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CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL ÂNGELA ANDRADE DE AZEVEDO SODRÉ TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO ATRAVÉS DA TÉCNICA DA BIORREMEDIAÇÃO POR PLANTAS AQUÁTICAS MACRÓFITAS MANAUS 2017

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CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

ÂNGELA ANDRADE DE AZEVEDO SODRÉ

TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO ATRAVÉS DA TÉCNICA DA BIORREMEDIAÇÃO POR PLANTAS AQUÁTICAS MACRÓFITAS

MANAUS

2017

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ÂNGELA ANDRADE DE AZEVEDO SODRÉ

TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO ATRAVÉS DA TÉCNICA DA

BIORREMEDIAÇÃO POR PLANTAS AQUÁTICAS MACRÓFITAS

Orientadora: Profa. Dra. Liliam Gleicy S. Oliveia

MANAUS

2017

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário Luterano de Manaus - CEULM-ULBRA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

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ÂNGELA ANDRADE DE AZEVEDO SODRÉ

TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO ATRAVÉS DA TÉCNICA DA

BIORREMEDIAÇÃO POR PLANTAS AQUÁTICAS MACRÓFITAS

TERMO DE APROVAÇÃO

Este Trabalho tem como objetivo a Conclusão de Curso, submetido a julgamento e posterior aprovação para obtenção do título de Bacharel no Curso de ENGENHARIA AMBIELTAL do CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE MANAUS.

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________

Orientadora Profa. DSc. Liliam Gleicy S. Oliveia

CEULM

____________________________________

Prof. DSc. Newton Silva de Lima

CEULM

___________________________________

Prof. MSc. Alan Ferreira dos Santos

CEULM

Manaus: _____/_____/_____.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente ao grande Arquiteto do Universo, Deus.

Aos meus antepassados, minha gratidão. Aos meus honrados pais José

Paulo de Azevedo Sodré Júnior e minha amadíssima mãe Yêdda Andrade de

Azevedo Sodré que me passaram valores, honra e determinação. Aos meus

filhos Carolina, Mariana, Alberto e José Paulo os quais são minha força e

amor imensurável. Aos meus genros Igor Castro e Felipe Pereira que

entraram em minha vida por amor. Em especial, ao meu amor e marido, José

Nelson Rosa, o grande incentivador de mais esta etapa que concluo em

minha vida. Gratidão por todos vocês e pela vida.

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AGRADECIMENTOS

Gratidão a Deus, ‘a Santíssima Trindade, à Nossa Senhora e aos anjos de

Deus.

Agradeço a todos os professores que acompanharam minha jornada

enquanto universitária e foram essenciais à minha formação como

profissional e, além disso, minha evolução como pessoa. Em especial à

Profa. Dra. Liliam Gleicy S. Oliveira, minha orientadora..

Agradeço especialmente a algumas pessoas que tornaram possível a

realização deste projeto, sem elas esta realização não seria possível.

Primeiramente aos amigos Carlos Sass, Peter Maia, Marcus Melo, Thais

Ferreira, vocês foram essenciais nesta jornada e por isso serei eternamente

grata.

Em especial a Eila Bentes de Vasconcelos, Química, por sua ajuda nesse

projeto no laboratório de química da ULBRA.

Agradeço à gentil Maria Paiva por toda ajuda que me deu em todas ‘as

vezes que precisei.

Agradeço ‘a Coordenadora de Engenharia Ambiental Profa. Dra. Maryana

Antonia Braga Batalha Souza pelo seu preparo, dedicação e empenho em

tornar o curso da área de ambiental cada vez melhor.

Agradeço ao Professor e Mestre Newton Silva Lima por acreditar na

ciência, no conhecimento, na pesquisa e transmitir seu conhecimento com

destreza e ânimo. Agradeço aos meus mestres André Willerding, Alan

Ferreira dos Santos pelo conhecimento transmitido.

Por fim, agradeço à minha família que esteve comigo nessa etapa. Vocês

são parte dessa vitória.

Gratidão aos meus guias de luz.

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EPÍGRAFE

“Frequentemente é necessário ter mais coragem para ousar fazer o certo do que temer fazer o errado”.

(Abraham Lincoln).

“Nós somos todos seres perfeitos. O que é imperfeito são as nossas memórias e programas guardados em nosso subconsciente e que dividimos com outras

pessoas”.

(Mornnah Simeona)

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RESUMO

A biorremediação é um método com provável bom resultado na diminuição da

toxicidade de habitats contaminados. O conhecimento desse processo de

biorremediação, por macrófitas, através da ação de microrganismos presentes nos

rizomas de suas raízes, só vem aumentado a cada ano, onde as técnicas de

biorremediação se mostram bastante efetivas. A fitorremediação apresenta enorme

aplicabilidade tal como tratamento de solos e lodos contaminados, efluentes

industriais e domésticos, drenagem ácida de minas, percolado de aterros sanitários.

A introdução de produtos nocivos no ambiente tem ocasionado situações de risco a

saúde ambiental. Técnicas de fitorremediação e sua relação com a remediação de

contaminantes foram utilizadas. Os mecanismos utilizados nestes processos utilizam

técnicas biológicas in situ, que estão sendo amplamente estudadas devido à sua

eficiência e baixo custo quando comparadas com as técnicas de remediação

tradicionais. Diminuir os custos de implantação e monitoramento e direcionando as

técnicas de forma a minimizar mudanças nas condições ambientais locais. Com

objetivo de avaliar o potencial fisiológico da Alface d’água ou Pistia stratiotes em

relação à contaminação por lixiviado que contém metais potencialmente tóxicos, foi

instalado um experimento em local pré-determinado no aterro sanitário de Manaus,

Amazonas, onde em cada um dos tanques unitários montados foi adicionado a

macrófita na presença de água oriunda da rede de distribuição de Manaus e

lixiviado. A Alface d’ água foi mais eficiente na remoção de selênio, mercúrio, zinco e

cobre presentes em solução contaminada e tem potencial para ser empregada na

biorremediação de ambientes aquáticos contaminados com esses elementos. Os

dados obtidos através de exames laboratoriais pela Espectrometria de Absorção

Atômica (AAS) corroboraram ao constatar que a Alface-d’água tem potencial para

diminuir os níveis de metais potencialmente tóxicos da solução através da

bioacumulação em seus tecidos e partes da planta principalmente nas raízes.

Palavras chaves: fitorremediação; Pistia stratiotes; lixiviado.

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ABSTRACT

Bioremediation is a method with likely good results in reducing the toxicity of

contaminated habitats. The knowledge of this bioremediation process, by

macrophytes, through the action of microorganisms present in the roots rhizomes, is

only increased every year, where bioremediation techniques are very effective.

Phytoremediation has enormous applicability such as treatment of contaminated soils

and sludges, industrial and domestic effluents, acid mine drainage, percolation of

landfills. The introduction of harmful products into the environment has caused

environmental health risk situations. Phytoremediation techniques and their

relationship with contaminant remediation were used. The mechanisms used in these

processes use in situ biological techniques, which are being widely studied because

of their efficiency and low cost when compared with traditional remediation

techniques. Reduce deployment and monitoring costs and target techniques to

minimize changes in local environmental conditions. In order to evaluate the

physiological potential of water lettuce or Pistia stratiotes in relation to contamination

by leachate containing potentially toxic metals, an experiment was installed in a

predetermined place in the sanitary landfill of Manaus, Amazonas, where in each of

the tanks were added to the macrophyte in the presence of water from the Manaus

distribution network and leached. Water lettuce was more efficient in the removal of

selenium, mercury, zinc and copper present in contaminated solution and has

potential to be used in the bioremediation of aquatic environments contaminated with

these elements. The data obtained through laboratory tests by Atomic Absorption

Spectrometry (AAS) corroborated the finding that Water lettuce has the potential to

decrease the levels of potentially toxic metals of the solution through the

bioaccumulation in their tissues and parts of the plant mainly in the roots.

Keywords: phytoremediation; Pistia stratiotes; leached.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Ilustração de um aterro sanitário ............................................................................ 19

Figura 2 - Lagoas de Lixiviado .................................................................................................... 26

Figura 3 - Técnicas biológicas in situ: Fitorremediação....................................................... 30

Figura 4 – Macrófitas Emersas, Flutuantes, Submersas e Fixas ..................................... 33

Figura 5 - Macrófitas Aquáticas Emersas ................................................................................ 34

Figura 6 - Macrófitas Aquáticas Emersas ................................................................................ 34

Figura 7 - Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes ......................................................... 34

Figura 8 - Macrófitas aquáticas submersas enraizadas ...................................................... 34

Figura 9 - Macrófitas aquáticas submersas enraizadas ...................................................... 35

Figura 10 - Macrófitas aquáticas flutuante ............................................................................... 35

Figura 11 - Macrófitas aquáticas flutuante ............................................................................... 35

Figura 12 - Localização ramal do pau rosa ............................................................................. 43

Figura 13 - Lagoas de Lixiviado no Aterro Sanitário de Manaus ...................................... 43

Figura 14 - Fluxograma – etapas do experimento ................................................................ 44

Figura 15 - Escolha do Local: Aterro Sanitário ....................................................................... 44

Figura 16 - Preparação do Experimento .................................................................................. 45

Figura 17 - Monitoramento do crescimento das macrófitas ............................................... 47

Figura 18 - Avaliação do pH ........................................................................................................ 47

Figura 19 - Unidades com de Tanques com medição de pH ........................................... 48

Figura 20 - Sequencia do experimento ..................................................................................... 48

Figura 21 - Aquecimento e Diluição das Macrófitas ............................................................. 49

Figura 22 - Pesagem das Macrófitas - Raiz ............................................................................ 50

Figura 23 - Pesagem das Macrófitas – Caule ........................................................................ 50

Figura 24 - Pesagem das Macrófitas – Folha ......................................................................... 50

Figura 25 - Coagem e filtragem das macrofitas ..................................................................... 51

Figura 26 - Relatórios Micro-Lab ................................................................................................ 52

Figura 27 - Gráfico Demonstrativo do Tanque Unidade 1 .................................................. 53

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Figura 28 - Gráfico Demonstrativo do Tanque Unidade 2 .................................................. 53

Figura 29 - Gráfico Demonstrativo do Tanque Unidade 3 .................................................. 55

Figura 30 - Gráfico Comparativo 3 tanques – mercúrio ....................................................... 58

Figura 31 - Gráfico Comparativo 3 tanques – Selênio ......................................................... 59

Figura 32 - Gráfico Comparativo 3 tanques – Zinco ............................................................. 61

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LISTA DE TABELAS

1. Tabela 1 - Ordem decrescente de absorção e adsorção dos íons metais na

fitorremediação quantitativamente ............................................................................................. 56

2. Tabela 2 - Comparação das partes da P. stratiotes quanto ao metal mercúrio

(Hg) ...................................................................................................................................................... 58

3. Tabela 3 - Comparação das partes da P. stratiotes quanto ao metal selênio

(Se). .................................................................................................................................................... 59

4. Tabela 4 - Comparação das partes da P. stratiotes quanto ao metal zinco (Zn)

............................................................................................................................................................... 61

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT

AM

ASM

CAPES

CEULM

CONAMA

FLAIR

FRAL

IBGE

IPT

Km

L

LE

Mg

Ml

MMA

Mg

NBR

PEAD

pH

PLANSAB

PNEA

PNMC

PNRH

PNRS

PPCS

UNESP

Associação Brasileira de Normas Técnicas

Amazonas

Aterro Sanitário de Manaus

Centro de Pesquisa do Ensino Superior

Centro Universitário Luterano de Manaus

Conselho Nacional do Meio Ambiente

Chama da chaminé de queima do gás metano

Empresa de Engenharia

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Instituto de Pesquisa e Tecnologia

Quilômetro

Litro

Lagoa de Estabilização

Miligrama

Mililitro

Ministério do Meio Ambiente

Miligrama

Norma Brasileira Regulamentadora

Polietileno de Alta Densidade

Potencial Hidrogeniônico

Plano Nacional de Saneamento Básico

Plano Nacional de Educação Ambiental

Plano Nacional de Mudanças Climáticas

Plano Nacional de Recursos Hídricos

Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Plano de Produção e Consumo Sustentável

Universidade do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇAO .................................................................................................................... 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15

2.1 – Resíduos Sólidos ..................................................................................................... 15

2.2 - Aterro Sanitário.......................................................................................................... 18

2.2.1 – Captação de gases ..................................................................................... 20

2.2.2 – Créditos de Carbono .................................................................................. 20

2.2.3 – Monitoramento de Aterro Sanitário ........................................................ 22

2.3 – Lixiviado de Aterro ................................................................................................... 23

2.4 – Processo de Tratamento ....................................................................................... 26

2.4.1 – Biorremediação ............................................................................................ 27

2.4.2 – Fitorremediação ........................................................................................... 27

2.4.3 – Mecanismos da Fitorremediação ........................................................... 29

2.4.4 – Técnicas de Fitorremediação ................................................................. 29

2.4.5 - Mecanismos da Fitorremediação em compostos tratados ............ 31

2.4.6 – Vantagens da Fitorremediação ............................................................... 32

2.5 – Macrófitas ................................................................................................................... 32

2.5.1 – Características Físicas das Macrófitas ................................................. 32

2.5.2 – Importância das Macrófitas Aquáticas .................................................. 36

2.5.3 – Papel Bioindicador ...................................................................................... 36

2.5.4 – Macrófitas despoluem habitats aquáticos ............................................ 37

2.5.5 – Capacidade das macrófitas em acumular íons .................................. 37

2.5.6 – Fisiologia vegetal da macrófita aérea .................................................. 38

2.6 – Metais potencialmente tóxicos na biota ............................................................ 40

3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 42

3.1 – Etapas de Preparação .......................................................................................... 42

3.2 - Etapa 2 – Fitorremediador .................................................................................... 44

3.3 – Etapa 3 – Preparação do experimento ............................................................. 45

3.4 – Etapa 4 – Visualização dos Tanques ................................................................ 46

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4. RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................................ 52

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 64

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 65

7. ANEXOS................................................................................................................................ 72

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1. INTRODUÇÃO

A produção de resíduos sólidos traz consequências de contaminação do

meio ambiente mesmo que tenhamos adquirido uma centelha de consciência

ecológica. Produtos diversos são consumidos e, deste modo, são produzidos

resíduos sólidos e seus descartes são efetuados de forma inapropriada, muitas

vezes por desconhecimento e desleixo da sociedade associado a não efetividade

da política nacional de resíduos sólidos estabelecidos. A urbanização crescente,

e a ausência de consciência ambiental, vem causando danos que muitas vezes

serão irreparáveis através de um olhar mais específico e acurado com a

problemática da contaminação ambiental e suas consequências trazidas para

dentro da cadeia trófica, a qual pertencem (PRATA FILHO, 1999).

Estima-se que cada brasileiro produza 1,3 kg de lixo por dia, o que

representa a geração diária, no Brasil, de aproximadamente 230 mil toneladas. A

disposição final deste lixo varia conforme a região onde é coletado, mas em

média, cerca de 70% é destinado a aterros (sanitários ou controlados) e 26% a

lixões a céu aberto. Os lixões ainda são uma prática muito comum de disposição

final dos resíduos sólidos urbanos no Brasil (IBGE, 2003)

O lixiviado é um dos maiores problemas para o meio ambiente, uma vez

que são resultantes do processo de percolação em aterros sanitários, como

consequência da quantidade de águas pluviais que excedem a capacidade de

retenção de umidade de um resíduo somados a ação microbiana de

decomposição através de uma cadeia trófica, na qual os elementos

contaminantes serão gradativamente transferidos para o meio aquático nos quais

fauna e flora se alimentam e gradativamente toda a cadeia alimentar fica

comprometida (ALMEIDA,2009).

Procedimentos técnicos usados como o sistema de impermeabilização de

fundo e de laterais do solo na sua fundação tem a função de proteger e impedir a

percolação do lixiviado para o subsolo e aquíferos existentes.

No Brasil, a exigência mínima para a contenção de lixiviados não perigosos

é de que as camadas de fundo e lateral consistam de uma camada simples,

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podendo ser de argila compactada de permeabilidade inferior a 10-7 cm/s ou

geomembranas de polietileno de alta densidade (PEAD) com espessura mínima

de 1,0 mm. A qualidade do material e os métodos de construção devem

assegurar durabilidade e segurança, no sentido de diminuir os impactos

ambientais (VAN ELK, 2006).

No Aterro Sanitário de Manaus é utilizado a manta de PEAD de 1.5mm e,

sobre esta, é feita a deposição de terra argilosa na espessura de 60 centímetros

e, em seguida, é compactada com trator móvel adequado (TUMPEX, 2017).

O lixiviado percolado é originado de várias fontes: da umidade natural dos

resíduos que podem reter líquidos através da absorção capilar; de fontes

externas, como água de chuvas, superficiais e de mananciais subterrâneos, de

água de constituição da matéria orgânica e das bactérias que expelem enzimas

que dissolvem a matéria orgânica para a formação de líquidos. A composição,

quantidade e produção dos lixiviados dependem de uma série de fatores, como

condições climáticas, temperatura, umidade, pH, composição, densidade dos

resíduos, forma de disposição e idade dos resíduos. Os lixiviados apresentam

grande concentração de substâncias sólidas e alto teor de matéria orgânica.

Esses líquidos, quando percolam através do substrato inferior do aterro sem que

antes tenham passado por um processo de tratamento, contaminam os lençóis de

água subterrâneos. Por essa razão, um sistema eficiente de drenagem é

importante para evitar a acumulação de lixiviados dentro do aterro (VAN ELK,

2006).

A drenagem dos lixiviados pode ser executada através de uma rede de

drenos internos, constituídos de tubos perfurados preenchidos com brita, com

conformação similar a uma “espinha de peixe”, que levam o lixiviado drenado para

um sistema de tratamento, como as lagoas de estabilização. O material utilizado

na construção do dreno deve ser resistente ao resíduo e ao chorume, e projetado

de forma a não sofrer obstruções. A drenagem deve estar acima da camada

impermeabilizante inferior (VAN ELK, 2006)

No processo de biorremediação, das lagoas de estabilização aerada,

utilizar as plantas macrófitas aquáticas, reconhecidas como organismos

resistentes à contaminação, em um meio com altas concentrações de toxicidade,

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sem que se perceba alguma alteração no sistema fisiológico da planta podendo

ser utilizadas como bio remediadoras, em lagoas de lixiviado, é por deveras de

interesse ambiental por minimizar os danos ambientais (VALITUTTO, et al. 2006).

O uso de plantas aquáticas, conhecidas como macrófitas, como método de

biorremediação e que se adaptem ao clima local é de grande interesse ambiental

já que estas estabelecem uma forte interação com o meio aquático (ROCHA, et

al. 2012)

A fitorremediação é recomendada por ser uma técnica que vem sendo

utilizada em projetos de biorremediação e em ambientes aquáticos contaminados,

por metais pesados. Utilizar essas plantas aquáticas macrófitas está de acordo

com a literatura pesquisada, pois estas plantas possuem características

fisiológicas para retirar, inertizar e acumular os poluentes dispersos no ambiente

(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

Esse trabalho objetiva analisar o tratamento do lixiviado de aterro sanitário

pela biorremediação. Propõe minimizar a problemática da contaminação deste

composto altamente tóxico no meio ambiente através da técnica da

fitorremediação e determinar como perspectiva para tornar mínima essa

toxicidade e conduzir ao baixo custo financeiro na preparação e monitoramento

das macrófitas em lagoas de lixiviado de aterros sanitários.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos são material, substância, objeto ou bem descartado

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se

procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos

ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou

em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente

inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (PNRS 12305, 2010).

A classificação de resíduos sólidos se define como resíduos sólidos,

aqueles resíduos no estado sólido e semissólido, que resultam de atividades de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle

de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem

inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou

exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor

tecnologia disponível (NBR 10004, 2004).

Restringindo a conceituação sob um aspecto mais espacial, segundo a

Norma Brasileira de Regulação, os resíduos sólidos urbanos são aqueles

“gerados num aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais perigosos,

hospitalares sépticos e de aeroportos e portos” (NBR 8419, 1992).

O problema do gerenciamento dos resíduos sólidos nas sociedades atuais

tornou-se complexo devido à quantidade e diversidade dos resíduos, à explosão

das áreas urbanas, à limitação dos recursos financeiros públicos em muitas

cidades, aos impactos da tecnologia e às limitações tanto de energia quanto de

recursos naturais. Se realizado de maneira ordenada e eficiente, os aspectos e as

relações fundamentais envolvidos podem ser identificados e ajustados para a

uniformização dos dados e um melhor entendimento das ações necessárias ao

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bom andamento das políticas públicas de fornecimento de serviços municipais de

gerenciamento de resíduos sólidos (LIMA, 2002).

Um sistema de recuperação de materiais recicláveis que se pretenda

avançar na direção de um novo paradigma pressupõe que se combine a

responsabilidade dos produtores pelos resíduos gerados com a integração dos

catadores na forma de autogestão, no marco do que se considera gestão

socioambiental sustentável. E para tal é preciso que o Estado, no caso as

prefeituras, assumam o papel de coordenação desse processo para que o

interesse público, no sentido amplo da palavra, seja garantido (GRIMBERG,

2007).

A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, PNRS, envolvendo

os três entes federados – União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a

sociedade em geral na busca de soluções para os problemas graves e de grande

abrangência territorial que comprometem a qualidade de vida dos brasileiros. A

aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos qualificou e deu novos rumos

à discussão sobre o tema (PNRS 12.305, 2010).

A partir de agosto de 2010, criou-se a Lei 12.305, que se baseia no

“conceito de responsabilidade compartilhada, onde a sociedade como um todo,

governos, setor privado e sociedade civil organizada passaram a ser

responsáveis pela gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos” (PNRS

12.305, 2010).

O cidadão é o responsável, não só pela disposição correta dos resíduos

que gera, mas também é importante que repense e reveja o seu papel como

consumidor; o setor privado, por sua vez, fica responsável pelo gerenciamento

ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua reincorporação na cadeia

produtiva e pelas inovações nos produtos que tragam benefícios socioambientais,

sempre que possível (PNRS 12.305, 2010).

O Ministério do Meio Ambiente num esforço conjunto com órgãos dos

Governos Federal, Estaduais e Municipais, com a iniciativa privada, organizações

não governamentais e sempre com a participação da sociedade civil, vem

desenvolvendo ações em diferentes frentes para viabilizar a implementação da

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Política Nacional de Resíduos Sólidos e os cumprimentos dos prazos estipulados

(MMA, 2011)

Neste sentido, iniciou-se o processo de elaboração do Plano Nacional de

Resíduos Sólidos, um dos instrumentos mais importantes da Política Nacional, na

medida em que identificam os problemas dos diversos tipos de resíduos gerados,

as alternativas de gestão e gerenciamento passíveis, indicando planos de metas,

programas e ações para mudanças positivas sobre o quadro atual (PNRS, LEI

12.305, 2010).

O documento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos estabelece diretrizes

e metas. Há ciência da importância e da urgência em se propor soluções para um

problema de tamanha dimensão. Dentro deste contexto, o Ministério do Meio

Ambiente coordenou as ações e a elaboração deste Plano Nacional de Resíduos

Sólidos, que ao estabelecer diretrizes, estratégias, metas, programas e ações, dá

concretude à Política Nacional de Resíduos Sólidos e aos seus instrumentos

(PNRS, LEI 12.305, 2010).

Como não poderia deixar de ser, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos

mantém estreita relação com outros planos nacionais tais como o de Mudanças

do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Produção e Consumo

Sustentável (PPCS) e também se harmoniza com a Política Nacional de

Educação Ambiental e com a proposta de Plano Nacional de Saneamento Básico

(PLANSAB), evidenciando, desse modo, a abrangência e complexidade do tema

em questão. Foi traçado o cenário que se pretende alcançar, seguido das

diretrizes, estratégias e metas que permitirão que o país promova uma gestão

adequada dos seus resíduos tratando da questão com responsabilidade

ambiental, social e econômica (MMA, 2011).

Um sistema de recuperação de materiais recicláveis que se pretenda

avançar na direção de um novo paradigma pressupõe que se combine a

responsabilidade dos produtores pelos resíduos gerados com a integração dos

catadores de forma autogestão, no marco do que se considera gestão

socioambiental sustentável. E para tal é preciso que o Estado, no caso as

prefeituras, assumam o papel de coordenação desse processo para que o

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interesse público, no sentido amplo da palavra, seja garantido (GRIMBERG,

2007).

A redução de resíduos sólidos na fonte pode ocorrer através do

estabelecimento de regras e normas que resultem em mudanças significativas

nos produtos gerados e nos métodos produtivos, quer seja por avanços

tecnológicos, conhecimento específico, esclarecimentos a população e avanços

nas áreas operacionais E no caso de reaproveitamento podem utilizar três tipos

de ações: a reutilização, a reciclagem e a recuperação (CASTILHOS, 2003)

Por fim, nas ações de tratamento e disposição final, existe a necessidade

de um planejamento que envolve tecnologia e engenharia para o projeto do aterro

sanitário (LIMA, 2002).

2.2 Aterro Sanitário

Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou

riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais.

Método que utiliza princípios de engenharia para confinar resíduos sólidos à

menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com

uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos

menores, se necessário (IPT, 2005).

O aterro sanitário também é uma técnica de disposição de resíduos sólidos

urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente,

minimizando os impactos ambientais. Tal método utiliza princípios de engenharia

para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor

volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada

trabalho, ou intervalos menores, se necessário (NBR 8419, 1992).

A eficiência, técnica operacional, execução, monitoramento, destinação

final adequada trarão resultados adequados previstos na norma (NBR

8429,1992).

Na execução, os resíduos são separados de acordo com suas

características e depositados separadamente, como é o caso da compostagem.

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Antes de ser depositado todo o resíduo é pesado, com a finalidade de

acompanhamento da quantidade de suporte do aterro (NBR 8429,1992).

Na preparação da área de um aterro sanitário é realizada a

impermeabilização, o nivelamento do terreno assim como as tubulações para

captação de chorume, captação de águas pluviais, captação de chorume e de

lixiviado, captação de gás, postos de monitoramento piezométrico, postos de

queima de gás, marcação da cota do terreno e taludes (IPT, 2005).

As obras de drenagem para captação do lixiviado e conduzi-lo até as

lagoas de tratamento. As áreas limítrofes do aterro devem apresentar cercas

vivas para evitar ou diminuir a proliferação de odores e poluição visual. (IPT,

2005). Abaixo, um esquema de aterro sanitário na figura um.

FIGURA 1 – ILUSTRAÇAO DE UM ATERRO SANITÁRIO

Fonte - (CAPES & UNESP/IGCE, 2009).

O local para preparação das células onde serão colocados os resíduos

sólidos, que produzem material percolado, são preparados, ao fundo na sua base,

pela manta de polietileno da alta densidade, PEAD (polietileno de alta densidade),

com 15 mm de espessura sobre o solo, soldadas entre si por aquecimento e,

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acrescida de uma camada de 60 a 1,50 centímetros de argila, devidamente

compactada. Atingida a capacidade de disposição de resíduos em um setor do

aterro, esse é coberto por terra, compactado em rampa por máquinas e plantado

com espécies de gramíneas ou capins regionais, de acordo com a região em que

se localiza. Dessa forma são formados os taludes (CONAMA 357, 2005).

2.2.1 Captação de Gases

Os gases produzidos pela decomposição dos resíduos sólidos devem ser

canalizados, direcionados para uma central de controle de gases para serem

queimados pelo “Flair” e os percolados devem ser canalizados, captados e

direcionados às lagoas de decantação, sedimentação e estabilização com

posterior descarte do liquido para o meio ambiente de acordo com as normas

(CONAMA 357, 2005).

O gás é captado por tubulações verticais, perfuradas com pequenos furos

e revestidas por seixos que protege a tubulação e possa captar o gás resultante

da decomposição de resíduos sólidos por bactérias anaeróbicas. Os gases são

transportados até a estação de gás, onde ocorre a sua queima (CONAMA 357,

2005).

A base das células é formada por tubulações dispostas em forma de

espinha de peixe, nas quais os drenos fazem a captação de chorume a serem

transportados até as lagoas de lixiviado (CONAMA 357, 2005).

2.2.2 Créditos de Carbono

Os gases como o metano são causadores do efeito estufa e o

consequente aquecimento global, ocorre sua queima para produção de créditos

de carbono conforme o Protocolo de Kyoto que foi efetivado em um acordo

internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas

(ONU), firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases (MCT, 2006).

A Organização das Nações Unidas (ONU), em reunião realizada durante a

Rio 92, estabeleceu a “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do

Clima” (CQNUMC ou, em inglês, UNFCCC, de United Nations Framework

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Convention On Climate Change), com o objetivo de definir metas para a redução

de emissões de gases de efeito estufa (CQNUMC, RIO 92).

Em 1997, os governos de diversos países, em resposta à proposta

brasileira para constituição de um “Fundo de Desenvolvimento Limpo”, adotaram

o Protocolo de Quioto. Como o protocolo atinge os principais setores da

economia, são considerados o acordo sobre meio ambiente e desenvolvimento

sustentável de maior projeção já adotado. Este mecanismo permite ao país

desenvolvido interessado pagar por reduções de emissões em países em

desenvolvimento participantes do Protocolo, contabilizando essas reduções em

suas contas, o que contribui para a meta geral de redução de aproximadamente

5% estabelecida pelo Protocolo de Quioto (MCT, 2006).

O Protocolo de Quioto tornou-se legalmente vinculante em 16 de fevereiro

de 2005, após a ratificação da Rússia, em novembro de 2004. Para entrar

efetivamente em vigor, o acordo teria que ser ratificado por, no mínimo, 55 países,

e incluir um determinado número de países desenvolvidos que contabilizaram um

mínimo de 55% das emissões de CO2 em 1990 (MCT, 2006).

Um dos efeitos negativos do CH4 para o meio ambiente é a sua

contribuição para o desequilíbrio do efeito estufa, podendo colaborar para

o aquecimento global. O metano não entra no grupo de poluentes que servem

como indicadores da qualidade do ar, porém entra no grupo dos poluentes

climáticos de vida curta e quanto às possíveis alterações climáticas, impacta 20

vezes mais que o dióxido de carbono (CO2). A queima do gás metano realizado

no aterro sanitário de Manaus reduz em cerca de 20 vezes o índice de poluição

ao convertê-lo em gás carbônico. No caso do resíduo sólido, o metano gerado em

aterros é queimado, pois, nesse processo, transforma-se em CO2 por ser mais

fácil de ser sequestrado da atmosfera. Porém, existe a alternativa de

aproveitamento energético, ou seja, a transformação do metano

em energia elétrica em usinas instaladas em aterros sanitários. Um bom exemplo

disso é uma cidade estadunidense que tem milhares de casas abastecidas por

gás metano (MMA, 2017).

A combustão do gás metano passa por transformações sequenciais. A

reação de combustão do gás natural pode ser representada pela combustão do

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gás metano (CH4):

CH4 (g) + 2 O2 (g) CO2 (g) + 2 H2O (g) Ho = -890 kcal/mol

A combustão de um mol de metano produz 890 Kcal de calor. A

queima de um mol de metano produz dois mols de água e 890 kcal de calor.

2.2.3 Monitoramento do Aterro Sanitário

A responsabilidade da função de avaliar as obras de drenagem das águas

superficiais, o sistema de queima dos gases e a eficiência dos trabalhos de

cobertura vegetal bem como o controle, in loco, de piezometria, dos poços de

monitoramento, dos marcos superficial e do controle da vazão do lixiviado e dos

gases para verificações diárias de possíveis movimentos do solo bem como

possíveis deslocamentos horizontais ou verticais dos taludes. Todos estes

procedimentos são técnicas de monitoramento da engenharia e utilizadas como

prevenção e segurança de um aterro sanitário (SILVA, 2011).

Na área da compostagem os resíduos são separados de acordo com suas

características e depositados separadamente para a produção de terra

compostada (SEMULSP, 2017).

Para controle de custos operacionais e administrativos, todos os

caminhões que chegam ao aterro sanitário são devidamente encaminhados para

a balança de pesagem, setor administrado pelo órgão da secretaria de limpeza

pública, para verificação do peso e depois é depositado todo o resíduo já pesado,

com a finalidade de acompanhamento da quantidade de suporte do aterro

(SEMULSP, 2017).

Na segurança dos maciços do aterro sanitário de Manaus, a empresa de

engenharia e consultoria FRAL, prestadora de seus serviços e tecnologia à

empresa administradora do Aterro, a TUMPEX, elabora os laudos técnicos de

segurança dos maciços do aterro e executa o monitoramento do comportamento

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geotécnico dos maciços de resíduos sólidos do Aterro Sanitário de Manaus. O

procedimento segue os seguintes itens (FRAL, 2017).

Avaliação da geometria da disposição dos resíduos;

Avaliação da leitura dos instrumentos instalados, compostos por:

Marco superficial – medidas dos deslocamentos horizontais e

verticais;

Piezômetros – medidas de pressões neutras de líquido percolado e

de gás (profundidade da linha piezométrica do aterro);

Medidas das vazões de lixiviados, associadas à pluviometria local;

Inspeções técnicas de campo;

Histórico da disposição, com características dos resíduos dispostos

e geometrias de projeto;

Avaliação das condições operacionais, com observação dos fatores

influentes (FRAL, 2017).

2.3 Lixiviado de Aterro

O lixiviado é o resultado do aterramento dos resíduos, acúmulo de

umidade, com a formação do chorume e que somado a percolação das águas

pluviais formará o lixiviado. Com a compactação e cobertura dos resíduos, haverá

detecção das mudanças físicas, químicas e biológicas, resultantes da

biodegradação aeróbica e anaeróbica e, também, alguns compostos que em

contato com a água, liberam elementos químicos que passam a fazer parte deste

lixiviado (KJELDSEN, et al. 2002).

O lixiviado apresenta uma composição química muito variável em virtude

da não separação do lixo doméstico orgânico, dos resíduos recicláveis,

reaproveitáveis reutilizados e consequentemente, todo tipo de resíduos é enviado

para os aterros ou mesmo largados em qualquer local (KJELDSEN, et al. 2002).

A composição do percolado formado em um aterro sanitário é complexa e

depende de diversos fatores, dentre os quais: condições ambientais, composição

dos resíduos que chegam ao aterro, forma de operação do aterro e,

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principalmente, da dinâmica dos processos de decomposição que ocorre no

interior das células do aterro sanitário (KJELDSEN, et al. 2002).

Para complementar, há que se somar a este entendimento a forma como

ocorre o processo hidrológico que é fundamental para a verificação da influência

dos lixiviados no meio. Dentro do processo hidrológico podemos destacar as

precipitações de toda água que provém do meio atmosférico e atinge a superfície

terrestre. A evaporação é a taxa de transferência para a atmosfera, da fase

líquida para a fase de vapor, da água contida em um determinado reservatório, e

o escoamento superficial será o deslocamento da água na superfície da Terra. A

infiltração é a percolação, a penetração da água em camadas do solo

impulsionadas pela gravidade. Já evapotranspiração é a soma total de água da

superfície que retorna à atmosfera (POHLAND E HARPER, 1985).

Segundo CASTILHOS (2003), o lixiviado passa por quatro fases de

transformação:

Fase de Transição: aparecem nos lixiviados concentrações importantes de

metabólitos intermediários, tendências perceptíveis de instalação de

condições redutoras no meio, os ácidos graxos passam a predominar nos

lixiviados;

Formação ácida: redução no potencial Hidrogeniônico, pH, crescimento de

microrganismos com o consumo de nitrogênio e fósforo (nitratos, fosfatos),

detecção de hidrogênio, os produtos intermediários que aparecem na fase

ácida são transformados em metano e dióxido de carbono, crescimento do

pH controlado pela capacidade tampão;

Fermentação metano gênica: potencial de óxido complexará e precipitação

de metais, carga orgânica de lixiviados decresce, produção de gases

aumenta, estabilização de componentes orgânicos, limitação de

concentração de nutriente;

Maturação final: Produção de gases entra em queda até cessar. Oxigênio e

espécies oxidadas reaparecem lentamente, matérias orgânicas resistentes

a biodegradação são convertidas em moléculas como ácidos.

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O lixiviado pode apresentar altas concentrações de metais e influenciar as

concentrações de metais nas águas superficiais por meio de processos como a

difusão e turvação (SALOMONS E FORSTNER, 1984).

As concentrações de metais no sedimento são maiores do que na coluna

d’água. Conclusivo será a análise do sedimento por ser fonte de dados

fundamental sobre a poluição no meio aquático (BREKHOVSKIKH, et al. 2002).

Os metais são contaminantes ambientais estáveis e persistentes. Uma vez

que não podem ser degradados tornam devastadores para o ecossistema

(CARRANZA, et al. 2008).

No sedimento de lagoas é que se depositam os compostos químicos

pesados. Desta maneira em um sistema aquático, formam-se camadas no

sedimento ao longo do tempo, contendo compostos que representam a

quantidade destes elementos liberadas no corpo d’água em diferentes períodos

(ESTEVES, 1998).

Assim torna-se possível, a partir destes depósitos, interpretar o

desenvolvimento histórico e as alterações do meio ambiente. Os sedimentos

funcionam, portanto, como um arquivo de informações de mudanças ambientais

ao longo do tempo. Em geral, estas mudanças são frequentemente influenciadas

por atividades antropogênicas como desenvolvimento industrial,

desflorestamento, mineração, aumento da poluição e lagoas de estabilização de

lixiviado (XUE, et al. 2007).

A contaminação da água tem sido um dos principais problemas ambientais

das últimas décadas, tendo em vista a complexidade desses compostos e a

dificuldade de remediação dos mesmos. Entre os métodos realizados está o

biológico através de microrganismos (KHAN, et al. 2004).

2.4. Processo de Tratamento Aplicado ao Composto do Lixiviado

Através da Biorremediação em Lagoas de Estabilização

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A estabilização das lagoas de lixiviado em Aterros sanitários tem como

finalidade a retenção dos metais de alta toxicidade no sedimento. Por isso são

conhecidas como lagoas de decantação, sedimentação e equalização, desde a

sua fase inicial até a mais avançada. Despois de estabilizar, a água pode retornar

aos igarapés ou rios, sem apresentar riscos para o meio ambiente (BOTTÈ, et al.,

2007).

O monitoramento das Lagoas de estabilização de lixiviado é realizado

através de laboratórios químicos especializados, periodicamente, para o

monitoramento do liquido resultante posterior e seu descarte no meio ambiente.

Em geral, elementos químicos como os metais, quando liberados no corpo hídrico

por partículas orgânicas ou inorgânicas são então incorporados ao sedimento

pelo processo de sedimentação, resultando em níveis mais elevados de metais

neste compartimento (BOTTÈ, et al. 2007).

O sistema de coleta do chorume é feito na base do aterro sanitário onde o

material é captado através de drenos, coletado e enviado por tubulações para as

lagoas ou tanques preparados e impermeabilizados com manta de PEAD, para

receber o material liquido, o lixiviado. Despois da coleta o lixiviado segue o

tratamento adequado para ser reutilizado ou descartado. O processo ocorre no

mesmo local que foi coletado. O tratamento biológico é realizado nas lagoas

anaeróbias, aeróbias e de estabilização. O tratamento biológico tem sido

considerado eficiente em aterros sanitários (TUMPEX, 2017).

FIGURA 2 - LAGOAS DE LIXIVIADO

FONTE PRÓPRIA – 2017 LOCAL: ATERRO SANITÁRIO DE MANAUS, AM.

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2.4.1 Biorremediação

Trata-se de uma técnica na qual ocorre a transformação ou destruição

dos poluentes orgânicos por decomposição, pela ação de microrganismos

naturais no solo, como as bactérias, os fungos e protozoários. Os microrganismos

promovem a biodegradação de poluentes tóxicos, para obtenção de energia que

será transformado em alimento, em substâncias como dióxido de carbono, água,

sais minerais e gases. Assim, o contaminante funciona como uma espécie de

fonte de carbono para os microrganismos. Dentre os compostos biodegradáveis

estão os hidrocarbonetos derivados do petróleo, solventes halogêneos e os

defensivos agrícolas (CETESB, 2007).

Esta técnica pode ser empregada para atacar contaminantes específicos

no solo e águas subterrâneas, tais como a degradação de hidrocarbonetos do

petróleo e compostos orgânicos clorados pelas bactérias. Este processo se dá

pelo fato de microrganismos, como as bactérias, utilizarem substratos orgânicos e

inorgânicos, como exemplo o carbono, como fonte de alimentação, desta forma,

convertendo os contaminantes em gás carb6onico e água (SILVA, et al. 2014).

A biorremediação é um método com provável bom resultado na diminuição

da toxicidade de habitats contaminados. O conhecimento desse processo de

biorremediação, por macrófitas, através da ação de microrganismos presentes

nos rizomas de suas raízes, só vem aumentado a cada ano, onde as técnicas de

biorremediação se mostram bastante efetivas como, por exemplo, para a limpeza

de ambientes contaminados por hidrocarbonetos de petróleo, devido a

simplicidade da manutenção e baixo custo de execução (BUENO, 2008).

2.4.2. Fitorremediação

A fitorremediação (Fito = planta e remediar = dar remédio, corrigir) é uma

tecnologia que utiliza várias plantas (vegetais) para degradar, extrair, conter ou

imobilizar contaminantes em solos e águas. Esta tecnologia tem sido considerada

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como uma alternativa inovadora e de baixo custo à maioria das técnicas de

tratamento já estabelecidas para áreas contaminadas (USEPA, 2000).

A fitorremediação apresenta enorme aplicabilidade tal como tratamento de

solos e lodos contaminados, efluentes industriais e domésticos, drenagem ácida

de minas, percolado de aterros sanitários, escoamento superficial urbano, rural e

industrial, cobertura vegetal para áreas contaminadas, construção de barreiras

hidráulicas, remediação de águas subterrâneas, entre outros (SUSARIA, et al.

2002) .

É possível empregar sistemas de fitorremediação para controle dos mais

variados poluentes, tais como hidrocarbonetos de petróleo, compostos

organoclorados, pesticidas e herbicidas, explosivos, metais traço, nutrientes,

patógenos, entre outros (ITRC, 2003).

As plantas desenvolvidas em um ambiente contaminado por metais de alta

toxicidade podem responder de diferentes formas a essa contaminação. Elas

podem ser sensíveis, exibindo sintomas de toxicidade, ou tolerantes,

desenvolvendo mecanismos que evitam os efeitos deletérios desses elementos e

consequentemente permitindo melhor desenvolvimento das plantas (LASAT,

2002).

Através da fitorremediação, do fito-estimulação, onde raízes promovem

crescimento e proliferação de microrganismos, em que íons são absorvidos pelos

rizomas das raízes e através do conduto vegetal, xilema será transportado até as

estruturas superiores e aéreas da planta macrófita (LOURENÇO, et al. 2016).

As macrófitas aquáticas têm sido estudadas para serem utilizadas como

alternativas de recuperação desse ambiente, uma vez que possuem

características favoráveis a esse processo. As diferentes espécies existentes

podem responder de formas diversas ao ambiente contaminado por metais

pesados, podendo ser sensíveis, exibindo sintomas de toxicidade e não tolerando

elevadas concentrações de contaminação; ou tolerantes, utilizando mecanismos

extras ou intracelulares que possibilitem seu crescimento na presença desses

contaminantes. Nesta revisão nós apresentamos os principais mecanismos

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utilizados pelas plantas como resposta à contaminação por metais pesados

(LOURENÇO, et al. 2016).

O controle de metais de alta toxicidade, nas mais diversas amostras como

em tecidos biológicos, água, solo e alimentos, tem se tornado um assunto

relevante para se avaliar, principalmente, o grau de exposição e possíveis

consequências para a saúde humana (VULCANO, 2003).

2.4.3 Mecanismos da Fitorremediação

A fitorremediação é um processo no qual a planta através de sua fisiologia

possui mecanismos para desintoxicar ambientes que foram contaminados por

algum tipo de toxicidade como os metais contaminante ou resíduos. Possui a

capacidade de reduzir a contaminação por alguns processos. Os vegetais se

adaptam eficazmente a diferentes ambientes da natureza e algumas espécies tem

capacidade simbiótica o que facilita sua adaptação. A fitorremediação diz respeito

ao uso de plantas na descontaminação de diferentes ambientes como a água. A

fitorremediação é a utilização de plantas que através de sua fisiologia possui

mecanismos para reduzir a toxicidade de ambientes causados por metais

contaminantes ou resíduos poluentes (ALVAREZ, et al. 2002).

2.4.4 Técnicas de Fitorremediação

Na fitoremediação, os vegetais atuam de forma direta na redução ou

remoção dos contaminantes. Os compostos são absorvidos e acumulados pelas

raizes da planta e também metabolizados pelas células teciduais através da

mineralização em diferentes e continuados processos metabólicos. O fenômeno

de adsorção pode ser definido como o acúmulo de um determinado elemento ou

qualquer substância entre a superfície sólida e a solução adjacente. Chama-se

absorbato o material que se acumula e absorvito o íon ou molécula em solução

que tenha potencial de ser absorvido (SPOSITO, 1989).

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A força de retenção dos íons na interface na solução é determinada pelo

tipo de interação entre os íons e a superfície das partículas (MEURER, et al.

2000).

Entre os métodos da fitorremediação, temos:

A fitoestimulação que decorre do metabolismo microbiano na rizosfera da

planta atraves de ação simbiótica é harmônica entre fungos, bactérias e planta;

A rizodegradação ou fitodegração onde através de exsudados radiculares e

metabolismo da planta ocorre a estimulação da ação microbiana fornecendo

tecidos para biodegradação e consequentemente como fonte de energia;

A Fitoextração que é a capacidade da planta em absorver o contaminante

da água. Pode armazena-lo em suas raízes ou nas células teciduais;

A fitovolatização é o processo em que após a absorção pela planta e seu

acúmulo nos tecidos vegetais e biodegração dos contaminantes ocorre a sua

liberação em formas menos tóxicas para a atmosfera;

A Fitoestabilização se refere a capacidade das plantas em reduzir ou

imobilizar os contaminantes que permanecem no local como na água (TAVARES,

2009).

FIGURA 3 – TÉCNICAS BIOLÓGICAS IN SITU: FITORREMEDIAÇAO

FONTE: ANDRADE, et al. (2007)

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2.4.5 Mecanismos de Fitorremediação em Compostos

Tipos de Compostos químicos tratados com diferentes tipos de

fitorremediação conforme a capacidade fisiológica da macrófita, de acordo com

(SUSARIA, et al. 2002):

Fitoacumulação e fito extração - Cádmio, Cromo, Chumbo, Níquel, Selênio, Zinco

e outros metais traço;

Fitodegradação e fito transformação - Solventes Clorados, clorofórmio, DDT,

fenóis e nitrilas;

Rizo degradação Hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP), hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos (HAP), Pesticidas, Solventes Clorados, Surfactantes;

Fitoestabilização - Metais traço, fenóis e solventes clorados;

Fitoestimulação - HAP, BTEX; outros hidrocarbonetos derivados do petróleo;

tetra-cloro etano, outros compostos orgânicos;

Fitovolatilização - Solventes clorados (tetra-cloro etano, tri-cloro metano e tetra-

cloro metano); mercúrio e selênio;

Rizofiltração Metais traço, compostos orgânicos.

2.4.6 Vantagens da Fitorremediação

Entre as vantagens estao o menor investimento de capital e o custo de

operação. A energia utilizada através da captação do gás metano para os

aeradores; a aplicação in situ das plantas aquáticas são viáveis economicamente.

Já as desvantagens são a manutenção sobre o comportamento das plantas, seu

rápido crescimento e a lentidão de resultados se comparado com as tecnologias

de ponta. De acordo com a literatura consultada os resultados mais lentos

decorrem das técnicas de estabilização, proliferação dos vegetais. O clima

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interfere no desenvolvimento. Nas ultimas décadas, houve redução dos custos, se

tornando viável o uso desse tipo de remediação (NOBRE, et al. 2003).

A toxicidade do líquido ao ser fitorremediado irá interferir no resultado

desse método. A toxicidade elevada pode prejudicar até mesmo interferir como a

planta comporta-se e sendo elemento limitante. Importante ser a planta uma

biomassa vegetal, quando ocorre a fito extração de poluentes não metabolizáveis

seguida de uma disposição apropriada após sua remoção. A redução não ocorre

100%. É a desvantagem do fator limitante. Os metabólitos mais tóxicos do que os

compostos originais podem ser produzidos e na fitovolatização ocorre a liberação

para a atmosfera de metais em um nível de toxicidade menor. Esse processo

ocorre com o metal mercúrio (BOSZSZOWSKI, 2003).

De acordo com o habitat pode ocorrer diferentes tipos de fitorremediação

para a remoção dos elementos contaminantes orgânicos e inorgânicos. Algumas

plantas são capazes de absorver através de suas raízes acumulando os metais. É

importante ressaltar que o excesso de toxicidade pode prejudicar as plantas

(BAIRD, 2002).

2.5 Macrófitas

São plantas aquáticas conhecidas pelos pesquisadores como macrófitas

aquáticas (macro = grande, fita = planta). São vegetais que habitam desde brejos

até ambientes totalmente submersos isto é, debaixo d'água. As macrófitas

aquáticas são, em sua grande maioria, vegetais terrestres que ao longo de seu

processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam

algumas características de vegetais terrestres e uma grande capacidade de

adaptação a diferentes tipos de ambientes (MIKRYAKOVA, 2002).

2.5.1 Características Físicas das Macrófitas - Pistia stratiotes ou alface

d’água

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Possui folhas aveludadas, em tom verde-claro, que formam rosetas com raízes

pendentes. Embora possua flores, elas são bastante pequenas, sem importância

ornamental e não tolera temperaturas baixas. Chamada também de erva-de-santa-

luzia ou alface d´água essa planta aquática é rústica e pouco exigente. Cresce

rapidamente, podendo até se tornar daninha em regiões mais quentes. No

paisagismo normalmente é empregada em aquários, fontes, lagos e espelhos d’água.

O nome popular, alface d’água, refere-se ao seu aspecto, semelhante ao da hortaliça.

A diferença recai apenas na textura aveludada de suas folhas verde-claras. Multiplica-

se por separação das mudas, que em geral se formam em torno da planta mãe.

Devido ao fato das macrófitas aquáticas constituírem um grupo muito grande, elas

são geralmente classificadas em 5 grupos ecológicos, baseados em seu modo de

vida ou biótipo, no ambiente aquático (UFSCAR, 2017).

Em seguida os grupos:

FIGURA 4 – MACRÓFITAS EMERSAS, FLUTUANTES, SUBMERSAS E FIXAS

FONTE: ANDRADE, et al. (2007)

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A) Macrófitas aquáticas emersas: enraizadas no sedimento, porém as folhas crescem para fora da água. Exemplo: Junco ( Eleocharis sp ), Taboa ( Typha domingensis ).

FIGURA 5 – MACRÓFITA AQUÁTICA FIGURA 6 - MACRÓFITA AQUÁTICA

FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017) FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017)

B) Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes: enraizadas no sedimento e com folhas flutuando na superfície da água. Exemplo: Lírio d'água (Nymphea elegans), Vitória-régia (Victoria amazônica ).

FIGURA 7 - Macrófitas aquáticas com folhas flutuantes

FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017)

C) Macrófitas aquáticas submersas enraizadas: enraizadas, crescendo debaixo d'água. Exemplo: Elódea (Egeria densa), Cabomba ( Cabomba sp ).

FIGURA 8 – MACRÓFITA AQUÁTICA SUBMERSA

FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017).

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FIGURA 9 - MACRÓFITA AQUÁTICA SUBMERSA

FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017)

Macrófitas aquáticas flutuantes: Flutuam livremente na superfície da

água. Exemplo: Alface d'água (Pistia stratiotes), Aguapé (Eichornia crassipes),

orelha de rato (Saloinia sp)

FIGURA 10 –MACROFITA FLUTUANTE FIGURA 11-MACROFITA FLUTUANTE

FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017) FONTE: TAVARES; MOKROSS (2017)

O aguapé (Eichhornia crassipes), macrófitas da família das Pontederáceas é

nativa do Brasil, prolifera abundantemente durante todo o ano. Na região

amazônica é encontrada em Igarapés, no rio negro e no encontro das águas. Tem

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sido utilizada em tratamento de efluentes sanitários e industriais (TAVARES,

2009).

2.5.2 A Importância das Macrófitas Aquáticas

As macrófitas aquáticas desempenham papel importante no funcionamento

do ecossistema em que ocorrem sendo capazes de estabelecer uma forte ligação

entre o sistema aquático e o ambiente terrestre que o circunda. Entre os papéis

desempenhados pelas macrófitas podemos citar o de aturar como liberadores de

nutrientes, absorvendo os nutrientes do sedimento por suas raízes e liberando-os

após seu metabolismo na água através de sua decomposição. Proporcionam

sombreamento para tipos de vida mais sensíveis a radiação solar e são

hospedeiras de algas e bactérias fixadoras de nitrogênio. Suas raízes

proporcionam concentrações de nutrientes e absorvem substancias toxicas.

Desenvolvem-se bem em ambientes aquáticos diversos sendo fundamentais para

a biodiversidade (MIKRYAKOVA, 2002).

2.5.3 Papel Biorremediador

As macrófitas aquáticas podem atuar como bioindicadores indicando tanto

o estágio sucessional quanto o estágio trófico do ecossistema aquático. As

macrófitas desempenham papel importante como biorremediadores nos

ecossistemas. Estabelecem uma interação forte com o meio aquático. Fornecem

matéria orgânica na cadeia alimentar. A presença de Taboa ou junco em um

ambiente é indicativa de que o solo naquele local é muito úmido, sendo o

ambiente brejoso ou pantanoso. Com a presença de Alface-de-água, aguapé e

orelha de rato são indicadores de prováveis ambientes poluídos em estado trófico

de ambiente aquático, pois estas espécies se desenvolvem melhor em ambientes

com altas concentrações de mateira orgânica (CUNHA, 2008).

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Já a presença de Lírio d’água, elódeas e Nympheas são indicadores de

ambientes mais saudáveis (UFSCAR, 2017).

As macrófitas aquáticas representam um grupo de plantas produtoras de

biomassa que crescem em águas interiores e salobras, represas, lagos, estuários

(TUNDISI E TUNDISI, 2008).

2.5.4 Macrófitas Despoluentes Habitats Aquáticos

As macrófitas tem ação despoluidora e realizam essa função através de

mecanismos de filtração através de suas raízes, por absorção ativa de poluentes,

como elementos tóxicos, compostos organofosforados, fenóis e organoclorados.

A água é naturalmente o maior vetor de transporte de metais tanto na litosfera

como nos habitats e transportes fisiológicos das plantas. Desenvolvem-se bem

em locais com eutrofização. O clima do Brasil é favorável ao seu desenvolvimento

e ciclo reprodutivo. Estudos mostram que a biomassa de macrófitas aquáticas

como a Aguapé (Eichornia crassipes) possui alta capacidade de acumular íons

metálicos (SCHNEIDER, 1995).

2.5.5 Capacidade das Macrófitas em Acumular Íons

As macrófitas possuem a capacidade de adsorver e absorver íons

metálicos dissolvidos assim como as bactérias, fungos, microalgas, algas e

plantas aquáticas e apresentam a capacidade de acumular tais substâncias

(MOREIRA, 2008).

A remoção de metais pesados de efluentes líquidos ocorre principalmente

por troca iônica e no caso das plantas aquáticas, o radical orgânico responsável é

o grupo carboxila (R-COO-).

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No ambiente natural da água e plantas aquáticas, esse sítio encontra-se

ocupado por cátions que existem em maior concentração neste ambiente, como

H+, Na+, Ca+2, Mg+2, Fe+2. Porém, em contato com íons como Cu+2, Zn+2, Ni+2,

Cd+2, Pb+2 existe a tendência química de ocorrer substituição dos metais alcalinos

e terrosos por metais de transição (GUILHERME, et al. 2005).

2.5.6 Fisiologia Vegetal da Macrófita Aérea- Pistia stratiotes ou alface d’água

Os nutrientes são muito móveis numa solução com água do que no solo e

tendem a chegar até as raízes por fluxo de massa. Um exemplo é NO31- (Íon

Nitrato), o qual é repelido pelas cargas negativas do solo e por isso tende a se

manter solúvel. Por outro lado, o PO43- (Íon Fosfato) tende a se ligar a cátions

como Fe2+, (íon Ferro bivalente), Fe3+ (Íon Ferro trivalente) e Al3+, (Íon Alumínio

trivalente), os quais possuem hidroxila OH-1 (Íon Hidroxila) que é deslocado pelo

PO43- (Íon Fosfato), somente por difusão, através da relação com microrganismos

que vivem nas raízes, onde mantem relação harmônica (TAIZ E ZEIGER, 2012).

A transpiração é importante para os nutrientes que entram em contato com

a raiz principalmente por fluxo de massa como o nitrogênio, enxofre, magnésio e

cálcio. Por outro lado, o tamanho do sistema radicular é muito importante para a

absorção de elementos que entram em contato com a raiz por difusão do fósforo

e potássio e interceptação radicular do cálcio (TAIZ E ZEIGER, 2012).

As macrófitas aquáticas se reproduzem muito rapidamente quando há falta

de predadores e ocorrerá a eutrofização do meio aquático (ESTEVES, 1998).

Dessa forma, as macrófitas, são vistas com maus olhos por causar danos

diversos como em represas, rios, hidroelétricas trazendo despesas, em função de

sua taxa dispendiosa para serem retiradas, em consequência de sua acelerada

taxa de reprodução (THOMAZ, et al. 1998).

Ainda, há o impedimento à navegação e à captação da água, invasão de

culturas irrigadas, obstrução de canais e tubulações de hidrelétricas, trazendo

inúmeras consequências negativas. O estudo da conectividade dos processos

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permite definir a condição “normal” adequada para a vegetação aquática,

determinar espaço, tempo e estágio do desenvolvimento de variáveis e

estabelecer condições extremas para o sistema (NEIFF E NEIFF, 2012).

A ocorrência e o monitoramento da dinâmica de crescimento de certas

populações podem ser usados como excelente ferramenta para classificação das

águas superficiais tanto em reservatórios quanto em rios e lagoas (PEDRALLI,

2003).

O conhecimento sobre a biologia e ecologia das macrófitas aquáticas

torna-se prioritário para adequado manejo e funcionamento dos ecossistemas

aquáticos para que seus diversos usos não sejam prejudicados (PEDRALLI,

2003).

A tendência é que a macrófita se prolifere rapidamente. Sua reprodução

não necessita de sementes, já que novos brotos nascem diretamente do caule da

planta mãe. Esta macrófita chega a produzir até 1,1 kg de massa vegetal nova por

metro quadrado em um dia, sendo considerado bem rápido. O conhecimento

sobre a biologia e ecologia das macrófitas aquáticas torna-se prioritário para

adequado manejo e funcionamento dos ecossistemas aquáticos e para que seus

diversos usos não sejam prejudicados (SAMECKA; CYMERMAN; KEMPERS,

2007).

Esta preocupação com as plantas aquáticas e sua capacidade de

reprodução rápida, provoca a curiosidade em testar seu comportamento em

águas mais poluídas, como chorume de aterro sanitário em lagoas de

estabilização para que se possa observar seu comportamento e resistência em

meio ambiente tóxico. O que é problema para alguns pode tornar solução para

outros, através de outras formas de aplicação. Em algumas situações é verificado

que a concentração de metais de alta toxicidade pode ser muitas vezes superior

no meio aquático do que em que em locais onde estão inseridas (MISHRA, et al.

2008).

Para o fito plâncton é possível também observar altas concentrações de

metais nestes organismos e, baixas concentrações em água (PROSI, 1981).

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Na verdade, metais possuem grande afinidade ao plâncton em geral.

(MONTERROSO, et al. 2003).

Uma vez agregados ou incorporados ao plâncton os metais podem ser

transferidos na cadeia alimentar e transformados elevando sua toxicidade,

podendo provocar também a diminuição da biodiversidade deste grupo

(LAWSON; MASON, 1998)..

2.6 Metais Potencialmente Tóxicos na Biota

O termo metal potencialmente tóxicos é aplicado a um grupo heterogêneo

de elementos, incluindo metais, ametais e semi-metais. A característica principal

destes elementos e de possuírem peso específico maior do que 6 g.cm-3 a 5 g.cm-

3 ou número atômico maior do que 20 (ALLOWAY, 1995).

Uma característica biológica importante é que esses metais tem potencial

para tornarem-se tóxicos quando alcançam valores acima das concentrações

limites. Há os metais benéficos para a nutrição e crescimento das plantas como

os micronutrientes cobre, ferro, manganês, zinco e para o crescimento como

cobalto e níquel assim como outros metais que causam toxicidade em excesso à

tolerância da planta, (ALLOWAY; AYRERS, 1996).

Além da análise dos metais no sedimento e na água, é importante

identificar também a extensão da concentração de metais na biota, e considerar

seu impacto potencial na cadeia trófica e seu risco à saúde humana. Isto, porque

a simples verificação da concentração de metais no sedimento e averiguação de

sua biodisponibilidade não é capaz de afirmar, com absoluta segurança que os

metais, mesmo não sendo liberados na coluna d’água, não seriam incorporados

pela biota. Organismos bentônicos que se alimentam a partir de tal sedimento

poderiam ser contaminados e possivelmente afetar os demais níveis da cadeia

trófica. Essa contaminação torna-se cíclica e atinge o nível mais alto da cadeia

alimentar, a espécie humana (DOMINGOS, 2009).

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Isto é preocupante, pois embora o cobre seja um metal essencial, quando

em excesso na água, este elemento torna-se tóxico, sendo considerado dos

metais mais tóxicos tanto ao ser humano quanto a animais (KARA;

ZEYTUNLUOGLU, 2007).

Na cidade de Manaus, altas concentrações de cobre, cromo, níquel e zinco

foram detectadas nos igarapés do Quarenta e do São Raimundo, em decorrência

da presença de esgoto doméstico e de efluentes industriais (SAMPAIO, 2000).

Sampaio (2000) demonstrou que o aumento da contaminação por metais

está associado à redução da biodiversidade de peixes nos igarapés mais

impactados de Manaus, evidenciando que a presença de metais nos corpos

d’água pode resultar em graves consequências para os ecossistemas aquáticos.

Assim, além da análise de metais traço no meio abiótico, água e

sedimentos, é importante também que o conteúdo destes contaminantes seja

avaliado também no meio biótico, tanto em macrófitas aquáticas quanto no

plâncton e até mesmo na comunidade piscívora. Desta forma é possível observar

as condições do ecossistema em relação à contaminação por metais pesados e a

possibilidade de contaminação da população (SAMPAIO, 2000).

Em habitat úmido conhecido como pântano, brejo, charco, manguezal,

igarapés e onde se forma um ecossistema que caracteriza uma biota a qual

possui a presença de plantas aquáticas submersas fixadas ao solo ou livres e

plantas emersas como o Agapé (Eichornia crassipes) ou a Alface d’água (Pistia

statiotes), tem sua eficiência no controle da poluição de resíduos industriais e

domésticos. Sua utilização para tal finalidade tem ocorrido em todo o planeta

(KNIGHT; KADLEC, 2000).

A determinação de elementos tóxicos em água é uma importante

ferramenta para monitorar a poluição ambiental. Embora a análise total destes

elementos forneça evidências de contaminações, o conhecimento das formas

químicas do metal é fundamental para estimar sua mobilidade e disponibilidade

no ambiente como no caso dos solos e rochas (CAMARGO, et al. 2001).

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Os metais podem estar na forma solúvel ou na biomassa de

microrganismos e fixado na matéria orgânica. Os teores totais podem nos dar, a

quantidade de metal que foi adicionado via resíduos da água (CAMARGO, et al.

2001).

Deste modo, quanto maior a porcentagem presente nestas frações, em

relação ao teor total, maior será a disponibilidade desses elementos (PIRES, et al.

2006).

Alguns desses metais, incluindo zinco (Zn), cobre (Cu) e níquel (Ni) são

micronutrientes essenciais para as plantas. O cromo (Cr) não desempenha

funções vitais nas plantas, mas podem ter importância para certas espécies

vegetais, mas seu excesso trará prejuízos para as plantas (SCHÜTZENDÜBEL;

POLLE, 2002).

Já o cádmio (Cd), mercúrio (Hg), chumbo (Pb), além de não serem

essenciais ou benéficos às plantas, podem ser extremamente tóxicos em baixas

concentrações. Todos os metais pesados, entretanto, em concentrações elevadas

podem se acumular e atingir níveis tóxicos não só às plantas, mas também, aos

animais e microrganismos (DUCIÉ; POLLE, 2005).

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3. METODOLOGIA

Com a finalidade de observar as alterações do meio de um ambiente

poluído com lixiviado e trata-lo com plantas aquáticas de nome macrófitas foi

criado um projeto piloto, no qual foram preparadas as amostragens, em tanques

de plástico de trinta litros, com macrófitas flutuantes emersas em líquido de

lixiviado. O estudo foi realizado no Amazonas a partir de agosto de 2017 e durou

até outubro de 2017. Foi realizado dentro do aterro sanitário da cidade de

Manaus no Amazonas. Foi dada continuidade ao projeto com as macrófitas

colhidas no Igarapé do Pau Rosa, do gênero Pistia stratiotes de nome popular

Alface d’água.

3.1. Etapa de Preparação

O líquido escuro conhecido como lixiviado foi retirado de três lagoas de

estabilização existentes dentro do Aterro Sanitário de Manaus, Amazonas. Ao

executar este trabalho foi considerada a segurança no transporte do lixiviado

quando retirado das lagoas e transportado para dentro dos tanques do projeto

piloto.

FIGURA 12 – LOCALIZAÇÃO: FIGURA 13 – LAGOAS DE LIXIVIADO

RAMAL DO PAU ROSA LOCALIZAÇÃO: ATERRO SANITÁRIO MANAUS

FONTE PRÓPRIA (2017) FONTE PRÓPRIA (2017)

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FIGURA 14 - FLUXOGRAMA – ETAPAS DO EXPERIMENTO

FONTE PRÓPRIA (2017)

Com a finalidade de observar as alterações do meio, foi criado um projeto

piloto, no qual foram preparadas as amostragens, em tanques de plástico de trinta

litros, com macrófitas flutuantes emersas em líquido de lixiviado. O lixiviado foi

retirado de três lagoas de lixiviado existentes dentro do Aterro Sanitário de

Manaus, Amazonas. Ao executar este trabalho foi considerada a segurança no

transporte do lixiviado quando retirado das lagoas e transportado para dentro dos

tanques do projeto piloto.

FIGURA 15 – ESCOLHA DO LOCAL: ATERRO SANITÁRIO DE MANAUS

FONTE PRÓPRIA (2017)

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3.2. Etapa 2 – Fitorremediador

A macrófita utilizada foi do gênero Pistia stratiotes, conhecida como Alface

d’agua, retirada do Igarapé do Pau Rosa, localizado a 300 metros da Estrada BR

174, na área rural de Manaus. Todas as plantas foram colhidas, embaladas em

sacos plásticos esterilizados para evitar qualquer contaminação. Após, foram

transportadas para o local do projeto piloto, situados na Estrada 010, Km 19,

próximo ao prédio da administração, do Aterro Sanitário de Manaus.

Em seguida, as plantas foram postas em quatro unidades de tanques,

distintos. Identificados como 1, 2, 3, e 4. O tanque 4 foi identificado como Branco.

Nos três primeiros tanques foi acrescentada a água da Manaus Ambiental, na

qualidade de 20 litros em cada unidade dos tanques. Foram adicionados plantas e

o lixiviado na quantidade de 1 litro. Apenas o tanque 1 continha água da rede de

distribuição da cidade de Manaus e acrescido das plantas macrófitas.

Foi, então, avaliada através dos processos unitários laboratoriais a

capacidade de absorção e da adsorção, com posterior constatação da presença

de metais nas raízes e rizomas, caules e folha das plantas aquáticas, através dos

exames laboratoriais realizados em todas as partes da planta de cada unidade

das macrofitas.

3.3 Etapa 3 – Preparação do experimento

FIGURA 16 – COLETA DO CHOURUME NAS LAGOAS DE LIXIVIADO

FONTE PRÓPRIA (2017)

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Nestes quatro tanques, foram realizadas análises observatórias, in loco,

com anotações das alterações que ocorreram tanto no lixiviado como nas

macrófitas. Anotações dos horários, do dia da execução das coletas. Dentro das

estações amostrais, designadas de unidade um, dois, três e de branco (unidade

quatro), nas quais foi introduzido o lixiviado retirado da lagoa de estabilização e,

gradativamente acrescidos até ser atingida a proporção de 70% de concentração

de lixiviado em 20 litros de água respectivamente como descrito a seguir:

Na amostragem um foi introduzido o liquido escurecido de nome lixiviado

colhido na lagoa de estabilização, e acrescido da planta macrófita Pistia

statiotes até atingir a concentração de 40% de toxicidade;

Na amostragem dois foi introduzido o lixiviado colhido na lagoa de

estabilização e acrescido a Pistia stratiotes até atingir a concentração de

50% de toxicidade;

Na amostragem três foi introduzido o lixiviado colhido na lagoa de

estabilização e introduzido a macrófita identificada como Pistia stratiotes

até atingir a concentração de 70% de toxicidade;

Na amostragem quatro, o Branco, foi introduzido 20 litros de água e a

macrófita Pistia stratiotes.

A cada dois ou três dias foi acrescentada a quantidade de 750 ml de

lixiviado e observado as reações das macrófitas tanto quanto ao seu aspecto

físico assim como sua reprodução. A quantidade de lixiviado chegou a 14 litros

no tanque três, o que foi equivalente a 70% do volume total. A quantidade de

água se manteve em 20 litros. Isso foi possível por haver um medidor que

permitiu a introdução do lixiviado em cada tanque na dosagem estipulada. A

quantidade de água foi controlada por ter sido marcado nos tanques o valor de 20

litros. Com a evaporação ocorria a diminuição do volume total e dessa forma

foi acrescentado água toda vez que fosse necessário, ate a marca estipulada e

marcada em cada tanque.

As macrófitas do gênero Pistia stratiotes, conhecida popularmente como

Alface d’água, foram postas nos tanques de unidades 01, 02, 03 e branco. As

plantas foram coletadas, identificadas e submetidas à análise laboratorial. Esses

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dados coletados foram analisados por espectrometria de absorção atômica por

chama onde foi constatada a presença de alguns metais altamente tóxicos.

3.4. Etapa 4 – VISUALIZAÇÃO DOS TANQUES E MONITORAMENTO DO

CRECIMENTO DAS MACRÓFITAS

FIGURA 17 – MONITORAMENTO DO CRESCIMENTO DAS MACÓRFITAS

FONTE PRÓPRIA

FONTE PRÓPRIA (2017)

FIGURA 18 – AVALIAÇÃO DO pH NO TANQUE BRANCO

FONTE PRÓPRIA (2017)

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FIGURA 19 - UNIDADES DE TANQUES COM MACRÓFITAS COM MEDIÇÃO DO pH

Nesta etapa, foi colhido o líquido de cada tanque abaixo, medido e anotado o pH.

FONTE PRÓPRIA (2017)

FIGURA 20 - SEQUENCIA DO EXPERIMENTO - COLETA – SECAGEM – TRITURAÇÃO –

DIGESTÃO

Material sendo colhido e transportado para o laboratório.

FONTE PRÓPRIA (2017)

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Após 51 dias de experimento as macrófitas foram colhidas, lavadas com

água destilada e levadas ao laboratório de química da Ulbra Manaus, Amazonas.

No laboratório de química foram secas. A secagem das macrofitas durou 6 dias.

Em seguida trituradas por partes e separadas em raiz, caule e folha obedecendo

a ordem de coleta de cada unidade de previamente identificados como unidades

um, dois, três, branco. As plantas foram trituradas e colocadas em placas de Petri

e em seguida identificadas. Após essa etapa, cada conteúdo da placa de Petri, foi

digerido em ácido nítrico e aquecidas em chapa a 200 0C.

AQUECIMENTO DAS MACRÓFITAS

Nessa etapa ocorreu o processo de aquecimento das macrófitas à uma

temperatura de 200OC. Cada parte da macrófita como a raiz, o caule e a folha foi

posta em tigelas separadas, identificadas, já trituradas, e foram diluídas com

Ácido Nítrico para sofrerem a digestão em uma temperatura de 2000 C.

FIGURA 21 - AQUECIMENTO DAS MACRÓFITAS

FONTE: PRÓPRIA (2017)

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PESAGEM DA RAIZ. CAULE E FOLHA DAS MACRÓFITAS

Posteriormente, após a diluição das partes da planta, foi pesada em uma

balança e anotada cada pesagem. Depois, as diluições ficaram umas duas horas

para atingir a consistência desejada como resultado da diluição.

FIGURA 22 - RAÍZ FIGURA 23 – CAULE FIGURA 24 - FOLHA

MASSA= 0,502 GRAMAS MASSA= 0,502 GRAMAS MASSA= 0,503 GRAMAS

FONTE PRÓPRIA (2017) FONTE PRÓPRIA (2017) FONTE PRÓPRIA (2017)

COAGEM E FILTRAGEM DAS MACRÓFITAS - EXEMPLARES 12 SUBUNIDADES

Posteriormente, cada parte da planta, já diluída, foi coada e filtrada. Todo

conteúdo foi embalado em vidros, identificados e etiquetados e fechados com

tampas. Em seguida, o resultado dos processos de coagem e filtração como

mostra a figura 25, em seguida.

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FIGURA 25 – COAGEM E FILTRAGEM DAS MACRÓFITAS

FONTE: PRÓPRIA (2017)

Em seguida, foram levados ao laboratório de analises e identificação de

metais de nome Microlab, localizado na Av. Tarumã, 905 Bairro Centro, Manaus,

Amazonas.

No laboratório cada material foi submetido ao teste de Espectrometria de

absorção atômica (AAS - Atomic Absorption Spectrometry) onde se utiliza esse

método para determinação qualitativa e quantitativa de elementos metais, semi-

metais e alguns não metais em uma ampla variedade de amostrais como

ambientais em águas, solos e plantas como as macrófitas. A espectrometria de

absorção é a técnica mais utilizada para análises elementares em mg/ L como o

que foi utilizado nesse projeto (WELZ; SPERLING, 1999).

Em seguida, o resultado dos processos de coagem e filtração como mostra

a figura abaixo.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

FIGURA 26 – RELATÓRIOS MICRO-LAB

FONTE: MICRO-LAB (2017)

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Os gráficos abaixo, mais uma vez do mesmo estudo já citado, ilustram a

discussão que será narrada.

FIGURA 27 - GRÁFICO DEMONSTRATIVO FIGURA 28 - GRÁFICO DEMONSTRATIVO

DO TANQUE UNIDADE 1 DO TANQUE UNIDADE 2

Tanque – unidade 1 (mg/L)

40% de chorume em água

FONTE: PRÓPRIA (2017) FONTE: PRÓPRIA (2017)

Nos resultados apresentados acima nas figuras 27 e 28 observou-se uma

menor absorção e adsorção com relação a alguns metais analisados. De acordo

com os gráficos das unidades um e dois, acima, foi demonstrado uma menor

afinidade pelos metais arsênio, cádmio, cromo, chumbo por parte da macrófita do

gênero Pistia stratiotes.

Por outro lado há maiores afinidades por alguns metais como o cobre,

mercúrio, o selênio e o zinco.

Tanque – unidade 2 (mg/L)

50% de chorume em água

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Observou-se que no caso do cobre houve absorção e adsorção pela planta

nas unidades 1 e 2 por diferentes partes da planta e os valores se mantiveram

próximos, mesmo tendo os tanques dessas unidades, proporções diferentes de

toxicidade correspondentes a 40 % e 50% do lixiviado.

Com relação aos metais Mercúrio, Selênio e Zinco houve maior afinidade

por parte da macrófita Alface d’água onde houve bioacumulação desses metais

em meios com maior toxicidade, como no caso do tanque dois, que se verificou

maior absorção e adsorção na raíz da macrófita. O local onde se verifica maior

adsorção de mercúrio é na raíz da macrófita.

O selênio teve melhor adsorção e absorção na unidade um ocorrendo a

bioacumulação na raiz, caule e folha.

Na unidade do tanque dois o selênio teve maior bioacumulação na raíz

seguido pelo caule. E nas folhas ficou abaixo das taxas de referência. Observou-

se melhor desempenho da alface d água em meio menos tóxico com relação a

este metal.

Nestas duas unidades o metal com maior afinidade foi o Selênio, seguido

do Zinco, mercúrio e por último o cobre.

O cobre foi bioacumulado no valor máximo de 0,013 mg/L pela raiz da

macrófita, no tanque da unidade um, onde tinha a menor taxa de contaminação,

ou seja, 8 litros de lixiviado em 20 litros de água de acordo com o resultado da

figura 27.

Como o cobre faz parte dos metais essenciais aos processos metabólicos

dos seres vivos, conclui-se que pequena quantidade do metal encontrada nas

amostras foi devido à atividade metabólica das plantas, tempo de exposição ao

contaminante, ou ainda por concentração em possíveis fontes poluidoras

(SOARES, 2006).

O metal como cobre é essencial para as plantas participando de processos

fisiológicos, como fotossíntese, cadeia respiratória e fixação do nitrogênio se

processando em quantidades pequenas (AZEVEDO, 1988).

Os resultados obtidos corroboram com a afirmação de que algumas

macrófitas, dependendo do gênero, terão maior ou menor afinidade por diferentes

metais (AZEVEDO, 1988).

Na macrófita do tipo aguapé ou Eichornia crassipes é mais eficiente em

retirar quantidades de íons como o cádmio em 0,7 mg por peso seco de biomassa

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e o níquel em 0,5 mg por peso seco de biomassa (AZEVEDO, 1988). No caso da

Pistia stratiotes as dosagens observadas nos gráficos se mantiveram baixas com

relação a estes metais citado por AZEVEDO (1988).

FIGURA 29 - GRÁFICO DEMONSTRATIVO DO TANQUE UNIDADE 3

Tanque – unidade 3 (mg/L)

70% de chorume em água

FONTE: PRÓPRIA (2017)

No gráfico da Unidade 3 observou-se uma maior afinidade pelo metal

mercúrio com bioacumulação na raiz. A maior toxicidade foi determinante para

aumentar a afinidade da planta com o metal em questão elevando seu teor de

adsorção.

Observou-se que o selênio foi mais adsorvido na raiz do que no caule. O

que diferencia do ocorrido na unidade um, onde o selênio teve sua afinidade com

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a planta em quantidades bem próximas, tanto no caule quanto na raiz.

De acordo com a figura 29 o cobre foi bioacumulado no valor máximo de

0,013 mg/L pela raiz.

A parte aérea teve maior absorção de zinco na unidade três. Esse

resultado foi confirmado com os estudos de CRUZ (2011), onde afirma que nas

folhas ocorre maior presença do zinco. O que corrobora com o resultado

laboratorial onde houve maior bioacumulação com o aumento da toxicidade.

No cultivo de macrófita em água de drenagem verificou maior acúmulo

de cobre (Cu) e zinco (Zn) nas raízes dessa macrófita o que foi potencializado

pelo aumento da disponibilidade desses elementos em solução (CRUZ, 2011).

De acordo com os resultados pode-se observar na tabela 1, a seguir,

que possuiu maior afinidade pelos seguintes metais, em ordem decrescente, por

parte da macrófita P. stratiotes.

TABELA 1: ORDEM DECRESCENTE DE ABSORÇÃO E ADSORÇÃO DOS ÍONS METAIS NA

FITORREMEDIAÇÃO, QUANTITATIVAMENTE

Se - Selênio;

Zn - Zinco;

Hg - Mercúrio:

FONTE PRÕPRIA (2017)

Considerando as diferentes taxas de toxicidade dos tanques um, dois e três

e, de acordo com os dados avaliados, analisou-se que quanto maior a toxicidade

do meio líquido maior foi a capacidade da planta na absorção e adsorção dos íons

principalmente com relação ao mercúrio. Evidenciou-se que houve maior

adsorção na raíz em relação ao íon mercúrio na unidade 3.

TANQUES ORDEM

DECRESCENTE

UNIDADE 1 Se > Zn > Hg

UNIDADE 2 Se > Zn > Hg

UNIDADE 3 Hg > Se > Zn

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Em seguida, as comparações nas tabelas abaixo:

TABELA 2 - COMPARAÇÃO DAS PARTES DA P. stratiotes QUANTO AO METAL MERCÚRIO

(Hg) NA QUANTIDADE QUE FOI ABSORVIDO NAS QUATRO UNIDADES

FONTE PRÓPRIA – 2017

FIGURA 30 - GRÁFICO COMPARATIVO ENTRE OS TRÊS TANQUES QUANTO AO

MERCÚRIO

FONTE PRÓPRIA (2017)

TANQUE

Planta

0,5gramas

METAL

(Hg) mg/L

FOLHA

CAULE

RAÍZ

1 mg / L <0,002 <0,002 0.063

2 mg / L <0,002 <0,002 0.074

3 mg / L <0,002 <0,002 0.439

BRANCO mg / L <0,002 <0,002 0.062

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Comparando a tabela 2 com o gráfico 30, observou-se que houve maior

adsorção pelo metal mercúrio no tanque de unidade 3 onde havia maior

concentração de toxicidade. A afinidade da macrófita na fitorremediação cresce

com maior contaminação.

TABELA 3 – COMPARAÇÃO DAS PARTES DA MACROFITA P. stratiotes QUANTO AO

METAL SELENIO (Se)

FONTE PRÓPRIA (2017)

FIGURA 31 – GRÁFICO COMPARATIVO ENTRE OS TRÊS TANQUES QUANTO AO SELÊNIO

FONTE PRÓPRIA ( 2017)

TANQUE

Planta=

0,5gramas

METAL

(Se) mg / L

FOLHA

CAULE

RAÍZ

1 mg / L 0,118 0,306 0.309

2 mg / L 0,003 0,131 0.269

3 mg / L 0,003 0,114 0.308

BRANCO mg / L <0,003 <0,003 0.150

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Comparando a tabela 3 com a figura 31, observou-se que o grau de

toxidade não interferiu de forma determinante na bioacumulação pela raíz onde

nas três unidades de tanques a quantidade bioacumulado de selênio foi

equivalente.

Nos caules constatou-se que no tanque um, com menor toxicidade, houve

maior absorção de selênio e nos tanques dois e três apesar das diferentes taxas

de toxicidade as quantidades de selênio se equiparam.

Nas folhas, observou-se que houve maior absorção no tanque com menor

toxidade, tanque um, como demonstrado na figura 31.

Nos tanques dois e três se observou que no caule e na raíz ocorreu

pouquíssima absorção do selênio como demonstrado na tabela 3 e figura 30.

O selênio pode provocar uma provável reação da planta quanto à

quantidade de metal bioacumulado, indicando seu efeito tóxico em maiores

concentrações, de acordo com o que foi observado (MALIK, et al, 2007).

A eficiência de remoção do metal pelas macrófitas é maior para maiores

concentrações do metal, porém, paralelamente a isso, pronunciam-se os sintomas

de toxicidade (OLIVEIRA, 2012).

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TABELA 4 – COMPARATIVO DAS PARTES DA MACRÓFITA P. STRATIOTES QUANTO AO

METAL ZINCO (Zn)

FONTE PRÓPRIA – 2017

FIGURA 32 – GRÁFI CO COMPARATIVO ENTRE OS TRES TANQUES QUANTO AO

ZINCO

FONTE PRÓPRIA (2017)

TANQU

Planta=

0,5gramas

METAL

(Zn)mg/L

FOLHA

CAULE

RAÍZ

1 mg / L 0,041 0,056 0,067

2 mg / L 0,024 0,034 0,087

3 mg / L 0,069 0,072 0,094

BRANCO mg / L 0,059 0,073 0.080

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Conferindo a tabela 04 com a figura 32, observou-se que a planta

demonstrou maior afinidade pelo metal zinco na região da raiz. E quanto maior a

toxidade, maior a sua adsorção.

O percentual de remoção, apresentado na Tabela 4 e figura 32 indicam o

quanto de zinco foi removido pela biomassa de cada alface-d’água cultivada,

tendo como referência a contaminação inicial total da solução e pode-se notar

que a capacidade de remoção de zinco da solução pela planta foi potencializada

pelo aumento da toxicidade na solução contaminada, em todas as concentrações

avaliadas.

Ao analisar a planta como um todo e avaliando os metais mercúrio, selênio

e zinco observou-se que o aumento das doses de toxicidade majorou o

percentual de remoção dos metais pela planta, tanto na raiz como nas partes

aéreas.

Evidenciou-se que a identificação de alguns íons na planta macrófita,

assim como suas dosagens em mg/L para uma quantidade de massa em peso de

0,5 gramas de biomassa, nos resultados dos exames laboratoriais de cada parte

da macrófita, obteve-se resultados diferentes para cada tipo de metal.

Apreciou-se que a Alface-d’água possui potencial para reduzir os níveis de

zinco, selênio, cobre e mercúrio presentes em soluções contaminadas,

absorvendo-os e armazenando-os em seus tecidos.

Entretanto, para utilização da macrófita Alface d’ água na remediação de

corpos hídricos é necessário avaliar a sua eficiência na remoção desse elemento

pela biomassa da planta a fim de conhecer seu real potencial com maior

toxicidade.

Os demais íons de metais arsênio, cádmio, cromo, chumbo, níquel foram

detectados em quantidades pequenas e abaixo do valor de 0,010 mg/L ou ainda

abaixo da taxa de referência de acordo com os parâmetros do método utilizado

(Methods for the examinations of water and wastewater APHA-AWWA-WEF)

fornecidos pelo laboratório Microlab.

Ao checar os dados obtidos verificou-se que a presença de zinco e cobre

nas folhas em quantidade satisfatória é relevante, pois ambos participam do

crescimento saudável da planta e tiveram sua bioacumulação registrada nos 51

dias de exposição ao meio tóxico.

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A toxicidade do metal e sua absorção e adsorção está diretamente

relacionada à dose e tempo de exposição de acordo com o grau de toxicidade em

metais essenciais ou potencialmente tóxicos. Embora íons como o cobre, zinco e

selênio sejam micronutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento

de plantas em baixos níveis e pode ser um potente inibidor da fotossíntese

quando em excesso, o que pode justificar a mudança de coloração e perda de

vitalidade apresentadas (ROSA, et al. 2012).

Verificou-se que o nível de bioacumulação dos metais analisados

aumentou em função do grau de contaminação e do tempo de exposição

(OLIVEIRA, 2012).

A eficiência de remoção do metal pelas macrófitas é maior para maiores

concentrações do metal MALIK (2007).

As macrófitas têm diferentes afinidades por metais. Esta atuação difere de

uma espécie para outra. A Pistia stratiotes ou alface d’água tem demonstrado boa

biorremediação por metais cromo, zinco, selênio e mercúrio (DUCIÉ; POLLE,

2005).

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5. CONCLUSÃO

Tornou-se possível apurar o desempenho das macrófitas e sua atividade

fisiológica ao fitorremediar metais de alta toxicidade realizando a bioacumulação.

As diferentes proporções de toxicidade nas unidades 1, 2, 3 dos tanques

do experimento resultaram na menor ou maior capacidade da atividade fisiológica

da planta onde se observou que em meio com maior toxicidade houve mais

bioacumulação em especial com relação aos metais mercúrio e zinco.

Aferiu-se, portanto, que a Alface-d’água ou Pistia stratiotes possui potencial

para reduzir os níveis desses metais presentes em soluções contaminadas.

Novos estudos podem ser aprofundados na utilização da macrófita Pistia

stratiotes na remediação de corpos hídricos contaminados e talvez seja

necessário avaliar a sua eficácia em proporção de toxicidade mais elevada para

medir seu potencial em fitorremediar.

Considerou-se ser interessante a contribuição deste projeto e seu uso em

lagoas de lixiviado em aterros sanitários do Amazonas.

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6. REFERÊNCIAS

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7. ANEXOS

TANQUE UNIDADE 1 - RESULTADO LABORATORIAL

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TANQUE UNIDADE 2 - RESULTADO LABORATORIAL

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TANQUE UNIDADE 3 - RESULTADO LABORATORIAL

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TANQUE UNIDADE BRANCO - RESULTADO LABORATORIAL