Curso Plataformas de Música Online Ufba Procad Capes 2009
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Transcript of Curso Plataformas de Música Online Ufba Procad Capes 2009
Reconfiguração das práticas de consumo nas plataformas de
música online
Adriana AmaralProfa.e pesquisadora do Mestrado
em Comunicação e Linguagens UTP
palavrasecoisas.blogspot.com
Tópicos Principais● QUARTA-FEIRA – 29/04● Plataformas e redes sociais de música
online – algumas perspectivas teóricas● Sistemas de recomendação, gêneros
musicais e folksonomia● Perfis e construção de identidade nas
redes de música online- nichos e cenas
● Fluxos comunicacionais de visibilidade e auto-promoção –
● Práticas de consumo musical: - Fansourcing e a participação – NIN e Amanda Palmer
● QUINTA-FEIRA – 30/4● Cultura dos fãs – Fandom de música X
Fandom de narrativa● Construção de hypes e reputação● Laços fracos de amizade e interações
multiplataformas ● Práticas de consumo musical – a
reconfiguração da crítica e o uso das plataformas como fontes informativas – MySpace, Blip.fm, Last.fm
● Last.fm – Estudo de caso – os usuários brasileiros
Músicos hoje, se forem espertos, colocam novas composições na web, como tortas colocadas
para esfriar no alpendre de uma janela, e esperam que outras pessoas as retrabalhem de
forma anônima. Dez estarão errados, mas o décimo primeiro poderá ser um gênio. E de graça. É como se o processo criativo não
estivesse mais contido num crânio individual, se é que de fato um dia esteve. Tudo, hoje, é
até certo ponto o reflexo de alguma outra coisa (Gibson, 2004:83)
É um tempo estranho para ser um artista da indústria fonográfica. É muito fácil ver o que NÃO fazer nessa época,mas menos óbv io
saber o que está certo. Agora que me encontro livre da embotada burocracia das majors, fi nal
mente disponível para fazer o que eu quiser fazer.. bem, o que é isso? Qual é a forma
“correta” de lançar álbuns, tratar sua música e a sua audiência com respei to e tentar ganhar a vida ao mesmo tempo? Eu tenho vários amigos músicos que estão ou estarão em breve nessa si tua ção, e é uma fonte real de ansiedade e
incerteza (Trent Reznor, líder do NIN).
Perspectivas Teóricas● CONSUMO – ESTILOS DE VIDA – PADRÕES IDENTITÁRIOS● PROCESSO DE SUBJETIVAÇÃO E PERSONALIZAÇÃO ATRAVÉS
DOS PERFIS DE CONSUMO (LIU, 2007)● ARTEFATO CULTURAL (HINE, 2005, SHAH, 2005) – TRACEJADOS
SIMBÓLICOS● FERRAMENTA DE ENTRETENIMENTO E DE DISSEMINAÇÃO DE
INFORMAÇÃO● PLATAFORMAS DE MÚSICA ONLINE – AUDIÇÃO VIA
STREAMING OU RASTREAMENTO E VISUALIZAÇÃO DE ARQUIVOS DE MÚSICA
● CONSCIÊNCIA DA AUDIÊNCIA SEGMENTADA
Perfis de Consumo Online (Liu, 2007)
● Personalização● Fruição dos bens
simbólicos● Compartilhamento de
preferências● Circulação● Traçado Simbólico
● Banco de dados de consumo de informações
● Memória social● Organização
hierárquica em torno da música
● Reputação● Sistema de
Recomendação
Performance de Gosto● Ou “taste statement”- afirmação de gosto,
análise quanti-quali a partir do MySpace:● 4 CATEGORIAS (Liu, 2007):● 1) Prestígio (reputação)● 2) Diferenciação● 3) Autenticidade● 4) Persona Teatral
Linha do tempo do lançamento dos principais Sites de Redes Sociais
Fonte: Boyd & Ellison, 2007
Justificativa● Crescimento e popularização dos SRS● Especialização/ Segmentação● Tensão macro-micro● MyStrands, Pandora, Ilike, Spotify, Imeen,
Musicovery (cores e design)● MySpace e Last.fm – 2003● Blip.fm - 2008
Estudos sobre apropriação musical dos SRS
● COMUNICAÇÃO● Baym (2007)● Leão & Prado (2007)● Amaral (2007a, 2007b, 2009a,
2009b)● Amaral & Aquino (2008)● Baym & Ledbetter (2008)● Schäeffer (2008)● Sá (2009)
● COMPUTAÇÃO SOCIAL● Accoutier & Pachet (2007)● Turnbull, Barrignton & Lanckriet
(2008)● Lamere (2008)
2007● LAST.FM – Comprado pela CBS – 280 milhões
de U$
● MYSPACE – escritório no Brasil, ações e estratégias de lançamento
Definições ainda imprecisas, observadas a partir da literatura
● Site de relacionamento (menos importante)● Sistema de recomendação (Figueira Filho, Geus &
Albuquerque, 2008)● Software Social (Manovich, 2008)● Plataforma (Amaral,2007, 2009, Baym & Ledbetter, 2008,
Schaeffer, 2008)● A partir daqui 3 categorizações
Accoutier & Pachet, 2007
● 1) Banco de dados de música compartilhada ou mecanismos de dados musicais
Turnbull, Barrignton & Lanckriet, 2008
● 2) Sites de descoberta de música ou sistemas de híbridos de descoberta, recomendação e visualização musical
● Recomendação e mediação simbólica de gosto (Sá, 2009)
Leão & Prado, 2007
● Programas (softwares) que simulam estações de rádio e oferecem possibilidade de escutar música
● Definição conceitual problemática - ● Apesar dos aspectos simuladores da linguagem das estações de
rádio estarem presentes explicitamente nos sites, tanto na produção de “tabelas dinâmicas mostrando as músicas mais ouvidas de determinado artista” (Leão & Prado, 2007, p. 71), por exemplo, acreditamos que a noção de programa que simula rádio não da conta da totalidade de fluxos comunicacionais que essas redes permitem aos usuários e nem de outras remixagens midiáticas a partir dos aplicativos de APIs e Widgets
Práticas Artísticas – Projetos de Visualização
● 1) Reconstructing the structure of the world wide musical scene with Last.fm
● Gêneros, cores, tags● Mapeamento e vigilância dos
dados dos usuários
● Nepusz (2008) ● O mapa foi gerado a partir da API
aberta do Last.fm e permite descobrir a localização dos artistas inserindo o nome ou mesmo descobrir os artistas preferidos a partir do nome de tela do usuário do last.fm
● O mapa representa representa graficamente as mais de quatro milhões de relações de similaridade entre os artistas que constam da base de dados da rede social. Os círculos representam os artistas, bandas e músicos que podem ser encontrados na secção de música do site. As linhas ligam os artistas com sonoridades mais próximas, em função dos hábitos musicais dos utilizadores. Cada estilo musical encontra-se sob a forma de uma cor, tendo em conta as etiquetas associadas pelos utilizadores aos artistas”(CAETANO, 2008, Online)
Mapa dos gêneros musicais com base nos dos dados do usuário adriamaral
Monitoring and Visualizing Last.fm● Adjei & Holland-Cunz
(2008) - Alemanha● Projeto com foco na
audiência● Comunidade de fãs e
hits● parte de perguntas interrogadas ao
sistema para monitorar e visualizar o consumo musical, como por exemplo, que artista só possui um hit, quais comunidades de fãs são mais receptivas ao hip-hop?
● 4 ETAPAS:● 1) Comparação dos
grupos de fãs● 2) Flutuação de fãs
(shows e eventos)● 3) Lançamento de
álbuns● 4) Cumulação de
gêneros
Plataforma Online● Aspectos implícitos e
explícitos de participação
● Sentido comunicacional mais amplo
● Prática de Social Tagging (Lamere & Celma, 2007, amaral & Aquino, 2008)
● Baym & Ledbetter (2008), Schaeffer (2008) e Amaral (2009)
“Last.fm provides several communication platforms for those interested in using the site
socially, including writing publicly-visible messages on one another’s profiles in the
“shoutbox”, sending one another private personal messages, and participating in site-wide
discussion forums” (Baym & Ledbetter, 2008, p.6)
● Web como plataforma● Multiplicidade de serviços● Sentido computacional – softwares e sistemas
operacionais● Metáfora relacionada aos meios de transporte e
de comunicação – veículos como trens, ônibus● Local de oportunidade de expressão de ideias,
performances e discursos● Scaheffer – fala em trocas de serviços e
ecosistema discursivo – metáforas biológicas – forçadas (Jenkins)
Categorização, Classificação e Colecionismo
● Preocupação com a variedade de tags coletadas a partir dos estilos musicais contribuindo para a análise dos usos e formas de colecionismo de música online através do social tagging
● Lamere (2008)● Turbull, Barrignton e
Lanckriet (2008) - “bias de popularidade” - em termos de gêneros e canções
● Tagging e recomendação – fatores de constituição dos traços de reputação. Ex: medidor comparativo de gostos ou mainstreamometer (aplicativo) – criados por usuários
● Hibridização entre gêneros a partir da escrita das tags – autoridade dentro das cenas
● Disputas simbólicas de capital subcultura (Thornton, 1999) e DIY dos fãs (Jenkins, 2006)
● Fãs-curadores do acervo de memória informativa (Jennings, 2008)
● Hábito de desligar o scrobbler p/ esconder músicas q não combinam.ex
Folksonomia e gêneros musicais●prática e método de categorização colaborativa a partir do uso de tags livremente escolhidas
●Busca e resgate de informaçoes
●Ferramentas como gostômetro e mainstreometer – caráter
valorativo, medido e compartilhado com os outros
●Co-produção de links (Forte, 2005)
●Playlists migram pra outras plataformas como blogs, FB
Folksonomia no Last.fm● Folksonomia Estreita (Quintarelli, 2005) –
vocabulário e contexto segmentado – no caso por gêneros e subgêneros musicais – larga seria o digg, o flickr
● Desdobramento e negociação de identidade dos grupos – ex Hellektro (depois do last pulou pra mídia massiva)
● Codificadores sintéticos – englobam, cultura, moda,gestos, gírias, etc
Adição dos amigos a partir de discussões em outros fóruns – grupo segmentado (multiplexidade , Haythorntwayte (2005)
● Tagcloud e estilos associadas a auto-apresentação (Hine, 2005) – hierarquias e autenticidades
● Gêneros não só ligados aos prefixos musicais (electro-industrial, hard-rock) mas tb à sensibilidade e emoções como “música mais gay de todos os tempos”(Madonna ex) ou tags mascaradas (Paris Hilton – brutal death metal)
● Rotulação emulando o jornalismo de música (rótulos como punk (Lester Bangs por ex), heavy metal, gótico (produtor Tony Wilson, Joy Division- criados por críticos)
● Usuários potencialmente tornam-se críticos musicais não dependendo da recomendação das mídias – OBSERVAÇAO pesquisa Last e blog “Popload”- cena indie
Fansourcing● Sourcing – obter
infromações de fontes diretamente ou indiretamente envolvidas, não identificadas – informação de nicho (Jenkins, 2008) – processo de legitimação de hierarquias de certo modo – saber não-acadêmico mas especializado
● Clay Shirk (Crowdsourcing, 2009) – organizações
● Smart Mobs – Rheingold – capacidade de organização
● Fansourcing – Nancy Baym (2009)
Cases● Marillion● Amanda Palmer● NIN● Nitzer Ebb
● Bonde do Rolê - MS● Malu Magalhães - MS● CSS – Trama● Coletânea Rock The
Planet – DJ Double Zero – electro global
CULTURA DO FANDOM
Estudos sobre Fandom
Fandom de Narrativa X Fandom de Música (Baym)
● Narrativas possuem personagens, plots e buracos a serem preenchidos pelos fãs
● Universos Narrativos ● Apropriação criativa do material
(fanfics, fanfilmes, etc)
● Discussão e interpretação das letras (somente em alguns casos)
● Relação com os aspectos informativos (lançamento de álbuns, datas de tours, infos técnicas ou históricas). Foco nas notícias e informações
● Apropriação criativa – remixes e mashups – prática “marginal”- questão dos direitos autorais
● Mixtapes, compartilhamento de playlists, escrita em blogs, blogs de downloads
● Parte da auto-apresentação em outros contextos (ex. Camiseta dos Ramones) – cabelo, vestimenta
Fandom Narrativo
Fandom não é mídia
Fandom is a degree of audiencing, a realm of marked cultural participation that is always relative
to, and defined against, "normal" or unmarked cultural participation. These degrees of
audiencing might manifest themselves in all sorts of ways in different historical and social contexts".
(Daniel Cavicchi, historiador)
Music fandom is much more likely to be made visible as an intrinsic part of self-definition in a
wide variety of situations (Baym, 2009)
Questão da negociação da identidade
Cultura do Fandom (Jenkins, 2006)● Outras referências –
Sandvoss (fãs e afetividade) e Matt Hills
● A cultura do fandom tanto foi reformatada quanto reformatou a cibercultura produzindo uma diversidade de tipos de conhecimento em diferentes ambientes midiáticos
● Relação fãs de FC na origem da cibercultura
3 Tendências da cultura participativa dos fãs em redes
● 1. a possibilidade que os consumidores têm de arquivar, anotar, se apropriar e recircular o conteúdo midiático a partir de novas ferramentas e tecnologias;
● 2. a promoção do DIY, Do it yourself (faça você mesmo), promovida por uma variedade de subculturas na web;
● 3. o encorajamento que favorece a integração entre as mídias e o fluxo de idéias, vídeos, narrativas etc. a partir de uma economia mais horizontal por parte dos conglomerados midiáticos e da demanda de modelos mais ativos por parte dos espectadores.
Visibilidade do trabalho dos fãs às mídias massivas – ex - fansubbers
Diferentes experiências de fãs
● 1) o fã-colecionador, aquele que coleciona e divide sua
memorabilia (obtém vídeos, gravações raras etc. e as
compartilha nas redes). O colecionador pode se apropriar
de uma determinada materialidade tecnológica e
transformá-la de acordo com seu próprio gosto e
identidade, ou ampliar o repertório de artefatos culturais
em uma ressignificação das práticas de consumo, como
nos aponta David Jennings (2008):●
o fã-produtor, aquele que se torna também parte do cenário produzindo material próprio a partir de suas referências musicais. Nesse contexto de popularização das ferramentas tecnológicas de produção,13 gravação e distribuição da música, a facilidade com que um fã pode migrar para a categoria de produtor é muito grande. No âmbito música eletrônica, é talvez mais facilmente visua lizável a figura do fãprodutor, uma vez que faz parte dessa cultura as práticas dos remixes, dos álbuns white labels (selos brancos) anônimos, dos mashups e do sampling, entre outras. Segundo Souvignier (2003), quando um DJ produz uma música, ela sempre faz parte de uma tradição, de uma cultura social mais ampla, ou seja, do vasto legado de músicas já gravadas pela indústria fonográfica, por meio de seleção, justaposição, modificação e síntese. “Quase todos os sons gravados es tão disponíveis em algum lugar, e as baratas tecnologias de áudio tornam fáceis a apropriação e a modificação dessas gravações
Visibilidade● Observamos, assim, que, para além dos processos de
conexões entre os fãsprodutores e de práticas colaborativas que ampliam o lastro e a divulgação dos artistas de formas distintas das mídias tradicionais e das trocas de capital subcultural, como o proporcionado pelos fanzines, por exemplo, estratégias de construção de identidades mu sicais emergem de forma mais amplificada, atribuindo maior visibilidade aos fãsprodutores, dado o contexto do fim do CD e outras mídias físicas. O que se atenta aqui é para um entrecruzamento das identidades musicais online e offline dos fãs que, a partir das práticas colaborativas nas plataformas de redes sociais voltadas à música, constroemnas como forma de autoapresentação e autopromoção (Hine, 2000), con for me nos aponta a antropóloga Wendy �onarow (2008).
No circuito da produção-circulação-consumo de música na
web, as plataformas My Space e Last.fm são tanto como um
meio de comunicação e transmissão de informações
importantes no contexto dos fãs de música, nos quais as
motivações e marcações conferem a “autoridade” de um
saber simbólico às comunidades digitais; e enquanto um
artefato cultural passível de apropriação em sua própria
materialidade (como indicam o colecionismo e a postagem
de materiais audiovisuais para fins de compartilhamento),
entre outros exemplos.
Last.fm● O Last.fm foi fundado em 2002 na Inglaterra, embora seu lançamento
oficial só tenha acontecido em 2003 e é uma das maiores plataformas sociais de música com mais de 65 milhões de músicas em seu catálogo e 21 milhões de usuários mensais, além de um adicional estimado em 19 milhões de usuários através de aplicativos convergentes com outras plataformas como APIs e widgets (Schäeffer, 2008, p.278). O Last.fm foi uma fusão de duas fontes diferentes que aconteceu em 2005: um mashup entre o plugin audioscrobbler e a plataforma social Last.fm que se transformou no nome oficial da comunidade. Em 30 de maio de 2007, ele foi adquirido pela CBS Interactive pelo valor de 280 milhões de dólares. Atualmente ele está disponível em 12 idiomas
MySpace● Apesar de não funcionar como sistema de recomendação, o
MySpace Music é um dos principais agregadores de artistas/fãs na rede, servindo tanto como plataforma de lançamento de novos artistas, como fonte de informação e de instrumento de divulgação daqueles já consagrados que vêem no site uma possibilidade de relacionamento direto com a base de fãs. A popularidade da plataforma no país– que desde 2007 foi traduzida para o português - é grande no contexto do entretenimento e do acesso.
● Uma prática comum é a do redirecionamento do link das páginas pessoais dos artistas para o perfil. Todavia, analistas do mercado da música como Dubber (2007) não recomendam essa estratégia como eficiente para a divulgação online, uma vez que a promoção multi-plataforma congregaria uma “identidade distribuída” e se torna mais eficiente.
● No âmbito das mídias tradicionais ela é utilizada como fonte para o jornalismo musical, indicando datas de turnês e/ou lançamentos de álbuns.
O design do MySpace é completamente livre e pode ser completamente customizado pelo usuário. Em uma leitura dos perfis de variadas “cenas musicais” é comum percebermos a repetição dos “atores sociais”, como “top friends” (mais amigos) na página inicial. Observam-se algumas práticas de inserção de determinado artista num contexto musical específico. É o caso, por exemplo, da banda Aire' nterre (FIG.5), cujos perfis escolhidos de artistas e fãs dispostos na primeira página (os “top friends”) – portanto a mais acessada – são em sua maioria, de outras bandas e artistas independentes cujos estilos musicais são muito próximos dos gêneros no qual o projeto está inserido.
Assim, algumas estratégias de construção de identidades musicais emergem de forma mais amplificada, atribuindo maior visibilidade aos processos de colecionismo e da constituição de uma base de dados musicais para um determinando fandom - cujo consumo e produção de conteúdo gera uma ampla gama de conhecimentos nas múltiplas mídias (Jenkins, 2006), indicando uma conscientização explícita a respeito de uma audiência segmentada, que retroalimentará as informações nas mais variadas plataformas além do MySpace.
Blip.fm
O Blip.fm é uma plataforma de microblog que permite o compartilhamento de músicas e comentários sobre elas. A idéia do site é uma espécie de “seja você mesmo um DJ de 150 caracteres”. Vários aplicativos têm sido desenvolvidos e o site tem agregado um considerável número de ouvintes nos últimos meses, inclusive brasileiros. Esse crescimento ocorreu muito em função da integração via Twitter.
As interações sociais e a reputação são constituídas através de algumas práticas como a distribuição de “props” - espécie de pontos de parabenização pela escolha da música que um usuário dá ao outro; dos reblips – quando um usuário posta a mesma música de um dos DJs da sua lista; e através do ato de responder diretamente a um usuário utilizando o símbolo @ na frente do nome do usuário. Apesar dessas interações, o layout se mantém fixo e não há possibilidade de personalização do perfil.
O Blip.fm retoma a ideia de DJ "jukebox", funcionando como uma rede de estações de rádios personalizadas a partir do compartilhamento de subjetividades musicais. As recomendações aparecem logo após a postagem da música, indicando que outros usuários da plataforma também compartilharam aquele artista.
Pesquisa Usuários Brasileiros do Last.fm
O primeiro fato que nos chamou atenção diz respeito às dificuldades de se conseguir
dados sobre essa plataforma, principalmente em termos numéricos. Apesar de ser uma plataforma relativamente popular em seu nicho, seu efetivo uso ainda é bastante pequeno se comparado com Facebook,
Myspace, etc.
Outra dificuldade que encontramos é que nem todos os usuários efetivamente utilizam o sistema
de taggeamento, apenas observando as visualizações do "scrobbling" como a
característica mais marcante da plataforma. E isso nos foi apontado extra-questionário, através de mensagens na própria shoutbox do site ou via
emails, msn, etc.
Quanto ao número total de usuários brasileiros, na época de realização da pesquisa (entre janeiro e
fevereiro de 2009) estimava-se que o Brasil possuia aproximadamente 1.600 usuários cadastrados como tal
(não estão contabilizados aqui brasileiros que não marcam a opção do país e/ou moram fora),
correspondendo à 0,8% dos usuários da plataforma, sendo 22o. país no ranking de quem mais utiliza o
sistema. Um dado relevante que foi indicado através da pesquisa é o fato de que muitos usuários comentaram a utilização das tags no idioma inglês, mostrando que os fluxos comunicacionais e inclusive lingüísticos também
perpassam questões relativas a procedência "geográfica" dos gêneros como por exemplo no caso do
"britpop".
O questionário foi respondido por 69 usuários, correspondendo à 4,2%. Apesar de ser uma
amostra relativamente pequena, considerando a especificidade temática do site e a questão
relativa ao uso das tags, acreditamos que ela seja suficiente para dar conta de parte de nossa
problemática inicial cujo interesse era mais de uma primeira imersão nesse contexto do que de
efetivamente realizar um estudo quantitativo.
Gênero:
Feminino21 30%
Masculino48 70%
Há uma predominância de usuários do gênero masculino (70%) contra 30% feminino.
>> Idade:Em extensão vai de 17 à 44 anos sendo a média
em torno dos 25-30 anos.
>> Regiões do país:Sudeste e sul respectivamente dominam, mas
ainda estou trabalhando no mapa com percentuais e com a participação de todas as
regiões. Aguardem.
Obrigada!