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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA LICENCIATURA EM BIOLOGIA ANA CAROLINE MAFRA BEZERRA UTILIZAÇÃO DE CÍRCULOS DE CULTURA SOBRE VACINAS PARA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DOS ADOLESCENTES. Campos dos Goytacazes/ RJ 2017.2

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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

LICENCIATURA EM BIOLOGIA

ANA CAROLINE MAFRA BEZERRA

UTILIZAÇÃO DE CÍRCULOS DE CULTURA SOBRE VACINAS PARA PROMOÇÃO

DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DOS ADOLESCENTES.

Campos dos Goytacazes/ RJ

2017.2

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ANA CAROLINE MAFRA BEZERRA

UTILIZAÇÃO DE CÍRCULOS DE CULTURA SOBRE VACINAS PARA PROMOÇÃO DA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE DOS ADOLESCENTES.

Monografia apresentada ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,

campus Campos-Centro, como requisito parcial

para conclusão do Curso de Licenciatura em

Ciências da Natureza - Licenciatura em Biologia.

Orientador: Dr. Franz Viana Borges

Campos dos Goytacazes

2017

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ANA CAROLINE MAFRA BEZERRA

UTILIZAÇÃO DE CÍRCULOS DE CULTURA SOBRE VACINAS PARA PROMOÇÃO DA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE DOS ADOLESCENTES.

.

Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,

campus Campos-Centro como requisito parcial para conclusão do Curso de Licenciatura em

Biologia.

Aprovada em 15 de Março de 2018.

Banca Avaliadora:

....................................................................................................................................................

Dra. Natália de Deus Oliveira Crespo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense campus Centro.

....................................................................................................................................................

Dra. Thaís Rigueti Brasil Borges

Universidade Federal do Norte Fluminense - UENF.

....................................................................................................................................................

Dr. Franz Viana Borges

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense campus Centro.

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PÁGINA DA FICHA CATALOGRÁFICA

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Dedico este trabalho a todos que de alguma

maneira buscam dar sentido à vida das pessoas

por meio da educação.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos primeiros vão para as pessoas que representam o significado de

resiliência, paciência, alento de corpo e alma. Que me ensinam que o melhor caminho por

vezes é o mais difícil e que mesmo assim ele continuará sendo o melhor. Que educação é o

melhor veículo de transformação, de mim mesma e da sociedade e de que só o trabalho edifica

e dignifica o homem. À minha Mãe, luz da minha vida, o farol dos meus passos, Rose e ao meu

Pai, Suliman, meu melhor exemplo de humildade. A vocês, para vocês e por vocês sempre.

Gratidão eterna por me escolherem e me acolherem.

Ao meu irmão amado que torna minha vida mais leve e feliz. Meu melhor companheiro,

meu melhor amigo, meu exemplo de fraternidade. Obrigada por tanto apoio e tanto amor. Se

não fosse você não teria graça.

À minha Avó Tereza, por todos os abraços quando eu chegava a casa e quando eu ia

embora. Por todos os: “Se cuide filha”. Você preencheu meu coração de amor para enfrentar

cada semana longe de casa.

Ao meu querido Orientador Franz Borges, que foi muito mais que um profissional, foi

um amigo para todas as horas. Quando eu mais precisei, você estava lá. Que doou seu tempo,

seu ombro e seus ouvidos. Que me ensinou que bom humor salva os dias. Gratidão, por ter me

escolhido como orientanda e por ter me ensinado tanto sobre muito.

Aos professores desta caminhada árdua, meu eterno agradecimento pelos ensinamentos,

pelos diálogos e por fazerem despertar em mim o amor pela educação e principalmente pela

Biologia. E mais ainda, que me ensinaram que a melhor arma para uma educação

transformadora é o cuidado e o respeito com os alunos. Tatiana Almeida, Desiely Gusmão,

Ricardo Terra, Sarah Ferreira, Rodrigo Garrett e Tatiana Barroso. A vocês meu eterno

agradecimento.

Aos meus amigos Macaenses, por vocês tenho tanto amor! Obrigada por sempre serem

meu ninho, por me apoiarem, entenderem minhas ausências e por transformarem meus dias

leves e divertidos, sem dúvidas esta caminhada se tornou mais prazerosa com vocês. Sempre

foram e serão meu refúgio preferido. Casa onde mora meu coração.

Aos amigos que o IF Fluminense me proporcionou. Vocês seguraram todas as minhas

barras, minhas saudades de casa, os momentos em que pensei em fraquejar, os momentos de

dúvida e todos os momentos de dificuldades. Com vocês resignifiquei o meu olhar de mundo e

aprendi que as diferenças só nos transformam em pessoas melhores. Gratidão. Os levarei pra

vida.

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E ao Instituto Federal Fluminense que proporcionou uma caminhada acadêmica

prazerosa, edificante e possibilitadora de muitas oportunidades dignas. E ainda ao PIBID que

transformou totalmente minha visão sobre a educação, com todos vocês aprendi a querer ser

melhor e buscar um melhor desenvolvimento consciente e autônomo, que só a EDUCAÇÃO

nos proporciona! Obrigada

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“Não estou no mundo para simplesmente a ele

me adaptar, mas para transformá-lo; se não é

possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto

de mundo, devo usar toda possibilidade que

tenha para não apenas falar de minha utopia,

mas participar de práticas com ela coerentes”.

Paulo Freire

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RESUMO

Entre os instrumentos de política de saúde pública, as vacinas ocupam, por certo, um

lugar de destaque. As vacinas são recursos indispensáveis para a saúde individual e pública,

pois através da imunização é possível prevenir infecções e impedir que várias doenças se

espalhem por um território. Pensando nisso, desenvolver projetos relacionados à educação em

saúde, os quais viabilizem o acesso ao conhecimento para a população é fundamental para

garantir uma imunização consciente. Assim, desenvolve-se nesse trabalho uma proposta de

levantamento do conhecimento dos jovens do terceiro ano do ensino médio do Colégio

Estadual Nilo Peçanha sobre vacinação, a fim de alertar sobre a importância da imunização

como forma de prevenção para a saúde e trabalhar conceitos do senso comum, desmistificando

os supostos perigos da vacinação. Este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos

conhecimentos dos alunos adolescentes sobre conceitos da imunização através do tema vacinas,

além de desmitificar conceitos transmitidos erroneamente pelo senso comum, sendo isto

viabilizado por meio de uma oficina pedagógica possibilitadora do diálogo. A elaboração da

oficina pedagógica foi baseada nos conceitos dos círculos de cultura, uma proposta freiriana, a

que propõe um ambiente de reflexão e ação no qual possibilita a superação da separação que

existe entre teoria e prática, entre conhecimento e trabalho e entre a educação e a vida.

Realizando-se um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos por meio de um

questionário em formato de Likert que auxiliou na construção das diretrizes da oficina. Sendo

esta dividida em três encontros, os quais possibilitaram a codificação, decodificação e

desvelamento crítico sobre o tema vacinas. Durante a pesquisa foi possível observar no alunado

um senso crítico e a autonomia de ser um disseminador de ideias não só para seu ambiente

escolar, mas também familiar e social, fazendo-se assim cumprir o papel da educação em

saúde.

Palavras-chave: Promoção à saúde. Vacinas. Círculo de cultura.

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ABSTRACT

Among the instruments of public health policy, vaccines certainly occupy a prominent

place. Vaccines are essential resources for individual and public health, as immunization can

prevent infections and prevent various diseases from spreading across a territory. With this in

mind, developing projects related to health education that enable access to knowledge for the

population is fundamental to guarantee a conscious immunization. Thus, a proposal to survey

the knowledge of the high school youth of the Nilo Peçanha State College on vaccination is

developed in order to raise the awareness of the importance of immunization as a form of

prevention for health and to work on common-sense concepts, demystifying the alleged

dangers of vaccination. This work aims to evaluate the knowledge of adolescents' knowledge

about immunization concepts through vaccines, as well as to demystify concepts transmitted

erroneously by common sense, and this is made possible through a pedagogical workshop that

facilitates dialogue. The elaboration of the pedagogical workshop was based on the concepts of

culture circles, a Freirian proposal, which proposes an environment of reflection and action in

which it allows to overcome the separation between theory and practice, between knowledge

and work and between education and life. A survey of the students' previous knowledge was

done through a Likert questionnaire that helped to build the workshop guidelines. This is

divided into three meetings, which enabled the codification, decoding and critical unveiling on

the subject vaccines. During the research it was possible to observe in the pupil a critical sense

and the autonomy of being a disseminator of ideas not only for his school environment, but also

family and social, thus fulfilling the role of health education.

Keywords: Health promotion. Vaccines. Culture circle

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Percentual de confiança dos brasileiros à vacina.....................................................28

Figura 2 – Fases do desenvolvimento de uma vacina...............................................................32

Figura 3 - Campanha vacinação para todos...............................................................................33

Figura 4 – Divulgação da vacina contra poliomielite..........................................................34

Figura 5 - Zé gotinha e a erradicação da paralisia infantil……………………………............34

Figura 6 - Divulgação sobre a importância da vacinação na idade indicada………................36

Figura 7 - Cartaz de divulgação do aplicativo “detona vírus”..............................................36

Figura 8 - Esquema do Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire…………………………..........45

Figura 9 - Oficina “Entendendo o percurso histórico e social das vacinas”............................53

Figura 10 – Charge sobre as medidas sanitárias de Oswaldo Cruz.......................................53

Figura 11 – Revista da Semana: Vaccina Obrigatória..............................................................54

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Vacinas ofertadas pelo SUS..................................................................................24

Quadro 2 - Motivos da recusa à vacina...................................................................................27

Quadro 3 – Respostas dos alunos sobre sua relação individual com a imunização................49

Quadro 4 – Percentual de respostas dos alunos sobre processo vacinal.................................51

Quadro 5 – Respostas dos alunos sobre o conhecimento específico de algumas vacinas.......55

Quadro 6 – Verdades e mitos trabalhados na dinâmica da oficina.........................................58

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CTAI - Comitê Técnico Assessor de Imunizações

DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

EAPV - Evento Adverso Pós Vacinação

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

ESF - Estratégia Saúde da Família

FIOCRUZ – Fundação Instituto Oswaldo Cruz

FSESP – Fundação de Serviços de Saúde Pública

OMS – Organização Mundial da Saúde

PIINS - Política Nacional de Informação e Informática em Saúde

PNI – Programa Nacional de Imunizações

SBIM - Sociedade Brasileira de Imunizações

SUS – Sistema Básico de Saúde

UNICEF - United Nations Children's Fund

WHO - World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... ..............................13

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................16

2.1 Reflexos mundiais e histórico da vacinação no Brasil................................................16

2.2 A revolta da vacina............................................................................................................18

2.3 Avanços da ciência mundial e a criação do Programa Nacional de Imunizações ......20

2.3.1 Programa Nacional de Imunizações................................................................................21

2.4 Afinal, qual é a importâncias das vacinas?.....................................................................22

2.5 Recusa à vacinação............................................................................................................25

2.5.1 Eventos adversos versus segurança das vacinas..............................................................29

2.6 Campanhas e divulgação das vacinas..............................................................................34

2.7 Adolescência e cobertura vacinal.....................................................................................38

2.8 Educação em saúde...........................................................................................................41

2.9 Temas geradores e oficinas pedagógicas.........................................................................42

3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 46

3.1 Coleta de dados..................................................................................................................48

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 50

4.1 Codificação, decodificação e desvelamento crítico ........................................................ 55

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 60

6 REFERÊNCIAS...................................................................................................................62

APÊNDICE ............................................................................................................................. 68

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1 INTRODUÇÃO

Há algumas décadas, muito se discute sobre a importância da imunização como meio

de prevenção e controle à saúde do cidadão, se fazendo consolidar a vacinação como a

maneira mais eficaz de prevenir doenças. O Brasil tem evoluído nos últimos anos nessa área,

especialmente com a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973, que

facilitou o acesso da população às vacinas (BRASIL, 2009). Sendo assim, a prática da

vacinação torna-se relevante e fundamental na promoção da saúde brasileira.

Em consequência disso, um novo panorama surge nos anos 90 em relação à

imunização dos adolescentes e jovens adultos. A vacina contra Hepatite B, que era

recomendada apenas para grupos de risco, passou a figurar no calendário de imunização

universal. Outras vacinas, antes com somente uma dose na infância, ganharam reforço na

adolescência, como é o casão da Tríplice Viral. Vacinas novas foram licenciadas como as

contra Varicela, Hepatite A, Meningococo C e Papilomavirus Humano (BRASIL, 2003).

Nota-se então, uma expressiva necessidade, por parte desse grupo enfatizado, de medidas que

lhe proporcionem o conhecimento crítico sobre imunização. Desta forma, quais ações

voltadas para o adolescente seriam cabíveis para uma conscientização concreta e efetiva?

Nesse sentido, Araújo afirma que:

As ações de Educação em Saúde encontram-se vinculadas ao exercício da cidadania

na busca por melhores condições de vida e a saúde da população, principalmente

quando perpassam todas as fases do atendimento, promovendo espaços de troca de

informação, permitindo identificar as demandas de saúde dos usuários e as escolhas

mais adequadas e diminuindo a distância habitual entre profissionais de saúde e

população (ARAÚJO 2004, p.639).

Neste âmbito, educação em saúde pode ser definida como:

Qualquer combinação planejada de aprendizado que predispõe, capacita ou reforça o

comportamento voluntário, levando à saúde do indivíduo, do grupo ou da

comunidade. A promoção à saúde é a combinação planejada de ações educacionais,

políticas, regulatórias e organizacionais, que atuam na condição da saúde do

indivíduo, do grupo ou da comunidade. Desta maneira, a educação para a saúde e a

promoção da saúde, se torna intimamente relacionadas, ou seja: a promoção da saúde

depende da participação ativa da população bem informada no processo de mudança,

enquanto que a educação para a saúde é uma ferramenta de vital importância neste

processo (OPS, 1996, s. p.).

Verifica-se desta maneira que, a educação em saúde além de promover um crítico

conhecimento científico sobre a imunização, pode possibilitar a aproximação desses jovens à

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importância da vacinação e ainda desmistificar possíveis conceitos atribuídos pelo senso

comum. Para Levy (2016), a Educação em Saúde deve oferecer condições para que as pessoas

desenvolvam o senso de responsabilidade, tanto por sua própria saúde, como pela saúde da

comunidade, merecendo consideração como um dos mais importantes elos entre as

perspectivas dos indivíduos, os projetos governamentais e as práticas de saúde.

Ao analisar esses parâmetros, enquanto o conhecimento científico passa a fazer parte

do arsenal cognitivo de um número cada vez maior de pessoas, a sociedade moderna vê na

ciência o lugar de onde se atribui fidegnidade e veracidade às coisas do mundo (CAMARGO,

1995). Evidencia-se que é de suma importância o empenho à reafirmação do potencial das

vacinas, para que essa fidegnidade não esbarre diretamente nas informações que podem ser

passadas por meio do senso comum, que por vezes podem vir a desfavorecer o real sentido

dos programas de imunização.

A fim de promover essa educação em saúde, o ambiente escolar torna-se um espaço de

alcance fundamental acerca da conscientização sobre o tema vacinação para os jovens, sendo

a escola um lugar de diálogos possíveis e de ações educativas que possibilitam a participação

do adolescente no processo de construção do conhecimento crítico. As ações de saúde na

escola que utilizam técnicas e métodos participativos aumentam a motivação dos professores,

estudantes, pais e de toda a comunidade. Ainda convém lembrar que, em um espaço de

produção de saúde, muitas atividades podem ser desencadeadas pela comunidade escolar, tais

como: aulas interdisciplinares, visitas às comunidades, palestras, estudos, seminários, dentre

outras (BRASIL, 2005).

Segundo afirma Carneiro (2008) a Educação e Saúde são dimensões da vida humana,

normalmente separadas, mas que precisam permanecer sempre juntas. Isto posto, torna-se

convincente que, o espaço escolar seja um meio difusor e expressivo para se desenvolver o

conhecimento sobre vacinação e suas implicações na realidade dos adolescentes, além de

enfatizar esse ambiente como facilitador no processo de divulgação da saúde.

Tem-se então neste presente trabalho, o objetivo de avaliar a percepção dos

conhecimentos dos alunos adolescentes sobre conceitos da imunização através do tema

vacinas, além de desmitificar conceitos transmitidos erroneamente pelo senso comum. Esta

temática será viabilizada por meio de uma oficina pedagógica possibilitadora do diálogo, se

embasando na abordagem temática Freiriana, assim mediando e construindo o conhecimento

da promoção dos saberes científicos sobre saúde.

Espera-se com esse trabalho então, que a oficina sobre vacinas, promova o

desenvolvimento do conhecimento científico dos alunos sobre o tema, além de tornar

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dialógica a prática e a teoria da imunização. Suscitando aos alunos saberes construídos em

grupo e desenvolvendo competências para o cuidado com a saúde individual e coletiva.

O segundo capítulo desta monografia aborda o referencial teórico, o qual é composto

pela realização de uma revisão na literatura científica sobre as reflexões históricas ao redor da

imunização, a criação do Programa Nacional de Imunizações e suas campanhas, a importância

da vacinação, seus efeitos e processos de produção, constituição e liberação. Além disso, os

possíveis motivos da recusa à vacina e o surgimento dos movimentos antivacinais. Ao fim, a

proposta da educação em saúde e a mediação por meio de oficinas pedagógicas com um olhar

da abordagem temática freiriana.

Utilizou-se neste trabalho como metodologia o uso de oficinas pedagógicas. A

descrição da elaboração serão apresentadas no item 3 da monografia.Os resultados da

pesquisa e a elaboração das atividades, demonstrando as impressões durante o percurso

analítico do trabalho. A comparação dos resultados obtidos com as proposições iniciais da

pesquisa relacionando com o discurso metodológico escolhido. E por fim, as considerações

finais desta pesquisa, onde apontamos algumas conclusões de acordo com os objetivos para

este trabalho, onde se abordou sobre as análises adquiridas de acordo com a proposta inicial

de trabalho.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Reflexos Mundiais e Históricos da Vacinação no Brasil

O motim não tem fisionomia, não tem forma, é improvisado. Propaga-se, espalha-se,

mas não se liga. O grupo que opera aqui não tem ligação alguma com o que tiroteia

acolá. São independentes: não há um chefe geral nem um plano estabelecido.

(BARRETO, 2010, p. 212).

O poeta e romancista Lima Barreto traduzia fielmente em suas palavras o período

turbulento que se encontrava o estado do Rio de Janeiro em meado dos anos de 1904.

Turbulências essas que possibilitavam frequentes manifestações. Uma cidade com cerca de 700

mil habitantes e graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, toneladas de lixo

nas ruas, cortiços superpovoados. Um ambiente propício à proliferação de várias doenças,

como tuberculose, hanseníase, tifo, sarampo, escarlatina, difteria, coqueluche, febre amarela,

peste bubônica e varíola, as três últimas responsáveis por grandes epidemias (RIO DE

JANEIRO, 2006).

Em consequência disso, nota-se a necessidade de situar o contexto histórico anterior a

esse momento, vivido pelos que se encontravam na cidade do Rio de Janeiro em 1904 e o

contexto mundial.

Ao perceberem que os sobreviventes de um ataque de varíola não voltavam a sofrer da

doença, muitos povos tentaram provocar a moléstia numa forma mais branda. Os primeiros

registros desta prática, que recebeu o nome de variolização, remontam aos chineses. Esta

tecnologia era conhecida entre diversos povos da África e da Ásia, como hindus, egípcios,

persas, circassianos, georgianos, árabes. Na Turquia, no início do século XVIII, duas

inoculadoras de origem grega ficaram famosas – uma delas, a Tessaliana, chegou a imunizar

cerca de 400 mil pessoas (PORTO, 2003)

A técnica de variolização, comum em alguns países naquela época, consistia na

aplicação, em pessoas sadias, de material proveniente das pústulas dos varilosos, provocando

uma forma branda da doença e a consequente imunização. Essa prática trazia riscos sérios,

como a morte de dois a três por cento dos inoculados e mesmo o agravamento de uma

epidemia (RIO DE JANEIRO, 2006). Em 1717, Lady Mary Wortley Montague, mulher do

Embaixador inglês destacado em Istambul, ao ver a aplicação da variolização na corte

Otomana, introduziu-a na Inglaterra (GRAÇA, 2006). Paralelo a isto, nos mesmos anos 1700,

no Brasil, Jesuítas inocularam índios, e Zabdiel Boylston imunizou 243 pessoas durante uma

epidemia em Boston, em 1721 (PORTO, 2003).

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Em 1798, Edward Jenner (médico na Inglaterra) publicou o resultado de uma pesquisa

em que investigara a imunização à varíola de camponeses ingleses. Estes diziam que as

pessoas que lidavam com o gado não pegavam a doença. O médico investigou a crença

popular e conseguiu comprovar que os camponeses contraíam, em geral nas mãos, uma

moléstia comum nas tetas das vacas, que conferia imunidade contra a varíola. Curiosamente, a

doença era chamada de vacina (de “vaca”), palavra que passou a designar o produto feito em

laboratório (RIO DE JANEIRO, 2006).

Só então, em 1804 ocorre a chegada da vacina contra a varíola ao Brasil, por iniciativa

do Barão de Barbacena. O Barão enviou escravos a Lisboa para que fossem

imunizados à maneira jenneriana e, ao retornarem, continuavam a vacinação de braço a braço

(BRASIL, 2013). Originalmente, a vacinação constituia-se como a inoculação do vírus animal

em um indivíduo, seguida da extração e passagens sucessivas por seres humanos (vacinação

de braço a braço), julgando-se que assim humanizava-se o agente (o vírus vacinal) que,

supostamente, sensibilizava o ser humano, tentando impedir que este contraísse a varíola

(FERNANDES, 2003).

Ao lado das descobertas mundiais, as quais visavam possíveis tratamentos de doenças,

como a varíola, as instâncias responsáveis por gerir o governo se preocupavam em criar meios

de tornar oficial tais práticas a fim de controlar prováveis epidemias. Por certo, se têm em

1808, a criação da primeira organização nacional de saúde pública no Brasil. E em 27 de

fevereiro foi criado o cargo de Provedor-Mor de Saúde da Corte e do Estado do Brasil,

embrião do Serviço de Saúde dos Portos, com delegados nos estados (BRASIL, 2004).

A vacina humanizada chegaria ao Brasil no início do século XIX,

sendo criada, em 1811, a Junta Vacínica da Corte, responsável pela sua aplicação na capital

do Império (TEIXEIRA e ALMEIDA, 2003) Após a Independência, que se deu em 1828, foi

promulgada, em 30 de agosto, a lei de Municipalização dos Serviços de Saúde, que conferiu

às juntas Municipais, então criadas, as funções exercidas anteriormente pelo Físico-Mor,

Cirurgião-Mor e seus Delegados. No mesmo ano, ocorreu a criação da Inspeção de Saúde

Pública do Porto do Rio de Janeiro (BRASIL, 2004). Entretanto, no que se diz respeito à

obrigatoriedade, isso apenas ocorreu, em 1832, no estabelecimento do Código de Posturas do

município do Rio de Janeiro, definindo-se pela primeira vez no Brasil a obrigatoriedade da

vacina contra a varíola para crianças, atribuindo-se multa para os que infringissem a

legislação (FERNANDES, 2003).

Ao longo dos anos de 1800, instituíram-se pontos históricos relevantes para a saúde

pública, ao passo que essas instituições iriam ganhando força em forma de pesquisa, em

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paralelo as descobertas mundiais, muitos fatos decorridos no Brasil nesse período, marcaram

e evidenciaram novas mudanças dos meios até então instituídos, dentre eles: o registro da

primeira grande epidemia de febre amarela no Rio de janeiro, atribuída à chegada de um

navio negreiro, procedente de Nova Orleans, que fez escalas em Havana e Salvador em 1849,

a criação da Junta Central de Higiene Pública, integrando o Ministério do Império no ano de

1851, a extinção do Instituto Vacínico do Império em 1886 e no mesmo ano, a criação da

Inspetoria Geral de Higiene de São Paulo, que tinha entre as suas atribuições o combate à

varíola (BRASIL, 2013).

Em decorrência ao grande surto de varíola que ocorre em 1887 no Rio de Janeiro,

monta-se um serviço de vacinação e oferta de vacina na Santa Casa do Rio de Janeiro, graças

à transferência da técnica de vacinação animal, mediante obtenção de culturas da vacina em

Paris (TEIXEIRA e ALMEIDA, 2003).

Até o dado momento histórico, torna-se inegável que as sucessões de fatos decorrentes

das descobertas científicas influenciariam no modo e na forma em que estava sendo tratada a

saúde pública no Brasil. As grandes epidemias passam a ser vistas com um novo olhar pelas

instituições que regiam a República.

A solução na época, veio sob forma de incentivo público às pesquisas biomédicas,

sobretudo àquelas dirigidas às doenças tropicais e à formação de equipes de trabalho

organizadas em moldes militares, capazes de intervir com disciplina e eficácia

quando necessário. Estavam criadas as campanhas sanitárias. O sucesso dessas

campanhas sanitárias destacou-se tanto por seus resultados no controle de processos

epidêmicos, como pelo exemplo de articulação entre o conhecimento científico, a

competência técnica e a organização de trabalho em saúde (BRASIL, 2004, p. 16).

Na virada do século, agora nos anos de 1900, cria-se o Instituto Soroterápico do Rio

de Janeiro na fazenda Manguinhos, onde era produzida a vacina antivariólica, cuja direção foi

confiada a Oswaldo Cruz. Posteriormente, o Instituto passou à alçada federal com o nome de

Instituto Soroterápico Federal (BRASIL, 2013). Nos anos posteriores Oswaldo Cruz viria a

ser um personagem marcante na história da saúde pública e na história da vacinação no Brasil.

2.2 A Revolta da Vacina

O jornal “A Notícia” publica, sem consentimento expresso das autoridades, o projeto

de regulamentação da Lei da Vacina Obrigatória, elaborado e redigido por Oswaldo Cruz. A

lei, não regulamentada, fora aprovada em 31 de outubro de 1904. (RIO DE JANEIRO, 2006).

O projeto estipulava ainda punições e multas para médicos que emitissem atestados falsos de

vacinação e revacinação, obrigava diretores de colégio a obedecerem às disposições sobre

imunização dos estudantes e instituía a comunicação de todos os registros de nascimento.

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(BRASIL, 2004). Antes mesmo que a revolta ocorresse Oswaldo Cruz agora então Diretor-

Geral de Saúde Pública instituiu:

A campanha contra a febre amarela em moldes militares, dividindo a cidade em dez

distritos sanitários, cada qual chefiado por um delegado de saúde. Seu primeiro

passo foi extinguir a dualidade na direção dos serviços de higiene. Para isso,

estabeleceu uma conjugação de esforços entre os setores federais e a Prefeitura, com

a incorporação à Diretoria Geral de Saúde Pública do pessoal médico e de limpeza

pública da municipalidade (BRASIL, 2004, p. 17).

No ano de 1904 também ocorreu a regulamentação do Serviço de Profilaxia da Febre

Amarela e da Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, para combater a malária e a peste no

Rio de Janeiro (Decreto Legislativo nº 1.151, de 5 de janeiro), conhecida como Reforma

Oswaldo Cruz (BRASIL,2013). Fato este que comprovava as grandes mudanças nesse

período enquanto Oswaldo Cruz tomava a frente da instância da saúde pública.

Ainda em 1904, uma epidemia de varíola assolou a capital. Somente nos cinco

primeiros meses, 1.800 pessoas foram internadas no Hospital São Sebastião. Embora uma lei

prevendo imunização compulsória das crianças contra a doença estivesse em vigor desde

1837, ela nunca fora cumprida. A qual em, 29 de junho de 1904, o Governo enviou ao

Congresso projeto reinstaurando a obrigatoriedade de vacinação antivariólica (BRASIL,

2004).

Apesar das divergências estatísticas, sabe-se que a Revolta da Vacina foi o maior

motim da história do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2006). No dia 13 de novembro,

estourou o movimento. Choques com a polícia, greves, barricadas, quebra-quebra, tiroteios —

nas ruas, a população se levantou contra o governo. No dia 14, a Escola Militar da Praia

Vermelha aderiu à rebelião, mas após intenso tiroteio os cadetes foram dispersados. No bairro

da Saúde, no Porto Arthur carioca, os protestos continuaram. Finalmente, o Governo decretou

estado de sitio e, no dia 16, conseguiu derrotar o levante, mas suspendeu a obrigatoriedade da

vacina (BRASIL, 2004). A ocorrência da Revolta da Vacina foi considerada uma verdadeira

insurreição enfrentada pelo governo federal, que representou – para além da recusa da

vacinação – a explosão de uma profunda oposição aos programas de higienização do espaço

urbano (BRASIL, 2013).

Todavia, mesmo com a não obrigatoriedade da vacinação desde a decorrência da

Revolta da Vacina, os estudos permaneceram a serem desenvolvidos, tendo em 1907 a

mudança na denominação do Instituto Soroterápico Federal, que passou a ser chamado de

Instituto de Patologia Experimental, expressando a nova orientação para a instituição, sob a

direção de Oswaldo Cruz (FIOCRUZ, 2002). No ano seguinte (1908) ocorre a transformação

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do Instituto de Patologia Experimental em Instituto Oswaldo Cruz, (HOMMA, 2005) o qual

permaneceu com essa denominação até os dias atuais.

Em 1904, cerca de 3.500 pessoas morreram de varíola no Rio de Janeiro. Dois anos

depois, esse número caía para nove. Mas o resultado da suspensão da lei que determinara a

obrigatoriedade da vacinação antivariólica se fez sentir em 1908, quando um violento surto da

doença assolou o Rio de Janeiro, fazendo 6.550 vítimas. Apesar disso, a regulamentação da

Lei da Vacina Obrigatória foi sendo protelada (RIO DE JANEIRO, 2006).

2.3 Avanços da Ciência Mundial e a criação do Programa Nacional de Imunizações

(PNI)

Nos anos seguintes à revolta da vacina, muitas descobertas e fortes campanhas contra

as doenças que assolavam a população ganharam ímpeto para os pesquisadores. Grandes

acontecimentos e novos achados da ciência em relação à saúde direcionaram o panorama

vacinal a relevantes feitos, nas décadas seguintes. Segundo encontra-se no Livro de

Comemoração de 40 anos do Programa Nacional de Imunizações, 2013, publicado pelo

Ministério da Saúde temos como marcos históricos:

Em 1921, a obtenção da vacina BCG por Albert Calmette e Camille

Guérin no Instituto Pasteur, em Paris;

Descoberta do toxoide contra a diferia por Ramon & Glenny e da

vacina contra coqueluche por Madsen, em 1923;

Em 1927, o início da vacinação contra a tuberculose no Brasil com a

vacina BCG, na Liga Brasileira contra a Tuberculose, produzida na

própria Liga a partir da cepa Moreau;

Em 1930, Início da produção de vacinas pelo Instituto Butantan, com

destaque para a antivariólica;

Criação e registro da primeira vacina eficaz contra febre amarela,

conhecida como a cepa 17-D ou vírus camarada. O vírus atenuado é

obtido por Teiler e Smith, no ano de 1937;

Em 1942, a declaração da extinção da febre amarela na forma urbana e

obtenção do controle da forma silvestre;

Em 1957, desenvolvimento da vacina oral contra a poliomielite (VOP),

por Albert Sabin;

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Início da produção, no Brasil, da vacina lioflizada contra a varíola e

da fórmula intradérmica da vacina BCG, em 1961;

E em 1972, ocorre aprovação do Plano Decenal de Saúde para as

Américas (1970/1979) na 3ª Reunião de Ministros da Saúde das

Américas, em cuja ocasião se propôs a todos os países americanos a

redução da morbidade e da mortalidade por doenças evitáveis por agentes

imunizantes.

Desde as primeiras vacinações, em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de

imunizações, com a criação do PNI, desenvolveu ações planejadas e sistematizadas (BRASIL,

2003).

2.3.1 Programa Nacional de Imunizações (PNI)

Mediante as grandes transformações no panorama da saúde no Brasil, descobertas,

surtos de algumas doenças, erradicações de epidemias e criações de planos que agora

vigoravam um cuidado maior com a saúde da população. No ano de 1973 foi formulado o

Programa Nacional de Imunizações - PNI, por determinação do Ministério da Saúde, com o

objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela

descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura (DATASUS, 2017).

Segundo Temporão (2003), a concepção, estruturação e desenvolvimento do PNI

estavam determinadas pelo conjunto de forças e projetos que se enfrentavam naquela

conjuntura. Como se pretende demonstrar sairia vitoriosa uma determinada concepção de

saúde pública e um modo específico de enfrentar determinadas situações sanitárias, dignas

herdeiras da tradição consolidada por Oswaldo Cruz.

O PNI passou a coordenar, assim, as atividades de imunizações desenvolvidas

rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na experiência da

Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de

saúde através de sua rede própria. A legislação específica sobre imunizações e vigilância

epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975 e Decreto 78.231 de 30-12-76) deu ênfase às

atividades permanentes de vacinação e contribuiu para fortalecer institucionalmente o

Programa (DATASUS, 2017).

É essencial reconhecer e reafirmar a vacinação como ação intrinsecamente vinculada à

atenção básica em saúde, como um cuidado preventivo de promoção e de proteção da saúde,

oferecido, de modo geral, na porta de entrada do Sistema único de saúde (SUS) (BRASIL,

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2013). Segundo o DATASUS, 2017, o PNI é, hoje, parte integrante do Programa da

Organização Mundial de Saúde, com o apoio técnico, operacional e financeiro da UNICEF e

contribuições do Rotary Internacional e do Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD). Demonstrando sua visibilidade e importância no cenário da saúde

mundial. No livro de comemoração aos 40 anos de atuação do PNI em 2013, a Secretaria de

Vigilância em Saúde acerca do programa afirma:

Um Programa que envolve os diferentes componentes de uma das intervenções em

Saúde Pública mais importante das últimas décadas, de grande aceitação e avaliada

de forma positiva por boa parte da nossa população, inclusive pelo impacto na

redução ou eliminação de doenças que, por muitos anos, talvez décadas, ceifaram

vidas ou deixaram sequelas, até que o setor público brasileiro adotasse medidas para

transformar tais situações (BRASIL, 2013, p. 19).

Como destaque o objetivo principal do Programa é de oferecer todas as vacinas com

qualidade a todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar

coberturas vacinais de 100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os

bairros (DATASUS, 2017). Mesmo diante dos atuais objetivos do PNI, o programa só

estabeleceu relação de parceria por completa com o sistema de saúde público mais ou menos

uma década depois da sua criação. Do final da década de 80 em diante, destaca-se então a

Constituição Federal de 1988, que determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a

população e, para tanto, criou o Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2017). O que viria

representar um ocorrido fundamental para os programas realizados com a população acerca da

vacinação.

2.4 Afinal, qual a importância das vacinas?

As vacinas estimulam o organismo para a produção de anticorpos dirigida,

especificamente, contra o agente infeccioso ou contra seus produtos tóxicos; além

disso, desencadeiam uma resposta imune específica mediada por linfócitos, bem

como tem por objetivo formar células de memória, as quais serão responsáveis por

desencadear uma resposta imune de forma rápida e intensa nos contatos futuros

(CREPE, 2009, p.11).

Encontra-se também por definição das vacinas a seguinte atribuição elaborada pelo

Instituto Butantan:

As vacinas são recursos indispensáveis para a saúde individual e pública. Através da

imunização é possível prevenir infecções e impedir que várias doenças se espalhem

por um território. Atuam estimulando o organismo a produzir sua própria proteção

(por exemplo, a produção de anticorpos) contra doenças. É a maneira eficaz de

controlar e até erradicar doenças (BUTANTAN, 2017, s. p.).

Sendo assim, é importante discutir quais características os processos de vacinação para

a saúde do indivíduo.

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Ao invadir um organismo, bactérias e vírus atacam as células e se multiplicam. Esta

invasão é chamada de infecção e é isso que causa a doença (RIO DE JANEIRO: RMCOM,

2016). Quando a pessoa é vacinada, seu corpo detecta a substância da vacina e produz uma

defesa, os anticorpos. Esses anticorpos permanecem no organismo e evitam que a doença

ocorra no futuro desencadeando a imunidade humoral (TOSCANO, 2003).

Segundo Crepe, 2009, as vacinas estimulam o organismo para a produção de

anticorpos dirigida, especificamente, contra o agente infeccioso ou contra seus produtos

tóxicos; além disso, desencadeiam uma resposta imune específica mediada por linfócitos, bem

como tem por objetivo formar células de memória, as quais serão responsáveis por

desencadear uma resposta imune de forma rápida e intensa nos possíveis contatos futuros.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que de 2 a 3 milhões de mortes a

cada ano sejam evitadas pela vacinação e garante ser a imunização um dos investimentos em

saúde que oferecem o melhor custo/efetividade para as nações (BALLALAI, 2016).

Então, a importância no processo vacinal, como função, tem-se a seguinte afirmativa

da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM):

O que as vacinas fazem é se passarem por agentes infecciosos de forma a estimular a

produção de nossas defesas, por meio de anticorpos específicos contra o “inimigo”.

Assim, elas ensinam o nosso organismo a se defender de forma eficaz. Aí, quando o

ataque de verdade acontece, a defesa é reativada por meio da memória do sistema

imunológico. É isso que vai fazer com que a ação inimiga seja muito limitada ou,

como acontece na maioria das vezes, totalmente eliminada, antes que a doença se

instale (SBIM, 2017, s. p.).

Segundo Abbas e colaboradores, (2008), a vacinação é um processo que provoca

imunidade adquirida contra doenças específicas. Esta imunidade pode ser adquirida através de

tipos diferentes vacinais, de acordo com Cento de Imunização: Imuzina, (2017), tal processo

pode ser elaborado das seguintes formas:

Vacinas atenuadas: o microrganismo (bactéria ou vírus vivos), obtido a partir

de um indivíduo ou animal infectado, é atenuado por passagens sucessivas em

meios de cultura ou culturas celulares, diminuindo assim seu poder infeccioso;

Vacinas inativas: os microrganismos são mortos por agentes químicos ou

físicos. A grande vantagem das vacinas inativas é a total ausência de poder

infeccioso do agente, mantendo as suas características imunológicas. Ou seja,

estas vacinas não provocam a doença, mas têm a capacidade de induzir

proteção (estimular produção de anticorpos) contra essa mesma doença;

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Vacinas Conjugadas: são produzidas para combater diferentes tipos de doenças

causadas por bactérias chamadas encapsuladas (que possuem capa protetora

composta por polissacarídeos, substâncias parecidas com açúcares);

Vacinas Combinadas: são as vacinas que em uma única dose, isto quer dizer,

uma única picada, protege de várias doenças. Essas vacinas combinadas

substituem a aplicação das vacinas em separado, diminuindo os efeitos

colaterais, como febre, mal-estar e dor.

Nas proposições de Ballalai, (2016), na cartilha “Imunização: tudo o que você sempre

quis saber” reitera a constituição das vacinas:

As vacinas podem conter quantidades muito pequenas de outros produtos químicos

ou biológicos, como: água estéril, soro fisiológico ou fluidos contendo proteína;

conservantes e estabilizantes (por exemplo, albumina, fenóis e glicina);

potencializadores da resposta imune, chamados “adjuvantes”, que ajudam a

melhorar a eficácia e/ou prolongar a proteção da vacina; e também podem conter

quantidades muito pequenas do material empregado para fazer crescer a bactéria ou

o vírus, como a proteína do ovo de galinha. Algumas vacinas apresentam ainda

traços de antibiótico na composição, para evitar o crescimento de microrganismos

durante a produção e o armazenamento do produto final (BALLALAI, 2016, p.15).

Mesmo com os parâmetros atuais da vacinação, ela só se estabeleceu como direito do

cidadão ao longo dos anos, esse direito é reafirmado no Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de

1976, que regulamenta a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que considera a necessidade

de estabelecer normas sobre o PNI (BRASIL, 2017). Décadas depois uma nova portaria, a fim

de trazer mais direitos à população, institui em 2004, dentre alguns decretos que, as vacinas

obrigatórias e seus respectivos atestados serão gratuitos na rede pública dos serviços de saúde

(SBIM, 2017).

Agora, mesmo diante aos benefícios da gratuidade e o direito ao acesso à vacinação, se

faz necessário que as pessoas busquem os postos de vacinas, essa é a chamada vacinação de

rotina. Também existem as campanhas de vacinação como, por exemplo, a campanha contra a

poliomielite e a campanha do idoso (contra a gripe), que acontecem todo ano (TOSCANO,

2008). Atualmente, segundo o Ministério da Saúde do Brasil (2017), as vacinas ofertadas à

população pelo Sistema Básico de Saúde (SUS), podem ser apresentadas de acordo com o

Quadro 1:

Quadro 1 – Vacinas ofertadas pelo SUS

Vacinas ofertadas Indicação

BCG Formas graves de tuberculose

Hepatite B (recombinante) Hepatite B

Vacina Penta Difteria, tétano, coqueluche, hepatite b e

Haemophilus Influenzae B

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DTP Difteria, tétano e coqueluche

Esquema Sequencial (VIP 1ª e 2ª dose e VOP

3ª. 1ª e 2ª reforços em VOP) Paralisia Infantil

Pneumocócicas 10-valente (conjugada) Doenças pneumocócicas

Rotavírus humano G1P1 (atenuada) Rotavírus e doenças diarreicas causadas pelo

rotavírus

Meningocócica C (conjugada) Neisseria menigitialis do sorogrupo C

(Meningite)

Febre amarela Febre amarela

Hepatite A Hepatite A

Tríplice viral Sarampo, caxumba e rubéola

Tetra viral Sarampo, caxumba , rubéola e varicela

HPV HPV, 6,11,16,18, para prevenção de câncer no

colo do útero

dT/dupla adulta Difteria e tétano

dtpa (difteria, tétano e pertussis acelular) Proteger gestantes contra a difteria, o tétano e a

coqueluche, a fim de que essa proteção seja

transferida para o feto/recém nascido

Varicela Varicela (catapora)

Pneumocócica 23-valente Doenças pneumocócicas

Influenza Alguns tipos de gripe. Ofertada em campanha

anual

Fonte: Adaptado do Ministério da Saúde (2017)

2.5 Recusa à vacinação

O infectologista paulista Guido Carlos Levi,(2013) em publicação sobre “Recusa de

Vacinas: causas e consequências”, corrobora em seus estudos durante anos, sobre as possíveis

causas de atuais rejeições de determinados grupos à vacinação. Diz que, ainda há grupos de

pessoas que afirmam veementes apelos contra seu uso, algumas por má-fé, outros erros

científicos, por crenças religiosas ou filosóficas e ainda outras pelo simples desconhecimento

dos fatos e dos dados abundantemente fornecidos por fontes científicas de seriedade

indiscutível e, porque não, pela própria história da humanidade e da medicina em particular.

De acordo com dados da OMS (2017), entre duas e três milhões de mortes por ano são

evitadas por conta da vacinação das pessoas, especialmente às ligadas à difteria, tétano,

sarampo e rubéola. Por exemplo, no caso do sarampo, estima-se que as mortes caíram 74%

entre 2000 e 2010 graças à intensificação das campanhas de vacinação pelo mundo. Apesar da

dimensão que os programas de imunização proporcionam à saúde da população mundial, é

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preciso entender porque movimentos antivacinais ainda surgem e ganham destaque na mídia e

influenciam grandes grupos.

Historicamente, o estopim de ideias antivacinais criou forma no ano de 1982, com o

documentário DPT: Vaccine Roulette, o filme causou uma grande polêmica ao associar a

vacina tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, a danos cerebrais,

assim a partir de então, as desconfianças passaram a entrar de vez em pauta (HARTMANN,

2016).

Entretanto, conceitos mais incisivos foram publicados no Lancet (periódico médico

inglês), em 1998, pelo Dr. Andrew Wakefield e colaboradores (ZIMMERMAN, 2005). Os

quais descreveram uma condição inflamatória intestinal que exporia crianças vacinadas às

toxinas mercuriais causadoras do autismo, assim seu artigo originou reações enfáticas em

vista das excessivas extrapolações e a questionável metodologia empregada (DOBSON, R,

2003). Ainda afirma em, “O General Medical Council” inglês, após minuciosa análise do

trabalho, publicou um relatório de 143 páginas no qual afirmava que os autores agiram de

forma irresponsável e antiética.

No início dos anos 2000, ocorreu uma grande crise no abastecimento de vacinas, nos

Estados Unidos, devido à recomendação de retirada de timerosal (que contém um composto

orgânico de mercúrio, o etil mercúrio, atuando como conservante). O timerosal é usado em

vacinas há mais de setenta anos, para evitar contaminação por bactérias e fungos. A

recomendação se baseava nas alegações sobre os riscos do mercúrio causar várias doenças,

especialmente o autismo, tal movimentação levou inclusive à sessão pública de

questionamento, convocada pelo Senado e a Câmara de Representantes dos Estados Unidos,

com a participação de representantes, entre outros, do National Center on Birth Defects and

Developmental Disabilities do CDC, do National Immunization Program do CDC, do

National Institute of Mental Health, da Autism Society of America, da Autism Coalition, da

Cure Autism Now Foundation, sendo estas três últimas organizações não-governamentais,

com um total aproximado de oitenta mil membros (CGR, 2002).

Entretanto não havia nenhuma evidência nos estudos que comprovassem a associação

do mercúrio com o autismo. Em estudos para a dosagem da concentração de mercúrio no

sangue, na urina e nas fezes de quarenta lactentes nascidos e que receberam as imunizações de

rotina, e comparando-as com vinte e um que receberam vacinas sem timerosal, verificou-se

que o mercúrio é eliminado rapidamente do sangue para as fezes e que não parece aumentar

as concentrações de mercúrio acima de níveis seguros (PICHICHERO, 2002).

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Há ainda, outras especulações acerca de possíveis eventos adversos vacinais, dentre

elas, além do autismo o desenvolvimento da esclerose múltipla, doença grave desmielinizante

do sistema nervoso central e de etiologia desconhecida, após a vacina contra hepatite B, um

programa de fármaco-vigilância foi iniciado em 1994 na França (MARTINS, 2003).

Muitos estudos foram realizados nos Estados Unidos e na Europa, entretanto não

mostraram evidência de associação entre hepatite B e doenças desmielinizantes do sistema

nervoso central (WHO, 1999). Todavia nas últimas décadas, afasta-se a relação de

causalidade entre a vacina contra a hepatite B e o surgimento de casos de Síndrome Guillain

Barré, esclerose múltipla, síndrome de morte súbita infantil e artrite (BRASIL, 2008).

Outra especulação negativa para a vacinação, seria em relação à vacina tríplice viral,

contra sarampo, caxumba e rubéola, como causa de doença inflamatória intestinal e autismo,

que começou no ano de 1998, em um estudo voltado para isso (MARTINS, 2003). Grande

estudo epidemiológico realizado na Finlândia (MAKELA et al. 2002) e outro estudo na

Dinamarca (MADSEN et al. 2002), os autores concluíram que as evidências eram contrárias à

hipótese, não mostrando qualquer evidência de associação entre vacinação para essas doenças

com encefalite, meningite asséptica ou autismo.

O fato é que, toda essa especulação sobre o tema, movimentou o cenário de grupos

antivacinais, além disso, as redes virtuais antivacinação têm ampliado seus espaços, sobretudo

pela força das celebridades que abraçaram a causa em debates veiculadas pela TV

(WALLACE, 2009). Segundo Vasconcellos, (2015), a verdade é que o artigo do Dr.

Wakefield não foi o único ponto crucial gerador para o movimento antivacinação, mas sim,

potencializou crenças pré-existentes há mais de um século e agora contam com redes virtuais

para esclarecimento e mútua interlocução. No Quadro 2, de acordo com Levi (2013), a recusa

às vacinas pode ser:

Quadro 2 – Motivos da recusa à vacinação

MOTIVOS DA NÃO VACINAÇÃO INDIVÍDUOS FILOSÓFICOS

RESPONSÁVEIS OU

FAMILIARES

RELIGIOSOS MEDO DOS EVENTOS

ADVERSOS ORIENTAÇÃO MÉDICA

Fonte: Adaptado de LEVY, C. (2003)

Seguindo seus estudos, Guido Carlos Levi ainda afirma em seus trabalhos sobre recusa

às vacinas (2013), que os fatores da não vacinação por orientação médica estariam pautados

nas seguintes afirmativas: Radicais – contrários a todos os métodos de imunização e Seletivos

– contrários a alguns métodos de imunização.

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O grupo dos radicais, se associariam a conceitos filosóficos, religiosos e científicos e

os seletivos somente a conceitos científicos, Guido resume tais atitudes como “Displicência,

descuido e ignorância” com a saúde e a ciência.

Atualmente vê se que, com a criação de espaços de veiculação e consumo de

informações em saúde, coloca desafios inadiáveis ao indivíduo, não raro situado em uma

encruzilhada de versões conflituosas de muitas realidades a lhe exigir com urgência as

decisões corretas em relação a sua saúde (VASCONCELLOS, 2015).

Com toda movimentação mundial acerca do tema, principalmente nos países em que a

vacinação não é compulsória, no Brasil, contudo, a agitação ainda é pequena e está no início.

Em entrevista ao “Jornal Estadão” da cidade de São Paulo, Lessandra Michelin, (2016),

coordenadora do Comitê de Vacinações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diz

que: “Temos visto esses questionamentos aumentarem, mas os pais ainda vacinam. Raramente

há uma recusa. Aqui é mais comum o esquecimento do que a recusa”.

Assim como pode ser demonstrado no projeto de pesquisa da “Vaccine Confidence”,

Figura 1, em última pesquisa realizada em 2016, o percentual de brasileiros descrentes à

vacinação é muito inferior em comparação a outros países. Questiona-se então, quais seriam

os motivos que levam a população brasileira ir contra (pelo menos grande parte dela) a esses

movimentos antivacinais.

Figura 1 – Percentual de confiança dos brasileiros à vacinação (Traduzida)

Fonte: www.vaccineconfidence.org (2017)

De acordo com os dados apresentados na figura 1, 80% da população brasileira

entrevistada concordam plenamente com a importância da vacinação e ainda 20% tendem a

concordar com esta importância. Em relação à segurança, eficácia e a influência da religião,

menos de 10 % da população alegaram discordar plenamente ou possuírem certa tendência a

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discordar e pouquíssimos não souberam opinar sobre os assuntos. Isto demonstra como a

vacinação é um fator necessário e de confiança para a saúde da população brasileira.

Vasconcellos (2015) propõe que no Brasil existe uma ampla política pública, na qual

inclui vacinar de graça a população e explicar, desde o pré-natal da mãe, a importância de

imunizar o bebê. Isso graças a implementação, como já se citou neste trabalho, do PNI e ainda

a gratuidade pelo SUS. Essa ampla política pública é regulada por legislação federal, Decreto

nº 78.231, de 12 de agosto de 1976, título II – Do Programa – artigo 29: “É dever de todo

cidadão submeter-se e aos menores dos quais tenha a guarda ou responsabilidade à vacinação

obrigatória”. Parágrafo único: “Só será dispensada da vacinação obrigatória a pessoa que

apresentar atestado médico de contraindicação explícita da aplicação da vacina” (BRASIL,

2017, s.p.).

Conforme Homma e colaboradores (2010), a política governamental de imunizações

inclui um apoio no fortalecimento da capacidade do país quanto à inoculação tecnológica,

modernização e construção de novos laboratórios de produção, com isso se fortalece a

capacitação tecnológica e garante a oferta de vacinas essenciais a um preço acessível ao

orçamento governamental.

2.5.1 Eventos adversos x segurança das vacinas

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (2017), a vacinação

pode ser vítima do próprio sucesso, já que reduz a percepção da doença. Com a diminuição de

inúmeras doenças, que antes no passado eram responsáveis por muitas mortes, acaba se

tornando natural que as pessoas, esquecidas do risco que a doença representa, passem a

preocupar-se mais com a segurança das vacinas do que com a prevenção que elas oferecem.

No entanto, como qualquer outro produto farmacêutico, elas não estão isentas de risco.

Desde 1998, o Ministério da Saúde possui um Sistema Nacional Para Vigilância de Eventos

Adversos, um sistema passivo de relatórios, com base em informações de 22.000 Centros de

Saúde Pública em todo o Brasil (MARTINS, 2007). Mas, especificamente, mesmo com a

existência do PNI no Brasil, a discussão sobre a criação de um sistema de compensação para

eventos adversos de vacinas, é muito recente. Só se efetivou em 2013 com a criação do

Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI), inclusive com a criação de um grupo de

trabalho para estudar a matéria, visando levar possíveis sugestões ao Ministério da Saúde.

Tratando- se de um assunto muito complexo, porque envolve não só os possíveis eventos

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adversos, mas também a gestão administrativa que participa da produção das vacinas (LEVI,

2013).

Em decorrência desses fatos, a Secretaria de Vigilância em Saúde (2008), desenvolve

pesquisas em relação a possíveis eventos adversos pós-vacinação e ainda estabelece que:

“Qualquer ocorrência clínica indesejável em indivíduo que tenha recebido algum

imunobiológico” será considerado um caso de Evento Adverso Pós Vacinação (EAPV).

Como consequência, o ministério da saúde, lançou o Manual de vigilância

epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação em 2008, com base em vários estudos de

notificações pós vacina. Neste manual há a preocupação de elucidar todos os possíveis efeitos

que uma vacina pode causar nos vacinados, ressaltando a importância da segurança e do

cuidado que se deve realizar anteriormente a vacinação. Descritas por Gell e Coombs: as

reações de hipersensibilidade causadoras de eventos adversos à vacinação, fator relacionado

ao vacinado podem ser divididas nos seguintes itens encontradas no Manual de vigilância

epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação (2008):

Reações do tipo I: anafiláticas, mediadas por IgE, mais frequentes em

indivíduos alérgicos. Podem ocorrer após qualquer vacina ou soro, especialmente os

de origem não-humana (equina).

Reações do tipo II: ligadas à formação de anticorpos que se fixam a células do

organismo, levando à sua destruição por ação do complemento e por linfócitos que se

fixam aos anticorpos provocando destruição celular.

Reações do tipo III: provocadas pela formação de complexos imunes, que

levam à vasculite e à necrose tecidual no sítio da aplicação, como pode ocorrer após

número exagerado de doses de vacinas contra difteria e tétano (fenômeno de Arthus),

ou generalizadas, como na doença do soro.

Reações do tipo IV: chamadas de hipersensibilidade tardia, que envolvem a

imunidade celular, com linfócitos T citotóxicos direcionados contra células do próprio

corpo, como ocorre na síndrome de Guillain Barré e, provavelmente, também na

encefalomielite pós-infecciosa aguda. As reações também podem ser localizadas,

como em indivíduos que apresentam reações cutâneas à neomicina e ao timerosal,

usados como conservantes em várias vacinas.

Ainda no mesmo manual disponibilizado pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), 2008, outro fator potencializador de possíveis efeitos adversos seria o da

depressão imunológica, os quais seriam os pacientes (vacinados) com deficiência imunológica

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primária, isto é, com deficiências congênitas da imunidade, que são doenças raras, ou

secundárias, decorrentes de doenças ou tratamentos que comprometem a imunidade.

Embora possa ocorrer essas possíveis reações após a vacinação, é importante reafirmar

que muitas falsas indicações podem ser noticiadas, fazendo com que os pacientes tenham

dúvida se devem ou não se vacinar. Segundo as orientações que podem ser encontradas na

“Vigilância dos eventos adversos pós-vacinação: cartilha para trabalhadores de sala de

vacinação” (BRASIL, 2003, p. 15), existe uma lista de itens de não indicações para vacinação

que se tornaram informações do senso comum, sendo elas:

Doenças agudas leves com febre baixa: como, por exemplo, resfriado, não

diminuem a eficácia da vacina nem aumentam os eventos adversos;

Uso de antibióticos: Esses medicamentos também não interferem na eficácia da

vacina;

História clínica do paciente: que sugere já ter sido acometido pela doença

contra a qual se vai vacinar: Se não há certeza absoluta da ocorrência da doença, a

vacina deve ser aplicada. Mesmo que a doença já tenha ocorrido, isto não determinará

aumento de eventos adversos;

Desnutrição: A resposta imunológica após a aplicação da vacina, mesmo dos

casos graves de desnutrição, é adequada para sua proteção. Não há registro do

aumento de eventos adversos pós-vacinação nestes casos;

Doença neurológica na criança: Uma das mais conhecidas são as convulsões.

Logo que a doença esteja controlada recomenda-se que seja completado o esquema do

calendário de rotina no Centro de referências para imunobiológicos especiais (CRIE).

Antecedente familiar de convulsão: Não há contraindicação à vacinação;

Tratamento com medicamento corticosteroide: Não há contraindicação quando

o corticosteroide for usado: por menos de 2 semanas; em doses menores que 2

mg/kg/dia em crianças de até 10 kg (prednisona); em dosagem inferior a 20 mg/dia em

crianças com mais de 10 kg e adultos. Na dúvida, solicitar avaliação médica;

Alergias: Alergia do aparelho respiratório superior, como tosse e coriza, não é

contraindicação para a vacinação. Apenas as alergias aos componentes da vacina

contraindicam a vacinação;

Aleitamento: O aleitamento não é contraindicação de vacinação, nem para a

criança, nem para a mãe;

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Prematuridade ou baixo peso ao nascer: Não impedem ou adiam a vacinação.

No caso da vacina BCG, é recomendável que a criança tenha peso acima de 2 Kg;

Internação hospitalar: Durante a hospitalização do cliente, se não existir

contraindicação formal, a vacinação poderá ser realizada normalmente;

Vacinação simultânea: O sistema imunológico responde satisfatoriamente às

diferentes vacinas aplicadas no mesmo dia;

Reação local em dose anterior da DTP-Hib., tríplice (DTP) ou dupla bacteriana

(DT/dT): Não há contraindicação às doses seguintes das respectivas vacinas.

Mesmo após o licenciamento de uma vacina, o monitoramento de sua segurança

continua, na fase denominada “pós-licenciamento”, para que sejam percebidos eventos

adversos mais raros e reações mais tardias. Cabe ao governo de cada país estabelecer seu

próprio sistema de vigilância, porém hoje em dia é comum haver colaboração internacional

para o estabelecimento de bancos de dados contendo informações sobre milhões de vacinados

(CHEN et al,1997)

No Brasil, o órgão responsável pela avaliação dos resultados de segurança e eficácia

de uma vacina e seu registro é a Anvisa, o esquema de segurança se dá de acordo com a

Figura 2:

Figura 2 - Fases de desenvolvimento de uma vacina

Fonte: www.familia.sbim.org.br/seguranca (2018)

Segundo SBIM, (2018), a fase pré-clinica após a definição dos melhores

componentes para a vacina, são realizados testes em animais para comprovação dos dados

obtidos em experimentações in vitro e em seguida a esses testes são realizadas as seguintes

fases:

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Fase 1: É a primeira avaliação do produto e tem como objetivo

principal analisar a segurança e se induz alguma resposta imunológica.

O grupo de voluntários costuma ser pequeno, de 20 a 80 pessoas — em

geral, adultos saudáveis.

Fase 2: Nesse momento, o objetivo é avaliar a eficácia e obter

informações mais detalhadas sobre a segurança. O número de pacientes

que participa é de algumas centenas.

Fase 3: Aqui, o objetivo é avaliar a eficácia e a segurança no público-

alvo, aquele ao qual se destina a vacina, ou seja, se ela realmente

protege da doença. O número de voluntários aumenta, chegando a

milhares.

Fase 4: Após a aprovação pela Anvisa, o laboratório obtém o registro

que o autoriza a produzir e distribuir a vacina em todo o território

nacional. Como os estudos clínicos são realizados com um número de

pessoas inferior ao que receberá a vacina, o laboratório continua

acompanhando os resultados, a exemplo do que ocorre com outros

medicamentos. O objetivo é monitorar a ocorrência dos eventos

adversos.

Assim, em decorrer de todas essas fases que devem ser conduzidas nos laboratórios

fabricantes, após a demonstração de eficácia e segurança da vacina produzida, um dossiê é

encaminhado para a apreciação da Anvisa, para posterior liberação.

De modo geral, as vacinas figuram entre os produtos biológicos mais seguros para o

uso humano, proporcionando benefícios indiscutíveis à saúde pública. O Sistema Nacional de

Vigilância dos Eventos Adversos Pós-Vacinação, desenvolveu métodos para supervisão da

validação de vacinas e possíveis causas adversas trazendo uma maior segurança para as

vacinas.

De acordo com Martin (2003), é de se esperar que o debate saudável e democrático

sobre riscos e benefícios das vacinações seja mediado pela necessidade de ter prudência e

muita responsabilidade diante de questões de tanta relevância para a saúde da população. Em

verdade, vê-se a importância da democratização da informação e, por conseguinte a

veracidade da mesma para a população.

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2.6 Campanhas e divulgação das vacinas

De acordo com Porto e Ponte, (2003):

Entre os instrumentos de política de saúde pública, a vacina ocupa, por certo, um

lugar de destaque. No Brasil, as estratégias de vacinação têm alcançado altos índices

de eficiência e servido de parâmetro para iniciativas semelhantes em outros países.

Exemplos como os das campanhas contra a varíola e a poliomielite, bem como a

proximidade da erradicação do sarampo em nosso território, demonstram os bons

resultados dos programas de cobertura vacinal coordenados pelo Ministério da

Saúde (PORTO e Ponte, 2003, p. 726).

De Brasília, o Ministério da Saúde coordena a vacinação em todo o Brasil, além de ser

o responsável pela produção ou compra e distribuição das vacinas utilizadas

no PNI para os vinte e sete estados do país (TOSCANO, 2008).

As campanhas de vacinação surgiram em fins do século XIX e início do XX, período

em que as epidemias estavam dizimando os trabalhadores empenhados na extração de látex e

de minérios, fato que dificultava a expansão do imperialismo das potências europeias e norte-

americanas nos países do Terceiro Mundo (GARCIA, 2002). A primeira campanha do gênero

ocorreu antes até da criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o objetivo de

combater a varíola, na década de 1960, e mostrou o poder da vacinação em massa para

erradicar doenças – o último caso no Brasil foi registrado em 1971, e no mundo em 1977,

como informa a OMS (LEMOS, 2015). Em tempos atuais, a preocupação com a divulgação

na Campanha de vacinas continua tão relevante quanto em décadas anteriores, tanto no

âmbito nacional, quanto no internacional. A WHO (World Health Organization), criou para o

ano de 2017, Semana Mundial da Imunização, (#VaccinesWork), exemplificado na Figura 3,

com objetivo principal de informar toda população mundial da importância davacinação

completa ao longo da vida do indivíduo, reconhecendo a vacinação como uma das formas

mais consistentes de intervenção à saúde (WHO, 2017).

Figura 3 - Campanha de vacinação para todos (Traduzida)

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Fonte: www.who.int (2017)

No Brasil, para Lemos, (2015), em seu artigo na “Revista Imunizações”, publicada

pela Sociedade Brasileira de Imunizações, afirma:

Nas ações de âmbito nacional, ele tem início cerca de 12 meses antes da data

definida para o lançamento. Esse processo inclui, obrigatoriamente, etapas como:

conhecer o público-alvo, o imunobiológico a ser utilizado e sua disponibilidade, o

número necessário de postos fixos e volantes, o quantitativo de profissionais

envolvidos, a disponibilidade de veículos e outros meios de transporte, além de

insumos e financiamento para os três níveis de gestão – federal, estadual e

municipal. Deve-se levar em conta, ainda, as características geográficas e culturais

de cada região do Brasil, país de dimensões continentais (LEMOS, 2015, p. 10).

Segundo a Fundação Oswald do Cruz (FIOCRUZ), (2017), atualmente, o Brasil é um

dos países que oferece o maior número de vacinas à população, disponibilizando mais de 300

milhões de doses anuais de imunobiológicos, entre vacinas, soros e imunoglobulinas. E ainda,

96% das vacinas oferecidas no SUS são produzidas no Brasil ou estão em processo de

transferência. Este fato acontece porque o país tem um âmbito espaço produtor de vacinas e

imunobiológicos. Isto coloca o país em situação privilegiada e vantajosa em relação a outros

países, e ainda possibilita o desenvolvimento científico e tecnológico.

As campanhas e os dias nacionais de vacinação foram estabelecidos desde 1980,

obtendo como resultado os últimos casos de poliomielite no Brasil, mais precisamente no Rio

de janeiro, foram em 1987 e 1989 (SANTOS, 2005). Os dias nacionais de vacinação adotaram

como estratégia a produção de material informativo, como cartazes, folhetos e manuais,

veiculados em diversos meios e divulgadores de sua linha de ação, objetivando o despertar de

consciência da população para a necessidade da vacina, em especial pais e responsáveis por

crianças menores de cinco anos, mobilizar a sociedade em torno dessa questão (PORTO,

2003).

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Em verdade, a aceitação do dia nacional de vacinação mostrou-se extraordinária,

superando as expectativas mais otimistas. O êxito alcançado, com impacto epidemiológico

claramente demonstrado, foi fator de grande prestígio para o setor saúde, quebrando todas as

possíveis resistências (TEMPORÃO, apud RISSI, 2003). Assim, a comunicação de massa

difundindo a importância de se vacinar contra várias doenças passou por uma série de

inovações, sobretudo após o advento dos dias nacionais de vacinação contra a poliomielite,

divulgado na Figura 4, como exemplo, instituídos em 1980 (PORTO, A, 2003).

Figura 4 - Divulgação da vacina contra poliomielite

Fonte: Pôrto, E Ponte, (2003)

Ainda segundo Porto (2003) em 1993, para comemorar os vinte anos do Programa

Nacional de Imunizações (PNI), o Zé Gotinha virou a marca das campanhas de

multivacinação, como pode ser visto na Figura 5, o qual é utilizado até os tempos atuais. O

personagem foi construído sobre o mito do herói, que triunfará contra todos os males, as

doenças. Sua imagem foi fartamente utilizada em campanhas locais, assumindo as

características das populações, como, por exemplo, em campanhas do Nordeste, em que Zé

Gotinha aparece como cangaceiro.

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Figura 5 – Zé Gotinha e a erradicação da paralisia infantil.

Fonte: Pôrto e Ponte (2003).

Percebe-se então que transmitir a informação é essencial para a divulgação e gestão da

saúde. O Ministério da Saúde é um órgão do Poder Executivo Federal e é responsável pela

elaboração de políticas públicas voltadas para a promoção, prevenção e assistência à saúde

(BRASIL, 2017). Atualmente utilizam-se de sofisticados meios de comunicação para a

criação, produção e veiculação da informação, como se pode ver através de mídias sociais.

Um instrumento, portanto, que pode garantir maior alcance de informações essenciais à

sociedade no que diz respeito à sua saúde, como políticas de prevenção, campanhas de

vacinação, entre outros. “Sem dúvida essa tecnologia é mais que uma tecnologia. É um meio

de comunicação, de interação e de organização social”, aponta Castells (2005, p.255).

Segundo Lévy (2005), o ciberespaço permite o acesso à informação em um nível

consideravelmente superior ao permitido por qualquer outro ambiente de comunicação e

influencia também a vida política da sociedade por meio da criação de uma nova forma de

participação no espaço público, a ciberdemocracia.

A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PIINS) se propõe em:

Promover o uso inovador, criativo e transformado da tecnologia da informação, para

melhorar os processos de trabalho em saúde, resultando em um Sistema Nacional de

Informação em Saúde articulado, que produza informações para os cidadãos, a

gestão, a prática profissional, a geração de conhecimento e o controle social,

garantindo ganhos de eficiência e qualidade mensuráveis através da ampliação de

acesso, equidade, integralidade e humanização dos serviços e, assim, contribuindo

para a melhoria da situação de saúde da população (BRASIL, 2004, p. 11).

As campanhas de vacinação propiciam à promoção da saúde ao decorrer de muitas

décadas. E ainda se ganha um reforço das mídias sociais para tornar ainda mais acessível à

sociedade, informações relacionadas com a saúde. Em sua página no “Facebook”, o

Ministério da Saúde divulga e informa massivamente sobre as campanhas vacinais, como se

pode ver nas Figuras 6 e 7, respectivamente, a seguir retiradas da página oficial:

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Figura 6 – Divulgação sobre a importância da vacinação na idade indicada

Fonte: Fanpage Ministério da Saúde (2017)

Figura 7 – Cartaz de divulgação do aplicativo “Detona vírus”

Fonte: Fanpage Ministério da Saúde (2017)

2.7 Adolescência e cobertura vacinal

Ao fim da década de 1980, surgiram iniciativas para instituição de programas de

atenção à saúde do adolescente, como o Programa de Saúde do Adolescente – PROSAD

(BRASIL, 1989), e ainda se estabeleceu seus direitos por intermédio do Estatuto da Criança e

do Adolescente – ECA (BRASIL, 1991).

Segundo Oliveira e colaboradores, (2007), em sua publicação “Trabalhar com famílias

no Programa Saúde da Família: a prática do enfermeiro em Maringá-Paraná”, se diz que,

aprofundando-se na política atual de saúde, a atividade de vacinação é executada

preferencialmente pela Estratégia Saúde da Família - ESF, a qual é formada por uma equipe

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multiprofissional, que trabalha com território definido e população adstrita prioriza as ações

de saúde com base em um diagnóstico local, cuida da família, atuando em todo o ciclo vital,

sendo isso em todas as faixas etárias.

Ferrari e colaboradores (2008), publicaram em seu trabalho “Adolescência: ações e

percepção dos médicos e enfermeiros do Programa Saúde da Família” uma pesquisa

relacionada a percepção do atendimento aos adolescentes. Nesta pesquisa, elucidou que para

desenvolver atividades num programa para adolescente, exige-se um enfoque mais amplo, não

apenas nos aspectos técnico e biológico, mas também nos aspectos psicossociais, históricos,

sociais, culturais, políticos, nos valores e comportamentos. Concluíram que os profissionais se

sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes.

Mediante a isto, Peduzzi (2001) diz que as ciências humanas e médicas se tratando de

adolescentes é uma temática multidisciplinar e por isso consiste numa modalidade em que se

possa trabalhar o coletivo, no qual irá se configurar na relação recíproca entre as múltiplas

intervenções técnicas e interação dos agentes de diferentes áreas profissionais.

Cannon e Bottini (1998) apontam que, na sociedade, os adolescentes são tratados de

forma ambígua, ora como criança, ora como adulto. Ambiguidade essa, que pode vir a afastar

esse grupo etário da importância do conhecimento e do cuidado com práticas de imunizações,

no contexto deste trabalho, especificamente a vacinação. Esta possível dificuldade pode

perpassar pelo desafio da Saúde que:

Passa pela humanização das práticas de saúde, com enriquecimento das relações

entre os fundamentos técnicos e os valores associados à felicidade e aos projetos

existenciais dos adolescentes. É importante que a prática de vacinação seja

repensada como encontro entre sujeitos, que a tomada de decisão para esse cuidado

implique compartilhar ações e compromissos (CARVALHO apud AYRES 2007, p.

801).

Tendo-se isto em vista, a fim de corrigir as lacunas da vacinação na infância, torna-se

muito importante a vacinação na adolescência para prevenir doenças que se exacerbam

quando são adquiridas na fase adulta, entretanto, para os adolescentes, a vacinação ainda não

é uma prática recorrente (HAAG, 1997).

No trabalho realizado, “Percepção de adolescentes sobre imunização em uma escola

pública de Petrolina – PE”, por Melo e colaboradores (2012), pode-se constatar na pesquisa

que com bases nas falas dos jovens entrevistados, um deficit de informação em relação a

doenças imunoprevencíveis e até mesmo em relação aos sintomas e ainda em suas respostas

ressaltaram que quando estão doentes ou com sintomas físicos, demonstraram que não é

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comum a rotina por procurar serviços de saúde, só quando já estão doentes, mas não como

forma de prevenção de doenças e por conseguinte promoção da saúde.

Com base na pesquisa elaborada por Ayla e Telma (2010), intitulada: “Fatores

associados à cobertura vacinal em adolescentes” pode-se observar que os adolescentes

participantes do estudo possuíam uma deficiência de conhecimento sobre as vacinas

recomendadas no calendário, porque somente 19,9% informaram conhecer a proteção

conferida pela vacina contra hepatite B. Fato que evidência a defasagem do conhecimento

sobre a importância da vacinação nesse ciclo da vida.

Vasconcelos (2003) diz que, apesar do conhecimento fragmentado e pouco elaborado

que as pessoas, que não são profissionais da área ou não trabalham com nada relacionado,

têm sobre a saúde, a valorização do saber popular permite a “superação do grande fosso

cultural existente entre os serviços de saúde e o saber dito científico, de um lado, e a dinâmica

de adoecimento e cura do mundo popular, de outro”.

Daí a relevância da problematização que, no enfoque da educação popular, a medida

que ocorre a interação de grupos sociais distintos inclusive pela forma de conhecer, uma

abordagem comum dos problemas de saúde implica na elaboração de uma base conceitual

comum para pensar estes problemas. Transformar e mediar o conhecimento científico em

saúde de forma clara e objetivas, trazendo à tona a importância da educação à saúde torna-se

mais do que relevante, mas também essencial para práticas preventivas à promoção da saúde

(STOTZ, 2017).

Pensando nisso, a escola sem dúvidas constitui um local estratégico para a atualização

do esquema vacinal (BRASIL, 2001). Desta forma, as práticas em saúde se tornam

fundamentais no contexto escolar.

Atualmente vê-se grande incentivo publicitário para a vacinação dos adolescentes, em

contrapartida, ainda há percentual de déficit no conhecimento e na consciência da importância

vacinal nesta faixa etária.

Em recente publicação, o Ministro da saúde disse em entrevista ao “Portal Brasil”,

(2017): “os adolescentes não têm o costume de procurar o sistema de saúde, portanto, a

parceria nas escolas pretende alavancar a cobertura de vacinas, como a de HPV, assim como

acontece em outros países com essa mesma experiência”. Ainda ressaltando a importância da

cooperação entre a saúde e a educação como medidas preventivas.

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2.8 Educação em saúde

Segundo Kwamot (1995), inicialmente denominada de Educação Sanitária, a atual

educação em saúde, surgiu no Brasil a partir da necessidade do Estado brasileiro de controlar

as epidemias de doenças infecto-contagiosas que ameaçavam a economia agroexportadora do

país. No século XX a população era atingida por muitas doenças relacionadas ao péssimo

saneamento básico das cidades (ANDRADE, 2001).

A ruptura de antigos conceitos à educação em saúde só se sucedeu mesmo, nos anos

70, com a participação de profissionais de saúde em experiências de educação popular com

bases freirianas (VASCONCELOS, 2017). Entretanto só no século XXI, especificamente em

2003, segundo Ministério da Saúde (2007), a educação popular em Saúde passou a ter uma

área técnica, específica neste mesmo ministério, na qual possui orientadores para suas ações e

seus projetos políticos, tornando os princípios teóricos, políticos e metodológicos em relação

ao tema.

De acordo com Mehry et al. (2003), trabalhar conceitos relacionados à saúde vai além

de realizar atividades neutras, contém uma dimensão política e ideológica, sempre referidas a

um projeto de sociedade, implicando diretamente no comprometimento ético que deve partir

de todos os sujeitos que trabalham e desenvolvem temas relacionados a esse assunto.

Então a educação em saúde fica entendida como quaisquer combinações de

experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias conducentes

à saúde. A palavra “combinação” enfatiza a importância de combinar múltiplos determinantes

do comportamento humano com múltiplas experiências de aprendizagem e de intervenções

educativas (CANDEIAS, 2006).

Nas Diretrizes de educação em saúde visando à promoção da saúde: documento base,

(BRASIL, 2007) diz-se que a educação em saúde:

É um processo sistemático, contínuo e permanente que objetiva a formação e o

desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a busca de soluções

coletivas para os problemas vivenciados e a sua “participação real” no exercício do

controle social (BRASIL, 2007, p. 21).

Partindo da ideologia freiriana, o objetivo da educação popular em saúde não é

somente formar sujeitos “obedientes”, que saibam beber água fervida para não adquirir

doenças, mas ajudar as classes mais humildes na conquista de sua autonomia e de seus

direitos (SOUZA, 2005). Sendo ela uma educação pautada no diálogo, desenvolvendo troca

de saberes entre o educador e educando, corroborando nas discussões sobre temas

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vivenciados pela comunidade e que levem a mobilização social para uma vida melhor

(VASCONCELOS, 1999).

Assim, pensando em espaços para a prática de educação em saúde, muitas atividades

podem ser desencadeadas pela comunidade escolar, tais como: aulas interdisciplinares, visitas

às comunidades, palestras, estudos, seminários, dentre outras (BRASIL, 2005). Costa (2009),

diz que na relação entre saúde e escola surge a possibilidade de se construir a “escola que

produz saúde”, uma proposta que envolve estudantes, trabalhadores da educação, comunidade

escolar, órgãos governamentais de educação, gestores dos sistemas de saúde e educação,

movimentos sociais, associações, grupos, famílias e toda população.

Percebendo-se esta dinâmica e a necessidade de se buscar novos meios para a

popularização do conhecimento sobre saúde, fazem-se oportunas ações educativas que

desenvolvam o senso de criticidade dos educandos em relação ao assunto. Para tal, as

proposições de Freire, (1987) em relação a temas, que se chamam geradores, “porque,

qualquer que seja a natureza de sua compreensão como da ação por eles provocada, contém

em si a possibilidade de desdobrar-se em outros tantos temas que, por sua vez, provocam

novas tarefas que devem ser cumpridas”.

2.9 Temas geradores e oficinas pedagógicas

Paulo Freire desenvolveu e aplicou seu método de ensino através dos temas geradores,

o autor brasileiro de reconhecimento internacional, se dedicou à formação de jovens e adultos,

criando estratégias de alfabetização que promovessem uma educação integral e crítica

(COSTA, 2012).

De acordo com Lopes et al. (2007), a educação em saúde enquanto processo

pedagógico concebe o homem como sujeito, principal responsável por sua realidade, onde

suas necessidades de saúde são solucionadas a partir de ações conscientes e participativas,

organizadas com elementos específicos de seu modo de vida, promovendo mudanças nos atos

de saúde e principalmente nas pessoas.

No trabalho realizado por Sousa et al. (2014) “Investigação Temática no Contexto do

Ensino de Ciências: Relações entre a Abordagem Temática Freireana e a Práxis Curricular via

Tema Gerador”, publicado na Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, aborda-se sobre

a práxi desenvolvida nos currículos através dos temas geradores. Nesta publicação

revisitaram-se as teorias para o desenvolvimento do Tema Gerador. Freire (1987) propõe o

processo de Investigação Temática, a qual foi transposta por Delizoicov (1991) para o

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contexto da educação formal, organizada em cinco etapas: (1) Levantamento Preliminar:

reconhecimento local da comunidade; (2) Codificação: análise e escolha de contradições

sociais vivenciadas pelos envolvidos; (3) Descodificação: legitimação dessas situações e

sintetização em Temas Geradores; (4) Redução Temática: seleção de conceitos científicos

para compreender o tema e planejamento de ensino; (5) Desenvolvimento em Sala Aula:

implementação de atividades em sala de aula.

Seguindo a proposta de Freire (1996) durante a etapa da Investigação temática, os

temas geradores podem ser extraídos do cotidiano das pessoas participantes. Na Codificação e

descodificação, os temas geradores são problematizadores e contextualizados através do

diálogo para uma visão crítica. No Desvelamento crítico ou Problematização: tem se a tomada

de consciência da situação existencial, em que se descobrem os limites e as possibilidades da

realidade. Assim então, ocorrendo o processo de ação-reflexão-ação para a superação das

contradições desta realidade vivida.

A problematização, a práxis e o diálogo apresentam-se, nas práticas de saúde, como

caminhos capazes de contribuir com a estratégia de promoção da saúde (BOEHS, 2007).

Segundo Freire (1997), o elemento-chave de seu referencial é o diálogo, assim os sujeitos,

dialogando, aprendem a viver a vida em sociedade, participando como iguais e colaborando

para criar e recriar o conhecimento social e ainda, mediante sua teoria do conhecimento,

pudesse impulsionar um pensar crítico e libertador para uma sociedade com mais equidade e

justiça.

Partindo desta concepção, principalmente da proposta de dialogicidade de Paulo Freire

encontra-se também a valorização às fontes históricas e culturais. Freire (1992), propõe que os

sujeitos, a fim de produzir essa dialogicidade podem a fazê-la em um espaço dinâmico, em

que se reúnam para o processo educativo e investigativo acerca de um tema de interesse do

próprio grupo, denominando assim esse espaço de “Círculo de Cultura”.

Segundo Cavalcante (2008) no círculo de cultura, partindo da codificação da

realidade, o educando procede a decodificação para voltar a codificá-la. Então tem-se que, na

concepção de Educação Libertadora ou Dialógica é um espaço circular de expressão do ser.

Sendo assim, portanto, um espaço reflexivo e participativo no qual, o ser é reconhecido como

individualidade dentro do coletivo.

Neste processo, não há transmissão do conhecimento, mas sim um diálogo que sucinta

a curiosidade do educando. Para além disso, essa educação por meio do círculo de cultura, o

educador coordena, jamais impõe sua influência. A tarefa é o diálogo (FREIRE, 1980).

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Desta maneira, desenvolvendo espaços como os círculos de cultura, os quais

possibilitam o diálogo sobre a realidade é possível despertar ao sujeito participante o seu

potencial de autonomia sobre apropriação dos seus direitos, principalmente em seu processo

educativo em relação à saúde.

Em lugar do professor, com tradições fortemente doadoras, o Coordenador de

Debates. Em lugar da aula discursiva, o diálogo. Em lugar do aluno, com tradições

passivas, o participante de grupo. Em lugar dos pontos e de programas alienados,

programação. Compacta, reduzida e codificada em unidades de aprendizado

(FREIRE, 1983, p. 103).

Do mesmo modo, como na Educação é necessário levar em consideração outras

abordagens afins, as quais quando agregadas a ela, sem claro, perder sua essência e

especificidade, as práticas educativas podem ser associadas a fim de desenvolverem

experiências únicas no processo de educação libertadora. Vê-se então uma conexão dos

círculos de culturas de Freire e a elaboração das oficinas pedagógicas, porque:

Através das oficinas, podemos ensinar de forma mais humanizada, onde a cultura e

os valores dos alunos participantes serão respeitados. As oficinas promovem a

abertura de um espaço de aprendizagem alternativo. Na oficina surge um novo tipo

de comunicação entre professores e alunos. É formada uma equipe de trabalho, onde

cada um contribui com sua experiência. O professor é o dirigente, mas também,

aprendiz. Cabe a ele diagnosticar o que cada participante sabe e promover o ir além

do imediato. Através das oficinas é possível transformar-se o conhecimento

científico em saber de ensino (VIEIRA e VALQUIND, 2002, p. 17).

Segundo Afonso (2002), o que define a modalidade de oficina é sua proposta de

aprendizagem compartilhada, por meio de atividade grupal, face a face, com o objetivo de

construir coletivamente o conhecimento. Portanto, a oficina é um âmbito de reflexão e ação

no qual se pretende superar a separação que existe entre teoria e prática, entre conhecimento e

trabalho e entre a educação e a vida (ANDER-EGG, 2003).

Cuberes apud Vieira e Volquind (2002), ainda conceituam as oficinas como “um

tempo e um espaço para aprendizagem; um processo ativo de transformação recíproca entre

sujeito e objeto; um caminho com alternativas, com equilibrações que nos aproximam

progressivamente do objeto a conhecer”.

A partir de seus estudos Paviani (2009), afirma que, assim como qualquer outra ação

pedagógica, a oficina também demanda um planejamento, entretanto diz ainda que é na

execução que ela assumirá características diferenciadas das abordagens centradas no

mediador ou no pensamento e conhecimento tradicional, este planejamento prévio tem por

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característica ser flexível que ao longo da ação vai se ajustando com a demanda que surge a

partir de uma situação-problema apresentada pelos participantes.

Diz Ander- Egg, (1991), “Uma oficina é uma prática iluminada pela teoria, com a qual

adquire a capacidade de aplicar conhecimentos teóricos e de dar às ações uma perspectiva e

significação que transcende enquanto ato concreto”.

Então, pensando na importância de criar ambientes em que a educação seja mediada

de forma salientadora de criticidade, participação e interlocução com a realidade os quais

estão inseridos os alunos, e ainda possibilitando uma aprendizagem diferenciada surge a

interrogativa: porque não se utilizar de oficinas pedagógicas para mediar assuntos

relacionados a saúde do indivíduo a fim de construir e possibilitar um processo libertador e

justo da educação em saúde?

A educação em saúde pensada desta maneira torna-se dialógica, rompendo as práticas

tradicionais de ensino em temas relacionados à saúde. Esse modelo de educação em saúde é

assim denominado por caracterizarem-se pelo diálogo bidirecional entre as duas partes

envolvidas no processo educativo, profissional de saúde e comunidade (ALVES, 2005). Dessa

forma, “Saúde e educação não podem ser dissociadas, caminham juntas, se articulam

enquanto práticas sociais” (FERNANDES, 2003, p. 568).

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3 METODOLOGIA

A realização do círculo de cultura, fundamentado na dialógica freiriana foi estruturada

na forma de oficina pedagógica de promoção à saúde, sobre o tema vacinas no Colégio Nilo

Peçanha da cidade de Campos dos Goytacazes – Rio de Janeiro. A constituição da oficina de

Promoção à saúde se deu em círculos de cultura porque é uma forma de desenvolver um

aprendizado rápido, crítico e libertário, contextualizando com a realidade do alunado, sendo

assim possível em um grupo construir um diálogo e debate sobre determinado tema (FREIRE,

1999).

Os três encontros foram realizados em uma turma do 3ª ano do ensino médio do ano

letivo de 2017, durante os meses de setembro, outubro e novembro e acompanhados pela

professora de biologia da escola. Cada encontro também contou com a duração de

aproximadamente uma hora, sendo o primeiro um pouco maior, devido ao primeiro contato

com a turma.

A escolha por este ano de escolaridade foi baseada no Currículo Mínimo de Biologia

do estado do Rio de Janeiro (2012), onde os alunos ingressantes nesse ano já desenvolvem

habilidades e competências sobre os conteúdos de “Doenças e promoção da saúde”, as quais

foram desenvolvidas durante o 2ª ano do ensino médio. O conteúdo programático de acordo

com o currículo, elabora propostas com vistas à melhoria das condições sociais, diferenciando

as de responsabilidade individual das de cunho coletivo, destacando a importância do

desenvolvimento de hábitos saudáveis e de segurança, numa perspectiva biológica e social.

Detendo tais percepções sobre a importância da promoção da saúde os alunos podem assim

desenvolver um senso crítico acerca do tema “Vacinas”.

A pesquisa bibliográfica deste trabalho foi realizada por meio de periódicos, resumos

publicados em eventos da área de imunização, educação, saúde pública e biologia, revistas,

órgãos públicos responsáveis pelo assunto, livros e sites.

O círculo de cultura foi promovido por meio de três oficinas. O primeiro encontro

“Investigação temática sobre o tema gerador Vacinas”, o segundo encontro “Entendendo o

percurso histórico e social das vacinas”, e o terceiro “Verdades e mitos sobre a vacinação”,

também com as reflexões finais dos encontros Os três encontros foram relacionadas à

Educação em Saúde e o diálogo entre os adolescentes. Proporcionando as trocas de saberes

entre os participantes, a partir dos temas geradores da oficina (CAVALCANTE, 2008).

Para a realização das oficinas, a elaboração ocorreu em três momentos de acordo com

Freire, (2005): Investigação dos temas geradores; Codificação e Descodificação e

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Desvelamento Crítico. Cada etapa dessa pode ser melhor observado na Figura 8, que

esquematiza cada momento.

Figura 8 – Esquema do Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire sobre os círculos de

cultura

Fonte: Heidemann (2014)

Na primeira etapa de elaboração das oficinas, a “Investigação temática”, proposta por

Freire (1996) realizou-se o primeiro encontro com os alunos, apresentação e reconhecimento

do espaço. Foi explicado aos alunos a proposta do trabalho e como se dariam os encontros

seguintes. Depois da explicação da proposta e da proposição do tema gerador “Vacinas”,

indagou-se aos alunos o que esta palavra significava para eles e quais questões eram possíveis

de serem trabalhadas que fizessem sentido para os mesmos. Incitando-os ao debate a fim de

analisar o universo vocabular dos alunos sobre o tema.

Posterior a este primeiro contato os alunos responderam um questionário (Apêndice),

na escala de Likert que possibilitou uma avaliação mais expressiva em relação à veracidade

de opinião dos alunos. Garland (1998) comenta que o uso da escala gradual nas pesquisas

sociais e de marketing tem gerado considerável debate com relação ao número ótimo de

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categorias da escala e que o objetivo da escala gradual é permitir que os respondentes

expressassem a direção e a intensidade de opinião referente a um determinado item. Esta

forma de avaliação proporcionou ao aluno mais opções de respostas, sem excluir um

conhecimento intermediário sobre determinado assunto que foi averiguado em alguma

pergunta. Além disso, este questionário teve a finalidade de assim como o debate inicial, a

proposição de temas que deveriam ser abordados na visão dos alunos, fazer um

reconhecimento sobre as noções adquiridas sobre o tema ao longo da vivência escolar e social

e suas impressões sobre o senso comum, a fim de serem levantadas questões posteriormente,

especificamente aos possíveis conceitos errados que poderiam possuir.

O tema geradore (levantado inicialmente) foram problematizados e contextualizados

através do diálogo para uma visão crítica, já que é o objetivo principal deste trabalho, uma

oficina que transforma o foco tradicional da aprendizagem (cognição), passando a incorporar

a ação e a reflexão. Em outras palavras, numa oficina ocorrem apropriação, construção e

produção de conhecimentos teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva (PAVANI, 2009).

Durante os encontros do círculo de cultura os sujeitos se reuniram no processo de

educação, a fim de investigar sobre os temas geradores propostos no primeiro encontro,

representando isto uma elaboração de uma situação-problema de situações reais, que leva à

reflexão da sua própria realidade, para que assim em sequência, conseguissem decodificá-la e

reconhecê-la, no processo de autonomia social (FREIRE, 1992).

Para o “Desvelamento Crítico”, a última etapa proposta por Freire (1996), se abordou

um diálogo sobre o desenvolvimento da oficina, debate esse que trabalhou-se ações de tomada

de consciência sobre a autonomia de buscar e de se manter inserido no contexto de promoção

à saúde, tanto no contexto individual e coletivo. Neste último círculo de cultura os alunos

levantaram pontos sobre sua atuação nos debates e relataram de forma discursiva a

experiência vivida nos três encontros realizados.

3.1 Coleta de dados

Para a realização da coleta de dados, os instrumentos utilizados foram um

questionário, observação participativa e relato de experiências.

A primeira análise, que foi a quantitativa, se deu por meio do questionário inicial (já

citado). Esta primeira forma de coleta de dados, segundo Manzato, (2012), em uma pesquisa

quantitativa, de modo geral, são utilizadas quando se quer medir opiniões, reações, sensações,

hábitos e atitudes, entre outros fatores,. de um universo (público-alvo) através de uma amostra

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que o represente de forma estatisticamente comprovada. Essa forma de análise inicial foi

essencial para o desenvolvimento de uma percepção do conteúdo para os alunos, o que

possibilitou, desenvolver melhores direcionamentos durante as oficinas.

A pesquisa qualitativa exploratória se deu a partir da observação da pesquisadora e do

relato de experiência dos alunos no último encontro da oficina, esta escolha de análise se deu,

de acordo com Paulilo (1999), porque “a investigação qualitativa trabalha com valores,

crenças, hábitos, atitudes, representações, opiniões e adequa-se a aprofundar a complexidade

de fatos e processos particulares e específicos a indivíduos e grupos”. Assim foi possível ver

a opinião pessoal de cada aluno e seu desvelamento crítico durante os encontros. A

metodologia qualitativa, mais do que qualquer outra, levanta questões éticas, principalmente,

devido à proximidade entre pesquisador e pesquisados (RICHARDSON, 1999).

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50

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a avaliação dos resultados, pensando em preservar a identidade dos alunos, os

mesmos foram identificados por letras do alfabeto, Aluno A, Aluno B, Aluno C, e assim

sucessivamente. Em relação ao perfil dos sujeitos desta pesquisa, verificou-se que a idade

variou de 16 a 20 anos, com prevalência dos17 anos, sendo eles 15 meninas e 10 meninos,

totalizando 25 alunos.

Visando conhecer e desenvolver uma oficina com uma proposta significativa para a

turma em que se trabalhou, diante de toda proposta metodológica que salienta a necessidade

de uma construção conjunta (mediador e alunado) sobre a temática abordada, as primeiras

análises foram sobre a percepção dos alunos acerca do tema, principalmente a relação

individual de cada um com a imunização, no primeiro encontro “Investigação temática sobre

o tema gerador Vacinas”. Em uma análise quantitativa, podem-se notar estas considerações

iniciais, mediante ao questionário no qual foi estabelecido em grau de conhecimento, sendo as

alternativas: 1 – Sim, 2 – Não sei e 3 – Não, tem se as seguintes respostas:

Quadro 3: Respostas dos alunos sobre sua relação individual com a imunização.

Afirmativas analisadas

Grau de

conhecimento

1 2 3

Sou uma pessoa que acompanho sempre meu cartão de vacinação,

verificando se as vacinas estão em dia. 56% 0% 44%

Estou bem informado sobre as campanhas de vacinas. 52% 8% 40%

Eu acredito que a vacinação é a melhor forma de erradicar doenças em

uma população.

72% 16% 12%

Eu sei quais vacinas já tomei ao longo da vida. 32% 48% 20%

Estou informado sobre o que cada vacina previne. 48% 12% 36%

Compreendo a diferença entre soro e vacina. 52% 24% 24%

Sei explicar bem o mecanismo que a vacina faz no corpo 24% 28% 48%

Fonte: Da autora, (2018).

Como explicitado no Quadro 3, quando pedido para analisarem seu grau de

conhecimento a partir de algumas afirmativas sobre a relação individual com a imunização,

52% dos alunos disseram estar bem informados sobre as campanhas de vacinação, em contra

partida 68% deles afirmaram não saberem quais vacinas já tomaram ao longo da vida e para

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quais doenças possuem imunidade. Isto demonstra que, embora existam grandes campanhas

anuais de vacinação, elas não são suficientes para o acompanhamento específico dos

vacinados, principalmente na adolescência, o que reflete no fato da falta de práticas da

promoção da saúde nesta fase. Quando se trata do mecanismo que ocorre no corpo humano

após a imunização pela vacina, 76% dos alunos, afirmaram não saberem como explicar. Melo,

(2013) em seus estudos sobre a “Percepção de adolescentes sobre imunização em uma escola

pública de Petrolina – PE” constatou em alguns relatos dos adolescentes de sua pesquisa

confundiam as vacinas com medicações injetáveis, como por exemplo, bezentacil, isto

demonstrou o pouco conhecimento sobre o mecanismo das vacinas, apesar de existir

constantemente campanhas no âmbito nacional, fato este que reforça a falta de conhecimento

sobre a imunologia das vacinas. O que é reforçado pelo percentual de um pouco mais da

metade da turma (58%), não saber explicar a diferença entre soro e vacina.

Ainda sobre a relação com a imunização, um fator importante deve ser ressaltado,

72% dos alunos responderam acreditar que a vacinação é a melhor forma de erradicar doenças

em uma população, resposta essa que explicita o conhecimento sobre a importância da

vacinação apesar da confusão sobre sua ação imunológica e demais especificidades.

No segundo bloco de perguntas, continuando no processo de investigação temática

sobre vacinas, os alunos responderam sobre os seus conhecimentos sobre vacinação, dando

valores, representados por alternativas, ao grau de conhecimento sobre cada afirmativa, em

uma escala de likert como mencionado na metodologia, na página 45. Seguindo as seguintes

opções: 1 – Concordo, 2 – Concordo parcialmente, 3 – Não sei responder e 4 – Discordo. No

Quadro 3, estão presentes os itens mais relevantes durante o desenvolvimento desta pesquisa:

Quadro 4 - Percentual de respostas dos alunos sobre seus conhecimentos

do processo vacinal.

Afirmativas analisadas

Grau de conhecimento

1 2 3 4

A vacinação é um mecanismo de controlar a saúde da população. 68% 20% 8% 4%

A vacinação é de direito da população e o SUS deve oferecer

gratuitamente. 96% 4% 0% 0%

A vacina estimula o corpo a se defender contra os organismos que

provocam doenças.

80% 4% 16% 0%

As vacinas podem ser aplicadas por meio de injeção ou por via oral. 72% 0% 28% 0%

Quando a pessoa é vacinada, seu corpo detecta a substância presente 48% 16% 36% 0%

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na vacina (antígenos) e produz moléculas de defesa (anticorpos).

Os anticorpos circulam pelo corpo e auxiliam a prevenir uma possível

doença 72% 0% 28% 0%

Somente as crianças devem estar com o Cartão de vacinação em dia. 12% 0% 0% 84%

As vacinas podem desenvolver outras doenças nos indivíduos

(Exemplo: Autismo)

20% 0% 76% 4%

As pessoas quando se vacinam podem ter efeitos colaterais. 80% 8% 12% 0%

Todas as vacinas devem ser tomadas várias vezes na vida. 20% 20% 36% 24%

Se o adolescente for vacinado durante a infância não tem necessidade

de acompanhar mais o cartão de vacinas 8% 4% 16% 72%

Acredito que somente os médicos devem entender como a vacina atua

no corpo humano. 24% 0% 12% 64%

Fonte: Da autora, (2018).

Percebeu-se que, embora os alunos se confundam no mecanismo vacinal, como citado

anteriormente e também pela afirmativa de 36 %, que dizem não saber se quando a pessoa é

vacinada, o seu corpo detecta a substância presente (antígeno) e produzem moléculas de defesa

(anticorpos), e ainda 16 % concordam parcialmente, significando que não sabem a veracidade

da informação, 80% deles acreditam que a vacina estimula o corpo a se defender contra os

organismos que provocam doenças e 72% dos alunos concordando, que os anticorpos circulam

pelo corpo e auxiliam a prevenir uma possível doença.

Aqui cabe uma reflexão sobre se realmente há uma apropriação deste conhecimento ou

se as respostas se basearam num senso comum já existente sobre as vacinas na sociedade,

porque há uma confusão de ideias. Segundo Araújo, (2003), a relação existente entre a ciência e

o senso comum quase sempre remete à questão de uma divulgação do conhecimento científico

para um público exclusivamente especializado. Com essa questão, o senso comum adquirido ao

longo do desenvolvimento da sociedade, principalmente em relação à saúde, acaba sendo

condicionado à doença e não ao conhecimento do processo do desenvolvimento da mesma.

Outra questão observada, que perpassa no âmbito do senso comum, é a afirmativa em

que diz que, as vacinas podem desenvolver outras doenças nos indivíduos (exemplo: autismo).

Neste caso, 76% dos alunos não souberam responder sobre e ainda 20 % concordaram que esta

afirmativa estava correta, esses valores podem ser considerados preocupantes, já que

constantemente vem se falando sobre os movimentos antivacinais, os quais divulgam

informações que colocam as vacinas numa posição de prejuízo à saúde humana. Pensando

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sobre isto e sobre a dimensão que o senso comum e a ciência podem acarretar, Araújo, (2003),

diz que as campanhas sanitárias comportam-se quase sempre em dois níveis de atuação, a da

comunicação em massa e a da estrutura nos serviços de saúde, as quais envolvem educadores e

agentes da ponta, entretanto eles não são articulados entre si. Fato este que pode desencadear

brechas para a disseminação de ideias erronias sobre os assuntos relacionados à saúde, aqui

especificamente às ações das vacinas na saúde humana.

A despeito disto, viu-se que mais da metade, 64 %, entendem que não é somente os

médicos que devem saber como atua a vacina no corpo humano, estes dados sugerem a reflexão

que pode ser desenvolvida é, qual caminho o conhecimento científico sobre saúde deve tomar

para que faça parte verdadeiramente do conhecimento comum da sociedade?

Os alunos demonstraram compreender o dever e o direito fornecido pelo Estado, em

fornecer gratuitamente as vacinas à população pelo SUS, 96% das respostas foram positivas

nesse sentido. E no último item analisado sobre os conhecimentos dos alunos acerca da

vacinação, têm se a percepção dos possíveis efeitos colaterais ocasionados pela imunização por

prática vacinal, 80% deles, acredita que isso possa ocorrer. O levantamento questionado aqui é

se eles associariam esses efeitos com os recorrentes mitos sobre a vacinação ou apenas às

respostas imunológicas do próprio corpo. Todos os questionamentos foram de suma

importância para a elaboração dos encontros da oficina.

E por fim, na primeira etapa de levantamento sobre os assuntos que seriam abordados

posteriormente nos encontros, o último bloco de perguntas foi elaborado para que fosse

analisado o conhecimento específico de algumas vacinas. De acordo com o Quadro 4 :

Quadro 5 : Respostas dos alunos sobre o conhecimento específico de algumas vacinas.

Afirmativas analisadas

Grau de conhecimento

1 2 3 4

A vacina contra HPV deve ser apenas aplicada em meninas. 32% 4% 12% 52%

A vacina contra o HPV é um incentivo a começar a vida sexual de

maneira precoce 4% 0% 40% 56%

A vacina contra febre amarela deve ser tomada apenas uma vez na vida. 8% 0% 56% 36%

Para a prevenção de hepatite A apenas uma dose da vacina é suficiente. 0% 0% 72% 28%

Existem vacinas que devem ser tomadas em várias doses. 72% 8% 16% 0%

Se tomar a vacina contra Influenza (gripe) significa que nunca mais a

pessoa ficará gripada.

0% 0% 8% 92%

A vacina contra influenza (gripe) pode causar gripe 24% 0% 60% 16%

Fonte: Da autora, (2018).

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54

As respostas adquiridas nesse bloco de perguntas foram essenciais para avaliar o

conhecimento dos alunos em relação a algumas vacinas importantes para a fase da

adolescência. Em se tratando da vacina contra o HPV é importante que se realizasse uma

percepção dos alunos, principalmente pelos recentes números de infectados. Martins et al

(2006) indicam que dados disponíveis em âmbito mundial revelam que aproximadamente 40%

foram infectados pelo papiloma vírus humanos (HPV). Nesta pesquisa, quis se questionar,

quais possíveis fatores poderiam interferir na não vacinação, sendo assim menos da metade

(40%), não sabiam dizer se a vacina contra o HPV é uma forma de incentivo a começar a vida

sexual de maneira precoce, já que a atual liberação é a partir de 9 anos, obtendo uma ampliação

até 26 anos em 2017. Este percentual ainda implica no fato do tabu relacionado à vida sexual

dos jovens, o que acaba interferindo na crença do senso comum de que a vacinação incentivaria

esse início. Outro percentual relevante, ainda que pouco mais da metade (52%) das respostas, é

o qual os jovens já entendem que a vacina contra o HPV é importante tanto para meninas como

para os meninos. De maneira geral, em debate com a turma pode-se notar diante do relato

deles, que a maioria já havia sido vacinada pelas três doses, tanto meninas quanto meninos e

apenas alguns dos alunos não tinham tomado as doses completas.

Outro mito muito importante que se quis averiguar foi sobre a opinião/conhecimento

dos alunos é a velha informação de que a vacina contra gripe causaria gripe. Quando exposto a

eles a seguinte afirmativa: a vacina contra influenza (gripe) pode causar gripe, 60% dos

entrevistados não souberam informar e ainda 24% concordaram com isto. Entretanto, entendem

que anualmente o vírus influenza pode sofrer modificação e devido a isso anualmente é criado

um novo tipo de vacina contra a gripe. Isso pode ser notado quando 92% dos alunos

discordaram com a seguinte afirmativa: Se tomar a vacina contra Influenza (gripe) significa que

nunca mais a pessoa ficará gripada.

Em relação às vacinas contra a Hepatite A e a Febre amarela os alunos não souberam

expressar conhecimento, 56% deles não souberam dizer se a vacina contra febre amarela deve

ser tomada apenas uma vez na vida e 36% ainda discordarem de ser apenas uma única dose

necessária. Já em relação à Hepatite A 72% disseram não saber se apenas uma única dose é

suficiente, número bastante expressivo.

Posteriormente a essas elucidações iniciais, as quais foram importantes para se analisar

os caminhos que a temática da oficina deveria e precisaria seguir, realizaram-se mais dois

encontros com a turma para o prosseguimento da atividade.

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55

4.1 Codificação, decodificação e desvelamento crítico.

No segundo encontro “Entendendo o percurso histórico e social das vacinas”,

realizou-se um debate sobre o tempo de existência das vacinas. Com ele foi possível relacionar

com a descoberta e um panorama histórico, sua importância na sociedade e os órgãos

instituídos para regulamentar o direito à vacinação, como Ministério da Saúde, SUS e PNI.

Diante dos questionamentos levantados a partir dos assuntos mencionados, numa análise de

mediadora observadora, até porque, segundo Freire (1980), o coordenador não exerce as

funções de professor, a condição essencial da tarefa é o diálogo, podendo coordenar, jamais

impor sua influência, pode-se perceber que os alunos se interessam muito pelos fatos históricos,

desde o momento da descoberta da vacina até as lutas para sua implementação.

Durante o debate, Figura 9, foi apresentada para os alunos, charges, como por exemplo,

nas Figuras 10 e 11, que marcaram esses momentos históricos. Por meio das mesmas os alunos

demonstram grande participação no diálogo, perguntando e compreendendo tais ocorridos

significativos para a história da vacina, principalmente no Brasil.

Figura 9 – Oficina “Entendendo o percurso histórico e social das vacinas”.

Fonte: Da autora (2017).

Figura 10 – Charge sobre medidas sanitárias de Oswaldo Cruz.

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Fonte: br.pinterest.com/pin/336714509614155193, (2017).

Figura 11 – Revista da Semana : Vaccina Obrigatória.

Fonte: comunicacaonobrasil.wordpress.com, (2017).

Além disso, neste encontro elucidaram-se os mecanismos da ação de uma vacina no

corpo humano, já que foi um dos questionamentos de maior confusão em relação ao

conhecimento do alunado. Para melhor compreensão durante o debate de quais ações seriam

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essas, os alunos puderam visualizar melhor o percurso da vacina no corpo humano pelo vídeo:

Fluxo sanguíneo – Invasão do vírus,(Disponível

em:www.youtube.com/watch?v=lBn3SNO04UU). O vídeo foi excelente para a comparação

com a ação vacinal. O vídeo vem exemplificando desde a entrada de um vírus até o último

mecanismo de ação para ser eliminado, ação das células de defesa e produção de anticorpos,

informações essas importantíssimas para compreensão da ação de uma vacina no sistema

imunológico humano. Ao fim do segundo encontro os alunos levantaram novos

questionamentos sobre possíveis efeitos que a vacina poderia causar no sujeito vacinado,

ficando este para o terceiro encontro.

A reflexão proposta a despeito das charges apresentadas e do percurso histórico das

vacinas foi à importância dos momentos e movimentos sociais que sucederam a implementação

da vacinação como direito do cidadão. Os alunos demonstraram uma postura investigativa e

indagativa a todo o momento, principalmente quando puderam conhecer os fatos ocorridos por

meio das imagens da própria época em que se deram esses momentos, as quais saíram nos

jornais e revistas. Nesse momento, pode-se constatar o que, “é necessário, um espaço de

interação pessoal para a aprendizagem individual e coletiva, construindo-se a realidade

problematizada através de um princípio democrático de participação”(CAVALCANTE, 2008,

pág. 104).

Este diálogo foi de suma importância para desenvolver o interesse pelo assunto

abordado, fazendo com que eles entendessem melhor a importância de se conhecer mais sobre

as vacinas. O vídeo também foi bastante elucidativo para a compreensão da ação imunológica

vacinal, boa parte da turma se lembrou de alguns termos, entretanto não sabiam as funções

específicas de cada célula responsável e participativa no processo de imunização. Por ser um

vídeo de animação, os alunos ficaram interessados e atentos.

No terceiro e último encontro da oficina, “Verdades e mitos sobre a vacinação”,

enfatizou trabalhar os possíveis efeitos das vacinas no corpo humano, já que foi uma questão

levantada pelos alunos no encontro anterior e as verdades e mitos sobre a vacinação por meio

de uma dinâmica em que os alunos com base em afirmativas propostas a eles, tinham que julgar

a informação como verdade ou mito. Nesta atividade, além de serem trabalhadas as principais

contradições que surgiram no primeiro encontro, foram abordados mitos e verdades mais

comuns existentes, baseando-se nas proposições da Sociedade Brasileira de Imunizações. As

questões propostas aos alunos estão relacionadas no Quadro 5:

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Quadro 5 – Verdades e mitos trabalhados na dinâmica da oficina.

Verdades Mitos

A vacina contra HPV pode prevenir o câncer do colo

do útero.

O mercúrio presente nas vacinas pode causar autismo

Vacina pode dar alergia Vacina da gripe causa gripe.

Mesmo depois de uma possível infecção pelo HPV a

pessoa pode se vacinar contra o vírus

Vacinas causam desmaios

A ANVISA diz que a vacina da Febre amarela pode

ser tomada apenas uma vez na vida, quando dose

completa.

Gestantes não devem tomar vacinas

Fonte: Da autora, (2018).

Neste momento foi possível desmistificar conceitos que alguns acreditam existir sobre

as vacinas e ainda debater sobre os movimentos antivacinais existentes. Segundo Levi (2013), é

essencial que ocorra a divulgação de informações corretas a respeito da importância das

vacinas, bem como seus resultados benéficos e seus possíveis eventos adversos, sua

disponibilidade e os cuidados que cercam sua fabricação, transporte, manutenção, aplicação e

controle de segurança, tudo isso em linguagem clara e de fácil compreensão, de acesso às

pessoas, para que realmente tais assuntos façam sentido na vida do cidadão. De forma geral,

com as respostas dos alunos mediante a dinâmica foi perceptível o desconhecimento dos jovens

em relação às alternativas, reafirmando que os conceitos em relação às vacinas por vezes

tornam-se equivocados na sociedade e viram conhecimentos errados do senso comum.

Ainda no último encontrou dialogou-se sobre os possíveis efeitos da vacinação, casos de

possíveis alergias e situações de quando não se deve tomar uma vacina. Na sequência foi feita

uma exposição sobre o quadro atual de vacinas disponíveis pelo SUS, e os alunos foram

indagados e instigados a pensar em quais vacinas eles já haviam sidos imunizados ao longo da

vida. Nos últimos momentos da oficina os alunos fizeram um relato sobre o que haviam

compreendido sobre os encontros e ainda abordaram sobre a importância da vacinação.

Relatando sobre a oficina o Aluno A disse: “É importante estudar as vacinas para

entender e saber melhor o que elas causam em nosso corpo.”. E também relatou o Aluno B:

“É importante estudar sobre vacinas porque assim passamos a conhecer os vários tipos de

doenças e sabemos também quais são as vacinas para preveni-las”. Tais relatos puderam

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exemplificar que a importância da vacinação foi compreendida, os alunos entenderam o

processo vacinal e ainda compreenderam a relevância de estar sempre atentas às novidades das

vacinas, outro aluno completou, Aluno C: “É bom saber tudo sobre a vacina, pois assim

ficamos mais confortáveis a querer tomar a vacina, é necessário tomar as vacinas para

prevenir vários tipos de doenças e continuar com saúde”. Trata-se aqui, mediante os relatos,

uma tomada de conhecimento, esse feedback do alunado possibilitou uma análise de como a

educação em saúde, embora desafiadora no que se refere à possibilidade de garantir uma

aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida, foi significativa na

promoção da saúde dos jovens.

Outro relato interessante foi o do Aluno D, que disse: “É importante para combater

doenças e para ficarmos cientes dos princípios ativos das vacinas”. Relato este que reafirma a

relevância de ser conhecer mais sobre a vacinação, e principalmente, não ter um conhecimento

aprofundado sobre o assunto, mas entender um pouco sobre as notícias veiculadas na mídia,

sobre os princípios ativos e o mais importante à atenção a sua própria saúde para saber se deve

ou não se vacinar, já que possíveis princípios ativos fazem diferentes em diferentes processos

alérgicos, mesmo a vacinação sendo segura e indicada.

De maneira geral, os resultados foram muito satisfatórios, os alunos se mantiverem bem

interessados no decorrer de toda oficina e os objetivos inicialmente propostos foram

alcançados. Assim, foi possível compreender a dimensão do desafio que é a promoção da saúde

através de ações educativas, por visarem, principalmente, à mudança de pensamento e

influência positiva da cultura e comportamento de pessoas. No entanto, segundo Pinto (2013),

faz-se necessária a adoção de concepção sobre “educação em saúde” que ultrapasse ações

isoladas, devendo fazer parte do cotidiano de todos os sujeitos sociais envolvidos no processo

de determinação de condições à saúde. E ainda, “a educação deixa de ser um ato dirigido, para

tornar-se uma troca de experiências entre educador e educando, na qual as duas partes ampliam

seus conhecimentos” (HEIDEMENN et al, 2010, pág 419).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada demonstrou que trabalhar conceitos relacionados à saúde humana

se faz necessário nos ambientes escolares e que de fato a educação em saúde pode ser um

processo importantíssimo para a tomada de consciência e autonomia sobre os assuntos

relacionados à saúde na vida dos jovens.

Os dados obtidos demonstraram que apesar das constantes campanhas para a

vacinação e os vários meios de veiculação das informações ainda há um déficit quando se

avalia o conhecimento dos alunos em relação às vacinas. Pode ser percebido também que os

jovens carregam conceitos errados sobre imunização e ainda vinculam-se a conhecimentos

errados do senso comum da sociedade, esses quais comprometem a atenção regularmente às

vacinas disponíveis para a população. Fazendo essas reflexões, o processo de tomada de

consciência e a manutenção das informações adquiridas e assimiladas ou não sobre o tema

foram de suma importância para o desenvolvimento de uma oficina fundamentada na

dialógica freiriana. A oficina baseou-se nos conceitos dos círculos de cultura, os quais

possibilita uma educação transformadora e consciente, construindo e desconstruindo

conceitos em relação a determinado tema.

Nesse sentido, a oficina proporcionou encontros salientadores de conhecimento,

diálogo, codificação e descodificação sobre assuntos pertinentes relacionados à vacinação.

Ainda desenvolveu um espaço satisfatório para uma atividade em que os alunos

demonstraram interesse e participação na construção dos encontros. Assim podendo os alunos

ampliaram seus conhecimentos sobre as vacinas e suas especificidades e ainda desmistificar

conceitos do senso comum, principalmente os mitos relacionados ao processo de imunização

por meio da vacinação.

Desta maneira, durante a pesquisa consegui-se perceber que é importante repensar as

ações educativas voltadas para assuntos relacionados à saúde e que os jovens são agentes

multiplicadores da promoção da mesma. Logo, criar e propiciar meios e ambientes em que se

exista os constantes debates de assuntos relacionados à educação em saúde, abre

possibilidades de desenvolver jovens mais críticos e participativos individualmente e

socialmente com o cuidado da saúde humana.

A pesquisa conseguiu alcançar seu objetivo principal que era de promover o

conhecimento sobre a vacinação, consequentemente criar uma promoção à saúde dos jovens,

que por meio da oficina os alunos puderam não apenas conhecer mais sobre os processos

históricos da vacinação, sua importância e suas implicações no corpo humano, mas também

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entender o direito fornecido pelo SUS e ainda reconhecer o valor de “ser consciente” sobre os

assuntos da sua própria saúde, podendo assim, ser um disseminador de ideias não só para seu

ambiente escolar, mas também familiar e social, fazendo-se assim cumprir o papel da

educação em saúde.

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APÊNDICE

Questionário

Dados Pessoais

Idade:____________ Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino

Plano de saúde: ( ) Possui ( )Não Possuo ( ) Já possui, mas não tenho mais.

Sobre sua Mãe:

Escolaridade: ( )1°grau incompleto ( )1°grau completo ( )2° incompleto ( )2°grau completo

( )3°grau incompleto ( )3°grau completo

Sobre seu Pai:

Escolaridade: ( )1°grau incompleto ( )1°grau completo ( )2° incompleto ( )2°grau completo

( )3°grau incompleto ( )3°grau completo

Este questionário busca fazer um levantamento sobre os conhecimentos relacionados à

vacinação. Assinale seu grau de conhecimento e autoavaliação sobre o assunto de acordo

com os valores atribuídos abaixo:

1 – Sim

2 – Não sei

3 – Não

1 – Minha relação com a imunização.

Afirmativas analisadas

Grau de

conhecimento

1 2 3

Sou uma pessoa que acompanho sempre meu cartão de vacinação,

verificando se as vacinas estão em dia.

Estou bem informado sobre as campanhas de vacinas.

Eu acredito que a vacinação é a melhor forma de erradicar doenças em

uma população.

Eu sei quais vacinas já tomei ao longo da vida.

Estou informado sobre o que cada vacina previne.

Compreendo a diferença entre soro e vacina.

Sei explicar bem o mecanismo que a vacina faz no corpo

1 – Concordo

2 – Concordo parcialmente

3 – Não sei

4 – Discordo

2 – Meus conhecimentos sobre vacinação

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Afirmativas analisadas

Grau de conhecimento

1 2 3 4

A vacinação é um mecanismo de controlar a saúde da população.

A vacinação é de direito da população e o SUS deve oferecer

gratuitamente.

A vacina estimula o corpo a se defender contra os organismos que

provocam doenças.

As vacinas podem ser aplicadas por meio de injeção ou por via oral.

Quando a pessoa é vacinada, seu corpo detecta a substância presente na

vacina (antígenos) e produz moléculas de defesa (anticorpos).

Os anticorpos circulam pelo corpo e auxiliam a prevenir uma possível

doença

Somente as crianças devem estar com o Cartão de vacinação em dia.

As vacinas podem desenvolver outras doenças nos indivíduos (Exemplo:

Autismo)

As pessoas quando se vacinam podem ter efeitos colaterais.

Todas as vacinas devem ser tomadas várias vezes na vida.

Se o adolescente for vacinado durante a infância não tem necessidade de

acompanhar mais o cartão de vacinas

Acredito que somente os médicos devem entender como a vacina atua

no corpo humano.

3 – Sobre vacinas específicas

Afirmativas analisadas

Grau de

conhecimento

1 2 3 4

A vacina contra HPV deve ser apenas aplicada em meninas.

A vacina contra o HPV é um incentivo a começar a vida sexual de

maneira precoce

A vacina contra febre amarela deve ser tomada apenas uma vez na vida.

Para a prevenção de hepatite A apenas uma dose da vacina é suficiente.

Existem vacinas que devem ser tomadas em várias doses.

Se tomar a vacina contra Influenza (gripe) significa que nunca mais a

pessoa ficará gripada.

A vacina contra influenza (gripe) pode causar gripe

Obrigada