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I
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
CULTURA ORGANIZACIONAL E COMPROMETIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS NO SOLEIL SUÍTE HOTEL
por
MÁRCIO RODRIGUES RAMALHO
BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO, FARN, 2004.
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JUNHO/ 2008
© 2008 MÁRCIO RODRIGUES RAMALHO TODOS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,
em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ___________________________________________
APROVADO POR:
___________________________________________________________ Prof. Miguel Eduardo Moreno Anez, D.Sc. – Professor Orientador – UFRN
________________________________________________________________ Prof. Anderson Luiz Rezende Mól, D.Sc., Membro Examinador – UFRN
_______________________________________________________________ Prof. Benny Kramer Costa, D.Sc., Membro Examinador Externo – USP
II
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Márcio Rodrigues Ramalho, formado em Administração de Empresas
pela FARN, curso no qual foi aluno laureado da turma 2001.1.
Durante a Pós-graduação publicou artigo em revista acadêmica e
apresentou trabalho em congresso científico. Apresentou trabalho
sobre Gestão da Mudança, Cultura e Estratégia Organizacional no VII
Congresso Científico e VI Mostra de Extensão da Universidade
Potiguar. Atualmente atua como consultor de empresas.
ARTIGOS PUBLICADOS DURANTE O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
RAMALHO, Márcio Rodrigues; ANEZ, Miguel Eduardo Moreno. A Pesquisa Acadêmica no
Brasil sobre “Gestão da Mudança, Cultura e Estratégia Organizacional”: Teses de Mestrado e
Doutorado, 1997 à 2003. Revista do Centro de Ciências Administrativas, Fortaleza, v.12, n. 1,
p. 7-15, ago. 2006.
III
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela vida, pelas diversas oportunidades oferecidas a mim, e por me motivar a seguir sempre em frente, mesmo através de caminhos muito árduos, na busca de tão sonhadas vitórias, favorecendo meu crescimento e desenvolvimento. Aos meus pais, Elias Admilson Ramalho e Eunice Rodrigues Ramalho, pelo amor, paciência e apoio no decorrer desta jornada.
IV
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo, pela vida que me deu, pelas vitórias concedidas, pelos valores estabelecidos
como o Amor, a Amizade, a Coragem e a Confiança, trazendo-me tranqüilidade para
aproveitar os momentos felizes, e enfrentar os mais difíceis.
Á minha família, Pai, Mãe, e Irmãos, que contribuíram significativamente para que mais uma
conquista fosse alcançada.
A UFRN, pela oportunidade da conquista de um grande sonho.
Ao PEP, seus professores e colaboradores, por darem o suporte necessário, tornando este
sonho em realidade.
Ao Professor Dr. Miguel Eduardo Moreno Añez, meu orientador e amigo, um grande
exemplo de dedicação e competência na arte de ensinar e pesquisar, pelos sábios
ensinamentos e por me incentivar a aceitar e enfrentar os desafios profissionais e acadêmicos,
culminando no meu interesse pelo tema cultura organizacional e comprometimento. A sua
amizade, paciência, disposição, e principalmente, suas instruções, repletas de motivação e
confiança depositadas na minha pessoa desde o primeiro momento.
Aos colegas do mestrado, pela amizade, convivência e pela troca significativa de idéias, em
especial a Diego Philippe e ao meu grande amigo Zulmar Jofli, que tanto me ajudou durante
esta caminhada.
Ao Soleil Suíte Hotel que me proporcionou coletar os dados da pesquisa, e aos seus
colaboradores pela atenção e disposição em participar da pesquisa.
V
Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
CULTURA ORGANIZACIONAL E COMPROMETIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS
NO SOLEIL SUÍTE HOTEL
MÁRCIO RODRIGUES RAMALHO
Junho/2008
Orientador: Prof. D. Miguel Eduardo Moreno Anez
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O presente estudo analisa a relação dos tipos de cultura organizacional percebidos em uma
empresa hoteleira com a natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e organização. Essa
vinculação entre comprometimento e cultura organizacional vem sendo pouco explorada,
tanto a nível nacional quanto internacional, necessitando de maiores estudos. Assim, a
pesquisa foi realizada no Soleil Suíte Hotel, localizado na praia de Ponta Negra, cidade de
Natal, Rio Grande do Norte. A variável independente do modelo proposto foi representada
pelos tipos de cultura organizacional, enquanto que a variável dependente foi representada
pelas quatro dimensões do comprometimento. Utilizou-se, além da análise de
correspondência, a média aritmética, a correlação de Pearson e a análise de regressão simples.
Os resultados indicaram a existência de relação dos tipos de cultura organizacional com os
tipos de comprometimento apresentados pelos funcionários, onde as Culturas Grupal e
Inovadora, capazes de gerar um ambiente voltado para o trabalho em equipe, o
desenvolvimento e o crescimento profissional dos funcionários, assim como, a criatividade e a
liberdade individual de cada um deles para experimentar coisas novas, favorecem o
predomínio das dimensões Afetivas, Afiliativas e Normativas do vínculo indivíduo-
organização.
VI
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
June/2008
Thesis Supervisor: Prof. D. Miguel Eduardo Moreno Anez
Program: Master of Science in Production Engineering
This study examines the relationship of the types of organizational culture perceived in a
business hotel with the nature of the link between individual and organization. This linkage
between commitment and organizational culture has been little explored, both national and
international, requiring more studies. Thus, the survey was conducted in Soleil Suite Hotel,
located on the beach of Ponta Negra, city of Natal, Rio Grande do Norte. The independent
variable of the proposed model was represented by the types of organizational culture, while
the dependent variable was represented by the four dimensions of commitment. It was used in
addition to the correspondence analysis, the arithmetic mean, the Pearson’s correlation and
the simple regression analysis. The results indicated the existence of relationship of the types
of organizational culture with the kind of commitment shown by the officials, where the
cultures of Group and Innovative, capable of generating an environment dedicated to the work
as a team, the development and professional growth of the employees, as well as the creativity
and individual freedom of each one to try new things, encourage the dominance of the
dimensions Affective, Affiliative and Normative of the tie person-organization.
VII
SUMÁRIO
Capítulo 1: Introdução......................................................................................................... 1
1.1 Contextualização........................................................................................................... 1
1.2 Caracterização da Empresa............................................................................................ 4
1.3 Justificativa.................................................................................................................... 5
1.4 Objetivos........................................................................................................................ 8
1.4.1 Objetivo Geral....................................................................................................... 8
1.4.2 Objetivos Específicos............................................................................................ 8
1.5 Organização da Dissertação.......................................................................................... 8
Capítulo 2: Referencial Teórico.......................................................................................... 10
2.1 Cultura Organizacional.................................................................................................. 10
2.2 Tipologia Cultural de Quinn.......................................................................................... 12
2.3 Comprometimento Organizacional............................................................................... 15
2.3.1 Enfoque Afetivo-Atitudinal................................................................................... 16
2.3.2 Enfoque Instrumental............................................................................................ 17
2.3.3 Enfoque Normativo............................................................................................... 17
2.3.4 O Enfoque das Três Dimensões de Meyer e Allen................................................ 17
2.3.5 O Modelo de Conceitualização de O’Reilly e Chatman....................................... 19
2.3.6 O Modelo de Conceitualização criado por Medeiros............................................ 19
2.4 Comprometimento e Cultura Organizacional................................................................ 20
Capítulo 3: Metodologia da Pesquisa...................................................................................23
3.1 Tipo de Pesquisa............................................................................................................ 23
3.2 População e Amostra..................................................................................................... 24
3.3 Instrumento de Coleta de Dados.................................................................................... 25
3.4 Análise dos Dados......................................................................................................... 27
Capítulo 4: Resultados da Pesquisa..................................................................................... 30
4.1 Descrição do Soleil Suíte Hotel..................................................................................... 30
4.2 Descrição da Cultura Organizacional............................................................................ 34
4.3 Descrição do Comprometimento Organizacional......................................................... 41
4.4 Relações entre Cultura e Comprometimento.................................................................44
Capítulo 5: Conclusões e Recomendações.......................................................................... 48
5.1 Síntese da Justificativa.................................................................................................. 48
VIII
5.2 Síntese da Pesquisa Bibliográfica.................................................................................. 49
5.3 Síntese da Metodologia da Pesquisa.............................................................................. 49
5.4 Síntese dos Resultados da Pesquisa............................................................................... 50
5.5 Análise Crítica do Trabalho........................................................................................... 52
5.6 Limitações do Trabalho................................................................................................. 52
5.7 Direções da Pesquisa..................................................................................................... 53
5.8 Recomendações............................................................................................................. 53
5.9 Conclusão...................................................................................................................... 54
Referências Bibliográficas................................................................................................... 57
Anexos................................................................................................................................. 65
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 – Modelo de Valores Competitivos................................................................... 15
Figura 4.1 – Perfil Atual da Cultura Organizacional........................................................... 39
Figura 4.2 – Perfil Ideal da Cultura Organizacional............................................................ 40
X
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1.1 – Indicadores do Turismo Decorrente dos Investimentos do PRODETUR.....3
Quadro 1.2 – Quadro Atual dos Indicadores do Turismo no RN........................................ 4
Quadro 1.3 – Pesquisa Acadêmica sobre Cultura e Comprometimento............................. 6
Quadro 2.1 - Lista de Campbell: Critérios de Avaliação de Eficácia................................. 12
Quadro 3.1 – Quadro de Análise......................................................................................... 27
ÍNDICE DE SIGLAS
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
CVM – Competing Value Model (Modelo dos Valores Competitivos)
OCAI – Organizational Culture Assesment Instrument (Instrumento de Avaliação da Cultura
Organizacional)
PRODETUR/NE – Programa de Ação Para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste
PRODETUR/RN – Programa de Ação Para o Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do
Norte
SETUR – Secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte
XI
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4.1 – Sexo dos Funcionários................................................................................... 30
Tabela 4.2 – Faixa Etária dos Funcionários........................................................................ 31
Tabela 4.3 – Tempo de Serviço dos Funcionários.............................................................. 31
Tabela 4.4 – Estado Civil dos Funcionários........................................................................ 32
Tabela 4.5 – Escolaridade dos Funcionários....................................................................... 33
Tabela 4.6 – Perfil Geral dos Funcionários......................................................................... 33
Tabela 4.7 – Valor Médio dos Tipos de Cultura Organizacional do Hotel nas Diferentes
Dimensões Culturais....................................................................................... 35
Tabela 4.8 – Valor Médio Geral dos Tipos de Cultura Organizacional do Hotel............... 38
Tabela 4.9 – Valor Médio dos Indicadores do Comprometimento do Hotel...................... 42
Tabela 4.10 – Valor Médio das Dimensões do Comprometimento do Hotel..................... 43
Tabela 4.11 – Coeficientes de Correlação dos Quatro Perfis Culturais com as Quatro
Dimensões do Comprometimento Organizacional........................................ 45
Tabela 4.12 – Resultado da Análise de Regressão Simples para as Quatro Dimensões do
Comprometimento......................................................................................... 46
1
Capítulo 1
Introdução
O turismo vem ganhando cada vez mais importância no contexto do
desenvolvimento socioeconômico. Graças ao turismo, muitas cidades passaram a se constituir
como fortes centros receptores, garantindo o desenvolvimento. A Natal dos dias atuais, por
exemplo, contando com mais de 600 mil habitantes, guarda do passado, além dos
monumentos de importância cultural e arquitetônica, o leque de atrativos naturais e o clima
privilegiado, o que vêm transformando-a em um dos destinos brasileiros mais concorridos
recentemente para o turismo doméstico e internacional.
Em Natal, os hotéis compõem o principal elemento da infra-estrutura turística,
sendo hoje um negócio bastante interessante, considerando, sobretudo, a crescente demanda
de turistas para Natal e os incentivos dos órgãos públicos e financeiros. Tendo isso em vista,
torna-se primordial para as empresas hoteleiras, o desenvolvimento de uma cultura
organizacional que incentive a busca do comprometimento dos seus funcionários,
possibilitando que a organização não apenas ofereça serviços com qualidade, mas que
também superem as expectativas dos clientes.
Assim, o presente trabalho se propôs a realizar um estudo da relação entre cultura
organizacional e comprometimento dos funcionários no Soleil Suíte Hotel, localizado em
Ponta Negra, Natal/RN.
Neste primeiro capítulo, será apresentando a contextualização do problema da
pesquisa, a caracterização da empresa, a justificativa do estudo, os objetivos da pesquisa e sua
relevância teórica e prática, e por fim, a maneira como a dissertação está estruturada.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Considerado a principal vocação econômica do Rio Grande do Norte, o turismo é
uma maneira bastante interessante para mudar os indicadores sociais da população, pois trata-
2
se de uma área que movimenta muitos recursos, cujo desenvolvimento gera mais emprego e
renda para a população.
Pensando nisso, foi criado pelos Governadores dos Estados do Nordeste, o
PRODETUR/NE (Programa de Ação Para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste), com
o apoio do Governo Federal e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento -
BID, com o objetivo de desenvolver e consolidar a atividade turística na região Nordeste,
aproveitando-se do enorme potencial natural existente e, ao mesmo tempo, garantindo a
sustentabilidade econômica através de uma atividade crescente mundialmente, como forma de
se reduzir e eliminar as desigualdades sociais entre as diversas regiões do país.
No Rio Grande do Norte, o programa, conhecido como PRODETUR/RN
(Programa de Ação Para o Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte), investiu
aproximadamente US$ 44 milhões, no período de 1996 a 2000, em obras de infra-estrutura
tais como o novo terminal de passageiros do Aeroporto Augusto Severo, implantação de
acessos viários as principais praias, continuação da Rota do Sol (Cotovelo a Barreta),
somando 89 Km de estradas, implantação da rede de saneamento da Via Costeira, parte dos
bairros de Mãe Luiza e Ponta Negra, drenagem do bairro de Ponta Negra, pavimentação de
todas as vias e urbanização da orla de Ponta Negra, beneficiando uma população 1.175.000
pessoas nos municípios beneficiados pelo Programa.
Além das obras de infra-estrutura, o PRODETUR/RN, investiu na implantação do
Parque das Dunas, no desenvolvimento institucional do IDEMA, DER, CAERN e SETUR, e
na elaboração dos Planos Diretores Municipais de Ceará-Mirim, Extremoz, Parnamirim, Nízia
Floresta e Tibau do Sul.
Na avaliação feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, Banco
do Nordeste, executor financeiro do programa, juntamente com o Governo do Estado, sobre
os resultados da primeira fase do programa no Estado, ficou demonstrado o sucesso por meio
dos números apresentados nos indicadores a seguir:
• Aumento do fluxo turístico alcançado pelo Estado entre os anos de 1995 a 2001;
• Aumento do número de empregos diretos gerados na hotelaria, que em 1995 era 4.227
e em 2001 passou para 8.400, quase 100%, e o número de empregos diretos e indiretos
do setor como um todo estimava-se 95 mil em 1995, passou para 240 mil em 2001;
• Oferta do número de leitos hoteleiros que em 1995 era de 12.915, passou para 26.353
em 2.001, com incremento de 104%;
3
• A receita turística do Estado que em 1995 era de US$ 138 milhões/ano, passou para
US$ 216 milhões/ano em 2.001, com aumento real de 56% mesmo com a
desvalorização da moeda brasileira ocorrida no período;
• Aumento do número de vôos internacionais que em 1995 era apenas "um" por semana,
em 2001 passou para 8 (oito);
• Evolução da taxa de crescimento da arrecadação dos municípios beneficiados que era
de 7,3% ao ano, passou para 31,3% no último ano;
O sucesso da primeira fase do programa pode ser constatado, principalmente pelo
grande número de investimentos privados que começam a acontecer em toda região
beneficiada pelos investimentos. Segundo dados do Banco do Nordeste, já passam dos R$
1,58 milhões em investimentos privados tais como hotéis, restaurantes, equipamentos de lazer
e entretenimentos, gerando-se empregos, negócios e riquezas, que são os objetivos finais a
serem atingidos pelo programa.
O Quadro 1.1 a seguir resume os principais indicadores do turismo decorrente dos
investimentos do PRODETUR/RN:
Quadro 1.1 - Indicadores do Turismo Decorrente dos Investimentos do
PRODETUR/RN
__ 1995 2001 Percentual Obs.
Fluxo turistas RN 588 mil/ano 1.419 mil/ano 141% ____
Fluxo estrangeiros 37.632/ano 124.000/ano 229% ____
ReceitaUS$ 138 milhões
US$ 216 milhões
56% ____
Leitos hoteleiros 12.915 26.353 104% ____
Empregos 95.000 240.000 152% Diretos e indiretos
PIB-RN US$ 4,727 US$ 7,569* 61% 1999
Fonte: Site da Setur.
Em uma visita ao SETUR, foi possível obter dados mais atuais sobre os
indicadores do turismo no Rio Grande do Norte, demonstrando uma evolução ainda maior dos
números apresentados no Quadro 1.1, esses dados podem ser observados, logo a seguir, no
Quadro 1.2.
4
Quadro 1.2 – Quadro Atual dos Indicadores do Turismo no RN
__ 2001 2006 Percentual Obs.
Fluxo turistas RN 1.419 mil/ano 2.187 mil/ano 54% ____
Fluxo estrangeiros 124.000/ano 299.162/ano 141% ____
ReceitaUS$ 216 milhões
US$ 579 milhões
168% ____
Leitos hoteleiros 26.353 45.000 71% ____
Empregos 240.000 254.000 6% Diretos e indiretos
PIB-RN R$ 9.834 R$ 15.906 61% 2004
Fonte: Setur.
Consideradas como sendo o principal elemento da infra-estrutura turística de
Natal, ou seja, como elementos estratégicos indispensáveis para a política de desenvolvimento
turístico da região, as empresas hoteleiras possuem seu diferencial tanto na qualidade
objetiva, quanto na qualidade subjetiva, expressa diretamente pelo provedor do serviço, e
representada pela atitude e comprometimento dos funcionários com a empresa.
Tendo isso em vista, é de suma importância para as empresas hoteleiras, o
desenvolvimento de uma cultura organizacional que incentive a busca do comprometimento
dos seus funcionários, compreendendo que apenas com funcionários dedicados e dispostos a
se engajarem efetivamente, será possível que a organização não apenas ofereça serviços com
qualidade, mas que também superem as expectativas dos clientes.
Neste sentido, e com base nestas considerações, surgiu o seguinte problema a ser
investigado: que tipos de cultura organizacional influenciam a natureza do vínculo
estabelecido entre indivíduo e organização em uma empresa hoteleira?
1.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
Ponta Negra, localizada em Natal/RN, tem quase uma centena de opções de hotéis
e pousadas. Muitos foram construídos em anos recentes, e vários outros estão atualmente
sendo construídos. Os hotéis de Ponta Negra são, no geral, mais modestos do que os hotéis da
Via Costeira, mas há alguns que chegam a ser classificados como quatro ou cinco estrelas. Se
não apresentam tanto conforto, os hotéis em Ponta Negra têm a vantagem de serem mais
próximos a restaurantes, shoppings, vida noturna, etc. Esse é o caso do Soleil Suíte Hotel,
inaugurado em 2001, localizado à 50 metros da praia.
5
Enquadrado na categoria 4 estrelas, atualmente o hotel possui 31 apartamentos,
sendo 01 suíte presidencial, 02 suítes executivas, 10 suítes master (vista-mar), 14 suítes luxo e
04 suítes luxo superior (vista parcial-mar). As suítes são amplas e confortáveis, estilo FLAT,
todas equipadas com ar-condicionado, TV a cabo, frigobar, cozinha americana, dormitório
privativo e varanda. Possui ainda suítes adaptadas para portadores de necessidades especiais
(1 por andar), Internet banda larga gratuita em todas as suítes, estacionamento privativo
coberto e externo gratuito, sala de estar na recepção, segurança eletrônica, elevador,
restaurante, piscina adulta e infantil, auditório para 40 pessoas e business center.
Os clientes do Soleil Suíte Hotel são o próprio público brasileiro. O foco é em
clientes corporativos e turistas em lazer.
A gestão do hotel, na parte operacional, é dividida em: Recepção, Governança,
Reservas, Alimentos & Bebidas, Comercial. Na parte administrativa: Gerência Geral,
Financeiro e Recursos Humanos.
Inserido num setor com alto grau de sazonalidade, seu número de funcionários é
variável, atualmente, contando com 30 funcionários. Os funcionários estão distribuídos da
seguinte forma: 09 funcionários no setor de alimentos & bebidas, 07 funcionários no setor de
governança/ASG, 04 funcionários no setor administrativo, 09 funcionários no setor de
recepção, e 01 funcionário no setor de manutenção.
1.3 JUSTIFICATIVA
Conforme Naves e Coleta (2003), o comprometimento organizacional, em termos
gerais, pode ser entendido como o envolvimento com a organização que incita o indivíduo a
realizar um esforço considerável em prol da empresa, sendo este esforço afetado pela natureza
do vínculo. Este vínculo pode ser: afetivo, afiliativo, instrumental ou normativo.
Para alguns teóricos em comprometimento organizacional, a cultura
organizacional é um importante antecedente do comprometimento (Meyer e Allen, 1991).
Para Oliveira (1997), por exemplo, a cultura organizacional exerce o papel de produzir
membros organizacionais mais comprometidos, influenciando no comportamento, à medida
que se criam padrões e que são internalizados pelos indivíduos.
De acordo com Meyer e Allen (1991), cada uma das bases do comprometimento
(afetivo, instrumental e normativo) é afetada por diferentes antecedentes.
6
Portanto, torna-se importante para uma organização identificar os tipos de cultura
organizacional percebidos pelos funcionários e sua relação com a natureza do
comprometimento organizacional por eles desenvolvido.
No entanto, essa vinculação entre comprometimento e cultura organizacional
revela um campo de pesquisas ainda pouco explorado, necessitando de maiores estudos.
Através de uma pesquisa realizada nos sites do Emerald Insight e do Google Scholar sobre
artigos internacionais envolvendo os temas Cultura Organizacional e Comprometimento,
foram encontrados inúmeros trabalhos sobre os mesmos separadamente, porém, com relação à
vinculação dos dois temas, encontraram-se apenas 18 artigos. Através de uma pesquisa
semelhante, a nível nacional, realizada nos anais do ENEGEP (Encontro Nacional de
Engenharia de Produção) e ENANPAD (Encontro da ANPAD), nos artigos da Revista de
Administração Contemporânea (RAC), na Revista de Administração de Empresas (RAE) e na
RAE-eletrônica, compreendendo o período de 1997 até 2007, foram encontrados 214
trabalhos, dentre os quais 128 são relacionados à cultura organizacional, 83 são relacionados
ao comprometimento organizacional, e apenas 03 destes trabalhos realizam a vinculação entre
cultura e comprometimento organizacional. Esses resultados podem ser visualizados no
Quadro 1.3, logo a seguir.
Quadro 1.3 – Pesquisa Acadêmica sobre Cultura e Comprometimento
1997 até 2007 Cultura Comprometimento Cultura e
Comprometimento Total
ENEGEP 19 03 01 23
ENANPAD 92 68 - 160
RAC 08 08 01 17
RAE 06 03 - 09
RAE-Eletrônica 03 01 01 05
Total 128 83 03 214
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2007.
Dentre os três trabalhos que vincularam cultura e comprometimento, destaca-se o
de Naves e Coleta (2003) que realizaram uma pesquisa semelhante a que esse estudo se
propôs a fazer, analisando a relação dos tipos de cultura organizacional presentes em algumas
empresas hoteleiras com a natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e organização.
7
Utilizando a teoria dos Deuses da Administração de Handy (1994) para lidar com a cultura, e
o modelo das três dimensões de Meyer e Allen (1991) para lidar com o comprometimento,
chegaram a resultados indicando a existência de relação dos tipos de cultura (clube, função,
tarefa e pessoa) com os tipos de comprometimento (afetivo, instrumental e normativo), sendo
a cultura de função o principal preditor do comprometimento normativo e instrumental, e a
cultura de tarefa o principal preditor do comprometimento afetivo.
Assim, Naves e Coleta (2003) afirmaram em suas conclusões que na indústria
hoteleira, onde o acolhimento interfere de maneira significativa no fluxo de turistas, torna-se
importante saber administrar o comprometimento dos funcionários, favorecendo,
principalmente, o predomínio das dimensões afetivas e normativas do vínculo indivíduo-
organização.
Por fim, essas mesmas autoras alertaram que nenhuma investigação se encontra
concluída em termos definitivos, sendo necessário dar continuidade a esta linha de pesquisa e
atualizar constantemente os conhecimentos neste campo, com o objetivo de obter maior
satisfação no trabalho por parte dos funcionários e maior eficácia na prestação de serviços
pelo setor de hotelaria.
Assim, com o objetivo de contribuir para esta área do conhecimento, este estudo
procurou identificar a existência de possíveis relações dos tipos de cultura organizacional com
a natureza do comprometimento organizacional no Soleil Suíte Hotel, localizado na cidade de
Natal, RN.
Além dos aspectos já citados, vale ressaltar também as seguintes justificativas
para a realização desta pesquisa:
a) Relevância Teórica – existem poucas pesquisas que tratam da relação entre cultura
organizacional e comprometimento dos funcionários, assim, esta pesquisa justifica-se por
permitir o enriquecimento da literatura específica tanto sobre cultura organizacional e
comprometimento, separadamente, quanto sobre como estes dois elementos se relacionam nas
organizações, neste caso no Soleil Suíte Hotel, o que por sua vez pode contribuir para a
construção de uma teoria relevante a respeito do tema não só para o hotel estudado, mas
também para as organizações em geral.
b) Relevância Prática – as informações levantadas pela pesquisa são de interesse tanto dos
proprietários do estabelecimento quanto dos outros integrantes do setor hoteleiro do Rio
Grande do Norte, que desejam compreender melhor seus recursos humanos, entendendo os
8
efeitos da cultura organizacional no comprometimento dos mesmos, a fim de que se possa
alcançar o nível de excelência exigido pelo mercado atual, permitindo atender e superar as
expectativas dos clientes.
1.4 OBJETIVOS
A importância do objetivo na pesquisa está em caracterizar o enfoque principal do
trabalho, indicando aquilo que o pesquisador deseja alcançar. Para Vergara (1997, p. 25), o
objetivo da pesquisa pode ser definido como sendo “um resultado a alcançar”, sendo assim,
são utilizados objetivos específicos para que se consiga atingir a proposta de um objetivo
geral.
1.4.1 Objetivo Geral
Investigar os tipos de cultura organizacional presentes no Soleil Suíte Hotel que
influenciam a natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e organização.
1.4.2 Objetivos Específicos
• Analisar o perfil dos membros organizacionais;
• Identificar os tipos de cultura organizacional presentes no hotel;
• Compreender a natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e organização;
• Mostrar a relação entre cultura e comprometimento organizacional identificada no
hotel.
1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi estruturada da seguinte forma:
Após essa parte introdutória, encontra-se o capítulo 2, composto de um referencial teórico
dividido em cinco partes, a primeira apresentando conceitos sobre a cultura organizacional, a
9
segunda descrevendo teorias e modelos da cultura organizacional (a tipologia cultural de
Quinn), a terceira apresentando conceitos sobre o comprometimento organizacional, a quarta
apresentando teorias e modelos multidimensionais do comprometimento organizacional (o
enfoque das três dimensões de Meyer e Allen, o modelo de conceitualização de O’Reilly e
Chatman e o modelo de conceitualização criado por Medeiros) e a quinta mostrando
evidências das relações do comprometimento com a cultura organizacional, antecedente ao
comprometimento.
Em seguida, no capítulo 3, se localiza a metodologia da pesquisa, onde se
apresenta o tipo de pesquisa; o universo e amostra da pesquisa; o instrumento de coleta de
dados utilizado; e os procedimentos para análise dos dados.
Após a apresentação da metodologia utilizada, se encontram, no capítulo 4, os
resultados buscados por essa pesquisa conforme os objetivos propostos, bem como a análise
desses resultados, seguida, por fim, do capítulo 5, com as conclusões e recomendações a
respeito do tema, de acordo com os resultados obtidos.
No anexo pode ser encontrado o questionário utilizado.
10
Capítulo 2
Referencial Teórico
Este capítulo procura esclarecer através de uma revisão bibliográfica, alguns
conceitos e apresentar modelos já aplicados, bem como mostrar lacunas existentes que
possam ser abordadas para melhorar os conhecimentos sobre o tema.
O referencial teórico apresentado a seguir busca fundamentar, através da
exposição dos conhecimentos constantes na literatura especializada, evidências de relações do
comprometimento com a cultura organizacional. Sendo assim, primeiramente são expostos os
conceitos e o histórico sobre a cultura organizacional, seguido de suas principais teorias e
modelos. Mais adiante são apresentados conceitos sobre o comprometimento organizacional,
suas teorias e modelos multidimensionais. Por fim, são apresentados trabalhos que
evidenciam as relações do comprometimento com a cultura organizacional, antecedente ao
comprometimento.
2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL
A palavra cultura surgiu no âmbito da antropologia social, quando começaram a
pesquisar as sociedades primitivas, constatando que os modos de vida de cada uma diferiam
entre si. Assim, o conceito de cultura surgiu para representar, no sentido amplo, as qualidades
dos grupos humanos que são repassados de geração a geração.
Segundo Blattmann (2002), a cultura é para a sociedade ou para a organização o
que a memória é para os indivíduos. A cultura inclui todas aquelas soluções que funcionam no
passado e são adaptadas ao cotidiano. As pessoas passam, mas as suas contribuições ficam e
se transformam em componentes da cultura sob a forma de metas ou valores, de crenças ou de
modelos de comportamento. Em linhas gerais, pode-se dizer que a cultura consiste de
elementos compartilhados que constituem os produtos para perceber, pensar, agir e
comunicar. A sociedade e as organizações transmitem aos seus membros, através de diversos
11
mecanismos, esses elementos compartilhados. As prioridades de uma sociedade ou de uma
organização expressam a estrutura básica da sua cultura, de seus valores, de suas normas e de
suas crenças.
O uso do conceito de cultura para organizações dentro de uma sociedade ocorreu
apenas recentemente devido à procura dos investigadores de fenômenos organizacionais por
conceitos que expliquem, por exemplo, as variações dos padrões de comportamento
organizacional e os níveis de estabilidade em grupos e comportamentos organizacionais que
não tinham sido realçados anteriormente.
Cada organização tem uma cultura, e, dependendo de sua força, ela pode ter uma
influência significativa sobre as atitudes e comportamento dos membros da organização.
A cultura organizacional se destaca como um dos assuntos mais discutidos entre
os estudiosos, e devido a isso, existem várias definições a respeito do tema. Abaixo estão
alguns conceitos e seus respectivos autores:
Segundo Schein (1984; p.9)
... cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com seus problemas de adaptação externa e de integração interna, e que funcionam suficientemente bem para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas.
Quinn e McGrath (1985; p.51) concordam que
... cultura inclui crenças, entre outras coisas, a respeito dos objetivos organizacionais, critérios de desempenho, distribuição de autoridade, legitimidade das bases de poder, orientação para tomadas de decisões, estilo de liderança e motivação.
De acordo com Ernst (1985; p.50) cultura é “... um sistema de valores e crenças
compartilhadas que modelam o estilo de administração de uma empresa e o comportamento
cotidiano de seus empregados”.
Para Santos (1994), cultura organizacional pode ser definida como
valores e crenças compartilhados pelos membros de uma organização, a qual funciona como um mecanismo de controle organizacional, informalmente aprovando ou proibindo comportamentos e que dá significado, direção e mobilização para os membros da organização.
12
2.2 TIPOLOGIA CULTURAL DE QUINN
Neste tópico conheceremos o modelo teórico utilizado que categoriza os
diferentes tipos culturais.
O uso de tipologia na classificação de organizações permite seu agrupamento
conforme características comuns, facilitando tanto a generalização teórica sobre cada classe,
como a percepção de suas diferenças. A tipologia dos atributos culturais das organizações
permite observar a congruência de seus elementos. Para este estudo foi escolhida a tipologia
cultural de Quinn.
No final da década de 70 e início dos anos 80 o assunto eficácia organizacional
era o foco de vários estudos, todos tentando responder a pergunta: quais são as características
de organizações eficazes? Para responder a essa pergunta, Campbell (1977) desenvolveu seu
trabalho mensurando as características das organizações. Estas medidas foram submetidas à
técnica estatística de análise fatorial, resultando em uma lista de variáveis ou critérios que
caracterizavam as organizações eficazes. O trabalho de Campbell, considerado a maior e
melhor publicação no assunto, tem esses critérios explicitados no Quadro 2.1, em ordem
alfabética:
Quadro 2.1 - Lista de Campbell: Critérios de Avaliação de Eficácia
Absenteísmo Habilidades Gerenciais Técnicas
Acidentes Habilidades Gerenciais Humanas
Adm. da Informação e Comunicação Lucro
Avaliação da Empresa por Entidades Externas Moral
Conflito/Coesão Motivação
Congruência entre Papéis e Normas Objetivos Organizacionais Internos
Consenso de Objetivos Participação e Influência Compartilhadas
Controle Planejamento e Estabelecimento de Objetivos
Crescimento Produtividade
Eficácia Global Prontidão Organizacional
Eficiência Qualidade
Ênfase em Trein. e Desenv. Pessoal Rotatividade de Pessoal
Ênfase na Realidade Satisfação no Trabalho
Estabilidade Uso do Ambiente Externo
Flexibilidade/Adaptação Valor dos Recursos Humanos
FONTE: Santos, 2000
13
Vários pesquisadores contribuíram para uma melhor definição desta lista de
variáveis, cada um apresentando sua própria. Porém, estas listas diferiam de um estudo para o
outro, já que dependiam da forma como cada estudioso empregava o conceito de eficácia.
O modelo utilizado nesta pesquisa para identificar o perfil atual e o ideal da
cultura organizacional, trata-se do Competing Value Model (C.V.M.) – Modelo de Valores
Competitivos. O C. V. M. foi desenvolvido a partir de uma lista de trinta indicadores
principais, que serviam para avaliar a eficácia organizacional, os quais foram desenvolvidos
por John Campbell em 1969 apud Cameron e Quinn (1996, p. 15). Esta lista de indicadores
foi analisada por Robert Quinn e John Rohrbaugh em 1981, os quais consideraram que com
trinta indicadores seria muito difícil compreender a eficácia organizacional. Então,
submeteram esses indicadores a uma análise estatística, resultando num conjunto de critérios
de eficácia que puderam ser organizados em um espaço multidimensional, composto de três
dimensões.
A primeira dimensão, denominada enfoque organizacional, enfatiza o bem-estar e
o desenvolvimento do indivíduo na organização até o crescimento e o desenvolvimento da
própria organização, ou seja, relaciona-se com os ambientes interno e externo. A segunda
dimensão está relacionada à estrutura organizacional, enfatizando o controle, a estabilidade, a
flexibilidade e a mudança. Já a terceira dimensão enfatiza os meios (processo de
planejamento) e fins (resultados e produtividade) organizacionais.
Ao passo que esse modelo foi sendo testado, a sua aplicação estendeu-se a vários
estudos como um método.
Este instrumento serve para definir os tipos de cultura organizacional, interpretar
seus atributos e estudar a cultura em termos comparativos. Quinn e Kimberly (1984, p. 298),
relatam que “... os valores ou dimensões inerentes à abordagem podem ser usados para
explorar as estruturas mais profundas da cultura organizacional e os pressupostos básicos
que se formam a seu respeito...”.
O modelo de tipologia cultural de Quinn, utilizado no presente estudo, propõe
quatro tipos de cultura. Sua versão atual (Cameron & Quinn, 1996) trabalha com seis
dimensões organizacionais distribuídas para os quatro tipos culturais, que são:
• Características dominantes;
• Liderança organizacional;
• Gerenciamento de empregados;
14
• União organizacional;
• Ênfase estratégica;
• Critérios de sucesso.
A seguir encontram-se os perfis de cada tipo cultural:
Cultura Grupal: Um lugar onde as pessoas compartilham muito sobre elas mesmas, suas
experiências pessoais e profissionais. É como uma extensão da família. Os líderes ou cabeças
da organização são considerados facilitadores, estimuladores ou até mesmo figuras paternas.
A organização se mantém unida através da lealdade e confiança nas pessoas. O
comprometimento com a organização é alto. A organização enfatiza o benefício a longo prazo
do desenvolvimento de recursos humanos e dá grande importância a coesão e a moral. O
sucesso é definido em termos de sensibilidade ao cliente e preocupação com os empregados.
A organização valoriza o trabalho em equipe, a participação e o consenso.
Cultura Inovadora: Um lugar dinâmico e criativo. As pessoas estão dispostas a ousar e correr
riscos. Os líderes são considerados inovadores e corredores de riscos. O fator que une a
organização é o comprometimento para experimentação, inovação e desenvolvimento. A
ênfase a longo prazo da organização está no crescimento e na aquisição de novos recursos.
Sucesso significa obter exclusividade e novos produtos e serviços. Tornar-se líder em produto
ou serviço é importante. A organização encoraja a iniciativa e a liberdade individual.
Cultura Hierárquica: Um lugar muito formalizado e estruturado. Procedimentos formais
regem as ações das pessoas. Os líderes orgulham-se por serem bons coordenadores e
organizadores eficientes. Manter a organização estável é mais importante. Regras e políticas
formais mantém a organização unida. A preocupação a longo prazo é na estabilidade e no
desempenho com eficiência, operações estáveis. Sucesso é definido em termos de eficiência,
confiabilidade da entrega, programação estável, e baixo custo. O gerenciamento dos
empregados preocupa-se com a segurança do trabalho e a possibilidade de previsões.
Cultura Racional: Organização orientada para os resultados. As pessoas são competitivas e
orientadas para atingir as metas. Os líderes são duros, produtores, e competidores. Eles são
rígidos e exigentes. O fator que mantém a organização junta é a ênfase na vitória. Reputação e
sucesso são preocupações comuns. O foco a longo prazo está nas ações competitivas e no
15
alcance de alvos e metas mensuráveis. Sucesso é definido em termos de porção de mercado e
penetração. Preços competitivos e liderança de mercado são importantes. O estilo
organizacional é caracterizado por uma competitividade enérgica, exigência e atingimento de
resultados.
Cada tipo de cultura tem um outro perfil que lhe é extremamente oposto,
conforme pode ser observado na Figura 2.1. Assim, a cultura Grupal, que enfatiza
flexibilidade e tem enfoque interno, contrasta com a cultura Racional, que tem como valores
principais o controle e o direcionamento para o ambiente externo. A cultura Inovadora, que é
caracterizada pela flexibilidade e tem enfoque externo, se opõe a cultura Hierárquica, que
enfatiza controle e preocupação com o ambiente interno.
FLEXIBILIDADE E DINAMISMO
ESTABILIDADE E CONTROLE
Figura 2.1 – Modelo de Valores Competitivos
(Fonte: Cameron e Quinn, 1996, p. 27)
2.3 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
Assim como cultura, o tema comprometimento organizacional tem sido objeto de
estudo de vários pesquisadores nas últimas décadas, objetivando auxiliar as organizações a
encontrarem estratégias de gerenciamento do seu pessoal que o tornem mais satisfeito, mais
envolvido com a empresa e, por conseguinte, mais produtivo.
GRUPAL
HIERÁRQUICA
INOVADORA
RACIONAL
Foco E
xterno e D
iferenciaçãoFoc
o In
tern
o e
Inte
raçã
o
16
Comprometimento é estudado em função dos focos ou alvos e das bases ou
natureza do vínculo. São inúmeros os alvos de vínculo que o trabalhador tem: a organização,
o grupo, o sindicato, os valores, a profissão, o trabalho etc.; assim como são inúmeras as
naturezas destes vínculos: afetiva, instrumental, normativa etc. Vale ressaltar ainda que,
dentro de cada foco (alvo), especialmente com a organização e o sindicato, existem
abordagens diferenciadas quanto às bases (naturezas).
São cinco as correntes de pesquisa sobre comprometimento: afetivo-atitudinal,
instrumental (contínua ou side-bet), normativa, sociológica e comportamental.
Segundo Naves e Coleta (2003), embora existam várias vertentes que abordem o
construto comprometimento organizacional, elas compartilham a premissa de que o vínculo
existe e é inevitável, significando o desejo de permanecer na organização, de exercer suas
atividades, de acreditar e aceitar os objetivos e valores organizacionais.
2.3.1 Enfoque Afetivo-Atitudinal
A linha de pesquisa que considera a natureza do vínculo como afetivo-atitudinal
prevalece entre os pesquisadores. Suas bases se fundamentam nas teorias de Etzioni (1975),
sendo esta abordagem mais tarde aprimorada com os trabalhos de Mowday, Steers e Porter
(1979). Para os autores, estar comprometido com a organização significa a identificação e o
envolvimento com a organização. O indivíduo comprometido realiza um esforço considerável
em prol da organização.
Assim, eles o caracterizam como: (1) uma forte crença e aceitação dos objetivos e
valores da organização; (2) uma tendência a manifestar um esforço considerável em favor da
organização; e (3) a manifestação de um forte desejo de permanecer como membro da
organização.
A partir desta definição, verifica-se que indivíduos com elevado grau de
comprometimento demonstram uma internalização dos valores e objetivos da organização e,
por conseguinte, tendem a exercer um esforço considerável em favor dela. Sob esse ponto de
vista, os indivíduos assumem uma postura ativa.
Estão dispostos a se empenhar ao máximo, contribuindo de forma positiva para a
empresa.
17
2.3.2 Enfoque Instrumental
O enfoque instrumental constitui o segundo grande referencial teórico adotado nas
pesquisas sobre o tema, cujas denominações são: calculativo, continuação, side-bets (Bastos
1994). Esta corrente originou-se nos trabalhos de Becker (1960), traduzindo-o como função
da percepção do trabalhador, quanto às trocas estabelecidas com a organização. Segundo o
autor, o indivíduo permanece na organização devido a custos e benefícios associados a sua
saída. Em outras palavras, o empregado irá optar por permanecer na empresa enquanto
perceber benefícios nessa escolha. No momento em que perceber um déficit em relação aos
retornos recebidos, sua escolha provavelmente será abandonar a empresa.
O comprometimento instrumental foi operacionalizado pelas escalas
desenvolvidas, num primeiro momento, por Ritzer e Trice (1969) e, posteriormente, por
Hrebiniak e Alluto (1972).
2.3.3 Enfoque Normativo
A corrente de pesquisa normativa é ancorada nos trabalhos de Wiener (1982) e
Wiener e Vardi (1990), influenciada pelas contribuições de Etzioni (1975).
Segundo a corrente normativa, o comprometimento é visto como o conjunto de
pressões normativas, internalizadas para que o indivíduo se comporte de acordo com os
objetivos e metas da organização. O enfoque normativo procura trabalhar o plano
organizacional por meio da análise da cultura e do lado individual, por meio dos processos
motivacionais. Parte do pressuposto de que o comportamento do indivíduo é conduzido de
acordo com o conjunto de normas que ele assume internamente.
Wiener e Vardi (1990) defendem que a cultura organizacional é capaz de atuar
junto aos empregados com o intuito de envolvê-los nos ideais da organização, permanecendo
esta influência estável no corpo dos funcionários. É importante destacar que esta adesão vai
depender dos valores e normas partilhados e do que os membros acreditam ser a conduta ética
e moral.
2.3.4 O Enfoque das Três Dimensões de Meyer e Allen
Para Meyer e Allen, o constructo comprometimento organizacional possui três
dimensões: afetiva, instrumental e normativa, e não apenas uma como conceitualizado
18
inicialmente por alguns pesquisadores, a exemplo de Becker (1960) com o comprometimento
instrumental e Mowday, Steers e Porter (1979) com o comprometimento afetivo.
Assim, a conceitualização do comprometimento organizacional em três dimensões
(afetivo, instrumental e normativo), decorreu da análise de variância (ANOVA) realizada por
Meyer e Allen (1991), na qual eles concluíram que as escalas propostas por Ritzer-Trice e
Hrebiniak-Alluto não mediam o comprometimento instrumental, conceitualizado por Becker
(1960), pois apresentava maior correlação com o componente afetivo. Baseado nisso,
desenvolveram dois questionários, um para medir o comprometimento afetivo, Affective
Commitment Scale (ACS), e outro para medir o comprometimento instrumental, Continuance
Commitment Scale (CCS).
Mais tarde, McGee e Ford (1987), aplicando as escalas desenvolvidas por Meyer e
Allen (1991), utilizando a análise fatorial, verificaram o surgimento de uma nova dimensão do
comprometimento, denominada normativa, composta de itens que refletiam o sacrifício
pessoal do empregado na hipótese de deixar a organização.
A conceitualização da dimensão normativa está apoiada no trabalho de Wiener
(1982). Dessa forma, Meyer e Allen (1990) incorporaram a nova dimensão e conceitualizaram
o comprometimento organizacional em função das três dimensões:
• Comprometimento como apego afetivo com a organização.
• Comprometimento percebido em função dos custos associados a deixar a organização.
• Comprometimento como obrigação de permanecer na organização.
Meyer e Allen (1990, p.3) caracterizam os três tipos de vínculos entre indivíduos
e organização da seguinte forma: empregados com forte comprometimento afetivo
permanecem na organização, porque eles querem; aqueles com comprometimento
instrumental permanecem porque eles precisam; e aqueles com comprometimento normativo
permanecem porque eles sentem que são obrigados.
Segundo os autores, estes três tipos de bases estariam presentes no vínculo
indivíduo-organização, porém com intensidades diferenciadas.
Assim, no decorrer dos últimos anos, uma atenção especial passou a ser dada
pelos pesquisadores do comprometimento organizacional à validação do instrumento de
diagnóstico e, conseqüentemente, do modelo de conceitualização de três componentes do
comprometimento organizacional desenvolvido por Meyer e Allen (Allen e Meyer, 1990,
1996; Meyer e Allen, 1984, 1991, 1997; Meyer, Allen e Smith, 1993).
19
Inúmeras pesquisas realizadas internacionalmente utilizaram esse modelo de
conceitualização de três componentes do comprometimento organizacional para diagnosticar
o comprometimento e tentar encontrar antecedentes e conseqüentes a ele (Jaros, Jermier,
Koehler e Sincich, 1993; Somers, 1995; Cohen, 1996; Magazine, Williams e Williams, 1996;
Jaros, 1997; Ko, Price e Mueller, 1997; Peyrat-Guillard, 2002). No Brasil o instrumento
passou a ser freqüentemente utilizado, a partir da validação realizada por Medeiros, em 1997
(Medeiros e Enders, 1997, 1998a, 1998b; Medeiros et al., 1999; Ricco, 1998, Bandeira, 1999;
Rocha e Bastos, 1999).
2.3.5 O Modelo de Conceitualização de O’Reilly e Chatman
Outro modelo de conceitualização do comprometimento de caráter
multidimensional é o proposto por O’Reilly e Chatman (1986). Esse modelo foi uma tentativa
de operacionalização da teoria proposta por Kelman, em 1958, que foi o primeiro autor a
estabelecer o comprometimento em componentes diferentes, distinguindo o vínculo
psicológico de um indivíduo com a organização em três bases independentes: compliance
(submissão) ou envolvimento instrumental, motivado por recompensas extrínsecas;
identification (identificação), ou envolvimento baseado em um desejo de afiliação; e,
internalization (internalização), ou envolvimento causado pela congruência entre os valores
individuais e organizacionais.
Assim como as recomendações feitas por Meyer e Allen (1997), de que a
dimensionalidade do comprometimento merece mais estudos, O’Reilly e Chatman (1986)
também consideram que maiores investigações são necessárias, não só com relação ao modelo
por eles proposto como também da dimensionalidade do comprometimento.
2.3.6 O Modelo de Conceitualização criado por Medeiros
Ao utilizarem o instrumento de Meyer, Allen e Smith (1993), Medeiros (1997) e
Medeiros e Enders (1998b, p.84) apontaram indícios da presença de diversos componentes do
comprometimento organizacional, afirmando o seguinte:
“É importante também para futuros estudos a procura por novas dimensões que possam existir no comprometimento organizacional, como já citamos nesse trabalho; acreditamos que possa existir uma nova dimensão latente no comprometimento, ligada a um componente de vínculo emocional entre o indivíduo e sua organização”.
20
Esse quarto componente é chamado de afiliativo, e denota um sentimento de fazer
parte, sendo comprovadamente diferente do comprometimento afetivo.
Assim, Medeiros (2003) buscou reexaminar os modelos teóricos de
conceitualização do comprometimento organizacional, buscando estabelecer as dimensões
que fazem parte do constructo para o contexto cultural brasileiro. O autor, em sua pesquisa,
procurou unificar a conceitualização multidimensional do comprometimento, reunindo os
modelos de Meyer e Allen (1991) e de O’Reilly e Chatman (1986), tendo como ponto de
apoio os resultados obtidos pelas pesquisas de Medeiros (1997) Medeiros et al. (1999) e
Medeiros e Enders (1999).
Como resultado dessa revisão teórica, foram construídos 30 indicadores,
compreendendo o comprometimento afetivo, afiliativo, instrumental e normativo, cumprindo-
se assim, uma demanda da literatura de que os indicadores devem se ajustar melhor as teorias
do comprometimento.
2.4 COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAL
Como mencionado anteriormente, para alguns teóricos em comprometimento
organizacional, a cultura organizacional é um importante antecedente do comprometimento
(Meyer e Allen, 1991).
Entre os trabalhos que realizaram a vinculação entre cultura e comprometimento
organizacional, a nível internacional, estão os de Lok e Crawford (1999, 2001 e 2004). Para
esses autores, o conceito de comprometimento organizacional tem sido examinado
extensivamente na literatura organizacional, porém, o seu relacionamento com a cultura
organizacional, e as subculturas tem recebido pouca atenção. Assim, realizaram em 1999 e
2001, pesquisas com enfermeiras em um grande número de hospitais de grande porte para
investigar o relacionamento entre as percepções dos empregados sobre cultura organizacional
e subcultura, e satisfação do trabalho e comprometimento. Os resultados de suas pesquisas
sugeriram aos gerentes um foco maior nas subculturas organizacionais para gerar grande
comprometimento entre os empregados. Em 2004, esses mesmos autores realizaram um
estudo para examinar os efeitos da cultura organizacional e do estilo de liderança na
satisfação do trabalho e no comprometimento organizacional em amostras envolvendo
gerentes de Hong Kong e Austrália. Para as amostras em conjunto, a cultura inovadora e a
21
cultura de suporte, e um considerado estilo de liderança, teve efeito positivo tanto na
satisfação quanto no comprometimento.
Outro trabalho que merece destaque é o de Silverthorne (2004) que estudou o
impacto da cultura organizacional e do ajuste pessoas-organização no comprometimento
organizacional e na satisfação do trabalho. A pesquisa revelou que o envolvimento em uma
organização que tem cultura organizacional burocrática resulta em baixos níveis de satisfação
do trabalho e comprometimento organizacional. Na cultura inovadora esse nível melhora,
enquanto que a cultura de suporte tem o maior nível de satisfação dos empregados e
comprometimento organizacional. Essa pesquisa, assim como as demais citadas, indicam o
importante papel que a cultura organizacional exerce no nível de satisfação do trabalho e no
comprometimento com a organização.
Entre os trabalhos que realizaram a vinculação entre cultura e comprometimento
organizacional, a nível nacional, está o de Borges et al. (2004), no qual foi desenvolvido uma
pesquisa empírica, sob uma perspectiva psicossocial, em uma biblioteca universitária, tendo
como objetivo explorar de que forma a variabilidade do comprometimento dos empregados
no trabalho estava sustentada em aspectos da estrutura da organização e do comportamento
organizacional (motivação, valores organizacionais, satisfação, significado do trabalho).
Percebeu-se que dificuldades motivacionais, insatisfações relacionadas a salário e promoções,
cultura organizacional frágil, diversidade de vínculos empregatícios e ausência de um plano
de carreira atualizado não permitiam as atitudes comprometidas se concretizarem no
comportamento organizacional dos participantes das amostras de estudo.
Outro trabalho que faz a vinculação é o de Mota e Fossa (2005), no qual se
realizou um trabalho que teve como objetivo compreender a natureza do comprometimento
organizacional e identificar seus fatores determinantes em uma empresa familiar, do ramo de
metalurgia, devido a necessidade que o estrategista organizacional tem em conhecer a
ideologia central empresarial, sobretudo das micros e pequenas empresas, muito presentes na
conjuntura sócio-econômica brasileira. Os resultados apontaram uma predominância na
empresa em estudo do comprometimento de natureza afetiva e a existência de um espírito de
família concretizado, através de eventos de integração, de comunicação informal e de
benefícios sociais concedidos pela empresa.
Naves e Coleta (2003) realizaram uma pesquisa semelhante a que esse presente
estudo pretende fazer, buscando analisar a relação dos tipos de cultura organizacional
presentes em algumas empresas hoteleiras com a natureza do vínculo estabelecido entre
indivíduo e organização. Para trabalhar com a Cultura, as autoras utilizaram a teoria dos
22
Deuses da Administração de Handy (1994), instrumentalizado por Gomide Jr. e Martins
(1997). Já para trabalhar com o comprometimento organizacional, utilizaram o modelo das
três dimensões de Meyer e Allen (1991), aproveitando o instrumento validado por Medeiros
(1997). Os resultados indicaram a existência de relação dos tipos de cultura (clube, função,
tarefa e pessoa) com os tipos de comprometimento (afetivo, instrumental e normativo), sendo
a cultura de função o principal preditor do comprometimento normativo e instrumental, e a
cultura de tarefa o principal preditor do comprometimento afetivo.
O presente estudo, diferentemente do estudo de Naves e Coleta, buscou tratar o
comprometimento no modelo de quatro dimensões (afetivo, afiliativo, instrumental e
normativo), utilizando-se o instrumento criado por Medeiros (2003), e relacioná-lo à cultura
organizacional (grupal, inovadora, racional e hierárquica), utilizando-se o instrumento
padronizado por Cameron e Quinn (1996).
23
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Conforme visto no capítulo anterior, a presente pesquisa encontra-se
fundamentada em conhecimentos já desenvolvidos com relação ao tema na literatura
especializada, porém, é necessário também adotar uma metodologia de pesquisa coerente,
permitindo assim que o pesquisador atinja os objetivos do estudo.
Assim, neste capítulo será apresentada a metodologia adotada, sendo
caracterizados os aspectos metodológicos, tais como o tipo de pesquisa, a população estudada,
os instrumentos utilizados para a coleta de dados sobre cultura e comprometimento
organizacional, e enfim, a maneira como os dados foram processados e analisados.
Com as informações levantadas procurou-se, além de traçar o perfil da cultura
organizacional do hotel pesquisado, identificar o tipo de comprometimento que os
funcionários apresentam com relação à organização, buscando assim, uma relação entre a
cultura organizacional e o comprometimento apresentado.
Espera-se que estes dados ofereçam informações relevantes, que permitam aos
gerentes não apenas do setor hoteleiro, mas de empresas em geral, entender como a cultura
organizacional pode estimular o comprometimento, influenciando positivamente no
desempenho organizacional.
3.1 TIPO DE PESQUISA
A pesquisa foi definida quanto aos objetivos e aos procedimentos de coleta,
conforme explanações a seguir.
Quanto os objetivos, o estudo proposto caracteriza-se como exploratório, por se
tratar de abordagem pouco estudada, apresentando-se também como um estudo descritivo e
correlacional, pois procura descrever os perfis culturais do Soleil Suíte Hotel, e a relação com
24
o comprometimento organizacional, levando em consideração, as características pessoais e
profissionais dos respondentes.
Segundo Vergara (1997, p.47), “as investigações exploratórias são realizadas em
área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistemático. Por sua natureza de sondagem,
não comporta hipótese que, todavia poderão surgir durante ou ao final da pesquisa”. Para
Richardson (1985, p. 26), enquadram-se como “Estudos exploratórios, quando não se tem
informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno” e “Estudos descritivos,
quando se deseja descrever as características de um fenômeno”. Segundo Santos (2002, p.
26), a caracterização das pesquisas exploratórias é definida como: “Explorar é tipicamente a
primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou
fenômeno”.
De acordo com Cervo e Bervian (1996, p. 49), “a pesquisa descritiva observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.
Busca descobrir, de maneira precisa, a freqüência com que um fenômeno ocorre, a
forma como se relaciona e se conecta a outros, sua natureza e características.
Procura conhecer as mais variadas situações e relações presentes na vida social,
política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo de
maneira isolada como de grupos e comunidades mais complexas.
De acordo com Sampiere et al. (1991), o estudo correlacional tem como propósito
medir o grau de relação existente entre dois ou mais conceitos ou variáveis.
Quanto aos procedimentos de coleta, trata-se de um levantamento (survey). As
pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo
significativo de pessoas acerca do problema estudado, para em seguida, mediante análise
quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
De acordo com Vergara (1998, p.48), universo “é um conjunto de elementos
(empresa, produtos, pessoas) que possuem as características que serão objetos de estudo”,
enquanto que amostra “é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério
de representatividade”.
25
Para Bussab e Morettin (2006), população “é o conjunto de todos os elementos ou
resultados sob investigação”, enquanto que, para esses mesmos autores, amostra “é qualquer
subconjunto da população”.
Para o desenvolvimento do presente estudo, foram entrevistados 30 funcionários,
os quais constituem a população do Soleil Suíte Hotel. Essa empresa hoteleira foi escolhida
por acessibilidade e por se enquadrar dentro do contexto que se desejava investigar.
Essa pesquisa não utilizou amostra, tratando-se, portanto, de um censo. Conforme
Bolfarine e Bussab (2005), o que diferencia censo de amostra é o número de unidades
entrevistadas: no censo, são todas, e na amostra, uma parte. Esses autores recomendam a
utilização do censo em casos onde, por exemplo, a população é pequena e os custos são
baixos. Já a amostra é recomendada quando a população é muito grande e/ou o custo, tanto
em dinheiro quanto em tempo, para coletar as informações é alto.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O trabalho consistiu, fundamentalmente, em identificar os tipos de cultura
organizacional que predizem cada uma das dimensões do comprometimento organizacional.
A cultura organizacional foi caracterizada como sendo a variável independente,
enquanto que o comprometimento organizacional e as suas quatro dimensões (afetiva,
afiliativa, normativa e instrumental) se caracterizaram como sendo a variável dependente.
O instrumento utilizado para coletar os dados desta pesquisa referente à cultura
organizacional foi feita com dados obtidos através de um questionário padronizado por
Cameron e Quinn (1996), já aplicado por diversos estudos, com as adaptações para a
organização em questão. Já com relação ao comprometimento, foi utilizado o instrumento
criado por Medeiros (2003), a partir de uma revisão teórica dos modelos teóricos de
conceitualização do comprometimento organizacional.
Assim, estruturou-se um questionário composto por três partes, de acordo com o
anexo:
1ª) A primeira parte envolvendo a coleta de dados pessoais e profissionais do
entrevistado (questões 1 a 6);
2ª) A segunda parte sendo formada por um conjunto de 24 proposições
competitivas, capazes de gerar os perfis culturais na perspectiva do entrevistado, ou seja, o
Organizational Culture Assesment Instrument (OCAI) que operacionaliza o Modelo dos
Valores Competitivos, representando os elementos do perfil cultural atual e ideal do tipo
26
Grupal, Inovador, Racional e Hierárquico. Através de seis indicadores, o Organizational
Culture Assesment Instrument, capta dados referentes aos elementos do perfil cultural da
organização, a saber: 1) características dominantes; 2) liderança organizacional; 3)
gerenciamento de pessoas; 4) união organizacional; 5) ênfase estratégica e 6) critérios de
sucesso. Cada indicador apresenta quatro afirmações, cada uma representando um elemento
específico do perfil cultural: A = Grupal; B = Inovadora; C = Racional; e D = Hierárquica.
Para cada indicador existem quatro alternativas, nas quais o respondente teve que classificar
em 1º, 2º, 3º e 4º por ordem de preferência, não se permitindo a repetência da classificação.
As afirmações classificadas pelos respondentes como 1º, receberam nota 4, como 2º, nota 3,
como 3º, nota 2, e como 4º, nota 1. A nota 4 representa a alternativa mais similar a realidade
do hotel, enquanto a nota 1, a menos similar. Assim, as atribuições de nota para as afirmações
resultaram em 10 pontos divididos entre A, B, C e D dependendo do nível de similaridade de
cada afirmação para a organização em questão. A exigência de que o somatório totalize 10
pontos serve para operacionalizar a competição dos valores, que é o elemento essencial do
modelo adotado, onde, por exemplo, se o respondente dá mais valor a uma afirmação dos
indicadores por julgá-la ser a mais representativa da cultura de sua organização, as outras
afirmações competem pelos valores restantes. Como a soma das notas atribuídas equivale a
10, isso significa que uma cultura organizacional igualmente representada pelos quatro
elementos analisados traria como resultado um valor médio geral de 2,5 para cada um dos
quatro tipos. Sabendo disso, foram considerados predominantes os tipos de cultura que
apresentaram valores superiores a 2,5. Tal procedimento foi aplicado tanto com relação à
situação atual do hotel, como em relação à situação percebida como a ideal.
3ª) A terceira parte apresentando um conjunto de 30 afirmações, sendo as seis
primeiras (1 a 6) indicadores de comprometimento afetivo, as oito seguintes (7 a 14)
indicadores de comprometimento afiliativo, outras sete (15 a 21) indicadores de
comprometimento instrumental e as nove últimas (22 a 30) indicadores de comprometimento
normativo. Para estas afirmações, utilizou-se uma escala de Likert com cinco opções de
resposta: de 1 = discordo completamente a 5 = concordo completamente. Para identificar a
natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e organização, foram somadas as pontuações
obtidas em cada dimensão do comprometimento e divididas pelo número de afirmações
contidas em cada tipo de dimensão.
27
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados busca estabelecer critérios de ordem e de classificação, para
que os dados possam ser analisados.
Conforme Vergara (2000, p. 59), existem duas maneiras de tratar os dados,
podendo ser de forma quantitativa, ou seja, utilizando-se de procedimentos estatísticos, que
podem ser paramétricos ou não-paramétricos; ou de forma qualitativa, codificando-os e
apresentando-os de maneira mais estruturada e finalmente, analisando-os. Conforme esta
mesma autora é possível também analisar os dados quantitativa e qualitativamente em um
mesmo estudo, utilizando, por exemplo, estatística descritiva para dar suporte a uma
interpretação subjetiva ou para desencadeá-la.
Os dados coletados foram analisados quantitativamente, visando apresentar
resposta aos objetivos gerais e específicos, todos relevantes ao problema de pesquisa.
O objetivo geral foi respondido por meio da análise e interpretação das respostas
dos objetivos específicos, nos quais foram utilizados procedimentos e técnicas estatísticas,
conforme a natureza da questão de pesquisa e a forma de medir as variáveis. O Quadro 3.1 a
seguir mostra informações sobre como cada objetivo específico foi analisado.
Quadro 3.1 – Quadro de Análise
Objetivos Forma de Análise
Análise do perfil dos membros
organizacionais.
Análise de Correspondência (técnica estatística
exploratória e descritiva).
Identificação dos tipos de cultura
Organizacional.
Soma das pontuações obtidas em cada
quadrante cultural e divisão por 6 (número de
questões para cada tipo cultural).
Compreensão da natureza do vínculo
estabelecido entre indivíduo e
organização.
Soma das pontuações obtidas em cada
dimensão do comprometimento e divisão pelo
número de questões para cada tipo de dimensão.
Demonstração da relação entre cultura e
comprometimento na organização.
Análise de Regressão Simples e Correlação de
Pearson.
Através do quadro, é possível observar que: foi realizada uma análise de
correspondência, no intuito de obter o perfil dos membros organizacionais e uma expectativa
28
com relação aos perfis culturais (tomando como base a cultura considerada por cada
funcionário como sendo a predominante); que as respostas dos funcionários foram avaliadas
através de uma média aritmética, com o objetivo de identificar o tipo de cultura
organizacional predominante no hotel, bem como o tipo de vínculo estabelecido entre
indivíduo e organização; e que foi aplicada a correlação de Pearson e uma análise de
regressão simples, para explicar a relação da variável dependente (comprometimento) com a
variável independente (cultura).
A análise de correspondência é uma técnica estatística multivariada de caráter
exploratório e descritivo, utilizada para a análise de dados categóricos, que visa a analisar
tabelas de contingência com um grande número de variáveis (Aranha et al., 2004). Ou seja, é
uma técnica adequada para analisar tabelas de duas entradas ou tabelas de múltiplas entradas,
levando em conta algumas medidas de correspondência entre linhas e colunas. Este método
permite estudar as relações e semelhanças existentes entre as categorias de linhas e entre as
categorias de colunas de uma tabela de contingência.
Para Stevenson (1981, p. 341), a análise de correlação e regressão é uma análise
de dados amostrais cujo objetivo é saber como e se duas ou mais variáveis estão relacionadas
umas com as outras, dentro de uma população. A análise de correlação gera um número que
resume o grau de relacionamento entre duas variáveis, enquanto que a análise de regressão
tem como resultado uma equação matemática que descreve o relacionamento, que pode ser
utilizada para “estimar ou predizer” valores futuros de uma variável quando se conhecem ou
se supõem conhecidos valores da outra variável.
O objetivo ao calcular o coeficiente de correlação é determinar se há algum
relacionamento estatístico entre as variáveis analisadas. Em um intervalo de -1 a +1, o
coeficiente de correlação linear (r) de Pearson pode assumir qualquer valor, e quanto mais
próximo de zero mais fraca é a correlação (BRAULE, 2001).
Segundo Stevenson (1981, p. 373), “o valor de r pode ser enganoso”. Para ele,
uma medida estatística mais significativa seria o coeficiente de determinação (r2). Horngren,
Foster e Datar (2004, p. 326) afirmam que “o método da análise de regressão calcula uma
medida de aderência, o coeficiente de determinação”. O r2 indica a porcentagem de variação
de uma variável que é explicada estatisticamente pela variação na outra variável.
Assim, a regressão linear simples obtém uma equação matemática que expressa o
relacionamento entre a variável dependente (resposta) e as independentes (explicativas,
preditoras), possibilitando a realização de previsões (como as mudanças nos valores das
variáveis independente influenciam a variável dependente).
29
Os programas de computação utilizados para apoiar a análise dos dados e o
emprego das técnicas estatísticas foram o Microsoft Excel e o SPSS (Statistical Package for
Social Science).
30
Capítulo 4
Resultados da Pesquisa
Neste capítulo será apresentada a análise dos dados obtidos através da pesquisa
censitária realizada junto aos funcionários do Soleil Suíte Hotel através de questionários,
assim como a interpretação de seus resultados, tomando como base a pesquisa bibliográfica
realizada. Após uma caracterização do Soleil Suíte Hotel e de seus funcionários, serão
apresentados o perfil cultural do hotel, o comprometimento desenvolvido pelos funcionários,
e por fim, a análise da relação entre cultura e comprometimento.
4.1 Descrição do Soleil Suíte Hotel
Esta parte mostra a caracterização do Soleil Suíte Hotel, sendo feita de acordo
com algumas variáveis, entre elas: sexo, faixa etária, tempo de serviço, renda mensal, estado
civil e escolaridade.
Através da análise de correspondência foi possível estudar as relações e
semelhanças existentes entre as categorias de linhas (perfis dos funcionários) e entre as
categorias de colunas (perfis culturais) de uma tabela de contingência.
Tabela 4.1 – Sexo dos Funcionários
Perfis Culturais Sexo
Grupal Hierárquica Inovadora Racional Total
4 1 2 5 Masculino
33,33% 8,33% 16,67% 41,67% 12 40%
7 1 3 7 Feminino
38,89% 5,56% 16,67% 38,89% 18 60%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Conforme demonstrado na Tabela 4.1, 60% dos entrevistados são mulheres e 40%
são homens. A tabela mostra que 41,67% dos funcionários do sexo masculino identificam no
31
hotel a predominância da Cultura Racional e outros 33,33% da Cultura Grupal. Esse
equilíbrio entre essas duas culturas está mais evidente entre os funcionários do sexo feminino,
onde 38,89% reconhecem a Cultura Grupal como sendo a predominante e outros 38,89 % a
Cultura Racional.
Tabela 4.2 – Faixa Etária dos Funcionários
Perfis Culturais Idade
Grupal Hierárquica Inovadora Racional Total
3 0 0 5 21 a 25 anos
37,50% 0,00% 0,00% 62,50% 8 27%
4 1 3 2 26 a 30 anos
40,00% 10,00% 30,00% 20,00% 10 33%
1 1 1 3 31 a 35 anos
16,67% 16,67% 16,67% 50,00% 6 20%
2 0 0 2 36 a 40 anos
50,00% 0,00% 0,00% 50,00% 4 13%
1 0 1 0 41 a 45 anos
50,00% 0,00% 50,00% 0,00% 2 7%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
A Tabela 4.2 mostra que os percentuais maiores são das pessoas que se situam na
faixa de 26 a 30 anos (33%), sendo seguidos de perto por aqueles que se encontram na faixa
de 21 a 25 anos (27%); logo após, vem o grupo que se concentra na faixa de 31 a 35 anos
(20%); o grupo na faixa de 36 a 40 anos (13%); e por último, o grupo com percentual menor,
na faixa de 41 a 45 anos (7%). Conforme pode ser visto na tabela, nos três primeiros grupos,
onde se concentram a maioria dos funcionários, 62,50% dos funcionários com idade entre 21
a 25 anos apontam a predominância da Cultura Racional e 37,50% da Cultura Grupal. Entre
os funcionários com idade entre 26 a 30 anos, 40% identificam uma presença maior da
Cultura Grupal e outros 30% da Cultura Inovadora. Por fim, no grupo de funcionários com
idade entre 31 a 35 anos, 50% acreditam na predominância da Cultura Racional.
Tabela 4.3 – Tempo de Serviço dos Funcionários
Perfis Culturais Tempo de Serviço Grupal Hierárquica Inovadora Racional
Total
5 0 3 1 Menos de 1 ano
55,56% 0,00% 33,33% 11,11% 9 30%
6 1 2 10 1 a 5 anos
31,58% 5,26% 10,53% 52,63% 19 63%
0 1 0 1 6 a 10 anos
0,00% 50,00% 0,00% 50,00% 2 7%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
32
Segundo a Tabela 4.3, o grupo com percentual maior são das pessoas que
possuem tempo de serviço no hotel entre 1 e 5 anos (63%); tendo mais abaixo o grupo com
tempo de serviço inferior a 1 ano (30%); e por fim, o grupo com menor percentual, mas que
possui o maior tempo de serviço no hotel, de 6 a 10 anos (7%). De acordo com a tabela,
55,56% dos funcionários com tempo de serviço inferior a 1 ano percebem a Cultura Grupal
como sendo a mais presente, enquanto outros 33,33% acreditam que a mais presente é a
Cultura Inovadora. No grupo de funcionários com tempo de serviço entre 1 a 5 anos, 52,63%
afirmam ser a Cultura Racional a dominante, enquanto que outros 31,58% afirmam ser a
Cultura Grupal.
Em termos de renda mensal dos entrevistados, não foi necessário representar os
resultados por meio de tabela, pois todos afirmaram possuir renda em torno de 1 a 3 salários
mínimos.
Tabela 4.4 – Estado Civil dos Funcionários
Perfis Culturais Estado Civil
Grupal Hierárquica Inovadora Racional Total
3 1 2 7 Casado
23,08% 7,69% 15,38% 53,85% 13 43%
1 0 0 0 Divorciado
100,00% 0,00% 0,00% 0,00% 1 3%
1 0 0 1 Outro
50,00% 0,00% 0,00% 50,00% 2 7%
6 1 3 4 Solteiro
42,86% 7,14% 21,43% 28,57% 14 47%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
A Tabela 4.4 revela que 47% dos entrevistados são solteiros; 43% são casados;
3% são divorciados; e 7% se enquadram em outro tipo de estado civil. Segundo a tabela,
53,85% dos funcionários casados concordam com a predominância da Cultura Racional, ao
passo que outros 23,08% entendem ser a Cultura Grupal a mais predominante. No grupo de
funcionários solteiros, ocorre o inverso, 42,86% acreditam em um ambiente mais
caracterizado pela Cultura Grupal, 28,57% pela Cultura Racional, e outros 21,43% pela
Cultura Inovadora.
33
Tabela 4.5 – Escolaridade dos Funcionários
Perfis Culturais Escolaridade
Grupal Hierárquica Inovadora Racional Total
4 1 2 4 2º Grau Incompleto 36,36% 9,09% 18,18% 36,36%
11 37%
2 1 2 4 2º Grau Completo 22,22% 11,11% 22,22% 44,44%
9 30%
2 0 0 3 Superior Incompleto 40,00% 0,00% 0,00% 60,00%
5 17%
2 0 1 1 Superior Completo 50,00% 0,00% 25,00% 25,00%
4 13%
1 0 0 0 Curso Técnico
100,00% 0,00% 0,00% 0,00% 1 3%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Através da análise da Tabela 4.5, percebe-se que os grupos com maiores
percentuais são aqueles nas quais as pessoas possuem 2º grau incompleto (37%) e 2º grau
completo (30%); logo após vem os grupos que apresentam curso superior incompleto (17%) e
curso superior completo (13%); e por fim, o grupo com percentual menor, representado por
pessoas com curso técnico (3%). Assim, é possível observar que a maioria dos funcionários
possui nível de instrução relativamente baixo (67%). Porém, a empresa oferece treinamento
como oportunidade de desenvolvimento, reconhecendo a necessidade de qualificar os seus
funcionários e investir no seu desenvolvimento profissional, até mesmo em função da
carência do setor por mão-de-obra qualificada.
Através da tabela, percebe-se que 36,36% dos funcionários com 2º grau
incompleto identificam a predominância da Cultura Grupal e outros 36,36% da Cultura
Racional. Entre os funcionários com 2º grau completo, 44,44% identificam a Cultura
Racional como sendo a mais presente, 22,22% a Cultura Grupal, e outros 22,22% a Cultura
Inovadora. Nos funcionários com curso superior incompleto, 60% apontam a Cultura
Racional como predominante e os 40% restantes a Cultura Grupal. Nos funcionários com
curso superior completo, 50% acreditam na Cultura Grupal e outros 50% dividem-se
igualmente entre a Cultura Inovadora e a Cultura Racional.
Tabela 4.6 – Perfil Geral dos Funcionários
Perfis Culturais Grupal Hierárquica Inovadora Racional
Total
11 2 5 12 30 36,67% 6,67% 16,67% 40,00% 100%
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
34
Através de uma análise geral do perfil dos funcionários por meio das variáveis
descritas anteriormente, é possível perceber uma correspondência dos mesmos com relação
aos perfis culturais, de modo que, conforme pode ser visto na Tabela 4.6, 40% dos
funcionários acreditam estar em um ambiente com um perfil voltado para a Cultura Racional,
36,67% para a Cultura Grupal, 16,67% para a Cultura Inovadora e 6,67% para a Cultura
Hierárquica.
A Cultura Grupal e a Cultura Racional, mais presentes nessa análise, de uma
maneira equilibrada, são culturas cujos perfis se opõem. Enquanto a primeira promove um
ambiente flexível com foco no ambiente interno, a segunda promove um ambiente de controle
com foco no ambiente externo. Se essa expectativa encontrada nessa análise inicial
envolvendo os perfis dos funcionários se comprovar nas análises seguintes sobre o perfil
cultural identificado no hotel, isso pode significar que enquanto uma cultura favorecer
determinada dimensão do comprometimento, a outra irá desfavorecer essa mesma dimensão.
4.2 Descrição da Cultura Organizacional
Este tópico revela os perfis atuais e ideais da cultura organizacional, na visão dos
funcionários. Para tanto, utilizou-se o modelo dos valores competitivos desenvolvido por
Cameron e Quinn, conforme explicado anteriormente no capítulo 3.
O modelo utilizado na pesquisa avaliou a cultura organizacional através de seis
dimensões: 1) Características Dominantes; 2) Liderança Organizacional; 3)Gerenciamento
de Pessoas e Equipes; 4) União Organizacional; 5) Ênfase Estratégica; e 6) Critérios de
Sucesso. A tabela 4.7, logo abaixo, apresenta a situação atual e ideal dessas dimensões, por
meio de seus valores-médios, e mais a seguir, encontram-se as análises dos mesmos.
Como a soma dos valores distribuídos para os quatro perfis culturais equivale a
10, isso significa que uma cultura organizacional igualmente representada pelos quatro
elementos analisados apontaria, como resultado do equilíbrio, um valor médio geral de 2,5
para cada um dos quatro perfis. Como esse equilíbrio não aconteceu, foram considerados
predominantes apenas os perfis culturais que apresentaram valores-médios superiores a 2,5.
Esse procedimento de análise foi utilizado tanto com relação ao perfil cultural atual do hotel,
como em relação ao perfil percebido como o ideal.
35
Tabela 4.7 – Valor Médio dos Tipos de Cultura Organizacional do Hotel nas Diferentes
Dimensões Culturais
Tipos de Cultura Organizacional
Grupal Inovadora Racional Hierárquica Dimensões da Cultura
Organizacional
Atual Ideal Atual Ideal Atual Ideal Atual Ideal
Características Dominantes 2,53 3,13 2,70 2,70 2,63 2,43 2,13 1,73
Liderança Organizacional 2,83 3,20 3,00 2,40 2,53 2,07 1,63 2,33
Gerenc. de Pessoas e Equipes 2,57 3,53 2,40 2,57 2,53 1,87 2,50 2,03
União Organizacional 2,67 3,03 2,63 2,87 2,53 2,23 2,17 1,87
Ênfase Estratégica 2,50 3,37 2,73 2,97 2,63 1,83 2,13 1,83
Critérios de Sucesso 2,87 2,87 2,57 2,97 2,40 2,07 2,17 2,10
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Os tipos culturais foram avaliados pelos funcionários numa escala de 1 a 4, sendo 4 o que mais representa a cultura do hotel. ** Os valores acima de 2,5, que representam as culturas predominantes, estão destacados em negrito.
As Características Dominantes da organização representam como a organização
se caracteriza de uma maneira geral. Conforme a Tabela 4.7, no Soleil Suíte Hotel predomina
na situação atual as características relativas à Cultura Inovadora, que recebeu um valor médio
de 2,70. As Culturas Racional e Grupal também receberam certo destaque, com valores
médios iguais a, respectivamente, 2,63 e 2,53. Já a Cultura Hierárquica se apresenta em
menor intensidade com um valor médio de 2,13. Esses valores demonstram que as
Características Dominantes do hotel são regidas pela flexibilidade no ambiente interno e
externo (Grupal e Inovadora) e pela estabilidade e controle no ambiente externo (Racional).
Com relação à situação percebida como ideal para as Características Dominantes
pelos funcionários do hotel, constata-se um desejo de aumentar a ênfase na Cultura Grupal,
que passa do valor médio de 2,53 para 3,13. Como o modelo cultural utilizado no estudo trata
de valores competitivos, à medida que um tipo de cultura aumenta, as outras diminuem. Com
exceção da Cultura Inovadora, que se manteve com o mesmo valor médio, houve uma
redução considerável dos valores ideais das Culturas Racional e Hierárquica. Assim, houve
uma alteração nas culturas dominantes, prevalecendo a Cultura Grupal e Inovadora
(respectivamente, 3,13 e 2,70). Com isso, na situação ideal, as Características Dominantes do
hotel apresentam flexibilidade e dinamismo, principalmente no ambiente interno (Grupal) e
também no ambiente externo (Inovadora). A preocupação com estabilidade e controle no
36
ambiente externo (Racional) já não é uma característica predominante, como no caso da
situação atual.
A dimensão Liderança Organizacional revela o estilo e a abordagem de liderança
presente na organização. Na situação atual, prevalece o perfil de liderança referente à Cultura
Inovadora, com média 3,00. Na seqüência, também existe a presença significativa do perfil da
Cultura Grupal, que apresenta média 2,83, seguida do perfil da Cultura Racional, com média
2,53. Novamente, a Cultura Hierárquica recebeu valor médio inferior a 2,5 (1,63),
influenciando pouco na liderança. Nesse sentido, pode-se dizer que a Liderança
Organizacional praticada no hotel incentiva a inovação e a criatividade (Inovadora), além da
participação, do trabalho em equipe (Grupal), e de um certo direcionamento para se alcançar
metas e resultados por meio de competitividade (Racional).
Na situação ideal, a Liderança Organizacional preferida pelos funcionários é a
caracterizada pela Cultura Grupal que passa de um valor médio de 2,83 para 3,20. As
Culturas Inovadora e Racional deixam de ser predominantes, apresentando valores-médios
inferiores a 2,50. Apesar de um aumento da Cultura Hierárquica, ainda não é o suficiente
para se tornar tão predominante. Como resultado, a liderança continua com ênfase no
consenso e na colaboração (Grupal), oferecendo um pouco menos de liberdade individual
(Inovadora) e de rigidez e controle no alcance de metas e resultados (Racional).
A dimensão Gerenciamento de Pessoas e Equipes corresponde à maneira como os
funcionários são tratados e como se caracteriza o ambiente de trabalho. Na situação atual do
Soleil Suíte Hotel, os valores da Cultura Grupal, Racional e Hierárquica nessa dimensão
estão bem próximos, com média, respectivamente de 2,57, 2,53, e 2,50. A Cultura Inovadora
apresenta valor de 2,40, sendo a menos predominante. Dessa forma, a gestão de pessoas no
hotel prioriza o trabalho em equipe e a participação (Grupal), seguidos pela ênfase em
competitividade e no cumprimento de metas (Racional) e, ainda, pela estabilidade e segurança
no emprego (Hierárquica).
Na situação ideal, os funcionários vislumbram valores maiores para a Cultura
Grupal (3,53), a Cultura Inovadora (2,57) e menores para as Culturas Racional (1,87) e
Hierárquica (2,03). Assim, dissemina-se a participação, a colaboração, a criatividade e a
liberdade individual, focando a flexibilidade e diferenciação interna (Grupal) e externa
(Inovadora).
A dimensão União Organizacional se relaciona aos mecanismos ou vínculos que
mantêm a organização em harmonia. Nessa dimensão, as características mais presentes são as
das Culturas Grupal e Inovadora, com média, respectivamente de 2,67 e 2,63. Também se
37
destacam os valores da Cultura Racional, com média de 2,53. A Cultura Hierárquica aparece
como a menos predominante, com um valor médio de apenas 2,17. Por meio desses dados,
entende-se que atualmente os funcionários do hotel consideram importantes para manter a
organização unida, essencialmente, valores como lealdade e confiança (Grupal), o
comprometimento com a experimentação, a inovação e o desenvolvimento (Inovadora), e a
preocupação em atingir metas, enfatizando sempre a vitória (Racional).
Na situação ideal da dimensão União Organizacional, observa-se um desejo de
aumentar as Culturas Grupal e Inovadora, que passam, respectivamente, de médias 2,67 e
2,63 para médias 3,03 e 2,87. Esse desejo dos funcionários repercute em uma diminuição das
Culturas Racional e Hierárquica, dando pouca representatividade as mesmas. De qualquer
forma, a ênfase em valores como lealdade e confiança, possibilitando que as pessoas
compartilhem suas experiências pessoais e profissionais (Grupal), e criatividade e inovação,
possibilitando que as pessoas sempre mudem para melhorar (Inovadora) continuam sendo os
responsáveis pela coesão organizacional interna e externa.
A dimensão Ênfase Estratégica determina as áreas que merecem uma maior
atenção para garantir o direcionamento da estratégia da organização. Os valores que mais
orientam a estratégia do Soleil Suíte Hotel, na visão dos funcionários, fazem parte das
Culturas Inovadora (2,73) e Racional (2,63). Em seguida, aparecem os não menos
importantes valores da Cultura Grupal (2,50). Já a Cultura Hierárquica recebeu um valor
médio de 2,13, não sendo muito representativo. Esses dados demonstram que o hotel foca
suas estratégias sobre os benefícios que podem ser obtidos através do crescimento rápido e da
aquisição de novos recursos (Inovadora), através de ações competitivas e do alcance de alvos
e metas mensuráveis (Racional), e bem como, da participação, confiança e desenvolvimento
dos colaboradores (Grupal).
Na situação ideal, percebe-se mais uma vez o desejo de aumentar as Culturas
Grupal e Inovadora, que teriam valores-médios 3,37 e 2,97, respectivamente. E mais uma
vez, tal desejo dos funcionários provoca a diminuição das Culturas Racional (1,83) e
Hierárquica (1,83), dando pouco grau de significância as mesmas. Assim, conforme os
funcionários do hotel, a Ênfase Estratégica deve focalizar principalmente o desenvolvimento
das pessoas que compõem a organização (Grupal), incentivando-as a enfrentar novos desafios
e a experimentar coisas novas para a melhoria da empresa (Inovadora).
Os Critérios de Sucesso determinam como a vitória é definida na organização e o
que deve ser recompensado e celebrado. Observa-se a predominância da Cultura Grupal
(2,87), seguida pela Cultura Inovadora (2,57). As Culturas Racional e Hierárquica
38
receberam valores médios inferiores a 2,50. Portanto, pode-se dizer que o sucesso no Soleil
Suíte Hotel é definido em termos de sensibilidade ao cliente e preocupação com os
empregados (Grupal); e de obtenção de exclusividade e de novos produtos e serviços
(Inovadora).
Na situação ideal, observa-se que a Cultura Grupal (2,87) se mantém com o
mesmo valor, enquanto a Cultura Inovadora (2,97) aumenta, ultrapassando-a. As Culturas
Racional (2,07) e Hierárquica (2,10) diminuem mais ainda. Esses resultados demonstram
que, para os funcionários do hotel, o sucesso das organizações está intimamente relacionado
com a sua capacidade de se flexibilizar, tanto no ambiente interno quanto no ambiente
externo, dando ênfase ao desenvolvimento das pessoas (Grupal) e a liderança de produtos ou
serviços (Inovadora).
Assim, a análise da Tabela 4.7 aponta na situação atual, a predominância das
Culturas Grupal, Inovadora e Racional, e na situação ideal, a predominância apenas das
Culturas Grupal e Inovadora, uma vez que esses tipos culturais foram os que mais receberam
valores superiores a 2,50 na maioria das seis dimensões da cultura organizacional.
Na Tabela 4.8 a seguir, é possível obter o mesmo tipo de conclusão através da
análise do perfil cultural atual e ideal do Soleil Suíte Hotel, por meio do valor médio geral (já
englobando todas as seis dimensões) e respectivo desvio-padrão de cada tipo de cultura.
Tabela 4.8 – Valor Médio Geral dos Tipos de Cultura Organizacional do Hotel
Hoje Ideal Tipos de Cultura Organizacional Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão
Grupal 2,66 0,60 3,19 0,50
Inovadora 2,67 0,46 2,74 0,36
Racional 2,54 0,57 2,08 0,45
Hierárquica 2,12 0,46 1,98 0,44
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Os tipos culturais foram avaliados pelos funcionários numa escala de 1 a 4, sendo 4 o que mais representa a cultura do hotel. ** Os valores acima de 2,5, que representam as culturas predominantes, estão destacados em negrito.
De acordo com a Tabela 4.8, os valores médios revelam uma cultura
organizacional, ou seja, um conjunto de crenças e valores predominantes hoje no Soleil Suíte
Hotel, caracterizado pelas Culturas Inovadora (2,67), Grupal (2,66) e Racional (2,54),
havendo uma representação menos significativa dos elementos da Cultura Hierárquica (2,12).
Assim, observa-se que, atualmente, há um certo equilíbrio entre esses perfis culturais,
havendo uma tendência mais acentuada para as Culturas Inovadora e Grupal.
39
Na situação ideal, fica evidente uma forte tendência do hotel de aumentar de um
perfil caracterizado como Grupal e Inovador para um perfil cultural ainda mais Grupal,
acompanhado de um acréscimo também da Cultura Inovadora, ou seja, um ambiente ainda
mais flexível e dinâmico. Assim, esse desejo manifestado pelos funcionários do hotel, em
aumentar as características das Culturas Grupal (3,19) e Inovadora (2,74), levaria a uma
queda dos elementos das Culturas Racional (2,08) e Hierárquica (1,98), dando a elas um
caráter pouco expressivo.
A seguir, nas Figuras 4.1 e 4.2, essas duas situações descritas (atual e ideal),
podem ser visualizadas e percebidas com maior clareza.
Figura 4.1 – Perfil Atual da Cultura Organizacional
FONTE: Dados da pesquisa, 2008.
Conforme pode ser visto na Figura 4.1, a Cultura Grupal e a Cultura Inovadora,
predominam na situação atual. Essas duas culturas são caracterizadas pela flexibilidade e
dinamismo, ambas, respectivamente, com foco interno (visando a integração dos
funcionários) e externo (procurando diferenciar produtos e serviços). Já a Cultura Racional,
fica um pouco atrás, mas também com um certo grau de predominância, e apesar de possuir
foco externo como a Cultura Inovadora, se caracteriza por um rígido controle das ações,
40
orientando-as para uma maior obtenção dos resultados (como por exemplo, penetração de
mercado, liderança e preços competitivos). A Cultura Hierárquica foi a única que não
demonstrou predominância, caracterizando assim, um ambiente interno sem muitos
procedimentos formais regendo as ações das pessoas. Isto indica que o hotel atualmente
orienta suas ações visando os ambientes interno e externo, propiciando uma situação na qual
favorece o desenvolvimento conjunto de seus recursos humanos, encorajando-os a inovar na
prestação dos serviços.
Figura 4.2 – Perfil Ideal da Cultura Organizacional
FONTE: Dados da pesquisa, 2008.
Através de uma análise comparativa das Figuras 4.1 e 4.2, é possível observar as
diferenças entre os perfis atual e ideal. Essas diferenças podem ser entendidas como as
mudanças na cultura organizacional, desejadas de uma maneira geral, pelos funcionários do
Soleil Suíte Hotel. Sabendo disso, percebe-se na Figura 4.2 uma tendência de continuar
trabalhando com a Cultura Grupal, dando ênfase ao trabalho em equipe, a participação e a
colaboração, e com a Cultura Inovadora, favorecendo a iniciativa, a liberdade individual, e
por fim, a criatividade, ao passo que diminui consideravelmente o controle rígido, e mais
41
ainda os procedimentos formais, ambos proporcionados, respectivamente, pelas Culturas
Racional e Hierárquica.
4.3 Descrição do Comprometimento Organizacional
O comprometimento organizacional foi avaliado por meio de um instrumento
criado por Medeiros (2003), a partir de uma revisão teórica dos modelos teóricos de
conceitualização do comprometimento organizacional. Através desse instrumento, os
funcionários do Soleil Suíte Hotel avaliavam os 30 indicadores do comprometimento, numa
escala Likert de 1 a 5, na qual 1 correspondente a “discordo completamente” e 5 a “concordo
completamente”. A Tabela 4.9 ilustra os valores médios dos indicadores do comprometimento
organizacional do hotel.
Conforme a tabela, dos 30 indicadores, 8 receberam valores médios entre 4,00 e
5,00, representando uma avaliação positiva em termos de concordância.
O indicador do comprometimento em que o hotel recebeu melhor avaliação foi
sobre a obrigação em desempenhar bem a função na empresa (Enfoque Normativo), com
média 4,53, que se enquadra num nível de concordância positivo entre “em parte” e
“totalmente”.
O segundo melhor índice relaciona-se ao comprometimento do funcionário na
busca de atingir os objetivos da empresa (Enfoque Normativo), com média de 4,30, seguido
pela sensação de fazer parte do grupo (Enfoque Afiliativo), que apresentou valor médio de
4,27. Em quarto lugar, com média de 4,23, encontra-se o esforço para que a empresa tenha os
melhores resultados possíveis (Enfoque Normativo).
Os outros quatro indicadores que receberam valores médios superiores a 4,00,
enquadrando-se numa avaliação positiva sobre seus níveis de comprometimento, foram os que
tratam sobre: o esforço demasiado por parte do funcionário para que a empresa atinja seus
objetivos (Enfoque Afetivo); o reconhecimento pelo funcionário de que a organização valoriza
os bons princípios (Enfoque Afetivo); a admissão de que para se manter na empresa, o
funcionário procura fazer sempre o que é esperado dele (Enfoque Instrumental); e a
preocupação do funcionário em não transgredir as regras, no intuito de manter o emprego
(Enfoque Instrumental).
Foram identificados 15 indicadores com médias entre 3,50 e 4,00, enquadrando-se
em um nível de concordância parcial. Entre esses 15 indicadores: dois são Afetivos; seis são
Afiliativos; um é Instrumental; e seis são Normativos.
42
Tabela 4.9 – Valor Médio dos Indicadores do Comprometimento do Hotel
Indicadores do Comprometimento Organizacional MédiaDesvio-Padrão
AFE – Eu me identifico com a filosofia desta organização. 3,37 1,35 AFE – Eu concordo com as práticas adotadas pela minha organização. 3,20 1,33 AFE – Eu acredito nos valores e objetivos desta organização. 3,67 1,22 AFE – Eu sempre me esforço demasiadamente para que a empresa atinja seus objetivos. 4,20 1,17 AFE – Eu gostaria de trabalhar nesta empresa por muitos anos. 3,93 1,12 AFE – Esta organização valoriza os bons princípios. 4,10 1,01 AFI – Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. 4,27 0,96 AFI – Eu realmente sinto que nesta empresa somos uma grande família. 3,30 1,29 AFI – Sinto que sou plenamente integrado a esta empresa. 3,63 1,20 AFI – Se um dia vier a deixar esta empresa sentirei bastante saudade daqui. 3,67 1,47 AFI – Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa. 3,70 1,32 AFI – Tenho uma imensa satisfação em fazer parte desta empresa. 3,93 1,24 AFI – Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de trabalho. 3,83 1,37 AFI – Sou reconhecido por todos na empresa como um membro do grupo. 3,67 1,58 INS – Para me manter na empresa, procuro sempre fazer o que é esperado de mim. 4,03 1,54 INS – Procuro não transgredir as regras aqui, pois assim sempre manterei meu emprego. 4,00 1,39 INS – Importante é fazer sempre o trabalho solicitado, não adianta ficar querendo mostrar resultados.
3,60 1,31
INS – Se todos fizessem sempre o necessário não haveria demissões na empresa. 3,50 1,57 INS – Não gostaria de deixar minha empresa, já investi bastante da minha vida aqui. 3,03 1,20 INS – Acredito que esta empresa me dá benefícios que dificilmente encontraria em outro trabalho.
2,97 1,11
INS – Esta empresa me dá muitos benefícios que compensam trabalhar aqui. 3,13 1,33 NOR – Empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas. 3,93 1,39 NOR – Uma das coisas mais importantes na empresa é cumprir suas normas e regulamentos. 3,97 1,40 NOR – O bom desempenho na empresa é uma decorrência de sempre se respeitar suas regras. 3,97 1,08 NOR – Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa. 4,30 1,19 NOR – O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores resultados possíveis.
4,23 1,26
NOR – Todo empregado deve dedicar-se de corpo e alma a sua empresa. 3,60 1,36 NOR – Eu me sinto culpado se não consigo realizar bem minhas tarefas. 3,70 1,29 NOR – Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função na empresa. 4,53 1,09 NOR – Eu me sinto obrigado a fazer as coisas cada vez melhores aqui na empresa. 3,87 1,45
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Os indicadores foram avaliados pelos funcionários do hotel na seguinte escala: discordo completamente = 1; discordo em parte = 2; nem concordo, nem discordo = 3; concordo em parte = 4; e concordo completamente = 5. ** AFE – Indicadores de comprometimento afetivo; AFI – Indicadores de comprometimento afiliativo; INS – Indicadores de comprometimento instrumental; NOR – Indicadores de comprometimento normativo.
O indicador que recebeu a pior avaliação, não havendo concordância nem
discordância, foi o que se refere à crença de que a empresa oferece benefícios que
dificilmente seriam encontrados em outro trabalho (Enfoque Instrumental), com média igual a
2,97.
43
A segunda menor média, 3,03, foi apresentada pelo indicador que afirma o desejo
do funcionário em não deixar a empresa, por já ter investido bastante de sua vida nela
(Enfoque Instrumental). O terceiro índice mais baixo, 3,13, foi atribuído ao indicador que
afirma que a empresa oferece benefícios que compensam trabalhar nela (Enfoque
Instrumental).
Outros quatro indicadores com média inferior ou igual a 3,50, não implicando em
concordância ou discordância, são: a concordância com as práticas adotadas pela organização
(Enfoque Afetivo); o sentimento de que na empresa se forma uma grande família (Enfoque
Afiliativo); a identificação com a filosofia da organização (Enfoque Afetivo); e a crença de que
demissões podem ser evitadas, caso todos façam o necessário (Enfoque Instrumental).
Assim, a análise da Tabela 4.9 aponta uma avaliação positiva em termos de
concordância dos indicadores da dimensão do Comprometimento Normativo. Também com
uma avaliação positiva, porém menos acentuada, encontram-se os indicadores do
Comprometimento Afiliativo e Afetivo. Apenas os indicadores do Comprometimento
Instrumental não apresentaram um alto grau de concordância, o que não implicou também em
discordância.
Na Tabela 4.10 a seguir, é possível obter o mesmo tipo de conclusão através da
análise do valor médio geral (englobando todos os indicadores) e respectivo desvio-padrão de
cada dimensão do comprometimento percebida no hotel.
Tabela 4.10 – Valor Médio das Dimensões do Comprometimento do Hotel
Dimensões do Comprometimento Média Desvio Padrão
Afetivo 3,74 0,87 Afiliativo 3,75 0,98
Instrumental 3,47 0,93 Normativo 4,01 0,94
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Os indicadores foram avaliados pelos funcionários do hotel na seguinte escala: discordo completamente = 1; discordo em parte = 2; nem concordo, nem discordo = 3; concordo em parte = 4; e concordo completamente = 5.
A dimensão do comprometimento que apresentou índice mais elevado no hotel
pesquisado foi a Normativa, com média igual a 4,01, que se enquadra e um nível de
concordância entre parcial e total. A segunda melhor avaliação foi atribuída à dimensão
Afiliativa, com média de 3,75, seguida da dimensão Afetiva, com média 3,74, onde ambas se
aproximam de um nível de concordância parcial. A dimensão com menor valor foi a
44
Instrumental, com média 3,47, mais próxima do ponto onde nem se concorda e nem se
discorda, do que do ponto de concordância parcial.
A dimensão Normativa apresenta indicadores elevados, que reunidos, denotam
bem o sentimento de obrigação por parte dos funcionários em buscar atingir os objetivos
organizacionais, bem como os melhores resultados para o hotel.
A dimensão Afiliativa, através dos bons índices observados com relação aos seus
indicadores, denota um sentimento de fazer parte, fruto dos vínculos nas relações sociais do
hotel, obtidas através de técnicas e cerimônias que tornam público o estado de ser um membro
da organização e que favorecem a coesão do grupo.
Já a dimensão Afetiva, apresentando índice muito próximo da dimensão Afiliativa,
denota o envolvimento dos funcionários causado pela congruência entre os valores individuais
e organizacionais. Ou seja, trata-se de uma internalização, por parte dos funcionários, dos
valores apresentados pelo hotel, obtida quando estes valores são coerentes com aquilo que os
indivíduos valorizam ou consideram como desejável.
Ressalta-se que se sentir parte de uma organização é diferente de introjectar
características e valores organizacionais, o que por sua vez, distingue bem a dimensão
Afiliativa da dimensão Afetiva.
A dimensão Instrumental não demonstrou índices altos como os demais, o que
indica que o envolvimento do indivíduo com a organização, bem como a sua permanência não
é conseqüência de uma análise de custos e benefícios associados a sua saída.
Através de uma visão geral, entende-se que enquanto a dimensão Afetiva
proporciona a espontaneidade nas ações dos indivíduos, levando-os a se comprometer e se
esforçar consideravelmente pela organização simplesmente por gostar da mesma, a dimensão
Afiliativa proporciona a integração desses esforços, uma vez que todos passam a se sentir
parte do grupo. Em meio a isso, a dimensão Normativa sustenta tanto o vínculo Afetivo
quanto o vínculo Afiliativo, oferecendo suporte através das regras, normas e procedimentos
estabelecidos pela empresa.
4.4 Relações entre Cultura e Comprometimento Organizacional
Para identificar os tipos de cultura organizacional que se relacionam e predizem
cada uma das dimensões do comprometimento organizacional, utilizou-se a técnica estatística
de correlação de Pearson e a análise de regressão simples. Os resultados dessas análises
podem ser observados nas Tabelas 4.11 e 4.12, logo a seguir.
45
Tabela 4.11 – Coeficientes de Correlação dos Quatro Perfis Culturais com as Quatro
Dimensões do Comprometimento Organizacional
Correlação de Pearson
Grupal Inovadora Racional Hierárquica
0,367* 0,522** - 0,467** - 0,413* Afetivo
P=0,046 P=0,003 P=0,009 P=0,023 0,552** 0,389* - 0,606** -0,35
Afiliativo P=0,002 P=0,034 P=0,000 P=0,058 0,505** 0,371* - 0,610** -0,268
Instrumental P=0,004 P=0,043 P=0,000 P=0,153 0,493** 0,228 - 0,533** -0,206
Normativo P=0,006 P=0,225 P=0,002 P=0,274
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Correlação é significante ao nível de 0,05. ** Correlação é significante ao nível de 0,01.
A correlação (entre cultura e comprometimento) é positiva quando os fenômenos
variam no mesmo sentido, e negativa quando os fenômenos variam em sentido inverso. Ou
seja, caso uma cultura X tenha uma relação positiva com um comprometimento Y, sempre
que houver uma variação em termos de acréscimo da cultura X, o comprometimento Y
acompanhará a mesma variação e aumentará. Já no caso de uma relação negativa, sempre que
se aumentar a cultura X, diminuirá o comprometimento Y. Sabendo disso, com base na
Tabela 4.11, têm-se os seguintes resultados:
A dimensão Afetiva do comprometimento apresentou uma relação positiva com as
Culturas Inovadora e Grupal, e negativa com as Culturas Racional e Hierárquica.
A dimensão Afiliativa do comprometimento apresentou uma relação positiva com
as Culturas Grupal e Inovadora, e negativa com a Cultura Racional. Essa dimensão não
apresentou relação estatisticamente significativa com a Cultura Hierárquica.
A dimensão Instrumental do comprometimento apresentou uma relação positiva
com as Culturas Grupal e Inovadora, e negativa com a Cultura Racional. Essa dimensão
também não apresentou relação estatisticamente significativa com a Cultura Hierárquica.
A dimensão Normativa do comprometimento apresentou uma relação positiva
com a Cultura Grupal, e negativa com a Cultura Racional. Essa dimensão não apresentou
relação significativa com as Culturas Inovadora e Hierárquica.
46
Tabela 4.12 – Resultado da Análise de Regressão Simples para as Quatro Dimensões do
Comprometimento
Variável Dependente Variável Independente Coeficiente Sig. (P-valor) R2
Grupal 0,528* 0,047 0,102
Inovadora 0,989** 0,003 0,245
Racional -0,709** 0,009 0,190 Afetivo
Hierárquica -0,771* 0,024 0,138
Grupal 0,899** 0,002 0,279
Inovadora 0,833* 0,034 0,121
Racional -1,036** 0,000 0,345 Afiliativo
Hierárquica -0,741 0,058 0,091
Grupal 0,783** 0,004 0,229
Inovadora 0,757* 0,043 0,107
Racional -0,991** 0,000 0,350 Instrumental
Hierárquica -0,540 0,152 0,039
Grupal 0,771** 0,006 0,216
Inovadora 0,471 0,224 0,018
Racional -0,876** 0,002 0,259 Normativo
Hierárquica -0,418 0,276 0,008
FONTE: Dados da pesquisa, 2008. * Significante ao nível de 0,05. ** Significante ao nível de 0,01.
Enquanto o coeficiente de correlação determina se há algum relacionamento
estatístico (positivo ou negativo) entre as variáveis analisadas (cultura e comprometimento), a
regressão linear simples expressa o relacionamento entre essas variáveis indicando a
porcentagem de variação de uma variável que é explicada estatisticamente pela variação na
outra variável. Sabendo disso, e com base na Tabela 4.12, têm-se os seguintes resultados:
A dimensão Afetiva do comprometimento apresentou uma relação causal positiva
com as Culturas Inovadora e Grupal, ambas explicando, respectivamente, 24,5% e 10,2%
dessa dimensão; e negativa com as Culturas Racional e Hierárquica, ambas explicando,
respectivamente, 19,0% e 13,8% da dimensão. Assim, estatisticamente, a relação mais
significativa foi a apresentada pela Cultura Inovadora com a dimensão Afetiva.
A dimensão Afiliativa do comprometimento apresentou uma relação causal
positiva com as Culturas Grupal e Inovadora, ambas explicando, respectivamente, 27,9% e
12,1% dessa dimensão; e negativa com a Cultura Racional, explicando 34,5% da dimensão.
Essa dimensão não apresentou relação estatisticamente significativa com a Cultura
Hierárquica. Com isso, apenas a Cultura Grupal e a Cultura Racional contribuíram com uma
significação elevada nesse relacionamento.
47
A dimensão Instrumental do comprometimento apresentou uma relação causal
positiva com as Culturas Grupal e Inovadora, ambas explicando, respectivamente, 22,9% e
10,7% dessa dimensão; e negativa com a Cultura Racional, explicando 35,0% da dimensão.
Essa dimensão não apresentou relação estatisticamente significativa com a Cultura
Hierárquica. Dessa forma, novamente apenas as Culturas Grupal e Racional apresentaram
um relacionamento significativo.
A dimensão Normativa do comprometimento apresentou uma relação causal
positiva com a Cultura Grupal, explicando 21,6% dessa dimensão; e negativa com a Cultura
Racional, explicando 25,9% da dimensão, onde ambas as relações demonstraram ser
significativas. Essa dimensão não apresentou relação significativa com as Culturas Inovadora
e Hierárquica.
Com exceção da dimensão Afetiva que foi explicada mais consistentemente pela
Cultura Inovadora, as demais dimensões do comprometimento apresentaram relações
significativas apenas com as Culturas Grupal e Racional. Enquanto a Cultura Grupal
apresentou relação positiva com essas dimensões, a Cultura Racional apresentou relação
negativa.
Isso acontece por que, como explicado anteriormente, no tópico 2.2 com o auxílio
da Figura 2.1, e na análise final do tópico 4.1, cada tipo de cultura tem um outro perfil que lhe
é extremamente oposto. Assim, enquanto a Cultura Grupal, com ênfase na flexibilidade e
foco no ambiente interno, favorece as dimensões Afiliativa, Instrumental e Normativa; a
Cultura Racional, com ênfase no controle e no direcionamento para o ambiente externo,
contrasta com a Cultura Grupal, desfavorecendo tais dimensões do comprometimento.
48
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Este capítulo traz uma síntese da dissertação, apresentando um resumo da
justificativa, da pesquisa bibliográfica, da metodologia da pesquisa e dos resultados obtidos.
O capítulo traz também uma análise crítica sobre o trabalho, uma avaliação de suas
limitações, apontando direções e fazendo recomendações para o desenvolvimento de novos
trabalhos. Por fim, realiza as considerações finais.
A estrutura está disposta em tópicos da seguinte forma: justificativa, pesquisa
bibliográfica, metodologia da pesquisa, resultados da pesquisa, análise crítica do trabalho,
limitações do trabalho, direções da pesquisa, recomendações e conclusões.
5.1 Síntese da Justificativa
Na justificativa, é revelado que para alguns teóricos em comprometimento
organizacional, a cultura organizacional é um importante antecedente do comprometimento,
exercendo o papel de produzir membros organizacionais mais comprometidos, influenciando
no comportamento, à medida que se criam padrões e que são internalizados pelos indivíduos,
o que, por sua vez, demonstra a importância para uma organização em identificar os tipos de
cultura organizacional percebidos pelos funcionários e sua relação com a natureza do
comprometimento organizacional por eles desenvolvido.
Em seguida, é evidenciado que a vinculação entre comprometimento e cultura
organizacional ainda é um campo de pesquisa pouco explorado, necessitando de maiores
estudos. Pesquisas em artigos internacionais apontam apenas 18 artigos fazendo a relação dos
dois temas. No âmbito nacional, entre 214 trabalhos encontrados em anais de congressos e
revistas científicas, apenas 03 destes estudam essa relação.
Assim, justificou-se o presente estudo, com o objetivo de contribuir para esta área
do conhecimento, procurando identificar a existência de possíveis relações dos tipos de
49
cultura organizacional com a natureza do comprometimento organizacional no Soleil Suíte
Hotel, localizado na cidade de Natal, RN.
5.2 Síntese da Pesquisa Bibliográfica
A revisão da literatura desta pesquisa procurou esclarecer através da exposição
dos conhecimentos constantes na literatura especializada, evidências de relações do
comprometimento com a cultura organizacional.
Primeiramente, expôs alguns conceitos e o histórico sobre a cultura
organizacional, seguido da apresentação de suas principais teorias e modelos já aplicados, que
no caso deste trabalho, teve como instrumento aplicado o modelo de tipologia cultural de
Quinn, também conhecido como Modelo dos Valores Competitivos.
Em seguida foram apresentados conceitos sobre o comprometimento
organizacional, inclusive suas teorias e modelos multidimensionais, como o enfoque das três
dimensões de Meyer e Allen, o modelo de conceitualização de O’Reilly e Chatman e o
modelo de conceitualização criado por Medeiros, que foi o modelo utilizado neste trabalho.
Por fim, foram apresentados alguns dos poucos trabalhos nacionais e
internacionais que evidenciaram as relações do comprometimento com a cultura
organizacional, comprovando o seu papel como importante antecedente do comprometimento.
5.3 Síntese da Metodologia da Pesquisa
Quanto os objetivos, o estudo proposto caracterizou-se como exploratório, por se
tratar de abordagem pouco estudada, apresentando-se também como um estudo descritivo e
correlacional, à medida que teve como intenção, descrever os perfis culturais do Soleil Suíte
Hotel, bem como a relação desses perfis com o comprometimento organizacional.
Quanto aos procedimentos de coleta, caracterizou-se como um levantamento
(survey), havendo interrogação direta sobre informações a um grupo significativo de pessoas
envolvidas com o problema que se buscou conhecer.
Assim, realizou-se um censo com 30 funcionários, representando a população
total do Soleil Suíte Hotel. Os critérios utilizados para a escolha dessa empresa hoteleira,
foram: acessibilidade e enquadramento dentro do contexto que se desejava investigar.
50
A coleta de dados referente à cultura organizacional foi realizada através de um
questionário padronizado por Cameron e Quinn (1996), já aplicado por diversos estudos;
enquanto que os dados com relação ao comprometimento foram obtidos por meio de um
instrumento criado por Medeiros (2003), a partir de uma revisão teórica dos modelos teóricos
de conceitualização do comprometimento organizacional.
A cultura organizacional foi caracterizada como variável independente, enquanto
que o comprometimento organizacional e as suas quatro dimensões (afetiva, afiliativa,
normativa e instrumental) se caracterizaram como sendo as variáveis dependentes.
Para obter as conclusões sobre os dados coletados, apresentando resposta aos
objetivos gerais e específicos, mais adiante foi realizada uma análise quantitativa.
A análise e interpretação das respostas dos objetivos específicos, e,
conseqüentemente, do objetivo geral foi possível com o auxílio de procedimentos e técnicas
estatísticas, como por exemplo, a análise de correspondência, média aritmética, a correlação
de Pearson e a análise de regressão simples, de acordo com a natureza da questão de pesquisa
e a forma de medir as variáveis.
5.4 Síntese dos Resultados da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com 30 funcionários do Soleil Suíte Hotel, dentre os
quais, de acordo com o sexo, observou-se que 60,0% da população são mulheres e 40,0% são
homens. A faixa etária predominante entre os funcionários é de 21 a 30 anos, representando
60% da população, enquanto que os outros 40% representam a faixa etária entre 31 a 45 anos.
Com relação ao tempo de serviço no hotel, 63,0% dos funcionários possui tempo de atuação
no período de 1 a 5 anos; 30,0% possuem menos de 1 ano de atuação; e apenas 7,0% possuem
um maior tempo de atuação, compreendendo um período de 6 a 10 anos. Em termos de renda
mensal, 100% dos funcionários afirmaram possuir renda em torno de 1 a 3 salários mínimos.
Com relação ao estado civil, observou-se que 47,0% da população são solteiros e 43,0% são
casados. Em termos de escolaridade, obteve-se a seguinte distribuição: 37,0% com 2º grau
incompleto; 30,0% com 2º grau completo; 17,0% com 3º grau incompleto; 13,0% com 3º grau
completo; e 3,0% com curso técnico.
Através de uma análise geral do perfil dos funcionários por meio das variáveis
descritas anteriormente, foi possível perceber uma correspondência dos mesmos com relação
aos perfis culturais (baseado na cultura considerada predominante por cada funcionário
individualmente), e obter uma expectativa inicial com relação ao tipo de cultura que mais
51
caracteriza o hotel, de modo que, 40% dos funcionários entenderam que fazem parte de um
ambiente com um perfil voltado para a Cultura Racional, 36,67% para a Cultura Grupal,
16,67% para a Cultura Inovadora e 6,67% para a Cultura Hierárquica.
Para definir os tipos de cultura organizacional, interpretar seus atributos e fazer as
devidas comparações, foi utilizado o consagrado Modelo de Valores Competitivos, já
explicado anteriormente.
Os valores médios indicaram um equilíbrio maior do que se esperava na análise
inicial, mostrando que a cultura organizacional predominante atualmente no hotel, de modo
geral, é caracterizada pela Cultura Inovadora, seguida pela Cultura Grupal. Aparecendo um
pouco mais atrás, porém, também com certa representatividade, a Cultura Racional. Apenas a
Cultura Hierárquica não se mostrou representativa.
Os perfis culturais, considerados ideais pelos funcionários, foram tratados de
forma semelhante ao perfil atual. As diferenças entre os perfis atuais e ideais apontam as
mudanças desejadas na cultura organizacional pelos funcionários do hotel. Observou-se no
perfil ideal, uma forte tendência em aumentar o perfil caracterizado como Grupal para um
perfil mais Grupal ainda, em manter a cultura considerada Inovadora, e em reduzir
significativamente a Cultura Racional, e mais ainda a Cultura Hierárquica.
Para avaliar o comprometimento organizacional, utilizou-se o instrumento criado
por Medeiros (2003), a partir de uma revisão teórica dos modelos teóricos de conceitualização
do comprometimento organizacional.
A dimensão do comprometimento que apresentou índice mais elevado no hotel
pesquisado foi a Normativa. Aparecendo mais atrás, porém com uma boa avaliação, a
dimensão Afiliativa, seguida da dimensão Afetiva. Por fim, a dimensão com menor índice foi
a Instrumental.
Para identificar os tipos de cultura organizacional que se relacionam e predizem
cada uma das dimensões do comprometimento organizacional, foram utilizadas as técnicas
estatísticas de correlação de Pearson e a análise de regressão simples. Como resultado,
obteve-se uma relação causal positiva e significativa da dimensão Afetiva com a Cultura
Inovadora, enquanto que todas as outras dimensões do comprometimento apresentaram
relações estatisticamente significantes apenas com as Culturas Grupal e Racional. Enquanto a
Cultura Grupal apresentou relação causal positiva com essas dimensões, a Cultura Racional
apresentou relação causal inversa.
52
5.5 Análise Crítica do Trabalho
O presente trabalho contribuiu para o enriquecimento do tema “Cultura e
Comprometimento”, uma vez que pouca atenção vem sendo dada a essa vinculação.
Através da pesquisa realizada no Soleil Suíte Hotel, pode-se observar um
ambiente onde os funcionários são participativos, e o desenvolvimento e crescimento pessoal
são valorizados, onde os colaboradores são vistos como humanos de recursos ao invés de
recursos humanos, levando-os a apresentar um maior dinamismo e criatividade em benefício
da empresa. É possível identificar também uma forte tendência de continuar promovendo as
Culturas Grupal e Inovadora, grandes responsáveis por esse ambiente descrito, o que
favoreceria ainda mais o vínculo entre os funcionários e a empresa hoteleira, através das
dimensões do comprometimento Afetivo, Afiliativo e Normativo, influenciando altos índices
de satisfação e desempenho.
5.6 Limitações do Trabalho
Algumas limitações podem surgir na busca para alcançar os objetivos do estudo.
Este estudo apresenta as seguintes limitações:
• A população estudada se situa na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte,
com a sua cultura particular, possivelmente influenciando a cultura da empresa
hoteleira.
• O número de funcionários entrevistados no hotel. Apesar de todos os funcionários
terem participado, os mesmos totalizam apenas 30. Nesse caso, são apenas 30
observações para analisar muitas variáveis compreendendo a relação entre cultura e
comprometimento organizacional. Assim, não há garantias de que outros hotéis, de
pequeno, médio ou grande porte apresentem os mesmos resultados. Por isso, ressalta-
se que os resultados aqui obtidos referem-se apenas ao hotel estudado.
• Com relação aos resultados, conforme Naves e Coleta (2003), é necessário considerar
que a análise obtida deriva de avaliações e percepções dos funcionários da empresa
hoteleira, por meio de suas respostas ao instrumento de avaliação da cultura e do
comprometimento organizacional, o que é diferente de realizar uma análise direta
sobre os métodos, políticas e práticas organizacionais do hotel. Assim como o
53
funcionário avalia os indicadores dos diferentes tipos de cultura no hotel estudado, ele
também avalia a natureza do seu de vínculo.
• É importante salientar que estas relações refletem as percepções dos funcionários,
porém não garantem que sejam as relações mais adequadas para que o hotel atinja seus
objetivos.
Assim, para poder formular teorias mais consistentes, é preciso estudar a relação
da cultura e do comprometimento organizacional em outras empresas, buscando a coerência
entre os resultados.
5.7 Direções da Pesquisa
Tendo como base a análise dos dados e as conclusões obtidas neste estudo, novas
pesquisas podem ser realizadas para identificar a relação entre cultura e comprometimento
organizacional. Entre os estudos, sejam acadêmicos ou profissionais, que poderão ser
realizados, encontram-se:
• Aplicação da pesquisa em organizações com um maior número de funcionários;
• Realização da pesquisa em um maior número de organizações;
• Comparação de pesquisas semelhantes nas diversas regiões brasileiras, visando
conhecer e comparar os perfis culturais e o vínculo estabelecido entre indivíduos e
organização nas diferentes realidades.
5.8 Recomendações
Com base nesta pesquisa, é importante recomendar aos segmentos de mercado
que lidam diretamente ou indiretamente com os meios de hospedagem, e até mesmo as
organizações em geral, sejam elas localizadas em Natal ou nas diversas cidades brasileiras,
que realizem pesquisas utilizando este método e outros, com o objetivo de identificar a cultura
predominante na organização, a natureza do vínculo estabelecido entre indivíduo e
organização, e finalmente, obter uma melhor compreensão da relação entre a cultura
organizacional e o comprometimento dos funcionários percebido na organização, tendo, como
princípio maior, a excelência no desempenho dos serviços oferecidos.
54
5.9 Conclusão
A partir da pesquisa realizada neste presente trabalho, compreendendo as relações
entre a cultura organizacional e o comprometimento dos funcionários do Soleil Suíte Hotel,
pode-se descrever as seguintes conclusões.
A cultura organizacional predominante no hotel é a Cultura Inovadora, seguida
pelas Culturas Grupal e Racional. Esses três tipos culturais predominam na maioria das
dimensões de cultura organizacional analisadas e, conseqüentemente, na média geral do perfil
cultural atual, percebido pelos funcionários do hotel. Há, portanto, um certo equilíbrio entre
esses três perfis culturais, no entanto, com uma tendência mais acentuada para as Culturas
Inovadora e Grupal, o que, por sua vez, é comprovada pela situação considerada como ideal
pelos funcionários, na qual existe a predominância da Cultura Grupal seguida da Inovadora.
Isso significa que o perfil cultural do hotel é caracterizado pelo foco na flexibilidade interna e
externa. No ambiente interno, as pessoas compartilham bastante sobre elas mesmas, como se
fosse uma relação de família, onde o comprometimento é com a participação, a coesão e a
moral, valorizando-se o consenso e o trabalho em equipe. No ambiente externo, há uma
disposição para a ousadia e a tomada de riscos, onde o comprometimento é com a
experimentação, a inovação e o desenvolvimento, valorizando-se o dinamismo e a
criatividade. Ainda no ambiente externo, as pessoas são competitivas e orientadas para atingir
as metas, onde o comprometimento é com a vitória, havendo preocupação com o sucesso e a
reputação. A Cultura Hierárquica está presente em um grau muito baixo, mostrando uma
predominância significativa apenas na dimensão Gerenciamento de Pessoas e Equipes, o que
revela uma certa preocupação do hotel com a segurança do trabalho e a possibilidade de
previsões. Com isso, o Instrumento de Avaliação da Cultura Organizacional de Cameron e
Quinn, aplicado no estudo, mostrou-se bastante útil para diagnosticar a cultura do hotel,
confirmando mais uma vez a sua validade.
O alto índice de avaliação dado a dimensão do comprometimento Normativo,
indica o sentimento de obrigação envolvendo os funcionários na busca dos objetivos
organizacionais, e dos melhores resultados possíveis. Essa dimensão pode oferecer o
sustentáculo, por meio de normas e procedimentos, para as dimensões Afiliativa e Afetiva,
também avaliadas positivamente, fortalecendo a integração dos funcionários por meio das
relações sociais, e fomentando o desejo de cada um em se engajar de maneira efetiva pela
empresa hoteleira. Essa idéia se torna ainda mais relevante, levando-se em conta os índices da
55
dimensão Instrumental que não se apresentaram tão altos como os demais, indicando que o
comprometimento do funcionário com a empresa hoteleira e a sua permanência não é
conseqüência, principalmente, de uma análise de custo-benefício.
A respeito das relações entre os tipos de cultura organizacional e as quatro
dimensões do comprometimento organizacional no hotel estudado, concluiu-se que:
• A Cultura Inovadora está relacionada com a dimensão do comprometimento
organizacional do tipo Afetivo, ou seja, essa cultura proporciona sentimentos de
afetividade do indivíduo em relação à empresa, favorecendo sua permanência e seu
envolvimento com as ações da organização por meio da percepção de que os valores
organizacionais estão em conformidade com seus próprios valores. Assim, esta cultura
promove a iniciativa e a liberdade individual, levando o indivíduo a se esforçar
demasiadamente pela organização.
• A Cultura Grupal está relacionada com a dimensão do comprometimento
organizacional do tipo Afiliativo, ou seja, essa cultura proporciona sentimentos de
afiliação do indivíduo em relação à empresa hoteleira, favorecendo sua permanência e
seu envolvimento com as ações da organização por se sentir reconhecido como parte
do grupo pelos demais membros organizacionais. Assim, nesta cultura, o trabalho em
equipe, a criatividade e a valorização das habilidades humanas são reconhecidas e
recompensadas, levando a uma maior coesão do grupo por meios das relações sociais.
• A Cultura Grupal está relacionada com a dimensão do comprometimento
organizacional do tipo Instrumental, pois à medida que favorece o desenvolvimento
dos colaboradores, os mesmos passam a considerar a análise custo-benefício como
critério para permanência na organização.
• A Cultura Grupal está relacionada com a dimensão do comprometimento
organizacional do tipo Normativo, ou seja, essa cultura proporciona sentimentos de
obrigação no indivíduo em relação à empresa, favorecendo sua permanência e seu
envolvimento com as ações da organização por sentir que deve desempenhar sua
função cada vez melhor, trazendo os melhores resultados possíveis para o hotel.
Assim, esta cultura favorece o desenvolvimento dos colaboradores, levando-os a
respeitar as normas e regulamentos, culminando em um bom desempenho.
• A Cultura Racional apresentou relação inversa com todas as dimensões do
comprometimento, o que diferentemente das Culturas Grupal e Inovadora,
56
desfavorece tais dimensões. Porém, se a tendência observada no perfil ideal da cultura
organizacional for concretizada, conforme apresentado na Figura 4.2, isso acarretará
em uma redução significativa da Cultura Racional e um aumento das Culturas Grupal
e Inovadora, favorecendo, principalmente, as dimensões do comprometimento Afetivo,
Afiliativo e Normativo.
Assim, na empresa hoteleira, onde o acolhimento interfere significativamente no
fluxo de turistas, é imprescindível saber gerenciar o comprometimento dos funcionários,
aproveitando como principal recurso a própria cultura organizacional, compreendendo que a
promoção de uma cultura que favoreça o trabalho em equipe, o desenvolvimento e o
crescimento profissional, assim como, a criatividade e a liberdade individual para
experimentar coisas novas, resulta em um predomínio das dimensões Afetivas, Afiliativas e
Normativas do vínculo indivíduo-organização.
Assim como orientado no estudo de Naves e Coleta (2003), é importante lembrar
que nenhuma investigação a respeito dessa vinculação se encontra concluída em termos
definitivos, sendo necessário aplicar mais pesquisas, e dar mais consistência aos
conhecimentos já obtidos, no intuito de melhorar a satisfação e o desempenho apresentado
pelos funcionários, e conseqüentemente, a qualidade na prestação de serviços oferecidos pelas
empresas hoteleiras e pelas organizações em geral.
57
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65
ANEXOS
66
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA Estudo da Relação Entre
Cultura Organizacional e Comprometimento dos Funcionários
Prezado Funcionário,
Este questionário refere-se a um trabalho acadêmico de conclusão de curso. Pedimos a vossa preciosa colaboração no preenchimento do mesmo, de modo a podermos alcançar melhores resultados.
Informamos que os dados serão tratados com sigilo e, para tanto, você não precisa se identificar. Gostaríamos apenas que você fosse o mais sincero possível.
I – PERFIL DO ENTREVISTADO
1. Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Faixa Etária (em anos) ( ) menos de 20 ( ) 26 a 30 ( ) 36 a 40 ( ) 46 a 50 ( ) 21 a 25 ( ) 31 a 35 ( ) 41 a 45 ( ) acima de 50
3. Tempo de Serviço (em anos) ( ) menos de 1 ( ) 06 a 10 ( ) 16 a 20 ( ) 01 a 05 ( ) 11 a 15 ( ) mais de 20
4. Renda Mensal (salário mínimo) ( ) 1 a 3 ( ) 10 a 12 ( ) 19 a 21 ( ) 4 a 6 ( ) 13 a 15 ( ) acima de 21 ( ) 7 a 9 ( ) 16 a 18
5. Estado Civil
( ) Casado( a ) ( ) Divorciado( a ) ( ) Solteiro( a ) ( ) Viúvo( a ) ( ) Outro_________________________
6. Escolaridade
( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau incompleto ( ) Curso Técnico ( ) 2º grau completo ( ) 3º grau completo ( ) Pós- Graduação
67
II – DADOS AVALIATIVOS
a) Classifique os itens abaixo na ordem que mais caracteriza o hotel (1º, 2º, 3º e 4º) começando pela coluna HOJE (situação atual do hotel) e em seguida a coluna IDEAL(situação que no seu ponto de vista seria a melhor para o hotel). A ordem de prioridade deve ser respeitada, não se permitindo a repetição da classificação na mesma coluna.
EXEMPLO: HOJE IDEAL
A 4 3 B 2 1 C 3 4 D 1 2
1. Características Dominantes HOJE IDEALA O hotel é como se fosse uma família. Meus colegas de trabalho repartem suas
experiências pessoais e as de trabalho.
B O hotel é um lugar que está constantemente mudando. As pessoas estão sempre mudando para melhorar.
C No hotel o trabalho é voltado para o resultado, onde a preocupação principal é terminar a tarefa.
D O hotel é um lugar muito rígido, onde tudo que faço é controlado pelo chefe.
2. Liderança Organizacional HOJE IDEALA Os meus superiores geralmente incentivam meu trabalho.
B Os meus superiores são considerados dinâmicos. Estão sempre tentando inovar para maior sucesso da empresa.
C Os meus superiores estão sempre preocupados em atingir metas e conseguir resultados.
D Os meus superiores são exemplo de organização e eficiência.
3. Gerenciamento das pessoas e equipes HOJE IDEALA A maneira como meu chefe comanda é caracterizada por trabalho de equipe e
participação.
B A maneira como meu chefe comanda é caracterizada por aceitar a liberdade de cada um e o estímulo a fazer coisas na forma que os colaboradores acham melhor.
C A maneira como meu chefe comanda é centrada em atingir resultados e ganhar dos outros hotéis.
D A maneira como meu chefe comanda é mais caracterizada por estabilidade do que por mudanças rápidas.
4. União Organizacional HOJE IDEALA Na minha opinião, o que mantém a empresa unida é a lealdade e a confiança entre
as pessoas, onde todos estão comprometidos com o trabalho.
B Na minha opinião, o que mantém a empresa unida é todos estarem preocupados com o desenvolvimento do hotel, procurando sempre fazer coisas novas.
C Na minha opinião, o que mantém a empresa unida é a preocupação em atingir metas. Tem a ambição de ser o melhor entre os hotéis.
D Na minha opinião, o que mantém a empresa unida é a preocupação em seguir as regras definidas.
68
5. Ênfase Estratégica HOJE IDEALA O hotel incentiva a participação, a confiança e o desenvolvimento dos
colaboradores.
B O hotel incentiva as pessoas a enfrentar novos desafios e experimentar coisas novas para melhoria da empresa.
C O hotel incentiva a competição para aumentar a produtividade e o alcance de resultados.
D O hotel procura a estabilidade e o funcionamento sem transtorno.
6. Critérios de Sucesso HOJE IDEALA Para o hotel, o sucesso é o desenvolvimento das pessoas, o trabalho em equipe e o
comprometimento com o trabalho.
B Para o hotel, o sucesso é ter o melhor produto do mercado.
C Para o hotel, o sucesso é vender sempre mais, ou seja, ser o líder de mercado.
D Para o hotel, o sucesso é ter eficiência, cumprir prazos, seguir a programação sem problemas e produzir a baixos custos.
b) Abaixo se encontram afirmações (declarações) sobre organizações (empresas). Analise cada afirmação e anote o grau em qual ela caracteriza sua empresa.
(1) Discorda completamente. (2) Discorda em parte. (3) Nem concorda, nem discorda. (4) Concorda em parte. (5) Concorda completamente.
1. Eu me identifico com a filosofia desta organização. ( )
2. Eu concordo com as práticas adotadas pela minha organização. ( )
3. Eu acredito nos valores e objetivos desta organização. ( )
4. Eu sempre me esforço demasiadamente para que a empresa atinja seus objetivos. ( )
5. Eu gostaria de trabalhar nesta empresa por muitos anos. ( )
6. Esta organização valoriza os bons princípios. ( )
7. Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. ( )
8. Eu realmente sinto que nesta empresa somos uma grande família. ( )
9. Sinto que sou plenamente integrado a esta empresa. ( )
10. Se um dia vier a deixar esta empresa sentirei bastante saudade daqui. ( )
11. Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa. ( )
12. Tenho uma imensa satisfação em fazer parte desta empresa. ( )
69
13. Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de trabalho. ( )
14. Sou reconhecido por todos na empresa como um membro do grupo. ( )
15. Para me manter na empresa, procuro sempre fazer o que é esperado de mim. ( )
16. Procuro não transgredir as regras aqui, pois assim sempre manterei meu emprego. ( )
17. Importante é fazer sempre o trabalho solicitado, não adianta ficar querendo mostrar resultados. ( )
18. Se todos fizessem sempre o necessário não haveria demissões na empresa. ( )
19. Não gostaria de deixar minha empresa, já investi bastante da minha vida aqui. ( )
20. Acredito que esta empresa me dá benefícios que dificilmente encontraria em outro trabalho. ( )
21. Esta empresa me dá muitos benefícios que compensam trabalhar aqui. ( )
22. Empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas. ( )
23. Uma das coisas mais importantes na empresa é cumprir suas normas e regulamentos. ( )
24. O bom desempenho na empresa é uma decorrência de sempre se respeitar suas regras. ( )
25. Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa. ( )
26. O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores resultados possíveis. ( )
27. Todo empregado deve dedicar-se de corpo e alma a sua empresa. ( )
28. Eu me sinto culpado se não consigo realizar bem minhas tarefas. ( )
29. Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função na empresa. ( )
30. Eu me sinto obrigado a fazer as coisas cada vez melhores aqui na empresa. ( )
Obrigado!