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CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MARIA RACHEL LUIZ FREITAS RANGEL
ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA NOVA SEDE PARA A
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ
Campos dos Goytacazes/RJ
2016
1
ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA NOVA SEDE PARA A
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, EM
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ
Trabalho Final de Graduação apresentado ao
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Fluminense Campus Campos-Centro
como requisito parcial para conclusão do Curso
de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profª. Drª. Regina Coeli Martins
Paes Aquino
Coorientadora: Profª Ana Paula Pereira de
Campos Lettieri
Campos dos Goytacazes/RJ
2016
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado, permitindo que tudo
isso acontecesse. Não somente nesses anos de universitária, mas ao longo da minha vida, me
dando forças para enfrentar todas as dificuldades e desafios para que eu chegasse até aqui.
A todos da minha família que direta ou indiretamente fizeram parte da minha
formação. Mas sem dúvidas, meu maior agradecimento vai aos meus pais Romário e Valéria
pelo amor, incentivo, apoio, carinho, pelos conselhos que foram fundamentais em minha
caminhada e principalmente pela educação que me deram e por serem meus exemplos de
vida. À minha irmã Laura pelo carinho e apoio em todos os momentos. À minha avó Iraci,
minha tia Silvana e meu tio Gilberto por estarem sempre presentes em todas as etapas da
minha vida. E ao meu namorado Luan por todo apoio, amizade e paciência durante essa
trajetória.
Agradeço a minha orientadora Professora Regina Coeli M. P. Aquino, pelo incentivo,
assistência e dedicação, se mostrando sempre disposta a ajudar e contribuir para a conclusão
do presente trabalho. E a todo corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo que foram
tão importantes na minha vida acadêmica.
A minha turma A6 pela amizade e união em todos esses anos percorrendo o mesmo
caminho, na busca pela formação. Agradeço a todos, pois formamos uma família que apesar
dos vários problemas enfrentados, sempre encontramos as soluções, juntos, ao longo desses
cinco anos.
A todos que contribuíram para minha formação, o meu muito obrigada.
3
RESUMO
O número de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social no Brasil é
crescente devido à falta de igualdade social e de programas voltados à recuperação e suporte
desses indivíduos. No município de Campos dos Goytacazes - RJ, essa situação não é
diferente. Inserida nesse contexto, a Fundação Municipal da Infância e da Juventude – FMIJ
vêm trabalhando para restaurar os vínculos perdidos e minimizar a vulnerabilidade social
sofrida por alguns grupos sociais por meio de cursos e acompanhamento adequado, visando
tirar as crianças e adolescentes de situações de risco e mudar a realidade de desigualdade
social em que o município se encontra. O objetivo principal deste trabalho é elaborar um
anteprojeto arquitetônico de uma nova sede para a FMIJ, que atenda as necessidades de todos
os programas existentes na Fundação. Foram estudadas possíveis aplicações sustentáveis para
despertar a consciência ambiental nos alunos e tornar a construção mais agradável e com
custos mais acessíveis. Além disso, também foi analisado como o espaço influencia no
comportamento de seus usuários, buscando estratégias que interfiram positivamente na
relação dos alunos com a Fundação, para fazer com que eles passem mais tempo dentro da
instituição do que nas ruas, expostos a situações de risco. A metodologia aplicada constituiu
em pesquisas bibliográficas, buscas por referenciais projetuais e entrevistas com pessoas
envolvidas na FMIJ para então desenvolver um projeto adequado as atuais necessidades,
atendendo melhor as crianças e adolescentes do município. Espera-se com este trabalho
contribuir para melhoria e aumento dos atendimentos minimizando os problemas sofridos
pela sociedade de Campos dos Goytacazes.
Palavras-chave: Psicologia Ambiental, Anteprojeto arquitetônico, Sustentabilidade, Política
Socioassistencial.
4
ABSTRACT
The number of children and adolescents in situations of vulnerability and social risk in Brazil
is growing due to the lack of social equality and programs directed to the recovery of these
individuals. In the city of Campos dos Goytacazes - RJ, this situation is no different. Inserted
in this context, the Fundação Municipal da Infância e da Juventude have been working to
restore the lost bonds and minimize the social vulnerability suffered by social groups through
courses and appropriate monitoring to take children and adolescents of risk situations and
change reality in which the municipality is located. The main objective of this work is to
develop na architectural blueprint of a new headquarters for the FMIJ that attends the needs of
all the programs of the Foundation. Were studied possible sustainable applications to raise
environmental awareness in students and make the building more enjoyable and more
affordable. Moreover, it was also analyzed how the space influence on the behavior of its
users, seeking strategies that have a positive impact on the relationship of students with the
foundation to make them spend more time within the institution than on the streets exposed to
risk situations. The applied methodology consisted in bibliographical research, search of
projective referential and interviews with people involved in FMIJ for then develop a suitable
project due to the current needs to better serve children and adolescents of the city. It is hoped
that this work contributes to improvement and increase the assistances and then minimize the
problems of vulnerability and social risk in Campos dos Goytacazes society.
Keywords: Environmental psychology, architectural blueprint, sustainability, social assistance
policy
5
LISTA DE SIGLAS
CRAS. Centro de Referência de Assistência Social
CREAS. Centros de Referência Especializados de Assistência Social
ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90)
FMIJ. Fundação Municipal da Infância e da Juventude
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA. Instituto de Pesquisas Aplicadas
IVS. Índice de Vulnerabilidade Social
PIB. Produto Interno Bruto
SIM. Sistema de Informações de Mortalidade
NOB-SUAS. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
PNAS. Política Nacional de Assistência Social
SUAS. Sistema Único de Assistência Social
SCFV. Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
PETI. Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
CRCA. Centro de Referência da Criança e do Adolescente
CIB. Conselho Internacional da Construção
ONU. Organização das Nações Unidas.
CEUS. Centro de Artes e Esportes Unificados
6
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – Índice de Vulnerabilidade Social na Região Sudeste .......................................11
FIGURA 02 – Índice de Vulnerabilidade Social no Estado do Rio de Janeiro .......................11
FIGURA 03 – Localização do Município de Campos dos Goytacazes no mapa do Rio de
Janeiro e no mapa do Brasil .....................................................................................................14
FIGURA 04 – Gráfico de taxa de homicídios em Campos e no Brasil ...................................15
FIGURA 05 – Localização da FMIJ ........................................................................................18
FIGURA 06 – Sede da FMIJ ....................................................................................................18
FIGURA 07 – Exemplo do uso de nichos em ambiente escolar. .............................................31
FIGURA 08 – Imagem do Tripé da Sustentabilidade. .............................................................38
FIGURA 09 – Perspectiva geral da escola. ..............................................................................44
FIGURA 10 – Vista sob a cobertura. .......................................................................................45
FIGURA 11 – Vista do interior da Creche. .............................................................................46
FIGURA 12 – Vista da Fachada da Creche. ............................................................................46
FIGURA 13 – Vista superior do complexo estudantil. ............................................................47
FIGURA 14 – Perspectiva de um CEU de 7000m² .................................................................48
FIGURA 15 – Implantação de um CEU de 7000m² ................................................................49
FIGURA 16 – Imagem do Colégio Estadual Erich Walter Heine ...........................................50
FIGURA 17 – Implantação do Colégio Estadual Erich Walter Heine ....................................51
FIGURA 18–Imagem dos blocos ligados pelo pátio central ...................................................52
FIGURA 19 – Terreno Escolhido ............................................................................................53
FIGURA 20 – Entorno do terreno ............................................................................................54
FIGURA 21 – Estudos de insolação, ventilação e ruídos ........................................................55
FIGURA 22 – Mapa de Uso e Ocupação do solo do município de Campos dos Goytacazes .56
FIGURA 23 – Vista geral do terreno .......................................................................................56
FIGURA 24 – Vista geral do terreno .......................................................................................57
FIGURA 25 – Vista geral do terreno .......................................................................................57
FIGURA 26 – Conceito da Palmeira .......................................................................................58
FIGURA 27 – Imagem da atual sede da FMIJ com palmeiras ................................................59
FIGURA 28 – Imagem do terreno proposto para a nova sede da FMIJ ..................................59
FIGURA 29 – Setorização .......................................................................................................63
FIGURA 30 – Implantação ......................................................................................................65
7
FIGURA 31 – Acesso principal ...............................................................................................66
FIGURA 32 – Acesso de serviço e acesso de veículos ............................................................67
FIGURA 33 – Espaço livre com pergolados ...........................................................................68
FIGURA 34 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco administrativo ..............................71
FIGURA 35 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco administrativo .........................72
FIGURA 36 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 01 ..............................74
FIGURA 37 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 01 .........................75
FIGURA 38 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 02 ..............................77
FIGURA 39 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 02 .........................78
FIGURA 40 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 03 ..............................80
FIGURA 41 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 03 .........................81
FIGURA 42 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 04 ..............................83
FIGURA 43 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico ..............................84
FIGURA 44 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco de serviço e apoio ........................86
FIGURA 45 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco de serviço e apoio ....................87
FIGURA 46 – Planta baixa do bloco da quadra 01 ..................................................................89
FIGURA 47 – Planta baixa do bloco da quadra 02 ..................................................................90
FIGURA 48 – Volumetria Geral ..............................................................................................91
FIGURA 49 – Volumetria do bloco pedagógico 01 ................................................................92
FIGURA 50 – Volumetria do bloco pedagógico 02.................................................................92
FIGURA 51 – Volumetria do bloco pedagógico 03 ................................................................93
FIGURA 52 – Volumetria do bloco pedagógico 04 ................................................................93
FIGURA 53 – Volumetria do bloco de serviço e apoio ...........................................................94
FIGURA 54 – Volumetria do bloco administrativo .................................................................94
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11
1 A NECESSIDADE DE POLÍTICAS SOCIOASSISTENCIAIS NO MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES E A ATUAÇÃO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DA
INFÂNCIA E JUVENTUDE ............................................................................................... 16
1.1 Breve Histórico Sobre a Fundação Municipal da Infância e Juventude.....................19
1.2 Serviços Oferecidos pela Fundação Municipal da Infância e Juventude....................21
1.2.1 Serviços de Proteção Social Básica na FMIJ..................................................................22
1.2.2 Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexibilidade na FMIJ..................23
1.2.3 Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexibilidade na FMIJ.....................24
1.2.4 Programas de Qualificação Profissional na FMIJ...........................................................25
2 PSICOLOGIA AMBIENTAL............................................................................................26
2.1 Psicologia Ambiental Aplicada a Ambientes de Ensino................................................27
2.2 Psicologia Ambiental Associada à Educação Ambiental...............................................29
2.3 Elementos Arquitetônicos que Contribuem para Qualificação do Ambiente.............30
2.3.1 Cores................................................................................................................................31
2.3.2 Nichos..............................................................................................................................32
2.3.3 Amplidão..........................................................................................................................33
2.3.4 Iluminação........................................................................................................................34
2.3.5 Conforto térmico..............................................................................................................35
2.3.6 Conforto acústico.............................................................................................................35
2.3.7 Forma...............................................................................................................................36
3 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO
CIVIL ......................................................................................................................................37
3.1 Arquitetura Sustentável...................................................................................................39
3.2 Ecoeficiência......................................................................................................................41
3.3 Materiais e Tecnologias Sustentáveis de Baixo Custo...................................................42
9
4 PESQUISA DE CAMPO..................................................................................................44
4.1 Reunião na Fundação Municipal da Infância e Juventude...........................................44
5 REFERENCIAIS PROJETUAIS...................................................................................46
5.1 Referencial Plástico-formal..............................................................................................46
5.1.1 Segundo Lugar no Concurso “Colégio Proeduca”.......................................................46
5.1.2 Creche em Hamburg, na Alemanha.................................................................................47
5.2 Referencial Tipológico......................................................................................................49
5.2.1 Moradia Estudantil e Conselho Boeselburg.....................................................................49
5.3 Referencial Funcional ......................................................................................................50
5.3.1 Centro de Artes e Esportes Unificados – CEUS..............................................................50
5.4 Referencial Tecnológico....................................................................................................51
5.4.1Colégio Estadual Erich Walter Heine...............................................................................51
5.4.2 Escola Urswick................................................................................................................53
6 PROPOSTA ARQUITETÔNICA...................................................................................55
6.1 Localização........................................................................................................................55
6.1.1 Entorno e Infra – estrutura Urbana..................................................................................56
6.1.2 Insolação, Ventilação e Fontes de Ruídos.......................................................................57
6.1.3 Regime Urbanístico.........................................................................................................57
6.1.4 Aspectos Físicos...............................................................................................................58
6.2 Conceito e Partido.............................................................................................................60
6.3 Programa de Necessidades...............................................................................................62
6.4 Setorização.........................................................................................................................64
6.5 Memorial Justificativo......................................................................................................66
6.5.1 Implantação......................................................................................................................67
6.5.2 Acessos.............................................................................................................................68
6.5.3 Circulação........................................................................................................................69
6.5.4 Áreas Livres.....................................................................................................................69
6.5.5 Blocos Propostos..............................................................................................................71
6.5.6 Bloco Administrativo.......................................................................................................71
6.5.7 Bloco Pedagógico 01.......................................................................................................75
6.5.8 Bloco Pedagógico 02.......................................................................................................78
6.5.9 Bloco Pedagógico 03.......................................................................................................81
10
6.5.10 Bloco Pedagógico 04.....................................................................................................84
6.5.11 Bloco de Serviço e Apoio..............................................................................................87
6.5.12 Bloco das Quadras.........................................................................................................90
6.5.13 Solução Plástica.............................................................................................................93
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................97
REFERÊNCIAS......................................................................................................................99
11
INTRODUÇÃO
A formação, em todos os aspectos, de um indivíduo está associada à capacidade de
informação que ele adquire ao longo de sua vida e principalmente de sua infância. Uma vez
que o lar e a escola são os dois locais de maior permanência de uma criança, eles interferem
diretamente cooperando ou coibindo com o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual
e social de seus usuários. A Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pelas Nações
Unidas, reconhece, em seu preâmbulo, que:
A criança, para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua
personalidade, deve crescer no seio da família, em um ambiente de
felicidade, amor e compreensão. [...] A família é tida como grupo
fundamental da sociedade e ambiente natural para o crescimento e o bem-
estar de todos os seus membros, e em particular das crianças (BRASIL,
1990, p.8).
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece como dever da
família, em primeiro lugar, da comunidade, da sociedade em geral e do Estado assegurar a
crianças e adolescentes os seus direitos fundamentais, incluindo, entre eles, o direito à
convivência familiar e comunitária. Diante disso, as famílias que estão em condições de
vulnerabilidade e risco social devem contar com programas socioassistenciais para que os
riscos sejam minimizados e os vínculos familiares e comunitários sejam recuperados e
fortalecidos.
É de fundamental importância que a diferença entre o conceito de vulnerabilidade
social e risco social seja bem definido. O termo vulnerabilidade social é usado para
caracterizar grupos excluídos dos benefícios e direitos que deveriam ser garantidos a todos, os
tornando, então, suscetíveis a determinado agravo, o que pode levar ou não a uma situação de
risco. Já o risco diz respeito à possibilidade de perigo ou mesmo um perigo em potencial, ou
seja, na iminência de vivenciar ou vivenciando alguma violação de direitos.
As condições de vulnerabilidade, hoje enfrentadas por várias famílias, são um reflexo
do não atendimento às necessidades de sobrevivência dos indivíduos, em virtude da condição
socioeconômica, da fragilidade dos vínculos sociais, da perda e até mesmo não aquisição dos
direitos sociais, dentre estes, o direito à educação. Sem educação, as perspectivas de um
futuro melhor são mínimas e então, surgem problemas como envolvimento com drogas,
violência, gravidez precoce e trabalho infantil.
12
Inseridas nesse contexto, surgem então as instituições de resgate à proteção, com o
desafio de restaurar os vínculos perdidos e minimizar a vulnerabilidade social sofrida por
grupos sociais, oferecendo cursos e acompanhamento adequado a fim de tirar as crianças e
adolescentes de situações de risco. Diante dessa necessidade, a Fundação Municipal da
Infância e da Juventude (FMIJ) foi instituída em 1990 para atender à criança, adolescente e
jovem através de programas e serviços de convivência e fortalecimento de vínculos.
O objetivo geral deste Trabalho Final de Graduação é desenvolver um anteprojeto
arquitetônico de uma nova sede para a Fundação Municipal da Infância e Juventude, no
município de Campos dos Goytacazes, que atenda as necessidades de todos os programas
existentes na Fundação, com uma estrutura física adequada para oferecer cultura, lazer e
educação, em todas as etapas da infância, adolescência e juventude.
Dentre os objetivos específicos destacam-se:
Desenvolver um anteprojeto arquitetônico de uma nova sede para a FMIJ que
configure em um ambiente seguro, estimulador, acessível e confortável para fazer com
que os alunos se identifiquem com o ambiente e optem por passar mais tempo na
Fundação do que nas ruas;
Fazer com que a área da nova sede seja um espaço com aplicações sustentáveis para
despertar a consciência ambiental dos alunos, além de tornar a construção mais
agradável;
Aumentar e qualificar os espaços para receber um número maior de alunos;
Propor a aplicação de tecnologias e materiais ecoeficientes que tornem a construção
viável financeiramente.
Em 2000, segundo pesquisas do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA)
sobre o índice de vulnerabilidade social (IVS) no Brasil, o país se encontrava na faixa de alta
vulnerabilidade social. Passados dez anos, a vulnerabilidade social foi reduzida trazendo o
país para a faixa do médio IVS. Com um olhar mais local, nas macrorregiões brasileiras, o
IVS aponta que a maior parte dos municípios do Sudeste (48,8%) está concentrada na faixa de
baixa vulnerabilidade social conforme mostra a Figura 01.
13
Figura 01 – Índice de Vulnerabilidade Social na Região Sudeste
Fonte: IPEA, Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros, 2015.
Com um olhar ainda mais aprofundado nas pesquisas do IPEA, podemos observar que
a maior parte do estado do Rio de Janeiro se encontra na faixa de baixo IVS. Porém o
município de Campos dos Goytacazes, destacado na Figura 02, ainda está na faixa de média
vulnerabilidade.
Figura 02 – Índice de Vulnerabilidade Social no Estado do Rio de Janeiro
Fonte: IPEA, Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros, 2015 (modificado pela
autora)
14
Os novos índices apontam melhoras significativas no quadro de vulnerabilidade social
do nosso país, devido às ações de intervenção social que vêm sendo implantadas pelos órgãos
responsáveis, principalmente na fase da infância e adolescência. No município de Campos dos
Goytacazes, a FMIJ atua tentando reduzir ao máximo a vulnerabilidade social enfrentada por
muitas crianças e adolescentes, desenvolvendo políticas e programas socioassistenciais e
fortalecendo os vínculos familiares e comunitários.
Apesar de o trabalho realizado pela FMIJ ser de extrema importância para a cidade, a
Fundação atua em um espaço adaptado, com carência de ambientes e equipamentos
adequados ao desenvolvimento de muitas das atividades realizadas. Diante disso, justifica-se a
necessidade de implantação de uma nova sede com estrutura física adequada para receber as
crianças, adolescentes e jovens do município.
A metodologia aplicada ao trabalho tem caráter exploratório e busca atingir os
objetivos propostos e entender melhor os problemas enfrentados pelos usuários dessa
construção para propor soluções mais eficientes.
Para adquirir conhecimento a respeito do tema foram utilizadas inicialmente pesquisas
bibliográficas documentais, de textos científicos, livros, trabalhos finais de graduação, sites da
internet e pesquisa de campo realizada na FMIJ. Essa pesquisa foi essencial para ter uma
visão mais ampla sobre a atual situação das crianças e adolescentes e a real necessidade de
construir uma Fundação que os atenda. Ainda como pesquisa bibliográfica, foi feita uma
análise da legislação pertinente ao tema que possibilitou saber exatamente o que se aplica a
esse tipo de construção.
Como pesquisa qualitativa, foram realizadas reuniões com funcionários da FMIJ para
saber a real situação da Fundação e os problemas de infraestrutura enfrentados, bem como
suas possíveis soluções. Essa pesquisa foi de extrema importância para montar um programa
de necessidades que realmente atenda aos usuários de forma adequada.
Destaca-se também o caráter quantitativo desse estudo identificando, na pesquisa de
campo, a quantidade de crianças e jovens que são atendidas por programas da FMIJ na região.
A visita ao local permitiu uma visão mais ampla da real carência por essa nova sede no
município e embasou melhor a justificativa de escolha do tema.
No que diz respeito a estrutura do trabalho, o primeiro capítulo faz uma breve
descrição sobre a atuação da Fundação Municipal da Infância e da Juventude no município de
Campos e a importância de programas socioassistenciais para a sociedade.
O segundo capítulo apresenta o conceito da Psicologia Ambiental, sua importância
aplicada à arquitetura e as possíveis aplicações desse instrumento no projeto.
15
O terceiro capítulo aborda a importância e a necessidade da aplicação dos conceitos de
sustentabilidade na construção civil. Além disso, também discorre sobre técnicas e materiais
de baixo custo que oferecem benefícios aos usuários e ao meio ambiente.
O quarto capítulo apresenta a pesquisa de campo realizada para compreender melhor
funcionamento da FMIJ e adquirir embasamento teórico para propor um projeto que
realmente atendesse as necessidades.
O quinto capítulo apresenta os referenciais projetuais que nortearam a concepção
arquitetônica do trabalho. Foram abordados referenciais Plástico-Formal, Tipológico,
Funcional, e Tecnológico.
O sexto capítulo apresenta a situação de projeto, com todas os análises necessárias
para sua execução e a solução arquitetônica proposta.
16
1. A NECESSIDADE DE POLÍTICAS SOCIOASSISTENCIAIS NO MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES E A ATUAÇÃO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DA
INFÂNCIA E JUVENTUDE
O município de Campos dos Goytacazes, localizado na Região Norte Fluminense
(Figura 3), é o mais populoso e de maior extensão do interior do Estado do Rio de Janeiro. De
acordo com dados da última pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) no ano de 2013, Campos ocupa o oitavo lugar na lista de cidades mais ricas do Brasil
segundo o PIB. Porém, o fato de estar entre as mais ricas não significa que a distribuição de
renda seja igualitária. Responsável pela produção da maior parte do petróleo nacional, a
cidade está longe de ser considerada próspera, sendo as desigualdades sociais e os
consequentes problemas gerados evidentes entre a população.
Figura 03 – Localização do Município de Campos dos Goytacazes no mapa do Rio de Janeiro e no
mapa do Brasil
Fonte: NEA – BC, 2015
17
De acordo com a Lei nº 8742/1993, todo cidadão tem direito de acesso às proteções
básica e especial da política de assistência social garantida por intermédio dos Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS) e pelos Centros de Referência Especializados de
Assistência Social (CREAS). Visando a prevenção e proteção a riscos esses serviços devem
ser oferecidos pelo governo para que as famílias tenham o apoio que necessitam para
fortalecer os vínculos e garantir plena autonomia para que assim, os índices de
vulnerabilidade social e de desigualdade, sejam minimizados.
Como reflexo dessa desigualdade social, pode-se usar como exemplo os índices
crescentes de violência, principalmente no que diz respeito aos jovens envolvidos com
criminalidade ou vitimas de homicídios. Um levantamento realizado no ano de 2013, do
Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, com base no Sistema de Informações de
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mostra que o número de homicídios de jovens
cresceu 346% em 30 anos. O Mapa da Violência de 2015 também enfatiza o crescimento dos
índices e aponta o Estado do Rio de Janeiro em 12º lugar no ranking de número de homicídios
contra jovens de 0 a 19 anos de idade no Brasil. Além disso, o município de Campos foi
Considerado o 39º município mais violento do mundo, segundo a ONG mexicana Conselho
Cidadão pela Seguridade Social Pública e Justiça Penal. Conforme mostra a Figura 04, de um
levantamento realizado com base em dados do SIM, o índice de homicídios registrados em
Campos é muito maior do que a média nacional.
Figura 04 – Gráfico de taxa de homicídios em Campos e no Brasil
Fonte: Taxa de homicídios do SIM,2013
Hoje, um dos principais instrumentos de combate às desigualdades sociais e de todos
os problemas que ela gera na sociedade são as políticas de proteção social. Conforme
18
definição da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (BRASIL,
2005):
A rede socioassistencial é um conjunto integrado de iniciativas públicas e
da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e
projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de
proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de
complexidade (2005, p.20).
Para que isso aconteça de forma eficaz, é de fundamental importância que os riscos e
vulnerabilidade social a que a população está exposta sejam conhecidos e analisados e então
sejam consideradas as alternativas para enfrentar as situações. Conforme assegura a Política
Nacional de Assistência Social (PNAS):
[...] a construção da política pública de assistência social precisa levar em
conta três vertentes de proteção social: as pessoas, as suas circunstâncias e
dentre elas seu núcleo de apoio primeiro, isto é, a família. A proteção social
exige a capacidade de maior aproximação possível do cotidiano da vida das
pessoas, pois é nele que riscos, vulnerabilidades se constituem (2004, p.15).
Sendo assim, “[...] as linhas de atuação com as famílias em situação de risco devem
abranger desde o provimento de seu acesso a serviços de apoio e sobrevivência, até sua
inclusão em redes sociais de atendimento e de solidariedade” (PNAS, 2004, p.37). A proteção
social deve ter como resultado o alcance, por parte dos indivíduos, de sua autonomia e
liberdade através do acesso aos bens necessários para seu pleno desenvolvimento na
sociedade para que assim, haja a diminuição da desigualdade social. As políticas sociais que
devem ser oferecidas pelo Estado podem então alterar o quadro da desigualdade, sendo que,
no município de Campos, boa parte dessas políticas, voltadas principalmente para crianças,
adolescentes e jovens são desenvolvidas pela Fundação Municipal da Infância e Juventude.
19
1.1 Breve Histórico Sobre a Fundação Municipal da Infância e Juventude
A FMJI, criada pelo poder executivo municipal em 1990 e inicialmente intitulada
como Fundação do Menor, teve seu Estatuto aprovado sob a lei 5096 em novembro desse
mesmo ano. Porém, em 18 de agosto de 1997, esse documento passou por algumas
adaptações para melhor se adequar ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mudando
também o nome para Fundação Municipal da Infância e da Juventude. A FMIJ exerce, no
município de Campos dos Goytacazes, políticas públicas de atendimento a crianças,
adolescentes e jovens de faixa etária compreendida entre 0 a 29 anos com o objetivo de
atendê-los de forma plena conforme estabelece em seu estatuto:
Art.5º - A Fundação Municipal do Menor, entidade sem fins lucrativos, tem
por finalidade a prestação de assistência ao menor, desenvolvendo
metodologias, técnicas e procedimentos que o atendam de forma integral,
através de suas unidades próprias, com a colaboração de outros órgãos da
Administração Municipal (FMIJ,1990).
A partir do ano de 2013, a FMJI passou a reordenar os serviços oferecidos em
consonância com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), já que é uma Instituição que
atua principalmente na área da Assistência Social, de acordo com os índices de complexidade
estabelecidos no SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Especial de Média e Alta
Complexidade. Além disso, a Fundação ainda oferta diversos cursos livres com o serviço de
Qualificação Profissional.
Sua proposta de atuação é voltada para crianças, adolescentes e jovens e visa o
desenvolvimento desses indivíduos através de atividades lúdicas, oficinas temáticas que
abordam temas relacionados ao cotidiano das crianças, atividades culturais e esportivas e
também oferece cursos livres para que os jovens tenham possibilidades de ingressar no
mercado do trabalho. Todos os programas e atividades são realizados na sede da Fundação
(Figura 5 e 6), situada à Avenida Rui Barbosa, 553, no bairro da Lapa, em Campos dos
Goytacazes. Além da sede, a FMIJ possui mais três núcleos de atendimento situados no
distrito de Travessão, no Parque Aldeia e na localidade de Guandu. Esses núcleos, devido ao
pouco espaço oferecido, funcionam apenas com um dos programas ofertados pela Fundação.
20
Figura 05 – Localização da FMIJ
Fonte: Google Maps, 2016 (adaptado pela autora).
Figura 06 – Sede da FMIJ
Fonte: Prefeitura de Campos, 2014
Desde 1989, a sede da Fundação ocupa um antigo prédio onde no passado funcionava
o Instituto Profissional Patronato São José, fundado pelo Monsenhor José Severino da Silva,
em 1933. Seguindo a ideia de assistência social já oferecida pelo Patronato, o espaço foi
alugado pela prefeitura e cedido à FMIJ. Nesse espaço são ofertados todas as atividades e
21
programas aos usuários e no casarão, que fica disposto na parte central do terreno, ficam as
instalações da parte administrativa. Beneficiando em torno de duas mil crianças, adolescentes
e jovens com todos os programas oferecidos, a Fundação em sua sede atende hoje em média
900 alunos.
1.2 Serviços Oferecidos pela Fundação Municipal da Infância e Juventude
De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (BRASIL,2009),
os serviços de assistência social ofertados se dividem de acordo com os níveis de
complexidade do SUAS: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade. O Quadro 01 explica de forma resumida a área de atuação de cada nível.
Quadro 01 – Quadro Síntese de divisão por níveis dos serviços de assistência social.
Fonte: Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (BRASIL, 2009).
A Fundação Municipal da Infância e Juventude, como um órgão atuante na área de
Assistência Social, subdivide seus serviços de acordo com os níveis estabelecidos pela
22
Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Os serviços oferecidos podem ser
observados no Quadro 02, caracterizados pelo nível de complexidade.
Quadro 02 – Quadro Síntese de divisão por níveis dos serviços oferecidos pela FMIJ.
Fonte: Relatório Anual de Gestão da FMIJ (CAMPOS DOS GOYTACAZES, 2015)
1.2.1 Serviços de Proteção Social Básica na FMIJ
Os programas de proteção básica ofertados pela FMIJ, segundo o relatório de Gestão
de 2015, são Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV. Atendendo no
contraturno escolar, esses programas enfatizam a formação cidadã-humana através de
atividades de convivência e fortalecimento de vínculos. Hoje a Fundação oferece três serviços
nessa esfera, o SCFV - Desafio, o SCFV - Semeando Arte e o SCFV - Programa Guarda
Mirirm.
O Programa Desafio foi criado em 1991, por representantes administrativos do
município de Campos em parceria com a Organização Internacional do trabalho, tendo como
proposta principal erradicar o trabalho infantil em Campos, que era uma prática muito
comum, principalmente nos canaviais e nos lixões. O programa atuava em complementação à
23
escola formal, oferecendo aulas de reforço, atividades sociais e culturais e oferecia uma bolsa
para as crianças atendidas, para que dessa forma, o problema do trabalho infantil, muito
comum à época, fosse minimizado. No total, 280 crianças foram atendidas e beneficiadas com
o auxilio, principalmente nos bairros periféricos e distritos da cidade. Porém, os recursos eram
escassos e a necessidade de atendimento só aumentava, então o programa acabou tendo que
passar por reformulações e retirada da bolsa de auxilio. Mas a luta contra o trabalho infantil
continuou no município com a implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
– PETI (SOUZA, 2004).
Após passar por transformações, hoje o SCFV Desafio atende a crianças na faixa
etária de 06 a 13 anos na sede da Fundação e em seus outros três núcleos: Desafio Aldeia,
Desafio Travessão e Desafio Guandu. Atualmente o programa objetiva a formação de
cidadãos de valores por meio de atividades de convivência e fortalecimento de vínculos. Essas
atividades buscam a prevenção de situações de risco social e a elevação do conhecimento para
a vida, através do desenvolvimento de atividades em grupo, enfatizando temas que variam de
acordo com a necessidade dos alunos atendidos.
O SCFV Semeando Arte atende adolescentes na faixa etária de 13 a 18 anos
incompletos oferecendo acesso a experiências artísticas com oficinas de dança, teatro e
música. O programa visa estimular o talento e novas habilidades específicas, além de
promover a socialização, o conhecimento de diferentes culturas e por consequência o
sentimento de pertencimento e identidade. O serviço é ofertado no contraturno escolar em
grupos de até 30 alunos, culminando sempre em apresentações finais e experimentações
artísticas. As atividades ofertadas são divididas em oficinas teóricas e práticas, com carga
horária de 16h semanais.
Além dos dois programas descritos acima, como serviço de proteção básica, a
Fundação oferece também o SCFV Programa Guarda Mirim. Esse programa atende
adolescentes de 15 a 17 anos e 11 meses desenvolvendo atividades que tem por objetivo a
vivência de caráter militar e civil, além do desenvolvimento de novos conhecimentos que dão
ênfase as áreas de turismo, meio ambiente e prevenção de acidentes no trânsito. Assim,
atividades culturais e cursos diferenciados, são ofertados aos adolescentes nesse programa
para que eles adquiram autonomia e fortalecimento de vínculos com o meio em que vivem.
24
1.2.2 Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexibilidade na FMIJ
Os programas de proteção social de média complexibilidade são os programas
voltados aos indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos. Atualmente, na FMIJ,
são ofertados dois programas que contemplam esse nível de proteção social. São eles o
Programa FortaleSER e o Programa de Acompanhamento a Adolescentes de Medida
Socioeducativa em Meio Aberto – Liberdade Assistida (LA).
O Programa FortaleSER atende crianças e adolescentes de 0 a 18 anos incompletos
desde 2009 e tem por objetivo realizar ações de caráter preventivo, protetivo, de atendimento
a crianças e adolescentes que sofrem ameaças ou que já foram vítimas de situações de abuso e
exploração sexual. O programa busca minimizar a situação de violência e também atua na
reestruturação das vítimas, através do fortalecimento dos atendidos e de seus familiares. Esse
serviço atua basicamente através de acompanhamento com psicólogos, assistentes sociais,
entrevistas e atividades lúdicas. Além disso, também são realizadas palestras e apresentações
de caráter preventivo em diversos lugares do município.
O programa de acompanhamento a adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa em meio aberto – Liberdade Assistida é um programa recente, implantado no
início do ano de 2015. Atua atendendo a adolescentes de 14 a 18 anos incompletos que estão e
conflito com a lei. Os adolescentes que estão em cumprimento de medida socioeducativa são
encaminhados para a FMIJ que os oferece atividades como cursos livres no programa
Qualifica Jovem ou um dos cursos de teatro, dança ou música ofertados pelo programa
Semeando Arte. O programa trabalha no resgate dos usuários e, além de fazer um curso à
escolha do próprio atendido, o adolescente recebe acompanhamento para que seja garantida a
efetividade da medida educacional.
1.2.3 Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexibilidade na FMIJ
Os serviços de proteção social de alta complexibilidade são os serviços destinados a
indivíduos com vínculos familiares perdidos ou fragilizados, que necessitam de medidas de
proteção e atendimento personalizado de caráter excepcional e provisório. Na FMIJ são
realizados dois serviços de proteção social de alta complexibilidade. O Centro de Referência
25
da Criança e do Adolescente (CRCA) e o serviço de acolhimento institucional. Vale ressaltar
que nenhum dos dois serviços atuam na sede.
O CRCA foi criado no ano de 2014 e atua como centro de gestão e triagem, recebendo
crianças e adolescentes encaminhados pelos conselhos tutelares e/ou pela vara da infância e
juventude, ou seja, é a entrada para os serviços de acolhimento institucional. Funcionando em
regime de plantão 24h, o centro de referência possui uma equipe multiprofissional para
realização dos diagnósticos, além de assessoria técnica jurídica.
O Serviço de acolhimento Institucional acolhe crianças e adolescentes encaminhados
pelo CRCA em várias unidades dispostas em alguns pontos do município de Campos. As
unidades devem atender a, no máximo, vinte acolhidos e devem ter ambiente acolhedor e
estrutura física adequada para que se aproxime ao máximo do ambiente familiar. Atualmente
a Fundação atende a sete unidades: Lara, Portal da Infância, Aconchego, Pequeno Jornaleiro,
Pastos Verdejantes, Conviver e Cativar.
1.2.4 Programas de Qualificação Profissional na FMIJ
O programa de qualificação profissional, apesar de não estar inserido em nenhum dos
níveis dos serviços de assistência social, é oferecido pela FMIJ com o objetivo de inserir os
jovens e adolescentes atendidos no mercado de trabalho, a fim de garantir o desenvolvimento
da autonomia e da capacidade de sobrevivência futura. O programa oferta cursos livres na
sede e no equipamento Casa da Juventude e atende a faixa etária de 14 a 29 anos. Os cursos
são semestrais com carga horária de 160h e funcionam no contraturno escolar. Funcionam na
sede os seguintes cursos: cabeleireiro feminino, cabeleireiro masculino, estética, produção
gráfica, setor automotivo, gastronomia e arte em grafite. Já na Casa da Juventude são
ofertados os cursos de: estética, informática, montagem e manutenção de computadores, curso
de RH, AutoCAD e Logística.
Os programas oferecidos pela FMIJ são de fundamental importância para a redução
dos problemas sociais enfrentados em nosso município. Em conjunto com esses programas
também deve ser oferecida uma estrutura adequada para que as crianças e adolescentes se
sintam acolhidas e motivadas a continuarem avançando em busca de seu desenvolvimento
social, e essa estrutura pode ser alcançada através de estudos e aplicações da psicologia
ambiental.
26
2. PSICOLOGIA AMBIENTAL
O surgimento da Psicologia Ambiental aconteceu após a Segunda Guerra Mundial,
quando os arquitetos e planejadores urbanos se juntaram com os cientistas do comportamento
para reconstruir as cidades e chegaram à conclusão de que o ambiente construído deveria
possuir não somente valores estéticos como também deveria atender as necessidades
psicológicas e comportamentais de seus ocupantes (MELO, 1991).
Incialmente com o nome de “Psicologia da Arquitetura”, a Psicologia Ambiental veio
auxiliar os arquitetos, antes acostumados com clientes privados, a projetar espaços públicos
para reconstruir as cidades devastadas pela guerra. Os arquitetos foram encarregados de
construir o maior número de habitações possível para acomodar os desabrigados da guerra e
então, se viram na situação de atender as necessidades de diversos clientes ao mesmo tempo
da melhor forma possível. Nesse contexto surgiram as primeiras tentativas de aplicação da
Psicologia Ambiental (MELO, 1991).
De acordo com Moser (2005, p. 121): “A Psicologia Ambiental estuda a pessoa em
seu contexto, tendo como tema central as "inter-relações" – e não somente as relações – entre
a pessoa e o meio ambiente físico e social”. Essa área da psicologia analisa diretamente como
o usuário percebe e avalia o ambiente e, ao mesmo tempo, como ele está sendo influenciado
por esse mesmo ambiente. É possível apontar que certas particularidades ambientais tornam
possíveis alguns comportamentos, enquanto impossibilitam outros.
O entendimento de como o homem percebe o espaço em que vive e como o ambiente
pode influenciar no comportamento das pessoas foram parâmetros fundamentais para o
surgimento de estudos sobre uma arquitetura que se preocupe mais com o desejo de seus
usuários, gerando uma estrutura adequada aos mesmos.
É importante notar que a percepção dos arquitetos e dos psicólogos sobre o assunto
tem diferentes pontos de vista. Os arquitetos têm uma visão da relação homem-ambiente,
onde o espaço influencia no comportamento do usuário. Em contrapartida, os psicólogos
buscam compreender melhor o que leva os indivíduos a terem determinados comportamentos
(MELO, 1991). Logo, nota-se que a Psicologia Ambiental não estuda nem o usuário e nem o
ambiente separadamente e sim quais os efeitos que o ambiente físico pode causar no
comportamento de diferentes tipos de pessoas.
De acordo com Hall (1966 apud AUBERT, 2007): “O homem e suas extensões
constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma
27
coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia ou sua língua, fossem algo diferente”. Dessa
forma, é possível notar a importância da aplicação da Psicologia Ambiental nos projetos de
arquitetura de forma a garantir um espaço saudável aos seus usuários.
No âmbito da arquitetura, é possível notar que a ênfase em aspectos construtivos e
estéticos das construções está aos poucos se deslocando para a preocupação com a satisfação
e o bem estar dos usuários. Isso leva a projetos mais centrados nos indivíduos e
consequentemente mais agradáveis e acolhedores que um projeto com foco apenas na estética.
A Psicologia Ambiental pode desempenhar um papel de conexão entre os conhecimentos
arquitetônicos e psicológicos, possibilitando trocas entre as duas áreas para que seja possível
chegar a um propósito comum, que é criar ambientes mais humanizados e coerentes com a
necessidade de seus usuários.
Portanto, pode-se concluir que seria um equívoco projetar sem antes analisar quais
serão os futuros usuários, suas necessidades, dificuldades e anseios para que assim seja
possível criar soluções ainda na etapa de projeto que atendam aos indivíduos. Além disso,
ambientes que atendam satisfatoriamente aos usuários podem alterar quadros como estresse,
desordem e até mesmo problemas como a vulnerabilidade social.
2.1 Psicologia Ambiental Aplicada a Ambientes de Ensino
À medida que as pesquisas sobre arquitetura escolar avançam, aumentam as
evidências de que o ambiente tem grande participação no processo de aprendizagem e de
formação dos alunos. Os estudantes têm suas capacidades desenvolvidas e aperfeiçoadas nas
instituições de ensino. E isso só é possível a partir da responsabilidade que o estabelecimento
assume de atuar para o pleno desenvolvimento afetivo, cognitivo e social do aluno e também
pelo fato dos mesmos passarem boa parte de seu dia dentro da escola. Com isso, é possível
argumentar que a qualidade das instituições de ensino se associa a qualidade das relações e
formações humanas e sociais adquiridas em seu interior. Ou seja, quanto mais adequada e
dotada de experiências construtivas for a experiência escolar, mais qualificados serão os
indivíduos formados.
Para que o aluno tenha pleno desenvolvimento de suas capacidades no ambiente
escolar, este precisa estar de acordo com as condições adequadas para intensificar ao máximo
a prática educativa. Estudos apontam que o ambiente tem ampla influência no modo como os
usuários agem e se relacionam. Então, um ambiente que exerça sensações ruins pode
prejudicar o aprendizado do aluno (BANDEIRA, 2014).
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O nível de participação dos alunos no ambiente escolar também está relacionado à
estrutura e organização da instituição. É comprovado que os indivíduos desenvolvem uma
relação com seu entorno, podendo ser ela boa ou ruim. As práticas dos estudantes no ambiente
escolar estão ligadas às experiências que eles obtiveram para formar suas próprias concepções
do espaço. Um exemplo muito recorrente desse fato, nas escolas do Brasil, são as práticas de
vandalismo. Estudos afirmam que quando o aluno desenvolve algum sentimento de
pertencimento e respeito ao meio ele tende a preservar e zelar pelo espaço. No livro
“Arquitetura Escolar o Projeto do Ambiente de Ensino”, Kowaltowski faz uma análise de
como algumas características arquitetônicas do ambiente influenciam seus usuários.
Ambientes dominados pela iluminação artificial, vidros opacos que impedem
a visão do exterior, presença de grades de proteção, monotonia de formas,
cores e mobiliário, falta de manutenção, excesso de ordem, rigidez na
funcionalidade, falta de personalização e impossibilidade de manipulação
pelo usuário são considerados desumanos e, portanto, menos satisfatórios ou
apreciados (KOWALTOWSKI, 2011, p.44).
As circunstâncias que levam ao vandalismo indicam que tal comportamento é
consequência da relação pessoa-ambiente, por isso se tornou uma das vertentes de estudo da
Psicologia Ambiental. Se os alunos se sentem pertencentes a um espaço e confortáveis no
mesmo, isso fará com que eles passem mais tempo nesse espaço, além de diminuir os índices
de evasão escolar. Apesar de as características do ambiente não serem estímulos únicos que
levam a ações de vandalismo, já que o nível de educação recebida pelo indivíduo ao longo de
sua vida e sua personalidade também devem ser considerados, elas são fatores determinantes
para que haja a ação de depredar.
São tomados como facilitadores do vandalismo em ambientes escolares, aspectos do
ambiente como aparência degradada das instalações, percepção de ausência de cuidados com
o local por parte dos responsáveis, sentimento de descontentamento com o ambiente
generalizado e o afastamento das pessoas com relação ao lugar por perda do sentimento de
pertencimento (FELIPPE, RAYMUNDO e KUHNEN, 2012).
Embora haja tentativas de combate ao vandalismo como defesa do ambiente com
instalações de barreiras físicas, vigilância, equipamentos de segurança e punição dos
agressores, pesquisas apontam que tais ações não são efetivas (INSTITUTO DE
PSICOLOGIA,1999). Isso devido a várias outras circunstâncias que influenciam no
29
comportamento dos usuários e tornam tentativas de combate destinadas a apenas umas das
causas da agressão ineficientes.
É possível estabelecer que o ato de agressão é resultado da relação dos usuários com o
ambiente, e as motivações derivam de aspectos pessoais do indivíduo, do meio social em que
ele está inserido e de características do local, sendo a última mais determinante para que a
depredação ocorra. Como evento multideterminado, o vandalismo também exige diferentes
tipos de intervenções em relação à pessoa e ao ambiente de forma concomitante para que
somente assim seja solucionado.
2.2 Psicologia Ambiental Associada à Educação Ambiental
Atualmente, a questão ambiental é considerada uma das grandes preocupações da
sociedade, já que os danos ambientais têm aumentado e se tornado um assunto cada vez mais
recorrente. Apesar de todos concordarem que é preciso mudar esse quadro de crise ambiental
no planeta, ainda há divergências sobre qual a melhor forma de agir perante as inúmeras
visões e posicionamentos da sociedade.
Algumas medidas vêm sendo tomadas desde que começou a se falar nos problemas
que o planeta enfrentaria se o homem não começasse a controlar o consumo dos recursos
naturais. Porém, nenhuma das tentativas foi completamente eficaz já que as causas do
problema são as mais diversas. A constatação de que o principal responsável pela crise
ambiental é o homem é o único consenso entre os estudiosos do caso.
Diante disso, programas voltados para a aquisição de uma consciência ambiental nos
indivíduos são de extrema importância, principalmente no que diz respeito à educação
ambiental ser instruída desde os primeiros anos escolares para que as crianças cresçam
sabendo da responsabilidade que tem de preservar o ambiente que habitam. A educação
ambiental, de acordo com a Lei nº 9795/1999, Art 1º, da Política Nacional de Educação
Ambiental, pode ser definida como:
Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)
30
Em decorrência do aumento da preocupação da relação do homem com o meio
ambiente em que habita, também tem crescido o interesse pelos aspectos psicológicos dessa
relação para se identificar os motivos que levam os indivíduos a terem comportamentos pró-
ambientais enquanto outros apenas rejeitam esse tipo de atitude. Assim, o conhecimento de
como o ambiente influencia no comportamento humano é de extrema importância para a
elaboração de um projeto mais adequado as necessidades dos seus usuários e que não
prejudique o meio ambiente em que está inserido.
A Psicologia Ambiental, além de compreender o modo em que o ambiente afeta o
comportamento dos usuários, também entende que a ação das pessoas afeta o espaço em que
estão inseridas. A rejeição das pessoas a comportamentos pró-ambientais está diretamente
relacionada com a percepção ambiental e com os valores culturais da sociedade em que está
inserida. Sendo assim, se uma pessoa tem uma boa relação com o ambiente em que está ela
terá ações de cuidado e preservação desse espaço.
Para Raymundo e Kuhnen (2010), durante a vida de um indivíduo, informação
combinada com atividades são fundamentais para o desenvolvimento da atitude ecológica. É
necessário vincular a teoria sobre os cuidados ambientais com atividades práticas desde as
primeiras etapas da vida. Se for despertada a sensibilidade ambiental desde a infância com
ações práticas, é mais provável que os indivíduos tenham boas condutas ambientais por toda a
vida.
Assim, se os estudantes conviverem diariamente em um ambiente escolar sustentável,
com espaços que possibilitem a prática de ações benéficas ao meio ambiente, eles têm grandes
chances de usar essa prática ao longo de toda sua vida. Além disso, uma vez conscientes da
importância de atitudes pró-ambientais, os alunos irão passar esse conhecimento para seus
familiares e amigos, podendo gerar assim, uma sociedade muito mais preocupada em como
suas ações vão refletir no meio ambiente.
2.3 Elementos Arquitetônicos que Contribuem para Qualificação do Ambiente
A arquitetura de espaços escolares, na maioria dos casos, tem sua preocupação focada
em atender a demanda de vagas dos estudantes, ou seja, a prioridade não é a qualidade do
ambiente e sim sua capacidade. Embora os dois conceitos não se excluam, a história desse
tipo de construção demonstra que raramente essas duas necessidades são atendidas na mesma
escala.
31
Esse quadro torna-se ainda pior em obras públicas, onde o prazo e a disponibilidade de
verba são sempre escassos. Outro ponto crítico no que diz respeito a escolas públicas é a
rigidez dos programas arquitetônicos estabelecidos pelas Secretarias de Educação que
impedem de várias formas a criatividade projetual do arquiteto responsável. Diante disso, as
escolas acabam sendo projetadas sem que as necessidades da comunidade sejam ao menos
conhecidas e então surgem problemas físicos diversos, além da insatisfação de seus usuários.
Essa pequena análise mostra que importantes etapas, anteriores à concepção do
projeto, não estão sendo consideradas por motivos que nada têm a ver com o bem estar dos
alunos. Uma dessas etapas é o estudo da Psicologia Ambiental e qual a melhor forma de
aplicar suas soluções para beneficiar seus usuários e a comunidade local. Nos itens a seguir,
alguns elementos de fácil aplicação e com reações positivas por parte de seus usuários serão
apresentados e analisados para que possam ser inseridos de forma eficaz no projeto da nova
sede da Fundação Municipal da Infância e da Juventude.
2.3.1 Cores
Apesar de ser considerada por leigos como parte da decoração, a cor é um elemento
arquitetônico de grande importância nas construções. Presente em todos os momentos de
nossa vida, as cores têm a capacidade de afetar emocionalmente as pessoas dependendo de
sua tonalidade e das sensações que transmitem e podem ser usadas para enriquecer as
experiências sensoriais e emotivas.
Um espaço escolar é composto por diferentes tipos de ambientes. Porém, todos visam
produzir nos alunos estímulos que promovam a criatividade, a interação social e o
aprendizado. Alguns ambientes tentam alcançar isso de forma mais lúdica e prática enquanto
outros oferecem espaços que facilitam a concentração. Para alcançar os resultados desejados,
as cores são um recurso de significância para os arquitetos.
O equilíbrio dos tons certos deve ser buscado em cada tipo de ambiente já que
possuirão usos distintos. Ou seja, as salas de aula terão uma configuração cromática, enquanto
a cantina, por exemplo, terá outra combinação completamente diferente.
O uso de um único tom pode tornar o ambiente monótono e cansativo, porém o uso de
muitas cores pode prejudicar a concentração e gerar certa inquietação nos usuários. Os tons
“quentes” estimulam e aumentam a atividade cerebral gerando sensações de energia. Já os
tons “frios” provocam relaxamento e tranquilidade ao ambiente, além de serem ideais para
32
reduzir tensão e estresse. Todas essas propriedades precisam ser administradas com
competência em espaços educacionais já que tem grande influencia na dinâmica do ensino.
De acordo com Dabus (2014), é possível atribuir algumas características as cores
quando aplicadas em ambiente escolar, conforme ilustrado abaixo.
Azul: considerado um tom frio, tem características de quietude, segurança e
reflexão. Além de reduzir a pressão arterial e aumentar a consciência, junto a
uma iluminação suave, contribui para a realização de tarefas.
Verde: tem grande ligação com a natureza. Possui características como
harmonia, tranquilidade e liberdade. É muito empregado na arquitetura escolar
por essas características e por permitir combinações variadas.
Amarelo: por ser um tom atrativo, estimula o sistema nervoso, transforma o
pessimismo em otimismo e representa expansividade. Pode ser considerado
como a cor da energia e da inteligência e impulsiona ações.
Laranja: com aparência alegre, esse tom transmite a ideia de energia,
inquietude e luminosidade. Está associado à atividade infantil que possui
sempre muita energia e é “incansável”. É indicada para espaços escolares, pois
ajuda a libertar emoções reprimidas e criatividade.
Vermelho: provoca respostas em seus usuários como extroversão e agitação,
além de despertar sentimentos de afeição. Esse tom eleva a pressão arterial e
afeta o sistema muscular, porém precisa ser aplicado com moderação já que
seu uso em excesso gera estresse e impulsividade.
Cinza: gera elegância e eleva o nível de formalidade do ambiente. Por ser uma
cor sóbria e neutra deve ser usada com moderação para não tornar o ambiente
monótono.
2.3.2 Nichos
A presença de nichos em espaços públicos pode proporcionar aos seus usuários
sensações de proteção, intimidade e maior nível de interação social em um grupo de pessoas.
Esses nichos geralmente estão presentes em ambientes amplos como uma espécie de refúgio
ou uma opção para interações mais particulares (Figura 07). Eles podem ter caráter
temporário ou permanente, sendo que nesse último caso são subtraídos ou agregados ao
volume da edificação (AUBERT, 2007).
33
Os nichos podem ser para uso individual ou em grupo e possibilitam a realização de
várias atividades em seu interior. Além disso, podem ser usados materiais que possibilitem
passagem de iluminação e ventilação para garantir o conforto.
Figura 07 – Exemplo do uso de nichos em ambiente escolar.
Fonte: ARCHDAILY, 2013
2.3.3 Amplidão
Ambientes amplos permitem que seus usuários se adaptem da forma mais conveniente
para cada momento e ajustem as próprias distâncias interpessoais. Isso faz com que se sintam
mais confortáveis e seguros já que nenhuma proximidade com os outros usuários será forçada
no ambiente. De acordo com a teoria de Affiliative-Conflict (BARROS, 2005), um ambiente é
considerado confortável quando ele possibilita o equilíbrio das tendências de afastamento e
aproximação das pessoas, dependendo das circunstâncias e da apropriação pelo usuário. Cores
claras, pé direito alto, inexistência de cobertura ou fechamentos laterais e iluminação
abundante induzem a sensação de amplidão do ambiente.
Ao mesmo tempo, o ambiente pode imprimir uma característica mais íntima pela
possibilidade de formar nichos, através de mobiliário e/ou barreiras que não comprometam a
sensação de amplidão (AUBERT, 2007). Telas, mobiliários flexíveis e materiais translúcidos
são alguns exemplos de barreiras que não atrapalham o conceito de amplidão de um ambiente.
Ao se tratar de um espaço que vai receber crianças e adolescentes, é importante que o
ambiente tenha espaço suficiente para eles possam achar por si mesmos o próprio equilíbrio e
o nível de aproximação mais adequado. O ambiente deve oferecer estrutura adequada para
34
transmitir segurança do ponto de vista fisiológico; ser redundante e coeso o suficiente para
transmitir proteção do ponto de vista emocional; ser complexo para gerar momentos de
desafios e ao mesmo tempo simples de manipular para acelerar e aprofundar o
desenvolvimento.
2.3.4 Iluminação
Como o estímulo para novas descobertas sempre passa pelos sentidos dos seres
humanos, e a visão é um dos sentidos mais importantes no aprendizado, a iluminação pode ser
considerada um elemento de grande importância para maximizar o desempenho dos alunos. É
de conhecimento geral que a iluminação pode ser de origem natural ou artificial e que os dois
tipos desempenham um papel importante nos ambientes escolares desde que aplicados de
maneira correta.
A luz natural oferece inúmeras vantagens como qualidade ambiental e maior eficiência
energética nas edificações. É possível destacar características positivas da luz natural como
melhor qualidade da iluminação (uma vez que os seres humanos se desenvolveram com a luz
natural), permite maior facilidade de identificação de contrastes, cores e formas, produz
efeitos estimulantes nos usuários devido a sua constante mudança ao longo do dia e possui
valores mais altos de iluminação se comparados à luz elétrica. Além disso, o uso da
iluminação natural reforça o conceito de sustentabilidade, já que é uma fonte de energia
renovável.
A luz artificial também é uma grande aliada dos bons projetos de iluminação já que
está disponível a qualquer momento do dia e consegue vencer a profundidade e iluminar onde
a luz natural não alcança dentro de um ambiente. Seu uso também possui vantagens,
principalmente no que diz respeito à necessidade dos usuários de controlar características
como a temperatura de cor, a direção do foco luminoso, a sua potência, o controle de luz e
sombras e a suavidade da luz.
É certo que a luz natural oferece benefícios muito maiores do que a artificial, porém,
em ambientes escolares, esses benefícios se tornam ainda maiores já que um dos efeitos
psicológicos positivos da luz natural é o aumento do interesse pelo local, já que sua constante
mudança torna o ambiente mais estimulante (GARROCHO, 2005). Pra que o ambiente seja
satisfatório a seus usuários, ele precisa conciliar de forma eficaz a iluminação natural com a
artificial, extraindo o máximo de vantagens que elas possam oferecer.
35
2.3.5 Conforto térmico
O bem estar das pessoas, em qualquer ambiente, está diretamente ligado ao conforto
que o espaço oferece a seus usuários. Assim, um projeto eficiente deve levar em conta o
aproveitamento de todos os fatores naturais disponíveis, bem como a minimização de seus
efeitos negativos. O conforto em ambientes escolares é essencial para que seja maximizado o
desempenho dos alunos, principalmente o conforto térmico que afeta negativamente o
aprendizado se não for adequado.
Problemas como temperaturas altas, falta de ventilação, umidade excessiva e radiação
térmica são bastante prejudiciais ao desenvolvimento escolar, pois causam sonolência,
alteração nos batimento cardíacos, aumento da sudação, apatia e desinteresse pelo trabalho
(KOWALTOWSKI, LABAKI E PINA, 2001).
Os problemas com as temperaturas em escolas estão diretamente relacionados com a
orientação das salas, a disposição de suas aberturas, a falta de isolamento térmico e a
inadequação ou inexistência dos elementos de proteção solar. Inúmeras avaliações apontam
que em escolas de dois pavimentos, as salas de aula do pavimento térreo possuem melhor
conforto térmico. Isso é devido à falta de isolamento no telhado das construções e também na
ausência de ventilação entre a laje e o telhado da edificação. Esses elementos de melhoria
podem ser introduzidos facilmente na maioria das escolas e não geram grandes custos.
2.3.6 Conforto acústico
O conforto acústico adequado é um dos fatores que mais contribui para o aumento do
nível de aprendizado dos usuários. Ambientes com sons indesejáveis são comprovadamente
prejudiciais à saúde e ao aprendizado, pois podem causar problemas como pressão alta,
estresse, doenças do coração e úlceras. Em um espaço bem projetado, não é preciso falar alto
para ser entendido por todos e então toda a atmosfera se torna mais confortável.
A qualidade acústica dos ambientes pode ser obtida pela escolha de revestimentos e
móveis que não reflitam ou amplifiquem as ondas sonoras. Além disso, paredes e tetos com
superfícies irregulares, dissipam o som e materiais como carpetes, madeira e painéis acústicos
são bons isolantes acústicos (VASCONCELOS, 2004).
36
2.3.7 Forma
A forma também é uma característica da edificação que afeta a emoção e o
aprendizado dos usuários. A disposição dos ambientes e suas respectivas circulações afetam
diretamente a satisfação dos usuários e sua relação com o ambiente. O uso de diferentes
formas num mesmo espaço também provoca estímulos sensoriais e distrações positivas no
ambiente, podendo ser destacadas pelo uso de cores (VASCONCELOS, 2004).
A forma da fachada também revela como a arquitetura pode afetar positivamente os
indivíduos. Fachadas com alguma imponência arquitetônica e bem preservadas aumentam a
sensação de pertencimento dos usuários e diminuem os índices de vandalismo
(KOWALTOWSKI, LABAKI E PINA, 2001).
A satisfação dos usuários em um ambiente é obtida através de várias características da
construção. O uso correto dos princípios da psicologia ambiental, principalmente no que diz
respeito ao conforto térmico e lumínico podem tornar as experiências dos usuários mais
agradáveis, além de contribuir para a redução do consumo de recursos naturais, favorecendo a
sustentabilidade.
37
3. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO
CIVIL
A construção civil, desde o seu início, nas civilizações mais antigas, surgiu para
atender as necessidades básicas do homem e oferecer abrigo, conforto e proteção dos agentes
externos. Quando surgiu, a preocupação com as construções era limitada apenas a atender as
necessidades básicas dos seres humanos, sem considerar os impactos causados ao meio
ambiente.
Um dos primeiros atos que demonstra cuidados com os possíveis impactos causados
no meio ambiente foi a criação do Clube de Roma, no ano de 1968. O grupo era formado por
integrantes de dez países, de diferentes formações profissionais, que tinham por objetivo
discutir os impactos que o crescente uso dos recursos naturais poderia causar no mundo. Em
1972, ocorreu a conferencia das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo.
Esse foi o primeiro encontro mundial a tentar coordenar e conscientizar a sociedade sobre as
relações humanas com o meio ambiente.
Outros esforços de tentar controlar os impactos do mundo sobre o meio ambiente
foram surgindo lentamente e em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, conhecida como ECO-92. Essa
conferência fez uma análise dos problemas existentes e dos progressos já realizados até então.
Assim, foram elaborados documentos importantes, que até os dias de hoje continuam sendo
referência para as discussões ambientais. A presença de inúmeros chefes de Estado revelou a
importância da discussão sobre o tema no inicio dos anos 90 e desencadeou na aprovação de
convenções e planos de ações para a melhoria das condições ambientais do planeta.
O impacto negativo gerado pela construção civil ao meio ambiente é um aspecto que
deve ser considerado antes mesmo da idealização de um projeto. Segundo o Conselho
Internacional da Construção (CIB), mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelos seres
humanos são provenientes da construção civil. Além dos impactos causados pelos resíduos
gerados, há também o consumo de recursos naturais e a utilização de energias não renováveis
de forma intensiva.
Com interesse em minimizar os impactos causados pela construção, surge a ideia de
construção sustentável. Segundo Chaves (2014, p. 13):
38
Construção Sustentável é um sistema construtivo que visa garantir qualidade
de vida às gerações atuais e futuras. Esse tipo de construção promove
alterações no entorno, de forma a atender as necessidades da edificação e o
uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais
(CHAVES, 2014, p.13).
A sustentabilidade de uma construção está diretamente ligada a sua durabilidade, a
disponibilidade local dos materiais que foram empregados, aos impactos causados por ela ao
meio ambiente e a redução do consumo dos recursos naturais. Hoje o conceito dos quatro R’s
é muito usado para facilitar a compreensão das premissas básicas para a sustentabilidade. São
eles: racionalizar, reutilizar, reduzir e reciclar. Utilizando desses conceitos para a construção
civil, têm-se como base cinco ideias básicas (CHAVES, 2014):
Projetos Inteligentes: o primeiro passo para a realização de uma construção
sustentável é o projeto. Nele devem ser tomadas decisões que aproveitem
ao máximos as características do terreno e da natureza local. A iluminação
natural, por exemplo, pode ser citada como uma decisão projetual que vai
poupar energia elétrica em toda a vida útil do projeto.
Eficiência Energética: é a ideia de que as construções se mantenham de
modo econômico, evitando o uso desenfreado de recursos naturais. Isso
pode ser alcançado com o uso de lâmpadas econômicas, ou utilizando
energia solar por exemplo.
Aproveitamento de Água: a água é uma das preocupações principais
quando se fala em sustentabilidade. Por ser um dos recursos mais
importantes à vida humana e por sua disponibilidade ser escassa, deve-se
evitar ao máximo seu desperdício nas construções e fazer com que ela seja
reaproveitada. Como exemplo de soluções para evitar o desperdício de
água pode-se citar o uso de torneiras mais eficientes e o reaproveitamento
da água das chuvas.
Redução da poluição: uma obra sempre gera muitos resíduos que geram a
poluição do ambiente. Se houver um melhor aproveitamento desses
materiais, essa poluição será consideravelmente diminuída. Os resíduos
gerados podem, por exemplo, serem reaproveitados em outras obras ou
serem reciclados.
39
Materiais Ecológicos: o uso de materiais ecológicos deve levar em conta
vários fatores como a disponibilidade dele no local, seu potencial de
reciclagem, o ciclo de vida, o impacto ao meio ambiente que sua produção
causou, entre outros. Plástico reciclado, madeira de demolição e concreto
reciclado (a partir da demolição de outros edifícios) são exemplos de
materiais ecológicos.
3.1 Arquitetura Sustentável
As primeiras iniciativas de aplicação da arquitetura sustentável surgiram na década de
1970, quando a França instituiu uma legislação voltada ao uso racional da energia elétrica em
seus edifícios. Com isso, foi obtida uma economia de 42% no setor elétrico, estimulando toda
a Europa a fazer o mesmo. Na década de 1990, os Estados Unidos também adotaram uma
legislação voltada a redução do uso de energia elétrica nas edificações urbanas (Meiriño,
2004).
No Brasil, foi promulgada a Lei nº 10.295, no ano de 2001, que ordena sobre a Política
Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, mediante o estabelecimento de: (I)
níveis máximos de consumo ou mínimos de eficiência para o funcionamento de equipamentos
elétricos, (II) de indicadores para os diversos tipos de edificações e (III) de requisitos básicos
para a arquitetura bioclimática (Brasil, 2001). Porém, somente nos últimos anos as questões
ligadas à proteção do meio ambiente e da escassez dos recursos não renováveis têm sido
consideradas nos projetos arquitetônicos.
Existem várias definições para o conceito de sustentabilidade, porém a mais conhecida
é a do relatório Brundland, da ONU (1987): “Desenvolvimento sustentável é aquele que
atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de atenderem as suas necessidades e aspirações.” Outra definição muito aceita por
autores e de fácil entendimento é o tripé da sustentabilidade, criado no ano de 1990 por Jonh
Elkingtonque, que é formado por três elementos: econômico, ambiental e social, conforme
ilustrado na Figura 08.
40
Figura 08 – Imagem do Tripé da Sustentabilidade.
Fonte: RANGEL, 2015
Portanto, pode-se concluir que a arquitetura sustentável deve buscar soluções que
atendem as necessidades da edificação e dos usuários, às suas restrições orçamentárias, aos
impactos que sua implantação causará, aos materiais disponíveis no local, à legislação
vigente, às condições sociais locais, às condições climáticas da região, e a previsão das
necessidades futuras durante a vida útil da construção. Essas decisões, quando tomadas na
fase projetual, se tornam mais efetivas e geram otimização dos recursos financeiros. Se na
concepção dos projetos os arquitetos analisassem questões como a disponibilidade dos
materiais que serão aplicados, soluções de conforto térmico, acústico e lumínico, e aplicação
de meios para reduzir o consumo de água e energia, muitos impactos ambientais seriam
reduzidos e os clientes teriam construções mais eficientes e econômicas.
O desempenho do edifício também faz parte do conceito de sustentabilidade. Nele
deve-se considerar primeiramente o processo de construção, que deverá ter um impacto
controlado sobre o meio ambiente. Além disso, também deve ser considerado o ciclo de vida
da edificação, que deve atender aos seus usuários com um pleno desempenho dos produtos
aplicados, reduzindo custos ao longo de sua vida útil.
O objetivo econômico, que é parte inseparável do conceito de sustentabilidade, se
traduz em custos globais reduzidos a curto e longo prazo. Portanto, não se pode aplicar
materiais ou decisões projetuais, por exemplo, que gerem danos precoces à construção, pois
assim estarão sendo gerados mais custos ao usuário, além de mais poluição ao meio ambiente,
o que fere o conceito do tripé da sustentabilidade.
41
Dificilmente uma construção será 100% sustentável, porém quanto menos ela agredir
o meio ambiente e quanto mais econômica ela for a curto e longo prazo, mais eficiência terá.
Para além das decisões de projeto, deve-se pensar muito nos materiais e tecnologias aplicadas
a construção civil. De nada adianta um prédio completamente eficaz no quesito de adequação
a região e com completo conforto térmico, acústico e lumínico se os materiais aplicados ferem
o conceito da sustentabilidade. Para atender a essa demanda, surgiram os materiais e
tecnologia ecoeficientes que complementam ainda mais a arquitetura sustentável.
3.2 Ecoeficiência
O termo ecoeficiência surgiu no ano de 1992, no Conselho Mundial de Negócios para
o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable Development -
WBCSB), em um relatório de preparação para a ECO-92, desenvolvido pelo conselho. O
conceito começou a ser introduzido primeiramente nas indústrias para tentar reduzir o
impacto ambiental e ao mesmo tempo aumentar a rentabilidade.
O termo eco deriva do grego “oikos”, que significa casa. Já a palavra eficiência está
relacionada com a capacidade de obter melhor rendimento com índices de desperdício
menores. Portanto, a ecoeficiência pode ser entendida como uma iniciativa de melhorar o
rendimento dos materiais, reduzindo assim os índices de desperdício para que o planeta terra,
que é a casa dos seres humanos, sofra menos impactos.
Segundo VINHA (2003, p.174), “A ecoeficiência é alcançada através do fornecimento
de bens e serviços, que satisfazem as necessidades humanas e aumentam a qualidade de vida,
a preços competitivos, reduzindo progressivamente os impactos ecológicos“. Ou seja, o termo
significa produzir mais e criar mais valor com menos recursos e resíduos. O WBCSB definiu
seis diretrizes principais para a ecoeficiência: minimizar a intensidade de materiais dos bens e
serviços, minimizar a intensidade energética de bens e serviços, minimizar a dispersão de
tóxicos, fomentar a reciclabilidade dos materiais, maximizar a utilização sustentável de
recursos renováveis e estender a durabilidade dos produtos.
Além de adequar as atividades humanas com as necessidades do meio ambiente, a
ecoeficiência é também uma forma de competitividade. Se no passado as empresas viam as
questões relativas ao desenvolvimento sustentável como obstáculos a sua produtividade
devido às dificuldades de produção e custos acrescidos, hoje várias organizações passaram a
42
enxergar no desenvolvimento sustentável uma oportunidade para aumentar a eficiência e o
crescimento empresarial, dando a empresa uma visibilidade maior no mercado.
Nos últimos anos, as empresas vêm tentando introduzir no mercado da construção
civil os materiais e técnicas construtivas ecoeficientes que já vêm ganhando espaço em outros
setores. Porém, há certo bloqueio por parte da indústria da construção que impede que a
sustentabilidade seja aplicada aos edifícios de forma efetiva. Esse bloqueio é devido à falta de
conhecimento a respeito do tema já que essa nova pratica possui características singulares que
demandam certa adaptação e treinamento para que funcionem de forma eficaz.
3.3 Materiais e Tecnologias Sustentáveis de Baixo Custo
A arquitetura sustentável requer maior atenção no seu período projetual para que as
decisões sejam tomadas adequadamente de forma a aumentar ao máximo a eficiência da
construção. É de grande importância um olhar ainda mais profundo desde a fase de projeto
para considerar os fluxos de materiais e energia e seus respectivos ciclos de vida. Para que se
alcance a sustentabilidade de forma plena é de extrema importância observar desde a forma
como se extraem os materiais e a energia da natureza, seu processamento nas indústrias, seu
armazenamento, sua forma de aplicação, sua durabilidade e por fim seu destino após o
termino de sua vida útil.
Uma das primeiras características a se observar quando se decide aplicar um material é
a sua disponibilidade local. Hoje temos, na indústria da construção civil, uma série de
materiais comumente aplicados nas obras, que vêm de lugares distantes, aumentando assim os
custos com transporte e armazenamento, além da poluição gerada. Após analisar a
disponibilidade, é preciso fazer um estudo das características dos materiais para saber se ele
responde bem as características climáticas e ambientais da região.
A demanda de tempo de aplicação de um material também é um fator que deve ser
levado em consideração, já que quanto mais tempo de aplicação ele necessitar, maiores vão
ser os gastos com mão de obra. Além do tempo, também é preciso considerar a quantidade de
resíduos que sua aplicação gera, uma vez que quanto mais resíduos o material gerar, maior vai
ser seu impacto na natureza.
Coletar e reutilizar água da chuva e captar e armazenar energia solar também são bons
exemplos de tecnologias sustentáveis que tem baixo custo. As placas solares para captação de
energia podem ser feitas de materiais recicláveis, como tubos de PVC, por exemplo. Ainda
sobre o uso de tecnologias baratas e sustentáveis, pode-se adequar a edificação a correta
43
orientação solar, uso de ventilação cruzada, estudo de sombras no terreno e uso ao máximo da
iluminação natural. Essas decisões projetuais praticamente não interferem no custo da obra,
porém a logo prazo reduzem consideravelmente os custos do edifício.
A construção de uma nova sede para a Fundação Municipal da Infância e Juventude,
demandará gastos com a obra e todos os custos que ela implica. Para que os custos sejam
reduzidos não só a nível imediato, como também a longo prazo, é proposta a utilização de
materiais e tecnologias de baixo custo conforme os conceitos já apresentados. Aliado a isso,
os materiais também devem ter caráter sustentável para que além de todos os benefícios que
esse tipo de material oferece, também seja gerada a conscientização ambiental das crianças e
jovens que farão uso do espaço.
44
4. PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa de campo foi realizada com o objetivo de compreender o funcionamento
da FMIJ, conhecer todos os projetos por ela oferecidos e entender a importância desses
projetos para a sociedade do município de Campos dos Goytacazes.
4.1 Reunião na Fundação Municipal da Infância e Juventude
Participantes da reunião: João Luis Mello e Silva (coordenador do SCFV Semeando Arte);
Kátia Beatriz Noronha Santafé (Gerente de Articulação do SUAS – Assistente Social); Maria
Rita Maciel (Coordenadora Pedagógica); Rodrigo Carvalho (presidente da FMIJ)
Data: 11 de Abril de 2016
Local: Fundação Municipal da Infância e da Juventude
Foi realizada uma reunião com os funcionários da Fundação acima citados a fim de
entender melhor a sua atuação, os programas por ela oferecidos e as atuais dificuldades,
necessidades, problemas enfrentados e anseios para que fosse possível realizar um estudo
teórico e um projeto de arquitetura que atenda de forma plena aos funcionários e alunos para
melhor aproveitamento desse projeto tão importante para o município de Campos.
As perguntas foram formuladas pela autora e respondidas pelos funcionários
participantes durante a reunião.
1. Qual a política de atuação da fundação e o tipo de atendimento oferecido?
A FMIJ atua na politica da infância e da juventude no município de Campos dos
Goytacazes desde 1990. Quando foi fundada, se norteava apenas pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente, porém após algumas reformulações, passou a atuar também de acordo com o
Sistema Único da Assistência Social e os serviços foram reordenados para se encaixar nas
normas do SUAS, qualificando a Fundação como um serviço de assistência social.
A Fundação atende qualquer criança ou adolescente e divide seu atendimento em
Proteção Social Básica, Proteção Social de Média Complexibilidade e Proteção Social de Alta
Complexibilidade, além de oferecer cursos livres que permitem a inserção de jovens no
mercado de trabalho. A FMIJ atua com projetos preventivos que ofertam serviços de
convivência e fortalecimento de riscos e previne situações de vulnerabilidade social. Os
45
alunos atendidos devem estar inscritos no cadastro único e a prioridade é para crianças
acolhidas, com defasagem escolar, cumprindo medida sócio educativa e/ou em situações de
risco.
2. O atual espaço ocupado pela Sede da Fundação está atendendo de maneira
satisfatória as necessidades? Quais os problemas enfrentados?
A Fundação ocupa um espaço alugado pela prefeitura de Campos que está
necessitando de reformas para melhor oferecer seus serviços. Atualmente a Fundação não
dispõe de espaços acessíveis aos portadores de dificuldades de locomoção, de salas projetadas
especialmente para a realização dos cursos e nem de uma área de lazer atrativa aos alunos.
Outro problema enfrentado é o território atual ocupado pela FMIJ que fica próximo de uma
comunidade de Campos, o complexo da Tira-gosto, que segue ideologias diferentes de outras
comunidades do município, o que acaba gerando alguns pequenos conflitos com os alunos de
outras localidades e assim a evasão dos mesmos.
3. Quais são os ambientes necessários, além dos existentes, para o projeto de uma
nova sede para a FMIJ?
A Fundação atualmente necessita de salas mais amplas e adequadamente projetadas
para atender um número maior de alunos de forma confortável. Necessita também de um
auditório multiuso com mobiliário móvel para que sejam realizadas apresentações e ensaios
durante o ano. Há ainda a necessidade de uma área de lazer para os alunos com quadras e
playground.
4. Em média, qual o número de alunos e funcionários da sede da FMIJ?
A Fundação atende hoje em sua sede uma média de 900 alunos, sendo o número ideal de
alunos por turma no máximo 30. O número de funcionários da sede é em média 130, porém
essa equipe encontra-se em déficit.
A reunião na FMIJ teve grande importância inicialmente para a definição do tema do
presente trabalho, pois mostrou o quanto os projetos realizados são importantes para as
crianças e jovens do município. Com a reunião também foi possível adquirir embasamento
teórico para propor um projeto que verdadeiramente atendesse aos alunos e funcionários.
46
5 REFERENCIAIS PROJETUAIS
5.1 Referencial Plástico-Formal
5.1.1 Segundo Lugar no Concurso “Colégio Proeduca”
Local: Província de Tiabaya, Peru
Autor do Projeto: MASUNOSTUDIO (Arquiteta Maya Ballen, Arquiteto Peter Seinfeld)
Ano: Não identificado
O segundo lugar do concurso para uma escola situada na zona semi-rural do Peru tem
como premissa básica a localização e as condições climáticas da região. Fugindo do esquema
típico de pavilhões de aula, que apresenta muita similaridade com uma arquitetura ligada à
vida militar e ao sistema penitenciário, a proposta para o concurso foi uma arquitetura que
busca desenvolver as capacidades individuais dos alunos através da personalização dos
espaços. O projeto também apropria-se da separação entre os blocos (Figura 09) para facilitar
o fluxo da corrente de ventilação, controlando sua intensidade mediante uma barreira natural
de árvores.
Figura 09 – Perspectiva geral da escola.
Fonte: CABEZAS, 2013
Esse projeto foi escolhido pela disposição de blocos distintos no terreno com formas
bem definidas, sendo cada bloco para um uso específico. E pela cobertura que liga os blocos
47
com vazios para que a iluminação natural entre e para a passagem de árvores, servindo de
espaço de socialização entre os usuários (Figura 10).
Figura 10 – Vista sob a cobertura.
Fonte: CABEZAS, 2013
5.1.2 Creche em Hamburg, na Alemanha
Local: Hamburgo, Alemanha
Autor do Projeto: Kadawittfeldarchitektur
Ano: 2013
A creche fica localizada em uma área verde na cidade de Hamburgo, na Alemanha.
Sua volumetria compacta e retangular tem seu diferencial no jogo de volumes da fachada que
remete a um armário infantil. A fachada serve para uma variedade de funções e ao mesmo
tempo, cria um ambiente leve e iluminado dentro do prédio, conforme observado na Figura
11.
48
Figura 11 – Vista do interior da Creche.
Fonte: ARCHDAILY, 2015
O projeto foi escolhido devido ao jogo de formas diferentes na fachada do edifício
(Figura 12) que possui uma volumetria simples, mas que é marcante devido ao formato das
janelas que possibilita condições perfeitas para o trabalho educativo. Além disso, as cores
usadas na fachada também fizeram com que a arquitetura ficasse ainda mais destacada.
Figura 12 – Vista da Fachada da Creche.
Fonte: ARCHDAILY, 2015
49
5.2 Referencial Tipológico
5.2.1 Moradia Estudantil e Conselho Boeselburg
Local: Münster, Alemanha
Autor do Projeto: Kresings GmbH
Ano: 2014
O complexo residencial criou um espaço urbano assimetricamente disposto, que
transmite uma sensação de segurança aos usuários ao invés de ter um efeito intimidador. É
formado por quatro blocos com a mesma forma básica, conforme pode ser observado na
Figura 13, mas sem copiar um ao outro, agindo como elementos únicos.
Figura 13 – Vista superior do complexo estudantil.
Fonte: ARCHDAILY, 2014
Esse referencial foi escolhido devido à disposição dos espaços no terreno, com vários
blocos que são dispostos de forma assimétrica, dando a impressão de serem peças de um
quebra-cabeça espalhadas de forma aleatória. Essa distribuição garante ao projeto uma linha
de modernidade e dinâmica na associação dos espaços livres com o volume construído.
50
5.3 Referencial Funcional
5.3.1 Centro de Artes e Esportes Unificados – CEUS
Local: Municípios do Brasil
Autor do Projeto: Equipe do Governo Federal
Ano: 2010
Os CEUS são centros que oferecem em um mesmo espaço atividades culturais,
práticas de esportes, serviços socioassistenciais, formação e qualificação para o mercado de
trabalho, inclusão digital e políticas de prevenção à violência. O projeto (Figura 14) surgiu
como parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC2. Seu
objetivo principal é promover a cidadania em áreas de grande vulnerabilidade social do
Brasil.
Uma equipe multidisciplinar criou três projetos arquitetônicos modelo para terrenos de
tamanhos diferentes. Esses projetos são disponibilizados pelo Governo Federal para serem
adotados pelos municípios que só tem como compromisso manter o programa básico.
Figura 14 – Perspectiva de um CEU de 7000m².
Fonte: BRASIL, Ministério da Cultura, 2010
51
O projeto foi escolhido devido ao programa completo que oferece salas multiuso, salas
de oficina, biblioteca, laboratório, cineteatro, miniauditório, pista de skate, academia,
playground, quadras, jogos e pista de caminhada, conforme ilustrado na Figura 15.
Figura 15 – Implantação de um CEU de 7000m².
Fonte: BRASIL, Ministério da Cultura, 2010
5.4 Referencial Tecnológico
5.4.1 Colégio Estadual Erich Walter Heine
Local: Rio de Janeiro, Brasil
Autor do Projeto: Escritório de Arquitetura Arktos
Ano: 2011
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Desde a etapa de desenvolvimento até a execução da obra, várias iniciativas foram
tomadas para que o Colégio Estadual Erich Walter Heine (Figura 16) alcançasse de forma
mais plena possível a sustentabilidade. Situado na zona oeste do Rio, a região tem
temperaturas elevadas que ultrapassam os 40 graus no verão. Partindo dessa necessidade de
uma escola com conforto ambiental adequado, soluções como a correta implantação no
terreno, telhado verde, grandes vãos para a circulação de ar e gestão dos resíduos da obra
foram tomadas. Essas iniciativas fizeram com que a escola fosse a primeira com certificação
LEED no Brasil.
Figura 16 – Imagem do Colégio Estadual Erich Walter Heine.
Fonte: ARCHDAILY, 2014
O prédio foi dividido em quatro blocos para que sua implantação facilitasse a
passagem de ar pelos corredores (Figura 17), resfriando a circulação interna e permitindo que
o ar saísse pela claraboia que fica no pátio interno posicionado no centro dos quatro blocos.
Para aproveitar a luz natural, os corredores são voltados para o pátio e grandes janelas
também foram usadas. Além disso, os vidros possuem uma película interna reflexiva para
promover a redução do calor. A fachada norte recebeu brises verticais e para refrescar os
ambientes internos, os quatro blocos tem telhado jardim e a quadra recebeu uma cobertura
branca que evita a emissão de calor.
O telhado verde também possibilita a captação de água da chuva, que é aproveitada
nos vasos sanitários e na limpeza e irrigação do pátio. O prédio também conta com o uso do
ecopavimento no estacionamento, que é um pavimento permeável que permite a captação da
água da chuva, feito de materiais recicláveis. A escola também adotou mais algumas medidas
como uso de painéis solares, iluminação por lâmpadas LED e área para reciclagem. O projeto
53
foi escolhido como referencial devido à varias soluções tomadas para que a sustentabilidade
fosse garantida.
Figura 17 – Implantação do Colégio Estadual Erich Walter Heine.
Fonte: ARCHDAILY, 2014 (adaptado pela autora).
5.4.2 Escola Urswick
Local: LO, Reino Unido
Autor do Projeto: Avanti Architects
Ano: 2012
Localizada no Reino Unido, essa escola foi projetada em dois blocos com um pátio
central ligando os dois edifícios. O pátio é coberto com uma cobertura translúcida que atua
com principal ponto de encontro social da escola (Figura 18). Dentre os materiais usados na
construção é possível destacar o concreto, vidro e brises que formam um conjunto que confere
harmonia, leveza e beleza as fachadas.
54
Figura 18 – Imagem dos blocos ligados pelo pátio central.
Fonte: Galeria da Arquitetura,2012
O projeto foi escolhido devido aos materiais usados e principalmente devido aos brises
móveis da fachada aliados a grandes painéis de vidro que permitem controlar a entrada de
iluminação e isolação dentro do ambiente, já que é permitido aos usuários a opção de mover
os brises para onde for conveniente, além de conferir leveza e movimento a fachada.
55
6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA
6.1 Localização
O terreno em que será implantada a nova sede da Fundação Municipal da Infância e
juventude está situado na Avenida Dr. Nilo Peçanha, na cidade de Campos dos Goytacazes,
localizada no estado do Rio de Janeiro. Terrenos com dimensões e características similares
poderão ser usados para implantação do projeto em outras localidades.
A escolha do terreno deve-se principalmente a sua localização, já que fica em uma via
coletora por onde passam vários ônibus da cidade que levam a localidades próximas e aos
principais terminais rodoviários da cidade que são o Terminal Rodoviário Roberto Silveira e o
Terminal Rodoviário Shopping Estrada. A localização do terreno também permite fácil acesso
a Avenida José Alves de Azevedo e a Avenida 28 de Março que ligam pontos importantes da
cidade conforme evidencia a Figura 19.
Figura 19 – Terreno Escolhido.
Fonte: Google Maps, 2016 (adaptado pela autora).
Essa localização irá facilitar o transporte dos alunos já que é uma área próxima à
entrada da cidade e ao mesmo tempo próxima a bairros que possuem vários alunos atendidos
pelos programas da Fundação.
56
Outro fator importante para a escolha do terreno foi devido à grande quantidade de
árvores existentes nele e no seu entorno que atuam como barreira térmica e acústica natural e
favorecem ainda mais as condições para implantação de um edifício com características
sustentáveis.
6.1.1 Entorno e Infra estrutura Urbana
A área escolhida para implantação do projeto é uma região da cidade que está em
desenvolvimento, predominando o uso residencial e com infra-estrutura urbana bem
consolidada com ruas pavimentadas, serviços de água, esgoto, rede telefônica e luz elétrica e
serviços de limpeza pública. Para a escolha do terreno também foram analisados os principais
pontos marcantes do território, tais como: instituições de ensino, supermercado e outros
indicados na figura a seguir (Figura 20).
Figura 20 – Entorno do terreno.
Fonte: Google Maps, 2016 (adaptado pela autora).
57
6.1.2 Insolação, Ventilação e Fontes de Ruídos
A figura 21 demonstra uma análise simplificada das condições de insolação,
ventilação e ruídos que podem afetar a construção a ser implantada no terreno.
Figura 21 – Estudos de insolação, ventilação e ruídos.
Fonte: ACERVO PESSOAL, 2016
Conforme indicado na figura 21, as principais fontes de ruídos vêm da Avenida Dr.
Nilo Peçanha, já que é uma avenida que possui um fluxo considerável de veículos. A lateral
direita recebe o sol nascente e parte do vento nordeste que é predominante na cidade e a
lateral esquerda o sol poente.
6.1.3 Regime Urbanístico
De acordo com a Legislação vigente no município de Campos dos Goytacazes, a Lei
de Uso e Ocupação do Solo, o terreno está situado na Zona Residencial 2 (ZR2), conforme
mostra a Figura 22. Essa zona destina-se ao uso residencial unifamiliar, multifamiliar
horizontal e vertical, sendo permitido o comércio local, serviços locais, uso institucional local
e uso misto. O zoneamento também determina taxa de ocupação máxima de 60% e coeficiente
de aproveitamento de 2,0.
58
Figura 22 – Mapa de Uso e Ocupação do solo do município de Campos dos Goytacazes.
Fonte: Lei De Uso E Ocupação Do Solo, 2007 (adaptado pela autora).
6.1.4 Aspectos Físicos
Como é possível observar na Figura 23, o terreno é plano e tem forma retangular,
medindo 102,50m de largura e 134,80m de comprimento, totalizando aproximadamente
13.817,00 metros quadrados.
Figura 23 – Vista geral do terreno.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016
59
O terreno ainda possui grande variedade de vegetação nativa, contando com palmeiras,
árvores e arbustos variados, conforme mostram as Figuras 24 e 25. Ainda é possível observar
que já existe um trabalho paisagístico na parte frontal do terreno que será mantido, assim
como parte da vegetação existente.
Figura 24 – Vista geral do terreno.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Figura 25 – Vista geral do terreno.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
60
6.2 Conceito e Partido
O conceito do projeto da nova sede da FMIJ se deu por duas razões. A primeira razão
que influenciou na escolha do conceito foi o pensamento sustentável proposto para o projeto,
surgindo então a forma simbólica de uma palmeira (Figura 26).
Figura 26 – Conceito da Palmeira.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
A segunda razão surgiu devido ao fato da entrada da sede existente ser cercada por
palmeiras (Figura 27), o que acabou se tornando um marco da fundação. Além disso, o novo
terreno escolhido possui várias palmeiras na parte frontal e lateral, que serão mantidas e
valorizadas pelo projeto (Figura 28).
61
Figura 27 – Imagem da atual sede da FMIJ com palmeiras.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Figura 28 – Imagem do terreno proposto para a nova sede da FMIJ.
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
62
A forma da palmeira surge não de forma plástica, mas sim em seu sentido funcional. A
palmeira é uma árvore considerada de grande porte e de grande resistência. Suas raízes, caule
e folhas possuem características específicas que podem se relacionar com a estrutura
funcional da nova sede da FMIJ.
A palmeira possui uma das raízes mais fortes quando comparada com outras espécies
de árvores. Enquanto a raiz de uma espécie normal fica a apenas alguns metros abaixo do
solo, a raiz da palmeira pode penetrar de 3 a 4 quilômetros na terra. Graças a essa
característica, ela tem a habilidade de suportar e sustentar a palmeira frente a tempestades e
ventos fortes. A raiz da palmeira pode ser relacionada à Fundação devido à importância dos
projetos desenvolvidos para a sociedade de Campos dos Goytacazes, onde a FMIJ mesmo
enfrentando alguns problemas ao longo dos anos permanece com suas raízes firmes ao solo.
O caule da palmeira sustenta suas folhas e mesmo se curvando com ventos fortes não
se quebra. Dessa forma, o caule pode ser comparado ao bloco administrativo da Fundação que
cria, apoia e sustenta os programas por ela oferecidos.
Já a folha, que é o elemento que mais fica em evidência de uma palmeira, pode ser
entendida como os projetos oferecidos pela FMIJ que são a parte de maior visibilidade para a
sociedade.
6.3 Programa de Necessidades
O programa de necessidades para a nova seda da FMIJ foi elaborado com base na
estrutura existente, porém levando em consideração as observações feitas pelos funcionários
na pesquisa de campo e observando a necessidade de ampliar os espaços para
consequentemente aumentar o número de atendimentos.
A atual estrutura atende cerca de 900 alunos e aproximadamente 130 funcionários. A
proposta para a nova sede é de aumentar o atendimento para 1500 alunos e 200 funcionários,
inicialmente. A sede continuará funcionando no contraturno escolar, nos turnos da manhã,
tarde e noite, de acordo com a necessidade dos atendidos.
A tabela a seguir apresenta, o programa de necessidades com o pré-dimensionamento
das respectivas áreas necessárias para atender a proposta.
63
Tabela 01 – Programa de Necessidades com pré-dimensionamento para a nova sede da FMIJ.
ADMINISTRATIVO QTDE. ÁREAS TOTAL
Recepção 1 26,50m² 26,50m²
Arquivo morto 1 8,40m² 8,40m²
Sala da presidência com sala de reuniões 1 23,02m² 23,02m²
Sala da vice-presidência 1 6,15m² 6,15m²
Recepção da presidência / vice presidência 1 7,87m² 7,87m²
Banheiro da presidência 1 2,73m² 2,73m²
Sala dos técnicos (pedagogia, psicologia e assistência social) 2 12,19m² 24,38m²
Sala de reuniões 1 22,47m² 22,47m²
Coordenação geral 1 9,08m² 9,08m²
Sala do Setor de compras 1 7,95m² 7,95m²
Sala do Setor de patrimônio 1 6,90m² 6,90m²
Sala do Setor jurídico 1 6,90m² 6,90m²
Sala do Setor financeiro 1 8,40m² 8,40m²
Sala do Setor de informática 1 8,45m² 8,45m²
Copa / Área de convivência 1 11,75m² 11,75m²
Banheiro Feminino dos funcionários 2 4,12m² 8,24m²
Banheiro Masculino dos funcionários 2 4,12m² 8,24m²
Almoxarifado 1 11,80m² 11,80m²
Sala dos Professores 1 13,86m² 13,86m²
Sala de Enfermagem 1 12,60m² 12,60m²
PEDAGÓGICO QTDE. ÁREAS TOTAL
Biblioteca 1 98,63m² 98,63m²
Biblioteca Infantil 1 38,22m² 38,22m²
Sala de Coordenação do programa Desafio 1 5,58m² 5,58m²
Sala multiuso 5 32,91m² 164,55m²
Sala de Coordenação do programa Semeando Arte 1 5,58m² 5,58m²
Sala de Música 1 45,72m² 45,72m²
Sala de Dança 2 38,52m² 77,04m²
Sala de Artesanato 1 57,36m² 57,36m²
Sala de Teatro / Miniauditório 1 107,54m² 107,54m²
Sala de Coordenação do programa Guarda Mirim 1 5,28m² 5,28m²
Sala da Banda da Guarda Mirim 1 68,71m² 68,71m²
Sala multiuso 2 35,28m² 70,56m²
Sala de Coordenação do programa Fortaleser 1 5,58m² 5,58m²
Sala para atendimento psicológico 2 11,37m² 22,74m²
Sala multiuso 2 33,22m² 66,44m²
Sala de Coordenção do programa Liberdade Assistida 1 5,58m² 5,58m²
Sala de acompanhamento 2 14,67m² 29,34m²
Sala de Coordenação dos Cursos Livres
Sala para aulas teóricas
1
1
5,58m²
31,18m²
5,58m²
31,18m²
Sala para curso de manicure 1 23,43m² 23,43m²
64
Sala para curso de depilação 1 18,98m² 18,98m²
Sala para curso de gráfica 1 43,16m² 43,16m²
Sala para curso de cabeleireiro feminino 1 42,55m² 42,55m²
Sala para curso de cabeleireiro masculino 1 33,80m² 33,80m²
Sala para curso de gastronomia 1 31,18m² 31,18m²
Sala para curso de mecânica / elétrica / pintura automotiva 1 62,33m² 62,33m²
Banheiro de alunos Feminino 7 7,13m² 49,91m²
Banheiro de alunos Masculino 7 7,13m² 49,91m²
ESPORTE E LAZER QTDE. ÁREAS TOTAL
Quadra poliesportiva com auditório 1 597,45m² 597,45m²
Quadra poliesportiva com vestiários e academia 1 597,45m² 597,45m²
Pátio descoberto 1 2130,0m² 2130,0m²
Horta 1 136,02m² 136,02m²
Apoio à horta 1 18,70m² 18,70m²
SERVIÇO E APOIO QTDE. ÁREAS TOTAL
Cozinha 1 41,04m² 41,04m²
Despensa 1 8,98m² 8,98m²
Refeitório / Pátio Coberto 1 67,32m² 67,32m²
Depósito de Materiais de Limpeza (DML) 1 4,50m² 4,50m²
Área de Serviço 1 8,91m² 8,91m²
Lixo 1 4,20 4,20
Vestiário Feminino de funcionários 1 24,08m² 24,08m²
Vestiário Masculino de funcionários 1 24,08m² 24,08m²
Copa de funcionários 1 11,30m² 11,30m²
Depósito 1 31,98m² 31,98m²
Guarita 1 6,00m² 6,00m²
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
6.4 Setorização
A disposição dos blocos foi pensada de forma a demarcar os setores (Figura 29),
fazendo com que os fluxos funcionem de forma direta, fácil e acessível. A estruturação foi
feita para que o bloco administrativo pudesse ser o bloco central, onde os visitantes, alunos e
funcionários tenham acesso fácil. Os blocos pedagógicos foram posicionados ao redor do
administrativo de forma a aproveitar ao máximo o terreno. E o bloco de serviço e apoio foi
posicionado perto da área de esporte e lazer de forma a facilitar o fluxo de alunos nessa
região.
65
A nova sede terá dois acessos. O acesso principal de pedestres e veículos será pela
Avenida Doutor Nilo Peçanha. Já o acesso de serviço se dará pela lateral direita do terreno,
próximo ao bloco de serviço e apoio, onde já existe uma rua que receberá as alterações
necessárias para atender o fluxo criado.
Figura 29 – Setorização
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
66
6.5 Memorial Justificativo
Este anteprojeto possui cunho social e é voltado para o atendimento das crianças,
adolescentes e jovens do município de Campos do Goytacazes e região. O projeto possui área
total construída de 5.933,82m² distribuídas em um terreno de 13.817,00m² e é dividido em
quatro setores: administrativo; pedagógico; serviço e apoio; e esporte e lazer. Os setores
foram distribuídos no terreno em seis blocos, de forma a criar um conjunto funcional e
agradável, onde os fluxos funcionem de forma simples e eficiente, com setores bem
demarcados para facilitar o entendimento dos usuários.
6.5.1 Implantação
A implantação da nova sede da FMIJ (Figura 30) foi norteada primeiramente por dois
princípios. O primeiro é com relação à vegetação existente no terreno, composta de uma vasta
aléia de palmeiras que estão inseridas na Área de Especial Interesse Cultural – AEIC, de
Campos dos Goytacazes. Essas palmeiras foram mantidas e tornaram-se fundamentais na
concepção do projeto. O segundo princípio foi a decisão de afastamento da construção da
Avenida Doutor Nilo Peçanha, para que os ruídos não afetem o conforto acústico da
construção.
A proposta de implantar seis blocos com formas bem definidas distribuídos no terreno,
gera certa dinâmica entre os espaços vazios e construídos e acaba culminando em vários
pequenos espaços externos, que funcionam como área de lazer e convivência para os usuários.
Além disso, o uso dessa tipologia busca desenvolver as capacidades individuais dos usuários
através da personalização dos espaços. A separação entre os blocos também favorece a
passagem da corrente de ventilação pelos blocos, gerando assim certo conforto térmico aos
ambientes internos.
Os blocos foram implantados de forma a aproveitar da melhor forma possível a
ventilação e iluminação natural e estão unidos por uma grande cobertura translúcida que
possui vazios para passagem de árvores e entrada da luz solar. A cobertura funciona como
proteção das intempéries, mas ao mesmo tempo ajuda na passagem da luz natural necessária
para o conforto lumínico do espaço.
67
Figura 30 – Implantação
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
68
6.5.2 Acessos
O acesso principal da nova sede da Fundação Municipal da Infância e Juventude será
pela Avenida Dr. Nilo Peçanha, através da guarita, onde foi previsto um recuo de veículos
para não prejudicar o trânsito local (Figura 31).
Figura 31 – Acesso principal
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
O acesso de serviço e o acesso de veículos ao estacionamento será pela lateral do
terreno, através de guarita similar a da entrada principal, com portão de entrada e saída
independentes (Figura 32). O acesso se dará por meio da rua já existente, que será ampliada e
qualificada para receber esse novo fluxo de veículos. A entrada de serviço por essa rua se
justifica por ser uma rua de pouco fluxo de veículos, não prejudicando assim o trânsito da
Avenida Doutor Nilo Peçanha e também por essa entrada ficar próxima ao bloco de serviço e
apoio, facilitando assim a carga e descarga de alimentos e materiais. Além disso, essa entrada
facilitará o acesso de carros ao bloco pedagógico 04, onde funcionará o curso de mecânica,
elétrica e pintura automotiva.
Além do motivo de não prejudicar o trânsito da avenida principal, a decisão de colocar
o estacionamento de veículos próximo ao acesso lateral foi deve-se à escolha de deixar a
fachada principal livre de veículos, valorizando ainda mais a arquitetura e o paisagismo
proposto.
69
Figura 32 – Acesso de serviço e acesso de veículos
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
6.5.3 Circulação
Ao entrar na nova sede da Fundação, conforme já observado na Figura 30, o visitante
é induzido à recepção, localizada na entrada do bloco administrativo, que está implantado no
meio do terreno, entre os blocos pedagógicos, para facilitar o acesso dos visitantes que
queiram fazer matrícula ou obter algum tipo de informação.
A circulação acontece por meio da área coberta entre os blocos que será um espaço de
circulação e de convivência entre os usuários. Essa área receberá iluminação natural sem
prejudicar o conforto térmico, já que a cobertura será de policarbonato com filtro
infravermelho para bloquear a passagem dos raios solares, uma vez que estes são os principais
responsáveis pela transmissão de calor. A grande durabilidade e resistência desse tipo de
material foram fundamentais para a escolha dessa cobertura já que não contraria nenhum
princípio da sustentabilidade. Além disso, o policarbonato é um material leve, que não
necessita de grandes estruturas para se sustentar, barateando o custo da construção e
reduzindo a produção de resíduos.
6.5.4 Áreas Livres
Os espaços livres foram preenchidos com paisagismo e bancos para criar áreas de
convivência e contemplação da natureza, conforme já observado na Figura 30. Os canteiros
criados são em sua maioria curvos para provocar a formação de nichos no espaço,
70
promovendo a sensação de proteção e bem estar aos usuários, por ser esse um elemento que
promove a qualificação do ambiente, de acordo com a psicologia ambiental.
O espaço livre, localizado ao fundo do terreno (Figura 33), além de canteiros curvos
com bancos, conta também com três pergolados, abrigando mesas e cadeiras, para uso dos
alunos da Fundação. A escolha de fazer três pergolados separados é devido a eles também se
configurarem em nichos, podendo ser uma opção para interações mais particulares. Esse
espaço livre também conta com piso de concreto permeável com grama, que permite drenar a
água da chuva e reaproveita-la na irrigação dos canteiros, contribuindo para a sustentabilidade
da construção.
Figura 33 – Espaço livre com pergolados
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
71
6.5.5 Blocos propostos
Ao entrar nos blocos administrativos e pedagógicos, os usuários têm contato direto
com a escada e plataforma elevatória para garantir a acessibilidade de todos e facilitar os
fluxos. Esse espaço de entrada, em todos os blocos, possui pé direito duplo e uma claraboia na
cobertura para entrada da luz natural, que produz efeitos estimulantes nos usuários devido a
sua constante mudança ao longo do dia, além de reforçar a sustentabilidade da construção. O
hall de entrada, junto com a circulação em torno da escada, formam um grande espaço de
convivência dentro de cada bloco. Além disso, o uso dessa única circulação facilita os fluxos
dos alunos dentro dos blocos.
A disposição dos ambientes nos blocos foi pensada de forma a favorecer ao máximo a
ventilação e iluminação natural e garantir o conforto térmico aos usuários. Para isso, os vãos
foram abertos preferencialmente para as fachadas leste e sul. Todos os banheiros dos blocos
pedagógicos estão voltados para a fachada norte, que recebe grande incidência solar, pelo fato
de serem áreas molhadas e de pouca permanência, estando todos os banheiros do pavimento
superior na mesma fachada dos banheiros do térreo para economizar e facilitar as instalações
hidráulicas.
Os vãos das janelas são amplos, permitindo que a iluminação e ventilação natural
entrem abundantemente nos ambientes. As esquadrias externas serão de vidro insulado, que
consiste em um painel composto de duas lâminas de vidro, separadas por uma câmara de ar,
que recebem dupla selagem, tornando esse conjunto hermeticamente vedado e não permitindo
assim a passagem do calor para o ambiente. As janelas também receberão brises de correr em
madeira que podem ser dispostos no vão de acordo com a necessidade de bloquear a radiação
solar ao longo do dia.
6.5.6 Bloco Administrativo
Ao entrar pelo acesso principal, o visitante é direcionado através do caminho formado
pelos canteiros, ao bloco administrativo (Figura 34). Ao entrar no bloco administrativo, o
visitante tem contato com a recepção e a secretaria da Fundação onde é possível obter
informações e fazer inscrições nos programas oferecidos. Na entrada desse bloco também é
possível ter acesso à sala de enfermagem para facilitar o fluxo de alunos quando for
necessário o atendimento. A sala dos professores também fica localizada próxima à entrada
do bloco para não gerar fluxos excessivos em seu interior. As salas necessárias aos setores da
72
administração estão dispostas ao redor da escada, onde há uma ampla circulação que permite
aos funcionários usá-la como área de convivência. A copa e os banheiros ficam próximos para
economizar e facilitar as instalações hidráulicas.
73
Figura 34 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco administrativo
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
74
O primeiro pavimento do bloco administrativo (Figura 35) foi destinado aos setores de
maior hierarquia como presidência, vice-presidência, coordenação geral, sala de reuniões e
duas salas dos técnicos para os pedagogos e assistentes sociais. Os banheiros desse pavimento
estão localizados na mesma fachada dos banheiros do térreo para economizar e facilitar as
instalações hidráulicas.
Figura 35 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco administrativo
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
75
6.5.7 Bloco pedagógico 01
No bloco pedagógico 01 estão os programas Fortaleser e Desafio. Cada programa foi
colocado em um pavimento para setorizar e facilitar os fluxos de alunos pelo bloco. Além
disso, também foi proposta uma biblioteca infantil que foi colocada nesse bloco pelo fato de
os dois programas serem voltados ao público infantil.
No pavimento térreo (Figura 36) está o programa Fortaleser que atende crianças e
adolescentes vítimas de abuso e exploração sexual. A coordenação está localizada próxima à
entrada do bloco para facilitar o acesso dos alunos. O programa conta com duas salas
multiuso para realização de atividades em grupo com os atendidos e mais duas salas de
atendimento psicológico individual. Os banheiros estão localizados na fachada norte,
deixando as fachadas mais privilegiadas como a fachada sul e leste para as salas de
atendimento e biblioteca infantil.
76
Figura 36 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 01
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
77
No primeiro pavimento (Figura 37) está o programa Desafio que realizada atividades
variadas em grupo para promover a convivência e fortalecimento de vínculos. O programa
conta com quatro salas multiuso para serem usadas de acordo com as necessidades das
atividades propostas.
Figura 37 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 01
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
78
6.5.8 Bloco pedagógico 02
O bloco pedagógico 02 é destinado ao programa Semeando Arte. Esse programa
oferece oficinas de dança, teatro, artesanato e música com o intuito de estimular o talento e
novas habilidades nos alunos.
Ao entrar no pavimento térreo (Figura 38) o usuário logo tem acesso a coordenação do
programa para facilitar os fluxos no interior do bloco. A sala de teatro possui um palco com
rampa para garantir a acessibilidade dos alunos e pode funcionar como miniauditório para
pequenas reuniões e apresentações. O térreo, conta também com uma sala de dança,
localizada na fachada sul e leste do bloco, por serem fachadas mais ventiladas e com menos
incidência solar, já que os alunos realizarão atividades físicas nesse espaço.
79
Figura 38 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 02
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
80
O primeiro pavimento (Figura 39) conta com outra sala de dança, já que é uma oficina
muito procurada atualmente pelos alunos da Fundação. Há também uma sala de música com
espaço para aula teórica e prática e um grande armário para guardar os instrumentos. A sala
de artesanato possui grandes bancadas para a confecção dos trabalhos, dois lavatórios e um
armário para armazenamento das peças.
Figura 39 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 02
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
81
6.5.9 Bloco pedagógico 03
No bloco pedagógico 03 estão os programas Liberdade Assistida e Guarda Mirim.
Cada programa foi colocado em um pavimento para setorizar e facilitar os fluxos de alunos
pelo bloco. Além disso, para esse bloco também foi proposta uma biblioteca para a Fundação.
No pavimento térreo (Figura 40) está o programa Liberdade Assistida, que oferece
acompanhamento psicológico aos adolescentes em conflito com a lei que estão inscritos em
algum dos programas oferecidos pela Fundação. A coordenação do programa e as duas salas
de atendimento foram posicionadas logo na entrada do bloco para facilitar os fluxos dos
atendidos. Nesse pavimento também se encontra uma biblioteca que foi proposta para
estimular o interesse pela leitura e pesquisa nos alunos, com espaços para leitura em grupo,
bem como uma sala de estudos individual. A biblioteca será amplamente iluminada pela
grande janela disposta na fachada leste que permitirá maior conforto lumínico aos usuários.
82
Figura 40 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 03
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
83
No primeiro pavimento (Figura 41) estão às salas multiuso destinadas ao programa
Guarda Mirim que desenvolve atividades e cursos para os adolescentes na área de turismo,
trânsito e meio ambiente. Nesse pavimento também está uma sala de música, com espaço para
aula teórica e prática, já que esse programa oferece aos adolescentes a oportunidade de tocar
na banda da Guarda Mirim.
Figura 41 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico 03
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
84
6.5.10 Bloco pedagógico 04
O bloco pedagógico 04 é destinado aos cursos livres oferecidos pela Fundação. São
eles: cabeleireiro feminino, cabeleireiro masculino, depilação, manicure, produção gráfica,
gastronomia e mecânica, elétrica e pintura automotiva.
No pavimento térreo (Figura 42) está o espaço destinado ao curso de mecânica,
elétrica e pintura automotiva, escolhido para ficar nesse espaço do bloco devido a
proximidade do acesso de veículos, facilitando assim a entrada e saída de carros da sala
quando necessário. Ainda no térreo está a sala do curso de gastronomia e uma sala para aulas
teóricas que pode ser utilizada por qualquer um dos cursos quando necessário.
85
Figura 42 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco pedagógico 04
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
86
No primeiro pavimento (Figura 43) estão as salas para uso do curso de cabeleireiro
masculino e feminino que possuem dimensões maiores devido à grande procura dos jovens
por esses cursos. Nesse pavimento também esta as salas destinada ao curso de gráfica, que foi
divida em três setores. O setor de criação dos trabalhos, o setor de impressão, com bancadas
para diferentes impressores e o setor de corte e acabamento onde os trabalhos serão
finalizados e separados para distribuição ou uso. O primeiro pavimento também conta com
salas para os cursos de depilação e manicure.
Figura 43 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco pedagógico
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
87
6.5.11 Bloco de serviço e apoio
O bloco de serviço e apoio fica localizado próximo ao acesso de serviço para
minimizar o fluxo de serviço pela construção e facilitar a carga e descarga de alimentos e
materiais já que a cozinha e o depósito da Fundação ficam localizados nesse bloco.
No pavimento térreo (Figura 44) está localizada a cozinha da Fundação, setorizada de
forma a facilitar o fluxo interno e com depósito e câmara fria para o armazenamento dos
alimentos. O refeitório encontra-se na fachada leste desse pavimento e não possui
fechamentos para facilitar a circulação do vento e garantir o conforto térmico aos usuários.
Por ser um grande vão aberto, foram propostos pilares, que além de possuírem caráter
estrutural, dispõem de nichos para os momentos de descanso e lazer dos alunos.
No primeiro pavimento (Figura 45) estão os vestiários e copa dos funcionários. Nesse
pavimento também está a horta que será cultivada pelos alunos para despertar ainda mais a
consciência ambiental, além de contribuir para o conforto térmico do pavimento térreo.
88
Figura 44 – Planta baixa do pavimento térreo do bloco de serviço e apoio
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
89
Figura 45 – Planta baixa do primeiro pavimento do bloco de serviço e apoio
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
90
6.5.12 Bloco das quadras
No bloco da quadra 01 (Figura 46), além de uma quadra poliesportiva com
arquibancada lateral, funciona também o auditório da Fundação. Essa escolha foi devido à
informação obtida na reunião com os funcionários da FMIJ de que eles necessitam de um
auditório amplo para as apresentações que não tenha mobiliário fixo, podendo colocar
cadeiras de acordo com a necessidade das apresentações. O auditório conta com camarins e
depósito e possui rampa para garantir a acessibilidade de todos.
A opção de colocar o auditório na quadra também culminou em maiores preocupações
com o conforto térmico do espaço. Para isso, foi escolhida uma cobertura branca para as
quadras que evita a emissão de calor, tornando o ambiente mais confortável.
No bloco da quadra 02 (Figura 47), além de quadra poliesportiva com arquibancada
lateral, também estão os vestiários dos alunos e uma academia proposta para aumentar ainda
mais o tempo de permanência dos jovens na Fundação.
91
Figura 46 – Planta baixa do bloco da quadra 01
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
92
Figura 47 – Planta baixa do bloco da quadra 02
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
93
6.5.13 Solução Plástica
A proposta para esse projeto foi de criar uma arquitetura moderna, que desperte o
interesse da população para a Fundação e seus projetos. Ao mesmo tempo, a intenção é afetar
positivamente os alunos e gerar neles o sentimento de pertencimento ao local. Para isso,
alguns princípios da psicologia ambiental foram empregados. Dentre eles, é possível destacar
o emprego de diferentes formas em um mesmo espaço, como o uso de linhas retas nos blocos,
enquanto os canteiros, pisos e cobertura possuem formas curvas. Essa mistura de formas
provoca nos alunos estímulos positivos e aumenta o grau de contentamento com o espaço
(Figura 48).
Figura 48 – Volumetria Geral
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Outro uso da psicologia ambiental a ser destacado foi o emprego de cores vibrantes no
exterior da Fundação, como os tons amarelos e laranjas nos blocos pedagógicos (Figura
49,50,51 e 52) e tons vermelhos no bloco de serviço e apoio (Figura 53) e canteiros. Esses
tons foram escolhidos por serem tons vibrantes que estimulam a criatividade e transmitem
energia. Porém as cores vibrantes foram aplicadas em sua maior parte no exterior da
construção, onde os alunos devem se sentir estimulados e dispostos a atividades. No interior
dos blocos foram usados tons mais neutros, para garantir a concentração e tranquilidade dos
usuários.
94
Figura 49 – Volumetria do bloco pedagógico 01
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Figura 50 – Volumetria do bloco pedagógico 02
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
95
Figura 51 – Volumetria do bloco pedagógico 03
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
Figura 52 – Volumetria do bloco pedagógico 04
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
96
Figura 53 – Volumetria do bloco de serviço e apoio
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
O bloco administrativo recebeu tons amadeirados em sua fachada para se destacar dos
demais e fazer com que seja identificado facilmente por visitantes (Figura 54). Além disso, o
bloco administrativo também se destaca pelo grande painel de vidro com um pequeno jardim
na fachada principal.
Figura 54 – Volumetria do bloco administrativo
Fonte: Arquivo pessoal, 2016.
97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a importância do atendimento a crianças, adolescentes e jovens expostos
a vulnerabilidade social, o presente trabalho apresenta um anteprojeto arquitetônico de uma
nova sede para a Fundação Municipal da Infância e da Juventude com espaço adequado aos
projetos oferecidos e aos usuários. O projeto conta com aplicações da psicologia ambiental e
da sustentabilidade, para tornar o ambiente mais agradável e confortável aos usuários, fazendo
com que os alunos optem por passar mais tempo na Fundação do que nas ruas.
A partir da visita ao local onde atualmente se encontram as instalações da Fundação e
a partir da revisão bibliográfica, foi possível compreender a importância de políticas
socioassistenciais para nossa sociedade e como os projetos da FMIJ atuam para minimizar a
vulnerabilidade social e afastar os jovens de situações de risco.
Com base na revisão bibliográfica a respeito do tema sustentabilidade, foi possível
analisar aplicações sustentáveis viáveis de serem implantadas no projeto. O emprego da
sustentabilidade busca além de reduzir custos, contribuir para o bem estar do meio ambiente,
despertar a consciência ambiental nos alunos e tornar a construção mais agradável se tornando
assim uma aliada da psicologia ambiental.
Um dos objetivos da edificação é fazer com que os alunos se identifiquem com o
espaço, aumentando assim o tempo de permanência na Fundação. Para isso, foram estudados
e aplicados no projeto alguns princípios da psicologia ambiental que pode ser entendida como
a influência que o espaço tem no comportamento de seus usuários.
Os referenciais, a revisão bibliográfica e a visita a Fundação possibilitaram a
concepção de um anteprojeto arquitetônico implantado e setorizado para atender de forma
mais eficiente aos seus usuários, levando sempre em consideração fatores como conforto
ambiental, térmico, lumínico, acessibilidade, sustentabilidade e redução de custos a curto e
longo prazo.
Durante a etapa projetual, a dificuldade encontrada foi implantar diferentes tipos de
programas para diferentes faixas etárias em um mesmo lugar. Essa adversidade foi
solucionada com a implantação de vários blocos, setorizando os programas por bloco ou por
pavimento, de acordo com a necessidade. E como elemento de ligação para os blocos foi
proposto um grande pátio coberto onde os usuários podem caminhar livremente pelas
edificações, formando assim um conjunto arquitetônico integrado, porém bem setorizado.
98
Desta forma, a importância deste trabalho se justifica primeiramente devido à grande
necessidade de minimizar quadros como vulnerabilidade e risco social sofrido por crianças e
adolescentes. Além disso, o projeto também visa mostrar que é possível desenvolver uma
edificação de atendimento social que atenda fisicamente os projetos desenvolvidos em um
espaço agradável, acessível e confortável com efetivas aplicações dos conceitos da
sustentabilidade e psicologia ambiental.
.
99
REFERÊNCIAS
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historia-do-termo-ecoeficiencia/>. Acesso em: 19 mar. 2016.
ARQDAILY. Centro de Bem-estar para crianças e adolescentes em Paris / Marjan
Hessamfar & Joe Verons architectes associes, 2015. Disponível em:
<http://www.archdaily.com/587556/beiersdorf-children-s-day-care-centre-troplo-kids-
kadawittfeldarchitektur>. Acesso em 20 mar. 2016.
ARQDAILY. Colégio público do Rio de Janeiro é a primeira escola sustentável certificada
da América Latina , 2014. Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/01-
164540/colegio-publico-do-rio-de-janeiro-e-a-primeira-escola-sustentavel-certificada-da-
america-latina>. Acesso em: 23 mar. 2016.
ARQDAILY. Escola secundária ES/EB3 Braacamp Freire / CVDB arquitectos, 2013.
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