D. sebastião
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ESCOLA SECUNDÁRIA DE
SAMPAIO
Prof.ª Catarina Labisa
D. Sebastião
Fernando Pessoa, Mensagem
1. Uso da 1.ª pessoa
• No poema «D. Sebastião, rei
de Portugal», o sujeito
poético identifica-se com o
próprio rei, não apenas
como figura histórica, mas
como representação mítica
que perdura.
Contraponto com Os
Lusíadas
• Na Dedicatória d’Os Lusíadas, o poeta
dirige-se ao rei utilizando a 2.ª pessoa
do plural: trata-se de uma figura
histórica, contemporânea de Camões,
que ele louva e sob a égide do qual
coloca a sua obra, conforme o cânone
da epopeia.
2. A loucura
• Através da figura do rei, tece-se, neste poema, um «elogio da loucura como componente da autêntica condição humana».
• Esta define-se como um desejo de «grandeza / Qual a Sorte a não dá», ou seja, de vontade de transcender os limites impostos pelo Destino.
• No final do poema, através da interrogação retórica, o sujeito poético afirma que a loucura é fundamental, pois sem ela o homem não passa de uma «besta sadia» que procria e morre sem ter acalentado um sonho inspirador.
Contraponto com Os
Lusíadas
• Os valores contemplados na Dedicatória d’Os Lusíadas são, não a loucura, mas a audácia bélica («novo temor da Maura lança»), a pertença a um povo e a um ramo genealógico eleito por Deus («tenro e novo ramo florecente / De uma árvore, de Cristo mais amada), o exercício superior de um poder imperial («poderoso rei, cujo alto Império»), enfim, uma exaltação na qual está implícito um apelo a que o rei se mostre digno de um povo heroico e capaz de o conduzir, também, a novas glórias.
3. Dimensão histórica e
mítica
• «Em D. Sebastião, conjugam-se
história e mito. Historicamente, o rei
ficou caído no “areal” do deserto de
Alcácer Quibir – o “ser que houve”
ficou “onde o areal está”. Mas o mito,
“o que há”, e tem a primazia na
Mensagem, permanece.»
Contraponto com Os
Lusíadas
• N’Os Lusíadas traça-se um retrato ao mesmo tempo real e ideal do soberano de Portugal, que ainda não tinha sofrido o seu retumbante revés em Alcácer Quibir e que surgia, aos olhos do povo, como a promessa de um novo engrandecimento de Portugal: «Tomai as rédeas vós do Reino vosso: / Dareis matéria a nunca ouvido canto.» Se de mito se trata, é um mito vivo, de que se espera uma obra concreta.
4. Flexão verbal
• Passado – dimensão real e histórica do rei: – Pretérito perfeito (quis, coube, ficou)
– Pretérito imperfeito (ia)
• Presente: – Afirmação filosófica:
• «a Sorte a não dá»;
• «Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia, / Cadáver adiado que procria.).
– Permanência do mito: • «não o que há».
Contraponto com Os
Lusíadas
N’Os Lusíadas os tempos evocados são:
• Passado – breve evocação de glórias passadas, representadas no brasão de armas de Portugal (com referência à batalha de Ourique):
– Pretérito perfeito (deu, deixou, tomou)
• Presente – o momento da exortação do Poeta:
– Presente do indicativo (vê, esperamos, bebe, contemplo, mostra, é, canto, posso, atrevo…)
– Imperativo (inclinai, ponde, ouvi, dai, costumai) • «não o que há».
• Futuro – a perspetiva de um amanhã grandioso:
– Futuro do indicativo (ireis, vereis, julgareis, dareis)
5. Projeção futura da
loucura
• O sujeito poético apela a que «outros»
«tomem» a sua loucura e a apliquem
na construção de sonhos futuros, por
forma a que o homem não se reduza à
sua função de procriação mecânica e
sem ideais.
6. Relação entre Os
Lusíadas e Mensagem
• Em suma: – D. Sebastião é, n’Os Lusíadas, o objeto de
uma dedicatória e de um apelo no sentido de revivificar o heroísmo e a grandeza dos conquistadores Portugueses e da nossa vocação imperialista.
– Na Mensagem, «D. Sebastião (o Sebastianismo) é o mito organizador e articulador da obra, no sentido de que ele representa o sonho que ressurgirá do nevoeiro em que o Portugal presente está mergulhado, impulsionando a construção do futuro, a utopia.» Neste sentido, está associado à doutrina do Quinto Império.
Leituras
complementares
• Relação entre o poema «D. Sebastião – rei de Portugal» e «O Quinto Império» (p. 124 do manual);
• Relação entre estes dois poemas referidos e outros incluídos na terceira parte de Mensagem, na secção intitulada «Símbolos»; «D. Sebastião», «O Desejado»;
• Textos de apoio das páginas 125 a 135 do manual.