Cultura Medieval e Formação das Monarquias Nacionais
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Cultura medieval e formação das Monarquias nacionais
O SISTEMA FEUDAL
Conceito: modo de produção no qual as relações sociais de produção estão baseadas na servidão; os meios de produção estão nas mãos da classe dominante (nobreza feudal); o trabalho era feito basicamente por servos.
1. Origens do feudalismo
* O feudalismo resultou da fusão de instituições romanas e germânicas;
• Para fugir dos saques dos bárbaros, muitos migraram da cidade para o campo;
• Antigos escravos ou camponeses dependentes foram transformados em colonos (colonato);
2. Características do feudalismo
• Relações servis de produção: o servo devia produzir um excedente ao senhor;
• Atividade econômica básica: agricultura de subsistência; feudo era auto-suficiente;
• Fragmentação do poder • Sociedade estamental, rígida, sem mobilidade
social,dividida em Clero (rezava), Nobres (combatiam) e servos (trabalhavam) e vilões (camponeses semi-livres,não presos à terra);
• Predomínio do teocentrismo.
3. Organização política
• Poder descentralizado (pouco poder dos reis);
• Suserano: senhor que doava o feudo (a terra) a outro senhor ou a um servo, estabelecendo-se relações de vassalagem
(obrigações recíprocas de direitos e deveres);
• Vassalo: quem recebia o feudo;• O rei era o suserano-mor.
4. A Igreja
• Era o poder ideológico: “é vontade de Deus que uns nasçam servos, outros, senhores”;
• Tribunal da Inquisição (S. Ofício) para os hereges ou inimigos da fé;
• Pregação do “preço justo”, para inibir a usura e a ganância;
• “Paz de Deus”: punição para os que violassem igrejas, roubassem os pobres ou injuriassem sacerdotes;
• “Trégua de Deus”: proibição de lutar de 6ª-feira até o amanhecer de 2ª f. e em época de plantio e de colheita.
5. Os servos e suas obrigações
Os servos recebiam a terra à qual ficavam presos e tinham como obrigações:
• Corvéia: trabalho gratuito nas terras do senhor em alguns dias da semana;
• Talha: porcentagem da produção;• Banalidades: tributo para usar moinho, celeiro,
pontes, forno...• Capitação: imposto por membro da família;• Tostão de Pedro: para manutenção da capela;• Mão-morta: na transferência do lote de um
servo falecido a seus herdeiros.
A BAIXA IDADE MÉDIA (SÉC. XI a XV) E AS CRUZADAS
• Baixa Idade Média: período de transição para a Idade Moderna;
• Característica mais importante: declínio e desagregação gradual do feudalismo devido:
** às Cruzadas
** ao Renascimento Comercial e Urbano
1. O fim das invasões e o crescimento populacional
• Término do séc. X: ** fim das invasões => ** melhoria nas colheitas => ** crescimento da população ** excedente econômico => comércio ** novas técnicas de produção => ** revolução agrícola => ** mais aumento populacional
AS CRUZADAS
1. Conceito
• Cruzadas foram expedições militares organizadas pelos cristãos do Ocidente para libertar a Terra Santa dos infiéis (muçulmanos)
2. Causas econômicas
• A busca de riquezas pelos que não tinham direito à herança;
• O desejo de acesso às especiarias;
• A intenção das cidades (Gênova, Veneza, Pisa e outras) de dominar o Mediterrâneo Oriental.
3. Causas religiosas
• Costume de peregrinação à Terra Santa;
• A proibição dos turcos seldjúcidas de os cristãos visitarem a Terra Santa;
• A convocação do Papa Urbano II, no Concílio de Clermont, de retomada da Palestina;
4. As principais cruzadas
• 1ª : a Cruzada dos Cavaleiros (1096-99): tomou Jerusalém e fundou vários reinos cristãos no Oriente;
• 3ª : a Cruzada dos Reis: resultou na paz com o sultão Saladino pela qual os cristãos poderiam visitar Jerusalém;
• 8ª : organizada pelo rei da França Luís IX
5. Conseqüências das Cruzadas
• Terra Santa continuou em mãos dos turcos;
• Aumento do comércio do Oriente com o Ocidente =>
• Renascimento comercial e urbano =>
• Extinção do sistema feudal
• Surgimento da burguesia
RENASCIMENTO COMERCIAL
• Reconquista do comércio do Mediterrâneo com as cruzadas;
• Desenvolvimento do comércio na região de Flandres, nos mares do Norte e Báltico
• Surgimento de rotas terrestres e fluviais ligando o sul e norte da Europa. Nos pontos de encontro criaram-se as Feiras (Champagne (França) e Colônia (Alem.)
• Reaparecimento da moeda, bancos...• Séc. XII: surgimento das hansas ou ligas: (associações
de cidades do N Europeu; ex.: Liga Hanseática (Alem.)
RENASCIMENTO URBANO
• Na Baixa Idade Média surgiram os burgos (cidades) em redor dos castelos dos senhores feudais e outras formas;
• Seus habitantes: a burguesia;• Precárias condições de saúde e higiene;• Cobrança de tributos pelo senhor feudal;• A luta pela independência das cidades
conhecido como movimento comunal;• Comunas: cidades com carta de franquia
As corporações de mercadores e de ofício
• As Corporações de mercadores (guildas) visavam: **o monopólio do comércio local;
** limite ao comércio estrangeiro; **controle dos preços dos produtos;• As Corporações de ofício visavam: ** monopólio de seus ramos de atividade; ** evitar concorrência; ** controlar a qualidade do produto; ** dar assistência social aos associados.• Hierarquia na corporação: mestre, jornaleiro e aprendiz
A CULTURA MEDIEVAL
• Filosofia ** influenciada pelo Cristianismo; ** confunde-se com a teologia; ** S. Agostinho: visão pessimista
em relação à natureza humana ** Escolástica: conciliação entre a
razão e da fé;** S. Tomás de Aquino, o maior escolástico; condena usura;
• Arquitetura: manifestada nas igrejas.
• Estilos arquitetônicos:
** românico (romano): maciço, pesado, de linhas simples, com arcos horizontais, sombrio;
** gótico: leve, gracioso, decorado com pinturas e esculturas, colorido, com altas torres se projetando para o céu.
AS CRISES DO SÉC. XIV NA EUROPA
• A Grande Fome (1315-17) provocada pelas más colheitas e pelo aumento da população; desorganizou a vida urbana;
• A Peste Negra ou Bubônica (1347-50): trazida do Oriente, disseminada pelas más condições de higiene e alimentação.
• A Guerra dos Cem Anos (1337-1453): confronto entre França e Inglaterra.
** causas: disputas pelo trono francês e pela região de Flandres, rica na produção de tecidos;
** efeitos: destruição da agricultura, das feiras e do comércio centro-europeu (ex.: rota de Champagne).
• Rebelião dos servos (Jacqueries): levou à substituição da servidão feudal pelo arrendamento da terra com base no pagamento em dinheiro.
• Crise do escambo (comércio de troca): motivado pelo afluxo de mercadorias do Oriente, pagos com metais preciosos => escassez de metais preciosos para confeccionar as moedas =>necessidade da expansão marítima.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
- FATORES DETERMINANTES
. As Cruzadas
. Renascimento Comercial
. Renascimento Urbano
. Surgimento da burguesia
. Crise do feudalismo e o enfraquecimento dos senhores feudais
. Desintegração da servidão, que sustentava o feudalismo
. Progressos técnicos nos armamentos militares, provocando a decadência da cavalaria
. Surgimento dos exércitos reais ou profissionais
- PRINCIPAIS MONARQUIAS NACIONAIS EUROPÉIAS > PORTUGAL . Fim da Guerra da Reconquista > ESPANHA . Fim da Guerra da Reconquista . Casamento de Isabel e Fernando(Castela e Aragão) > FRANÇA . Guerra dos Cem Anos . Peste Negra > INGLATERRA . Guerra das Duas Rosas (Lancaster x York)
- ABSOLUTISMO MONÁRQUICO . Concentração total dos poderes nas mãos do rei. . O rei era visto como grande árbitro das questões nacionais.
. Luxo e ostentação reforçavam a imagem do rei diante das massas miseráveis.
. Cobrança cada vez maior de tributos, irritando burguesia e
povão. . “casamento” da monarquia com a Igreja Católica.
JUSTIFICATIVAS PARA O ABSOLUTISMO• Nicolau Maquiavel: na obra “O Príncipe”, afirma que os
poderes do rei são ilimitados, desde que seus objetivos sejam a grandeza do Estado. Os fins justificam os meios.
• Thomas Hobbes: na obra “Leviatã”, menciona que é necessário o poder ilimitado do soberano para uma melhor organização e defesa da sociedade. Sem essa autoridade, a sociedade tende ao caos.
• Jacques Bossuet: na obra “Política Segundo a Sagrada Família”, o rei é um representante de Deus na Terra e todos os súditos devem respeitá-lo.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
• Centralização progressiva do poder real com a aliança entre reis e burguesia => surgimento dos Estados Absolutistas Modernos.
• Burguesia tinha interesses mercantis;• Reis tinham interesses políticos;• Equilíbrio instável entre interesses da burguesia
e nobreza. REI + BURGUESIA = ESTADO NACIONAL
+ NOBRES
O ESTADO NACIONAL MODERNO E O ABSOLUTISMO
• Burguesia e reis interessados em destruir poder descentralizado feudal;
• Objetivo: unificar moedas, impostos, leis... visando o Estado Nacional Moderno;
• Conseqüência da centralização: o absolutismo monárquico; rei todo-poderoso confundido com o Estado.
• Características dos Estados Nacionais Modernos:
** formação de um exército nacional;
** imposição da justiça real;
** centralização administrativa;
** unificação das moedas, pesos e medidas e tributos reais;
** instalação de máquina administrativa.
Teóricos do Absolutismo
• Maquiavel: em O Príncipe defende que o absolutismo é necessário para a manutenção de um Estado forte;
• Hobbes: no Leviatã: para terem paz, os homens fizeram contrato: cederam direitos a um soberano em troca de proteção;
• Grotius: tratados internacionais têm mais valor se firmados por monarcas absolutos;
• Bossuet, defensor do Direito Divino dos Reis: “o poder do rei é sagrado porque vem de Deus e só a Ele presta conta dos seus atos”;
• Bodin: a soberania deve ser considerada absoluta.
Formação de Portugal
• Séc. V – Península Ibérica invadida por bárbaros, principalmente visigodos;
• Séc. VIII – invasão dos mouros (árabes);• Reconquista – luta dos ibéricos por 7 séc. para
expulsar invasores;• Condado Portucalense embrião do reino de
Portugal, que se libertou de Castela (1385): surge 1ª monarquia nacional européia;
• Dinastias reais: Borgonha, Avis e Bragança.
A Formação da Espanha
• Fatores da formação da monarquia nacional espanhola:
** guerras de reconquista; ** casamento de Fernando, de Aragão com
Isabel, de Castela (reis católicos); ** imposição do catolicismo à população; não-
convertidos => confisco dos bens; ** formação do exército nacional;* 1492: conquista de Granada, último reduto
mouro na Espanha => início das navegações.