Curso de Hipnologiaa

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INSTITUTO BIODISCO CURSO DE HIPNOLOGIA

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curso de hipnose, suas indicações, contra indicações e técnicas de indução

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INSTITUTO BIODISCO

CURSO DE HIPNOLOGIA

MARINGÁ2011

SUMÁRIO

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AGRADECIMENTOS......................................................................................... 3

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4

1.1. O QUE É HIPNOSE ?.................................................................................. 5

1.2. NEUROFISIOLOGIA DA HIPNOSE............................................................ 7

2.1. DADOS HISTÓRICOS................................................................................. 8

3.1. APLICAÇÕES DA HIPNOSE...................................................................... 13

3.2. CONTRA-INDICAÇÕES.............................................................................. 14

4.1. ONDAS CEREBRAIS.................................................................................. 16

4.2. O BIOFEEDBACK....................................................................................... 17

5.1. O RELAXAMENTO PSICOSSOMÁTICO................................................... 18

6.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE TRANSE HIPNÓTICO........................ 19

7.1. TIPOS DE INDUÇÃO HIPNÓTICA.............................................................. 19

8.1. O STRESS............................................................................................... 20

8.2. CAUSAS DO STRESS................................................................................ 22

8.3. EFEITOS DO STRESS................................................................................ 23

8.4. O CÂNCER E O STRESS........................................................................... 24

8.5. CONVERTENDO O STRESS NEGATIVO EM EXPERIÊNCIA POSITIVA 26

9.1. PSICONEUROIMUNOLOGIA E A PSICOBIOLOGIA DA CURA............... 27

10.1. OS PODERES DO SUBCONSCIENTE..................................................... 28

10.2. A LINGUAGEM DO CÉREBRO...............................................................30

11.1. COMO RESOLVER PROBLEMAS........................................................... 30

12.1 TÉCNICAS DE INDUÇÃO DE HIPNOSE....................................................30

ANEXOS..............................................................................................................34

AGRADECIMENTOS

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Aos meus Pais, pelos esforços sem medida para a minha

educação e subsistência, pelos ensinamentos sobre a vida e pelo amor e

carinho que sempre me brindaram.

Aos meus Amigos, pelos bons e ótimos momentos

vivenciados e pelos conhecimentos adquiridos.

Aos meus Mestres e instrutores, pelos conhecimentos e

aprendizados que compartilhamos.

Aos meus Alunos, pelo que ensinei e aprendi juntos, pois

quem ensina também está aprendendo.

Aos meus Pacientes, pela oportunidade de curá-los e assim

aprender e compartilhar conhecimentos.

Ao Nosso Senhor Jesus Cristo, pela Inspiração, pela

sabedoria, ânimo e forças, pelo seu Infinito Amor e Misericórdia.

Ao Deus Todo Poderoso, por diversas vezes ter me livrado

do perigo e da morte, da doença e do infortúnio. Pelo seu Amor Infinito e por sua

Divina Misericórdia. Pela paciência e complacência que Ele tem com todos nós.

Pela Alegria e Felicidade Inefáveis que sinto sempre que estou em sintonia.

Pelos ensinamentos divinos que Ele nos transmite, inclusive por esta obra.

MUITO OBRIGADO!!!

MUITO OBRIGADO!!!

MUITO OBRIGADO!!!

INTRODUÇÃO

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O objetivo deste curso é ensinar de forma prática e clara a indução ao estado de transe hipnótico, onde o praticante exercita a capacidade de aproximação física ou mental do estado de relaxamento psicossomático e hipnótico.

Esse estado mental, em que o subconsciente é acessado, é como uma lâmpada maravilhosa: basta fazer o pedido, que o Gênio do subconsciente realiza todos os nossos pedidos.

Pode parecer fantástico, mas todos os pedidos podem ser realizados pelo gênio.

Ao que crê, tudo é possível. Eu particularmente creio num Deus do impossível.

Quando ouvimos dizer que a Fé remove montanhas, isto quer dizer que para a Fé tudo é possível.

Em diversas passagens da bíblia, quando Jesus realizava uma cura ou milagre, fica evidente o papel da Fé.

Através da Hipnose Autógena atingimos um estado mental e espiritual de oração profunda, onde podemos sentir a presença do Poder Supremo.

É justamente do afastamento e da desobediência à Deus que o homem vem sofrendo toda sorte de infortúnios.

Ao observar toda a miséria humana, em todos os seus aspectos, vê-se o estado caótico em que chegamos.

A corrupção de valores, o descontrole emocional, os medos, as incertezas, as incapacitações, a banalidade; e conseqüentemente o stress, as doenças, a infelicidade...

Com todo o avanço tecnológico e científico ainda não inventaram uma pílula mágica para estes males e suas mazelas, pois química alguma poderia transformar as profundezas da mente humana. Pode-se entorpecer e tranqüilizar quimicamente o cérebro, mas operar mudanças profundas só é possível mediante uma propedêutica adequada.

Através da Hipnose Autógena é possível modificar as profundezas da mente. Melhorando o caráter, aprimorando virtudes e talentos ou eliminando vícios e fraquezas. Libertando a mente dos medos e obstáculos que impedem a felicidade. Removendo a dor e até as causas dos distúrbios orgânicos e psíquicos, pelas vias psiconeurimunológicas e psicossomáticas.

Enfim, a Hipnose Autógena é a Panacéia Universal, que com o concurso do Poder Supremo, desencadeado através dela, pode nos levar à uma vida plena e feliz, repleta de realizações em todos os sentidos positivos.

1.1. O QUE É HIPNOSE ?

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Quando se fala em hipnose, logo nos vem à mente a imagem de um homem dotado de poderes mágicos, que coloca as pessoas em um estado de transe instantaneamente e em seguida faz toda sorte de proezas, como regressão de memória, rigidez cataléptica, leitura do pensamento, domínio da mente, curas fantásticas, etc.

A primeira impressão é de que o hipnotizador faz as pessoas dormirem instantaneamente através de algum poder desconhecido.

É este poder maravilhoso, universalmente ambicionado, que tem atraído cientistas, médicos, sacerdotes e políticos, o objeto de nossos estudos.

Segundo o dicionário de língua portuguesa hipnose é o “estado mental semelhante ao sono, provocado artificialmente, e no qual o indivíduo continua capaz de obedecer as sugestões feitas pelo hipnotizador”.

Esta definição é correta, mas permite equívocos de interpretação, como o de se pensar que hipnose é sono.

No dicionário de psicologia de Warren encontramos que “Hipnose é um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém sempre fisiologicamente distinto do mesmo, tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória.”

Nas duas definições acima afirma-se que é um estado provocado artificialmente, isto é verdadeiro quando ocorre um procedimento hipnótico, clínico ou demonstrativo, no entanto, hipnose é um estado natural, que ocorre cerca de 120 vezes no dia. Quando estamos deitado em uma rede, com a mente divagando, estamos em estado hipnoidal, quando estamos assistindo TV, dirigindo, sonhando acordado, discutindo, ouvindo música, também estamos em estado hipnótico.

A Hipnose é um fenômeno de vasta abrangência que foge à uma conceituação ou explicação simplista.

De uma forma geral, a hipnose está em tudo. Em todas as relações de comunicação, no dia-a-dia, nos gestos, na mídia, nas artes, na música, na religião, na medicina, etc.

Há hipnose quando se administra um medicamento e sugere-se uma recuperação rápida.

Há hipnose quando se administra uma benção, dizendo que as coisas vão melhorar.

Há hipnose quando se ouve uma música e a letra ou melodia nos faz recordar momentos, sonhar, alegrar ou entristecer.

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Há hipnose quando se faz algum augúrio ou presságio.

Há hipnose quando se faz promessas, a si mesmo, a um santo ou aos outros.

Com efeito, há hipnose sempre que se consegue auferir uma crença, uma confiança, uma sugestão ( verbal ou não verbal ) que conduza a uma alteração do estado físico, mental e emocional.

Pois, de acordo com Liebeault e Bernhein, a Hipnose é Sugestão.

A Hipnose é uma técnica que permite o acesso direto do subconsciente, onde as sugestões são implantadas diretamente.

Toda sugestão dada ao consciente, pode ou não ser executada ou mesmo rejeitada. Mas quando a sugestão entra no subconsciente, ela é fielmente executada, com as vantagens de se produzirem inclusive mudanças biológicas que fogem ao controle consciente, como o controle do sono, da fome e da dor.

Muito embora existam várias teorias e definições para explicar o que é Hipnose, nenhuma é suficientemente abrangente ou definitiva. Todas elas apresentam divergências quanto aos processos internos que conduzem ao fenômeno hipnótico.

Faz-se notório observar que hipnose não é sono.

À despeito da aparente semelhança, existem diversas diferenças.

À nível de consciência, enquanto o sono consiste num desligamento quase total, uma desconcentração, um estado de inconsciência, a hipnose é um estado de concentração total da consciência num só foco, é uma superconsciência.

Do ponto de vista fisiológico, os resultados de investigações de indivíduos nos dois estados sugerem que o estado de hipnose assemelha-se mais à vigília que ao sono, tanto à nível respiratório como circulatório.

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Para o Subconsciente não existem as limitações impostas pela lógica, tempo

ou espaço. Ele contém todas as lembranças, de qualquer tempo. Ele pode dar as soluções perfeitas para qualquer problema. E pode também acionar as forças internas e até o

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Além da aparência externa, a única semelhança interna é que ambos os estados permitem o acesso ao Inconsciente ou Subconsciente.

1.2. NEUROFISIOLOGIA DA HIPNOSE

As extensas investigações dos pesquisadores sobre o estado hipnótico conduzem-nos à uma compreensão mais objetiva deste poder maravilhoso que reside no cérebro de cada um. Assim, todos (que possuem uma inteligência razoável - entenda-se que todos somos inteligentes, menos os que sofrem de alguma deficiência mental - ) podem entrar em hipnose.

Durante a hipnose o paciente fica num estado de inibição da córtex cerebral, onde permanecem ativos apenas um ou dois canais de comunicação do córtex com o meio exterior; esse canal apresenta a capacidade de influir poderosamente sobre o paciente, através das sugestões dadas pelo operador. Assim, a hipnose é um estado de atenção concentrada. Quando vemos um filme e estamos tão envolvidos pelas cenas e pelos diálogos, que acabamos não “ouvindo” a música de fundo, estamos em hipnose.

A diferença fundamental é que a hipnose clínica aproveita esta capacidade do cérebro para efetuar profundas mudanças psíquicas e fisiológicas.

Segundo Hebb e Lilly (1956), pesquisadores das câmaras de isolamento sensorial, a indução hipnótica é decorrente da monotonia prolongada e do isolamento artificial dos sentidos que vão produzindo uma inibição da córtex cerebral e uma dissociação do Sistema Reticular Ativador.

Quando o paciente entra neste estado, as ordens do hipnólogo dirigidas ao córtex são executadas e transmitidas aos órgãos internos desejados, assim é possível analgesar um órgão ou estimular uma glândula.

A hipnose terapêutica consegue corrigir distúrbios orgânicos através das relações de dependência entre o Sistema Nervoso Neurovegetativo e o Córtex Cerebral. A experiência de Bikow comprova esta possibilidade.

2.1. DADOS HISTÓRICOS

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Perde-se na noite dos tempos a origem deste conhecimento fabuloso, que outorga ao hipnotizador uma qualidade de fascínio, sedução e força que lhe concederá o exercício do poder sobre os outros.

A busca do poder foi desde tempos imemoriais a grande ambição humana. Desta forma, a hipnose outras ciências que estudam o comportamento humano, sempre foi buscada por estudiosos que ambicionavam uma forma de influir sobre os outros.

Os babilônicos, assírios e caldeus eram grandes astrólogos e ocultistas *, e portanto pesquisavam as forças internas do ser humano, tanto com finalidades religiosas como medicinais. Nos murais da Babilônia há documentação que evidencia o uso generalizado da hipnose, sempre restrita a nobreza e aos sacerdotes. “Aliás, naquele tempo, a medicina era monopólio de uma casta de sacerdotes médicos, ligados por laços indissolúveis ao poder secular dos monarcas, sendo estes os maiores interessados em submeter o povo. Com o escopo de garantir a estabilidade política, usavam, entre outras coisas, as técnicas da hipnose” para o controle das massas.

Também os egípcios utilizavam a hipnose com resultados notáveis. Existem referências que datam de cerca de 3.000 anos contendo instruções técnicas de indução hipnótica. Também referências a um médico que fazia energização com as mãos sobre os corpos dos seus pacientes, promovendo a cura de várias enfermidades. Eram famosos os “Templos dos sonhos”, onde as pessoas eram induzidas ao sono e neste estado eram aplicadas as sugestões hipnóticas.

Como em outras civilizações, a hipnose no Egito foi reservada a classe sacerdotal. Estes sacerdotes médicos não só curavam, como também, eram representantes espirituais dos faraós, encarregados a manipular e controlar o povo, garantindo a estabilidade política e a paz.

Os Astecas, Toltecas, Incas e Maias também utilizavam a hipnose de forma semelhante aos egípcios, ou seja os médicos sacerdotes aplicavam para a cura e controle das massas, associando tal poder à um Poder Supremo ou divindade.

Na Grécia, os grandes filósofos e sábios dirigiam-se para o Egito para buscar a Iniciação ( nos conhecimentos superiores ), de onde trouxeram todo o legado científico, filosófico e religioso. Sendo eles os portadores do conhecimento sobre as técnicas hipnóticas.

No século X, o grande filósofo e médico árabe conhecido por Avicena dedicava-se a prática da hipnose pelo uso da imaginação.

No período renascentista alguns médicos empregavam a hipnose, entre eles o ilustre Paracelso.

Também no oriente, a prática da hipnose foi muito difundida, embora mesclada com técnicas como o Yoga e as Artes Marciais. E, assim como no ocidente, a mística e a religião estavam ligadas às artes médicas, usando assim, a hipnose

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para fins terapêuticos e místicos ( a própria concentração ou meditação é uma forma de hipnose, pois esta é a concentração da atenção num só foco ).

Na Segunda metade do século XVI, um padre da Companhia de Jesus, conhecido como padre Grassner utilizava a hipnose em suas curas espetaculares. Este jesuíta justificava seus métodos como sendo um exorcismo, livrando-se assim da condenação de seus superiores clericais, que o aprovavam pois naquela época a igreja aceitava que as doenças eram simples casos de possessão demoníaca.

Há um interessante relato de um médico que queria conhecer os misteriosos processos terapêuticos do padre Grassner, e assim descreve: “Entrando de maneira dramática no aposento, o padre Grassner tocou a jovem com o crucifixo, e essa, como que fulminada, caiu ao chão em estado de desmaio. Falando-lhe em latim, a paciente reagiu instantaneamente. A ordem: “Agitatur bracium sinistrum”, o braço esquerdo da jovem começou a mover-se num crescendo de velocidade. E ao comando tronitoante “Cesset”! o braço se imobilizara, voltando a posição anterior. Ato contínuo, o padre lhe sugere que está louca, e a jovem com o rosto horrivelmente desfigurado, corre furiosamente pela sala, manifestando todos os sintomas característicos da loucura. Bastou a ordem enérgica “Pacet”! para que ela se aquietasse como se nada houvesse ocorrido de anormal. O padre Grassner nesta altura lhe ordena falar em latim, e a jovem pronuncia o idioma que normalmente lhe é desconhecido. Finalmente, Grassner ordena a moça uma redução nas batidas do coração. E o médico presente constata uma diminuição na pulsação. Ao comando contrário, o pulso se acelera, chegando a 120 pulsações por minuto. Em seguida, a jovem estendida no chão, recebe a sugestão de que as suas pulsações se iriam reduzir cada vez mais, até cessarem completamente. Seus músculos se iriam relaxando totalmente, e ela morreria, ainda que apenas temporariamente. E o médico, espantado, não percebendo sequer vestígios de pulso ou respiração, declara a jovem morta! O padre Grassner sorri confiantemente. Bastou uma ordem sua, para que a jovem tornasse gradativamente a vida. E com o demônio devidamente expulso de seu corpo, a moça, sentindo-se como nascida de novo, desperta e agradece sorridente ao padre o milagre de sua cura”.

Através deste relato, percebemos claramente que se trata de uma hipnose profunda e que nos nossos dias ocorre algo análogo em algumas comunidades religiosas, comprovando através das curas milagrosas obtidas diariamente nestes locais a eficácia da hipnose.

Corrobora com este fato, a existência aqui no Brasil, de uma igreja que encomendou à um grande hipnotizador a organização de todo o seu esquema de trabalho. Lamentavelmente, estão usando a hipnose não só para a cura, mas para a exploração econômica.

Atribui-se o início da hipnose científica com o Dr. Franz Anton Mesmer, que nasceu na Alemanha em 1735.

Em 1779, Mesmer publica o seu tratado sobre o “Magnetismo Animal”. Naquela época a hipnose passou a ser conhecida como Magnetismo ou Mesmerismo.

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Mesmer acreditava na existência de um fluído universal que pode ser transmitida, comunicada, concentrada, acumulada e propagada. Desta forma a hipnose seria o resultado da transmissão ou comunicação deste fluído, sendo o hipnotizador o acumulador e transmissor desse fluído, que ministrado direta ou indiretamente aos pacientes, provocava reações convulsivas, sem as quais não adviria a cura.

No início, Mesmer usava uma vara te metal com a qual tocava seus pacientes, provocando as “convulsões terapêuticas”. Depois, descobriu que apenas tocando com as mãos obtinha o mesmo transe, efetuando curas tidas como impossíveis. Com isso sua clientela aumentou demasiadamente, ao ponto de se iniciarem as curas coletivas. Mesmer teve ascensão e sucesso admiráveis, o mesmerismo virou moda na aristocracia francesa. Chegando a atender cerca de 130 pessoas juntas que ao segurarem uma ponta de um aparelho batizado de “baquet” eram magnetizadas caindo em transes convulsivos, com choros, gemidos ou gargalhadas enquanto o Dr. Mesmer caminhava altivo pela sala “parando, de vez em quando, diante de uma das pacientes mais excitadas, fitando-lhe firmemente os olhos, enquanto lhe segurava ambas as mãos, estabelecia contato imediato por meio de seu dedo indicador, “ como descreve Deleuze, em sua “História crítica ao Magnetismo Animal”, publicado em 1813.

Em 1784, o Marquês Armando Chastenet de Poységur, que foi discípulo de Mesmer, descobriu ao acaso um estado de transe sem crise ou convulsão, ao qual denominou de “Sonambulismo artificial”, pois os pacientes comportavam como se fossem sonâmbulos. Nesse estado tranqüilo, o paciente era capaz de pensar e falar de forma mais inteligente, indicando o estado de sua moléstia e os remédios que deveria tomar (faziam um auto-diagnóstico e prescrição). Mais tarde o mesmo camponês, de nome Vitor, com o qual o marquês descobriu o sonambulismo magnético, era capaz de não só ver o seu estado e o desenvolvimento de sua enfermidade, como também de ver em outras pessoas os distúrbios e os medicamentos indicados para a cura.

Neste mesmo ano, a Comissão Real, formada pela Sociedade Real de Medicina, dá um relatório desfavorável ao magnetismo animal, obviamente haviam várias razões, que iam desde a inveja ao ciúme profissional. Infelizmente isto ainda ocorre nos dias de hoje.

Apesar disto, o magnetismo animal prosseguia fazendo maravilhas. E em 1812, é criado em Berlim um hospital mesmérico e um departamento de magnetismo.

Em 1814, o Abade Faria, descobre a técnica de fascinação. E coloca que a causa do sonambulismo não depende do magnetizador, mas do paciente.

Em 1819, ocorre a primeira extração dentária realizada em um paciente magnetizado, feita por Martorel em Paris.

Em 1820, o Barão de Dupotet foi o primeiro hipnotizador não médico a trabalhar nas enfermarias dos hospitais.

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Em 1829, Cloquet faz uma mastectomia sob a magnetização do Dr. Chapelain.

Em 1838, John Elliotson, educado em Edinburgh e Cambridge, nomeado professor catedrático de medicina da Universidade de Londres e Presidente da Sociedade Real de Medicina e Cirurgia de Londres, declarou acreditar no magnetismo.

Em 1843, Elliotson funda o “Zoist”, um jornal dedicado à fisiologia cerebral e ao mesmerismo, onde há fartos relatos de intervenções cirúrgicas sob anestesia hipnótica, sem dor e sem sangramento.

Em 1846, Elliotson funda em Londres o “Mesmeric Hospital”. E nesta mesma época surgiram outros hospitais mesméricos em várias partes do mundo (como Alemanha, França, Áustria, EUA) realizando feitos terapêuticos maravilhosos.

Em Exter, o Dr. Parker, um médico cirurgião mesmerizou cerca de 1.200 pessoas, realizando cerca de 200 operações sem dor.

Em 1842, o Dr. Ward , de Londres, amputou a perna de ma paciente sob magnetização.

Em 1843, o Dr. James Braid publica a sua obra “Neurypnologi, or the rationale of nervous sleep”, onde pela primeira vez é utilizado o termo “hipnose” ( que significa literalmente, sono alterado). Braid descobriu que a fixação do olhar ou fascinação provocava o estado hipnótico, concluindo assim, haver uma causa fisiológica para a hipnose e não uma causa magnética ou mágica (algum poder extraordinário) como afirmavam os mesmeristas. Em seguida, o Dr. Braid descobriu que era possível hipnotizar também pela sugestão verbal, sendo considerado um dos pioneiros no entendimento mais científico da fenomenologia hipnótica.

Em 1845, o Dr. Esdaile realiza uma operação de hidrocele dupla num paciente sob hipnose. Depois seguem-se quase 300 operações profundas, sem dor através do sono mesmérico. O Dr. James Esdaile, formado em Medicina em Edinburgh foi um pioneiro na luta pelo reconhecimento da hipnose como um importante método coadjuvante na cirurgia. Em 1866, o Dr. Ambroise-August Liebeault, médico formado em Strasbourg, publicou seu livro sobre o sono provocado. Em seguida, juntamente com o Dr. Bernheim fundou a famosa escola de Nancy, cuja reputação tornou-se mundialmente reconhecida. Para esta escola a base do hipnotismo estava na sugestão, definida como “o ato pelo qual, se faz aceitar pelo cérebro uma idéia qualquer”. Toda idéia que chega a entrar no subconsciente tende a generalização e execução. Se é sugerido a anestesia de um braço, este fica anestesiado, quando o cérebro aceita esta idéia como verdadeira.

Em 1875, o Dr. Charles Richet, formado em Medicina em Paris, filho de um eminente cirurgião, publicou seus estudos sobre os fenômenos sonambúlicos provocados pela aplicação de passes magnéticos. Em 1884 expressou sua

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veemente convicção de que todos são sujeitos a ação do magnetismo. Em 1887 é nomeado catedrático de fisiologia e em 1913 recebeu o Prêmio Nobel por ter descoberto a anafilaxia, e um ano depois tornou-se membro da Academia de Medicina e da Academia de Ciências. Em 1903, Pavlov apresenta os estudos sobre os reflexos condicionados no Congresso de Madri.

Em 1878, o neurologista Jean Martin Charcot fundou em Salpêtrière (Paris) a famosa “Escola do Grande Hipnotismo” pesquisando metodicamente e formulando experiências bem acatadas pelo mundo científico.

Em 1925, J. H. Schultz desenvolveu o Treinamento Autógeno na Universidade de Berlim. Este admirável médico e psiquiatra iniciou sua pesquisa de hipnose em 1905 depois de ler Freud e Oscar Vogt. O seu excelente trabalho publicado em 1932 ainda é de interesse de neurologistas, hipnoterapeutas e especialistas em Medicina Psicossomática. Neste trabalho Schultz aborda as várias

Em 1929, o Dr. Jacobson, em Chicago, publicou o “Progressive Relaxation” , um método de relaxamento progressivo de aproximação física (método somatopsíquico, ou seja, relaxando o corpo a mente também relaxa), consistindo de contração e descontração muscular para se atingir um estado de relaxamento profundo.

Em 1935, Flanders Dunbar introduziu a Medicina Psicossomática nos Estados Unidos.

Em 1944, em Londres é publicado o livro de Read sobre o parto sem medo, obtido por meios hipnóticos.

Em 1952, o Dr. Albert Abraham Mason consegue uma melhora de 70 por cento em um caso de ictiose congênita tratada através da hipnose, cuja melhora foi tão rápida (cerca de dois meses), eficaz e duradoura que a Sociedade Real de Medicina recebeu seu relatório calorosamente em 1955. A partir desta época o Dr. Mason realiza pesquisas oficiais sobre a hipnose nos hospitais West London e King’s College Hospital. Entre os quais publica um estudo controlado de um tratamento de asma pela hipnose e relatórios sobre os efeitos da anestesia hipnótica no bloqueio da dor, que se processa, segundo ele, no córtex, em níveis baixíssimos no local denominado de “a sede da dor”.

Em 1958, a Associação Médica Americana reconheceu o valor terapêutico da hipnose.

Em 1962, o neurocirurgião Som N. Nayer juntamente com o hipnotizador Paul Brady realizam uma cirurgia cerebral sob anestesia hipnótica.

E mais recentemente, falecido em 1980, figura com destaque o Dr. Milton Erickson, considerado o “pai da hipnose terapêutica moderna”, que nos brinda com uma abordagem diferente na indução hipnótica, de forma mais sutil, usando uma indução indireta com uma linguagem que atinge diretamente o

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subconsciente, evitando assim as resistências, que podem ocorrer com métodos mais diretos.

E na década de 90, o Dr. Brian Weiss M.D., formado com o título Phi Beta Kappa pela Universidade de Colúmbia (N.York) em 1966 e graduado em Medicina pela Universidade de Yale, faz um importante trabalho de pesquisa sobre a Terapia Regressiva, geralmente realizada sob hipnose, curando os mais diversos tipos de distúrbios até então desenganados por todos os outros tratamentos (psicológicos, psiquiátricos, químicos, etc.).

3.1. APLICAÇÕES DA HIPNOSE:

A Hipnose em si mesma não cura doenças, mas é um método que pode auxiliar o corpo e a mente no processo de auto-cura.

Abaixo segue-se uma lista de benefícios e distúrbios ou problemas que podem ser auxiliados pela Hipnose. Melhora do desempenho esportivo e escolar. Melhor concentração, memória,

aprendizagem rápida, etc. Preparação para testes, vestibulares e concursos. Desinibição e melhora da comunicação e expressividade. Dificuldades nos relacionamentos afetivos, sociais e comerciais. Medos, temores, pânico, fobias. Mágoas, culpa e dificuldade de perdoar. Ansiedade, angústia, depressão, nervosismo e estresse.. Dores músculo-esqueletal, tensão e rigidez muscular de origem nervosa. Obesidade, compulsão alimentar, alcoolismo, tabagismo e drogas. Asfixia e falta de ar, asma e bronquites crônicas. Fortalecimento do sistema imunológico para doenças crônicas. Enxaqueca, dores de cabeça crônicas e Hipertensão arterial. Alergias, dermatoses, acne, psoríase. Frigidez, dificuldade orgástica e impotência. Alívio de dores crônicas (câncer, neuralgia, etc.). Anestesia dentária e cirúrgica em pacientes sensíveis a anestesia química. Encontrar soluções para problemas de difícil resolução. Distúrbios orgânicos do sistema nervoso ( hemiplegia, esclerose múltipla,

esclerose cérebro-espinhal, etc.), distúrbios histéricos, neuropáticos e neuroses (coréia, sonambulismo, incontinência), paresias e paralisias, distúrbios gastrintestinais, várias dores, doenças reumáticas, neuralgias e distúrbios menstruais. Segundo o Dr. Bernheim.

Gagueira, mutismo (mudo), má digestão, constipação, torcicolo crônico, transpiração nas mãos, neurastenia, obsessões, coréia, espasmos, tremores, todos os tipos de histeria. Segundo Bramwell, um inglês do fim do século passado (1900), que fez uma análise detalhada dos resultados obtidos através da hipnose tanto na medicina quanto na cirurgia.

Dores em geral, reumatismo crônico ou grave, influenza, asma de origem nervosa (cura ou apenas melhora dos sintomas), todos os tipos de

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espasmos, paralisias ou contraturas, distúrbios histéricos da sensibilidade, distúrbios nervosos do sistema digestivo, irregularidades intestinais, insônia, desequilíbrios mentais, obsessões, fobias, tiques, anomalias psicossexuais, tendências mórbidas, distúrbios funcionais da linguagem, doenças orgânicas. Segundo o Dr. T. H. Schultz, em seu Tratado sobre o Hipnotismo e a Terapia Hipnótica, de 1928.

Alguns dados que abonam a eficácia da Hipnose: O Dr. Bernie Siegel descreve a relação entre mente e corpo e o grande

potencial curativo atingido através desta ligação. O Dr. Brian Weiss, M.D., em sua obra sobre TVP, dá amplas explanações e

evidências sobre a cura da obesidade, vícios, dores de cabeça, tumores cancerígenos, alergias, asma, etc. através da dos métodos de hipnose e regressão.

O Dr. Ernest Lawrence Rossi, Ph.D., ao confirmar que é possível curar as doenças do corpo pela utilização da mente, concilia as amplas e novas evidências da Psiconeuroimunologia, Neuroendocrinologia, genética molecular e neurobiologia. Afirmando que em estado hipnótico a memória, a aprendizagem e o comportamento codificados no sistema límbico-hipotalâmico são os maiores transdutores de informação que formam a conexão mente-corpo.

Pesquisas desenvolvidas na Universidade Estadual da Pensilvânia mostram que através da hipnose é possível aumentar a quantidade de determinados leucócitos no sistema sangüíneo.

Na Rússia, o Dr. Bikow demonstrou a possibilidade de alteração leucocitária trabalhando com cobaias. Suas experiências consistiam em aplicar injeções peritoniais de uma emulsão microbiana, associando a cada injeção o toque de um tímpano. Verificando posteriormente que o simples toque do tímpano, desacompanhado da injeção microbiana, era suficiente para alterar a fórmula leucocitária da cobaia. Isto evidencia a possibilidade de corrigir distúrbios orgânicos através da hipnose.

3.2. CONTRA-INDICAÇÕES

Sendo a hipnose uma técnica dissociativa, ou seja, leva à uma cisão temporária com a realidade externa, deve-se evitar aplicá-la em psicóticos, pois poderá colocá-los em crise.

No entanto, a maior contra-indicação da hipnose é o mau uso, seja este intencional ou não.

Observando as seguintes regras, a hipnose só pode ser benéfica: Use sempre com bom senso. Ao usar para melhorar o estado de saúde,

verifique a causa exata do sintoma. É aconselhável o acompanhamento

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médico ou de um hipnoterapeuta. A hipnose não substitui o tratamento médico, entretanto, ela é uma ferramenta auxiliar, que junto com um médico de visão aberta e bem informado, pode produzir verdadeiras maravilhas.

Use sempre com boas intenções e com elevada pureza de coração. O uso egoísta ou para propósitos pessoais que prejudique à alguém pode acarretar conseqüências danosas.

Use sempre sugestões positivas e construtivas, no tempo presente ou futuro. A luz naturalmente dissipa as trevas.

Jamais suprima um sintoma sem saber a causa real. Por exemplo, você pode analgesar ou anestesiar um traumatismo, pois sabe a causa. Mas remover uma dor crônica sem descobrir a origem é como podar uma erva rasteira ignorando que suas raízes estão se proliferando sob a terra.

Fig.2.1 – gráfico das ondas cerebrais. O eixo Y corresponde às freqüências cerebrais que iniciam em 30 cps (estado patológico), 28 cps até 14 cps (ondas beta, vigília comum), 14 cps até 7 cps (ondas alpha, relaxado), 7 cps até 4 cps (ondas theta, em relaxamento profundo) e 4 cps até 0,1 cps (ondas delta, dormindo). Em seguida retornando à vigília. O eixo X representa o tempo em aproximadamente 18 minutos por cada unidade representada.

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Fig. 2.2 – Gráfico das freqüências cerebrais ao entrar em transe hipnótico. Início em 15 cps (ondas beta, em vigília), segue-se 14 cps até 7 cps (ondas alpha, relaxando e entrando no transe), 7 cps até 5 cps (ondas theta, aprofundando o transe), 5 cps até 8cps, 8cps até 4 cps e 4cps até 7cps ( durante o transe hipnótico as freqüências cerebrais oscilam entre as ondas alpha e theta ); e retornando à vigília.

4.1. ONDAS CEREBRAIS

Os cientistas descobriram, através de estudos dos eletroencefalogramas (EEG) que existem determinados padrões de ondas cerebrais que estão associados a diferentes estados de consciência.

Descobriram que no estado de vigília o cérebro pulsa na freqüência de 14 Hz e no sono profundo à 3Hz.

O Dr. Hans Berger, um psiquiatra alemão foi um dos precursores na pesquisa das ondas cerebrais. Deve-se a ele o primeiro registro das ondas Alpha, em 1924. Dez anos depois, Adrian e Mathews confirmaram as pesquisas de Berger.

Descobriram basicamente 5 padrões:

ONDAS BETA (): de 14Hz à 28 Hz ou CPS (ciclos por segundo). Geralmente estamos com este padrão de onda no estado de vigília, em momentos de ansiedade e apreensão, sendo um estado desgastante que consome muita energia e produz muito pouco intelectualmente, ou seja a capacidade mental fica muito reduzida neste estado. Por outro lado , foi descoberto que nas primeiras fases do sono, certas freqüências das ondas betas podem ser associadas com o processamento de informação visual e com a integração de informação de várias fontes. Alguns dizem que o estado Beta é criado pelo medo, fraquezas, dependências, tensão, nervosismo. O estado Beta propicia a tensão, o medo, a incerteza, enquanto o estado Alpha propicia a paz, a tranqüilidade e autoconfiança. Segundo alguns pesquisadores o estado Beta é desgastante, por isso, célebres cientistas como Thomas Edson e Newton dormiam poucas horas, pois estavam em Alpha freqüentemente.

ONDAS GAMA (): acima de 35 Hz. Quando o cérebro entra num padrão mais acelerado. É um padrão de ondas cerebrais associados à percepção e à consciência. As ondas de 40 Hz estão relacionadas a intensa atividade cerebral, como em tomadas de decisões e extrema concentração mental.

ONDAS ALPHA (): de 7 a 14 Hz. Este ritmo cerebral ocorre quando estamos em estado vigil, mas relaxados. É um estado de maior lucidez e percepção onde os processos mentais tornam-se mais versáteis. É neste estado que ocorre a Super-aprendizagem, a Super-memória ou Hipermnésia e a Heurística. É neste estado em que os cientistas conseguiram ter as grandes idéias e

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descobertas. Grandes gênios como Newton e Einstein eram muito desligados do nosso mundo cotidiano e muito ligados numa realidade cósmica. Como este é um estado em que o corpo capta mais energia vital e cósmica, cada hora neste estado eqüivalem a quatro horas de sono comum.

Curiosamente ou coincidentemente (?) os geofísicos afirmam que o planeta Terra vibra nesta freqüência. Portanto, quando entramos em Alpha, entramos em sintonia com todo o planeta Terra, a Mãe Terra. Vibramos juntos numa mesma freqüência, provocando fenômenos de ressonância interna e externa. Internamente possibilitamos aos nossos órgãos internos a cura e restauração. Externamente reforçamos a vibração natural de paz e harmonia para todos os nossos semelhantes.

Afirma-se também que quando estávamos dentro do útero materno, a freqüência do feto e do útero era o padrão Alpha, portanto não é de se admirar que muitos sintam uma sensação agradável e maravilhosa ao entrar em Alpha. Outros ainda, regridem espontaneamente à fase intra-uterina. Nas palavras do Pe. Jean François Joubard: “Alpha é Paz... Alpha é Saúde... em Alpha entramos em comunhão com Deus... e ouvimos o cérebro pulsar numa espécie de OOOOMMMM... que é o mesmo som do Universo...”

ONDAS THETA (): de 4 Hz à 7 Hz. Podem ser associadas com a emotividade, a Imaginação Criadora (para criação artística, encontrar soluções, descobertas, invenções, etc.), a sonolência, assimilação de novas informações (super-aprendizagem e “computação à nível profundo”). Neste estado ocorre uma ligação com uma Inteligência Cósmica, que alguns chamam de Inconsciente ou Superconsciente, onde é possível operar curas maravilhosas, verdadeiros “milagres”. É um estado de alerta e excitamento. Durante a hipnose as ondas cerebrais oscilam entre Alpha e Theta.

ONDAS DELTA (): de 0,1 Hz à 4 Hz. Ocorrem no sono profundo, portanto, neste nível ocorre a perda da consciência. É um estado de repouso e restauração orgânica.

4.2. O BIOFEEDBACK

O Dr. Neal Miller e seus colaboradores, em fins da década de 60, conseguiram através de experimentos com cobaias, comprovar a possibilidade de controle de funções involuntárias. Com a técnica de Condicionamento Operante treinaram os ratos a aumentarem ou diminuir a pulsação cardíaca, a motilidade intestinal e a produção de urina. Os ratos recebiam um estímulo elétrico direto nas áreas de prazer do cérebro sempre que faziam a atividade desejada, constatando-se assim evidências estatísticas confiáveis.Se os ratos conseguem, através de um treinamento, nós humanos também podemos controlar as mais diversas funções, como o controle da pressão sangüínea e das ondas cerebrais.

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O Biofeedback é o nome dado a um conjunto de técnicas do autocontrole condicionado da atividade fisiológica.

A técnica do biofeedback consiste em uma retroalimentação da informação do estado fisiológico, geralmente dos batimentos cardíacos (ECG), freqüência cerebral (EEG) e tônus muscular (EMG). Esta monitoração permite descobrir a maneira de se exercer um controle consciente.

Os pesquisadores Elmer e Alyce Green, do Psychophysical Research Laboratory (Kansas), estudaram as relações mente/corpo, afirmando que é possível modificar reações negativas de tensão (stress) mediante o controle mental.

O biofeedback tem sido útil no controle da hipertensão, fobias, ansiedade, asma, gagueira, cefaléia tensional, “torcicolo espasmódico”, aprendizado, insônia, estresse, neurose obsessivo-compulsiva e reabilitação dos músculos da face após cirurgia ou paralisia.

Através do biofeedback de controle das ondas cerebrais podemos entrar em estados Alpha ou Theta e assim atingir sempre que quisermos os estados de paz, tranqüilidade, saúde e êxtase.

5.1. O RELAXAMENTO PSICOSSOMÁTICO

O Relaxamento Psicossomático é um estado de paz e tranqüilidade física e mental. É o relaxamento no sentido de soltar-se e libertar-se das tensões mentais ( psíquicas ) e físicas ( somáticas ), por isso o nome de relaxamento psicossomático.

Entrar em estado de relaxamento psicossomático é um processo natural e entramos nesse estado naturalmente durante o dia a dia, geralmente quando vamos dormir ou quando vamos descansar e relaxar em uma rede ou sofá.

Muitas vezes este estado é produzido por cerimoniais, cânticos ou ritos. E vem sendo utilizado ao longo dos tempos, principalmente pelos religiosos e líderes.

Alguns dizem entrar em Alpha ou alfagenia, porque nesse estado o nosso cérebro pulsa numa freqüência entre 8 e 13 ciclos por segundo.

Os pesquisadores desenvolveram várias técnicas para se entrar neste estado voluntariamente. Alguns basearam-se nas práticas já existentes como o antigo Yoga, um sistema de evolução humana e manutenção de um corpo saudável, que se utiliza de posturas corporais e atitudes mentais ( concentração e meditação ) executados lentamente.

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O Treinamento Autógeno do Dr. Schultz, o Relaxamento Progressivo de Jacobson e a Sofrologia de Caycedo são os grandes expoentes do relaxamento psicossomático.

Em diversas partes do globo, médicos, psicólogos, psiquiatras e terapeutas utilizam as técnicas acima como recursos para auferir a cura dos mais variados distúrbios, entre eles o câncer.

Também os religiosos aplicam a alfagenia nas curas, obtendo numerosos “milagres”. Óbvio está que, de uma forma velada e implícita.

Enquanto os religiosos atribuem às curas a ação de um poder divino, os cientistas atribuem à alfagenia. Ambos estão corretos, entretanto ambos se contestam... Na verdade, muitas vezes a cura ocorre simultaneamente com estado Alpha: no momento da cura o doente está em Alpha. E podemos afirmar que o Poder de Deus manifesta-se através do estado Alpha, induzido pela Fé e pelos cantos, dança, louvor e oração.

Por outro lado, o relaxamento psicossomático combate naturalmente os efeitos do estresse, estimulando a produção de endorfinas e outros peptídeos endógenos, equilibrando o sistema nervoso e consequentemente o organismo (corpo-mente).

Possuímos basicamente dois reflexos: 1) o de tensão ou alarme em que predomina o sistema nervoso Simpático. 2) o de relaxamento, repouso e restauração em que predomina o sistema nervoso Parassimpático.

No relaxamento psicossomático ocorre a predominância do Parassimpático.

Para se obter este estado existem várias técnicas, que consistem em um relaxamento físico dos músculos, da respiração e dos batimentos cardíacos; e um relaxamento mental com o silenciamento da mente, dos pensamentos e das emoções, banindo da mente todas as preocupações do dia a dia. Entre as técnicas básicas podemos citar as seguintes: a) respirar lenta e profundamente e ir relaxando todos os músculos do corpo. b) tensionar e distensionar cada grupo muscular. c) imaginar luzes e cores que vão se espalhando pelo corpo, relaxando e curando. d) pronunciar sugestões como “sinto-me em paz... e estou entrando em um estado de profundo relaxamento...”.

Ao entrar em Alpha é possível obter-se os mesmos benefícios de um transe hipnótico, pois o relaxamento é um estado de hipnose autógena.6.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE TRANSE HIPNÓTICO

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“A Ciência sem a Religião é paralítica, a Religião sem a Ciência é cega.” – Albert Einstein -

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Os tipos de transe hipnóticos podem ser classificados basicamente em duas categorias de acordo com a forma de indução, qualidade e a função neurológica predominante. Assim temos dois tipos:

- Trofotrópicos ou positivos que são induzidos pela estimulação de emoções positivas e de harmonização, sua característica básica é o relaxamento, sensações de paz e tranqüilidade, beneficia o sistema nervoso, estimula a atividade do Parassimpático.

- Ergotrópicos ou negativos que são induzidos pelo estímulo de emoções negativas e perturbadoras ( o medo, a tristeza, etc.). caracteriza-se pela tensão, rigidez e pode ser perturbador e prejudicial ao sistema nervoso. Estimula o reflexo de tensão ou simpático.

7.1. TIPOS DE INDUÇÃO HIPNÓTICA

O transe hipnótico pode ser induzido ativa ou passivamente. No primeiro caso há a concorrência de um operador e de um paciente, onde o operador é um facilitador para o transe do paciente. No segundo caso, o próprio paciente induz um auto transe, é a hipnose autógena.

A indução ativa cabe à uma pessoa habilitada, no caso um Hipnólogo. Este tipo de hipnose é segura e mais eficaz, desde que seja aplicada por um bom profissional.

Mas há uma técnica que o leigo pode aplicar com segurança e praticidade, veja o exercício de hipnose durante o sono.

A indução passiva é o relaxamento psicossomático ou hipnose autógena. E pode ser utilizada sempre que necessário.

8.2. O STRESS

Falamos muito em stress nos dias atuais, mas nem sabemos bem do que se trata. O que poucos sabem é que o stress não é um vilão, mas um conjunto de esforços naturais do nosso corpo em adaptar-se aos fatores externos e internos.

O stress existe naturalmente e é necessário, como a temperatura corporal. A febre é uma tentativa do corpo em debelar uma infecção, mas pode levar à perda de várias enzimas vitais. Da mesma forma, o stress em níveis normais confere-nos o tonus muscular, cardiorespiratório, cardiovascular e cerebral útil na vida cotidiana, este é o “stress positivo” ou “eutress”.

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Infelizmente, a maioria das pessoas reage aos estressores de forma exagerada, assim, a influência do stress depende do estado psíquico e somático de cada pessoa.

O objetivo deste curso é ensinar as pessoas a reagirem de forma mais branda e natural, evitando assim a predisposição ao câncer, enfarte do miocárdio e todas as doenças psicossomáticas.

O termo stress vem do inglês “distress” que significa aflição, mal-estar, perigo.

O pioneiro na pesquisa do stress foi o fisiologista Hans Selye, que em 1926 no segundo ano de Medicina na Universidade de Praga (Alemanha) deparou-se com sintomas que estavam ligados a certos fatores como o trabalho muscular excessivo, tensão nervosa, frio ou calor intensos, ferimentos, traumas, etc. Este conjunto de sintomas caracterizados pela perda de apetite, mal-estar, dores por todo o corpo, úlceras gastrointestinais, aumento da córtex supra-renal e supressão do sistema imunológico, recebeu o nome de Síndrome de Adaptação Geral (GAS).

Selye classificou a GAS em três estágios: (1) a reação de alarme; (2) a resistência e defesa e (3) o de exaustão ou esgotamento.

Os estudos modernos dividem em duas fases os “Sistemas Adaptativos Complexos”: (1) Resposta Adaptativa Inicial e (2) Resposta Prolongada ao Stress.1) Resposta Adaptativa Inicial: ocorre em poucos segundos quando a mente

percebe um perigo ( real ou cognitiva e imaginariamente real ), ativando o sistema nervoso Simpático que dá ordens ao corpo para liberar as moléculas mensageiras de catecolaminas: epinefrina e norepinefrina ( adrenalina e noradrenalina). Certas células dentro do hipotálamo transduzem a informação neuronalmente codificadas às moléculas de emergência (CRH ou Hormônio Liberador de Corticotropina) que liberam a corticotropina e sinalizam a hipófise para liberar a Adrenocorticotropina (ACTH) que em poucos segundos provocam respostas adaptativas no coração, pulmão, fígado, cérebro e músculos. E em poucos minutos estimula as células da córtex supra-renal para liberarem cortisol na corrente sangüínea.Estas respostas adaptativas iniciais podem durar minutos e até horas, aumentando o tônus cardiovascular e cardiopulmonar ( acelerando os batimentos cardíacos e a respiração), liberando e utilizando mais glicose, aumentando os fatores coagulantes do sangue ( o que expõe à um maior risco de enfarte do miocárdio ); ao mesmo tempo , inibindo a digestão, o crescimento, a sexualidade e o sistema imunológico.

2) Resposta Prolongada ao Stress: quando o stress perdura por horas, dias, meses ou anos, ele se torna patogênico: as moléculas mensageiras hormonais do stress são liberadas em maiores doses por mais tempo, desta forma, a reação de alarme não cessa e acaba lesando os vários órgãos e sistemas. E como se não bastasse, ocorre um processo autoprotetor corporal chamado de “baixa-regulação” em que os receptores de moléculas mensageiras regulam abaixo do normal gerando um processo de abstinência em que o corpo sente-se cansado, sem energia, indisposto, de mau humor.

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Infelizmente, as pessoas ao invés de atenderem o corpo e descansar, relaxar, fazem justamente o contrário, agem compulsivamente, trabalham em demasia para ter de volta sua alta de adrenalina e tomam substâncias ativantes, acabando por desgastar-se ainda mais, levando o corpo à exaustão e aos sintomas psicossomáticos ou doenças de adaptação.Uma das mais alarmantes descobertas da neurociência clínica é que o stress crônico pode levar à morte dos neurônios no hipocampo do cérebro, havendo perdas de massa encefálica, provocando danos irreversíveis.

8.2. CAUSAS DO STRESS

Como vimos anteriormente o stress é uma reposta adaptativa à uma situação externa. O problema do stress é a intensidade e a duração do mesmo.

Os fatores que estressam são chamados de agente estressor. Este pode ser físico psíquico. Os estressores físicos são a exposição ao frio ou calor em demasia, o trabalho muscular exaustivo e ferimentos ou traumatismos. Os estressores psíquicos são o nervosismo, a raiva excessiva, a depressão, a culpa, a ansiedade, o ressentimento, o ódio, o rancor, as preocupações, os traumas, as fobias, os complexos, o sentimento de perda, a responsabilidade excessiva, a pressa, etc. Resumindo, os estressores são todos os excessos, situações de desafio, mudança, perdas, responsabilidade e cobranças internas e externas.

Baseados na escala de T. H. Holmes da Universidade de Washington, é possível ter uma noção do que nos estressa, basta somar os pontos. Vale mencionar que 49% dos cancerosos entrevistados somaram mais de 300 pontos nos últimos 12 meses, enquanto que apenas 9% deles tinham acumulado menos de 200 pontos, o que indica que 91% dos cancerosos haviam acumulado entre 200 à 300 pontos de stress.

Abaixo a escala de Holmes, lembrando que estes valores podem variar segundo a opinião pessoal em relação ao evento.- a morte do marido ou da esposa..................................................................100- o divórcio........................................................................................................73- a separação ou a ruptura entre parceiros......................................................65- a morte de um membro da família..................................................................63- estadia na prisão............................................................................................63- acidente ou doença........................................................................................53- casamento......................................................................................................50- perda de um emprego....................................................................................47- reconciliação entre cônjuges..........................................................................45- doença de um membro da família..................................................................44- gravidez..........................................................................................................40- impotência ou frigidez.....................................................................................39- nascimentos, a família aumenta.....................................................................39- um novo contrato de trabalho.........................................................................39

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- alterações de ordem financeira......................................................................38- a morte de um amigo de verdade...................................................................37- alteração de local de trabalho........................................................................36- conflitos familiares mais freqüentes...............................................................35- dívida grande..................................................................................................31- uma hipoteca vencida que não se pode pagar...............................................30- alterações de responsabilidades....................................................................29- o filho ou a filha deixam a família...................................................................29- dificuldades de ordem penal...........................................................................29- exigência de ganhos suplementares..............................................................29- a esposa que começa ou cessa de trabalhar.................................................26- o início ou o fim de um treinamento...............................................................26- alterações nos hábitos pessoais ou familiares...............................................25- alterações vitais..............................................................................................24- dificuldades profissionais................................................................................23- mudança de residência..................................................................................20- mudança de escola........................................................................................20- mudanças nos hábitos religiosos...................................................................19- mudanças nos hábitos sociais........................................................................19- dívida menor...................................................................................................17- alterações nos hábitos de sono......................................................................16- alterações nos hábitos alimentares................................................................15- férias...............................................................................................................13- festas natalinas...............................................................................................12- pequenas contravenções...............................................................................11

Outras situações de stress: cuidar de um filho doente, participar de uma competição, as provas da escola, a apresentação de uma monografia, o cliente que não paga, as brigas de casais, a desobediência dos filhos, o engarrafamento, o trânsito, a concorrência profissional ou comercial, o ciúme, a pressa, etc.

8.3. EFEITOS DO STRESS

Selye (1976) em “Doenças de Adaptação” relaciona as seguintes doenças de adaptação acarretadas pelo stress:- câncer - doenças alérgicas (rinite alérgica, urticária, etc.)- infecções - doenças cardíacas e vasculares- eclampsia - doenças metabólicas (diabetes, obesidade,etc.)- hipertensão arterial - doenças renais - doenças digestivas ( gastrite, úlceras gastrointestinais, anorexia, etc.) - distúrbios sexuais (impotência, frigidez, anorgasmia, ejaculação precoce, etc.)

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- artrite reumática e reumatóide- doenças nervosas e mentais (depressão, pânico, TPM,etc.)- doenças de resistência em geral

Sapolsky (1992) relata que metade dos pacientes com depressão maior apresentam sinais de hipercortisolismo (excesso de secreção de glicocorticóides durante certos períodos do dia. O hipercortisolismo é associado à depressão em idosos.

Segundo Thaylor (1992), na velhice o mal de Parkinson e Alzheimer podem advir da excitotoxidade neural do stress.

8.4. O CÂNCER E O STRESS

O Dr. Carl Simonton, especialista de Cancerologia do Centro de Aconselhamento e Pesquisas do Câncer de Forth Worth (Texas), após vários anos de pesquisa, afirma que a célula cancerosa é uma unidade esgotada, fatigada e desorganizada; que o aparecimento do câncer é uma seqüela direta de uma ou várias situações estressantes; e que o câncer não se manifesta sem problemas psíquicos e sem situações estressantes, pois, ele pode estar presente, mas não aparece sob a forma de sintomas clinicamente diagnosticáveis.

A causa pode estar na predisposição genética (oncogenes) que pode ser acionada por substâncias carcinogênicas ( certos alimentos, aditivos, conservantes e gorduras ) e situações estressantes. Muitos pesquisadores acreditam que o câncer se inicia quando os genes normais reguladores do crescimento ficam danificados e transformam-se em oncógenos. Kiecolt-Glaser et al. (1985) descobriram que o stress emocional pode prejudicar os mecanismos de reparação do DNA ao mensurar a recuperação da sedimentação nucleóide após a irradiação de 100 rads (RX) em células sangüíneas periferais. Outras pesquisas demonstram a conexão mente-gene. Glaser relata que também podem ter sua origem com estressores psicossomáticos modulando a transcrição genética de expressão desregulada, como no caso da baixa regulação de c-myc RNAm, danificando-se assim os genes supressores de tumor, que normalmente agem para inibir o desenvolvimento do tumor.

As investigações modernas em cancerologia apontam que o sistema imunológico inibido pelo excesso de stress ( o cortisol inibe o sistema imunológico) acaba falhando na eliminação de células cancerígenas.

Durante a nossa existência, o corpo produz milhões de células, é admissível que nesta produção algumas saiam com defeito; assim, o corpo produz células cancerosas vez e outra mas sem o crescimento de tumores cancerígenos clinicamente reconhecíveis. Estudos em radioscopia e autópsias post mortem evidenciam a presença de tumores estacionados, e ainda, células prostáticas cancerosas em homens com mais de 50 anos, mas sem que haja um real câncer clínico.

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A principal teoria sobre a oncogênese é de que quando o sistema imunológico está hipoativo ou deprimido pode ocorrer a formação de tumores cancerosos (Stein et al, 1985).

Significativamente, o stress de mudança de vida ( como por exemplo, a mudança de emprego, perda de um ente querido, separação, etc.) pode ativar o eixo cortical-hipotalâmico-hipofisiário-supra-renal para produzir os corticosteróides que inibem o sistema de vigilância imunológica. Outros fatores que deprimem o sistema imunológico são a ansiedade, a depressão e a baixa auto-estima.

Contudo, o que determinará se o stress terá ou não um efeito depressivo no sistema imunológico é a habilidade do sujeito em lidar com desafios e adversidades. Neste sentido as recentes pesquisas em psicobiologia constataram que os sintomas de ansiedade e depressão em resposta à mudança estressante de vida, indicavam pouca habilidade em lidar com desafios, resultando assim na diminuição das células NK (natural killer = exterminadoras naturais), que junto com os linfócitos-B e –T, células K (killer) e macrófagos constituem a base do sistema de vigilância imunológica (Locke et al, 1984).

Hall (1982-1983) e Frankel (1985) fizeram experimentos bem controlados que evidenciam a atuação da hipnose no controle da imunocompetência. Desta forma, a hipnoterapia pode vir à ser um importante aliado na cura ou prevenção do câncer.

Temoshok (1991, p.20) em sua pesquisa sobre melanoma maligno afirma que: “quanto mais se expressasse emoção, mais baixa a taxa mitótica do tumor, maior a infiltração linfocítica e menos densidade tumoral”.

V. Riley da Universidade de Washington em suas pesquisas descreve um experimento com dois grupos de camundongos geneticamente predispostos ao câncer. Um grupo é submetido ao stress e outro é protegido do stress. No grupo exposto ao stress, 92% deles desenvolvem o câncer, enquanto que no outro grupo apenas 7% desenvolveu câncer.

Samudshan em estudos do desenvolvimento de células cancerosas em animais de laboratório observa que estas células desenvolvem muito mais rapidamente e, animais estressados.Com efeito, o que as pesquisas nos apontam é que devemos reenquadrar nossa forma de pensar, sentir e agir, pois guardar os sentimentos de raiva, mágoa, medo, culpa e auto-culpa apenas resultam em severos danos à saúde e bem estar geral.

Devemos então, procurar encarar a existência com mais otimismo, alegria e fé. Sem muitas cobranças, sem tanto perfeccionismo, sem tanta pressa, sem medos ou temores, sem artificialismos, sem censuras ou recalques, sem ansiedade e sem pessimismo. Buscando sempre a compreensão, a complacência, o perdão, a fé, a esperança, a espontaneidade e a expressividade natural de nossas emoções e sentimentos, sobretudo o Amor. É

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esta a receita daqueles que curaram as suas vidas do nefasto câncer, é esta a receita para cada um de nós.

8.5. CONVERTENDO O STRESS NEGATIVO EM EXPERIÊNCIA POSITIVA

O impacto de um estressor psicossomático depende de como interpretamos a situação estressante. É a nossa habilidade de lidar com os desafios que determinarão se os efeitos do estresse irão ou não perturbar os nossos sistemas nervoso, endócrino e imunológico.

Bandura (1985) constatou a presença de níveis elevados de catecolamina em pacientes que sofriam de fobia e que os níveis abaixavam quando estes sentiam-se capazes de lutar contra a fobia.

Desta forma, podemos reduzir os efeitos do stress através de uma resignificação dos fatos, convertendo uma ameaça negativa em um desafio positivo, um stress negativo em um stress positivo, que é como um revitalizador.

Muitas pessoas ao perderem um ente querido entram em desespero, ficam ansiosas e caem em profunda depressão. Outras ao perderem seus bens ficam coléricas ou depressivas. Outras ao encontrarem uma dificuldade, ficam frustradas, fogem ou se retraem. E assim, seguem-se uma série de atitudes funestas.

Podemos transformar todas as situações com novas formas de ver a vida, novos comportamentos e novos sentimentos.

A serenidade, o desapego ( às coisas materiais, às pessoas, etc.), a esperança, o perdão e a coragem são valores importantes na transformação do stress.

Infelizmente, a maioria das pessoas não conseguem ser serenas diante das atrocidades da vida, tampouco conseguem desapegar-se de seus bens ou perdoar quem os roubou. Por que isso é tão difícil? O que falta?

Cabe à cada um compreender a necessidade de mudar e buscar uma melhora pessoal, interior. O que pode ser facilitada pelo concurso de alguém especializado (que pode ser um psicoterapeuta ou alguém que tenha uma boa aprendizagem de vida fundamentada em verdades insofismáveis) ou no aprendizado de novas concepções de vida. Ora, quem tem realmente fé em Deus é apegado Nele e pouco importam as coisas materiais. Quem confia Nele de verdade, não se desespera, nem anda ansioso...

Todavia, não é muito fácil adquirir uma fé tão profunda. Resta-nos, então, fazer o que é mais tangível no momento: relaxar, produzir o Reflexo de Relaxamento e encontrar neste estado uma nova compreensão dos fatos e da vida.

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No dia a dia, ao depararmos com uma situação estressante, deveremos sempre procurar uma significação positiva para tudo o que acontece. Por exemplo, se alguém nos irrita à ponto de perdermos a paciência, devemos ver nesta pessoa alguém que está nos auxiliando no exercício da paciência. A vida é um laboratório psicológico e estamos aqui justamente para aperfeiçoar nossas virtudes (Amor, Paciência, Serenidade, Complacência, Perdão, Esperança, Fé, Caridade, Humildade, Gratidão, Desapego, etc.) através dos relacionamentos e das situações que a vida nos traz.

9.1. PSICONEUROIMUNOLOGIA E A PSICOBIOLOGIA DA CURA

“mens sana in corpore sano”

As recentes descobertas da neurociência, neurobiologia, neuroendocrinologia, genética molecular, psicoendocrinologia e psiconeuroimunologia ajudam-nos à compreender o intrincado mundo da mente e as conexões desta com o corpo.

Rompendo com a idéia da dicotomia mente e corpo do dualismo cartesiano, a Psicobiologia tem descoberto que o ser humano é uma unidade psicossomática. Já não existe o binômio corpo e mente, mas o monômio homem, como uma estrutura única indissociável em que as informações transduzidas de um para outro se interagem. Segundo Pert et al. (1985), os neuropeptídeos e seus receptores unem cérebro, glândulas e sistema imunológico em uma rede de comunicação entre cérebro e corpo.

Entendendo melhor: o estado corporal influencia os processos mentais, assim como, o estado mental influencia os processos corporais.

Estas afirmações estão solidamente fundamentadas nas seguintes pesquisas:- Selye (1936, 1982): a GAS decorre de um processo informacional das

moléculas mensageiras do eixo hipotalâmico-hipofisiário-supra-renal.- Papez (1937): demonstrou que as experiências mentais são transduzidas em

respostas fisiológicas.- Scharrers (1940) e Harris (1948) descobriram que células de secreção dentro

do hipotálamo podiam funcionar como transdutores de informação molecular, convertendo os impulsos neurais que codificavam a “mente” nas moléculas mensageiras hormonais do sistema endócrino, que por sua vez regulam o “corpo”. A conversão dos sinais neuronais em moléculas mensageiras foi chamada de “transdução neuroendócrina”.

- Olds & Milner (1954) e Delgado, Roberts e Miller (1954) descobriram os centros de prazer (recompensa) e de dor (punição) que constituem um valioso elo de compreeensão da comunicação entre a mente e o corpo, e o comportamento.

- Weiner (1972, 1977) explorou vários modelos de transdução informacional para entender os problemas psicossomáticos.

- Achterberg & Lawlis (1980,1984) estudos sobre a comunicação e cura mente-corpo mediados pela imagem física”.

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- Milton Erickson (1902~1980) demonstrou que amnésias ocasionadas por choques psicológicos ou eventos traumáticos são dissociações psiconeurofisiológicas que podem se curadas por Hipnoterapia.

- Mc Gaugh (1983): pesquisas de neurobiologia de memória e aprendizagem.- Izquierdo (1984): a memória depende da relação entre os estados neuro-

hormonais e hormonais.- O psicólogo Robert Ader, da Universidade de Rochester (N.Y.) descobriu

que o sistema imunológico é condicionável, estabelecendo a sua relação com a psique.Concluindo, o sistema límbico-hipotalâmico é a estrutura cerebral básica que estabelece a comunicação entre a “mente” e o “corpo”. E todos os problemas psicofisiológicos baseiam-se na transdução de informação, onde os processos relacionados à memória, aprendizagem e comportamento produzem os diversos estados mentais e corporais, muitas vezes rotulados como “distúrbios” ou “doenças”.

A transdução neuroendócrina codifica nossas experiências, emoções, pensamentos, memória, aprendizagem e comportamento nas moléculas mensageiras. Assim, cada estado emocional, cada pensamento faz com que o cérebro produza um quadro neuropeptídeo relacionado. Este irá influir sobre todo o organismo, de uma forma benéfica ou prejudicial.

A psiconeuroimunologia, uma área recente da medicina, estuda a relação existente entre pensamentos, emoções, comportamento e o sistema imunológico.

De uma forma geral e evidente, as emoções e pensamentos positivos exercem uma influência benéfica sobre os sistemas nervoso, imunológico, circulatório, digestivo, gênito-urinário e cárdio-respiratório. Enquanto que, as emoções e pensamentos negativos acabam prejudicando a imunocompetência, além de provocar distúrbios psicomotrizes, neurovegetativos, etc.

10.1. OS PODERES DO SUBCONSCIENTE

Em 1900, Sigmund Freud, neurologista e pai da Psicanálise, tentou construir um modelo do aparelho psíquico (The interpretation of Dreams, Freud, 1900).

Freud demonstrou que temos processos mentais e pensamentos inconscientes.

Com efeito, temos o Consciente e o Subconsciente ou Inconsciente.

Podemos comparar o Consciente com a ponta de um “iceberg” e o Subconsciente com o restante do “iceberg” submerso. O Consciente é a parte visível, o que nós conhecemos, é a menor porção do aparelho psíquico. O Subconsciente é a parte invisível, mas sempre presente e na realidade a maior porção. Mas, tanto a ponta do “iceberg” como o restante deste são uma coisa

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só, um enorme bloco de gelo, assim, Consciente e Subconsciente são uma coisa só, a Mente. E poderíamos acrescentar ainda, acerca da potencialidade desta, que todo o oceano é também uma coisa só, Água.

O Subconsciente “grava” tudo o que vemos, sentimos e pensamos. Todas as nossa memórias e lembranças estão armazenadas no subconsciente. Algumas memórias são conscientes, outras pré-conscientes e outras inconscientes, mas estão todas lá e podem tornar-se conscientes, por métodos psicanalíticos ou hipnóticos.

O poder do Subconsciente é praticamente ilimitado, haja visto os casos clássicos de hidrocefalia em que tais pessoas são capazes de dar o resultado de raízes ou multiplicações de 6 ou mais dígitos em questão de segundos.

O Subconsciente é quem controla as nossas funções vitais através do sistema nervoso neurovegetativo, assim todas as funções antigamente tidas como autônomas, são dirigidas pelo subconsciente.

O Subconsciente tem soluções criativas para todos os problemas. Os sonhos são manifestações do Subconsciente. Através dos sonhos foram solucionadas importantes questões científicas, como a fórmula do benzeno. Thomas Edson que produziu centenas de invenções fazia uso do estado alfa, uma forma de acesso ao subconsciente.

O segredo do “Poder do Pensamento” reside em conseguirmos inserir as sugestões, comandos ou formulações no Subconsciente. Todo pensamento que consegue passar para o Subconsciente é executado automaticamente.

Felizmente nem todo pensamento entra no Subconsciente, pois do contrário seria um desastre. Temos um mecanismo protetor natural que impede a entrada dos pensamentos.

Ao longo do tempo foram descobertos os meios capazes de burlar esse mecanismo e assim é possível inserir no Subconsciente os pensamentos que trarão os mais diversos benefícios.

Dentre esses meios destacam-se os seguintes:

- a repetitividade : é o meio mais simples e consiste na repetição contínua ou intermitente de um determinado pensamento. Parte do princípio de que em algum momento o pensamento “entra”. Um outro aspecto é o de que o pensamento é uma energia sutil que acaba condensando-se pelo acúmulo. O célebre Einstein colocou sabiamente que: E = m . c 2 ( Energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado). Então, o pensamento é matéria em estado radiante e matéria é pensamento “congelado”.

- a sugestibilidade : implica diretamente na capacidade de receptividade de uma sugestão ou idéia que induz à uma ação. Descobriu-se que esta magnífica capacidade de receber e executar uma sugestão pode ser aumentada pela concentração da atenção, que pode ser obtida entrando em alfa ou na hipnose.

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- a linguagem adequada : consiste em usar construções fraseais dentro dos padrões de aceitação do subconsciente, é a linguagem do cérebro. A Programação Neuro-Linguística ou PNL e a Hipnose Ericksoniana ( do Dr. Milton Erickson ) utilizam-se deste recurso maravilhoso.

10.3. A LINGUAGEM DO CÉREBRO:

Nosso cérebro, com seus trinta milhões de neurônios comunica-se com a linguagem verbal e também com a linguagem não-verbal. A liguagem verbal é a linguagem falada ou escrita, geralmente o idioma pátrio. Porém, enquanto o nosso consciente entende e aceita ou refuta baseado na razão, o subconsciente entende de forma diferente e apenas executa.

Uma característica básica do subconsciente é omitir o “não”.

11.1. COMO RESOLVER PROBLEMAS:

O primeiro passo na resolução de um problema é compreendê-lo em sua extensão exata. Muitas pessoas acabam tomando para si problemas inexistentes, problemas que não lhe pertencem, preocupam-se à toa. Outras fazem “uma tempestade em um copo de água”, criam os problemas ou atribuem à um pequeno problema a dimensão de um grande problema. Entender isto já resolve muitos “problemas”, que na verdade são apenas simples desafios.

12.1. TÉCNICAS DE INDUÇÃO DE HIPNOSE

Existem centenas de técnicas de indução do transe hipnótico. O Hipnólogo irá eleger a técnica apropriada a cada indivíduo e situação. Esta escolha é realizada pela idade, sexo, estado do paciente e características pessoais.

O primeiro passo na indução do transe são os testes para verificar a facilidade com que o paciente entrará no transe e qual o sistema operacional é predominante.

Uma vez identificados estes marcadores, procede-se a indução do transe. Após estabelecer o estado hipnoidal, segue-se o aprofundamento do transe. Neste estado realizam-se as operações, colocam-se os comandos e sugestões pretendidos.

Neste estágio são realizadas as sugestões, regressões, sugestões pós-hipnóticas, anestesia e outros fenômenos hipnóticos.

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Após estas operações, finaliza trazendo o paciente ao estado de vigília.

Assim, temos as seguintes etapas:

1 - Anamnese: coleta de dados do paciente, queixas e objetivos almejados.

2 – Testes: avalia-se o sistema operacional predominante (visual, auditivo, cinestésico e auditivo-digital), a sugestibilidade e facilidade de entrar em transe.Teste do sistema operacional: peça ao paciente que “tome uma posição confortável, feche os olhos, respire profundamente e relaxe” (isso já é um comando para entrar em transe e funciona bem com algumas pessoas suscetíveis à hipnose). Em seguida peça que imagine um jardim, com flores coloridas, uma brisa refrescante, o canto dos pássaros, o borbulhar de uma fonte, a sensação de pisar na grama fresca, etc. Depois de trazer a pessoa de volta, avalie quais as impressões mais nítidas. Teste das mãos coladas. Pede-se ao paciente que junte as mãos com os dedos entrelaçados, apertando bem forte e firme. Em seguida diga “ seus dedos estão ficando grudados e colados, vou contar de 3 até 0, quando eu contar zero perceba como os dedos estão colados e não conseguem soltar-se. Três, cada vez mais colados... dois... um... colados... grudados... zero tão colados e grudados que você não consegue soltá-los...” Na verdade, o paciente que entra em transe com esse teste, já está em transe. Pode-se aproveitar e aprofundar o transe induzindo o fechar dos olhos e o teste das pálpebras grudadas.Teste do braço rígido. Pede-se que o paciente estique o braço e deixe ele bem duro e diga: “seu braço está cada vez mais duros, rígido, como se fosse de ferro... cada vez mais duro, como uma barra de ferro... é praticamente impossível dobrá-lo... Neste momento peça ao paciente que tente dobrá-lo e observe o resultado. Também neste caso, caso o rsultado seja positivo, ele está em transe e basta apronfundar.

3 – Indução do transe hipnótico: aplica-se uma técnica de indução hipnótica.Técnica do olhar fixo: peça para o paciente olhar fixamente para um relógio de bolso, pêndulo ou qualquer objeto brilhante. “Olhe fixamente para o relógio, assim que você fechar os olhos estará entrando em um transe profundo... as pálpebras irão ficar pesadas e moles... vou contar de 3 até 0... quando eu contar zero, se os seus olhos não estiverem fechados, feche-os lentamente... três, as pálpebras vão ficando pesadas e moles... dois, cada vez mais pesadas, como se você estivesse com sono... muito sono... um, pesadas e moles como chumbo... zero, feche os olhos e relaxe profundamente... Técnica da queda: com o paciente em pé, , com os pés unidos, posicione-se atrás do paciente e diga que está seguro, que se for cair para trás estará segurando. Peça que feche os olhos e relaxe. Coloque as mãos sobre os ombros e diga: “minhas mãos estão ficando coladas nos seus ombros, assim que eu puxá-las, seu corpo irá junto e cairá para trás, ao sentir seu corpo indo para trás, você entra num transe profundo.” Técnica de Relaxamento: “Tome uma posição confortável, feche os olhos e respire profundamente... enquanto você respira, vai relaxando profundamente, soltando e afrouxando todos os músculos, todas as tensões... respirando bem profundo... relaxando e soltando-se cada vez mais... entrando num estado de paz e tranqüilidade... dentro de alguns instantes você estará entrando num

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estado de transe profundo... respire profundamente... relaxando as pálpebras ... relaxando os maxilares... relaxando a testa... relaxando a nuca... relaxando o pescoço... relaxando os ombros... os braços... as costas estão relaxando... vértebra por vértebra... relaxando... relaxando o tórax... o abdome... o baixo ventre... as pernas e os pés... todo o corpo relaxa profundamente... relaxe profundamente... nesse estado de transe profundo você pode fazer qualquer coisa que quiser no seu corpo... pode anestesiar uma parte do seu corpo... ou sentir paz e tranqüilidade...

É importante observar, durante a indução, os sinais fisiológicos que indicam o estado de transe:- tremor palpebral: as pálpebras ficam tremendo, às vezes, percebe-se que os globos oculares estão se revirando para cima.- pele pálida: a pele fica empalidecida.- respiração profunda e lenta: a respiração se torna mais profunda e tranqüila.- redução dos batimentos cardíacos: a pulsação diminui, observe o latejar de alguma artéria.

4 – Ratificação do transe e Aprofundamento: testa-se o sucesso da indução e, ao mesmo tempo, aprofunda-se o estado de transe. Normalmente usa-se testes e sugestões. Caso o teste não ratifique o transe, pule para outro teste. Algumas pessoas terão facilidade em sensações de frio, outras de calor, outras de leveza e outras de peso. Teste das pálpebras: “sinta suas pálpebras ficando pesadas e grudadas, vou contar de 3 até 0, quando eu contar zero você vai fazer um esforço para soltar as pálpebras, assim que sentir que elas estão grudadas e coladas, você entra num estado de transe mais profundo ainda. Três, revire o globo ocular, como se olhasse para o seu cérebro... dois, sinta as pálpebras grudadas e pesadas... um, as pálpebras cada vez mais pesadas e coladas... zero as pálpebras estão muito pesadas e coladas... “ Ao perceber que o paciente não consegue abrir as pálpebras dê o comando para entrar num transe mais profundo. Em seguida, pode-se aprofundar mais o transe com outros testes, apresentados na seqüência, ou ir direto para o aprofundamento.Teste do braço rígido: vide item 2.Teste de levitação: “sinta o braço direito ficando leve, como se fosse um balão... cada vez mais leve... leve... essa sensação de leveza pode começar na ponta dos dedos... que vão ficando leves... cada vez mais leves... quase flutuando... a leveza vai se espalhando pela mão... antebraço... braço... todo o braço fica leve... cada vez mais leve e começando a flutuar... flutuando...” Teste do gelo: “vou colocar um cubo de gelo em sua mão, assim que você sentir que está muito gelado vira a mão e deixe o cubo de gelo cair...” (coloque uma moeda fria na palma da mão do paciente) “sinta a palma da mão ficando gelada... cada vez mais gelada...” (observe o movimento de incômodo na mão e continue induzindo até o paciente soltar a moeda, cuide para que ela não caia no chão fazendo barulho).Teste dos pés colados no chão: “sinta os pés e as pernas ficando pesados... vou contar de 3 até 0, quando eu contar zero faça um esforço para soltar os pés do chão, ao perceber que os pés estão muito pesados e colados no chão, você entra num transe mais profundo... três, os pés e as pernas vão ficando pesados e moles como o chumbo... dois, cada vez mais pesados... moles... como

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Page 33: Curso de Hipnologiaa

chumbo... um, cada vez mais e mais pesados zero, tão pesados e moles que seria necessário um enorme esforço para movê-los, os pés estão grudados e colados no chão... “Teste da anestesia: “ vou esfregar um anestésico tópico em sua mão, dentro de alguns instantes ela estará anestesiada... (esfregue um algodão embebido em agua) sinta a anestesia se espalhando, anestesiando... ficando insensível... vou fazer um teste para verificar se a anestesia pegou, vou tocar a região anestesiada com uma pinça, caso sinta alguma coisa, pode reagir...Teste da ilusão sensorial: “imagine-se dentro de uma casa... vá até a cozinha... sobre o fogão tem uma chaleira com água fervendo, borbulhando... aproxime sua mão da chaleira, ao sentir o calor, puxe sua mão para não queimar...” (pegue a mão do paciente e mova-a para frente).Aprofundamento: “ vou contar de 5 até 0, assim que eu contar zero você estará num estado mais profundo, que te permitirá ir além do tempo e do espaço / anestisiar qualquer parte do seu corpo / lembrar-se de qualquer coisa / neste estado todos os comandos que eu lhe der estarão acontecendo no momento certo e na intensidade apropriada...”

5 – Operação: aplica-se sugestões para regressão, anestesia, hipermnésia, rigidez muscular, relaxamento, etc. Antes de iniciar esta etapa, convém instalar no paciente um SIGNO SINAL, que é uma palavra-chave para induzir o transe instantaneamente. Esta palavra chave deve ser composta de duas palavras como por exemplo: “relaxe profundamente”.

6 – Sugestão pós-hipnótica: aplica-se sugestões para que o paciente execute após o retorno do transe. Estas sugestões são um reforço das sugestões da etapa 5. A sugestão pós-hipnótica serve também para ratificar o transe. Neste caso, pede-se para ele realizar algo após ele retornar do transe, por exemplo: “ assim que você retornar do transe e eu lhe perguntar - tudo bem? Você irá sorrir, sentindo-se muito feliz...”

7 – Retorno do transe: juntamente com a etapa 6, sugere-se ao paciente que retorne ao estado de vigília. Técnica de Retorno: “eu vou contar de 1 até 5, quando eu chegar no cinco você retorna ao estado de vigília no seu melhore estado de si... sentindo-se muito bem... sabendo que os resultados que você almeja logo serão alcançados... um... dois... três, sinta seu corpo... quatro, respire profundo... cinco, retornando ao estado de vigília... (faça um estalo com os dedos, nesse momento o paciente abre os olhos, caso ele não retorne assim, repita o procedimento mais energicamente ou sopre as orelhas).

Quanto mais se dedicar em realizar a Hipnose com perfeição, melhores serão os

resultados. A prática conduz à Perfeição.

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Page 34: Curso de Hipnologiaa

ANEXOS

FORMULAÇÕES

As formulações são ordens, comandos ou auto-sugestões que queremos

inserir no subconsciente para que ele execute. Ao escolhermos uma formulação,

devemos avaliar todos os aspectos possíveis, para escolher o que é melhor,

benéfico e seguro. Abaixo temos vários modelos de formulações que você pode

aplicar sempre que quiser:1

A CADA MOMENTO, TUDO, EM TODOS OS SENTIDOS POSITIVOS DA

VIDA, ESTÁ CADA VEZ MELHOR, MELHOR, MELHOR!!!

TODAS AS COISAS BOAS, BENÉFICAS E POSITIVAS VÊEM A MIM, POIS

EU SOU O QUE O CRIADOR É, LOGO, EU SOU UMA BENÇÃO ILIMITADA

E PARTILHO ESTA BENÇÃO COM MEUS IRMÃOS. FARTURA,

OPULÊNCIA, PROSPERIDADE, TUDO ISTO ME É PROPÍCIO.

EM CADA RESPIRAÇÃO, INALO O SOPRO DA VIDA, FORTALECENDO

TODO O MEU CORPO E ALMA.

TODO O MEU ORGANISMO FUNCIONA HARMONICAMENTE, TENHO

MUITA SAUDE E SOU FORTE, SADIO E VIGOROSO.

TUDO O QUE EU QUERO, EU CONSIGO. POIS SER FILHO DE DEUS ME

DÁ O DIREITO DE SER CAMPEÃO.

MEREÇO TUDO O QUE É BOM E POSITIVO.1 Caso queira algo mais específico entre em contato com o autor.

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Page 35: Curso de Hipnologiaa

MEREÇO EM ABUNDÂNCIA TUDO O QUE É BOM E POSITIVO.

DURMO UM SONO PROFUNDO E RESTAURADOR.

SINTO-ME FELIZ POIS DEIXEI DE FUMAR.

NOS PRÓXIMOS DIAS TEREI MAIS AUTO-CONTROLE.

MINHA VONTADE É FORTE E SEMPRE REALIZO O QUE QUERO.

MINHA MEMÓRIA É EXCELENTE E APRENDO COM FACILIDADE.

MEU CORAÇÃO PULSA HARMONIOSO, TRANQÜILO E SAUDÁVEL.

MEUS INTESTINOS FUNCIONAM EM PERFEITA HARMONIA.

MEUS CABELOS CRESCEM FORTES, VIGOROSOS E SAUDÁVEIS.

SOU FORTE E CORAJOSO.

ESTOU SEMPRE TRANQÜILO E SEGURO EM TODAS AS SITUAÇÕES.

SINTO-ME FELIZ POR SER UM VENCEDOR.

FAÇO AMIZADES COM MUITA FACILIDADE.

ESTOU SEMPRE BEM DISPOSTO, FORTE E SAUDÁVEL.

ENQUANTO OS MÚSCULOS DOS OMBROS E DO PESCOÇO VAI

RELAXANDO, SINTOA CABEÇA FICANDO LEVE E TRANQUILA.

RESPIRO CALMO E PROFUNDO E A LUZ AZUL VAI ANESTESIANDO O

MEU DENTE (OU OUTRA PARTE COM DOR).

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Page 36: Curso de Hipnologiaa

Entre em estado de auto-hipnose e repita mentalmente 7, 14 ou 21 vezes a

formulação. Ao mesmo tempo, use a Imaginação Criadora e veja-se alegre, feliz e

sadio (com todos os detalhes possíveis, veja a vestimenta, o sorriso, os órgãos,

as pessoas circunstantes, as cores, os sons, etc.), procurando sentir e agregar a

emoção aos sentimentos positivos de bem-estar, tranqüilidade, força e vigor.

Repita o exercício por 21 dias, de preferência no mesmo horário que adotar.

MUITO IMPORTANTE

Sempre que fizer um pedido, certifique-se que este é o melhor para você e

para os outros. Jamais peça algo egoísta, por exemplo: “vou conquistar a

Maria” – será que ela quer ser conquistada? O feitiço vira-se contra o feiticeiro.

Se uma pessoa lhe prejudicou, deseje o bem para ela, isto é o melhor que

você pode fazer para ela. SEMEIE SEMPRE O BEM, POIS VOCÊ SEMPRE

COLHE AQUILO QUE SEMEIA. Inspire-se no Divino Mestre, faça o bem a

aqueles que o atacam, eles podem ficar surpresos e mudar radicalmente.

Essas pessoas geralmente têm problemas e fraquezas, e elas precisam

muito de uma ajuda, ore por elas e peça a Deus para que elas melhorem.

Você terá resultados excelentes, a sua vida via mudar e também a vida destas

pessoas mudará com certeza.

Sempre que fizer um pedido, estabeleça um prazo. por ex.: se você

mentalizar: “tenho uma casa linda no melhor bairro da cidade”, ao visualizar

veja-se entrando na casa, veja um calendário do ano, mês e dia em que isso

acontece.

TODO O UNIVERSO CONSPIRA A SEU FAVOR, sempre que você estiver

pensando coisas boas e positivas. As oportunidades surgem, as pessoas

ajudam, tudo vai de bom a melhor. Tenha sempre em mente que quando você

quer algo bom, tem vários anjos de Deus a te ajudar, você nunca está só.

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Page 37: Curso de Hipnologiaa

COMO RESOLVER PROBLEMAS

O primeiro passo na resolução de um problema é compreendê-lo em sua

extensão exata. Muitas pessoas acabam tomando para si problemas inexistentes,

problemas que não lhe pertencem, preocupam-se à toa. Outras fazem “uma

tempestade em um copo de água”, criam os problemas ou atribuem a um

pequeno problema a dimensão de um grande problema. Entender isto já resolve

muitos “problemas”, que na verdade são apenas simples desafios.

No estado Alpha é possível reavaliar e compreender as diversas situações da

vida, resignificando-as de maneira adequada e benéfica.

Em Alpha é possível reavaliar um evento sob outros ângulos ou pontos de vista. E

quando nos colocamos no lugar de outra pessoa é possível compreender suas

atitudes e necessidades, surgindo a possibilidade de perdoar.

Quando entramos em Alpha temos acesso à uma Sabedoria Superior, entramos

em conexão com o Universo e com o Inconsciente Coletivo.

Em Alpha podemos entrar em estado de Oração Profunda e Comunhão com

Deus, acessando todo o Poder Cósmico. Isto é o que chamam de “o Infinito

Poder da Mente.” Neste estado podemos alcançar tudo o que nos é necessário.

EXERCÍCIO PARA RESOLVER PROBLEMAS:

.. Entre em Alpha.

.. Neste estado reflita sobre a questão, explorando outros enfoques.

c.c. Se precisar, entre em estado de oração profunda e peça com bastante fé que

a solução ocorra nos próximos dias ou venha em sonhos.

.. Use a Imaginação Criadora e visualize a questão resolvida, com todos felizes

e saudáveis.

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Page 38: Curso de Hipnologiaa

TRAUMAS, FOBIAS E MEDOS

Os traumas, fobias e medos causam uma série de incapacitações, roubam a

nossa energia e nos impedem de ser plenamente felizes. É de suma importância

nos libertarmos destas amarras que impedem nossa evolução pessoal.

Os traumas podem ter origem antes, durante ou depois do nascimento. Podem

ser herdados por memória genética, podem ocorrer na fase intra-uterina ,

perinatal, nos primórdios da infância ou no decorrer da vida.

O método mais rápido e eficiente para a resolução dos traumas, fobias e medos é

a Terapia de Regressão, que só deve ser feita por um profissional devidamente

qualificado, com amplos conhecimentos em hipnose e psicanálise.

O estado Alpha é aplicado nas terapias comportamentais para resolver os medos,

fobias e traumas.

Um dos métodos básicos consiste em rever várias vezes a causa do trauma2 em

um estado de paz e tranqüilidade, criando uma ancoragem ou vinculação de uma

nova resposta emocional para determinadas situações. Existem vários caminhos

para a resolução que incluem a compreensão, resignificação e remodelagem

utilizadas pelas hipnoterapia clínica moderna.

EXERCÍCIO PSICO-ALQUIMIA PARA MUDANÇAS GERAI S(EPA):

.. Entre em Alpha.

.. Imagine uma Tela Mental em sua frente.

c.c. Projete na sua Tela Mental um objeto ou símbolo ( o que vier na sua mente:

uma caixa preta, um fogo, uma cor escura, uma frase, etc.) que represente o

seu sintoma (alergia, rinite, dores, etc.), medo ou trauma.

2 Quando não se consegue detectar a causa do trauma é útil recorrer à Terapia de Regressão.

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Page 39: Curso de Hipnologiaa

.. Projete na sua Tela Mental um objeto ou símbolo ( o que vier na sua mente:

uma bola de luz, uma água cristalina, uma cor luminosa, uma frase, etc.) que

represente o seu bem-estar, livre dos sintomas desagradáveis.

e.e. Faça a transformação do símbolo negativo para o positivo. Repita várias

vezes. O seu Inconsciente saberá a maneira exata de como realizar essa

mudança, enquanto o seu consciente faz a visualização.

f.f. Para permitir o trabalho do Inconsciente, deixe a sua mente ir para um lugar

tranqüilo e agradável.

Este exercício pode ser aplicado para resolver traumas, medos, fobias,

incapacitações, sensações desagradáveis, dores, comportamentos

desagradáveis, sintomas e problemas orgânicos e psíquicos. Apesar da

simplicidade, é um exercício que proporciona resultados quase que imediatos.

NOTA FINAL

Pratique sempre que puder, os resultados são diretamente proporcionais.

Envie para o autor um relatório dos benefícios e mudanças que conseguiu.

Leia e releia sempre que puder este material, cada vez que o fizer, aprenderá

mais.

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