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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA PISCICULTURA PISCICULTURA ORNAMENTAL ALEXANDRE R. DA SILVA Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE Lavras – MG 2007

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO)

A DISTÂNCIA PISCICULTURA

PISCICULTURA ORNAMENTAL

ALEXANDRE R. DA SILVA

Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE

Lavras – MG 2007

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Parceria

Universidade Federal de Lavras - UFLA

Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE

Reitor

Antônio Nazareno Guimarães Mendes

Vice-Reitor

Elias Tadeu Fialho

Diretor da Editora

Marco Antônio Rezende Alvarenga

Pró-Reitor de Pós-Graduação

Joel Augusto Muniz

Pró Reitor Adjunto de Pós-Graduação “Lato Sensu”

Marcelo Silva de Oliveira

Coordenadora do curso

Ana Tereza de Mendonça Viveiros

Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE

Luíz Antônio Lima

Editoração

Centro de Editoração/FAEPE

Impressão

Gráfica Universitária/UFLA Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Proce ssos Técnicos da

da Biblioteca Central da UFLA Silva, Alexandre R. da Piscicultura ornamental / Alexandre R. da Silva -- Lavras: UFLA / FAEPE, 2007. 82p.: il. - Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a Distância – PISCICULTURA. Bibliografia. 1. Peixe ornamental. 2. Cultivo. 3. Comercialização. I. Universidade Federal de Lavras. II. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. III. Título. CDD – 639.34

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 7 2 IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES ORN AMENTAIS

CULTIVADAS, COM POTENCIAL COMERCIAL................ ........................................ 9

Família CYPRINIDAE ................................. ...................................................................... 9

a) As carpas coloridas ( Cyprinus carpio) ..................................................................... 9

b) Os Kinguios .................................... .......................................................................... 11

c) Os Paulistinhas................................ ......................................................................... 12

d) O Tanictis ..................................... ............................................................................. 13

e) Os Barbos...................................... ............................................................................ 13

e.1) Barbos ouro ( Barbus schuberti)........................................................................... 14

e.2) Barbos arulius - Barbus (Capoeta) arulius .......................................................... 15

e.3) Barbos cereja - Barbus (Capoeta) titteya e Barbus (Puntius) nigrofasciatus ... 15

e.4) Barbos prateado - Barbus (Barbodes) schwanenfeldii. .................................... 16

e.5) Barbos rosa - Barbus (Puntius) conchonius....................................................... 17

e.6) Barbos sumatrano - Barbus (Capoeta) tetrazona. .............................................. 17

a) As Rásboras.................................... .......................................................................... 18

f.1. Rásbora-arlequim - Rasbora heteromorpha.......................................................... 18

Família POECILIIDAE................................ ..................................................................... 19

Plati - Xiphophorus maculatus. .................................................................................... 20

Espada - Xiphophorus hilleri. ....................................................................................... 21

Molinésia – Poecilia (Mollienesia) latipinna e Poecilia (Mollienesia) velifera. .......... 22

Molinésia – Poecilia (Mollienesia) sphenops............................................................... 22

Guppy ou Lebistes – Poecilia (Lebistes) reticulata. ................................................... 23

Família ANABANTIDAE ................................ ................................................................. 23

Beta ou peixe de briga - Betta splendens .................................................................... 25

Colisa - Colisa lalia. ....................................................................................................... 26

Colisa - Colisa chuna..................................................................................................... 26

Colisa - Colisa labios..................................................................................................... 27

Tricogáster-léri - Trichogaster leeri.............................................................................. 27

Tricogáster - Trichogaster trichopterus....................................................................... 28

Peixe-paraíso - Macropodus opercularis ..................................................................... 28

Beijador - Helostoma temmincki .................................................................................. 29

Família CICHLIDAE .................................. ...................................................................... 29

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Ciclídeos AMERICANOS ............................... ................................................................ 30

Acará-bandeira - Pterophyllum scalare. ...................................................................... 30

Apaiari, Acará-açu ou Oscar - Astronotus ocellatus. ................................................. 31

Acará-disco ( Symphysodon sp.) .................................................................................. 32

1. Symphysodon discus discus.................................................................................... 32

2. Symphysodon aequifasciata aequifasciata ............................................................. 32

2.1. S. aequifasciata axelrodi ........................................................................................ 33

2.2. S. a. haraldi.............................................................................................................. 33

Acará-bererê - Cichlasoma festivum. ........................................................................... 33

Boca-de-fogo - Cichlasoma meeki. .............................................................................. 34

Jack Dempsey - Cichlasoma octofasciatum ............................................................... 34

Ramirezi - Microgeophagus ramirezi. .......................................................................... 35

Ciclídeos AFRICANOS................................ ................................................................... 36

Ciclídeos do lago Nyasa (Malawi)................... .............................................................. 36

Auratus - Melanochromis auratus ................................................................................ 36

Zebra - Pseudotropheus zebra ..................................................................................... 37

Fueleborni - Labeotropheus fuelleborni. ..................................................................... 37

Ciclídeos do lago Tanganyika....................... ................................................................ 38

Lyre tail Lamprologus - Lamprologus brichardi ......................................................... 38

Julidocromis - Julidochromis ornatus......................................................................... 38

Ciclídeos de outras partes da África............... ............................................................. 39

Acará-jóia - Hemichromis bimaculatus. ....................................................................... 39

Boca azul - Pseudocrenilabrus philander.................................................................... 39

Ciclídeos asiáticos................................ ......................................................................... 40

Mexerica - Etroplus maculatus. .................................................................................... 40 3 REPRODUÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS............... ............................................ 41

Família CYPRINIDAE ................................. .................................................................... 41

Carpas coloridas (Nishikigoi) – Cyprinus carpio ........................................................ 41

Kinguio – Carassius auratus......................................................................................... 42

Paulistinha – B. rerio ..................................................................................................... 43

Tanictis – Tanichthys albonubes.................................................................................. 44

Barbos ............................................. ............................................................................... 44

Rásbora-arlequim – Rasbora heteromorpha ............................................................... 45

FAMÍLIA POECILIDAE ................................................................................................... 46

Guppy - Poecilia (Lebistes) reticulata .......................................................................... 46

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Plati – Xiphophorus maculatus e X. variatus .............................................................. 47

FAMÍLIA ANABANTIDAE ............................................................................................... 49

Beta ou peixe de briga - Betta splendens .................................................................... 49

Colisas, tricogásters e paraíso:................... ................................................................. 50

Beijador – Helostoma temmincki.................................................................................. 51

ANEXOS.......................................................................................................................... 54

a-I. As NISHIKIGOIS ............................... ....................................................................... 52

a-II Os KINGUIOS (Carassius auratus) ........................................................................ 53

a-III. D. rerio var. selvagem B. rerio var. véu B. rerio var. ouro-véu................... ..... 55

a-III. D. rerio var. Glo-fish utilizada como indicador de poluente s ........................... 55

a-IV Tanichthys albonubes V Barbus schuberti..................................................... 56

a-VI Barbus (Capoeta) arulius.................................................................................... 56

a-VII.a Barbus (Capoeta) titteya a-VII.b B. (Puntius) nigrofasciatus......................... 56

a-VIII Barbodes schwanenfeldii .................................................................................. 57

a-IX Barbus (Puntius) conchonius ............................................................................. 57

a-X Barbus (Capoeta) tetrazona a-X B. tetrazona var. ouro ................................. 58

a-X B. tetrazona var. albino e verde-garrafa ....................... ....................................... 58

a-XI Rasbora heteromorpha ........................................................................................ 59

a-XII Xiphophorus maculatus var. Mickey Mouse ................................. .................... 59

a-XII Xiphophorus variatus var. véu .......................................... ................................. 60

a-XIII Xiphophorus helleri var. selvagem a-XIV Poecilia velifera ............................. 62

a-XIV Poecilia latipinna: 1. var. dominó véu; 2. var. laranja

3. P. sphenops var. liberty balão. ................................ ................................................. 61

a-XV Poecilia sphenops ............................................................................................... 61

a-XVI Poecilia (Lebistes) reticulata............................................................................. 62

a.XVII.a Betta splendens var. Cambodia crowm tail ......................... ........................ 64

aXVIII.b Betta splendens selvagens ......................................... ................................... 65

a-XVIII.a Colisa lalia var. selvagem a-XVIII.b Colisa lalia var. sangue ................. 63

a-XVIII.c Colisa lalia var. azul a-XIX Colisa chuna................................................. 64

a-XX.a Colisa labiosa var. selvagem a-XX.b C. labiosa var. mel ............................. 64

a-XXI Trichogaster leeri ............................................................................................... 64

a-XXII.a Trichogaster trichopterus ............................................................................. 65

a-XXII.b T. trichopterus sumatranus ........................................................................... 65

a-XXIII Macropodus opercularis ................................................................................. 66

a-XXIV Helostoma temmincki...................................................................................... 66

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a-XXV Pterophyllum scalare ....................................................................................... 67

a-XXVI Astronotus ocellatus ....................................................................................... 67

a-XXVII Symphysodon sp............................................................................................ 68

a-XXVIII Cichlasoma festivum..................................................................................... 68

a-XXIX Cichlasoma meeki ............................................................................................ 69

a-XXX Cichlasoma biocellatum var. selvagem..................................... ..................... 69

a-XXXI Microgeophagus ramirezi var. selvagem..................................... .................. 70

a-XXXII Casal de Pseudotropheus auratus .........................................................................70

a-XXXIII Algumas variedades de Pseudotropheus zebra .......................................... 72

a-XXXIV Labeotropheus fuelleborni ............................................................................ 70

a-XXXV.a Lamprologus Brichardi var. selvagem ..................................... ................. 71

a-XXXV.b L. leleupi ........................................................................................................ 71

a-XXXVI Julidochromis ornatus.................................................................................. 72

a-XXXVII Hemichromis bimaculatus............................................................................ 72

a-XXXVIII Pseudocrenilabrus philander ..................................................................... 72

a-XXXIX.a Etroplus maculatus ..................................................................................... 73

I. Casal de Guppys................................. ........................................................................ 76

II.a - Tanques de criação de guppys ................ ............................................................ 76

II.b- Detalhe da folha de coqueiro com bacia de sep aração de matrizes.................. 76

III.a- Foto monstrando o selecionamento de matrizes .............................................. 77

III.b- Tanques de criação de guppys separados por v ariedades de cor ................... 77

IV- Tanques malaios de reprodução e eclosão de Rasb ora heteromorpha.............. 78

V- Flutuador com ninho de muco e bolhas ............ ..................................................... 78

VI - Foto mostrando um casal de Betas.............. ......................................................... 79

VII - Abraço entre macho e fêmea, repare nos ovos caindo, após a cópula .......... 79

VIII - Detalhe do macho aninhando os ovos......... ...................................................... 80

IX - Detalhe das larvas com o saco vitelínico, nas primeiras 24 horas de vida....... 80

Xa - Tanques de crescimento de Betas, note as "jan gadas" de garragas pet......... 81

Xb - Detalhe das jangadas .......................... .................................................................. 82 BIBLIOGRAFIA....................................... ........................................................................ 81

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1 INTRODUÇÃO

Há milênios os peixes são valorizados por serem fonte de proteínas ou pela sua beleza fascinante. Esses animais são cultivados com a intenção de consumo, desde os primórdios da antiga civilização egípcia, 2500 a.C., quando, provavelmente, se iniciou com a criação de tilápias, uma vez que esses animais são de origem africana. Na China, séc. V a.C. (Galli & Romani, 1988), surgiram os primeiros indícios da piscicultura ornamental, com a introdução de Cyprinus carpio, vinda da antiga Pérsia, com o propósito de abate, mas, devido aos acasalamentos consangüíneos, provavelmente, apareceram às primeiras variedades coloridas. Alguns peixes locais também contribuíram para o desenvolvimento dessa modalidade de piscicultura, como o Macropodus opercularis, o Betta splendens e o Carassius auratus, dentre outros (VIDA NO AQUÁRIO, VOL I, II e III).

No Brasil, esta atividade zootécnica começou a ser estudada por Rodolpho Von Ilhering, no início do século XX, alavancando-se na década de 1970 e atingindo seu ápice no início do século XXI. Segundo Vidal Jr., (2006), o país chegou a exportar mais de 30 milhões de dólares por ano em peixes ornamentais.

A criação de peixes pode se subdividir em três tipos: a piscicultura de abate, a ornamental e a produção de iscas vivas.

Diante da grande procura por várias espécies ornamentais, este tipo de criação vem crescendo e firmando-se como sustento das famílias de pequenos produtores rurais, contribuindo para o aumento da renda familiar.

A piscicultura ornamental vem se destacando, por meio da crescente procura por peixes exóticos, tanto nos grandes centros, como também nas cidades interioranas. A demanda é por animais cada vez melhores, ou seja, com várias tonalidades de cores, formas e tamanhos, tornando-se, por isso, mais atraentes.

Hoje, na maioria das casas, bares, restaurantes e consultórios encontram-se aquários decorativos, com a finalidade de distrair e acalmar as pessoas que ali permanecem. Entretanto, algumas espécies de peixes ornamentais não são

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provenientes da nossa ictiofauna, o que a torna uma atividade que exige alguns cuidados básicos para que não ocorram acidentes, tais como a fuga dos animais criados em cativeiro. Geralmente, estas espécies vêm de outros países ou de outras regiões do Brasil, principalmente da região amazônica, causando algum tipo de impacto ambiental, seja na sua captura (extrativismo) ou, como já descrito anteriormente, na fuga dos tanques para os córregos oriundos das regiões de cultivo (introdução de espécies exóticas).

Observa-se que, nas lojas especializadas, há um acréscimo de pessoas que admiram este hobby, sempre querendo comprar novidades e procurando informações mais detalhadas sobre a biologia dos peixes. O número de animais cultivados e também o dos capturados por meio do extrativismo, das mais variadas regiões, indica que o nosso país é muito favorável para a criação de várias espécies, devido ao seu excelente clima e à abundância de água de boa qualidade. Vê-se que o número de aficionados pela aquariofilia é cada vez maior, fazendo com que o segmento do agronegócio se torne cada vez mais procurado, pelo seu rendimento. Por isso, é necessário o cultivo de peixes ornamentais com técnica apropriada e com o devido cuidado, para não ocasionar problemas ambientais.

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2 IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS

ESPÉCIES DE PEIXES ORNAMENTAIS CULTIVADAS, COM

POTENCIAL COMERCIAL

Partindo do ponto de vista de que todo peixe tem o seu atrativo, ou seja, possui potencial como ornamental, seja em qualquer etapa de sua vida, pode-se enumerar uma infinidade de espécies para esse fim. Entretanto, iremos abordar o estudo de algumas famílias e de animais que são procurados pela maioria dos aquaristas.

Família CYPRINIDAE

Foram os primeiros a serem domesticados. Os representantes dessa família, são, até hoje, os peixes mais conhecidos por todos que, em algum momento de sua vida obtiveram um aquário. São estes as Carpas coloridas ou Nishikigois Cyprinus carpio, os Kinguios (peixe japonês ou peixe dourado) Carassius auratus, os Paulistinhas (Danio rerio), os Tanictis (Tanichthys albonubes), as Rásboras e os Barbos. Destes dois últimos, abordaremos somente algumas espécies, ou seja, os de maior procura no mercado.

a) As Carpas coloridas ( Cyprinus carpio)

As Carpas (carpa-comum) (Cyprinus carpio), foram animais introduzidos na China, por volta do século V a.C., oriundas da antiga Pérsia, atual Irã tendo como objetivo o consumo de carne, entretanto alguns exemplares, com o tempo, começaram a nascer com cores diferenciadas das dos demais peixes, o que chamou a atenção de alguns criadores da época. Então, piscicultores mais sensíveis a essa nova característica começaram a cruzar peixes coloridos entre si, iniciando a piscicultura ornamental.

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As Carpas coloridas tornaram-se animais de estimação, símbolo de nobreza e riqueza. No Japão, a criação das Carpas coloridas iniciou-se, provavelmente, na província de Nigata, passando por melhoramentos genéticos, por meio de cruzamentos selecionados, dando origem às primeiras mutações (higoi, asaqui e bekko), ver anexos I, povoando lagos e tanques em belíssimos jardins sendo denominadas de Nishikigoi ou Nishikikoi (jóias vivas que nadam), existindo, na atualidade, cerca de 200 variedades, símbolos de fertilidade, longevidade e poder, uma vez que esses animais podem viver mais de 70 anos. Segundo o Senhor Haruke Tanabe, um dos maiores criadores desse peixe no Brasil (Piscicultura Piraporanga), da cidade de Suzano, SP, o recorde mundial de vida de uma carpa é de 226 anos.

São peixes onívoros, pois podem comer de tudo, possuem o hábito de ficar revolvendo o barro do fundo e das laterais do tanque, à procura de alimentos, tais como vermes e larvas de insetos. A Carpa é um animal de águas frias reproduzindo-se em tanques com temperaturas entre 20ºC a 25ºC, tolerando uma variação de pH entre 6,5 a 8,0. Entretanto, para que o animal tenha um bom conforto biológico é necessário que o valor do pH seja igual a 7,2. O oxigênio dissolvido (DO) é um fator primordial para o sucesso nas criações ou, mesmo, na manutenção dos peixes, para as carpas o ideal é que atinja valores maiores que 10 ppm, embora resistam bem a concentrações iguais a 6 ppm. Dos peixes, é considerado o mais domesticado, sendo extremamente dócil, o que facilita muito a sua criação.

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Identificação das Principais Espécies de Peixes Orn amentais Cultivadas, com Potencial...

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FIGURA 1 Piscicultura Piraporanga (Suzano-SP)

b) Os Kinguios

Kinguio, peixe japonês ou peixinho dourado são denominações do mesmo peixe, o Carassius auratus, considerado como “primo” das carpas. Enquanto a Carpa foi o peixe mais conhecido para enfeitar jardins, vivendo em belos tanques, os Kinguios foram os mais conhecidos no aquarismo. Também foram domesticados pelos chineses, sendo sua criação datada do século IX. Em meados do ano de 1500,

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foram levados para o Japão, onde se tornaram extremamente populares os que resultaram no surgimento de muitas variedades, tanto nas formas como também nas cores. Assim como as Nishikigois, os Kinguios passaram por muitas seleções genéticas, aprimorando as raças kinbuna, ginbuna, nigorobuna, guengorobuna e nagabuna (COLEÇÃO VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987).

Hoje, muitas variedades de kinguios são completamente diferentes de um peixe comum. Seu corpo sofreu encurtamento da coluna vertebral, comprimindo assim o sistema digestório, ocasionando o aparecimento de uma “barriquinha” simpática, mas acarretando problemas digestivos. Esse aspecto leva o criador a tomar certos cuidados na administração de rações e também na higiene dos tanques.

Podem apresentar também nadadeira caudal com 4 lóbulos, dupla nadadeira anal, ausência da nadadeira dorsal, com ou sem carbúnculos na cabeça ou nas narinas, olhos saltados para fora da órbita, bolhas translúcidas debaixo dos olhos e até olhos voltados para cima, ou seja, para o dorso (anexo II).

Como as carpas, os kinguios também são onívoros, revolvendo o fundo dos tanques, suportando bem as águas frias e reproduzindo-se melhor entre 20ºC a 25ºC. As especificidades da qualidade de água são as mesmas descritas anteriormente, para as Carpas coloridas.

Os tanques deverão ser de água corrente, com pouca ou nenhuma adubação, dependendo da variedade, pois algumas delas, tais como a Cabeça-de-leão, Olho-de-bolha e o Celestial, são bem mais sensíveis à qualidade da água.

Os kinguios possuem uma pré-disposição ao aparecimento de “varizes” nas nadadeiras, principalmente nas peitorais e na caudal, causada, principalmente, por quilodonelose, devido à limpeza ineficiente do tanque, a pouca oxigenação da água (OD) e também ao oferecimento de rações impróprias, que acabam por estressar o peixe.

Podem ser atacados também por um microcrustáceo denominado Argulus sp., causador da argulose, que pode ser combatido com pequenas dosagens de metrifonato, 20 cc/litro de água, em banhos de imersão de apenas 2 minutos, ou usar permanganato de potássio, na dosagem de 1g para 100 litros de água, em banhos de 30 minutos, podendo ser renovado durante 2 ou 3 dias (BOTELHO & ABREU, 1982; PAVANELLI; EIRAS e TAKEMOTO, 1999).

c) Os Paulistinhas

São extremamente conhecidos pela sua graciosidade e rusticidade. Originário da Índia, o Danio rerio é muito utilizado como bioindicador nas experiências ambientais.

De fácil reprodução, esse minúsculo peixe alimenta-se de praticamente tudo, sendo, por isso, onívoro. Existem atualmente as variedades: selvagem, selvagem

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Identificação das Principais Espécies de Peixes Orn amentais Cultivadas, com Potencial...

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véu, ouro e ouro véu (ver anexo III) e a mais recente é um transgênico de cor “pink” fosforescente, desenvolvido para indicar poluentes na água (ver anexo III). De hábito pacífico, é próprio para aquários comunitários; de natação rápida, gostam de passear perto do espelho d’água, à procura de alimentos. Os parâmetros físico-químicos da água para essa espécie de peixes são a temperatura entre 25º a 30ºC, o pH entre 6,8 a 7,2 e água mole, 3ºdH com 50 ppm de CaCO3.

d) O Tanictis

Originário da China, esse pequenino peixe, muito popular entre os aquaristas, torna os aquários graciosos, sendo possuidor de uma lista prateada fosforescente longitudinal, indo da cauda até a cabeça, margeada nos lados por listas azuis cintilantes e indicativas da idade do animal, pois quanto mais azul for à lista, mais novo será o peixe. Possui também uma linda e grande mancha vermelha intensa na cauda, o que o torna especial. Há também uma coloração avermelhada na barbatana dorsal, o que é mais evidenciado nas variedades véu (ver anexo IV).

Gosta de nadar em meio às folhagens em pequenos cardumes, no meio da coluna de água do aquário. De hábito onívoro e temperamento pacífico, comporta-se bem em aquários comunitários, possuindo natação tranqüila.

É um peixe de águas frias, não se adaptando bem em águas acima de 26ºC. Seu pH deve ser ligeiramente ácido, variando entre 6,8 a 7,0 (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987).

Diz à lenda que o nome Tanichthys albonubes foi dado por um naturalista chinês, do condado de Cantão, em homenagem ao seu descobridor, um menino chamado Tan, daí o nome em latim “peixe de Tan da nuvem branca”.

e) Os Barbos

Os Barbus compreendem um grande gênero de peixes distribuídos por regiões subtropicais e tropicais da Europa, Ásia e África (Schiötz e Dahlström, 1977) que, com o seu nadar rápido e colorações brilhantes, embelezam muito o aquário, formando cardumes e percorrendo todos os lugares do tanque.

Na literatura, esses peixes são classificados como pertencentes ao gênero Barbus, sendo catalogados com três subgêneros distintos, os Capoeta, os Barbodes e os Puntius, todos eles classificados conforme a presença ou a ausência de barbilhões nos cantos da boca.

Os Puntius são barbos tropicais que não apresentam tais barbilhões, entretanto, os Capoeta e Barbodes possuem um e dois pares de barbilhões, respectivamente nas extremidades laterais de suas bocas. Estes animais possuem dentes na faringe em vez da mandíbula, o que é um excelente meio para a classificação taxonômica do gênero. O subgênero Barbodes é considerado como o dos maiores barbos

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existentes, podendo atingir 34 cm de comprimento, como, por exemplo, o Barbus (Barbodes) schwanenfeldii, (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977).

Os barbos são peixes que preferem tanques bem plantados, podendo ser usada à espécie Elodea sp., com a finalidade de cultivo. São resistentes a variações de pH e dH, entretanto, preferem águas levemente ácidas (6,8) com dureza leve, 3º a 8º dH com 50 a 150 ppm de CaCO3 diluído.

Alguns barbos podem ser agressivos, não devendo ser criados com outros peixes (sistema de policultivo), são eles: Barbus (Capoeta) tetrazona etrazona, Barbos sumatrano, e suas variedades: Barbos sumatrano garrafa, fantasma, albino, branco, azul e panda; os Barbus (Capoeta) arulius, os Barbus (Puntius) conchonius e suas variedades: Barbo cereja e neon, aparecendo também na variedade véu. Outras espécies, no entanto, não são agressivas: Barbus (Puntius) nigrofasciatus, Barbus (Capoeta) oligolepis, Barbus (Capoeta) titteya, Barbus (Barbodes) schwanenfeldii e uma variedade artificial, o Barbus schuberti (Barbos ouro).

e.1) Barbos ouro ( Barbus schuberti)

Este magnífico peixe surgiu nos aquários de um pesquisador norte americano, por meio de seleções artificiais feitas por Thomas Schubert, do Barbus semifasciolatus, originário do sudeste da China. Cruzamentos entre os dois peixes mostram a facilidade e a viabilidade com que podem nascer alevinos férteis, reforçando a hipótese de selecionamento artificial. Isso faz com que o Barbo ouro não possa ser reconhecido como uma nova espécie, ou seja, B. schuberti não é um nome válido, pela comunidade científica (DAWES, 1987).

Recomenda-se, para o conforto biológico desse animal, água levemente ácida (pH = 6,5 a 6,8), com dureza entre 5º a 8º dH, 50 a 150 ppm de CaCO3 e temperatura entre 26ºC a 27ºC, utilizando plantas como Cabomba sp. e Elodea sp. (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987). São animais onívoros, aceitando bem todo o tipo de alimentos e rações.

É um peixe encontrado facilmente em três “versões”: com nadadeiras avermelhadas, outra com nadadeiras escuras (pretas) e outra com o corpo totalmente amarelo, denominada de Barbos gema. Entretanto, já é comum encontrar, nos tanques de criações, uma nova variedade totalmente branca, derivadas dos Barbos gema.

Por ser um peixe pacífico, deve-se tê-lo em companhia de outros peixes de mesma índole e, por serem tímidos, deve-se colocá-los em cardumes, podendo não se alimentar e morrendo de inanição, caso fique sozinho (ver anexo V).

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e.2) Barbos arulius - Barbus (Capoeta) arulius

Peixe longilíneo, originário do sudeste da Índia, pode chegar a medir os 12cm na forma adulta. Seu corpo é levemente achatado nas laterais, marcado por listas verticais em tons azuis-esverdeados-escuros-cintilantes. Sua pele é bronze-amarelada, com reflexos prateados e avermelhados. Suas nadadeiras caudal e anal possuem tons avermelhados, intensificados nos machos, na época da reprodução. Os machos adultos possuem longos raios enegrecidos na barbatana dorsal.

Da mandíbula superior saem dois barbilhões, relativamente compridos, justificando o subgênero Capoeta. São agressivos, devendo-se colocá-los sempre em cardumes numerosos, evitando o estresse e possíveis mortalidades entre eles.

Os adultos toleram águas mais frias, mas a temperatura ideal está entre 23º a 25ºC. Gostam de águas mais envelhecidas (com pouco tanino dissolvido na água), ligeiramente ácidas (pH = 6,8 a 7,0). Gostam de águas brandas, 3º a 8º dH e 50 a 150 ppm de CaCO3 , com tanques bem plantados, podendo ser usadas plantas, como samambaias Ceratopteris thalictroides, Elodea sp., Cabomba sp.(VIDA NO AQUÁRIO, Vol. III, 1987).

São animais onívoros aceitando, bem todo tipo de alimentação e rações.

(Ver anexo VI).

e.3) Barbos cereja - Barbus (Capoeta) titteya e Barbus (Puntius) nigrofasciatus

Originários do Sri Lanka são espécies muito sociáveis, convivendo bem com outros peixes ornamentais, não ocorrendo problemas de agressão. Gostam de habitar os níveis de meia água e espelhos d’água dos tanques.

Por possuírem dois barbilhões nos cantos da mandíbula, os Barbos cereja são classificados com o subgênero Capoeta, em vez de simplesmente Barbus. Entretanto, os B. nigrofasciatus, não possuem tais barbilhões, levando à denominação de Puntius.

Os machos de B. titteya são esguios e coloridos, com o dorso cereja, o corpo vermelho mesclado de castanho, com o ventre alaranjado. Possuem uma faixa marrom-escura cobrindo-lhe os olhos e indo até a cauda. Acima desta, existe outra faixa dourada cintilante, dividindo em duas partes o dorso e o ventre; ao aproximar-se da cauda ganha uma coloração verde-azulada. Na época da reprodução, os machos tornam-se de cor cereja intenso.

As fêmeas possuem uma coloração menos cintilante, com nadadeiras amareladas, sendo bem maiores que os machos, característica que favorece a maioria dos Cyprinidae.

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Os B. nigrofasciatus machos possuem coloração púrpura, com as nadadeiras negras, o que é intensificado na época do acasalamento, enquanto que as fêmeas são pardacentas. Ambos possuem três listras largas verticais, que descem do dorso em sentido ao ventre (ver anexo VII. b).

As duas espécies de peixes gostam de águas com temperaturas entre os 24º a 26ºC e levemente ácidas (pH = 6,5 a 7,0). Preferem luz tênue, ou seja, suave, pois as duas variedades desses barbos não se adaptam bem a excessos de claridade. Deve-se utilizar o Aguapé (Eichomia crassipes) para resolver esse problema e Elodea sp. ou Cabomba sp., para a sua reprodução.

São animais pequenos, atingindo os 5 cm de comprimento; são onívoros; adaptando-se a qualquer tipo de alimentação.

(Ver anexo VII. a).

e.4) Barbos prateado - Barbus (Barbodes) schwanenfeldii.

Esse peixe é considerado o mais elegante da família Cyprinidae, possuindo o corpo achatado e alto, podendo atingir comprimento de 35 cm, o que o torna o maior de sua família. Originário do sudoeste asiático, em países como Tailândia, Bornéu e Sumatra são considerados uma iguaria.

Sua coloração básica é prateada, chegando a possuir nuanças de amarelo e azul, em condições ideais de conforto biológico. Gosta de águas temperadas (22º a 25ºC), de fluxo lento e um pouco mineralizadas. O pH pode variar de 6,8 a 7, 0, mas este peixe também pode adaptar-se a águas alcalinas (pH = 7,5 no máximo). Entretanto, pH abaixo de 6,6 poderá acarretar opacidade nos olhos do animal, com possível corrosão de nadadeiras e brânquias, por ser mais sensível que os outros de sua família.

Não é conhecido dimorfismo sexual entre eles. Os alevinos possuem nadadeiras transparentes e os adultos as possuem em tons de vermelho-alaranjado, com a ponta da dorsal enegrecida. Possui comportamento pacífico, mas poderá atacar peixes pequenos.

Gosta de tanques plantados e a espécie ideal para o seu cultivo são as Cryptocoryne sp., pois pode comer as plantas de folhas moles. Sendo um animal onívoro, não é exigente em sua alimentação. É um peixe assustadiço e deve-se tomar cuidado, na hora de sua despesca, pois é nessa hora que o piscicultor perde alguns exemplares, por desconhecer as técnicas de captura, “arrastão”. Deve-se usar também em seus tanques telas antipássaros.

(Ver anexo VIII).

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e.5) Barbos rosa - Barbus (Puntius) conchonius

O Barbo rosa habita os rios de águas temperadas e de média profundidade do sudoeste da Ásia, Assam, Bengala e nordeste da Índia. É um peixe razoavelmente agressivo, vivendo, em cardumes, em tanques bem plantados. Pode alcançar até 14 cm de comprimento, não fazendo nenhuma restrição quanto à alimentação, pois é considerado onívoro.

Os machos possuem uma coloração verde-oliva cintilante no dorso e rosa avermelhado no restante do corpo, com as nadadeiras dorsal, pélvica e anal com pontas enegrecidas. As fêmeas, geralmente, são prateadas, podendo atingir a mesma coloração dos machos, porém, de cores menos intensa. Em ambos os sexos aparecem uma mancha preta dos dois lados do corpo, próximo ao pedúnculo caudal (ver anexo IX).

A temperatura deve oscilar entre os 22º a 25ºC, com pH levemente ácido, embora suporte variações (pH = 6,8). A preferência é por águas brandas, 3º a 8º dH e 50 a 150 ppm de CaCO3.

Existem algumas variações do Barbo conchônio. A mais antiga são peixes com nadadeiras longas “véu de noiva”. Entretanto, hoje, são encontrados peixes também com colorações diferentes. O Barbo conchônio cereja, por exemplo, é um barbo totalmente rosa avermelhado, sua fêmea é totalmente amarela e ambos não possuem mais a mancha preta nos flancos. O Barbo néon é muito mais cintilante do que o Barbo conchônio selvagem, possuindo, em seu dorso, uma coloração prateada, formando um conjunto muito harmonioso, entretanto, sua fêmea é totalmente prata, impedindo que os piscicultores consigam vendê-la, acabando por sacrificá-las, o que acarreta muitos transtornos, devido ao custeio de alimentação.

e.6) Barbos sumatrano - Barbus (Capoeta) tetrazona.

Esse é, sem dúvida, o mais famoso de todos os barbos, sendo, por isso, o mais comprado pelos aquaristas e, portanto, o mais criado pelos piscicultores ornamentais.

Existem algumas subespécies desse peixe que, raramente, vem para o Brasil. São eles: C. t. partipentazona e C. pentazona pentazona (SCHIÖTZ e DAHISTRÖM, 1977).

Extremamente agitado, é um peixe agressivo, não devendo ser criado com outros peixes dóceis. É necessário o uso de grandes cardumes para que possam viver bem.

Originário dos rios e lagos de Sumatra, Bornéu e Tailândia, pode atingir o tamanho de 7 cm de comprimento, vivendo a uma temperatura de 23º a 26ºC. A dureza ideal é de 6º dH, 50 a 150 ppm de CaCO3, com pH oscilando entre 6,5 a 7,0. É um animal de características onívoras se alimentando, inclusive, de vegetais com folhas moles. Por isso, é necessário o uso de planta com folhas grossas como as Echinodorus amazonensis, Cryptocoryne cordata e Sagitária latifólia.

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É um animal belíssimo, possuindo, em suas escamas, tons de dourado, com matizes avermelhadas, sendo seu dorso acobreado. Possuem quatro listas transversais de cor verde-escuro-cintilante. Os machos possuem as nadadeiras e o focinho de cor vermelha, intensificando-se na época da procriação.

O Barbo sumatrano também é encontrado com algumas variedades comerciais, como o Barbo verde e o Barbo azul. Ambos fundiram as listas, formando grandes manchas, nas cores verde-escuro e azul-claro, além das variedades Barbo garrafa, panda, albino e o ouro, ou seja, estes dois últimos não possuem listas.

(Ver anexo X).

a) As Rásboras

São peixes extremamente graciosos, de portes pequenos e muito coloridos, sendo os menores representantes da família Cyprinidae. Seu comportamento é bastante dócil, gostando de viver em cardumes. Vivem em lagos pantanosos e riachos com muita vegetação, no sudeste asiático, principalmente Indonésia, Sumatra, Singapura e Tailândia.

Preferem as águas levemente ácidas para neutra e muito brandas, podendo ser brandas, 3º a 8º dH, 50 a 150 ppm de CaCO3, com temperaturas entre 22º a 25ºC.

O representante mais ilustre deste gênero é a Rásbora-arlequim, Rasbora heteromorpha, embora outra espécie como a Rásbora-pintada, Rasbora maculata, também seja muito bem aceita pelos aquaristas ou aquariófilos.

f.1. Rásbora-arlequim - Rasbora heteromorpha.

É um dos mais lindos peixes ornamentais de água doce, considerado, por muitos, como o “mais elegante” entre as rásboras. Seu colorido o torna o mais apreciado, tendo em seu corpo um tom de rosa-prateado, com reflexos cobre e vermelho mais acentuados no dorso. Do pedúnculo caudal até o meio do corpo, forma-se um perfeito triângulo preto-azulado cintilante e suas nadadeiras possuem coloração avermelhada.

De comportamento dócil, é extremamente pacífico e inofensivo, vivendo bem em cardumes, É muito ágil e ativo durante todo o tempo, gostando de nadar na superfície, perto do espelho e também no meio da coluna d’água. Seu tamanho pode atingir os 4,5 cm de comprimento.

A água deve manter-se sempre muito branda (3º dH), 50 ppm de CaCO3 e levemente ácida (pH = 6,8); a temperatura deve oscilar entre os 22º aos 28ºC, sendo bom lembrar que este peixe não tolera águas abaixo dos 16ºC.

O tanque deve ser bem plantado, de preferência com plantas de folhas largas, como a Sagittaria sp. e a Cryptocoryne sp. e o fundo deve ser escuro, para facilitar a reprodução e melhorar o seu conforto biológico, uma vez que este peixe se protege em lugares sombrios.

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Quanto à alimentação, a espécie come de tudo, sendo um onívoro, aceitando bem os alimentos secos ou vivos.

Apesar de as diferenças entre os sexos serem pouco definidas, por meio de uma cuidadosa observação dos exemplares pode-se notar uma “linha” dourada sobre o triângulo preto-azulado, que aparece somente nos machos. As fêmeas possuem as cores menos definidas, ou seja, mais em tons pastéis e, na época da reprodução, apresentam a região ventral mais abaulada.

(Ver anexo XI).

Família POECILIIDAE

Compreende peixes que possuem, como órgão copulador, o gonopódio (nadadeira anal modificada), presente somente nos machos.

FIGURA 2 Gonopódio

São animais ovovivíparos, ou seja, as fêmeas não liberam ovos, mas sim

alevinos já formados (DAWES, 1987; DAMAZIO, 1989; KOHNEN, 1988; SCHIÖTZ & DAHLSTRÖM, 1977; SCHNEIDER, 1978).

Fazem parte desta família os Guppys ou Lebistes Poecilia (Lebistes) reticulata; Espadas Xiphophorus helleri, Molinésias Poecilia (Mollienesia) sphenops, P. (Mollienesia) latipinna, P. (Mollienesia) velifera, Platis Xiphophorus maculatus e X. variatus.

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Ao nascerem, os alevinos machos dessa família não apresentam o gonopódio, confundindo-se com os alevinos fêmeas. Somente com algumas semanas de vida, aproximadamente entre a 4ª e 5ª semana, é que se podem identificar os machos das fêmeas.

O acasalamento desses animais se dá com os machos cortejando as fêmeas de seu “harém”, pois cada macho dos poecilídeos deverá ter, para si, cinco fêmeas (1:5).

Cada espécie de poecilídeos, citada possui outros tipos de dimorfismo sexual, além do órgão copulador aparente, o que abordaremos no estudo específico de cada uma delas.

São peixes de hábitos alimentares pouco exigentes, onívoros, porém, devido à posição de sua boca, capturam com facilidade larvas de mosquitos ou pernilongos.

São de temperamento dócil, podendo ser cultivados em sistema de policultivo. Entretanto, criadores muito exigentes preferem criá-los separadamente, pelo fato de manterem suas características fixadas, isto é, fazem selecionamento fenotípico e até genotípico, com a finalidade de evitar a “degeneração” dos peixes, pois eles possuem grandes quantidades de cores e formas (variedades) que não são encontradas nas formas selvagens.

Plati - Xiphophorus maculatus.

Este é, sem dúvida, o peixe mais recomendado para quem nunca teve contato com a criação de ornamentais e gostaria de iniciar uma. De fácil criação, é um animal dócil, bastante rústico e possuidor de várias tonalidades de coloração.

Como todos os poecilídeos, o Plati libera, de sua cavidade peritoneal, a prole na forma de alevinos. Isso facilita muita a sua criação, pois os filhotes já nascem bastante resistentes, se alimentando bem. Sendo um animal onívoro, aceita bem o alimento artificial.

Bastante popular, o Plati é considerado uma espécie muito importante para o estudo da genética dos peixes, sendo também aproveitado pela medicina no estudo do câncer (Vida no aquário, Vol. II, 1987).

Originário de lagos e lagoas das planícies da costa atlântica do México, de Vera Cruz até Belize, Guatemala e Norte de Honduras (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. II, 1987), prefere as águas quentes, 25º a 30ºC, com pH levemente alcalino (7,0 a 7,4), água semidura, 8º a 17º dH, 150 a 300 ppm de CaCO3, ou dura, 17º a 25º dH, 300 a 450 ppm de CaCO3.

Existe uma outra espécie de Plati muito comum, o X. variatus, que alguns pesquisadores consideram como sendo a mesma. Ele é maior que os exemplares de X. maculatus e suas nadadeiras são propensas a aumentar de tamanho (ver anexo XII).

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Há, ainda, uma terceira e uma quarta espécies, menos conhecidas, a X. xiphidium e a X. couchianus. Os machos da primeira possuem um pequeno prolongamento dos raios inferiores da nadadeira caudal (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

Espada - Xiphophorus hilleri.

Peixe muito criado e apreciado pelos aquaristas. Possuidor de várias cores, o Espada está presente em vários aquários do país.

Originário da costa oriental do sul do México, Guatemala e Honduras (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. II, 1987), este peixe é muito sensível ao frio, sendo arrebatado por doenças, como o Ichthyophthirius multifiliis (Íctio), que pode ser debelado com o uso de azul de metileno na proporção de 5 gotas para cada 10 litros de água, durante 5 dias (Botelho & Abreu, 1982). Por isso, deve-se mantê-los a uma temperatura de 22º a 26ºC, com água semidura (8º a 13ºdH), 150 a 300 ppm de CaCO3 e pH entre 7,2 a 7,4.

A espécie possui mais de uma forma de dimorfismo sexual. Os machos, além de possuírem o gonopódio, órgão de copulação, possuem também um prolongamento na barbatana anal, que lhe confere o nome.

Os machos desenvolvem-se cerca de 10 cm e as fêmeas 12 cm de comprimento, vivendo, aproximadamente, de 2 a 3 anos (SCHIÖTZ & DAHLSTRÖM, 1977; MILLS, 1986; DAWES, 1987; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

Conforme a revista Vida no Aquário, vol. II, 1987, existem 18 mutações de cores nesse peixe, sendo praticamente todas obtidas por meio de cruzamentos entre X. helleri e X. maculatus. Os exemplares selvagens são de cor verde-acinzentado-claro, com a espada verde-azulado e uma listra negra no prolongamento do raio inferior da espada. No corpo aparecem duas faixas longitudinais (uma amarela e outra vermelha), contrastando com a coloração branca que possui no ventre. As nadadeiras ventrais, peitorais e a anal são transparentes, enquanto a barbatana dorsal (apenas nos indivíduos machos) é pintada com pontuações de coloração vinho-avermelhada.

Pode-se também encontrá-los na variedade cauda de lira, cujos animais se apresentam com todas as nadadeiras longas e a caudal com dois prolongamentos, um superior e outro inferior, ou seja, com duas espadas e outra variedade de barbatana dorsal grande, denominada velífera.

São animais onívoros, aceitando bem os alimentos artificiais.

(Ver anexo XIII).

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Molinésia – Poecilia (Mollienesia) latipinna e Poecilia (Mollienesia) velifera.

Originário da costa leste, sudeste e sul dos Estados Unidos, até a costa nordeste e sul do México, península do Yucatan, este peixe habita córregos de águas salobras que deságuam próximo aos litorais. Medem, aproximadamente, 12 cm de comprimento, para as fêmeas e 10 cm nos machos de P. latipinna e 18 cm para as fêmeas e 15 cm nos machos para P. velifera (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977; DAWES, 1987; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I 1987).

Os machos dessas duas espécies de molinésias possuem grandes barbatanas dorsais (ver anexo XIV), que são utilizadas para atrair suas parceiras na hora da cópula. São extremamente parecidas, tendo como diferença constante o número de raios de suas barbatanas dorsais. P. latipinna possui 30 a 40 raios e P. velifera 80 raios (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977).

O tamanho de sua dorsal e de seu corpo cresce conforme o tamanho do tanque em que esses animais se desenvolvem. Devido ao seu hábitat, as molinésias necessitam de 20% de água salgada, misturada em água doce. Esse procedimento faz com que seu desenvolvimento seja satisfatório e que ele produza uma prole mais sadia.

Embora sejam naturais de água salobra, já foram encontradas em água salgada, mostrando que experiências realizadas com essas espécies indicam que seu tamanho também aumenta conforme a salinidade.

Esse gênero prefere as águas com temperaturas entre os 25º a 30ºC e pH levemente alcalino a alcalino (7,2 a 8,3), com dureza entre 8º a 17º (água semidura) e 150 a 300 ppm de CaCO3. São animais onívoros, aceitando bem o alimento artificial. Deve-se, entretanto, adicionar vegetais à dieta.

Molinésia – Poecilia (Mollienesia) sphenops.

Essa outra espécie de molinésia é diferente das outras citadas anteriormente; seu tamanho é menor: 12 cm para as fêmeas e 8 cm para os machos. Não possuem a dorsal grande, 8 a 10 raios e sua barbatana caudal, geralmente, tem as bordas em tons de laranja.

Originário do Texas, costa do México até a Colômbia, esse peixe, em estado selvagem, possui a coloração bastante variada e iridescente. Provavelmente, existem duas variedades descendentes de P. sphenops: Molinésia lira e liberty; esta última possui a barbatana dorsal um pouco mais comprida e com a ponta arredondada (ver anexo XV).

A preferência por qualidade de água e alimentação é a mesma descrita acima para as espécies P. latipinna e P. velifera, inclusive em relação à tolerância pela água salobra.

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Guppy ou Lebistes – Poecilia (Lebistes) reticulata.

Um dos peixes ornamentais mais criados no mundo, o Lebiste é muito utilizado para estudos genéticos por possuir particularidades como a de não existir, entre os machos da espécie, indivíduos exatamente iguais, sendo sempre diferentes uns dos outros. Muitos aquaristas levam a criação desse peixe a níveis elevadíssimos, em que o aperfeiçoamento das raças faz disputar torneios e campeonatos pelo mundo.

Originária das águas doces e pouco salobras de Trinidad, Barbados e países do norte da América do sul, a espécie foi disseminada pelo mundo afora, pois se trata de um excelente larvófago, diminuindo a incidência de doenças como a malária e a dengue.

É encontrado em seu estado natural em córregos ou brejos de água quase estagnada, o que leva esse animal a obter certa rusticidade. Os machos apresentam corpo colorido e nadadeira dorsal e caudal transparentes e curta, possuindo, aproximadamente, 5 cm. As fêmeas são maiores, com aproximadamente 6 cm de comprimento, e corpo em tons de cinza, completamente desprovido de cor.

Devido a cruzamentos selecionados, o Guppy, como é chamado pelos americanos, alcançou destaque entre os aficcionados pela piscicultura ornamental, pois, hoje, o animal possui uma enorme cauda colorida, além de outras características como dorsal grande e colorido corpo maior e mais robusto e de vários tons de cor. As fêmeas também são maiores e com as nadadeiras caudal e dorsal bem maiores que os exemplares selvagens, apresentando cores.

Em países como Brasil, Tailândia, Japão, China, Alemanha, EUA. e Singapura, criam-se guppis com alto padrão genético, cujas cores dos casais selecionados se repetem nas proles, seguidas de padrões de formato de cauda, por exemplo, (ver anexo XVI).

Para sua criação, devem-se utilizar águas com pH próximo ao neutro (6,9 a 7,3), com temperaturas entre 25º a 28ºC e semiduras, 8º a 17º dH, com, aproximadamente, 150 a 300 ppm de CaCO3. É um animal onívoro, aceitando bem o alimento artificial, o que o torna mais popular ainda.

Família ANABANTIDAE

Esses animais são também conhecidos por labirintídeos, apresentando, em sua cabeça, um órgão especial denominado labirintiforme, situado logo atrás dos olhos e acima das brânquias, de onde podem retirar o oxigênio diretamente do ar atmosférico e trocá-lo com o gás-carbônico dissolvido no sangue. Isso os torna um dos peixes mais comercializados, pois não há a necessidade de mantê-los em aquários com aeração, mas sim em potes ou vidros, somente com água.

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FIGURA 3 Detalhe esquematizado do labirinto.

Fazem parte dessa magnífica família os betas (Betta splendens), as colisas (Colisa lalia, C. labiosa, C. fasciata e C. chuna), os tricogásters (Trichogaster leeri, T. trichopterus, T. trichopterus sumatranus, T. pectoralis e T. microlepis; o Peixe-paraíso (Macropodus opercularis) e o Beijador (Helostoma temmincki), entre outros.

São animais possuidores de uma particularidade existente em pouquíssimos peixes: são capazes de construir um ninho de bolhas presas em muco, para incubar seus ovos. A exceção a essa regra é o Beijador, pois esse peixe não faz o ninho de bolhas, sendo seus ovos espalhados a esmo. Porém, eles possuem a capacidade de flutuação e sua coloração é escura, diferenciando-se dos demais peixes de sua família, que os depositam na cor branca.

Entre todos os peixes citados acima, o Beta é, sem dúvida, o mais cobiçado. Por todo o mundo existem clubes especializados fazendo exposições, campeonatos e, em alguns países, como Tailândia, é comum as “rinhas”, com apostas bem altas.

Dessa família, o Beta é o único peixe possuidor de uma alta agressividade, inclusive com as fêmeas, mesmo nas horas de acasalamento, o que faz com que o produtor tome certos cuidados, separando o casal logo após a copulação. Por isso ele é conhecido como “peixe de briga” ou “siamese fighting fish”. Entretanto, ele só é agressivo com os da mesma espécie.

Já os outros animais desta família, como, por exemplo, os tricogásters, podem ser agressivos com outras espécies de peixes, mas não com as suas fêmeas, durante a reprodução, ou, se o forem, pelo menos, demonstram agressividade bem inferior à do Beta.

O dismorfismo sexual nessa família de belos peixes aparece em uma diferença no tamanho das nadadeiras dorsais. O macho as possui bem maiores que as fêmeas, exceto nos beijadores H. temmincki, pois esta é bem discreta.

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Nos betas, as fêmeas possuem todas as nadadeiras menores em relação às barbatanas dos machos (ver anexo XVII. b).

Nas colisas, além do comprimento das dorsais, aparece mais uma diferença no dimorfismo sexual. Os machos são coloridos e as fêmeas não.

Beta ou peixe de briga - Betta splendens

Em seu estado selvagem, o Betta splendens é bem diferente das formas domésticas encontradas nas lojas. Não possuem as cores nem as barbatanas longas e largas, encontradas nos atuais (ver anexos XVII. a e b).

Devido a cruzamentos específicos, o animal chegou ao que é hoje, podendo ser encontrado em algumas variações.

Segundo Damázio (1990), as mais antigas dividem os peixes em duas cores de pele e de brilho; os de fundo claro são denominados Camboja e os de fundo escuro, Melânicos. Quanto ao brilho, podem ser chamados de iridescentes e os não iridescentes.

As variedades mais modernas, quanto o tipo de cauda, são:

cauda-simples

• cauda redonda • cauda-de-véu • cauda delta • cauda-de-combate

cauda-dupla

• cauda-dupla-de-gota • cauda-dupla-de-combate

O formato de cauda redonda é a variedade mais antiga existente na criação dos

betas e uma das mais apreciadas pelos criadores, pois dá harmonia ao peixe. Entretanto, é a mais comum e também a mais próxima da cauda do tipo selvagem, podendo desvalorizar o preço do animal.

A cauda-de-véu é a variedade mais comum existente entre os criadores, aparecendo com muita freqüência nas lojas e muito utilizada pelos criadores como matrizes de reprodutores. Hoje existem mais duas formas, os denominados half moon e os crown tails, das quais o primeiro exemplar é o mais procurado, atingindo bons preços de mercado.

Originário do sul da Ásia, Tailândia, China e Camboja, esse magnífico peixe é criado também para servir como lutador em rinhas, nas quais o perdedor acaba perecendo, devido às mordidas de seu oponente. As apostas são elevadas e o

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vencedor disputa o torneio nacional. Oriundo de pequenos córregos e lagoas marginais prefere temperatura igual à 28ºC, entretanto, suporta oscilações entre 21º até 32ºC, com pH por volta de 7,0 (6,8 a 7,2) e dureza igual a 6,0º dH (MAURUS, 1987; DAMAZIO, 1990; OSTROW, 1995).

É um animal de hábitos carnívoros, porém, em cativeiro, adapta-se bem ao alimento artificial. Sendo um labirintídeo, não necessita de aeradores para a sua manutenção, podendo permanecer em pequenos potes de vidro, utilizados como aquários.

Possui capacidade de regeneração e sua recuperação é extremamente rápida, o que os torna relativamente fáceis de se manterem como ornamentos.

Colisa - Colisa lalia.

Um dos mais populares peixes da família dos anabantídeos é muito bonito. Os machos possuem o corpo listrado de vermelho intercalado com azul claro, ambas as cores iridescentes. Em seu ventre existe uma grande mancha azul-esverdeada, também iridescente (ver anexo XVIII. a). A fêmea possui as mesmas listas, porém, em tons pastéis, quase prateadas.

Outra forma de identificação dos sexos é a barbatana dorsal pontiaguda nos machos e arredondada nas fêmeas.

O gênero é possuidor de dois barbilhões, localizados logo no começo do ventre, após o final da abertura branquial. Este órgão tem por funções o tato, a procura de alimentos, a identificação de objetos e o contato com outros peixes.

Originário da Índia, particularmente Assam e Bengala (Mills, 1986; Dawes, 1987), este peixe mede, aproximadamente, 5 cm de comprimento. Prefere as águas cujo pH encontra-se entre 6,8 a 7,0 e temperaturas iguais a 22º a 28ºC, com dureza branda, 3ºa 7ºdH, 50 a 150 ppm de CaCO3.

É um peixe onívoro, aceitando bem os alimentos artificiais, incluindo em seu cardápio larvas de mosquitos, dáfnias e alguns vermes.

Como outras espécies da mesma família, a C. lalia também possui o labirinto muito pregueado e vascularizado, por onde passa o ar abocanhado na superfície da água e onde é feita a troca de CO2 por oxigênio no sangue (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

Existem, no mercado da aquariofilia, algumas mutações de C. lalia, de cores diferenciadas. As variedades sangue e azul (ver anexos XVIII. b e c).

Colisa - Colisa chuna.

Particularmente essa, é a colisa mais bonita. O macho apresenta cor laranja-avermelhada em tom forte, possuindo uma mancha negra, na região ventral, percorrendo desde a boca, passando pelos olhos e terminando na ponta da

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barbatana anal, com sua nadadeira dorsal colorida de amarelo-ouro (ver anexo XIX). É a menor das colisas, medindo aproximadamente 4,0 cm de comprimento.

Natural do rio Brahmaputra, na Índia (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986), este peixe prefere as águas levemente ácidas para neutras (6,8 a 7,0) com temperatura entre 24º a 30ºC. A dureza da água pode variar entre 3º a 8ºdH, 50 a 150 ppm de CaCO3, mostrando que é um animal rústico (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987).

Sua alimentação é idêntica à de C. lalia. Como a grande maioria dos anabantídeos, a Colisa chuna também possui o órgão denominado labirinto e os barbilhões no início do ventre. Gosta de iluminação intensa, precisando de 12 horas diárias de iluminação.

Colisa - Colisa labiosa.

Uma espécie não tão atrativa como as duas citadas acima, porém, muito difundida aqui no Brasil. É um peixe rústico e maior que os demais, medindo, aproximadamente, 8 cm de comprimento (Schiötz e Dahlström, 1977; Schneider, 1978; Dawes, 1987). Tolera qualquer padrão de água, entretanto, para que o animal atinja o conforto biológico, deve-se mantê-lo em pH neutro, com temperaturas entre 24º a 28ºC e 5ºdH, 100 a 150 ppm de CaCO3.

Existem, hoje, no Brasil, duas variedades comerciais de C. labiosa: a Colisa mel, também conhecida como falsa chuna e a Colisa ouro (ver anexo XX. a e b).

Originária de Burma (Mills, 1980; Dawes, 1987) é um animal onívoro, aceitando muito bem o alimento artificial. Possui os barbilhões ventrais, igualmente a C. lalia e a C. chuna e o órgão cefálico denominado labirinto.

Tricogáster-léri - Trichogaster leeri.

É o mais belo e o menos agressivo dos tricogásters. Possui o corpo todo manchado por pequenas pintas peroladas em fundo pardo, formando um belo mosaico. Por isso, esse peixe é denominado, pelos americanos, de “pearl” ou “mosaic gourami”, e, pelos espanhóis, de “gurami perla”. Este magnífico animal também possui uma listra preta longitudinal saindo da boca, passando pelos olhos e terminando no pedúnculo caudal, do qual sobressai uma mancha de mesma cor. Nos machos adultos, é fácil encontrar na região ventral uma grande mancha vermelho-alaranjado, estendendo-se da mandíbula até o final da barbatana anal (ver anexo XXI).

Como todo anabantídeo, os machos possuem as barbatanas dorsal e anal maiores do que as fêmeas. Os dois possuem as nadadeiras pélvicas transformadas em apêndices tácteis e o órgão cefálico, denominado labirinto, como já citado anteriormente para outros anabantídeos.

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Originário da Tailândia, Sumatra, Bornéu e Malásia, medem, aproximadamente, 11 cm de comprimento (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. I, 1987), prefere as águas mornas, 23º a 30ºC de temperatura e pH entre 6,8 a 7,0. Não há preferência de dureza, entretanto, mantivemos os nossos entre 3º a 5ºdH, com 50 a 100ppm de CaCO3.

Possui hábito onívoro, aceitando bem o alimento artificial.

Tricogáster - Trichogaster trichopterus.

Este é o mais popular e comum deste gênero. É muito agressivo, resistente e de fácil reprodução. Originário da Tailândia, Malásia, Vietnam, Sumatra, Singapura e Bornéu (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1980; Dawes, 1987), este peixe é encontrado na natureza na cor pardo-acinzentado, com alguns reflexos azulados e duas a três pequenas manchas pretas: uma no opérculo, a segunda no meio do corpo e a terceira no pedúnculo caudal (ver anexo XXII. a). Algumas variedades podem não ter nenhuma mancha ou somente a segunda e a terceira, omitindo a primeira. Nos machos, aparece, na barbatana anal, uma coloração avermelhada e a nadadeira dorsal é bem maior no macho, o que não ocorre na fêmea.

Atualmente, são encontradas algumas mutações de cores nesse peixe, como, por exemplo, a variedade ouro, pérola ou branco, azul e mármore, também denominada de Cosby, pelos americanos (ver anexos XXII. a). A variedade azul pode ser encontrada, na literatura, como T. trichopterus sumatranus (ver anexo XXII. b), mas não se sabe se é mesmo uma subespécie ou se é uma mutação promovida pelos piscicultores da Indonésia (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977).

É um peixe onívoro, preferindo as águas levemente ácidas à neutra (6,8 a 7,0), com temperaturas entre os 23º a 28ºC. Não há preferência de dureza, variando entre 3º a 5ºdH, 50 a 100 ppm de CaCO3. Esta espécie pode alcançar 15 cm de comprimento.

Peixe-paraíso - Macropodus opercularis

Igualmente ao Trichogaster trichopterus, o peixe do paraíso é também resistente e de fácil reprodução. Foi um dos primeiros peixes ornamentais a chegar à Europa, em meados de 1869 a 1870, levada pelos chineses (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977; MILLS, 1980).

Originário da China, Coréia, Vietnam e Formosa, mede, aproximadamente, 9 cm. Tolera águas frias, a partir de 15ºC, mas se reproduz entre 20º a 24ºC. Nos países de origem, era encontrado nos arrozais, rizipisciculturas, onde servia para eliminar as pragas que atacavam as plantações (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1980; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. I, 1987), exercendo controle biológico. Entretanto, é um animal de características onívoras e aceita muito bem o alimento artificial.

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Apesar de muitos anos de cultivo, hoje são encontradas duas variedades mutantes: o albino, de difícil reprodução, pois é fotossensível e o azul, possuindo as listas verticais bem mais azuladas que a variedade selvagem (ver anexo XXIII).

É um peixe pouco agressivo. O casal cuida da prole até a formação de alevinos, sem que haja canibalismo entre pais e filhotes desenvolvidos. Possuem o labirinto para retirar o oxigênio diretamente do ar atmosférico e constroem o ninho de bolhas.

A distinção dos sexos é relativamente simples, pois o macho possui as nadadeiras anal, dorsal e caudal maiores do que a fêmea, além de cores nítidas e brilhantes.

Beijador - Helostoma temmincki

É um anabantídeo de porte médio, podendo atingir os 30 cm de comprimento (Schiötz e Dahlström, 1977; Schneider, 1978; Mills, 1980; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. I, 1987), de temperamento relativamente pacífico em relação a outros peixes, mas não com os da mesma espécie.

Originário da Tailândia, Malásia, Indonésia e Bornéu (Schiötz e Dahlström, 1977; Dawes, 1987), este representante dos anabantídeos raramente constrói o ninho de bolhas, desovando a esmo, ficando seus ovos a flutuar no espelho d’água (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987). É um peixe que prefere as águas neutras à levemente alcalinas (7,0 a 7,5), com temperaturas entre 23º a 30ºC.

Seu hábito de “beijar” as pedras do aquário ou o vidro define sua predileção pelas algas que crescem nesses lugares, a fim de comê-las, apesar de ser considerado como um animal onívoro. Entretanto, o “amoroso” ato desta espécie se justifica na maneira pela qual os machos se enfrentam na demarcação de seus territórios e em defesa de seus domínios (ver anexo XXIV).

Família CICHLIDAE

Os Ciclídeos pertencem a uma família rica em números de animais, das quais encontram-se, aproximadamente, 800 espécies na América Tropical e África (STORER et al, 1984). Por isso, são catalogados em dois grandes grupos: os americanos (peixes de origem da América do sul e da América Central) e os africanos. Algumas espécies também podem ser encontradas no sul da Índia, Ceilão e Sri Lanka, todas pertencentes ao gênero Etroplus, não muito difundidas, pois não possuem cores atrativas (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977).

Taxonomicamente, os ciclídeos são próximos aos percilídeos, dos quais podem distinguir-se, entre outras características, por apresentarem um forame nasal a cada lado da cabeça (SCHIÖTZ e DAHLSTRÖM, 1977). Geralmente, esses animais possuem hábito agressivo, característica de peixes territorialistas, que protegem a prole, protegendo também os ovos; alguns o fazem dentro de suas bocas. Outras

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espécies chegam a atacar e afugentar outros animais de grande porte que tentem se aproximar dos ninhos, possuindo também uma grande variedade de métodos de reprodução. Essas características, entre muitas, são um dos grandes atrativos para que os ciclídeos se tornem uma das famílias mais procuradas pelos piscicultores (Greger, 2005). São animais muito coloridos e resistentes, depositando ovos grandes, formando alevinos de maiores dimensões, facilitando a larvicultura na hora da ingestão de alimentos artificiais. Entretanto, existem ciclídeos que, ao contrário dos demais, são peixes frágeis, tímidos, desovando ovos pequenos e desenvolvendo larvas muito sensíveis. Como exemplo pode-se citar o Acará-disco (Symphysodon sp.), originário da bacia do rio Amazonas, conhecido mundialmente como o “Rei do aquário”.

Estes animais são geralmente onívoros, mas também podem apresentar hábitos herbívoros (macrófitas, macro e microalgas) e carnívoros (larvófagos, insetívoros, malacófagos, piscívoros, zooplanctófagos).

Os ciclídeos americanos geralmente preferem as águas com pH levemente ácido (pH = 6,6 a 6,8) e aproximadamente 3ºdH, os ciclídeos africanos, pH alcalino (pH = 8,0 a 8,5), com 8º a 17ºdH, 150 a 300 ppm de CaCO3, o Etroplus maculatus (mexerica), único representante asiático no aquarismo, prefere pH entre 7,0 a 7,5 e também água semidura, como os representantes africanos.

Ciclídeos AMERICANOS

Acará-bandeira - Pterophyllum scalare.

Considerado o “príncipe do aquário”, este ciclídeo é difundido no mundo todo. Originário da bacia do rio Amazonas, possui formato muito exótico, sendo, por isso, extremamente conhecido e apelidado pelos americanos de “angelfish” (ver anexo XXV).

Em seu hábitat, o Acará-bandeira, prefere águas não muito profundas, calmas e ricas em vegetação de várzea, os igarapés. Ao contrário dos demais ciclídeos, o Bandeira não é muito agressivo com os demais peixes, podendo socializar-se com outras espécies. A agressividade e a territorialidade manifestam-se, principalmente, na época da reprodução, quando protegem os ninhos e os filhotes com grande ferocidade, podendo atacar peixes bem maiores do que eles. Esses peixes desovam ovos adesivos, presos ao substrato muito bem limpos pelo casal, onde tomam conta destes até os alevinos começarem a nadar sozinhos, longe da companhia dos pais.

Existe, no mercado aquarístico, uma grande variedade de cores do Acará-bandeira, tais como: marmorato, siamês, palhaço, negro, albino, ouro e outras. Todas as variedades também podem ser encontradas com escamas em forma de pérolas e com véu de noiva, ou seja, com as barbatanas extremamente longas.

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Existe uma outra espécie de Bandeira, o P. altum que, embora seja um peixe brasileiro proveniente de extrativismo, não é muito difundida no mercado nacional. Todos os animais capturados são exportados.

A criação dos Acarás-bandeira em tanques é uma excelente opção, pois eles podem chegar a possuir uma vida fértil até os 7 anos, sob condições adequadas tais, como, temperaturas entre 25º a 28ºC, pH = 6,8 a 7,0 e dureza 3ºdH, 50 ppm de CaCO3.

Apaiari, Acará-açu ou Oscar - Astronotus ocellatus.

É um dos maiores ciclídeos do Brasil e do mundo, habitando igarapés da bacia do rio Amazonas. Muito apreciado pelos aquaristas, é capaz de reconhecer seu dono, buscando comida na superfície da água, chegando, mesmo, a pular para fora do aquário e apanhá-la das mãos de seu tratador. Permite até que se façam carícias em seu dorso. Por isso, passou a ser mascote em apartamentos onde não se permitem cães, gatos ou aves.

Espécie tropical de água doce, sua coloração é escura, com belos desenhos em mosaico, quando jovem. Conforme vai crescendo, adquire manchas claras e escuras, em tons verde-acinzentado e laranja. Na nadadeira caudal existe um “ocelo”, mancha circular escura, circundada por um laranja cintilante. O colorido de seu corpo aumenta e diminui de intensidade, conforme o ambiente. Suas nadadeiras, bastante desenvolvidas, dão ao peixe a forma de um dirigível, quase um disco.

Segundo Machado (1981), o Apaiari tem crescimento precoce, chegando a atingir, aproximadamente, 1,5 kg de peso; a carne do peixe adulto é farta e saborosa, quase sem espinhos. Isso os torna peixes de dupla aptidão, pois servem tanto para o abate, mas também são ornamentais.

É um peixe pouco exigente, exceto quanto à temperatura, que deve oscilar entre 21º a 26ºC, o pH = 6,5 a 6,8 em água mole (3ºdH) e 50 ppm de CaCO3. Considerado onívoro, pode ser alimentado com alimentos artificiais, porém, na sua criação, não pode faltar, principalmente, o zooplâncton, para os alevinos. Três ou quatro dias após a desova, as larvas já absorveram o conteúdo do saco vitelínico e passam a alimentar-se exclusivamente de microplâncton. Depois de 15 dias, já se alimentam de cladóceros e copépodas (MACHADO, 1981).

Os adultos devem ter à disposição peixes de pequeno porte para a captura, pois essa prática exercita os peixes, fazendo com que o Apaiari não perca a vitalidade, nem a saúde.

Como peixes ornamentais foram levados para os Estados Unidos onde, por meio de acasalamentos genéticos dirigidos, obtiveram variedades diferenciadas, tais como: tigre, bronze, vermelho, rubino, albino, tigre albino, bronze albino e negro, todos também com barbatanas em véu (ver anexo XXVI).

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Acará-disco ( Symphysodon sp.)

Este ciclídeo não poderia ser chamado de outro nome, já que seu corpo tem realmente a aparência de um disco, ou seja, de formato circular (ver anexo XXVII), medindo cerca de 20 cm de comprimento por apenas 2 a 3 cm de largura.

Nativo dos igarapés da região amazônica, o Acará-disco pode ser criado em cativeiro, porém, por se tratar de uma espécie bastante delicada, temperamental e intolerante a qualquer forma de poluição, o sucesso na criação irá depender, fundamentalmente, de que o piscicultor conheça seus hábitos, comportamentos e exigências. Esse peixe não se deve cultivar em tanques escavados, mas sim em aquários com água extremamente filtrada.

O Disco deve ser mantido com exemplares do mesmo gênero, pois, se colocado com outros peixes de características agressivas ou agitados, se assustariam com facilidade e peixes mais destemidos o intimidariam. Dessa forma, ele deixaria de se alimentar, ficando assim mais facilmente exposto às doenças. O Néon, a Corridora, o Rodóstomos e o Cascudo são exemplares que convivem em perfeita harmonia com o Acará-disco, podendo habitar o mesmo espaço.

Por ser uma espécie tropical de água doce, deve-se manter a temperatura do aquário entre 28º a 30ºC, com pH = 6,8 e água mole com dH = 3º, 50 ppm de CaCO3. O ambiente necessitará de filtração contínua, com boa aeração, sem contaminação de gases tóxicos, como por exemplo, fumaça de cigarro. Deve-se manter o aquário sempre equilibrado, com renovação constante de 20% de água “descansada”.

O gênero Symphysodon constitui um pequeno grupo formado por duas espécies, que são descritas a seguir.

1. Symphysodon discus discus

Também conhecida como Disco de Heckel. Encontrada no rio Negro, ao norte de Manaus e rio Cupai, Brasil. Possui, aproximadamente, 20 cm, caracterizada por apresentar raios horizontais, ondulados de cor azul suave sobre um fundo pardo amarronzado, indo de um extremo ao outro do corpo longitudinalmente. Outra diferenciação é a presença de três grossas faixas verticais no corpo, que aparecem quando o peixe está irritado ou com medo. Uma faixa se posiciona passando pelos olhos, outra passando pelo meio do corpo e outra passando pelo pedúnculo caudal. Existe ainda uma subespécie denominada de S. discus willischartzi, conhecida como Disco de Heckel vermelho, que habita o mesmo nicho de S. discus sendo, portanto, simpátricas.

2. Symphysodon aequifasciata

Também conhecida como Disco verde, é encontrada no Amazonas, região de Santarém, Brasil. Possui aproximadamente 15 cm, com raios horizontais ondulados

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de cor azul-esverdeado que, normalmente, desaparecem na região central do corpo, sobre um fundo escuro, verde-acinzentado e pardacento. Possui nove faixas finas verticais, indo da cabeça ao pedúnculo caudal, que aparecem conforme o peixe se irrite ou fique com medo.

2.1. S. aequifasciata axelrodi

Conhecidos como Disco marrom, habitam lagos marginais do rio Amazonas e rio Urubu, Brasil. Possuem 14 cm de comprimento com poucos raios azuis-claros horizontais, limitando-se praticamente à região da cabeça. Seu corpo é pardo-escuro, possuindo também as nove faixas escuras verticais que vão da cabeça ao pedúnculo caudal.

2.2. S. a. haraldi

Conhecido como Disco azul, é proveniente da bacia do rio Amazonas, possuindo 12 cm, com raios ondulantes em tons de azul “forte”, desaparecendo no meio do corpo. Também possui as nove faixas escuras verticais no corpo, indo da cabeça ao pedúnculo caudal, aparecendo caso o peixe fique irritado. É responsável pela maioria das mutações existentes no mercado da aquariofilia.

Acará-bererê - Cichlasoma festivum.

Este excelente peixe possui comportamento pacífico e é de fácil convivência com outras espécies, o que o torna bem aceito pela comunidade aquariófila. É um animal que se assemelha ao Acará-bandeira, possuindo uma faixa negra e oblíqua que começa na boca, passa pelos olhos e termina na ponta da nadadeira dorsal. De acordo com o seu estado emocional, podem aparecer faixas verticais pelos flancos. Apresenta também uma mancha circular escura sobre a base do pedúnculo caudal, na porção distal (ver anexo XXVIII).

É um animal onívoro, não existindo diferenças de coloração entre os sexos, sendo muito variável de um exemplar para outro. No entanto, são encontrados, normalmente, entre o amarelo-esverdeado e o verde-oliva. Porém, na época da desova, a fêmea apresenta a papila genital mais larga e bem mais visível, enquanto que a do macho é diminuta e em forma de um ponto. Além disso, possui as nadadeiras mais longas do que as da fêmea.

O peixe chega a atingir 15 cm em cativeiro, podendo alcançar um pouco mais no estado selvagem. Este ciclídeo é encontrado nos igarapés e lagoas da região da bacia amazônica e nas Guianas. Prefere o pH entre 6,4 a 6,8 e temperatura de 20º a 25ºC, com pouca dureza, dH = 3º, 50 ppm de CaCO3.

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Boca-de-fogo - Cichlasoma meeki.

Distribuído por toda América Central, este ciclídeo de 20 cm é originário dos rios do Yucatan, no México. Possuidor de uma coloração bastante vistosa apresenta tons cinza-azulado, com reflexos violeta. Uma faixa lateral preta apresenta-se longitudinalmente em ambos os lados, terminando em uma mancha de mesma cor, no pedúnculo caudal. Um vermelho intenso recobre toda a parte inferior do peixe, indo desde a mandíbula e garganta até o ventre. A cabeça é proporcionalmente grande em relação ao tamanho do corpo e a região anterior do crânio é ligeiramente côncava. Com exceção das barbatanas peitorais, que são transparentes, as extremidades das nadadeiras caudal e anal são rajadas de preto, enquanto a dorsal é pigmentada de vermelho-amarronzada sobre os raios e o tecido entre eles é marcado por pontos verde-azulados. É um excelente animal para ser criado em tanques escavados de porte pequeno, com vegetação submersa.

A temperatura para que o peixe possa se desenvolver normalmente é entre 20º a 25ºC e o pH deverá estar próximo ao neutro (pH = 6,8 a 7,0). Sendo um animal onívoro, aceita bem os alimentos artificiais, não dispensando insetos noturnos e microcrustáceos.

Ao contrário da maioria dos ciclídeos, o boca-de-fogo não é muito agressivo, porém, na época da reprodução, torna-se extremamente territorialista, sua coloração torna-se mais intensa, principalmente o vermelho de sua mandíbula e os olhos refletem uma cor cintilante, quase luminosa (ver anexo XXIX). Forma seus ninhos escavando o fundo dos tanques em buracos redondos, onde guarda seus filhotes, com muita agressividade.

Os sexos são bem diferenciados. As nadadeiras dos machos são mais afiladas e pontuadas e a dorsal é bem maior do que as das fêmeas.

Jack Dempsey - Cichlasoma octofasciatum

Erroneamente, este ciclídeos são denominados de C. biocellatum (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987), sendo um dos mais agressivos de sua família. O nome popular de Jack Dempsey é uma homenagem a um antigo pugilista que nocauteava seus adversários logo no primeiro round.

Natural de rios da América Central e América do Norte, o Jack Dempsey exige muito espaço, não devendo ser criado em tanques pequenos e nem com muitos peixes/m². É um peixe rápido e ágil, devendo estar em tanques com abrigos contra a luz, com plantas flutuantes. Entre outras coisas, o C. octofasciatum é capaz de surpreender seu tratador com seu comportamento instável, pois, apesar de ser agitado, muitas vezes, ele pode ficar completamente parado no espelho ou na coluna d’água ou, mesmo, no fundo do tanque, em uma total inércia. No entanto, isso não é nenhum sintoma de doença, como muitos chegam a pensar; o animal está apenas

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descansando e observado seu território visualmente e também com os sentidos da linha lateral.

Peixe tropical, C. octofasciatum exige uma temperatura entre 20º e 25ºC, com pH levemente ácido entre 6,8 a 7,0 e dH = 3º, 50 ppm de CaCO3.

A coloração básica é marrom-acinzentada ou avermelhada, mais clara no dorso e com listras verticais que desaparecem nos peixes mais velhos. Em cada escama há um ponto brilhante azulado ou esverdeado, realçando com sua pele de coloração escura. Uma linha longitudinal escura cobre as laterais, dos opérculos ao centro, terminando numa mancha preta (ver anexo XXX). Existe também uma variedade melhorada de Jack Dempsey, em que o peixe possui uma coloração azul cintilante intensa, alcançando preços melhores no comércio da aquariofilia.

Como a maioria dos ciclídeos, a nadadeira dorsal do macho é pontiaguda e a da fêmea é arredondada; ela é de coloração menos intensa, possuindo a mandíbula com várias pequenas manchas. É um peixe onívoro, aceitando bem o alimento artificial.

Ramirezi - Microgeophagus ramirezi.

Um dos mais belos ciclídeos “anões” mede, aproximadamente, 5 cm de comprimento. É possuidor de uma mistura de cores iridescentes, a boca é vermelho-alaranjada e a cabeça e o opérculo recobertos por manchas azuis. Suas escamas também são azuis, possuindo uma mancha negra no meio de seu corpo (ver anexo XXXI). Os primeiros raios da barbatana dorsal são também negros, onde se tem o dimorfismo sexual entre machos e fêmeas. Para diferenciar os sexos, deve-se observar o 2º e o 3º raios da nadadeira dorsal dos exemplares; nos machos, eles são bem maiores em relação aos das fêmeas.

Existe, no mercado da aquariofilia, a variedade de ramirezi ouro, cujo peixe é todo amarelo, com a cabeça vermelho-alaranjada.

Originário dos rios da Venezuela, este peixe prefere águas com pH em torno de 6,8 a 7, 0, sendo levemente ácida e temperatura entre 22º a 26ºC. Ao contrário dos demais ciclídeos americanos, este prefere águas semiduras (10ºdH), 150 a 200 ppm de CaCO3, com muitas plantas enraizadas no fundo do tanque para que possam esconder-se ou desovarem. Em seu hábitat, o macho determina um território, onde lidera um cardume de fêmeas (VIDA NO AQUÁRIO, Vol.II, 1987).

É um animal dócil e tímido, não aceitando qualquer tipo de alimentação, preferindo os alimentos naturais, principalmente os de origem zooplanctônica. As rações artificiais devem, por isso, ser ministradas somente como complementação. Esse fator faz com que os ramirezis adquiram inflamações intestinais, por não se alimentarem direito, fazendo com que venham a definhar e morrer.

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Ciclídeos AFRICANOS

Os ciclídeos africanos são, em sua grande maioria, mais coloridos que seus primos americanos, possuindo cores iridescentes e muito chamativas. Geralmente, são catalogados em três grandes grupos: os originários do lago Nyasa (Malawi), os do lago Tanganyika e outros poucos ciclídeos vindos de outras regiões africanas. São bastante agressivos e, diferentemente dos demais, preferem águas alcalinas e duras. Geralmente são onívoros, tolerando bem as rações artificiais. Sua taxonomia é complexa, uma vez que muitas espécies se assemelham entre si, dificultando a sua identificação. Podem ser criados em tanques escavados em sistema de policultivo, mas nunca misturados com outras famílias, pois nem os ciclídeos americanos, que são bem agressivos, toleram tal agressividade. As fêmeas são separadas quando detectadas por meio de despescas seletivas, pois incubam os ovos dentro da boca. Essa característica de reprodução é oriunda dos representantes dos peixes do lago Malawi, mais um dos grandes atrativos que fazem com que muitos aquariófilos escolham esses peixes para o cultivo e que também aumenta a procura por eles em lojas especializadas.

Ciclídeos do lago Nyasa (Malawi)

Auratus - Melanochromis auratus

Um dos mais conhecidos ciclídeos africanos é dotado de faixas longitudinais amarelas, negras e brancas, indo da cabeça à cauda. Extremamente agressivo este peixe está entre os mais procurados no mundo da aquariofilia. Mede, quando adulto, de 10 a 13 cm de comprimento.

O Auratus macho sofre grande modificação em suas cores, conforme o desenvolvimento. Os exemplares jovens são amarelos e com duas finas listras horizontais pretas na parte central e superior do corpo. Quando atingem a maturidade, as cores dos exemplares machos se alteram, ficando praticamente invertidas: seu corpo torna-se preto, com grossas listras horizontais amarelas (ver anexo XXXII). As fêmeas possuem a coloração de filhotes (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987).

Alguns machos secundários, ou jovens, adotam a coloração das fêmeas, para não serem agredidos pelos machos dominantes.

Como a maioria dos ciclídeos africanos, o Auratus também choca seus ovos na boca. Os machos possuem, em sua nadadeira anal, manchas amareladas, imitando os ovos que as fêmeas incubam na boca. Este aspecto está relacionado ao ato de fecundação, pois o macho, não tendo tempo de fecundar os ovos, antes que sua parceira os coloque dentro da boca, utiliza este artifício para que a fêmea, iludida com as manchas, tente abocanhá-las; nessa hora, o macho solta um esguicho de sêmen, para poder fecundá-los.

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São peixes onívoros, aceitando bem a ração artificial. Preferem os tanques de terra, pois constroem ninhos escavando o fundo do tanque. Toleram águas com temperaturas entre 22º a 27ºC, com pH alcalino (7,4 a 7,8) e 6ºdH, 300 ppm de CaCO3.

Zebra - Pseudotropheus zebra.

Um dos maiores ciclídeos encontrados no lago Nyasa, mede, aproximadamente, 16 cm de comprimento. É um peixe extremamente agressivo, possuindo muitas, mas também belas variedades. Por isso, é muito comum que se confundam os Zebras com outras espécies. Geralmente, são encontrados em tons de azul médio, com listras negras, mas também encontra-se nas cores branca, amarela, laranja, vermelho-alaranjado, azul mesclado com amarelo, amarelo com manchas pretas, prateados e outros (ver anexo XXXIII).

O P. zebra deve ser mantido em águas alcalinas (7,5 a 8,5) com 7ºdH, aproximadamente 150 ppm de CaCO3 e temperatura variando entre 25º a 30ºC. Na natureza, este animal habita os locais onde há predominância de rochas, recobertas por algas, que servem de alimento. Entretanto, é um peixe onívoro, aceitando muito bem a alimentação artificial.

Como quase todos os ciclídeos do Nyasa, os Zebras também possuem manchas amareladas imitando ovos em sua barbatana anal, para que as fêmeas possam confundir-se, exatamente como M. auratus, e possam dar continuação ao ato de fecundação.

Para a reprodução, utilizam-se tanques escavados de fundo areno-argiloso, para que os casais possam construir o ninho, em forma de bacia.

Fueleborni - Labeotropheus fuelleborni.

Muito confundido com o P. zebra, esta espécie possui um lábio superior grosso e dentes finos, em forma de “formão”. Essa característica se deve ao hábito de comer as espessas capas de algas que crescem sobre as rochas do lago Nyasa, juntamente com os microcrustáceos e larvas de quironomídeos, vivendo presas a elas (Schiötz e Dahlström, 1977).

Os machos se apresentam somente nas cores azuis com listras transversais mais escuras, possuindo também manchas em forma de ovos na barbatana anal (ver anexo XXXIV); as fêmeas são de cor amarelo-alaranjado, mescladas de preto.

A qualidade da água é a mesma encontrada para a criação do P. zebra e utiliza-se o mesmo tipo de tanque para a sua reprodução.

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Ciclídeos do lago Tanganyika

Lyre tail Lamprologus - Lamprologus brichardi.

Considerado como um ciclídeo raro, é muito procurado pelos admiradores dessa família de peixes. Possuidor de uma beleza incomum, o L. brichardi tem o corpo alongado terminando em uma longa cauda, com duas pontas em forma de lira (ver anexo XXXV. a).

Tem em sua coloração tons de areia, quase translúcidos, com nadadeiras de bordas brancas. Possui uma mácula escura logo atrás dos olhos, que são azuis iridescentes. Em seu opérculo, apresenta-se uma outra mancha negra bordejada de azul claro e, logo acima desta, uma pinta amarelo-ouro.

É um peixe onívoro, aceitando bem os alimentos artificiais, porém, devem-se fornecer também alimentos vivos, como Artemia salina.

Seu comportamento é agressivo e territorialista, podendo atingir os 10 cm. Preferem as águas alcalinas, pH entre 7,4 a 8, 0, com temperaturas variando de 23º a 28ºC e 7ºdH, aproximadamente 150 ppm de CaCO3.

Não é fácil distinguir os sexos, porém, o macho apresenta as nadadeiras dorsal e anal ligeiramente mais afiladas nas extremidades (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. III, 1987).

Os L. brichardi e os L. leleupi (ver anexo XXXV. b) desovam na superfície de pedras lisas e limpas pelo casal, sendo denominados de petrícolas. Outras espécies, como os L. tetracanthus, desovam em depressões escavadas no solo, portanto, são denominados de arenícolas e o L. ornatipinnis desova dentro de conchas, ostracófilos (DAWES, 1987).

Julidocromis - Julidochromis ornatus.

Por ser um gênero de ciclídeos diferente dos demais, o Julidocromis é muito procurado pelos aquaristas, que têm por esse peixe grande predileção. Embora seja um animal bem agressivo, se destacam em um aquário comunitário de ciclídeos africanos pela suas cores e forma (ver XXXVI).

A espécie tem como coloração básica o amarelo-dourado, existindo três faixas escuras longitudinais atravessando o corpo, indo da boca até o pedúnculo caudal, que termina em uma mancha de mesma cor. Todas as barbatanas são amarelas, sendo que as extremidades da dorsal, anal e caudal apresentam-se mais escuras, com reflexos azuis.

O peixe mostra preferência por águas ligeiramente alcalinas, com pH = 7,2, dura (17º a 25ºdH), 300 a 450 ppm de CaCO3 e com a temperatura entre 22º a 25ºC (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. II, 1987).

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Identificação das Principais Espécies de Peixes Orn amentais Cultivadas, com Potencial...

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Não é uma espécie grande, podendo atingir 10 cm de comprimento. Deve ser criada em tanques escavados, pois gosta de escavar o fundo para poder desovar, ficando de guarda, vigiando a prole contra o ataque de predadores. São onívoros, aceitando bem os alimentos artificiais.

Existem outras espécies de Julidocromis. As mais importadas são: J. transcriptus (julidocromis mascarada) e J. marlieri (Marlier’s julie).

Ciclídeos de outras partes da África

Acará-jóia - Hemichromis bimaculatus.

Peixe originário do Norte da África Tropical, rios Nilo, Níger e Zaire e seus afluentes. Mede aproximadamente 15 cm (Schiötz e Dahlström, 1977; Vida no aquário, Vol. II, 1987), é extremamente agressivo, principalmente quando está desovando ou com a prole. De fácil reprodução, necessita de tanque escavado para a sua reprodução, escavando o fundo para fazer o ninho.

De extrema beleza, possui a coloração vermelha intensa ou vermelho-pardo, com escamas cintilantes em azul e verde. Possui duas manchas negras, uma no meio do corpo e a outra na parte superior do opérculo (ver anexo XXXVII).

Sua preferência de água é neutra a levemente alcalina, pH = 7,0 a 7,2 com temperatura entre 22º a 26ºC e semidura, 8º a 17ºdH, 150 a 300 ppm de CaCO3 (Vida no aquário, Vol. III, 1987). É um animal onívoro, aceitando bem a alimentação artificial.

Esta espécie foi freqüentemente usada em testes de laboratório, para avaliar o intelecto dos peixes (Mills, 1986).

Boca azul - Pseudocrenilabrus philander.

Peixe originário do sudoeste africano (Dawes, 1987), é de fácil reprodução, necessitando, para isso, de tanques escavados. Onívoro, aceita bem o alimento artificial. Sua predileção é pela água levemente alcalina, pH = 7,0 a 7,2 e temperaturas entre 20º a 25ºC. Atinge, aproximadamente, 11 cm de comprimento (DAWES, 1987).

O boca-azul possui uma coloração verde-amarelado cintilante, com as barbatanas estriadas em azul celeste. Na barbatana anal aparecem, nos machos, manchas alaranjadas intensas, que iludem as fêmeas na hora da desova, como descrito para as espécies provenientes do lago Nyasa.

Seu nome deriva de sua boca extremamente azul iridescente (ver anexo XXXVIII).

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Ciclídeos asiáticos

Mexerica - Etroplus maculatus.

Todos os ciclídeos asiáticos pertencem ao gênero Etroplus (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986). Originário da Índia e Sri Lanka (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. III, 1987), este peixe possui, aproximadamente, 10 cm de comprimento, preferindo as águas levemente alcalinas, pH = 7,0 a 7, 2, com temperaturas entre 21º a 27ºC e ligeiramente salobra. (uma colher de chá rasa de sal grosso para cada litro de água, ou 5% do volume do tanque) (Schiötz e Dahlström, 1977; Mills, 1986; Dawes, 1987; Vida no aquário, Vol. III, 1987).

É um peixe de temperamento pacífico, menos quando está desovando ou com sua prole, preferindo os tanques escavados com o fundo plantado com Elodea sp., para poder proteger a ninhada. É onívoro, aceitando bem o alimento artificial.

Sua cor é verde-alaranjada, com pontuações no corpo em laranja-avermelhado. Possui, no opérculo, listras azul-esverdeadas iridescentes. No meio de seu corpo aparece uma mancha escura e, nos flancos, podem surgir manchas negras, principalmente na época da reprodução (ver anexo XXXIX. a).

Existem, atualmente, as variedades laranja e amarela, nas quais o animal possui estas cores em praticamente 80% do corpo (ver anexos XXXIX.b e c).

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3 REPRODUÇÃO DE PEIXES

ORNAMENTAIS

FAMÍLIA CYPRINIDAE

Carpas coloridas (Nishikigoi) – Cyprinus carpio

Considerado por Woinarovich, (1983) como peixes de águas frias, possuem uma amplitude de variação de temperatura ideal de desova entre 18º a 22ºC. O início da reprodução ocorre, geralmente, nos meses de agosto, nas regiões mais quentes e na segunda quinzena de setembro, ou até mesmo em outubro, nas regiões mais frias. Uma fêmea de, aproximadamente, 1 kg pode ter mais de 100.000 óvulos. Por isso, deve-se usar, para a reprodução, a proporção de uma fêmea para dois ou três machos, nos tanques de desova.

Quando a temperatura da água ultrapassar 20ºC, os alevinos de carpa em condições ideais atingem alguns gramas em um mês do cultivo.

Os ovos, com diâmetro variando entre 1,3 e 1,7 mm, dependendo da idade da fêmea, são aderentes e mais pesados do que a água. Os que não se aderem à vegetação flutuante, aguapés (Eichornia crassipes), presente no tanque, ou ao karkaban (treliça de bambu com cordas de sisal, ou de náilon, lavados e desfiados, imitando as raízes de plantas aquáticas) vão para o fundo e acabam morrendo, por falta de oxigênio ou são predados pelas próprias carpas ou insetos aquáticos. No uso dos aguapés, o produtor deve tomar o cuidado de desinfetar a planta antes de usá-la. Para isso, deve mergulhar, por 2 minutos, as raízes da planta em uma solução de água, misturada à cal virgem, na proporção de 500g/l. A mistura deve possuir o aspecto de leite. Depois de aplicado o banho de cal no aguapé, deve-se enxaguá-lo em água corrente, a fim de retirar o excesso de cal.

O dimorfismo sexual é bem evidente no mês que antecede o início da reprodução. As fêmeas apresentam porte mais desenvolvido e os orifícios genitais são mais avermelhados e protuberantes. Fazendo-se uma leve compressão manual no ventre dos peixes, em movimentos dirigidos para a abertura genital, nas fêmeas, fluem alguns óvulos, acompanhados de pequena quantidade de líquido viscoso e,

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nos machos, escoa o sêmen, facilmente identificado pelo seu aspecto leitoso. Alguns machos, de carpas podem também apresentar, como dimorfismo sexual, os primeiros raios das barbatanas dorsal, peitorais e opérculos com aspectos rugosos (TANABE, H. inf. pessoal).

Na época da reprodução, a verificação da ocorrência de desova deve ser diária. Constatada a desova, os aguapés (Eichornia crassipes) com os ovos devem ser transportados para os tanques de eclosão, ou tanques de larvicultura, previamente adubados, para que não falte plâncton às larvas.

Nos tanques de reprodução e de eclosão dos ovos, os aguapés devem ocupar apenas de 20% a 40% de superfície dos tanques. Estes últimos não devem receber desovas ocorridas em período superior a 15 dias, pois o canibalismo entre alevinos de tamanhos diferentes é muito comum. Quando a desova se prolonga por várias semanas, fato comum com variações de temperatura, é necessário dispor de, pelo menos, dois tanques de eclosão.

As larvas, que nascem com o saco vitelino preso ao ventre, contêm substâncias nutritivas necessárias aos primeiros dias de vida, não conseguem nadar e descem até o fundo do tanque, onde permanecem durante 4 ou 5 dias, dependendo da temperatura. Elas só começam a nadar após a absorção de todo o vitelo, quando, então, começam a capturar os organismos de menor tamanho do plâncton, o microplâncton, iniciando-se, assim, a fase de alevinagem.

Decorridos, aproximadamente, 45 dias da eclosão dos ovos, os alevinos devem ser selecionados manualmente, contados e transferidos para os tanques de alevinagem 1000/m², onde permanecerão até atingir cerca de 5 cm de comprimento quando, então, poderão ser transferidos para os tanques de crescimento 3/m².

Nos tanques de eclosão, são estocados apenas ovos e, conseqüentemente, a estimativa da produção de alevinos é muito grosseira. Somente ao se passar os alevinos para o tanque de alevinagem pode-se conhecer, com segurança, a produção.

Kinguio – Carassius auratus

A reprodução dos kinguios é semelhante à técnica utilizada para a reprodução das carpas Cyprinus carpio. Nos machos, aparecem alguns nódulos, chamados de “órgãos de pérola”, semelhantes a grãos de areia, localizados nos opérculos e nos primeiros raios das barbatanas peitorais e dorsal, enquanto que as fêmeas não possuem tais órgãos. Assim, deve-se usar, também para os kinguios, a proporção de dois machos para cada fêmea.

O tanque de reprodução deve possuir aguapés (Eichornia crassipis) ou a alface d’água (Pistia stratiotes). O primeiro exemplo é melhor, devido à abundância de raízes que a planta possui ou pode-se usar os karkabans. Não se deve esquecer de desinfetá-los, antes de usá-los, conforme descrito anteriormente.

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Reprodução de peixes ornamentais

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A temperatura deverá manter-se, aproximadamente, em 18ºC. O momento da desova (geralmente ao amanhecer) é facilmente percebido, pois os peixes tornam-se agitados, com os machos perseguindo as fêmeas, próximo às raízes das plantas aquáticas ou aos karkabans.

Os óvulos, igualmente aos das carpas, são adesivos, ficando aderidos nas raízes, ou cordas, sendo imediatamente fecundados pelos machos. Os ovos que obtiverem a coloração branca leitosa não foram fecundados e estão fungados.

Paulistinha – D. rerio

Para garantir bons resultados na reprodução desse peixe, devem-se separar as matrizes nas proporções de 2 machos para 3 fêmeas, em tanques pequenos ou em caixas d’água.

O acasalamento acorre com a água em torno de 27ºC e pH entre 6,8 a 7,0. Para isso podem ser utilizados 3 métodos de desova.

O primeiro ocorre em aquários ou pequenas caixas, onde se cobre o fundo com cascalhos médios ou bolinhas de vidro (bolas-de-gude).

Os casais nadam rapidamente em perseguições constantes, emparelhando-se mutuamente. Com este ritual, as fêmeas liberam seus óvulos e, logo em seguida, os machos soltam o sêmen. Os ovos possuem pouca aderência e, por serem mais pesados que a água, depositam-se no fundo do aquário, por entre as frestas do cascalho ou das bolas-de-gude.

É necessário que o piscicultor, antes que os animais desovem, diminua a coluna de água existente no aquário ou caixa d’água, permanecendo a uma altura de 15 cm acima do fundo. Isso é importante para que os ovos possam chegar ao cascalho antes que os peixes os devorem. Após a desova, as matrizes são retiradas do tanque, para que ocorra a eclosão dos ovos. O nascimento das larvas ocorre, aproximadamente, em 48 horas.

Outro método de desova ocorre colocando-se os reprodutores em encubadeiras próprias, sobre telas de tule (tipo véu de noiva) onde acontece o acasalamento e posterior desova. Os ovos passam pela tela, impedindo, assim, que os peixes os devorem. Logo após retiram-se os casais, retornando-os para o tanque de matrizes.

Deixam-se os ovos nas incubadoras até a eclosão das larvas, que serão posteriormente transportadas para tanques de alevinagem. Estes já devem estar preparados com adubação, para a formação do plâncton, para a alimentação dos alevinos.

O método mais utilizado para criações em grande escala é a utilização de “karkabans” feitos com raízes de aguapés (Eichornia crassipis), nos quais os ovos serão depositados pelas fêmeas de Paulistinha e, logo, transportados para os tanques de eclosão, também devidamente adubados de véspera.

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Tanictis – Tanichthys albonubes

Na reprodução desse pequeno peixe, aconselha-se utilizar mais machos do que fêmeas, na proporção de (6:4) para cada 20 litros de água do tanque e ligeiramente ácida, pH = 6,8 com temperatura a 25ºC. É importante que se utilizem águas que possuam um pouco de tanino dissolvido, oriundo da decomposição de folhas secas ou madeira.

As fêmeas desovam pequenos ovos adesivos que aderem ao substrato e, na parede do tanque; entretanto, deve-se plantar Elodea sp. no fundo do tanque, para que os ovos permaneçam ali. Cada fêmea libera de 50 a 100 óvulos, que serão fecundadas pelos machos. A eclosão ocorre entre 36 a 48 horas após a desova.

Podem ser utilizados a mesma técnica com karkabans, feitos com as raízes de aguapés, usados na criação dos paulistinhas. Este método tem dado bons resultados.

Barbos:

Barbo ouro – Barbus schuberti Barbo arulius – Barbus (Capoeta) arulius Barbo cereja – Barbus (Capoeta) titteya Barbo nigrofaciatus – Barbus (Puntius) nigrofasciatus Barbo prateado – Barbus (Barbodes) schwanenfeldii Barbos rosa – Barbus (Puntius) conchonius Barbos sumatrano – Barbus (Capoeta) tetrazona

A reprodução desses peixes é semelhante ao descrito para as carpas e os kinguios.

Devem-se utilizar os aguapés (Eichornia crassipis) ou a alface d’água (Pistia stratiotes) para que possam servir como substrato de desova (Botelho, 1988), nunca se esquecendo da desinfecção das plantas. Caso prefira, podem ser usados os karkabans. Após a desova, que se inicia logo pela manhã, devem ser retirados os ovos, transportados em baldes, com a mesma água do tanque e colocados em tanques bem adubados (água cor-de-garapa) para que as larvas, depois de 24 a 48 horas, nasçam, alimentando-se dos microplânctons. É interessante que o piscicultor utilize o mesmo número de matrizes descrito para os kinguios.

As fêmeas dos Barbos ouro chegam a colocar 500 óvulos por postura (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987). A água deve estar neutra a levemente básica (pH = 7,0 a 7,2), com temperatura entre os 28ºC a 29ºC. A dureza deve ser a mesma descrita no capítulo 2.

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Reprodução de peixes ornamentais

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Os Barbos arulius desovam uma média de 100 óvulos por postura; sua água deve possuir as características de temperatura entre 25º a 27ºC e pH = 7,0 (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. III, 1987). O dimorfismo sexual aparece somente nos peixes adultos, cujos machos possuem os raios da nadadeira dorsal mais longos do que as fêmeas.

Nos Barbos cereja, a postura pode chegar a 200 óvulos, em águas a 27ºC, onde a eclosão ocorrerá nas primeiras 24 até as 36 horas após a desova.

Para o Barbo nigrofasciatus, aconselha-se que se utilize a mesma temperatura da água recomendada para o Barbo cereja e também os mesmos parâmetros químicos encontrados no capítulo 2, inclusive a diferenciação entre os sexos.

Por ser um peixe de porte médio-grande (35 cm), os Barbos pratas desovam grande número de óvulos. Entretanto, para que isso ocorra, é necessário que o piscicultor tome alguns cuidados, pois o animal é sensível à movimentação exagerada na água do tanque.

Como a maioria dos ciprinídeos, o B. schwanenfeldii desova nas raízes dos aguapés (Eichornia crassipis), nas primeiras horas da manhã, com a água entre os 26º e 28ºC e pH neutro. Imediatamente depois da desova, o piscicultor deve retirar as macrófitas e transportá-las em baldes, com a água do tanque onde ocorreu à desova. O tanque de eclosão deverá possuir a água cor-de-garapa, para futura alimentação das larvas, que nascerão após 24 horas da postura. Esse tanque deve possuir aeração fraca, utilizando, para esse fim, as pedras porosas, para que não danifiquem o aparelho respiratório dos filhotes.

Para a reprodução do Barbo rosa e do Barbo sumatrano, é necessário que a água esteja neutra, com temperaturas entre os 25º a 27ºC; a dureza recomendada é a mesma utilizada no capítulo 2.

Note que a reprodução das outras variedades de B. conchonius e B. tetrazona é iguais à do Barbo rosa e aos do Sumatra acima citados. O dimorfismo sexual foi descrito também no capítulo 2.

Rásbora-arlequim – Rasbora heteromorpha

São animais muito difíceis de se reproduzir. No Brasil, são poucos os criadores dessa espécie, concentrando-se, principalmente, no estado do Rio de Janeiro.

São peixes que preferem a água ácida (pH = 5,8 a 6,5), possuindo tanino dissolvido, oriundo de folhas e madeira. Gostam de desovar na parte de baixo das plantas submersas de folhas largas, tais como: Echinodorus amazonensis, Cryptocoryne cordada, C. affinis, Sagittaria microfolia e S. latifolia (BOTELHO, 1988; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

Nos tanques de reprodução (ver anexo IV) são introduzidos pequenos vasos de cerâmica, onde se plantam as mudas citadas, em areia de granulação média (SCHNEIDER, 1978). Tais vasos devem ficar espalhados por toda a área do tanque.

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A água deve possuir temperatura entre 27º a 28ºC, embora alguns autores escrevam que a desova tenha ocorrido em temperaturas diferentes, como 23,5ºC (Schneider, 1978) e 26ºC (BOTELHO, 1988).

Segundo Botelho, (1988), as fêmeas de Rásbora-arlequim podem, em uma postura, por 80 óvulos, usando, de preferência, a parte inferior das folhas (BOTELHO, 1988; SCHNEIDER, 1978; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

As rásboras são animais que fazem desova parcelada, gostando de desovar ao amanhecer. Feito isso, devem-se retirar os vasos e levá-los aos tanques de eclosão (ver anexo IV), para que não ocorra o canibalismo (SCHNEIDER, 1978). Esses devem possuir adubação leve, à base de adubos químicos, pois os ovos são sensíveis e podem contrair saprolegniose. Ao nascerem, as larvas devem ser alimentadas com náuplios de Artêmia, Branchoneta, Moinas e Dáfnias.

FAMÍLIA POECILIDAE

Guppy - Poecilia (Lebistes) reticulata

Nos guppys, o dimorfismo sexual aparece não somente na presença do gonopódio, mas também no forte colorido do corpo e na coloração e no tamanho das nadadeiras dorsal e caudal. As fêmeas, entretanto, não apresentam o gonopódio. Dependendo da variedade, a coloração poderá aparecer somente na cauda e, às vezes, também na barbatana dorsal e, dependendo da variedade, em algumas partes do corpo também, além de serem maiores do que os machos (ver anexo I).

Como descrito no capítulo anterior é um animal originário do continente americano, entretanto, hoje se encontra praticamente em todas as partes do mundo, devido ao seu hábito alimentar pouco exigente (onívoro). Esse fator o torna também um excelente larvófago, isto é, alimenta-se de larvas de mosquitos ou pernilongos, sendo muito disseminado para poder combater moléstias transmitidas por esses insetos (KOHNEN, 1988).

Hoje se encontram vários clubes especializados na criação desses peixes, com campeonatos nacionais e internacionais, pois se tornou um animal de cultivo extremamente técnico, chegando a ponto de se fixarem cores e formas determinadas para as linhagens.

Para se cultivar o Guppy, é necessário que o produtor use a proporção de um macho para cada cinco fêmeas (1: 5). Essa proporção é adequada para que todas as fêmeas da corte sejam copuladas pelo macho. Um número menor de fêmeas poderia prejudicá-las, pois o macho investiria demais, o que acabaria matando-as por cansaço; uma quantidade maior de fêmeas cansaria o macho, o que acarretaria em não copulação em algumas delas.

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Para que o peixe atinja o conforto biológico ideal para o crescimento e a reprodução, é necessário que o produtor tome algumas medidas cabíveis, para que se possa cultivar o Lebistes com certa facilidade.

Primeiro, é preciso prestar atenção aos parâmetros químico-físicos da água. Como são peixes tropicais, a temperatura ideal para que possam se acasalar e liberar os filhotes facilmente oscila em torno de 27ºC a 28ºC, o pH entre 7,0 a 7, 2, ou seja, neutra ou levemente alcalina e a dureza da água entre 6º a 10º dH (KOHNEN, 1988).

É importante que o criador de guppys separe os melhores machos e fêmeas, para acasalamentos (matrizes). Os machos deverão possuir corpo grande e robusto, barbatanas dorsal e caudal de mesma cor e implantação do pedúnculo caudal com raios bem abertos, ou seja, estes primeiros raios deverão formar um ângulo maior ou igual a 60º.

As fêmeas deverão ser igualmente grandes, possuírem barbatanas dorsal e caudal grandes, a cauda aberta e, dependendo da variedade, podem ser também coloridas, embora de cores menos vibrantes que os machos.

No tanque de desova, o produtor deverá utilizar aguapés, karkabans ou folhas de coqueiro (ver anexo II) mergulhadas na água, para que a prole possa se esconder das possíveis investidas que as fêmeas possam fazer. As fêmeas, após a liberação dos filhotes, deverão ser retiradas e recolocadas nos tanques de acasalamento, para que possam ser bem alimentadas para novas crias. Em cada tanque é preciso ter o cuidado de separar, por variedade, os casais, para que não ocorra mistura de cores, o que acarretaria em rápida depreciação dos animais, pois perderiam a linhagem genética (ver anexo III).

Os filhotes machos, assim que começarem a formar o gonopódio, deverão ser separados dos filhotes fêmeas, pois podem ocorrer acasalamentos indesejáveis entre eles, o que acabaria prejudicando o crescimento, aumentando o índice de degeneração.

Os melhores machos são aqueles que apresentam corpo robusto e avantajado, em comparação com os irmãos, além de possuírem cores iguais nas barbatanas caudal e dorsal e as fêmeas por possuírem a cauda e a barbatana dorsal grandes.

Plati – Xiphophorus maculatus e X. variatus

Espada – X. hilleri

Molinésia – Poecilia (Mollienesia) latipinna e Poecilia (Mollienesia) velifera

Os platis são considerados os peixes ornamentais mais fáceis de criar, pois são prolíficos e também muito resistentes, não atacando a prole. Por isso, não há a necessidade de utilizar aparatos de proteção para os alevinos. As fêmeas poderão gerar, aproximadamente, 150 filhotes, após a 4ª e 6ª semanas da fecundação

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medindo cerca de 7 mm de comprimento. Para um bom crescimento dos filhotes, a água deve permanecer acima dos 22ºC e estar verde (cor-de-garapa), indicando que existe abundância de plâncton.

Os Platis atingem a maturidade sexual com, aproximadamente, 6 meses e, aos 8 meses de idade, já têm uma atividade sexual normal (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987).

Quatro semanas após o cruzamento, nascem os alevinos, o que torna a fêmea novamente apta à reprodução. É interessante notar que o ventre da fêmea fica escuro, conforme a chegada do nascimento. Há casos em que o criador consegue enxergar os alevinos, por transparência, na “barriga” da mãe.

Ao contrário do platis, as espadas devoram seus filhotes, o que faz com que o criador tome mais cuidado, usando os karkabans, ou as “ilhas de aguapés”, para que possam proteger os filhotes. A cópula procede da mesma forma como acontece com os X. maculatus e o X. variatus; as fêmeas de X. hilleri podem procriar a cada 40 dias, com proles que superam os 100 alevinos. A água do tanque de criação deverá estar nas mesmas condições descritas acima, para os platis.

Além da presença do gonopódio, os machos de Espada apresentam um prolongamento dos raios inferiores da cauda, o que lhes confere o nome popular da espécie. É comum peixe geneticamente machos só desenvolverem seu órgão copulador aos 6 ou 7 meses de idade, o que, normalmente, ocorreria aos 3 meses (Schneider, 1978). Isso poderá ocasionar enganos para o piscicultor, pois o confundiria com fêmeas e os machos desta espécie são mais agressivos dos que os outros da família Poecilidae. Entretanto, esses machos precoces são os que deverão ser escolhidos como reprodutores.

Nas molinésias, o período de gestação dura cerca de 30 dias e, geralmente, pode ocorrer de 2 a 3 posturas por ano. Em condições normais e conforme o tamanho da fêmea, cada uma pode parir de 50 a 80 alevinos.

Para distinguir os casais, os machos sempre possuirão o gonopódio, característica marcante dos poecilídeos e também a barbatana dorsal maior do que as fêmeas.

A água deve ter características de pH básico (7,2 a 7,5) e temperatura entre 25º a 29ºC. É prática comum o piscicultor colocar 20% de água do mar ou 5g de sal grosso em 13,5 litros de água do tanque (Schneider, 1978), pois são animais que se desenvolvem bem em condições de água salobra.

Para a reprodução dos poecilídeos, deve-se tomar o cuidado de separar os casais por espécies e por cores, uma vez que devem ser criados sempre nos parâmetros de pureza dos fenótipos das variedades, nunca os misturando.

Usa-se, para o acasalamento, a proporção de 1 macho para cada 5 fêmeas, da mesma forma que se usa para os guppys, com a finalidade de fecundar todas as fêmeas, sem que o macho se canse.

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Interessante notar que as fêmeas de poecilídeos guardam espermatozóides reservados nos ovidutos, por um período de 8 a 15 meses, caso não encontrem machos para a corte. A cada 3 a 4 semanas, os óvulos se formam e são fecundados pelo esperma guardado nos ovidutos, transferindo-se para o ovário (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. II, 1987). Isso facilita para o produtor, pois, caso tenha perdido um excelente macho reprodutor, ele têm tempo para adquirir um macho substituto.

FAMÍLIA ANABANTIDAE

Beta ou peixe de briga - Betta splendens

A desova dos betas é, de certo modo, fácil de se obter. Para isso, basta que o produtor utilize uma bacia de plástico ou aquários de tamanho pequeno e coloque aproximadamente um palmo de água dentro do recipiente, soltando o macho. Junto é necessário que se coloque um pequeno pedaço de isopor, um ramo de Elodea sp., ou qualquer material flutuando, para que o peixe possa “ancorar” o seu ninho (ver anexo V). Este ninho é feito de muco e bolhas de ar, que é liberado pelo macho, conforme a água se aquece. Aos 28ºC, o ninho, provavelmente, já estará de boa espessura para receber os ovos (ver anexo VI).

A fêmea também deverá estar na bacia, dentro de um recipiente transparente, para que o macho a observe e excite-se. O ideal é que esse recipiente seja meia garrafa plástica de refrigerante, tipo “pet”, principalmente o lado do gargalo, sem a tampa, pois, quando chegar à hora de juntá-los, basta erguer o gargalo e soltá-la junto ao macho. Assim, com a retirada do plástico, não se formarão ondas para desfazer o ninho.

É muito importante que o piscicultor observe a coloração da fêmea antes de soltá-la, pois esta possui duas faixas escuras longitudinais, indo da boca até o pedúnculo caudal, conforme é observado na foto a-XVII.b do capítulo 2. Essas listras desaparecem quanto ela já está “pronta” para o acasalamento, substituindo as faixas longitudinais por bandas largas verticais em tons claros e escuros (ver anexo VI).

Após a investida do macho atraindo a fêmea para o ninho, ocorre a cópula, quando o macho se dobra em cima da fêmea, na região de seu ovopositor (região ventral que parece uma “bolinha” branca, por onde saem os óvulos) e comprime os abdomens com a finalidade de expulsar óvulos e o sêmen (ver anexo VII). Em seguida, o macho recolhe os ovos com a boca e os deposita no ninho (ver anexo VIII), retornando logo para fêmea, até completar toda a desova. Dependendo do tamanho da fêmea, esta poderá desovar de 100 a 400 óvulos (DAMAZIO, 1990).

Depois desse evento, deve-se retirar a fêmea, devolvendo-a para o tanque. Entretanto, antes, será necessário que o piscicultor dê um banho de salmoura nas

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medidas: uma colher das de sopa, ou 20 cm³, ou 20 g de sal grosso para cada 2 litros de água, em banhos de 2 a 5 minutos (Botelho, 1982), com finalidade de desinfetar as mordidas que a fêmea levou do macho. Este tomará conta dos ovos e de 24 a 48 horas depois, nascerão às larvas (MAURUS, 1987; OSTROW, 1995) – ver anexo IX.

Quando as larvas completarem 48 horas de vida, ou seja, consumirem todo o conteúdo do saco vitelínico e começarem a nadar horizontalmente, elas deverão ser transportadas para o tanque de crescimento. Este já deverá estar pronto, com a água cor de garapa para que os então alevinos possam consumir seu primeiro alimento, o microplâncton. A água deverá estar na mesma temperatura em que ocorreu a desova, ou seja, a 28ºC e com todos os parâmetros para o conforto biológico dos betas, estudados no capítulo 2.

A partir do 2º mês de vida, os alevinos machos começarão a brigar. Nessa hora, são separados em “pets” cortadas ao meio e perfuradas para que possa passar água e alimentos para os “betinhas”. Constroem-se, então, as “jangadas”, formadas por semigarrafas, dentro dos tanques de crescimento (ver anexo X).

No 3º ou 4º mês após o nascimento, os peixes poderão ser comercializados.

Colisas, tricogásters e paraíso:

Colisa lalia Colisa chuna Colisa labiosa Tricogaster leeri Tricogaster trichopterus Macropodus opercularis

Esses outros anabantídeos, embora possuam praticamente o mesmo modo de reprodução que o beta, são mais simples e práticos, pois os machos dessas espécies são menos agressivos e raramente entram em conflito, sendo possível, criar machos e fêmeas, juntos, nos tanques. Entretanto, para que o piscicultor obtenha maiores resultados é interessante que utilize a mesma técnica de reprodução descrita para os betas, ou seja, usando recipientes para ocorrer à desova.

Para as colisas, o método de criação difere um pouco, pois a fêmea é colocada, 48 horas antes, no recipiente de acasalamento, devendo esta estar com o ventre volumoso, devido à quantidade de óvulos armazenados. Depois desse procedimento, colocam-se o macho e o material flutuante, para facilitar a construção do ninho (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I e II, 1987).

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Reprodução de peixes ornamentais

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Para os tricogásters e os paraísos, primeiro colocam-se os machos e, depois de observada a construção do ninho, põem-se às fêmeas, não sendo preciso utilizar as garrafas “pet” para separar o casal. O dimorfismo sexual dessas espécies foi descrito no capítulo 2.

Muitos criadores usam, nos tanques, folhas de bananeira flutuando no espelho d’água, com a nervura da folha voltada para cima, para que os animais construam os ninhos debaixo das folhas. Esse método evita que gotas de água da estufa ou da chuva possam destruir o ninho, fazendo que se percam os ovos.

Caso o produtor queira usar o método de desova em aquários para a reprodução das colisas, de tricogásters e dos paraísos, deve-se, após a desova, retirar a fêmea e deixar o macho tomando conta da prole. A partir dessa etapa, segue-se o mesmo esquema da reprodução dos betas, citado na descrição acima.

A água utilizada para a desova desses peixes deve estar com a temperatura entre os 28º a 30ºC, com dureza branda, 7º a 8ºdH, 150 ppm de CaCO3 e pH entre 6,8 a 7,0 (BOTELHO, 1982; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, II e III, 1987).

Beijador – Helostoma temmincki

O Beijador é, provavelmente, o mais sensível da família dos anabantídeos. É comum o relato de criadores dessa espécie comentarem sobre grandes mortalidades por baixa temperatura da água, ou fora do conforto biológico do peixe.

Raramente este animal constrói o ninho de bolhas, desovando a esmo, flutuando na água, por entre as plantas de superfícies. Seus ovos possuem a coloração verde-amarelado e são facilmente predados pelos pais (SCHNEIDER, 1978; VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987). Não é muito fácil distinguir os sexos entre eles, mas, como todo anabantídeo, os machos possuem a barbatana dorsal levemente maior em comparação à das fêmeas. Além disso, a fêmea, vista de cima, são mais largas do que os machos.

A reprodução tem início com o abraço característico da família, em que a fêmea pode liberar entre 400 a 4.000 óvulos (Schneider, 1978; Vida no aquário, Vol. I, 1987), que são imediatamente fertilizados pelo macho. Após a desova, as matrizes devem ser separadas até o crescimento dos alevinos a 30% do tamanho dos pais (VIDA NO AQUÁRIO, Vol. I, 1987). Segundo Schneider (1978), a incubação demora 24 horas, mas as larvas levam vários dias para absorver o conteúdo do saco vitelínico e começarem a se alimentar pela boca.

A água deverá estar adubada para propiciar o aparecimento de plâncton, do qual o alevino se alimentará. É necessário que o produtor faça uma aeração leve, utilizando pedras porosas para oxigenar bem a água, pois os filhotes de Beijador são bem sensíveis e o labirinto só se formará por completo no final de 15 dias (SCHNEIDER, 1978).

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ANEXOS

Cyprinus carpio

a-I. As NISHIKIGOIS

Shiro Bekko Aka Bekko Asagi Kohaku Taisho Sanke

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ANEXOS

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a-II Os KINGUIOS (Carassius auratus)

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ANEXOS

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a-III. D. rerio var. selvagem D. rerio var. véu

D. rerio var. ouro-véu

a-III. D. rerio var. Glo-fish utilizada como indicador de poluente s

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a-IV Tanichthys albonubes V Barbus schuberti

a-VI Barbus (Capoeta) arulius

a-VII.a Barbus (Capoeta) titteya a-VII.b B. (Puntius) nigrofasciatus

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ANEXOS

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a-VIII Barbodes schwanenfeldii

a-IX Barbus (Puntius) conchonius

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a-X Barbus (Capoeta) tetrazona a-X B. tetrazona var. ouro

a-X B. tetrazona var. albino e verde-garrafa

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ANEXOS

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a-XI Rasbora heteromorpha

a-XII Xiphophorus maculatus var. Mickey Mouse

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a-XII Xiphophorus variatus var. véu

a-XIII Xiphophorus helleri var. selvagem a-XIV Poecilia velifera

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ANEXOS

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a-XIV Poecilia latipinna: 1. var. dominó véu; 2. var. laranja

3. P. sphenops var. liberty balão.

a-XV Poecilia sphenops

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a-XVI Poecilia (Lebistes) reticulata

a-XVII.a Betta splendens var. Cambodia crown tail

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ANEXOS

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a-XVII.b Betta splendens selvagens

a-XVIII.a Colisa lalia var. selvagem a-XVIII.b Colisa lalia var. sangue

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a-XVIII.c Colisa lalia var. azul a-XIX Colisa chuna

a-XX.a Colisa labiosa var. selvagem a-XX.b C. labiosa var. mel

a-XXI Trichogaster leeri

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ANEXOS

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a-XXII.a Trichogaster trichopterus

var. selvagem

var. azul var. ouro var. Cosby var. pérola

a-XXII.b T. trichopterus sumatranus

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a-XXIII Macropodus opercularis

a-XXIV Helostoma temmincki

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ANEXOS

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a-XXV Pterophyllum scalare

var. selvagem

a-XXVI Astronotus ocellatus

var. selvagem var. bronze var. albina

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a-XXVII Symphysodon sp.

a-XXVIII Cichlasoma festivum

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ANEXOS

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a-XXIX Cichlasoma meeki

a-XXX Cichlasoma biocellatum var. selvagem

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a-XXXI Microgeophagus ramirezi var. selvagem

a-XXXII a-XXXIII

Casal de Pseudotropheus auratus Algumas variedades de Pseudotropheus zebra

a-XXXIV Labeotropheus fuelleborni

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ANEXOS

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a-XXXV.a Lamprologus Brichardi var. selvagem

a-XXXV.b L. leleupi

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a-XXXVI Julidochromis ornatus

a-XXXVII Hemichromis bimaculatus

a-XXXVIII Pseudocrenilabrus philander

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ANEXOS

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a-XXXIX.a Etroplus maculatus

var. selvagem

a-XXXIX.b var. laranja

a-XXXIX.c var. ouro

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I - Casal de Guppys

II.a - Tanques de criação de Guppys II.b – Detalhe da folha de coqueiro com bacia de separação de matrizes

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ANEXOS

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III.a - Foto mostrando o selecionamento de matrizes

III.b - Tanques de criação de Guppys separados por variedades de cor

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IV – Tanques malaios de reprodução e eclosão de Rasbora heteromorpha

V – Flutuador com ninho de muco e bolhas

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ANEXOS

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VI – Foto mostrando um casal de Betas

Repare a coloração da fêmea com bandas verticais em claro e escuro e a espessura do ninho de bolhas, ancoradas em plantas aquáticas, produzidas pelo macho.

VII – Abraço entre macho e fêmea, repare nos ovos c aindo, após a cópula.

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VIII – Detalhe do macho aninhando os ov os

IX – Detalhe das larvas de betas com o saco vitelín ico, nas primeiras 24 horas de vida.

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ANEXOS

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X.a – Tanques de crescimento de Betas, note as “jan gadas” de garrafas pet

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X.b – Detalhe das “jangadas”

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