CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM...

98
CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM BIOLOGIA MELISSA DOS SANTOS VIDAL PESTANA SANEAMENTO: UM INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE DO ENTORNO DA LAGOA DO VIGÁRIO CAMPOS DOS GOYTACAZES 2015/1

Transcript of CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM...

Page 1: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

1

CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM BIOLOGIA

MELISSA DOS SANTOS VIDAL PESTANA

SANEAMENTO: UM INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE

DO ENTORNO DA LAGOA DO VIGÁRIO

CAMPOS DOS GOYTACAZES

2015/1

Page 2: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

2

MELISSA DOS SANTOS VIDAL PESTANA

SANEAMENTO: UM INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA NA COMUNIDADE DO

ENTORNO DA LAGOA DO VIGÁRIO

Monografia apresentado ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,

campus Campos-Centro, como requisito parcial

para conclusão do Curso de Ciências da Natureza -

Licenciatura em Biologia.

Orientador: Dr. Rodrigo Maciel Lima

CAMPOS DOS GOYTACAZES

2015/1

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

oca

ndo

um

a

boa

cita

ção

no

doc

um

ent

o

ou

utili

ze

est

e

esp

aço

par

a

enf

atiz

ar

um

pon

to

cha

ve.

Par

a

col

oca

r

est

a

caix

a

de

text

o

nou

Page 3: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

3

Ao meu amado esposo Anderson Fernandes, pelo

amor, carinho e companheirismo, que tornou os

obstáculos mais fáceis de serem superados.

Aos meus prezados pais, Milene Colaço e

Mauricio André, que me criaram e me ensinaram

a lutar pelo que almejo.

Às minhas irmãs Monique Vidal e Muryellen

Vidal, por fazerem parte de minha vida.

Page 4: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo. Mesmo nos momentos mais difíceis, sempre me deu muita força,

foco, calma e coragem para continuar, sem desanimar e realizar todos os meus sonhos e

objetivos.

Ao meu amado esposo, Anderson Fernandes, por todo apoio, compreensão e

incentivo, não só no que diz respeito ao curso e a este trabalho, mas em todos os momentos de

minha vida.

À minha queria amiga Jéssica Rosalino, por ter me ajudado a chegar até aqui. Não

imagino como seria sem você!

Ao meu querido orientador, o Professor Rodrigo Maciel, pela confiança e amizade.

Aos meus professores, pelas aulas, pelos trabalhos de campo, pelos seminários, pelas

práticas de laboratório e, ainda, pela compreensão, companhia e amizade. Aprendi muito com

vocês!

Aos Professores Salomão Brandi, Sergiane Kellen, Maria Amelia, Renata Lacerda e

Ingrid Ribeiro pela contribuição necessária para a construção deste trabalho.

Ao CNPq que abriu portas para que eu pudesse realizar um bom trabalho de iniciação

científica.

Ao IF Fluminense por me acolher e dar suporte para uma boa formação acadêmica.

A todos, por contribuírem com um pouco mais em minha formação, não somente

como profissional, mas como pessoa.

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

oca

ndo

um

a

boa

cita

ção

no

doc

um

ent

o

ou

utili

ze

est

e

esp

aço

par

a

enf

atiz

ar

um

pon

to

cha

ve.

Par

a

col

oca

r

est

a

caix

a

de

text

o

nou

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

oca

Page 5: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

5

Saneamento básico significa higiene e limpeza.

Vilma Maria Cavinatto

Page 6: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

6

RESUMO

O saneamento básico consiste em um conjunto de serviços envolvendo água, esgoto e

resíduos sólidos, necessários a manutenção da saúde, qualidade de vida e ambiental. A

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Campos dos Goytacazes, apresenta

precariedade nesses serviços. Os dejetos são despejados diretamente na lagoa, onde acúmulos

de resíduos são oriundos da população. O presente trabalho tem o objetivo de estudar a

relação dos serviços básicos com a qualidade de vida dos moradores. Durante as visitas in

locus observou-se ruas sem pavimentos, sem rede de esgoto e sem coleta municipal.

Avaliações da qualidade das águas da lagoa foram realizadas em 5 pontos e os resultados

mostraram que a população só pode ter contato secundário com a água da lagoa. Foram

entrevistados 65 moradores e 45 alunos de uma escola local com o auxílio de um

questionário. Entre os dados, 35% dos moradores e 2% dos alunos despejam o esgoto da

residência diretamente na lagoa, mesmo sabendo que os moradores da comunidade utilizam-

na para pesca (5% dos moradores e 2% dos alunos), não se importando com os danos que esta

atitude pode trazer à saúde. Uma ação educacional foi desenvolvida com os alunos do Ensino

Médio sobre os problemas ocasionados pela precariedade do saneamento. Foi ministrada uma

palestra sobre a importância do saneamento básico e, posteriormente, foi solicitado aos alunos

que desenhassem a percepção deles sobre a comunidade. Uma aula de campo foi realizada e

nesta os alunos se mostraram interessados em apontar lugares afetados pela falta de

saneamento. Novamente foi pedido um desenho, que demostrou mudanças na percepção dos

alunos em relação a comunidade e os serviços de saneamento. Essa intervenção mostra que a

educação pode atuar como agente transformador. Contudo, é de suma importância a aplicação

de projetos de Educação Ambiental para sensibilização e mudanças de hábitos sanitários da

população, orientando-os na busca por melhor qualidade de vida.

Palavras chave: Saneamento básico. Qualidade vida. Saúde. Educação ambiental. Lagoa do

Vigário.

Page 7: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

7

ABSTRACT

The basic sanitation is a set of services involving water, sewage and solid waste, necessary to

maintain the health, quality of life and environment. The community surrounding the Lagoa

do Vigário, in Campos dos Goytacazes, presents precarious on these services. The waste is

dumped directly into the lagoon, where garbage accumulations come from the population.

This work aims to study the relationship of basic services to the quality of life of residents.

During visits in locus observed streets without pavements, no sewage system and the

municipal programs of selective collection. Evaluations of the quality of the pond water were

performed in 5 points and the results showed that the population can only have secondary

contact with the pond water. 65 residents and 45 students from a local school were

interviewed with the aid of a questionnaire. Among the data, 35% of residents and 2% of

students pour the residence of sewage directly into the pond, even though the community

residents use it for fishing (5% of the residents and 2% of students), not caring the damage

that this attitude can bring to health. An educational action was developed with high school

students about the problems caused by poor sanitation. A lecture on the importance of

sanitation was given and later was asked students to draw their perception about the

community. A field class was held and these students were interested in pointing out places

affected by poor sanitation. Again they were asked for a design that demonstrated changes in

the perception of the students regarding the community and sanitation services. This

intervention shows that education can act as a transforming agent. However, it is of

paramount importance to implementation of environmental education projects to raise

awareness and health habits of population changes, guiding them in the search for better

quality of life.

Key words: Sanitation. Quality of life. Health. Environmental education. Lagoa do Vigário.

Page 8: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem situando as duas partes da Lagoa do Vigário atualmente, Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ………….………………………………………………...

Figura 2 - Condições críticas das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ, devido falta de calçamento e urbanização

descontrolada……………………………………………………..................................

Figura 3 - Descaso das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos

dos Goytacazes, RJ, devido ao esgoto a céu aberto…………...………………………..

Figura 4 – Presença de resíduos sólidos proveniente das residências na orla da Lagoa

do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, local que não apresenta mata

ciliar, por conta de aterros e construções desordenadas…………………….…………..

Figura 5 – Presença de animais na orla Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ, que convivem com os moradores ribeirinhos…………………………

Figura 6 – Despejo de esgoto doméstico sem tratamento na Lagoa do Vigário, em

Guarus, campos dos Goytacazes, RJ..………………………………………………….

Figura 7 – Moradores pescando na Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ…………………………………………………………………………

Figura 8 – Pescador utilizando rede de arrasto na Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ..…………………………………………………………..

Figura 9 – Palestra ministrado aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira

localizado próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ, sobre saneamento básico qualidade ambiental e

qualidade vida……………..……………………………………………………………

Figura 10 – Os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira desenhando a

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ……………...…………………………………………………………………………

Figura 11 – Aula de campo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em

Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, apresentação dos locais com deficiência no

sistema de saneamento básico...…………………………………………………………

25

33

34

35

36

37

38

39

75

76

78

Page 9: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

9

Figura 12 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….

Figura 13 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….

Figura 14 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….

Figura 15 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….

Figura 16 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ……………………………………….

79

80

81

81

82

Page 10: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Variação média do potencial hidrogeniônico dos 5 pontos de coleta de

água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…...……………..

Gráfico 2 – Variação média de turbidez (NTU) dos 5 pontos de coleta de água da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…...………………………

Gráfico 3 – Variação média da condutividade elétrica (μS cm-1) dos 5 pontos de coleta

de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...…….….

Gráfico 4 – Variação da concentração média de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) dos

5 pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ……………....………………………………………………………………………..

Gráfico 5 – Variação da concentração média de oxigênio dissolvidos (mg.L-1) dos 5

pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ……………………………………………………………………………………….

Gráfico 6 – Variação da temperatura (ºC) média dos 5 pontos de coleta de água da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………………..

Gráfico 7 – Variação da concentração média de cloro total dos 5 pontos de coleta de

água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………

Gráfico 8 – Fonte de abastecimento de água das residências dos moradores da Lagoa

do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………….………………………

Gráfico 9 – Tipo de tratamento realizado na água que consomem na residência dos

moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………...….

Gráfico 10 – Avaliação da água que consomem na residência feita pelos moradores da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…………………...………

Gráfico 11 – Tempo de realização da limpeza da caixa d’água do domicílio dos

moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……………

Gráfico 12 –Destino do esgoto produzido no domicílio dos moradores da Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……..………………………………

Gráfico 13 – Ocorrência de enchente na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário,

em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…………….…………………………………

Gráfico 14 – Ocorrência de diarreia, verminose, micose e/ou alergia na comunidade

do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ……………..………………………………………………………………………...

43

44

45

46

48

49

50

57

58

59

60

61

62

63

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

oca

ndo

um

a

boa

cita

ção

no

doc

um

ent

o

ou

utili

ze

est

e

esp

aço

par

a

enf

atiz

ar

um

pon

to

cha

ve.

Par

a

col

oca

r

est

a

caix

a

de

text

o

nou

tro

Page 11: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

11

Gráfico 15 – Doenças frequentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em

Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...……………………………………………

Gráfico 16 – Separação de lixo feita pelos moradores do entorno da Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….………………………………….

Gráfico 17 – Destino do lixo das residências dos moradores da comunidade do

entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…….…………

Gráfico 18 – Frequência da coleta municipal de lixo na comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….…………………..

Gráfico 19 – Opinião sobre o que pode ocorre quando o lixo é mal condicionado dos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ……………….…………………………………………………………

Gráfico 20 – Utilização da lagoa pelos moradores da comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ…….……………………..

Gráfico 21 – Observação sobre a presença de animais vetores de doenças pelos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ…….……………………………………………………………………

Gráfico 22 – O uso da lagoa pode trazer danos à saúde, opinião dos moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ………………………………………………………………………………………..

Gráfico 23 – O que poderia melhora na localidade na opinião dos moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes,

RJ.……………..………………………………………………………………………..

64

65

66

67

68

69

70

71

73

Page 12: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Adequação dos serviços aos domicílios – Brasil – 2010…………………...

Tabela 2 – Análise microbiológica de amostras de água dos 5 pontos de coleta na

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….……………………….

Tabela 3 – Quantidade de pessoas divididas pelo gênero e o grau de instrução dos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos alunos da escola

local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ….……………………………………..

Tabela 4 – Idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos

alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ………………………

Tabela 5 – Tempo de moradia na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em

Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……...……………………………………………

Tabela 6 – Renda familiar dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do

Vigário e dos alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ……….

19

50

53

54

55

56

[Atr

aia

a

ate

nçã

o

do

seu

leit

or

col

oca

ndo

um

a

boa

cita

ção

no

doc

um

ent

o

ou

utili

ze

est

e

esp

aço

par

a

enf

atiz

ar

um

pon

to

cha

ve.

Par

a

col

oca

r

est

a

caix

a

Page 13: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

13

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..…………………………………………………………………

LISTA DE GRÁFICOS...………………………………………………………………

LISTA DE TABELAS...………………………………………………………………..

1 INTRODUÇÃO...…………………………………………………………………….

1.2 relação do saneamento básico com a qualidade de vida…………………………...

2 OBJETIVOS………………………………………………………………………….

2.1 Objetivo Geral………………………………………………………………………

2.3 Objetivos Específicos……………………………………………………………….

3 METODOLOGIA…………………………………………………………………….

3.1 Área de estudo…………..…………………………………………………………..

3.2 Pesquisa de campo………..………………………………………………………...

3.3 Análise de água………………….….………………………………………………

3.4 Ação educacional…………….….…………………………………………………

3.4.1 Aula de campo...………………………………………………………………….

4 RESULTADOS E DISCURSÕES….………………………………………………...

4. 1 Registro fotográfico…………………………………………………...…………...

4.2 Análise de água da Lagoa do Vigário…..…………………………………………..

4.3 Questionário aplicado aos moradores e aos alunos…...…………….……...……….

4.4 Ação educacional…..........………………………………………………………….

5 CONCLUSÃO.……………………………………………………………………….

REFERÊNCIAS..……………………………………………………………………….

APÊNDICES..…………………………………………………………………………..

APÊNDICE A – Questionário para os moradores…………………………………....

APÊNDICE B – Questionário para os alunos…..…......……………………………...

APÊNDICE C – Banner informativo…..…...………………………………………...

APÊNDICE D – Folder informativo….……....………………………………………

08

10

12

14

17

24

24

24

25

25

26

28

29

30

31

32

41

52

74

84

86

92

93

95

97

98

Page 14: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

14

1 INTRODUÇÃO

O saneamento básico consiste no conjunto de serviços de infraestrutura e instalações

referente ao abastecimento de água potável, ao esgotamento sanitário, à limpeza pública, ao

manejo de resíduos sólidos e à drenagem de água pluviais. Esses serviços visam à melhora da

qualidade de vida, das condições de meio ambiente e da saúde pública, ou seja, um conjunto

de medidas, que busca preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a

finalidade de prevenir doenças (BRASIL, 2007).

Segundo o Ministério da Saúde, grande parte dos problemas sanitários que afeta a

população mundial está relacionada com o ambiente. As condições inadequadas de

saneamento básico afetam o ambiente, contaminando-o, favorecendo a transmissão de

doenças para as pessoas. A deficiência do sistema de saneamento pode ser um fator causador

de diarreia, que representa mais de 4 bilhões de casos por ano no Brasil, além de outras

doenças como: cólera, dengue, esquistossomose, tracoma, febre tifoide e leptospirose

(BRASIL, 2002, p. 6).

O saneamento para promoção de saúde e bem-estar, tem que responder aos requisitos

de água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento, coleta regular de

resíduos com acondicionamento e destino final adequado, além de drenagem e coleta e

tratamento de esgoto sanitário, juntamente com melhorias sanitárias domiciliares. Assim, a

comunidade estaria protegida contra doenças infecciosas causadas por parasitas, vivendo de

forma mais segura (MELO, 2010, p. 7).

A construção de infraestrutura e instalações de saneamento básico para servir a

população com água potável, recolhimento de resíduos sólidos e esgotamento nunca

acompanhou o ritmo de crescimento das áreas urbanas. Em consequência, o quadro de meio

ambiente e de saúde pública no Brasil ainda apresenta sérios problemas (CAVINATTO, 2003,

p. 40).

No Brasil, identificar regiões que apresentam deficiência no sistema de saneamento e

são atingidos pelos problemas relacionados ao mesmo, não se caracteriza como uma tarefa

difícil (MELO, 2010, p. 18-19). No município de Campos dos Goytacazes, pode-se encontrar

diversos bairros e distritos que apresentam situação precária nesses serviços, exibindo

disposição inadequada de resíduos sólidos no ambiente, despejo irregular de esgoto e

abastecimento de água inadequado. Essas condições deixam a população vulnerável a

doenças, sejam estas de transmissão hídrica ou por outros meios de poluição, o que traz

Page 15: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

15

consequências graves em termos de saúde pública, diminuindo a qualidade de vida dos

indivíduos que vivenciam esses descasos.

Segundo Soffiati, a Lagoa do Vigário foi amputada pela cidade que se desenvolveu ao

seu redor. Uma lagoa que seria bela se não fosse as agressões que se fixaram a partir do

crescimento populacional em suas margens. Hoje as margens são ocupadas por pessoas ricas e

pobres, além de matadouros que despejam seus dejetos e esgotos in natura nas suas águas.

Tudo isso aumenta a gravidade de impacto ambiental, porque a lagoa é subalimentada pelos

efluentes lançados e águas de origem pluvial, e nenhum rio renova suas águas (SOFFIATI,

2013, p. 29).

As áreas de lagoas são de extrema importância social para a população local, uma vez

que delas provem parte dos alimentos que consomem, como por exemplo, peixes e mariscos,

essenciais para a subsistência, já que são utilizados também como fonte de renda (SOUZA,

2009, p. 18).

A Lagoa do Vigário, apesar de tudo, apresenta existência de peixes e uma boa lâmina

d’água, o que é admirável, pelos constantes impactos que sofre. Por causa do indício de vida

na lagoa, está ainda é utilizada para pesca por alguns moradores e por moradores de bairros

próximos. Certamente, a atividade de pesca na lagoa é para suplementar a renda da população

mais pobre, não na forma econômica voltada para o comércio (SOFFIATI, 2011, p. 29).

Souza ressalta que, áreas de ocupação irregular geralmente apresentam deficiências nos

sistemas de saneamento básico, que afetam diretamente a população, que fica vulnerável a

doenças como giardíase, verminose, escabiose, pediculose, dengue, entre outras. Em áreas de

lagoas que apresentam essa problemática, os períodos chuvosos são os mais precários, pois há

o aumento no volume de água, provocando alagamentos que servem de criadouros para

vetores transmissores de doenças (SOUZA, 2009, p. 18).

O saneamento básico no Brasil é caracterizado por grande desigualdade em seu acesso.

A disponibilidade do saneamento interfere na qualidade de vida da população, envolvendo

principalmente a saúde. Entretanto, os investimentos em serviços de saneamento devem

priorizar aspectos sociais, ambientais e econômicos, com a intenção de promover

desenvolvimento sustentável, preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos

(LEONETI et al., 2011, p. 340).

Em todo o Brasil, a maioria das pessoas desconhece seus direitos, como cidadão, de

acesso ao saneamento básico, tratamento e distribuição de água. Estes são preconizados pela

Lei nọ 11.445, que dá ênfase ao apoio à sociedade para participação e exercício democrático

do controle social e busca de melhor qualidade de vida (BRASIL, 2007).

Page 16: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

16

Em lugares de necessidade de implementação de uma ação educacional ambiental para

reflexões de melhoria na qualidade vida, há a necessidade de compreender a dimensão da

problemática ambiental, para repercuti-la em ações no âmbito da educação ambiental no local.

A percepção de que a humanidade deve aumentar a capacidade de regular e controlar as

atividades de benefícios humanos, em respeito aos limites impostos pela natureza, evitando

impactos ambientais, leva o professor a tarefa de indagar que ações devem ser implementadas

no âmbito escolar, principalmente, aproximando as questões de impactos ambientais e sua

influência na qualidade de vida nos campos disciplinares (PELEGRINI; VLACH, 2011, p.

194).

As discussões sobre a problemática ambiental raramente alcançam o plano de ensino

escolar, persistindo a distância entre debate acadêmicos acerca da problemática ambiental e

educação ambiental na formação básica. A implementação da educação ambiental nas escolas,

possui extrema influência nas atitudes como cidadãos e no exercício democrático. Partindo

desse princípio, a educação ambiental, talvez seja um dos mais complexos desafios para os

professores de todos os níveis de ensino. Pode-se dizer, que o tema da conservação ambiental,

não é apenas um desafio didático-pedagógico, como muitos educadores vem tratando, mas

também um problema de carácter econômico, político, social e ideológico (PELEGRINI;

VLACH, 2011, p. 188).

Com todas as dificuldades que se encontram para desenvolver um trabalho de

educação ambiental nas escolas, que possui extrema importância na formação de cidadãos

críticos e conscientes, o Censo Escolar de 2001, o primeiro a incluir uma questão sobre

educação ambiental, constatou que 61,2% de todas as escolas brasileiras declararam trabalhar

com esta temática, e, mais tarde, no ano de 2004, este percentual saltou para 94%. Sendo

assim, as ações educacionais na área ambiental de sensibilização e conservação vem

aumentando a cada ano no âmbito escolar, mas ainda continua em extrema deficiência na sua

implementação e execução (VEIGA; AMORIM; BLANCO, 2006, apud REIS et al., 2013, p.

360).

O município de Campos dos Goytacazes, possui muitos distritos e bairros com

deficiência nos serviços sanitários, os quais poderiam ter sido escolhidos para realização da

presente pesquisa. No entanto, alguns fatores contribuíram para a escolha da região do

entorno da Lagoa do Vigário, como as constantes críticas em relação à falta de saneamento

básico nesta localidade e a insalubridade do sistema lagunar, que fica em meio à área urbana,

abordados nos meios de comunicação. Devido esse corpo aquático ficar no centro de uma

região urbana populosa, houve a possibilidade de estudar a relação entre a habitação da

Page 17: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

17

população e esse recurso hídrico insalubre, que tem afetado a qualidade de vida dos

moradores da região. Há necessidade de um trabalho de sensibilização das pessoas, para que

possam buscar seus direitos, já que o saneamento básico é um direito de todos, para que se

previna doenças veiculadas por falta de higiene sanitária. Outro ponto, não menos relevante, é

o fácil acesso a comunidade do entorno da lagoa.

O Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira localizado situado no Calabouço, Guarus,

município de Campos dos Goytacazes, foi escolhido entre outros, por estar localizado

próximo da Lagoa do Vigário e ter como público alvo alunos moradores do bairro do entorno

da mesma.

Logo, presente trabalho tem por finalidade discutir a relação dos serviços de

saneamento básico com a qualidade de vida dos moradores da Lagoa do Vigário. Será

possível identificar os principais problemas de saneamento básico na comunidade e fazer um

levantamento de dados sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população

quanto aos serviços públicos de saneamento, importantes para o desenvolvimento de um

trabalho educacional em uma escola da região com o intuito de sensibilizar os alunos acerca

da importância do saneamento básico.

1.2 Relação entre o saneamento básico com a qualidade de vida

Os problemas causados ao meio ambiente pelas ações do homem estão a cada dia se

intensificando. No começo da história, não havia grandes impactos ao meio, pois o homem

só retirava da natureza o necessário para a sua sobrevivência. Todavia, após a Revolução

Industrial, houve intensos investimentos nas técnicas de produção, incentivando a

exploração dos recursos naturais e a produção de bens de consumo (ORTIGOZA;

CORTEZ, 2009, p. 92). Desde a Revolução Industrial a relação do homem com a natureza

vem se tornando cada vez mais predatória, e o resultado disso, é o crescimento na geração

de resíduos resultantes das atividades humanas. A partir desse momento, houve mudanças

negativas na qualidade ambiental e na qualidade de vida da população, pois todos os

materiais residuais precisam ser coletados, armazenado e destinado de forma adequada para

manter o ambiente saudável e assim promover qualidade de vida para as pessoas.

A geração crescente dos resíduos sólidos e efluentes resultantes das atividades

humanas constitui um grave problema socioambiental e de saúde pública (JACOBI et al.,

2006, p. 02). A carência de medidas adequadas para a disposição final do resíduo sólido e

Page 18: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

18

esgoto sanitário compromete a saúde de grande parte da população. A questão influência

diretamente na qualidade de vida da população, pois, diversos problemas de saúde podem

ser originados pela disposição inadequada desses resíduos no ambiente e despejo irregular

de esgoto.

Segundo a Lei nº 11.445/07, as condições inadequadas de saneamento podem causar

problemas à saúde da população, ocasionando em transmissão de doenças, como giardíase,

amebíase, verminoses, entre outras. Assim, o sistema de saneamento básico está

fundamentado em proporcionar melhor qualidade de vida à população, pois reduz à

incidência de doenças e a degradação do meio ambiente (BRASIL, 2014). Esse termo

define um conjunto de procedimentos adotados pelo governo com o objetivo de

proporcionar uma situação higiênica e saudável para sua população urbana e rural, das

quais inclui: disposição de resíduo, drenagem urbana, abastecimento de água e sistema de

captação de efluente (BRASIL, 2014 p. 12).

Melo afirma, que investimentos e medidas em saneamento básico são necessários

para manter a saúde humana, pois este é de suma importância na prevenção de doenças e

para o bem estar humano. O saneamento básico intervém diretamente na qualidade de vida

das pessoas, pois está vinculado às ações cotidianas que promove um ambiente salubre e

funcional. A população humana necessita de serviços de saneamento adequados, pois a

deficiência desses serviços é desfavorável a qualidade de vida e a saúde das pessoas, além

promover impactos negativos ao ambiente (MELO, 2010, p. 18).

O Censo Demográfico 2010 qualifica os aglomerados subnormais, que são recortes

territoriais que apresentam populações residentes e números de domicílios ocupados em

favelas, vilas, invasões, etc., entre outras características, por seu tamanho, localização,

acessibilidade, densidade de ocupação, características dos domicílios, incluindo os serviços

básicos, como abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de resíduos sólidos.

Os serviços que compreende o saneamento básico entram na qualificação como essenciais

para a qualidade de vida da população, fornecendo informações fundamentais para

caracterização do aglomerado subnormais. Assim, para cada serviço básico optou-se por

selecionar aqueles considerados como adequados e criar uma proporção de adequação. Mas

a caracterização, leva em conta apenas a existência do serviço e não sua qualidade, não

considerando, por exemplo, avaliação referente ao tratamento de esgoto, à frequência da

coleta de lixo, à frequência da água que chega ao domicílio. A tabela 1, mostra os critérios

adotados para classificação, como adequados e inadequados (IBGE, 2010, p. 46).

Page 19: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

19

Tabela 1 – Adequação dos serviços aos domicílios – Brasil - 2010

Tipos de serviços Adequados Inadequados

Forma de

abastecimento de água

Rede geral de

distribuição

Poço ou nascente na propriedade; poço

ou nascente fora da propriedade;

carropipa; água da chuva armazenada

em cisterna; água da chuva armazenada

de outra forma; rios, açudes, lagos e

igarapés; outra forma.

Tipo de esgotamento

sanitário

Rede geral de esgoto ou

pluvial; fossa séptica.

Fossa rudimentar; vala; rio, lago ou mar;

outro; sem banheiro, sanitário ou buraco

Destino do lixo

Coleta diretamente por

serviço de limpeza;

coletado em caçamba

de serviço de limpeza.

Queimado; enterrado; jogado em terreno

baldio ou logradouro; jogado em rio,

lago ou mar; tem outro destino.

Fonte: IBGE, Censo demográfico 2010.

O saneamento no Brasil não é uma realidade para todos, segundo a Pesquisa

Nacional de Saneamento Básico - PNSB do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE (2010, p. 47) somente 44% da população brasileira possui acesso à rede de

esgotamento sanitário e apenas 29,4% é tratado, quanto à água tratada somente 78,6% tem

acesso. Para Leoneti, et al. (2011, p. 340), o acesso ao saneamento básico no país é

caracterizado por grande desigualdade, como comprova a pesquisa do IBGE, na qual

identificaram que 71,8% dos municípios não possuíam uma política municipal de

saneamento básico no ano de 2011.

Mello afirma que, a precariedade ou a falta dos serviços referentes ao saneamento

básico causa uma série de prejuízos à saúde humana, pois existe a vulnerabilidade à

transmissão doenças. Países em desenvolvimento apresentam diversos surtos epidêmicos de

doenças provenientes da precariedade no saneamento. Dentre as essas doenças estão as de

veiculação hídrica, como febre tifoide, cólera, salmonelose, shigelose e outras

gastroenterites, poliomelites, hepatite A, verminose, amebíase e giárdiase, por exemplo

(FREITAS et al., 2001, p. 652 apud MELLO, 2010, p. 56).

As regiões que possuem um sistema deficiente de saneamento básico apresentam

maior vulnerabilidade à transmissão de doenças, seja pela transmissão hídrica ou por outros

meios, o que traz consequências graves em termos de saúde pública (LUDWIG et al., 1999,

p. 554 apud NETO; SANTOS; ALMEIDA, 2009, p. 72).

Page 20: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

20

Para Cavinatto, a água é considerada um veículo transmissor de doenças. As

doenças veiculadas hidricamente para os seres humanos, podem ser transmitidas de várias

formas distintas, como ingestão de água ou alimento contaminado, contato da pele com

micro-organismos patogênicos presentes na água e picadas de insetos, que necessitam de

água para se proliferar (CAVINATTO, 2003, p. 18).

Cavinatto também cita que, o lixo costuma atrair uma grande variedade de vetores,

como insetos e roedores, facilitando a proliferação de micro-organismos patogênicos onde

esses animais costumam frequentar. A autora relata que, “uma pesquisa realizada em São

Paulo, em 1991, revelou que existiam na cidade quatro ratos para cada habitante, o que

significava 70 milhões de roedores vivendo nessa área urbana” (CAVINATO, 2003, p. 25).

Segundo a pesquisa de Melo et al., a rigorosidade da qualidade de água é de

extrema importância. Deve levar em conta a origem da água para consumo humano, pois

mesmo na forma de chuva, a água pode conter impurezas, já que carreia estas do ar e

substâncias do solo ao cair, podendo apresentar partículas finas, microrganismos

patogênicos, substâncias químicas provenientes de ações antropogênicas, etc., tornando-a

imprópria para o consumo. Logo, existe o controle da qualidade de água para esse tipo de

uso, formado por um conjunto de atividades destinadas a verificar a potabilidade da água

fornecida à população, sendo exercido por profissionais responsáveis pela integridade do

sistema (FUNASA, 2006, p. 41-42 apud MELO, 2011, p. 104).

Segundo Santana, Luvizotto e Frayne Cuba, a falta de um planejamento de

instalação de um sistema de saneamento básico, pode apresentar risco de impacto às águas

subterrâneas, ao solo e consequentemente à saúde humana, influenciando diretamente na

qualidade de vida (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 3).

Em estudo desenvolvido na cidade de Assis, São Paulo, na década de 90, que

correlacionou às condições de saneamento básico com a frequência de parasitoses. Foram

encontrados alguns parasitas nos exames de fezes realizados: Giardia intestinalis, Ascaris

lumbricoides e Trichuris trichiura, na população de comunidade com ausência de

saneamento básico (LUDWIG et al.,1999, p. 552-553).

Um estudo mais recente, realizado em Guarulhos (SP), foi constatado que em áreas

com habitações e saneamento precários o risco de ocorrência de diarreia em crianças é 15

vezes maior, do que em aquelas que vivem em condições adequadas (PAZ et al., 2012, p.

195-196).

Segundo Cavinatto, pessoas podem ser portadoras de parasitas, mas não

Page 21: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

21

desenvolvem sintomas relacionados a estes. Sem saber, esses indivíduos eliminam os

micro-organismos no ambiente, causando infestações em novos indivíduos (CAVINATO,

2003, p. 15).

Os autores Santana, Luvizotto e Cuba salientam que, a melhora da qualidade de vida

de um indivíduo, encontra-se intrinsecamente relacionada com a qualidade do saneamento e

dos recursos naturais, não só em áreas urbanas, mas também nas áreas rurais, pois todas as

pessoas têm direito ao saneamento básico e a uma boa qualidade de vida (SANTANA;

LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 9).

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano em 1972, em

Estocolmo, na Suécia, estabeleceu o Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA),

sendo esta a primeira organização a apoiar a proteção e a conservação dos recursos naturais,

resultando na Declaração do Meio Ambiente, conhecida como Declaração de Estocolmo. A

partir da organização do programa ambiental se estabeleceu a necessidade de divulgar à

população mundial os impactos ocasionados pelo crescimento industrial e pela degradação

do meio ambiente, que afetam a qualidade de vida (BUSTOS, 2003, p. 16 apud MELLO,

2010, p. 63-64).

Em 1992, na Conferência do Rio de Janeiro, foi destacado a formulação da Agenda

21, que em sua constituição também trata da promoção da educação, com um plano de ação

na área do desenvolvimento sustentável. Nesta conferência Rio-92, foi indicado uma

necessidade de conscientização ambiental, pois o analfabetismo ambiental representa uma

considerável ameaça a qualidade de vida do planeta, dito como cruel e letal (BUSTOS,

2003, p. 24; FUNASA, 2006, p. 29 apud MELLO, 2010, p. 64-65).

A deficiência nos sistemas de saneamento básico e a falta de consciência da

população, promovem contaminações nos recursos naturais, deixando a população

vulnerável a diversas doenças que poderiam ser prevenidas. Contudo, fica claro a ligação

que o meio ambiente tem com a qualidade de vida das pessoas, visto que, a deficiência ou

inexistência do saneamento prejudica a qualidade ambiental que está diretamente

relacionada com a qualidade de vida.

Santana, Luvizotto e Cuba, afirmam que existem diferentes significados para

qualidade de vida, mas não se pode ter qualidade de vida sem ter saúde, e para a

manutenção da saúde de uma comunidade é indispensável o acesso a condições mínimas ao

saneamento. O saneamento básico é um sistema resguardado da qualidade de vida e a falta

deste na atualidade é um problema grave enfrentado pelo Brasil (SANTANA;

Page 22: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

22

LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 12).

Ações educacionais voltadas para questões ambientais/sanitárias, atuam para

modificar realidades de localidades consideradas inadequadas em relação aos serviços

básicos. A educação ambiental interfere nos hábitos sanitários e nas ações governamentais

positivamente, pois, a partir desta a comunidade acarreta melhoria no saneamento e também

redução nos custos hospitalares. Consequentemente, a comunidade que passa por um

trabalho de educacional dessa virtude apresentará melhor qualidade de vida para os

residentes, sempre buscando medidas capazes de melhorar o quadro sanitário.

Não se deve esquecer que, bons serviços de saneamento básico não atingem a todos,

existem localidades sem nenhuma oferta desses serviços, impactando de forma negativa a

qualidade de vida e sobrevida das pessoas e principalmente de crianças, já que há grande

probabilidade de adquirir doenças. Sem dúvida os serviços que compreendem o saneamento

básico como, abastecimento de água, tratamento de esgoto, coleta de lixo, etc, são

essenciais para manter a saúde e a qualidade de vida para todo ser humano.

O município de Campos dos Goytacazes, localizado na região Norte do Estado do

Rio de Janeiro, possui uma vasta extensão territorial e apresenta localidades que não

possuem distribuição de água encanada pela rede de abastecimento, e nem coleta de

efluente, sendo precária a questão de saneamento básico (CORDEIRO, 2008).

Deste modo, é importante o papel de diagnosticar a falta ou deficiência do

saneamento básico em determinadas regiões, pois, a partir dos resultados, ações poderão ser

planejadas e executadas com o intuito de minimizar a problemática em questão (MACIEL

et al., 2013).

De acordo com Augusto et al. (2012, p. 3), vigilância em saúde ambiental poderia

ser uns lócus privilegiado para esse repensar a crise crônica da água e do saneamento

ambiental de modo geral, desde que se constitua em uma estratégia para um processo de

mudanças, com ampla mobilização social, com apoio institucional e mediante políticas

integradas.

Cuidar do meio ambiente é obrigação de todos os cidadãos e a escola é um local

favorável ao processo holístico na educação ambiental. Sabendo que as escolas são grandes

geradoras efluentes, é importante se trabalhar no sentido de envolver alunos e professores

para que a situação do saneamento básico seja modificada, desenvolvendo novos hábitos

nos cidadãos desta comunidade e melhores condições de vida, para promover qualidade de

vida.

Page 23: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

23

Deste modo, é de suma importância a sensibilização da população a respeito das

questões ambientais, que tem se agravado devido ao dano causado ao meio ambiente.

Preservar o ambiente com bons hábitos sanitários, devolve a população a tão desejada

qualidade de vida.

A partir de toda discussão, o segundo capítulo apresentará os objetivos do projeto,

mostrando o objetivo geral e objetivos específicos. O terceiro capítulo explica como se deu

a pesquisa, sendo este o capítulo Metodologia. Entre os tópicos apresentados no capítulo

estão: Métodos e procedimento; Aspecto ético da pesquisa; O tipo, local e população de

estudo; Critérios de exclusão; Coleta de dados. No primeiro tópico, foi descrito o Métodos e

procedimento, que mostram o passo a passo da pesquisa. O segundo tópico o Aspecto ético

da pesquisa, está exposto algumas regras que foram seguidas durante a execução do

trabalho. Coleta de dados, mostra como foi feita a coleta de dados diretamente na

comunidade e na escola.

No capítulo quarto, com o título Resultados e discussão, como o nome mesmo diz,

refere-se a um texto escrito a base dos resultados obtidos durante a execução do projeto. O

texto faz uma discussão dos principais temas e resultados coletados no trabalho. Nele

comenta-se as imagens fotografadas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, as

análises de águas realizadas na lagoa, a aplicação do questionário aos moradores e aos

alunos de uma escola local, além da ação educacional feita na escola que se encontra

próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário.

Page 24: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

24

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Relacionar as condições dos serviços de saneamento com a qualidade de vida dos

moradores do entorno da Lagoa do Vigário.

2.2 Objetivos Específicos

Identificar os principais problemas de saneamento básico na Lagoa do Vigário.

Levantar dados sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população

quanto aos serviços públicos de saneamento.

Desenvolver um trabalho educacional em uma escola da região com o intuito de

sensibilizar os alunos acerca da importância do saneamento básico.

Page 25: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

25

3 METODOLOGIA

3.1 Área de estudo

A Lagoa do Vigário é um pequeno sistema lagunar, situado no distrito de Guarus no

município de Campos dos Goytacazes. Esta ligava-se ao Rio Paraíba do Sul por um canal

natural, que hoje não existe mais, por causa de aterros, construções domiciliares e rodovias

(SOFFIATI, 2013, p. 29). Uns dos poucos corpos hídricos restantes na cidade de Campos dos

Goytacazes, a lagoa situa-se à margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, na área central da

zona urbana de Guarus, com extensão de 0,3 km² (FEEMA, 1993, apud MARCHETTI et al.,

2011, p. 45). Atualmente a lagoa encontra-se dividida em duas partes por conta de um aterro

iniciado em 1973 pelo poder executivo municipal (Figura 1), com a intenção de facilitar o

acesso dos moradores ao centro da cidade, sendo então construída a Avenida Tancredo Neves

em Guarus (MARCHETTI, 2011, p. 45; SILVEIRA, 2010, p. 84).

Fonte: Google Earth.

Figura 1 – Imagem situando as duas partes da Lagoa do Vigário atualmente, Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ

Page 26: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

26

3.2 Pesquisa de campo

O estudo foi realizado durante os períodos semestrais entre 2014/2 e 2015/1, e se

constituiu de um método qualiquantitativo de pesquisa.

A primeira etapa da pesquisa, iniciou-se com visitas in locus a comunidade do entorno

da Lagoa do Vigário, para conhecimento do local, dos moradores e dos serviços de

saneamento básico oferecidos. A Lagoa do Vigário possui extensão de 0,3 Km² (LANNES,

2002, p. 9 apud MARCHETTI, 2011, p. 45). De acordo com Maciel, cada região possui sua

realidade e rotina, o que leva a necessidade de um levantamento de dados preliminar da

localidade que se aplicará a pesquisa, de modo que possibilite uma contextualização para o

desenvolvimento de atividades adequada a cada área de estudo (MACIEL et al., 2013).

Juntamente as visitas ao local foi feito o registro fotográfico para fins de

documentação, na identificação de locais com ausência ou deficiência nos sistemas de

saneamento básico, sendo esta uma abordagem metodológica qualitativa. Demo afirma em

seu trabalho, que o pesquisador precisa adquirir uma percepção crítica ao ambiente da

pesquisa, sendo mais atento aos detalhes, para ser capaz de fazer uma análise minuciosa e

aprofundada, podendo contestar e interferir nos dados (DEMO, 2006, p. 51).

Após o conhecimento da realidade da comunidade, foi confeccionado um questionário

inicial, que serviu como um pré-teste. Este foi composto por 21 perguntas, abertas e fechadas,

sobre o perfil socioeconômico, as condições de saneamento básico, a utilização do recurso

hídrico e a saúde. Esse instrumento metodológico foi escolhido, pelo fato de possibilitar

alcançar respostas de forma rápida, com o objetivo de conseguir respostas libres nas perguntas

abertas e respostas mais precisas nas perguntas fechadas (CERVO; BERVIAN, 1996). O pré-

teste foi utilizado em entrevistas com 15 moradores da localidade, a fim de ambientar o

pesquisador com o instrumento escolhido e obter uma pequena amostragem inicial, para

garantir a adaptação do questionário às principais carências dos moradores. Com este

instrumento, foi possível fazer uma análise das perguntas, avaliando a pertinência dos termos

empregados e verificando se as perguntas concordavam com o objetivo estabelecido nesta

pesquisa. A partir desse contato inicial poder-se realizar algumas modificações para inseri-lo

no contexto do local. Após a reformulação de algumas perguntas, o questionário passou pela

avaliação de um pedagogo do Instituto Federal Fluminense Campus Campos-centro para

últimas adaptações.

Page 27: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

27

A aplicação do questionário (APÊNDICE A) se deu na comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário em cinco pontos estratégicos. Estes pontos são referentes as vilas que

apresentam em sua rua precariedade nos sistemas de saneamento básico e são uns dos poucos

lugares que dão acesso livre a lagoa. Foram entrevistados 60 moradores da localidade, com o

auxílio do questionário, compostos por 21 perguntas, abertas e fechadas, para levantar dados

sanitários, do manejo de resíduos sólidos e da percepção da população quanto aos serviços

públicos de saneamento. O número de questionários aplicados foi estabelecido a partir do

número de residências que possuem contato direto a lagoa nos locais de acesso da comunidade a

mesma, levando ainda em conta a área ao longo do seu perímetro. O questionário destinado aos

moradores do entorno da Lagoa do Vigário foi aplicado a um morador de cada residência, e cada

pessoa foi entrevistada individualmente. Os moradores foram abordados aleatoriamente e a

participação de todos os envolvidos na pesquisa foi voluntária. Os mesmos poderiam recusar

a sua participação na pesquisa, sendo-lhes assegurado que nenhuma retaliação adviria sobre

os mesmos. Assim, foi garantido, a cada indivíduo, o sigilo das informações obtidas,

enfatizando-se o anonimato dos questionários aplicados. O critério para moradores do entorno

da lagoa participarem deste estudo, foi a obrigatoriedade de terem no mínimo 18 anos de

idade. As entrevistas foram realizadas entre os meses de janeiro a maio de 2015. De acordo com

Cervo e Bervian, a forma mais comum de coleta de dados é o questionário, pois possibilita

alcançar com melhor exatidão o objetivo da pesquisa (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 138).

O método de aplicação de questionário e dados referentes às amostras de água da

lagoa foram instrumentos quantitativos, por se tratarem de parâmetros referenciados e bem

estruturados. Nessa etapa foi enfatizado a coleta de dados estatísticos para permitir a

verificação de ocorrência, ou não, das consequências dos impactos na qualidade de vida dos

moradores da comunidade por falta de saneamento básico. Para haver a partir desse momento

aceitação, mesmo está sendo provisória ou não, das hipóteses do presente trabalho, com o

apoio da Estatística adotada na pesquisa (POPPER, 1972 apud DALFOVO et al., 2008, p. 07).

A presente pesquisa possui uma abordagem metodológica qualitativa na utilização de

instrumentos como o registro fotográfico e a análise quantitativa na aplicação dos

questionários e nas análises de água. Segundo autores como Moreira, da área de metodologia

científica, é recomendada a combinação de métodos, destacando o quantitativo e o qualitativo,

sendo este a triangulação, dentre essas combinações, uma vez que a combinação desses

métodos proporciona uma base contextualizada mais rica para interpretar e validar os

resultados (MOREIRA, 2002).

Page 28: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

28

3.3 Análise de água

A terceira etapa consistiu na realização de análises das águas da Lagoa do Vigário,

para obter o conhecimento da qualidade da água. Optou-se, por realizar análises de algumas

amostras de águas, em 5 pontos estratégicos, locais onde os moradores possuem maior

contato com a lagoa, para verificar se estão de acordo com os parâmetros de potabilidade

aceitável, segundo a legislação da CONAMA 357/2005. Foram realizadas análises dos

parâmetros que representam características físico-químicas e microbiológicas, os resultados

obtidos foram comparados com as resoluções citadas pelo Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), nº 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos

corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. As amostras das águas

foram destinadas para o LabFoz, Laboratório de qualidade das águas da Foz do Rio Paraíba

do Sul, pertencente a UPEA, Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental, campus Rio

Paraíba do Sul – IF Fluminense, com auxílio de técnicos e servidores. As análises foram

realizadas em triplicatas e os parâmetros físico-químicos analisados foram pH, Turbidez,

Condutividade Elétrica, Sólidos Totais Dissolvidos, Oxigênio Dissolvido, Temperatura e

Cloro total. Para análise microbiológica foi utilizado o método de número mais provável

(NMP/100mL) de coliformes totais e coliformes termotolerantes. As coletas foram realizadas

no dia 31 de março de 2015, período referente a estação de seca.

As amostras de água para análise microbiológica foram coletadas em frascos estéreis

de 100mL de volume e acondicionados em caixa térmica. As análises foram realizadas em

triplicatas. A técnica utilizada para análise microbiológica foi de caráter qualitativo, utilizado

o método de número mais provável (NMP/100mL) de coliformes totais e coliformes

termotolerantes. Para estimar se há ausência ou presença de coliformes totais e

termotolerantes foi utilizado o método enzima substrato, na qual a amostra foi cultivada em

meio de cultivo Colilert. Este foi colocado no frasco com 100mL de amostra e agitado até

completa diluição dos grânulos do reagente. Em seguida a solução foi incubada a 35ºC por

24horas. As amostras consideradas positivas para coliformes totais foram, posteriormente,

avaliadas com luz ultra-violeta para verificar a presença ou ausência de coliformes

termotolerantes, caso a amostra apresentasse fluorescência este resultado indicaria presença

do microrganismo. A análise microbiológica foi realizada concomitante as análises físico

químicas, no entanto, os resultados só foram obtidos 24 horas depois, de acordo com a

metodologia (STANDARD METHODS, 1999; ROMPRÉ et al., 2002; SILVA et al., 2007

Page 29: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

29

apud MONDINI et al., 2012, p. 4). Todo procedimento foi feito com auxílio dos técnicos do

LABFOZ da UPEA campus Rio Paraíba do Sul – IF Fluminense.

3.4 Ação educacional

Na quarta etapa desta pesquisa, foi elaborado o questionário para ser aplicado aos

alunos do Ensino Médio do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira (APÊNDICE B), localizado

na rua Avenida Senador José Carlos Pereira Pinto, número 500, no bairro Calabouço, do

subdistrito Guarus, da Cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro,

próximo à Lagoa do Vigário. Este se baseou no questionário aplicado aos moradores do

entorno da lagoa, passando por um novo processo de avaliação de pré-teste e de avaliação de

um pedagogo. Nele foi abordado a renda familiar, questões sobre abastecimento de água,

esgotamento, acondicionamento e disposição de resíduos sólidos, limpeza pública, doenças e

drenagem urbana, além da utilização da lagoa pelos alunos. O presente questionário serviu

para coleta de dados e também para avaliar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema

“Saneamento básico e qualidade de vida”. Somente os alunos regularmente matriculados no

Ensino Médio poderiam participar da pesquisa e as respostas do questionário precisariam ser

coerentes, não estando fora do contexto, caso isso acontecesse, os alunos estariam cientes que

seus dados iriam ser excluídos da pesquisa. Esse método foi escolhido para essa etapa da

pesquisa, pois segundo Cervo e Brian, o questionário é um método comum com de fácil

aplicação, o que permite resposta rápidas e precisas, possibilitando alcançar o objetivo da

pesquisa (CERVO; BERVIAN, 1996, p. 138).

A quarta etapa, envolveu a ação educacional ambiental com os alunos do Ensino

Médio do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira. Primeiro, foi realizado no Ciep uma palestra

com os alunos do Ensino Médio, a fim de discutir temas como Saneamento básico, qualidade

ambiental e qualidade de vida. Após a explicação teórica, a pesquisadora visitou as salas de

aula das turmas que participaram da palestra levando folhas A4 branca e lápis de colorir, e

pediu aos alunos que desenhassem o bairro onde se encontra a lagoa. Batista em seu trabalho

apontou a importância e a necessidade de desenvolver novos projetos de pesquisas utilizando

desenhos em sala de aula de ciências, por ser uma linguagem não-verbal, que possibilita

investigar os conhecimentos prévios dos alunos (BATISTA, 2009).

Page 30: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

30

O estudo no ambiente escolar foi realizado mediante um contato prévio com a direção

da escola selecionada, a fim de solicitar a autorização e o consentimento para a participação

dos estudantes na pesquisa, bem como os objetos de estudo e sua operacionalização.

3.4.1 Aula de campo

Em outro momento, os alunos participantes da pesquisa foram levados em um ônibus

disponibilizado pelo Instituto Federal Fluminense campus Campos Centro para uma aula de

campo, passando pelos 5 pontos de acesso a orla da lagoa, onde anteriormente foram feitas as

análises de águas pela pesquisadora. A aula de campo teve como objetivo mostrar aos alunos

os locais que evidenciam a falta de saneamento básico. A partir das observações dos alunos na

área de pesquisa, estes foram induzidos a participar de debates envolvendo a situação atual da

comunidade e a relação desse com a qualidade ambiental e a qualidade de vida dos

moradores, com intuito de gerar grandes discursões sobre o tema Saneamento básico. Para

Pelegrini e Vlach, o professor tem papel fundamental na promoção de debates de diversos

temas em sala de aula, seja no âmbito de questões ambientais, natureza política, geopolítica,

social e ideológica. Assim, pode-se dizer que o professor é o mediador na formação crítica e

consciente do aluno, o que nos leva a pensar que se precisa estabelecer uma abordagem mais

ampla das questões ambientais (PELEGRINI; VLACH, 2011, p. 195).

Posterior a aula de campo, a pesquisadora novamente visita as salas de aula das turmas

participante e pede aos alunos que desenhem novamente o bairro onde se encontra a Lagoa do

Vigário, para comparação dos desenhos. No final da pesquisa, um banner com o tema

Saneamento Básico (APÊNDICE C) foi entregue a escola para ser pendurado no corredor ou

mural e folders informativo foram entregues aos alunos da escola (APÊNDICE D).

Page 31: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas visitas in locus na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, foi possível

diagnosticar problemas socioambientais. Nas visitas observou-se o abandono por parte do

poder público, que se tornou evidente devido a falta de infraestrutura e de serviços básicos. O

descaso das políticas públicas, os maus hábitos higiênicos e a falta de informações dos

moradores agravam a situação de insalubridade da lagoa. A deficiência nos sistemas de

saneamento básico e a falta consciência da população reflete em impactos sobre a qualidade

ambiental que está diretamente relacionada a qualidade de vida dos moradores.

Durante as visitas Lagoa do Vigário pode-se presenciar a dificuldade no acesso a orla, por

conta de construções que invadem as suas margens, provenientes de aterros, casas populares,

muros e cercas, fruto de uma ocupação desenfreada, por motivos de ganância ou ordem social,

que acarretou em uma série de problemas ambientais e sociais, tais como acúmulo de lixo,

despejo de águas da rede pluvial e esgoto, animais vetores de doenças, inundações em

períodos chuvosos, poluição e eutrofização (SOFFIATI, 2011, p. 38).

Em conversas com os moradores no local da pesquisa, foi visto que a população ribeirinha

de baixa renda paga o preço em residir as margens da lagoa, por conviver com animais que

podem trazer riscos à saúde, atraídos pelo ambiente favorável a sua sobrevivência na lagoa,

como ratos, caramujos, cobras, entre outros. Um morador de 40 anos, que reside no local a

cerca de seis anos afirmou que já viu alguns animais habitando a lagoa em locais que a

população possui contato com a mesma. Foi perguntado em um diálogo gravado se o morador

já tinha visto animais na orla da lagoa, sua resposta foi, “Já. Gambá, jacaré e lontra. Aí tem,

ratos, poucos, mas também tem. Cobra também”. A lagoa com os dejetos presentes, abriga

microrganismos patogênicos e animais vetores de doenças, o que expõe a população ao risco

de contaminação através dos mesmos. Nem sempre, os moradores têm acesso ao

conhecimento necessário para enfrentar uma situação como esta. Não há

conscientização/sensibilização, com informações relevantes sobre os perigos que a poluição

pode trazer a saúde, e como se pode reverter essa situação. Azeredo et al. comentam que, “o

lixo é um problema básico de saneamento, sua disposição final a céu aberto é um fator de

degradação ambiental e de proliferação de vetores de doenças, cabendo ao município

organizar e disciplinar os serviços de coleta e disposição final de resíduos” (AZEREDO et al.,

2007, p. 750).

Ao questionar um morador sobre as atividades de lazer, como banho, pesca e navegação,

realizadas no local e se ele acredita que esses tipos de atividades podem trazer danos à saúde,

Page 32: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

32

foi respondido, “Olha, eu acredito que não, porque eu vejo tantas criança tomando banho aí e

o pessoal pescando aí. Eu acredito que não”. A falta de consciência dos moradores dos

perigos à saúde encontrados com a insalubridade da lagoa, é preocupante, o que fica evidente

ao analisar a resposta de uma senhora em visita a comunidade. Os moradores se expõem aos

efluentes domésticos e aos resíduos sólidos despejados, já que utilizam este para diversas

atividades, ficando expostos a vários patógenos. De acordo com Giatti et al., as doenças

parasitárias intestinais retratam o grave problema de saúde pública em países em

desenvolvimento. É comprovado que a precariedade nos sistemas de saneamento básico e a

consequente degradação ambiental está diretamente relacionado ao problema de saúde das

populações (GIATTI et al., 2004, p. 572).

Durante conversas com os moradores, foi perguntado qual o destino do esgoto produzido

em sua residência. As respostas da maioria dos moradores que participavam do diálogo

gravado foram semelhantes. “O esgoto? A gente é... todo mundo joga aí na lagoa né.”,

respondeu uma senhora de 60 anos, moradora do local há 20 anos. A maior parte dos

entrevistados tem consciência de que os esgotos das residências são lançados diretamente na

lagoa, mesmo porque este encontra-se bem evidente para quem observa a orla. Para Giatti et

al., a mais importante medida para prevenir risco à saúde pública, são conclusões de obras dos

serviços destinados ao afastamento, tratamento e disposição dos esgotos (GIATTI et al., 2004,

p. 576).

4. 1 Registro fotográfico

As margens e o leito da Lagoa do vigário foram aterrados e invadidos por construções

de residências, muros e cercas, que impedem o acesso público à sua orla (Figura 4). Junto à

ocupação, instalou-se o despejo de esgoto in natura na lagoa (Figura 6), ocasionando poluição

e eutrofização (excesso de nutrientes na lagoa, por conta de dejetos orgânicos, que

desencadeiam uma proliferação exagerada de plantas aquáticas), além da galeria de águas

pluviais que desembocam na mesma. O sistema lagunar tornou-se, pois, um foco de

insalubridade. A população ribeirinha de baixa renda é quem sofre com essa situação precária,

pois convive com vetores transmissores de doenças e outros animais (Figura 5), sem contar

com os riscos de inundações em dias de chuva intensa. Mesmo com o grau de poluição

presente, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina d’água, que permite navegação de

pequenas embarcações, como mostra a Figura 4. Com isso, os moradores se relacionam

Page 33: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

33

diretamente com a mesma utilizando-a para pesca (Figura 8), banho e passeio de barco, ainda

que ficando expostos a diversos patógenos (SOFFIATI, 2003, p. 34).

Nas visitas a comunidade ao redor da lagoa, pode-se observar a situação precária que os

moradores vivenciam. Na maioria das ruas que dá acesso a orla da Lagoa do Vigário, nas

chamadas vilas, não existe nenhum tipo de calçamento, sendo, portanto de terra batida, como

mostra a Figura 2. Em dias chuvosos, as ruas se transformam em um grande lamaçal, sem

contar os riscos da água da lagoa invadir as ruas e as casa dos moradores, principalmente em

época de enchente, como já aconteceu. A precariedade da rua é tão grande que nessas vilas

sem pavimentação não passa caminhão de coleta municipal de lixo, por conta da largura da

rua, que não permite manobras de carros de grande porte. Para os moradores descartarem seus

resíduos, precisam leva-lo até a rua que passa caminhão de coleta seletiva mais próxima, que

requer uma caminhada mais longa para os moradores que moram mais próximos da lagoa.

Muitos que moram próximo da lagoa são pessoas mais humilde com pouca instrução e

acabam jogando os seus resíduos diretamente na lagoa, o que piora ainda mais a situação de

poluição da Lagoa do Vigário, consequentemente a situação da comunidade/população.

Fonte: elaboração própria.

Figura 2 – Condições críticas das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ, devido falta de calçamento e urbanização descontrolada

Page 34: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

34

Melo comenta em sua pesquisa que, a pavimentação das ruas favorece o escoamento

de águas de chuva, facilita na limpeza pública, melhora as condições para o tráfego de

veículos, descomplica a locomoção das pessoas, além de melhorar a estética paisagística do

espaço urbano, promovendo uma melhora na qualidade de vida dos residentes (MICHELON,

2004, p. 140 apud MELO, 2010, p. 84).

As ruas das vilas na comunidade da Lagoa do Vigário que possuem calçamento,

apresentam péssimo estado de conservação, com presença de esgoto a céu aberto e

desnivelamentos (Figura 3). Em dias de chuva forte a água acumula em vários pontos e se

mistura com o esgoto que escorrem pela rua, o que ocasiona mau cheiro e vira criadouro de

microrganismo causadores de doenças. O esgoto acumulado nas ruas dificulta a locomoção

dos moradores e de veículos automotivos, além de deixar os mesmos vulneráveis a diversos

patógenos.

Fonte: elaboração própria.

Figura 3 – Descaso das ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ, devido ao esgoto a céu aberto

Esgotos laçados em fossas rudimentares, no solo ou na rua e diretamente em córrego

ou rio, refletem na poluição de recursos hídricos (GIATTI et al., 2004, p. 575). Segundo Giatti

Page 35: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

35

et al., um estudo realizado no município de Assis, Estado de São Paulo, mostra que o

saneamento básico está diretamente correlacionado com a prevalência de parasitoses

intestinais nas populações. Verificou-se nas localidades estudadas, índices de ligação de água

e de esgoto por população, levando em conta, por localidade, uma relação direta de exames de

fezes que comprovam a infecção da população para enteroparasitose (Ludwig; Alves-Filho;

Ribeiro-Paes, 1999 apud GIATTI et al., 2004, p. 575).

Identificou-se acúmulo de resíduos sólidos próximos as áreas habitadas e desabitadas

da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, que em época de chuva acabam se dirigindo

para própria lagoa. Em sua maioria, os resíduos sólidos são advindos dos próprios moradores

(Figuras 4).

Fonte: elaboração própria.

Figura 4 – Presença de resíduos sólidos proveniente das residências na orla da Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, local que não apresenta mata ciliar,

por conta de aterros e construções desordenadas

Segundo Cavinatto, quando o lixo é jogado sem qualquer cuidado, pode provocar

poluição do solo e das águas, atraindo animais e vetores de doenças, o que resulta em graves

problemas sociais” (CAVINATTO, 2003, p. 25).

Page 36: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

36

Nas visitas a comunidade, foi possível visualizar a presença de animais em locais que

os moradores possuem contato com a mesma. A Figura 5 mostra uma cobra presa a uma rede

de pesca, já que a lagoa é visitada por pescadores e moradores da região que pescam. Esta foi

morta por crianças que brincavam nas margens da lagoa, no momento do campo. Este registro

exibi a frequência de animais na orla da lagoa, que dividem o mesmo espaço com moradores.

Esta espécie de cobra não presenta perigo a saúde dos moradores, mas outros animais que

podem trazer riscos a saúde dos moradores também podem habitar e transitar a orla da lagoa,

e junto com os animais podem estar organismos patogênicos, transmissores de doenças. A

população ribeirinha, que não possui muita consciência destes perigos, convive com diversas

situações de risco.

Fonte: elaboração própria.

Figura 5 – Presença de animais na orla Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ, que convivem com os moradores ribeirinhos

Além do problema com o acúmulo de resíduos sólidos, que atraem animais e vetores de

doenças, a comunidade do entorno da lagoa enfrenta dificuldades com relação a deposição

final do esgoto doméstico. As ruas que dão acesso a Lagoa do Vigário não possuem sistemas

de coleta de esgoto, assim a maioria das residências que ocupa a orla da lagoa despeja o seu

esgoto diretamente na mesma, apenas alguns domicílios utilizam fossas para o destino de seus

Page 37: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

37

dejetos. Nas visitas a localidade pôde-se verificar que muitas dessas fossas encontravam-se

em estado precário de conservação e ainda houve flagrantes de esgoto correndo a céu aberto

pelas ruas por causa de transbordamento de fossas, como mostra a Figura 3. A figura 6

apresenta o esgoto das residências de uma das ruas da comunidade sendo despejado

diretamente na lagoa, em lugar onde moradores e pescadores possuem contado com a mesma.

Neste local é possível presenciar crianças brincado de bola e soltando pipa em visitas a

comunidade, pois tratam essa situação com naturalidade, já que convivem com essa realidade

diariamente.

Fonte: elaboração própria.

Figura 6 – Despejo de esgoto doméstico sem tratamento na Lagoa do Vigário, em

Guarus, campos dos Goytacazes, RJ

Apesar de tudo, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina d’água, que permite a

navegação de pequenas embarcações. Com isso, os moradores e pessoas de outras regiões se

relacionam diretamente com a lagoa utilizando-a para recreação, como passeios, pesca, entre

outras atividades. Na figura 7, é possível presenciar uma família pescando na beira da lagoa,

em um local que eles não possuem conhecimento se está contaminado ou não. O local

apresenta odor desagradável, e pela grande quantidade de plantas aquáticas há lançamento de

esgoto domésticos nas águas, o que facilitou sua proliferação. Não existe mata ciliar, já que

Page 38: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

38

essa foi degradada pelos aterros e construções e resíduos sólidos nas margens. No colo de

uma moradora sentada na beira da lagoa, pode-se observar um bebê de menos de um ano de

idade, que desde novo já possui contato com a lagoa, que possui um quadro de poluição.

Fonte: elaboração própria.

Figura 7 – Moradores pescando na Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ

Na Figura 8, é possível observar um pescador usando rede de arrasto e pequena

embarcação, que comprovam a rotina da prática de pesca na Lagoa do vigário. Neste ponto

encontra-se uma lâmina d’água sem proliferação de plantas aquática, que permite navegação.

Neste ponto existe uma tubulação lançando efluentes das residências locais diretamente na

lagoa, a mesma tubulação mostrada na Figura 6. O pescador está em contato direto com a

água, com as pernas mergulhada na lagoa até a altura do joelho, onde o contato com

microrganismos patogênicos é íntimo. O contato humano com a lagoa só pode ser o mínimo

possível, principalmente para evitar ingestão de água, com diz a resolução da Conama 357/05

para Água Doce de Classe 3 (BRASIL, 2005). A lagoa que com seu potencial de abrigar vida,

poderia estar servindo para pesca e atividades físicas livremente, atualmente expõem as

pessoas que possuem contato a elementos patogênicos, influenciando na saúde e na qualidade

de vida destes.

Page 39: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

39

Fonte: elaboração própria.

Figura 8 – Pescador utilizando rede de arrasto na Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ

Por conta das agressões a lagoa se tornou um foco de insalubridade. Os moradores das

residências mais próximas de baixa renda é quem mais sofre com esta situação (SOFFIATI,

2011, p. 38). Para Soffiati, ”Malgrado tudo, a lagoa ainda apresenta vida e uma boa lâmina

d’água, que permite a navegação de pequenas embarcações” (SOFFIATI, 2011, p. 38). É de

grande admiração a Lagoa do Vigário ainda apresentar vida, resistindo a todo impacto que a

ocupação desordenada causou. Por existir peixes, esta é utilizada para pesca, aparentemente

não para comércio e sim para suplementar a renda das famílias mais pobres da região

(SOFFIATI, 2011, p. 29). Atualmente há a problemática da diminuição do uso da lagoa para

pesca e lazer, devido a perda da qualidade de água (LENNES, 2002 apud MARCHETTI,

2011, p. 48).

A Lagoa do Vigário apresenta um quadro de impacto ambiental através dos registros

de despejo de esgoto doméstico sem tratamento, acúmulo de resíduos nas suas margens,

aterros e construções desordenadas, proliferação de plantas aquáticas, canais de redes

pluviais, entre outros. Esta atual situação atrai animais e vetores de doenças, atingindo

proporções em termos de saúde pública. Por conta da lâmina d’água e da presença de peixes,

a lagoa chama atenção de pescadores e moradores, da região ou não, para atividades de pesca

Page 40: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

40

e lazer. A população que possui contato com a lagoa não tem consciência da qualidade da

água que esta apresenta e se expõem a diversos patógenos, por falta de informação, ou por

não ligarem em manter-se em contato com a água mesmo sabendo que esta pode estar

contaminada. Esse histórico de poluição da Lagoa do Vigário é reflexo de um precário

sistema de saneamento básico, que deve ser reestruturado, já que é um direito do cidadão ter

acesso aos serviços básicos. O corpo hídrico que deveria ser protegido por Lei, pois cabe ao

Estado proteger e cuidar da segurança dos corpos d’água que se situam inteiramente em seus

territórios, como explícita os Artigos 41 e 51, da Constituição Brasileira, e a Constituição do

Estado do Rio de Janeiro no Artigo 41, além do Decreto nº 2.300, de 8 de janeiro de 1979, do

Governo Estadual, que instituiu o Sistema de Proteção aos Rios e Lagos (SIPROL), está se

degradando por descaso das políticas públicas. Este que deveria servir como uma área de lazer

melhorando a qualidade de vida da população campista, apresenta riscos à saúde das mesmas,

por conta da insalubridade observável (SOFFIATI, 2011, p. 30).

Por meio dos registros fotográficos foi possível conhecer a atual situação vivida pelos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Obteve-se o conhecimento da

precariedade dos serviços de saneamento básico da região e os problemas causados pela falta

destes, que influenciam diretamente na qualidade ambiental e na qualidade de vida da

população.

Fora da comunidade que ocupa as margens da lagoa, contudo, vê-se a falta de

conhecimento por parte da maioria dos residentes da cidade quanto à localização, a forma e

até mesmo quanto à existência da Lagoa do Vigário. Já moradores da comunidade, ao mesmo

tempo que demonstram estarem conscientes dos problemas ecológicos e sanitários a ela

referentes, deixam transparecer a ideia de que eles se veem como parte do problema, mas não

da solução. Assim, observa-se que um trabalho de sensibilização desses moradores, para

buscar melhores condições sanitárias local é de suma importância, pelo menos enquanto os

mesmos ocuparem suas margens, já que existe uma proposta de remoção dessas famílias e de

recuperação da lagoa, por parte da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes

(SILVEIRA, 2010, p. 88).

Page 41: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

41

4.2 Análise de água da Lagoa do Vigário

O presente trabalho propôs realizar um estudo da avaliação da qualidade das águas da

Lagoa do Vigário, utilizando como indicador os parâmetros físico-químicos e

microbiológicos, comparando os resultados com as resoluções citadas pelo CONAMA n°.

357, para água doce. As análises foram realizadas em triplicatas e os parâmetros analisados

foram de determinação de Potencial Hidrogeniônico – pH, turbidez, condutividade elétrica

(C.E.), sólidos totais dissolvido (STD), oxigênio dissolvido (OD), temperatura, Cl2 total,

coliformes totais e coliformes termotolerantes.

Diante do quadro de insalubridade da Lagoa do Vigário devido a falta de saneamento

básico na localidade e o constante contato da população com a mesma, utilizando-a para

recreação e alimentação, surgiu a necessidade de realizar um estudo para avaliar a qualidade

de suas águas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a qualidade da água possui

extrema importância, pois esta é uma questão que constitui um dos principais assuntos de

saúde pública (OMS, 2013).

Foram coletadas amostras de água de 5 pontos da Lagoa do Vigário, escolhidos

estrategicamente para atender ao objetivo da pesquisa e obter dados fidedignos e tais pontos

foram definidos com auxílio de um GPS. O Ponto 1 (P1) localiza-se nas coordenadas

geográficas S21º44’36.7” W041º18’46.5”, este foi coletado às 09:30, na profundidade de

40cm. O Ponto 2 (P2), possui localização segundo ao GPS nas coordenadas S21º44’35.2”

W041º18’516”, sendo este coletado às 9:45, com profundidade de 10cm. O Ponto 3 (P3)

situa-se nas coordenadas S21º44’38.9” W041º18’51.6”, coletado às 09:56, com 15cm de

profundidade. A coleta do Ponto 4 (P4), foi nas Coordenadas S21º44’25.5” W041º19’04.1”,

às 10:11, na profundidade de 20cm. O último ponto, referente ao Ponto 5 (P5), localiza-se nas

coordenadas S21º44’40.8” W041º19’03.2”, no horário de 10:40, com 20cm de profundidade.

No momento da coleta das amostras de água da Lagoa do Vigário foi possível

observar algum eventos e características da água no local, onde no ponto 1 a água apresentou

um odor desagradável lembrando esgoto domiciliar. Nos pontos 3 e 4 foram vistos pescadores

com contato direto com a água da lagoa. No Ponto 3 o pescador usava um barco e uma rede

de arrasto, o que mostra a frequente atividade de pesca na lagoa. No Ponto 4 era um pescador

amador, que utilizava vara de bambu para pescar, neste local foi possível visualizar uma fina

camada de óleo na superfície da água. O Ponto 3 também foi possível observar uma grande

quantidade de resíduos sólidos as margens da lagoa e uma tubulação de esgoto das residências

da rua de acesso, despejando seus efluentes diretamente nas águas. Sendo que no Art. 16, da

Page 42: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

42

Seção II Das Águas Doces, da Resolução CONAMA 357/2005, referentes as águas doces, de

Classe I, Classe II e Classe III, as águas devem apresentar ausências de substâncias que

comuniquem gosto ou odor, ausência de resíduos sólidos objetáveis, ausência de materiais

flutuantes, inclusive espumas não naturais, ausência de óleos e graxas e não é permitida a

presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por

processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais. Águas doces que se

enquadram em Classe IV, precisam apresentar ausência de materiais flutuantes, inclusive

espumas não naturais, odor, óleos e graxas, são tolerados apenas aspecto de coloração de arco

íris (BRASIL, 2005, p. 6-13). A Lagoa do Vigário em alguns pontos se enquadra dentro da

classificação de Classe III, águas que podem ser destinadas ao abastecimento para consumo

humano, após tratamento convencional ou avançado, irrigação de cultura arbóreas,

cerealíferas e forrageiras, à pesca amadora, a recreação de contato secundário e a

dessedentação de animais. Mas em outros o enquadramento se aproxima da classificação de

Classe IV, onde só é permitido atividades de navegação e harmonia paisagística (BRASIL,

2005, p. 4).

Os resultados dos parâmetros físico-químico referente ao pH das amostras de água da

Lagoa do Vigário demostraram pouca variação do potencial hidrogeniônico, entre 7,15 a 7,4,

apresentando uma média de 7,28, como pode ser observado no Gráfico 1. A partir das análises

pode-se evidenciar uma tendência das águas apresentarem condições mais neutras a

levemente básicas, permitido pelo enquadramento da Resolução 357/2005 da CONAMA, para

Águas Doces, onde o padrão referente ao pH vária de 6 a 9, enquadrando-se em Classe I, II,

III e IV. Segundo Viana, “o potencial hidrogeniônico é um parâmetro fundamental para os

ambientes aquáticos, a interpretação do pH torna-se complexa devido ao grande número de

fatores que podem influenciá-lo” (VIANA, 2013, p. 146).

Page 43: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

43

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 1 – Variação média do potencial hidrogeniônico dos 5 pontos de coleta de água

da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

O valor máximo de turbidez indicado pela Resolução 357/05 da CONAMA é o de 100

NTU para Águas Doces de Classe II e Classe III. Os resultados dos valores da Lagoa do

Vigário estão abaixo. O maior valor para turbidez medido na lagoa foi o P3, com 8,6 NTU,

dentro dos padrões da resolução da CONAMA (Gráfico 2). A turbidez de acordo com Cunha,

“é um indicador da transparência física da água e não necessariamente um parâmetro de

potabilidade” (CUNHA et al., 2012, p. 157).

Mello em sua pesquisa (2010, p. 59), fala sobre a importância da água dentro dos

padrões de potabilidade, explicando que,

Na metade do século XIX, a relação entre a água contaminada e doenças foi sendo

descoberta, graças a pesquisadores como John Snow que, em 1855, conseguiu

provar que o surto de cólera que acometia a cidade de Londres estava relacionado

com a água de poços contaminados por esgotos, que eram distribuídas à população.

Já em 1880, Louis Pasteur demonstrou que microrganismos poderiam transmitir

doenças através da água. Nessa época, ficou provado que a turbidez da água não era

apenas uma preocupação estética, mas que o material particulado ali presente

poderia conter microrganismos patogênicos, além de matéria fecal (FREITAS et al.,

1995 apud MELLO, 2010, p. 59).

Page 44: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

44

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 2 – Variação média de turbidez (NTU) dos 5 pontos de coleta de água da Lagoa

do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

No Gráfico 3, pode-se observar que as medidas da condutividade registraram valores

entre 409 a 515,2 μs.cm-1. Araújo explica em sua pesquisa que, “a condutividade elétrica está

relacionada com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas carregadas

eletricamente. Quanto maior a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade

elétrica da água que pode variar também de acordo com a temperatura e o pH” (ARAÚJO et

al., 2011, p. 102). Sabendo que a condutividade elétrica está relacionada a íons presentes na

água e que esta pode variar por diferentes fatores como temperatura e pH, concorda-se quando

Paula afirma em seus estudos que,

Os maiores valores de condutividade estão relacionados aos ambientes aquáticos

mais impactados, enquanto os menores estão associados aos cursos de água que

drenam áreas em melhor estado de conservação. No entanto, a presença de chuva

pode carrear poluentes para os recursos hídricos, e, ao mesmo tempo, contribuir para

a dissolução da carga poluidora. Em virtude disso, as informações de condutividade

não se correlacionam exatamente com os resultados de sólidos e turbidez. Os

resultados de condutividade servem para complementar outros parâmetros, a fim de

se obterem maiores informações a respeito da carga poluidora nas águas (COELHO,

2008 apud PAULA et al., 2013, p. 92).

Em sua pesquisa Cunha diz que, os metais presentes na água podem ser ingeridos e

absorvidos pelo homem, causando sérios danos à saúde. Mas sua absorção pelo organismo

através do trato gastrointestinal pode ser prejudicada por alguns fatores, entre eles pelo pH da

água ingerida (CUNHA et al., 2010, p. 157).

Page 45: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

45

Santos et al. explica que, pode-se quando a alcalinidade é mais elevada, pois o pH é

mais alto, indicando a relação de tamponamento da alcalinidade que varia com o pH. Os

valores de pH encontrados no padrão de potabilidade, no intervalo entre 6 e 9,5, minimiza as

perspectivas de corrosão e incrustação na rede de água (LIBANIO, 2005 apud SANTOS,

2013, p. 25).

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 3 – Variação média da condutividade elétrica (μS cm-1) dos 5 pontos de coleta de

água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

De acordo com as análises, o menor valor para a concentração de sólidos totais

dissolvidos na água foi registrado no Ponto 4 (P4) e as médias mais elevadas corresponderam

aos três primeiros pontos P1, P2 e P3 (Gráfico 4). Segundo Paula et al. (2013, p. 92), o que

deve ter determinado esses valores para sólido totais na lagoa pode ser o aumento de materiais

que não são de origens do local, que auxilia também para o aumento de turbidez. Por conta da

presença de materiais alóctones na água, a condutividade elétrica também aumenta,

evidenciando a presença de cargas poluidores, que com os demais parâmetros auxiliam em

mais informações sobre essas cargas. Comparando o Gráfico 3, referente aos valores médios

de condutividade elétrica dos pontos de coleta, com o Gráfico 4, com os valores da

concentração média de sólidos totais dissolvidos, pode-se observar a semelhança no padrão

dos gráficos, mesmo os valores não estando diretamente correlacionados.

A capacidade de transmitir corrente elétrica na água se dá pela condutividade elétrica,

esta característica depende da presença do teor de sais dissolvidos, como Na+, K+, Ca2+, Mg2+,

Page 46: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

46

NH4+, Cl-, SO42-, NO3-, NO2-, HCO3-. Altos valores desses sais podem indicar concentração de

Sólidos Totais Dissolvidos (STD), que podem oferecer riscos a saúde humana, já que o

excesso torna a água desagradável ao paladar, corrói tubulações e acumula sais na corrente

sanguínea, ocasionando em cálculos renais (SANTOS; MOHR, 2013, p. 51).

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 4 – Variação da concentração média de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) dos 5

pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Houve variação nos resultados para oxigênio dissolvido nas análises de águas da

lagoa. O ponto P1, P3 e P4 estão dentro dos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do

Meio Ambiente (Conama), para Água Doce de Classe 1, o qual estabelece valor não inferior a

6 mg/L de O2, mas os valores estão bem próximos ao mínimo aceitável. O P2 apresentou valor

de 5,9 mg.L-1, valor abaixo do enquadramento para Classe I, mas enquadrado em Classe II,

que permite valores acima 5 mg/L de O2. O P5, foi o menor valor de oxigênio dissolvido

encontrado entre as amostras, apresentando 2,6 mg.L-1, valor abaixo do aceitável para Classe

3, que estabelece valor não inferior a 4 mg/L de O2, estes valores podem ser vistos no Gráfico

5 (BRASIL, 2005). Araújo explica que, “o oxigênio dissolvido (OD) é um indicador da

concentração de oxigênio dissolvido na água” (ARAÚJO et al., 2011, p. 102). O valor de

nível baixo de oxigênio dissolvido no Ponto 5 pode estar relacionado com processos de

decomposição de material orgânico, ocasionado pela visível eutrofização, já que a lagoa

recebe uma grande quantidade de efluentes domésticos neste ponto, fornecendo um excesso

de nutriente para água, provocando o aumento excessivo de algas e plantas aquáticas,

Page 47: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

47

consequentemente o aumento de decompositores e diminuição de oxigênio. Segundo Mello,

os níveis de oxigênio presente na água pode indicar o grau de poluição, pois bactérias

presente na matéria orgânica consome o oxigênio, resultando na diminuição desse elemento

dissolvido (MELLO, 2010, p. 61). Araújo diz que, “o oxigênio e um gás pouco solúvel em

água e a sua solubilidade depende da pressão (altitude), temperatura e sais dissolvidos”

(ARAÚJO et al., 2011, p.102).

O oxigênio na lagoa pode ser influenciado também pela quantidade de macrófitas

aquáticas presentes. Os estandes de macrófitas aquáticas podem alterar a composição física e

química da água, o que leva a modificação nos níveis de temperatura, turbulência, penetração

de luz, concentração e a distribuição de oxigênio e nutrientes. Essa questão mostra que as

macrófitas aquáticas são muito importantes na manutenção ou modificação da qualidade nos

lagos (MITSCH; GOSSELINK, 2000; SHEFFER, 2001 apud ESTEVES, 2006, p. 2).

A Lagoa do Vigário sempre apresentou inundações em períodos de chuva intensa,

assim como o Rio Paraíba do Sul, o que afeta diretamente a população local, principalmente a

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, que reside em toda sua orla (SOFFIATI, 2013,

p. 31). Essa alteração em períodos chuvosos e secos influencia na oxigenação da água,

mudando as características da lagoa severamente, levando em consideração o impacto quando

há a falta de oxigênio dissolvido na água (Chabbi et al., 2001 apud STEVES, 2006, p. 40).

Para permanecer vida na lagoa é necessário que a lagoa apresente níveis oxigênio dissolvido,

principalmente manter peixes, pois a lagoa é utilizada para pesca por moradores da

comunidade ao seu redor (Figura 8 e Figura 9). Lembrando, que a água da Lagoa do Vigário,

para anélise, foi coletada dia 31 de março de 2015, período de seca na região e de baixos

níveis de água no Rio Paraíba do Sul. Em sua pesquisa na Lagoa do Campelo Steves discute

que,

No período de seca, possivelmente ocorre o maior acúmulo de matéria orgânica não

degradada. Também neste período o sedimento deve apresentar maior aeração em

função da exposição à atmosfera. Nos períodos de inundação as trocas gasosas com

a atmosfera são bastante reduzidas em função da pequena difusão de oxigênio na

água, podendo tornar-se anóxica. A anoxia pode ser acelerada em função dos

processos de degradação aeróbica e anaeróbica da matéria orgânica (Chabbi et al.,

2001 apud STEVES, 2006, p. 40).

Page 48: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

48

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 5 – Variação da concentração média de oxigênio dissolvidos (mg.L-1) dos 5

pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Os valores médios para a temperatura da água nos 5 pontos de coleta variaram de 21,6

a 23,6 ºC, com os valores mais baixos em P2 e P3 e mais alto em P5 (Gráfico 5). A

temperatura pode interferir no ciclo de vida de bactérias e parasitas, além de influenciar com

auxílio da pressão na solubilidade do oxigênio, que é um gás pouco solúvel em água

(ARAÚJO et al., 2011, p. 102). Santos et al., em seu trabalho disse que as águas analisadas

estavam dentro da temperatura aceitável porque estavam abaixo de 40ºC, valor comparado ao

estipulado como aceitável pela Resolução CONAMA nº357/05 (SANTOS et al., 2013, p. 24).

Logo, a temperatura das águas em todos os pontos está dentro do indicado pela normatização.

Page 49: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

49

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 6 – Variação da temperatura (ºC) média dos 5 pontos de coleta de água da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

No Gráfico 6, pode-se observar que os níveis médios da concentração para cloro total

variaram pouco registrando valores entre 0,06 a 0,03 mg/L. Dentre estes os postos 4 e 5

apresentaram os mesmos valores 0,05mg/L. Esses valores são aceitáveis, pois se refere a um

recurso hídrico de fonte natural. Por esse motivo, a concentração não é alta e não varia muito,

se mantendo praticamente constante em todos os pontos analisados. A CONAMA não

estabelece nenhum enquadramento para Cloro Total para classificar recurso hídrico de águas

doce.

Page 50: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

50

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 7 – Variação da concentração média de cloro total dos 5 pontos de coleta de

água da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Dos 5 pontos de coleta de água da Lagoa do Vigário analisados (P1, P2, P3, P4 e P5)

todas apresentaram contaminação para coliformes totais e coliformes termotolerantes, apenas

o P5 não apresentou contaminação acima do aceitável conforme estabelece o enquadramento

da resolução da CONAMA, mas esse valor é elevado e quase alcança o valor limite (Tabela

2).

Tabela 2 – Análise microbiológica de amostras de água dos 5 pontos de coleta na Lagoa

do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Pontos de Coleta Coliformes Totais

(NMP/100mL)

Coliformes Termotolerantes

(NMP/100mL)

P1 >2419,6 >2419,6

P2 >2419,6 >2419,6

P3 >2419,6 >2419,6

P4 >2419,6 >2419,6

P5 >2419,6 920,8 Fonte: elaboração própria.

Os dados da análise de água da Lagoa do Vigário evidenciaram a presença de

coliformes termotolerante. Esse grupo de bactérias não causa doenças, visto que habitam o

intestino de mamíferos, inclusive do ser humano, considerado um indicador de contaminação

hídrica, exclusivamente por material fecal (ARAÚJO et al., 2011, p. 101). Sendo assim é

Page 51: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

51

necessário o tratamento convencional ou avançado da água para o consumo (SANTOS et al.

2013, p. 7).

De acordo com a Resolução do Conama 357/2005 para Águas Doce Classe 3, os

coliformes termotolerantes não deverão exceder um limite de 2.500 coliformes, número mais

provável (NMP) por 100mL, para uso de recreação de contato secundário. Para dessedentação

de animais criados confinados não deverá ser excedido o limite de 1.000 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros em 80%. Para os demais usos, não deverá ser excedido um

limite de 4000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% (BRASIL, 2005).

Segundo os resultados das análises de água dos pontos de coleta, a população pode ter

um contato secundário com a Lagoa do Vigário, o que se refere as atividades em que o

contato com a água não aconteça com frequência ou aconteça acidentalmente, e a

possibilidade de ingestão de água seja extremamente pequena, sento aceitável atividades de

pesca e de navegação, podendo ser esportiva, amadora ou profissional, para fins de lazer, de

atividade física, atividade comercial ou de subsistência. No entanto, para contato direto e

prolongado com a água, tais como natação, mergulho, esqui-aquático, na qual a possibilidade

do banhista de ingerir água é elevada, o resultado não deve exceder um limite de 1.000

coliformes termotolerantes por 100 mililitros de água (BRASIL, 2005). O único ponto de

coleta que não excedeu o limite de 1.000 coliformes termotolerante foi o P5 com 920,8

coliformes (Tabela 2). Deve-se lembrar que as coletas foram realizadas no período de final de

março de 2015, período em que se passava uma seca territorial.

Em seu trabalho Daniel et al. explica, que a água é um meio de transmissão de

doenças. As doenças de veiculação hídrica, propriamente ditas, podem ser adquiridas pela

ingestão de água que apresenta agentes patológicos, água contaminada pela higiene pessoal e

água que apresente vetores de ciclo de vida de ambiente aquático. A infecção, por meio de

águas contaminadas, pode variar de acordo com a virulência do patógeno, dose de infecção e

resistência imunológica do indivíduo. Dentre as principais doenças de veiculação hídrica

estão, as febres tifóides e paratifoides, disenteria basilar, disenteria amebiana, cólera,

giardíase, hepatite A e E, poliomielite, criptosporidiose e gastroenterite, além das verminoses

entre outras. Logo, é de suma importância fazer intervenções nos sistemas de abastecimento

de água e coleta de esgoto, proporcionando melhor qualidade dos recursos hídricos, para

testificar efeitos a longo prazo em termos de saúde pública (DANIEL et al., 2002, p. 1-8).

Page 52: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

52

4.3 Questionários aplicados aos moradores e aos alunos

A aplicação de questionário aos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do

Vigário, se deu na própria comunidade e na escola que tem como clientela crianças e

adolescente da localidade, para levantamentos de dados. Os questionários aplicados aos

moradores e aos alunos são equivalentes, nele foram abordados temas como renda familiar,

utilização da lagoa, água, esgoto, resíduos sólidos e drenagens pluviais. A diferença entre os

mesmos foram a reformulação necessária de alguns termos empregados, atendendo a

necessidade do público alvo, sendo estes avaliados por um pré-teste e um pedagogo. Os

questionários são compostos por 21 perguntas, abertas e fechadas (APÊNDICE A e B).

A seguir serão apresentados os resultados obtidos com as entrevistas aos moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ, que

aliado ao registro fotográfico e a análise de água da lagoa, possibilitou a preparação de uma

análise mais fidedigna da situação de saneamento básico que os moradores vivenciam.

Para realização deste trabalho foram entrevistadas um total de 60 moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário em suas residências e 45 alunos da escola local.

As primeiras perguntas do questionário são referentes ao perfil socioeconômico e grau de

escolaridade dos moradores, com intuito de formar um perfil característico da população

local. A caracterização socioeconômica da população, perfil econômico e escolar, são

importantes dados para relacionar com as condições de saneamento básico da região. Gomes

em sua pesquisa ressalta que, as necessidades e expectativas de um cidadão, são moduladas

pelo perfil territorial e ambiental do lugar onde vive, junto com as condições sociais

peculiares a cada grupo da população, como renda e escolaridade. Esse reconhecimento do

cidadão, leva-se a entender que o indivíduo apresenta carência de diversas ordens, sendo este

o primeiro passo para diversas ações (INOJOSA; KOMATSU, 1997 apud GOMES, 2009, p.

134).

Nas tabelas serão apresentadas as condições socioeconômico e educacional dos

entrevistados, propostas na primeira parte do questionário, para o reconhecimento do perfil

característico da população da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Os resultados das

respostas dos questionários foram divididos de acordo com o local de aplicação, já que estes

foram aplicados em lugares distintos. Os dados foram comparados a partir de análises.

Page 53: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

53

Tabela 3 – Quantidade de pessoas divididas pelo gênero e o grau de instrução dos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos alunos da escola local,

em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Moradores da comunidade Alunos da escola local

Sexo Masculino 37%

Sexo Masculino 37%

Feminino 63% Feminino 63%

Grau de

escolaridade

Analfabeto 8%

Turmas

1001 47%

Ensino Fundamental incompleto 35% 2001 27%

Ensino Fundamental completo 8% 3001 27%

Ensino Médio incompleto 13%

Ensino Médio completo 28%

Ensino Superior incompleto 5%

Ensino Superior completo 2% Fonte: elaboração própria.

A tabela acima mostra a quantidade de pessoas entrevistadas, estas estão divididas

pelo gênero e pelo grau de escolaridade das mesmas. Coincidentemente, o percentual da

quantidade de pessoas divididas pelo sexo foi igual entre os moradores e os alunos, com 37%

homens e 63% mulheres. Na questão sobre o grau de escolaridade, houve variação nas

respostas dos moradores da comunidade, com 8% analfabetos, 35% com Ensino Fundamental

incompleto, 8% com Ensino Fundamental completo, 13% com Ensino médio incompleto,

28% com Ensino Médio completo e apenas 2% com Ensino Superior completo. Pode-se

visualizar nos resultados que o grau de instrução dos moradores entrevistados na comunidade

é baixo e uma grande quantidade de moradores possuem o Ensino Fundamental incompleto.

O questionário aos alunos foi aplicado ao Ensino Médio, dentre estes, 47% refere-se ao

primeiro ano, 27% ao segundo ano e 27% ao terceiro ano (Tabela 3).

Almeida em sua pesquisa mostra que, em relação as outras comunidades que vivem as

margens de lagoas em Guarus, a população que reside ao entorno da lagoa do Vigário possui

níveis de escolaridade melhores ao ser comparada com as demais. Mesmo com o nível de

escolaridade melhor a comunidade ainda possui um grau de instrução baixo. Esse resultado

pode ser reflexo do acesso da comunidade com a região central da cidade, visto que o local

fica próximo, onde permite a residência de famílias com melhor poder aquisitivo (ALMEIDA,

2009, p. 49).

Page 54: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

54

Segundo Rezende, o grau de escolaridade de uma população está ligado diretamente

com a demanda dos serviços de saneamento básico oferecidos. A existência ou inexistência

do sistema de saneamento de uma região é um fator de escolha do local da residência. Pessoas

com baixo nível de escolaridade acaba sofrendo com a desigualdade de oportunidade de

acesso nos serviços básicos, não possuindo poder de escolha do local de moradia. Sendo

assim, o serviço de saneamento básico, é um condicionante da demanda e da oferta da

diferença sociais e econômicas do País (REZENDE et al, 2007, p. 91).

A idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário teve uma

grande variação, apresentando idades entre 20 até 94 anos. 3% possui idade entre 18 a 20

anos, já que a idade mínima para entrevista na comunidade era 18 anos. 18% com idade entre

21 a 35 anos. 12% refere-se a moradores com idades entre 36 a 45 anos. 16% idade entre 46 a

55 anos. Com maior percentual de 28% para moradores de 56 a 65 anos. 17% moradores com

idade entre 66 a 75 anos. 8% para moradores de 86 a 85 anos e 2% para 86 a 95 anos. Os

alunos apresentaram idade mínima de 15 anos e máxima de 20 anos, correspondendo a idade

de alunos que cursam o Ensino Médio. Nestes, 20 % refere-se a alunos com 15 anos, 22% a

alunos com 16 anos, 29% com 17 anos, 18% com 18 anos, 7% com 7% e 4% aos alunos com

idade máxima aos entrevistados de 20 anos (Tabela 4).

Tabela 4 – Idade dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário e dos

alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Moradores da comunidade Alunos da escola local

Idade

18 a 20 anos 3%

Idade

15 anos 20%

21 a 35 anos 18% 16 anos 22%

36 a 45 anos 12% 17 anos 29%

46 a 55 anos 16% 18 anos 18%

56 a 65 anos 28% 19 anos 7%

66 a 75 anos 17% 20 anos 4%

76 a 85 anos 8% 21 a 94 anos 0%

86 a 95 anos 2%

Fonte: elaboração própria.

Uma boa parte dos moradores da comunidade moram na localidade desde que

nasceram, referindo-se 13% aos moradores entrevistadores diretamente na comunidade. Mais

da metade dos alunos entrevistados moram na comunidade desde que nasceram

correspondendo ao percentual de 62% dos alunos da escola local. Os moradores que vivem

mais tempo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário são os que foram entrevistados

Page 55: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

55

diretamente na comunidade em suas residências, o que se refere os moradores que moram

entre 40 a 60 anos com 9%, que moram entre 30 a 40 anos com 7 % e entre 20 a 30 anos com

37%, sendo o último percentual o maior número de moradores que moram na localidade esse

tempo. Moradores que residem na localidade entre 10 a 20 anos, 10% refere-se a moradores

entrevistados e 3% aos alunos da escola local. Aos que residem entre 5 a 10 anos, 9% refere-

se aos moradores e 7% aos alunos. De 1 a 5 anos, 8% moradores e 13% alunos, sendo o maior

percentual que se refere aos alunos da escola local (Tabela 5).

Tabela 5 – Tempo de moradia na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em

Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Moradores da comunidade Alunos da escola local

Tempo de

moradia

Desde que nasceu 13%

Tempo de

moradia

Desde que nasceu 62%

Entre 1 mês a 1 ano 15% Entre 1 mês a 1 ano 5%

Entre 1 a 5 anos 8% Entre 1 a 5 anos 13%

Entre 5 a 10 anos 9% Entre 5 a 10 anos 7%

Entre 10 a 20 anos 10% Entre 10 a 15 anos 3%

Entre 20 a 30 anos 37% Entre 30 a 40 anos 7% Entre 40 a 60 anos 9% Fonte: elaboração própria.

A renda familiar dos moradores da comunidade e dos alunos da escola local variou

bastante. 2% dos moradores da comunidade e 7% dos alunos da escola local responderam que

a renda familiar é de menos de um salário mínimo. 11% dos moradores da comunidade e 30%

dos alunos da escola local responderam que a renda familiar é de um salário mínimo. 15% dos

moradores e 35% dos alunos responderam que a renda familiar é entre um a dois salários

mínimos. 20% dos moradores e 18% dos alunos responderam que a renda familiar é entre dois

a três salários mínimos. Renda familiar acima de três salários mínimos foram respondidos

por 7% dos moradores e 8% dos alunos. 44% dos moradores e 2% dos alunos não souberam

responder quanto é a renda familiar da família (Tabela 6). Foi percebido durante a entrevista

com os moradores da comunidade que a maioria dos moradores que não souberam responder

sobre a renda familiar, não queriam responder a esta pergunta, pois se sentiram constrangidos.

Page 56: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

56

Tabela 6 – Renda familiar dos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do

Vigário e dos alunos da escola local, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Moradores da comunidade Alunos da escola local

Renda

familiar

Menos de um salário mínimo 2%

Renda

familiar

Menos de um salário mínimo 7%

Um salário mínimo 11% Um salário mínimo 30%

De um a dois salários mínimos 15% De um a dois salários mínimos 35%

De dois a três salários mínimos 20% De dois a três salários mínimos 18%

Acima de três salários mínimos 7% Acima de três salários mínimos 8%

Não sabe 44% Não sabe 2% Fonte: elaboração própria.

Rezende diz que, o perfil socioeconômico está relacionado com as condições de

saneamento, nutrição e moradia. Com isso, regiões com ausência de serviços de saneamento

básico apresentam baixos níveis de escolaridade e renda (REZENDE et al., 2007, p. 91).

Moradores com alta escolaridade que possui uma renda superior a 5 salários mínimos, com

números de residentes equilibrado, levam vantagens na cobertura de serviços de saneamento

(REZENDE et al., 2007, p. 94). Populações de baixa renda, são socialmente discriminadas, e

vivem em condições de vulnerabilidade social e ambiental (ALMEIDA, 2009, p. 21).

Após perguntas referentes ao perfil socioeconômico, os moradores da comunidade e os

alunos da escola local foram questionados sobre a situação de água, esgoto, resíduos sólidos e

utilização da Lagoa do Vigário. Tais perguntas foram necessárias para caracterizar a situação

de saneamento básico e a influência desta na qualidade de vida dos moradores que residem ao

entorno da Lagoa do Vigário. Melo et al. diz em seu trabalho que, a falta de acesso aos

serviços de saneamento como abastecimento de agua, rede de esgotamento e coleta de lixo,

ultrapassa um bilhão de pessoas em todo o planeta e os serviços disponibilizados a população

possuem clara deficiência (MELO et al., 2011, p. 104).

Os entrevistados foram perguntados sobre a fonte de abastecimento da água de sua

residência, quase todos responderam que o responsável pelo abastecimento de água da sua

casa é a Concessionária Água do Paraíba (83% moradores da comunidade e 98% alunos da

escola local). Dentre as respostas dos moradores da comunidade 2% respondeu que a água

que abastece sua residência é diretamente da Lagoa do Vigário, 13% afirmou possuir poço

particular no terreno da moradia e 2% compra água de caminhão pipa/terceiros. Em relação as

respostas dos alunos da escola local 4% possui poço particular no terreno de sua residência e

utilizam esse como fonte de abastecimento de água de sua residência, os outros alunos a água

vem diretamente da Concessionária Águas do Paraíba (Gráfico 8).

Page 57: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

57

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 8 – Fonte de abastecimento de água das residências dos moradores da Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Gomes em sua pesquisa mostrou que, a ausência nos serviços de saneamento básico

adequado na Região de Nova Contagem, além de degradar a qualidade de vida da população

local, compromete a qualidade da água captada na Represa de Vargem das Flores, que é

distribuída na região, oferecendo riscos à saúde pública (GOMES, 2009, p. 54). “A saúde

humana é um bem que necessita de investimentos e medidas para se manter plena. Entre essas

medidas destaca-se o saneamento básico, e especialmente a qualidade da água de

abastecimento, fundamental na prevenção de doenças e na prática do bem-estar” (MELO et

al., 2011, p. 104).

Os moradores foram questionados se fazem algum tipo de tratamento na água que

consomem, mesmo sendo abastecidos pela Concessionária Águas do Paraíba. Logo, foi

perguntado quais seriam os tratamentos realizados na água em sua residência. Uma boa parte

dos entrevistados responderam que filtram a água que consomem, dentro desse percentual

foram 35% dos moradores da comunidade e 62% dos alunos da escola local. 7% dos alunos

responderam que fazem cloração. 2% dos moradores e dos alunos falaram que fervem a água

que consome. Apenas 17% e 18%, moradores e alunos, respectivamente, responderam que

não realizam nenhum tratamento na água que consomem. Quase a metade dos moradores

falaram que compram água mineral (47%), diferente dos alunos que apenas 20%

responderam, como mostra o Gráfico 9.

Page 58: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

58

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 9 – Tipo de tratamento realizado na água que consomem na residência dos

moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Existem diversas doenças associadas à falta de saneamento básico, que elavam os

gastos em termo de saúde pública. Nos hospitais públicos brasileiros um percentual de 68%

das internações é acometido por doenças relacionadas a água contaminada, o que é calculado

em gastos pelo Ministério da Saúde R$ 250 milhões/mês para atendimentos como internações

hospitalares e uso de medicamentos (ESHEVENGUÁ, 2006 apud PESSANHA; ALVES,

2011, p. 2). Pessanha e Alves afirmam que, uma grande variedade de doenças de veiculação

hídrica pode ser evitada a partir de uma ampla distribuição de água tratada nos domicílios

(PESSANHA; ALVES, 2011, p. 3).

Foi pedido aos participantes da pesquisa uma avaliação da água que consomem em sua

residência, sobre o ponto de vista deles. Segundo o Gráfico 10, a maioria dos moradores

responderam que a água é de boa qualidade (65% moradores e 75% alunos). Cerca de 5% dos

moradores da comunidade opinaram em dizer que a água que consomem é de má qualidade,

junto a essa afirmativa estão 15% dos alunos da escola local. 17% dos moradores e 9% dos

alunos acham a qualidade duvidosa. Em relação ao resto do percentual dos moradores 8%

responderam que a qualidade é média, 2% disse ter muito cloro e 3% não soube responder.

Page 59: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

59

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 10 – Avaliação da água que consomem na residência feita pelos moradores da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Na década de 90 a qualidade de água oferecida aos moradores de Campos dos

Goytacazes não era considerada de boa qualidade. Os sistemas de abastecimento de água

tratada e coleta de esgoto era bastante precário. O esgoto coletado era 100% lançado nos rios,

canais e lagoas, gerando grande impacto ambiental. Os serviços básicos na região só tiveram

melhorias a partir de 1997 com a concessão do sistema de água e esgoto a iniciativa privada

(SILVA, 2004 apud PESSANHA; ALVES, 2011, p. 11).

Para garantir água de qualidade na residência, precisa-se tomar alguns cuidados em

relação a manutenção e limpeza das tubulações e o local de armazenamento da mesma. A

água pode sair da concessionária e ser distribuída para população dentro dos padrões de

potabilidade, mas, ao chegar na moradia pode se contaminar por falta de ações básicas de

limpeza no sistema de abastecimento da casa responsáveis pelos moradores. Nesse caso, foi

perguntado no questionário o tempo de realização da limpeza da caixa d’água da residência

pelos moradores. Ao serem questionados 38% dos moradores da comunidade responderam

que fizeram a limpeza em menos de um ano, 33% dos alunos responderam o mesmo. Os que

responderam que limparam a caixa d’água da residência no tempo acima de um ano foram

42% dos moradores e 6% dos alunos. 7% dos moradores responderam que limparam a caixa

d’água no tempo acima de cinco anos. 8% dos moradores e 7 % dos alunos entrevistados

afirmaram nunca ter feito limpeza na caixa d’água da sua residência. 5% dos moradores não

Page 60: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

60

sabem informar qual foi a última limpeza da caixa d’água, junto com mais da metade dos

alunos (51%). 2% dos alunos relataram não ter caixa d’água na residência.

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 11 – Tempo de realização da limpeza da caixa d’água do domicílio dos

moradores da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

O Ministério da Saúde diz que, que o fornecimento de água de qualidade para

população controlada, tratada e transportada por meio de um bom sistema de abastecimento

de água, assegura a redução e controle de diarreias, cólera, dengue, febre amarela, tracoma,

hepatites, conjuntivites, poliomielite, leptospirose, febre tifoide, esquistossomose e

verminoses (BRASIL, 2002, p. 7).

Vale lembrar que a má drenagem, acúmulo de lixo, falta de rede de esgoto e fossa mal

administrada, pode atrair animais vetores de doenças, causando risco a saúde da população

(SOUZA, 2009, p. 71). Quando questionados quase a metade dos moradores cerca de 40% e

27% dos alunos responderam que o destino do esgoto da sua residência é a fossa. 22% dos

moradores responderam que o destino do esgoto de sua casa é a rede de esgoto, sendo este

percentual baixo, e 75% dos alunos responderam o mesmo, um percentual bem maior do que

os moradores. 3% dos moradores não sabem para onde vai o esgoto de sua residência.

Foi visto durantes as visitas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário esgoto

doméstico in natura sendo lançado diretamente na lagoa perto das residências, em locais onde

moradores, pescadores e crianças tem acesso a lagoa. Quando foram questionados sobre o

destino do esgoto da sua residência, uma boa parte respondeu que despejam diretamente na

Page 61: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

61

Lagoa do Vigário, com o percentual de 35% referente aos moradores da comunidade e 2%

referente aos alunos da escola local. Lançamento de esgoto não tratado em recursos hídricos

eleva o índice de contaminação por material fecal, que é um indicador de doenças (PAULA et

al., 2013, p. 97).

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 12 –Destino do esgoto produzido no domicílio dos moradores da Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Nas cidades de pequena densidade populacional geralmente opta-se na utilização de

fossas sépticas para disposição o esgoto doméstico. Com o aumento da população das cidades

o poder público não investe no sistema de saneamento básico referente ao esgoto sanitário de

diferentes origens. Nesse caso, o esgoto sanitário é conectado a rede pluvial e lançado nos rios

urbanos e nos sistemas fluviais gerando impactos na qualidade da água (SOUZA, 2009, p.

59). Segundo Santana, a melhor maneira quando não se tem acesso a rede de esgoto é tratar o

esgoto utilizando fossa séptica, que são unidades simples de tratamento básicos na prevenção

de doenças, verminoses, pois evitam o lançamento dos dejetos diretamente em rios, lagos,

solo e águas subterrâneas (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 53).

Perto de lagoas, rios, córregos e etc. geralmente há ocorrência de enchente em período

de chuva intensa. A cidade de Campos dos Goytacazes por muito tempo foi alvo de enchentes

pelo Rio Paraíba do Sul, afetando bastante a população que vivem próximo as margens do

Rio. O Rio tinha um canal direto com a Lagoa do Vigário, este foi aterrado ao longo dos

anos, mas continua interligada subterraneamente (SOFFIAT, 2013, p. 31). Logo, a

Page 62: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

62

comunidade ao entorno da Lagoa do Vigário também já sofreu com enchentes nos períodos

chuvosos, já que suas residências são construídas em cima da lagoa aterrada, subalimentada e

ligada pelo Rio Paraíba do Sul (SOFFIAT, 2013, p. 29). Com tudo, os moradores da

comunidade e os alunos da escola local foram perguntados se já houve ocorrência de enchente

onde moram, cerca de 35% dos moradores e dos alunos responderam que sim. 63% dos

moradores e 93% dos alunos responderam que não há ocorrência de enchente ondem residem.

Um percentual de 2% dos moradores e dos alunos não souberam informar (Gráfico 13).

Segundo Souza apud Bailey e Bryant, as residências construídas diretamente no entorno da

Lagoa do Vigário sempre sofreram com enchentes em tempos de fortes chuvas (BAILEY;

BRYANT, 1997 apud SOUZA, 2009, p. 67).

Fonte: elaboração própria

Gráfico 13 – Ocorrência de enchente na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário,

em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

O Gráfico 14, mostra o percentual das respostas dos moradores e dos alunos quando

perguntados se ele, alguém de sua família ou algum conhecido que mora na localidade já

apresentaram diarreia, verminose, micoses e/ou alergia. 27% dos moradores da comunidade e

33% dos alunos da escola local responderam que sim. 65% dos moradores e 62% dos alunos

responderam que não sabem de nenhuma ocorrência dessas doenças na comunidade. 8% dos

moradores e 4% dos alunos não souber informar. Vale apena lembrar que os serviços de

saneamento básico são responsáveis pelo controle de verminoses, diarreia e outras doenças na

população (BRASIL, 2002, p. 7).

Page 63: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

63

Fonte: elaboração própria

Gráfico 14 – Ocorrência de diarreia, verminose, micose e/ou alergia na comunidade do

entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Os entrevistados também foram questionados se já tiveram ou conhecem alguém que

já teve algumas dessas doenças mostrada no Gráfico 15 acima. Em relação a hepatite A

(12%), Amebíase (8%), Leptospirose (5%) e Verminose (20%) apenas os moradores da

comunidade responderam que já tiveram ou conhece alguém que já teve algumas dessas

doenças. Em relação a Giardíase 7% dos moradores e alunos responderam que já adquiriu ou

conhece alguém que já teve/tem a doença. Quase a metade dos moradores (43%) e 38% dos

alunos responderam que já tiveram ou conhece alguém que já teve Dengue. 47% e 40% dos

moradores e alunos, respectivamente, falaram que não conhece e nunca adquiriram nenhuma

dessas doenças citadas no questionário. Não souberam informar se já tiveram ou conhecem

alguém que teve algumas dessas doenças foram 15% dos alunos (Figura 15).

Page 64: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

64

Fonte: elaboração própria

Gráfico 15 – Doenças frequentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em

Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

O saneamento básico é uma medida que garante melhorias na qualidade de vida e na

promoção de saúde, evitando assim transmissões de doenças (SANTANA; LUVIZOTTO:

CUBA, 2012, p. 52). “Diversos estudos que relacionam a ausência de saneamento básico com

altos índices de internações hospitalares, proliferação de doenças de veiculação hídrica e

elevadas taxas de mortalidade, especialmente a infantil” (SANTONI, 2010 apud SANTANA;

LUVIZOTTO; CUBA 2012, p. 54).

Sobre a separação do resíduo produzido na residência, 28% dos moradores da comunidade

responderam que fazem separação de resíduos, junto com 27% dos alunos. 65% dos

moradores e 64% dos alunos afirmaram não fazerem nenhum tipo de separação de resíduos.

10% dos moradores e 4% dos alunos responderam que as vezes fazem separação. 4% dos

alunos da escola local não souberam responder se em sua residência fazem separação de

resíduos.

Page 65: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

65

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 16 – Separação de lixo feita pelos moradores do entorno da Lagoa do Vigário,

em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

A partir de 1980 a produção de lixo no Brasil aumento, com o crescimento populacional e

o aumento de materiais descartáveis, assim como a produção de lixo em países desenvolvidos.

Dados do IBGE – Censo 2010 indica que, a população brasileira gira em torno de

190.732.694 habitantes e no ano de 2025, este pode chegar a 228 milhões de habitantes. Logo,

pode-se ter ideia da quantidade de resíduos sólidos que será gerado no Brasil e nos demais

países (SANTOS et al., 2011, p. 1).

Quando questionados sobre o destino do resíduo sólido de sua residência, a maioria

dos entrevistados responderam que são coletados pela coleta seletiva municipal, cerca de 97%

dos moradores e 98% dos alunos. Vale lembra que, o carro que faz o serviço de coleta de

resíduos sólidos proveniente das residências não passa na rua dos mesmos, por causa da

precariedade que se encontra a rua, o carro da coleta de lixo passa na avenida principal e os

moradores precisam levar seus resíduos até o local indicado para ser coletado. 2% dos

moradores e alunos responderam que o lixo produzido sua residência é jogado em terreno

baldio, o que ocasiona a mal cheiro, entulho e atração de vetores de doenças. 3% dos

moradores da comunidade relataram que queimam seu lixo. 2% dos moradores entrevistados

afirmaram jogar o lixo diretamente na Lagoa do Vigário, o que contribui para poluição da

mesma, que é utilizada para diversas atividades pela população. 2% escolheram a opção

outros sem especificar.

Page 66: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

66

Fonte: elaboração própria

Gráfico 17 – Destino do lixo das residências dos moradores da comunidade do entorno

da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Todas regiões que possuem deficiência nos serviços de saneamento básico apresentam

muitos problemas ambientais e sociais, pois a falta desses serviços básicos causa poluição do

ambiente que afeta diretamente na saúde da população local (MARTINS et al., 2012, p. 5).

Na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário a coleta municipal de resíduos sólidos

passa 3 vezes por semana. Quando os moradores e alunos foram perguntados sobre a

frequência da coleta municipal, muitos não sabiam ou confundiam quantos dias a coleta

municipal passa nas ruas. Sabe-se que o ideal é colocar o lixo para ser coletado poucas horas

antes de passar o carro da coleta municipal, para não ocasionar mal cheiro, nem atrair vetores

de doenças e ainda evitar que animais rasguem as sacolas que armazenam o lixo espalhando-

os pelas ruas. Os entrevistados que responderam que a coleta municipal passa 1 vez por

semana foram os alunos da escola local (4%). Os que responderam 2 vezes foram 17% dos

moradores e 27% dos alunos. Os que responderam 3 vezes por semana foram 82% dos

moradores e 67% dos alunos, e 2% dos moradores e dos alunos não souberam responder

quantas vezes por semana a coleta seletiva municipal passa na comunidade.

Page 67: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

67

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 18 – Frequência da coleta municipal de lixo na comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Segundo o Guia de Saneamento Básico do Estado de Santa Catarina

Os resíduos sólidos são coletados pelos serviços de limpeza urbana, de forma direta

ou indireta pela administração municipal, em conformidade com o art. 7º da Lei n.

11.445/07, à disposição em instalações ambientalmente adequadas e seguras, para

que seus geradores providenciem o retorno para seu ciclo (SANTA CATARINA,

2008, p. 57).

A coleta dos resíduos sólidos tem o objetivo de recolher o resíduo acondicionado pela

população que o produz, leva-lo mediante transporte adequado para um eventual tratamento e

disposição final (SANTA CATARINA, 2008, p. 56).

O Moradores da comunidade e os alunos da escola local foram questionados sobre o

que pode ocorrer quando o lixo domiciliar não é armazenado e destinado de forma adequada.

O percentual das respostas mostra que 19% dos moradores e 18% dos alunos acham que

atraem animais. 20% dos moradores e 22% dos alunos acham que atraem vetores de doenças.

18% dos moradores e 7% dos alunos que causa mau-cheiro. Quase a metade dos moradores e

alunos acham que transmite doenças, cerca de 47% e 49%, respectivamente. 7% dos

moradores responderam que pode ocorrer enchentes e 29% dos alunos responderam o mesmo.

3% dos moradores disseram que o lixo quando é armazenado e destinado de forma errado,

acumula e deixa o local mais feio. 38% dos moradores e dos alunos disseram que polui o

Page 68: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

68

meio ambiente. 2% dos moradores acham que não acontece nada e 3% dos moradores não

sabe o que pode acontecer.

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 19 – Opinião sobre o que pode ocorre quando o lixo é mal condicionado dos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ

A maioria dos bairros não são beneficiados com serviços de saneamento básico, como

coleta diária, o que ocasiona em mau cheiro, entulhos em terrenos baldios, presença de

vetores e, doenças provenientes desses vetores, explicam Martins e seus colaboradores em seu

trabalho (MARTINS et al., 2012, p. 3).

Os moradores foram perguntados se utilizam a Lagoa do Vigário para alguma atividade

de lazer como banho, pesca, navegação, passeios e outros. Muitos entrevistados responderam

que não utilizam a lagoa para nada, cerca de 82% dos moradores e 95% dos alunos.12% dos

moradores e alunos responderam que utilizam, mas outros moradores da comunidade utilizam

a lagoa para diversas atividades. 2% dos moradores responderam que atualmente não utiliza,

mas já pescou na lagoa. 2% dos alunos responderam que não utilizam porque a lagoa é suja.

2% dos alunos afirmaram utilizam a lagoa para passeios. 5% dos moradores e 2% dos alunos

afirmaram que pescam na lagoa. 2% dos moradores responderam que apenas utilizam para

despejar esgotos e 2% para molhar as plantas de sua residência.

Page 69: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

69

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 20 – Utilização da lagoa pelos moradores da comunidade do entorno da Lagoa

do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Souza em sua pesquisa revela que alguns moradores da comunidade do entorno da Lagoa

do Vigário utilizam a lagoa para atividades pesqueira, mesmo desconhecendo a qualidade do

pescado existente. Muitos moradores pescam na lagoa para sustentar sua família, quando o

pescado não é comercializado, e consumido pelo próprio grupo familiar, por não ter muito

recursos financeiros. A Lagoa do Vigário que é utilizada para pesca e navegação por diversos

moradores da localidade e moradores de bairros próximos, recebe uma grande quantidade de

efluentes domésticos, comerciais e industriais, das residências e construções que habitam suas

margens. Na localidade não existe sistema de saneamento básico, ligações clandestinas de

esgoto, inclusive na rede pluvial, despejam efluentes irregularmente na lagoa (SOUZA, 2009,

p. 54)

No esgoto, água doce, águas subterrâneas e ambientes marinhos, frequentemente

encontra-se bactérias patogênicas. Uma grande diversidade de espécies encontradas nesses

ambientes ainda permanece desconhecidas. Tais bactérias podem sobreviver longos períodos

em águas naturais, causando grande preocupação em condições higiênica-sanitárias e a saúde

pública (BAUDART et al., 2000 apud PAULA, 2013, p. 94).

Os moradores foram perguntados se costumam ver na localidade animais vetores de

doenças na comunidade. Quase a metade dos moradores da comunidade (47%) e 9% dos

alunos da escola local responderam que observam frequentemente animais vetores de

doenças, mas não especificaram quais seriam esses vetores. 30% e 53% dos moradores e

alunos, respectivamente, responderam que observam animais vetores de doenças às vezes.

Page 70: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

70

23% dos moradores e 38% dos alunos responderam que não observa nenhum tipo de animal

vetor de doença na localidade.

Fonte: Elaboração própria.

Gráfico 21 – Observação sobre a presença de animais vetores de doenças pelos

moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos

Goytacazes, RJ

Regiões que não há saneamento básico ou apresentam deficiência no sistema de coleta

de esgoto ou de coleta de resíduos sólidos, ocorrem proliferação de insetos, roedores ou

outros animais vetores de doenças, agentes que podem contaminar recursos naturais, como

por exemplo, reservatórios de armazenamento de água, e consequentemente transmitir

doenças infecciosas a população exposta (SANTANA; LUVIZOTTO; CUBA, 2012, p. 56-7).

Foi perguntado aos moradores se a água da Lagoa do Vigário pode ser utilizada, por

alguns moradores, para atividade de lazer como banho e pesca e se isto pode trazer danos à

saúde humana. 9% dos moradores da comunidade não souberam responder e 12% disse que

não causa nenhum dano a saúde. 7% disse que se tomar banho pode causar danos a saúde,

mas consumir o peixe proveniente da lagoa não tem problema. 7% dos moradores e 4% dos

alunos da escola local responderam apenas que “sim”, causam danos a saúde. 15% dos

moradores e 40% dos alunos responderam que pode causar danos a saúde, porque a água da

lagoa pode transmitir doenças. Cerca de, 38% dos moradores e 15% dos alunos, disseram que

“sim”, a lagoa pode causar danos a saúde, por causa da grande quantidade de lixo e esgoto

Page 71: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

71

encontrados nela. 22% dos moradores e 51% dos alunos responderam que pode causar danos

a saúde, porque a lagoa está contaminada.

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 22 – O uso da lagoa pode trazer danos à saúde, opinião dos moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Souza em sua pesquisa afirma que, a Lagoa do Vigário além de ter uma grande área de

ocupação espontânea, e é uma das lagoas mais poluídas do município de Campos dos

Goytacazes, pela enorme quantidade de resíduos domésticos lançados (SOUZA, 2009, p. 19).

O Guia de Saneamento Básico de Santa Catarina diz que, a qualidade de água de um recurso

hídrico depende do grau de ocupação e atividades potencialmente poluidoras (SANTA

CATARINA, 2008, p. 28).

O enquadramento da Conama resolução de 357/2005 para classificação de água doce

até a classe 3, os resíduos sólidos devem ser virtuosamente ausentes, assim como odor, gosto,

óleos, graxas e materiais flutuantes, como espumas não naturais, e a água deve estar dentro

dos padrões físico-químicos e microbiológico indicado. Essas águas podem ser destinadas

para navegação, harmonia paisagística, irrigação de culturas de plantas em geral, pesca

amadora, recreação secundária, aquela que o contato deve o menor possível com a água

praticando apenas atividades que dificulta a ingestão da mesma, e dessedentação de animais.

Se as águas da lagoa tiverem fora do padrão de classificação de classe 3, será considerada

classe 4 e está apenas poderá ser utilizada para navegação e harmonia paisagística (Brasil,

2005, p. 4).

Page 72: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

72

Define-se saneamento “o conjunto de medidas que visam a modificar as condições do

meio ambiente, com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde” (MENEZES, 1984

apud MARTINS et al., 2012, p. 7). Foi perguntado aos entrevistados quais mudanças

poderiam ser feitas na comunidade visando melhorias no saneamento. Segundo os

entrevistados, com o percentual de 13% e 9%, dos moradores da comunidade e dos alunos da

comunidade local, respectivamente, nada, pois está tudo ótimo na comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário. Os que disseram que precisa melhorar todos os serviços de saneamento

oferecidos na comunidade foram 3% dos moradores e 2% dos alunos. Mais da metade dos

moradores (58%) e 18% dos alunos responderam rede de esgoto, pois a maioria das

residências não possuem esse serviço muitas casas optam por jogar seu esgoto diretamente na

lagoa. Quase a metade dos moradores (43%) e 27% dos alunos responderam que precisa

limpar a lagoa. 10% dos moradores e 9% dos alunos falaram que precisa de melhorias na rede

pluvial, de acordo com moradores durante a entrevista a rua alaga toda vem que chove,

mesmo que não seja uma chuva forte. 12% dos moradores e 35% dos alunos acreditam que a

melhoria vem a partir da conscientização dos moradores em bons hábitos higiênico/sanitário.

7% dos moradores e 31% dos alunos falaram que precisa melhorar os serviços de coleta

pública de resíduos sólidos, já que muitas ruas não possuem esses serviços. Os moradores

(2%) e os alunos (4%) falaram sobre a inexistência dos serviços de retirada de entulho dos

terrenos baldios, entulhos esquecidos pelo poder municipal, das casas demolidas para o

projeto de recuperação da orla da lagoa. De acordo com moradores, esses terrenos que

praticamente ficaram abandonados está tornando um perigo para a população local, pois

nestes podem esconder assaltantes, além de abrigar animais vetores de doenças. 24% dos

moradores da comunidade disse que para melhorar precisa aterrar a lagoa e 4% dos alunos da

escola local não souberam responder.

Page 73: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

73

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 23 – O que poderia melhora na localidade na opinião dos moradores da

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

Geralmente áreas de ocupação irregular, que é o caso da comunidade do entorno da

Lagoa do Vigário, geralmente, carecem de saneamento básico, o que compromete a saúde da

população, pois deixa-os vulneráveis a doenças, como giardíase, verminoses, escabiose,

pediculose, dengue, entre outras. Em períodos chuvosos, a situação nessas áreas que

apresentam deficiência nos sistemas de saneamento piora, onde sofrem com alagamentos que

viram berçário para vetores de transmissores de doenças (SOUZA, 2009, p. 18). Segundo

Santos et al., apesar do Brasil ter evoluído bastante nas questões que envolve o saneamento

básico, o país ainda apresenta sérios problemas de saúde pública em virtude da falta de

saneamento. Muitos adultos e principalmente crianças são hospitalizadas com doenças

causadas pela falta desses serviços públicos. Logo, o saneamento básico é uma problemática

urbana e ambiental, com oferta de um dos piores serviços públicos no País (SANTOS et al.,

2011, p. 2).

Page 74: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

74

4.4 Ação educacional na escola próxima a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário

Os moradores da comunidade do entorno da Lagoa do Vigário não possuem

conhecimento das consequências dos seus maus hábitos higiênicos-sanitários e do estado de

poluição em que se encontra a lagoa devido a falta de serviços de saneamento básico na

localidade. Os moradores lançam os esgotos e os resíduos produzidos em sua residência

diretamente na lagoa, e depois utiliza-a para pesca e navegação, não se importando com os

danos a saúde que esses atos podem causar, o que mostra limitação do conhecimento sobre os

impactos sanitários. Essa realidade revela a importância de um trabalho educacional visando a

sensibilização desses moradores, enquanto continuarem ocupando as margens da lagoa, que

está em processo de recuperação por parte do poder público municipal, segundo Vilaça (2008,

p. 67).

A ação educacional ambiental foi feita com os alunos do Ensino Médio do Ciep

Brizolão 056 Custódio Siqueira. O Ciep foi escolhido por ficar próximo a comunidade e ter

uma clientela que mora na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Silveira explica que,

a população em geral é incapaz de prever os problemas causados pela interação humana com

o ambiente. Essa situação pode ser resultado da falta de identidade das pessoas com o seu

ambiente, o que nos leva a entender que, é de estrema importância a sensibilização das

pessoas, de forma inclusiva e integrada, para obterem o conhecimento dos impactos negativos

que o seu comportamento pode causar no meio em que está vivendo. Assim, o homem poderá

apresentar mais clareza e responsabilidade ao gerenciar os recursos naturais do planeta. Para

essa realidade, precisa-se de trabalhos de educação ambiental oferecidos para população

(SILVEIRA, 2010, p. 83).

No primeiro encontro, foi ministrado uma palestra com os alunos do Ensino Médio,

que envolve uma turma do primeiro ano, uma turma do segundo ano e uma turma do terceiro

ano. O objetivo da palestra foi apresentar a problemática do saneamento básico e sua

influência na qualidade ambiental que está diretamente com a qualidade de vida da população.

A linguagem utilizada durante toda a palestra, foi simples e de fácil entendimento. Foi

possível observar o interesse dos alunos sobre os temas que envolvem saneamento básico. A

prática da educação ambiental faz parte das exigências dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs). De acordo com Bonfim et al., a abordagem sobre meio ambiente é plausível nos

PCNs, pois este é um meio em que os alunos adquirem o conhecimento que os problemas

ambientais são problemas humanos, que os problemas sociais e das populações humanas

também são ambientais, e a partir dessa perspectiva, tenham capacidade de questionar sobre

Page 75: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

75

diversos temas como o uso de recursos não-renováveis, promovendo incentivo na pesquisa na

área ambiental (BOMFIM, et al., 2013, p. 34).

Fonte: elaboração própria.

Figura 9 – Palestra ministrado aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira

localizado próximo a comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos

dos Goytacazes, RJ, sobre saneamento básico qualidade ambiental e qualidade vida

Posteriormente, em um segundo encontro, em sala de aula, foi pedido aos alunos que

em uma folha A4 branca fizessem um desenho que mostrasse a percepção deles sobre a

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário (Figura 11). Com esse recurso, foi possível

verificar como os alunos percebem o lugar em que vivem. Sabendo que a comunidade sofre

com a falta de serviços de saneamento básico, poluição da Lagoa do Vigário, que afeta

diretamente a qualidade de vida dos moradores. Tal método, permite que o desenho seja

moldado pelo próprio aluno, demostrando o mundo, o lugar, o tempo e a história construída

pelos saberes deles. Esse é um espaço para troca de experiências, vivenciando a experiência

do participante (LUCA; ANDRADE; SORRENTINO, 2012, p. 595). Dentro desse contexto, a

função do desenho foi mostrar o argumento do aluno, tornando possível visualizar

indiretamente o que se passa na mente dele, baseando na realidade ou na imaginação, junto

com sentimentos e atitudes.

Page 76: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

76

Fonte: elaboração própria.

Figura 10 – Os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira desenhando a

comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ

O terceiro encontro com os alunos do Ensino Médio, foi referente a aula de campo no

entorno da Lagoa do Vigário, nas vilas onde os moradores possuem acesso a lagoa (Figura

12). Os alunos foram levados em um ônibus disponibilizado pelo Instituto Federal

Fluminense Campus Campos Centro até os pontos de acesso a orla da lagoa, onde

anteriormente foram feitas as coletas de águas. Observou-se o interesse dos alunos em

participar, apontando algumas regiões durante o campo que consideram mais atingidas pela

falta dos serviços de saneamento básico. Fizeram vários questionamentos e deram espaços

para debates com temas sobre a poluição da Lagoa do Vigário, racionamento de água,

doenças transmitidas por água fora do padrão de potabilidade, lançamento de esgotos

irregulares na lagoa e no Rio Paraíba do Sul, acúmulo de lixo e entulhos na comunidade, entre

outros. As questões ambientais precisam ser instigadas de forma profunda e interdisciplinar

pelo professor em suas aulas. A prática da Educação Ambiental valoriza a compreensão da

relação do homem com o ambiente para promoção de saúde de forma geral. As observações

no campo confrontam com a teoria de sala de aula, abrindo portas para troca de conhecimento

e discussões entre diferentes áreas do conhecimento (SCHMIDT, 2007, p. 383). No âmbito da

Page 77: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

77

educação ambiental, percebe-se uma intensificação na produção de material pedagógico,

audiovisual e/ou impresso, relacionado ao meio ambiente, contudo, ainda em grande parte não

refletem a realidade sócio ambiental do lugar (RODRIGUES; COLESANTI, 2008, p. 53 apud

REIS, et al., 2013, p. 364). Com tudo, a aula de campo é um elemento incomparável para

mostrar a realidade local através dos fundamentos na Educação Ambiental, possibilitando

levantamentos debates a partir do confronto da teoria e prática, o que aguça o senso crítico de

quem participa, fazendo com que internalize informações.

Focando a problemática citada anteriormente sobre o saneamento, a comunidade do

entorno da Lagoa do Vigário, é um excelente exemplo de localidade que não dispõe de

serviços básicos. A lagoa apresenta evidências de insalubridade, pela deficiência no sistema

de saneamento básico da região, devido a ocupação urbana desordenada. Essa destruição e

degradação do ambiente, por falta de planejamento ocupacional e de infraestrutura sanitária,

ocasiona em sérios problemas na saúde dos moradores dessa localidade. As evidências, que os

moradores utilizam a lagoa sem se importarem com os riscos que esta pode trazer à saúde,

preocupa, por entrarem em contato com animais vetores de doenças e microrganismos

patogênicos que podem estar presentes em suas águas. Os moradores sofrem com falta de

serviços básicos, devido ao descaso do governo municipal, e a falta de informação, que

tornam essa população ainda mais vulnerável. Assim, pode-se ressaltar a importância de um

trabalho de análise da situação de saneamento básico da comunidade do entorna da Lagoa do

Vigário, para possíveis ações de educação ambiental para sensibilização dos moradores,

partindo do âmbito escolar, para uma iniciativa de busca de melhor qualidade de vida e

também qualidade ambiental, que estão intimamente relacionados.

Page 78: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

78

Fonte: elaboração própria.

Figura 11 – Aula de campo na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Guarus,

Campos dos Goytacazes, RJ, apresentação dos locais com deficiência no sistema de

saneamento básico

Posterior a aula de campo, foi solicitado aos alunos que desenhassem novamente a

comunidade onde se encontra a Lagoa do Vigário. Os desenhos foram recolhidos e analisados.

Ao comparar os desenhos, observou-se a preocupação dos alunos em apresentar os problemas

relacionados que envolve saneamento básico, principalmente o despejo de efluente e resíduos

na Lagoa do Vigário. O desenho é uma maneira de permitir captura a forma mais espontânea,

segundo Cruz e Arruda (CRUZ; ARRUDA, 2008, p. 791).

A seguir, estão os desenhos produzidos pelos alunos que participaram da pesquisa,

sendo cada desenho feito por alunos diferentes. Em todas as figuras que mostram os desenhos,

o primeiro desenho foi feito antes da ação educacional, será representado pela letra A e o

segundo desenho foi produzido depois da ação educacional, será representado pela letra B. Os

desenhos foram escolhidos aleatoriamente entre os produzidos pelos alunos do Ensino Médio

do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira que participaram da pesquisa, para mostrar de uma

forma geral a percepção dos alunos através das imagens. Os desenhos a seguir, mostram as

mudanças na percepção de como os alunos enxergam a comunidade do entorno da Lagoa do

Vigário após a ação educacional. O objetivo não foi discriminar a comunidade, mas saber o

Page 79: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

79

quanto os alunos percebem a falta de saneamento básico e os impactos que está causa na

qualidade de vida dos moradores. Foi claramente percebido que em todos os desenhos a

ênfase nos quesitos que envolvem o saneamento e o ambiente, o que indica uma pequena

intervenção educacional na construção do conhecimento e sensibilização. Para Melo, “a

educação ambiental deve desenvolver a sensibilização ambiental para desenvolver atitudes e

condutas que favoreçam a cidadania, a preservação do ambiente e a promoção da saúde e da

qualidade de vida” (MELO, 2010, p. 65).

A Figura 12, mostra dois desenhos, o primeiro feito antes da aula de campo, sendo este

representado como Figura 12A, apresenta-se bem colorido, mostrando casas escondendo a

lagoa e vegetação. No desenho feito após a aula de campo, Figura 12B, onde puderam

presenciar, apontar e debater sobre os impactos antrópicos, também foi bem colorido, porém,

com vestígios de resíduos sólidos distribuídos ao longo da lagoa, apresentando casas em suas

margens, ou seja, elementos que não apareciam no primeiro desenho. Neste foi representado,

pneus de carro, garrafas e outros objetos junto com os peixes na lagoa. Os desenhos mostram

que, quando o aluno foi solicitado a desenhar a comunidade no primeiro momento, pensou

apenas em desenhar a relação das casas na lagoa, não lembrando dos impactos que essa

relação pode trazer aos recursos naturais, que tem grande influência com o bem estar dos

moradores.

Fonte: alunos do Ensino Médio.

Figura 12 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do

Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ

Na Figura 13A, o primeiro aluno continuou com a mesma perspectiva do primeiro

aluno da primeira análise (Figura 12A), desenhando apenas a relação das residências com a

Page 80: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

80

lagoa. Mas neste foi representando uma lagoa bem maior com bastante vegetação nas águas,

que podem ser as plantas aquáticas, que são abundantes. Na Figura 13B, foram feitos prédios

e vegetações, mas uma lagoa com cor escura. Neste, os resíduos sólidos não se encontram nas

águas como o segundo aluno da primeira análise desenhou (Figura 12B), mas sim nas

margens da lagoa. Os resíduos identificados foram pneus, garrafas, papeis, sacolas de

supermercado, entre outros.

Fonte: alunos do Ensino Médio.

Figura 13 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do

Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ

Na figura 14A, o desenho foi bastante colorido, e mostra a relação das construções,

lagoa e moradores. O segundo desenho (Figura 14B), já não é tão colorido e mostra mais a

relação das residências e a lagoa, que apresenta uma cor aparentemente barrenta com bastante

lixo e pouca vegetação. Os resíduos representados são pneus, latas, garrafas e outros objetos

oriundo da população.

Page 81: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

81

Fonte: alunos do Ensino Médio.

Figura 14 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do

Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, Campos dos Goytacazes/RJ

Na Figura 15A, pode ser visualizado a representação da estrutura da comunidade visto

de cima. Nesta mostra a lagoa passando bem no meio das residências e ruas, com a cor azul

claro. Na Figura 15B, apenas foi desenhado uma lagoa, com pouca vegetação em volta e

bastante lixo misturado com algas e peixes. É evidente que os alunos percebem a relação da

lagoa com a comunidade, mas esquecem que a comunidade pode influenciar na qualidade da

mesma, afetando a qualidade de vida dos moradores por conta da poluição gerada.

Fonte: alunos do Ensino Médio.

Figura 15 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do

Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ

Page 82: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

82

Na Figura 16A, o desenho apresenta-se bastante colorido, com casas, carros,

vegetação e uma lagoa com uma cor amarronzada com vários peixes. O segundo desenho

(Figura 16B), mostra um elemento diferente, um pescador pescando as margens da lagoa. A

lagoa possui coloração esverdeada, grande quantidade de prédios em volta e pouca vegetação.

Os resíduos sólidos são encontrados ao lado do pescador e também dentro lagoa. A Figura

16B, mostra a vivência de alguns moradores, pois este apresenta um morador sentado as

margens da lagoa com uma varinha de pesca que pescou um lixo. Esta observação mostra, que

a lagoa está cheia de resíduos, o que está diminuindo a oferta de peixes, afetando quem

utiliza-a para atividades de pesca.

Fonte: alunos do Ensino Médio.

Figura 16 – Desenho antes e depois, respectivamente, a ação educacional dos alunos do

Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira próximo a comunidade do entorno a Lagoa do

Vigário, em Guarus, campos dos Goytacazes, RJ

Os alunos apresentaram depois da ação educacional os principais problemas da

comunidade e da lagoa, que consequentemente também é problema dos moradores. O excesso

de resíduos sólidos foi representado em todos os desenhos feitos após a aula de campo. O

desenho feito antes da ação educacional tinha uma visão menos crítica da situação da

comunidade, pois apenas representava os elementos superficiais, sendo estes as casas, os

moradores e a lagoa. Mesmo sem a ação alguns alunos mostraram a lagoa sendo engolida

pelas construções, a água da lagoa com uma coloração escura e pouca vegetação, com noção

até do lixo sendo jogado na lagoa. Os desenhos feitos após a ação educacional enfatizaram

muito mais a poluição e a relação deste com os moradores. Os alunos abordaram com mais

detalhes os problemas de poluição da comunidade.

Page 83: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

83

Como constatado anteriormente, a comunidade de estudo apresenta séria deficiência

em sistemas de saneamento. Assim, justifica-se a importância da análise da qualidade

ambiental e a implementação desse projeto no de âmbito escolar. O intuito de inserir na escola

e consequentemente na comunidade uma noção sobre a educação ambiental, é a possibilidade

de intervir ativamente nessa realidade dos residentes da comunidade.

Sabe-se que, apenas uma intervenção educativa não é capaz de resolver os problemas

existentes na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário. Uma tentativa de resolver o

problema da comunidade seria investimentos por parte do poder público na área do

saneamento e trabalhos envolvendo projetos de Educação Ambiental para promover

mudanças de hábitos higiênicos-sanitários dos moradores alongo prazo, e conhecimentos dos

seus direitos para reivindicá-los, já que saneamento é um direito de todos. Tais projetos

voltados para a educação da comunidade, poderiam conscientizar os moradores sobre a

importância do saneamento, higiene e qualidade ambiental, onde muitas melhorias poderiam

surgir, em especial na saúde (MELO, 2010, p. 106).

No final da ação educativa, houve a entrega de um banner informativo, com o tema

Saneamento Básico, para deixar pendurado na parede do Ciep (APÊNDICE C), junto com

distribuição de folder informativos do mesmo tema, com imagens e textos (APÊNDICE D),

para os alunos explicando os serviços oferecidos pelo saneamento básico.

Page 84: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

84

5 CONCLUSÃO

Os serviços de saneamento básico oferecidos na comunidade precisam ser priorizados

pela administração do poder público do município, por causa dos diversos benefícios que

estes trazem a população. A precariedade dos serviços de saneamento está diretamente ligada

aos problemas de saúde pública e aos problemas ambientais ocorrentes na comunidade, de

acordo com análises feitas na comunidade do entorno da Lagoa do Vigário, em Campos dos

Goytacazes durante o desenvolvimento da presente pesquisa.

O estudo permitiu confirmar a falta de serviços de saneamento básico e um

gerenciamento ineficaz dos serviços oferecidos pelos setores na localidade. O cenário do

presente diagnóstico é de grande preocupação, tendo em vista os impactos causados no meio

ambiente e na qualidade de vida dos moradores, resultante do mau relacionamento da

população com o recurso natural encontrado na região.

Foi observado durante a pesquisa a exposição aos efluentes e aos resíduos despejados na

Lagoa do Vigário durante a rotina diária dos moradores. Foram encontrados adultos e crianças

tendo contato com a lagoa, próximos de tubulações de despejo de esgoto e acúmulo de

resíduos sólidos, para atividades como navegação e pesca, além de, brincadeiras de crianças

as margens e relatos moradores sobre utilização das águas da lagoa para atividades como

irrigação de plantas, entre outras.

Os resultados evidenciam que os moradores utilizam a água da lagoa do Vigário sem

se importar com os dejetos despejados e os riscos que esses podem trazer para a saúde. Sem

conhecimento moradores se expõem a diversos meios de contaminação, que poderiam ser

evitados se a comunidade fosse sensibilizada dos riscos por meio de um projeto de Educação

ambiental.

As análises microbiológicas das águas da Lagoa do Vigário, confirmam a alteração dos

padrões estabelecidos pelo CONAMA. Isto provavelmente decorre do despejo de efluente

doméstico, o que expõe a população local a vários riscos de saúde, tornando esta água

imprópria para as atividades de contato primário e secundário em alguns pontos analisados.

Nos resultados obtidos na aplicação de questionários, observou-se a ausência de

informação quanto as consequências da precariedade do saneamento básico, que está

diretamente relacionada a qualidade de vida da população e aos impactos no meio ambiente.

Apesar de conviverem com a poluição local, a maioria não consegue associa está atração de

vetores de doenças, a contaminação ambiental e ao bem estar humano

Page 85: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

85

Durante a análise da percepção dos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira,

escola próxima a comunidade, quanto a deficiência do sistema de saneamento básico e o

impacto deste na Lagoa do Vigário. Observou-se a ausência de conhecimento sobre as

consequências causada pela precariedade do saneamento básico, pois os alunos mantiveram

no primeiro momento uma visão “romântica” da atual situação da lagoa e da comunidade,

apresentando nos desenhos a lagoa com cor azul e verde, peixes, pessoas e residências em

harmonia. Após a ação educacional foi possível observar a mudança na percepção do aluno,

enfatizando os impactos ambientais ocasionados pela falta de saneamento na comunidade.

Contudo, a prática da educação ambiental nas escolas é de suma importância, pois

contribui para formar cidadãos capazes de reivindicar seus direitos para o bem coletivo,

obtendo um senso crítico sobre os assuntos ambientais, mudando os maus hábitos higiênico-

sanitário, que possam prejudicar o meio ambiente, consequentemente a qualidade de vida.

A lagoa do Vigário, que poderia servir como meio de lazer e fonte de renda para as

pessoas que residem na região, melhorando a qualidade de vida das mesmas, está

completamente poluída por falta de serviços de infraestrutura adequados e instalações de

sistema de saneamento. A insalubridade da lagoa está trazendo sérios prejuízos à saúde dos

moradores, por estarem expostos a animais vetores de doenças e microrganismos parasitas

causadores de doenças. Os moradores, sem conhecimento, se expõem a esse meio de

contaminação, que poderia ser evitado por campanhas de sensibilização e melhoria do sistema

de saneamento da região, que é um direito de todos.

O saneamento básico possui íntima relação com a qualidade de vida da população, pois

a falta deste pode trazer sérios riscos à saúde e prejudicar a qualidade ambiental, que está

inteiramente relacionada com a qualidade de vida. No entanto, os serviços de saneamento

continuam sendo um descaso do governo municipal.

Page 86: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

86

REFERÊNCIAS

AMEIDA, Claudiméia do Rosário. Dilemas sócio-ambientais no espaço urbano: os casos das

lagoas do Vigário, dos Prazeres e do Sapo em Campos dos Goytacazes (RJ). 2009.

Dissertação (Mestrado em Políticas Sóciais) - Centro de Ciências do Homem, da

Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2009. Disponível em:

<http://uenf.br/pos-graduacao/politicas-sociais/files/2015/06/CLAUDIM%C3%89IA-DO-

ROS%C3%81RIO-ALMEIDA.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015.

ARAÚJO, Glauco Fernando Ribeiro de et al. Qualidade físico-química e microbiológica da

água para o consumo humano e a relação com a saúde: estudo em uma comunidade rural no

estado de São Paulo. O Mundo da Saúde, São Paulo: [s.l.], v. 35, n. 1, p. 98-104, dez./jan.

2011. Disponível em: <http://saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/83/98a104.pdf>. Acesso em:

23 out. 2014.

AUGUSTO, L. G. S et al. O contexto global e nacional frente aos desafios do acesso

adequado à água para consumo humano. ARTICLE. Minas Gerais: [s.l.], p. 1512–1521. 2012.

AZEVEDO, Catarina Machado et al. Avaliação das condições de habitação e saneamento: a

importância da visita domiciliar no contexto do Programa de Saúde da Família. Ciência &

Saúde Coletiva, v. 12, n. 3, [S.l.]: [s.n.], p. 743-753. set./jul. 2007. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n3/25.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2014.

BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. Os desenhos como instrumento para investigação dos

conhecimentos prévios no ensino de ciências: um estudo de caso. Encontro Nacional de

Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis, 8 nov. 2009. Disponível em: <http://posg

rad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/395.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2014.

BIDEGAIN, Paulo; BIZERRIL, Carlos; SOFFIATI, Arthur. Lagoas do Norte Fluminense:

perfil Ambiental. Rio de Janeiro: Semads, 2002. Disponível em:

<http://issuu.com/karynabahiense/docs/14-lagoas_do_norte>. Acesso em: 30 ago. 2014.

BOMFIM, Alexandre Maia do et al. Parâmetros curriculares nacionais: uma revisita aos

temas transversais meio ambiente e saúde. Trabalho, Educação & Saúde, v. 11, n. 1, Rio de

Janeiro: Scielo, p. 27-52, jan./abr. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?s

cript=sci_arttext&pid=S1981-77462013000100003>. Acesso em: 22 ago. 2014.

BRASIL. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos

de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem com estabelece as condições e

padrões de lançamento de efluente, e dá outras providências. Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), Brasília, DF, 18 mar. 2005. 2005. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2015.

______. Portaria nọ 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de

controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade. Ministério da Saúde. [S.l.], 12 dez. 2011. Disponível em:

Page 87: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

87

<http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/kit_arsesp_portaria29 14.pdf>. Acesso

em: 19 ago. 2014.

______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nọ

11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e

dá outras providências. Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, DF, 21 jun.

2010. Disponível em: <http:<//www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/

D7217.htm>. Acesso em: 17 ago. 2014.

______. Programa Saneamento Básico. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2002. Disponível

em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saneamento.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2014.

CAVINATTO, Vilma Maria. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. 2 ed. São

Paulo: Moderna, 2003. (Coleção Desafios).

CERVO, Amado Luiz, BERVIAN, Pedro Alcino. Metodología científica. 4. ed. São Paulo:

Makron Books, 1996.

CORDEIRO, W. S. Alternativas de tratamento de água para comunidades rurais. 2008. 95f.

Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental) – Centro Federal de Educação

Tecnológica de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, 2008.

CUNHA, Helenilza Ferreira Albuquerque. Qualidade físico-química e microbiológica de água

mineral e padrões da legislação. Revista Ambiente & Água - An Interdisciplinary Journal of

Applied Science, Macapá-AP: INIFAR, v. 7, n.3, 2012.

DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos

quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada,

v. 2, n. 4, Blumenau: Sem II. p. 01-13, [s.d.]. 2008. Disponível em:

<http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodos_quantitativos_e_qualitativos_um_r

esgate_teorico.pdf.>. Acesso em: 20 jul. 2014.

DEMO, Pedro. Pesquisa e informação qualitativa. 3. ed. Campinas: Papirus, 2006.

DANIEL, Luiz Antônio. Métodos Alternativos de Desinfecção da Água. Programa de

Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB. Edital 2. Escola de Engenharia de São Carlos da

USP, 2001. Disponível em: <http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-

financiamento/historico-de-programas/prosab/LuizDaniel.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2014.

FERREIRA, Clara Fontes et al. Sinus 2014: compartilhando responsabilidades na promoção

da justiça. Organização Mundial da Saúde (OMS). Guia de Estudos. [S.l.]: [s.n.], 2014.

Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/OMS-Guia-Online.pd

f>. Acesso em: 19 ago. 2014.

GIATTI, Luiz Leandro et al. Condições de saneamento básico em Iporanga, Estado de São

Paulo. Rev Saúde Pública, v. 38, n. 4, São Paulo: USP, p. 571-577, maio/dez. 2004.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n4/21088.pdf>. Acesso em: 20 ago.2014.

GOMES, Uende Aparecida Figueiredo. Intervenções de saneamento básico em áreas de vilas

e favelas: um estudo comparativo de duas experiências na região metropolitana de Belo

Horizonte. 178f. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos

Page 88: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

88

Hídricos). Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos,

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. Disponível em:

<http://www.smarh.eng.ufmg.br/defesas/781M.PDF>. Acesso em: 21 abr. 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico de

2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/english

/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_do_universo.pdf>.

Acesso em: 24 abr. 2014.

JACOBI,P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118,

p. 189-205, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf. Acesso em:

19 Jan. 2015.

LEONETI, Alexandre Becilacqua; PRADO, Eliana Leão; OLIVEIRA, Sonia Valle Walle

Borges de. Saneamento básico no Brasil: considerações sobre investimentos e

sustentabilidade para o século XXI. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: FGV,

v. 45, n. 2, p. 331-348, mar./abr. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v45n2/

03.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2014.

LUCA, Andréa Quirino; ANDRADE, Daniel Fonseca de; SORRENTINO, Marcos. O

Diálogo como objeto de pesquisa na educação ambiental. Educ. Real., Porto Alegre: [s.n.], v.

37, n. 2, p. 589-606, maio/ago. 2012. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade>.

Acesso em: 12 abr. 2015.

LUDWIG, Karin Maria et al. Correlação entre condições de saneamento básico e parasitoses

intestinais na população de Assis, Estado de São Paulo. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, v. 32 n. 5, [s.l.]. p. 547-555, set./out. 1999. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v32n5/0844.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2014.

MACIEL, C. P. et al. Diagnóstico multidisciplinar de um ambiente de trabalho rural em Varre

-Sai - RJ, como subsídio à construção coletiva de soluções. Vértices, v. 14, n. 1, Campos dos

Goytacazes: [s.n.], p. 7-18, jan./abr. 2012. Disponível em: <http://essentiaeditora

.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/1809-2667.20120001/1330>. Acesso em: 03 Ago.

2014.

MARTINS, Danilo Epaminondas Martins e. et al. Diagnóstico do saneamento básico

realizado nos bairros Vila da Amizade, Olaria Norte e São Luiz I, no município de Conceição

do Araguaia – PA. III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Goiânia: IBEAS – Instituto

Brasileiro de Estudos Ambientais. 2012. Disponível em:

<http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalho s2012/IX-003.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2015.

MACHETTI, A. A. et al. Percepção ambiental de alunos do sétimo ano do Colégio Benta

Pereira em relação à Lagoa do Vigário, Guarus, Campos dos Goytacazes, RJ. Vértices,

Campos dos Goytacazes: Essentia Editora, v. 13, n. 3, p. 41-55, set./dez. 2011. Disponível

em:

<http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/vertices/article/viewFile/18092667.20110024/95>.

Acesso em: 30 maio 2015.

MELO, Juliana Figueira Moreira. Diagnóstico da qualidade de água de abastecimento na

comunidade de Santa Cruz, em campos dos Goytacazes (RJ), educação ambiental e

alternativas sanitárias. 2010. 113f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – [S.l.]

Page 89: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

89

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. Campos dos Goytacazes,

2010.

MONDINI, Jackeline et al. Análise físico-química e microbiológica da água in natura de uma

mina no município de Kaloré, PR. In: VI Mostra Interna de Trabalhos de Iniciação

Científica, 23 a 26 de outubro de 2012, Maringá. Anais Eletrônico, Maringá: CESUMAR,

Centro Universitario de Maringá. 2012, p. 1-10. Disponível em: <http://www.cesuma

r.br/prppge/pesquisa/mostras/vi_mostra/jackeline_mondini.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2014.

MOREIRA. M. A. Pesquisa em educação em ciências: métodos qualitativos. In: Programa

Internacional de Doctorado en Enseñanza de las Ciencias. Universidad de Burgos, Espanha.

Actas del PIDEC, v. 4, n. 14, Espanha: [s.n.], p. 25-55, 2002. Disponível em:

<http://www.if.ufrgs.br/~moreira/pesqquali.pdf. Acesso em: 20 jun. 2014.

OLIVEIRA, Nilza Ap. da Silva. A percepção dos resíduos sólidos (lixo) de origem

domiciliar, no bairro Cajuru-Curitiba-PR: um olhar reflexivo a partir da educação

ambiental. Curitiba: [s.n.]. 2006. 160f. Dissertação (Mestre em Geografia, Ciências da Terra)

- Curitiba. Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://www.neer.com.br/anais/N

EER2/Trabalhos_NEER/Ordemalfabetica/Microsoft%20Word%20%20NilzaApdaSilvaOlivei

ra.ED2I.b.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial de Saúde 2013: Pesquisa

para a cobertura mundial de saúde. [S.l.]: OMS, 2013. Disponível em: <http://apps.w

ho.int/iris/bitstream/10665/85761/26/9789248564598_por.pdf?ua=1>. Acesso em: 18 ago.

2014.

ORTIGOZA,S. A. G.; CORTEZ, A. T. C. Da produção ao consumo: Impactos

socioambientais no espaço urbano. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em:

http://repositorio.aev.edu.br/files/70ac7799b561ff970aa0b2c04b26.pdf. Acesso em: 22 Fev.

2015.

PAULA, Suéllen Machado de et al. Qualidade da água do rio Dourados, MS – parâmetros

físico-químicos e microbiológicos. Evidência, Joaçaba: [s.l.], v. 13 n. 2, p. 83-100, jul./dez.

2013. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/evidencia/article/viewFile/

2900/pdf_1>. Acesso em: 17 ago. 2015.

PAZ, Mariana Gutierres Arteiro da; ALMEIDA, Márcia Furquim de; GUNTHER,Wanda

Maria Risso. Prevalência de diarreia em crianças e condições de saneamento e moradia em

áreas periurbanas de Guarulhos, SP. Revista brasileira de epidemiologia, v. 15, n. 1, São

Paulo. mar. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141579

0X2012000100017&script=sci_arttext>. Acesso em: 22 ago. 2014.

PESSANHA, Fabricio Barros; ALVES, Karla Suelen Cordeiro. Benefícios econômicos do

saneamento básico para o município de Campos dos Goytacazes, RJ. In: XXXI ENCONTRO

NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO, 31., 2011, Belo Horizonte, MG.

Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na

Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial… Belo Horizonte: Abepro, 2011, p.

1-13.

PELEGRINI, Djalma Ferreira; VLACH, Vânia Rúbia Farias. As múltiplas dimensões da

educação ambiental: por uma ampliação da abordagem. Soc. & Nat., Uberlândia, ano 23 n. 2,

Page 90: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

90

187-196, maio/ago. 2011. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/sn/v23n2/a03v23n2.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2015.

REIS, Marília Freitas de Campos Tozoni et al. Inserção da educação ambiental na educação

básica: que fontes de informação os professores utilizam para sua formação? Ciênc. Educ.,

Bauru: [s.n.], v. 19, n. 2, p. 359-377, 2013. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v19n2/a09v19n2>. Acesso em: 26 ago. 2014.

REZENDE, S; WAJNMAN. S; CARVALHO, J. A. M. de. Integrando oferta e demanda de

serviços de saneamento: análise hierárquica do panorama urbano brasileiro no ano de 2000.

Engenharia sanitária e Ambiental, v. 12, n. 1, [s.l.]: [s.n.]. p. 90-101. 2007. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/esa/v12n1/a11v12n1.pdf>. Acesso em: 25 Jan. 2015.

SANTANA, André Turn; LUVIZOTTO, Caroline Kraus; CUBA, Renata Medici Frayne.

Saneamento básico e sua relação com a qualidade de vida nos assentamentos do município de

Teodoro Sampaio – SP. VIII Fórum Ambiental da Alta Paulista. v. 8, n. 12, [s.l.]: ANAP.

[s.d.]. p. 48-62, 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/lenovo/Downloads/354-703-1-

SM.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2014.

SANTA CATARINA (Ministério Público). Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente.

Guia do Saneamento Básico: perguntas e respostas. Florianópolis: Coordenadoria de

Comunicação Social, 2008. Disponível em: <http://documentos.mp

sc.mp.br/portal/manager/resourcesDB.aspx?path=586>. Acesso em: 12 maio 2015.

SANTOS, Aldecy de Almeida et al. Avaliação do saneamento básico na comunidade do

Salomão no munícipio de Humaitá-AM. Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e

Meio Ambiente, Amazônia: LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA, v. X, n. 1, p. 19-37,

jun./jul. 2013.

SANTOS, Renata de Souza; MOHR, Tainara. Saúde e qualidade da água:Análises

Microbiológicas Físico-Químicas em Águas Subterrâneas. Revista contexto & saúde., Ijuí:

Editora Unijuí, v. 13 n. 24, p. 46-53, Jan./jun. 2013.

______, Maxwel Lima et al. Levantamento das condições do saneamento básico no bairro

Emerêncio e Jardim Petropoles do município de Conceição do Araguaia – PA. In: II

Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 2., 2011, [s.l.]: IBEAS – Instituto Brasileiro de 6

Estudos Ambientais, 2011. Disponível em:

<http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2011/IX-009.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2015.

SILVIRA, Joselito Lima. Educação Ambiental como processo de resgate da identidade

ecológica dos moradores das margens da Lagoa do Vigário em Campos dos Goytacazes, RJ. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes:

Essentia Editora, v. 4, n. 1, p. 81-90, jan./jun. 2010. Disponível em:

http:<www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/boletim/article/view/2177-4560.20100004/63

1>. Acesso em: 24 abr. 2014.

SOFFIATI, Arthur. As lagoas do Norte Fluminense: uma contribuição à história de uma luta.

Campos dos Goytacazes: Essentia Editora, 2013.

SOUZA, Frank Pavan de. Estudo de Ocupação Espontânea na Lagoa do Vigário, no

Município de Campos dos Goytacazes - RJ, propostas mitigadoras e amparo legal. 2009.

138f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental). Programa de Pós-Graduação em

Page 91: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

91

Engenharia Ambiental, Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro, Campos dos

Goytacazes, 2009.

SCHMIDT, Rosana Andreatta Carvalho. A Questão Ambiental na Promoção da Saúde: uma

Oportunidade de Ação Multiprofissional sobre Doenças Emergentes. Rev. Saúde Coletiva,

Rio de Janeir: PHYSIS. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ph

ysis/v17n2/v17n2a10.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2015.

ESTEVES, Bruno dos Santos. Biomassa, produtividade primária e composição nutricional

de typha domingensis pers. na lagoa do campelo, RJ. Dissertação (Mestrado em Ecologia e

Recursos Naturais). Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais,

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2006.

TORRES, Haroldo da Gama et al. Pobreza e espaço: padrões de segregação em São Paulo.

Estudos avançados, São Paulo: Scielo, v. 17, n. 47. Jan./Abr. 2003. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-4014200300 0100006& script=sci_arttext>.

Acesso em: 15 jul. 2014. VIANA, Laci Gonçalves et al. Qualidade das águas da Lagoa do Tai, em São João da Barra,

RJ. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes:

Essentia Editora, v. 7, n. 1, p. 139 a 151, jan./jun. 2013.

VILAÇA, Dayana Rodrigues Coutinho. Lagoa do Vigário: um tesouro engolido pela

informalidade. 2008. 118f. Monografia (Licenciatura em Geografia) – Coordenação de

Geografia, Centro Federal de Educação Tecnológia de Campos, Campos dos Goytacazes,

2008. Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/lagoa-vigario-tesouro-

informalidade/lagoa-vigario-tesouro-informalidade.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2014.

Page 92: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

92

APÊNDICES

Page 93: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

93

Apêndice A – Questionário aos moradores da comunidade do entorno da Lagoa do

Vigário

Page 94: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

94

Page 95: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

95

Apêndice B – Questionário aos alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira

Page 96: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

96

Page 97: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

97

Apêndice C – Banner para o Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira

Page 98: CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - LICENCIATURA EM …bd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/529/1/Monografia corrigida... · 1 curso de ciÊncias da natureza - licenciatura em biologia

98

Apêndice D – Folder para os alunos do Ciep Brizolão 056 Custódio Siqueira