Curso Básico de Espiritismo

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ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA NOSSO LAR Rua Borges de Medeiros, 886-D, Bairro Santa Maria CHAPECÓ/SC 1 CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO APRESENTAÇÃO O QUE É O ESPIRITISMO OS PONTOS FUNDAMENTAIS DO ESPIRITISMO PRÁTICA ESPÍRITA O CONSOLADOR ALLAN KARDEC AS MESAS GIRANTES A REENCARNAÇÃO O CÉU E O INFERNO - ANJOS E DEMÔNIOS ANJOS DA GUARDA A MEDIUNIDADE O PASSE RESUMO DA DOUTRINA ESPÍRITA POR ALLAN KARDEC REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO Esta apostila foi elaborada com o objetivo de dar ao iniciante do estudo da Doutrina Espírita noções básicas, com as quais ele possa se equipar para estudos mais profundos. Ressaltamos, que para o conhecimento real da doutrina, indispensável se faz o estudo das obras básicas de Allan Kardec, quais sejam: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, O LIVRO DO MÉDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, A GÊNESE e O CÉU E O INFERNO. Além das obras de Kardec, o estudioso do espiritismo não pode deixar de conhecer outros autores, tais como Leon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Hermínio C. Miranda e outros, bem como obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e Yvonne A. Pereira, Raul Teixeira, etc.. Em O Livro dos Espíritos, na introdução, Kardec nos diz que "[...] o estudo de uma doutrina, tal como a Doutrina Espírita, que nos lança de repente numa ordem de coisas tão novas e tão grandes, não pode ser feito com resultado senão por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenção e animados de uma firme e sincera vontade de atingir um resultado."

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(a.E. Nosso Lar)

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    CURSO BSICO DE ESPIRITISMO

    APRESENTAO O QUE O ESPIRITISMO OS PONTOS FUNDAMENTAIS DO ESPIRITISMO PRTICA ESPRITA O CONSOLADOR ALLAN KARDEC AS MESAS GIRANTES A REENCARNAO O CU E O INFERNO - ANJOS E DEMNIOS ANJOS DA GUARDA A MEDIUNIDADE O PASSE RESUMO DA DOUTRINA ESPRITA POR ALLAN KARDEC REFERNCIAS

    APRESENTAO

    Esta apostila foi elaborada com o objetivo de dar ao iniciante do estudo da Doutrina Esprita noes bsicas, com as quais ele possa se equipar para estudos mais profundos. Ressaltamos, que para o conhecimento real da doutrina, indispensvel se faz o estudo das obras bsicas de Allan Kardec, quais sejam: O LIVRO DOS ESPRITOS, O LIVRO DO MDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, A GNESE e O CU E O INFERNO. Alm das obras de Kardec, o estudioso do espiritismo no pode deixar de conhecer outros autores, tais como Leon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Hermnio C. Miranda e outros, bem como obras psicografadas por Francisco Cndido Xavier, Divaldo Pereira Franco e Yvonne A. Pereira, Raul Teixeira, etc.. Em O Livro dos Espritos, na introduo, Kardec nos diz que "[...] o estudo de uma doutrina, tal como a Doutrina Esprita, que nos lana de repente numa ordem de coisas to novas e to grandes, no pode ser feito com resultado seno por homens srios, perseverantes, isentos de preveno e animados de uma firme e sincera vontade de atingir um resultado."

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    Desta forma, esperamos que, a partir destas noes apresentadas neste curso, todos possam sentir-se estimulados a buscar maiores conhecimentos, pela leitura e estudo individuais, assistncia s reunies doutrinrias das Casas Espritas, e, especialmente, pelo ingresso nos grupos de estudo permanente oferecidos pela Sociedade Esprita Nosso Lar e ou em outra instituio esprita.

    1 O QUE O ESPIRITISMO

    A palavra espiritismo foi criada por Allan Kardec, para designar a doutrina que ele codificou. Foi empregada pela primeira vez no Livro dos Espritos, onde l-se: "Para as coisas novas necessitam-se de palavras novas, assim necessrio a clareza de linguagem para evitar a confuso inseparvel do sentido mltiplo dos mesmos vocbulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo tm uma acepo bem definida [...]. Com efeito, o espiritualismo o oposto do materialismo; quem cr haver em si outra coisa que a matria, espiritualista. Mas no se segue da que cr na existncia dos espritos ou em suas comunicaes com o mundo visvel. Em lugar das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos para designar esta ltima crena, as de esprita e de espiritismo. [...] Diremos, pois, que a Doutrina Esprita ou o Espiritismo tem por princpios as relaes do mundo material com os espritos ou seres do mundo invisvel. Os adeptos do Espiritismo sero espritas ou, se o quiser, os espiritistas." Desta forma, embora hoje as pessoas empreguem a palavra espiritismo de maneira equivocada, confundindo com as religies de origem africana simplesmente pelo fato de elas acreditarem na comunicao com os espritos e na reencarnao, e embora se fale em Espiritismo Kardecista objetivando fazer diferenciao entre a doutrina que professamos e outras doutrinas, seitas e religies espiritualistas, a verdade que somente existe um espiritismo, aquele codificado por Allan Kardec. Procurando dar uma noo inicial sobre o objeto de nosso estudo, podemos dizer que o Espiritismo uma doutrina revelada pelos Espritos Superiores, atravs de mdiuns, e organizada (codificada) por um educador francs, conhecido por Allan Kardec. O Espiritismo , ao mesmo tempo, filosofia, cincia e religio. Filosofia - porque d uma interpretao da vida, respondendo a questes como "de onde eu vim?", "o que fao no mundo?", "para onde irei depois da morte?", Toda doutrina que d uma interpretao da vida, uma concepo prpria do mundo, uma filosofia. Cincia - porque estuda, luz da razo e dentro de critrios cientficos os fenmenos medinicos, isto , fenmenos provocados pelos espritos e que no passam de fatos naturais. Todos os

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    fenmenos, mesmo os mais estranhos, tm explicao cientfica. No existe sobrenatural no Espiritismo. Religio - porque tem por objetivo a transformao moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus Cristo, na sua verdadeira expresso de simplicidade, pureza e amor. Uma religio simples, sem sacerdotes, cerimoniais e nem sacramentos de espcie alguma. Sem rituais, culto a imagens, velas, vestes especiais, sem manifestaes exteriores.

    1.1 Os pontos fundamentais do Espiritismo (Conforme matria da Revista Reformador, maro 1997):

    - Deus a inteligncia suprema e causa primria de todas as coisas. eterno, imutvel, nico, onipotente, soberanamente justo e bom.

    - O Universo criao de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.

    - Alm do mundo material, habitao dos Espritos encarnados (homens), existe o mundo espiritual, habitao dos Espritos desencarnados.

    - No Universo h outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evoluo: iguais, mais evoludos e menos evoludos que os homens.

    - Todas as leis da natureza so Leis Divinas, pois que Deus o seu autor. Abrangem tanto as leis fsicas como as leis morais.

    - O homem um Esprito encarnado em corpo material. O perisprito corpo semimaterial que une o Esprito ao corpo material.

    - Os Espritos so seres inteligentes da Criao. Constituem o mundo dos Espritos, que preexiste e sobrevive a tudo.

    - Os Espritos so criados simples e ignorantes. Evoluem intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, at a perfeio, onde gozam de inaltervel felicidade.

    - Os Espritos preservam sua individualidade antes, durante e depois de cada encarnao.

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    - Os espritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessrias ao seu prprio aprimoramento.

    - Os Espritos evoluem sempre. Em suas mltiplas existncias corpreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso, intelectual e moral, depende dos esforos que faam para chegar a perfeio.

    - Os espritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeio que tenham alcanado: Espritos Puros, que atingiram a perfeio mxima; Bons Espritos, nos quais o desejo do bem o que predomina; Espritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorncia, pela inferioridade moral e pelas paixes inferiores.

    - As relaes dos Espritos com os homens so constantes, e sempre existiram. Os bons espritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suport-las com coragem e resignao. Os imperfeitos nos impelem para o mal.

    - Jesus o guia e modelo para toda a humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou a expresso mais pura da Lei de Deus.

    - A moral do Cristo, contida no Evangelho, o roteiro para a evoluo segura de todos os homens, e a sua prtica a soluo para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.

    - O homem tem o livre-arbtrio para agir, mas responde pelas conseqncias de suas aes.

    - A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatveis com o procedimento de respeito ou no Lei de Deus.

    - A prece ato de adorao a Deus. Est na lei natural, e resultado de um sentimento inato do homem, assim como inata a idia da existncia do Criador.

    - A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiana se faz mais forte contra as tentaes do mal e Deus lhe envia os bons Espritos para assisti-lo. este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

    1.2 Prtica esprita

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    (Conforme Revista Reformador, maro 1997):

    - Toda a prtica Esprita gratuita, dentro do princpio do Evangelho: "Dai de graa o que de graa recebeste".

    - A prtica Esprita realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princpio Cristo de que Deus deve ser adorado em esprito e verdade.

    - O Espiritismo no tem corpo sacerdotal e no adota e nem usa em suas reunies e em suas prticas: altares, imagens, andores, velas, procisses, sacramentos, concesses, indulgncias, paramentos, bebidas alcolicas ou alucingenas, incenso, fumo, talisms, horscopos, cartomancia, pirmides, cristais, bzios, ou quaisquer outros objetos, rituais ou forma de culto exterior.

    - O Espiritismo no impe seus princpios. Convida os interessados a conhec-los a submeter os seus ensinos ao crivo da razo, antes de aceit-los.

    - A mediunidade, que permite a comunicao dos espritos com os homens, uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religio ou da diretriz doutrinria de vida que adote.

    - Prtica medinica esprita s o aquela que exercida com base nos princpios da Doutrina Esprita e dentro da moral Crist.

    O Espiritismo respeita todas as religies, valoriza todos os esforos para a prtica do bem e trabalha pela confraternizao entre todos os homens, independentemente de sua raa, cor, nacionalidade, crena, nvel cultural ou social. Reconhece, ainda, que "o verdadeiro homem de bem o que cumpre a lei de justia, de amor e de caridade, na sua maior pureza."

    1.3 O consolador

    Jesus Cristo prometeu outro consolador: Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao meu Pai e ele vos enviar outro consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O ESPRITO DE VERDADE, que o mundo no pode receber, porque no o v e absolutamente no o conhece. Mas quanto a vs, conhec-lo-eis porque ficar convosco e estar em vs. Porm, o

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    Consolador, que o Santo Esprito, que meu pai enviar em meu nome, vos ensinar todas as coisas e vos far recordar tudo o que vos tenho dito. (S. Joo, cap. XVI, vv. 15 a 17 e 26).

    O consolador prometido por Jesus, tambm designado pelo apstolo Joo, como o Santo Esprito, seria enviado Terra com a misso de consolar e lidar com a verdade [...] sob o nome de Consolador: o Esprito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que haveria de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera (ressalta Kardec, Evangelho segundo o Espiritismo, captulo VI)

    O Consolador: o Esprito de Verdade, dar aos encarnados o conhecimento de sua origem, da necessidade de sua estada na terra e do seu destino, bem como espalhar a consolao pela f e pela esperana.

    Ainda no Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec comenta que:

    Jesus prometeu outro consolador: o Esprito de Verdade, que o mundo ainda no conhece, por no estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviar para ensinar as coisas e para relembrar o que Cristo havia dito. Se, portanto, o Esprito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, que o Cristo no dissera tudo; se ele vem relembrar o que Cristo disse, porque o que disse foi esquecido ou mal compreendido.

    Constitui o Esprito Consolador, portanto, a Terceira Revelao de Deus aos povos no Ocidente, e procede de Espritos sbios e bondosos, que, do alm, enviaram seus ensinamentos por meio dos instrumentos medinicos. Vrias so as razes que justificam a promessa do Cristo, do aparecimento do Esprito de Verdade, como o Consolador:

    Uma delas seria a inoportunidade de uma revelao total e completa pelo Cristo, numa poca em que o homem no estaria amadurecido para compreend-la. Outra razo a do esquecimento pelos homens das verdades apregoadas no seu Evangelho. E ainda, as distores premeditadas que a mensagem evanglica sofreu ao longo dos tempos.

    Se Jesus no disse tudo o que teria podido dizer, porque acreditava dever deixar certas verdades na sombra at que os homens estivessem prontos para compreender. Conforme sua declarao, seus ensinamentos estavam incompletos, j que anunciava a vinda daquele que os deveria completar; previa ento que se enganariam sobre suas palavras, que se desviariam de seus

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    ensinamentos; em uma palavra, que desfariam aquilo que tinha feito, j que todas as coisas deveriam ser restabelecidas; ora s se restabelece aquilo que foi desfeito.

    Podemos dizer ento que a doutrina esprita uma revelao, a terceira, (1 Moiss, entre os Judeus, 2 Jesus Cristo). Jesus previa que os homens teriam necessidade de consolaes, que implica a insuficincia daqueles que eles encontrariam na crena que iriam seguir. Nunca, talvez, Jesus Cristo tenha sido mais claro e mais explcito que nessas ltimas palavras, s quais poucas pessoas prestam ateno, talvez porque se evitasse traz-las luz e aprofundar seu sentido proftico.

    A revelao entre o Espiritismo e o Consolador est no fato de a Doutrina Esprita conter [..] todas as condies do Consolador que Jesus prometeu, ou seja, [...] o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, portanto fala sem figuras, nem alegorias, levantando o vu intencionalmente lanado sobre certos mistrios. Vem, finalmente, trazer a consolao suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, dando uma causa justa e um objetivo til para todas as dores. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo VI).

    O Esprito de Verdade se apresenta aos homens, frente de elevadas entidades espirituais, que voltaram terra para completar a obra de Cristo, de outro lado Kardec se coloca a postos, frente de criaturas espiritualizadas, dispostas a colaborarem na imensa tarefa. [...] O que ento se cumpria era a uma promessa do Cristo, atravs de todo um imenso processo de amadurecimento espiritual do homem [...]

    No livro A Gnese, no captulo Caracteres da Revelao Esprita, aps expor a importncia do Espiritismo quanto ao entendimento do verdadeiro ensino de Cristo, Kardec prope a seguir:

    Se considerarmos, alm disso, o poder moralizador do Espiritismo pelo objetivo que ele assinala a todas as aes da vida, pelas conseqncias do bem e do mal que ele expe claramente; pela fora da moral, a coragem, a consolao que d nas horas de aflio por uma inabalvel confiana no futuro, pelo pensamento de termos ao nosso lado os seres amados a quem amamos, pela certeza de os rever, a possibilidade de conversar com eles, enfim, pela certeza de que, de tudo o que fizemos, de tudo o que adquirimos em inteligncia, em cincia, em moralidade, at o ltimo instante de nossa vida, nada se perdeu, que tudo serve para o nosso adiantamento, reconhecemos que o Espiritismo realiza todas as promessas de Cristo no que diz respeito ao Consolador anunciado. Ora, como o Esprito de Verdade que preside ao grande movimento da regenerao, a promessa de seu advento tambm se realizou, porque, pelos fatos, deduzimos que ele o verdadeiro consolador.

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    Disse o Cristo: Bem aventurados os aflitos, pois que sero consolados. Mas, como h de algum sentir-se ditoso por sofrer, se no sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existncias anteriores e na destinao da terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depurao que garante a felicidade nas existncias futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurar o salrio. O Espiritismo lhe d a f inabalvel no futuro e a dvida pungente no mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto das coisas, a importncia das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe d a pacincia, a resignao e a coragem de ir at ao termo do caminho.

    Como visto, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e porque est na terra; atrai para os verdadeiros princpios da lei de Deus e Consola pela f e pela esperana. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, captulo VI).

    Mensagem escrita pelo Doutrinador Luiz Gonzaga Pinheiro, em seu livro Dirio de um Doutrinador.

    Prezado amigo, antes de expor a que veio, saiba como o Espiritismo poder auxili-lo em suas dificuldades.

    Em Espiritismo no temos:

    Frmulas mgicas que de imediato resolvam seus problemas. Privilgios concedidos pelos bons espritos a qualquer pessoa Hbito de pesquisar o passado, o presente e o futuro de ningum. Maneiras de conseguir empregos, promoes, palpites de loterias, reconciliaes amorosas, casamentos, noivados, divrcios ou similares. Curas miraculosas, diagnsticos instantneos, esponja para vcios, receitas contra o sofrimento ou amuletos para a felicidade.

    Em Espiritismo temos:

    Esclarecimentos sobre a origem de nossas aflies, que podem ser anteriores ou atuais, e meios de super-las por meio da f e do esforo e da renovao de hbitos.

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    Ensinamentos que atestam a bondade de Deus com imparcialidade, permitindo-nos a dor como ensinamento valioso, ensinamento este requisitado por ns prprios, quando negamos a seguir a escola fraternal de Jesus. Em rarssimas excees, informamos sobre vidas anteriores, a presente, ou acontecimentos futuros. Essas revelaes feitas pelos amigos espirituais obedecem necessidade e convivncia, para atenuar a problemtica em si, ocorrendo mediante criteriosa avaliao da f, do merecimento e da utilidade de tais informaes para quem as busca. Estudos que atestam ser os problemas inerentes conjuntura crmica a que estamos vinculados. As provas e expiaes geralmente so pedidas por ns em encarnaes passadas, para que, vencendo-as, resgatemos nossos dbitos e nos elevemos a planos mais perfeitos. O espiritismo como doutrina consoladora, ensina como portar-se frente vida, valorizando-a, enfrentando e superando suas dificuldades com coragem e discernimento, caminho seguro para a paz de esprito. Certeza de que, estudando e vivendo tal doutrina, entende-se a razo da dor e da aflio, procurando em si e em Jesus as foras para o soerguimento. Todos temos mais fora e coragem do que supomos. Vamos! Anime-se! Jesus a porta. Kardec a chave. No existe problema que no se renda ao do trabalho e da prece.

    2 Allan Kardec ( Hippolyte-Lon Denizard Rivail)

    2.1. Histrico de sua vida e obra:

    1804 (03/04) Nascimento de Hippolyte-Lon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon na Frana. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, dona de casa. 1815 Rivail segue para o instituto de Johann Heinrich Pestalozzi para continuar seus estudos em Yverdon na Sua. Os estudos eram baseados no inovador mtodo pedaggico do famoso professor, baseado na convico de que o amor o eterno fundamento da educao. 1822 Rivail deixa Yverdon e se instala em Paris. 1824 Rivail publica o seu primeiro livro didtico sobre aritmtica. 1825 Abre sua primeira escola. 1826 Funda um instituto tcnico no qual ministras cursos gratuitamente. 1831 - Rivail publica mais um livro sobre a gramtica francesa.

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    1832 Casa-se com Amlie Gabrielle Boudet ( 1795 1883). Era professora e colaborou com o esposo em suas atividades didticas. No tiveram filhos.

    OBS Rivail e sua esposa foram pessoas dignas, de moralidade inatacvel, dedicando-se integralmente aos ideais superiores da cultura, da educao, do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade do ensino e da educao para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos para crianas pobres. Alm de mestre, foi sempre amigo dos alunos. Do ponto de vista material, o casal Rivail levou vida simples, no raro enfrentando dificuldades econmicas. Na fase esprita, seus parcos recursos seriam empregados na publicao das obras inicias e em outras despesas referentes ao espiritismo. Nos anos de maiores limitaes, Rivail completou suas despesas com empregos temporrios modestos, como o de guarda-livros. H referncia segura de cerca de 21 textos publicados pelo prof. Rivail, entre livros didticos e opsculos diversos referentes a educao. Rivail possua slida erudio, conhecedor das diversas cincias exatas, filosofia e as artes. Traduziu, preferencialmente, obras alems para o francs, e vise-versa. Foi membro de diversas academias culturais, possuindo vrios diplomas. Rivail no foi mdico, como publicado em algumas ocasies.

    2.2. Das observaes iniciais primeira edio de O livro dos Espritos

    1848 Incio dos famosos fenmenos espritas que envolveram a famlia fox, em Hydesville (EUA). A 28 de maro verificaram-se as primeiras manifestaes fsicas, trs dias aps, estabeleceu-se a primeira comunicao tiptolgica. Em poucos anos, fenmenos semelhantes passaram a chamar a ateno pblica, no s nos EUA mas tambm na Europa. Foi a fase das chamadas mesas girantes. As "mesas girantes" revolucionavam a Europa, mormente a Frana; os fenmenos, de fato extraordinrios, atraiam a ateno de todos, embora muitos os considerassem pura tolice ou simplesmente uma fraude."

    1854 Rivail informado pelo Sr. Fortier, magnetizador seu conhecido, acerca da ocorrncia dos fenmenos das mesas girantes. Embora estranhando-os, no julgou impossvel, j que poderiam ter alguma causa fsica ainda no conhecida. No entanto, algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier lhe disse que as mesas tambm falavam, isso davam sinais de inteligncia. A reao agora foi ctica: S acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem crebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonmbula. At l, permita-me que considere isso uma histria fabulosa."

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    1855 No incio desse ano, o sr Cartolli lhe faz longo relato dos singulares fenmenos. Embora Rivail o conhecesse havia 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento exaltado do amigo, to em posio ao seu.

    1855 Em maio, a convite de Ptier, Rivail assiste a algumas experincias na casa da Sra. Plainemaison, sonmbula, e se impressiona com os fenmenos, declarando que se verificam em condies que no deixam dvidas [...] Minhas idias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia naquelas aparentes futilidades [...] qualquer coisa de srio, como que a revelao de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo .

    1855 Numa dessas reunies, conhece a famlia Baudin, onde passou freqentar assiduamente as sesses semanais que se realizavam em sua casa. Os mdiuns eram as filhas do casal, Caroline e Julie, que no incio escreviam com o auxilio de uma cestinha. De numerosas e frvolas que eram, sob a influncia de Rivail passaram a reservadas e srias, dedicadas pesquisa racional e metdica do novo domnio. Rivail submetia aos espritos sries de questes visando a elucidar problemas relativos filosofia, psicologia e natureza do mundo invisvel. Observador arguto, o Professor Rivail logo deduziu que, sendo os Espritos as almas dos homens, que deixaram a Terra pela morte, no tinham seno os conhecimentos, os vcios e as virtudes aqui demonstrados, pelo que s podiam, em suas mensagens, falar e esclarecer, de acordo com o seu grau de progresso intelectual e moral. Por isso, no aceitava nada sem passar pelo crivo da lgica e do bom senso. Um grupo de intelectuais encarregou-o de analisar a catalogar cerca de 50 cadernos com comunicaes espirituais diversas.

    1856 Neste ano passou a freqentar tambm as reunies espritas da casa do Sr. Roustan. As anotaes de Rivail, provenientes em grande parte das comunicaes obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as propores de um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda no estava claro para ele que deveria ser um dia publicado. Depois que isso se tornou evidente, foi por intermdio da srta. Japhet que os Espritos auxiliaram Rivail a fazer uma reviso completa do texto j elaborado. Era o Livro dos Espritos.

    1856 Rivail tem a primeira notcia de sua misso atravs de uma mdium, em linguagem bem alegrica.

    1857 O texto manuscrito de O livro dos Espritos est concludo. Em 18 de abril, vem luz a primeira edio de O Livro dos Espritos. Contendo os princpios da doutrina esprita sobre a natureza dos espritos, sua manifestao e suas relaes com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade, escrito sob ditado e publicado por ordem de Espritos Superiores por Allan Kardec.

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    OBS: Essa primeira edio contm 501 questes em 3 partes. nesta obra que Rivail adota o pseudnimo de Allan Kardec, nome que teria tido em antiga encarnao entre os druidas, sacerdote do povo celta. Adotou esse pseudnimo para as obras espritas que publicou, com a finalidade de distinguir estas das publicaes que fizera de obras de educao.

    2.3. A Revue Spirite

    1858 A 1 de janeiro Kardec lana o primeiro nmero da revue spirite (Revista Esprita), jornal de estudos psicolgicos. Contendo o relato das manifestaes materiais ou inteligentes dos espritos, aparies, evocaes, etc., assim como todas as notcias relativas ao Espiritismo. A revista Esprita era de periodicidade mensal e durante a vida de Kardec funcionou em sua prpria residncia.

    OBS: Era Kardec que redigia integralmente a revista e cuidava de toda a sua correspondncia e expedio, trabalho hercleo suficiente para consumir todo o tempo de uma pessoa ordinria. E isso era apenas uma parte de seus trabalhos, havendo ainda livros, a sociedade Parisiense de Estudos Espritas, as centenas de visitantes anuais, as viagens... Kardec editou a revista at o nmero de abril de 1869, inclusive. Aps a morte de Kardec ( 31/3/1869) ela continuou sendo publicada, graas ao idealismo da senhora Allan Kardec.

    1857 Por volta de outubro desse ano iniciaram-se reunies espritas na residncia do casal Allan Kardec. Aconteciam todas as teras-feiras e com o nmero crescente de participantes tiveram que alugar uma sala maior.

    1858 A 1 de abril fundada legalmente a Sociedade Parisiense de estudos espritas.

    OBS: Foi nas reunies semanais da Sociedade que boa parte das atividades medinicas e de estudo supervisionadas por Kardec se desenvolveram. A Sociedade era, assim como a Revista, um terreno de elaborao da doutrina esprita.

    2.4. Outras obras importantes de Allan Kardec

    1858 Instruo Prtica sobre as Manifestaes Espritas. Contendo a exposio completa das condies necessrias para se comunicar com os espritos e os meios de se desenvolver a faculdade mediadora nos mdiuns.

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    1859 O que o Espiritismo. Introduo ao conhecimento do mundo invisvel pelas manifestaes dos espritos, contendo o resumo dos princpios da doutrina esprita e respostas s principais objees. 1860 Segunda edio de O Livro dos Espritos. Essa nova edio tem 1019 questes, distribudas em quatro partes. 1861 O Livro dos Mdiuns, ou guia dos mdiuns e dos evocadores. Contendo o ensino especial dos Espritos sobre a teoria de todos os gneros de manifestaes, os meios de se comunicar com o mundo invisvel o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos com que pode deparar na prtica do espiritismo. 1861 Segunda edio de O livro dos Mdiuns. Revista e corrigida com o concurso dos espritos, e acrescida de grande nmero de instrues novas. 1862 O Espiritismo na sua expresso mais simples. Exposio sumria do ensino dos espritos e de suas manifestaes. 1862 Viagem Esprita em 1862. Contendo: 1. As observaes sobre o estado do Espiritismo; 2. As instrues dadas por Allan Kardec nos diferentes grupos; 3. As instrues sobre a formao dos grupos e das sociedades, e um modelo de regulamento para o uso deles e delas. 1864 - Imitao do Evangelho segundo o Espiritismo. Contendo a explicao das mximas morais do Cristo, sua concordncia com o Espiritismo e sua aplicao s diversas posies da vida. 1865 O Cu e o Inferno, ou a Justia Divina segundo o Espiritismo. Contendo o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demnios, as penas eternas, etc. 1866 O Evangelho segundo o Espiritismo. Corresponde e terceira edio do livro Imitao do Evangelho segundo o Espiritismo, revista, corrigida e modificada. 1868 A gnese, os milagres e as predies segundo o Espiritismo. Este foi o ltimo livro publicado por Allan Kardec. 1890 Obras Pstumas. Organizado e editado por seu secretrio Leymarie, esse livro rene importantes textos de Kardec, quer de carter terico, sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos s atividades espritas do mestre.

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    2.5. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores

    1869 (31 de maro) Desencarna Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro de livraria em decorrncia de um infarte no corao. 1870 Inaugura-se o monumento druida onde Kardec esta sepultado na Frana. 1875 Vm pblico as primeiras edies brasileiras dos livros de Kardec. 1883 Desencarna Madame Allan Kardec, seu corpo sepultado junto ao esposo. 1883 fundada a revista Reformador. 1884 Fundao da Federao Esprita Brasileira

    2.6. A Atualidade de Kardec

    A 31 de maro de 1869 desencarnava Allan Kardec, em Paris, em plena atividade, cuidando da obra de sua vida , conforme ele mesmo a denominou, a Codificao da Doutrina Esprita. A obra que realizou, em estreita cooperao com a espiritualidade superior, pela sua natureza, pelo seu carter e pela sua importncia, tm sido de grande valia para os homens. Portanto, necessrio, estudar as obras que ele escreveu, meditar sobre as revelaes dos Espritos, apreciar as anotaes lcidas e precisas do sistematizador das idias e ensinamentos vindos dos espirtos. O Livro dos Espritos e as demais obras fundamentais da Nova Revelao encontraram no Codificador o equilbrio e a segurana, a clareza da linguagem, o mtodo expositivo profundamente didtico, de forma a atender a todos os espritos, desde os mais simples at os mais intelectualizados. Assim, a sntese transmitida pela Espiritualidade aos homens, o Consolador prometido por Jesus, encontrou em Allan Kardec o intermedirio preparado, o intrprete altura da excepcional tarefa. O espiritismo, termo criado por ele para designar a nova doutrina, est no mundo para marcar uma nova etapa na evoluo do homem a Era do esprito. Allan Kardec, o missionrio do espiritismo, diante da Doutrina insupervel que une a F Razo e a Cincia Religio, que acompanha indefinitivamente o progresso absorvendo os novos conhecimentos, as novas realidades desveladas, estar sempre vinculando atualidade, independentemente do transcurso do tempo, uma vez que as verdades eternas so intemporais.

    3 As mesas girantes

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    Fenmeno que constitua, aparentemente, um passatempo nos sales, principalmente na Frana, onde pequenas mesas se movimentavam, de forma parecida com a "brincadeira do copo", muito conhecido hoje. preciso dizer que a mesa no se limitava a se elevar sobre um p para responder s questes que se lhe colocavam; ela se agitava em todos os sentidos, girava sob os dedos dos experimentadores, algumas vezes se elevava no ar, sem que se pudesse ver a fora que a mantinha assim suspensa. De outras vezes as respostas eram dadas por meio de pequenos golpes, que se ouviam no interior da madeira. Esses fatos estranhos chamaram a ateno geral e logo a moda das mesas girantes invadiu a Europa inteira. A mesa ensinou um novo procedimento mais rpido. Sob suas indicaes, se adaptou a uma prancheta triangular trs ps munidos de rodinhas, e a um deles, se prendeu um lpis, colocou-se o aparelho sobre uma folha de papel, e o mdium colocava as mos sobre o centro dessa pequena mesa. Via-se ento o lpis traar letras, depois frases, e logo essa prancheta escrevia com rapidez e dava mensagens. Mais tarde ainda, se percebeu que a prancheta era de fato intil, e que seria suficiente ao mdium colocar sua mo com um lpis sobre o papel, e o Esprito a fazia agir automaticamente. O ser misterioso, que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era um Esprito ou gnio, se deu um nome e forneceu diversas informaes a seu respeito. H aqui uma circunstncia muito importante a notar. "Ningum imaginou os Espritos como um meio de explicar os fenmenos; foi o prprio fenmeno que revelou a palavra: Sou um Esprito. O cesto, ou a prancheta, no pode ser posto em movimento seno sob a influncia de certas pessoas dotadas, a esse respeito, de uma fora especial e que so designadas com o nome de mdiuns, quer dizer, meios, ou intermedirios entre os espritos e os homens. Ao lado das pessoas frvolas, que passavam seu tempo interrogando os Espritos sobre seus problemas amorosos, ou sobre um objeto perdido, espritos srios, sbios, pensadores, atrados pelo rudo que se fazia em torno desses fenmenos, resolveram estud-los cientificamente, para colocar seus concidados em guarda contra aquilo que chamavam de uma folia contagiosa. nesse momento que Allan Kardec que se interessava havia trinta anos pelos fenmenos ditos do magnetismo animal, do hipnotismo e do sonambulismo, e que no via nos novos fenmenos seno um conto para dormir em p assistiu a vrias sesses espritas, a fim de estudar de perto o fundamento dessas aparies. Longe de ser um entusiasta dessas manifestaes, e absorvido por suas outras ocupaes, estava a ponto de os abandonar quando lhe remeteram cinqenta cadernos de comunicaes diversas recebidas durante cinco anos e lhe pediram que as sintetizasse : assim nasceu o Livro dos Espritos.

    Na Introduo de "O Livro dos Espritos", Kardec relata:

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    "As primeiras manifestaes inteligentes ocorreram por meio de mesas se levantando e batendo, com um p, um nmero determinado de pancadas e respondendo, desse modo, por sim ou por no, segundo a conveno, a uma questo posta. At aqui, nada que convencesse seguramente os cticos, porque se poderia crer num efeito do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas por meio de letras do alfabeto: o objeto mvel, batendo um nmero de pancadas correspondente ao nmero de ordem de cada letra, chegava assim a formular palavras e frases que respondiam s questes propostas. A preciso das respostas, sua correlao com a pergunta, aumentaram o espanto. O ser misterioso, que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era um Esprito ou gnio, se deu um nome e forneceu diversas informaes a seu respeito. H aqui uma circunstncia muito importante a notar. "Ningum imaginou os Espritos como um meio de explicar os fenmenos; foi o prprio fenmeno que revelou a palavra. Freqentemente, faz-se nas cincias exatas hipteses para ter uma base de raciocnio; ora, isso no ocorreu neste caso". "O meio de correspondncia era demorado e incmodo. O Esprito, e isto ainda uma circunstncia digna de nota, indicou um outro. um desses seres invisveis que d o conselho de adaptar um lpis a um cesto ou a um outro objeto. Esse cesto, pousado sobre uma folha de papel, se ps em movimento pela fora oculta que faz mover as mesas. Mas em lugar de um simples movimento regular, o lpis traa, por ele mesmo, caracteres formando palavras, frases e discursos inteiros em vrias pginas, tratando das mais altas questes de filosofia, de moral, de metafsica, de psicologia, etc. e isto com tanta rapidez como se fosse escrito com a mo." Esse conselho foi dado simultaneamente na Amrica, na Frana e em diversos pases. (...)

    "O cesto, ou a prancheta, no pode ser posto em movimento seno sob a influncia de certas pessoas dotadas, a esse respeito, de uma fora especial e que so designadas como o nome de mdiuns, quer dizer, meios, ou intermedirios entre os espritos e os homens." (...) "Mais tarde se reconheceu que o cesto e a prancheta, na realidade, no formavam seno um apndice da mo, e o mdium, tomando diretamente o lpis, se ps a escrever por um impulso involuntrio e quase febril. (...) A Experincia, enfim, fez conhecer outras variedades da faculdade medinica, e soube-se que as comunicaes poderiam igualmente ter lugar pela palavra, pelo ouvido, pela vista, pelo tato, etc. e mesmo pela escrita direta dos Espritos, quer dizer, sem o concurso da mo do mdium, nem do lpis."

    4 Reencarnao

    Kardec explica a reencarnao na sua obra "A Gnese", captulo XI, nos seguintes termos:

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    "O princpio da reencarnao uma conseqncia necessria da lei do progresso. Sem a reencarnao, como se explicaria a diferena que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbrie? Se as almas so criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje so to novas, to primitivas, quanto as que viviam h mil anos; acrescentemos que nenhuma conexo haveria entre elas, nenhuma relao necessria: seriam de todo estranhas umas s outras. Por que, ento, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que tm aquelas melhor compreenso?

    Por que possuem instintos mais apurados; costumes mais brandos? Porque tm a intuio de certas coisas, sem as haverem aprendido? Duvidamos de que algum saia desses dilemas, a menos admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposio inconcilivel com a idia de uma justia soberana.

    "Admiti, ao contrrio, que as almas de agora j viveram em tempos distantes; que possivelmente foram brbaras como os sculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existncia trazem o que adquiriram nas existncias precedentes; que por conseguinte, as dos tempos civilizados no so almas criadas mais perfeitas, porm que se aperfeioaram por si mesmas com o tempo, e tereis a nica explicao plausvel da causa do progresso social."

    O Captulo IV de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", diz sobre a necessidade da reencarnao: "A passagem dos Espritos pela vida corporal necessria para que eles possam cumprir, por meio de uma ao material, os desgnios cuja execuo Deus lhe confia. -lhes necessria, a bem deles, visto que a atividade que so obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligncia. Sendo soberanamente justo, Deus tem que distribuir tudo igualmente entre todos os seus filhos; assim que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, as mesmas obrigaes a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilgio seria uma preferncia, uma injustia. Mas a encarnao, para todos os Espritos, apenas um estado transitrio. uma tarefa que Deus lhe impe, quando iniciam a vida, como primeira experincia do uso que faro do livre-arbtrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciao e mais cedo gozam do fruto dos seus labores. Os que, ao contrrio, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinao que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnao e quando se torna um castigo. - S. Luiz (Paris, 1859)."

    Sobre a encarnao dos Espritos, Kardec, no captulo XI de "A Gnese" assim manifesta: "O Espiritismo ensina de que maneira se opera a unio do Esprito com o corpo, na encarnao.

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    "Pela sua essncia espiritual, o Esprito um ser indefinido, abstrato, que no pode ter ao direta sobre a matria, sendo-lhe indispensvel um intermedirio, que o envoltrio fludico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. semimaterial esse envoltrio, isto , pertence matria pela sua origem e espiritualidade pela sua natureza etrea. Como toda matria, ele extrado do fluido csmico universal que, nessa circunstncia, sofre uma modificao especial. Esse envoltrio, denominado perisprito, faz de um ser abstrato, do Esprito, um ser concreto, definido, apreensvel pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matria tangvel, conforme se d com todos os fluidos imponderveis, que so, como se sabe, os mais poderosos motores. "O fluido perispritico constitui, pois, o trao de unio entre o Esprito e a matria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veculo do pensamento, para transmitir o movimento s diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulso da sua vontade e para fazer que repercutam no Esprito as sensaes que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telgrafo, ao fluido eltrico serve de condutor o fio metlico. "Quando o Esprito tem de encarnar num corpo humano em vias de formao, um lao fludico, que mais no do que uma expanso do seu perisprito, o liga ao grmen que o atrai por uma fora irresistvel, desde o momento da concepo. medida que o grmen se desenvolve, o lao se encurta. Sob a influncia do princpio vitro-material do grmen, se une, molcula a molcula, ao corpo em formao, donde o poder dizer-se que o Esprito, por intermdio do seu perisprito, se enraza, de certa maneira, nesse grmen, com uma planta na terra. Quando o grmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa a unio; nasce ento o ser para a vida exterior. "................................................................

    "Um fenmeno particular, que a observao igualmente assinala, acompanha sempre a encarnao do Esprito. Desde que este apanhado no lao fludico que o prende ao grmen, entra em estado de perturbao, que aumenta, medida que o lao se aperta, perdendo o Esprito, nos ltimos momentos, toda a conscincia se si prprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criana respira, comea o Esprito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem proporo que se formam e consolidam os rgos que lhe ho de servir s manifestaes." Mas, ao mesmo tempo que o Esprito recobra a conscincia de si mesmo, perde a lembrana do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptides anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latncia e que, voltando atividade, vo ajud-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo trabalho anterior; o seu renascimento lhe um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda a a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existncia, a lembrana, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turb-lo e lhe criar embaraos. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso til. Se s vezes lhe dado ter uma intuio dos acontecimentos passados, essa intuio como lembrana de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Esprito. Adota novos processos, auxiliado pelas aquisies precedentes.

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    Quando retorna vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga de como empregou o tempo, se bem ou mal." 5. Cu e inferno - anjos e demnios

    A obra "O Cu e o Inferno", nos esclarece no existir nem cu e nem inferno, conforme as religies tradicionais relatam, e muito menos anjos e demnios. No Captulo III da citada obra, Kardec esclarece:

    "O homem compem-se de corpo e Esprito: O Esprito o ser principal, racional, inteligente; o corpo o invlucro material que reveste o Esprito temporariamente, para cumprimento da sua misso na Terra e execuo do trabalho necessrio ao seu adiantamento. O corpo, usado, destri-se e o Esprito sobrevive sua destruio. Privado do Esprito, o corpo apenas matria inerte, qual instrumento privado da mola real de funo; sem o corpo, o Esprito tudo: a vida, a inteligncia. Em deixando o corpo, torna ao mundo espiritual, onde paira, para depois reencarnar. "Existem, portanto, dois mundos: O Corporal, composto de Espritos encarnados; e o Espiritual, formado dos espritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo materialidade de seu envoltrio, esto ligados Terra ou a qualquer globo; o mundo espiritual ostenta-se por toda a parte, em redor de ns como no espao, sem limite designado. Em razo mesmo da natureza fludica do seu envoltrio, os seres que o compem, em lugar de se moverem penosamente sobre o solo, transpem as distncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo no mais que a ruptura dos laos que os retinham cativos." Os Espritos so criados simples e ignorantes, mas dotados de aptides para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude de seu livre-arbtrio. Pelo progresso adquirem novos conhecimentos e novas faculdades, novas percepes e, consequentemente, novos gozos desconhecidos dos Espritos inferiores; eles vem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espritos atrasados no podem ver, sentir, ouvir ou compreender. "A felicidade est na razo direta do progresso realizado, de sorte que, de dois Espritos, um pode no ser to feliz quanto o outro, unicamente por no possuir o mesmo adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal qual um cego e um vidente que se do as mos: este percebe a luz da qual aquele no recebe a mnima impresso. Sendo a felicidade dos Espritos inerente s sua qualidades haurem-na eles em toda parte em que se encontram, seja superfcie da Terra, no meio dos encarnados, ou no Espao." "A Felicidade dos Espritos bem-aventurados no consiste na ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade. "A vida espiritual em todos os graus , ao contrrio, uma constante atividade, mas atividade isenta de fadigas."

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    "As atribuies dos Espritos so proporcionadas ao seu progresso, s luzes que possuam, s suas capacidades, experincia e grau de confiana inspirada no Senhor Soberano."

    No Captulo IX de "O Cu e o inferno", o Codificador do Espiritismo ensina: "Segundo o Espiritismo, nem anjos, nem demnios so entidades distintas, por isso que a criao de seres inteligentes uma s. Unidos a corpos materiais esses seres constituem a Humanidade que povoa a terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espritos, que povoam os Espaos. Deus Criou-os perfectveis e deu-lhes por escopo a perfeio, com a felicidade que dela decorre. No lhes deu, contudo, a perfeio, pois quis que a obtivessem por seu prprio esforo, a fim de que tambm e realmente lhes pertencesse o mrito. Desde o momento da sua criao que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingindo o apogeu, tornam-se puros espritos ou anjos segundo a expresso vulgar, de sorte que, a partir do embrio do ser inteligente at ao anjo, h uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso. "Do expresso resulta que h Espritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posio em que se acham, na imensa escala do progresso. "Em todos os graus existe, portanto, ignorncia e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espritos ainda profundamente propensos prtica do mal. A estes pode-se denominar demnios, pois so capazes de todos os malefcios aos ditos atribudos. O Espiritismo no lhes d tal nome por se prender ele idia de uma criao distinta do gnero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem."

    5.1 Anjos da guarda

    Conforme o Captulo XXVIII do "Evangelho Segundo o Espiritismo":

    "Todos temos, ligados a ns, desde o nosso nascimento, um Esprito bom, que nos tomou sob a sua proteo. Desempenha junto de ns, a misso de um pai para com seu filho: a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, atravs das provaes da vida. Sente-se feliz, quando correspondemos sua solicitude; sofre quando nos v sucumbir. "Seu nome pouco importa, pois bem pode dar-se que no tenha conhecido na terra. Invocamo-lo, ento, como nosso anjo guardio, nosso bom gnio. Podemos invoc-lo sob o nome de qualquer Esprito superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire. "Alm do Anjo guardio, que sempre um Esprito superior, temos Espritos protetores que, embora menos elevados, no so menos bons e magnnimos. Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou,

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    at, entre pessoas que no conhecemos na existncia atual. Eles nos assistem com os seus conselhos e, no raro, intervindo nos atos da nossa vida. "Espritos simpticos so os que se nos ligam por uma certa analogia de gostos e pendores. Podem ser bons ou maus, conforme a natureza das inclinaes nossas que os atraiam. "Os Espritos sedutores se esforam por nos afastar das veredas do bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes facultam acesso nossa alma. Alguns h que se nos aferram, como a uma presa, mas que se afastam, em se reconhecendo impotentes para lutar contra a nossa vontade. "Deus, em nosso anjo guardio, nos deu um guia principal e superior e, nos Espritos protetores e familiares, guias secundrios. Fora erro, porm, acreditarmos que forosamente, temos um mau gnio ao nosso lado, para contrabalanar as boas influncias que sobre ns se exeram. Os maus Espritos acorrem voluntariamente, desde que achem meio de assumir predomnio sobre ns, ou pela nossa fraqueza, ou pela negligncia que tenhamos em seguir as inspiraes dos bons Espritos. Somos ns, portanto, que os atramos. Resulta desse fato que jamais nos encontramos privados da assistncia dos bons Espritos e que de ns depende o afastamento dos maus. Sendo, por suas imperfeies, a causa primria das misrias que o afligem, o homem , as mais das vezes, o seu prprio mau gnio."

    6. Mediunidade

    Desde os mais remotos tempos da humanidade, os espritos estabelecem contato com o mundo terrestre, com o objetivo de confirmar a exuberncia da vida. No incio eram chamados de deuses (que se comunicavam por meio de seus instrumentos medinicos, que eram chamados ptons e pitonistas, hierofantes, richis, profetas, magos, bruxos, feiticeiros ...), faziam partes das crenas, e s mais tarde foram chamados de espritos. Ao invs de algo sobrenatural, o Espiritismo demonstra o carter natural desses fenmenos, seus nveis e estgios de progresso, suas ordens e suas classes, deixando bem longe as consideraes meramente mticas dessas relaes, levando as pessoas a pensar mais profundamente a respeito. (TEIXEIRA, p. 13)

    6.1 O que um mdium?

    Em "O Livro dos Mdiuns", captulo XIV, Kardec define: "Toda pessoa que sente a influncia dos Espritos num grau qualquer , por isso mesmo, um mdium. Esta faculdade inerente ao homem e, conseqentemente, no privilgio exclusivo. Assim, pouca gente h em que no seja encontrada de forma rudimentar. Pode-se, pois dizer que todo mundo mais ou menos mdium. Contudo, na prtica a qualificao aplicada queles nos

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    quais a faculdade medinica claramente caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de uma certa intensidade, e que depende de uma organizao mais ou menos sensitiva. Alm disso, de notar-se que tal faculdade no se revela em todos do mesmo modo: geralmente os mdiuns tm uma aptido especial para esta ou aquela ordem de fenmeno, o que d lugar a tantas variedades deles quanto das espcies de manifestaes. Portanto, so mdiuns aqueles em que a faculdade bem caracterizada, apresentando efeitos patentes, de certa intensidade, ou seja, pessoas em que os fenmenos so claros, de fcil identificao, nitidamente observveis, mostrando certa pujana.

    A faculdade de pensar, de emitir pensamentos e de captar os pensamentos alheios, de outro modo, predispe os vivos e os mortos a se captarem, reciprocamente. A est o fundamento tcnico da faculdade medinica. Como num sistema eletromagntico, no entanto, que funciona o processo de ligao mental. preciso haver sintonia. H necessidade de que haja afinidade entre as partes envolvidas, para que os variados fenmenos medinicos tenham lugar. (TEIXEIRA, p. 19) Enquanto captao ou registro do mundo invisvel, o fenmeno se passa ao nvel da mente. Mensagens transmitidas de uma para outra mente. A exteriorizao delas (mensagens), contudo, acha-se na dependncia do sistema neurolgico do mdium. Ela s ocorre por meio do corpo fsico (mdium psicgrafo, psicofnico ou de efeitos fsicos). H faculdades medinicas como a vidncia, a audincia e a inspirao medinica, que no se exteriorizam atravs do corpo. So de mais difcil compreenso.

    6.2. Qual a finalidade da mediunidade?

    Desincumbir-se de compromissos importantes com a vida, no campo medinico. No h acasos na lei de DEUS. A mediunidade a porta que permite a manuteno dos nossos contatos com o plano espiritual. Conforme a obra "Mediunidade Sem Lgrimas", de Eliseu Rigonatti: "No julguemos que a mediunidade nos foi concedida para simples passatempo ou para satisfao de nossos caprichos. Em circunstncia alguma, faamos dela o nosso ganha-po". A mediunidade coisa santa e com ela devemos suavizar os sofrimentos alheios. a maneira mais simples de praticarmos a verdadeira caridade: a caridade espiritual."

    " um erro supor-se que a morte concede ao esprito a sabedoria plena ou a inteira posse do sentimento; no lhe d nenhuma nem outra coisa; o esprito desencarnado continuar a ser o mesmo que era quando encarnado.[...]" "Ao entrarmos em contato com os espritos, revistamo-nos da mxima prudncia. Sejamos prudentes como as serpentes, conforme nos recomendou o Mestre. No acreditemos em tudo o que recebemos

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    dos espritos; vejamos primeiro se suas mensagens esto de acordo com o Evangelho e com os ensinamentos dos mestres. Todas as comunicaes sero analisadas. Analisar uma comunicao estud-la palavra por palavra, linha por linha, trecho por trecho; e por fim aceit-la, rejeit-la ou p-la em observao."

    6.3 A faculdade medinica um privilgio somente conhecido dos espiritistas?

    No. Essa faculdade pertence a toda a humanidade. inerente ao ser humano e que, assim, no constitui privilgio exclusivo nem de pessoas, de grupos religiosos ou filosficos, nem de povos ou pases. No entanto na Doutrina Esprita que encontramos as informaes mais claras e amadurecidas a respeito da mediunidade, o que oportuniza ao indivduo que queira acercar-se dos seus estudos ou prticas um conhecimento sem mitologias, sem crendices piegas, sem ritualstica. Lon Denis, no seu livro "Espritos e Mdiuns, fala da prtica da mediunidade no captulo IV, conforme segue: "O estudo e aplicao das faculdades medianmicas so de capital importncia, j que, segundo o uso que se faa desses dons, podem resultar um bem ou um mal para quem os possua e para a causa que pretenda servir.

    "Os Espritos elevados derramam sobre ns fludos puros e benficos que reconfortam nossas almas e acalmam nossas dores, predispondo-nos bondade e caridade. Em seu trato, obtemos as foras necessrias para vencer nossos defeitos e nos aperfeioarmos. "As manifestaes dos espritos inferiores podem ser teis pelas provas de identidade que proporcionam, mas, sem demora, seus fludos pesados e maus alteram o estado de sade dos mdiuns, turvam seu juzo e sua conscincia e, em certos casos, desembocam na obsesso e na loucura.

    "Fcil ser compreender, pois, a necessidade de que haja nas sesses unio de pensamentos e vontades. Deve-se ter presente, sobretudo, a importncia que exercem nas emisses fludicas os sentimentos de f, de confiana, de desinteresse, em uma palavra: todas as qualidades morais, as facilidades que elas do aos bons espritos, de par com os obstculos que ope ao dos espritos mal intencionados.

    "O mdium sincero, leal, desinteressado - como dizamos - pode estar seguro da assistncia dos bons Espritos; mas se ele se deixar invadir pelo amor ao lucro ou pelo orgulho, os Espritos guias se afastam e deixam o caminho aos espritos fracos e atrasados. Ento aumentam os enganos e as fraudes. Aparecem mensagens firmadas com nomes pomposos, de estadistas, reis, imperadores,

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    poetas clebres, e quando passadas essas comunicaes pela peneira da razo e da reflexo, nos damos conta de que somos vtimas de uma fraude. "Em todas as partes, em que o Espiritismo objeto de comrcio, os Espritos srios se afastam e os espritos inferiores vm ocupar o seu lugar. "Nestes ambientes, o Espiritismo perde toda a influncia benfeitora e moralizadora, para converter-se em um verdadeiro perigo, em uma explorao da dor e das recordaes dos mortos."

    Na mediunidade, o mdium desenvolve as suas capacidades a tal ponto que se v na condio de trabalhar no bem, de servir, de cooperar de vrios modos na estrada do psiquismo em que se ajusta. Porm, nenhum mdium estar completo para sempre, sem necessidade de aprimoramento intelectual, emocional e moral. H sempre o que se aprender, o que se aperfeioar, em si e ao redor de si, como os profissionais que vo se burilando, a fim de atuar sempre mais e melhor em seu campo de ao. A ausncia desse movimento de evoluo far com que o mdium se embrutea, desenvolva manias, pieguices, d vazo a folclricas crendices, como quem estagnou no tempo.

    6.4. Podemos evocar Espritos?

    Quanto s evocaes dos Espritos, reportamos aos ensinamentos de Vianna de Carvalho, no livro "Mdiuns e Mediunidades", recebido pela psicografia de Divaldo Pereira Franco:

    "Nem todos os indivduos, porm, dispem daquelas credenciais para seguras evocaes, correndo o risco de serem enganados pelos espritos burles, mistificadores, atrasados e perversos que pululam em torno dos homens e no respeitam seno as vibraes do carter diamantino e as irradiaes dos sentimentos elevados que os repelem.

    "Ideal que nas experincias medinicas se aguardem as manifestaes espontneas, mais naturais, no constritoras, aprendendo-se as tcnicas de identificao, bem como assenhoreando-se dos delicados processos de comunho espiritual, pondo-se a salvo de ciladas e obsesses evitveis que a imprudncias e a precipitao normalmente propiciam."

    Assim, a mediunidade deve ser tratada com toda a seriedade, no se presta a interesses pessoais, tendo o mdium uma grande responsabilidade no sentido de garantir, pela sua conduta moral, os bons resultados do dom que possui. Ressalte-se que nem todas as pessoas possuem mediunidade ostensiva, o que equivale dizer que nem todos os Espritas necessitaro ser mdiuns. Na Casa Esprita so inmeras as tarefas a realizar por aqueles que se dispe a servir a causa do bem. O fenmeno somente utilizados para o auxlio espiritual a Espritos sofredores (a se enquadrando os Espritos obsessores), bem como para

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    recebimentos de mensagens e orientaes de Espritos elevados preocupados com o nosso progresso. Jamais o fenmeno medinico deve ser buscado por curiosidade ou com a finalidade outra que no seja a prtica da caridade.

    "Dai de graa o que de graa recebeste", ensinou Jesus Cristo. A mediunidade no nos pertence, foi recebida gratuitamente e assim deve ser utilizada. No esqueamos nunca que as mensagens so do Esprito e no do mdium, logo, este no tem nenhuma razo para se orgulhar quando recebe uma boa mensagem, nem para se ofender quando questionada a seriedade da mensagem que recebeu. O mdium no est isento das vicissitudes que ter que enfrentar em sua vida. No ter afastadas as suas provas e expiaes. No um ser especial. antes, mais facilmente, um Esprito com grandes dbitos que teve oportunizada a faculdade medinica como meio de exercitar mais a caridade e mais rapidamente resgatar suas culpas. Todos aqueles que desejam conhecer a mediunidade mais de perto ou envolver-se com ela, devem comear pelo estudo srio de "O Livro dos Mdiuns" de Allan Kardec.

    7. O passe

    Para falarmos sobre o passe precisamos ter presente a existncia dos fluidos. E, para explicar os fluidos, nada melhor que recorrermos a Allan Kardec, que trata do assunto no Captulo XIV do livro "A Gnese":

    "O fluido csmico universal , como j foi demonstrado, a matria elementar primitiva, cujas modificaes e transformaes constituem as inumerveis variedades dos corpos da Natureza. (Cap. X.). Como princpio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterizao ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materializao ou de ponderabilidade, que , de certa maneira, consecutivo quele.[...]."

    "Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido csmico universal, so, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenmenos especiais, perceptveis viso e audio do Esprito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionveis somente matria tangvel; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinria: finalmente, o veculo do pensamento, como o ar o do som."

    "Sendo os fluidos o veculo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles

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    nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode-se pois dizer, sem receio de errar, que h, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como h no ar ondas e raios sonoros."

    "Tem conseqncia de importncia capital e direta para os encarnados a ao dos Espritos sobre os fluidos espirituais. Sendo esses fluidos o veculo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou ms dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletrios corrompem o ar respirvel. Os fluidos que envolvem os Espritos maus, ou que estes projetam so, viciados, ao passo que os que recebem a influncia dos bons Espritos so to puros quanto o comporta o grau de perfeio moral destes."

    "Sendo apenas Espritos encarnados, os homens tm uma parcela de vida espiritual, visto que vivem dessa vida tanto quanto da vida corporal; primeiramente durante o sono e, muitas vezes, no estado de viglia. O Esprito, encarnado, conserva, com as qualidades que lhe so prprias, o seu perisprito que, como se sabe, no fica circunscrito pelo corpo, mas irradia ao seu derredor e o envolve como que de uma atmosfera fludica. "Pela sua unio ntima com o corpo, o perisprito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expanso, pe o Esprito encarnado em relao mais direta com os Espritos livres e tambm com os Espritos encarnados. "O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Esprito a Esprito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientais." "Desde que estes se modificam pela projeo dos pensamentos do Esprito, seu invlucro perispritico, que parte constituinte do seu ser e que recebe de modo direto e permanente a impresso de seus pensamentos, h de, ainda mais, guardar a de suas qualidades boas ou ms. Os fluidos viciados pelos eflvios dos maus Espritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos perispritos, porm, sero sempre os mesmos, enquanto o Esprito no se modificar por si prprio. "Sendo o perisprito dos encarnados de natureza idntica dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um lquido. Esses fluidos exercem sobre o perisprito uma ao tanto ou mais direta, quanto, por sua expanso e sua irradiao, o perisprito com eles se confunde. "Atuando esses fluidos sobre o perisprito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflvios so de boa natureza, o corpo ressente uma impresso salutar; se so maus, a impresso penosa. Se so permanentes e enrgicos, os eflvios maus podem ocasionar desordens fsicas; no outra a causa de certas enfermidades."

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    "Como se h visto, o fluido universal o elemento primitivo do corpo carnal e do perisprito, os quais so simples transformaes dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perisprito, pode fornecer princpios reparadores ao corpo; o Esprito, encarnado ou desencarnado, o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substncia do seu envoltrio fludico. A cura se opera mediante a substituio de uma molcula mals por uma molcula s. O poder curativo estar, pois, na razo direta da pureza da substncia inoculada; mas depende tambm da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emisso fludica provocar e tanto maior fora de penetrao dar ao fluido. Depende ainda da intenes daquele que deseja realizar a cura, seja homem ou Esprito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura so quais substncias medicamentosas alteradas. "So extremamente variados os efeitos da ao fludica sobre os doentes, de acordo com as circunstncias. Algumas vezes lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinrio; de outras vezes rpida, como uma corrente eltrica. H pessoas dotadas de tal poder, por meio apenas da imposio das mos, ou, at, exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois plos extremos dessa faculdade, h infinitos matizes. Todas as curas desse gnero so variedades do magnetismo e s diferem pela intensidade e pela rapidez da ao. O princpio sempre o mesmo: o fluido a desempenhar o papel de agente teraputico e cujo efeito se acha subordinado sua qualidade e a circunstncias especiais. "A ao magntica pode produzir-se de muitas maneiras: 1. pelo prprio fluido do magnetizador; o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ao se acha adstrita fora e, sobretudo, qualidade do fluido; 2. pelo fluido dos Espritos, atuando diretamente e sem intermedirio sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonamblico espontneo, seja para exercer sobre o indivduo uma influncia fsica ou moral qualquer. o magnetismo espiritual, cuja qualidade est na razo direta das qualidades dos Espritos; 3. pelos fluidos que os Espritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veculo para esse derramamento. o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstncias, o concurso dos Espritos amide espontneo, porm, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.

    " muito comum a faculdade de curar pela influncia fludica e pode desenvolver-se por meio do exerccio; mas a de curar instantaneamente, pela imposio das mos, essa mais rara e o seu grau mximo se deve considerar excepcional.[...]".

    A partir dos ensinamentos de Kardec, podemos entender a ao do passe, que uma troca de

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    fluidos, de energias psquicas. O passista, pela fora do seu pensamento, vai atuar sobre os fluidos, podendo receber o concurso dos bons Espritos e direcionando estes fluidos ao paciente.

    Precisamos ter presente, com relao ao passe o que segue:

    a) Sendo o pensamento que atua sobre os fluidos imprimindo a eles qualidades boas ou ms, no depende o passe de nenhum ritual, nenhuma manifestao externa, gestos, etc. Basta a imposio de mos.

    b) Como todos ns somos espritos encarnados, todos podemos atuar sobre os fluidos pela fora do pensamento, pelo que se segue que, qualquer pessoa pode dar passes, sendo que a nica condio exigida a f e o amor. A f que impulsionar o seu pensamento para a atuao salutar e o amor pelos irmos que redunda no desejo firme e ardente de ajudar.

    c) Sendo o paciente tambm um esprito encarnado, ele precisa estar receptivo ao passe, uma vez que se ele estiver descrente, ser refratrio aos fluidos que lhe so direcionados, em nada se beneficiando com o passe.

    d) O passe deve ser dado em clima de orao, ou seja, no mais absoluto silncio, no h necessidade de balbuciar palavras, chaves, fazer chiados, estalar dedos, esfregar as mos e outras formas que as crenas populares mantm e que, na realidade, de nada auxiliam, antes dificultam a concentrao na vontade de ajudar, que deve ser atitude mental e espiritual.

    e) As pessoas somente deviam tomar passe quando sentem necessidade. H, entretanto, nas Casas Espritas, o hbito, quase geral de tomar passe. Ora, quando entramos na casa j estamos em contato com fluidos salutares pelo ambiente de orao e pela presena dos bons Espritos. Se nos concentrarmos e orarmos, o nosso perisprito ir absorver as influncias salutares, no havendo necessidade do passe individual, a no ser que estejamos com um problema de sade ou em circunstncia emocional que apresentem necessidade maior.

    f) O passe na Casa Esprita conta sempre com a presena dos bons Espritos, os quais direcionam as energias psquicas dos passistas e os fluidos espirituais conforme a necessidade do paciente. Assim, no h diferena entre o passe aplicado por um ou por outro passista, no devendo ser permitido que o paciente "escolha"o passista.

    g) O passe deve ser dado na Casa Esprita de preferncia na cmara de passes. Isso por que ali encontraremos o ambiente propcio, livre das influncias dos pensamentos e sentimentos negativos

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    ou doentios que podem comprometer a qualidade do fluido recebido. Alm do mais, dar passe fora da Casa Esprita pode ser muito arriscado, uma vez que o paciente pode sofrer uma incorporao e o passista ter dificuldade para atend-lo.

    h) O passista, a medida que d o passe na Casa Esprita, est se carregando de fluidos, uma vez que ele serve de veculo aos fluidos espirituais. Ele pode sentir cansao fsico, mas nunca desgaste fludico, se o trabalho for bem orientado.

    i) O tempo de aplicao do passe no precisa ser muito prolongado. Na maioria das vezes, basta o tempo igual a orao do Pai Nosso.

    j) No se d passe em objetos ou roupas. Sendo o fluido csmico universal o veculo do pensamento e se estendendo este fluido por toda a parte, basta mentalizar a pessoa a ser beneficiada caso ela no esteja presente, que os fluidos chegaro at ela.

    l) O passista deve ter muito cuidado com a sua conduta moral, uma vez que de sua elevao moral e espiritual vai depender a boa atuao e o merecimento do concurso dos bons Espritos.

    m) O passista deve se abster de dar passe se no estiver bem de sade ou de humor. preciso harmonia e equilbrio para a boa sintonia. Precisa tambm, cuidar da higiene fsica e mental, bem como evitar os excessos alimentares e o uso de lcool ou cigarros.

    7.1 gua fluidificada

    A gua fluidificada ou energizada medicamento de grande valor nas curas espirituais. A gua pela sua prpria natureza j um fluido condensado. No espiritismo, entende-se por gua fluidificada aquela em que os fluidos medicamentosos foram imergidos por ao magntica do mdium ou por intermdio de espritos benfazejos. A gua fluidificada um dos mais notveis coadjuvantes dos tratamentos fluido-terpicos, pois ao contrrio dos tratamentos por magnetizadores comuns, os passes recebidos na casa esprita so intercalados de dois a trs por semana. Como a fluidificao do paciente por ocasio do passe est sujeita a sofrer perdas devido ao seu comportamento psquico (moral) e at orgnico, a absoro dos fluidos restauradores de forma complementar pela gua fluidificada equilibra e sustenta o quadro fludico renovado do paciente, em tese, at a sua prxima sesso de passe. A gua um condutor fludico por excelncia refletindo o teor e as vibraes normais daqueles que delas se servem para todos os fins.

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    8 Um resumo da Doutrina Esprita por Allan Kardec

    Em "O Livro dos Espritos", na introduo Kardec apresenta um resumo da Doutrina Esprita, com os seus principais pontos:

    Deus eterno, imutvel, imaterial, nico, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.

    Criou o Universo que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

    Os seres materiais constituem o mundo visvel ou corporal e os seres imateriais o mundo invisvel ou esprita, quer dizer, dos Espritos.

    O mundo esprita o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevive a tudo.

    O mundo corporal no seno secundrio; poderia cessar de existir, ou no ter existido, sem alterar a essncia do mundo esprita.

    Os espritos revestem, temporariamente, um envoltrio material perecvel, cuja destruio, pela morte, os torna livres.

    Entre as diferentes espcies de seres corpreos, Deus escolheu a espcie humana para a encarnao dos Espritos que atingiram um certo grau de desenvolvimento, o que lhe d a superioridade moral e intelectual sobre os outros.

    A Alma um Esprito encarnado do qual o corpo no seno um envoltrio.

    H no homem trs coisas: 1. - o corpo ou ser material anlogo ao dos animais e animado pelo mesmo princpio vital; 2. - a alma ou ser imaterial, Esprito encarnado no corpo; 3. - o lao que une a alma ao corpo, princpio entre a matria e o Esprito.

    O homem tem assim duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, dos quais tem o instinto; pela alma, participa da natureza dos Espritos.

    O lao ou perisprito que une o corpo e o Esprito uma espcie de envoltrio semi-material. A morte a destruio do envoltrio mais grosseiro, o Esprito conserva o segundo, que constitui para

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    ele um corpo etreo, invisvel para ns no estado normal, mas que pode, acidentalmente, tornar-se visvel e mesmo tangvel, como ocorre nos fenmenos das aparies.

    O Esprito no assim um ser abstrato, indefinido, que s o pensamento pode conceber; um ser real, circunscrito, que, em certos casos, apreciado pelos sentidos da viso, audio e tato.

    Os Espritos pertencem a diferentes classes e no so iguais nem em fora, nem em inteligncia, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem so os Espritos superiores, que se distinguem dos outros por sua perfeio, seus conhecimentos, sua aproximao de Deus, a pureza de seus sentimentos e seu amor ao bem; so os anjos ou Espritos puros. As outras classes se distanciam cada vez mais dessa perfeio; os das classes inferiores so inclinados maioria das nossas paixes: o dio, a inveja, o cime, o orgulho, etc.; Entre eles h os que no so nem muito bons, nem muito maus, mais trapalhes e importunos que maus, a malcia e as inconseqncias parecem ser a sua diverso: so os Espritos estouvados ou levianos.

    Os Espritos no pertencem perpetuamente mesma ordem. Todos progridem, passando por diferentes graus da hierarquia esprita.

    Esse progresso ocorre pela encarnao, que imposta a uns como expiao e a outros como misso. A vida material uma prova que devem suportar por vrias vezes, at que hajam alcanado a perfeio absoluta. uma espcie de exame severo e depurador, de onde eles saem mais ou menos purificados.

    Deixando o corpo, a alma reentra no mundo dos Espritos, de onde havia sado, para retomar uma nova existncia material, depois de um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece no estado de Esprito errante.

    O Esprito, deve passar por vrias encarnaes, disso resulta que todos tivemos vrias existncias e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeioadas, seja sobre a Terra, seja em outros mundos.

    A encarnao dos Espritos ocorre sempre na espcie humana: seria um erro acreditar que a alma ou Esprito possa encarnar no corpo de um animal.

    As diferentes existncias corporais do Esprito so sempre progressivas e jamais retrgradas; mas a rapidez do progresso depende dos esforos que fazemos para atingir a perfeio. As qualidades da alma so as do Esprito que est encarnado em ns; assim, o homem de bem a encarnao do bom Esprito, e o homem perverso a de um Esprito impuro.

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    A alma tinha sua individualidade antes da sua encarnao e a conserva depois da sua separao do corpo.

    Na sua reentrada no mundo dos Espritos, a alma a reencontra todos aqueles que conheceu sobre a Terra, e todas as suas existncias anteriores se retratam em sua memria com a lembrana de todo o bem e de todo o mal que fez.

    O Esprito encarnado est sob a influncia da matria; o homem que supera essa influncia pela elevao e depurao de sua alma, se aproxima dos bons Espritos com os quais estar um dia. Aquele que se deixa dominar pelas ms paixes e coloca toda a sua alegria na satisfao dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espritos impuros, dando preponderncia natureza animal.

    Os Espritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.

    Os Espritos no encarnados ou errantes no ocupam uma regio determinada e circunscrita; esto por toda a parte, no espao e ao nosso lado, nos vendo e nos acotovelando sem cessar; toda uma populao invisvel que se agita em torno de ns.

    Os Espritos exercem, sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo fsico, uma ao incessante. Agem sobre a matria e sobre o pensamento, e constituem uma das fora da natureza, causa eficiente de uma multido de fenmenos, at agora inexplicados, ou mal explicados, e que no encontram uma soluo racional seno no Espiritismo.

    As relaes dos Espritos com os homens so constantes. Os bons Espritos nos solicitam para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suport-las com coragem e resignao; os maus nos solicitam ao mal: para eles uma alegria nos ver sucumbir e nos assemelharmos a eles.

    As comunicaes dos Espritos com os homens so ocultas ou ostensivas. As comunicaes ocultas ocorrem pela influncia, boa ou m, que eles exercem sobre ns com o nosso desconhecimento; cabe ao nosso julgamento discernir as boas e as ms inspiraes. As comunicaes ostensivas ocorrem por meio da escrita, da palavra ou outras manifestaes materiais, e mais freqentemente por intermdio dos mdiuns que lhes servem de instrumento.

    Os Espritos so atrados em razo de sua simpatia pela natureza moral do meio que os evoca. Os Espritos superiores se alegram nas reunies srias onde dominem o amor do bem e o desejo sincero de se instruir e se melhorar. Sua presena afasta os Espritos inferiores que a encontram, ao

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    contrrio, um livre acesso, e podem agir com toda liberdade entre as pessoas frvolas ou guiadas s pela curiosidade, e por toda parte onde se encontrem os maus instintos. Longe de deles obter bons avisos ou ensinamentos teis, no se deve esperar seno futilidades, mentiras, maus gracejos ou mistificaes, porque eles tomam emprestado, freqentemente, nomes venerados para melhor induzir em erro.

    A distino dos superiores e dos inferiores espritos extremamente fcil. A linguagem dos Espritos superiores constantemente digna, nobre, marcada pela mais alta moralidade, livre de toda paixo inferior; seus conselhos exaltam a mais pura sabedoria, e tm sempre por objetivo nosso progresso e o bem da Humanidade. A dos Espritos inferiores, ao contrrio, inconseqente, freqentemente trivial e mesmo grosseira; se dizem por vezes coisas boas e verdadeiras, mais freqentemente, dizem coisas falsas e absurdas, por malcia ou por ignorncia. Eles se divertem com a credulidade e se distraem s custas daqueles que os interrogam, se vangloriando da sua vaidade, embalando seus desejos com falsas esperanas. Em resumo, as comunicaes srias, na total acepo da palavra, no ocorrem seno nos centros srios, naqueles cujos membros esto unidos por uma comunho de pensamentos para o bem.

    A moral dos Espritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta mxima evanglica: "Agir para com os outros como quereramos que os outros agissem para conosco", quer dizer, fazer o bem e no fazer o mal. O homem encontra nesse princpio a regra universal de conduta para as suas menores aes.

    Eles nos ensinam que o egosmo, o orgulho, a sensualidade, so paixes que nos aproximam da natureza animal e nos prendem matria; que o homem que, desde este mundo, se desliga da matria pelo desprezo das futilidades mundanas, e pelo amor ao prximo, se aproxima da natureza espiritual; que cada um de ns deve se tornar til segundo suas faculdades e os meios que Deus colocou entre suas mos para o provar; que o forte e o poderoso devem apoio e proteo ao fraco, porque aquele que abusa de sua fora e de seu poder para oprimir seu semelhante, viola a lei de Deus. Ensinam, enfim, que, no mundo dos Espritos, nada pode ser oculto, o hipcrita ser desmascarado e todas as suas torpezas descobertas; que a presena inevitvel, e de todos os instantes, daqueles para os quais agimos mal, um dos castigos que nos esto reservados; que ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espritos so fixadas penas e gozos que nos so desconhecidos sobre a Terra.

    Mas eles nos ensinam tambm que no h faltas irremissveis que no possam ser apagada pela expiao. O homem encontra o meio, nas diferentes existncias, que lhe permite avanar, segundo

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    seu desejo e seus esforos, na senda do progresso e na direo da perfeio que seu objetivo final."

    REFERNCIAS:

    1. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo bsico. 2. ed. Rio de Janeiro:FEB. 2. DENIS, Lon. Espritos e mdiuns. 3 ed. Rio de Janeiro:Centro Esprita Lon Denis. 3. FRANCO, Divaldo Pereira. Mdiuns e mediunidade (Pelo Esprito Vianna de Carvalho). 2 ed. Niteri: Arte & Cultura. 4. KARDEC, Allan. O livro dos espritos. Araras:Instituto de Difuso Esprita 5. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB. 6. KARDEC, Allan. O livro dos mdiuns. So Paulo:Pensamento. 7. KARDEC, Allan. A gnese. Rio de Janeiro:FEB. 8. KARDEC, Allan. O cu e o inferno. Rio de Janeiro: FEB. 9. KARDEC, Allan. Obras pstumas. Rio de Janeiro:FEB. 10. PIRES, J. Herculano. O mistrio do bem e do mal. 2 ed. So Paulo: Editora Esprita Correio Fraterno. 11. RIGONATTI, Elizeu. A mediunidade sem lgrimas. So Paulo: Pensamento. 12. REVISTA REFORMADOR. Maro de 1997. Federao Esprita Brasileira.

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