Curso de Engenharia de Computação ABORDAGENS SOBRE...

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Curso de Engenharia de Computação ABORDAGENS SOBRE MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE Jeferson Teixeira Campinas – São Paulo – Brasil Dezembro de 2008

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Curso de Engenharia de Computação

ABORDAGENS SOBRE MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO

DE SOFTWARE

Jeferson Teixeira

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

Curso de Engenharia de Computação

ABORDAGENS SOBRE MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO

DE SOFTWARE

Jeferson Teixeira

Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia de Computação da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Doutor Adalberto Nobiato Crespo, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. Doutor Adalberto Nobiato Crespo

Campinas – São Paulo – Brasil

Dezembro de 2008

Abordagens sobre métodos de desenvolvimento de software

Jeferson Teixeira

Monografia defendida e aprovada em 11 de Dezembro de 2008 pela

Banca Examinadora assim constituída:

Professor Dr. Adalberto Nobiato Crespo (Orientador)

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

Professor M.Sc. Claudio Maximiliano Zaina

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

Professor Esp. Ricardo César Boaretto

USF – Universidade São Francisco – Campinas – SP.

Dedico este trabalho a minha noiva e futura

esposa, Elisa Alonso, por me apoiar em todos os

momentos.

Dedico também a meus pais, Jair Teixeira e

Jocely Rodrigues Teixeira, por todo o carinho e

dedicação em toda minha vida.

v

.Agradecimentos

Agradeço a Deus por me ter guiado até aqui e por ter me dado a oportunidade

de ser quem eu sou.

Agradeço a minha noiva e futura esposa, Elisa Alonso, por sempre

demonstrar seu amor, apoio e dedicação.

Agradeço a meus pais por todo carinho e dedicação em todos os momentos

da minha vida, sempre estando prontos para me ajudar e me orientar.

Agradeço a todos os professores que tive durante toda a minha vida, que me

ensinaram valores que levarei comigo para sempre.

Agradeço, finalmente, a meu orientador, Prof. Doutor Adalberto Nobiato

Crespo, por ter aceitado me orientar e me conduzir durante toda a realização deste

trabalho.

vi

Sumário

Lista de Siglas ......................................................................................................................................vii

Lista de Figuras...................................................................................................................................viii

Resumo ..................................................................................................................................................ix

Abstract ...................................................................................................................................................x

1 Introdução........................................................................................................................................1 1.1 Contextualização .......................................................................................................................1 1.2 Objetivo ......................................................................................................................................4 1.3 Estrutura do Texto .....................................................................................................................5

2 Métodos de desenvolvimento de software...................................................................................6 2.1 Metodologias tradicionais de desenvolvimento de software .....................................................8

2.1.1 Método cascata ............................................................................................................... 10 2.1.2 Método espiral ................................................................................................................. 13 2.1.3 Outros métodos tradicionais de desenvolvimento de software....................................... 15

2.1.3.1 Prototipação ..............................................................................................................15 2.1.3.2 RUP ...........................................................................................................................15

2.2 Métodos ágeis de desenvolvimento de software.....................................................................17 2.2.1 Origem dos métodos ágeis de desenvolvimento de software......................................... 18 2.2.2 Valores ágeis ................................................................................................................... 21 2.2.3 Características comuns entre métodos tradicionais e métodos ágeis ............................ 25 2.2.4 Scrum .............................................................................................................................. 27 2.2.5 XP .................................................................................................................................... 33 2.2.6 Outros métodos ágeis...................................................................................................... 37

2.2.6.1 Crystal Methods.........................................................................................................37 2.2.6.2 Feature-Driven Development (FDD) .........................................................................38 2.2.6.3 Dynamic Systems Development Method (DSDM) ....................................................38

3 Projeto Desenvolvido ...................................................................................................................40 3.1 Levantamento de necessidades e requisitos...........................................................................40 3.2 Interação com o cliente............................................................................................................41 3.3 Número de indivíduos que compõe a equipe de desenvolvimento.........................................42 3.4 Grau de maturidade dos indivíduos que compõe a equipe de desenvolvimento....................42 3.5 Prazos e custos da construção de um software ......................................................................43 3.6 Testes e entrega do software para o cliente............................................................................44 3.7 Manutenção do software em produção ...................................................................................44 3.8 Conclusão ................................................................................................................................46

3.8.1 Vantagens dos métodos ágeis em relação aos métodos tradicionais ............................ 46 3.8.2 Desvantagens dos métodos ágeis em relação aos métodos tradicionais ...................... 49 3.8.3 Características necessárias que uma equipe de desenvolvimento de software deve ter para utilizar métodos ágeis ............................................................................................................ 50

3.9 Contribuições ...........................................................................................................................53 3.10 Trabalhos futuros .....................................................................................................................54

Referências Bibliográficas ..................................................................................................................55

vii

Lista de Siglas

CMMI Capability Maturity Model Integration

DSDM Dynamic Systems Development Method

FDD Feature-Driven Development

MPS.BR Melhoria de Processos de Software Brasileiro

RAD Rapid Application Development

RUP Rational Unified Process

UP Unified Process

XP Extreme Programming

viii

Lista de Figuras

Figura 1 – Histórico de publicação de metodologias de desenvolvimento de software..........................7

Figura 2 – Método cascata....................................................................................................................11

Figura 3 – Método Espiral......................................................................................................................14

Figura 4 – Fases e volume de atividades para cada atividade do RUP................................................16

Figura 5 – Comparação de custo de mudança entre cascata e XP......................................................22

Figura 6 – Ciclo de desenvolvimento do Scrum....................................................................................31

Figura 7 – Valores e práticas de XP......................................................................................................35

Figura 8 – Esquema do Crystal Methods..............................................................................................37

ix

Resumo

Este trabalho descreve os princípios básicos do métodos tradicionais e dos métodos ágeis de

desenvolvimento de software, apresentando suas principais características e definições.

Os métodos tradicionais de desenvolvimento de software são abordados nesse trabalho

devido a sua grande utilização na indústria de software e também devido a sua importância histórica,

por se tratarem dos primeiros métodos de desenvolvimento de software criados, em especial o

método cascata, que foi o primeiro método de desenvolvimento de software utilizado pela indústria de

software e, em alguns lugares, é utilizado até hoje.

Continuando o enfoque em relação aos métodos tradicionais, é descrito o método Espiral,

que foi o primeiro método que utilizou técnicas iterativas e incrementais, e também são brevemente

citados os outros métodos tradicionais de desenvolvimento (Prototipação e RUP).

Já em relação aos métodos ágeis de desenvolvimento de software, é descrita a origem

desses métodos bem como os valores ágeis, definidos através do Manifesto Ágil, que compõe quatro

definições básicas dos métodos ágeis de desenvolvimento de software.

Os métodos Scrum e XP são apresentados e detalhados, dando enfoque em suas principais

características. Os dois métodos foram escolhidos por serem atualmente os mais utilizados entre os

adeptos aos métodos ágeis de desenvolvimento.

O trabalho se encerra com a comparação entre os métodos tradicionais e os métodos ágeis,

analisando algumas de suas características comuns. Também é feita a análise em relação as

vantagens e desvantagens de se utilizar métodos ágeis de desenvolvimento de software.

Por fim, são levantadas as características básicas que uma equipe de desenvolvimento de

software deve ter para que a utilização de métodos ágeis seja viável e garanta a qualidade do

software gerado ao final do processo de desenvolvimento

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento de Software, Métodos ágeis, Métodos Tradicionais, Scrum,

XP, Cascata, Espiral.

x

Abstract

This paper describes the basic principles of traditional methods and agile methods of software

development, presenting their main characteristics and settings.

Traditional methods of software design are discussed in this work because of their great use in

the software industry and also because of its historical importance, they were the first methods of

developing software created, especially the cascade method, which was the first method of developing

software used by the software industry and in some places, is used today.

Continuing the focus on the traditional methods, the method is described Spiral, which was the

first method that used techniques recursive and incremental, and are also briefly mentioned the other

traditional methods of development (Prototyping and RUP).

Already in the methods of agile software development, is described the origin of such methods

as well as the values agile, defined by the Manifesto agility, which comprises four categories of basic

methods of agile software development.

The methods Scrum and XP are presented and detailed, focusing on its main features. The

two methods were chosen because they are currently the most widely used among supporters of agile

methods of development.

The paper concludes with a comparison between traditional methods and agile methods to

analyze some of their common characteristics. It's also done the analysis on the advantages and

disadvantages of using agile methods of software development.

Finally, it raised the basic features that a team of software design must have for the use of

agile methods to be viable and ensure the quality of software generated at the end of the development

process.

KEY WORDS: Software development, Agile methods, Traditional methods, Scrum, XP, Waterfall,

Spiral

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Os avanços tecnológicos vistos no último século e no início do século atual fizeram com que o

software tenha papel imprescindível em diversos segmentos de atividades da sociedade atual. Cada

vez mais equipamentos eletrônicos, que utilizam softwares de vários tipos para controlarem seu

funcionamento, têm feito parte do cotidiano das pessoas, tanto na indústria, como no comércio e em

domicílios.

Essa crescente demanda por novos produtos tecnológicos aumenta proporcionalmente a

demanda por desenvolvimento de novos softwares e conseqüentemente implica na busca por novas

maneiras mais apropriadas de desenvolvê-los.

Visto isto, torna-se claro que o aumento do mercado de software seja um fato consumado na

sociedade atual. O aumento desde mercado também o tornou mais competitivo, fazendo com que as

necessidades para desenvolvimento de software evoluam cada vez mais rapidamente e exigindo

cada vez mais a necessidade de se adaptar a essas mudanças.

A falta de envolvimento e comprometimento das pessoas que retinham o conhecimento sobre

o problema, aliado a coleta de requisitos muito instáveis, ocasionou na constatação de que vários

métodos de desenvolvimento de software se demonstrassem impróprios.

No CHAOS Report de 1994 [Chaos], 365 empresas colaboraram com a avaliação de 3682

projetos, demonstrando que 83,2% foram cancelados ou entregues excedendo o orçamento ou o

prazo estimado. Dentre esses projetos, o custo foi em média 89% acima do previsto e o atraso médio

foi de 122% além do planejado. Os participantes também declararam as principais razões para esses

resultados e apenas seis fatores representaram juntos a 60,35% das possíveis causas. Esses fatores

são: requisitos incompletos, falta de envolvimento de usuários, mudanças de requisitos e

especificações, falta de apoio da equipe de negócios, falta de recursos e expectativas não-realistas

[Filho2008].

A Engenharia de Software tem como intuito principal buscar melhores formas de se projetar e

desenvolver software para que problemas com relação a cumprimento de prazos e controle de custos

de projetos de software sejam cada vez mais otimizados.

2

Uma grande quantidade de pessoas tem trabalhado em pesquisas de metodologias que

auxiliam a equipe de projeto de um determinado software a gerenciar todos os aspectos que

envolvem a sua produção.

É inegável que grandes evoluções têm surgido nessa área, mas com as constantes

mudanças do mercado de software mundial � a necessidade de se desenvolver software com alta

qualidade, baixo custo e em prazos cada vez mais curtos � exigem que novas metodologias de

desenvolvimento sejam projetadas, estudadas e implementadas para atender essas mudanças.

Várias comunidades de desenvolvimento de software espalhadas pelo mundo, com a

consciência de que a qualidade dos softwares desenvolvidos estava muito aquém do necessário,

fizeram várias tentativas de melhorar o desenvolvimento de softwares, resultando em modelos tais

como: Unified Process (UP), Cleanroom Software Engineering e Rapid Application Development

(RAD) que apostaram em alternativas que se baseiam em processos pré-definidos. Também foram

criados modelos de certificação para validar a aplicação dos processos. Nesse quesito se destacam o

Capability Maturity Model Integration (CMMI), ISO 9000-3 e o modelo de Melhoria de Processos de

Software Brasileiro (MPS.BR). Mas “apesar das boas intenções dessas iniciativas, todas abordam o

desenvolvimento de software como um processo que pode ser repetido mecanicamente, tentando

enquadrá-lo em uma linha de produção.” [Filho2008]

Um dos grandes problemas das metodologias desenvolvidas no início da história da

Engenharia de Software é o grande formalismo nos modelos de processos propostos, que vão à

contramão do desenvolvimento de software exigido atualmente � software de qualidade, com

desenvolvimento rápido e de baixo custo.

Apesar de hoje em dia ser facilmente possível adquirir um software em lojas de shopping

center, supermercados e até mesmo em bancas de jornal, o desenvolvimento de um software segue

padrões muito diferentes do desenvolvimento da maioria dos bens de consumo, como um avião, por

exemplo. No caso de um avião, as maiores necessidades são em relação à matéria prima necessária

e quais ferramentas utilizar. Após construir a primeira unidade de um avião é possível determinar

quais ferramentas serão utilizadas e a quantidade de matéria prima necessária para se construir um

novo avião. Além disso, a replicação de um avião pode seguir uma linha de montagem

completamente automatizada, sem necessidade de intervenção humana. Já no caso de software, o

problema não está relacionado com a replicação do mesmo, já que depois de pronto, um software

3

pode ser facilmente replicado a custo praticamente zero. O grande problema do software está em seu

desenvolvimento, já que não há matéria prima palpável para tal.

Na década de 90 começaram a surgir pesquisas em relação a metodologias de

desenvolvimento de software que resultou no surgimento do que hoje são chamados métodos ágeis

de desenvolvimento de software.

As metodologias desenvolvidas anteriormente ao surgimento dos métodos ágeis tinham como

fundamento básico a documentação e a previsibilidade dos processos. Elas buscavam levantar todas

as necessidades e requisitos do software e entender todo o domínio do problema antes de iniciar o

desenvolvimento. Depois que todas as necessidades e requisitos do sistema são levantados e

analisados, é feito um planejamento para gerenciar todas as mudanças que podem ocorrer durante o

processo de desenvolvimento do software.

Já os métodos ágeis de desenvolvimento de software optam pela adaptabilidade. Métodos

ágeis partem do pressuposto de que é praticamente impossível levantar todas as necessidades e

requisitos de um software antes do início do seu desenvolvimento. Nos métodos ágeis os requisitos

são levantados no decorrer do andamento do projeto e o planejamento é sempre contínuo, de modo

que as adaptações as alterações dos requisitos possam ocorrer. Os métodos ágeis compreendem

vários processos para desenvolvimento de software, levando em conta técnicas iterativas e

incrementais baseadas em equipes auto organizadas, auto gerenciáveis e multifuncionais. A

interação social entre os indivíduos que desenvolvem o software, o pleno funcionamento do software

acima de uma documentação compreensível e a rápida resposta as mudanças ao invés de se seguir

um plano previamente determinado são premissas básicas dos métodos ágeis de desenvolvimento de

software.

Levando-se em conta que os métodos ágeis têm como foco principal pequenas equipes e que

85% das empresas de software dos EUA – maior produtor mundial de software – são consideradas

pequenas [Filho2008], a pesquisa e o aprimoramento desses métodos tem se tornado cada vez mais

constante e importante.

4

1.2 Objetivo

O principal objetivo deste trabalho é comparar métodos tradicionais e métodos ágeis de

desenvolvimento de software e demonstrar quais as vantagens e desvantagens que os métodos

ágeis têm em relação aos métodos tradicionais.

Também é objetivo deste trabalho apresentar quais características uma equipe de

desenvolvimento de software deve ter para que a utilização de métodos ágeis seja viável e garanta

que o software entregue tenha a qualidade esperada pelo cliente

A comparação entre os métodos apresentados será realizada analisando uma série de

características comuns que os dois métodos têm para o desenvolvimento de um projeto de software.

Essas características comuns compreendem o ciclo completo de desenvolvimento de um

software, passando pelas fases de análise, projeto, desenvolvimento, testes e manutenção de um

software. As características comuns que serão comparadas neste trabalho são: levantamento de

requisitos e necessidades, necessidade de interação com o cliente, número de indivíduos que

compõe a equipe de desenvolvimento, grau de maturidade desses indivíduos, prazos e custos da

construção de um software, testes e entrega do software para o cliente e, por fim, a manutenção do

software já completamente disponibilizado e em produção.

No capítulo que contém os resultados e a conclusão do trabalho serão apresentadas e

detalhadas as vantagens e as desvantagens que os métodos ágeis têm em relação aos métodos

tradicionais de desenvolvimento de software através da análise realizada de cada característica

comum apresentada.

Também serão apresentadas quais são as características necessárias que uma equipe de

desenvolvimento de software deve ter para que a utilização de métodos ágeis seja viável e garanta a

qualidade do software gerado ao final do processo de desenvolvimento.

No final do trabalho serão apresentados dois temas que poderão ser desenvolvidos em

estudos futuros, utilizando-se como base os resultados deste trabalho.

5

1.3 Estrutura do Texto

Para ajudar o leitor na leitura do texto, o mesmo está dividido da seguinte maneira:

O capítulo 2 faz uma abordagem geral sobre métodos de desenvolvimento de software.

O item 2.1 define os métodos tradicionais de desenvolvimento de software, dando ênfase

para os métodos Cascata no item 2.1.1 e o método Espiral no item 2.1.2, enquanto no item 2.1.3. são

brevemente descritos outros métodos tradicionais

Já no item 2.2 são definidos os métodos ágeis de desenvolvimento de software. No item 2.2.1

é descrita a origem dos métodos ágeis. Os valores ágeis definidos no Manifesto Ágil são descritos no

item 2.2.2 e no item 2.2.3 são definidas as características comuns entre os métodos ágeis e os

métodos tradicionais. Em relação à métodos ágeis, no item 2.2.4 é detalhado o método Scrum,

enquanto no item 2.2.5 é detalhado o método XP, deixando para o item 2.2.6 uma breve descrição de

outros métodos ágeis.

O capítulo 3 contém o desenvolvimento do projeto, com as explanações sobre os objetivos

apresentados, utilizando os itens descritos no capitulo 2 para apresentar os argumentos que

justificam as conclusões obtidas em relação aos objetivos definidos no início do trabalho. É feita a

comparação entre os métodos tradicionais e os métodos ágeis de desenvolvimento, bem como as

vantagens e desvantagens de se utilizas métodos ágeis de desenvolvimento de software e também

quais as características necessárias uma equipe de desenvolvimento de software deve ter para

utilizar métodos ágeis durante um projeto de software.

O capítulo 4 contém a conclusão do trabalho, onde são mostrados os resultados obtidos pela

comparação entre os métodos tradicionais e os métodos ágeis de desenvolvimento. Também são

mostradas as vantagens e desvantagens de se utilizar métodos ágeis de desenvolvimento de

software e, por fim, são concluídas quais são as características necessárias uma equipe de

desenvolvimento de software deve ter. No item 4.1 são apresentadas as contribuições que este

trabalho oferece para os seus leitores e no item 4.2 são apresentados trabalhos futuros que podem

utilizar este trabalho como base para o seu desenvolvimento.

6

2 MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE

Neste capítulo descreveremos algumas das principais metodologias de desenvolvimento de

software utilizadas por empresas na construção de softwares. Será dada uma visão geral nessas

principais metodologias, sem se aprofundar em detalhes específicos de cada metodologia. Caso o

leitor se interesse em se aprofundar em alguma metodologia citada, poderá utilizar as referências

citadas durante o texto para tal.

Primeiramente faremos um breve relato sobre métodos tradicionais de desenvolvimento de

software, já que as mesmas têm um papel importantíssimo na história da Engenharia de Software,

por ainda serem amplamente utilizadas em empresas de desenvolvimento de software desde o início

da utilização de técnicas metodológicas para desenvolvimento de software.

Por fim, aprofundaremos com mais intensidade em métodos ágeis de desenvolvimento de

software; que tem ganhado grande espaço em empresas de desenvolvimento de software nos últimos

anos e que será o tema principal deste trabalho.

A Figura 1 mostra cronologicamente a evolução dos métodos de desenvolvimento de

software mais conhecidos pela indústria de software. Na Figura 1 podemos ver que a maioria dos

métodos ágeis surgiu antes mesmo do Manifesto Ágil [ManifestoAgil2001]. Neste trabalho falaremos

abordaremos dois métodos tradicionais de desenvolvimento de software: Cascata, que é o primeiro

método de que se tem conhecimento e tem importância histórica significativa. Também será abordado

o método Espiral, por sem amplamente utilizado atualmente. Já em relação aos métodos ágeis de

desenvolvimento, serão abordados os métodos XP e Scrum, por serem atualmente os mais

pesquisados no meio acadêmico e mais utilizados pela indústria.

7

Figura 1. Histórico de publicação de metodologias de desenvolvimento de software. [Filho2008]

8

2.1 Metodologias tradicionais de desenvolvimento de software

No início dos anos 70 a indústria de software passou a utilizar métodos de engenharia

durante o desenvolvimento de software com o intuito de descrever processos que pudessem

posteriormente ser replicados.

“Os métodos de engenharia proporcionam detalhes de ‘como fazer’ para construir um

software. Os métodos envolvem um amplo conjunto de tarefas que incluem: planejamento e

estimativa de projeto, análise de requisitos de software e de sistema, projeto da estrutura de dados,

arquitetura de programa e algoritmo de processamento, codificação, teste e manutenção. Os métodos

da engenharia de software muitas vezes introduzem uma notação gráfica ou orientada à linguagem

especial e introduzem um conjunto de critérios para a qualidade de software.” [Pressman2004]

Como visto na definição acima, métodos de engenharia têm como principal função descrever

detalhes de “como fazer” um software. Para tal, o uso de ferramentas e modelos que pudessem

representar graficamente esse “como fazer” foram sendo desenvolvidos com o tempo. Diagramas

UML, especificações, cenários de uso, planos de trabalho, definições de teste, relatórios, análises,

entre outros, são algumas das formas de definir artefatos utilizados em cada fase do desenvolvimento

de um software.

Para cada fase do desenvolvimento de software uma série de artefatos é definida para

detalhar como aquela fase será executada, de modo que a fase seguinte do desenvolvimento possa

utilizá-los na continuação do desenvolvimento. Assim que a fase é concluída, a fase seguinte obtém

os artefatos desenvolvidos anteriormente, os atualiza e produz novos artefatos que serão utilizados

pela fase seguinte. Esses passos se repetem até que o produto final tenha sido finalizado.

A documentação gerada é fortemente utilizada na comunicação e na interação entre as

pessoas alocadas no projeto a ser desenvolvido. É também utilizada na comunicação com pessoas

que estão fora do processo de desenvolvimento, tais como clientes e usuários. O uso da

documentação detalhada serve para demonstrar para o cliente aquilo que será desenvolvido.

O uso da documentação pressupõe que um grupo vasto de pessoas possa desenvolver o

mesmo projeto sem que se dividam o mesmo ambiente de trabalho, sem se relacionarem

verbalmente ou, até mesmo, sem ao menos se conhecerem.

Mas o que vemos na prática é que apenas o uso de uma documentação detalhada não

substitui a interação entre as pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento de um software.

9

Mudanças constantes durante o processo de desenvolvimento de software, seja por alterações de

requisitos ou falhas no planejamento inicial do projeto, podem resultar em uma documentação

extremamente complexa e de difícil compreensão, mesmo para as pessoas envolvidas no processo

de desenvolvimento desde o seu início.

A interação entre os envolvidos no processo de desenvolvimento, nestes casos, é uma forma

mais eficaz de se estabelecer como e quais tarefas serão realizadas para atender as constantes

mudanças que o processo de desenvolvimento pode sofrer.

10

2.1.1 Método cascata

O método cascata foi o primeiro método amplamente utilizado pela engenharia de software

com o intuito de descrever todos os passos de todos os processos de desenvolvimento de software.

“O paradigma do ciclo de vida clássico da engenharia de software, às vezes chamado modelo

cascata, requer uma abordagem sistemática, seqüencial ao desenvolvimento do software, que se

inicia no nível do sistema e avança ao longo da análise, projeto, codificação, teste e manutenção.”

[Pressman2004]

Cada nível citado na definição acima pode ser caracterizado como uma fase do processo de

desenvolvimento e deve prover uma série de artefatos que documentam cada fase. Todos esses

artefatos são criados e posteriormente utilizados na fase seguinte. Abaixo estão descritas e

detalhadas as seis fases que fazem parte do escopo de um projeto que utiliza o método cascata:

• Análise e engenharia de sistemas: Coleta de todos os requisitos para todos os elementos

do sistema. A coleta desses requisitos é feita em nível de sistema e é feita a análise de alto

nível nesses requisitos. Também é realizada uma análise de alto nível de requisitos

tecnológicos, a fim de prever possíveis limitações de uso.

• Análise de requisitos de software: Nesta fase, a coleta dos requisitos de software é

intensificada especificamente no software a ser desenvolvido, a fim de adquirir o

conhecimento detalhado do negócio para o qual o software se propõe a tratar. As

necessidades de desempenho, de interface e todos os outros métodos que os usuários terão

para se relacionar com o software devem ser especificados, documentados e revistos com o

cliente.

• Projeto: Esta fase define quatro atributos distintos do software: Modelagem, arquitetura,

estrutura de dados e interfaces entre elementos e usuários do sistema. Todos os requisitos

coletados na fase anterior devem ser cobertos nesta fase, a fim de atender todas as

restrições e os níveis mínimos de desempenho e qualidade preestabelecidos. Como na fase

anterior, o projeto é documentado e passa a fazer parte da especificação completa do

sistema.

11

• Codificação: A especificação completa do software deve ser traduzida de forma que a

máquina consiga executar todas as tarefas definidas. O código gerado deve seguir

exatamente o que foi especificado nas fases anteriores.

• Testes: Cada funcionalidade do software é testada e validada a fim de verificar se todos os

requisitos e restrições definidas foram codificados de forma coerente com o que foi definido

na especificação. Os testes podem ser do tipo caixa preta, que verifica apenas as interfaces

que são disponibilizadas pelo sistema, ou podem ser do tipo caixa branca, que verifica o

código gerado durante a fase de codificação.

• Manutenção: Erros ou mudanças de requisitos podem ser identificados pelo cliente durante a

utilização. Assim, ajustes devem ser realizados no software para que estes erros sejam

corrigidos e que os novos requisitos sejam implementados. Uma nova versão do software é

construída e disponibilizada para o cliente, incluindo os ajustes e correções necessárias.

Figura 2 – Método cascata

Mesmo sendo o mais antigo método utilizado para desenvolvimento de software, o método

cascata possui alguns problemas em relação a sua aplicabilidade:

12

1. Os projetos reais dificilmente seguem um fluxo seqüencial. Interações podem ocorrer durante

o desenvolvimento, o que traz problemas na utilização do método;

2. É praticamente impossível definir todos os requisitos do sistema no início do projeto. O

método cascata exige que todos os requisitos sejam definidos no início do projeto;

3. O cliente só terá uma versão de software no final de todo o processo de desenvolvimento.

Assim, verificações de usabilidade e erros na concepção do problema só serão descobertos

depois do software estar pronto, o que causará alto custo de manutenção.

Cada um desses problemas citados é real e embora o método cascata tenha essa fragilidade,

ele é extremamente mais eficaz do que não utilizar método nenhum para desenvolvimento de

software.

13

2.1.2 Método espiral

O método espiral, também conhecido como método iterativo-incremental, apresenta duas

inovações se comparado com o método cascata.

• Introdução do modelo iterativo;

• Inclusão de análise de riscos.

No modelo iterativo as fases de desenvolvimento são realizadas várias vezes, definindo ciclos

de desenvolvimento. Já a análise de riscos propõe momentos em que as pessoas envolvidas no

projeto podem identificar e avaliar possíveis dificuldades encontradas durante o desenvolvimento.

O método espiral utiliza a abordagem do método cascata como uma das etapas do ciclo de

desenvolvimento. A cada iteração o software evolui e fica mais próximo da versão final que será

entregue para o cliente. Quatro etapas são definidas a cada iteração. [Pressman2004] Essas quatro

etapas são:

• Planejamento: Inicialmente são coletados os principais requisitos do sistema para realizar

um planejamento de alto nível, determinar objetivos, alternativas e restrições do projeto.

Depois do primeiro ciclo, a avaliação do cliente também será utilizada nessa iteração.

• Análise de riscos: São avaliados os riscos futuros do projeto, com base nos requisitos

coletados. A partir dessa identificação, procura-se encontrar soluções para minimizar o

impacto que estes riscos possam oferecer. Com essas soluções definidas, toma-se a decisão

de seguir o desenvolvimento do projeto ou de cancelá-lo.

• Engenharia: O produto planejado durante a fase de planejamento é efetivamente

implementado. Porém, não é desenvolvido todo o sistema de uma única vez. Apenas o que

foi planejado para uma única iteração é desenvolvido. A cada nova iteração, um novo módulo

do sistema é desenvolvido e integrado com os módulos desenvolvidos anteriormente. Para

cada iteração da fase de engenharia, utiliza-se o modelo cascata ou outro modelo de

desenvolvimento de software.

• Avaliação do cliente: O cliente avalia o que foi desenvolvido na fase de engenharia e

acrescenta comentários, sugestões e alteração a serem realizadas. Essas avaliações do

cliente serão utilizadas na nova iteração, como entrada para a etapa de planejamento.

14

A Figura 3 demonstra graficamente o modelo espiral e a interação entre os ciclos de

desenvolvimento.

Figura 3 – Método Espiral (Adaptado de http://www.devmedia.com.br/imagens/javamagazine/mod00fig02.jpg)

A análise de riscos possibilita a todos os envolvidos no projeto a possibilidade de

periodicamente avaliar o andamento do projeto e priorizar a atenção em pontos específicos que

podem se tornar impeditivos da continuidade futura do mesmo. Com isso, todos os envolvidos no

projeto têm a obrigação de avaliar e modificar constantemente seus objetivos e a viabilidade do

projeto, durante a sua execução.

Muitas vezes o software produzido não atende as necessidades definidas pelo cliente, devido

a falta de conhecimento de técnicas e de domínio completo do projeto como um todo. O caráter

evolutivo desse método tem como foco principal o conhecimento gradativo do problema, adquirido a

cada nova iteração, e com isso, mais tempo para análise e compreensão das necessidades do

cliente.

Contudo, a grande desvantagem do espiral é definir a quantidade de iterações que o projeto

terá. Assim, torne-se extremamente complexo e difícil determinar quanto será o custo e quando será

o prazo final para encerramento do projeto.

15

2.1.3 Outros métodos tradicionais de desenvolvimento de software

Os métodos cascata e espiral foram abordados com mais detalhes neste trabalho devido a

sua importância histórica e a sua relevância e utilização na indústria de software atual.

Já o método espiral surgiu na metade da década de 80 e obteve grande sucesso, passando a

ser muito utilizado até hoje em várias empresas de desenvolvimento de software.

Além desses dois métodos tradicionais de desenvolvimento de software, podemos citar outros

como Prototipação [Pressman2004] e o RUP (Rational Unified Process) [RUP1999].

2.1.3.1 Prototipação

O método de prototipação tem como base principal a criação de um pequeno protótipo do

software que será desenvolvido com o intuito de, a partir desse protótipo, novos requisitos e

necessidade do software sejam identificados e propiciar para o cliente a possibilidade de sugerir

mudanças e identificar falhas na análise e no desenvolvimento do software.

Um protótipo pode ser desenvolvido para que o cliente possa avaliar o design das telas e a

facilidade de uso. Mas um protótipo também pode ser desenvolvido para que analisar a viabilidade da

utilização de novas tecnologias ou para testar o desempenho do software, por exemplo, simulando a

sua utilização em um ambiente com as mesmas características que terá o ambiente onde o software

será instalado no cliente.

2.1.3.2 RUP

Apesar de o RUP ser tratado por alguns autores como sendo um método ágil de

desenvolvimento de software por se tratar de um método com várias características adaptativas, a

maioria dos autores o descrevem como sendo um método tradicional de desenvolvimento.

O método RUP surgiu em 1999, dentro da Rational Corporation, uma empresa americana que

tinham como proprietários três especialistas em desenvolvimento de software: Ivar Jacobson, Grady

Booch, e J. Rumbaugh. Em 2003 a Rational Corporation foi vendida para a IBM que, no entanto,

preservou o nome do método já disseminado por todo o mundo naquele momento.

O RUP define quatro fases principais no ciclo de desenvolvimento de um software. Iniciação,

Elaboração, Construção e Transição.

16

Na Iniciação são definidos, em poucos dias, quais os objetivos, requisitos básicos e as

prioridades principais do projeto. Na Elaboração são listados e detalhados todos os requisitos do

sistema, além de se iniciar o desenho da arquitetura dos módulos prioritários do sistema. Já na

Construção é realizada a implementação do software tendo como base os artefatos gerados nas

fases anteriores. Por fim, na Transição o software final é entregue e são realizados ajustes e

correções de possíveis bugs que o sistema venha a apresentar.

Figura 4 – Fases e volume de atividades para cada atividade do RUP [RUP2008]

17

2.2 Métodos ágeis de desenvolvimento de software

Neste capítulo vamos descrever a origem e as os princípios básicos dos métodos ágeis e

descreveremos dois dos métodos ágeis (Scrum, XP) mais discutidos e utilizados atualmente, tanto no

meio acadêmico quanto na indústria de software.

Scrum e XP foram escolhidos para serem detalhados neste trabalho por serem métodos

ágeis que podem ser utilizados em conjunto, já que Scrum tem como foco principal o gerenciamento

de um projeto de desenvolvimento de software enquanto XP tem como foco principal definir as

técnicas que serão utilizadas na fase de programação de um projeto de desenvolvimento de software.

Também serão brevemente citados outros métodos ágeis de desenvolvimento de software e,

caso haja interesse no aprofundamento dessas metodologias, mais detalhes poderão ser obtidos

utilizando as referências citadas no texto.

18

2.2.1 Origem dos métodos ágeis de desenvolvimento de software

Como visto anteriormente, os métodos tradicionais se baseavam fortemente em atividades

predefinidas, com extensa documentação e processos prescritivos. Assim, utilizando as metodologias

tradicionais de desenvolvimento de software o trabalho dos analistas de desenvolvimento se inicia

com a coleta de todos os requisitos do software, com a elaboração de um projeto completo de alto

nível, seguida da implementação e de testes, finalizando com a manutenção do software já pronto.

Na década de 90 começaram a surgir novos métodos de desenvolvimento baseados em dois

pontos principais: melhor comunicação entre a equipe e em processos que melhor se adaptam às

mudanças dos requisitos.

O primeiro ponto, que trata da melhor comunicação entre a equipe, foi abordado devido a

constatação que grande parte da documentação gerada durante o processo inicial do

desenvolvimento de software torna o processo de implementação muito burocrático, tirando a

capacidade criativa dos desenvolvedores. Além disso, a manutenção dos documentos gerados

durante o processo de análise dos requisitos se torna uma tarefa complexa caso haja mudanças de

requisitos durante o processo de desenvolvimento, além de causar impacto em todos os processos

que foram desenvolvidos baseados na documentação que foi alterada.

A comunicação contínua entre os membros da equipe, gerando documentos menos

complexos, mas com maior qualidade de informação, diminui o impacto das mudanças de requisitos

durante o processo de desenvolvimento e aumenta o grau de entendimento do problema a ser

resolvido, já que todos os membros da equipe estão em constante comunicação, trocando

experiências e expondo lições aprendidas durante o desenvolvimento do software.

Já o segundo ponto, que trata de processos que melhor se adaptam às mudanças dos

requisitos, foi abordado devido a percepção da maioria dos especialistas em desenvolvimento de

software de que, o melhor e mais eficaz método de coleta de requisitos de um sistema se dá de forma

gradual, de acordo com o andamento do projeto e com o aprimoramento do entendimento do negócio

o qual o software a ser desenvolvido se propõe a tratar por parte da equipe envolvida no projeto, além

da grande quantidade de requisitos que se alteram durante o andamento do projeto.

19

A coleta total de requisitos no início do projeto é praticamente impossível, devido a falta de

entendimento completo do negócio, além de ser custosa alteração dos requisitos durante o processo

de desenvolvimento.

Visto isso, pode-se dizer que os métodos ágeis de desenvolvimento de software utilizam

métodos incrementais e iterativos e são aplicados a equipes auto gerenciáveis e auto organizáveis,

onde todos os membros da equipe têm participação e voz ativa em todas as etapas do

desenvolvimento, tendo como alicerce principal a troca de conhecimento entre todos os membros da

equipe, aliado a uma documentação enxuta, mas de alto valor para o entendimento, manutenção e

futura replicação do software a ser desenvolvido.

Depois de muitos anos de experiência, dezessete especialistas em desenvolvimento de

software, que não utilizavam os métodos tradicionais e sim métodos de desenvolvimento seguindo os

dois pontos abordados anteriormente, verificaram que seus métodos de trabalho, além de serem mais

eficazes e produzirem software com melhor qualidade, possuíam vários pontos em comum. Assim,

em 2001, estes dezessete especialistas se reuniram durante um final de semana em uma estação de

ski no estado de Utah, EUA, para discutir seus métodos de trabalho e proporem uma nova

metodologia de desenvolvimento de software para substituir os métodos tradicionais.

Durante a reunião, os dezessete especialistas não conseguiram definir uma metodologia de

desenvolvimento, já que chegaram a conclusão que desenvolver software é uma tarefa extremamente

complexa e é impossível defini-la em um único processo. De acordo com o que foi debatido,

desenvolver software é uma tarefa que depende praticamente de pessoas em todas as suas etapas,

além de ser composta de um número grande de variáveis que podem se alterar durante as etapas de

desenvolvimento.

Contudo, o grupo chegou a conclusão que uma série de princípios básicos deviam ser

seguidos para garantir a qualidade do software a ser desenvolvidos. Ao final da reunião foram

definidos doze princípios básicos para a obtenção de bons resultados no desenvolvimento de

software. Estes doze princípios são:

1. A prioridade é satisfazer o cliente através de entregas contínuas e freqüentes;

2. Receber bem as mudanças de requisitos, mesmo em uma fase avançada do projeto;

3. Entregas com freqüência, sempre na menor escala de tempo;

20

4. As equipes de negócio e de desenvolvimento devem trabalhar juntas diariamente;

5. Manter uma equipe motivada fornecendo ambiente, apoio e confiança necessários;

6. A maneira mais eficiente da informação circular é através de uma conversa face-a-face;

7. Ter o sistema funcionando é a melhor medida de progresso;

8. Processos ágeis promovem o desenvolvimento sustentável;

9. Atenção contínua à excelência técnica e a um bom projeto aumentam a agilidade;

10. Simplicidade é essencial;

11. As melhores arquiteturas, requisitos e projetos provêm de equipes organizadas;

12. Em intervalos regulares, a equipe deve refletir sobre como se tornar mais eficaz.

[ManifestoAgil2001]

A partir desses doze princípios básicos, foi publicado o “Manifesto Ágil”, que os representa

em quatro premissas:

1. Indivíduos e iterações são mais importantes do que processos e ferramentas

2. Software funcionando é mais importante do que documentação completa

3. Colaboração com o cliente é mais importante do que negociação de contratos

4. Adaptação a mudanças é mais importante do que seguir o plano inicial

[ManifestoAgil2001]

21

2.2.2 Valores ágeis

Neste capítulo serão recapituladas as quatro premissas básicas definidas no Manifesto Ágil.

Para cada uma delas será dada a abordagem completa da sua essência e o porquê de serem

definidas como pontos chave para melhor desenvolvimento de um software. Essas quatro premissas

básicas também são conhecidas como “valores ágeis de desenvolvimento de software”.

Primeiro valor ágil: “Indivíduos e iterações são mais importantes do que processos e

ferramentas.” [ManifestoAgil2001]

Este valor ágil vem de encontro com o primeiro ponto abordado no item 2.2.1.: Quanto melhor

for a comunicação e a troca de experiências e lições aprendidas entre os membros da equipe de

desenvolvimento, mais rápido e melhor será o desenvolvimento do software. A mudança de foco do

processo e das ferramentas de desenvolvimento para os indivíduos e suas interações causa uma

grande desconfiança por parte dos analistas e desenvolvedores mais conservadores, pois se trata de

uma mudança radical em relação aos métodos tradicionais de desenvolvimento, já que estes têm seu

foco justamente em processos extremamente rígidos e predefinidos, que devem ser seguidos do

início ao fim do projeto.

Mas como já foi dito anteriormente, a burocracia causada pela grande quantidade de

documentos gerados e a rigidez dos processos que devem ser seguidos ao se utilizar metodologias

tradicionais não são o foco principal do desenvolvimento do software, segundo os formuladores do

“Manifesto Ágil”. Pelo contrário, eles definem como essencial para o desenvolvimento a comunicação

e a troca de experiências e lições aprendidas entre os integrantes da equipe de desenvolvimento.

Segundo valor ágil: “Software funcionando é mais importante do que documentação

completa.” [ManifestoAgil2001]

Outro ponto que pode causar desconfiança por parte de analistas e desenvolvedores

acostumados a desenvolver software utilizando métodos tradicionais é entregar constantemente para

o cliente, mesmo que pequenos, módulos do software em funcionamento ao invés de gastar um longo

período de tempo e esforço para preparar a documentação completa do software a ser desenvolvido.

Entregando pequenos módulos do software funcionando em um curto intervalo de tempo

mostra-se mais eficaz do que entregar a documentação completa do software de uma única vez e,

após um longo período de tempo, entregar o software completo. Isto se deve ao fato de que software

22

funcionando gera para o cliente a sensação de que o projeto realmente está em pleno funcionamento,

que suas necessidades estão sendo atendidas e que o problema a ser tratado pelo software está

sendo resolvido. A cada nova entrega de um módulo de software funcionando, ele é integrada com os

módulos que já havia sido entregues e integrados anteriormente.

Assim, o cliente tem condição de sugerir melhorias do software durante a etapa de

desenvolvimento e não apenas ao final de todo o seu ciclo, o que diminui o custo de manutenção e

faz com que o cliente tenha, ao final do projeto, um software que atenda o mais próximo possível

todas as suas necessidades iniciais.

A Figura 5 mostra a diferença entre o custo de manutenção utilizando a “metodologia

tradicional Cascata” [item 2.1.1.] e a “metodologia ágil XP” [item 2.2.4.].

Figura 5 – Comparação de custo de mudança entre cascata e XP. [Filho2002]

O que se pode verificar na Figura 5 é que na fase inicial do projeto, a metodologia XP tem

maior custo de mudança em relação à metodologia Cascata. Isso se deve ao fato das constantes

mudanças de requisitos e melhorias sugeridas pelo cliente durante a fase de desenvolvimento. Já na

metodologia cascata, a mudanças de requisitos e as melhorias sugeridas pelo cliente só serão

atendidas após a entrega do software pronto. Neste caso, qualquer alteração no software pode

causar impacto em vários módulos do mesmo, aumentando a complexidade e o custo de qualquer

modificação que tenha que ser realizada. Na pior das hipóteses, o cliente pode chegar à conclusão

que o software desenvolvido não atende às suas necessidades, gerando o trabalho de se

desenvolver praticamente todo o sistema novamente.

Terceiro valor ágil: “Colaboração com o cliente é mais importante do que negociação de

contratos.” [ManifestoAgil2001]

Este terceiro valor ágil está fortemente ligado com o segundo valor ágil. Ele destaca o fato de

que a colaboração e a interação constante com o cliente e muito mais importante e eficaz do que a

negociação de contratos.

23

Para a equipe de desenvolvimento a constante colaboração do cliente faz com que a equipe

tenha maiores e melhores condições de desenvolver o software que o cliente espera, já que o

entendimento do negócio a ser tratado pode ser ampliado e melhor esclarecido a cada interação,

além das constantes sugestões de melhorias que o cliente pode sugerir durante o desenvolvimento, o

que faz com que o software esteja cada vez mais próximo do que o cliente espera receber.

Para o cliente o constante contato com a equipe de desenvolvimento garante que o

entendimento do problema a ser tratado pelo software a ser produzido esteja sempre em evolução,

fazendo com que a equipe esteja alinhada com a linha de pensamento do cliente, não deixando para

depois da entrega do software a percepção de que o que foi desenvolvido não atende as

necessidades do cliente. Outro fator positivo para o cliente desse constante contato com a equipe de

desenvolvimento é o fato do acompanhamento do projeto ser mais freqüente, fazendo com que

possíveis mudanças no cronograma do projeto sejam melhor gerenciadas e discutidas em conjunto,

minimizando assim possíveis desvios de custos e prazos de entrega de entrega do software.

Quarto valor ágil: “Adaptação a mudanças é mais importante do que seguir o plano inicial.”

[ManifestoAgil2001]

O último valor ágil definido pelo método ágil é muito baseado em técnicas iterativas e

incrementais, uma vez que sugere que, mais importante do que seguir a qualquer custo o plano inicial

é estar sempre apto a se adaptar as mudanças surgem durante o ciclo de desenvolvimento.

Coletar todos os requisitos de um software no início do projeto e garantir que estes requisitos

não se alterem é praticamente uma utopia do desenvolvimento de software. A experiência de vários

especialistas em desenvolvimento desde o início da computação garante que a identificação

completa de todos os requisitos do sistema durante a fase inicial do projeto é praticamente impossível

devido à dificuldade de entendimento de todo o problema a ser tratado pelo software a ser

desenvolvido e também as constantes alterações dos requisitos do software devido a mudanças

estratégicas da empresa durante o ciclo de desenvolvimento ou devido a evoluções tecnológicas que

podem surgir durante este período.

Estar em constante contato com o cliente, verificando possíveis alterações estratégicas que

podem surgir; definir ciclos de desenvolvimento mais curtos, diminuindo e priorizando o escopo das

iterações, garantindo que as possíveis alterações de um requisito não aconteçam durante a iteração

em que se esteja desenvolvendo o módulo do sistema que trata especificamente do requisito alterado

24

e, após a alteração do requisito, identificar rapidamente quais módulos do software sofrem impacto

com a alteração do requisito e devem ser alterado, são formas de diminuir o custo de manutenção do

software e garantir que qualquer mudança que ocorra durante o ciclo de desenvolvimento venha a ser

rapidamente adaptada ao software que está sendo construído.

25

2.2.3 Características comuns entre métodos tradicionais e métodos

ágeis

Algumas características são comuns entre os métodos tradicionais e os métodos ágeis de

desenvolvimento de software. Neste item abordaremos algumas dessas características comuns entre

os métodos, que podem ser utilizadas durante o projeto de desenvolvimento de um software

independentemente do tipo do método definido para o projeto.

Segundo [Filho2008], essas características comuns entre os métodos são: testes,

desenvolvimento iterativo, desenvolvimento incremental, colaboração, estimativas, negociação e

priorização.

Neste trabalho serão abordados somente as seguintes características: testes,

desenvolvimento iterativo e desenvolvimento incremental.

• Testes: Nos métodos tradicionais de desenvolvimento de software, a fase de testes e a fase

de implementação são duas fases completamente distintas. Já nos métodos ágeis de

desenvolvimento de software as duas fases são realizadas simultaneamente, já que a mesma

pessoa que desenvolve o código do software também escreve os casos de teste e testa o

software desenvolvido. A criação e a execução dos casos de teste já na fase inicial do

desenvolvimento do software facilitam e identificam falhas no desenvolvimento em um estágio

inicial do desenvolvimento, facilitando a sua correção e impedindo que o erro se propagasse

ou afetasse outros módulos do software. O uso de testes automatizados desde o início do

projeto também é outra característica dos métodos ágeis de desenvolvimento de software,

facilitando a execução dos testes e garantindo que todos os requisitos são atendidos, mesmo

após a implementação e integração com um novo módulo do software.

• Desenvolvimento iterativo: É uma característica utilizada em todos os métodos ágeis de

desenvolvimento de software, mas não em todos os métodos tradicionais. Como visto neste

trabalho, desenvolvimento iterativo é uma característica do método Espiral, mas não do

método Cascata. Essa característica define que o desenvolvimento de software será

realizado de forma iterativa, isto é, o desenvolvimento de software será realizado em partes e,

ao final de cada parte, o novo módulo do software produzido é integrado com os módulos já

finalizados. Desta forma é mais fácil a adaptação da equipe de desenvolvimento e menos

26

custosa a alteração no software caso algum requisito venha a ser alterado durante o projeto.

Em métodos ágeis de desenvolvimento de software o número de iterações é maior e o tempo

de cada iteração é menor se comparado com os métodos tradicionais de desenvolvimentos

de software

• Desenvolvimento incremental: Esta é mais uma característica presente em todos os

métodos ágeis de desenvolvimento de software mas, como no desenvolvimento iterativo, é

uma característica presente apenas no método Espiral, em se tratando dos métodos

tradicionais de desenvolvimento de software abordados nesse trabalho. Durante cada nova

iteração novas funcionalidades são implementadas e integradas com as funcionalidades já

desenvolvidas ou as funcionalidades já desenvolvidas em iterações anteriores, por

necessitares ser entregues prioritariamente, são evoluídas e complementadas.

27

2.2.4 Scrum

Scrum é um método de desenvolvimento ágil de software, criado em 1995 por Ken Schwaber

e Jeff Sutherland, onde o foco principal é o gerenciamento do projeto, sem definir exatamente como

será realizada a programação do software a ser desenvolvido.

Scrum leva em conta que o desenvolvimento de um software não é uma tarefa que possa ser

considerada estática, isto é, com requisitos que são definidos no início de um projeto e que não

sofrem nenhuma alteração até a conclusão do mesmo. Pelo contrário, Scrum define o

desenvolvimento de um software como sendo uma tarefa extremamente imprevisível, baseado em

flexibilidade e adaptabilidade.

Os criadores do método Scrum chegaram a conclusão de que é extremamente difícil definir

um método de desenvolvimento de software que seja capaz de abranger inúmeras variações em um

ambiente de desenvolvimento de software. Assim criaram o método contendo um pequeno número de

simples regras gerenciais que dão liberdade à evolução do projeto de desenvolvimento de forma

empírica, criando uma equipe de desenvolvimento auto-organizável e auto-gerenciável.

Segundo o método, o processo de desenvolvimento de software é “um conjunto solto de

atividades que combinam conhecimento, ferramentas e técnicas, com o melhor que a equipe de

desenvolvimento pode oferecer. Dentro do conjunto de atividades estão algumas atividades de

gerência de riscos e do próprio processo, que são necessárias para um desenvolvimento satisfatório.”

[Nascimento2008].

Essa abordagem, focada na gerência do projeto, traz para o método Scrum a possibilidade de

integração com outros métodos ágeis que venham a definir como as tarefas de programação serão

realizadas. Essa integração com outros métodos ágeis se torna eficaz a partir do momento em os

programadores da equipe de desenvolvimento ficam com a tarefa de definir quais serão as técnicas e

práticas de programação que serão adotadas, deixando os membros da equipe de desenvolvimento

responsáveis pelo gerenciamento do projeto fora dessa atividade.

O método Scrum, apesar de ter sua origem na área de desenvolvimento software, pode ser

utilizado em várias outras áreas além do desenvolvimento de software. Scrum é muito utilizado para

gerenciar projetos complexos, onde não é possível prever todas as variáveis que afetarão o projeto

ao longo de sua execução.

28

Assim, o uso do método Scrum vem crescendo muito nos últimos anos por se tratar de um

método onde é possível “saber exatamente o que está acontecendo ao longo do projeto e fazer os

devidos ajustes para manter o projeto se movendo ao longo do tempo visando alcançar os seus

objetivos.” [Cesar2007].

Segundo Marisa Villas Bôas Dias [Dias2008] os princípios básicos do Scrum são:

• Equipes pequenas de trabalho, buscando a maximização da comunicação e da troca de

conhecimento tácito e informal e minimização de overhead.

• Adaptação às solicitações de mudanças técnicas ou do cliente / usuário, assegurando a

entrega do melhor software possível.

• Entregas freqüentes de versões que podem ser testadas, ajustadas, executadas,

documentadas e liberadas para produção.

• Divisão do trabalho e das responsabilidades da equipe de projeto em pequenas entregas.

• Habilidade em entregar um software pronto quando da necessidade do cliente ou do negócio.

Como visto acima, Scrum deve ser utilizado em equipes pequenas de desenvolvimento de

software, já que a comunicação entre os membros da equipe é de fundamental importância no

andamento do projeto.

Essa importância se dá pelo fato de que todos os envolvidos devem relatar continuamente

suas dificuldades, necessidades e aprendizados obtidos durante as fases do desenvolvimento,

fazendo com que o conhecimento individual de cada membro da equipe se torne público e que todos

tenham conhecimento de tudo o que se passa na execução do projeto.

A constante comunicação entre os membros da equipe de desenvolvimento de software

também facilita a adaptação mudanças de requisitos técnicos, às solicitações de mudança por parte

do usuário ou mesmo por parte de inviabilidades tecnológicas que podem ser descobertas durante a

execução do projeto.

Isso se deve ao fato de que, definida a alteração a ser realizada no software, a mesma é

analisada e discutida entre todos os membros da equipe de desenvolvimento de software e o

compartilhamento do conhecimento de todos os envolvidos no projeto faz com que possíveis

impactos que a mudança poderá causar no software sejam minimizados ou até mesmo eliminados.

29

Outro fator importante que vem tornando Scrum como uma metodologia ágil muito utilizada

por toda a comunidade de software do mundo é a capacidade e a habilidade de entregar constantes

versões do software em funcionamento.

A divisão do software a ser produzido em pequenas versões possibilita para a equipe de

desenvolvimento do software a possibilidade de produzir software com mais qualidade, focando o

desenvolvimento de apenas uma pequena parte do todo a ser desenvolvido. Esse foco faz com que a

versão a ser entregue, apesar de pequena, possa ser muito bem documentada e testada.

A constância na entrega de versões em funcionamento para o cliente é outra qualidade que o

Scrum oferece. O cliente participa efetivamente do projeto recebendo constantemente novas versões

em pequenos intervalos de tempo pois, assim, pode-se constatar que o desenvolvimento do software

está sendo realizado constantemente e possíveis alterações em requisitos serão rapidamente

atendidos.

O cliente, tendo acesso a uma versão do software em funcionamento logo no início do

projeto, também pode solicitar possíveis mudanças no design do software, minimizando os impactos

se esta alteração fosse solicitada apenas após a entrega total do software já em produção.

O desenvolvimento do software utilizando Scrum se dá de forma interativa e incremental e

define três papéis principais para sua execução. Segundo [Cesar2007], estes três papéis principais

são:

• Product Owner: representa os interesses de todos no projeto; define os fundamentos do

projeto criando requisitos iniciais e gerais (Product Backlog), retorno do investimento (ROI),

objetivos e planos de entregas; prioriza o Product Backlog a cada Sprint, garantindo que as

funcionalidades de maior valor sejam construídas prioritariamente.

• ScrumMaster: Gerencia o processo do Scrum, ensinando o Scrum a todos os envolvidos no

projeto e implementando o Scrum de modo que esteja adequado a cultura da empresa; deve

garantir que todos sigam as regras e práticas do Scrum; é responsável por remover os

impedimentos do projeto.

• Time: desenvolve as funcionalidades do produto; define como transformar o Product Backlog

em incremento de funcionalidades numa iteração gerenciando seu próprio trabalho sendo

responsáveis coletivamente pelo sucesso da iteração e conseqüentemente pelo projeto como

um todo.

30

Os elementos produzidos pela equipe de desenvolvimento para seguir as práticas do Scrum

são [Filho2008]:

• Backlog do Produto: Lista de todos os cartões de funcionalidades que o produto deve

possuir e que ainda não foram implementadas.

• Backlog Selecionado: Um subconjunto de funcionalidades que o cliente escolheu a partir do

backlog do produto para ser implementado no sprint atual e que não pode ser modificado

durante o sprint.

• Backlog do Sprint: Lista priorizada, obtida a partir da quebra dos cartões do backlog

selecionado em tarefas menores.

• Backlog de Impedimentos: Lista dos obstáculos identificados pela equipe que não

pertencem ao contexto do desenvolvimento.

• Gráficos de Acompanhamento: Gráficos que medem a quantidade de trabalho restante

(burndown charts) são os preferidos em Scrum. É recomendado fazê-los para várias esferas

do projeto: para o produto, para a release e para o Sprint.

O ciclo de vida do Scrum é composto por quatro fases [Cesar2007]:

• Planejamento: estabelecer a visão do projeto e expectativas garantindo recursos para a sua

execução. Nesta fase são criadas as versões iniciais do Product Backlog e o plano de

release, arquitetura de negócio e técnica em alto nível.

• Stagging: avaliar as várias dimensões do projeto criando itens adicionais ao Product Backlog

relacionados com o tipo do sistema, time, ambiente de desenvolvimento, tipo de aplicação.

Nesta fase os Times são formados e são construídos os mecanismos de comunicação e

coordenação entre eles.

• Desenvolvimento: consiste de múltiplas Sprints para o desenvolvimento dos incrementos de

funcionalidade do produto.

• Releasing: realizar a entrega do produto ao cliente.

Em Scrum, um projeto se inicia com uma visão do produto que será desenvolvido. A visão

contém a lista das características do produto estabelecidas pelo cliente. Em seguida, o Product

31

Backlog (Backlog do Produto) é criado contendo a lista de todos os requisitos conhecidos. O Product

Backlog é então priorizado e dividido em versões. O fluxo de desenvolvimento detalhado do Scrum é

mostrado na Figura 6.

Figura 6 – Ciclo de desenvolvimento do Scrum [Filho2008]

Em Scrum, são realizadas iterações chamadas de Sprints. Cada Sprint inicia-se com uma

reunião de planejamento (Sprint Planning Meeting), na qual o Product Owner e o Time decidem em

conjunto o que deverá ser implementado (Selected Product Backlog ou Backlog Selecionado).

A reunião é dividida em duas partes. Na primeira parte (Sprint Planning 1), o Product Owner

apresenta os requisitos de maior valor e prioriza aqueles que devem ser implementados.

O Time então define colaborativamente o que poderá entrar no desenvolvimento da próxima

Sprint, considerando sua capacidade de produção. Na segunda parte (Sprint Planning 2), o time

planeja seu trabalho, definindo o Sprint Backlog (Backlog do Sprint), que são as tarefas necessárias

para implementar as funcionalidades selecionadas no Product Backlog.

Nas primeiras Sprints, é realizada a maioria dos trabalhos de arquitetura e de infra-estrutura.

A lista de tarefas pode ser modificada ao longo da Sprint pelo Time e as tarefas podem variar entre 4

a 16 horas para a sua conclusão.

32

Na execução das Sprints, diariamente o Time faz uma reunião de 15 minutos para

acompanhar o progresso do trabalho e agendar outras reuniões necessárias. Na reunião diária (Daily

Scrum Meeting), cada membro do time responde a três perguntas básicas: O que eu fiz no projeto

desde a última reunião? O que irei fazer até a próxima reunião? Quais são os impedimentos?

Ao final da Sprint, é realizada a reunião de revisão (Sprint Review Meeting) para que o Time

apresente o resultado alcançado na iteração ao Product Owner. Neste momento as funcionalidades

são inspecionadas e adaptações do projeto podem ser realizadas.

Em seguida o ScrumMaster conduz a reunião de retrospectiva (Sprint Retrospective Meeting),

com o objetivo de melhorar o processo/time, o produto ou ambos para a próxima Sprint.

O monitoramento do progresso do projeto é realizado através de gráficos de

acompanhamento. Estes gráficos mostram ao longo do tempo a quantidade de trabalho que ainda

resta ser feito, sendo um excelente mecanismo para visualizar a correlação entre a quantidade de

trabalho que falta ser feita (em qualquer ponto) e o progresso do time do projeto em reduzir este

trabalho.

33

2.2.5 XP

O Extreme Programming (XP) surgiu como uma tentativa para solucionar os problemas

causados pelos ciclos de desenvolvimento longos dos métodos tradicionais de desenvolvimento de

software. XP é composto por práticas que se mostraram eficientes nos processos de desenvolvimento

de software nos últimos tempos.

Depois de aplicado e obtido sucesso num caso real, o XP foi formalizado através de quatro

princípios chaves e doze práticas.

Os quatro princípios chaves do XP são [Franco2007]:

• Comunicação: muitos dos problemas que ocorrem no decorrer do projeto podem ser

relacionados com problemas de comunicação entre a equipe ou entre a equipe do projeto e o

próprio cliente. Uma pessoa pode deixar de comunicar um fato importante à outra pessoa, um

programador pode deixar de levantar uma questão importante ao cliente etc. O XP mantém o

fluxo de comunicação através de algumas práticas que não podem ser realizadas sem

comunicação. Exemplos disto são: testes de unidade, programação em pares e estimativa do

esforço de cada tarefa.

• Simplicidade: deve-se sempre selecionar a alternativa mais simples que possa funcionar. O

XP se baseia no fato que é mais barato fazer algo mais simples e alterá-lo conforme as

necessidades forem surgindo do que tentar prever as necessidades futuras, introduzindo uma

complexidade que possa vir a não ser necessária no futuro.

• Feedback: todo problema é evidenciado o mais cedo possível para que possa ser corrigido o

mais cedo possível. Toda a oportunidade é descoberta o mais cedo possível para que possa

ser incorporada de forma rápida ao produto que está sendo construído.

• Coragem: é preciso coragem para apontar um problema no projeto, para solicitar ajuda

quando necessário, para simplificar o código que já está funcionando, comunicar ao cliente

que não será possível implementar um requisito no prazo estimado e, até mesmo, para fazer

alterações

34

O XP é composto por doze práticas que são descritas a seguir [Franco2007]:

• Jogo de planejamento: nesta prática existe uma grande interação entre o cliente e os

Programadores. Os programadores estimam o esforço necessário para implementar as

estórias definidas pelo cliente e este, decide sobre o escopo e duração das iterações. As

estórias definidas pelo cliente são breves relatos de como o negócio a ser tratado pelo

sistema a ser desenvolvido funciona. Assim o programador sabe qual a necessidade do

cliente e quais são os passos que o sistema deve realizar para solucionar o problema do

cliente.

• Pequenas versões: um incremento simples e funcional é gerado rapidamente pelo menos

uma vez a cada dois ou três meses. Desta forma é possível ter um retorno por parte do

Cliente em tempo hábil para poder incorporar mudanças e corrigir o produto sendo

desenvolvido.

• Metáforas: é elaborada uma descrição que permite todos envolvidos no projeto (clientes,

programadores, gerente etc.) explicar como o sistema funciona. Ela cria uma visão comum e

sugere uma estrutura de como o problema e a solução são percebidos no contexto do

sistema sendo produzido. Ela também auxilia os envolvidos a compreender os elementos

básicos do sistema e seus relacionamentos, criando um vocabulário comum para o projeto.

• Projeto simples: o sistema deve ser projetado da forma mais simples possível de acordo

com as necessidades atuais do projeto. As complexidades desnecessárias são removidas

assim que são descobertas.

• Testes: o desenvolvimento do software é dirigido por testes. Os testes de unidade são

desenvolvidos antes da codificação são executados continuamente. Os testes de aceitação

são escritos pelo cliente.

• Refatoramento: melhoria do sistema através da remoção de duplicações de código,

melhorando a comunicação, simplificando e adicionando flexibilidade.

• Programação em pares: dois programadores escrevem o código em um único computador.

• Propriedade coletiva: qualquer programador pode alterar qualquer parte do código em

qualquer lugar do sistema a qualquer momento.

• Integração contínua: o sistema é integrado e são geradas versões internas, diversas vezes

ao dia, sempre que uma estória é finalizada.

35

• Semanas de 40 horas: não se deve trabalhar mais do que quarenta horas por semana, isto

deve ser encarado como uma regra. Nunca trabalhe mais do que isso duas ou mais semanas

consecutivamente.

• Cliente presente: O cliente deve ser adicionado à equipe de programadores. Ele deve estar

disponível em tempo integral para responder as eventuais dúvidas.

• Padronização de código: os programadores escrevem todo o código de acordo com regras

que enfatizam a comunicação durante a codificação. Antes do início do projeto deve ser

definido um padrão que deverá ser seguido por toda a equipe de Programadores.

Figura 7 – Valores e práticas de XP [Filho2002]

No XP, as práticas de codificação e equipe são mais detalhadas e definidas que as práticas

de processos. Por isso, quando se utiliza métodos ágeis de desenvolvimento de software, é muito

comum se utilizar XP para definir as práticas de codificação e Scrum para a prática de gerenciamento

do projeto.

Existem diferentes papéis sugeridos pelo XP para diferentes fases, práticas e ferramentas

necessárias ao longo do projeto. A seguir, estes papéis são descritos:

• Programador: escrevem testes e mantém o programa o mais simples e conciso possível. A

primeira característica que torna o XP possível é a habilidade de comunicação e coordenação

com outros membros da equipe.

36

• Cliente: escreve as estórias e os testes funcionais, além de decidir quando cada requisito foi

satisfeito. O cliente também define a prioridade de implementação de cada requisito.

• Testador: ajuda o cliente a escrever os testes funcionais. Ele também realiza os testes

funcionais regularmente, comunicando os resultados dos testes e mantém o conjunto de

testes.

• Monitor: fornece a realimentação para a equipe do projeto. Ele acompanha a conformidade

das estimativas feitas pela equipe de desenvolvimento e fornece comentários de quanto

acuradas elas estão, para poder melhorar futuras estimativas. Ele também acompanha o

progresso de cada iteração e avalia se o objetivo é viável dentro das limitações de tempo e

recursos, ou se alguma mudança é necessária no processo.

• Treinador: é a pessoa responsável pelo processo como um todo. Um profundo conhecimento

do XP é importante para este papel, pois é ele que guiará os outros envolvidos no projeto a

executar o processo de forma adequada.

• Consultor: é um membro externo com conhecimento técnico específico necessário para o

projeto. O consultor auxilia a equipe a resolver problemas específicos.

• Chefe: responsável pelas tomadas de decisões. Para isso, ele comunica-se com a equipe de

projeto para determinar a situação atual e para identificar qualquer dificuldade ou deficiência

do processo.

Devido à falta de foco nas práticas relacionadas ao gerenciamento do projeto, o XP tem sido

criticado e questionado por parte dos gerentes e diretores de empresas desenvolvedoras de software

e por parte da comunidade científica.

37

2.2.6 Outros métodos ágeis

Neste item serão abordados outros métodos ágeis utilizados em projetos de desenvolvimento

de software, mas que não serão detalhados neste trabalho. Caso o leitor tenha interesse em

conhecer mais sobre alguns dos métodos que serão apenas apresentados neste item, consulte as

referências disponíveis no texto.

2.2.6.1 Crystal Methods

Criado por Alistair Cockburn no início dos anos 90, a partir da crença de que os principais

obstáculos enfrentados no desenvolvimento de produtos recaíam sobre os problemas de

comunicação, os Crystal Methods dão grande ênfase às pessoas, à comunicação, às interações, às

habilidades e aos talentos individuais, deixando os processos em segundo plano [Dias2008].

Correspondem a uma família de métodos organizados por cores, de acordo com o número de

pessoas envolvidas (tamanho do projeto x necessidade de comunicação), com as prioridades do

negócio e com a complexidade e a criticidade do software a ser desenvolvido, conforme mostra a

Figura 8.

Apesar da estrutura proposta servir como um guia dos processos mais adequados a uma

determinada situação, nos Crystal Methods, a definição final dos processos a serem utilizados é

responsabilidade da equipe de projeto. Mas duas regras principais são sempre seguidas: ciclos de

desenvolvimento incrementais com duração de no máximo quatro meses e reuniões de reflexão que

estimulam a colaboração entre integrantes da equipe de projeto.

Figura 8 – Esquema do Crystal Methods [Dias2008]

38

2.2.6.2 Feature-Driven Development (FDD)

O Feature-Driven Development, criado por Peter Coad e Jeff DeLuca em 1999, é um método

de desenvolvimento de software específico para aplicações críticas de negócio. Diferentemente de

outros Métodos Ágeis, o FDD se baseia em processos bem definidos e que podem ser repetidos. Sua

abordagem se concentra nas fases de projeto e construção, com maior ênfase na modelagem, em um

ciclo de vida iterativo e também em atividades de gerenciamento de projetos.

Os princípios base do FDD são apontados abaixo [Dias2008]:

o Necessidade de se automatizar a geração de software para projetos de grande

escala;

o Um processo simples e bem definido é fundamental;

o As etapas de um processo devem ser lógicas e óbvias para cada integrante da

equipe de desenvolvimento;

o Bons processos atuam na retaguarda, permitindo que a equipe se dedique ao

alcance dos resultados;

o Ciclos de vida curtos e iterativos são mais indicados.

Um projeto conduzido pelo método FDD possui as seguintes etapas:

o Desenvolvimento de um modelo geral;

o Construção da lista de funcionalidades;

o Planejamento por funcionalidades;

o Projeto e desenvolvimento por funcionalidades.

2.2.6.3 Dynamic Systems Development Method (DSDM)

Originário da Inglaterra, em meados dos anos 90, o Dynamic Systems Development Method é

controlado por um consórcio de empresas. Criado a partir do RAD – Rapid Application Development,

o DSDM é o único método ágil compatível com a ISO 9000.

Seu ciclo de vida é divido nos seguintes estágios [Dias2008]:

o Pré-projeto;

o Análise de Aderência;

o Estudo de Negócio;

39

o Modelagem Funcional;

o Projeto e Desenvolvimento;

o Implementação;

o Pós-implementação.

A idéia central do DSDM é que se deve primeiramente fixar o prazo e os recursos para, em

seguida, definir e ajustar o número de funcionalidades a serem desenvolvidas. Dadas a sua natureza,

o DSDM não endereça um tamanho de equipe específico e não possui durações pré-determinadas

para suas iterações.

40

3 PROJETO DESENVOLVIDO

Neste capítulo do trabalho será a feita a comparação entre os métodos ágeis e os métodos

tradicionais de desenvolvimento de software.

A comparação entre os métodos apresentados será realizada através da análise de uma série

de características comuns que os dois métodos têm para o desenvolvimento de um projeto de

software.

As características comuns que serão comparadas neste trabalho são: levantamento de

requisitos e necessidades, necessidade de interação com o cliente, número de indivíduos que

compõe a equipe de desenvolvimento, grau de maturidade desses indivíduos, prazos e custos da

construção de um software, testes e entrega do software para o cliente e, por fim, a manutenção do

software já completamente disponibilizado e em produção.

Todas as características comparadas estão divididas em subitens dentro deste capítulo,

facilitando a leitura e compreensão de cada comparação apresentada.

3.1 Levantamento de necessidades e requisitos

Em se tratando de levantamento de necessidade e requisitos do sistema a diferença entre os

métodos ágeis e os métodos tradicionais de desenvolvimento de software é bem clara e evidente.

Os métodos tradicionais possuem uma visão preditiva em relação ao levantamento das

necessidades e requisitos de um software. Esta visão preditiva diz que todas as necessidades e

requisitos do software devem ser identificados e analisados no início do projeto e que, após isto, as

necessidades e requisitos do sistema não sofrerão mais nenhuma alteração durante todo o

desenvolvimento do projeto.

Durante vários anos percebeu-se que esta visão preditiva não se adequava a realidade do

desenvolvimento de software, já que na maioria dos casos, as necessidades e requisitos são

modificados durante o ciclo de desenvolvimento do software.

Com isso, os métodos ágeis propõem uma visão adaptativa para o levantamento das

necessidades e requisitos de um software. Esta visão adaptativa leva em conta que, na grande

maioria dos projetos de desenvolvimento, as necessidades e requisitos de um software sofrem

41

alterações durante o ciclo de desenvolvimento e, portanto, o método a ser utilizado deve estar

preparado para se adaptar a estas mudanças.

Nos métodos ágeis essa adaptabilidade é obtida através de iterações curtas, pois assim o

processo de desenvolvimento oferece flexibilidade durante o avanço do projeto para adaptações nos

requisitos do sistema e cria oportunidades para novos estudos de viabilidade e incorporação de

novos requisitos

3.2 Interação com o cliente

A interação com o cliente é outra característica que possui uma diferença clara entre os

métodos ágeis e os métodos tradicionais de desenvolvimento de software.

Como visto no item anterior, nos métodos tradicionais todas as necessidades e requisitos de

um software são definidos logo no início do projeto.

Assim, nos métodos tradicionais, a necessidade de interagir com o cliente também só se dá

no início do projeto, levantando-se com o cliente todas as necessidades que ele necessita que o

software resolva e todos os requisitos e características que o software deve possuir. Finalizado esta

fase, a interação com o cliente não se torna mais necessária e, somente após a finalização do

desenvolvimento do software é que o cliente terá a visão do que foi projetado e desenvolvido.

Já nos métodos ágeis a interação com o cliente é constante, uma vez que a visão adaptativa

dos métodos ágeis pressupõe a adaptabilidade das necessidades e requisitos do sistema.

Assim, a constante interação com o cliente durante todo o ciclo de desenvolvimento faz com

que o entendimento do negócio o qual o software se propõe a resolver seja aprimorado a cada nova

interação.

A constante interação com o cliente também é benéfica no sentido que, a cada nova versão

do software em funcionamento que é disponibilizada para o cliente, o mesmo pode sugerir alterações

e melhorias que, se não houvesse interações constantes, só seriam vistas e propostas após a

finalização e entrega do software completo. Uma vez que isso acontecesse, o custo da mudança

seria altamente caro se comparado com a mudança realizada ao longo das interações com o cliente

do software.

42

3.3 Número de indivíduos que compõe a equipe de

desenvolvimento

A comunicação e a interação entre os membros da equipe de desenvolvimento é um fator

primordial para que a utilização de métodos ágeis seja realizada com sucesso. Para que esta

comunicação e interação se mostrem eficientes, é necessário que o número de membros de uma

equipe de desenvolvimento não seja muito grande, pois dificultaria assim a comunicação entre os

membros. O tamanho máximo de uma equipe de desenvolvimento que utiliza métodos ágeis não

deve ultrapassar 12 membros. Um número maior do que esse pode causar problemas na

comunicação e interação entre os membros, fazendo com que a utilização de métodos ágeis possa

se tornar um fracasso.

Já nos métodos tradicionais o tamanho da equipe de desenvolvimento não é um fator

impeditivo para a execução do projeto, pois ao se utilizar métodos tradicionais em um projeto, todas

as tarefas e papéis dos membros da equipe de desenvolvimento são definidos logo no início do

projeto, assim como a documentação completa e detalhada de todo o projeto.

Uma vez definidas todas as tarefas e papéis de todos os membros da equipe durante todo o

ciclo de desenvolvimento e todos têm acesso a documentação completa e detalhada de todo o

software a ser desenvolvido, a necessidade de comunicação entre os membros é diminuída

drasticamente. Portanto, uma equipe de desenvolvimento de software que utiliza métodos tradicionais

não sofreria grandes impactos de comunicação durante a execução do projeto caso conte com um

número elevado de membros.

3.4 Grau de maturidade dos indivíduos que compõe a equipe de

desenvolvimento

Como o ciclo de desenvolvimento de um software utilizando métodos tradicionais é realizado

em um período grande de tempo, o grau de maturidade dos membros da equipe de desenvolvimento

pode evoluir com o andamento do projeto.

A inclusão de membros com baixo grau de maturidade de desenvolvimento na equipe não é

um fator determinante, uma vez que estes membros terão tempo hábil para se adaptarem ao método

utilizado e também para adquirirem maior conhecimento sofre o problema o qual o software a ser

desenvolvido se propõe a resolver.

43

Já em métodos ágeis, que utilizam iterações curtas e necessitam entregar um módulo de

software funcionando ao final de cada iteração, o grau de maturidade de desenvolvimento dos

membros da equipe deve ser elevado, uma vez que o tempo para se desenvolver o software é

reduzido, e membros com baixo grau de maturidade não teriam tempo hábil para se adaptarem ao

método utilizado.

O bom conhecimento do método a ser utilizado é primordial, pois não há tempo para

adaptação ao mesmo. O conhecimento geral do problema o qual o software se propõe a resolver,

mesmo que genérico, também é um fator que os membros da equipe de desenvolvimento devem

possuir para que a fase inicial do projeto seja realizada para atender as necessidades prioritárias que

o cliente necessita.

A cada interação com o cliente, este conhecimento é ampliado e afinado, fazendo com que o

software desenvolvido se aproxime cada vez mais com o software que o cliente espera receber.

3.5 Prazos e custos da construção de um software

Os métodos tradicionais de desenvolvimento definem que a entrega do software deve ser

realizada apenas quando o software estiver finalizado por completo ou, no caso do método espiral,

após uma grande fase de iteração onde a implementação de uma grande qualidade de necessidades

e requisitos foi realizada. Com isso, o cliente não possui, durante a fase de desenvolvimento, nenhum

conhecimento de como o software está sendo desenvolvido. O cliente só terá conhecimento depois

que o software como um todo seja entregue.

Os custos de possíveis alterações sugeridas pelo cliente também são grandes, uma vez que

o cliente só poderá sugerir estas mudanças após o recebimento completo do software.

Nos métodos ágeis o software é constantemente entregue durante o ciclo de

desenvolvimento, através de pequenas versões do software funcionando. Essas entregas são

realizadas, em média, a cada duas semanas, o que dá tempo hábil para o cliente testar o software

entregue sugerir melhorias e novos requisitos a serem implementados.

Com isso, o software irá sendo integrado gradativamente e o cliente terá sempre maneiras de

sugerir melhorias já durante o ciclo de desenvolvimento. Essas sugestões já durante o ciclo de

desenvolvimento diminuem o custo da manutenção, uma vez que as próximas iterações do software

44

já contemplarão a implementação das melhorias sugeridas, não necessitando assim de alterações

futuras.

3.6 Testes e entrega do software para o cliente

A fase de testes do software utilizando métodos tradicionais de desenvolvimento é uma etapa

que se inicia logo após o término da fase de implementação do sistema.

O software é testado por uma equipe de testes após estar completamente finalizado. Caso

sejam encontrados algum incidente que necessite correção, a equipe de testes reporta para a equipe

de desenvolvimento o incidente. A equipe de desenvolvimento corrige o erro e envia para a equipe de

testes o software corrigido, que deverá ser novamente testado. Assim, a identificação de erros que

podem causar impactos em todo o software só são descobertas após o software estar completamente

finalizado.

Em métodos ágeis de desenvolvimento, os testes são uma atividade constante em todo o

ciclo de desenvolvimento, uma vez que se inicia juntamente com a fase de implementação, onde o

próprio desenvolvedor escreve os casos de teste.

Os testes são executados a cada iteração do software, descobrindo logo no início do projeto

possíveis falhas que poderiam se espalhar por todo o software, diminuindo assim os impactos das

correções e de manutenções futuras no software.

A utilização de testes automatizados também é uma prática constante nos métodos ágeis,

uma vez que os testes podem ser executados a qualquer momento, além de facilitar a sua execução.

3.7 Manutenção do software em produção

A manutenção do software já em produção é um fator de alto custo em projetos que utilizam

métodos tradicionais de desenvolvimento, uma vez que várias solicitações de mudança e de

melhorias só são identificadas nesta fase, devido a falta de interação com o cliente durante todo o

ciclo de desenvolvimento. Assim, uma solicitação de mudança pode causar impactos em vários

módulos do sistema, tornando a manutenção do software muito custosa e por vezes demorada.

Já nos métodos ágeis, com a realização dos testes desde o início do projeto e com a grande

interação entre a equipe de desenvolvimento e o cliente, vários problemas de funcionamento do

45

software são verificados e corrigidos logo no início de cada iteração do software, evitando que estes

problemas se espalhem por vários pontos do sistema e tornando a sua correção uma tarefa de alto

custo e impacto no sistema.

Portanto, a manutenção utilizando métodos ágeis de desenvolvimento se torna uma tarefa

extremamente simples e com grau mínimo de complexidade se comparado com o custo e grau de

complexidade da manutenção de um software desenvolvido por uma equipe de software que utiliza

métodos tradicionais de desenvolvimento.

A Figura 5, na página 22, demonstra claramente a diferença entre o custo de manutenção de

um método tradicional (Cascata) comparado com um método ágil de desenvolvimento (XP).

46

3.8 Conclusão

Neste capítulo serão concluídas, com base na comparação dos métodos tradicionais e os

métodos ágeis de desenvolvimento de software, quais são as vantagens e desvantagens de utilizar

métodos ágeis em um projeto de desenvolvimento de software.

Apesar dos métodos ágeis serem considerados uma evolução dos métodos tradicionais de

desenvolvimento de software, algumas de suas características podem apresentar desvantagens em

relação aos métodos tradicionais.

As vantagens e desvantagens da utilização de métodos ágeis em relação aos métodos

tradicionais serão apresentadas em tópicos, onde cada tópico possui a descrição que justifica os

motivos pelos quais o tópico foi classificado como sendo uma vantagem ou desvantagem dos

métodos ágeis.

Ao final da conclusão serão concluídas quais as características necessárias que os membros

de uma equipe de desenvolvimento de software deve possuir para que a utilização de métodos ágeis

seja viável e garanta a qualidade do software gerado ao final do processo de desenvolvimento.

Da mesma forma, as características dos membros da equipe de desenvolvimento serão

apresentadas em tópicos, onde cada tópico possui a descrição que justifica os motivos pelos quais o

tópico foi classificado como sendo uma característica necessária para os membros de uma equipe de

desenvolvimento de software que utiliza algum método ágil de desenvolvimento.

3.8.1 Vantagens dos métodos ágeis em relação aos métodos

tradicionais

• Diferentes métodos ágeis podem ser combinados num único processo de

desenvolvimento de software. Esta conclusão fica evidente devido ao fato de que, como

visto neste trabalho, a maioria dos métodos ágeis não compreendem uma metodologia

completa, isto é, elas não apresentam soluções para todas as áreas de um projeto de

desenvolvimento de software. A maioria dos métodos ágeis são focados em áreas

específicas de um projeto completo de desenvolvimento de software, o que faz com a

utilização de dois ou mais métodos ágeis em conjunto seja possível. Um exemplo clássico

47

dessa combinação de métodos ágeis é a utilização de Scrum e XP. Como Scrum foca a parte

gerencial do projeto de desenvolvimento de software e XP define as praticas de codificação, a

utilização deles em conjunto tem sido muito utilizada e comprovada em vários casos de

sucesso. [Filho2008], [Dias2008].

• Podem ser combinadas com métodos tradicionais de desenvolvimento de software.

Como visto no tópico anterior, a maioria dos métodos ágeis de desenvolvimento de software

não compreende uma metodologia completa. Assim, podemos chegar à conclusão que pode-

se utilizar um método ágil para gerenciamento do projeto enquanto a parte de

desenvolvimento e codificação do projeto utiliza as técnicas definidas por um método

tradicional de desenvolvimento de software. Em muitas empresas que desenvolvem software

tem utilizado a combinação “Scrum + Espiral”, onde a parte gerencial do projeto é realizada

utilizando Scrum e a parte de desenvolvimento e codificação é realizada utilizando as

técnicas iterativas e incrementais definidas pelo método espiral. Outra combinação entre

métodos ágeis e métodos tradicionais é a utilização de RUP com XP, onde são utilizadas as

técnicas gerenciais definidas pelo método RUP, enquanto a área de desenvolvimento e

codificação é realizada utilizando as técnicas definidas pelo método XP.

• Adaptabilidade em relação a mudanças de requisitos. Uma grande vantagem dos

métodos ágeis em relação aos métodos tradicionais de desenvolvimento de software, pois a

adaptabilidade em relação à mudança de requisitos é um fator importante durante um projeto

de desenvolvimento de software. Enquanto os métodos tradicionais de desenvolvimento de

software possuem uma visão preditiva, isto é, possuem a visão de que todos os requisitos de

um software podem ser coletados durante a fase inicial do projeto e não se alterarão durante

o seu desenvolvimento, os métodos ágeis possuem uma visão adaptativa em relação aos

requisitos do sistema. Após vários anos desenvolvendo software com uma visão preditiva em

relação aos requisitos do sistema, verificou-se que esta não era a melhor maneira de se

desenvolver um software com qualidade. Assim, com a criação dos métodos ágeis de

desenvolvimento, esta visão foi alterada de modo a ter uma melhor adaptabilidade em

relação as mudanças de requisitos durante o andamento do projeto. Essa adaptabilidade se

dá devido a iterações mais curtas durante o desenvolvimento do sistema. Assim, o processo

48

de desenvolvimento oferece flexibilidade durante o avanço do projeto para adaptações nos

requisitos do sistema e cria oportunidades para novos estudos de viabilidade e incorporação

de novos requisitos.

• Testes realizados desde o início do projeto. Nos métodos ágeis o teste de software possui

uma importância ainda maior se comparado aos métodos tradicionais de desenvolvimento de

software. A fase de testes é uma das características comuns entre os métodos tradicionais e

os métodos ágeis. Mas podemos chegar à conclusão que a vantagem da fase de testes dos

métodos ágeis é que ela tem início logo que o projeto se inicia e não apenas após a

finalização da fase de codificação, como é definido nos métodos tradicionais de

desenvolvimento de software. Nos métodos ágeis a fase de teste se inicia junto com a fase

de codificação, onde o próprio programador já escreve os casos de teste. Segundo

[Filho2008] “A produção de testes no início do projeto facilita a identificação de problemas e

reduz o custo de desenvolvimento do software”. Também, segundo [Fillho2008], a correção

do software após a entrega pode custar 100 vezes mais do que se a correção fosse realizada

durante o desenvolvimento do projeto. Outro fator que aponta como vantagem a execução

dos testes logo no início do projeto é que freqüentemente os testes podem ser executados,

garantindo assim que o software sempre atenda os requisitos definidos. Para tal, o uso de

testes automatizados é importante já que, após a automatização dos testes, os mesmos

podem ser facilmente executados, no momento que se desejar, principalmente quando

ocorrer mudanças na implementação, garantindo assim a qualidade do software que está

sendo desenvolvido.

• Entrega de software funcionando em pequenos intervalos de tempo. Ao final de cada

iteração, é entregue para o cliente uma nova versão do software, em funcionamento. Essa é

uma característica apontada como essencial por todos os adeptos de métodos ágeis e

também podemos concluir como sendo uma grande vantagem dos métodos ágeis. Mesmo

que seja uma pequena versão, com poucos requisitos implementados e com poucas

funcionalidades disponíveis para o cliente, a constante entrega de software em um curto

espaço de tempo traz como vantagens a satisfação do cliente, que percebe que o sistema

49

está evoluindo rapidamente. Outro fator importante é que as alterações que o cliente sugere

ou que são necessárias devido a alguma mudança de requisito ou algum erro de

implementação são rapidamente corrigidos e entregues para o cliente em um curto espaço de

tempo, fazendo assim com que possíveis propagações de erros sejam minimizadas.

3.8.2 Desvantagens dos métodos ágeis em relação aos métodos

tradicionais

• Na maioria das vezes não é possível a colaboração constante do cliente. Como visto

anteriormente, as alterações de requisitos são fatores constantes durante o desenvolvimento

de software. Isso se deve ao fato de que, com o tempo, o entendimento do negócio o qual o

software pretende resolver vai se aprimorando e afinando. Esse aprimoramento e afinamento

do entendimento do negócio se dá através da constante comunicação com o cliente do

software a ser desenvolvido. Mas devido a problemas como falta de horário para reuniões,

compromissos emergenciais, distância geográfica, entre outros, manter contato constante

com o cliente se torna uma tarefa difícil, prejudicando o aprimoramento e afinamento do

entendimento do negócio e, por vezes, adiando possíveis sugestões de melhorias, correções

de implementação e alterações de requisitos do sistema.

• Mudança radical na cultura da empresa. Outro fator que pode ser apresentado como

desvantagem dos métodos ágeis é a cultura fortemente presente na maioria das empresas

que desenvolve software. Essa cultura prega a utilização de uma documentação fortemente

detalhada, estrutura de projeto extremamente rígida e burocrática e também membro da

equipe de desenvolvimento com papéis extremamente rígidos e não flexíveis. Enquanto isso,

os métodos ágeis sugerem que a equipe de desenvolvimento de software deve ser auto-

gerenciável e auto-organizável, a estrutura do projeto deve ser flexível e simplista, dando

mais ênfase para a comunicação do que para uma documentação detalhada. Sendo assim, a

cultura implantada na maioria das empresas que desenvolve software faz com que a

utilização de métodos ágeis tenha uma grande resistência por parte de todos que fazem parte

dessa cultura instalada.

50

• Dificuldade para adequação onde se utiliza modelos de certificação de qualidade de

software (CMMI, MPS.BR). Os métodos ágeis definem que a estrutura de um projeto de

desenvolvimento de software deve ser flexível e simplista, dando maior prioridade para a

comunicação entre os indivíduos do que para a documentação detalhada do software. Assim,

como a maioria dos modelos de certificação de qualidade de software (CMMI, MPS.BR)

necessita que a documentação do software seja extremamente detalhada e com vários níveis

de evidência que comprovem que a documentação e a implementação do software estão

compatíveis, a utilização de métodos ágeis pode ser difícil dentro deste contexto. Existem

alguns estudos recentes nessa área, onde a utilização de métodos ágeis se adequaria às

exigências dos modelos de certificação de qualidade de software, mas um trabalho mais

aprofundado nesta área seria extremamente benéfico para todos aqueles que desejam utilizar

métodos ágeis durante o desenvolvimento do software, mas que também desejam contar

com a certificação de um dos modelos de qualidade de software.

3.8.3 Características necessárias que uma equipe de

desenvolvimento de software deve ter para utilizar métodos

ágeis

• Equipes pequenas. Como a comunicação é um dos fatores primordiais para a utilização de

métodos ágeis, a utilização de equipes pequenas é uma das características primordiais que

uma equipe de desenvolvimento de software deve possuir. A constante interação dos

membros da equipe de desenvolvimento é um dos fatores que podem garantir que a

utilização de métodos ágeis seja realizada com sucesso. Em equipes muito grandes a

comunicação entre todos os membros da equipe se torna uma tarefa muito complicada, onde

a possibilidade de todos se reunirem constantemente acaba sendo prejudicada. A quantidade

máxima de uma equipe que utiliza métodos ágeis de desenvolvimento de software é de 12

pessoas.

51

• Membros com elevada maturidade no desenvolvimento de software. Como uma nova

versão do software deve ser entregue após o final de cada iteração e o tempo para a

realização de cada iteração é curto (em média 2 semanas), o grau de maturidade dos

membros deve ser elevada, já que a existência de atrasos deve ser mínima. Indivíduos com

baixo nível de maturidade tendem a ter mais dificuldade neste caso, pois necessitam de mais

tempo para estudar e aprimorar conceitos e novas tecnologias a serem utilizadas durante a

fase de desenvolvimento. O alto grau de maturidade também se torna necessário diante da

priorização do que deve ser feito a cada iteração, da definição da arquitetura do software e da

análise de impactos que as alterações de requisitos durante a fase de desenvolvimento do

projeto.

• Capacidade de trabalho em grupo. A cooperação entre os membros da equipe é primordial,

já que qualquer membro da equipe pode, a qualquer hora, realizar alterações no código do

sistema. Assim, o compartilhamento de lições aprendidas e os casos de sucesso verificados

durante a fase de desenvolvimento devem ser práticas constantes dos membros da equipe

de desenvolvimento, fazendo com que todos estejam nivelados em relação ao andamento do

desenvolvimento do projeto.

• Capacidade de se comunicar bem. Como o compartilhamento de lições aprendidas e os

casos de sucesso verificados durante a fase de desenvolvimento devem ser práticas

constantes dos membros da equipe de desenvolvimento, a comunicação entre os membros

da equipe também deve ser realizada de forma eficiente, garantindo assim que todos os

membros da equipe de desenvolvimento tenham pleno conhecimento do que está

acontecendo em todas as fases do projeto. Assim, caso não haja boa comunicação entre os

membros do projeto, o entendimento entre os membros pode ser divergente, ocasionando

possíveis falhas já solucionadas em futuras implementações de novas versões. Se a

comunicação entre os membros da equipe fosse eficiente, todos teriam conhecimento da

correção de falhas já detectadas, minimizando a incidência de falhas no sistema.

52

• Capacidade de se adaptar a mudanças. A adaptabilidade e a flexibilidade devem ser

características dos membros de uma equipe de desenvolvimento de software que utiliza

métodos ágeis. A capacidade de analisar as alterações de requisitos realizadas buscar a

melhor forma de implementar e de se resolver possíveis problemas que estas alterações

possam ocasionar deve ser característica fundamental para todos os membros da equipe de

desenvolvimento. Membros com visões rígidas e burocráticas em relação a alterações de

requisitos durante o andamento do projeto não são recomendados para equipes de

desenvolvimento de software que desejam utilizar algum método ágil de desenvolvimento de

software.

• Capacidade de aceitar críticas. Como a comunicação entre os membros da equipe de

desenvolvimento de software é constante e a troca de informações, sugestões e críticas entre

os membros é fundamental para o andamento do projeto, a capacidade de aceitar críticas e

utilizá-las como estimulante para o aperfeiçoamento profissional é também mais uma

característica fundamental para todos os membros da equipe de desenvolvimento. Membros

com dificuldade na aceitação de críticas podem causar problemas de relacionamento,

dificultado a comunicação entre todos os membros da equipe de desenvolvimento e ponde

em risco o projeto que utiliza algum método ágil de desenvolvimento.

• Capacidade de auto-gerenciamento e auto-organização. As constantes alterações de

requisitos do sistema e a flexibilidade na definição dos papéis de cada membro da equipe traz

a necessidade de que cada membro da equipe de desenvolvimento possua um alto nível de

auto-gerenciamento, no sentido de definir, em conjunto, quais atividades cada membro da

equipe deve desenvolver durante cada iteração. Com iterações curtas, a auto-organização

dos membros é extremamente importante, pois garante que o trabalho definido para cada

membro da equipe de desenvolvimento seja realizado organizadamente, evitando atrasos nos

prazos definidos para finalização das versões a serem entregues ao cliente.

53

3.9 Contribuições

Através deste trabalho podemos extrair algumas conclusões sobre as vantagens e

desvantagens de se utilizar métodos ágeis de desenvolvimento de software, bem como as

características necessárias que uma equipe de desenvolvimento de software deve possuir para que a

utilização de métodos ágeis seja realizada de maneira eficiente e garanta a qualidade do software a

ser desenvolvido.

Também foi realizada a comparação entre os métodos ágeis e os métodos tradicionais de

desenvolvimento de software através de características comuns entre os dois métodos.

Assim, analisados e concluídos os objetivos do trabalho, podemos citar abaixo as

contribuições que este trabalho oferece para o leitor que deseja conhecer mais sobre métodos de

desenvolvimento de software

• Comparação entre métodos ágeis e métodos tradicionais de desenvolvimento de software

através de características comuns entre eles:

o Levantamento de necessidades e requisitos

o Interação com o cliente

o Número de indivíduos que compõe a equipe de desenvolvimento

o Grau de maturidade dos indivíduos que compõe a equipe de desenvolvimento

o Prazos e custos da construção de um software

o Testes e entrega do software para o cliente

o Manutenção do software em produção

• Vantagens de se utilizar métodos ágeis

• Desvantagens de se utilizar métodos ágeis

• Características necessárias que uma equipe de desenvolvimento de software deve ter para

utilizar métodos ágeis

54

3.10 Trabalhos futuros

Como visto durante este trabalho, métodos ágeis de desenvolvimento de software tem como

um de seus focos principais a comunicação, que priorizada em relação à documentação detalhada do

software a ser desenvolvido. Mas para empresas que buscam certificações de qualidade de

desenvolvimento de software (CMMI, MPS.BR, etc.) a falta de uma documentação detalhada sobre o

software a ser desenvolvido pode causar alguns problemas na busca dessas certificações.

Um trabalho que possa vir a analisar os artefatos exigidos na obtenção das certificações de

qualidade de modo a se adequarem aos métodos ágeis de desenvolvimento de software seria muito

interessante, já que a busca por certificações de qualidade e a utilização de métodos ágeis estão

cada vez mais entre os objetivos da empresas que desenvolvem softwares.

Já há um trabalho neste sentido, mas foca apenas na utilização de Scrum em empresas que

utilizam CMMI [CesarCMMI].

O trabalho sugerido deveria englobar vários métodos ágeis em relação as duas certificações

de qualidade mais reconhecidas pelo mercado de software brasileiro: CMMI e MPS.BR.

Outro estudo que pode ser aprofundado utilizando este trabalho como base seria o

desenvolvimento de ferramentas case para gerenciamento e documentação de um projeto de

software utilizando metodologias ágeis.

Muitas empresas utilizam “post-it” colados na parede para documentar um projeto de

desenvolvimento de software utilizando métodos ágeis. O desenvolvimento de uma ferramenta case,

que simularia o ambiente onde os “post-it” são colados, seria de grande utilidade para toda a equipe

nos casos onde algum membro da equipe necessite trabalhar no estilo “home-office”, diretamente no

escritório do cliente ou em lugares remotos.

Assim, a ferramenta case disponibilizaria todo o ambiente de “post-it” na Internet e, de

qualquer lugar do mundo onde haja uma conexão com a Internet, todos os membros da equipe teriam

acesso a documentação, além de poder acompanhar e realizar alterações de modo que todos os

membros da equipe estejam sempre alinhados com as alterações realizadas na documentação.

55

Referências Bibliográficas

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Scrum para Gerenciar Projetos de Forma Ágil, 2007. Disponível em:

http://www.cesar.org.br/files/file/SCRUM_MundoPM-Abril-Maio-2007.pdf.

Acesso em: 12 out. 2008.

[CesarCMMI] MARÇAL, Ana Sofia Cysneiros; FREITAS, Bruno Celso Cunha de; SOARES,

Felipe Santana Furtado; MACIEL, Teresa Maria Medeiros; BELCHIOR,

Arnaldo Dias. Estendendo o SCRUM segundo as Áreas de Processo de

Gerenciamento de Projetos do CMMI, 2007. Disponível em:

http://www.cesar.org.br/files/file/SCRUMxCMMI-CLEI-2007.pdf. Acesso em:

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