Curso Básico de Missões (1)

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Curso Básico de Missões SEMAD – Secretaria de Missões da Assembleia de Deus de Mato Grosso do Sul Av. Dr. João Rosa Pires, 482 – Centro – CEP: 79008-050 Campo Grande-MS – Fone: (67) 3321-0819

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INDICE

1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................................03

2 – TERMINOLOGIA.....................................................................................................................08

3 – TEOLOGIA DE MISSÕES .........................................................................................................20

4 – MISSÃO TRASNCULTURAL .....................................................................................................50

6 – MISSÃO URBANA ..................................................................................................................50

5 – O PAPEL DE UMA SECRETARIA DE MISSÕES ...........................................................................50

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1. INTRODUÇÃO

Para cumprir bem a sua missão, a igreja necessita possuir a

perfeita visão de Cristo quanto ao real estado da humanidade

sem Deus, sem salvação (Mt 9:35-38). O "ensinai" de Mateus e

o "pregai" de Marcos estão ligados com "todas as nações" e

"toda criatura". Esta ordem de Jesus não pode ser ignorada. A

igreja de Jesus Cristo na terra é uma só, e ultrapassa todas as

barreiras de língua e cultura. Vivemos num mundo com mais de

seis bilhões de habitantes, metade dos quais nunca ouviram a

mensagem do evangelho. Portanto, nossa oração a Deus é para

que no final deste estudo estejamos bem preparados para

cumprir a missão que Deus nos confiou, seja como igreja ou

como indivíduos.

2. TERMINOLOGIA

Nos livros teológicos o leitor depara-se com uma infinidade

de termos técnicos que, via de regra, não se encontram nos

dicionários comuns. E por falta de definições muitas palavras ou

doutrinas tornam-se incompreensíveis. Para que não ocorra

erros, buscamos algumas definições em dicionário teológico

com definições etimológicas e locuções latinas, ligadas ao

estudo de missões. As palavras são estas:

Missiologia - (Vem do latim missio= missão + logia =

estudo sistemático). Então, Missiologia é a ciência que tem por

objetivo o estudo do cumprimento da Grande Comissão que o

Senhor Jesus entregou à sua igreja. A missiologia dedica-se,

principalmente, ao caráter transcultural da tarefa

evangelizadora.

Missão - (Do latim missio) 1) Transmissão consciente e

planejada das boas novas de Cristo além das fronteiras

nacionais e culturais. 2) Comissão diplomática. 3) Obrigação,

dever. 4) Instituição de missionários para pregação da fé cristã.

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Missionário - (pregador de missão cristã) Missionário é

aquele que é chamado para anunciar o senhorio de Cristo, que

foi maltratado, escarnecido e crucificado, finalmente ressurreto

e exaltado acima no céu entre as miríades celestiais para o

nosso próprio bem.

3. TEOLOGIA DE MISSÕES

Missões no Antigo Testamento

É necessário que haja um fundamento bíblico e teológico

para missões. Todos os cristãos concordam que a igreja tem

uma responsabilidade missionária, mas nem todos estão de

acordo sobre a maneira, ou "modus operandi", que a igreja

deve empregar para cumprir este mandado. O que se entende

por "Teologia de Missões?” É o conceito da obra missionária da

igreja baseado sobre o que a Bíblia diz. A universalidade do

plano e da mensagem de Deus começa a aparecer em Gn 1:26-

30. Todos os homens tem o direito e até obrigação de conhecer

seu criador e é nosso dever louvar a Deus pela manifestação de

seu poder na criação. Em Isaías 45:18 diz que Deus não criou a

terra vazia, formou-a para que fosse habitada. Ele não se

limitou a criar os céus e a terra, mas continua a trabalhar

entre os filhos de Adão positiva e poderosamente, para que

venham a conhecer, através de Jesus Cristo, o plano da

salvação.

Deus colocou Adão e Eva, no Éden, para que dominassem

tudo que se move sobre a terra. Eles foram postos no Éden para

que reinassem com o criador (veja os verbos "sujeitar e

dominar" em Gn 1:28). Esta ordem em relação às criaturas da

terra chama-se MANDADO CULTURAL. Não sabemos quanto

tempo durou essa felicidade harmoniosa, mas sabemos que a

desobediência estragou a comunhão entre Deus e o homem e

consequentemente fomos feitos pecadores (Rm 5:19). Alguns

séculos mais tarde, “toda imaginação dos pensamentos (do

homem) era só má continuamente” (Gn 6:5). Deus manteve a

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sua fidelidade para com o mundo dos homens, renovando com

Noé e a sua família (Gn 9:9-13) O plano de Deus abrange todas

as nações da terra, fato este que se revela através de Israel e a

história da salvação concentra-se na descendência de Abraão.

O Senhor falou com seu povo através da Lei Mosaica e dos

profetas. Os grandes feitos da história hebraica está registrada

no AT, tais como a Páscoa, passagem pelo Mar Vermelho,

tomada de Jericó, a terra prometida, a dinastia davídica, o

cativeiro babilônico, e a restauração depois de 70 anos no

exílio.

O Espírito Santo inspirou os escritores dos dois testamentos

para assim universalizar o programa de Deus. O mandado

cultural entregue a Adão, depois a Noé, falava de "toda a terra" e

de "todo animal da terra". A aliança Abraâmica mencionava

"todas as famílias da terra" (Gn 12:3). O salmo 117 reforça este

conceito: “Louvai ao Senhor todas as nações, louvai-o todos os

povos”. Is 2:2-5; Mq 4:1-3; Zc 14:16. Estas três passagens

reforçam o conceito da universalidade do programa divino. O AT

está repleto de passagens missionárias, nos Salmos e em Isaías

(caps.41 a 66) os salmo 2,67,96 e 117 destacam a

universalidade do Reino de Deus. Há muitas outras referências

ao plano universal de Deus no AT, mas as poucas que temos

mencionadas, demonstram que o Deus do AT é um Deus

missionário.

Missões no Novo Testamento

Quando consideramos o que são missões, pensamos na

evangelização de todos os povos em todas as partes do mundo,

esta mensagem é proclamada na língua materna de cada

pessoa e dentro da cultura em que ela vive. Ambos os

testamentos falam do reino de Deus, mas existe uma diferença

significativa entre eles. O AT fala das nações vindo a Jerusalém

para adorar a Deus, enquanto o NT fala dos servos de Deus

saindo de Jerusalém para ganhar as nações para Cristo. Israel

não anunciava a salvação de Deus, e sim, a antecipava. Em

contraste, a igreja, não somente antecipava, como a

proclama, rogando aos homens que se reconciliassem com

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Deus, por Jesus Cristo. Os profetas do AT falavam de um reino

futuro (a esperança escatológica) enquanto Jesus disse que o

reino de Deus está entre vós (Mt 12:28 e Lc 17:21). Jesus fala

duma realidade atual e presente e nosso Salvador chamou os

homens para receber o reino de Deus e entrar nele. Este

mandado foi dado diretamente aos apóstolos que escolheu.

Pedro proclamou as boas novas de salvação no dia de

pentecostes a vós, a vossos filhos e a todos que estão longe, a

tantos quanto Deus nosso Senhor chamar (At 2:39).

O livro de Atos é o resultado da grande comissão porque

no capítulo 8 a palavra é pregada em Samaria, os capítulos 13 a

28 relatam o evangelho levado "até os confins da terra". Veja as

cinco versões da grande comissão: Mt 28:19,29; Mc 16:15; Lc

24:47; Jo 20:21 e At 1:8, a mensagem deve ser igualmente

pregada e ensinada. Desde a ressurreição o evangelho tem

assumido uma nova forma, uma nova importância. Com a

ressurreição um novo tempo começou porque Jesus foi

entronizado à destra do Pai. Desde então, missão é um

chamado para anunciar o Senhorio de Cristo que foi maltratado,

escarnecido e crucificado, mas agora exaltado reina no céu

entre os anjos, arcanjos, querubins e serafins. O imperativo

“IDE” é traduzido do grego "POREUTHENTES", que quer dizer

partir, deixar, atravessar fronteiras. Então reafirmamos que ser

um missionário é uma pessoa que atravessa, não somente

fronteiras geográficas, mas linguísticas e culturais. O "IDE" tem

o propósito de fazer discípulos através da pregação, do

testemunho pessoal e ensino de "todas as coisas" que Jesus nos

tem mandado. A evangelização do mundo baseia-se em dois

grandes fatos:

1º A ressurreição de Jesus;

2º O derramamento do Espírito Santo.

Estes dois fatores estão intimamente ligados. É somente

pelo poder do Espírito Santo que o crente e a igreja podem

anunciar as Boas Novas de vida em Cristo, que salva o

pecador arrependido e o coloca na família de Deus.

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Missões na Igreja primitiva

Quando os discípulos perguntaram sobre o

estabelecimento do reino, Jesus lhes disse que seria preciso o

poder do Espírito Santo para que suas testemunhas

alcançassem os "confins da terra". Seguiram-se três sinais no dia

de Pentecostes: O vento veemente, línguas como que de fogo e

línguas estranhas. Estes três fenômenos falam simbolicamente

da proclamação vitoriosa do evangelho. O vento simboliza o

poder invencível do Espírito de Deus na conversão dos pecadores

ao redor do mundo (Ez 37:9), o fogo fala da luz reveladora do

evangelho e do calor espiritual que faz da igreja a luz do mundo

(Mt 5:14). E as "outras línguas" representam a universalidade da

igreja no mundo, existindo em todos os climas e povos, cada um

em seu próprio idioma. Enquanto no AT há uma ordem

decrescente toda humanidade (Gn 1:11) Israel, depois o

remanescente de Israel e então o Messias. O NT começa com o

Messias e progressivamente, os apóstolos como início do novo

Israel, conversões entre os samaritanos e finalmente, o

evangelho sendo levado aos confins da terra à humanidade em

geral.

Todos os primeiros convertidos, nos primeiros capítulos

de Atos eram judeus, mas no capítulo 8 encontramos o

registro dum avivamento entre os samaritanos, em seguida,

Felipe, o diácono-evangelista, batiza um oficial da rainha dos

etíopes. Este levou as boas novas para sua pátria e o resultado

foi o estabelecimento de uma igreja cristã que subsiste há

muitos séculos. No capítulo nove a conversão de Saulo de Tarso

escolhido por Deus para pregar o evangelho aos gentios. Antes

Deus preparou caminho enviando Pedro para pregar a "paz por

Jesus Cristo" aos gentios na casa de Cornélio (At 10). Quando

os apóstolos souberam, eles confessaram "na verdade, até

aos gentios deu Deus o arrependimento para vida". A Deus

aprouve usar uns leigos de Chipre e Cirene para evangelizar

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os gregos na cidade de Antioquia e muitos foram convertidos.

Em seguida foi estabelecida a primeira igreja entre os gentios e

pastoreada por Barnabé e Saulo de Tarso (At 11:19-26). Esta

evangelização teve seu ápice com a chamada e o envio de

Barnabé e Saulo aos campos missionários, para anunciar a

mensagem de perdão por Jesus Cristo, tanto a gentios como a

judeus (At 13:1-5).

Paulo, personagem principal no drama de missões na

igreja primitiva sabia desde sua conversão que foi chamado

para pregar o evangelho aos gentios (At 26:15-18). Em

Romanos 1:14-17 está expresso o credo missionário do grande

apóstolo: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros,

tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em

mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a

vós que estais em Roma. Porque não me envergonho do

evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação

de todo aquele que crê, primeiro do judeu, e também do grego,

porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como

está escrito: Mas o justo viverá da fé”. A teologia de missões,

segundo os critérios que o apóstolo Paulo havia recebido de

Cristo, está registrado em Rm 10:8-15; 15:14-24; 1Co 9:19-23;

2Co 11:22-23; 1Ts 2:7-12. Vejamos o princípio básico de

missões está na universalidade da pregação do evangelho,

universal no sentido de que todos os povos, tanto judeus ou

gregos, aos que estão debaixo da lei, aos que estão sem lei, aos

fracos e desprezíveis, devem ter a oportunidade de invocar o

nome do Senhor.

O segundo princípio básico é a salvação que se encontra

só e exclusivamente em Jesus, e o plano de Deus é igual para

todos (Cl 3:11). O terceiro princípio básico é: a evangelização

mundial é obra coletiva (Rm 10:13-15) mostra que a salvação

só se alcança quando alguém invoca o nome do Senhor. Porém

só podem invocar se alguém for enviado para lhes pregar a

palavra da salvação. Então o ciclo do evangelismo começa

com o "ENVIAR", e em seguida pregação, audição e fé,

invocação e por fim salvação da alma. Em 1Coríntios 9 mostra a

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necessidade da adaptação cultural, Paulo não alterava suas

mensagens, porém variava seus métodos, dependendo de

quem ia ouvi-lo, para os judeus ele era judeu, para os gregos

ele se tornava grego, para ganhar os gregos. Então o

missionário transcultural de hoje deve se adaptar à língua e a

comida, à cultura do povo que ele quer evangelizar. O último

princípio básico de teologia de missões é que o missionário

deve estar pronto para sofrer, quando necessário para alcançar

os perdidos.

Quatro perigos a se evitar

Já definimos claramente a missão da igreja, por certo a

igreja local que não vem cumprindo sua missão num ou mais

dos seus três aspectos, levará o aluno a perguntar: Qual a causa

básica de tal relaxamento numa assembleia local de crentes? Há

quatro fatores comuns que retardam o cumprimento da

missão da igreja um ou mais deles são vistos numa igreja

desviada da sua missão. Esses fatores são:

1º A ignorância cristã - Como é triste saber que muitos

crentes vivem uma vida cristã fora do plano de Deus, só porque

alguém deixou de lhes ensinar quanto à sua parte no

cumprimento da missão da igreja. Que tristeza para uma igreja

que não cuida de preparar seus membros para servirem no

cumprimento da grande comissão. Jesus falou a seus discípulos:

“de graça recebeste, de graça dai” (Mt 10:8), e, “mais bem-

aventurado é dar, do que receber” (At 20:35). Quem é crente

somente para receber as bênçãos de Deus, e deixa de fazer a

sua parte no serviço cristão, está perdendo grande gozo, que o

outro modo não terá. Saibamos também que muitos crentes são

vazios e só vivem mexericando, fazendo críticas e envolvidos

em contendas porque não tem o que fazer no trabalho do

Senhor, por ignorância ou por falta de oportunidade.

2º A doutrina corrompida - Teólogos liberais tem

influenciado sensivelmente o mundo cristão atual. Aqueles que

abraçaram o liberalismo teológico perdem o fervor pelo

cumprimento da missão da igreja. Como resultado disto, a

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missão da igreja torna-se tão diluída que para muitos consiste

simplesmente num trabalho visando o melhoramento da

humanidade em geral.

3º A mornidão - Quando numa igreja apaga-se o fogo do

avivamento, os primeiros sinais são a falta de dedicação dos

crentes. Os membros recusam ajudar no ministério cristão,

ensinar na Escola Dominical, cantar no coral, ou limpar e

arrumar o templo e tudo isto é visto como tarefa e não como um

privilégio.

4º O zelo exagerado pelas coisas sociais - Como

resultado da grande influência da teologia liberal, atualmente

muitos crentes dedicam-se às coisas sociais que pouco tempo

ou energia restam para dedicarem à missão de levar a Palavra

de Deus. Não estamos dizendo que a igreja não deve cuidar

dos seus órfãos e viúvas pobres. Jesus sempre demonstrou

grande zelo pelos pobres, Ele mesmo disse que tudo quanto

fosse feito a um dos seus servos, a Ele estariam fazendo (Mt

25:40-45). João declara: “Ora, aquele que possuir recursos

neste mundo e ver a seu irmão padecer necessidade, e fechar-

lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus” (1Jo

3.17).

O mais importante é que haja equilíbrio em nosso viver,

para que alcancemos outros para Cristo. Muitos crentes sinceros

estão tão envolvidos com as coisas materiais e sociais que

terminam abraçando a teologia da libertação. Os lideres mais

radicais desse movimento aliciam a igreja e crentes a se unirem

com forças revolucionárias para promoverem reformas sociais,

mesmo que seja necessário o uso da violência.

4. MISSÃO TRANSCULTURAL

O Termo Missão Transcultural denota o sentido de

obediencia ao IDE de Jesus, levando o evangelho à culturas que

estão além das nossas, ou seja, culturas diferentes das que

estamos habtuados.

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Quando, falamos em cultura, falamos das leis não escritas

que governam o modo de viver de um povo, no tocante a

língua, costumes, hábitos, religião, tradição, etc... Tudo

característico desse povo, por exemplo, na cultura hindu as

mulheres usam sáris, já na cultura chinesa, o povo leva

alimento à boca com palitos. Algumas culturas têm coisas

incomuns, como Brasil e Portugal, outras diferem em muito como

Brasil e Indonésia. Sem palavras é difícil se comunicar, por

esse motivo o missionário é "obrigado” - aquele que é

transcultural - aprender a língua estrangeira do país adotado,

para que possa proclamar com mais clareza a mensagem de

evangelho da salvação para ter maior facilidade no diálogo com

o povo daquele país. É importante que o missionário conheça

bem a cultura e utilize corretamente a nova língua para saber

apresentar Jesus e si mesmo com maior facilidade.

4.1 Saberes necessários

Ao se fazer missões é necessário ter alguns conhecimentos

básicos sobre a comunicação transcultural:

Subcultura

Muitas subculturas podem existir dentro de um mesmo

país. Como por exemplo a cultura da vida urbana da cidade de

São Paulo é muito diferente da vida rural do Amazonas,

embora ambas estejam dentro do mesmo país. Outro exemplo

de subcultura é a comunidade coreana que vive em São Paulo,

bem como, outras comunidades estrangeiras que vivem no

Brasil.

Comunicação Transcultural

Qualquer pessoa enviada para trabalhar para o Senhor

onde haja outra cultura, precisa primeiro, familiarizar-se com

esta o máximo possível, para um trabalho eficaz. Muitos

candidatos ao serviço missionário estudam a nova língua no

país de origem, antes de viajar para o campo, a vantagem

disso é que o novato ao chegar ao campo pode se comunicar de

imediato com o povo sem estar totalmente na dependência de

outros missionários. Porém a maneira mais eficaz de

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aprendizado é infiltrar-se profundamente na cultura do povo

a ser evangelizado. Língua e cultura estão ligadas uma a

outra e devem ser aprendidas simultaneamente. O missionário

deve tomar muito cuidado para não se misturar ao pecado

nessa nova cultura.

Transculturação

O que o missionário deve aprender na nova cultura é o

"modus vivendis" daquele povo, mas sua mensagem deve ser

sempre imutável, pois a Bíblia é tão necessária para o chinês

quanto ao francês, argentino, alemão, paraguaios, ingleses,

africanos, árabes, australianos, indianos, todos os povos, tribos

e nações estão sob a mira da salvação. “Pois todos pecaram e

destituídos estão da glória de Deus” (Rm 1:14-16). Temos no

apóstolo Paulo um exemplo de missionário transcultural,

pois a Bíblia registra em suas páginas desde o chamado de

Paulo até seu envio as nações gentias, começando pelo livro de

Atos, veremos que ele usou vários métodos, mas a mensagem

era a mesma, sempre: JESUS CRISTO RESSUSCITADO,

SEPULTADO E RESSURRETO. Aos romanos, cuja língua e

costumes eram diferentes dos judeus ele diz: “Pois sou devedor

tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a

ignorantes; por isso quanto está em mim, estou pronto a

anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não

me envergonho do evangelho porque é o poder de Deus para

salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também

do grego” (Rm 1.14-16).

Já noutra cultura, aos Corintios, ele declarou o seguinte:

“Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus e este

crucificado” (1Co 2:2). Daí concluímos que embora os

métodos de comunicação mudem de cultura para cultura, a

mensagem do evangelho é imutável. O pecador só poderá ser

salvo, crendo em JESUS CRISTO. É imprescindível que o

missionário aprendiz comece (ou continue) seu estudo da

língua desde o primeiro dia no novo país. Nem sempre a filosofia

do "mais ou menos" é aceita, por isso é necessário aprender

não só o linguajar da região como também dar atenção ao

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estudo formal e metódico. Por falar em linguística, convém

salientar que o missionário deve ter aptidão com a Bíblia na

linguagem do país adotivo. Uma boa tradução da Bíblia

refletirá os costumes e normas do povo a que ele está tentando

alcançar. O missionário bem sucedido há de conhecer bem a

língua e a cultura do seu novo país (ou região), mesmo que isto

leve anos.

A Bíblia e a Cultura

A Bíblia foi escrita por "homens santos de Deus" cujas

palavras foram inspiradas pelo "Espírito Santo". Outros homens

copiaram em livros essas palavras, mas pelo mesmo Espírito

foram guardados para não se desviarem, garantindo assim a

inerrância dos escritos originais. Há em redor do mundo cerca

de 6.100 línguas faladas. Mas somente 322 delas tem a Bíblia

inteira, enquanto que em 1.978 culturas existe apenas

pequenas porções do cânone sagrado. Graças a Deus pelos

homens e mulheres que trabalham no ministério da tradução! O

trabalho incansável desses servos de Deus é dar a todas as

nações a Bíblia em sua língua própria. Não é fácil fazer uma

tradução parcial ou total, isto é “literal” da Bíblia isto porque há

muitas variações de uma língua para outra e isso cria muitas

frases sem sentido e inexplicáveis. Um exemplo bíblico, em

Lucas 3:7, nos diz que João chamou os fariseus de “raça de

víboras”, o que para nós seria uma crítica muito severa, para o

balinês, João estaria elogiando, isto porque para o nativo da ilha

de Bali (Indonésia) a víbora é um animal sagrado.

O choque cultural

O choque cultural é a frustração que uma pessoa

experimenta na adaptação da nova cultura, mais isso não quer

dizer falta de espiritualidade. Não é coisa rara um servo de

Deus enfrentar frustração durante seus primeiros meses no

campo de missões. A frustração ocorre por diversos motivos:

dificuldade de dominar a língua nativa, o clima da região, a

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comida, a higiene, as tradições... Mas tudo isso pode ser

superado se houver a real chamada e força de vontade por

parte do candidato. Há quatro fases do choque cultural:

1a Pode ser chamado de turístico - tudo para o

missionário recém chegado é exótico e impressionante.

2a Rejeição - o encanto acabou e o missionário

compreende melhor a realidade de que o novo país é seu novo

lar. Ele não se sente mais como turista que breve voltará para

seu lar doce lar.

3a Saudade do passado - Saudade da convivência da

vida familiar, os amigos, ele sonha com os bons tempos vividos

em seu país, sua comida predileta... Isto passa a incomodá-lo.

Alguns conselhos práticos, para não se entregar a esses

desajustes é procurar conviver com os nacionais, não procurar

somente os da sua própria nacionalidade para

companheirismo, não criticar verbalmente as diferenças

culturais do novo país.

4a Depressão - Se a pessoa não superar a saudade de casa,

ele logo chegará ao quarto estagio, “a depressão", felizmente a

maioria dos missionários não chegam a esse ponto. Caso algum

chegue, é necessário procurar ajuda de um colega. A pessoa

sob depressão pode experimentar doenças físicas de origem

psicossomáticas e chega a perder peso.

4.2 Etnoteologia e antropologia cultural

Esta matéria é um esforço de interpretação antropológica

e teológica da sociedade moderna, trazendo através do conceito

da Etnoteologia, a expressão da teologia num contexto cultural.

A interpretação e estudos aqui desenvolvidos penetram nos

valores culturais e no chamado bíblico a um estilo de vida

superior aos padrões do mundo e da modernidade. Nosso

objetivo é apresentar a cultura do reino de Deus como um

caminho superior e mais excelente, relevante para todas as

culturas. E também convocar os discípulos de Cristo, desta

sociedade moderna, envolvidos por fatores antropológicos

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diversos a viverem a Cultura do Reino, cultura própria daqueles

que são filhos de Deus.

Ao abraçar os fundamentos da Antropologia, estaremos

detendo em uma de suas importantes ramificações, a

Antropologia da Religião, visto que a religião é um componente

da cultura de suma importância. A religião e cultura estão

intimamente ligadas entre si. Estaremos abordando os domínios

da Antropologia e os da Teologia, detendo especificamente no

campo da Etnoteologia, sendo este o ponto de junção,

"interjeição" entre as duas ciências, a Antropologia e a

Teologia. Paralelamente à delimitação dos domínios, definição

e fundamentação estaremos trazendo uma compreensão e

fixação nítida da Antropologia Cultural, permitindo-se assim

uma visualização da sublime importância da cultura. Os

conceitos antropológicos são muito amplos, e vários os ramos

da antropologia, mas para este estudo da Etnoteologia e

Antropologia Cultural estaremos dando uma fundamentação

em sete ramos e conceitos concernentes à defesa da

etnoteologia".

1. O que é cultura?

A cultura é o conjunto de comportamentos, de valores e

das crenças culturais de uma sociedade. "Culturas são sistemas

(de padrões de comportamento socialmente transmitidos) que

servem para adaptar as comunidades humanas aos seus

embasamentos biológicos. Esse modo de vida das

comunidades inclui tecnologias e modo de organização

econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social

e organização política, crenças e práticas religiosas, e assim por

diante". 1) "A cultura é um modo de pensar, de sentir, de crer".

2) Os importantes elementos de uma cultura são os valores,

conhecimento, a crença, arte, moral, alimentação, língua,

leis, costumes e quaisquer hábitos e habilidades adquiridos

pelo homem dentro da sociedade. O estudo da antropologia

delineia esta compreensão, de uma forma comparativa ao das

"cascas”, como as cascas de uma cebola, mostrando vários

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níveis de entendimento. São quatro estas "cascas" de uma

cultura:

1a O comportamento do povo - esta é a casca mais

externa, superficial, e a mais fácil de ser notada quando

avaliamos uma cultura. É o conjunto das coisas que são feitas,

daquilo que são facilmente notadas como ato de fazer de um

povo, e como eles as fazem. Esta identificação pode ser vista

no modo de agir, vestir, caminhar, comer, falar, etc.

2a Os valores culturais de um povo - penetrando uma

camada à dentro veremos os valores culturais, e estes

valores são firmados sobre a sua noção daquilo que é

"bom", do que é "benéfico", e do que é "melhor". Os valores

culturais são para adequarem ou conformarem o padrão de

vida de um povo.

3a As crenças - a crença é a noção que se tem daquilo

que é verdadeiro. Constitui-se da crença básica de um povo,

no que este povo vê como verdade fundamental.

4a A cosmovisão - cultura é como uma lente através da

qual o homem vê o mundo. É a percepção daquilo que é real, e

qual é a realidade do mundo. É o modo de ver o mundo, o

sistema de crença que reflete os comportamentos e valores de

um povo.

2. Antropologia.

As ciências humanas, ciências do comportamento humano,

foram divididas em três ramos: sociologia, psicologia e

antropologia. A sociologia detém ao estudo das relações sociais

que envolvem o homem como um ser social. A psicologia

estuda o homem como um indivíduo, analisando sua

personalidade, atitudes e comportamentos.

A antropologia por sua vez compartilha as áreas da

sociologia e da psicologia. É a ciência que estuda o homem

como ser biológico, sociológico e psicológico, e através de um

método comparativo estuda o homem através do tempo e da

cultura. O alvo da antropologia é a total compreensão do

homem, e para isto estuda tudo concernente a ele.

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Antropologia é a doutrina do homem, e este termo é

usado tanto na teologia como na ciência, sendo que a Teologia

Antropológica estuda o homem em relação a Deus ao passo que

a antropologia científica estuda seu organismo psicofísico e a

história natural. A teologia antropológica traz a doutrina do

homem abrangendo: a criação e origem, a natureza, a unidade

e constituição do homem, sua queda e pecado. A maneira como

uma sociedade compreende a criação e origem do homem, será

um fator determinante para o relacionamento com Deus, bem

como a noção da presença de Deus será cultivada na vida do

povo. A expressão religiosa de um povo revela sua identidade

teológica e sua crença básica.

3. Antropologia Cultural

Sendo "cultura um sistema integrado de comportamento e

valores aprendidos como característica de membros de uma

sociedade", a antropologia cultural analisa o sistema como um

todo e como as partes e funções interagem neste todo, e como

os sistemas se relacionam. A antropologia cultural vem a ser

uma ciência comparativa da cultura de um povo e traz uma

compreensão cultural do mesmo. A antropologia cultural estuda

o homem integrado em seu contexto social, psicológico,

biológico, físico e teológico, apreciando seu comportamento,

valores, hábitos, língua e crença. O conceito chave da

Antropologia Cultural é a cultura, mostrando a sua beleza,

singeleza, simplicidade, complexidade e arquitetura

relacional. A antropologia cultural é o espelho do homem

refletido na sociedade porque ela apanha todo o sistema de

valores, comportamento, atitudes e expressões e reflete tudo

isto numa expressão cultural distinta. Ela é o palco da

"performance" do homem.

4. Antropologia da Religião

É o ramo da antropologia que se dedica ao estudo das

crenças religiosas, pois a religião é a maior expressão da

Page 18: Curso Básico de Missões (1)

crença de um povo. Ela é uma das instituições social universal

em todas as culturas porque toda sociedade conhecida pratica

alguma forma de religião. A palavra religião vem do latim, e

quer dizer "religar", dando a ideia de laço, aliança, pacto ela é

a ligação do homem com Deus. Para a antropologia, "religião,

são todas as crenças e práticas em forma de doutrinas e rituais

de uma religião". A antropologia apresenta seis funções da

religião na cultura:

1a Psicológica - pois provê apoio, consolação e

reconciliação. A religião provê suporte emocional para vencer,

capacita o homem a um relacionamento com Deus e os demais.

2a Transcendental - provê segurança e direção. A

religião faz provisão de absoluto ponto de referência no qual o

homem pode adequar-se a um mundo de constante mudança.

3a Sacralização - ela vem legitimar normas e valores. Leva

o indivíduo a fazer parte de alvo social comum e torna legítimos

os alvos de um grupo e os significados de alcançar estes alvos.

Ela age numa sociedade, levando-a a legitimar e justificar a

sua organização, sua maneira de ser e de fazer.

4a Profética - critica normas e valores. Assim como a

religião regulamenta normas e valores, ela condena aquelas

normas e valores que não são corretos.

5a Identificação - a religião nos diz quem somos e nos

traz identidade. "Religião proporciona o senso individual de

identidade, desde o distante passado ao ilimitado futuro. Este

indivíduo expande seu ego ao fazer seu espírito significante

para o universo e o universo significante para ele. Desta forma

a religião contribui para a integração da personalidade".

6a Maturação - ela marca a passagem de um indivíduo

pela sua vida na sociedade. Desde que a vida é sagrada e

relacionada ao supernatural, esta função marca os estágios da

vida, e expressa através dos ritos de passagem. Ela marca e

ajuda fixar momentos importantes na vida do indivíduo, tais

como: nascimento, batismo, noivado, casamento, funeral, etc.

Legitimam rituais para marcar entradas e saídas do universo da

Page 19: Curso Básico de Missões (1)

vida. Um antropológico estudo das religiões comparativas

mostra que todas as religiões apresentam as mesmas funções

culturais. Como todo homem apresenta as mesmas

necessidades, cada sistema cultural e religioso traça um

caminho para o homem satisfazer estas necessidades comuns

e básicas a todos os indivíduos.

A relação entre teologia e religião é a seguinte: teologia é

a ideia, o pensamento, o conhecimento que o homem tem

acerca de Deus e a religião é a prática, nela o homem se

expressa em atitudes, ações e hábitos o que este

conhecimento de Deus produziu nele. Religião vem a ser a

expressão da crença, mas, nem todas as religiões são

fundamentadas em uma teologia bíblica. Há muitas expressões

religiosas, e do ponto de vista antropológico cultural, todas as

religiões são aceitas, mas a realidade crucial é o fato se estas

religiões preenchem o padrão bíblico.

Etnoteologia

Etnologia

O objetivo da etnologia é o estudo diferencial das culturas

dos diversos grupos étnicos e, especialmente, das sociedades

de tecnologia tradicional, revelando as variedades

consideráveis dos comportamentos e dos sistemas de valores. A

etnologia fornece uma messe de dados documentários, para que

através de um método comparativo transcultural, mantêm-se

constantes as variações individuais, mas fazendo variar a norma

social. A interjeição entre a etnologia e a teologia, é que esta

troca essencial fornece uma gama de dados documentários à

teologia, para que esta assuma sua posição supracultural. A

etnografia faz um estudo descritivo das sociedades humanas, e a

etnologia é o estudo comparativo das sociedades humanas em

suas diferentes culturas.

Etnoteologia (Etnologia + Teologia)

Etnoteologia é uma nova área de estudo que está sendo

desenvolvida e está relacionada com a apresentação do

evangelho e os modelos culturais relevantes na cultura

Page 20: Curso Básico de Missões (1)

receptora. "Etnoteología é a disciplina concernente a de

culturalização (separação da cultura) e contextualização da

teologia" (1). Cada cristão aprende sua teologia num conjunto

cultural e logo começa a ver seu comportamento como um

"comportamento cristão". Etnoteologia é a ciência de

interjeição entre a Antropologia Cultural e a Teologia, fazendo

um estudo comparativo da crença de um povo em Deus. Ela

apresenta a cultura de Deus (do reino de Deus) com o

desenvolvimento da cultura local, surgindo assim a

"contracultura cristã", cultura e crença religiosa proposta por

Deus e que está acima de qualquer evolução e variação cultural.

5. MISSÃO URBANA

Missão Urbana envolve o trabalho para ampliar o Reino de Deus no contexto das grandes cidades. Reconhecemos que a maneira de alcançar a cidade acontece através da integração da proclamação do evangelho com a presença da igreja: vivendo, trabalhando e se identificando com as pessoas da cidade em seus interesses e necessidades. A presença do povo de Deus é essencial para a missão da igreja e sua sobrevivência na cidade (Tg 1:19-27). A proclamação deve estar lado a lado com o serviço prático, por “palavra e obras” (Rm 15:18). Proclamação sem o serviço prático é como “barulho de sino “ (1 Co 13:1). É como a fé sem obras: morta (Tg 2:14-26).

Estatísticas em volta do mundo comprovam que os grandes campos missionários se concentram nas cidades e grandes metrópoles. Diante disto temos visto a construção de uma grande oportunidade para a igreja de Jesus Cristo realizar a grande comissão. Em meio às relações político-sociais vemos claramente as condições que a igreja tem para ser a agente de salvação e socialização em todas as áreas que seus membros participam. Isto tem comprovado a missão na cidade e que transcende aos moldes tradicionais de evangelização e discipulado. Precisamos urgentemente trabalhar as várias

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conotações da mensagem que traz o reino de Deus para a cidade. Em frente aos desafios da geração pós - moderna a comunidade cristã deve rever conceitos, contribuições e metas na sociedade onde ela participa fazendo valer o evangelho ao passo que é chamada para fora de suas casas, para as escolas e faculdades, centros culturais e desportivos, econômicos e comerciais, com a clara direção de anunciar a salvação e o senhorio de Jesus Cristo. 

5.1 Como fazer missão urbana

Antes do início da ação missionária, antes da proclamação, precisamos primeiro ter sido tocado pelo evangelho. A mensagem central evangélica é do amor e da compaixão: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Precisamos compreender como Deus veio ao nosso encontro porque nos amou, se identificando e vivendo a nossa vida. Percebemos uma aproximação que teve como motivo o amor. Portanto, esse amor de Deus deve nos tocar de forma que entendamos o sentido da vida, ou o valor ímpar da vida de cada indivíduo como criatura de Deus. Cheios desse amor poderemos sentir, compadecer e agir em favor de alguém. Podemos ver a ação de Jesus em favor de uma pessoa como resultado da sua compaixão: “Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo!”

Nós como cristãos e a nossa comunidade deve ter essa mesma identificação com as pessoas que nos rodeiam, tendo esse mesmo sentimento de amor e compaixão que nos fará aproximar das pessoas. A aproximação é necessária, pois nos dará condições de conhecer e vivenciar as necessidades de uma forma geral. Jesus ensinou a vontade de Deus vivendo com as pessoas, inserido e vivenciando as mesmas questões, não era alguém estranho, ou imune que apenas discursava do lado fora do contexto, não, ele estava bem perto. Esse é o mesmo desafio para a igreja hoje, estar perto das pessoas e anunciar na vivência, no relacionamento, na experiência de vida. Esse constitui um testemunho bem eficaz e humano. Infelizmente, percebe-se outro tipo de proclamação evangélica; aquela que é

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fria e sem contato pessoal, sem a experiência da caminhada, sem conhecimento das demandas de uma sociedade ou de indivíduos.

A igreja cristã são os “chamados para fora” e devemos justificar esse título, ou essa condição. As liturgias dos templos são necessárias, mas igualmente necessária é a saída dos cristãos para fora das portas dos templos para enxergarem a realidade do mundo. Não apenas a contemplação espiritual, mas também, a contemplação do mundo e sua real necessidade. “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”

Influenciar o mundo a partir de nossas vidas é a vontade de Deus, portanto, a sociedade ou a nossa comunidade deve sentir o reflexo da luz que há em nós: A igreja é tanto luz como sal para o mundo corrupto e injusto. Essa luz e sal devem se manifestar em nós em palavras e ações que permitirão o surgir da justiça de Deus. A igreja tocada pelo evangelho não pode de forma alguma permanecer insensível ou indiferente às injustiças próprias de nossa sociedade.

5.2 Missão urbana em prática

Algumas atitudes se fazem necessárias para que a igreja seja despertada para a sua primordial missão: Influenciar o mundo com a mensagem cristã e suas ações. Enumeremos as seguintes:

a. Intercessão. A oração intercessória gera unidade na igreja e a desperta para o propósito da evangelização. Através da oração somos levados a uma reflexão profunda da obra missionária e das carências e

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necessidades de um povo ou comunidade e nesse ponto poderemos com eles nos identificar.

b. Educação.

O treinamento de lideranças e de todas as pessoas envolvidas na missão deve ser levado a sério para que a qualidade da evangelização e do discipulado seja consistente e respaldado nas Escrituras. A nossa fé ou a nossa crença deve ser muito bem justificada e explicada, somente através do preparo teológico essa realidade se tornará possível. Inclusive esse preparo deve visar ou proporcionar o conhecimento e orientações a cerca dos vários grupos de pessoas citadas no primeiro capítulo.

c. Proclamação.

A mensagem evangélica deve ser proclamada a todos em todos os lugares. O objetivo não é criar o proselitismo para encher a igreja e sim ensinar a verdade e os princípios bíblicos com a finalidade de gerar uma mentalidade cristã. É o discipulado que pode ser realizado de forma individual ou em pequenos grupos que proporcionam o convívio e integração entre os participantes.

d. Ação.

A missão não termina com a proclamação. O Reino de Deus não será manifestado apenas por palavras, mas também por ações. A igreja também terá uma responsabilidade social, agindo ou trabalhando contra toda injustiça e opressão contra o ser humano, e em socorro daqueles que necessitam. A mensagem e a ação integradas poderão transformar toda uma sociedade conforme os padrões cristãos.

6. O PAPEL DE UMA SECRETARIA DE MISSÕES (SEMAD)

Qual é a utilidade de uma secretaria de missões ? Será que realmente precisamos deste veículo para realizar a obra transcultural? Há várias maneiras de considerarmos o papel de uma agência missionária. Alguns são pessimistas e o definem como mal necessário, outros, como um bom instrumento do

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Senhor. As agências surgiram em resposta ao desafio de missões, e para servir à Igreja. Seus alvos básicos: despertar, treinar e enviar missionários. E isto sempre servindo a Igreja. Como qualquer outro ministério, as secretarias passam pelas fases iniciais de uma organização, adquirem experiência e se tornaram mais eficientes.

Uma secretaria existe para realizar as seguintes tarefas em serviço da Igreja:

1. Fazer todo o trabalho administrativo de manter um missionário no campo, incluindo remessa de sustento, socorro médico, visitas pastorais, supervisão do trabalho, planejamento e estratégia, apoio logístico, etc.2. Informar a Igreja onde há mais necessidades de obreiros e onde há portas abertas ao evangelho, bem como tentar abrir essas portas.3. Participar de conferências, cultos e congressos missionários para assim instruir a Igreja.4. Ajudar no levantamento de recursos para o trabalho normal e para projetos especiais5. Promover a unidade na expansão da obra missionária.

Há outros pontos também importantes, porém, estes são suficientes para ilustrarmos como as agências podem ser uma bênção para a Igreja, e como é difícil para a Igreja ter toda a estrutura necessária para desenvolver a obra missionária.

CONCLUSÃO Acredita-se que o conteúdo abordado aponta tanto para a

complexidade da missão da igreja, mas contudo, aponta para diretrizes que sinalizam a direção a tomar em favor do cumprimento da obra missionária.

Estão muito claras as demandas complexas da sociedade urbanas e transculturais, e também muito claras a importância da teologia na missão, para uma leitura ampla e consciente da conjuntura da sociedade em que a igreja pretende atuar e de uma forma sincrônica proporcionar as ações necessárias.

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O amor de Jesus é o mesmo, pois, Ele é o mesmo. Nós como corpo de Cristo devemos manifestar esse amor, em todo o lugar, para todas as pessoas.