Curso Supera Modulo2 Efeitos de substâncias psicoativas no organismo

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Módulo 2 do curso SUPERA (Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e acompanhamento).

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  • 5/17/2018 Curso Supera Modulo2 Efeitos de substncias psicoativas no organismo

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    MINISTERIO DAJUSTICASecretaria Nacional de Politicas sobre Drogas

    Efeitos de substanclas psicoativasno organismo: modulo 2

    Coordenacao do modulo: Roseli Boerngen de Lacerda

    4a Edi~aoBrasilia2011

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    Efeitos de substanclas psicoativasno organismo: modulo 2

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    Presidenta da RepublicaDilma RousseffVice-Presidente da RepublicaMichel TemerMinistro da Justi~aJose Eduardo CardozoSecretaria Nacional de Politicas sobre DrogasPaulina do Carmo Arruda Vieira Duarte

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    MINISTERIO DAJUSTICASecretaria Nacional de Politicas sobre Drogas

    Efeitos de substanclas psicoativasno organismo: modulo 2

    Coordenacao do modulo: Roseli Boerngen de Lacerda

    4a Edi~aoBrasilia2011

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    SUPERA - Sistema para deteccao do Usa abusivoe dependsncla de substanclas Psicoativas:Encaminhamento, lntervencao breve, Relnsercao social eAcompanhamentoCoordenacao de Paulina do Carma Arruda Vieira Duarte,Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni 2011 Secretaria Nacional de Polfticas sabre Drogas-SENAD, Departamento de Psicobiologia, Departamento deInformatica em Saude - Universidade Federal de Sao Paulo- UNIFESPQualquer parte desta publlcacao pode ser reproduzida,desde que citada a fonte.Disponivel em: CD-ROMDisponivel tarnbern em:Tiragem desta edlcao: 6.000 exemplaresImpressa no Brasil/ Printed in BrazilEdi980: 2011Elaborac;ao, distribuic;ao e informac;oes:Secretaria Nacional de Polfticas sabre Drogas - SENADEsplanada dos Ministerios, Bloco T,Anexo II, 2 andar, sala205 Brasilia/DF. Cep 70604-900www.senad.gov.brUnidade de Dependencia de Drogas (UDED) -Departamento de Psicobiologia - Universidade Federal deSao Paulo (UNIFESP)Rua Napoleao de Barros, 1038 - Vila Clementino - 04024-003 - Sao Paulo. SP

    Linha direta SUPERA0800 777 8778Homepage: www.supera.senad.gov.bre-mail: [email protected]

    Equipe EditorialSupervisao Tecnica e CientificaPaulina do Carma Arruda Vieira DuarteMaria Lucia Oliveira de Souza FormigoniRevisao de ConteudoEquipe tecnica - SENADCarla DalboscoAida Costa AzevedoAndrea Donatti GallassiPatricia Santana SantosIza Cristina JustinaEquipe tecnica - UNIFESPDenise De MicheliEroy A. SilvaKeith Machado SoaresMonica Parente RamosYone G. MouraSupervisao dos TutoresAndre Luiz Monezi AndradeGiovana Camila de MacedoIracema Francisco FradeKarina Possa AbrahaoDesenvolvimento da Tecnologia de Educac;ao a DistanciaDepartamento de Informatica em sauce da UNIFESPLaboratorio de Educa9ao a Distancia (LED-DIS)Supervisao: Monica Parente RamosEquipes: Educacao, Tecnologia, Pesquisa e Avalia9aoProjeto grafico: Silvia Cabral

    Efeitos de substanclas psicoativas no organismo: modulo 2 / coordenacaoE27 do modulo Roseli Boerngen de Lacerda. - 4. ed. - Brasilia: SecretariaNacional de Polfticas sabre Drogas, 2011.94p. - (SUPERA: Sistema para deteccao do Usa abusivo e dependencia desubstanclas Psicoativas: Encaminhamento, lntervencao breve, Relnsercaosocial e Acompanhamento / coordenacao geral Paulina do Carma ArrudaVieira Duarte, Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni)ISBN 978-85-60662-51-71. Transtornos relacionados ao usa de substanclas/prevencao e controleI. Lacerda, Roseli Boerngen de II. Duarte, Paulina do Carma Arruda VieiraIII. Formigoni, Maria Lucia Oliveira de Souza IV. Brasil. Secreta ria Nacionalde Politicas sabre Drogas V. sene,

    CDD - 615.7883

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    SUMARIOObjetivos de ensino 1CAPiTULO 1: Neurobiologia: mecanismos de referee e recompensa e a efeito biol6gico comum das drogas 2

    lntroducao 3Um pouco de hist6ria 3Sistema de Recompensa Cerebral 4o papel do ambiente 8Fissura ("Craving") 9Bibliografia 10Atividades 11

    CAPiTULO 2: Alcool: efeitos agudos e cronlcos no SNC e em outros sistemas orqanlcos 12lntroducao 12Bebidas alco61icas e seus efeitos no organismo 14Dieta e Alcool 18Alcool e Bebidas enerqeticas 18Alcool e Transite 19Alcool e Niveis de Glicemia 20Alcool e Gravidez 24Alcoolismo (Depend encia de Alcool) 25Bibliografia 27Atividades 28

    CAPiTULO 3: Drogas depressoras (benzodiazepfnicos, inalantes, oplaceos): efeitos agudos e cronlcos no SNCe em outros sistemas organicos 29Os Benzodiazepfnicos 29Solventes au Inalantes 31Oplaceos 35Bibliografia 38Atividades 39

    CAPiTULO 4: Drogas estimulantes (anfetaminas, cocafna e outros): efeitos agudos e cronicos no SNC e em outrossistemas organicos 41

    Cocaina 41Anfetaminas 42Nicotina 46Bibliografia 48Atividades 49

    CAPiTULO 5: Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, Ecstasye outros): efeitos agudos e cronlcos no SNC eem outros sistemas organicos 50lntroducao 50Ind61icos (LSD, Psilocibina e DMT) 51Psilocibina (presente em alguns cogumelos) 52DMT - Dimetiltriptamina (Ayahuasca) 53FEAs - Feniletilaminas (Mescal ina e Ecstasy) 54

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    Anticolinergicos 55Anestesicos Dissociativos (fenciclidina e ketamina) 56Canabinoides - Maconha 56Bibliografia 60Atividades 61

    CAPiTULO 6: Problemas medicos, psicol6gicos e sociais associados ao uso abusivo de alcool e outras drogas .. 62lntroducao 62Carga global do uso de alcool e outras drogas 64Problemas Sociais 66Problemas Psfquicos e Comorbidade 68Repercuss6es Medicas do Uso Abusivo de Alcool e outras Drogas 68Bibliografia 75Atividades 76

    CAPiTULO 7: Crack. Uma abordagem multidisciplinar 77lntroducao 77o que e Crack? 77Epidemiologia 78A acao da droga no Sistema Nervoso Central 79Danos ffsicos 80Danos psfquicos 83Abordagens terapeutlcas 84Conclusao 88Bibliografia 89Atividades 92

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    OBlETIVOS DE ENSINO

    Ao final do modulo, os participantes do curso deverao estar aptos a: Descrever 0modo de aeao das principais drogas psicoativas, seus efeitos agudos e cronicos: Conceituar e citar exemplos de drogas estimulantes, depressoras e perturbadoras do Sistema Nervoso Central(SNC); Definir os mecanismos de referee e recompensa das drogas de abuso; Identificar os principais efeitos agudos e cronlcos das drogas de abuso no SNC e em outros sistemas orqanicos; Enumerar os principais problemas medicos, psicol6gicos e sociais associados ao uso abusivo das drogas de abuso .

    Neurobiologia: mecanismos de referee e recompensa e 0 efeito biol6gico comum dasdrogas Alcool: efeitos agudos e cronlcos no SNC e em outros sistemas orqanlcos Drogas depressoras (benzodiazepfnicos, inalantes, oplaceos): efeitos agudos ecronicos no SNC e em outros sistemas orqanlcos Drogas estimulantes (anfetaminas, cocafna e outros): efeitos agudos e cronicos noSNC e em outros sistemas orqanicos Drogas perturbadoras (maconha, LSD-25, ecstasye outros): efeitos agudos e cronicosno SNC e em outros sistemas orqanlcos Problemas medicos, psicol6gicos e sociais associ ados ao uso abusivo de alcool eoutras drogas

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    E muito provavel que voce ja tenha se perguntado algum dia:Por que algumas pessoas se tornam dependentes de substanclas psicoativas e outras nao?

    Ao longo do tempo, muitas ideias diferentes sobre esse assunto foram divulgadas. Hoje, e posslvel afirmar que existemvaries fatores envolvidos nesse processo, como se pode ver na Figura abaixo:As teorias diferem quanta ao peso que atribuem aos fatores que influenciam 0 estabe/ecimento da dependfmciade drogas.

    GENETICA

    NEUROBIOLOGIADesenvolvimento,maturacao do SNC,genero etc. COMPORTAMENTO(PERSONALIDADE)

    AMBIENTEFatores que influenciam no desenvolvimento da dependencla de drogas

    Este texto trata de alguns destes aspectos: a neurobiologia da dependencia de drogas, os fatores geneticos eambientais.

    1. Introdu~ao2. Um pouco de hist6ria3. Sistema de recompensa cerebral4. 0 papel do ambiente5. Fissura ("Craving")

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    INTRODU(:AONos ultlrnos anos, 0meio cientffico tem debatido com mais intensidade se a dependsncla de alcool e outras drogas e umtranstorno mental e, cada vez mais, as pesquisas mostram que os fatores neurobiologicos sao muito importantes, tantopara 0 infcio como para a manutencao dos sintomas da dependencia,Alguns autores sugerem que a dependencia de substancias seja resultante de mudancas no Sistema Nervoso Centralinduzidas pelas drogas, que produziriam alteracoes que se tornam inadequadas, mal adaptativas, levando a novo uso dealcool ou outras drogas.Cada droga tem 0 seu mecanisme de aeao particular, mas todas as drogas de abuso agem, direta ou indiretamente, em ummesmo local do cerebro: uma via de circuitos neuronais responsavel pelo sistema de recompensa cerebral. Normalmenteesta regiao do cerebro e estimulada quando sentimos prazer determinado por causas ffsicas, comer, por exemplo, ou porestfmulos ambientais aqradavels, como olhar para uma paisagem bonita ou escutar uma muslca da qual gostamos.

    m a c o n h a..... bi 'd@o p 01 a sf I J P

    a n l e t a m i n a

    (:J

    .i,uli", . ~ a l e n o l .I'I:P. " ~ I n ; g e n ~As drogas de abuso possuem um mecanismo biologico comum: aumentam a llberacao do neurotransmissordopaminaDA na via mesoifmbica, gerando a sensacao de prazer.Para quem trabalha na area de dependencia de substancias e extremamente importante acompanhar os avances da cienciae tentar entender os mecanismos neurobioloqicos que estao associados com a passagem do usa ocasional, controlado dedrogas, ate 0 desenvolvimento de um comportamento alterado, a dependencla,

    UM POUCO DE HISTORIA ...Em mead os do seculo XIX, teorias gerais da motlvacao afirmavam que 0comportamento dependente resultava de "instintossubconscientes". Contudo, nenhuma dessas teorias conseguia explicar adequadamente todos os elementos envolvidos nadependencia de substancias, incluindo os aspectos psicoloqicos e neurobioloqicos, Foi no infcio da decada de quarenta, doseculo passado, que surgiu uma nova expllcacao para a dependsncia, abrangendo conceitos tanto da Psicologia como daPsiquiatria. Essa teoria, chamada de "teoria do reforr;o", foi testada em laboratories de pesquisa. Um trabalho pioneiro,realizado por Spragg, demonstrou que chlrnpanzes se administravam drogas voluntariamente.Apos receberem drogas opioides, por um perfodo de tempo, eles "pediam a droga" ao pesquisador - isto e, assumiama poslcao propria para receber as inje90es da droga, contrariando 0 esperado de seus comportamentos instintivosprogramados geneticamente. Isto aqucou a curiosidade da comunidade cientffica por esse tema.

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    Olds e Milner, em 1954, observaram que ratos com eletrodos (flos eletricos) introduzidos em certas regioes profundasdo cerebro "trabalhavam" (isto e, batiam as patas em uma barra) para receber estfmulo naquela regiao. Alern disso, elesapresentavam aquele comportamento de "autoestirnulacao", de forma tao exagerada, que as vezes deixavam de comere dormir. Observou-se que somente urn nurnero limitado de regioes cerebrais desencadeava tais comportamentos. Asestlrnulacoes eletricas nessas regioes tambern faziam com que os animais apresentassem comportamentos naturais deconsumo de agua e comida, implicando em sensacoes de recompensa e motlvacao,Os cientistas descobriram que, nas mesmas areas que provocavam "autoestirnulacao", existiam regioes na membranada celula nervosa (chamadas "receptores" ou "canais ionicos") as quais se ligavam as drogas de abuso, produzindo asensacao de prazer.

    As principais vias neurais envolvidas neste circuito de prazer sao as viasmesolimbica emesocorticalAs drogas de abuse estimulam as mesmas regioes do cerebro que induzemautoestlmulacao em animais e que sao ativadas em sltuacoes de prazer.

    SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRALlnurneros estudos demonstraram que as drogas de abusoou estfmulos ambientais, reconhecidos pelo organismo comoprazerosos, geram rnudancas no cerebro, mais precisamentenas substanclas qufmicas chamadas "neurotransmissores",responsaveis pela cornunlcacao entre os neuronios,As drogas de abuso agem sobre urn limitado numero de estruturasdo cerebro, Essas regioes, nos seres humanos, sao areascorticais do cerebro (principal mente 0 cortex pre-frontal) e as viasmesolfmbicas. Incluem, principalmente, partes da area tegmentarventral que se comunicam por neuronios doparninerqicosliberadores de dopamina ao nucleo accumbens e costumamintermediar as sensacoes gratificantes ou prazerosas. 0 sistemaque envolve esses circuitos cerebrais e chamado de sistema derecompensa cerebral.

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    Os Sistemas Neurais envolvidos no desenvolvimento da dependenciade drogas seriam os mesmos do sistema de recompensa do cerebro(principal mente vias doparnlnerqlcas mesolfmbica e mesocortical).A estlrnulacao eletrica de determinadas areas cerebrais causa prazer(humanos) e provoca autoestlmulacao (animais). Estas areas possuemsltlos de liga980 (receptores ou canais ionicos) aos quais se ligam asdrogas de abuso.Antagonistas destes receptores reduzem os efeitos reforcadores tantode recompensas naturais, como a da estlmulacao cerebral e a doprazer decorrente da adrnlnlstracao de drogas.

    No corte longitudinal pode-se identificar asestruturas que formam 0 Sistema Umbico (nomesem vermelho na Figura acima).

    Sistema de Recompensa Cerebral, caracterizado por seus componentescentrais (nucleo accumbens, area tegmental ventral e cortex pre-frontal) eseu envolvimento com 0 sistema Ifmbico (associado com as emocoes) e comos principais centres responsavels pela memoria (amigdala e hipocampo).

    Regioes nas quais hi receptores aosquais se liga a DOPAMINA

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    o termo reforc;o, bastante usado nessa area, se refere a um estfmulo que fara com que um determinadocomportamento ou resposta se repita, devido ao prazer que causa (reforc;o positivo), ao "desprazer" oudesconforto que alivia (reforc;o negativo).Por exemplo: quando voce come uma comida deliciosa (por exemplo, um bombom de chocolate), mesmo semestar com fome, a comida e um reforc;o positivo. Quando voce come uma comida que nao gosta, somenteporque esta com muita fome e aquela e a (mica comida disponfvel, a comida e um reforc;o negativo, porquealivia uma sensacao ruim, de desconforto - a fome.

    Como as drogas de abuso aumentam a liberacao de uma substancla neurotransmissora - a dopamina - no nucleo accum-bens - que causa uma sensacao de prazer, as pessoas podem usar drogas porque querem sentir uma sensacao de bem-estar, de alegria (reforc;o positivo). Mas elas tarnbern podem usar drogas porque estao tristes, deprimidas ou ansiosas equerem aliviar estas sensacoes ruins - neste caso, procuram na droga 0 reforc;o negativo. Esta propriedade reforcadorada droga, causando prazer ou aliviando sensacoes ruins (por exemplo, a sfndrome de abstinencia de quem e fisicamentedependente da droga), aumenta a chance da reutlllzacao da droga.

    Quando uma droga e administrada repetidamente e nao provoca mais 0 mesmo efeito, ou e preciso aumentar adose para ter a mesma ssnsacao, diz-se que a pessoa esta "tolerante" aquele efeito da droga. Este fenorneno, atolerancla, e comumente encontrado nas pessoas que se tornaram dependentes das drogas. Isto e relativamentecomum com drogas depressoras como benzodiazepfnicos, barbituricos e altas doses de alcool,

    A frequencia do uso repetido de drogas produz alterac;oes no sistema nervoso (tolerancla e/ousensibilizac;ao), que contribuem para aumentar a "sallencla" do incentivo e 0 "desejo de consumir maisdrogas".

    Sensibilizac;ao: c o. . . .ooEoIIo_JQ)"Cc o"C. : ; :; ; (

    o>-oQ)0 : : :

    Adrrunistracao Cr6nica(mesma dose)

    .82UJ

    Para alguns efeitos (em geral depressores) ocorretolerancla, mas para outros (estimulantes da atividadelocomotora, por exemplo) ocorre senslblllzacao,

    Senslblllzacao: a mesma dose inicial passa adesencadear um efeito inicial maior.6 SUPERA

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    Outras substancias podem desencadear um efeito inverso ao da tolerancia - ao inves de uma reducao do efeito, ocorreum aumento do efeito ap6s repetidas admlnlstracoes, Esse processo e chamado de sensibiliza.;ao e ocorre com drogasestimulantes, como anfetamina e cocafna, ou com doses baixas de alcool, Sabe-se que a tolerancia e a senslbllizacaoestao relacionadas, pelo menos em parte, com a forma de uso da droga (intervalo entre as doses e via de uso).Nos estados de abstlnencla das drogas, em geral, a pessoa apresenta sintomas opostos aos observados quando ela estasob 0 efeito agudo das drogas. Nestes casos, observa-se uma "dep/er;ao" dos nfveis de dopamina (isto e, uma reducaoimportante devida ao excesso de llberacao que ocorreu durante 0 usa da droga), principal mente no nucleo accumbens,ja demonstrada em varies estudos. Provavelmente, isto causa uma sensaeao de desprazer, que podera desencadear umforte desejo ("fissura") de usar a droga novamente.

    LEMBRE-SE: Perda de tolerancla: ap6s perfodo de abstlnancla, a tolerancla pode ser perdida levando a "overdoses"acidentais. Reaquisi.;ao da tolerancla: ap6s 0 perfodo de "perda de tolerancla", a reaqulslcao ocorre de maneira maisraplda que a aqulslcao inicial. As adaptacoes levam a um novo estado de equilibrio, mas as custas de alteracoes importantes emmuitos sistemas, que sao funcionais SOB a acao da droga. Sindrome de Abstinencia: Na AUSENC/A da droga, muitas destas adaptacoes se tornam disfuncionais epodem desencadear uma serie de sintomas, em geral, opostos aos efeitos agudos da droga e que podemser revertidos pela adrnlnlstracao de novas quantidades de droga. As adaptacoes levam a um novo estadode equillbrio, mas as custas de alteracoes importantes em muitos sistemas, que sao funcionais SOB a acaoda droga.

    Mecanismos de Aprendizado e MemoriaAlgumas das questoes mais discutidas pelos estudiosos da area sao:

    Quais sao e como ocorrem as transformacoes biol6gicas na dependsncla de drogas? De que forma estas alteracoes sao "gravadas" no cerebro a ponto de modificar 0 comportamento do animal ou dapessoa mesmo ap6s a cessacao do efeito da substancia?

    Os mecanismos moleculares que se relacionam com os efeitos das drogas, a longo prazo, podem ser divididos em duasclasses principais: as adapta.;oes homeostaticas e 0 aprendizado associativo. As adaptacoes horneostatlcas sao as respostas compensat6rias das celulas, 0 aprendizado associativo representa altera.;oes permanentes ou de longo prazo que ocorrem na sinapse(espaco entre os neuronios) e que contern c6digos que armazenam lnformacoes especfficas, atuando como uma

    "memoria cenuer".

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    o PAPEL DO AMBIENTEHavaries indicios de que estimulos ambientais podem alteraro risco de usardrogas. Eo que se chama de "condicionamento"ao ambiente.Por exemplo: quem tem um animal de estlrnacao, um cachorro, perce be que 0 simples fato de pegar a vasilha na qual secolocara a comida do animal, ou levantar da mesa de refeicoes, faz com que 0 cachorro se agite e corra para 0 local noqual se costuma dar a comida, "antecipando" a recompensa.

    Com as drogas acontece coisa parecida:A simples vlsao do local no qual 0 usuario costumava usar a droga pode estimular a vontade de usa-la, porque ocorreuuma assoclacao entre 0 ambiente e 0 efeito da droga. Outro indicio da irnportancia do ambiente e 0 papel do estressena adlccao, que costuma estimular 0 usa de drogas. E muito comum ver em filmes e novelas pessoas usando bebidasalcoollcas para "re/axar", para lidar com estresse. Parte desse comportamento e social mente "aprendido" e outra parte euma assoclacao entre 0 efeito ansiolitico (redutor da ansiedade) de algumas drogas e a sltuacao estressante.Por outro lado, alguns estudos mostraram que certas condlcoes ambientais, como viver em um ambiente rico emestimulos posltlvos, com aces so a mais recursos ou estresse diminuido, podem reduzir a autoadrnlnlstracao de drogas,particularmente a cocaina.

    Genetica e ambiente familiarOs fatores geneticos desempenham um papel importante na dependsncla qutrruca, Estudos epldernloloqlcos temestabelecido ha muito tempo que 0 alcoolismo, por exemplo, possui um componente familiar preponderante, com umaestimativa de 40 a 60% do risco para 0desenvolvimento desse transtorno. Parte dessa influencia e devida a caracteristicasherdadas por meio dos genes. Como exemplos: 0 fato de determinada droga causar um grande prazer, ou determinadasdoencas pslqulatrlcas - como a deprsssao - muitas vezes estarem associadas ao alcoolismo.

    o fato de existir uma lnfluencla genetica, uma maior vulnerabil idade, NAO significa quea dependsncla de alcool seja completamente herdada, que seja algo pre-determlnado,Entretanto, pessoas com historia familiar de dependencia devem ser alertadas para 0fato de que tem maior risco do que a populacao em geral de desenvolverem um problemasemelhante.

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    oo...-N000::...JOL l J I -...Jo.... L l J00O L l J0::-0~O< L l J L l J...JZ: g ; L l JL l J C )0::0 . . . .

    lnfluencia genetica no alcoolismo10080 N=176-60 N=353

    N=176,-------=16640

    20o '---A:-:I...o-o':"":l-at:'-ra-s----:'A"':"'"1...-:o"':'''"la-:"t:'-ra-s---=C:'-o-n-tr-07'-le-s---::C::-"o-n'7tr-o7Ie-s

    graves menos graves nao avaliados avaliados

    FISSURA ("eRA VING")

    Alern da lnfluencla genetica, 0 habltode consumo de alcool, por exemplo, dedeterminadas famflias, tarnbern pode serurn fator de risco.Estudos sabre a influencia de fatoresgeneticos no desenvolvimento doalcoolismo encontraram relacao entrea gravidade da dependsncla e apresenca do alelo A 1 (associado a baixaresponsividade a dopamina) do gene doreceptor DRD2 ( BLUM et aI., 1990). Istoe, pessoas com este gene teriam maiorchance de desenvolver quadros gravesde dependencia de alcool e isto pareceter relacao com seus nfveis mais baixosde dopamina.

    Esse fenorneno e descrito como urn desejo urgente e quase lncontrolavel de usar a substancla, que invade as pensamentosdo usuario de drogas, alterando a seu humor e provocando sensacoes ffsicas e modlflcacao do seu comportamento. Variesestudos relatam que a fissura esta ligada tanto a desencadeadores extern as (a propria droga, locais au sltuacoes de usa)como internos (humor deprimido, ansiedade). Pesquisas de neuroimagem - par tomografia computadorizada com emlssaode foton unlco (SPECT), tomografia par emlssao de positron (PET) au ressonancla rnaqnetlca funcional (fMRI) - analisarama fissura utilizando vfdeos com imagens relacionadas a droga, para induzir fissura, e comparados a vfdeos neutros e/oucom estfmulos erotlcos, cenas tristes au alegres. Observou-se que, em algumas regioes cerebrais, usuaries cronlcos decocafna tern a fluxo sangufneo diminufdo (avaliado na SPECTs) e esse dado e semelhante aos observados em algumasalteracoes psiquiatricas, como psicose e mania. Observou-se que tanto a usa agudo como a usa cronico de drogas provocamudancas na funcao cerebral, e que elas persistem par longo tempo apes a retirada da substancla, Essas modlflcacoesmanifestam-se na atividade metabollca, na sensibilidade e quantidade de receptores slnaptlcos, e na expressao genica,gerando diferentes respastas aos estfmulos ambientais.Segundo alguns autores, a maioria desses aspectos neurobioloqicos das dependencias pode ser resultante da desrequlacaodos mecanismos moleculares, ligados a memoria de longo prazo, que futuramente poderao ser modificados par rnedlcacoesespecfficas. Ja as comportamentos alterados, decorrentes dessa desrequlacao, podem com frequencia ser suprimidos, pelomenos par urn perfodo, par mecanismos de controle que requerem funcoes do cortex frontal (atraves da logica e da razao) eque podem ser treinados pelas tecnlcas de tratamento pslcoteraplcas. Contudo, devido a natureza desses comportamentose a intensidade das mudancas bioloqicas associadas, nao e surpreendente que, apesar dos esforcos, ocorram recafdas.As pesquisas no campo da dependencia de substancias evolufram muito nos ultirnos trinta anos, principalmente em relacaoaos aspectos comportamentais e neurobioloqicos envolvidos na busca e no consumo de drogas, e ja trouxeram grandesdescobertas como algumas medlcacoes que ajudam a diminuir a fissura pelas drogas. E provavel que nos proxlrnos anos,novas estudos, principal mente sabre a papel das rnudancas nas expressoes genicas e as mecanismos moleculares damemoria, trarao novas formas de abordagem deste complexo transtorno.

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    BIBLIOGRAFIABerke JD, Hyman SE. Addiction, dopamine, and the molecular mechanisms of memory. Neuron. 2000;25:515-32.Drummond DC.Theories of drug craving, ancient and modern. Addiction. 2001 ;96(1 ):33-46.Kessler F,Von Diemen L, Pechansky. Bases neurobiol6gicas da dependencia qulmica. In: Kapzinski F,Quevedo J, IzquierdoI, organizadores. Bases biol6gicas dos transtornos psiquiatricos, 2a ed. Porto Alegre: Artes Medicas; 2003. p. 299-309.Koob GF. Neuroscience of addiction. Neuron. 1999;21 :467-76.Nestler EJ. From neurobiology to treatment: progress against addiction. Nat Neurosci. 2002;5(Suppl): 1076-9.UNDCP and WHO Informal Expert Committee on the Drug-Craving Mechanism. Report. United Nations International DrugControl Programme and World Health Organization. Technical report series 5: 92-544391992.World Health Organization. Neuroscience of psychoactive substance use and dependence [text on the internet]. Geneva:WHO; 2004. [cited 2011 Nov 30]. Disponlvel em: .

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    ATIVIDADES

    1. Denomina-se "tolerancla" a fato de:a) 0 efeito da droga aumentar com a usa cronicob) Uma droga administrada repetidamente nao provocar mais a mesmo efeito au ser preciso aumentar adose para ter a mesma sensacaoc) Com a usa crenlco, a pessoa apresentar sintomas de abstinencia na retirada da drogad) Nenhuma das anteriores

    Teste seu conhecimento

    2. Assinale Verdadeiro (V) au Falso (F) nas frases abaixo:) a) 0 fato de existir uma lnfluencla genetica, uma maior vulnerabilidade, significa que a dependsncla dealcool e completamente herdada, au seja, e alga pre-determinado) b) Os usuaries chamam de "fissura" a urn desejo urgente e quase incontrolavel de consumir drogas, queinvade seus pensamentos, alterando seu humor e provocando sensacoes ffsicas e modlflcacao do seucomportamento) c) Nao apenas a usa agudo, mas tam bern a usa cronico de drogas, provoca mudancas na funcao cerebral,que persistem par longo tempo ap6s a retirada dessa substancla) d) A simples vlsao do local no qual a usuario costumava usar a droga pode estimular a vontade de usa-la,porque ocorreu uma assoclacao entre a ambiente e a efeito da droga) e) Uma pessoa sujeita a sltuacoes de estresse nao e mais vulneravel ao usa abusivo de drogas do quepessoas nao estressadas

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    Para muitas pessoas, DROGA 9 somente aquela substancla cujo consumo 9 proibido, ou seja, as chamadas drogasilfcitas ou ilegais. No entanto, 9 importante lembrar que existem as DROGAS licitas, aquelas cuja venda e consumo saopermitidos por lei. 0 alcool e uma delas. 0 usa abusivo de alcool 9 um grave problema de saude publica, responsavel porgrande nurnero de doencas, sendo associado a muitos acidentes e epis6dios de vlolencla, alern de levar muitas pessoasa se tornarem dependentes.

    1. Introdu~ao2. Bebidas alcoollcas e seus efeitos no organismo3. Oieta e alcocl4. Alcool e Bebidas energeticas5. Alcool e Transito6. Alcool e Niveis de Glicemia7. Alcool e Gravidez8. Alcoolismo (Oependencia de Alcool)

    INTRODU(:AO Muitas vezes este USC faz parte dacultura e nao desencadeia problemas

    o uso de alcool acompanha a humanidadedesde os prlmcrdlos de sua hlsterla.Isso dificulta lidar com 0 fato de que para cerca de 30 % das pessoaso USC se torna abusivo e gera problemas, entre eles a dependencia.

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    Uso pes ado V Levantamento entre estudantes do ensino fundamental e medio (27 capitais brasileiras) 2004Uso Pesado (> = 20 vezes/rnes): no Brasil foi de 6,7% dos estudantes, sendo Salvador a capital com amaior porcentagem com: 8,8% dos estudantes com esse tipo de uso de alcool, II Levantamento Domiciliar 2005Uso Pesado (>= 20 vezes/mes): 7,0%

    Dependencia de Alcool Brasil e RegioesII Levantamento Domiciliar no Brasil (Carlini et aI., 2007)

    Amostra total Faixa etaria 12 a 17 anos9

    16 13,8 8 7,714 12,7 7 7,0 6,512,3 10,7 6/) 12 (/)c c()) 10 ()) 5J OJC 1 l C 1l 3,6C 8 C 4()) ())o 6 o 3. . . . . . . . .0 0a .. 4 a . . 220 0Brasil Norte Nordeste Centro Sudeste Sui Brasil Norte Nordeste Centro Sudeste SuiOeste Oeste

    Tratamento relacionado ao uso excessivede alcool ou outras drogas

    mesmo os dependentes relutam em procurartratamento.

    54,54~ 3

    ())OJC 1 lC~oa ..

    4,64 SAIBAQUE:

    3,3

    o Nordeste Centro Sudeste SuiOeste

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    BEBIDAS ALCOOLICAS E SEUS EFEITOS NO ORGANISMO

    Vamos conhecer um pouco mais sobre as bebidas alcoellcas e seus efeitos no organismo?o alcool presente nas bebidas alcoolicas e a etanol, produzido pela terrnentacao au destllacao de vegetais - como acana-de-acucar e tarnbern de frutas e graos. No Brasil, ha uma grande diversidade de bebidas alcoolicas, cada tipo comquantidade diferente de alcool em sua composlcao,Que fatores influenciam a a~ao do alcool?A frequencla da lnqestao, a quantidade de alcool ingerida, a quantidade de alcool absorvida, sua dlstribulcao pelas tecidosdo organismo, a sensibilidade individual dos diferentes tecidos e 6rgaos e a velocidade de metabollzacao,Voce sabe qual a quantidade de alcool existente nas bebidas alcoellcas?

    BebidaCerveja "lighf'

    Cerveja au coolerVinho

    Vinhos fortificadosUfsque, Vodca, Pinga

    Porcentagem de Alcool3,5%

    4,5 a 6,5%12%20%40%

    Voce sabe 0que e uma dose "padrao" de alcool?E uma quantidade de bebida alcoolica que contern cerca de 14 gramas de etanol puro. Como a densidade do alcool e0,79g/ml , em 17 ml de alcool (etanol) puro existem 14 gramas de alcool. Considerando a concentracao das diferentesbebidas:

    UMA DOSE PADRAo DE ALCOOL EQUIVALE A

    40mlde pinga,ufsque auvodca

    85ml140 ml [ J 340mldecervejaau chope= 1 lata 600 ml1 garrafagrande decervejacontern 2dosesde vinhodo Porto,vermutesau licores de vinhode mesa

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    Voce sabe qual a rela~ao entre as doses ingeridas e a concentracac de alcool no organismo?

    Concentra~io de alcool (em gramas por litro de sangue)doses padrio *

    123

    Homem com 60 kg0,270,540,81

    Homem com 70 kg0,220,440,66

    Homem com 80 kg0,190,380,57

    1 lata de 330 ml de cerveja ou1 dose = 140 ml de vinho ou

    40 ml de pinga, vodka ou ufsqueAs mulheres sao mais sensfveis aos efeitos do alcool e atingem nfveis mais altos com menores quantidades.

    LEMBRE-SE:

    Como 0alcool e metabolizado pelo organismo?90% do alcool e metabolizado no ffgado, transformando-se em acetaldefdo, devido a acao da enzima alcool desidrogenase.o acetaldefdo, tarnbem chamado aldefdo acetico, e entao transformado em acetato, que sera eliminado.

    ETANOL ALCOOL ALOEIOOOESIOROG. ~ ACETICO

    DISSULFIRAM~

    _'?;_A_L.:~?""'_6'_ . l ! " ACETATOD E 7 < F A S E

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    o acetaldeido, que se forma no processo de rnetabollzacao do alcool, aumenta a pressao arterial, os batimentoscardfacos e pode causar rubor facial, nauseas e vomltos,Muitos efeitos observados ap6s a lnqestao de bebidas alcoolicas sao, na verdade, efeitos do acetaldeido, quepermanece no sangue por mais tempo do que 0 alcool, Medicamentos como 0Antabuse contsm dissulfiram,uma substancla que inibe a enzima aldefdo desidrogenase, responsavel pela ellrnlnacao de acetaldefdo. Estesmedicamentos ainda sao usados em alguns locais para auxiliar no tratamento de pessoas dependentes dealcool, com a (mica finalidade de aiuda-las na declsao de nao beber, pois se beberem enquanto estiverem sob 0efeito do medicamento (que dura ate uma semana depois de ingerido 0 comprimido) podem se sentir muito mal,com aumento da pressao, dos batimentos cardfacos e ate morrer, por parada respirat6ria ou cardfaca.A ideia e fazer com que 0 paciente tenha que decidir apenas uma vez por dia se vai beber ou nao,Se ele tomou 0 comprimido NAO PODE BEBER por ate 7 dias, pois pode passar muito mal.

    ATENCAO!Estes medicamentos jamais devem ser dados sem que 0 paciente saiba e concorde!

    Faz diferen~a beber lentamente OU rapidamente?Como 0 organismo 56 e capaz de eliminar 1 dose padrao por hera, se a pessoa beber varias doses seguidas seuorganismo vai acumular mais alcool no sangue. Algumas formas de beber, como 0 "vira-vira-vi ra", sao particularmentedesaconselhavels, porque aumentam muito rapidamente os nfveis de alcool no sangue. Veja na figura abaixo a diferencaentre quem bebeu 60 ml de ufsque a cada hora, durante 4 horas (curva Linha Pontilhada) e quem bebeu de uma 56 veza mesma quantidade (4 x 60= 240 ml) de ufsque. E observe que 0 tempo total para eliminar completamente 0 alcool epraticamente 0mesmo, mas os nfveis maxirnos de alcool no sangue sao bem maiores em que bebeu tudo de uma 56 vez!

    Porcentagem de alcool no sangue de um homem em 2ocaslees diferentes: Linha Pontilhada - quando ingeriu 60 ml de ufsque a cadahora durante 4 horas (total 240ml) . Linha Continua- quando ingeriu 240 ml de ufsque de uma(mica vez.

    ;!. 0.16EGlGl: : : J'":. .IIIoI:

    + 240ml de uma0.140.120.100.08

    I0.06 _III0.04 1

    -,\ Limite acima doqual se estaembriagado\\oou. . .

    Gl"' .~-I:GloI:oU

    -, ,I

    -,,0.02 I + 60ml a cada horaI durante 4 horas0 2 3 4 5 6 7 8 9 10Horas16 SUPERA

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    Quais sao os efeitos do alcool no Sistema Nervoso Central?Seus efeitos podem ser divididos em 2 momentos distintos:

    No PRIMEIRO momento, (doses baixas ou no infcio do efeito de doses altas). 0alcool age como um estimulante, deixando a pessoa euforica, desinibida, maissoclavel e falante, com sensacao de prazer, de alegria.

    No SEGUNDO momento, 0 alcool age como um "depressor" da atividadecerebral, reduzindo a ansiedade, mas prejudicando a coordenacao motora. Amedida em que aumenta a concentracao de alcool no sangue, ocorre dlrnlnulcaoda autocrftica (por afetar a capacidade de avallacao dos perigos, pode levar acomportamentos de risco, como beber e dirigir ou operar rnaquinas, levando aacidentes), a fala pode ficar "pastosa", "arrastada", ha lentlflcacao dos reflexos,sonolencla e prejufzos na capacidade de raciocfnio e concentracao. Em dosesaltas, a vlsao pode ficar "dupla" ou borrada, ocorrendo tarnbern prejufzo dememoria e da concentracao, dlrnlnulcao de resposta a estlrnulos, sonolencia,vomitos, lnsuflclencla resplratorla, podendo chegar a anestesia, coma e morte.Por esta razao diz-se que 0 alcool tem efeito blfaslco no organismo.

    Estes efeitos dependem da quantidade de alcool que 0 indivfduo bebe. Doses moderadasde alcool podem provocar sensacao de bem-estar, relaxamento e deslnlblcao. Mas, como aumento das doses, os reflexos ficam prejudicados e a pessoa pode se envolver emacidentes.

    ATENCAo!

    Embora 0 alcool provoque os dois efeitos, e classificado como depressor do Sistema Nervoso Central, pois esta acao e amais intensa e prolongada.E verdade que 0 alcool ajuda a dormir melhor?Embora 0 alcool acelere 0 infcio do sono, ele pode causar muitos problemas porque afeta os padroes de sono normal,fazendo com que nao seja reparador, porque reduz algumas de suas fases importantes. A pessoa acorda cansada. Alerndisso, 0 alcool pode agravar problemas como 0 da apneia do sono.Durante a sfndrome de abstinencia, no caso de pessoas que sao dependentes de alcool, existem varies problemas desono, principalmente a insonia, Portanto, 0 usa de alcool traz mais problemas de sono do que ajuda no seu infcio.

    VOCE SABIA?Mesmo a pequena quanti dade de alcool que pode passar pelo leite materno ja e suficiente para prejudicaro pad rio de sono do bebe.

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    DIETA E ALCOOLo alcool e uma droga que, quando metabolizada pelo organismo, produz calorias. Portanto, engorda. Mas, sao calorias"vazias", ou seja, nao fornecem ao organismo nenhum tipo de nutriente. Para voce ter uma ideia:

    um copo de caipirinha tem 250 cal., ou seja, 0equivalente a um paozinho frances (135 cal.) e um ovo frito (110 cal.), uma dose de ufsque tem 240 cal., 0 equivalente a um prato de espaguete (233 cal.),

    Como lidar com as pessoas enquanto estae intoxicadas pelo alccol ("bebadas")?Ha varias maneiras populares de lidar com a lntoxlcacao alcoollca, mas como voce vera, nenhuma delas e tao eficazquanta 0 tempo. Deixe a pessoa em um local tranquilo e isolado e espere 0 organismo eliminar 0 alcool,

    ATENCAo!Dirigir veiculos ou operar rnaqulnas sao situac;oes de alto risco!Conscientize seu paciente disto!

    ALCOOL E BEBIDAS ENERGETICAS

    Comercializadas visando especial mente a populacao jovem, as "bebidas enerqeticas" ou "energy drinks",chegaram ao Brasil por volta de 1996 e logo se popularizaram.Os fabricantes dessas bebidas dizem que elas podem revigorar, diminuir a sonolencia, aumentar a atencao eate mesmo melhorar 0 desempenho ffsico. Devido a sua composlcao (cafefna, taurina, glicose e vitaminas docomplexo B), elas podem provocar algum efeito estimulante, mas esse efeito depende tambern da sensibilidadede quem as ingere.Embora inicialmente essas bebidas fossem sugeridas como estimulantes, por exemplo, para quem vai dirigirpor varias horas ou praticar atividade ffsica, muitas pessoas passaram a fazer usa delas em cornblnacao combebidas alcoollcas e rapidamente esse novo modo de usa se difundiu pelo mundo todo.Ao misturar bebidas enerqeticas com bebidas alcoolicas, algumas pessoas sentem uma reducao nos efeitos"depressores" do alcool, enquanto outras relatam aumento do efeito estimulante, euforizante, do alcool.Estudos realizados na UNIFESP, por Ferreira e Formigoni, mostraram que elas reduzem a sensacao subjetiva desono e deixam quem bebe mais acordado, mas elas NAo reduzem os efeitos prejudiciais sobre a coordenacaomotora. Ha tarnbern estudos com animais de laborat6rio mostrando que, apesar de os animais ficarem maisestimulados (aumento da locomocao), quando testados em relacao a coordenacao motora e aos efeitos t6xicosdo alcool no organismo, estavam tao prejudicados quanta 0 grupo que recebeu apenas 0 alcool,E importante alertar os usuaries sobre esses efeitos e mostrar que, por tornar 0 sabor das bebidas alcoollcasmais aqradavel, as pessoas acabam bebendo mais do que poderiam, aumentando as chances de teremproblemas devidos aos efeitos do alcool,

    Siona/do E. Ferreira

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    RESUMINDOE importante evitar 0 uso excessivo de bebidas alcoolicas, seja combinado ou nao com bebidas enerqeticas, ese alquern for ingerir a mistura, deve redobrar os cuidados, pois pode achar que "esta bem", quando na verdadeestara tao embriagado quanta estaria se tivesse ingerido apenas a bebida alcoollca.

    ALCOOL E TRANSITOo consumo de alcool, mesmo que em pequenas quantidades, diminui a coordenacao motora e os reflexos. Varies estudosindicam que grande parte dos acidentes e provocada por motoristas que estavam alcoolizados.Mesmo que a pessoa preste muita atencao e tome todo 0 cuidado, seu organismo estara funcionando com os reflexosretardados, quer dizer, sua reacao para brecar ou desviar 0 carro vai ser mais lenta. A quantidade de alcool no sanguepode variar de pessoa para pessoa, mas em geral este nfvel e atingido meia hora ap6s consumir de 2 a 3 doses padrao,De acordo com 0 novo C6digo Brasileiro de Transite (Lei 11.705), em vigor desde junho de 2008, todo motorista queapresentar qualquer quantidade de alcool no sangue estara cometendo infracao gravfssima, com multa de R$ 955,00 esujeito a suspensao do direito de dirigir por um ano.E isto mesmo, agora a tolerancla e ZERO para 0 usa de alcool por MOTORISTAS!Outra rnudanca no novo C6digo de Transito refere-se a recusa do motorista em se submeter ao teste do bafornetro(aparelho no qual a pessoa "sopra" e que indica quanta existe de alcool no sangue). Pelo C6digo antigo, 0 motoristapodia se negar a fazer 0 teste. Mas, de acordo com 0 novo C6digo, caso 0 motorista se recuse a soprar 0 bafOmetro, elesofrera a mesma penalidade destinada a pessoa comprovadamente alcoolizada: infracao gravfssima, multa e suspensaoda habllltacao, Essa mesma punlcao vale para 0 condutor que se negar a outros exames para atestar a embriaguez.

    Como 0 sangue faz trocas gasosas no pulrnao existe uma estreita relacao entre 0 nfvel dealcool no ar dos pulmoes e 0 nfvel no sangue.o aparelho conhecido como "bafometro" (medidor de alcool no ar alveolar) ja fornece amedida equivalente aos nfveis de alcool no sangue (alcoolemia).

    o corpo humano s6 consegue eliminar cerca de 1 dose por hora.Quem bebeu 3 doses precisa esperar cerca de 2 a 3 horas, depois de beber, paraque seus niveis de alcool no sangue se aproximem de zero.

    ATENCAo!

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    ALCOOL E NivEIS DE GLICEMIADeve-se administrar glicose a pessoas embriagadas?o alcool pode afetar a glicemia de diferentes formas, dependendo do estado de allrnentacao.

    1. Em pessoas norma/mente alimentadas, ele pode aumentar a glicemia porque provoca aumento da liberacao decatecolaminas, que estimulam a glandula adrenal.2. Em pessoas que estejam ha mais de 24 horas em jejum, ele poderia diminuir a glicemia, mas isto s6 aconteceraramente, em geral em crlancas pequenas, que beberam alcool acidentalmente ou em moradores de rua, queestejam sem comer ha muitas horas.3. Por estas razoes, 0alcool e contraindicado para pessoas diabeticas porque afeta 0equllfbrlo dos fatores rssponsavels

    pela rnanutencao dos nlveis de glicose.4. S6 faz sentido administrar glicose a pessoas que estao alcoolizadas quando for comprovado que elas estaohipoglicemicas, 0 que pode ser facilmente testado no pronto-socorro. Veja no quadro abaixo os resultados de umestudo realizado com 80 pacientes que chegaram embriagados a um pronto-socorro em Sao Paulo.

    Niveis de Glicemia e Alcoolemia em Pacientes que chegaram embriagados a um Pronto-SocorroApesar de altos nlvels de alcoolemia (na escala usada, 0 nlvel (marcado pela seta) a partir do qual a pessoa pode responderpor crime de translto e 60 mg/dl de sangue) os nlvels de glicemia estavam na faixa de normalidade, com poucas pessoasno limite inferior (ainda nao considerada uma hipoglicemia com consequencias clfnicas significativas)Meia hora ap6s a adrnlnlstracao de glicose e.v. ou medlcacao placebo (soro fisioI6gico), os 2 grupos apresentaram 0mesmo nlvel de melhora, provavelmente em consequsncla da lnterrupcao do consumo de alcool.

    ~ 140o~ 120E-100- c~ 80o...J 60C 9

    160

    Inalterado Melhor Muito Melhor

    PlAC~OI--

    paciente medico

    35Soro Glicose GliCOSE

    --__ J ~ ~ _~~. . . .- 0 . . . . . . . ._ _ _ . . . , _ o _ ." _ . _ .A. _ ~ __ ~~ !!. .A .. _. . . . . -

    o 100+ 200 300 400 500ALCOOLEMIA (mg/1 DDml) 600Glicemia e alcoolemia na admissao. 30 minutos apes glicose ou soro fisiolegico:pacientes e medicos consideraram que houve melhoraigualmente apes placebo ou glicose.

    Leia 0 estudo na integra em: MASUR, J; FORMIGONI, M.L.O.S; LARANJEIRA, R.R; FORMIGONI, G.G.S; ZWICKER, A.P; SALIM, R.J; PINOTTI, D.O.F. lntoxlcacao alcoollca e gl icose. Urn estudo duplo-cego em pacientes de pronto-socorro. Revista da Assoclacao Medica Brasi le ira, Sao Paulo, v. 28, n.6, p. 168-171, 1982.

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    Tratamento da Intoxica~ao alcoellcaTomar cafe ou banho frio ajudam a ficar s6brio?Como a cafe contern cafefna, que e uma droga estimulante, ele pode reduzir as efeitos de sonolencia do alcool, mas naoreduz as problemas de coordenacao motora. Portanto, no maximo, a pessoa embriagada flcara mais acordada. 0 banhofrio, da mesma forma, apenas ajuda a "acordar", devido a sensacao desaqradavel que provoca.RessacaEm urn curto perfodo (8 a 12 horas), apes a lnqestao de grande quantidade de alcool, pode ocorrer a "ressaca", que secaracteriza par: dar de cabeca, nausea, vernltos, sede intensa, fadiga, dar muscular, vertigem, aumento da sensibilidade aluz e a sons, ansiedade, irri tabil idade, tremores e sudorese. A ressaca pode decorrer dos efeitos desidratantes do alcool eser considerada uma sfndrome de abstinencia leve. Seus sintomas estao relacionados ao acurnulo de acetaldefdo.Qual e 0 tratamento para a ressaca?Poucos tratamentos ajudam. Nao beber em excesso ajuda, mas para algumas pessoas mesmo pequenas quantidades jacausam ressaca. Bebidas mais ''puras'', com menor quantidade de outras substanclas, costumam causar menos ressacado que bebidas com muitos conqeneres, como vinho tinto e ufsque. Consumir llquidos, como sucos e agua tarnbern ajuda.Medicamentos usados para alfvio de sintomas, como aspirina e outros anti-intlarnatorios, podem ajudar a reduzir dares decabeca au dos rnusculos, mas outras rnedlcacoes podem piorar as problemas gastricos.

    CUIDADO!o acetaminofem deve ser evitado, pais aumenta a toxicidade do alcool no ffgado.

    Bebidas alco61icas melhoram 0desempenho sexual?As bebidas alcoollcas podem ate aumentar a desejo sexual, porque ajudam a desinibir, mas podem tam bern piorar adesempenho. E importante lembrar que urn "drink" pode ajudar alquern a relaxar ease sentir mais desinibido, mas naoe urn afrodisfaco au uma pocao maqica, Lembre seu paciente de que a interesse que ele desperta em outras pessoasdepende de quem ele e.

    Efeitos nocivos no organismo, principalmente devido ao uso crenlcoMuitas vezes a paciente nao perce be a ligacao entre seus problemas e a usa de alcool. Conhecendo melhor esta relacao,voce podera aluda-lo a perceber isto e propor mudancas,Como a etanol e uma molecule muito pequena, atinge facilmente todos as orgaos e tecidos, causando varias doencas emquem faz usa abusivo au em dependentes de bebidas alcoolicas,

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    Efeitos nocivos associados ao consumo crenleo de alcool

    Sistema nervoso:

    Sistema cardiovascular:arritmias cardfacas agudas, aumento da pressao arterial, hlpertensao com riscoconsequente de infarto.

    Sistema gastrointestinal:gastrite, ulceras, canceres de boca, de esofago, de laringe e de faringe, esteatose hepatica,hepatite, cirrose hepatica, pancreatite aguda.

    VOCE SABIA?o uso abusivo de alcool mata mais do que todas as drogas ilegais juntas e as causas de morte variamde cirrose hepatica a hlpertensao.

    . . . .0 020-0....

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    Por ser metabolizado no ffgado, estee um dos orgaos mais afetados peloconsumo de alcool, sendo a cirrosehepatica um dos problemas mais graves.A dosagem de enzimas hepaticascomo a GGT, TGO, TGP pode ajudarno acompanhamento de pessoasdependentes de alcool, A enzima GGTe uma das mais sensfveis aos efeitos doconsumo de alcool.

    Figado normal Figado com cirrose

    Mudanc;a nos niveis de GGT um mas apes 0 tratamento de dependentes de alcool

    20 - - - - . w . - - - - - - - - - -'t:.------.: . . . . . .. . . . . . . . . . .:::

    x = 164 5960014001200i

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    x = 21 5 t. 20 8

    o 1 milsValores inicialmente normais

    x = 119.2 . 117.86001 .4001 ..200i .:~I. 100 I- e o .~. -. ee#---~~----------~~------1:

    x = 56.4 +_40.4'"

    . ". .. : -50

    GGT100 100

    VCM

    Leve Moderada Severa

    20

    o 1 milsValores inicialmente al terados

    TGO TGP

    NOTA

    100 100

    * '50 50

    o o~--~--~--~--Leve Moderada Severa o~--~--~--~--Leve Moderada Severa Leve Moderada Severa

    GGT:Gama-Glutamil- Transferase; TGO:Transaminase-Glutamico-Oxaloacetica; VCM :Volume Corpuscular Medio das Hernaclas: TGP:Transaminase-GlutAmico-Piruvica

    Dependenciado Alcool

    SUPERAVCM pode ser aumentado tanto pelo uso de alcool como pelo de tabaco.

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    ALCOOL E GRAVIDEZ

    o consumo de alcool durante a gravidez exp6e 0 feto aos efeitos do alcool, principalmente nos primeiros meses.Mulheres que consomem 2 a 3 doses de bebida alcoollca por dia tem 11% de chance de ter uma crianca com a SindromeFetal pelo Alcool, ou seja, com: deformidades faciais e da cabeca, anormalidades labiais, deflciencia de cresci mento,problemas cardiacos, retardo ou deflciencia mental, gerando problemas de aprendizado no futuro. 0 consumo de 4 ou maisdoses dlarias, aumenta 0 risco para 20%.A Sindrome Fetal pelo Alcool pode ser detectada em aproximadamente um terce dos bebss de rnaes que fizeram usaexcessivo de alcool durante a gravidez. Os recern-nascidos apresentam sinais de lrritacao, mamam e dormem pouco, alernde apresentarem tremores (sintomas que lembram a sindrome de abstinencia). As criancas severamente afetadas e queconseguem sobreviver aos primeiros momentos de vida, podem apresentar problemas fisicos e mentais, que variam deintensidade de acordo com a gravidade do caso.Caracteristicas de crlancas portadoras da Sind rome Fetal pelo Alcool

    8ebe com Sindrome Fetal pelo Atcoo; nascido de mae dependente de elcoot.Fotografado no nescimento, aos 8 meses, 4 enos, 8 anos e adulto.

    ~-- Fissuras palpebraiscurtas

    Neriz curtoLabio superior fino Filtro labial inexistente

    Queixo pequenoFotos cedidas pela Prof Ann PStreissguth, do Departamento de Psiquiatria e cienciesComportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

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    lnteracae com Outras Drogas e MedicarnentosComo a alcool a metabolizado no ffgado, par enzimas que metabolizam outras substancias, ele pode retardar a ellmlnacaodessas drogas au medicamentos, alterando seus efeitos. A cornblnacao com cocafna, tranquilizantes, barbituratos,benzodiazepfnicos au anti-histamfnicos, pode levar ao aumento do efeito, e ata mesmo a marte, dependendo da quantidade,par aumentar as efeitos sedativos, par exemplo. Alguns antlblotlcos, como metronidazol, furazolidona e medicamentosantirnalaricos, podem causar reacoes adversas au ter sua efetividade reduzida.Tolerancla e Dependencia de Alcoolo usa regular do alcool torna a pessoa tolerante a muitos dos seus efeitos, sendo necessaria maior consumo para aindivfduo apresentar as mesmos efeitos iniciais. A dependencia ocorre com a usa regular de alcool e pode se desenvolverapos anos de usa continuo, porern quanta mais jovem a a pessoa, quando inicia a usa de alcool menos tempo seranecessaria para que se instale a dependencla, A dependencla pode ser definida poeticamente como a "perda da liberdadede escolha", isto a, a pessoa nao escolhe mais se vai beber e a quanta vai ingerir. Ela perdeu a controle sabre estadeclsao, As pessoas dependentes, como ja estao adaptadas a presenca constante do alcool no organismo, podem sofrersintomas de abstinencia quando param de beber, au mesmo quando apenas diminuem drasticamente a quantidadeingerida diariamente. Os sintomas de abstlnencla podem variar de intensidade, desde urn leve nervosismo au lrritacao,lnsonla, sudorese, dlrnlnulcao do apetite e tremores, podendo chegar a urn quadro muito grave, com febre, convulsoes ealuclnacoes (0 chamado "delirium tremens" - que nao deve ser confundido com simples tremores, tambam comuns nasfases iniciais da sfndrome de abstinencia).

    ALCOOLISMO (DEPENDENCIA DE ALCOOL)A pessoa que ingere bebidas alcoolicas de modo excessivo pode desenvolver, ao longo do tempo, a dependencia doalcool, No proximo modulo voce vera as criterios usados para diferenciar quem usa alcool em padroes com baixo risco dedesenvolver doencas, de quem faz usa abusivo au a dependente.

    LEMBRE-SE:E importante perceber a mais cedo possfvel quais sao as pacientes que apresentamproblemas INICIAIS associados ao usa de alcool, para que voce possa ajuda-los a naose tornar dependentes.

    Existe urn padrao de beber sensato, isto e , com baixo risco?Existe sim. 0 ideal a beber de modo que isto nao afete a sauce, as ocupacoes dlarlas (escola, relacoes familiares etrabalho) e a sequranca de quem bebe au a de outros.

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    Nao e aconselhavel beber em varlas sltuacees:1. Quando houver algum compromisso ou tarefa em que 0usa de alcool possa atrapalhar ou ser inconveniente(Ex. dirigir, trabalhar, operar uma rnaquina)2. Para enfrentar sltuacoes desaqradavels (por exemplo: quando se esta deprimido, chateado, ansioso,triste ou sozinho)3. Para fazer coisas que se considera diffcil (isto depende muito de cada pessoa, por exemplo: falar compessoas estranhas ou em publico, abordar alquern do sexo oposto etc.)4. Para se embriagar (procurar conscientemente "ficar de fogo")

    Uso abusivo de alcoot

    Para evitar lntoxlcacees, e importante: Servir a bebida em forma de doses - assim e posslvel controlar a quantidade Diluir a bebida, ao inves de bebe-la pura e beber pausadamente (bebericando), aoinves de beber tudo de um s6 gole (virando). Isso torna a absorcao mais lenta Alternar bebidas alcoolicas com nao alcoolicas Evitar beber de esternaqo vazio Nao beber diariamente

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    Quem tem problemas de uso excessivo de alcool deve: Desenvolver atividades que sejam prazerosas, mas que nao envolvam 0 usa debebidas Substituir 0 tempo empregado em beber por atividades aqradavels Evitar estar frequentemente junto a pessoas que o(a) encorajam a beber ou a seembebedar

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    BIBLIOGRAFIACEBRID. Centro Brasileiro de lnformacoes sobre Drogas Pslcotroplcas, Informativo sobre drogas pslcotroplcas (Iivreto).Disponfvel em: .Chambers RA, Taylor JR, Potenza MN. Developmental neurocircuitry of motivation in adolescence:a critical period ofaddiction vulnerability. Am J Psychiatry. 2003; 160(6): 1041-52.Conselho Regional de Medicina do Estado de Sao Paulo/Associacao Medica Brasileira. Usuaries de substancias psicoativas:abordagem, diaqnostico e tratamento, 28 ediCao. Sao Paulo: CREMESP/AMB; 2003.Fergusson DM, Lynskey MT, Horwood LJ. Childhood exposure to alcohol and adolescent drinking patterns. Addiction.1994;89(8): 1007-16.Galduroz JCF. Inalantes (Solventes Orqanlcos Volatels). In: Seibel SD, Toscano Jr A, organizadores. Dependsncla dedrogas. Sao Paulo: Atheneu; 2001.National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism. Disponfvel em: .Revista Brasileira de Psiquiatria. 2004;26(SuppI.1). Suplemento especial sobre dependencia do alcool, Disponfvel em:.

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    ATIVIDADES

    1. A mistura de bebidas alcoolicas com certos medicamentos, como os ansiol fticos(benzodiazepfnicos), que tarnbern sao depressores do funcionamento cerebral,pode:a) Potencializar tanto os efeitos do alcool como 0 do benzodiazepfnicosb) Potencializar apenas 0 efeito do alcoolc) Potencializar apenas 0 efeito dos benzodiazepfnicosd) Nao ha riscos de potenclallzacao dos efeitos de outras drogas quando se usa alcoole) Todas as anteriores estao erradas

    Teste seu conhecimento

    2. Se compararmos a quantidade de alcool puro, presente em uma dose padrao (40 ml) de uma bebida destilada(pinga, ufsque, vodca), com a de uma dose padrao (330 ml) de cerveja comum, quantas vezes maior e a quantidadede alcool na bebida destilada?a) 2 vezesb) 4 vezesc) 6 vezesd) 8 vezese) As doses se equivalem

    3. Sao sinais/sintomas da sfndrome de abstinencia do alcool:a) Nervosismo ou lrritacao, convulsoes e aluclnacoesb) lnsonlac) Sudorese e tremoresd) Dlrninulcao do apetitee) Todas as anteriores estao corretas

    4. A Sfndrome Fetal pelo Alcool e consequsncla do uso abusivo de alcool pela mae, durante a gestacao. Assinale aalternativa CORRETA, em relacao as crlancas afetadas por essa sfndrome:a) Apresentam lrritacao, mamam e dormem poucob) Apresentam tremores (sintomas que lembram a sfndrome de abstinencia)c) Quando severa mente afetadas podem morrer logo ap6s 0 nascimentod) Podem apresentar problemas ffsicos e mentaise) Todas as alternativas anteriores estao corretas

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    Definic;ioDrogas depressoras sao aquelas que tornam mais lento 0 funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC). Emdecorrencla dessa lentlticacao, pode aparecer sonolencla, que depende da quantidade de droga usada pela pessoa. Variesdesses depressores, como os benzodiazepfnicos e os opiaceos, sao usados com fins medicos como indutores de sono eansiolfticos e como adjuntos na anestesia ou no alfvio de dor intensa, respectivamente. Alguns depressores do SNC tempotencial de produzir abuso e dependencla e serao abordados neste capitulo.

    1. Os Benzodiazepinicos2. Solventes ou Inalantes3. Opiaceos

    OS BENZODIAZEPiNICOSSao indicados terapeuticamente como tranquilizantes ou ansiolfticos, ou seja, diminuindo a ansiedade ou como hipn6ticos,facilitando a indu9ao do sono.

    OleAOs benzodiazepinicos podem ser classificados de acordo com 0 tempo de meia-vida, isto e, 0 tempo que adroga permanece no sangue ate que metade dela tenha sido metabolizada, eliminada:

    longa duracao (diazepam, flurazepam) media duracao (Iorazepam, alprazolam) curta curacao (triazolam, flunitrazepam, temazepam, midazolam). Estes benzodiazepfnicos de acao curtasao os que apresentam 0maior potencial de abuso.

    Os ansioliticos reduzem a atividade em determinadas regioes do cerebro levando a:1. dlminulcao de ansiedade2. lnducao de sono3. relaxamento muscular4. reducao do estado de alerta5. dificuldade nos processos de aprendizagem e mem6ria

    Estas drogas tambsm prejudicam as func;oes psicomotoras, dificultando atividades como dirigir autom6veis eaumentando a probabilidade de acidentes e, se usadas juntamente com 0alcocl, seus efeitos sao potencializadosprovocando risco de morte.

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    o uso regular de benzodiazepfnicos e de outros sedativos produz: Sonolsncla, vertigem e confusao mental Dificuldade de concentracao e de lembrar das coisas Nausea, dor de cabeca, alteracao da marcha Problemas de sana Ansiedade e depressao Tolerancla e dependancla, apes um curto perfodo de uso Sintomas significativos de abstlnancla, na retirada Overdose e morte, se usado com alcool, oplaceos ou outras drogas depressoras.

    Efeitos t6xicosSao medicamentos relativamente seguros, sendo que a dose toxica e cerca de 20 vezes maior que a terapeutlca, Osprincipais efeitos toxicos sao: hipotonia muscular (dificuldade para ficar em pe e andar) e dlrnlnulcao da pressao sangufnea.

    ATENCAO!A gravidade do quadro de lntoxlcacao pode se intensificar muito se a pessoa ingerirbebida alcoolica junto com os benzodiazepfnicos, pois 0 efeito dos ansiolfticos ficapotencializado (mais forte), podendo levar ao coma (grande dlminulcao do funcionamentocerebral) e ate a morte.

    TeratogenicidadeEssa palavra significa defeitos no feto, produzidos ainda no utero das maes, Os benzodiazepfnicos podem provocar essesdefeitos, principal mente se usados pela mulher gravida no primeiro trimestre da gesta9ao. Os mais comuns sao defeitosnos lablos e no ceu da boca, como "lablos leporinos", um espaco entre os lablos superiores da crlanca, que requer cirurgialogo apes 0 nascimento. Mais raramente, a crlanca pode nascer com problemas cardfacos.

    Tolerancla e DependenciaA Organiza~ao Mundial da SaLide recomenda a prescricao dos benzodiazepfnicos por perfodos entre 2 a 4 semanas, nomaximo, e apenas nos quadros de ansiedade ou insonia intensas. E comum haver tolerancia a esses medicamentos, isto e,a pessoa aumenta a dose que foi inicialmente recomendada pelo medico para obter 0mesmo efeito. No entanto, a apllcacaodos criterlos dlaqnostlcos para dependancla (APA, 2000) e limitada para essas drogas que tem eflcacla terapsutlca, Porexemplo: dois dos criterios diaqnosticos para dependencia - usa continuado apesar do risco de dependencia flsioloqicae um desejo de reduzir 0 usa - nao sao indicativos de abuso ou dependencia da droga se a pessoa apresenta um gravetranstorno de ansiedade. Mesmo tendo 0 conhecimento da possibilidade da dependencia flsioloqica, que se manifesta pormeio da sfndrome de abstlnencla, se a medicacao for suspensa abruptamente, os pacientes acabam fazendo 0usa da drogapara evitar 0 retorno do transtorno de ansiedade ou da lnsonla, 0 usa abusivo e ate a dependancla aos benzodiazepfnicose mais comum em indivfduos que abusam de outras drogas, como 0 alcool,

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    LEMBRE-SE:Quando alquern se torna dependente de benzodiazepfnicos, isto e , nao consegue ficar sem usa-los, se pararrepentinamente, pode sofrer uma sfndrome de abstinencia intensa. A sfndrome de abstinencia consiste em umconjunto de sintomas, consequentes a retirada do ansiolftico, e opostos aos do uso agudo: agita9ao, insonia,tremores, irritabilidade, sudorese e dores de cabsca. Eventualmente, podem aparecer convulsoes.

    INTERESSANTE!Embora a compra desse tipo de medicamento seja controlada (s6 pode ser vendido coma retencao de um receituario especial, chamado de Notiflcacao B, que tem a cor azul),essas substancias sao bastante abusadas. Os estudos mostram que em muitos casosessas drogas sao prescritas indevidamente e que as mulheres abusam mais delasque os homens.

    SOLVENTES OU INALANTESSolvente significa "uma subsfancia que dissolve ouires".Alguns solventes, que tem a propriedade de se evaporarfacilmente, sao inalados para obter alteracoes psfquicas, chamadaspor alguns usuaries de "bereio". Essas substanclas fazem parte da cornposlcao de varies produtos de uso domestlco ouindustrial, como colas (especial mente, a cola de sapateiro), produtos de limpeza que contern nitritos (Iimpador de cabecade vfdeo-cassete, limpador de couro, aromatizadores Ifquidos para carro), lance-perfume (cloreto de etila), combustfveis(tiner, aquarras, removedores em geral, gasolina, gas de isqueiro etc.), produtos de beleza (spray para cabelo, acetona,removedor de esmalte, esmalte) e de papelaria (corretor Ifquido - "branquinho'), entre outros.

    SAIBAQUE:Na literatura especializada, solventes e inalantes sao usados como sinonimos.

    Razoes tipicas para uso de inalantes: Infcio do efeito rapido: por ser inalado, chega rapidamente ao cerebro Qualidade e padrao dos efeitos: as pessoas relatam inicialmente uma sensacao de bem-estar e cabeca leve Baixo custo Facilidade de aquislcao, grande disponibilidade de produtos, como pode ser visto na tabela a seguir Menores problemas legais do que com outras substanclas, pois em muitos locais nao ha uma legisla9ao especfficasobre sua venda Ha uma grande variedade desses produtos, 0 que facilita 0 seu abuso

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    A Tabela mostra a diversidade de produtos considerados solventes ou inalantes:Grupo quimico das substanclas vohiteis mais usadas com fins de abuso

    Classe Quimica Produtos ComercializadosPRINCIPAlS SUBSTANCIAS VOLATEIS GERALMENTE ABUSADAS

    Hidrocarbonetos AlifaticosButanoHexanoPropano

    Fluido de isqueiro; gas de botilao:"thinner'; tintas; contatos adesivos; benzina;Fluido de isqueiro;

    Hidrocarbonetos AromatlcosTolueno (toluol; metilbenzeno; fenilmetano)Xileno (xilol; dimetilbenzano)

    Vernizes; cola de sapateiro; tintas;Tintas; solventes de resina (aquarras); cola de madeira;

    Hidrocarbonetos Alifaticos/AtomaticosGasolina (derivado do petr6leo)Querosene (derivado do petr6leo)

    Combustlvel;Combustlvel;

    Hidrocarbonetos HalogenadosTricloroetilenoCloreto de etilaClorof6rmio (Triclorometano)Halotano (Trifluobrometano)Freon 11 (Triclorofluorometano)1,1,1 Tricloroetano

    Removedores dornesticos de manchas;Anestesico:Anesteslco:Anesteslco:Extintores de lncsndlo: aeross6is; laque para cabelos;Fluido corretor;

    Compostos OxiegandosAcetato (demitil-cetona) e seus esteres -metiletilcetona6xido Nitroso (dinitroqenio, monoxiqenio)Nitrito de isobutilaEter (eter etflico)

    Removedor de esmalte; esmalte;"Gas do riso";"Sprays" desodorizantes;Anesteslco t6pico;

    Fonte: adaptado de Flanagan & Ives (1994)

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    Efeitos agudos dos inalantesAssim como ocorre com 0 alcool, os solventes sao substanclas que tem efeito blfasico, ou seja, causam uma excltacaoinicial, seguida por deprsssao do funcionamento cerebral, que dependera da dose inalada. Os efeitos estao sumarizadosno quadro a seguir:

    PRIMEIRA FASE Excltacao - sintomas de euforia, excltacao, tonturas, pertubacoes auditivas e visuais.Efeitos indesejados: naussas, espirros, tosse, sallvacao, fotofobia e verrnllhldao na face.SEGUNDA FASE Depressao inicial so SNC - confusao mental, desorientacao, vlsao embacada, Podem surgircefaleia e palidez.TERCEIRA FASE Depressao media do SNC - reducao acentuada do estado de alerta, lncoordenacao ocular emotora, fala pastosa e perda do reflexo.QUARTAFASE Depressao profunda do SNC - a pessoa pode ficar inconsiente, algumas vezes ocorrendoconvulsoes e mesmo morte subita, por problemas cardfacos ou parada respirat6ria.

    Efeitos crenlcos do uso de inalantesSintomas decorrentes da acao local dos inalantes:

    Rinite cronlca: epistaxe (sangramento nasal) recorrente Halitose (mau halite): ulceracoes (feridas) nasais e bucais Conjuntivite Bronquite

    Sintomas decorrentes da acao no Sistema Nervoso Central: Anorexia (perda do apetite e perda de peso) Irritabilidade Depressao Agressividade Paranoia Neuropatia periferica

    Razoes associadas a mortes provocadas por inalantes A principal causa de morte e arritmia cardfaca causada por uma hipersensibilidade das fibras do mlocardlo, Aarritmia pode provocar parada cardfaca Sufocamento - acidentes com 0 usa de saco plastlco, pois no momenta da lnalacao a pessoa coloca 0 saco plastlcona cabeca e pode se sufocar Quedas - os solventes provocam vertigens e tonturas, podendo levar a quedas Atropelamentos e outros acidentes de transite devidos a lncoordenacao motora e ao prejufzo de reflexos

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    LEMBRE-SE:o uso regular de inalantes esta associ ado com:

    Vertigem e aluclnacoes, sonolencia, desorientacao, visao ernbacada Sintomas semelhantes a um resfriado, sinusite, sangramento nasal lndlqestao, ulceras estomacais Acidentes e lesoes Perda de memoria, confusao mental, depressao, aqrsssao Dificuldade de coordsnacao, reflexo diminufdo, hlpoxla (falta de oxigenio no csrebro) Delirium, convulsoes, coma, danos de orgaos (COra9aO,pulmao, ffgado, rins) Morte por disfuncao cardfaca

    Perigos associ ados a algumas substincias qufmicas presentes em inalantes: Nitrito: suprime a fun9aO irnunoloqica, danifica as hernacias, aumenta 0 risco deleucemia e e texico ao sistema reprodutivo Butano e propano: provocam problemas cardfacos e queimaduras (sao altamenteinflarnaveis) Freon: morte subita, por obstrucao respiratoria, dano hepatico Cloreto de metileno: reduz a capacidade do sangue de carregar 0 oxigenio, afetao rnusculo cardfaco e aumenta a frequencla cardfaca Oxido nitrico (gas do riso) e hexane: podem matar por falta de oxlqenacaodo cersbro, alteram a coordenacao motora e a percepcao, causam blackouts(apagamento, esquecimento do que aconteceu) devido a rnudancas da pressaosangufnea, reduzem 0 funcionamento do rnusculo cardfaco Tolueno: altera a c09ni9ao, provoca a perda da massa de tecido cerebral, doequillbrio, da audlcao (surdez subita) e da vlsao, dano no ffgado enos rins Tricloroetileno: pode determinar morte sublta, cirrose hepatica, dana a audlcao(surdez subita) e a vlsao

    Como podernos reconhecer urna pessoa que usa inalantes?Preste atencao aos sintomas que vimos acima e perceba se ha fortes odores na roupa ou no hal ito, ou sinais de tinta eoutros produtos escondidos sob a manga da roupa, se a pessoa parece bebada ou desorientada, se sua fala esta alterada,se ela perdeu 0 apetite ou relata nauseas, se esta muito desatenta, irritavel ou deprimida.

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    OPIACEOSOs oplaceos sao drogas com grande lrnportancla na Medicina, po is saopoderosos analqeslcos. Entretanto, tarnbem sao usados como drogas de abuso,e sua dependencia pode se instalar rapidamente.o apio pode ser fumado, sendo este habito muito difundido no oriente,principalmente em seculos passados. A partir do oplo, obtern-se a morfina (umpotente analqeslco) e a codefna (potente inibidor da tosse).VOCE SABIA? Papoula

    Os oplaceos sao substanclas extrafdas de uma planta chamada popularmente de papoula (nomecientifico Papaver somniferum) que apes cortada elimina urn llquldo leitoso branco, semelhante a urnsuco, que ao secar passa a ser chamado de apio, dar 0nome eplaeeo,

    VOCE SABIA?A palavra Mortina e derivada do nome do Deus Grego dos Sonhos "Morfeu".

    A partir dos oplaceos naturais, podem ser criados os oplaceos semlsslntetlcos,como a herofna (diamorfina), que e um derivado diacetilado da morfina. A herofnae mais lipossoluvel do que a morfina e atinge 0 SNC mais rapidamente.A heroina e urn p6 branco, sernelhante a

    COCAINA.Os opiaceos sinteticos sao construfdos em laboratorio por copia e rnodiflcacao da estrutura qufmica da morfina.Exemplos: meperidina e propoxifeno, que sao usados na clfnica como potentes analqesicos,o organismo produz "nossa propria morfina", isto e , substanclas analqeslcas que tem estruturas qufmicas semelhantes ada morfina e, portanto, sao designadas de opioides endagenos: a dinorfina, as encefalinas e as endorfinas. A acupunturae os exercfcios ffsicos estimulam a llberacao dessas substancias naturais, que agem estimulando estruturas celulares"receptoras". Estas mesmas estruturas (receptores de opioides) sao estimuladas pelas drogas opiaceas,Na lntoxlcacao aguda por oplaceos, no intuito de reverter 0 efeito da droga, pode ser usada uma substancla antagonista(bloqueia 0 efeito da droga), como a nalorfina e 0 naloxone.

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    Oplaeeo ou opioide?Nem todos os autores da area concordam sobre este ponto e alguns usam as duas palavras como slnonlmas, mas emgeral usa-se a palavra Opiaceo (ou drogas oplaceas) quando nos referimos aquelas drogas que contern ou sao derivadasdo opio - podem ser oplaceos naturais (morfina, codefna) ou eplaeees semissinteticos quando sao resultantes demodiflcacoes parciais das substancias naturais (como a 0 caso da herofna). A palavra opioide a usada para nos referirmosas substanclas produzidas pelo nosso organismo (como as endorfinas, encefalinas e dinorfinas,) que agem ligando-se aosreceptores opioides endoqenos. Alguns autores usam 0 termo opioide tarnbern para se referir a substanclas total menteslntstlcas, fabricadas em laboratorlo e que nao sao derivadas do oplo, como a 0 caso da meperidina, do propoxifeno e dametadona, que sao chamadas de opioides (isto a , semelhantes aos opiaceos),

    LEMBRE-SEEfeitos dos oplaceos:

    Analgesia (reduz ou elimina a sensacao de dor) Deprime 0 centro da tosse (por isso a usado em xaropes) Diminui 0 peristaltismo intestinal, leva quase a paralisia e provoca forte prlsao de ventre (devido a esteefeito, alguns oplaceos sao utilizados para com bater diarreias intensas) Sonolencia Bradicardia (dirninuicao da frequencia cardfaca) Bradipneia (dlrnlnulcao da frequencla resplratorla) Hipotensao arterial (dlmlnulcao da pressao) Acalmia: estado de serenidade, calma rnomentanea apes um perfodo de agitayao (efeito buscado pelaspessoas que fazem abuse dos oplaceos) Miose - Contracao acentuada da pupila dos olhos, que pode chegar a ficar do tamanho da cabeca dealfinete Paralisia do estornaqo - a pessoa sente como se nao fosse capaz de fazer a diqestao Hipotensao arterial severa grave

    Dependencia e sindrome de abstlnenclaA dependencia dos opiaceos se instala com certa facilidade, porem, isto nao justifica 0 cuidado excessivo de muitosmedicos ao prescrever esses medicamentos. A morfina a um dos poucos medicamentos que abranda a dor e 0 sofrimentoprovocados pelo cancer e pela AIDS. Nesses casos, muitos pacientes sofrem desnecessariamente por falta do usa dosoplaceos, A Organizac;ao Mundial da Saude ja alertou 0 nosso pais, mais de uma vez, pelo baixo consumo dessesmedicamentos nos casos de doenc;as que causam dores intensas.Os dependentes de opiaceos sao tratados, geralmente, pela chamada terapia de substltulcao. 0 usuario recebediariamente uma dose de metadona, um agonista dos opiaceos (tem efeito semelhante a droga opiacea que esta sendousada abusivamente), porem esse usa a controlado por medicos e vai lentamente sendo diminufdo ao longo do tempo. Ametadona tem efeito mais prolongado que a herofna e menos intense (principal mente nos efeitos no SNC).

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    A sindrome de abstinencia acontece quando a pessoa para repentinamente a usa dos opiaceos e pode ser muito intensa,com midriase (dilatacao da pupila), dares generalizadas, nauseas e vemttos, diarreia, cairnbras musculares, c61icasintestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, sintomas que podem durar ate 12 dias.

    LEMBRE-SEo uso regular de oplaceo esta associado com:

    Coceira, nausea e vemito Sonolencia Constipacao, enfraquecimento dos dentes Dificuldade de concentracao e de se lembrar das coisas Redu980 do desejo e do desempenho sexual Dificuldades de relacionamento Problemas profissionais e financeiros, vlolacoes da lei Tolerancla e dependancla, sintomas de abstlnencla Overdose e morte par insuflciencia respirat6ria

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    BIBLIOGRAFIAAuchewski L, Andreatini R, Galdur6z JCF, Lacerda RB. Avalia9aO da orlentacao medica sobre os efeitos colaterais debenzodiazepfnicos. Rev Bras Psiquiatr. 2004;26(1 ):24-31.Carlini EA, Galduroz JC, coordenadores. I Levantamento domiciliar sobre 0 uso de drogas psicotr6picas no Brasil: estudoenvolvendo as 107 maiores cidades do pals: 2001. Brasilia: SENAD/CEBRID; 2002.Carlini-Cotrim B, Silva-Filho AR, Barbosa MTS, Carlini EA. 0 uso de drogas psicotr6picas por estudantes de primeiro esegundo graus da rede estadual, em dez capitais brasileiras, 1987. In: Ministerio da Saude, Ministerio da Justlca, Consumode drogas psicotr6picas no Brasil, em 1987. Centro de Docurnentacao do Ministerio da sauce (Serle C: Estudos e Projetos5). Brasilia; Ministerio da Saude: 1989.Carlini EA, Carlini-Cotrim B, Silva-Filho AR, Barbosa MTS. II levantamento nacional sobre 0 uso de psicotr6picos emestudantes de primeiro e segundo graus - 1989. Sao Paulo: UNFDAC/CEBRID; 1990. p. 01-93.Carlini-Cotrim B, Barbosa MTS. Pesquisas epidemiol6gicas sobre 0 uso de drogas entre estudantes:um manual deorientacoes gerais. Sao Paulo: CEBRID; 1993. p. 01-56.CEBRID - Centro Brasileiro de lnforrnacoes sobre Drogas Psicotr6picas. Informativo sobre drogas psicotr6picas (Iivreto).Sao Paulo: CEBRID. Disponfvel em: .Conselho Regional de Medicina do Estado de Sao Paulo/Associacao Medica Brasileira. Usuaries de substancias psicoativas:abordagem, diagn6stico e tratamento, 28 edi9aO. Sao Paulo: CREMESP/AMB; 2003.Flanagan RJ, Ives RJ. Volatile substance abuse. Bull Narcotics. 1994;XLVI(2):50-78.Galdur6z JCF. Inalantes (Solventes Orqanlcos Volatels). In: Seibel SD, Toscano Jr A, organizadores. Dependsncla dedrogas. Sao Paulo: Atheneu; 2001.Galdur6z JCF, Andreatini R, Carlini EA. 0 usa de inalantes (solventes) entre adolescentes: revlsao, Temas (Sao Paulo).1995;25(50): 129-58.Galdur6z JCF, Noto AR, Carl ini EA. 0abuso de inalantes entre estudantes de 1 e 2 graus da rede publica de ensino: asdrogas de infcio? Temas (Sao Paulo). 1996;51 :126-136.Galdur6z JCF, Noto AR, Carlini EA. IV Levantamento sobre 0 usa de drogas entre estudantes de 1 e 2 graus em 10capitais brasileiras - 1997. Sao Paulo: ABIFARMAICEBRID; 1997.Galdur6z JCF, Noto AR, Fonseca AM, Carlini EA. V Levantamento nacional sobre 0 consumo de drogas psicotr6picas entreestudantes do ensino fundamental e medic da rede publica de ensino nas 27 capitais brasileiras, 2004. Sao Paulo: SENADICEBRID; 2004.World Health Organization. Use and abuse of benzodiazepines. Bull World Health Org. 1993;61(4):551-62.

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    ATIVIDADES

    1. Quem usa ansiolfticos precisa saber que eles:a) Podem provocar teratogenicidadeb) Podem potencializar a efeito do alcoolc) Podem diminuir as reflexosd) Todas as anteriores estao corretase) Todas as anteriores estao erradas

    Teste seu conhecimento

    2. Os benzodiazepfnicos sao drogas que tern potencial para usa abusivo. Segundo as estudos epidemiol6gicos:a) As mulheres abusam essas substanclas mais do que as homensb) As mulheres recebem mais prescricoes de benzodiazepfnicos que as homensc) Os homens sao mais sujeitos aos efeitos dos benzodiazepfnicosd) As alternativas a e b estao corretase) Todas as alternativas estao erradas

    3. Para comprar urn benzodiazepfnico e necessaria que a receita fique retida na farmacia, au seja, e urn medicamentocontrolado. E necessaria que a medico faca a prescrlcao em urn rsceltuario especial chamado de:a) Notlflcacao azul (8)b) Notlflcacao verdec) Notlflcacao Ad) Notlflcacao Ce) Nenhuma das anteriores

    4. Os opiaceos sao drogas que levam facilmente a dependencia e, portanto, seu usa na medicina nao e indicado. Afrase esta:a) Totalmente erradab) Totalmente certac) E verdade que as opiaceos levam a dependencia, porern nao e correto afirmar que nao sao uteis na praticamedicad) Os opiaceos nao levam a dependencia e, portanto, seu usa na medicina e liberadoe) Nenhuma das anteriores

    5. A causa rnais comum de morte provocada pelos solventes sao:a) Atropelamentosb) Acidentes em geralc) Arritmia cardfacad) sufocamentoe) Todas as anteriores estao erradas

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    6. Os solventes apresentam efeito bifasico, isto e , provocam uma depressao inicial e posteriormente a pessoa ficaexcitada. A frase esta:a) Completamente corretab) Compietamente erradac) Parcialmente correta, pois os solventes apresentam um efeito blfaslco, mas ocorre inicialmente excltacao edepois depressaod) Parcialmente correta, pois ocorre depressao inicial e posteriormente, sonolsncla profunda posteriormente masnunca ha excltacaoe) Nenhuma das anteriores

    7. Quanto aos benzodiazepfnicos, pode-se afirmar que:a) Sao medicamentos seguros, mas podem causar hipotonia muscular e queda da PA (pressao arterial)b) 0 uso regular pode causar problemas no sono, dor de cabeca, ansiedade e depressao,c) 0 uso abusivo e a dependencla aos benzodiazepfnicos sao mais comuns em indivfduos que abusam deoutras drogas, como 0 alcool ou os anfetaminicos (inibidores do apetite)d) Todas estao corretase) Apenas a alternativa (a) esta incorreta

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    A cocaina, as anfetaminas e a nicotina sao as drogas estimulantes mais associadas a problemas fisicos, mentais e sociaisno Brasil. Essas drogas sao chamadas estimulantes, porque provocam uma aceleracao do funcionamento mental emodificam 0 comportamento, provocando agitacao, excltacao, insonia e outros efeitos.

    1. Cocaina2. Anfetaminas3. Nicotina

    COCAiNA

    A coca ina e uma substancla extraida das folhas de um arbusto, a Eritroxylon coca,que cresce no planalto de paises como a Bolivia, 0 Peru e a Colombia.

    HistoriaAo chegar a esta regiao, no seculo XVI, os invasores espanh6is entraram em contato com os indios, que costumavammascar folhas de coca no dia a dia. A partir do seculo XIX, na Europa, a droga teve seu uso difundido como um enerqetico,indicado para 0 tratamento de depressao, fadiga, neurastenia e dependsncla de derivados do 6pio. A cocaina passou aser vendida sob varlas formas, nas farmaclas, como medlcacao, alern de ser encontrada em bares, na forma de vinhoe refrigerante. Ate 1903, a Coca-cola era um xarope de coca. Nesta epoca, os fabricantes, preocupados com 0 risco dedependencia, retiraram a cocaina da f6rmula, substituindo-a por cafeina. Em 1914, a venda e 0 uso de cocaina foramproibidos. 0 consumo quase desapareceu, retornando a partir da decada de 60.EpidemiologiaPesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de lnformacao sobre as Drogas (CEBRID), da UNIFESP (Universidade Federalde Sao Paulo), mostram que 0 consumo de cocaina no Brasil aumentou muito entre as decades de 80 e 2000. Apesardisso, 0 usa de cocaina e ainda bem menos comum do que 0 usa de outras drogas, como 0 alcool e 0 tabaco.

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    ANFETAMINASSao substanclas sinteticas - nao existem na natureza, sendo produzidas em laboratories - que foram usadas inicialmentepara diminuir a cansaco, afastar a sana e reduzir a apetite.

    Atualmente no Brasil, muitas pessoas consomem estas drogas, sob a forma de rernedlosau formulas, com a objetivo de emagrecer. Nem sempre elas sao informadas dos seusriscos e do seu potencial de desenvolvimento de dependencia.

    Outra forma de usa das anfetaminas ocorre entre motoristas de carnlnhao, que as utilizam para conseguir permaneceracordados, enquanto dirigem par longas distancias e par mais tempo do que seria prudente. "Rebites", au "arrebites" saoas names pelos quais estas drogas sao conhecidas pelos motoristas, que as compram em farmaclas, restaurantes e pastasde gasolina de beira de estrada.Os efeitos no cerebra e as alteracoes no comportamento, provocadas pela cocafna e pelas anfetaminas, sao bastantesemelhantes com diferencas, principal mente, no tempo de infcio e na curacao. Par este motivo, essas substancias seraoapresentadas em conjunto.

    Anfetarninas e Estetica, urna Cornbina~ao Perigosao Brasil e um dos maiores consumidores de anfetaminas. 0 consumo brasileiro aumentou em 500% de 1997 a 2005.Este ocorre principal mente entre mulheres, que utilizam essas drogas para emagrecimento pelo usa de "formulas" que aproprio medico cria e que sao produzidas em farmacias de manlpulacao,o usa de anfetaminas e recomendado apenas nos casas de obesidade rnorbida (pessoas muito obesas). Entretanto,para ter um corpo magro, estas drogas sio consumidas indiscriminadamente, muitas vezes sem receita medica, auprescritas de modo inadequado par profissionais mal informados au mal intencionados. Esse usa pode trazer problemasseries a saude (ex: dependancla, aumento da prsssao arterial, aumento da prsssao dentro dos vasos, etc), principalmentequando e associado a outras drogas, como acontece com as "formulas de emagrecimento", as quais, alern das anfetaminas,sao associ adas outras drogas: anti-hipertensivos, calmantes, hormonios da tireoide, diureticos, laxantes, antidepressivosetc. Par conterem, muitas vezes, plantas medicinais em sua cornposlcao acabam sendo consideradas "naturais" au "/eves".

    indice de Massa Corporal - IMC (lndlce de Quetelet)1. IMC = Peso

    (Altura)"2. Valores do IMC e condutabesidade M6rbidaIMC SITUACAO CONDUTA< 15 Desnutrlcao Medica15-20 Peso baixo Melhorar dieta20-25 Peso normal Atividade ffsica e manter dieta25-30 Peso excessivo Dieta hlpocalorica e atividade ffsica30-40 Obesidade Medica> 40 Obesidade rnorbida Medica (medicamentos inclusive)

    Monograf ia Oficiais nO13. Colegio Ofic ial dos farmaceuticos de 8adajoz - Espanha. Outubro. 1997

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    Deacordo com a Organizac;ao Mundial de SaLide (OMS), indivfduos que apresentem Indice de Massa Corporal (IMC) acimade 30 ja sao considerados obesos e acima de 40, obesos morbidos, Nesses casas, a medico deve avaliar a necessidadedo usa de medicamentos inibidores do apetite para reduzir a risco do agravamento de doencas, Mas, embora haja estarecornendacao, na pratlca, principal mente as mulheres, conseguem esses medicamentos mesmo nao necessitando. Nestesentido, pode ser observada a chamada "Dismorfia Corporal", au seja, pessoas que tern uma vlsao errada ou distorcidado proprio corpo. Acreditam estarem gordas, sem estar. Essa distorcao da realidade contribui para a consumo dessesmedicamentos.

    NOTA:Dismorfia Corporal - pessoas que tern uma vlsaoerrada au distorcida do proprio corpo.

    RELATO DE CASO:Mulher com IMC= 20, com quadro proximo da subnutricao, descreve uma imagem irreal do corpo:"II/vo numa batalha constante com 0meu corpo e quanta mais velha eu vou ficando pior a batalha ... e terrfvel.Eu estou acima do meu peso porque 0ideal seria bem mais abaixo, eu estou gorda, gorda. Eu gostaria de perder8kg~

    Para emagrecer mais rapidamente, muitas mulheres aumentam a dose prescrita, colocando em risco sua saude, Porern,ha urn momenta em que a medicamento, na dose utilizada, nao faz mais efeito, exigindo doses cada vez maiores paraagir (efeito de teleranela). Quando param de usar a medicamento, essas pacientes rapidamente ganham a peso quetinham, levando-as a consumf-Io novamente. Esse processo de emagrecer e engordar eo chamado "efeito io-io" au "efeitosanfona", que provoca baixa autoestima.

    RELATO DE UMA PACIENTE - CASO DE TOLERANCIA"Sabe a que acontece, no corneco voce nao ve com ida na frente, uma dellcla, voce nao fica cansada, nao ternsana, esta sempre disposta e sem fame nenhuma. Voce toma urn capo de agua e ja esta entupida. Mas chegauma hora que ele para, se fosse sempre assim, eu ia tamar para a resto da vida, mas ele para de fazer efeito."

    Outra sltuacao comum, observada entre mulheres usuarias de anfetaminas, e que elas nao procuram urn medico quandosao vftimas dos efeitos adversos dessas drogas. E, em geral, este comportamento esta relacionado ao receio de que amedico interrompa a rnedlcacao.SUPERA 43

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    LEMBRETE IMPORTANTE