CULTURA DO CAFÉ - agrocursos.org.br · A planta de café é originária da Etiópia, dentro da...

41
CULTURA DO CAFÉ A Lenda do Café Não há evidência real sobre a descoberta do café, mas há muitas lendas que relatam sua possível origem. Uma das mais aceitas e divulgadas é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio. O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis. Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen. Os primeiros cultivos de Café A planta de café é originária da Etiópia, dentro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV. Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos. O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as mudas com a própria vida. A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as sementes

Transcript of CULTURA DO CAFÉ - agrocursos.org.br · A planta de café é originária da Etiópia, dentro da...

CULTURA DO CAFEacute

A Lenda do Cafeacute

Natildeo haacute evidecircncia real sobre a descoberta do cafeacute mas haacute muitas lendas que relatam sua possiacutevel origem

Uma das mais aceitas e divulgadas eacute a do pastor Kaldi que viveu na Absiacutenia hoje Etioacutepia haacute cerca de mil anos Ela conta que Kaldi observando suas cabras notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de coloraccedilatildeo amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio

O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivaccedilatildeo e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vaacuterios quilocircmetros por subidas infindaacuteveis Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da regiatildeo que decidiu experimentar o poder dos frutos O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo ateacute o monasteacuterio Ele comeccedilou a utilizar os frutos na forma de infusatildeo percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviaacuterio Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monasteacuterios criando uma demanda pela bebida As evidecircncias mostram que o cafeacute foi cultivado pela primeira vez em monasteacuterios islacircmicos no Yemen

Os primeiros cultivos de Cafeacute A planta de cafeacute eacute originaacuteria da Etioacutepia dentro da Aacutefrica onde ainda hoje faz parte da vegetaccedilatildeo natural Foi a Araacutebia a responsaacutevel pela propagaccedilatildeo da cultura do cafeacute O nome cafeacute natildeo eacute originaacuterio da Kaffa local de origem da planta e sim da palavra aacuterabe qahwa que significa vinho Por esse motivo o cafeacute era conhecido como vinho da Araacutebia quando chegou agrave Europa no seacuteculo XIV

Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do cafeacute datam de 575 no Yecircmen onde consumido como fruto in natura passa a ser cultivado Somente no seacuteculo XVI na Peacutersia os primeiros gratildeos de cafeacute foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos O cafeacute tornou-se de grande importacircncia para os Aacuterabes que tinham completo controle sobre o cultivo e preparaccedilatildeo da bebida Na eacutepoca o cafeacute era um produto guardado a sete chaves pelos aacuterabes Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantaccedilotildees e os aacuterabes protegiam as mudas com a proacutepria vida A semente de cafeacute fora do pergaminho natildeo brota portanto somente nessas condiccedilotildees as sementes

podiam deixar o paiacutes

A partir de 1615 o cafeacute comeccedilou a ser saboreado no Continente Europeu trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente Ateacute o seacuteculo XVII somente os aacuterabes produziam cafeacute Alematildees franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver o plantio em suas colocircnias Mas foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botacircnico de Amsterdatilde fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente passando a fazer parte definitiva dos haacutebitos dos europeus A partir destas plantas os holandeses iniciaram em 1699 plantios experimentais em Java Essa experiecircncia de sucesso trouxe lucro encorajando outros paiacuteses a tentar o mesmo A Europa maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa enquanto os holandeses ampliavam o cultivo para Sumatra e os franceses presenteados com um peacute de cafeacute pelo burgomestre de Amsterdatilde iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon

Com as experiecircncias holandesa e francesa o cultivo de cafeacute foi levado para outras colocircnias europeacuteias O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansatildeo do plantio de cafeacute em paiacuteses africanos e a sua chegada ao Novo Mundo Pelas matildeos dos colonizadores europeus o cafeacute chegou ao Suriname Satildeo Domingos Cuba Porto Rico e Guianas Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil Desta maneira o segredo dos aacuterabes se espalhou por todos os cantos do mundo

O Cafeacute no Brasil O cafeacute chegou ao norte do Brasil mais precisamente em Beleacutem em 1727 trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhatildeo e Gratildeo Paraacute que o enviara agraves Guianas com essa missatildeo Jaacute naquela eacutepoca o cafeacute possuiacutea grande valor comercial

Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena capital da Guiana Francesa conseguindo conquistar sua confianccedila Assim uma pequena muda de cafeacute Araacutebica foi oferecida clandestinamente e trazida escondida na bagagem desse brasileiro

Devido agraves nossas condiccedilotildees climaacuteticas o cultivo de cafeacute se espalhou rapidamente com produccedilatildeo voltada para o mercado domeacutestico Em sua trajetoacuteria pelo Brasil o cafeacute passou pelo Maranhatildeo Bahia Rio de Janeiro Satildeo Paulo Paranaacute e Minas Gerais Num espaccedilo de tempo relativamente curto o cafeacute passou de uma posiccedilatildeo relativamente secundaacuteria para a de produto-base da economia brasileira Desenvolveu-se com total independecircncia ou seja apenas com recursos nacionais sendo afinal a primeira realizaccedilatildeo exclusivamente brasileira que visou a produccedilatildeo de riquezas

Em condiccedilotildees favoraacuteveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraiacuteba iniciando em 1825 um novo ciclo econocircmico no paiacutes No final do seacuteculo XVIII a produccedilatildeo cafeeira do Haiti -- ateacute entatildeo o principal exportador mundial do produto -- entrou em crise devido agrave longa guerra de independecircncia que o paiacutes manteve contra a Franccedila Aproveitando-se desse quadro o Brasil aumentou significativamente a sua produccedilatildeo e embora ainda em pequena escala passou a exportar o produto com maior regularidade Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779 com a insignificante quantia de 79 arrobas Somente em 1806 as exportaccedilotildees atingiram um volume mais significativo de 80 mil arrobas Por quase um seacuteculo o cafeacute foi a grande riqueza brasileira e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relaccedilotildees internacionais de comeacutercio A cultura do cafeacute ocupou vales e montanhas possibilitando o surgimento de cidades e dinamizaccedilatildeo de importantes centros urbanos por todo o interior do

Estado de Satildeo Paulo sul de Minas Gerais e norte do Paranaacute Ferrovias foram construiacutedas para permitir o escoamento da produccedilatildeo substituindo o transporte animal e impulsionando o comeacutercio inter-regional de outras importantes mercadorias O cafeacute trouxe grandes contingentes de imigrantes consolidou a expansatildeo da classe meacutedia a diversificaccedilatildeo de investimentos e ateacute mesmo intensificou movimentos culturais A partir de entatildeo o cafeacute e o povo

brasileiro passam a ser indissociaacuteveis

A riqueza fluiacutea pelos cafezais evidenciada nas elegantes mansotildees dos fazendeiros que traziam a cultura europeacuteia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista Durante dez deacutecadas o Brasil cresceu movido pelo haacutebito do cafezinho servido nas refeiccedilotildees de meio mundo interiorizando nossa cultura construindo faacutebricas promovendo a miscigenaccedilatildeo racial dominando partidos poliacuteticos derrubando a monarquia e abolindo a escravidatildeo

Aleacutem de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas o cafeacute permitiu alguns feitos extraordinaacuterios Durante muito tempo o cafeacute brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos

A maioria das pessoas acredita ser a cidade de Santos porto exportador de cafeacute a origem do nome Na realidade a marca Santos deriva de Alberto Santos Dumont que aleacutem de ter sido um pioneiro da aviaccedilatildeo foi tambeacutem o rei do cafeacute

Implantado com o miacutenimo de conhecimento da cultura em regiotildees que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo a cafeicultura no centro-sul do Brasil comeccedilou a ter problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando prejuiacutezos incalculaacuteveis

Depois de uma longa crise a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanccedilas de um futuro melhor A busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute se estendeu por todo o paiacutes se firmando hoje em regiotildees do Estado de Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Espiacuterito Santo Bahia e Rondocircnia O cafeacute continua hoje a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e eacute sem duacutevida o mais brasileiro de todos Hoje o paiacutes eacute o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto

Entretanto a cultura do cafeacute em aacutereas com declive acentuado e o total descuido quanto agrave preservaccedilatildeo do solo gerou uma erosatildeo intensa Por este motivo as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para um outro local o oeste da proviacutencia de Satildeo Paulo centralizando-se em Campinas e estendendo-se ateacute Ribeiratildeo Preto

Campinas passou a ser entatildeo o grande poacutelo produtor do paiacutes As culturas estendiam-se em largas superfiacutecies uniformes cobrindo a paisagem a perder de vista formando os famosos mares de cafeacute

O Trajeto do cultivo do cafeacute no Brasil

O primeiro plantio ocorreu em 1727 no Paraacute Devido agraves nossas condiccedilotildees climaacuteticas o cultivo de cafeacute se espalhou rapidamente

O ponto de partida das grandes plantaccedilotildees foi o Rio de Janeiro com as matas da Tijuca tornando-se grandes cafezais O cafeacute estende-se para Angra dos Reis Parati e chegou a Satildeo Paulo por Ubatuba Em pouco tempo o vale do rio Paraiacuteba se tornou a grande regiatildeo produtora da lavoura cafeeira no Brasil Esta regiatildeo com altitude e clima excelentes para o cultivo possibilitou o surgimento de uma aacuterea centralizadora de culturas e populaccedilatildeo Subindo pelo rio o cafeacute invadiu a parte oriental da proviacutencia de Satildeo Paulo e a regiatildeo da fronteira de Minas Gerais Na eacutepoca o Rio de Janeiro era o porto de escoamento do produto e centro financeiro

Na regiatildeo os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfiacutecie plana da regiatildeo que facilitava ainda a comunicaccedilatildeo e o transporte e proporcionava uma concentraccedilatildeo da riqueza Enquanto no Vale do Paraiacuteba foi estabelecido um sistema complexo de estradas feacuterreas nessa nova regiatildeo foi implantada uma boa rede de estradas rodoviaacuterias e ferroviaacuterias Com este novo poacutelo produtor o cafeacute mudou seu centro de escoamento sendo toda a produccedilatildeo do oeste paulista a enviada a Satildeo Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos

A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando grandes prejuiacutezos e mais tarde durante a crise de 1929 No entanto apoacutes se recuperar das crises a regiatildeo se manteve como importante centro produtor Nela se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute Como a busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute cobriu todo o paiacutes a Bahia se firmou como poacutelo produtor no Nordeste e a Rondocircnia na regiatildeo Norte

As grandes fazendas de cafeacute As plantaccedilotildees de cafeacute foram fundadas em grandes propriedades monoculturais trabalhadas por escravos substituiacutedos mais tarde por trabalhadores assalariados as grandes fazendas de cafeacute

Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura tiacutepica e seus equipamentos Tanques em que o gratildeo eacute lavado logo depois da colheita terreiros para secagem maacutequinas de seleccedilatildeo e beneficiamento fazem parte desse ambiente A senzala dos escravos ou colocircnias de trabalhadores livres finalizam a caracterizaccedilatildeo das fazendas cafeeiras A fazenda de cafeacute desde a semente ateacute a xiacutecara era um pequeno mundo quase isolado

O desenvolvimento da produccedilatildeo cafeeira esteve intimamente relacionado com a quantidade de matildeo-de-obra disponiacutevel Para incentivar a produccedilatildeo de cafeacute a administraccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo fez da questatildeo imigratoacuteria o projeto central de suas atividades estabelecendo um sistema que oferecia auxiacutelio formal agrave imigraccedilatildeo europeacuteia principalmente agrave italiana

Por meio de um programa que cuidava da propaganda em seu paiacutes de origem os imigrantes eram trazidos desde seu domiciacutelio na Europa ateacute a fazenda de cafeacute A imigraccedilatildeo ajudou na conquista de aacutereas ainda natildeo exploradas permitindo raacutepido desenvolvimento do Estado de Satildeo Paulo Com a matildeo-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante trecircs quartos de seacuteculo quase toda riqueza do paiacutes se concentrou na agricultura cafeeira O Brasil dominava 70 da produccedilatildeo mundial e ditava as regras do mercado Nessa eacutepoca os fazendeiros de cafeacute se tornaram a elite social e poliacutetica formando umas das uacuteltimas aristocracias brasileiras A opulecircncia dos plantadores de cafeacute permitiu a construccedilatildeo dos grandes e bonitos casarotildees das fazendas e de mansotildees na cidade

de Satildeo Paulo e financiou a industrializaccedilatildeo no sudeste do paiacutes A Crise de 29 A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira

O cafeacute natildeo resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preccedilo caiu bruscamente As lavouras de cafeacute enfrentaram a verdadeira dimensatildeo do mercado

Nesse processo milhotildees de sacas de cafeacute estocadas foram queimadas e milhotildees de peacutes de cafeacute foram erradicados na tentativa de estancar a queda contiacutenua de preccedilos provocada pelos excedentes de produccedilatildeo

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929 o Sudeste do paiacutes voltou a crescer desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na induacutestria que assumia parcelas maiores da economia O cafeacute retomou sua importante posiccedilatildeo nas exportaccedilotildees brasileiras e mesmo perdendo mercado para outros paiacuteses produtores o paiacutes ainda se manteacutem como maior produtor de cafeacute do mundo

Das suas eacutepocas aacuteureas ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais um extenso material teacutecnico-cientiacutefico plantaccedilotildees centenaacuterias e o haacutebito nacional do cafezinho

O cafeacute brasileiro na atualidade Atualmente o Brasil eacute o maior produtor mundial de cafeacute sendo responsaacutevel por 30 do mercado internacional de cafeacute volume equivalente agrave soma da produccedilatildeo dos outros seis maiores paiacuteses produtores Eacute tambeacutem o segundo mercado consumidor atraacutes somente dos Estados Unidos

As aacutereas cafeeiras estatildeo concentradas no centro-sul do paiacutes onde se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute A regiatildeo Nordeste tambeacutem tem plantaccedilotildees na Bahia e da regiatildeo Norte pode-se destacar Rondocircnia

A produccedilatildeo de cafeacute araacutebica se concentra em Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Bahia e parte do Espiacuterito Santo enquanto o cafeacute robusta eacute plantado principalmente no Espiacuterito Santo e Rondocircnia

As principais regiotildees produtoras no Estado de Satildeo Paulo satildeo a Mogiana Alta Paulista Regiatildeo de Pirajuacute Uma das mais tradicionais regiotildees produtoras de cafeacute a Mogiana estaacute localizada ao norte do estado com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1000 metros A regiatildeo produz somente cafeacute da espeacutecie araacutebica sendo que as variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo Localizada na regiatildeo oeste do estado a Alta Paulista tem uma altitude

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

podiam deixar o paiacutes

A partir de 1615 o cafeacute comeccedilou a ser saboreado no Continente Europeu trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente Ateacute o seacuteculo XVII somente os aacuterabes produziam cafeacute Alematildees franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver o plantio em suas colocircnias Mas foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botacircnico de Amsterdatilde fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente passando a fazer parte definitiva dos haacutebitos dos europeus A partir destas plantas os holandeses iniciaram em 1699 plantios experimentais em Java Essa experiecircncia de sucesso trouxe lucro encorajando outros paiacuteses a tentar o mesmo A Europa maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa enquanto os holandeses ampliavam o cultivo para Sumatra e os franceses presenteados com um peacute de cafeacute pelo burgomestre de Amsterdatilde iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon

Com as experiecircncias holandesa e francesa o cultivo de cafeacute foi levado para outras colocircnias europeacuteias O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansatildeo do plantio de cafeacute em paiacuteses africanos e a sua chegada ao Novo Mundo Pelas matildeos dos colonizadores europeus o cafeacute chegou ao Suriname Satildeo Domingos Cuba Porto Rico e Guianas Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil Desta maneira o segredo dos aacuterabes se espalhou por todos os cantos do mundo

O Cafeacute no Brasil O cafeacute chegou ao norte do Brasil mais precisamente em Beleacutem em 1727 trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhatildeo e Gratildeo Paraacute que o enviara agraves Guianas com essa missatildeo Jaacute naquela eacutepoca o cafeacute possuiacutea grande valor comercial

Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena capital da Guiana Francesa conseguindo conquistar sua confianccedila Assim uma pequena muda de cafeacute Araacutebica foi oferecida clandestinamente e trazida escondida na bagagem desse brasileiro

Devido agraves nossas condiccedilotildees climaacuteticas o cultivo de cafeacute se espalhou rapidamente com produccedilatildeo voltada para o mercado domeacutestico Em sua trajetoacuteria pelo Brasil o cafeacute passou pelo Maranhatildeo Bahia Rio de Janeiro Satildeo Paulo Paranaacute e Minas Gerais Num espaccedilo de tempo relativamente curto o cafeacute passou de uma posiccedilatildeo relativamente secundaacuteria para a de produto-base da economia brasileira Desenvolveu-se com total independecircncia ou seja apenas com recursos nacionais sendo afinal a primeira realizaccedilatildeo exclusivamente brasileira que visou a produccedilatildeo de riquezas

Em condiccedilotildees favoraacuteveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraiacuteba iniciando em 1825 um novo ciclo econocircmico no paiacutes No final do seacuteculo XVIII a produccedilatildeo cafeeira do Haiti -- ateacute entatildeo o principal exportador mundial do produto -- entrou em crise devido agrave longa guerra de independecircncia que o paiacutes manteve contra a Franccedila Aproveitando-se desse quadro o Brasil aumentou significativamente a sua produccedilatildeo e embora ainda em pequena escala passou a exportar o produto com maior regularidade Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779 com a insignificante quantia de 79 arrobas Somente em 1806 as exportaccedilotildees atingiram um volume mais significativo de 80 mil arrobas Por quase um seacuteculo o cafeacute foi a grande riqueza brasileira e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relaccedilotildees internacionais de comeacutercio A cultura do cafeacute ocupou vales e montanhas possibilitando o surgimento de cidades e dinamizaccedilatildeo de importantes centros urbanos por todo o interior do

Estado de Satildeo Paulo sul de Minas Gerais e norte do Paranaacute Ferrovias foram construiacutedas para permitir o escoamento da produccedilatildeo substituindo o transporte animal e impulsionando o comeacutercio inter-regional de outras importantes mercadorias O cafeacute trouxe grandes contingentes de imigrantes consolidou a expansatildeo da classe meacutedia a diversificaccedilatildeo de investimentos e ateacute mesmo intensificou movimentos culturais A partir de entatildeo o cafeacute e o povo

brasileiro passam a ser indissociaacuteveis

A riqueza fluiacutea pelos cafezais evidenciada nas elegantes mansotildees dos fazendeiros que traziam a cultura europeacuteia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista Durante dez deacutecadas o Brasil cresceu movido pelo haacutebito do cafezinho servido nas refeiccedilotildees de meio mundo interiorizando nossa cultura construindo faacutebricas promovendo a miscigenaccedilatildeo racial dominando partidos poliacuteticos derrubando a monarquia e abolindo a escravidatildeo

Aleacutem de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas o cafeacute permitiu alguns feitos extraordinaacuterios Durante muito tempo o cafeacute brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos

A maioria das pessoas acredita ser a cidade de Santos porto exportador de cafeacute a origem do nome Na realidade a marca Santos deriva de Alberto Santos Dumont que aleacutem de ter sido um pioneiro da aviaccedilatildeo foi tambeacutem o rei do cafeacute

Implantado com o miacutenimo de conhecimento da cultura em regiotildees que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo a cafeicultura no centro-sul do Brasil comeccedilou a ter problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando prejuiacutezos incalculaacuteveis

Depois de uma longa crise a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanccedilas de um futuro melhor A busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute se estendeu por todo o paiacutes se firmando hoje em regiotildees do Estado de Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Espiacuterito Santo Bahia e Rondocircnia O cafeacute continua hoje a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e eacute sem duacutevida o mais brasileiro de todos Hoje o paiacutes eacute o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto

Entretanto a cultura do cafeacute em aacutereas com declive acentuado e o total descuido quanto agrave preservaccedilatildeo do solo gerou uma erosatildeo intensa Por este motivo as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para um outro local o oeste da proviacutencia de Satildeo Paulo centralizando-se em Campinas e estendendo-se ateacute Ribeiratildeo Preto

Campinas passou a ser entatildeo o grande poacutelo produtor do paiacutes As culturas estendiam-se em largas superfiacutecies uniformes cobrindo a paisagem a perder de vista formando os famosos mares de cafeacute

O Trajeto do cultivo do cafeacute no Brasil

O primeiro plantio ocorreu em 1727 no Paraacute Devido agraves nossas condiccedilotildees climaacuteticas o cultivo de cafeacute se espalhou rapidamente

O ponto de partida das grandes plantaccedilotildees foi o Rio de Janeiro com as matas da Tijuca tornando-se grandes cafezais O cafeacute estende-se para Angra dos Reis Parati e chegou a Satildeo Paulo por Ubatuba Em pouco tempo o vale do rio Paraiacuteba se tornou a grande regiatildeo produtora da lavoura cafeeira no Brasil Esta regiatildeo com altitude e clima excelentes para o cultivo possibilitou o surgimento de uma aacuterea centralizadora de culturas e populaccedilatildeo Subindo pelo rio o cafeacute invadiu a parte oriental da proviacutencia de Satildeo Paulo e a regiatildeo da fronteira de Minas Gerais Na eacutepoca o Rio de Janeiro era o porto de escoamento do produto e centro financeiro

Na regiatildeo os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfiacutecie plana da regiatildeo que facilitava ainda a comunicaccedilatildeo e o transporte e proporcionava uma concentraccedilatildeo da riqueza Enquanto no Vale do Paraiacuteba foi estabelecido um sistema complexo de estradas feacuterreas nessa nova regiatildeo foi implantada uma boa rede de estradas rodoviaacuterias e ferroviaacuterias Com este novo poacutelo produtor o cafeacute mudou seu centro de escoamento sendo toda a produccedilatildeo do oeste paulista a enviada a Satildeo Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos

A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando grandes prejuiacutezos e mais tarde durante a crise de 1929 No entanto apoacutes se recuperar das crises a regiatildeo se manteve como importante centro produtor Nela se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute Como a busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute cobriu todo o paiacutes a Bahia se firmou como poacutelo produtor no Nordeste e a Rondocircnia na regiatildeo Norte

As grandes fazendas de cafeacute As plantaccedilotildees de cafeacute foram fundadas em grandes propriedades monoculturais trabalhadas por escravos substituiacutedos mais tarde por trabalhadores assalariados as grandes fazendas de cafeacute

Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura tiacutepica e seus equipamentos Tanques em que o gratildeo eacute lavado logo depois da colheita terreiros para secagem maacutequinas de seleccedilatildeo e beneficiamento fazem parte desse ambiente A senzala dos escravos ou colocircnias de trabalhadores livres finalizam a caracterizaccedilatildeo das fazendas cafeeiras A fazenda de cafeacute desde a semente ateacute a xiacutecara era um pequeno mundo quase isolado

O desenvolvimento da produccedilatildeo cafeeira esteve intimamente relacionado com a quantidade de matildeo-de-obra disponiacutevel Para incentivar a produccedilatildeo de cafeacute a administraccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo fez da questatildeo imigratoacuteria o projeto central de suas atividades estabelecendo um sistema que oferecia auxiacutelio formal agrave imigraccedilatildeo europeacuteia principalmente agrave italiana

Por meio de um programa que cuidava da propaganda em seu paiacutes de origem os imigrantes eram trazidos desde seu domiciacutelio na Europa ateacute a fazenda de cafeacute A imigraccedilatildeo ajudou na conquista de aacutereas ainda natildeo exploradas permitindo raacutepido desenvolvimento do Estado de Satildeo Paulo Com a matildeo-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante trecircs quartos de seacuteculo quase toda riqueza do paiacutes se concentrou na agricultura cafeeira O Brasil dominava 70 da produccedilatildeo mundial e ditava as regras do mercado Nessa eacutepoca os fazendeiros de cafeacute se tornaram a elite social e poliacutetica formando umas das uacuteltimas aristocracias brasileiras A opulecircncia dos plantadores de cafeacute permitiu a construccedilatildeo dos grandes e bonitos casarotildees das fazendas e de mansotildees na cidade

de Satildeo Paulo e financiou a industrializaccedilatildeo no sudeste do paiacutes A Crise de 29 A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira

O cafeacute natildeo resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preccedilo caiu bruscamente As lavouras de cafeacute enfrentaram a verdadeira dimensatildeo do mercado

Nesse processo milhotildees de sacas de cafeacute estocadas foram queimadas e milhotildees de peacutes de cafeacute foram erradicados na tentativa de estancar a queda contiacutenua de preccedilos provocada pelos excedentes de produccedilatildeo

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929 o Sudeste do paiacutes voltou a crescer desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na induacutestria que assumia parcelas maiores da economia O cafeacute retomou sua importante posiccedilatildeo nas exportaccedilotildees brasileiras e mesmo perdendo mercado para outros paiacuteses produtores o paiacutes ainda se manteacutem como maior produtor de cafeacute do mundo

Das suas eacutepocas aacuteureas ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais um extenso material teacutecnico-cientiacutefico plantaccedilotildees centenaacuterias e o haacutebito nacional do cafezinho

O cafeacute brasileiro na atualidade Atualmente o Brasil eacute o maior produtor mundial de cafeacute sendo responsaacutevel por 30 do mercado internacional de cafeacute volume equivalente agrave soma da produccedilatildeo dos outros seis maiores paiacuteses produtores Eacute tambeacutem o segundo mercado consumidor atraacutes somente dos Estados Unidos

As aacutereas cafeeiras estatildeo concentradas no centro-sul do paiacutes onde se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute A regiatildeo Nordeste tambeacutem tem plantaccedilotildees na Bahia e da regiatildeo Norte pode-se destacar Rondocircnia

A produccedilatildeo de cafeacute araacutebica se concentra em Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Bahia e parte do Espiacuterito Santo enquanto o cafeacute robusta eacute plantado principalmente no Espiacuterito Santo e Rondocircnia

As principais regiotildees produtoras no Estado de Satildeo Paulo satildeo a Mogiana Alta Paulista Regiatildeo de Pirajuacute Uma das mais tradicionais regiotildees produtoras de cafeacute a Mogiana estaacute localizada ao norte do estado com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1000 metros A regiatildeo produz somente cafeacute da espeacutecie araacutebica sendo que as variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo Localizada na regiatildeo oeste do estado a Alta Paulista tem uma altitude

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Estado de Satildeo Paulo sul de Minas Gerais e norte do Paranaacute Ferrovias foram construiacutedas para permitir o escoamento da produccedilatildeo substituindo o transporte animal e impulsionando o comeacutercio inter-regional de outras importantes mercadorias O cafeacute trouxe grandes contingentes de imigrantes consolidou a expansatildeo da classe meacutedia a diversificaccedilatildeo de investimentos e ateacute mesmo intensificou movimentos culturais A partir de entatildeo o cafeacute e o povo

brasileiro passam a ser indissociaacuteveis

A riqueza fluiacutea pelos cafezais evidenciada nas elegantes mansotildees dos fazendeiros que traziam a cultura europeacuteia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista Durante dez deacutecadas o Brasil cresceu movido pelo haacutebito do cafezinho servido nas refeiccedilotildees de meio mundo interiorizando nossa cultura construindo faacutebricas promovendo a miscigenaccedilatildeo racial dominando partidos poliacuteticos derrubando a monarquia e abolindo a escravidatildeo

Aleacutem de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas o cafeacute permitiu alguns feitos extraordinaacuterios Durante muito tempo o cafeacute brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos

A maioria das pessoas acredita ser a cidade de Santos porto exportador de cafeacute a origem do nome Na realidade a marca Santos deriva de Alberto Santos Dumont que aleacutem de ter sido um pioneiro da aviaccedilatildeo foi tambeacutem o rei do cafeacute

Implantado com o miacutenimo de conhecimento da cultura em regiotildees que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo a cafeicultura no centro-sul do Brasil comeccedilou a ter problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando prejuiacutezos incalculaacuteveis

Depois de uma longa crise a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanccedilas de um futuro melhor A busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute se estendeu por todo o paiacutes se firmando hoje em regiotildees do Estado de Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Espiacuterito Santo Bahia e Rondocircnia O cafeacute continua hoje a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e eacute sem duacutevida o mais brasileiro de todos Hoje o paiacutes eacute o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto

Entretanto a cultura do cafeacute em aacutereas com declive acentuado e o total descuido quanto agrave preservaccedilatildeo do solo gerou uma erosatildeo intensa Por este motivo as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para um outro local o oeste da proviacutencia de Satildeo Paulo centralizando-se em Campinas e estendendo-se ateacute Ribeiratildeo Preto

Campinas passou a ser entatildeo o grande poacutelo produtor do paiacutes As culturas estendiam-se em largas superfiacutecies uniformes cobrindo a paisagem a perder de vista formando os famosos mares de cafeacute

O Trajeto do cultivo do cafeacute no Brasil

O primeiro plantio ocorreu em 1727 no Paraacute Devido agraves nossas condiccedilotildees climaacuteticas o cultivo de cafeacute se espalhou rapidamente

O ponto de partida das grandes plantaccedilotildees foi o Rio de Janeiro com as matas da Tijuca tornando-se grandes cafezais O cafeacute estende-se para Angra dos Reis Parati e chegou a Satildeo Paulo por Ubatuba Em pouco tempo o vale do rio Paraiacuteba se tornou a grande regiatildeo produtora da lavoura cafeeira no Brasil Esta regiatildeo com altitude e clima excelentes para o cultivo possibilitou o surgimento de uma aacuterea centralizadora de culturas e populaccedilatildeo Subindo pelo rio o cafeacute invadiu a parte oriental da proviacutencia de Satildeo Paulo e a regiatildeo da fronteira de Minas Gerais Na eacutepoca o Rio de Janeiro era o porto de escoamento do produto e centro financeiro

Na regiatildeo os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfiacutecie plana da regiatildeo que facilitava ainda a comunicaccedilatildeo e o transporte e proporcionava uma concentraccedilatildeo da riqueza Enquanto no Vale do Paraiacuteba foi estabelecido um sistema complexo de estradas feacuterreas nessa nova regiatildeo foi implantada uma boa rede de estradas rodoviaacuterias e ferroviaacuterias Com este novo poacutelo produtor o cafeacute mudou seu centro de escoamento sendo toda a produccedilatildeo do oeste paulista a enviada a Satildeo Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos

A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando grandes prejuiacutezos e mais tarde durante a crise de 1929 No entanto apoacutes se recuperar das crises a regiatildeo se manteve como importante centro produtor Nela se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute Como a busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute cobriu todo o paiacutes a Bahia se firmou como poacutelo produtor no Nordeste e a Rondocircnia na regiatildeo Norte

As grandes fazendas de cafeacute As plantaccedilotildees de cafeacute foram fundadas em grandes propriedades monoculturais trabalhadas por escravos substituiacutedos mais tarde por trabalhadores assalariados as grandes fazendas de cafeacute

Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura tiacutepica e seus equipamentos Tanques em que o gratildeo eacute lavado logo depois da colheita terreiros para secagem maacutequinas de seleccedilatildeo e beneficiamento fazem parte desse ambiente A senzala dos escravos ou colocircnias de trabalhadores livres finalizam a caracterizaccedilatildeo das fazendas cafeeiras A fazenda de cafeacute desde a semente ateacute a xiacutecara era um pequeno mundo quase isolado

O desenvolvimento da produccedilatildeo cafeeira esteve intimamente relacionado com a quantidade de matildeo-de-obra disponiacutevel Para incentivar a produccedilatildeo de cafeacute a administraccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo fez da questatildeo imigratoacuteria o projeto central de suas atividades estabelecendo um sistema que oferecia auxiacutelio formal agrave imigraccedilatildeo europeacuteia principalmente agrave italiana

Por meio de um programa que cuidava da propaganda em seu paiacutes de origem os imigrantes eram trazidos desde seu domiciacutelio na Europa ateacute a fazenda de cafeacute A imigraccedilatildeo ajudou na conquista de aacutereas ainda natildeo exploradas permitindo raacutepido desenvolvimento do Estado de Satildeo Paulo Com a matildeo-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante trecircs quartos de seacuteculo quase toda riqueza do paiacutes se concentrou na agricultura cafeeira O Brasil dominava 70 da produccedilatildeo mundial e ditava as regras do mercado Nessa eacutepoca os fazendeiros de cafeacute se tornaram a elite social e poliacutetica formando umas das uacuteltimas aristocracias brasileiras A opulecircncia dos plantadores de cafeacute permitiu a construccedilatildeo dos grandes e bonitos casarotildees das fazendas e de mansotildees na cidade

de Satildeo Paulo e financiou a industrializaccedilatildeo no sudeste do paiacutes A Crise de 29 A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira

O cafeacute natildeo resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preccedilo caiu bruscamente As lavouras de cafeacute enfrentaram a verdadeira dimensatildeo do mercado

Nesse processo milhotildees de sacas de cafeacute estocadas foram queimadas e milhotildees de peacutes de cafeacute foram erradicados na tentativa de estancar a queda contiacutenua de preccedilos provocada pelos excedentes de produccedilatildeo

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929 o Sudeste do paiacutes voltou a crescer desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na induacutestria que assumia parcelas maiores da economia O cafeacute retomou sua importante posiccedilatildeo nas exportaccedilotildees brasileiras e mesmo perdendo mercado para outros paiacuteses produtores o paiacutes ainda se manteacutem como maior produtor de cafeacute do mundo

Das suas eacutepocas aacuteureas ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais um extenso material teacutecnico-cientiacutefico plantaccedilotildees centenaacuterias e o haacutebito nacional do cafezinho

O cafeacute brasileiro na atualidade Atualmente o Brasil eacute o maior produtor mundial de cafeacute sendo responsaacutevel por 30 do mercado internacional de cafeacute volume equivalente agrave soma da produccedilatildeo dos outros seis maiores paiacuteses produtores Eacute tambeacutem o segundo mercado consumidor atraacutes somente dos Estados Unidos

As aacutereas cafeeiras estatildeo concentradas no centro-sul do paiacutes onde se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute A regiatildeo Nordeste tambeacutem tem plantaccedilotildees na Bahia e da regiatildeo Norte pode-se destacar Rondocircnia

A produccedilatildeo de cafeacute araacutebica se concentra em Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Bahia e parte do Espiacuterito Santo enquanto o cafeacute robusta eacute plantado principalmente no Espiacuterito Santo e Rondocircnia

As principais regiotildees produtoras no Estado de Satildeo Paulo satildeo a Mogiana Alta Paulista Regiatildeo de Pirajuacute Uma das mais tradicionais regiotildees produtoras de cafeacute a Mogiana estaacute localizada ao norte do estado com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1000 metros A regiatildeo produz somente cafeacute da espeacutecie araacutebica sendo que as variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo Localizada na regiatildeo oeste do estado a Alta Paulista tem uma altitude

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Na regiatildeo os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfiacutecie plana da regiatildeo que facilitava ainda a comunicaccedilatildeo e o transporte e proporcionava uma concentraccedilatildeo da riqueza Enquanto no Vale do Paraiacuteba foi estabelecido um sistema complexo de estradas feacuterreas nessa nova regiatildeo foi implantada uma boa rede de estradas rodoviaacuterias e ferroviaacuterias Com este novo poacutelo produtor o cafeacute mudou seu centro de escoamento sendo toda a produccedilatildeo do oeste paulista a enviada a Satildeo Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos

A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870 quando uma grande geada atingiu as plantaccedilotildees do oeste paulista provocando grandes prejuiacutezos e mais tarde durante a crise de 1929 No entanto apoacutes se recuperar das crises a regiatildeo se manteve como importante centro produtor Nela se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute Como a busca pela regiatildeo ideal para a cultura do cafeacute cobriu todo o paiacutes a Bahia se firmou como poacutelo produtor no Nordeste e a Rondocircnia na regiatildeo Norte

As grandes fazendas de cafeacute As plantaccedilotildees de cafeacute foram fundadas em grandes propriedades monoculturais trabalhadas por escravos substituiacutedos mais tarde por trabalhadores assalariados as grandes fazendas de cafeacute

Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura tiacutepica e seus equipamentos Tanques em que o gratildeo eacute lavado logo depois da colheita terreiros para secagem maacutequinas de seleccedilatildeo e beneficiamento fazem parte desse ambiente A senzala dos escravos ou colocircnias de trabalhadores livres finalizam a caracterizaccedilatildeo das fazendas cafeeiras A fazenda de cafeacute desde a semente ateacute a xiacutecara era um pequeno mundo quase isolado

O desenvolvimento da produccedilatildeo cafeeira esteve intimamente relacionado com a quantidade de matildeo-de-obra disponiacutevel Para incentivar a produccedilatildeo de cafeacute a administraccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo fez da questatildeo imigratoacuteria o projeto central de suas atividades estabelecendo um sistema que oferecia auxiacutelio formal agrave imigraccedilatildeo europeacuteia principalmente agrave italiana

Por meio de um programa que cuidava da propaganda em seu paiacutes de origem os imigrantes eram trazidos desde seu domiciacutelio na Europa ateacute a fazenda de cafeacute A imigraccedilatildeo ajudou na conquista de aacutereas ainda natildeo exploradas permitindo raacutepido desenvolvimento do Estado de Satildeo Paulo Com a matildeo-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante trecircs quartos de seacuteculo quase toda riqueza do paiacutes se concentrou na agricultura cafeeira O Brasil dominava 70 da produccedilatildeo mundial e ditava as regras do mercado Nessa eacutepoca os fazendeiros de cafeacute se tornaram a elite social e poliacutetica formando umas das uacuteltimas aristocracias brasileiras A opulecircncia dos plantadores de cafeacute permitiu a construccedilatildeo dos grandes e bonitos casarotildees das fazendas e de mansotildees na cidade

de Satildeo Paulo e financiou a industrializaccedilatildeo no sudeste do paiacutes A Crise de 29 A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira

O cafeacute natildeo resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preccedilo caiu bruscamente As lavouras de cafeacute enfrentaram a verdadeira dimensatildeo do mercado

Nesse processo milhotildees de sacas de cafeacute estocadas foram queimadas e milhotildees de peacutes de cafeacute foram erradicados na tentativa de estancar a queda contiacutenua de preccedilos provocada pelos excedentes de produccedilatildeo

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929 o Sudeste do paiacutes voltou a crescer desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na induacutestria que assumia parcelas maiores da economia O cafeacute retomou sua importante posiccedilatildeo nas exportaccedilotildees brasileiras e mesmo perdendo mercado para outros paiacuteses produtores o paiacutes ainda se manteacutem como maior produtor de cafeacute do mundo

Das suas eacutepocas aacuteureas ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais um extenso material teacutecnico-cientiacutefico plantaccedilotildees centenaacuterias e o haacutebito nacional do cafezinho

O cafeacute brasileiro na atualidade Atualmente o Brasil eacute o maior produtor mundial de cafeacute sendo responsaacutevel por 30 do mercado internacional de cafeacute volume equivalente agrave soma da produccedilatildeo dos outros seis maiores paiacuteses produtores Eacute tambeacutem o segundo mercado consumidor atraacutes somente dos Estados Unidos

As aacutereas cafeeiras estatildeo concentradas no centro-sul do paiacutes onde se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute A regiatildeo Nordeste tambeacutem tem plantaccedilotildees na Bahia e da regiatildeo Norte pode-se destacar Rondocircnia

A produccedilatildeo de cafeacute araacutebica se concentra em Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Bahia e parte do Espiacuterito Santo enquanto o cafeacute robusta eacute plantado principalmente no Espiacuterito Santo e Rondocircnia

As principais regiotildees produtoras no Estado de Satildeo Paulo satildeo a Mogiana Alta Paulista Regiatildeo de Pirajuacute Uma das mais tradicionais regiotildees produtoras de cafeacute a Mogiana estaacute localizada ao norte do estado com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1000 metros A regiatildeo produz somente cafeacute da espeacutecie araacutebica sendo que as variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo Localizada na regiatildeo oeste do estado a Alta Paulista tem uma altitude

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

de Satildeo Paulo e financiou a industrializaccedilatildeo no sudeste do paiacutes A Crise de 29 A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira

O cafeacute natildeo resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preccedilo caiu bruscamente As lavouras de cafeacute enfrentaram a verdadeira dimensatildeo do mercado

Nesse processo milhotildees de sacas de cafeacute estocadas foram queimadas e milhotildees de peacutes de cafeacute foram erradicados na tentativa de estancar a queda contiacutenua de preccedilos provocada pelos excedentes de produccedilatildeo

Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929 o Sudeste do paiacutes voltou a crescer desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na induacutestria que assumia parcelas maiores da economia O cafeacute retomou sua importante posiccedilatildeo nas exportaccedilotildees brasileiras e mesmo perdendo mercado para outros paiacuteses produtores o paiacutes ainda se manteacutem como maior produtor de cafeacute do mundo

Das suas eacutepocas aacuteureas ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais um extenso material teacutecnico-cientiacutefico plantaccedilotildees centenaacuterias e o haacutebito nacional do cafezinho

O cafeacute brasileiro na atualidade Atualmente o Brasil eacute o maior produtor mundial de cafeacute sendo responsaacutevel por 30 do mercado internacional de cafeacute volume equivalente agrave soma da produccedilatildeo dos outros seis maiores paiacuteses produtores Eacute tambeacutem o segundo mercado consumidor atraacutes somente dos Estados Unidos

As aacutereas cafeeiras estatildeo concentradas no centro-sul do paiacutes onde se destacam quatro estados produtores Minas Gerais Satildeo Paulo Espiacuterito Santo e Paranaacute A regiatildeo Nordeste tambeacutem tem plantaccedilotildees na Bahia e da regiatildeo Norte pode-se destacar Rondocircnia

A produccedilatildeo de cafeacute araacutebica se concentra em Satildeo Paulo Minas Gerais Paranaacute Bahia e parte do Espiacuterito Santo enquanto o cafeacute robusta eacute plantado principalmente no Espiacuterito Santo e Rondocircnia

As principais regiotildees produtoras no Estado de Satildeo Paulo satildeo a Mogiana Alta Paulista Regiatildeo de Pirajuacute Uma das mais tradicionais regiotildees produtoras de cafeacute a Mogiana estaacute localizada ao norte do estado com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1000 metros A regiatildeo produz somente cafeacute da espeacutecie araacutebica sendo que as variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo Localizada na regiatildeo oeste do estado a Alta Paulista tem uma altitude

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

meacutedia de 600 metros A regiatildeo eacute produtora de cafeacute araacutebica sendo que a variedade mais cultivada eacute a Mundo Novo A regiatildeo de Piraju a uma altitude meacutedia de 700 metros produz cafeacute araacutebica com cerca de 75 sendo da variedade Catuaiacute 15 da variedade Mundo Novo e 10 de novas variedades como Obatatilde Icatu entre outras

Em Minas Gerais as principais regiotildees produtoras satildeo Cerrado Mineiro Sul de Minas Matas de Minas e Jequitinhonha A altitude meacutedia do Cerrado Mineiro eacute de 800 metros e dentre o cafeacute araacutebica cultivado a predominacircncia eacute de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaiacute O Sul de Minas tambeacutem produz apenas cafeacute araacutebica e a altitude meacutedia eacute de aproximadamente 950 metros As variedades mais cultivadas satildeo o Catuaiacute e o Mundo Novo mas tambeacutem haacute lavouras das variedades Icatu Obatatilde e Catuaiacute Rubi A regiatildeo das Matas de Minas e Jequitinhonha estaacute a uma altitude meacutedia de 650 metros e possui lavouras de araacutebica das variedades Catuaiacute (80) Mundo Novo entre outras

O Paranaacute chegou a ter 18 milhatildeo de hectares dedicados ao cultivo de cafeacute Hoje esse nuacutemero eacute de apenas 156 mil hectares mas o cafeacute ainda estaacute presente em aproximadamente 210 municiacutepios do estado e eacute responsaacutevel por 32 da renda agriacutecola paranaense O cafeacute eacute cultivado nas regiotildees do Norte Pioneiro Norte Noroeste e Oeste do Estado As aacutereas de cultivo satildeo muito extensas o que justifica a grande variaccedilatildeo de altitudes A altitude meacutedia eacute de aproximadamente 650 metros sendo que na regiatildeo do Arenito proacuteximo ao rio Paranaacute a altitude eacute de 350 metros e na regiatildeo de Apucarana chega a 900 metros No Estado eacute cultivada a espeacutecie araacutebica e as variedades predominantes satildeo Mundo Novo e Catuaiacute

A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da deacutecada de 1970 e teve uma grande influecircncia no desenvolvimento econocircmico de alguns municiacutepios Haacute atualmente trecircs regiotildees produtoras consolidadas a do Planalto mais tradicional produtora de cafeacute araacutebica a Regiatildeo Oeste tambeacutem produtora de cafeacute araacutebica sendo uma regiatildeo de cerrado com irrigaccedilatildeo e a Litoracircnea com plantios predominantes do cafeacute robusta (variedade Conillon) Na Regiatildeo Oeste um nuacutemero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para cafeacute irrigado vem se instalando contribuindo assim para a expansatildeo da produccedilatildeo em aacutereas natildeo tradicionais de cultivo e consolidando a posiccedilatildeo do Estado como o quinto maior produtor com aproximadamente 5 da produccedilatildeo nacional No parque cafeeiro estadual predomina a produccedilatildeo de cafeacute Araacutebica com 76 da produccedilatildeo (com 95 sendo da variedade Catuaiacute) contra 24 de Cafeacute Robusta

No Espiacuterito Santo os principais municiacutepios produtores satildeo Linhares Satildeo Mateus Nova Venecia Satildeo Gabriel da Palha Vila Valeacuterio e Aacuteguia Branca O cafeacute foi o produto responsaacutevel pelo desenvolvimento de um grande nuacutemero de cidades no Estado Satildeo cultivadas no estado as espeacutecies araacutebica e robusta (Conillon) tendo sido marcante a produccedilatildeo desta uacuteltima que se expandiu principalmente nas regiotildees baixas de temperaturas elevadas Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73 do parque cafeeiro estadual e respondem por 648 da produccedilatildeo brasileira da variedade O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon

No Estado de Rondocircnia a produccedilatildeo de cafeacute estaacute concentrada nas cidades de Vilhena Cafelacircndia Cacoal Rolim de Moura e Ji-Paranaacute No cenaacuterio nacional Rondocircnia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de cafeacute Robusta com uma aacuterea de 165 mil hectares e uma produccedilatildeo de 21 milhotildees de sacas constituiacutedas exclusivamente pelo cafeacute robusta (variedade Conillon)

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Fundamentos da agricultura orgacircnica Agricultura orgacircnica eacute o sistema de manejo sustentaacutevel da unidade de produccedilatildeo com enfoque sistecircmico que privilegia a preservaccedilatildeo ambiental a agrobiodiversidade os ciclos biogeoquiacutemicos e a qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de produccedilatildeo baseada numa visatildeo holiacutestica da unidade de produccedilatildeo Isto significa que o todo eacute mais do que os diferentes elementos que o compotildeem Na agricultura orgacircnica a unidade de produccedilatildeo eacute tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna

Portanto eacute muito mais do que uma troca de insumos quiacutemicos por insumos orgacircnicosbioloacutegicosecoloacutegicos Assim o manejo orgacircnico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais natildeo renovaacuteveis aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renovaacuteveis e dos processos bioloacutegicos agrave manutenccedilatildeo da biodiversidade agrave preservaccedilatildeo ambiental ao desenvolvimento econocircmico bem como agrave qualidade de vida humana

A agricultura orgacircnica fundamenta-se em princiacutepios agroecoloacutegicos e de conservaccedilatildeo de recursos naturais O primeiro e principal deles eacute o do RESPEITO Agrave NATUREZA O agricultor deve ter em mente que a dependecircncia de recursos natildeo renovaacuteveis e as proacuteprias limitaccedilotildees da natureza devem ser reconhecidas sendo a ciclagem de resiacuteduos orgacircnicos de grande importacircncia no processo O segundo princiacutepio eacute o da DIVERSIFICACcedilAtildeO DE CULTURAS que propicia uma maior abundacircncia e diversidade de inimigos naturais Estes tendem a ser poliacutefagos e se beneficiam da existecircncia de maior nuacutemero de hospedeiros e presas alternativas em ambientes heterogecircneos (Risch et al 1983 Liebman 1996) A diversificaccedilatildeo espacial por sua vez permite estabelecer barreiras fiacutesicas que dificultam a migraccedilatildeo de insetos e alteram seus mecanismos de orientaccedilatildeo como no caso de espeacutecies vegetais aromaacuteticas e de porte elevado (Venegas 1996) A biodiversidade eacute por conseguinte um elemento-chave da tatildeo desejada sustentabilidade Outro princiacutepio baacutesico muito importante da agricultura orgacircnica eacute o de que o SOLO Eacute UM ORGANISMO VIVO Desse modo o manejo do solo privilegia praacuteticas que garantam um fornecimento constante de mateacuteria orgacircnica atraveacutes do uso de adubos verdes cobertura morta e aplicaccedilatildeo de composto orgacircnico que satildeo praacuteticas indispensaacuteveis para estimular os componentes vivos e favorecer os processos bioloacutegicos fundamentais para a construccedilatildeo da fertilidade do solo no sentido mais amplo O quarto e uacuteltimo princiacutepio eacute o da INDEPENDEcircNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUCcedilAtildeO em relaccedilatildeo a insumos agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia foacutessil que oneram os custos e comprometem a sustentabilidade

Na agricultura orgacircnica os processos bioloacutegicos substituem os insumos tecnoloacutegicos Por exemplo as praacuteticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes sinteacuteticos e de agrotoacutexicos da agricultura convencional satildeo substituiacutedas na agricultura orgacircnica pela rotaccedilatildeo de culturas diversificaccedilatildeo uso de bordaduras consoacutercios entre outras praacuteticas A baixa diversidade dos sistemas agriacutecolas convencionais os torna biologicamente instaacuteveis sendo o que fundamenta ecologicamente o surgimento de pragas e agentes de doenccedilas em niacutevel de danos econocircmicos (USDA 1984 Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) O controle de pragas e agentes de doenccedilas e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgacircnica essas espeacutecies satildeo consideradas plantas espontacircneas) eacute fundamentalmente preventivo

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Figura 1 Cafeacute araacutebica cultivado organicamente associado agrave bananeiras na Estaccedilatildeo Experimental da Embrapa Gado de Leite Fazenda Santa Mocircnica municiacutepio de Valenccedila RJ

Conversatildeo Antes de decidir-se pela conversatildeo o cafeicultor deve se conscientizar a respeito dos princiacutepios e normas teacutecnicas da agricultura (cafeicultura) orgacircnica e das implicaccedilotildees praacuteticas em termos de manejo da cultura adaptaccedilotildees necessaacuterias na unidade produtiva relaccedilotildees com os empregados e formas de comercializaccedilatildeo da colheita O conhecimento sobre o assunto evitaraacute procedimentos incorretos que poderiam resultar em insucessos

No Brasil os resultados de pesquisa sobre conversatildeo de sistemas convencionais em orgacircnicos satildeo praticamente desconhecidos Entretanto alguns aspectos baseados nos princiacutepios e normas da agricultura orgacircnica e na vivecircncia de extensionistas pesquisadores e produtores podem servir de orientaccedilatildeo inicial para aqueles que desejam fazer essa conversatildeo Torna-se importante frisar a necessidade de o cafeicultor entender a filosofia do movimento respeitando-a em qualquer circunstacircncia

De acordo com as normas da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM Guidelines 209291 - OIC 1997) a conversatildeo deve obedecer a um planejamento anual O interessado deve elaborar um projeto de conversatildeo que deveraacute ser previamente apresentado ao oacutergatildeo certificador ou ao inspetor por ocasiatildeo da primeira visita A caracterizaccedilatildeo da unidade como orgacircnica dependeraacute do cumprimento desse plano Um contrato deve ser firmado entre o cafeicultor ou organizaccedilatildeo produtora e o oacutergatildeo certificador

A documentaccedilatildeo do estabelecimento rural (dados gerais mapas histoacuterico das aacutereas de plantio) deve ser colocada agrave disposiccedilatildeo dos inspetores Os livros-caixa devem conter registros dos insumos da produtividade e do fluxo dos produtos incluindo as etapas de no processamento armazenamento embalamento e venda Uma lista detalhada dos insumos agriacutecolas usados tambeacutem deve disponibilizada para aprovaccedilatildeo

No iniacutecio da conversatildeo aspectos sociais como condiccedilotildees de moradia alimentaccedilatildeo e higiene seratildeo inventariados e um plano de melhoria se for o caso deve ser submetido Na implementaccedilatildeo

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

desse plano seraacute observado um cronograma de execuccedilatildeo Amostras (solo aacutegua plantas produtos colhidos etc) podem ser colhidas pelo oacutergatildeo certificador a qualquer momento para anaacutelise de resiacuteduos

A transiccedilatildeo corresponderaacute ao tempo transcorrido desde data da uacuteltima aplicaccedilatildeo de insumos natildeo permitidos em uma aacuterea agriacutecola ateacute o recebimento do selo orgacircnico Esse periacuteodo dependeraacute da extensatildeo da unidade produtiva das condiccedilotildees ambientais da mesma especialmente das condiccedilotildees do solo e do niacutevel tecnoloacutegico adotado pelo cafeicultor Em unidades onde as lavouras satildeo manejadas com uso miacutenimo de insumos externos 18 meses seratildeo suficientes para cumprimento dos requisitos Por outro lado unidades produtivas altamente tecnificadas ou semi-tecnificadas necessitaratildeo um periacuteodo miacutenimo de trecircs anos para a transiccedilatildeo tempo previsto para que os resiacuteduos de agrotoacutexicos sejam degradados no solo (Anacafeacute 1999)

A conversatildeo deve ser feita por etapas substituindo os fertilizantes quiacutemicos pelos orgacircnicos Aconselha-se dividir a unidade de produccedilatildeo em talhotildees uniformes quanto ao ambiente (solo topografia exposiccedilatildeo solar etc) A partir daiacute o cafeicultor deve trabalhar para converter anualmente 20 a 25 da aacuterea total (Ricci et al 2002ac)

Na Tabela 1 abaixo eacute fornecido um exemplo em que a aacuterea produtiva foi dividida em cinco talhotildees cada qual correspondendo a cerca de 20 da aacuterea total a ser convertida Normalmente o cafeicultor faz trecircs aplicaccedilotildees de fertilizantes em cobertura por ano utilizando formulaccedilotildees NPK que deveratildeo ser gradualmente substituiacutedas Assim no primeiro ano um dos talhotildees receberaacute apenas duas coberturas com o adubo quiacutemico sendo a terceira substituiacuteda pelo adubo orgacircnico na quantidade que contenha o teor de N correpondente agrave cobertura quiacutemica No ano seguinte esse procedimento deve ser repetido no segundo talhatildeo e assim sucessivamente No segundo ano de conversatildeo o primeiro talhatildeo receberaacute uma cobertura com adubo quiacutemico e duas coberturas com adubo orgacircnico e no terceiro ano as trecircs coberturas seratildeo orgacircnicas O mesmo talhatildeo no quinto ano de conversatildeo seguindo esse modelo poderaacute receber o certificado de orgacircnico caso todos os outros requisitos tenham sido tambeacutem atendidos

O uso de agrotoacutexicos deve ser suspenso de imediato substituindo-os por pulverizaccedilotildees foliares de caraacuteter preventivo utilizando-se caldas permitidas (bordalesa sulfocaacutelcica etc) e biofertilizantes respeitando no entanto o limite de uso desses produtos (nuacutemero de tratamentos e concentraccedilotildees) e observando os cuidados na sua manipulaccedilatildeo O ideal eacute que o cafeicultor obedeccedila a um cronograma elaborado junto com um teacutecnico extensionista

A divisatildeo em talhotildees facilita a reestruturaccedilatildeo da unidade de produccedilatildeo e o planejamento das accedilotildees especialmente quanto agrave necessidade de matildeo-de-obra e de insumos orgacircnicos Natildeo eacute aconselhaacutevel a conversatildeo completa no primeiro ano substituindo de uma soacute vez todo o fertilizante quiacutemico pelo orgacircnico que poderia acarretar um estresse nutricional predispondo a planta um ataque mais severo de pragas e doenccedilas

Conveacutem salientar que a partir do iniacutecio da conversatildeo no plantio de novas aacutereas o produtor deveraacute optar por cultivares resistentes agrave ferrugem visto que esta eacute a principal doenccedila da cultura no Brasil A simples substituiccedilatildeo de insumos quiacutemicos pelos orgacircnicos natildeo eacute suficiente em termos de conversatildeo mas representa um comeccedilo Paralelo a isto o cafeicultor deve buscar alternativas para melhorar toda a paisagem da unidade de produccedilatildeo concebendo-a como um organismo

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Tabela 1 Exemplo de um cronograma de substituiccedilatildeo de fertilizantes envolvendo diferentes talhotildees de uma unidade produtiva em conversatildeo para orgacircnica Talhatildeo Anos Aacuterea

conver-tida 1o ano 2o ano 3o ano 4o ano 5o ano 6o ano 7o

ano 8o

ano 9o ano

Talhatildeo 1

2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 cobertura quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert Cert 20

Talhatildeo 2

CONV 2 coberturas quiacutemicas + 1 Orgacircnica

1 quiacutemica + 2 Orgacircn

3 Org 3 Org Cert Cert Cert Cert 40

Talhatildeo 3

CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert Cert 60

Talhatildeo 4

CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3 Org Cert Cert 80

Talhatildeo 5

CONV CONV CONV CONV 2 Quim + 1 Org

1 Quim + 2 Org

3 Org 3

O cafeacute orgacircnico e seu cultivo O cafeacute pertence ao gecircnero Coffea da famiacutelia Rubiaceae Dentre as espeacutecies cultivadas destacam-se Coffea arabica conhecida como cafeacute araacutebica e Coffea canephora conhecida como cafeacute conilon ou robusta O cafeacute araacutebica eacute uma espeacutecie originaacuteria das florestas subtropicais da regiatildeo serrana da Etioacutepia e se adequa ao clima tropical de altitude Jaacute o cafeacute robusta eacute originaacuterio das regiotildees equatoriais baixas quentes e uacutemidas da bacia do Congo

A produccedilatildeo tradicional do cafeacute na Colocircmbia tal como praticada nas pequenas unidades de produccedilatildeo recria as condiccedilotildees originais de crescimento da planta em sistemas agroflorestais diversificados Estas satildeo as bases do cultivo orgacircnico do cafeacute que pode entretanto variar dependendo se o cultivo eacute mais ou menos intensivo

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Figura 1 Cafeacute Conilon cultivado em associaccedilatildeo com mamatildeo banana e aacutervores leguminosas (Gliricidia sepium) em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

Clima A faixa de temperatura ideal para o cultivo do cafeacute araacutebica fica entre 19 e 22oC Temperaturas mais altas promovem formaccedilatildeo de bototildees florais e estimulam o crescimento dos frutos Entretanto estimulam tambeacutem a proliferaccedilatildeo de pragas e aumenta o risco de infecccedilotildees que podem comprometer a qualidade da bebida O cafeeiro eacute tambeacutem muito suscetiacutevel agrave geada e temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da planta

O cafeacute robusta eacute mais resistente a temperaturas altas e a doenccedilas Adapta-se bem em regiotildees com meacutedia anual de temperatura entre 22 a 26oC O cafeeiro reage positivamente a um periacuteodo de seca que entretanto natildeo deve durar mais do que 3 meses A quantidade de chuva ideal para o desenvolvimento da cultura fica na faixa de 1500 a 1900 mm anuais bem distribuiacutedos Uma distribuiccedilatildeo muito irregular de chuva causa floraccedilatildeo desuniforme e maturaccedilatildeo desigual dos frutos

O cafeeiro eacute uma planta adaptada ao sombreamento parcial Utiliza apenas cerca de 1 da energia luminosa fotossinteticamente ativa Quando a temperatura na superfiacutecie da folha passa de 34oC a taxa de assimilaccedilatildeo de CO2

Cultivo

As cultivares devem ser escolhidas em funccedilatildeo de diversos aspectos destacando-se produtividade qualidade de bebida eacutepoca de maturaccedilatildeo espaccedilamento microclima ocorrecircncia de pragas e doenccedilas dentre outras

cai a praticamente zero fazendo com que a atividade fotossinteacutetica de uma planta sombreada passe a ser ateacute mais alta do que a de uma planta totalmente exposta ao sol (Cafeacute orgacircnico 2000)

Em regiotildees com alta incidecircncia do fungo causador da ferrugem (Hemileia vastratrix) a escolha de cultivares deve favorecer o plantio de espeacutecie ou cultivares resistentes O cafeacute Conilon apresenta resistecircncia natural de campo a esta doenccedila

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

No caso do cafeacute araacutebica as cultivares tradicionais tais como Mundo Novo Catuaiacute e Bourbon soacute podem ser utilizadas em aacutereas de menor ocorrecircncia da doenccedila bem como quando o produtor dispotildee de meacutetodos alternativos e teacutecnicas orgacircnicas eficientes para o seu controle De outro modo a escolha deve recair sobre cultivares de cafeacute araacutebica geralmente hiacutebridos mais resistentes e jaacute disponiacuteveis tais como

bull Icatu amarelo - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon seguida do cruzamento com a cultivar Mundo Novo Apresenta porte alto e frutos de cor amarela maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

bull Icatu vermelho - obtida do cruzamento do cafeacute robusta com o cafeacute araacutebica cultivar Bourbon Apresenta porte alto e frutos de cor vermelha maturaccedilatildeo precoce a tardia moderada resistecircncia agrave ferrugem alta produtividade e qualidade de bebida de boa a excelente

MUDAS

A formaccedilatildeo de mudas sadias e bem desenvolvidas eacute uma etapa fundamental para que o cafeicultor tenha sucesso

Existem dois tipos de mudas de cafeeiro as mudas de meio ano e as de um ano As mudas de meio ano satildeo mais utilizadas por apresentarem custos mais baixos por requererem menor volume de substrato e apresentarem um tempo de permanecircncia no viveiro mais curto

As mudas de cafeeiro podem ser produzidas em saquinhos de polietileno opaco e dotados de orifiacutecios de dreno ou em tubetes a partir de sementes selecionadas e com boa capacidade de germinaccedilatildeo As dimensotildees recomendadas para os saquinhos satildeo 11 cm largura x 20 cm de altura para mudas de meio ano 14 cm largura x 29 cm de altura para as de um ano

O uso de tubetes para a formaccedilatildeo de mudas orgacircnicas os quais contecircm reduzido volume de substrato natildeo sendo permitido o uso de fertilizantes altamente soluacuteveis tem como desvantagem um desenvolvimento agraves vezes insatisfatoacuterio das mudas Aleacutem do preccedilo superior dos proacuteprios tubetes o sistema exige irrigaccedilatildeo por microaspersatildeo suporte para encaixe dos recipientes e matildeo-de-obra especializada

O viveiro deve ser construiacutedo em local bastante ensolarado com topografia preferencialmente plana evitando-se aacutereas alagadiccedilas que favoreccedilam o ataque de fitopatoacutegenos Aleacutem disso haacute necessidade de faacutecil acesso agrave aacutegua de boa qualidade e com vazatildeo adequada Para produzir 1000 mudas eacute necessaacuteria uma aacuterea de 10m2 de viveiro cujos detalhes de construccedilatildeo constam do Anexo 1 O viveiro deve ser protegido com cobertura de palha (sapecirc ou outra) ou mais propriamente com tela de nylon tipo Sombrite Em ambos os casos a reduccedilatildeo da luminosidade natural natildeo deve ultrapassar 50 A construccedilatildeo do viveiro deve levar em conta a trajetoacuteria do sol para assegurar maior homogeneidade das mudas

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

A qualidade da semente como antes mencionado eacute fundamental para a obtenccedilatildeo de boas mudas As sementes devem ser provenientes de instituiccedilotildees oficiais de cooperativas ou de produtores registrados e inspecionados pelos oacutergatildeos de defesa sanitaacuteria vegetal Sementes da proacutepria lavoura devem ser colhidas de plantas vigorosas de alta produtividade natildeo expressando sintomas de doenccedilas parasitaacuterias e com baixa incidecircncia de frutos chochos

A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta usando-se ou natildeo sementes preacute-germinadas (Guimaratildees et al 1989) observando-se a legislaccedilatildeo regional

Na semeadura direta satildeo colocadas duas sementes por saquinho plaacutestico a uma profundidade maacutexima de 1 cm cobrindo-se em seguida com frac12 cm de terra ou areia peneirada Feito isso os canteiros devem ser cobertos com palha seca livre de sementes de plantas espontacircneas visando conservar a umidade e evitar que as sementes sejam deslocadas pela irrigaccedilatildeo

O semeio indireto embora natildeo permitido em alguns estados pode ser efetuado em germinadores de areia de onde as placircntulas no estaacutedio palito-de-foacutesforo seratildeo transplantadas para os recipientes A desvantagem deste meacutetodo eacute acarretar uma consideraacutevel quantidade de mudas com piatildeo torto

As sementes podem ser preacute-germinadas em ambiente uacutemido sob 2 a 3 cm de areia ou em sacos de aniagem Na fase de esporinha (radiacutecula com 1 cm no maacuteximo) as placircntulas satildeo repicadas para os saquinhos

Preparo de substratos

Bons substratos podem ser preparados seguindo algumas formulaccedilotildees simples tais como

1 70 a 80 de sub-solo argiloso + 20 a 30 de vermicomposto 2 50 a 70 de sub-solo argiloso + 30 a 50 de esterco bovino curtido 3 85 a 90 de sub-solo argiloso + 10 a 15 de cama de aviaacuterio curtida

Como fonte de foacutesforo recomenda-se adicionar agraves misturas 1 de termofosfato siliacutecico-magnesiano Outra opccedilatildeo seria a farinha de ossos calcinada na mesma proporccedilatildeo Em caso de necessidade de potaacutessio pode-se fazer uso da cinza de lenha ou do sulfato de potaacutessio

Eacute expressamente proibido na agricultura orgacircnica o uso do brometo de metila ou qualquer outro fumigante para desinfestaccedilatildeo do substrato Para tal finalidade dispotildee-se da alternativa da solarizaccedilatildeo (Ricci et al 1997) Trata-se de um meacutetodo fiacutesico de desinfestaccedilatildeo baseado no uso da energia solar para elevaccedilatildeo da temperatura do solo Eacute um meacutetodo apropriado para regiotildees com estaccedilotildees climaacuteticas bem definidas onde o veratildeo apresenta dias consecutivos de alta radiaccedilatildeo solar Existem vaacuterios meacutetodos de solarizaccedilatildeo Um deles consiste em esparramar o substrato umedecido sobre um terreiro acimentado ou sobre uma lona preta e cobri-lo com plaacutestico (polietileno) fino e transparente bem esticado e expocirc-lo ao sol por 4 a 5 dias (Katan 1980 Katan amp DeVay 1991) Durante a solarizaccedilatildeo a temperatura do substrato deve atingir niacuteveis que satildeo letais agrave grande maioria dos fitopatoacutegenos e da plantas espontacircneas (Katan et al 1976 Ghini 1991) A Estaccedilatildeo Experimental de Seropeacutedica da Pesagro-Rio desenvolveu um solarizador de baixo custo e alta eficiecircncia que pode ser muito uacutetil na de desinfestaccedilatildeo de substratos para mudas de cafeacute (Anexo 2)

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Manejo das mudas

As principais diferenccedilas quanto agrave formaccedilatildeo de mudas de cafeacute para subsequumlente cultivo convencional ou orgacircnico residem na composiccedilatildeo do substrato para abastecimento dos saquinhos ou tubetes no processo de desinfestaccedilatildeo do mesmo nas adubaccedilotildees complementares de cobertura ou mediante pulverizaccedilatildeo foliar e no controle de pragas agentes fitopatogecircnicos e de ervas espontacircneas no viveiro

Eacute possiacutevel que as mudas revelem sintomas de deficiecircncia nutricional durante a fase de viveiro Uma opccedilatildeo viaacutevel satildeo os estercos bem curtidos ou compostados vermicompostos e preparaccedilotildees do tipo Bokashi (farelos fermentados) os quais poderatildeo ser utilizados em cobertura As doses deveratildeo ser testadas previamente em pequenos lotes de mudas antes da aplicaccedilatildeo geral no viveiro a fim de assegurar ausecircncia de efeitos fitotoacutexicos (queimaduras) por parte dos insumos orgacircnicos

Como fonte de micronutrientes recomendam-se pulverizaccedilotildees quinzenais com biofertilizantes liacutequidos de composiccedilatildeo semelhante ao conhecido Supermagro

Esses produtos aleacutem da funccedilatildeo nutricional estimulam o crescimento das mudas e auxiliam no controle preventivo de fitoparasitas

Na cafeicultura orgacircnica eacute vedado o uso de herbicidas O controle das ervas espontacircneas no viveiro deve feito manualmente com cuidado para natildeo danificar as mudas A irrigaccedilatildeo pode ser feita de diferentes maneiras Em pequena escala pode ser efetivada com simples mangueiras de borracha em viveiros maiores a irrigaccedilatildeo por aspersatildeo constitui-se na melhor opccedilatildeo

A partir do terceiro par de folhas definitivas deve ser iniciada a aclimataccedilatildeo das mudas retirando-se gradualmente a cobertura para que as mudas estejam adaptadas agraves condiccedilotildees climaacuteticas locais antes do plantio definitivo (Pereira et al 1996)

Espaccedilamento e densidade de plantio

No Brasil a densidade populacional dos cafezais aumentou devido agrave adoccedilatildeo de espaccedilamentos menores Satildeo as chamadas lavouras adensadas com 5 a 10 mil plantas por ha (25 x 07m 20 x 07m 20 x 10m por exemplo) ou super-adensadas com mais de 10 mil plantas ou mais por ha (10 x 10m ou 10 x 07m)

O adensamento da cultura promove melhorias das caracteriacutesticas dos solos (Pavan et al 1993 Pavan amp Chaves 1996) Entretanto apesar dos resultados positivos observados o adensamento estimula a monocultura praacutetica condenada pela agricultura orgacircnica por proporcionar um ambiente agriacutecola simplificado e homogecircneo

A baixa diversidade dos agroecossistemas eacute fator preponderante no surgimento de fitoparasitas sendo uma das causas da instabilidade que caracteriza a agricultura contemporacircnea (Montecinos 1996 Peacuterez amp Pozo 1996) Aleacutem disso o adensamento das lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes apoacutes o segundo ano de cultivo e de outras culturas consorciadas de porte baixo Por conseguinte deve-se optar por espaccedilamentos menos adensados considerando a estabilidade do sistema de produccedilatildeo e buscando viabilizar o cultivo consorciado do cafeacute com outras espeacutecies Lavouras cafeeiras diversificadas aleacutem de mais corretas do ponto de vista ambiental satildeo economicamente mais seguras visto que o preccedilo do cafeacute estaacute sempre sujeito agrave flutuaccedilotildees de mercado

Uma possibilidade para aumentar a diversidade dos cultivos seria o adensamento dos cafeeiros nas linhas e aumento do espaccedilamento nas entrelinhas o que permite o plantio de culturas intercalares Entretanto satildeo necessaacuterios mais estudos para avaliar a viabilidade dessa opccedilatildeo

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

ADUBACcedilAtildeO

A adubaccedilatildeo do cafeeiro deve ser planejada de acordo com as anaacutelises do solo e dos tecidos foliares e as quantidades variam em funccedilatildeo da idade da planta e do tipo de adubo usado das perdas de nutrientes que venham a ocorrer entre outros aspectos

Na agricultura orgacircnica natildeo eacute permitido o uso de determinados fertilizantes quiacutemicos de alta concentraccedilatildeo e solubilidade tais como ureacuteia salitres superfosfatos cloreto de potaacutessio e outros

A mateacuteria orgacircnica eacute considerada fundamental para a manutenccedilatildeo das caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo A mateacuteria orgacircnica provoca mudanccedilas nas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e bioloacutegicas do solo aumentando a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de umidade Do ponto de vista fiacutesico a mateacuteria orgacircnica melhora a estrutura do solo reduz a plasticidade e a coesatildeo aumenta a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua e a aeraccedilatildeo permitindo maior penetraccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das raiacutezes Quimicamente a mateacuteria orgacircnica eacute a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais agraves plantas aleacutem de atuar indiretamente na disponibilidade dos mesmos devido agrave elevaccedilatildeo do pH aumenta a capacidade de retenccedilatildeo dos nutrientes evitando perdas Biologicamente a mateacuteria orgacircnica aumenta a atividade dos microorganismos do solo por ser fonte de energia e de nutrientes (Kiehl 1981 1985)

Uma forma eficiente e relativamente barata de se elevar o teor de mateacuteria orgacircnica dos solos eacute por meio da adubaccedilatildeo verde e da adiccedilatildeo de adubos orgacircnicos Muitos produtos que podem ser utilizados como adubo orgacircnico satildeo produzidos nas proacuteprias unidades de produccedilatildeo como os estercos camas de aviaacuterio palhas restos vegetais e compostos Resiacuteduos da agroinduacutestria tambeacutem podem ser usados e nessa categoria estatildeo incluiacutedas as tortas oleaginosas (amendoim algodatildeo mamona cacau) borra de cafeacute bagaccedilos de frutas e outros subprodutos da induacutestria de alimentos resiacuteduos das usinas de accediluacutecar e aacutelcool (torta de filtro vinhaccedila e bagaccedilo de cana) e resiacuteduos de beneficiamento de produtos agriacutecolas

O agricultor deve selecionar o tipo de adubaccedilatildeo em funccedilatildeo da disponibilidade local levando em consideraccedilatildeo principalmente a distacircncia da fonte ateacute o local onde seraacute utilizado visto que a despesa com transporte pode elevar os custos ou ateacute inviabilizar a atividade

A facilidade de decomposiccedilatildeo desses materiais depende da relaccedilatildeo carbononitrogecircnio (relaccedilatildeo CN) que significa a proporccedilatildeo de carbono contida no material em relaccedilatildeo ao nitrogecircnio O valor ideal estaacute em torno de 301 Quanto menor o valor desta relaccedilatildeo mais faacutecil seraacute a sua decomposiccedilatildeo Materiais ricos em nitrogecircnio tais como os estercos e palha de leguminosas satildeo os que possuem menores valores dessa relaccedilatildeo que variam entre 201 e 301 enquanto nas palhadas esta relaccedilatildeo varia de 351 ateacute 1001 No Anexo 3 estaacute apresentada a relaccedilatildeo CN dos principais resiacuteduos orgacircnicos que podem orientar a escolha

O foacutesforo eacute um nutriente importante para o desenvolvimento do cafeeiro que no entanto eacute uma cultura eficiente no uso de fosfato de fontes naturais Para correccedilatildeo do niacutevel de foacutesforo satildeo recomendados termofosfatos fosfato de rocha natural ou mesmo a farinha de osso Deve-se atentar para a possibilidade de contaminaccedilatildeo por metais pesados quando do uso de escoacuterias ou mesmo poacute de rocha preferindo sempre fontes comprovadamente isentas de contaminaccedilotildees indesejaacuteveis

O potaacutessio eacute o nutriente mais importante para o cafeeiro por estar relacionado com os processos de frutificaccedilatildeo e de defesa natural das plantas (Guimaratildees et al 2002) As fontes de potaacutessio recomendadas na agricultura orgacircnica satildeo as cinzas vegetais a casca de cafeacute a vinhaccedila o sulfato de potaacutessio e o sulfato duplo de potaacutessio e magneacutesio

Nos solos brasileiros eacute comum haver deficiecircncia de alguns micronutrientes Esses elementos satildeo importantes natildeo soacute pelo seu papel no metabolismo das plantas como tambeacutem por suas relaccedilotildees com os mecanismos de defesa das plantas De acordo com Guimaratildees et al (2002) nas condiccedilotildees brasileiras zinco boro e cobre estatildeo entre os micronutrientes mais importantes para o

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

cafeeiro e as fontes recomendadas incluem o poacute de basalto os sulfatos algas marinhas e os biofertilizantes onde estes nutrientes estatildeo na forma complexada com a mateacuteria orgacircnica

A monitorizaccedilatildeo constante do estado nutricional do cafeeiro eacute a chave para o desenvolvimento de plantas saudaacuteveis e produtivas

Estercos

Encontram-se nessa categoria os estercos provenientes de bovinos equumlinos caprinos suiacutenos ovinos aves e coelhos cuja composiccedilatildeo quiacutemica varia com o sistema de criaccedilatildeo a idade do animal a raccedila e a alimentaccedilatildeo

Eacute recomendaacutevel que a cafeicultura orgacircnica seja integrada agrave atividade animal a fim de reduzir os custos de produccedilatildeo Neste caso a atividade animal deve ser realizada conforme as regras estabelecidas pela agricultura orgacircnica de acordo com a regulamentaccedilatildeo da Lei 108312003 No caso de esterco obtido de fora da propriededade o produtor deve estar atento agrave origem do mesmo especialmente quanto agrave presenccedila de aditivos quiacutemicos eou estimulantes hormocircnios medicamentos sanitizantes e resiacuteduos de alimentos natildeo permitidos Eacute recomendaacutevel que o produtor antes de utilizar o esterco discuta com a certificadora as restriccedilotildees especiacuteficas do mercado comprador O esterco deve ser preferencialmente compostado ou entatildeo deve ser estabilizado ou curtido (envelhecido naturalmente por um periacuteodo de pelo menos 6 meses)

As Boas Praacuteticas Agriacutecolas recomendam o uso do esterco compostado ou estabilizado por um periacuteodo longo de tempo com adiccedilatildeo de calcaacuterio (Neves et al 2004b) Essas recomendaccedilotildees objetivam o uso seguro do esterco na produccedilatildeo por possibilitarem a eliminaccedilatildeo de microrganismos patogecircnicos que porventura existam Aleacutem disso reduzem a presenccedila de sementes de plantas espontacircneas e a fitotoxicidade

Composto

Chamamos de composto o adubo orgacircnico proveniente da compostagem uma praacutetica milenar de estabilizaccedilatildeo de estercos e outros resiacuteduos orgacircnicos

Para produzir um composto seguro em relaccedilatildeo aos microrganismos potencialmente patogecircnicos eacute preciso que sejam observados os seguintes aspectos

bull As pilhas devem ser reviradas e misturadas a cada 7-8 dias no miacutenimo 5 vezes durante o processo

bull A temperatura deve se manter entre 55 e 70ordmC durante pelo menos nos primeiros 15 dias (Kiehl 1985)

Um processo simples de compostagem estaacute descrito no Anexo 4

Durante a compostagem escorre um liacutequido escuro das pilhas denominado chorume Este material se possiacutevel deve ser recolhido e retornado agrave pilha pois representa excelente fonte de nutrientes Apoacutes cerca de 50 dias normalmente o composto estaacute pronto para ser usado

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Bokashi

Bokashi significa composto orgacircnico em japonecircs Eacute obtido da fermentaccedilatildeo de farelos com o auxiacutelio de microrganismos O Bokashi pode ser preparado na propriedade de acordo com o processo descrito no Anexo 5 Os ingredientes utilizados podem variar de acordo com a disponibilidade de cada regiatildeo

O produto pode ser aplicado nas covas sob a saia do cafeeiro ou nas ruas No caso de aplicaccedilatildeo manual deve-se tomar cuidado de destorroar para quebrar os torrotildees grandes antes de aplicar no solo

A quantidade de Bokashi a ser aplicada varia em funccedilatildeo do histoacuterico e da anaacutelise do solo O Bokashi possibilita a melhoria do solo em diversos aspectos e com o decorrer do tempo pode-se diminuir gradativamente a dosagem

Biofertilizantes

Basicamente o biofertilizante eacute o resiacuteduo do biodigestor obtido da fermentaccedilatildeo de materiais orgacircnicos como a vinhaccedila as aacuteguas de lavagem de estaacutebulos baias e pocilgas O biofertilizante de esterco bovino por exemplo eacute o material pastoso resultante de sua fermentaccedilatildeo (digestatildeo anaeroacutebica) em mistura com aacutegua

Na digestatildeo anaeroacutebia haacute maior retenccedilatildeo de nitrogecircnio do que na decomposiccedilatildeo aeroacutebia pela compostagem Isto ocorre pelo fato de as bacteacuterias anaeroacutebias utilizarem pequena quantidade de nitrogecircnio dos resiacuteduos vegetais e animais para sintetizarem proteiacutenas

Os biofertilizantes aleacutem de serem importantes fontes de macro e micronutrientes contecircm substacircncias com potencial de funcionar como defensivos naturais quando regularmente aplicados via foliar

Vaacuterios tipos de biofertilizantes satildeo utilizados podendo ser obtidos da mistura de diversos materiais orgacircnicos com aacutegua enriquecidos ou natildeo com minerais Podem ser aplicados sobre a planta via pulverizaccedilotildees e sobre o solo Os efluentes de biodigestor em geral de pocilgas e estaacutebulos conteacutem somente esterco e aacutegua

Outros biofertilizantes como o Supermagro e o Agrobio tecircm na sua formulaccedilatildeo fontes variadas de mateacuteria orgacircnica incluindo vegetais e minerais como poacutes de rocha e micronutrientes

Os biofertilizantes funcionam como fonte suplementar de micronutrientes e de componentes natildeo especiacuteficos e embora seus efeitos sobre as plantas natildeo estejam totalmente estudados estimulam ao que tudo indica a resistecircncia das plantas ao ataque de pragas e agentes de doenccedilas Tecircm papel direto no controle de alguns fitoparasitas atraveacutes de substacircncias com accedilatildeo fungicida bactericida eou inseticida presentes em sua composiccedilatildeo e haacute estudos mostrando tambeacutem seus efeitos na promoccedilatildeo de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas possivelmente pelos hormocircnios vegetais nela presentes

O Supermagro eacute proveniente da fermentaccedilatildeo anaeroacutebia da mateacuteria orgacircnica de origem animal e vegetal que resulta num liacutequido escuro utilizado em pulverizaccedilatildeo foliar complementar agrave adubaccedilatildeo de solo como fonte de micronutrientes Atua tambeacutem como defensivo natural por meio de bacteacuterias beneacuteficas principalmente Bacillus subtilis (Pedini 2000) que inibe o crescimento de fungos e bacteacuterias causadores de doenccedilas nas plantas aleacutem de aumentar a resistecircncia contra insetos e aacutecaros Os ingredientes baacutesicos do biofertilizante Supermagro satildeo aacutegua esterco bovino mistura de sais minerais (micronutrientes) resiacuteduos animais melaccedilo e leite Sua forma de preparo encontra-se no Anexo 6

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Existem outras formulaccedilotildees adaptadas do Supermagro como o Agrobio biofertilizante produzido pela PESAGRO-RIO (1998) (Fernandes 2000) cujo processo de preparaccedilatildeo estaacute descrito no Anexo 7

Em qualquer das formulaccedilotildees citadas as pulverizaccedilotildees devem ser feitas nas concentraccedilotildees de 2 a 5 sendo que para as espeacutecies perenes poderatildeo ser suficientes quatro pulverizaccedilotildees por ano Na fase de formaccedilatildeo ateacute seis meses apoacutes o plantio pulverizaccedilotildees de Supermagro (13 a 15) promovem melhor crescimento dos cafeeiros (Arauacutejo 2004) Por estes produtos conterem micronutrientes pulverizaccedilotildees excessivas podem ocasionar teores elevados nos tecidos foliares Por este motivo anaacutelises quiacutemicas foliares devem ser feitas frequumlentemente a fim de monitorar os teores desses nutrientes nas plantas e direcionar a formulaccedilatildeo do biofertilizante

O biofertilizante liacutequido produzido a partir da simples fermentaccedilatildeo de esterco fresco de bovinos eacute recomendado para aplicaccedilatildeo em maiores concentraccedilotildees Eacute distribuiacutedo usando-se tanques ou atraveacutes de um sistema de aspersatildeo sobre o solo ou sobre a planta em diluiccedilotildees de 20 a 40 e volumes de 100 a 200 m3ha (Anexo 8)

Cobertura morta do solo

Palhadas e resiacuteduos diversos provenientes da lavoura ou de agroinduacutestrias (palha de cafeacute bagaccedilo de cana etc) satildeo materiais ricos em carbono e pobres em nitrogecircnio que podem ser usados como cobertura morta protegendo o solo das intempeacuteries diminuindo o risco de erosatildeo e contribuindo para elevar o teor de mateacuteria orgacircnica Quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogecircnio nos materiais (ver Anexo 3) tanto mais difiacutecil e demorada seraacute sua decomposiccedilatildeo (Kiehl 1985) Os materiais com relaccedilatildeo CN mais elevada devem ser preferencialmente utilizados para esta finalidade

Cobertura viva do solo e adubos verdes

Considera-se cobertura viva do solo toda vegetaccedilatildeo presente quer de procedecircncia cultivada ou espontacircnea Adubos verdes satildeo plantas cultivadas no local ou trazidas de fora e cultivadas com a finalidade de serem incorporadas ao solo para preservar a sua fertilidade (Calegari et al 1993 Chaves et al 2000ab) Podem ser utilizadas em consoacutercio rotaccedilatildeo de culturas cercas-vivas quebra-ventos faixas de contorno e bordaduras A utilizaccedilatildeo de biomassa vegetal como fonte de mateacuteria orgacircnica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a sua dependecircncia da criaccedilatildeo animal

Dentre os benefiacutecios oriundos da utilizaccedilatildeo dessa massa vegetal podem-se mencionar seus efeitos sobre as propriedades quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo aleacutem de efeitos alelopaacuteticos

Assim a cobertura viva e os adubos verdes propiciam o aumento do teor de mateacuteria orgacircnica da disponibilidade de macro e micronutrientes do pH e reduzem os efeitos toacutexicos do alumiacutenio e do manganecircs Ajudam a trazer para a superfiacutecie os nutrientes das camadas mais profundas do solo disponibilizando-os para o cafeeiro aleacutem de diversificarem o sistema elevando a populaccedilatildeo de insetos polinizadores bem como de parasitoacuteides e predadores de pragas da lavoura

A presenccedila de vegetaccedilatildeo cobrindo o solo protege-o do impacto das chuvas e consequumlentemente da erosatildeo aumentando a infiltraccedilatildeo e capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua dos solos a porosidade e

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

a aeraccedilatildeo do solo e atenua as oscilaccedilotildees de temperatura e umidade intensificando a atividade bioloacutegica Tambeacutem contribui para diminuir a necessidade de capinas

As espeacutecies mais utilizadas como adubos verdes satildeo as leguminosas devido agrave sua capacidade de fixar o nitrogecircnio atmosfeacuterico incorporando-o ao sistema o que significa uma importante alternativa de suprimento agraves culturas Na cafeicultura os adubos verdes podem ser utilizados no preacute-plantio do cafeacute no periacuteodo de setout a marccediloabril proporcionando uma elevada produccedilatildeo de massa verde e aporte de nitrogecircnio Muitas espeacutecies podem ser utilizadas destacando-se a mucuna anatilde o guandu as crotalaacuterias e a leucena Na Tabela 1 e 2 estatildeo apresentadas algumas caracteriacutesticas de leguminosas usadas como adubo verde e na Tabela 3 estatildeo algumas recomendaccedilotildees pertinentes ao uso de adubos verde no cafeacute

As leguminosas tambeacutem podem ser cultivadas nas entrelinhas da lavoura do cafeacute desde sua implantaccedilatildeo tendo-se o cuidado de selecionar uma espeacutecie natildeo muito agressiva que natildeo exerccedila competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes com o cafeeiro Espeacutecies que sobem no cafeacute devem ser evitadas por demandarem mais cuidados no manejo Podem ser cultivadas leguminosas de gratildeo como feijatildeo soja feijatildeo-de-corda e guandu e espeacutecies natildeo leguminosas tais como milho girassol sorgo milheto e mandioca

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Floraccedilatildeo da crotalaacuteria

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Eacutepoca de

plantio Haacutebito de

cresci-mento

Floraccedilatildeo plena (dias)

Massa vegetal (thaano)

Verde Seca

Centrosema set-dez rasteiro 200-220 16-35 3-7 Calopogocircnio set-dez rasteiro 180-210 15-40 4-10 Crotalaacuteria juncea set-dez ereto 80-130 15-60 5-15 C spectabilis set-dez ereto 110-140 15-30 3-8

C mucronata set-dez ereto 120-150 10-63 25-116 Crotalaacuteria breviflora

set-jan ereto 100 15-21 3-5

Crotalaacuteria paulina set-dez ereto 120-150 50-80 5-9 Crotalaacuteria grantiana

set-dez ereto 140-160 7-28 25-60

Feijatildeo-de-corda set-dez ereto 70-110 12-47 25-54 Feijatildeo-de-porco set-dez ereto 100-120 14-30 32-7 Guandu set-jan ereto 140-180 9-70 3-22 Guandu anatildeo out-jan ereto 100 12-20 25-56 Indigofera set-jan ereto 240-270 15-30 4-10 Kudzu set-dez rasteiro 240-270 15-36 35-8 Lab-Lab set-dez voluacutevel 130-140 18-30 39-13 Leucena set-dez ereto 120 (corte) 60-120 15-40 Mucuna preta set-jan rasteiro 140-170 10-40 4-75 Mucuna cinza set-jan voluacutevel 130-150 20-46 5-9 Mucuna anatilde set-jan ereto 80-100 12-27 35-65 Siratro set-jan rasteiro 210-240 14-28 3-65 Soja perene set-dez rasteiro 210-240 25-40 4-10 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Tabela 2 - Caracteriacutesticas de algumas espeacutecies de leguminosas de veratildeo que podem ser utilizadas como adubos verdes na cafeicultura Espeacutecie Espaccedila-

mento na entrelinha

(m)

Quantidade de

sementes (kgha)

Nitrogecircnio fixado

(kghaano)

Peso 1000 sementes (g)

Centrosema 04-08 --- 93-398 189 Calopogocircnio 05-10 10 64-450 109 Crotalaacuteria juncea

025 40 150-165 50

C spectabilis 025 15 154 176

C mucronata 025 10 154 7 C breviflora 025 20 154 18 Crotalaacuteria paulina

025 --- 154 16

C grantiana 025 8 154 392 Feijatildeo-de-corda

04 60-75 50-354 145

Feijatildeo-de-porco

05-15 150-180 49-190 1351

Guandu 05-15 50 41-280 134 Guandu anatildeo 06-07 --- --- 725 Indigofera 05-15 --- --- 266 Kudzu 05-10 --- 30-100 109 Lab-Lab 05-08 45 --- 250 Leucena 15-50 --- 400-600 46 Mucuna preta 05-10 60-80 157 650 Mucuna cinza 05-15 60-90 --- 835 Mucuna anatilde 05 80-100 76-282 642 Siratro 05-10 --- 70-140 104 Soja perene 05-10 --- 40-450 7 Fonte Calegari et al (1993) e Calegari (1998)

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Tabela 3 - Recomendaccedilotildees para o plantio de adubos verdes em diferentes densidades de plantio do cafeacute

Sistema de plantio Haacutebito de crescimento do adubo verde

Quando utilizar os adubos verdes

tradicional rasteiro e semi-ereto todos os anos

medianamente adensado semi-ereto e ereto nos 2 ou 3 primeiros anos

adensado ereto nos 2 primeiros anos

super-adensado ereto soacute no primeiro ano

Fonte Chaves (1999)

Arborizaccedilatildeo de cafezais

O cafeacute eacute originaacuterio de florestas caducifoacutelias da Etioacutepia onde as aacutervores dos extratos mais altos perdem as folhas durante os meses de julho a setembro quando o cafeeiro mais necessita de luz para a floraccedilatildeo (CEPA 1971) Trata-se portanto de uma espeacutecie adaptada agrave sombra embora no Brasil a maioria das lavouras seja conduzida a pleno sol

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 2 Cafeacute Conilon (Coffea canephora) em associaccedilatildeo com mamatildeo e guandu cultivado em sistema orgacircnico na Fazendinha Agroecoloacutegica Seropeacutedica RJ

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

O sistema de produccedilatildeo de cafeacute orgacircnico no Brasil eacute mundialmente criticado devido agrave escassez de biodiversidade nas lavouras As plantaccedilotildees orgacircnicas nacionais satildeo vistas como monoculturas sem aacutervores e com grande uso de mateacuteria orgacircnica externa agrave propriedade (Moreira et al 2002)

Embora natildeo seja uma praacutetica comum o cultivo em faixas de leguminosas arboacutereas fruteiras ou outras espeacutecies perenes intercaladas no cafezal eacute recomendaacutevel (Ricci et al 2002ab) A arborizaccedilatildeo eacute um recurso para diversificar as lavouras tradicionais sendo comum em paiacuteses produtores de cafeacute da Ameacuterica Latina tais como Colocircmbia Venezuela Costa Rica Panamaacute e Meacutexico As espeacutecies mais comuns satildeo leguminosas como ingaacute (Inga sp) e Erythrina poeppigiana fruteiras como a banana (Musa spp) e os citros (Citrus spp) e espeacutecies madeiraacuteveis como freijoacute-louro (Cordia alliodora) e cedro (Cedrela odorata) (Beer 1997)

O cultivo a pleno sol tem apresentado problemas de superproduccedilatildeo e consequumlente esgotamento das plantas durante os primeiros anos ateacute que o auto-sombreamento diminua esse efeito (Souza amp Oliveira 2000) Pesquisas recentes demonstram uma relaccedilatildeo positiva entre niacuteveis de sombreamento e produccedilatildeo de frutos (Soto-Pinto et al 2000) Segundo Fernandes (1986) a arborizaccedilatildeo com espeacutecies e espaccedilamentos adequados pode apresentar resultados positivos quando comparado ao cultivo a pleno sol

Uma das vantagens da utilizaccedilatildeo de aacutervores eacute a ciclagem de nutrientes ou seja a quantidade de nutrientes das camadas mais profundas do solo que a aacutervore retira e depois deposita sobre o solo atraveacutes da queda de suas folhas ou quando eacute podada

De acordo com resultados de uma pesquisa realizada em Machado MG comparando-se cafeacute orgacircnico a pleno sol com cafeacute orgacircnico sombreado por Platycyamus regnellii (pau pereira) o sombreamento proporcionou

bull Menor temperatura do solo e menor oscilaccedilatildeo bull Maturaccedilatildeo mais uniforme dos gratildeos bull Menor lixiviaccedilatildeo de nutrientes principalmente potaacutessio bull Maior reciclagem de nutrientes bull Maiores concentraccedilotildees de potaacutessio nos gratildeos nas folhas e no solo bull Melhor qualidade de bebida e tipo dos gratildeos bull Produtividade equivalente

Eacute recomendaacutevel entre 30 a 40 de sombreamento dependendo das condiccedilotildees de clima e da fertilidade do solo Haacute duas maneiras de se obter a taxa de sombreamento desejado A primeira eacute por meio do espaccedilamento das aacutervores que pode ser maior ou menor de acordo com o porte de cada espeacutecie O espaccedilamento no sombreamento definitivo geralmente varia de 8x8m ateacute 15x15m Entretanto como muitas das espeacutecies usadas tecircm um crescimento lento o produtor pode optar por um plantio mais adensado e agrave medida que as aacutervores forem crescendo eliminam-se algumas A outra maneira de dosar a sombra eacute por meio de podas

Quanto agrave localizaccedilatildeo das aacutervores estas devem ser plantadas obedecendo ao desenho do cafezal em curvas de niacutevel e na mesma linha dos cafeeiros deixando livre as ruas para passagem de maacutequinas

Um aspecto importante a ser considerado eacute que a arborizaccedilatildeo retarda e uniformiza a maturaccedilatildeo dos gratildeos Desse modo os frutos do cafeeiro permanecem por mais tempo no estaacutegio cereja possibilitando a cataccedilatildeo manual e contribuindo para melhorar a qualidade do produto (Matiello amp Coelho 1999)

Outro fato a ser considerado eacute que lavouras arborizadas ou em consoacutercios agroflorestais podem possibilitar ao produtor um maior retorno econocircmico (frutas madeiras etc) especialmente para pequenos empreendimentos (Beer 1997) ou nos periacuteodos em que o preccedilo do cafeacute estaacute em baixa

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Existem dois tipos de arborizaccedilatildeo o temporaacuterio ou provisoacuterio e o permanente O primeiro tipo serve de proteccedilatildeo ao cafeeiro na fase de estabelecimento permanecendo na aacuterea somente durante os primeiros anos devendo ser eliminado quando o sombreamento definitivo estiver estabelecido Para o sombreamento provisoacuterio satildeo utilizadas espeacutecies anuais ou perenes de porte meacutedio sendo a banana a espeacutecie mais comum nos paiacuteses latinos

Na seleccedilatildeo de espeacutecies para arborizaccedilatildeo definitiva os seguintes requisitos devem ser observados

bull Ser adaptada agraves condiccedilotildees ambientais da regiatildeo bull Ter capacidade de obter nitrogecircnio atraveacutes da fixaccedilatildeo bioloacutegica (famiacutelia das leguminosas) bull Ter crescimento raacutepido e vida longa bull Possuir sistema radicular profundo a fim de natildeo concorrer por aacutegua e nutrientes com o

cafeeiro bull Ser preferencialmente sem espinhos bull Ser resistente a ventos bull Possuir copa rala ou perda de folhas no periacuteodo de julho a setembro em que o cafeacute

necessita de mais luz para floraccedilatildeo bull Ter boa capacidade de rebrota e proporcionar um bom aporte de nutrientes bull Proporcionar retorno adicional de renda (lenha alimentos etc) bull Natildeo exigir podas frequumlentes bull Ser resistente a pragas e agentes de doenccedilas que possam prejudicar o cafeeiro

Mais informaccedilotildees sobre a arborizaccedilatildeo de cafezais estatildeo apresentadas no Anexo 9

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 3 Aacutervores de Gliricidia sepium em plena floraccedilatildeo usada na arborizaccedilatildeo de um cafezal Conilon cultivado organicamente na Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 em Seropeacutedica RJ

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea

O controle da vegetaccedilatildeo espontacircnea eacute uma etapa muito importante visto que o cafeeiro eacute muito sensiacutevel agrave competiccedilatildeo por aacutegua e nutrientes importante especialmente durante algumas fases do ano

Eacute comum chamar as plantas que ocorrem espontaneamente na aacuterea de invasoras ou daninhas por considerar que causam mais danos do que benefiacutecios agraves plantas cultivadas devendo dessa forma serem erradicadas Todavia na agricultura orgacircnica nem toda planta espontacircnea eacute considerada daninha As plantas espontacircneas satildeo capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfiacutecie disponibilizando-os novamente para o cafeeiro promovem a descompactaccedilatildeo do solo protegem o solo da erosatildeo e da insolaccedilatildeo aumentam a aeraccedilatildeo e a retenccedilatildeo de aacutegua dos solos aumentam a diversidade de espeacutecies ocorrentes na aacuterea que podem auxiliar no controle bioloacutegico de pragas quando cortadas podem ser utilizadas na preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos e de biofertilizantes bem como satildeo produtoras de biomassa vegetal Portanto essas plantas natildeo devem ser erradicadas mas sim manejadas ou controladas

Certas espeacutecies como por exemplo beldroega sapecirc e carqueja satildeo indicadoras das condiccedilotildees fiacutesicas e quiacutemicas do solo Uma lista de plantas indicadoras eacute apresentada no Anexo 10

A ocorrecircncia das plantas espontacircneas varia conforme o periacuteodo do ano No periacuteodo chuvoso (outnov a marccediloabril) meses onde a temperatura e a disponibilidade de aacutegua satildeo maiores estas espeacutecies tornam-se mais abundantes predominando as gramiacuteneas Nos meses mais secos (maio a setembro) predominam as espeacutecies de folhas largas por possuiacuterem um sistema radicular pivotante capaz de retirar aacutegua de camadas mais profundas Neste periacuteodo eacute muito importante controlar essas populaccedilotildees porque coincide com a eacutepoca de florescimento e de frutificaccedilatildeo do cafeeiro (Fernandes 1986 Alcacircntara et al 1989) a fim de diminuir a competiccedilatildeo

O crescimento de plantas espontacircneas eacute mais intenso em lavouras jovens devido agrave maior disponibilidade de luz Agrave medida que os cafeeiros crescem menor se torna o espaccedilo nas entrelinhas disponiacutevel agrave entrada de luz diminuindo dessa forma os niacuteveis de ocorrecircncia

Uma alternativa viaacutevel para reduzir significativamente a concorrecircncia de plantas espontacircneas nos primeiros anos da lavoura eacute o consoacutercio dos cafeeiros com feijatildeo milho crotalaacuteria lab-lab guandu entre outras Aleacutem de controlar as plantas espontacircneas as culturas consorciadas podem funcionar como adubos verdes aumentando o aporte de mateacuteria orgacircnica e de nutrientes (especialmente de nitrogecircnio no caso das leguminosas) a proteccedilatildeo dos solos e a diversidade das populaccedilotildees de insetos beneacuteficos na aacuterea aleacutem de possibilitarem lucro adicional

Na cafeicultura orgacircnica o uso de herbicidas estaacute proibido O manejo das plantas espontacircneas eacute feito normalmente atraveacutes de roccediladas e capinas manuais e mecacircnicas evitando-se a exposiccedilatildeo completa do solo mantendo-o coberto a maior parte do ano

A roccediladacapina manual feita com foicesenxadas eacute eficaz mas o rendimento eacute baixo tornando-se onerosa por necessitar de consideraacutevel matildeo-de-obra Eacute mais usada em aacutereas relativamente pequenas eou declivosas A capina seletiva elimina somente as espeacutecies mais agressivas

A roccediladacapina mecacircnica tratorizada eacute raacutepida mas depende de um espaccedilamento largo que permita a passagem das maacutequinas e implementos Depende ainda do cafezal estar bem alinhado da declividade da aacuterea e da presenccedila suficiente de carreadores A necessidade de matildeo-de-obra eacute menor poreacutem mais especializada Como desvantagens exige alto investimento em equipamentos e constitui-se numa praacutetica apenas toleraacutevel pelas normas da produccedilatildeo orgacircnica uma vez que desestrutura o solo e promove sua compactaccedilatildeo

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

A roccedilada pode ser feita com roccediladeira costal motorizada O rendimento eacute muito bom e pode ser adotada em espaccedilamentos menores aacutereas mais declivosas e exige menor investimento

O esterco de animais a pasto representa uma fonte de sementes de espeacutecies espontacircneas sendo portanto de grande importacircncia a sua compostagem antes da utilizaccedilatildeo visto que a elevaccedilatildeo da temperatura durante o processo reduz consideravelmente a viabilidade das sementes

Caldas de preparo caseiro

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides)

A agricultura moderna caracteriza-se pela simplificaccedilatildeo do agroecossistema em vastas aacutereas substituindo a diversidade natural por um pequeno nuacutemero de espeacutecies cultivadas Esta simplificaccedilatildeo causa grande impacto e consequumlentemente desequiliacutebrio ao meio ambiente Uma intensificaccedilatildeo da incidecircncia de pragas e doenccedilas eacute resultante desse modelo Portanto deve-se primeiramente buscar o equiliacutebrio de cada ambiente atraveacutes da manutenccedilatildeo de aacutereas de matas aumento da diversidade de espeacutecies vegetais dentro do cafezal isolamento de aacutereas vizinhas que adotam manejo convencional etc Estas taacuteticas visam aumentar o nuacutemero de inimigos naturais e consequumlentemente diminuir a pressatildeo de pragas e doenccedilas (Akiba et al 1999)

Entretanto algumas vezes estas medidas natildeo satildeo suficientes para impedir a ocorrecircncia de problemas fitossanitaacuterios principalmente em funccedilatildeo de desequiliacutebrios temporaacuterios naturais que acarretam estresse do uso de cultivares suscetiacuteveis e de fatores natildeo controlaacuteveis que venham determinar o aumento da incidecircncia de pragas e de agentes de doenccedilas

Nesses casos faz-se necessaacuterio o uso de defensivos alternativos que podem ser de preparaccedilatildeo caseira ou adquiridos no comeacutercio a partir de substacircncias natildeo prejudiciais agrave sauacutede humana e ao meio ambiente Pertencem a esse grupo as formulaccedilotildees que tecircm como caracteriacutesticas principais baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e agrave natureza eficiecircncia no combate aos artroacutepodes e microrganismos nocivos natildeo favorecimento agrave ocorrecircncia de formas de resistecircncia desses fitoparasitas disponibilidade e custo reduzido Estatildeo incluiacutedos nesta categoria entre outros os diversos biofertilizantes liacutequidos as caldas (sulfocaacutelcica viccedilosa e bordalesa) os extratos de determinadas plantas e os agentes de biocontrole (Penteado 1999)

Caldas de preparo caseiro

Calda sulfocaacutelcica Calda bordalesa

Calda Viccedilosa Nim (Azadirachta indica)

Calda sulfocaacutelcica

Eacute resultante de uma reaccedilatildeo corretamente balanceada entre o caacutelcio e o enxofre dissolvidos em aacutegua e submetidos agrave fervura constituindo uma mistura de polissulfetos de caacutelcio cujo preparo estaacute descrito no Anexo 11

Aleacutem do seu efeito fungicida exerce accedilatildeo sobre aacutecaros cochonilhas e outros insetos sugadores aleacutem de ter accedilatildeo repelente sobre brocas que atacam tecidos lenhosos

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Antes da aplicaccedilatildeo sobre as plantas atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares a calda concentrada deve ser diluiacuteda Para controlar essa diluiccedilatildeo determina-se a densidade atraveacutes de um densiacutemetro ou aerocircmetro de Baumeacute com graduaccedilatildeo de 0 a 50ordm Beacute (graus de Baumeacute) sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 e 32ordm Beacute

O uso rotineiro da calda sulfocaacutelcica requer certos cuidados a seguir listados

1 1 a qualidade e a pureza dos componentes da calda determinam sua eficaacutecia sendo que a cal natildeo deve ter menos que 95 de CaO

2 2 a calda eacute alcalina e altamente corrosiva danifica recipientes de metal as roupas e a pele Apoacutes manuseaacute-la eacute necessaacuterio lavar bem os recipientes e as matildeos com uma soluccedilatildeo a 10 de suco de limatildeo ou de vinagre em aacutegua

3 3 a calda pode ser fitotoacutexica para muitas plantas principalmente quando a temperatura ambiente eacute elevada sendo conveniente testaacute-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos agrave tardinha

4 4 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual (EPI) quando da realiccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 5 5 natildeo descartar os excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 6 6 apoacutes aplicaccedilatildeo de caldas agrave base de cobre (bordalesa e viccedilosa) deve-se respeitar o

intervalo miacutenimo de 20 dias para tratamento com sulfocaacutelcica

Calda bordalesa

Eacute uma suspensatildeo coloidal de cor azul celeste obtida pela mistura de uma soluccedilatildeo de sulfato de cobre com uma suspensatildeo de cal virgem ou hidratada cujo preparo estaacute descrito no Anexo 12

O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos a seguir relacionados

1 1 sulfato de cobre deve possuir no miacutenimo 98 de pureza e a cal natildeo deve conter menos que 95 de CaO

2 2 a calda deve ser empregada logo apoacutes o seu preparo ou no maacuteximo dentro de 24 horas quando estocada pronta perde eficaacutecia com rapidez

3 3 aplicar a calda somente com tempo claro e seco 4 4 os recipientes de plaacutestico madeira ou alvenaria satildeo os mais indicados porque natildeo satildeo

atacados pelo cobre e pela cal 5 5 utilizar equipamento de proteccedilatildeo individual quando da realizaccedilatildeo das pulverizaccedilotildees 6 6 natildeo descartar excedentes em nascentes cursos daacutegua accediludes ou poccedilos 7 7 obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicaccedilotildees de calda sulfocaacutelcica e de calda

bordalesa

Calda Viccedilosa

Foi desenvolvida a partir da calda bordalesa pela Universidade Federal de Viccedilosa Eacute recomendada para controle de diversos fitopatoacutegenos dentre os quais o agente da cercosporiose do cafeeiro por ser complementada com sais minerais (cobre zinco magneacutesio e boro) tambeacutem funciona como adubo foliar Detalhes do preparo estatildeo descritos no Anexo 13

Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados para as caldas bordalesa e sulfocaacutelcica A ureacuteia que faz parte da formulaccedilatildeo original natildeo pode ser acrescentada agrave receita por que seu uso natildeo estaacute permitido pelas normas vigentes da agricultura orgacircnica

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Nim (Azadirachta indica)

Eacute uma planta da famiacutelia Meliaceae cuja origem provaacutevel eacute a Iacutendia e o sul da Aacutesia onde eacute muito utilizada para fins medicinais e como pesticida O oacuteleo das sementes do nim eacute um inseticida de amplo espectro capaz de atuar contra mais de 418 espeacutecies de pragas incluindo a mosca branca pulgotildees e besouros assim como contra nematoacuteides (Ciociola Jr amp Martinez 2002 Ferraz amp Freitas 2004)

No Brasil jaacute se encontram disponiacuteveis no mercado o oacuteleo das sementes e extrato de folhas para pulverizaccedilotildees de plantas No Anexo 14 haacute uma receita simples de extrato de nim recomendada pelo Grupo Temaacutetico de Praacuteticas Ambientais Sustentaacuteveis (2002)

Controle alternativo dos fitopatoacutegenos

As doenccedilas que normalmente ocorrem em cafeeiros assumindo certo grau de importacircncia de acordo com as condiccedilotildees climaacuteticas regionais satildeo

Ferrugem (Hemileia vastatrix) Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp) Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Ocorre principalmente nas lavouras implantadas em altitudes entre 500 e 900m sob condiccedilotildees de temperaturas relativamente elevadas (22 a 26ordmC) e molhamento foliar contiacutenuo superior a 12 horas A incidecircncia eacute maior nas aacutereas expostas a ventos granizo e ao frio intenso e nos espaccedilamentos mais reduzidos

Sintomas manchas amareladas na face superior das folhas variando em diacircmetro com erupccedilotildees esporulantes alaranjadas na face inferior (constituiacutedas de uredosporos do fungo) Desfolhamento mais ou menos intenso dependendo das condiccedilotildees ambientais

Agente causal fungo da classe dos basidiomicetos que tem nos uredosporos sua principal via de disseminaccedilatildeo

Controle pode ser feito pelo plantio de cultivares resistentes como Icatu Catucaiacute (Catuaiacute x Icatu) e Catimor (Catuaiacute Vermelho x Hiacutebrido de Timor) aleacutem do Conilon Os biofertilizantes podem ser utilizados e o controle preventivo iniciado quando a incidecircncia da ferrugem eacute de no maacuteximo 5 de folhas com puacutestulas esporuladas pode ser feito com o uso da caldas viccedilosa Adubaccedilotildees equilibradas desbrotas e podas para melhorar o arejamento do cafezal tambeacutem contribuem para manter o controle sobre a incidecircncia da ferrugem

Olho Pardo ou Cercosporiose (Cercospora coffeicola)

A doenccedila eacute tambeacutem conhecida como mancha circular mancha parda ou olho de pombo presente de forma endecircmica em quase todas as regiotildees do paiacutes (Godoy et al1997) As principais causas da incidecircncia da enfermidade satildeo deficiecircncia nutricional principalmente na formaccedilatildeo de mudas em substratos pobres excesso de insolaccedilatildeo queda de temperatura e estresse hiacutedrico

Sintomas lesotildees pequenas e circulares com 05 a 15 cm de diacircmetro de coloraccedilatildeo pardo-clara ou marron-escura com centro branco-acinzentado envolvidas por anel arroxeado ou amarelado lembrando um olho As folhas atacadas caem rapidamente ocorrendo desfolha e

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

seca de ramos Os frutos podem ser infestados ocasionando depreciaccedilatildeo da qualidade da bebida

Agente causal fungo da classe dos deuteromicetos que produz esporodoacutequios no centro das lesotildees onde os conidioacuteforos septados e ciliacutendricos satildeo agrupados em fasciacuteculos Apresenta coniacutedios hialinos e multisseptados

Controle o fungo pode ser eficientemente controlado em plantios sombreados (Samayoa-Juaacuterez amp Saacutenchez-Garcia 2000) e tambeacutem utilizando-se caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) em pulverizaccedilotildees foliares a intervalos de 15 dias Entre as praacuteticas culturais recomendadas estatildeo o bom preparo do solo que deve estar livre de compactaccedilatildeo e adensamentos de modo a proporcionar um bom arejamento das raiacutezes adubaccedilotildees equilibradas controle do sombreamento jaacute que a incidecircncia da doenccedila aumenta com o plantio a pleno sol

Seca dos ramos e ponteiros (Phoma spp Phomopsis sp Colletotrichum spp)

Eacute ocasionada por um complexo de fatores destacando-se principalmente as condiccedilotildees climaacuteticas desfavoraacuteveis e maacute nutriccedilatildeo das plantas

Sintomas ocorre em cafeeiros de qualquer idade e caracteriza-se pela desfolha e morte descendente dos ramos

Agente causal diversos fungos da classe dos deuteromicetos

Controle preventivo atraveacutes de pulverizaccedilotildees foliares quinzenais com as caldas bordalesa ou viccedilosa (10 a 15) e adubaccedilatildeo foliar com biofertilizante tipo Supermagro ou Agrobio (4) Quebra-ventos e adubaccedilotildees equilibradas satildeo praacuteticas que favorecem o controle da doenccedila

Mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae)

Eacute uma doenccedila bacteriana que afeta principalmente folhas jovens rosetas frutos novos e ramos do cafeeiro atingindo mudas no viveiro e plantas no campo Em regiotildees altas e desprotegidas de ventos a bacteacuteria provoca a queda prematura das folhas prejudica o pegamento de flores e a produccedilatildeo do ano seguinte

Sintomas manchas necroacuteticas de coloraccedilatildeo pardo-escura circundadas por um halo amarelado As lesotildees satildeo mais frequumlentes nas bordas das folhas Um outro sintoma importante da doenccedila eacute a seca de ramos laterais e com isto a planta emite ramos novos provocando um superbrotamento

Controle deve iniciar-se ainda na fase de viveiro com a escolha do local de instalaccedilatildeo que deve estar protegido de ventos frios sendo que a adoccedilatildeo de quebra-ventos eacute importante medida de mitigaccedilatildeo da doenccedila tanto nos viveiros quanto no campo As mudas atacadas devem ser podadas agrave altura do terceiro par de folhas e pulverizadas com as caldas bordalesa ou de viccedilosa (10 a 15) Adubaccedilotildees equilibradas e o uso de quebra-ventos satildeo praacuteticas recomendadas

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Controle alternativo de insetos-pragas aacutecaros e nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella) Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Aacutecaro vermelho do cafeeiro (Oligonychus ilicis) Cigarras

Nematoacuteides

Bicho mineiro (Leucoptera coffeella)

O adulto deste inseto se apresenta como uma pequena mariposa Na fase larval a lagarta se alimenta das folhas do cafeeiro cavando galerias ou minas onde se aloja e se desenvolve O ataque da praga reduz a aacuterea foliar e por vezes provoca intenso desfolhamento

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (25) nos periacuteodos mais secos do ano (Penteado 1999) armadilhas com feromocircnio e controle com extratos vegetais principalmente o nim (soluccedilatildeo aquosa a 20 a 40) (Martinez et al 2001) e o mentrasto (Ageratum conyzoides) Como praacuteticas culturais recomendadas estatildeo a utilizaccedilatildeo de quebra-ventos e a arborizaccedilatildeo Satildeo indicadas a seringueira macadacircmia cajueiro ingazeiro greviacutelea robusta e bananeira As lagartas podem ser controladas por parasitoacuteides (Colastes letifer Mirax sp Closterocerus coffeella Horismenus sp) que podem causar cerca de 18 de mortalidade das larvas do minador e por predadores principalmente as vespas tais como Proctonectarina sylveirae Brachygastra lecheguana e Polybia scutellaris que podem causar ateacute 70 de mortalidade do minador nas fases de ovo larva e pupa Para a manutenccedilatildeo de uma populaccedilatildeo de vespas adequada na lavoura de cafeacute recomenda-se a preservaccedilatildeo de matas remanescentes eou o plantio de aacutereas de refuacutegio

Broca dos frutos (Hypothenemus hampei)

Eacute um besouro preto luzidio de corpo ciliacutendrico e ligeiramente recurvado para traacutes Este inseto ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estaacutegio de maturaccedilatildeo A fecircmea perfura os frutos para fazer a oviposiccedilatildeo aberturas que permitem a entrada de fungos causadores de podridatildeo As larvas ao se alimentarem destroem parcial ou totalmente a semente

Controle o controle cultural eacute o melhor meacutetodo quando a colheita do cafeacute eacute realizada em uma eacutepoca definida e consiste em iniciar a colheita nos talhotildees mais infestados realizar uma colheita bem feita sem deixar frutos na planta e no chatildeo e fazer o repasse da colheita colhendo os frutos que sobraram no chatildeo e na planta Pulverizaccedilotildees foliares com o fungo entomopatogecircnico Beauveria bassiana na proporccedilatildeo de 1 a 2kgha de formulaccedilotildees comerciais em poacute (Penteado 1999) Eacute possiacutevel controlar a broca-do-cafeacute atraveacutes do parasitoacuteide Cephalonomia stephanoderis vulgarmente conhecida como vespa-da-Costa-do-Marfim (Benassi 1996) O controle tambeacutem pode ser conseguido por meio de armadilhas de etanol com adiccedilatildeo de oacuteleo de cafeacute que atraem as fecircmeas adultas (Reis et al 2002)

Aacutecaro vermelho (Oligonychus ilicis)

As fecircmeas medem em torno de 05 mm de comprimento e vivem na parte superior das folhas Em anos de inverno seco e menos rigoroso causam desfolhamento do cafeeiro

Controle pulverizaccedilotildees foliares com calda sulfocaacutelcica (2)

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Cigarras

Nos uacuteltimos anos esse inseto tem aumentando em importacircncia para a cultura do cafeacute devido principalmente agrave utilizaccedilatildeo de aacutereas de cerrado para plantio Os gecircneros jaacute foram registradas infestar cafeeiros satildeo Quesada cujos adultos medem de 6 a 7 cm de comprimento Dorisiana Fidicina e Carineta que satildeo de menor tamanho medindo de 2 a 3 cm Causam debilitaccedilatildeo das plantas devido agrave succcedilatildeo contiacutenua de seiva das raiacutezes pelas ninfas as plantas apresentam uma clorose nas folhas da extremidade dos ramos semelhante a deficiecircncias nutricionais ocorrendo posteriormente queda de folhas com consequumlente queda de flores e frutos e as extremidades dos ramos secam causando sensiacutevel diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo em lavouras entre 6 a 10 anos Nas condiccedilotildees brasileiras a fase de ninfa pode durar de um ano a mais

Controle Haacute relatos de que o fungo Metarhizium anisopliae causa mortalidade das ninfas (Reis et al 2002) O controle por praacutetica cultural consiste na arborizaccedilatildeo com espeacutecies que natildeo sejam hospedeiras para as cigarras por exemplo as greviacuteleas Nos casos de infestaccedilatildeo grave soacute resta a eliminaccedilatildeo do cafezal e replantio somente apoacutes pelo menos 3 anos Os cafeeiros em formaccedilatildeo natildeo satildeo atacados pelas cigarras

Nematoacuteides

Os nematoacuteides formadores de galhas radiculares principalmente Meloidogyne incognita satildeo limitantes para a cultura em solos arenosos As infestaccedilotildees normalmente ocorrem em reboleiras Em aacutereas infestadas eacute necessaacuteria a introduccedilatildeo de leguminosas antagonistas como mucuna preta mucuna anatilde e Crotalaria spectabilis (Thomaziello 2000) ou ainda utilizar mudas de C arabica enxertadas sobre a cultivar resistente Apoatatilde (Zambolim 2000) Jaacute em solos livres de infestaccedilatildeo recomenda-se o plantio de mudas certificadas de cafeeiro

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

COLHEITA

O cafeacute estaacute pronto para a colheita quando os frutos atingem o estaacutegio cereja A colheita deve ser realizada o mais rapidamente possiacutevel sendo ideal que se complete num periacuteodo de 2 a 3 meses Antes do periacuteodo de colheita deve-se organizar o material a ser usado (panos sacaria etc) e providenciar o ajuste e regulagem de todo o equipamento Deve-se tambeacutem fazer a arruaccedilatildeo para facilitar a colheita e a varriccedilatildeo dos frutos caiacutedos (cafeacute de varriccedilatildeo) Os terreiros e secadores devem ser revisados e criteriosamente limpos eliminando todos os resiacuteduos de cafeacute e outras sujidades

Foto Arquivo Embrapa Agrobiologia

Figura 1 Cafeacute Conilon em estaacutegio cereja Fazendinha Agroecoloacutegica Km 47 Seropeacutedica RJ

CUIDADOS NA COLHEITA

A colheita do cafeacute orgacircnico deve ser feita de forma seletivaisto eacute deve-se coletar somente os gratildeos maduras ou cereja o que resulta em qualidade superior do produto A aacuterea sob as plantas deve ser coberta com panos ou plaacutesticos limpos para que os frutos colhidos natildeo entrem em contato com o solo evitando assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo com fungos produtores de micotoxinas

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o principal cuidado a ser observado durante a colheita do cafeacute eacute justamente evitar a contaminaccedilatildeo dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de micotoxinas Deve-se portanto evitar a mistura de gratildeos caiacutedos com os gratildeos colhidos

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Poacutes-colheita Limpeza

Processamento

Lavagem e separaccedilatildeo

Secagem

Beneficiamento

As operaccedilotildees de poacutes-colheita do cafeacute orgacircnico envolvem diversas etapas ateacute o armazenamento que satildeo importantes para a preservaccedilatildeo das caracteriacutesticas sensoriais e de seguranccedila natildeo diferindo das etapas da produccedilatildeo convencional

Apoacutes a colheita o cafeacute deve ser transportado para o local de processamento o mais rapidamente possiacutevel evitando-se que fique amontoado na aacuterea de produccedilatildeo enquanto aguarda o transporte Recomenda-se nunca estocar o cafeacute colhido por periacuteodos prolongados seja nas carretas ou principalmente em sacos para minimizar o problema de fermentaccedilatildeo que eacute obviamente mais intensa quanto maior for a umidade dos frutos

Apoacutes a colheita manual ou mecacircnica deve-se proceder a uma varriccedilatildeo para eliminar os frutos caiacutedos fora dos panos ou da colheitadeira O cafeacute de varriccedilatildeo deve ser devidamente separado e processado separadamente

Limpeza

Apoacutes a colheita tanto por derriccedila manual no pano ou mecanizada o cafeacute deve ser submetido ao processo de limpeza e separaccedilatildeo das impurezas que pode ser feito por peneiramento manual (abanaccedilatildeo) ventilaccedilatildeo forccedilada ou por separadores de ar e peneira (maacutequinas de preacute-limpeza)

Processamento

Processamento via seca

O cafeacute pode ser processado por via seca ou por via uacutemida (Ver Fluxograma)

O preparo via uacutemida daacute origem aos cafeacutes despolpados ou desmucilados atraveacutes do processo de fermentaccedilatildeo raacutepida ou desmucilagem O despolpamento consiste na retirada da casca dos frutos maduros ou cerejas por meio de um descascador mecacircnico e posterior fermentaccedilatildeo e lavagem dos gratildeos eliminando-se a mucilagem Eacute uma praacutetica comum entre os produtores do Meacutexico da Colocircmbia e do Quecircnia mas no Brasil o despolpamento eacute pouco utilizado Eacute indicado para aacutereas onde o periacuteodo poacutes-colheita ocorre sob condiccedilotildees de elevada umidade relativa do ar Neste caso a retirada da mucilagem atraveacutes da operaccedilatildeo de despolpamento reduz os riscos de desenvolvimento de microrganismos associados aos frutos responsaacuteveis por fermentaccedilotildees indesejaacuteveis Aleacutem deste fato o cafeacute despolpado e o cereja descascado apresentam a vantagem de diminuir consideravelmente a aacuterea de terreiro e o tempo necessaacuterio para secagem (um terccedilo do tempo gasto em relaccedilatildeo ao cafeacute integral) Nas fases posteriores do preparo reduz-se em ateacute 60 o volume necessaacuterio de secadores silos e tulhas

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Processamento via seca

No processamento via seca os gratildeos de cafeacute apoacutes a abanaccedilatildeo lavagem e separaccedilatildeo das fraccedilotildees (cereja verde e boacuteia) satildeo encaminhados para a secagem em terreiro ou para secadores artificiais Esse tipo de processamento tambeacutem pode ser conduzido com preacutevio descascamento dos cafeacutes cereja e verde poreacutem mantendo-se a mucilagem que envolve o gratildeo Os gratildeos descascados (cereja descascado) satildeo entatildeo encaminhados para secagem

Lavagem e separaccedilatildeo

Mesmo com a retirada das impurezas (gravetos terra pedras folhas etc) o cafeacute deve passar pelo lavador ou separador hidraacuteulico que promove a separaccedilatildeo de acordo com o estaacutedio de maturaccedilatildeo dos frutos que apresentam diferentes densidades Frutos com graus diferentes de maturaccedilatildeo se mantidos juntos resultam em bebida de qualidade inferior

A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita e o cafeacute lavado natildeo deve ser amontoado seguindo imediatamente para o local de secagem Na lavagem ou separaccedilatildeo hidraacuteulica haacute uma parte que flutua conhecida pelo nome de cafeacute boacuteia representada pelo gratildeo que secou na planta cafeacute-passa frutos verdes mal granados ou leitosos A fraccedilatildeo que submerge eacute composta de frutos maduros e de meia maturaccedilatildeo constituindo um cafeacute de maior valor agregado Por isso as duas parcelas resultantes da separaccedilatildeo hidraacuteulica (cerejas e boacuteias) devem ser secas e armazenadas separadamente

O cafeacute de varriccedilatildeo (colhido no chatildeo) deve ser lavado posteriormente pois tem maior potencial de contaminaccedilatildeo com fungos do solo

Pequenos produtores podem fazer a lavagem do cafeacute utilizando uma caixa daacutegua ou outro recipiente similar disponiacutevel e uma bombona de plaacutestico cortada tipo balaio toda perfurada e uma peneira (Anexo 15)

Secagem

Secagem natural em terreiro Secagem artificial

Secagem do cafeacute cereja descascado

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) esta operaccedilatildeo eacute de grande importacircncia tanto no aspecto de seguranccedila como no de qualidade do cafeacute A secagem do cafeacute eacute comparativamente mais difiacutecil de ser executada do que a de outros produtos Aleacutem do elevado teor de accediluacutecares presentes na mucilagem os frutos normalmente apresentam teores iniciais relativamente altos de umidade

A secagem pode ser feita em terreiros ou utilizando-se secadores mecacircnicos Por vezes efetua-se uma preacute-secagem no terreiro completando-se o processo em secadores mecacircnicos O terreiro de secagem deve ser de construccedilatildeo adequada recomendando-se o terreiro pavimentado por permitir maior facilidade de operaccedilatildeo e limpeza

Secagem natural em terreiro

A secagem natural eacute realizada pela exposiccedilatildeo do cafeacute ao sol em terreiros Apesar da energia solar natildeo apresentar custo real na operaccedilatildeo de secagem existem algumas desvantagens como o seu baixo rendimento condicionado agrave necessidade de um periacuteodo prolongado para a secagem exigecircncia de extensas aacutereas de terreiro aleacutem do produto estar sujeito a variaccedilotildees climaacuteticas podendo ser re-

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

umedecido Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

a) Esparramaccedilatildeo

Inicialmente o cafeacute eacute esparramado em camadas finas aumentando-se a espessura gradativamente a medida que vai secando Durante a secagem os frutos devem ser protegidos da chuva e do sereno

Os frutos devem ser revolvidos por no miacutenimo 10 vezes ao dia para acelerar a secagem e evitar o aparecimento de gratildeos mofados e fermentados

O cafeacute colhido natildeo deve de modo algum secar diretamente sobre o solo Esporos de fungos oriundos de outros lotes podem permanecer no solo e contaminar posteriormente todos os demais lotes O terreiro para a secagem do cafeacute deve ter a superfiacutecie lisa e deve ser mantido em boas condiccedilotildees de higiene

A camada de gratildeos durante a secagem natildeo deve ser maior que 4 cm e natildeo deve permanecer por mais de 3 dias no terreiro

b) Enleiramento

Apoacutes o segundo dia de secagem os frutos devem ser arrumados em pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura ao final da tarde esparramando-se o cafeacute no outro dia pela manhatilde

Em caso de ocorrecircncia de chuvas deve-se fazer leiras maiores no sentido do declive do terreiro A troca de lugar das leiras deve ser efetuada o maior nuacutemero de vezes possiacutevel para arejar a massa de frutos e evitar fermentaccedilotildees Apoacutes o teacutermino das chuvas as leiras devem ser revolvidas ateacute secagem completa do piso do terreiro

O cafeacute cereja soacute deve ser amontoado depois da meia-seca A fase final da secagem no terreiro acontece quando o cafeacute atinge 18 a 20 de umidade devendo ser amontoado agrave tarde e coberto com lonas Recomenda-se que a operaccedilatildeo seja iniciada por volta das 15 horas quando eacute menor a umidade do ar e os gratildeos estatildeo quentes Na manhatilde seguinte deveraacute ser novamente esparramado em horaacuterio proacuteximo das 10 horas para evitar o resfriamento excessivo e a reabsorccedilatildeo de umidade

c) Final da secagem em terreiro

No final da secagem o cafeacute deveraacute apresentar entre 11-12 de umidade sendo que o tempo total de permanecircncia no terreiro varia entre 10 e 20 dias dependendo da regiatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas A determinaccedilatildeo praacutetica deste ponto final pode ser feita com base na observaccedilatildeo da dureza e coloraccedilatildeo dos gratildeos ou pela relaccedilatildeo volumepeso em que 1 litro de cafeacute coco pesa aproximadamente 420-450g Uma maneira mais exata de determinaccedilatildeo de umidade eacute atraveacutes de medidores apropriados Eacute importante destacar que os niacuteveis finais de umidade do cafeacute satildeo criacuteticos quanto aos aspectos de seguranccedila e qualidade do produto abaixo de 11 o cafeacute permanece mais tempo ocupando matildeo-de-obra e espaccedilo de terreiro aleacutem de sofrer perda de peso e quebra de gratildeos no beneficiamento com valores acima de 12 os gratildeos branqueiam mais raacutepido no armazenamento aleacutem de ocorrer o risco de deterioraccedilatildeo

Na fase de secagem existe risco maacuteximo de proliferaccedilatildeo de fungos Aspergillus ochraceus e Penicillium verrucosum produtores da micotoxina ocratoxina A potencialmente carcinogecircnica A umidade dos gratildeos quando mantida na faixa 11-12 impede o crescimento desses fungos

Desta forma alguns cuidados durante a secagem no terreiro devem ser observados

1 Natildeo misturar lotes diferentes de cafeacute 2 Esparramar o cafeacute lavado ou natildeo no mesmo dia da colheita em camadas finas de 3 a 5 cm e

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

proceder-se agrave formaccedilatildeo das mini-leiras 3 Revolver o cafeacute pelo menos 10 vezes ao dia de acordo com a posiccedilatildeo do sol A sombra do

trabalhador deve ficar agrave sua frente ou atraacutes para que as pequenas leiras feitas durante o revolvimento natildeo sombreiem o cafeacute

4 Fazer com o cafeacute apoacutes o segundo dia de seca pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura no final da tarde e esparramar no dia seguinte bem cedo o que aceleraraacute a secagem e impediraacute que o sereno umedeccedila muito o cafeacute

5 Fazer leiras grandes com o cafeacute no sentido da maior declividade do terreiro em caso de chuvas Essas leiras devem ser trocadas de lugar o maior nuacutemero de vezes possiacutevel a fim de aumentar o contato da massa de cafeacute com o ar Quando a chuva passar deve-se continuar a revolver as leiras ateacute que o terreiro seque Logo apoacutes esparramar o cafeacute deve-se proceder o item b

6 Nunca amontoar o cafeacute cereja antes do ponto meia-seca ponto em que natildeo estaraacute mais colando na matildeo quando apertado

7 Amontoar o cafeacute por volta das 15 horas e se possiacutevel deixaacute-lo coberto com lona ateacute o dia seguinte Eacute uma operaccedilatildeo muito importante devido agrave propriedade de faacutecil troca teacutermica que o gratildeo de cafeacute em coco tem proporcionando homogeneidade na secagem

8 Esparramar o cafeacute por volta das 9-10 horas quando a umidade do ar eacute adequada e como no item c movimentaacute-lo ateacute agraves 15 horas quando deve ser novamente amontoado

9 Continuar o processo ateacute secagem final recolhendo o cafeacute frio pela manhatilde para a tulha com 11 a 12 de umidade

Dentro do terreiro podem ser construiacutedas coroas ou meias-luas que satildeo pequenas muretas de 5 cm de altura e 3 m de diacircmetro cuja finalidade eacute servir de local para amontoar o cafeacute evitando-se escorrimento da aacutegua de chuva sob lona

Deve-se evitar a construccedilatildeo de terreiros em lugares uacutemidos como baixadas e proacuteximo de represas ou locais sombreados e com construccedilotildees adjacentes

Secagem artificial

Existem diferentes modelos de secadores comercialmente disponiacuteveis recomendando-se utilizar de preferecircncia secadores com fornalha de fogo indireto (trocador de calor) ou queimador de gaacutes para evitar que o cafeacute adquira odor de fumaccedila Recomenda-se usar a proacutepria casca do cafeacute como combustiacutevel O secador deve ser carregado com cafeacute apresentando teor uniforme de umidade o que permite otimizar o processo de secagem (maior rapidez e menor consumo de combustiacutevel) O cafeacute muito uacutemido de inicio de colheita com muitos frutos cerejas e verdes deve sofrer uma preacute-secagem em terreiro ou preacute-secador antes de ir para o secador

A temperatura de secagem eacute extremamente importante A fim de se obter bebida fina a temperatura natildeo deve nunca ultrapassar 39oC para o cafeacute em casca medida na massa de cafeacute Quando houver um percentual elevado de frutos verdes a temperatura da massa deveraacute ser mantida abaixo de 30o

Secagem do cafeacute cereja descascado

C para evitar a ocorrecircncia de cafeacute verde-escuro e preto-verde O processo de secagem natildeo deve ser muito raacutepido de forma a garantir uniformidade seguranccedila e economia da operaccedilatildeo Em geral a secagem estaraacute completada entre 24 e 36 horas

A secagem deve iniciar-se imediatamente apoacutes o teacutermino do descascamento O cafeacute eacute esparramado em camadas finas no terreiro (natildeo superiores a 25 cm) e revolvido com rodo dentado pelo menos 20 vezes ao dia para uniformizar a umidade e promover a raacutepida secagem da mucilagem evitando-

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

se que os gratildeos grudem uns aos outros

Apoacutes 4 a 5 horas de plena exposiccedilatildeo ao sol ou pelo menos de um dia seco confirmar a completa secagem da mucilagem Se estiver seca colocar o cafeacute em leiras de 5-10cm de altura todas as tardes aumentando para 20-30cm ateacute que se atinja o estaacutedio de meia-seca

Quando for utilizada a secagem mecacircnica a temperatura da massa de cafeacute natildeo deveraacute ultrapassar 38degC usando-se de preferecircncia secadores rotativos para evitar que o pergaminho grude nas paredes Hoje tambeacutem se trabalha com terreiros suspensos de tela de sombrite ( Anexo 16 ) cobertos (tipo estufa) ou natildeo de onde se obteacutem cafeacutes de bebidas finas Pode-se no primeiro ou o segundo dia trabalhar com o cafeacute no terreiro comum ateacute perder a mucilagem e apoacutes esse periacuteodo transferir para o terreiro suspenso O importante eacute rodar o cafeacute o dia todo usando um rodo arredondado de madeira bem leve (tipo Pinus)

Beneficiamento

De acordo com o Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (2004) o beneficiamento eacute uma operaccedilatildeo poacutes-colheita que transforma pela eliminaccedilatildeo das cascas e separaccedilatildeo dos gratildeos o fruto seco (coco ou pergaminho) em gratildeos de cafeacute que passa a ser a denominaccedilatildeo de cafeacute beneficiado ou cafeacute verde A operaccedilatildeo de beneficiamento deve ser realizada o mais proacuteximo possiacutevel da eacutepoca de comercializaccedilatildeo para que o produto possa manter suas caracteriacutesticas originais

Dependendo das condiccedilotildees em que o cafeacute foi secado ou mesmo em virtude das mudanccedilas que podem ocorrer durante o armazenamento eacute conveniente passar o produto com bastante cuidado por secador de tulha aerados para que haja homogeneizaccedilatildeo do teor de umidade para um valor ideal para o beneficiamento Caso se use um secador a alta temperatura para solucionar um problema de umidade alta deve-se ter o cuidado de natildeo beneficiar o produto quente O resfriamento natural evita a incidecircncia de gratildeos quebrados

Uma unidade de beneficiamento deve sempre possuir dentre outros equipamentos necessaacuterios um conjunto de peneiras com diferentes tipos de furos com a finalidade de separar o cafeacute das impurezas (grauacutedas e miuacutedas) e um catador equipado com sistema magneacutetico que reteacutem materiais metaacutelicos aleacutem de pedras Esses equipamentos satildeo importantes para garantia da seguranccedila do produto para o consumidor final

A maioria dos pequenos cafeicultores sem condiccedilotildees de investimentos em maacutequinas proacuteprias ou sem a disponibilidade do serviccedilo de cooperativas usa geralmente o serviccedilo de beneficiadoras

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Manejo das aacuteguas usadas

Uma quantidade de aacutegua muito grande eacute usada nas atividades de lavagem e descascamento de frutos principalmente se o beneficiamento for feito por via uacutemida Na produccedilatildeo orgacircnica do cafeacute os cuidados com o tratamento das aacuteguas usadas natildeo devem ser negligenciados A aacutegua de lavagem eacute rica em material orgacircnico e inorgacircnico e natildeo deve de modo algum ser lanccedilada diretamente nos cursos de aacutegua O tratamento preliminar das aacuteguas usadas inclui a coagem para reter os materiais soacutelidos e sedimentaccedilatildeo do material em suspensatildeo em tanques de decantaccedilatildeo Chagas et al (2002) recomendam como alternativa de tratamento das aacuteguas apoacutes a coagem em grade de malha de tamanho adequado ou mesmo apoacutes a sedimentaccedilatildeo a deposiccedilatildeo sobre o solo por ser de baixo custo As formas de deposiccedilatildeo podem ser a infiltraccedilatildeo a fertirrigaccedilatildeo ou o escoamento superficial A teacutecnica de escoamento superficial requer um terreno inclinado e cultivado com vegetaccedilatildeo rasteira densa em geral gramiacutenea A aacutegua escoa pelo terreno lentamente Parte da aacutegua se infiltra e parte evaporada sendo o material orgacircnico usada pelas plantas e microrganismos Na parte de baixo da rampa a aacutegua restante eacute coletada em canais e direcionada para a lavoura

Chagas et al (2002) enfatizam que essa teacutecnica aleacutem do baixo custo permite o tratamento de grandes volumes em uma aacuterea relativamente pequena e o aproveitamento do potencial fertilizante dos resiacuteduos A cobertura vegetal produzida pode ser usada como adubo verde O solo da rampa deve ser continuamente cultivado para natildeo correr o risco de salinizaccedilatildeo

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

Armazenamento e Transporte Armazenamento do cafeacute na propriedade

Armazenamento do cafeacute beneficiado Transporte

Consiste em estocar o cafeacute em coco ou pergaminho apoacutes a secagem e antes do beneficiamento Satildeo utilizadas tulhas para o acondicionamento do cafeacute a granel e para o cafeacute beneficiado satildeo utilizadas sacas de aniagem

Um fator que precisa ser monitorado durante o armazenamento eacute a atividade de aacutegua (Aw) que consiste na aacutegua presente no interior dos gratildeos Outro fator a monitorar eacute o binocircmio atividade de aacutegua x temperatura que satildeo os principais fatores para a produccedilatildeo de micotoxinas A Aw natildeo pode ultrapassar o limite de 075 para que natildeo haja desenvolvimento dos fungos e a produccedilatildeo de micotoxinas (Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute 2004)

Armazenamento do cafeacute na propriedade

Eacute preferiacutevel armazenar o cafeacute em coco ou pergaminho do que beneficiado porque se preserva muito mais as caracteriacutesticas do produto Condiccedilotildees inadequadas de armazenamento poderatildeo conferir sabores estranhos agrave bebida (de madeira mofo etc) O cafeacute deveraacute ser mantido nas tulhas que devem ser construiacutedas em locais de boa insolaccedilatildeo drenagem e ventilados com temperatura ambiente ao redor de 20degC e umidade relativa do ar ateacute 65 Eacute fundamental conservar o cafeacute com 11 a 12 de umidade jaacute que eacute bastante higroscoacutepico podendo absorver umidade do ar se mantido em ambiente inapropriado Tambeacutem eacute recomendaacutevel que as tulhas ou armazeacutens tenham baixa luminosidade para que o cafeacute (principalmente o beneficiado) natildeo perca cor pela exposiccedilatildeo excessiva agrave luz

Armazenamento do cafeacute beneficiado

Apesar dos avanccedilos tecnoloacutegicos dos uacuteltimos anos a quase totalidade do cafeacute beneficiado no Brasil eacute armazenada em sacos de 60 kg dispostos em pilhas no armazeacutem O saco de cafeacute eacute uma unidade que se adapta ao manuseio e ao comeacutercio em pequena escala Esse tipo de armazenagem possui vantagens e desvantagens em relaccedilatildeo aos sistemas de armazenamento em silos a granel Entretanto apesar das desvantagens (grande volume custo de operaccedilatildeo) o armazenamento em sacaria permite a segregaccedilatildeo de lotes aspecto muito importante considerando-se que o produto eacute avaliado aleacutem de outros padrotildees de qualidade pelo teste de xiacutecara e tambeacutem por procedecircncia Aleacutem disso a facilidade de acesso aos lotes de circulaccedilatildeo de ar sobre a sacaria de inspeccedilatildeo e amostragem satildeo fatores importantes a serem considerados durante o armazenamento do cafeacute em armazeacutens onde eacute possiacutevel manter o produto armazenado por periacuteodos relativamente longos (acima de trecircs anos) sem grandes riscos de deterioraccedilatildeo

A sacaria para uso no armazenamento do cafeacute orgacircnico natildeo pode ser tratada com agrotoacutexicos aleacutem disso esses produtos natildeo satildeo permitidos no controle de pragas durante a estocagem e o uso de fumigantes durante o transporte quando requeridos por lei deve ser discutido e autorizado pelo oacutergatildeo certificador

O local de armazenamento deve ser limpo abrigado do sol da chuva e bem ventilado A utilizaccedilatildeo de sacos de junta eacute vantajosa por serem estes resistentes e facilitam a vedaccedilatildeo de aberturas feitas por ocasiotildees da retirada de amostras

Alguns pontos relativos agrave construccedilatildeo que influenciam a utilizaccedilatildeo do armazeacutem devem ser criteriosamente observados quando se decide pelo armazenamento em sacarias Eacute portanto

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

indispensaacutevel

bull A instalaccedilatildeo de portas em nuacutemeros e locais tecnicamente escolhidos de modo a facilitar as operaccedilotildees de cargas e descargas

bull Que as portas sejam instaladas frontalmente isto eacute no mesmo alinhamento em paredes opostas

bull O peacute-direito com altura miacutenima de 5 m bull A construccedilatildeo de paredes lisas evitando-se reentracircncias e terminando em meias cana junto

ao piso e nunca em acircngulo reto O fechamento lateral das paredes junto ao piso e aacute cobertura para evitar acesso de roedores paacutessaros e insetos no interior do armazeacutem

bull A colocaccedilatildeo de aberturas laterais para ventilaccedilatildeo protegidas por estruturas de telas e com aberturas regulaacuteveis

bull A instalaccedilotildees de lanternins tecnicamente dispostos para a boa circulaccedilatildeo de ar natural bull A utilizaccedilatildeo de telhas transparentes para melhorar a iluminaccedilatildeo natural (miacutenimo de 8 da

aacuterea coberta) bull Que o piso seja impermeaacutevel de concreto e que esteja no miacutenimo a 40 cm acima do niacutevel

do solo bull A construccedilatildeo de marquises em cada porta para carga e descarga em dias chuvosos bull Para proporcionar o maacuteximo de aproveitamento a aacuterea do piso deve ser projetada em

funccedilatildeo dos estrados e das ruas principais e secundaacuterias bull A instalaccedilatildeo de sistema de prevenccedilatildeo e combates a incecircndios

No armazenamento da sacaria devem ser levados em consideraccedilatildeo alguns pontos visando aumentar a eficiecircncia e a proteccedilatildeo do cafeacute

1 Excesso de luz deve ser evitado por causar mudanccedilas na cor do cafeacute (branqueamento) 2 Prover o teto e a parte inferior das paredes do armazeacutem com aberturas regulaacuteveis e

protegidas para remoccedilatildeo natural do ar 3 Instalar exaustores se possiacutevel 4 Impermeabilizar o piso ou adotar pisos suspensos 5 Eacute indispensaacutevel mesmo que o piso seja impermeaacutevel a utilizaccedilatildeo de estrados para permitir

a circulaccedilatildeo de ar na base da pilha

Transporte

O Manual de Seguranccedila e Qualidade para a Cultura do Cafeacute (manual2004) lista alguns procedimentos importantes para manter a seguranccedila e qualidade do cafeacute durante o transporte a saber

bull Cobrir as sacas durante o transporte e armazenamento prevenindo a re-umidificaccedilatildeo bull Carregar e descarregar os containeres em dias secos bull Garantir que os palletes e os containeres encontram-se secos bull Evitar a re-umidificaccedilatildeo da uacuteltima camada de sacos bull Implementar um sistema de controle de qualidade

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS

AUTOR ENGENHEIRO AGROcircNOMO ALIacutePIO LUIS DIAS