Cultura skate

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Exibido no Brazilian Film Festival, em abril, o documentário “Dirty Money” – que narra o início da fase áurea do skate profissional no Brasil, entre o final da década de 80 e o início da de 90 – conseguiu uma boa repercussão em Los Angeles. O interesse deles não é gratuito ne restrito à galera do skate. É que os skatistas brasileiros estão entre os mais fortes do mundo. Mas nem sempre foi assim. O começo foi de muita diversão, mas pouca ambição. E é exatamente esse o período retratado no documentário de Alexandre Vianna e Ricardo Koraicho, que já pode ser baixado gratuitamente no site www. dirtymoney.com.br. Além de depoimentos recentes, o filme usa imagens de arquivo para abordar o dia- a-dia dos praticantes e mostrar como eles se desenvolviam no esporte. Outro tema que vem à tona é a política. O motivo é o Plano Collor, que prejudicou bastante os negócios do skate brasileiro. “A indústria do skate estava falida, não existiam equipamentos bons, eventos ou oportunidades pra quem queria viver daquilo. Pensar em ser skatista profissional parecia impossível”, declara Vianna. De lá para cá, muita coisa mudou. Prova disso é o surgimento de atletas como Bob Burnquist e Sandro Dias, ambos campeões mundiais e sempre citados entre os principais skatistas da atualidade. Além deles, o documentário ainda traz outros nomes que se tornariam importantes para o Brasil, como Fábio Cristiano, o próprio Vianna, o Tarobinha. EDUARDO RIBEIRO Potência das rodinhas Filme “Dirty Money” lembra momento de transformação do skate no Brasil Na telona Os fãs do skate, além de baixar o filme no site, terão uma oportunidade de conferir “Dirty Money” na telona. O documentário será exibido em sessão única no dia 9 de julho, às 20h30, dentro do projeto Primeira Exibição, da Cinemateca Brasileira (largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel. 3512-6111). O ingresso da exibição custará R$ 8. O ESPECIALISTA Bob Burnquist Campeão mundial de skate e criador da MegaRampa De que você gostou no filme? O bacana é que ele retrata também o quanto naquela época nós já está- vamos tentando executar manobras avançadas. Mostra a evolução da nossa técnica. O filme surgiu por conta de um ví- deo caseiro dos anos 90, que tinha o mesmo nome (“Dirty Money”) e foi produzido pelos próprios ska- tistas. Qual foi a motivação para fazer o filme naquela época? Não havia nenhuma marca, nem produtora, nem campeonato para bancar a história e patrocinar as filmagens e a produção. Então tudo nasceu da vontade que a gente ti- nha de registrar a nossa galera. Você esteve na exibição em Los Angeles? Como foi a reação dos skatistas norte-americanos? Estive sim. Fiquei muito feliz e sa- tisfeito com o resultado, com o re- trato da nossa cena. Alguns nomes famosos do skate estavam lá, como o Craig Stecyk, Lance Mountain e outros. Os caras vieram comentar e disseram coisas positivas. Gosta- ram especialmente da cena em que queimam a rampa. Como foi reencontrar todo mundo no filme, tanto tempo depois? Foi muito legal quando conseguimos bater a agenda com o Ale Vianna e todo o pessoal. Ele e o outro diretor, Ricardo Koraicho, fizeram um exce- lente trabalho. “A gente não pensava que iria exportar campeões mundiais” “Em comparação com os anos 90, hoje vivemos outra fase do esporte, mais madura e menos encaixotada. Mas o skate ainda tem uma herança forte de caráter marginal e de contracultura” ALEXANDRE VIANNA, DIRETOR DE ‘DIRTY MONEY’ LUCAS LIMA/MTV DIVULGAçãO Bob Burnquist é hoje um dos skatistas mais respeitados do mundo 8 almanaque QUARTA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2010 PAPO SEM CABEçA [email protected]

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Matéria documentário Dirty Money

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Exibido no Brazilian Film Festival, em abril, o documentário “Dirty Money” – que narra o início da fase áurea do skate profissional no Brasil, entre o final da década de 80 e o início da de 90 – conseguiu uma boa repercussão em Los Angeles. O interesse deles não é gratuito ne restrito à galera do skate. É que os skatistas brasileiros estão entre os mais fortes do mundo. Mas nem sempre foi assim. O começo foi de muita diversão, mas pouca ambição. E é exatamente esse o período retratado no documentário de Alexandre Vianna e Ricardo Koraicho, que já pode ser baixado gratuitamente no site www.dirtymoney.com.br.

Além de depoimentos recentes, o filme usa imagens de arquivo para abordar o dia-a-dia dos praticantes e mostrar como eles se desenvolviam no esporte. Outro tema que vem à tona é a política. O motivo é o Plano Collor, que prejudicou bastante os negócios do skate brasileiro. “A indústria do skate estava falida, não existiam equipamentos bons, eventos ou oportunidades pra quem queria viver daquilo. Pensar em ser skatista profissional parecia impossível”, declara Vianna. De lá para cá, muita coisa mudou. Prova disso é o surgimento de atletas como Bob Burnquist e Sandro Dias, ambos campeões mundiais e sempre citados entre os principais skatistas da atualidade. Além deles, o documentário ainda traz outros nomes que se tornariam importantes para o Brasil, como Fábio Cristiano, o próprio Vianna, o Tarobinha. Eduardo ribEiro

Potência das rodinhasFilme “Dirty Money” lembra momento de transformação do skate no Brasil

Na telona

Os fãs do skate, além de baixar o filme no site, terão uma oportunidade de conferir “Dirty Money” na telona. O documentário será exibido em sessão única no dia 9 de julho, às 20h30, dentro do projeto Primeira Exibição, da Cinemateca Brasileira (largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel. 3512-6111). O ingresso da exibição custará R$ 8.

o especialista Bob BurnquistCampeão mundial de skate e criador da MegaRampa

de que você gostou no filme?O bacana é que ele retrata também o quanto naquela época nós já está-vamos tentando executar manobras avançadas. Mostra a evolução da nossa técnica.

o filme surgiu por conta de um ví-deo caseiro dos anos 90, que tinha

o mesmo nome (“dirty Money”) e foi produzido pelos próprios ska-tistas. Qual foi a motivação para fazer o filme naquela época?Não havia nenhuma marca, nem produtora, nem campeonato para bancar a história e patrocinar as filmagens e a produção. Então tudo nasceu da vontade que a gente ti-nha de registrar a nossa galera.

Você esteve na exibição em Los angeles? Como foi a reação dos skatistas norte-americanos?Estive sim. Fiquei muito feliz e sa-tisfeito com o resultado, com o re-trato da nossa cena. Alguns nomes famosos do skate estavam lá, como o Craig Stecyk, Lance Mountain e outros. Os caras vieram comentar e disseram coisas positivas. Gosta-ram especialmente da cena em que queimam a rampa.

Como foi reencontrar todo mundo no filme, tanto tempo depois?Foi muito legal quando conseguimos bater a agenda com o Ale Vianna e todo o pessoal. Ele e o outro diretor, Ricardo Koraicho, fizeram um exce-lente trabalho.

“A gente não pensava que iria exportar campeões mundiais”

“Em comparação com os anos 90, hoje vivemos outra fase do esporte, mais madura e menos encaixotada. Mas o skate ainda tem uma herança forte de caráter marginal e de contracultura” aLExandrE Vianna, dirEtor dE ‘dirty MonEy’

LuCAS LiMA/MTV

DiVuLGAçãO

Bob Burnquist é hoje um dos skatistas mais respeitados do mundo

8almanaque Quarta-fEira,9 dE junho dE 2010

papo sem cabeça [email protected]