CULTIVARES E PORTA-ENXERTOS - Ageitec · potencial para o cultivo da macieira também em altitudes...
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Frutas do Brasil, 37Maçã Produção32
5 CULTIVARES EPORTA-ENXERTOS
João BernardiFrederico Denardi
Alexandre Hoffmann
INTRODUÇÃO
Os porta-enxertos e as cultivares-copa comerciais de macieira derivaram deespécies nativas, procedentes, na suagrande maioria, da Ásia Central - norte daChina, Kasakistão e sudeste da Rússia.Nestas regiões, os invernos são rigorosos,o que tem condicionado estas espéciesnativas a altas exigências em frio hibernal.Por isso, a grande maioria das atuaiscultivares comerciais requer grandequantidade de frio durante o inverno paraassegurar boa adaptação ao clima e solo,boa brotação e boa produção.
CULTIVARES
Embora existam, no mercadointernacional, milhares de cultivares demacieira, o número das que são atualmentecultivadas em escala no mundo não passade 100. Mais da metade da produçãomundial utiliza apenas quatro cultivares: aDelicious, a Golden Delicious, a Gala e aFuji e respectivos sub-clones, ou mutaçõesespontâneas. Embora estas cultivaressejam consideradas as melhores no critériode qualidade, apenas a cv. Gala e a Fujiencontram condições climáticas favoráveispara seu cultivo no sul do Brasil.Atualmente, mais de 90% da produçãobrasileira de maçãs provém destas duascultivares, plantadas apenas nas regiõesmais frias, acima de 900 m de altitude, nosul do Brasil. No entanto, existe um bompotencial para o cultivo da macieiratambém em altitudes menores, utilizandocultivares de baixa exigência em friohibernal durante o inverno.
Apesar de ser uma cultura relativa-mente nova no Brasil, já existem inúmerasnovas cultivares, desenvolvidas por insti-tuições de pesquisa, entre as quais a Epagri,em Santa Catarina, a Embrapa, no RioGrande do Sul, o Iapar, no Paraná, e o IAC,em São Paulo. Seus respectivos programasde melhoramento genético visamprincipalmente à obtenção de novascultivares mais adaptadas ao clima local eresistentes às principais doenças.Na Tabela 1, são apresentadas as principaiscaracterísticas agronômicas das cultivaresmais importantes recomendadas paraplantio no Brasil.
Descrição dasprincipais cultivares
Gala
As plantas da cv. Gala são semi-vigorosas, com hábito de crescimento semi-aberto, requerendo arqueamento dos ramospara se obter melhor produção e melhorcoloração das frutas. Apresenta boaadaptação climática em altitudes acima de1.200 m. Em altitudes inferiores, necessitade tratamento químico para a quebra dadormência das gemas; caso contrário, brotae floresce muito mal e desuniformemente,resultando em baixa produção e baixaqualidade das frutas. Por ser muito exigenteem frio, não é recomendado o plantiodessa cultivar em climas com menos de500 horas de temperaturas em torno de70C, durante o inverno. Inicia a produçãocomercial mais cedo do que as cultivaresmais vigorosas, como a Fuji e a Catarina.Apresenta alta produtividade, porém é
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Fonte
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muito suscetível à sarna (V. inaequalis), àmancha foliar-de-glomerella (Colletotrichumsp.) e ao oídio (P. leucotricha). As frutas sãomuito atacadas pela mosca-das-frutas(A fraterculus). Floresce a partir do final desetembro, requerendo polinização cruzadapara assegurar boa produção. Comopolinizadoras da cv. Gala poderão serempregadas as cultivares Fuji, Imperatriz,Baronesa, Fred Hough e Sansa.
A fruta tem forma arredondado-cônica. A epiderme é vermelha com estriasvermelho-claras e fundo amarelo, lisa, bri-lhosa e muito atraente (Fig. 1). A polpaapresenta coloração creme, firme, sucu-lenta, aromática, sabor doce com excelen-te qualidade geral da fruta. O sabor é doce,com pouca acidez, e aromático, e a polpaé crocante e bastante suculenta. A matu-ração das frutas ocorre a partir do final dejaneiro, podendo se antecipar em locaismais quentes. O tamanho das frutas variade pequeno a médio, com peso médioentre 120 e 150 g. O raleio do excesso dasfrutas é prática obrigatória, caso contrário,serão produzidas frutas demasiadamentepequenas, que alternarão a produção do
ano seguinte. A capacidade de frigocon-servação das frutas é média, conservando-se em boas condições de sabor e texturapor até 3 meses, em atmosfera comum, epor até 5 meses, em atmosfera controlada.
Royal Gala
A cv. Royal Gala é uma mutaçãoespontânea da cv. Gala, obtida na NovaZelândia em 1971. Em virtude de produzirfrutas mais coloridas, vem paulatinamentesubstituindo a cv. Gala no sul do Brasil.As frutas, mais coloridas que as da cv. Gala,são vermelhas, com estrias pronunciadassobre fundo amarelo, cobrindo toda asuperfície da fruta e lhe conferindo excelenteaparência (Fig. 2). Geralmente, todas asdemais características, tanto da planta quantoda fruta, são muito semelhantes às da cv.Gala, da qual se originou.
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Fig. 1. Cultivar Gala.
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Fig. 2. Cultivar Royal Gala.
Imperial Gala
A exemplo da cv. Royal Gala, estatambém é mutação espontânea da cv. Gala.Também foi obtida na Nova Zelândia.As plantas apresentam características se-melhantes às da Royal Gala. A fruta apre-senta coloração vermelho-escarlate, mais
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ocasião da colheita. A coloração verme-lho-intensa não deve ser tomada comoindicativo de colheita. Mesmo verde, apre-senta forte coloração vermelha. Por isso,deve-se utilizar outros indicativos de ma-turação para determinar o ponto de colhei-ta, como o teste iodo-amido, a coloraçãodas sementes ou a produção de etileno.
intensa e mais brilhante que a da cv. RoyalGala, em toda superfície da epiderme ecom estrias menos pronunciadas (Fig. 3).Por esta razão, está sendo muito plantadano sul do Brasil. As demais características,tanto da planta quanto das frutas, sãosemelhantes às descritas para a cv. Gala,da qual se originou.
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Fig. 3. Cultivar Imperial Gala.
Lisgala
Trata-se também de uma mutaçãoespontânea da cv. Gala. Foi obtida pelaEstação Experimental de Caçador —Epa-gri —, em Santa Catarina, no início dadécada de 1980 e lançada como novacultivar em 1997. As plantas são, geral-mente, muito semelhantes às da cv. Galaem todas as características. A fruta, àexceção da coloração da epiderme, temtodas as características de formato, tama-nho, sabor e textura de polpa semelhantesàs da cv. Gala. O que a distingue da cv.Gala é a aparência da epiderme. Possuicoloração vermelho-escura, sem estrias euniformemente distribuída, cobrindo todaa superfície da fruta (Fig. 4). Por essemotivo, deve-se ter muito cuidado por
Golden Delicious
A planta apresenta vigor médio.Adapta-se a regiões mais frias e altitudesacima de 1000 m. Em locais com poucofrio hibernal tem a tendência de florescerpreferencialmente em gemas terminais debrotos do ano; por isso é necessária aquebra de dormência com produtos quími-cos. O hábito de crescimento é semi-aber-to. É menos suscetível à sarna do que a cv.Gala. A fruta apresenta tamanho médio agrande, forma cônico-arredondada, epi-derme com coloração verde-amarelada ecom presença de russeting (um tipo de fer-rugem de origem fisiológica), variável con-forme as condições climáticas, os trata-mentos fitossanitários e o local de plantio(Fig. 5). A fruta é bastante suscetível àpodridão-amarga, que em locais com tem-peraturas altas e chuvas pode causar gran-des perdas de produção. A polpa tem colo-ração creme, é crocante, suculenta, doce ecom um pouco de acidez. Apresenta boaconservação em câmara fria, porém é sus-
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Fig. 4. Cultivar Lisgala.
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cetível à incidência de bitter pit. A matu-ração inicia a partir da segunda quinzenade fevereiro.
brasileiro (Fig. 6). Tem como fator negati-vo a coloração deficiente da epiderme,conferindo aparência pouco atrativa. Noentanto, apresenta muito boa capacidadede frigoconservação. Em câmaras friascomuns, podem ser conservados por até 6meses ou por até 8 meses em atmosferacontrolada. A maturação das frutas,considerada tardia, ocorre desde o final demarço até a segunda quinzena de abril.
Fig. 5. Cultivar Golden Delicious.
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Fuji
As plantas da cv. Fuji são vigorosas ecom hábito de crescimento verticalizado,requerendo arqueamento dos ramos.É bastante suscetível à sarna, porém temboa resistência ao oídio e à mancha-foliar-de-glomerella e é menos suscetível àpodridão-amarga (G. cingulata) do que a cv.Gala. As frutas são menos danificadas pelamosca-das-frutas do que as da cv. Gala.
Em condições de falta de frio hibernalapresenta sérios problemas de brotação,resultando em baixo enfolhamento dasplantas e baixa qualidade das frutas,notadamente em tamanho e formato.Em climas pouco frios, as frutas tornam-seachatadas, com formato e tamanhoirregulares e, geralmente, com menortamanho. Nestas condições, necessitatratamento químico para a quebra dedormência das gemas na primavera, paraassegurar boa brotação e boa produção.A floração ocorre a partir do final de setembro.Requer polinização cruzada, podendo serusadas como polinizadoras as cultivares Gala,Baronesa, Fred Hough ou Braeburn. As frutas,vermelho-estriadas sobre fundo verde, sãodoces, com baixa acidez, crocantes e muitosuculentas, muito apreciadas pelo consumidor
Fig. 6. Cultivar Fuji.
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Fuji Suprema
A cv. Fuji Suprema é mutação espon-tânea da cv. Fuji, obtida por um extensio-nista rural da Epagri em 1986, no municí-pio de Curitibanos, em Santa Catarina.Após 11 anos de pesquisas na EstaçãoExperimental de Caçador, em 1997, pes-quisadores da Epagri lançaram essa muta-ção como nova cultivar em substituição àcv. Fuji por apresentar melhor coloraçãoda epiderme. Apresenta todas as caracte-rísticas da cv. Fuji, porém a epiderme dafruta é mais colorida, com tonalidade ver-melho-escura e sem estrias, cobrindo pra-ticamente 100% da superfície da epider-me, o que confere excelente aparência àfruta (Fig. 7).
Imperatriz
A cv. Imperatriz foi desenvolvida pelaEstação Experimental de Caçador —
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Epagri —, em Santa Catarina. Provém decruzamento entre as cultivares Gala eMollie’s Delicious, realizado em 1983.Após 14 anos de pesquisas, foi lançada em1997 como nova cultivar. As plantas sãosemi-vigorosas e bem adaptadas a climascom pelo menos 600 horas de temperaturaem torno de 70C durante o inverno.São bastante produtivas e iniciam aprodução comercial com a mesmaprecocidade da cv. Gala. São resistentes àmancha-foliar-de-glomerella e moderada-mente resistentes ao oídio e à podridão-amarga, porém são suscetíveis à sarna.Floresce a partir da segunda quinzena desetembro, podendo ser utilizada para duplafinalidade: como produtora comercial oucomo polinizadora da cv. Gala. Requerpolinização cruzada, podendo ser usadascomo polinizadoras as cultivares FredHough e Baronesa. As frutas são maiorese amadu-recem até uma semana antes queas da cv. Gala. A coloração da epiderme évermelha, com estrias sobre fundo amarelo,cobrindo praticamente 100% da superfícieda fruta (Fig. 8). O sabor é doce e semi-ácido, muito bem balanceado em açúcares eacidez. A polpa é crocante e suculenta. Temboa capacidade de frigoconservação,podendo ser armazenada por até 5 meses ematmosfera comum ou por mais 2 meses ematmosfera controlada.
Catarina
A cv. Catarina é produto de cruza-mento realizado na Estação Experimentalde Caçador em 1982. Foi desenvolvida naEstação Experimental de São Joaquim -Epagri. Após 14 anos de pesquisas, foilançada como nova cultivar. As plantassão vigorosas e altamente resistentes àsarna. Por ser bastante exigente em friohibernal, não deve ser cultivada em climascom menos de 700 horas de frio em tornode 70C. Floresce da segunda quinzena desetembro a meados de outubro. Requerpolinização cruzada. A maturação ocorrea partir da segunda quinzena de março.A coloração da epiderme da fruta évermelha com estrias sobre fundo verde-amarelado, cobrindo praticamente 100%da epiderme da fruta (Fig. 9). O sabor édoce, com baixa acidez, lembrando o saborda cv. Fuji, porém com a polpa mais firme,crocante e bastante suculenta. A capaci-dade de frigoconservação é muito boa,equivalente à da cv. Fuji. Em virtude daalta resistência à sarna e da alta exigênciaem frio, esta cultivar está sendo recomen-dada para plantio nas regiões mais frias dosul do Brasil, onde a sarna é doença muitograve.
Fig. 7. Cultivar Fuji Suprema.
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Fig. 8. Cultivar Imperatriz.
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Baronesa
A cv. Baronesa foi desenvolvida pelaEpagri, na Estação Experimental deCaçador. É originária de cruzamento entreas cultivares Fuji e Princesa, realizado em1985. Após 12 anos de pesquisas, foilançada como nova cultivar em 1997.As plantas são vigorosas, resistentes àmancha-foliar-de-glomerella, moderada-mente resistentes à sarna e ao oídio, porémsão suscetíveis à podridão amarga. É umacultivar de média exigência em frio,recomendada para plantio em climas com500 ou mais horas de temperaturas emtorno de 70C durante o inverno.
O hábito de crescimento é fechado,requerendo forte arqueamento paramelhorar a frutificação e a coloração dasfrutas. O hábito de frutificação é do tiposemi-spur, frutificando intensamente emesporões, brindilas e gemas laterais emramos do ano. Por isso, requer raleiointenso, com os objetivos de evitar aalternância de produção e melhorar otamanho das frutas. Requer polinizaçãocruzada, podendo ser usadas comopolinizadoras as cultivares Fred Hough eImperatriz. As frutas amadurecem a partirde meados de abril, 1 a 2 semanas após acolheita da cv. Fuji. A epiderme da frutatem tonalidade vermelho-opaca, comestrias leves sobre fundo esverdeado,cobrindo entre 40% a 60% da superfície dafruta (Fig. 10). O formato é arredondado eo tamanho varia de médio a grande,dependendo da intensidade de raleio das
frutas. A polpa é bastante doce, com baixaacidez, muito crocante e muito suculenta,conferindo sabor muito agradável, lembrandoas frutas da cv. Fuji. A capacidade defrigoconservação é muito boa, podendo serarmazenados por igual período recomendadopara as frutas da cv. Fuji.
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Fig. 9. Cultivar Catarina. Foto
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Fig. 10. Cultivar Baronesa.
Daiane
A planta é semi-vigorosa e tem hábitode crescimento fechado. Essa cultivar émenos suscetível à podridão-amarga e éresistente à mancha-foliar-da-glomerella;porém é suscetível à sarna. A floraçãoocorre em outubro e a maturação em mar-ço. A fruta apresenta tamanho médio, temcoloração vermelho-rajada, cor de fundoamarelo e forma arredondado-cônica.O sabor da fruta é doce, com baixa acideze é aromática (Fig. 11).
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Fig.11. Cultivar Daiane.
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Fred Hough
A planta é semi-anã, compacta, comhábito de crescimento fechado a semi-aberto. Entra em produção precoce, éprodutiva e imune à sarna. Floresce umasemana após a cv. Gala e amadurece emtorno de 3 semanas após. A fruta apresentatamanho médio, com epiderme decoloração vermelha, estriada com fundoverde-amarelado (Fig. 12). A polpa, decoloração creme, é firme, doce e com baixaacidez, suculenta e crocante, além de termuito boas características como polinizadora.
Essa cultivar é menos suscetível àpodridão-amarga e resistente à mancha-foliar-de-gomerella; porém, é suscetível à sarna.
contrário as plantas entram em processo dedeclínio precoce. Floresce a partir da segun-da quinzena de julho, requerendo poliniza-ção cruzada. Como polinizadoras podem serusadas as cultivares Ein Shemer, DorsettGolden ou Vered.
As frutas têm coloração vermelho-escarlate, com estrias leves e lenticelassalientes. O formato é geralmente alonga-do, e o tamanho é variável, resultando emmuita desuniformidade. A polpa é doce esemi-ácida, macia, porém tem baixaconservação. Amadurecem a partir dedezembro, dependendo das condiçõesclimáticas, amadurecendo antes em climaspouco frios. A maturação precoce dasfrutas dessa cultivar permite ao produtorcomercializá-las em período de escassezde maçãs frescas no mercado, obtendo,por isso, bons preços de venda.
Condessa
A cv. Condessa foi desenvolvida pelaEpagri, na Estação Experimental deCaçador. É originária de cruzamentorealizado em 1987 entre a cultivar Gala euma seleção local de baixa exigência emfrio. Após 11 anos de pesquisas, foi lançadacomo nova cultivar em 1998. As plantastêm vigor médio, ramos de crescimento semi-aberto, requerendo arqueamento paramelhorar a insolação e a coloração das frutas.
O hábito de frutificação é do tipospur, com forte capacidade de formaçãode esporões, brindilas e gemas floríferasem ramos do ano. Tem pouca exigência emfrio hibernal, sendo, por isso, recomendadapara cultivo em climas com 300 a 500 ho-ras de temperaturas em torno de 70C.Tem boa resistência à sarna e moderadaresistência ao oídio. Por conta da maturaçãoprecoce das frutas, geralmente não éatacada por doenças de verão que incidemsobre as frutas. Porém, é suscetível àmancha-foliar-da-glomerella.
As plantas têm alta precocidadequanto ao início da produção comercial esão altamente produtivas, requerendo ra-
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Fig.12. Cultivar Fred Hough.
Anna
A cv. Anna é procedente de Israel.As plantas são vigorosas e de muito baixaexigência em frio hibernal, indicadas paracultivo em climas com 150 a 300 horas detemperaturas em torno de 70C. Em regiõesmais frias, a floração poderá ser danificadapor geadas tardias, visto que a floração émuito precoce. É muito suscetível à sarnae ao oídio.
As plantas são altamente precocesquanto ao início da produção comercial e sãoaltamente produtivas. Por isso, deve-sepraticar o raleio das frutas, principalmentenos 2 primeiros anos após o plantio; caso
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leio intenso das frutas, principalmente nosdois primeiros anos após o plantio. Flores-ce a partir da segunda quinzena de agostoe requer polinização cruzada. Como poli-ni-zadoras podem ser usadas as cultivaresPrincesa ou Duquesa. Trata-se de umacultivar muito exigente com polinização.Por isso, recomenda-se usar mais plantaspolinizadas do que o convencional, alémde várias abelhas, para garantir boasproduções. As frutas amadurecem a partirdo final de dezembro, entre as colheitasdas cultivares Anna e Gala. A coloração daepiderme da fruta é vermelha-escarlate,com estrias leves sobre fundo amarelo,conferindo muito boa aparência à fruta(Fig. 13). O formato e o tamanho lembramas frutas da cv. Gala, porém são um poucomenores em virtude do curto ciclo entre afloração e a colheita. Por isso, deve-sepraticar raleio para melhorar o tamanhodas frutas. A polpa é crocante, suculenta ebastante doce, com baixa acidez,conferindo às frutas sabor bastanteagradável. A capacidade de conservação émelhor do que a da cv. Anna. A colheitaprecoce, praticada até 4 semanas antes dacolheita da cv. Gala, possibilita comercia-lizar as frutas em época de escassez defrutas frescas no mercado, obtendo-se, porisso, bons preços de venda.
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Fig. 14. Cultivar Eva.
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Fig. 13. Cultivar Condessa.
Eva
A cv. Eva foi desenvolvida peloInstituto Agronômico do Paraná - IAPAR.É originária de cruzamento entre ascultivares Anna e Gala. As plantas têmvigor moderado a baixo, com ramos semi-eretos, de crescimento compacto, do tipospur. Floresce e frutifica abundantementeem esporões, brindilas e gemas laterais emramos do ano. É pouco exigente em friohibernal, requerendo entre 300 e 350 horasde temperaturas em torno de 70C para brotare florescer normalmente. A floração ocorre apartir de 1 a 3 semanas após a floração da cv.Anna. Requer polinização cruzada, podendoser usadas como polinizadoras as cultivaresPrincesa, Carícia ou Anabela.
É altamente precoce quanto ao iníciode produção comercial e altamenteprodutiva. As frutas amadurecem a partirdo final de dezembro A coloração daepiderme da fruta é vermelho-escarlate,com estrias leves sobre fundo creme-amarelado, lembrando a coloração da cv.Gala (Fig. 14). O formato é cônico, e otamanho é médio. A polpa é doce e semi-ácida, macia, e suculenta, conferindo àsfrutas sabor agradável. A capacidade defrigoconservação é boa, podendo serarmazenada por até 4 meses a 00C.
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PORTA-ENXERTOS
Embora os porta-enxertos provenien-tes de sementes apresentem algumasvantagens sobre os clonais, a demora eminduzir a frutificação torna-os poucoviáveis. Em virtude dos elevados custosresultantes do emprego de porta-enxertosprovenientes de sementes (seedlings), dapoda em plantas de vigor excessivo e dademora na entrada em frutificação, desdeo início do século 20 buscam-se novasalternativas de porta-enxertos para amacieira.
A intensificação da pesquisa em porta-enxertos ocorreu a partir de 1912. A Estaçãode East Malling, na Inglaterra teve destaqueneste trabalho de melhoramento. A sérieEast Malling (EM ou M) foi a primeira a serobtida com o objetivo de caracterizar ovigor que cada porta-enxerto induzia àsárvores-copas. De um grupo de mais de20 porta-enxertos lançados, somentepoucos ganharam expressão comercial, taiscomo o M-2, o M-4, o M-7, o M-9 e oM-13. Atualmente, apenas o M-7 e o M-9têm expressão comercial.
Com o surgimento dos porta-enxertosda série East Malling, ocorreu umamodificação marcante na filosofia decultivo da macieira. O notável efeito sobreo controle do vigor da copa, a precocidadede frutificação, a facilidade de propagaçãovegetativa e a produtividade, tornaramestes porta-enxertos amplamente aceitos.Hoje, dentre as espécies frutíferas de climatemperado, a macieira é a que possui amaior amplitude de opções de porta-enxertos,com diferentes capacidades de adaptação aosolo e resistência a pragas e doenças.
Entretanto, em virtude da suscetibili-dade que todos esses porta-enxertosapresentam ao pulgão-lanígero (Eriosomalanigerum), outras séries de porta-enxertosforam lançadas, surgindo então as sériesMerton Immune (MI) e Malling-Merton (MM).
A série MI foi produzida em Merton,na Inglaterra, pelo Instituto John Innes,resultante do cruzamento do porta-enxerto
M-2 com a cultivar Northern Spy, queconferiu resistência ao pulgão lanígero.Desse trabalho, foram obtidos 4 híbridos,dos quais apenas um, o MI-793, apresentaimportância comercial atualmente, graçasà alta resistência ao pulgão-lanígero, aoseu bom potencial produtivo e por induzirprodução precocemente, em relação aosantigos seedlings.
A série MM é resultante de trabalhoconjunto da Estação Experimental EastMalling e do Instituto John Innes, originadado cruzamento da série EM com a cultivarNorthern Spy. Desse trabalho, obtiveram-se 15 porta-enxertos, dos quais 2 obtive-ram notoriedade: MM-106 e MM-111.Atualmente, apenas estes têm expressão co-mercial.
A partir da década de 50, uma novasérie, denominada Novos Malling foi lançada.Dessa série, destacam-se o M-25, M-26 eM-27, resultantes do cruzamento entre porta-enxertos da série EM, cujo objetivo foi aobtenção de porta-enxertos com caracterís-ticas ananizantes e, ao mesmo tempo, comalta capacidade de ancoragem no solo. Destestrês, o M-25 é vigoroso, o M-26 e o M-27 sãode porte anão.
Além das séries inglesas de porta-enxertos clonais, outras séries de porta-enxertos têm sido lançadas. São exemplosdesas: a série Alnarp, desenvolvida naSuíça, destacando-se o porta-enxerto A-2,de elevado vigor e rusticidade; a sérieDahlem, da qual se destacam os porta-enxertos Dah 97, Dah 100, Dah 192 e Dah325; a série Pillnitz, desenvolvida naAlemanha, com destaque para os porta-enxertos Pir 80 (vigoroso) e Pir 900 (devigor médio); a série P, desenvolvida naPolônia, da qual sobressaem-se os porta-enxertos P-1, P-2, P-16, P-18 e P-22; asérie AR, desenvolvida na Inglaterra, aqual, embora ainda não tenha introduzidoporta-enxertos no mercado, contempla emseus objetivos, características de elevadaimportância para o sul do Brasil, comoresistência simultânea à podridão-do-colo(Phytophthora cactorum) e ao pulgão-laníge-
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ro, boa capacidade de absorção de nutrien-tes, anões a semi-anões, precoces, alta-mente produtivos e fáceis de propagar; asérie MAC, desenvolvida em Michigan-EUA, destacando-se os porta-enxertosMAC-16, MAC-24 e MAC-30, de vigormediano e MAC-1, MAC-9, MAC-10,MAC-39 e MAC- 46, ananizantes e demelhor ancoragem no solo; e a série CG,desen-volvida em Geneva — EUA, desta-cando-se os porta-enxertos G-11, G-16 eG-65, de vigor anão, o G-30 e G-210, devigor semi-anão. Este último programa demelhoramento genético, que está dandoorigem à série CG, merece especial desta-que por contemplar dentre seus objetivos,todas as principais características que osprodutores do sul do Brasil buscam parafuturas novas opções de porta-enxertos demacieira. Nesta região, a podridão do coloe o pulgão lanígero são sérios problemasfitossanitários, havendo necessidade deporta-enxertos resistentes a estes organis-mos. Verifica-se nesta região, forte ten-dência para o cultivo da macieira em altasdensidades de plantio sobre porta-enxer-tos anões, precoces e altamente produ-tivos.
Os atuais porta-enxertos anões M-9 eM-26, em cultivo no sul do Brasil, sãosuscetíveis ao pulgão lanígero e o M-26 étambém suscetível à podridão do colo. Sãodifíceis de propagar e têm ancoramentomuito fraco, necessitando tutoramentoobrigatório. O M-9 está induzindo poucaramificação às cultivares copa Gala e Fuji,provavelmente em virtude da falta de adap-tação climática destas cultivares nesta re-gião. O programa de melhoramento gené-tico Cornell-Geneva (CG) tem por objeti-vos básicos o desenvolvimento de novosporta-enxertos resistentes simulta-neamen-te à podridão do colo, ao pulgão lanígero eao fogo basteriano (Erwinia amylovora), vi-gor intermediário ao M-9 e ao semi-anãoM-7, precocidade, produti-vidade e quali-dade das frutas equivalentes às do M-9 emaior facilidade de propagação que o M-9.
Outros porta-enxertos com caracte-rís-ticas promissoras são: a) Ottawa 3 (O-3), canadense, com porte anão, boa anco-ra-gem, resistência à podridão do colo,precoce e produtivo, porém suscetível aopulgão lanígero e muito difícil de propagar;b) Jork 9 (J9), proveniente da Alemanha,de porte anão, fácil de propagar, com boaancoragem, mas susceptível ao pulgãolanígero; c) Bemali, de origem suíça, deporte anão, fácil de propagar, boaancoragem, além de induzir altaprodutividade; d) Budagovski 57-490 (Bud57-490), de origem russa, semi-ananizante,induz vigor precocidade e produtividadesemelhantes ao MM-106, além de serresistente à podridão do colo; e) Maru-bakaido (Maruba), de origem japonesa,vigoroso, fácil de propagar, induzindo altaprecocidade e alta produtividade.É resistente à podridão do colo e ao pulgãolanígero e é indicado para condições dereplantio, em baixa densidade de plantas(700 plantas/ha ou menos). Em plantiosconvencionais, é uma excelente opção paraa produção com o auxílio de ‘filtro’ (inter-enxerto) de M-9 em plantios de médiadensidade. É um porta-enxerto de grandeimportância no Brasil, atualmente. NasTabelas 2 e 3, são apresentadas as carac-terísticas mais importantes dos principaisporta-enxertos.
Verifica-se forte tendência, em âmbitomundial, ao plantio de pomares em altasdensidades de cultivo sobre porta-enxertosanões. Nos países da ComunidadeEuropéia, estima-se que mais de 90% dosatuais pomares estão sendo cultivados emalta densidade sobre o M-9 e seus diferentessub-clones. As principais vantagens dessesistema são: a) acelerado início da produ-ção comercial, proporcionando rápidoretorno do capital investido no pomar;b) alta produtividade das plantas, pois osporta-enxertos anões induzem à copa umaeficiência produtiva muito maior do queocorre com os demais tipos de porta-enxertos, resultando em produtividade porunidade de área também muito maiores;c) alta qualidade das frutas, pois sobre porta-
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Tabela 3. Características mais relevantes dos principais porta-enxertos de macieira de porte anão emplantio comercial.
Reação Genética3
SSSSSSS
MS-SS
MSMSMSSRSSSS
RMRR
MS-RSR-RRRRRR-S-RR
P. Colo P. LanígeroEfeitos sobre a Frutificação2
45555555555555544555
45545555555555544555
Precoc. Produtiv.
3-5-43555555555-4---
Tam. FrutasFacilidade
RazoávelFácilFácilFácilFácilFácil
RazoávelRazoável
FácilDifícilDifícil
RazoávelRazoável
DifícilDifícilFácil
RazoávelRazoável
FácilFácil
PropagaçãoQuantidade de
MédiaBaixaBaixaAltaAltaAlta
BaixaAlta -
BaixaAltaAltaAlta
BaixaBaixaMédiaAltaAlta
BaixaBaixa
MédiaMédiaBaixaAlta -
BaixaBaixaMédiaBaixaAlta
MédiaMédiaMédiaBaixaBaixaMédiaMédiaBaixaBaixaBaixa
Rebrotes BurrknotsPorte
2020202025253030303035404040404045454545
Copa1Porta-
enxerto
M-27G-65P-22
B-491B-146Mark 4P-16
Pajam 1 5
V-3P-2
M-9 EMLAPajam 2 5
Nic 26 5
Ottawa 3Bud 9
BemaliM-26Jork 9G-16G-11
1 Percentual do vigor do pé franco (100%)2 Conforme escala de valores, em que: 1 = muito baixa; 2 = baixa; 3 = média; 4 = alta; 5 = muito alta3 R = Resistente; MR = Moderadamente resistente; S = Suscetível; MS = Muito suscetível4 O porta-enxerto Mark apresenta engrossamento do caule no colo da planta, o que pode induzi-la a rebrotar.5 Sub-clones, mutações espontâneas do porta-enxerto M-9Fonte: Adaptada de ROM, et al. (1987).
enxertos anões as folhas e a produçãoficam mais expostas ao sol, aumentandocom isso a atividade fotossintética e, con-sequentemente, a qualidade das gemas edas frutas nelas produzidos. A melhor ex-posição das frutas ao sol melhora a cor daepiderme; d) facilidade de manejo das plan-tas. Plantas de pequeno porte sobre este tipo
de porta-enxerto facilitam todas as ativida-des no pomar, como poda, condução, raleiodas frutas e colheita, dispensando a utiliza-ção de equipamentos como escadas e/ouplataformas basculantes. Porém, invariavel-mente, pomares em alta densidade sobreporta-enxertos anões requerem tutoramentoe maior número de mudas por unidade de
Tabela 2. Características de alguns porta-enxertos para macieira em plantio comercial.
1 = excelente; 2 = boa; 3 = satisfatória; 4 = fraca; 5 = inaceitávelFonte: Nogueira (1985)
Podridão-do-Colo
332
1,52
1,53,54
3,51...
Pulgão -Lanígero
2,5311
3,541425...
SolosÚmidos
322
3,5443434...
SolosSecos
2,533
1,5232
1,5?3...
Ancoragemradicular
1222
3,542234...
Precoc.Frutífic.
23,5232111111
Produt.
22122212111
Vigorrelativo
10090858075656055403020
Porta-enxerto
EM 25EM 13MI 793MM 111EM 2EM 4
MM 106EM 7EM 26EM 9EM 27
Classede vigor
Muito Vigoroso
Vigoroso
Semi-VigorosoSemi-Ananizante
Ananizante
Frutas do Brasil, 37Maçã Produção44
área, fatores que encarecem os custos inici-ais de implantação do pomar.
Na Tabela 4 são apresentados os prin-cipais porta-enxertos semi-anões, semi-vigorosos e vigorosos. Estes porta-enxer-tos, embora menos precoces e menos efi-cientes na produção, requerem menornúmero de plantas por unidade de área edispensam o tutoramento.
Dentre os porta-enxertos que têm bomancoramento, e, por isso, dispensam otutoramento, os mais precoces e maisprodutivos são o MM-106 e o Maruba.O G-30 e o G-210, da série CG, são precocese muito produtivos, porém não foram aindasuficientemente estudados. Segundoinformações de literatura, os canadensesV-2 e V-7 também são relativamenteprecoces, produtivos e produzem frutas deboa qualidade. Para a formação de pomares
Tabela 4. Características mais relevantes dos principais porta-enxertos de macieira semi-anões, semi-vigorosos e vigorosos.
Reação Genética3
SR--
R/SMSSS-R
MS
SRS
RS-R
RR--
R/RMRS
MR-
MSMR
MRMRR
RMS-R
P. Colo P. LanígeroEfeitos sobre a Frutificação2
44334331243
222
2314
44334331243
111
1213
Precoc. Produtiv.
44554421444
111
2213
Tam. FrutasFacilidade
FácilFácilFácilFácilFácil
Muito FácilFácilFácilFácilFácilFácil
FácilFácilFácil
RazoávelFácilFácilFácil
PropagaçãoQuantidade de
BaixaBaixa
--
BaixaAltaAlta
Baixa-
AltaAlta
MédiaAlta
Baixa
MédiaAltaAlta
Baixa
AltaMédiaBaixaBaixaAltaAltaAlta
BaixaAlta
Baixa-
MédiaBaixaBaixa
BaixaBaixa
VariávelMédia
Rebrotes BurrknotsPorte
50 a 5550 a 5550 a 5550 a 5550 a 5555 a 6055 a 6055 a 6055 a 6060 a 6560 a 65
70 a 8075 a 8575 a 85
80 a 90100100110
Copa1Porta-
enxerto
G-30G-210
V-2V-7
Maruba/M-94
M-7P-1
OAR 1V-4
MM-106Bud 490
M-2MM-111
P-18
MI-793Alnarp 2SeedlingMaruba
Porta-enxertos semi-anões
Porta-enxertos semi-vigorosos
Porta-enxertos vigorosos
1 Percentual do vigor do pé franco (100%)2 Conforme escala de valores, em que: 1 = muito baixa; 2 = baixa; 3 = média; 4 = alta; 5 = muito alta3 R = Resistente; MR = Moderadamente resistente; S = Suscetível; MS = Muito suscetível4 Para evitar o rebrotamento, o plantio da muda deve ser mais profundo.Fonte: Adaptada de ROM, et al. (1987).
de porte médio, em médias densidades deplantio, a combinação do Maruba com filtro(inter-enxerto) de M-9 resulta em muito boaprecocidade, alta produtividade e bomtamanho de frutas.
Dentre os porta-enxertos das duastabelas acima, os das séries M e MM, oMaruba e o MI-793 são os mais conhecidose os mais utilizados no Brasil. Comparati-vamente aos demais existentes no mercado,observa-se que dentre os anões, a maioriatem resistência à podridão do colo, mas agrande maioria é suscetível ao pulgão-lanígero. As condições climáticas do suldo Brasil, caracterizadas por invernosamenos, favorecem a sobrevivência e aproliferação do pulgão-lanígero, limitandoa utilização da maioria dos atuais porta-enxertos clonais. O MM-106, embora tenhaboa resistência ao pulgão-lanígero, é
45Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção
altamente suscetível à podridão-do-colo.Já o M-7, que tem certa resistência àpodridão-do-colo, é altamente suscetívelao pulgão-lanígero. O MM-111 temmoderada resistência a ambos os organis-mos, mas é pouco precoce e pouco produti-vo. O Maruba e, principalmente, acombinação dele com o M-9, via inter-enxertia, é a melhor opção entre os porta-enxertos existentes no sul do Brasil. Ambostêm boa resistência à podridão do colo e oMaruba também tem boa resistência aopulgão-lanígero. A Estação Experimentalde Caçador, da Epagri, está desenvolvendopesquisas com novos porta-enxertos anõese semi-anões, precoces, produtivos, maisfáceis de propagar que o M-9 e portadoresde resistência simultânea à podridão-do-colo e ao pulgão-lanígero.
Hoje os porta-enxertos mais indica-dos são o M-9, o M-7, o Maruba e o Marubacom ‘filtro’ de M-9. Para pomares em altadensidade (1 m x 3,5 m) utiliza-se o porta-enxerto M-9 e para densidades maiores(2,0 a 2,5 m x 4,5 ou 5,0 m), utiliza-se oM-7 ou o Maruba. O Maruba com filtro deM-9, pode ser utilizado em váriasdensidades de plantio, dependendo do vigorda cultivar-copa a ser plantada. Emsituações em que não há risco de ataque depodridão-do-colo, o MM-106 é a melhoralternativa.
POLINIZADORAS
A polinização cruzada, que consistena transferência dos grãos de pólen das
anteras de uma cultivar para a superfíciedo estigma de outra cultivar, é indispen-sável para que a macieira produza bem.Por isso, um dos aspectos mais importantesa considerar no planejamento e nacomposição de um pomar de macieira é ainclusão de, pelo menos, uma cultivarpolinizadora, intercalada com a cultivarprodutora na implantação do pomar.É necessário prover o pomar com umaquantidade adequada de pólen viável,compatível e no momento oportuno. Paraisso, deve-se considerar a distribuição dascultivares polinizadoras em relação àscultivares produtoras, a compatibilidadeentre pólen e estigma e a época deflorescimento de ambas. Produtoras erespectivas polinizadoras devem terfloração coincidente e abundante.
Nas Tabelas 5, 6 e 7 são apresentadasalgumas cultivares produtoras e suaspolinizadoras, respectivamente, pararegiões de invernos amenos, invernosmoderados e invernos frios. As cultivarespolinizadoras devem ter perfeita coinci-dência de floração, possuir pólen compatí-vel com o estigma, produzir grande quanti-dade de pólen e induzir forte atração porinsetos polinizadores. Convém observarque a indicação e a eficiência das poliniza-doras variam conforme o clima. Em climasmais frios ou mais quentes, por exemplo, aépoca de floração das cultivares podevariar, e, por isso, eventualmente devem-se fazer outras escolhas de polinizadoraspara estas situações.
Tabela 5. Relação de cultivares produtoras e respectivaspolinizadoras recomendadas para regiões com menos de800 m de altitude no sul do Brasil.
Cultivar produtora
ImperatrizCondessaEva
Anna
Cultivares polinizadoras
Fred Hough e BaronesaPrincesa e DuquesaPrincesa, Anabela, Carícia,Princesa e CondessaDorsett Golden, Ein Shemere Vered
Fonte: Hauagge et al. (1999); Denardi et al. (2000).
Frutas do Brasil, 37Maçã Produção46
Tabela 7. Relação de cultivares produtoras e respectivaspolinizadoras recomendadas para regiões com mais de1.300 m de altitude no sul do Brasil.
Cultivar produtora
Gala, Royal Gala, ImperialGala e Lisgala
Golden Delicious, Belgolden,Golden Clone B
Catarina
Fuji, Fuji Suprema
Cultivares polinizadoras
Fuji, Sansa e Catarina
Gala, Royal Gala, ImperialGala e Fuji
Joaquina, Fred Hough eSousa
Gala, Royal Gala, ImperialGala, Sansa, Catarina
Fonte: Hauagge et al. (1999); Denardi et al. (2000).
Tabela 6. Relação de cultivares produtoras e respectivaspolinizadoras recomendadas para regiões com 800 a1.300 m de altitude no sul do Brasil.
Cultivar produtora
Gala, Royal Gala, ImperialGala, Lisgala
Belgolden, Golden Clone B
Daiane
Fuji, Fuji Suprema
Cultivares polinizadoras
Fuji, Willie Sharp, FredHough e Imperatriz
Willie Sharp e GrannySmith
Sansa
Gala, Willie, Sharp,Fred Hough, Baronesa eBraeburn
Fonte: Hauagge et al. (1999); Denardi et al. (2000).