DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013. 6. 14. · exemplo, os segredos da divisão regular do...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
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RELATANDO UMA EXPERIÊNCIA: A MODELAGEM COMO PRÁTICA DA
MATEMÁTICA NA 8ª SÉRIE
Diana Lima Sales*
Orientador: Antonio Amilcar Levandoski**
“Falam alguns nas Ciências Matemáticas, como se a Aritmética, a Álgebra e a Geometria formassem partes inteiramente distintas. Puro engano! Todas se auxiliam mutuamente, se apoiam umas nas outras e, em certos pontos, se confundem."(Malba Tahan, 2001: 61)
RESUMO
Este artigo traz o relato de uma experiência de ensino, que utiliza a Modelagem
Matemática como metodologia. Realizada no terceiro bimestre de 2010, na
turma 8ªC do Ensino Fundamental do Colégio Estadual José Bonifácio - Ensino
Fundamental e Médio, localizado no Município de Paranaguá, cidade
conhecida como berço da civilização do Estado do Paraná. Verificou-se a
viabilidade da aplicação dessa tendência metodológica, buscando a
aprendizagem mais significativa, objetivando despertar, nos alunos, maior
interesse pelas aulas de matemática, estes podendo colaborar com as
possibilidades de concretização, em todas as fases do processo. Os modelos
trabalhados foram as fachadas dos casarões do Centro Histórico dessa cidade,
que, pelos seus valores culturais, hoje são tombados pelo Patrimônio Público
Histórico e Artístico do Paraná e Nacional. Devido à boa receptividade dos
alunos em ver sua cidade com outros valores, reconhecendo nela, arte, história
e muita matemática. Percebeu-se, observando os resultados, melhorias
significativas no aprendizado. Concluiu-se que esta experiência é indicada para
ser trabalhada em outras turmas ou em outras escolas, nessa metodologia de
ensino.
Palavras-chave: Modelagem Matemática, Aprendizagem Significativa, Arte.
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ABSTRACT
This article presents the report of an experience of teaching, uses the
Mathematical Modeling like methodology. Carried out in the third two months'
period of 2010, in the group 8ªC of the Basic Teaching of the State College
José Bonifacio - Basic and Middle Teaching located in the Local authority of
Paranaguá, city known like cradle of the civilization of the State of the Paraná.
happened the viability of the application of this tendency methodology, looking
for the most significant apprenticeship, aiming to wake, in the pupils, bigger
interest for the classrooms of mathematics, these being able to collaborate with
the means of realization, in all the phases of the process. The worked models
were the fronts of the Historical Centre, of this city, which for his cultural value,
today is knocked down by the Public Inheritance. Due to the good receptivity
and demonstrations of interest of the pupils in seeing his city with other values,
recognizing in her, art, history and great mathematics, it was ended that it is
indicated to work in other groups or in other schools, this methodology of
teaching.
key words: Mathematical modeling, Significant Apprenticeship, Art.
________________________
*Licenciada em Matemática pela UFPR e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Governo do
Estado do Paraná – [email protected].
** Mestre em Engenharia de Produção – UFSC – SC. Chefe e professor do Departamento Acadêmico de Matemática
da UTFPR (Unidade Curitiba).
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INTRODUÇÃO
A matemática ensinada de forma tradicional, com aulas somente
expositivas e uma série de exercícios para serem resolvidos, está cada vez
mais sendo discutida por um crescente número de professores, que estão se
conscientizando da inviabilidade em trabalhar unicamente desta forma e tendo
a percepção de que está na hora de buscar novos caminhos metodológicos,
novos desafios. Há necessidade de mudanças e para isso devemos buscar
novas alternativas para o ensino, a fim de que a matemática se torne mais
pertinente à realidade e à convivência do aluno, tornando-a bem mais atraente
e compreensível para todos. Buscam-se metodologias que façam com que os
alunos participem ativamente do processo ensino-aprendizagem, tornando-os
mais participativos e assim melhorar seu aprendizado. Nesta busca, optou-se
pela Modelagem Matemática, como metodologia de ensino para trabalhar com
uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental. O quadro desta turma do
Colégio Estadual José Bonifacio, no ano de 2010, era desanimador. Alunos
desmotivados, desordenados no final da sala de aula, eram alvo de muitas
reclamações nos intervalos das aulas, por todos. Um grande desafio: Levantar
a autoestima desses alunos para fazer com que eles realmente participassem
de todo o processo da aquisição do conhecimento!
APRENDIZAGEM MATEMÁTICA
Um dos problemas relacionados à disciplina de matemática se deve ao
ensino isolado, ou seja, geralmente, primeiro se ministra todos os demais
conteúdos, isoladamente, um de cada vez, para depois, passar aos conteúdos
de geometria, também de modo fragmentado. Nessa forma de ensinar, o aluno
não é levado em consideração como sujeito participante do processo da
aquisição do conhecimento, mas somente como um depósito de
conhecimentos, e sendo assim, não consegue estabelecer relações entre as
áreas da matemática, muito menos relacioná-las com situações de seu
cotidiano. Outro problema pertinente à aprendizagem matemática é o modo de
ensiná-la sem fazer conexão com a realidade, sem contextualizá-la. O
trabalho com Modelagem prioriza a contextualização, que torna o aprendizado
mais interessante e significativo para o aluno, conforme Lorenzato (2006), que
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defende uma Matemática vinculada à realidade na qual este está inserido.
Além disso, este trabalho tornou-se interessante porque os conceitos
algébricos e geométricos, tiveram como suporte o uso do software Geogebra
para elaboração de desenhos das fachadas das casas do Centro Histórico de
Paranaguá e construções de maquetes de casas, buscando uma
“aprendizagem significativa”. Diante disso, neste trabalho destaca-se a grande
importância do uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), muito
valorizada e discutida em Educação Matemática, impossível de ser ignorada
em dias atuais..
APRENDIZAGEM MATEMÁTICA COM MODELAGEM
Conforme a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (2008, p. 64),
a modelagem matemática tem como pressuposto a problematização de situações do cotidiano. Ao mesmo tempo em que propõe a valorização do aluno no contexto social, procura levantar problemas que sugerem questionamentos sobre situações de vida.
O termo modelagem lembra o trabalho com argila ao se produzir um
objeto, que passa a ser o modelo, tanto real quanto imaginário, que representa
alguma coisa. Assim, Biembengut e Hein (2005, p. 11) referem que “a
modelagem é a arte de modelar, é um processo que emerge da própria razão e
participa da nossa vida como forma de constituição e de expressão do
conhecimento”. Modelagem matemática é todo o processo que faz parte do
cenário da criação do modelo, como um processo artístico, que requer
criatividade, intuição para exercer sua interpretação, discernimento do
conteúdo matemático e senso lúdico. É o conhecimento que alguém tem
quanto à matemática, que lhe possibilita elaborar um modelo matemático.
Considerando esses aspectos, Biembengut e Hein (2005, p. 12) destacam que
a modelagem matemática é
uma arte, ao formular, resolver e elaborar expressões apenas para uma solução particular, mas que também sirvam posteriormente como suporte para aplicações e teorias. Genericamente, pode-se dizer que a matemática e realidade são dois conjuntos disjuntos e a modelagem é um meio de fazê-los interagir.
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Segundo a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (2008, p. 65),
o modelo matemático buscado “deverá ser compatível com o conhecimento do
aluno, sem desconsiderar novas oportunidades de aprendizagem, para que ele
possa sofisticar a matemática conhecida a priori”.
Na matemática, a modelação se orienta pelo desenvolvimento do
conteúdo programático, tendo como ponto de partida um tema a partir do qual
o aluno “trabalha” com seu próprio modelo, aplicando seus prévios
conhecimentos e alguns conceitos matemáticos novos que naturalmente vão
surgindo.
Biembengut e Hein (2005, p. 18-19) apresentam os objetivos da
modelagem:
a) aproximar outras áreas do conhecimento da Matemática;
b) enfatizar a importância da Matemática para a formação do aluno;
c) despertar o interesse pela Matemática ante a aplicabilidade;
d) melhorar a apreensão dos conceitos matemáticos;
e) desenvolver a habilidade para resolver problemas;
f) estimular a criatividade.
A implementação da modelação deve ter como base o tempo que os
alunos disponibilizam para a realização do trabalho, além das aulas, sua
situação socioeconômica e seu conhecimento matemático.
A prática requer a escolha de um tema ou modelo matemático único em
cada tópico matemático do programa ou conteúdo de um período letivo. A
escolha do tema, que pode ser feito pelos alunos ou pelo professor, precisa ter
o conhecimento do professor e estar de acordo com a expectativa dos alunos.
Para o desenvolvimento do conteúdo programático, o professor se
conduz pelas mesmas etapas do processo de modelagem, conforme citado
acima:
Interação, matematização e modelo matemático, acrescentando, no
decorrer do processo, o desenvolvimento do conteúdo matemático necessário
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para que sejam apresentados exemplos que sirvam para a compreensão dos
alunos.
Para a interação, o professor realiza uma breve apresentação do
tema e incentiva os alunos a realizarem um levantamento de questões.
Na fase da matematização, uma das questões levantadas é formulada para
que os alunos tenham a oportunidade de proporem soluções. Caso seja
necessário, os alunos são desafiados a realizarem pesquisas sobre o assunto.
Depois do desenvolvimento do conteúdo matemático, são propostos os
exemplos análogos, que esclarecerão o assunto. Para o Modelo, a questão
formulada (que possibilita a solução do problema e de outros semelhantes),
passa a ser considerada um modelo matemático, portanto precisa ser validado,
isto é, analisar o resultado obtido. Para encerrar o processo, caso os alunos
ainda se interessem pela continuidade do tema, passa-se para uma segunda
questão.
Desse modo, a modelagem, além de incentivar a pesquisa, estimula o
desenvolvimento de habilidades para a solução de problemas, trata do tema de
interesse dos alunos, aplica o conteúdo matemático e contribui com
a criatividade e da arte.
MATEMÁTICA E ARTE.
Em que aspecto poder-se-ia dizer que matemática e arte andam juntas?
Seria possível acreditar, como afirmam os professores universitários que se
ouve "música", quando se desenvolve um teorema (Testemunho de dois
professores da autora, do curso de Matemática da UFPR,1997),ou se vê arte e
harmonia no que se ensina? Matemática e arte estão em constante relação.
Entre muitas outras provas, estão os trabalhos do artista M. C. Escher, cheios
de novidades na apresentação da fronteira entre o visível e o invisível.
Reproduzidas em CDs, vídeos, camisetas e diversas outras formas, cada
gravura é uma surpresa visual que tem como ponto de partida a matemática,
pois sua principal motivação é a criação de mundos impossíveis.
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De acordo com Lopes (2002, p. 1),
há matemática na divisão regular da superfície usada por Escher para criar suas famosas séries de metamorfoses, onde formas geométricas abstratas ganham vida e vão, aos poucos, se transformando em aves, peixes, répteis e até seres humanos.
Embora sem conhecimento prévio de matemática, Escher descobriu, por
exemplo, os segredos da divisão regular do plano, em uma visita sua ao
palácio Mourisco de Alhambra (em Granada), uma construção feita por árabes
no século XVIII. E, se ele não sabia matemática, os árabes sabiam, pois
criaram mosaicos de beleza ímpar com a utilização de polígonos regulares e
congruentes, como triângulos, quadrados e hexágonos, com preenchimento
das superfícies em sobreposição sem espaços entre os desenhos, que ele
passou a considerar em seu trabalho. De acordo com Luis Barco, professor da
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) citado
por Knobel (s/d, p. 1), - “há mais matemática nos livros de Machado de Assis,
nos poemas de Cecília Meireles e Fernando Pessoa do que na maioria dos
livros didáticos de matemática”. Barco concebe a matemática como forma de
atrair a lógica do raciocínio, da mesma forma que ocorre quando alguém faz
literatura, escreve ou vivencia a harmonia da música na escultura, na pintura e
em todas as artes. E para Antônio Conde, professor do Instituto de Matemática
e Computação da USP/São Carlos, unir arte e matemática amplia a capacidade
de absorção dos alunos. A demonstração de um teorema já é uma obra de
arte. Nesses aspectos, o matemático é um artista.
Sullivan (1988, p. 5) afirma:
É certo que a função real da arte é de incrementar a nossa consciência de nós mesmos, tornarmo-nos mais conscientes do que somos e, portanto, do que é realmente o universo que vivemos. E porque a matemática à sua maneira, também desempenha esta função ela não é apenas esteticamente bela, mas profundamente significativa. É uma arte, e uma grande arte.
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Arte e Matemática têm muitos pontos de contato. O maior deles é,
sem dúvida, que, como o artista, o matemático precisar trilhar, com
persistência, um caminho cheio de desafios, com tentativas e erros, vitórias e
derrotas, o que significa que em ambos os casos se está construindo uma vida
melhor para si e para a sociedade. Nesse contexto fazem sentido especial as
palavras de Demo (1997, p. 34) ao enfatizar que o professor deve orientar o
aluno permanentemente para “expressar-se de maneira fundamentada,
exercitar o questionamento sempre, exercitar a formulação própria, reconstruir
autores e teorias e cotidianizar a pesquisa”. Para tanto, o professor precisa
participar do mundo da cultura pela leitura crítica, e do mundo da informação,
atualizando-se constantemente em sua disciplina, pesquisar para saber pensar
e aprender a aprender.
Bicudo (s.d., p. 53) lembra que:
o ser-professor-de-Matemática envolve o entendimento do ser humano e do ser da própria Matemática, vista como um corpo de conhecimentos organizados segundo uma lógica específica, possuidor de uma linguagem peculiar de expressão, revelador de certos aspectos do mundo.
Sabendo que a Matemática descobre alguns aspectos do mundo e que
outras áreas de conhecimento mostram outros universos, o professor de
Matemática desenvolve um olhar de conjunto, pois sua relação se estende ao
homem, ao mundo e àquilo que o indivíduo conhece do mundo. Como diz
Werneck (2002, p.36), a escola criativa “permitirá aos seus alunos imaginar,
porque quem imagina, cria. (...) Quem não imagina não cria e não sobreviverá
diante do futuro incerto”
IMPLEMENTAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA
1ª AÇÃO: O PASSEIO
O passeio ao Centro de Paranaguá, certamente foi um marco bem
positivo, para a turma 8ªC do Ensino Fundamental do Colégio José Bonifácio.
Não se tratava apenas de uma aula diferente e sim de uma oportunidade para
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esses jovens conhecerem o que de mais bonito essa cidade tem, sob um ponto
jamais visto anteriormente por eles, segundo seus próprios comentários. A
caminhada de mais ou menos uns 2,5 km, se deu em uma linda manhã
ensolarada. Íamos observando e comentando sobre tudo o que víamos ao
nosso redor, desde as calçadas, praças, os traçados das ruas, as arquiteturas,
tanto as novas como as mais antigas. Cada equipe de três a quatro alunos,
levou sua câmera fotográfica, passou a fotografar tudo o que estava
relacionado com formas geométricas, arte ou algo que apresentasse algum
aspecto, considerado histórico ou cultural. Chegando ao local combinado, cada
equipe fotografou diversas fachadas, de diferentes ângulos e pontos de vista,
com o intuito de escolher apenas uma, que serviria de modelo para as demais
atividades. No caminho de volta, mais outros 2,5 Km e alguns questionamentos
iam surgindo, como: Que figuras geométricas estão presentes? Quando foram
construídas? Quem as construiu? Quem lá morou? Para que serviu? Entre
outras indagações. Para sanarem todas essas dúvidas, pediu-se que os
alunos pesquisassem sobre a história de Paranaguá, para maior conhecimento
acerca desses Patrimônios Públicos.
Em sala de aula pediu-se que respondessem aos seguintes
questionamentos:
1) Você já havia observado com atenção alguns desses prédios que pertencem
ao Centro Histórico de Paranaguá?
2) Achou beleza ou arte nessas fachadas?
3) Já havia percebido quanta geometria encontramos em todas essas obras?
Em outra aula foi passado o vídeo “Geometria no Cotidiano”,
encontrado no endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=XuJpwCFL1xA&feature=related que ilustra
bem toda geometria e arte encontradas na natureza e nas obras feitas pelas
mãos dos homens. Em seguida, a tarefa foi reproduzir em papel sulfite e
materiais básicos de desenho geométrico, a fachada correspondente à foto
escolhida pela equipe, através da apresentação de slides com todas as
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fotografias tiradas por eles também e enviadas por e-mail, conforme combinado
no dia do passeio. Para as atividades, foi solicitado que realizassem o seguinte:
- Identificar e destacar as retas paralelas e perpendiculares, encontradas
na fotografia, bem como em cada figura geométrica nela existentes;
- Concluir, criando molduras para mais valorizar os trabalhos que,
posteriormente, seriam expostos..
Nessas molduras foram trabalhados: perímetro e medidas de
comprimento. Nesta tarefa, os alunos puderam desenvolver suas habilidades e
criatividades, nas quais se perceberam alguns bons resultados, (em anexo).
Uma dificuldade que tivemos de superar foi a falta de comprometimento
por parte dos alunos no início, pois nos dias marcados, poucos colaboravam,
sendo que tivemos que adiar essas atividades por duas vezes.
2ª AÇÃO: MEDINDO E CALCULANDO
Foi necessário que voltássemos ao Centro Histórico para fazermos
as medições de cada fachada. Antes disso, apresentou-se um vídeo, cujo
tema era o Teorema de Tales, encontrado no seguinte endereço: .
http://www.youtube.com/watch?v=BA1QwZxP2ao
Ao final do vídeo, verificamos que havia um erro no cálculo da altura do
obelisco apresentado: pelo programa de televisão (Novo Tele curso – Ensino
Médio – Matemática – Aula 17 – parte 1 de 2), que ao invés de encontrar a
altura correta que é de 72 metros, resultado da divisão dos 90 metros da
sombra do obelisco por 1,25 metros, referente a sombra do bastão, foi
calculado a multiplicação destes dois fatores, onde erroneamente foi
apresentado o resultado de 112,50 metros. Combinou-se que as equipe se
dirigissem, em contra turno, ao local de cada casa escolhida e que repetissem
essas experiência com as medidas de cada fachada. Algumas equipes tiveram
algumas dificuldades, como: local difícil para medirem as sombras, trânsito,
pedestres curiosos, entre outros transtornos.
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Antes de voltarmos ao Centro Histórico, a turma foi convidada a ir ao
quintal da escola para medirmos a altura da escola. Assim munidos de trena e
um bastão de 1 metro, os alunos passaram a medir a sombra do bastão e a
sombra da escola, o resultado foi o seguinte: medida do bastão: 1 metro;
medida da sombra do bastão: 1,40metros; altura da escola: x; medida da
sombra da escola: 17,00 metros.
1740,1
1 x
11740,1 x
40,1
17x
14,12x m
De posse de um bastão e trenas, em outro dia, seguimos novamente em
uma manhã de sol, para fazermos a experiência das medições, chegando ao
local combinado, cada equipe se dirigiu para frente de sua fachada escolhida e
refez passo a passo o que aprendeu no vídeo.
Percebeu-se certa dificuldade por parte de alguns alunos para se
organizarem e cumprirem suas tarefas, causando indisciplina e ocasionando
um cansaço desnecessário.
3ª AÇÃO: TRABALHANDO COM O GEOGEBRA:
Com todas as medidas anotadas, passamos para o cálculo das escalas
que seriam trabalhadas nas plantas baixas. Como os alunos,na aulas
anteriores, já haviam trabalhado com desenho geométrico, ficou decidido,
depois dessas argumentações que os trabalhos fossem realizados com o
auxílio do computador, através do Geogebra, fato que contribuiu muito para o
enriquecimento do presente trabalho. Desse modo houve uma alteração em
relação ao que foi anteriormente proposto na Unidade Didática. No laboratório
de Informática, os alunos tiveram que aprender os principais comandos desse
software, trabalhando primeiramente os pontos, depois as construções de
retas, retas perpendiculares, paralelas, ângulos, polígonos e todos os
procedimentos necessários para desenharem as fachadas. Com o uso do
Geogebra, os alunos puderam observar toda a álgebra desenvolvida
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paralelamente a cada operação executada na geometria, o que veio fechar
com os objetivos do projeto.
Podemos encontrar no seguinte endereço eletrônico, todas as
informações a respeito deste software:
www.professores.uff.br/.../geogebra/geogebra.overview.html.
Ainda no laboratório de informática, os alunos continuaram seus
trabalhos. Alguns com mais habilidades que outros, que com muita dedicação
concluíram suas tarefas. Algumas dificuldades tiveram que ser superadas, pois
no laboratório aconteceram fatos inesperados como travamento dos
computadores, sistemas fora do ar, por exemplo.
Para dar procedimento ao trabalho, surgiram alguns questionamentos:
Como fazer maquetes completas, conforme se planejara anteriormente, se
somente havíamos fotografado as fachadas dos prédios? E se simplesmente
deixamos de fotografar e medir também as laterais, fundos e telhados? Depois
de uma discursão sobre o assunto, optou-se em ressaltar apenas os detalhes
das fachadas. Foram feitos a base em isopor, sobrepondo os detalhes em
E.V.A., ou massa de modelar, alguns fizeram a base de papelão e os detalhes
em isopor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As avaliações ocorreram durante todo o decorrer do trabalho, com
observações diárias, tanto o trabalho em equipe, quanto individual. Critérios
como: colaboração, organização, responsabilidade e comprometimento, foram
adotados e considerados como prioridade.
Enfim, este trabalho foi bem gratificante, em todo o decorrer da
implementação. Foi possível observar mudanças no comportamento de alguns
alunos, que no início estavam bem desmotivados e incrédulos na eficácia dos
resultados.
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Diante do exposto é possível afirmar que é de suma importância o
professor procurar trabalhar a teoria aliada à prática, visando sempre ao melhor
aprendizado, utilizando-se de Modelagem Matemática, como metodologia.
Buscar novas formas de propiciar um ensino-aprendizado de maneira
significativa é fundamental. A Modelagem pode contribuir nesse processo,
ficando constatado a partir da análise do rendimento da turma trabalhada que a
experiência foi válida, porque permitiu analisar a aplicabilidade deste método
diferenciado de ensino da matemática. Isso mostrou ao aluno a importância e a
presença da matemática no cotidiano, assim como a relevância em trabalhar a
teoria e a prática, utilizando inclusive de novas tecnologias, o que naturalmente
atrai a atenção desses jovens. Terminado o trabalho, o que fica de mais
significativo em termos de aprendizagem são os conceitos construídos através
daquilo que a experiência permite ao aluno vivenciar. Chegamos à conclusão
de uma avaliação bem positiva dos resultados acontecidos, tornando válida a
experiência.
REFERÊNCIAS:
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BIEMBENGUT, M. S.; HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. 4. ed.
São Paulo: Contexto, 2005.
CALDEIRA, A. D. A Modelagem Matemática e suas relações com o
currículo. In: CONFERÊNCIA NACIONAL SOBRE MODELAGEM E
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 4., 2005, Feira de Santana. Anais... Feira de
Santana: UEFS, 2005. 1 CD-ROM.
14
CARDIA, Luciana S. F. Integrando a Geometria com a Álgebra na
Construção de Expressões Algébricas, PUC/ São Paulo, 2007.
HALISKI, Antonio Marcio, RUTZ, Soni de Carvalho, PILATTI, Luiz Alberto, Uma
Experiência com a Essência da Modelagem Matemática Através de
Construção de Maquetes. UTFPR – I Simpósio Nacional de Ensino de
Ciência e Tecnologia, 2009.
ARAUJO, Jussara de Loiola, Modelagem Matemática Segundo a Educação
Matemática Crítica, UFMG, Pernambuco, 2004.
KNOBEL, Marcelo. A arte estimula o aprendizado da matemática.
Disponível em:<http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n1/14846.pdf>. Acesso
em: 5 fev. 2010.
LOPES, C. F. Escher o gênio da arte matemática. Revista Galileu. Disponível
em:< http://galileu.globo.com/edic/88/conhecimento2.htm>. Acesso em: 3
fev. 2010.
LORENZATO, S. Para aprender matemática. Campinas, SP: Autores
Associados, 2006. (Coleção Formação de Professores).
MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa, a teoria de
David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
curriculares para a educação básica matemática. Curitiba, 2008.
15
SULLIVAN, John William Navin. (1988) Matemática como arte (The World of
mathematics). Washington: Tempus Books, v. III, p. 1989-1995. Tradução:
Bruno da Veiga Bastos. Revisão: Professora Olga Pombo. Disponível
em:<http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/arte/traducao.htm>.
Acesso em: 5 fev. 2010.
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ANEXOS:
1 - CASA CECY
Marco da colonização árabe em Paranaguá, construída para servir de
moradia e comércio. Funcionou até a década de 60, como “Padaria Cecy”.
Adquirida e restaurada pelo Poder Público, abriga a Fundação Municipal de
Cultura.*
Reprodução em cartolina da fotografia - Autores: Letícia, Rafaelli, Letícia e Jéssica.
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2 - RESTAURANTE SABORES DO MAR: Sabores que contam a
história! E quem tem muita história para relatar são os restaurantes do litoral do
Paraná, que reúnem a identidade do povo através da gastronomia. É lá o
nascedouro do famoso barreado, prato típico paranaense cuja “certidão de
nascimento” é disputada entre Paranaguá, Morretes e Antonina.*
Reprodução em cartolina da fotografia – Autores: Lucas, Marcelo, Elton, João.
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3 – IGREJA Nª Sª DO ROSÁRIO – IGREJA MATRIZ: Edificada em
1578, foi a primeira igreja erguida em solo paranaense. Em 1863, procedeu-se
a benção da nova Igreja Matriz. Foi tombada pelo Patrimônio Histórico e
Artístico do Paraná em 1967.*
Reprodução em cartolina e no Geogebra e fotografia– Autores: Marcelo, Maycon, Lucas, Elton.
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4 – MERCADO DE ARTESANATOS: Construção em estilo neo-renancentista,
era o antigo mercado de peixes da cidade, foi construído em 1914.*
Reprodução em cartolina da equipe: Bruna, Rafaela, Rhaissa. Sabrina e Eveleen.
Foto tirada pela professora em sala de aula.
Aluna desenhando em papel sulfite a fotografia tirada pelos próprios alunos.
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5 – CASA 1931 - Situada no Centro Histórico da Cidade, tombado juntamente
com outros casarões antigos, pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Paranaguá.*
Reprodução no Geogebra da foto tirada pela equipe: Felipe, Welington, Victor e Maickon.
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6 – TEATRO DA ORDEM: Construída em 1770 e só concluída em 1784, esta
obra religiosa do período colonial brasileiro, de arquitetura barroca, foi tombada em
1960 pelo Patrimônio Público e Artístico do Paraná. A Igreja de São Francisco de
Chagas foi restaurada para abrigar exposições culturais e artísticas, bem como,
apresentações de Corais, músicas sacras e peças teatrais. Conhecida como Teatro da
Ordem, foi entregue à Mitra Diocesana de Paranaguá.*
Reprodução em papel sulfite da foto tirada pela equipe: Amanda, Adriane, Thayná e Larissa
.
*Todas as informações foram retiradas do site:
http://www.fumcul.com.br/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=8<emid=9.