiliar aos colegas educadores na organização de conteúdos de apoio melhor estruturados e de fácil acesso para as aulas, principalmente, por meio de endereços eletrônicos e da apresentação sintetizada da pesquisa bibliográfica realizada por vários autores.

Consideraremos-nos satisfeitos se, apesar das possíveis limitações teórico-metodológicas apresentadas por este trabalho, o mesmo vier a despertar em mais professores a necessidade de um olhar mais atento para a questão ambiental e, dessa forma, auxiliar no espessamento do papel social desempenhado pelos educadores na minimização desta problemática.

01) A Problemática Ambiental:Como todos os demais seres vivos, a espécie humana também faz parte da

natureza, estabelecendo com a mesma, uma relação de interdependência. Ao retirar da natureza, o seu alimento, o material utilizado para produzir seu vestuário e moradia, bem como todas as demais coisas que necessita para sua sobrevivência, a humanidade interfere na natureza e modifica o meio em que vive.

Esta relação homem-natureza sempre ocorreu de uma forma equilibrada e harmônica, sem que dela resultassem problemas de degradação ambiental em dimensões globais, exaustão dos recursos ou extinção de espécies.

Com a evolução do capitalismo, a partir da Revolução Industrial e da implantação do consumismo como modo de vida padrão para a sociedade, sinônimo de sucesso e desenvolvimento, promovido pelos modernos meios de comunicação, a natureza começou a agonizar, e com ela, a própria espécie humana.

Vítima da ganância de uma pequena parcela de indivíduos de sua própria espécie, que não se contenta em extrair apenas o necessário para a sua sobrevivência ou bem estar, mas, que quer acumular cada vez mais, enquanto a grande maioria não tem o mínimo necessário para a manutenção de sua existência, a humanidade encontrou em si mesma o seu maior inimigo, estando sujeita ao desaparecimento se continuar seguindo o atual modelo econômico.

A desigualdade social não é “privilégio” apenas da sociedade capitalista, porém, em nenhum sistema socioeconômico ela chegou a índices tão alarmantes, onde apenas 20% da população mundial consomem 80% dos recursos naturais.

A grande maioria de excluídos da sociedade de consumo, pelo fato de serem impedidos de ter acesso aos bens produzidos, não podem ser responsabilizados pela degradação ambiental da mesma forma que o pequeno grupo que consome a maior parte

dos recursos. Isso nos leva a formular algumas reflexões: Se todos os cerca de 6.5 bilhões de habitantes do planeta consumissem na mesma proporção dos 20% mais ricos, quantos planetas seriam necessários? Ou, por quanto tempo teríamos recursos naturais em nosso planeta? Em quais condições encontraríamos o ar e a água, indispensáveis à vida?

Tendo seus princípios básicos na propriedade privada dos meios de produção, no lucro e na livre iniciativa, o sistema capitalista está na raiz da crise ambiental que vivenciamos no início do III milênio.

O “desenvolvimento” proporcionado pela modernização é apenas a outra face da mesma moeda que é o capitalismo. Para que alguns possam ser “desenvolvidos” muitos são condenados ao “subdesenvolvimento”. A riqueza de poucos é fruto da exploração e da pobreza da maioria. Os elementos naturais, indispensáveis à manutenção de todos os ecossistemas e de todas as espécies de seres vivos, incluindo a humana, são vistos apenas na ótica mercadológica como “recursos naturais”, à disposição dos donos dos meios de produção que podem explorá-los como bem lhes aprouver, gerando sempre a acumulação de capital por parte de alguns e conseqüentemente, a miséria de muitos. Neste sentido, Cunha & Guerra (2005) afirmam:

Compreendemos a modernização como um processo de mudanças na qual determinada sociedade supera (“progresso”) ou, melhor, sobrepõe estruturas tradicionais, criando novas formas de produção em que a urbanização e a industrialização e o desenvolvimento tecnológico, dos sistemas de comunicação de massa e transportes são alguns dos fenômenos característicos desse processo. Essas mudanças, constituídas nos diferentes espaços urbano e rural, direcionam-se para a formação das sociedades modernas, mercadologizadas tanto em escala regional, quanto em escalas nacional e global, impulsionadas por um modelo desenvolvimentista, com características inerentes de degradação ambiental.O modelo em questão prima pelos interesses privados (econômicos), frente aos bens coletivos (meio ambiente), consubstanciando-se numa visão antropocêntrica de mundo, gerador de fortes impactos socioambientais (CUNHA & GUERRA, 2005, p. 84).

Este modelo de “desenvolvimento”, que se fundamenta na sociedade de consumo é o responsável pela fome de, aproximadamente, 2 bilhões de pessoas (1/3 da humanidade), pela degradação ambiental e pelo empobrecimento da diversidade cultural. Tem procurado dominar ou até mesmo eliminar as demais culturas que se fundamentam em outros valores, consideradas inferiores pela sociedade capitalista.

2) A Disponibilidade da Água

Todos os elementos naturais são fundamentais para a manutenção da vida no planeta, sendo difícil sobre a maior ou menor importância, mas, merecem destaque o ar e a água, por serem elementos inexoráveis à manutenção da vida. Recurso abundante no planeta, a água não está distribuída na mesma proporção sobre toda sua superfície e, apenas uma pequena parte dela é própria para o consumo humano.

Sobre a quantidade de água que temos à disposição para o consumo, Setti apresenta:

Verifica-se que 97,5% do volume total da água da Terra são de água salgada, formando os oceanos, e somente 2,5% são de água doce.

Ressalta-se que a maior parte dessa água doce (68,7%) está armazenada nas calotas polares e geleiras. A forma de armazenamento em que os recursos hídricos estão mais acessíveis ao uso humano e de ecossistemas é a água doce contida em lagos e rios, o que corresponde a apenas 0,27% do volume de água doce da Terra e cerca de 0,007% do volume total de água (SETTI, 2001, p. 63).

A limitação do acesso à água não se deve unicamente à sua distribuição geográfica, mas também a sua qualidade que a torna potável ou não e à desigualdade social.

Para exemplificar, vejamos a distribuição de água na cidade do Rio de Janeiro, de acordo com o seu Plano Diretor de Águas e Esgotos:

Disponibilidade de água por habitante/região (1.000 m3)

Classe econômica ConsumoPopulação de Alta e Média Renda 300 l / hab. diaPopulação de Baixa Renda 180 l / hab. diaPopulação de favelas 100 l / hab. dia

(SETTI, 2001, p. 53).

Ao analisarmos a tabela acima, verificamos que as populações de altas e médias rendas consomem até três vezes mais água do que a população pobre. Esta disparidade deve-se, sobretudo, a preponderância da sociedade consumista que estimula o consumo de extensos volumes de água embutidos no processo produtivo dos mesmos. A água consumida em tais processos produtivos é chamada: água virtual[1].

Verifica-se que, embora exista uma grande quantidade de água no planeta, a mesma distribui-se de modo bastante irregular pela superfície dos continentes.

A escassez em muitos lugares não implica na falta da água do ponto de vista físico, mas, principalmente, a falta de condições econômicas de explorá-la e de tratá-la.

A distribuição geográfica da água é um fenômeno natural que, embora tenha dificultado a ocupação humana em determinados lugares, não impediu que grupos humanos se estabelecessem em lugares considerados inóspitos, como os desertos do Saara e Kalahari, encontrando um meio de sobreviver em harmonia com a natureza.

[1] Mais informações sobre Água Virtual, consultar em: CZAPSKI, Silvia. Água. Brasília: Ministério da Educação, Secad: Ministério do Meio Ambiente, Saic, 2008. (Mudanças ambientais globais. Pensar + agir na escola e na comunidade).

2.1 - O Ciclo Hidrológico e a Disponibilidade de Água Potável

Graças ao calor do sol, a água passa por um constante processo de “renovação”, estando sempre em movimento, chamado de ciclo hidrológico.

A água encontrada na superfície terrestre, em estado líquido ou sólido, é evaporada e passa para a atmosfera, em estado gasoso. De lá, retorna novamente, em estado líquido ou sólido (neblina, chuva, neve, granizo), caindo sobre os continentes, ilhas ou oceanos e mares. A quantidade de chuvas que cai sobre as áreas continentais, sendo muito inferior do que a dos oceanos, segue seu ciclo por diferentes caminhos: parte dela, logo evapora e retorna para a atmosfera; uma grande porção, escorre sobre a superfície e vai direto para os rios, lagos e oceanos; a terceira alternativa é a infiltração no solo, formando os lençóis freáticos e os aqüíferos.

Ao esbanjarmos ou fazermos mau uso da água potável, estaremos desperdiçando um recurso que poderá demorar mais do que o tempo de vida de centenas de gerações para estar novamente disponível para a humanidade, no mesmo ambiente de onde foi tirada, pois o tempo necessário para sua “renovação”, muda de um ambiente para outro.

O Ciclo HidrológicoCai chuva, molha a terra.

Águas limpas ficam impuras.Vem o sol, aquece a água,

E o vapor vai para as alturas.

O vapor sobe, limpinho.Em sujeira, nem se pensa.

Porém, lá em cima é tão frio,Que o vapor logo condensa

Nuvens cinzas, nuvens brancas,Tempestade ou chuva fina.É água que volta à Terra!E o vaivém não termina

E assim, num ciclo eternoQue a natureza inventou,A água que hoje é suja,Amanhã já se limpou.(Autor desconhecido)

Fonte: Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo - Campus de São Carlossite: www.cdcc.usp.br. ; Site: http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/agua.html

A água de um rio, se “renova”, por exemplo em aproximadamente 16 dias, enquanto que a dos oceanos, leva cerca de 2.500 anos. Conforme demonstra a tabela extraída de Setti (2001), a seguir:

PERÍODO DE RENOVAÇÃO DA ÁGUA EM DIFERENTES RESERVATÓRIOS NA TERRA (SHIKLOMANOV, 1997 apud SETTI, 2001)Reservatórios Período médio de renovaçãoOceanos 2.500 anosÁgua subterrânea 1.400 anosUmidade do solo 1 anoÁreas permanentemente congeladas 9.700 anosGeleiras em montanhas 1.600 anosLagos 17 anosSolos congelados 10.000 anosPântanos 5 anosRios 16 diasBiomassa algumas horasVapor d'água na atmosfera 6 dias

Fonte: Setti (2001)

Quando esbanjamos ou fazemos mau uso da água de um rio, estamos abrindo mão de um recurso que poderá demorar milênios para retornar ao rio. Até mesmo, a água que o rio lança ao oceano demora 2.500 anos para evaporar e voltar ao rio.

O Brasil possui um grande volume de águas superficiais. Os rios de nosso país estão, de acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, 2003) divididos em doze regiões hidrográficas.

Existe uma grande diferença entre as extensões das diferentes regiões hidrográficas brasileiras, como observamos na tabela abaixo que demonstra a área e o percentual ocupado por cada uma destas.

Divisão Hidrográfica Nacional ( Resolução CNRH n.º 32/2003)

Região Hidrográfica Área* (km2) % Território Brasileiro

Amazônica 3.843.40245,1%

Tocantins-Araguaia 967.05911,3%

Atlântico Nordeste ocidental254.100 3%

Parnaíba334.113 3,9%

Atlântico Nordeste Oriental 287.348 3,4%

São Francisco 636.9207,5%

Atlântico Leste374.677 4,4%

Paraguai363.447 4,3%

Paraná 879.860 10,3%

Atântico Sudeste 229.972 2,7%

Atlântico Sul185.856

2,2%

Uruguai 174.412 2%

Brasil (Total)8.531.166 -

* Área em território brasileiro Fonte: DBR-PNRH (2003) Site: http://pnrh.cnrh-srh.gov.brNa tabela: “Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da população (em %

do total do país)”, constatamos que a distribuição geográfica dos recursos hídricos no

Brasil, se dá na proporção inversa da distribuição da população.

Distribuição dos Recurso Hídricos, da Superfície e da População

(em % do total do país)

RegiãoRecursos

HídricosSuperfície População

Norte 68,5 45,3 6,98Cento-Oeste 15,7 18,8 6,41Sul 6,5 6,8 15,5Sudeste 6 10,8 42,65Nordeste 3,3 18,3 28,91Soma 100 100 100

Fonte:DNAEE(1982).Site:http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?tp=3&pag=aguaplaneta.htm

Isso causa como conseqüência direta, uma menor disponibilidade de água per capita. Associada a menor quantidade de água disponível, também verifica-se que a utilização para atividades de agricultura (irrigação), abastecimento humano e atividades industriais, faz com que este contexto fique ainda mais complexo.

Por isso, é correto afirmar que o Brasil, embora detentor de uma grande parte do recurso hídrico superficial mundial, possui algumas regiões, nas quais ocorre situação crítica ou preocupante em relação ao abastecimento de água para a população.

A tabela sobre a disponibilidade hídrica por regiões brasileiras demonstra esta situação.

DISPONIBILIDADES E DEMANDAS HÍDRICAS POR REGIÕES BRASILEIRAS

Divisão Hidrográfica

Nacional

Q05+Qreg

(m3/s)

Demanda

(m3/s)

RelaçãoDemamda/

Disponibilidade 1Classe 2

Amazônia 73.748 47 0,06% ExcelenteAtlântico Leste 305 68 22,30% CríticaAtlântico Nordeste

Ocidental328 15 4,57% Excelente

Atlântico Nordeste

Oriental91 170 186,81% Muito crítica

Atlântico Sudeste 1.108 168 15,16% PreocupanteAtlântico Sul 671 240 35,77% CríticaParaguai 785 19 2,42% ExcelenteParaná 5.792 479 8,27% ConfortávelParnaíba 379 19 5,01% ConfortávelSão Francisco 1.886 166 8,80% ConfortávelTocantins-Araguaia 5.362 55 1,03% ExcelenteUruguai 565 146 25,84% CríticaNota: (1) A razão entre a vazão de retirada para os usos consuntivos é a disponibilidade hídrica. A disponibilidade hídrica em rios sem regularização corresponde à vazão sem permanência de 95% e, em rios com regularização, à vazão regularizada somada ao incremento de vazão com permanência de 95%.(2) Critério de severidade adotado pela European Environmental Agency para vazões médias, em função do percentual entre demanda e disponibilidade: até 5%, excelente; entre 5% e 10%, confortável; de 10% a 20%, preocupante; de 20% a 40%, crítica; acima de 40%, muito crítica. Fonte: ANA, 2005a. Adaptado por SRH/MMA, 2005. Site: http://pnrh.cnrh-srh.gov.br

As bacias Atlânticas são aquelas que concentram a maior população (dada nossas características históricas de ocupação), bem como as maiores capitais e centros industriais. Sendo necessário sempre um processo racional de utilização de tais recursos.

Felizmente, nosso país não possui áreas desérticas e a implantação de políticas públicas sérias que priorizem processos de saneamento dos efluentes gerados pelas atividades antrópicas pode garantir o acesso à água potável e saúde a todos.

2.2 - Diferença entre poluição e contaminação:

Muitas vezes ouvimos dizer que para ser própria para o consumo humano, a água deve ser pura, o que é uma idéia equivocada. Em primeiro lugar, água pura mesmo (H2O), que só contenha hidrogênio e oxigênio em sua composição, não existe na natureza, pois em todos os ambientes por onde ela passa ao completar seu ciclo, ela incorpora outros elementos, químicos ou biológicos.

Só teremos água pura quando a produzirmos em laboratório. Depois, esta “água de laboratório”, não serve para o consumo humano, por não conter os sais minerais necessários ao nosso organismo e que ela incorpora ao se infiltrar no solo e entrar em contato com as rochas. Se ingerirmos esta água, poderemos sofrer a perda de sais minerais presentes em nosso corpo.

Para ser potável, é necessário sim, que esteja livre de outras impurezas que possam causar danos à nossa saúde, ou seja, deve estar livre de poluição e contaminação.

É necessário que estabeleçamos a diferença existente entre água poluída e água contaminada.

Água poluída – é a água que apresenta alterações físicas, como: cheiro, turbidez, cor ou sabor. Normalmente, a alteração física é conseqüência da contaminação química, geralmente devido à presença de substâncias, como: elementos estranhos ou tóxicos.Água contaminada – é a água que contém agentes patogênicos vivos, sejam bactérias, vermes, protozoários ou vírus. Essa água não é potável, logo não deve ser utilizada.

Fonte: http://www.farmacia.ufmg.br/agua/informe.htm

A água encontrada na natureza, que não estiver poluída ou contaminada e não oferecer risco para os seres vivos: plantas, animais e seres humanos, pode ser considerada água potável. Entretanto, são os parâmetros apresentados pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, é que demonstram todos os elementos da qualidade e potabilidade da água. É importante que se observe as características básicas da água, que deve ser: incolor, inodora e insípida, o que, porém, não é suficiente para termos a certeza de que ela não está contaminada. Para isso será necessária uma análise laboratorial.

2.3 - Os impactos ambientais resultantes do lançamento de esgotos nos corpos hídricos:

A água é tão abundante em nosso planeta, que ele poderia, perfeitamente, ser chamado de “Planeta Água”, entretanto, os parcos 0,27% disponíveis aos seres humanos (água dos rios e lagos), são constantemente, alvo de poluição e contaminação por esgotos, efluentes industriais e outros produtos, tornando-se impróprios para o consumo.

Assim, não é exagero afirmar que haverá escassez de água para a população mundial em tempos vindouros.

Este problema é ainda mais complexo, quando consideramos os problemas relacionados a contaminação e a poluição da mesma. A falta de água poderá levar à morte, a ingestão de água poluída ou contaminada, ou até mesmo o simples contato com ela poderá levar a doenças sérias, muitas vezes, fatais. Águas poluídas com produtos químicos poderão causar intoxicações e problemas neurológicos ou provocar câncer. As águas contaminadas por dejetos humanos ou de animais poderão causar tifo, cólera, verminoses e inúmeras outras doenças infecto contagiosas.

Felizmente, os cursos d’água possuem um grande poder de autodepuração, cuja capacidade varia de acordo com alguns fatores, como: Volume de água, tipo de relevo percorrido (pode influenciar na quantidade de oxigênio incorporado à água), etc.

Poderíamos pensar então, que não há nenhum problema em lançar dejetos ou efluentes industriais nos cursos d’água, sendo que eles próprios se encarregam de limpar a água novamente.

Embora a capacidade de autodepuração seja grande, ela é limitada, e não se estende igualmente a todos os produtos. Embora o material orgânico tenha uma decomposição relativamente rápida e eficaz, se a quantidade for muito grande, a autodepuração ficará comprometida e poderá haver uma eutrofização resultante do excesso de nutrientes ricos em nitrogênio e fósforo, favorecendo uma proliferação muito grande de algas que diminuirão a quantidade de oxigênio disponível na água, causando a morte de peixes e outras formas de vida aquática.

Quanto aos produtos químicos, alguns demoram anos para serem neutralizados e outros, talvez nunca mais sejam eliminados dos nossos rios e lagos, levando à necessidade de um controle muito grande para seu uso e descarte.

A água do nosso planeta possui um ciclo fechado, ou seja, a quantidade existente é sempre a mesma. Embora seja absorvida pelas plantas, animais e seres humanos, ela sempre acaba retornando á natureza.

A crise de água leva muitas pessoas a afirmar que a água está acabando, o que não é verdade. A sua falta não está tão relacionada à quantidade e sim à qualidade, que depende em primeiro lugar, do tratamento que dispensamos a ela.

Um exemplo a ser pesquisado: contaminação por arsênio na mineradora ICOMI www.observatoriosocial.org.br/download/mineracao.pdf.

2.4 - Impactos causados pelas inundações em espaços urbanos:

Os problemas ambientais estão sempre ligados a problemas sociais, pois, não podemos nos esquecer de que o ser humano é um dos elementos da natureza e, ao mesmo tempo, o autor das transformações ambientais e da produção do espaço geográfico.

Nas grandes cidades, um dos principais problemas ambientais, que acabam sempre atingindo a classe menos favorecida da sociedade, são as inundações. Vítimas da exploração, sem condições de adquirir um terreno em uma área adequada, as pessoas mais humildes, encontram como única alternativa, instalar seu “barraco” nas “áreas de risco”, que por lei e pelo bom censo deveriam estar preservadas com vegetação nativa. Dessa forma, acabam novamente, vítimas dos danos causados pelas inundações, tendo suas casas soterradas, quando nas encostas dos morros, ou, alagadas, quando estiverem localizadas nas margens dos rios.

O problema não são as chuvas ou os rios, como muitas vezes vemos nos noticiários dos meios de comunicação. A chuva é um fenômeno natural e fundamental aos seres vivos que dependem da renovação constante da água, através de seu ciclo hidrológico.

O solo das grandes cidades, lacrado pelos prédios, calçadas e asfalto, não permite a infiltração da água das chuvas, que mesmo não sendo torrenciais são capazes de causar grandes alagamentos, em questão de poucas horas. Ao não conseguir completar seu ciclo normal, toda a água escorre para as partes mais baixas, onde estão os córregos e rios e nada mais é capaz de deter seu poder de destruição.

A classe alta que promove a exploração e a especulação imobiliária habita mansões distantes dessas áreas e acabam colocando a culpa nas próprias vítimas, por não terem escolhido outro lugar para morar.

Com um sistema econômico justo, políticas sociais sérias e planejamento urbano adequado que levassem em consideração a dignidade das pessoas e o respeito ao meio ambiente, as inundações deixariam de ser uma catástrofe e a época das chuvas seria esperada como promessa de boas colheitas no campo e garantia de acesso água.

Este ideal de planejamento e respeito humano, será ao nosso ver, conseqüência da exigência da sociedade, que, por sua vez, só tornar-se-á exigente a partir do momento em que compreender as causas econômicas e políticas das questões ambientais. Tal compreensão só poderá sobrevir às sociedades ocidentais por meio de um forte e incisivo processo de Educação Ambiental, que esclareça e sensibilize a sociedade para uma nova relação com a natureza.

INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR:

01) Erosão dos solos:

Os solos podem ser originados pela decomposição das rochas ou de materiais orgânicos, sendo necessários cerca de 500 anos para formar 1cm de solo. São de fundamental importância o equilíbrio dos diferentes ecossistemas e para as atividades humanas. De sua fertilidade depende a produção de alimentos e matérias-primas necessárias para sustentar os quase 7 bilhões de habitantes do planeta.

Os solos, naturalmente, estão em constante processo de transformação e sujeitos a erosão, que consiste no desgaste em um determinado local e acumulação em outro. A erosão pode ser acelerada pelo mau uso que o ser humano faz ao realizar suas atividades econômicas. Ao ficar desprovido de vegetação, as chuvas, o vento e outros agentes naturais exercem um grande poder de desagregação, carregando pequenas partículas para outras áreas. De partícula em partícula, em algumas áreas do Brasil, perde-se em um único ano, uma camada que levaria mais de 1000 anos para ser reposta pela natureza. A camada superficial é, sempre, a mais fértil e, com sua perca, torna-se necessário o uso de mais fertilizantes.

Podemos perceber que a erosão dos solos dá origem a vários problemas sociais e ambientais, como:

- Aumento do preço dos alimentos e matérias primas;

- Desertificação de áreas agrícolas;

- Êxodo rural:

- Assoreamento dos rios;

- poluição das águas e morte da fauna aquática etc.

Possuem uma importante função para a manutenção do ciclo da água. Quando bem preservados, permitem que a água das chuvas se infiltre e abasteça os lençóis freáticos que irão alimentar as nascentes dos córregos rios e lagos.

02) Mata Ciliar:

A mata ciliar corresponde a uma faixa de vegetação que se situa as margens dos corpos hídricos (nascentes, córregos, rios, lagos, açudes e represas). Também recebe outras denominações, como mata galeria, por exemplo. É considerada “Área de Preservação Permanente” e sua largura é proporcional à largura do corpo hídrico que margeia.

O Código Florestal (Lei 4.771/65) em seu artigo 2 º estabelece a obrigatoriedade da mata ciliar nas margens dos cursos, com largura mínima de:

50m para nascentes;

30m para cursos d’água de até 10m de largura;

50m para cursos d’água de 10 a 50m de largura;

100m para cursos d’água de 50 a 200m de largura;

200m para cursos d’água de 200 a 600m de largura;

500m para cursos d’água com largura superior a 600m.

O termo “ciliar”, é uma referencia aos cílios, que tem a função de proteger os olhos de corpos estranhos. A mata ciliar, protege os corpos hídricos dos agentes de poluição, criados pela sociedade.

A vegetação da mata ciliar deve, preferencialmente, ser composta por espécies nativas da região, auxiliando assim, na preservação da biodiversidade, ao fornecer abrigo e alimento a aves e animais da fauna local. Tem ainda a função de evitar o assoreamento dos rios e manter o equilíbrio do micro-clima, pois contribui para melhorar a umidade do ar e atuar sobre a estabilização da temperatura. A camada de folhas e matéria orgânica que se forma na superfície do solo e as raízes das plantas auxiliam na infiltração da água, contribuindo para alimentar o lençol freático, que por sua vez abastece as nascentes. Outra importante função é a de servir de abrigo para os inimigos naturais de diversas pragas que causam prejuízos à lavoura, dispensando o uso de agrotóxicos.

PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR:

Promover a Educação Ambiental com a participação das demais disciplinas, através de projetos que despertem nos alunos, em especial e na comunidade, de modo geral, o espírito de cidadania. Formar cidadã(o)s comprometidos com as questões ambientais, o consumo responsável e a preservação da água e dos recursos vitais aos ecossistemas e ao ser humano.

Para exemplificar como as diferentes disciplinas poderão contribuir para desenvolver os projetos de educação ambiental:

Ciências / Biologia: Processos aeróbicos e anaeróbicos de tratamento de esgotos; espécies autóctones, alóctones e endêmicas

Física: Medida de vazão da água de corpos hídricos, distâncias médias percorridas pela água que escoa superficialmente (enxurrada) até formar o canal.

História: Resgatar o uso da água nas cidades

Inglês: Pode trabalhar textos de Educação Ambiental;

Matemática: Tratar de problemas relacionados a quantificação da água;

CONTEXTUALIZAÇÃO:

01 - Educação Ambiental – Conceito:

De acordo com o dicionário Aurélio, o substantivo Educação significa: aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas. Acrescentou-se o adjetivo Ambiental ao substantivo, para contemplar uma das dimensões em que a educação tradicional não estava sendo satisfatória. Poderíamos dizer então que Educação Ambiental é a prática educativa voltada para os problemas socioambientais resultantes do crescimento desordenado da economia mundial, visando a construção de uma sociedade mais justa, em harmonia com os demais elementos da natureza e que possibilite uma boa qualidade de vida a todos.

Diante das diferentes “correntes” e concepções que se encontram na Educação Ambiental, fica difícil, senão impossível, elaborar um conceito que contemple a todas as linhas de pensamento e ação mesmo porque, elas evoluem com o passar do tempo, e também representam interesses e preocupações de diferentes grupos que se alternam na escala do poder.

Como cada grupo humano tem sua cultura e cada pessoa a sua linha de pensamento, não podemos estabelecer um conceito único de Educação Ambiental. Sobre as diferentes correntes que norteiam o conceito de Educação Ambiental, Leonardi (2003), resgata Sorrentino para contextualizar as principais diretrizes do pensamento ambientalista:

Ciente dessa complexidade de conceituar, Marcos Sorrentino (1995) buscou classificar as diversas correntes de educação ambiental, colocando-as em quatro categorias, levando em conta teoria e prática. São elas ( I ) conservacionista; ( II ) educação ao ar livre; (III) gestão ambiental; e (IV) economia ecológica (LEONARDI, 2003, p. 395).

Nos anos 60, a poluição e a contaminação do ar e da água, a possibilidade do esgotamento dos recursos naturais e as doenças provocadas pela má distribuição da renda e a degradação da natureza, evidenciavam uma crise ambiental. Com o aparecimento de alguns grupos sociais como os hippies, que chamavam a atenção para o problema surgiu então, em alguns países da Europa, a preocupação de incluir a Educação Ambiental em seus currículos escolares.

Também foram nos anos 60 que grupos, entidades e algumas políticas governamentais começaram a preocupar-se com a educação ambiental, alertados que foram por aqueles jovens rebeldes e cabeludos. Para se ter uma idéia, em 1968, na Grã-Bretanha, surgiu o Conselho para Educação Ambiental e, na França e nos países nórdicos, no mesmo ano, foram aprovadas variadas intervenções na política educacional, como normas, deliberações e recomendações, que introduziram a educação ambiental no currículo escolar. No mesmo ano, a Unesco contabilizou 79 países que incluíram essa educação no seu currículo escolar e, mais que isso, a própria Unesco recomendava inserir os aspectos sociais, culturais e econômicos no estudo biofísico do meio ambiente (LEONARDI, 2003, p. 396).

Respeitadas as diferenças entre as diversa categorias, poderíamos dizer que Educação Ambiental é um processo pelo qual os cidadãos lutam, produzem

conhecimentos e constroem caminhos que visem a preservação da natureza e principalmente, um profundo respeito pelo ser humano, zelando pela sua dignidade e qualidade de vida.

1.1 - Educação Ambiental por uma nova visão de mundo:

Por influência da religião e da filosofia, a Cultura Ocidental tornou-se antropocêntrica fazendo com que o homem se isolasse dos demais seres e elementos da natureza, assumindo uma postura de superioridade, sentindo-se no direito de dominar, usar e destruir como se vivesse numa outra dimensão, livre das conseqüências de seus atos. Como resultado temos os problemas ambientais.

O individualismo, egocentrismo ou egoísmo, próprios do sistema capitalista, levaram o homem a transformar o seu semelhante em “objeto de uso” do mais forte sobre o mais fraco, gerando os problemas sociais.

Somos levados a nos preocupar somente com nós próprios, como se vivêssemos sozinhos no mundo, sem depender de ninguém. A auto-suficiência gerada pela tecnologia corta nossas relações com a comunidade. Rompe os laços que nos uniam ao lugar no qual vivemos e com as demais pessoas que também vivem neste lugar. Ignoramos o que se passa com o nosso vizinho. Não tomamos conhecimento de suas alegrias e conquistas e nem queremos saber de seus problemas, dificuldades e frustrações.

Valores como a solidariedade, a vida comunitária, o respeito, a justiça e o amor ao lugar de vivência, fundamentais para outras culturas, como os povos indígenas, deixaram de ser cultivados pela Cultura Ocidental e, conseqüentemente, nos trazem muitos problemas e sofrimentos. Sobre o saber indígena, Muñoz nos diz:

O entorno comunitário aparece na memória indígena como um âmbito carregado de significações, que a pessoa vai reconhecendo e registrando através da vida como esse espaço amplo de sentido e de dados para sua concepção, no monte, na colina, nas cavernas, nos olhos de água, no rio: lugares sagrados e vitais com os quais a humanidade indígena interatua, sempre com respeito. O meio ambiente forma parte da comunidade como âmbito étnico reconhecido na cosmovisão, atribuindo sentido ao ethos e à identidade. O sentido de pertencer vive através do enraizamento, na percepção do território e se expressa na linguagem, no costume, sempre em referencia ao mundo natural. Tentarei revelar essa convivência necessária às práticas em harmonia com a mãe terra e os seus fenômenos, seguindo essa lógica interna que preserva e transmite memória e saberes, arma uma estrutura simbólica de referencia dos saberes e aprendizagens comunitárias (MUÑOZ, 2003, p.284).

Temos muito a aprender com os povos que tem uma cultura diferente da nossa, estabelecendo, com a natureza, uma relação de respeito e harmonia, retirando somente o necessário para o seu sustento, sem a preocupação de acumular.

O indígena sabe que na natureza ele encontra tudo que necessita para viver e que não precisa acumular riquezas para garantir o seu sustento no futuro. Aquilo que é retirado, além do necessário, vai faltar para o irmão.

Também não faz parte da cultura indígena, pensar somente em si próprio. Todos os alimentos e demais recursos obtidos da natureza, são para atender às necessidades da comunidade. Não se encontra alguém estocando alimentos enquanto outros passam fome. A pobreza não é vista de forma negativa, pelo contrário, demonstra um modo de vida embasado na sabedoria de quem se encontra em harmonia com a natureza e com as outras pessoas. Sobre este modo de viver, tão diferente do nosso, Muñoz afirma:

Diferentemente do mundo ocidental, para os indígenas ser pobre é uma forma de vida e costume que desconfia do seu oposto, como exesso de opulência. A pobreza segundo eles, cria harmonia ( sempre e quando haja tortilla e fijão). A gente não se queixa da sua pobreza, mas da carência do básico que provoca a fome, a desnutrição, as enfermidades. Ou as carências como falta de direitos humanos, que tem sido a trajetória de “convivência”com o mundo da cidade. O sentido da pobreza nos povos de Chiapas ( e me parece que em todo o mundo indígena) constitui-se em valor, semelhante ao pensamento estóico grego. Segundo os ensinamentos dos mais velhos, todo o excesso é vão; acarreta violência, inveja e dano (MUÑOZ, 2003, p. 290).

Vivendo em uma sociedade sem classe, os indígenas não provocam a degradação ambiental, pois não existe a ganância e a noção de lucro, favorecendo a preservação dos recursos naturais que são tidos como sagrados e, portanto, tratados com respeito e devoção. As relações entre as pessoas também são de um profundo respeito, fazendo com que vários dos problemas sociais do “mundo moderno” sejam desconhecidos dos povos indígenas.

As “minorias” criadas e discriminadas pela sociedade ocidental, como por exemplo: os negros, índios, sem terra, sem teto, os idosos, os desempregados, as mulheres, etc. somam a grande maioria, excluída dos benefícios proporcionados pela extração dos recursos naturais.

Os idosos, na sociedade indígena, são considerados sábios e são ouvidos todas as vezes que uma decisão importante precisa ser tomada. Seus conselhos são seguidos pelos mais jovens que neles vêem verdadeiros ídolos.

A Educação acontece no cotidiano da comunidade, principalmente, através da observação, pelas crianças e adolescentes, sobre as atitudes dos pais e das pessoas mais velhas. Observando atentamente aos adultos, as crianças aprendem todas as atividades e conhecimentos adquiridos pela comunidade, ao longo dos tempos. A aprendizagem se dá na vivencia dos valores sociais e não em ensinamentos teóricos. As crianças aprendem a cultivar a terra, a preparar os alimentos e objetos de uso, a reconhecer as plantas úteis como alimento ou remédio, a influencia do tempo e das estações do ano sobre suas atividades, a relacionar-se com os outros membros da comunidade, de forma respeitosa e a preservar as crenças e valores espirituais e culturais de seu povo.

Muitas vezes, em nossas escolas, o conteúdo ensinado ao aluno não tem nada a ver com o dia a dia do aluno, resultando em frustração.

Através da Educação Ambiental, poderemos contribuir para reverter esta crise, na medida em que formos construindo uma nova concepção de mundo e de sociedade, onde nos sintamos parte integrante da natureza, cientes de que todas as formas de agressão ao meio ambiente e ao nosso semelhante, se voltarão contra nós. Recorrendo a Reigota para embasar sua posição, Leda (2008) argumenta:

A educação ambiental se torna um exercício para a cidadania.Ela tem como objetivo a conscientização das pessoas em relação ao mundo em que vivem para que possam Ter cada vez mais qualidade de vida sem desrespeitar o meio ambiente natural que a cercam. Essa conscientização se dá a partir do conhecimento dos seus recursos, os aspectos da fauna e da flora gerais e, específicos de cada região; e, os problemas ambientais causados pela exploração do homem, assim como Os aspectos culturais que vão se modificando com o passar do tempo e da mudança dos recursos naturais, como a extinção de algumas espécies por exemplo. O maior objetivo é tentar criar uma nova mentalidade com relação a como usufruir dos recursos oferecidos pela natureza, criando assim um novo modelo de comportamento (...) A educação ambiental é um exercício para a participação comunitária e não individualista (REIGOTA apud LEDA, 2008).

1.2 - A Importância da Educação Ambiental Para a Reversão e Minimização do Problema

Embora com aproximadamente três décadas de atraso em relação aos países europeus desde a implantação da Educação Ambiental em seus currículos, no Brasil, foi sancionada em 1999, a Lei nº 9.795. Ela inclui a Educação Ambiental como componente essencial em todos os níveis e modalidades de ensino. Dessa forma, todos nós trabalhadores da educação temos a responsabilidade de nos empenharmos na formação de cidadã(o)s conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade que saiba valorizar e respeitar o meio ambiente e que se considere como parte integrante do mesmo.

A Educação Ambiental não pode se resumir a uma disciplina ou carga horária a ser cumprida na escola, simplesmente para repassar um conhecimento teórico sobre o meio ambiente. Sua importância está no seu processo contínuo de busca e produção coletiva de conhecimentos e ações que visam solucionar os problemas ambientais do espaço de vivência, com o envolvimento de toda a comunidade.

Embora nem todas as pessoas agridam o meio ambiente na mesma intensidade, todos nós contribuímos de certa forma pelo simples fato de sermos consumidores, para sua degradação, bem como dependemos de sua conservação para nossa sobrevivência. Isto justifica a necessidade de assumirmos a Educação Ambiental como compromisso da sociedade toda, e não apenas como responsabilidade das escolas, ou ainda, dever somente, dos grupos econômicos que causam maiores impactos ambientais.

O caráter coletivo da Educação Ambiental deve servir para agregar mais forças na defesa dos seus objetivos. Quando o povo se une em torno de um ideal, sempre haverá

maior probabilidade de êxito do que quando a luta é travada individualmente, ou por pequenos grupos isolados. A Educação Ambiental, em suas diferentes modalidades (formal, não formal e informal), representa uma das alternativas para a formação de uma sociedade que tenha uma mentalidade diferente da atual, com princípios voltados para a solidariedade, a sustentabilidade e a vida.

Compromisso de todo(a)s, a Educação Ambiental, é também um ato de cidadania. Sendo um direito de toda(o) cidadã(o), usufruir de um meio ambiente saudável, que lhe garanta a tão desejada qualidade de vida, temos todo(a)s o dever de zelar pela sua preservação e recuperação.

A educação ambiental tem sido constantemente vinculada, tanto em documentos como nas práticas, à formação da cidadania e à reformulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, necessários para a continuidade da vida no planeta (LEONARDI, 2003, P. 398).

Quanto às modalidades da Educação Ambiental, entende-se por formal, aquela que é exercida como atividade da escola, independente do nível, do pré ao ensino superior. A modalidade não formal, é exercida fora do ambiente escolar, por diferentes entidades sociais, como: ONGs, sindicatos etc. A modalidade informal, é geralmente, realizada pelos meios de comunicação: TV, revistas, jornais e rádios. Esta classificação é muito relativa e, muitas vezes, torna-se difícil definir qual modalidade está sendo usada. É importante, que elas sejam complementares.

Outro aspecto importante da Educação Ambiental é a sua continuidade. Ela não pode se resumir a um “fogo de palha”, que depois da realização de uma atividade ou projeto, se considere concluída. Deve ser um compromisso que não fique apenas no discurso, mas que se traduza em práticas vivenciadas no cotidiano, pelo resto da vida.

O primeiro alvo da Educação Ambiental deve ser os próprios educadores, que através da vigilância sobre seus próprios atos procura levar uma vida ecologicamente correta e, assim, servir de exemplo para os demais. Consiste num autopoliciamento, pois, muitas vezes temos plena consciência sobre algumas atitudes incorretas e nos flagramos, no dia-a-dia, cometendo pequenos desperdícios de água ou outros recursos. Ao lutarmos contra estes hábitos que herdamos das gerações que nos antecederam e já se tornaram partes do nosso legado cultural. A abundância desses recursos e a falta de conhecimento fizeram com que nossos pais, avós e bisavós não tivessem a preocupação com a escassez dos mesmos. Quando nos conscientizamos dessa nossa “herança” e procurarmos modificar nossas atitudes, estaremos fazendo Educação Ambiental, pois, estaremos criando novos valores. Só assim estaremos em condições, ética e moralmente, de propor uma mudança de comportamento aos outros. Não podemos nos esquecer de que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam.

Portanto, a Educação Ambiental deve contribuir para a formação de uma nova cultura, que resulte em uma sociedade mais humana, justa e solidária onde as pessoas vivam em harmonia entre si e com os demais seres vivos e elementos da natureza, o que Leff (2001), chama de constituição de uma racionalidade ambiental:

A constituição de uma racionalidade ambiental e a transição para um futuro sustentável exigem mudanças sociais que transcendem o confronto entre

duas lógicas (econômica – ecológica) opostas. É um processo político que mobiliza a transformação de ideologias teóricas, instituições políticas, funções governamentais, normas jurídicas e valores culturais de uma sociedade; que se insere na rede de interesses de classes, grupos e indivíduos que mobilizam as mudanças históricas, transformando os princípios que regem a organização social (LEFF, 2001, P.143).

A Educação Ambiental deve levar as pessoas a se conscientizar sobre a necessidade de uma mudança na escala de valores, que priorize a qualidade de vida de todos os membros da espécie humana e a proteção de todas as outras formas de vida e ecossistemas existentes. A economia deve estar a serviço das pessoas e não as pessoas e tudo que existe estar em função do crescimento econômico, o que caracteriza a Cultura Ocidental, fundamentada no sistema capitalista e na sociedade de consumo. Ao falar sobre a racionalidade ambiental, Leff defende esta idéia. Vejamos:

A racionalidade ambiental se constrói desconstruindo a racionalidade capitalista dominante em todas as ordens da vida social. Neste sentido, não só é necessário analisar as contradições e oposições entre ambas as racionalidades, mas também as estratégias para construir uma nova economia com bases de eqüidade e sustentabilidade; de uma nova ordem global capaz de integrar as economias autogestionárias das comunidades e permitir que construam suas próprias formas de desenvolvimento a partir de uma gestão participativa e democrática de seus recursos ambientais (LEFF, 2001, p. 144).

Muitas outras culturas nos antecederam e, várias diferentes, continuam coexistindo. Embora minimizadas, ignoradas ou combatidas, tais culturas fundamentadas em valores diferentes aos do mercado, podem servir de inspiração para uma “Nova Cultura” a ser construída onde as pessoas e a natureza são respeitadas e a possibilidade de harmonia entre os seres não é uma utopia, mas uma concretização.

SÍTIOS:

Agência Nacional das Aguas (ANA)

A Agencia Nacional das Águas (ANA), responsável pela gestão da água em todo o Brasil, em seu notícias sobre os projetos, disponibilidade e distribuição da água, mapas, boletins de monitoramento, dados telemétricos em tempo real, além de relatórios e publicações e muitas outras informações sobre a água em todas as regiões do País. Sitio: <http://www.ana.gov.br/>

Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade

Recursos naturais/ ciências é um sitio da USP voltado às atividades pedagógicas que favoreçam a participação dinâmica dos educandos no processo ensino aprendizado dos elementos referentes a água, por meio da formulação de questões divertidas e experiências demonstrando as propriedades da água. Sitio: http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/agua.htmlUSP, Universidade de São Paulo. Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo - Campus de São Carlos. USP, Universidade de São Paulo: USP, 2008. site: www.cdcc.usp.br.

Plano Nacional de Recursos Hídricos/ Conselho Nacional de Recursos Hídricos e Sistema de Recursos Hídricos

Plano Nacional de Recursos Hídricos/ Conselho Nacional de Recursos Hídricos e Sistema de Recursos Hídricos é um sitio que agrega as informações referentes as várias instâncias de planejamento e gestão de recursos hídricos do país. Neste sítio os professores encontrarão materiais completos e atualizados sobre as doze regiões hidrográficas do país. Sitio: http://pnrh.cnrh-srh.gov.br

Universidade da Água:

A Universidade da água, com sede na cidade de São Paulo, é uma organização não governamental (ONG), sem fins lucrativos, que tem objetivo de promover a Educação Ambiental, visando a proteção e preservação da água. No site: www. Uniagua.org.br, encontramos diversos tipos de textos, projetos, vídeos, notícias e legislação relacionados água. Um material farto para aulas de Educação Ambiental e motivação para a luta pela preservação desse recurso vital. Sitio: http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?

SONS E VÍDEOS:

Músicas:O rioChitãozinho e XororóRetrata a importância do rio para a vida das pessoas, que dependem dele para obter seu alimento e saciar a sede, mas é maltratado pelo descaso das mesmas recebendo em troca a sujeira e a poluição.Disponível em: http://vagalume.uol.com.br/chitaozinho-e-xororo/o-rio.html

Planeta águaGuilherme Arantes

Ressalta a importância da água para produção de alimentos e para saciar a sede. Refere-se também ao ciclo hidrológico e ao valor paisagístico da água, bem como, ao seu uso parao fornecimento de energia e às lendas indígenas que nela são inspiradas.

Disponível em:http://vagalume.uol.com.br/guilherme-arantes/planeta-agua.html

Xote ecológicoLuiz Gonzaga

Leva a uma reflexão sobre os feitos da poluição, referindo-se à qualidade do ar, produção de alimentos, vida das plantas e animais e aos defensores do meio ambiente, representados na figura de Chico Mendes. Disponível em:

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/frm_audiovisual.php

SobradinhoSá e Guarabyra

Chama a atenção para os impactos ambientais causados pela construção de usinas hidrelétricas referindo-se principalmente ao rio São Francisco e ao sertão nordestino. Disponível em:

http://vagalume.uol.com.br/sa-e-guarabyra/sobradinho.html

Vídeos:

Um caminho para Gaia

Roberto WernekInstituto Terra Azul

Mostra a teoria de Gaia, segundo a qual, a Terra é um organismo vivo. Destaca a interdependência entre os diferentes elementos da natureza e da sua importância para a manutenção da vida. Compara a espécie humana a um célula do tecido desse grande ser vivo. Trata da origem da vida e evolução das espécies ao longo de bilhões de anos.

http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=16&idMenu=4728&idConteudo=5323

Projeto Tieté: Onde estão tuas tietes?Selma Rico

Mostra o rio Tietê em diferentes situações desde a sua nascente à foz. Destaca o descaso com que o rio é tratado ao atravessar a capital paulista, que o transforma em um depósito de toda sorte de poluentes, causando sua "morte". Ressalta, também, a incrivel capacidade de autodepuração do rio, bem como a necessidade de preservá-lo e protege-lo das agressões. Comenta´, ainda, o potencial turístico de várias cidades por ele banhadas.

Apoio: Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA/Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal

http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=16&idMenu=4728&idConteudo=5321

IMAGENS:

Ilustração 2: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3.php

Ilustração 3: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3.php

A proteção das nascentes é fundamental para a conservação da qualidade água, permitindo que ela cumpra sua função de manter a vida sobre a Terra.

Para garantirmos a proteção das nascentes e dos ecossistemas que se formam no seu entorno, devemos evitar todas as formas de interferência humana no solo e na vegetação (drenagem, aterro) e preservar ou restituir a mata ciliar, preferencialmente, com espécies nativas da região.

Ilustração 1: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/frm_buscarImagens3.php

PROPOSTA DE ATIVIDADES:

As atividades propostas visam subsidiar um processo de educação ambiental, utilizando como elemento norteador para a sensibilização da sociedade a crise da água. No caso específico do Colégio Estadual Novo Horizonte, trabalharemos durante todo o ano de 2009, com turmas de aproximadamente 40 educandos com várias atividades distribuídas ao longo do ano visando ações continuadas e interconectadas. Procuraremos desenvolver as seguintes atividades, visando dar continuidade ao trabalho de preservação das nascentes da Sanga Cerro Corá:

Sistematização de mapas e figuras de localização e caracterização da

sanga Cerro Corá no bairro Tocantins, no município de Toledo e no estado do Paraná;

Levantamento de dados morfométricos da drenagem da bacia da Sanga

Cerro Corá;

Entrevista com moradores pioneiros;

Entrevista com autoridades responsáveis pelo setor de Meio Ambiente, no

município de Toledo;

Elaboração e efetivação de palestras para alunos e Comunidade Escolar;

Proposição de projeto de revitalização do ecossistema de banhado, onde

foram abertos os canais de drenagem das nascentes da sanga Cerro Corá;

Proposição de plantio de árvores nativas numa faixa de 50 m ao redor da

área, inicialmente de banhado e atualmente drenada;

Elaboração de Projetos Pomar e Horta Medicinal, nas áreas circunvizinhas

as áreas de preservação permanente;

Mobilização da comunidade escolar para manutenção da área de

preservação permanente da microbacia e, conseqüentemente, da qualidade da água da

sanga Cerro Corá;

Desenvolvimento de campanha de esclarecimento, informação e

sensibilização sobre consumo responsável;

Promover mutirão de recolhimento de lixo nas proximidades das nascentes

da sanga Cerro Corá, envolvendo a comunidade escolar e moradores da

circunvizinhança;

Organização de comissão de visita às instituições e autoridades ambientais

visando agregar forças para composição de Comitê de defesa da preservação da sanga

Cerro Corá;

Promoção de atividades culturais, com apoio do Núcleo Regional da

Educação, que motivem a participação de outras escolas da cidade na defesa da sanga

Cerro Corá;

Envolvimento da Associação dos Moradores do Bairro, igrejas e outras

entidades na luta pela defesa da Sanga Cerro Corá;

Projeto Adote uma árvore, em que as crianças irão ”adotar” uma pequena muda e

destinarão à ela os cuidados necessários para que transforme-se em árvore.

SUGESTÕES DE LEITURA:

A Complexidade ambiental. LEFF, Enrique. São Paulo. Cortez, 2003.

É uma obra coordenada por Leff, com a participação de vários autores, cada qual reportando-se à questão ambiental, de acordo com diferentes enfoques. Chamou-nos a atenção, o texto escrito por Maritza Gómez Munõz que traz por título: Saber indígena e meio ambiente: Experiências de aprendizagem comunitária. Enfatiza o modo indígena (em especial, dos tzeltales de Chiapas), de se relacionar com as pessoas e com a natureza, revelando uma escala de valores totalmente diferente daquela adotada pela sociedade capitalista, podendo servir de referência para a transformação do modelo socioeconômico atual em um modelo sustentável, onde se priorize o respeito ao próximo, à natureza e à vida.

Águas doces no Brasil – capital ecológico, uso e conservação. REBOUÇAS, Aldo. São Paulo. Escrituras Editora, 2006.

REBOUÇAS, Aldo; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia. (Org.) Águas doces no Brasil – capital ecológico, uso e conservação. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.

O livro traz um excepcional conteúdo sobre os recursos hídricos brasileiros, abordando-lhes os diversos aspectos desde sua interação estreita com as mudanças climáticas, até discussões específicas sobre Hidroeconomia. A obra é composta por 23 artigos redigidos pelos mais renomados pesquisadores, entretanto, o seu diferencial se encontra na linguagem simples e acessível que proverá o professor de importantes argumentos e dados para discutir as questões referentes a crise da água com os seus alunos.

Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. BEKER, Bertha K. Rio Comprido. Garamond,2004.

Analisa a disputa pela apropriação dos recursos naturais de um dos últimos espaços de expansão da fronteira agrícola do mundo, riquíssimo em recursos minerais, com uma biodiversidade invejável e uma enorme reserva de água doce, sendo que conta com a maior bacia hidrográfica do planeta. Na virada do milênio, com a globalização, estes recursos estão em jogo. A região desperta os interesses do capital internacional e governos de outras nações, que propõe a sua internacionalização. Por um lado, a preservação do ecossistema representa a sobrevivência para os povos da região e por outro, o acesso à sua posse significa a oportunidade de acumular para as grandes empresas, cuja relação pode alterar a dinâmica da região. Qual o nosso papel, diante da situação?

Educação Ambiental: princípios e práticas. DIAS, Genebaldo Freire. São Paulo. Global, 1998.

Além de apresentar um histórico da evolução da Educação Ambiental, ressaltando os principais fatos que marcaram sua trajetória no Brasil e no mundo, constitui-se em importante referencial para entendermos os princípios, finalidades, características e premissas da Educação Ambiental. Faz uma análise do estado do meio ambiente a nível nacional e global e traz várias sugestões de atividades práticas de educação Ambiental a serem trabalhadas em sala de aula, especialmente, no ensino fundamental e médio. Como anexos, apresenta uma vasta relação de entidades, bem como a legislação (pareceres, portarias, resoluções, decretos e leis) relacionada ao meio ambiente.

O Capital e a devastação da Amazônia. PICOLI, Fiorelo. São Paulo. Expressão Popular, 2006.

Mostra que a devastação da Amazônia não é um problema provocado por grupos desorganizados de pessoas, que atuam isoladamente, mas um jogo orquestrado pelo grande capital nacional e internacional, que se aliou ao governo e em troca de apoio político. Durante décadas vem recebendo enormes benefícios e incentivos para expandir seus negócios na região. Especialmente, a partir da década de 1960, com a ditadura militar, foi promovida a “contra-reforma agrária”, com projetos de assentamento e colonização em que os agricultores recebiam somente a terra, sem uma política agrária que permitisse seu cultivo. Assim, poderiam ser taxados de incompetentes e justificariam a concentração fundiária. As grandes empresas recebiam milhões de hectares e todos os recursos necessários para desenvolver seus projetos de especulação imobiliária, que provocam a devastação da floresta e a morte e expulsão dos povos que a habitam, sendo considerados modelos pelo sistema.

O Estudo das Bacias Hidrográficas: Uma estratégia para educação ambiental. SCHIEL, Dietrich; MASCARENHAS, Sergio; VALERIAS, Nora. São Carlos. Rima,2003.

SCHIEL, Dietrich; MASCARENHAS, Sergio; VALERIAS, Nora; SANTOS, Sílvia. (Org.) O Estudo das Bacias Hidrográficas: Uma estratégia para educação ambiental. São Carlos: Rima, 2003.

O livro é fruto de um projeto cooperativo entre a Universidade de São Paulo, São Carlos (SP, Brasil) e a Universidade Nacional de Córdoba (Córdoba, Argentina). Trata-se de uma obra importante para desenvolver a Educação Ambiental, especialmente no Ensino Fundamental Médio. Rico em referencial teórico, além de relatar experiências realizadas em comunidades das duas cidades (São Carlos e Córdoba), apresenta também um grande número de sugestões de atividades práticas que podem ser desenvolvidas em diferentes séries do ensino básico.

Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. LEFF, Enrique. Petrópolis. Vozes.

Fala da necessidade de novos paradigmas para a sociedade que se encontra em crise. Defende uma transformação nas relações sociais que não mais devem estar embasadas no crescimento econômico desenfreado, no consumismo e na busca de lucros e acumulação de capital. Propõe a constituição de um novo modo de produção, fundado nos potenciais da natureza e da cultura, através da busca do desenvolvimento sustentável, com respeito à diversidade. Esta nova sociedade se viabiliza através da racionalidade ambiental que exige a desconstrução da racionalidade capitalista, responsável pela atual crise ambiental, ética e econômica da sociedade.

DESTAQUES:

Artigos Revista Caros Amigos Edição Especial - Meio Ambiente junho de 2008

A revista Caros Amigos lançou uma edição especial sobre meio ambiente, em junho de 2008. Traz reportagens sobre ações e idéias que já estão sendo colocadas em prática na busca por um mundo mais limpo. Idéias sobre consumo responsável, preservação da água, combustíveis ecologicamente corretos, controle da produção de lixo são alguns dos temas abordados e que servem de exemplo para as discussões em sala de aula.

Disponível em: Caros amigos, edição especial de meio ambiente, junho de 2008.

NOTÍCIAS:

Especialistas destacam proposta de criação do Instituto das Águas

Agência Estadual de Notícias

O Instituto Paranaense das Águas, proposto pelo governo do estado, deve fortalecer o trabalho dos Comitês das Bacias Hidrográficas no sentido de promover a gestão das águas no estado.

O anteprojeto é mais uma iniciativa do governo paranaense, que põe o estado em evidência diante das demais Unidades Federativas, quanto a implantação de uma Política de Recursos Hídricos, através da criação de uma instituição específica para cuidar de um dos recursos mais preciosos do Paraná.

http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=42859 Acessado em novembro de 2008.

Força-tarefa multa 43 propriedades por poluição

Bem Paraná - O Portal Paranaense

O manancial que abastece Arapongas vinha sendo poluido pelo lançamento de dejetos de animais, carcaças, agotóxicos, além de sofrer com a falta de proteção pela degradação da vegetação ás suas margens.

Além das multas aplicadas aos proprietários que cometeram tais crimes ambientais, foi criado um grupo gestor que deverá efetuar o gerenciamento da qualidade de água do Ribeirão dos Apertados, que abastece a cidade. A SANEPAR irá monitorar a qualidade da água bruta, da água tratada e das condições do solo.

Segundo o promotor do Meio Ambiente de Arapongas os processos de crimes ambientais deverão continuar e também serão realizadas audiências públicas que esclarecerão os produtores rurais sobre o trabalho e farão a atribuição de responsabilidades.

http://www.bemparana.com.br/index.php?n=83090&t=forca-tarefa-multa-43-propriedades-por-poluicao

Acessado em novembro de 2008.

MIP desperta interesse de pesquisadores de outros países

Expresso divulgação

Chamou a atenção, a nível internacional, a preocupação do governo do Paraná, em diminuir o uso de agrotóxicos no estado.

Todos os cuidados com o uso e manuseio de agrotóxicos são necessários, mas, ainda é muito pouco para garantirmos um ambiente saudável e qualidade de vida à nossa sociedade e às gerações futuras. O Manejo Integrado de Pragas visa diminuir consideravelmente o uso de agrotóxicos, através do monitoramento das propriedades e do controle biológico de pragas, diminuindo os problemas de saúde causados pela poluição.

Mensagem enviada a pedido do Coordenador da Área de Comunicação do EmaterMensagem recebida através do e-mail da SEED, às 19:32 horas do dia 21/11/2008 - Expresso Divulgação - Notícia Emater

PARANÁ:

A Legislação ambiental do Paraná deixa o Estado em posição de vanguarda, em relação aos demais Estados, porém, ainda será necessário um enorme trabalho de Educação Ambiental, que atue diretamente sobre o comportamento dos cidadãos para superar a situação de descaso de grande parte da população para com a questão ambiental. Embora seja de extrema importância, a legislação em si, não soluciona o problema da crise que continua se agravando. Exemplos notórios são os impactos ambientais que continuam ocorrendo em território paranaense.

Impactos causados pelas usinas hidrelétricas ao longo do rio Iguaçu:

A idéia de que a energia hidrelétrica não causa poluição e em conseqüência, seria quase inofensiva ao meio ambiente, foi defendida por vários autores e divulgada em livros didáticos, há até bem pouco tempo. Sabemos que se trata de uma idéia equivocada e que a instalação de uma usina hidrelétrica sempre causa impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais. O gás metano, por exemplo, liberado pela decomposição da vegetação submersa, é oito vezes mais poluente do que CO2, liberado pela queima de combustíveis fósseis. Outro problema comum com a formação de represas é a extinção de espécies endêmicas de plantas, aves e animais. O ambiente modificado dos rios, com a formação dos lagos, modifica a fauna aquática, levando algumas espécies à extinção e permitindo a proliferação de outras, algumas estranhas ao local. Os sítios arqueológicos que ficam submersos também constituem uma perda irreparável. Entre os problemas sociais podemos destacar desestabilização das famílias que tem suas terras alagadas, chegando muitas vezes aos milhares de pessoas que nem sempre são assistidas corretamente, com projetos de re-assentamento, ou indenização. A economia das localidades atingidas pelas barragens, geralmente, dependente de atividades agropecuárias, geralmente é desestruturada, aumentando ainda mais os problemas sociais.

Todos estes problemas podem, porém, ser minimizados através da implantação de projetos embasados em estudos sobre o impacto ambiental e tratem com respeito o ser humano que é o elemento mais importante das áreas modificadas.

Ao longo do Rio Iguaçu tivemos a instalação de várias usinas hidrelétricas durante as últimas décadas e a projeção de futuras, com o discurso do fornecimento de energia mais barata. Resta saber quem se beneficia e quem sofre os impactos negativos com esta medida.

Para conhecermos melhor os impactos causados pelas usinas hidrelétricas já instaladas no rio Iguaçu, bem como as expectativas sobre futuras instalações e a organização social da população atingida pelas barragens, sugerimos algumas leituras, como:

Usina de Baixo Iguaçu opõe governo e ambientalistas. Disponível em: <http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=801197&tit=Usina-de-Baixo-Iguacu-opoe-governo-e-ambientalistas>

CRABI: Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do Rio Iguaçu. Disponível em: <http://www.cpt.org.br/?system=news&action=read&id=187&eid=131>.

NITSCHE, Julio César Vaz. Influências Sócio-econômicas no Município de Três Barras do Paraná, Divido a Construção da Hidrelétrica de Salto Caxias – Paraná – Brasil. Disponível em: <http:// natilus.sites.uol.com.br/personalidades/>

Lei de Recursos Hídricos Estadual (Lei nº 12.726/99)

A Lei de Recursos Hídricos prevê a cobrança de uma taxa pelo volume de água utilizado e pelo lançamento de efluentes nos rios. O dinheiro arrecadado deve ser administrado pelos comitês de bacias hidrográficas e aplicado na recuperação do meio ambiente.

A referida lei se baseia no princípio de que a água, apesar de ser um recurso natural limitado, constitui um bem de domínio público, com valor econômico. Determina que em caso de carência, a prioridade deverá ser o consumo humano e dos animais. As águas devem ser gerenciadas de modo a permitir o seu uso para múltiplas finalidades visando garantir o seu cesso, não somente à geração atual, mas também às que nos sucederão. Para que a lei seja realmente implementada, cada estado da união fica encarregado de regulamentá-la.

O Estado do Paraná encontra-se em evidencia entre os estados da Federação pela sua legislação em defesa do Meio Ambiente, destacando-se:

Apesar de ter começado a regulamentação mais tarde que a maioria dos estados, o Estado do Paraná é o segundo a cobrar a taxa. A região metropolitana de Curitiba, que inclui parte das bacias hidrográficas do Alto Iguaçu e do Ribeira, deve contribuir com cerca de 40% do valor arrecadado em todo o Estado. Por pressão das entidades produtoras, o setor agrícola paranaense fica livre da cobrança da tarifa.

Para ver a Lei, na íntegra, acesse: www.suderhsa.pr.gov.br/meioambiente/arquivos

Lei do ICMS Ecológico ou Royalties Ecológicos - Lei complementar nº 59/91

A lei do ICMS Ecológico ou Lei dos Royalties Ecológicos (Lei complementar nº 59/91) é uma importante lei ambiental que repassa o equivalente a 5% do ICMS, aos municípios que possuem em seu território, mananciais que servem para o abastecimento da população de outros municípios. Dessa forma, os municípios que destinarem parte de suas terras para a preservação de florestas ou bacias hidrográficas, com benefícios para a sociedade, serão recompensados, melhorando as relações estado-município, e corrigindo injustiças sociais.

Para ver a Lei, na íntegra, acesse: http://www.suderhsa.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=15

Sistema de Manutenção, Recuperação e ProteçãSistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (SISLEG)

Para implementar o que já estava estabelecido pelo Código Florestal Brasileiro, que estabelecia as Áreas de Preservação Permanente (encostas de morro e margens de rios e nascentes) e a Reserva Legal (20% da propriedade rural destinados ao manejo sustentável), o Estado do Paraná criou o SISLEG, por meio do Decreto Estadual 387/99.

Para ver a Lei na íntegra, acesse: http://www.faep.com.br/comissoes/assfund/legislacao.asp

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