Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e na técnica da...

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Lacan e a Psicanálise: interlocuções com a contemporaneidade Tema : Seminário 2 (O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise): o imaginário e sua consistência Coordenação Alexandre Simões ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.

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Lacan e a Psicanálise:interlocuções com a contemporaneidade

Tema : Seminário 2 (O eu na teoria de Freud e na técnica da

psicanálise): o imaginário e sua consistência

Coordenação Alexandre Simões ALEXANDRE

SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.

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O seminário 2 (17/11/1954 a 29/06/1955) introduz

uma forte tematização do Imaginário

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Ele é difundido em nosso país em meados dos anos 80 (mais exatamente, em 1985)

A década de 80 e uma parte dos anos 90 serão marcados não só por uma exploração do Simbólico, mas por uma

forte discussão sobre o lugar do Imaginário na Psicanálise

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eu outro

desde onde o eu se torna possível

desde onde o outro se torna possível

Imaginário

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• alteridade• alteridade

• alteridade• alteridade

eu outro

desde onde o outro se

torna possível

desde onde o eu se torna

possível

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“A noção do eu foi elaborada no decurso de séculos, tanto pelos chamados filósofos, e com os quais não tememos

comprometermos aqui, quanto pela consciência

comum. Em suma, há uma certa concepção pré-

analítica do eu - vamos chamá-la assim por convenção, a fim de

orientarmo-nos - que exerce sua atração sobre

aquilo que a teoria de Freud introduziu de radicalmente

novo no que se refere a esta função.” ( p. 9)

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Esta reconstrução do lugar do eu na análise (já deflagrada no

Seminário 1, desenvolvido um ano antes)

pode ser acompanhada em outros momentos de Lacan,

próximos ao ano do Seminário 2:‘A coisa freudiana ou o sentido do retorno a Freud em Psicanálise’ (de

1956, tendo como matriz uma conferencia realizada em Viena, em

1955)‘Observações sobre o relatório de

Daniel Lagache: Psicanálise e estrutura da personalidade’ (elaborado a partir de 1958 e concluído em 1960)

‘A Psicanálise verdadeira, e a falsa’ (roteiro da exposição para um

congresso em Barcelona, em 1958)

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Para melhor situarmos a importância da temática sobre o Imaginário em Lacan, é válido visualizarmos mais uma vez o circuito de algumas

periodizações de seu itinerário:

Primeira proposta:

Jacques-Alain Miller, em torno

de 1982:

Terceira proposta

Jacques-Alain Miller, em 1986-

87

Segunda proposta:

Jean-Claude Milner, em seu

livro A obra clara, em 1996

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Estas periodizações tem algumas especificidades:

Primeira proposta de Miller

• Recorre a um critério

histórico, apontando para um

desdobramento teórico;

• Divisão tripla do percurso de

Lacan: Imaginário,

Simbólico, Real

Terceira proposta de Miller

• Recorre a um critério clínico (axiomas que

funda a experiência

clínica);

• Duplicidade de planos em

Lacan: Primeira Clínica de

Lacan, Segunda Clínica de Lacan

Segunda proposta de Milner

• Recorre a um critério

epistemológico, uma vez que o que conta para

Milner é a posição de Lacan frente a

uma teoria da ciência;

• Bipartição do percurso: Primeiro

Classicismo e Segundo

Classicismo

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O eu, o outro e a alteridade funcionarão como pontos

de amarração de um amplo

tecido: o tecido do duplo

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• alteridade• alteridade

• alteridade• alteridade

desde onde o eu se torna

possíveloutro

desde onde o outro se

torna possível

eu

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• alteridade• alteridade

• alteridade• alteridade

desde onde o eu se torna

possíveloutro

desde onde o outro se

torna possível

eu

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Como falamos há pouco:

O eu, o outro e a alteridade funcionarão

como pontos de amarração de um amplo tecido

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Toda esta dimensão de alteridade que será construída por Lacan, a partir de suas reflexões

sobre o Imaginário

Tem como um ponto (haverá outros...) de passagem

fundamental: o grande Outro:

• Lugar;• Tesouro dos significantes;• Condição de possibilidade requerida pelo estado

de desamparo inicial;• Ethos do desejo;• Outra cena;

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Este tecido é estirado em várias direções que tem como denominador comum a experiência do ex-cêntrico na análise. Vejamos, na sequência, algumas fórmulas que

buscam operacionalizar este ex-cêntrico:

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A) “o desejo do homem é o desejo do outro” (fórmula já exposta desde o Seminário 1, vide pp. 172, 205)

B) “o inconsciente é o discurso do outro” (Seminário 2, p. 176)

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As duas fórmulas

anteriores devem ser lidas

tanto no genitivo subjetivo quanto no objetivo:

Caso a) desejo pelo outro, desejo de ser desejado

pelo outro e, sobretudo, desejo pelo que o outro deseja, isto é,

saber do desejo/orientar-se quanto ao desejo estando no lugar

do outro.

Caso b) inconsciente é um discurso anunciado

acerca do outro que há em mim;

inconsciente é um discurso produzido desde o lugar do

outro

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Devemos acrescentar aqui uma articulação do

Seminário 2 com o Seminário 1 de Jacques

Lacan:

“... O desejo do homem é o desejo do outro.” (Seminário 1, p. 172)

“O desejo é apreendido inicialmente no outro, e da maneira mais confusa” (Seminário 1, p. 172)

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Ainda sobre o lugar do

ex-cêntrico que vai sendo elaborado

por Lacan no Seminário 2:

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C) Desencontro entre Je e Moi:

“O inconsciente escapa totalmente a este círculo de certezas no qual o homem se reconhece como um eu [moi]. É fora deste campo que existe algo que tem todos os direitos de se expressar por eu [Je] e que demonstra este direito pelo fato de vir à luz expressando-se a título de eu [Je]. Justamente aquilo que é o mais não-reconhecido no campo do eu [moi] que na análise se chega a formular como sendo eu [Je] propriamente dito.” (p. 15)

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Excentricidade do sujeitoquanto ao eu (cf. pp. 63, 80, 150)

“Com Freud faz irrupção uma nova perspectiva que revoluciona o estudo da subjetividade e que mostra

justamente que o sujeito não se confunde com o indivíduo.” (p. 16)

“... é algo diferente de um organismo que se adapta.” (p. 16)

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Um efeito prático bastante significativo oriundo das elaborações

de Lacan sobre o Imaginário:

• A experiência do falar de si se amplia sobremaneira;

• Lidar com a singularidade não implica em uma prática calcada na

introspecção;• Falar do outro comporta falar de si;

• Ao falar de si, falo de um outro;

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Prosseguiremos no próximo encontro com o tema

Seminário 3 (As psicoses): subjetivação e Nome-do-pai

Até lá!

Acesso a este conteúdo:www.alexandresimoes.com.br

ALEXANDRE SIMÕES

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