Custo e Retorno Econômico Na Produção de Bezerros de IATF

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Custo e retorno econômico na produção de bezerros de IATF A pecuária de cria pode ser considerada a principal atividade de produção da bovinocultura de corte, sendo essa a base de sustentação do setor. Nos últimos anos, notáveis incrementos de produtividade no sistema de cria foram alcançados, frutos de inovações tecnológicas advindas de pesquisas desenvolvidas pelas principais instituições de ensino do país (Barcellos et al., 2004). Além disso, a profissionalização do setor, no qual as antigas propriedades cederam lugar às chamadas empresas rurais, contribuiu para essa mudança. Com a atual tendência de aumento no consumo de proteína animal, a pecuária nacional vive um bom momento. Há valorização no comércio mundial da carne e estudos apontam que a reposição de rebanho demandará cerca de três a quatro anos ao ponto de atender o presente crescimento que vivemos, sendo este cenário uma boa oportunidade de investimento na área. O uso do melhoramento genético baseado na seleção de indivíduos de maior desenvolvimento ponderal possibilita o aumento de produtividade, seja para carne ou seja para leite. Assim, a multiplicação de animais superiores por meio de biotécnicas reprodutivas proporciona maior retorno econômico para a atividade. Por meio da inseminação artificial convencional (IA), é possível promover o melhoramento genético, porém o seu desenvolvimento sempre foi dificultado, principalmente pelos problemas relacionados à detecção de cio e duração do anestro pós parto. Para se ter uma idéia o cio pode ser de curta duração (18% até 6 horas e 22% entre 6 e 12 horas; Sales et al., 2009) e com elevado percentual de manifestações no período noturno (Mizuta et al., 2003). Já o anestro pós-parto é de causa multifatorial (nutricional, interação vaca/bezerro, estação de parição). Ambos comprometem o intervalo entre partos (IEP), reduzindo a eficiência reprodutiva, que segundo TRENKLE & WILLIAN (1997) é mais importante economicamente falando que o desenvolvimento ponderal. Com o uso da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) é possível tirar proveito deste momento positivo do agronegócio, produzindo bezerros em maior quantidade e com mais peso (em média pode-se atingir valores de até uma arroba a mais). Esses protocolos permitem ainda uma maior concentração das prenhezes no início da estação de monta, o que contribui para redução do período de serviço. E quanto custa tudo isto? O custo médio de um programa reprodutivo de IATF pode variar entre R$ 40,00 e R$60,00/animal dependendo do protocolo e do sêmen escolhido. De maneira simplória, costuma-se calcular o custo do bezerro produzido pela IATF como sendo o dobro do pago no programa reprodutivo (ex. paga-se R$40,00/vaca sincronizada, logo o custo do bezerro é R$80,00 referente a taxas de prenhez de 50% das vacas inseminadas em tempo fixo). Já em uma propriedade com uso de monta natural o custo do bezerro produzido pelos reprodutores fica próximo a R$ 28,00/bezerro (considerando custo de compra, descarte, tempo de uso e relação touro vaca). Assim, a diferença em produzir um bezerro por IATF de um touro melhorador e o de produzir um bezerro de touros não provados por meio da monta natural, gira em torno de R$52,00. E porque fazer um bezerro fruto de IATF se ele custa mais? Os principais benefícios para o produtor de bezerros de IATF são:

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Custo e retorno economico na produção de bezerros

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Custo e retorno econômico na produção de bezerros de IATF

A pecuária de cria pode ser considerada a principal atividade de produção da bovinocultura de

corte, sendo essa a base de sustentação do setor. Nos últimos anos, notáveis incrementos de

produtividade no sistema de cria foram alcançados, frutos de inovações tecnológicas advindas

de pesquisas desenvolvidas pelas principais instituições de ensino do país (Barcellos et al.,

2004). Além disso, a profissionalização do setor, no qual as antigas propriedades cederam

lugar às chamadas empresas rurais, contribuiu para essa mudança. Com a atual tendência de

aumento no consumo de proteína animal, a pecuária nacional vive um bom momento. Há

valorização no comércio mundial da carne e estudos apontam que a reposição de rebanho

demandará cerca de três a quatro anos ao ponto de atender o presente crescimento que

vivemos, sendo este cenário uma boa oportunidade de investimento na área.

O uso do melhoramento genético baseado na seleção de indivíduos de maior desenvolvimento

ponderal possibilita o aumento de produtividade, seja para carne ou seja para leite. Assim, a

multiplicação de animais superiores por meio de biotécnicas reprodutivas proporciona maior

retorno econômico para a atividade. Por meio da inseminação artificial convencional (IA), é

possível promover o melhoramento genético, porém o seu desenvolvimento sempre foi

dificultado, principalmente pelos problemas relacionados à detecção de cio e duração do

anestro pós parto. Para se ter uma idéia o cio pode ser de curta duração (18% até 6 horas e

22% entre 6 e 12 horas; Sales et al., 2009) e com elevado percentual de manifestações no

período noturno (Mizuta et al., 2003). Já o anestro pós-parto é de causa multifatorial

(nutricional, interação vaca/bezerro, estação de parição). Ambos comprometem o intervalo

entre partos (IEP), reduzindo a eficiência reprodutiva, que segundo TRENKLE & WILLIAN

(1997) é mais importante economicamente falando que o desenvolvimento ponderal.

Com o uso da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) é possível tirar proveito deste

momento positivo do agronegócio, produzindo bezerros em maior quantidade e com mais peso

(em média pode-se atingir valores de até uma arroba a mais). Esses protocolos permitem ainda

uma maior concentração das prenhezes no início da estação de monta, o que contribui para

redução do período de serviço. E quanto custa tudo isto?

O custo médio de um programa reprodutivo de IATF pode variar entre R$ 40,00 e

R$60,00/animal dependendo do protocolo e do sêmen escolhido. De maneira simplória,

costuma-se calcular o custo do bezerro produzido pela IATF como sendo o dobro do pago no

programa reprodutivo (ex. paga-se R$40,00/vaca sincronizada, logo o custo do bezerro é

R$80,00 – referente a taxas de prenhez de 50% das vacas inseminadas em tempo fixo).

Já em uma propriedade com uso de monta natural o custo do bezerro produzido pelos

reprodutores fica próximo a R$ 28,00/bezerro (considerando custo de compra, descarte, tempo

de uso e relação touro vaca). Assim, a diferença em produzir um bezerro por IATF de um touro

melhorador e o de produzir um bezerro de touros não provados por meio da monta natural, gira

em torno de R$52,00. E porque fazer um bezerro fruto de IATF se ele custa mais?

Os principais benefícios para o produtor de bezerros de IATF são:

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- Maior peso a desmama: em média esse bezerro pesa uma arroba a mais (15kg x R$ 3,20 =

R$ 48,00);

- Antecipação das parições: em média consegue-se uma antecipação de 30 dias, o que

representa o mesmo período a menos de custo de vaca (30 dias x R$ 1,20/dia/vaca = R$

36,00).

- Maior taxa de prenhez final: por meio das prenheses oriundas da IATF e mais o efeito de

estimular a ciclicidade de todo o restante das fêmeas tratadas, consegue taxas de prenhez

maiores em propriedades onde se utiliza a técnica, podendo ser superiores a 8% a 10%

(Bezerro = R$ 600,00 x 8% = R$ 48,00)

- Outras vantagens econômicas: redução dos manejos e otimização da mão de obra,

concentração dos nascimentos e desmames nas melhores épocas do ano, animais com maior

ganho de peso e consequente redução do tempo para abate.

Resumindo, teríamos um retorno facilmente quantificado, por bezerro de corte

produzido pela IATF de R$ 80,00 (Retorno extra – R$ 132,00 (R$ 48,00 + R$ 36,00 + R$

48,00) subtraindo o Investimento adicional – R$ 52,00) frente ao bezerro produzido por

monta natural.

Assim, podemos afirmar que o retorno da IATF é muito favorável, sendo possível obter retornos

sobre os investimentos superiores a 100% em curtos períodos de tempo, sem considerar

outros benefícios anteriormente citados e não computados.