Cuidados Paliativos - UNIFEI - Portal Acadêmico · 6 Apresentáçá o Este orgulho é bom e faz...
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Cuidados Paliativos Manual do Cuidador de Crianças
Projeto A Arte do Cuidar 2013
Sumá rio
Apresentação .................................................................................................... 5
Capítulo 1 .......................................................................................................... 9
Cuidados e procedimentos
Capítulo 2 ........................................................................................................ 33
Alimentação
Capítulo 3 ........................................................................................................ 50
A importância da comunicação
Capítulo 4 ........................................................................................................ 55
Medicação, hospitalização e importância dos tratamentos
Capítulo 5 ........................................................................................................ 68
Cuidando da dor e de outros sintomas
Capítulo 6 ........................................................................................................ 83
O Cuidador
Capítulo 7 ........................................................................................................ 95
Primeiros socorros
6
Apresentáçá o
Este orgulho é bom e faz bem... Mesmo quando ele chega entremeado de saudade.
Mais um ano se vai, mais um Manual de Cuidados Paliativos vem à luz.
Desta vez não teremos o Prof. Dr. Marco Tullio de Assis Figueiredo sentado na primeira fileira no dia do lançamento do Manual, sorrindo e nos abraçando, emocionado por ver o seu sonho de Educação em Cuidados Paliativos a jovens na Graduação se consolidando mais uma vez.
Mas estou certa de que nós o veremos através da nossa imensa saudade, nos acenando orgulhoso de onde quer que ele esteja.
Como sempre, este terceiro Manual é obra de jovens alunos, em meio às suas atividades de formação como médicos. Médicos sensíveis ao apelo por mais cuidados para com o doente e a família, para com a necessidade de apoio em momentos de dor (uma doença grave, mortal, em uma criança, quase sempre parece doer mais do que em um adulto ou em um idoso).
Este Manual é dirigido a quem cuida de crianças em Cuidados Paliativos, sejam os (as) cuidadores (as), profissionais ou familiares, dento ou fora de uma Instituição de saúde.
Elegemos, entre as necessidades de cuidados, aquelas que nos pareceram mais críticas ou mais difíceis de serem implementadas. O assunto nem de longe se esgota nesta nossa escolha, mas é um esforço de auxílio a quem dele necessita.
Comentários sobre esta pequena obra e as duas outras que já nos atrevemos a lançar são muito bem vindos. Eles nos ajudarão a afinar cada vez mais os nosso olhares e a nossa escrita. Para esta comunicação mais estreita com os nossos leitores nós criamos o site do Projeto “A Arte do Cuidar” (inteiramente construído por um aluno, é claro!): www.projetocuidar.com.br
À minha grande parceira, a Anic e ao seu grupo de trabalho, o meu reconhecimento respeitoso e a minha gratidão. À FMIt, mais uma vez, o meu agradecimento carinhoso.
Boa leitura a todos (as).
Profª Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Professora Assistente de Tanatologia e Cuidados Paliativos
Faculdade de Medicina de Itajubá
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A Madona e os cuidados às crianças
Uma das figuras mais decantadas no universo é a mãe, havendo em sua
homenagem inúmeras alusões através das artes, seja como música, pintura, poesia,
contos etc. Sem ela alguns dizem que nem existiria a “psicanálise”. A clássica pintura
da “Madona”, imortalizada em telas por inúmeros artistas como Rafael Sanzio, Sandro
Boticelli, Giovanni Bellini, Vladimir entre outros demonstra a importância desta
personagem.
Simbolicamente a mãe é a grande representante do ato de cuidar, é a ela que é
transferida a responsabilidade da criação e do cuidar dos pequenos e inocentes seres,
até que eles se transformem em adultos, a ela é dado o dom de formatar a
humanidade. Mas o sentido do cuidar é tão incrustado e inerente no papel dela, que
mesmo após atingirem a idade adulta, ela ainda mantém a preocupação com seus
eternos filhos, se estão se alimentando, se têm trabalho, se estão estáveis, saudáveis e
felizes.
Mas porque estou falando o óbvio da figura materna? Porque estamos tratando
do tema de como cuidar de nossas crianças, sejam sadias em seu habitat natural,
sejam adoecidas em um ambiente hospitalar. Ocorre que não há mães suficientes para
todos os necessitados e urge que, através de uma formação adequada e criativa,
formemos um contingente auxiliar, dada a quantidade de seres pequeninos que
anseiam por serem acolhidos.
Em parte esta é a função a que se propõe, através da educação e da
construção deste manual a Dra. Graça, mentora e organizadora do projeto a “Arte do
Cuidar”, juntamente com seu pequeno e eficiente exército de brancaleones: formar
pessoas que estejam habilitadas a acolher, amar, cuidar, aconchegar, proteger,
amenizar as dores de tantas crianças. Ou seja, pretensiosos e orgulhosos da nobre
missão de esculpir em pessoas comuns o sublime dom das madonas.
Este, ao contrário do que possa parecer, não é um simples manual, mas
capítulos de sonhos dos que ousaram abraçar causa tão difícil, o cuidar de pequenos
enfermos.
Tenham a certeza de que uma nova maneira de ser dos profissionais de saúde,
de mães, de pais, de todos nós que temos alguém a cuidar, surgirá a partir de mais
este projeto em prol do necessitado, seja onde estiver, seja de que tamanho for, seja
em que momento for.
Congratulo-me com todos os atores deste grande espetáculo, vocês são o
orgulho de nossa Faculdade.
Prof. Kleber Lincoln Gomes
Professor Titular da Psiquiatria e Presidente da AISI
Faculdade de Medicina de Itajubá
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Esta seria a página destinada às palavras do Prof. Dr. Marco Tullio.
Pela primeira vez ele não escreverá a sua mensagem, pela primeira vez não
estará conosco no dia do lançamento do nosso Manual.
Pela primeira vez não o veremos na fila “do gargarejo”, orgulhoso dos seus
alunos e seguro de que eles se tornarão os médicos que ele tanto lutava para que
existissem, humanos, solidários, prontos a lutar pela vida dos doentes com toda a
garra, mas humildes em se sentarem ao lado deles em silêncio, quando a morte se
avizinhasse...
Mas nós o ouviremos em nossos corações e o veremos na nossa memória
saudosa, e ele estará feliz e nos sorrirá aquele mesmo sorriso bondoso de sempre,
quase infantil.
Este Manual nós dedicamos ao nosso Mestre!
Que ele nos inspire sempre, e cada vez mais.
Profª Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Professora Assistente de Tanatologia e Cuidados Paliativos
Faculdade de Medicina de Itajubá
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Cápí tulo 1
Cuidados e procedimentos
Letícia Leme Resende
É importante lembrar de que tudo aquilo que o cuidador for fazer para o
paciente e pelo paciente deve fazer com amor. O cuidador deve cuidar e ajudar o
paciente visando o bem estar deste e sempre respeitá-lo.
Mesmo que seja uma criança pequena, ainda incapaz de falar e se comunicar,
ou que apresente alguma doença mental, isto não significa que esta criança deixa de
sentir e perceber quando está ou não sendo cuidada de boa vontade. Por isso, mesmo
que o cuidador ache que este paciente não possua capacidade de compreender aquilo
que está sendo falado ou feito, deve conversar com o mesmo. Enquanto estiver
cuidando, vestindo-o, limpando-o, converse e explique o que está fazendo e porque
está fazendo.
Por exemplo, na hora de dar banho, diga que está na hora do banho, diga que
o banho irá deixá-lo limpo e irá ajudá-lo a se proteger de micro-organismos que
podem causar outras doenças; a cada etapa do banho converse com a criança
explicando o que está fazendo e estimulando-a, dizendo que ela está ficando cheirosa,
que logo o banho acabará e que ela irá ficar quentinha numa nova roupa limpa.
Mesmo que o paciente não pareça entender, não deixe de fazer isso e se esforce para
fazer sempre com alegria. A criança irá compreender da forma dela, saberá que está
sendo cuidada, que está em segurança e vai se sentir calma e bem.
Além de conversar, pode-se também colocar músicas tranquilas e/ou músicas
com letras adequadas, que digam coisas boas, enquanto se cuida do paciente.
Durante os cuidados, o cuidador também deve procurar interagir de forma
lúdica, ou seja, tentar divertir a criança, fazer brincadeiras e estimular o aprendizado e
a imaginação dela. Não se esqueça de que qualquer criança é um indivíduo em
desenvolvimento.
A criança que já apresenta idade e desenvolvimento mais maduros deve ser
estimulada a fazer sua própria higiene, vestir-se e se cuidar, mas sempre orientada,
supervisionada e auxiliada pelo cuidador. Este só deve fazer aquilo que ela demonstrar
não conseguir.
Ao realizar os cuidados, o cuidador deve estar sempre atento a presença de
manchas e feridas no paciente e deve comunicar à equipe de saúde sobre qualquer
alteração.
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1. HIGIENE
A boa higiene sempre esteve associada à saúde e à qualidade de vida e, é de
sabedoria de grande parte da população, que a falta de tal hábito pode causar diversas
doenças infecciosas, além de problemas de convívios sociais. As crianças são as
principais prejudicadas, já que grande parte das doenças que adquirem são causadas
por falta de higiene. São exemplos de algumas doenças e consequências da falta de
limpeza pessoal: micoses, “pé-de-atleta”, piolhos e mau hálito.
Dada à importância da higiene, vale lembrar que, antes de cuidar de alguém, o
próprio cuidador deve estar limpo. Portanto, cuide-se para sempre estar bem
higienizado, tome banhos diários, lave sempre as mãos e cuide para não ter
“sujeirinhas” debaixo da unha, procure sempre escovar os dentes e utilizar roupas
limpas. Todas estas medidas estarão contribuindo para a sua saúde e da pessoa que
será cuidada.
Banho
O banho diário é indispensável para eliminar as impurezas da pele, como
também proporciona um ótimo relaxamento. Portanto, mesmo que o paciente se
recuse ou reclame, é necessário que ele tome banho todos os dias, sempre explicando
com jeitinho e paciência.
Ao dar cada banho, é natural que o cuidador acabe se molhando (muito ou
pouco) juntamente com a criança. O cuidador deve estar ciente disso, utilizar roupas
que não tenham problema de molhar, ou pode até mesmo levar uma troca de roupa
para depois substituir à molhada. O importante é lembrar que isto é um processo
natural, mesmo que o cuidador se molhe, caso a criança acabe jogando água, ele não
deve se irritar com isso, mas, sim, ser paciente e compreensivo e, se possível, até se
divertir com a situação. Se necessário, poderá usar um avental impermeável para este
momento.
O cuidador deve sempre tentar ter um horário de rotina para dar o banho. O
ideal é que o próprio paciente possa escolher o horário do banho, mas, se ele não
puder, dê preferência aos horários menos frios do dia, como os períodos da manhã ou
o início da tarde.
O ideal do banho é a água morna. Sem preocupação exagerada com a
temperatura “exata”, mas, também, não se deve abusar nem para muito quente, nem
para o frio. O importante é ter bom senso.
Antes de começar a limpeza pessoal do paciente, arrume todo o material que
irá utilizar, inclusive a troca de roupa, e já o deixe no local onde será realizado o
banho; o material deve estar limpo e ser de uso exclusivo do paciente. Feche as portas
e janelas para evitar a corrente de ar e para propiciar um ambiente mais privativo.
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Para todos os tipos de banho, utilize sabonete neutro. O sabonete líquido
neutro é uma boa opção, por ser mais fácil de usar e realizar a limpeza. São indicados
também os sabonetes líquidos glicerinados para realizar a higiene, estes podem ser
usados como shampoo também, principalmente em bebês.
Passe a mão ensaboada, massageando o corpo; isto ajudará na limpeza,
removerá impurezas e células mortas, e ativará a circulação sanguínea, evitando
problemas de pele, como sarna e micoses. Não é necessário o uso de esponjas, mas –
se for utilizá-las – estas devem ser macias, devem ser cuidadosamente secas e limpas
para evitar a propagação de bactérias e precisam ser trocadas com determinada
frequência.
Durante o banho deve lembrar sempre de ensaboar e lavar bem as dobras.
É recomendável que a higienização das partes íntimas, seja realizada no final
do banho. Os genitais devem ser ensaboados e, depois, enxaguá-los com bastante
água para evitar a ocorrência de infecções urinárias.
Para as meninas, pode-se usar “chuveirinhos” (ou duchas) na região genital
externa, mas nunca internamente na vagina, pois estas duchas internas podem retirar
as condições próprias (flora vaginal normal) que o organismo possui para se defender
de infecções. O ideal, nas meninas, é lavar da frente para trás, assim evita-se que a
água escorra do ânus para o genital feminino, prevenindo infecções. Para os meninos,
é importante descobrir a cabeça do pênis puxando a pele da região para fazer a
higiene completa.
Deve-se enxaguar bem o corpo, evitando deixar resíduos de sabonete para não
irritar a pele e favorecer o aparecimento de fungos e bactérias.
Lembre-se de nunca deixar a criança sozinha, pois ela pode escorregar e cair.
Muitas crianças, principalmente as mais velhas e próximas da fase de
adolescência, podem sentir-se constrangidas, portanto o cuidador deve sempre agir
com respeito e proporcionar um ambiente mais privativo para a hora do banho.
Banho na banheirinha:
Normalmente é dado em bebês e o horário ideal é aproximadamente no meio
do dia, porém dependendo das condições climáticas, da inquietude do bebê ou se ele
se sujar ou se “lambuzar” nada impede que outros banhos sejam dados em outros
horários.
Poderá ser usada água do chuveiro. Não há necessidade de água filtrada para o
banho.
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Neste tipo de banho, o cuidador deve apoiar o bebê em seu antebraço e
colocar o antebraço com o bebê na banheirinha, envolvendo todo o corpinho do bebê
com água (até o pescoço). Isto dará ao bebê maior segurança e ele sentirá menos frio.
2006 Publications International, Ltd.
Comece o banho pela cabecinha e o rosto, assim não há o risco de passar água
ensaboada no rosto do bebê ou água com urina (pois o bebê pode acabar urinando
durante o banho).
Lave o resto do corpo, massageando-o com a mão ensaboada (não exagere na
quantidade de sabonete). Não se esqueça de lavar bem as dobras do corpo.
Por último lave a região genital e depois a anal. Enxágue bem com água sem
sabão (está pode ficar separada em outro recipiente, mas cuidado para não estar nem
fria, nem quente).
Banho no chuveiro:
É utilizado para crianças maiores e com mais idade.
Para aquelas que não conseguirem ficar em pé – por fraqueza muscular, queda
de pressão, etc. – deve-se dar banho com elas sentadas. Existem cadeiras especiais no
mercado próprias para o banho, não só porque elas são feitas de material que pode
molhar e evitar que a pessoa sentada escorregue, mas também porque possuem uma
abertura adequada para que a água, durante o banho, não fique acumulada na região
das partes íntimas, evitando, assim, a ocorrência de infecções (principalmente em
pessoas do sexo feminino).
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Imagens retiradas dos sites: www.barradeapoio-acessibilidade.blogspot.com.br e www.fisiostore.com.br (acesso: 15 de Abril de 2012).
Lave o rosto do paciente, ensaboe o os membros superiores, o tronco e os
membros inferiores, dando atenção às dobras e massageando as articulações e
proeminências ósseas levemente. Enxágue todo o corpo, retirando bem o sabão.
Por último, lave os genitais, ensaboando-os e, depois, enxaguando-os com
bastante água.
Banho na cama:
Embora seja mais fácil manejar uma criança do que um adulto, este banho é
dado em pacientes acamados e totalmente impossibilitados de saírem de seu leito.
Antes de começar o banho, é orientado colocar um lençol impermeável (de
plástico) entre o paciente e a cama, dessa forma previne-se de o colchão ficar úmido.
Caso a criança não possa ser levantada, isto pode ser feito virando cuidadosamente o
paciente lateralmente para um lado da cama e colocando parte do lençol plastificado,
depois o acamado é virado para o outro lado e puxa-se metade do plástico debaixo
dele para que cubra toda a superfície da cama.
Para as crianças mais velhas, ofereça uma comadre ou papagaio ou outro
recipiente caso queiram “usar o banheiro” antes do banho.
Utilize uma bacia com água morna.
Inicie o banho pela cabeça. Coloque um recipiente sob a cabeça da criança,
segure a cabeça dela apoiando com as mãos e lave os cabelos. Cuidado para não cair
água no ouvido. Após lavar, diminua a quantidade de água no cabelo com uma toalha
seca.
Depois lave o rosto, sempre utilizando água limpa ou soro fisiológico para cada
um dos olhos. Pode-se passar um pouco de sabonete no rosto e retirá-lo depois
suavemente com uma toalha úmida.
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Existem no mercado toalhas umedecidas que já vêm embaladas e são próprias
para o banho de leito. Porém, caso não sejam possíveis de serem obtidas, pode-se
usar toalhas macias e suaves para realizar o banho.
Vá para a região dos membros superiores, com uma toalha umedecida e com
um pouco de sabonete (líquido, de preferência, para facilitar o trabalho), esfregue um
dos braços da criança dando bastante atenção às mãos, às dobras e à axila. Repita o
procedimento no outro braço. Passe para a região do tórax e abdome, lavando-os
também com a toalha. Depois enxágue toda região superior ou use outra toalha bem
molhada para tirar o sabonete e seque com uma nova toalha.
Em seguida, lave os membros inferiores. Faça movimentos passivos nas
articulações das pernas, massageie as proeminências ósseas e panturrilha. Se possível,
flexione os joelhos do paciente para lavar os pés. Enxágue ou passe uma toalha
molhada e seque prestando bastante atenção para não deixar úmidas as dobras e
entre cada dedo do pé.
Coloque o paciente em decúbito lateral, com as costas voltadas para o
cuidador. Lave as costas, procurando fazer uma massagem de conforto enquanto isso,
enxágue-as e seque-as.
Por fim, higienize a região genital (não passe toalhas ensaboadas que já foram
utilizadas em outra parte do corpo), coloque um recipiente embaixo e enxágüe com
bastante água. Seque cuidadosamente, prestando atenção, novamente, se as dobras
não estão úmidas.
Retire o lençol plástico que está protegendo a cama. Confira se o paciente está
seco adequadamente e o vista.
Não se esqueça de trocar os curativos que tiverem sido molhados.
Troque a roupa de cama e lembre-se de deixá-la bem esticada, não deixe o
lençol com dobras ou “embolado” embaixo do paciente, isto pode irritar a pele e – se
passado muito tempo deitado em cima – até machucá-lo. Permita que a criança fique
deitada em posição confortável.
Ao secar
Durante o banho, deixe sempre uma toalha próxima. Ao terminar, seque
cuidadosamente cada parte do corpo do paciente, de preferência começando pelo
rosto e continuando pelos membros superiores e depois seguindo para os inferiores,
deixe os genitais por último. Não é necessário esfregar com a toalha ou passá-la com
força.
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Preste muita atenção na hora de secar cada dobra e entre os dedos das mãos e
dos pés, principalmente, procurando não deixar alguma região do corpo úmida. O
mesmo cuidado vale para os genitais.
Cabelo
A higiene dos cabelos deve ser feita no mínimo três vezes por semana. Pode-se
alterar lavando-se “dia sim, dia não”.
Diariamente inspecione o couro cabeludo do paciente observando se há feridas,
piolhos, coceira, caspa ou áreas com quedas de cabelo. Os cabelos também devem ser
penteados diariamente – normalmente após o banho e sempre que estiverem muito
despenteados – e cortados periodicamente.
Em bebês e crianças muito pequenas ou com cabelos fracos (quebradiços)
utilize uma escova de cabelo macia, própria para pentear bebês.
Para lavar o cabelo procure sempre utilizar shampoo neutro adequado para
cada faixa etária. Como já comentado no tópico “BANHO”, o sabonete líquido
glicerinado pode ser utilizado, também, como shampoo em bebês.
O uso de condicionador é indicado somente para crianças maiores e com
cabelos mais compridos, passe o condicionador somente na ponta do cabelo destes e
enxágue bem. Bebês não precisam de condicionador.
Se o paciente é acamado pode-se sugerir de deixar os cabelos mais curtos para
facilitar nos cuidados e na higiene, porém só faça isso se o paciente concordar em
cortar um pouco os cabelos. Embora cabelos mais curtos sejam mais fáceis de cuidar e
higienizar, a vontade do paciente e seus gostos devem sempre ser respeitados.
Naturalmente, como o banho deve ser preferencialmente realizado de dia, a
higiene do cabelo deve ser juntamente realizada de dia.
Seque sempre muito bem o cabelo e, principalmente, o couro cabeludo. Isto
evitará que haja proliferação de fungos, formação de feridas e que a criança venha a
ficar com alguma doença secundária. Não deixe o paciente ficar deitado com o cabelo
ainda úmido. E, se necessário, utilize um secador para secar o cabelo mais
rapidamente. Use um calor médio do secador (não utilize o calor máximo do aparelho,
pois o cuidador pode acabar queimando a pele do paciente), mexa o aparelho de um
lado para o outro, sem ficar parado muito tempo num único ponto, jogando o ar
quente sobre os cabelos e mexendo-os com os próprios dedos para facilitar a secagem
e desembaraçar o cabelo.
Crianças do sexo feminino costumam gostar e ficar muito felizes quando é
possível fazer penteados (como tranças, “maria-chiquinhas”) ou colocar presilhas,
tiaras e outros enfeites em seus cabelos. Portanto, se for possível e se for desejo da
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criança, faça estes pequenos gestos. Só fique atento se o cabelo não é muito
quebradiço, se o tipo de penteado ou enfeite no cabelo não vai machucar o paciente
(ao apoiar a cabeça no travesseiro, por exemplo) ou se não há riscos (não colocar
enfeites em crianças muito pequenas ou naquelas que não tenham maturidade mental
que possam vir a colocá-los na boca). A criança irá ficar feliz e isto também ajudará
em sua autoestima.
Higiene nasal
Esta higiene é muito importante, pois permite evitar problemas respiratórios,
como: rinites e sinusites.
Se o interior do nariz estiver muito seco ou muito “sujo”, a defesa contra
agentes externos – como poeira, poluição, vírus e bactérias – fica comprometida.
Dessa forma o paciente pode vir a ter complicações secundárias.
Para realizar a higiene, o ideal é pingar algumas gotas de soro fisiológico na
temperatura ambiente dentro de cada narina da criança.
Depois – para as crianças que já tem capacidade – pode-se pedir para que
assoem o nariz em papel macio ou lenço. Sempre que elas apresentarem coriza, “nariz
escorrendo” ou “nariz entupido” deve-se pedir para que assoem o nariz, pois se
ficarem tentando aspirar a secreção pode-se causar complicações, como a sinusite.
Para os bebês, as crianças pequenas ou aquelas que não conseguem assoar,
recomenda-se o uso de pequenos aspiradores nasais (normalmente são vendidos em
farmácias e têm formato de pêra) para tirar secreção ou “meleca” de forma delicada.
Os cotonetes podem ser usados sem introduzi-los nas narinas, somente ajudando a
puxar a secreção na entrada do nariz.
Em alguns casos, se houver muita secreção talvez seja necessário levar a
criança até um médico para que seja realizada uma aspiração nasal.
O uso do soro fisiológico nas narinas e o ato de assoar ou limpá-las pode ser
feito várias vezes ao dia, sempre que achar necessário. Atualmente, existem alguns
sprays nasais com soro fisiológico que facilitam muito a hidratação e higienização do
nariz.
Ouvido e orelha
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a cera de ouvido não é sujeira,
mas, sim, uma proteção. Ela é uma secreção protetora e até mesmo bactericida, e sem
ela o ser humano fica mais propenso a desenvolver infecções de ouvido.
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A maneira ideal de se fazer a limpeza é com uma toalha, após o banho, pois o
vapor amolece a cera. Deve-se passar a toalha pela orelha em suas dobras e na
entrada do ouvido, sem introduzir a toalha no interior.
O uso de cotonetes, na opinião de alguns médicos, é até arriscado, pois muitas
pessoas não sabem utilizá-los de forma correta. Assim como explicado com a toalha, a
regra básica para a higiene do ouvido é usar o cotonete apenas para a limpeza da
parte externa da orelha. Não se deve introduzir o cotonete ou outros objetos nos
ouvidos. Ao utilizar o cotonete na parte interna, além dos riscos de lesões (como
escoriações e até ruptura do tímpano), a pessoa estará empurrando a cera cada vez
mais para o interior, podendo criar um tampão com a cera e diminuir sua capacidade
de audição.
Não é necessário o uso de cotonetes diariamente, pois, como já foi dito, a cera
ajuda na proteção do ouvido e, portanto, o excesso de limpeza poderá causar
problemas nessa região.
Pode-se, também, após o banho, pingar algumas gotas de glicerina no ouvido
que estiver com cera, desta forma ela será expulsa naturalmente.
Algumas pessoas, sejam crianças ou adultos, podem ter uma produção maior
de cera ou pode ocorrer um acúmulo anormal dela por uma tentativa do corpo de se
proteger de alguma doença. Nestes casos, se houver muita concentração de cera
dentro dos ouvidos ou se ela estiver atrapalhando a audição, deve-se ir até um médico
especialista para que ele possa avaliar e se necessário realizar uma lavagem interna.
Higiene bucal
Deve ser feita mesmo em bebês, em crianças com poucos dentes, em pacientes
que se alimentam só de comida pastosa e até em pacientes com nutrição por sonda .
A higiene da boca é importante para evitar cáries, dor de dentes e inflamações
da gengiva. Deve ser realizada sempre após cada refeição, após tomar medicação e,
principalmente, antes de dormir.
É importante lembrar que as crianças que têm capacidade de escovar os dentes
e de realizar outros cuidados, devem ser estimuladas a fazê-los e serem
acompanhadas nas atividades.
Em bebês e pacientes com sonda, a limpeza deve ser feita com uma gaze ou
fralda (pano macio) umedecida em água morna filtrada. Passe por toda boca da
criança, limpando gengivas, bochechas e língua.
Em crianças que já apresentam dentinhos, o cuidador pode utilizar uma escova
de dente pequena com cerdas macias ou uma dedeira (escova de dente de dedo), a
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qual pode facilitar o trabalho do cuidador. O fio dental também é recomendado desde
quando nascem os primeiros dentes.
Para crianças menores de 3 anos ou que não tenham capacidade de cuspir, não
se deve utilizar pasta de dente com flúor, pois este – se engolido em excesso – pode
fazer mal à saúde. Após escovar os dentes, a criança deve fazer bochecho com água e
cuspi-la.
Para os pacientes acamados e que não conseguem escovar os dentes sozinhos,
o cuidador deve sentá-los, colocá-los de frente a pia ou de um recipiente. Escove os
dentes com pouca quantidade de creme dental para que não haja risco de engasgo.
Oferecer água para o bochecho ou ajudar a lavar com água ou uma gaze úmida para
tirar o excesso de pasta na boca. E sempre que possível usar o fio dental.
Se a sonda de alimentação sair do lugar procure um Pronto Socorro mais
próximo para que um profissional especializado reposicione a sonda. Não tente
repassar a sonda em casa sem um profissional habilitado.
Cáries:
A cárie é uma doença transmissível causada por uma bactéria. Ela pode ser
transmitida de mãe para filho por contato direto e, por este motivo, mães, babás e
cuidadores não devem assoprar a comida do bebê ou da criança e nem experimentar
no mesmo talher.
As bactérias causadoras da cárie dental transformam em ácido os restos de
alimentos presentes na boca, principalmente doces grudados nos dentes. Esse ácido
corrói e fura o esmalte do dente, causando dor. Além de causar mau hálito e
deficiência na mastigação.
Cárie de mamadeira:
É uma cárie de desenvolvimento rápido, que provoca dor e dificuldade de
alimentação, causando perda de peso e de estatura. É provocada pela alimentação
noturna de leite (materno ou não), seguida do sono, sem que seja feita a devida
higiene bucal antes.
A saliva tem uma ação protetora dos dentes e ajuda a manter a boca limpa,
mas durante o sono, a quantidade de saliva diminui, favorecendo a rápida instalação
da cárie.
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Sangramento nas gengivas:
Indica que não está sendo realizada uma boa limpeza. Pode aparecer uma
massa amarelada nos dentes, causadas por bactérias, que irritam a gengiva causando
inflamação e sangramento. Deve-se melhorar a escovação, principalmente nas
gengivas, realizando movimentos leves e circulares.
Mamadeiras e chupetas:
Para evitar as doenças de boca, é importante sempre realizar a limpeza dos
bicos de mamadeiras e chupetas, pois podem se tornar fontes de bactérias e fungos.
Antes do primeiro uso de qualquer tipo de bico artificial, o ideal é ferver um
recipiente com água, apagar o fogo e colocar os bicos por um tempo e depois lavá-los
com detergente neutro e enxaguá-los bem.
Depois de fazer uso, os bicos devem ser limpos com sabão neutro e água
corrente com escovas próprias para a higienização de mamadeiras, disponíveis em
lojas especializadas. Pode-se optar também de colocá-los de molho em um recipiente
com água e um pouco de bicarbonato de sódio por um tempo.
Sempre que a criança for utilizar a mamadeira ou a chupeta deve-se fazer
novamente a esterilização (ferver por cinco minutos). Limpeza e esterilização são
procedimentos diferentes. A limpeza se destina à remoção de resíduos, enquanto que
esterilização refere-se à eliminação de bactérias e germes. Cuidado após a
esterilização: verifique se o bico artificial está completamente resfriado antes de
oferecer ao bebê/criança.
Vale lembrar que chupetas não são recomendáveis, pois prejudicam a formação
dos dentes, podendo interferir no processo da fala e respiração. Portanto, evite dar
chupeta às crianças.
Olhos
Os olhos estão diariamente expostos a muitas influências externas, como
poluentes do ar, bactérias e poeira. As pálpebras e os cílios oferecem determinada
proteção, mas esta área não deixa de ser muito sensível, podendo ter doenças, como,
por exemplo, a conjuntivite.
Assim como o olho dos adultos, também o olho infantil está protegido pelas
pálpebras e pestanas. Os olhos dos bebês, no entanto, são particularmente mais
sensíveis, portanto necessitam de mais cuidados higiênicos.
O cuidador deve estar sempre atento a formação de “ramelas” nos olhos da
criança. Deve umedecer algodão ou gaze com soro fisiológico e passar levemente
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sobre o olho fechado da criança, retirando qualquer sujeirinha, principalmente nos
cantos do olho.
No caso de qualquer alteração observada, deve-se procurar um médico.
Unhas
O cuidador deve sempre estar atento ao comprimento das unhas da criança
cuidada. Deve cortá-las periodicamente, deixando-as num comprimento curto para
evitar que se arranhem e se machuquem e para evitar que acumule sujeira debaixo da
unha. O cuidador também deve ficar atento e lavar com uma escovinha embaixo das
unhas caso haja presença de sujeira visível.
Cuidados após “usar o banheiro”
Sempre após a criança urinar e evacuar deve-se realizar a higiene das partes
íntimas para se evitar umidade, assaduras, proliferação de bactérias e formação de
feridas (escaras).
Para as meninas, após a evacuação a limpeza deve ser sempre realizada da
frente para trás, para evitar que as fezes entrem em contato com a região da vagina e
causem infecções urinárias.
É aconselhável também, após limpar as fezes com papel higiênico, realizar uma
leve ducha na região anal e secar, novamente da frente para trás nas meninas.
2. USO DE FRALDAS, CUIDADOS COM A PELE E PREVENÇÃO DE ASSADURAS
Para a criança que utiliza fraldas, é necessário trocá-las cada vez que urinar e
evacuar, evitando ficar muito tempo com urina ou fezes em contato com a pele, pois
ela pode irritar-se originando assaduras e feridas.
A cada troca, lave o bumbum e a região genital com água morna e sabão e
seque bem a região. Mesmo que a fralda esteja somente com urina, deve-se lavar a
região, pois só a urina em contato com a pele já pode causar assaduras. Evite o uso de
“lencinhos umedecidos” sempre que possível, pois estes têm um pouco de química que
pode irritar a pele. Lembrando que nas meninas, o movimento durante a limpeza e
enquanto se seca deve ser feito da frente para trás.
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Para evitar assaduras, o uso do talco está fora de questão, pois ele pode causar
alergias e, além disso, suas partículas podem ficar suspensas no ar, serem aspiradas e
acumularem-se no pulmão dos bebês e crianças. O talco pode ser substituído por
farinha de amido, sendo colocada nas dobras da pele.
Após o banho, pode-se também aplicar um pouco de farinha de amido nas
dobras de pescoço, axilas, braços e pernas, para manter a pele sequinha.
Existem pomadas próprias no mercado que são para combater e evitar
assaduras, sendo recomendável passar uma pomada antiassadura a cada troca de
fralda e após realizada a higiene.
É muito importante ficar atento a formação de assaduras e feridas em crianças
acamadas, pois estas podem evoluir para úlceras.
Para outros cuidados com a pele e sua hidratação deve-se utilizar óleos e
hidratantes neutros, sem perfume.
3. DICAS DE VESTIMENTA
As roupas devem, em primeiro lugar, ser confortáveis e de agrado do paciente,
e este deve se sentir bem com elas.
Logicamente a roupa também deve ser prática e facilitar o trabalho do
cuidador.
As roupas devem ser, de preferência, de cores claras e de algodão, pois contêm
menos corantes no tecido e provocam menos problemas de alergia ou irritação na
pele.
Também devem estar de acordo com o clima. A criança muito pequena ou
doente pode ter dificuldade de expressar as sensações de frio ou calor. Portanto, cabe
ao cuidador ficar atento às mudanças de temperatura e não ter que esperar que o
paciente manifeste vontade de se despir ou se agasalhar.
As roupas com botões, zíperes e presilhas são mais difíceis de vestir, por isso
dê preferência às roupas com abertura na frente, elástico na cintura e fechadas por
velcro. As de algodão são melhores e mais práticas, pois são mais resistentes,
ventiladas e podem ser lavadas na água quente.
Para a criança que permanece por longo tempo na cadeira de rodas ou na
poltrona precisa vestir roupas mais confortáveis e largas, especialmente nos quadris.
Deve-se sempre ficar atento e cuidar para que as roupas não fiquem com dobras
embaixo do paciente ao sentar ou deitar, pois isso pode provocar feridas na pele.
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Roupas como blusas, camisas ou suéteres, deverão ser preferencialmente
abertas na parte da frente, para facilitar a colocação ou retirada.
Ao vestir e despir uma criança que tenha um braço comprometido, por
exemplo, deve-se primeiro vestir a manga no braço afetado e depois naquele que se
encontra sadio.
Deve-se estimular o ato de vestir-se sozinho, dando instruções com palavras
fáceis de serem entendidas.
As crianças com doenças mentais podem ter dificuldades de tomar decisões
sozinhas. Para ajudá-la a escolher o que vestir, mostre uma peça de cada vez, na
sequência que ela deverá vestir, falando clara e pausadamente o nome da peça. Para
ajudar estes pacientes e estimulá-los a procurar a própria roupa, pode-se colar a foto
de peças ou objetos pessoais na parte externa de gavetas ou armários.
As roupas novas devem sempre ser lavadas, antes de serem usadas.
Na lavagem das roupas recomenda-se usar sabão de coco, evitar amaciante e
outros sabões com perfume. Se usar fraldas de pano, na última água de enxágue,
coloque um pouco de vinagre branco.
Quanto aos calçados, deve-se evitar o uso de chinelos, pois eles facilitam as
quedas. Todos os tipos de sapatos devem ter sola antiderrapante, os mais indicados
são aqueles que possuem elástico na parte superior, pois além de serem fáceis de tirar
e colocar, evitam que a criança tropece e caia.
4. ÚLCERAS DE PRESSÃO/ESCARAS/FERIDAS
A úlcera de pressão pode ser definida como uma lesão de pele causada pela
interrupção sanguínea em uma determinada área. As pessoas com algum tipo de
incapacidade, que passam a maior parte do tempo na cama ou na cadeira de rodas
têm grande propensão a desenvolver esse tipo de ferida. Como ficam muito tempo
deitadas ou sentadas numa única posição, a área do corpo que está sendo pressionada
começa a ter menos sangue circulando. Se esta falta de sangue durar por muito
tempo, aos poucos os tecidos da pele vão morrendo pela falta de sangue e isto é o
que forma essas feridas.
Essas escaras são mais comuns nos pontos de apoio que sofrem maior pressão,
como as pontas ósseas (calcanhares, região sacra, nádegas, tronco, cotovelos, cabeça,
etc.).
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Imagem representando os pontos mais comumente acometidos pela úlcera de pressão
devido ao maior período em que ficam pressionados contra uma superfície (cama ou
cadeira).
São vários os fatores que podem aumentar o risco para o desenvolvimento da
úlcera de pressão como: imobilidade, pressões prolongadas, fricção, traumatismos,
idade avançada, desnutrição, incontinência urinária e fecal, infecção, deficiência de
vitamina, pressão arterial, umidade excessiva, edema, paciente fumante e diabético.
As úlceras de pressão apresentam quatro estágios de evolução:
Estágio I: a pele está intacta, mas é possível observar uma área de
vermelhidão, sem dor por conta da compressão local. Importante: estas áreas
avermelhadas não devem ser massageadas, pois isto só irá aumentar a área já
lesionada que está sofrendo por falta de sangue.
Estágio II: a pele já está perdendo sua espessura, manifestando abrasão, bolha
ou cratera.
Estágio III: observa-se uma ferida de espessura completa (atinge as camadas:
epiderme, derme e subcutânea), já se trata de uma cratera profunda.
Estágio IV: destruição total da pele, atingindo músculos, ossos e estruturas de
suporte (tendões e articulações).
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Ilustração dos quatro estágios da úlcera de pressão.
Medidas preventivas
O cuidador deve:
Inspecionar a pele pelo menos uma vez ao dia e comunicar a equipe de saúde
caso encontre alguma alteração.
Durante o banho, deve utilizar um agente de limpeza suave, evitar água muito
quente e fricção excessiva.
Avaliar e controlar a incontinência urinária da criança. Quando a incontinência
não puder ser controlada, deve-se limpar a pele no momento em que se sujar,
utilizar uma pomada ou farinha de amido para proteger a pele, utilizar fraldas
ou absorventes que forneçam de forma rápida uma superfície seca à pele.
Utilizar hidratante na pele seca. Minimizar os fatores ambientais que causam o
ressecamento da pele.
Evitar massagear as proeminências ósseas, principalmente se estas estiverem
avermelhadas (isto não significa que deve deixar de hidratar e proteger a pele
destas regiões).
Posicionar adequadamente a criança em seu leito ou na cadeira, utilizando
técnica correta de movimentação e transferência de forma a minimizar as
forças de fricção e cisalhamento na pele.
Evitar que a roupa da criança ou o lençol da cama fiquem com dobras embaixo
do paciente. Sempre estar atento para ver se não há restos de alimentos,
farelos e outros objetos que possam estar embaixo também.
Deve-se obrigatoriamente mudar a posição da criança deitada a cada duas
horas e da criança sentada a cada uma hora, para evitar a compressão e a falta
de circulação sanguínea das áreas mais propícias a desenvolver úlcera.
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Colocar travesseiros ou almofadas nas regiões mais prováveis de sofrerem
úlceras (observar o desenho dos pontos mais comumente afetados estas
feridas), evitando o contato direto destas áreas com a cama, a cadeira e o
próprio corpo.
Substituir o colchão de cama liso pelo colchão do tipo “caixa-de-ovo”. Este deve
ser protegido com lençol de um material plástico específico denominado “Vapt
Vupt”, encontrado em casas de material cirúrgico e que deve ser colocado em
cima do colchão habitual.
Ensinar às crianças cadeirantes capazes de mobilidade a mudar a posição ou
promover manobras de alívio de pressão a cada quinze minutos.
Deixar a cabeceira da cama elevada no máximo até 30º e por pouco tempo.
Levar o paciente aos banhos de sol (utilizar protetor solar), de preferência,
antes das dez horas ou após as 16 horas, durante 15 a 30 minutos.
Posicionar comadre ou papagaio com cuidado para não machucar a pele do
paciente.
Oferecer água, sucos e chá várias vezes ao dia e em pequenas quantidades.
Realizar massagens para conforto (não nas regiões avermelhadas).
Sempre que possível, andar devagar com a pessoa, evitando que ela arraste os
pés e calcanhares.
Ilustração demonstrando o uso de almofadas para prevenir úlcera de pressão.
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Imagem de colchão do tipo “caixa de ovo”.
Limpeza da ferida
A limpeza deve ser realizada diariamente e, por praticidade, na hora do banho,
com jato de soro fisiológico, preferencialmente morno. Se possível deve ser realizado
um curativo com gazes, permitindo que a ferida respire.
Se houver presença de escaras (crosta preta e endurecida) sobre a lesão, esta
deve ser retirada por um profissional médico ou enfermeiro especializado.
Existem produtos e pomadas para auxiliar no tratamento da úlcera de pressão,
mas a indicação destes fica a critério de um médico ou enfermeira especializados.
5. ACOMODAÇÃO DO PACIENTE
Na acomodação o mais importante é que a criança sinta-se numa posição
confortável e que o cuidador coloque-a em posições que previnam as úlceras de
pressão.
É importante lembrar que caso haja algum membro comprometido este deve
ficar estendido e apoiado em um travesseiro.
Para os bebês
Com relação aos bebês, até pouco tempo atrás, a indicação era que o bebê
dormisse preferencialmente de lado. Porém, estudos sobre a síndrome da morte súbita
infantil (morte inexplicada de bebês durante o sono, mais frequente entre os 2 e 4
meses de idade) demonstram que ocorre maior risco desta morte se o bebê dormir de
bruços. E ainda se colocado de lado, existe o risco de, em caso de vômito, ele sufocar.
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Mesmo de barriga para cima, a cabeça da criança ficará de lado enquanto ela dorme e
a criança também consegue tossir, chamando a atenção dos pais.
Portanto, a Academia Americana de Pediatria determinou que o ideal é colocar
o bebê para dormir de barriga para cima.
Posições para as crianças em leitos
De barriga para cima (decúbito dorsal):
Coloque um travesseiro fino e firme embaixo da cabeça do paciente de maneira
que o pescoço fique no mesmo nível da coluna. Coloque um travesseiro ou cobertor
fino embaixo das panturrilhas (barriga da perna) e dos calcanhares, assim diminui a
pressão dos calcanhares sobre a cama e ajuda no retorno sanguíneo das pernas.
Dobre os cotovelos levemente e coloque as mãos da criança apoiadas sobre os
quadris. Mantenha as pernas esticadas e as pontas dos dedos voltadas para cima.
Pode-se também apoiar os pés em uma almofada recostada na guarda final da cama, a
uma inclinação de 60º ou 90º.
De barriga para baixo (de bruços/decúbito ventral)
Está posição não é muito aconselhada, pois força a lombar e a cervical,
podendo ainda acentuar problemas de coluna, como escoliose, lordose e lombalgia.
Portanto se for de preferência do paciente deitar nessa posição, procure acomodar os
travesseiros de forma a minimizar a compressão na região da coluna e não mantenha
a criança por muito tempo deitada nesta posição.
Para melhor acomodar o paciente quando este quiser ficar de bruços, vire a
cabeça delicadamente para um dos lados acomodando-a com um travesseiro fino ou
toalha dobrada. Ajude a criança a flexionar os braços para cima de modo que os
cotovelos fiquem nivelados com os ombros. Depois, coloque toalhas dobradas ou
travesseiros finos embaixo do peito e do estômago. Por fim, ajeite as pernas apoiando
os tornozelos e elevando os pés com uma toalha ou lençol enrolado.
De lado (decúbito lateral)
Coloque o paciente deitado de um dos lados com os joelhos levemente
dobrados. Posicione um travesseiro fino sob a cabeça e o pescoço de modo que a
cabeça fique alinhada com a coluna. Escore as costas da criança com um travesseiro
maior, para evitar que ela vire de costas. Coloque um travesseiro fino entre as pernas,
deixando a perna que fica por cima um pouco mais dobrada que a debaixo, mantendo
a de cima ao nível dos quadris. Posicione uma toalha dobrada abaixo do tornozelo a
fim de mantê-lo afastado do colchão. Por último, posicione um travesseiro fino à frente
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do paciente onde possa posicionar o membro superior com o cotovelo levemente
flexionado ou estendido e manter a mão aberta.
Se o paciente possuir um lado hemiplégico (paralisado), ao deitar o lado
paralisado o cotovelo deve estar bem estendido, a palma da mão virada para cima e o
membro inferior paralisado alinhado, evitando manter o pé caído, em posição plantar.
Imagem ilustrativa de como posicionar os travesseiros para um paciente deitado de lado.
6. MANIPULAÇÃO DO PACIENTE
No caso das crianças, o cuidador não necessita de tanto esforço ou ajuda para
manipular ou realizar a transferência de um paciente. Sendo possível muitas vezes
carregar a criança no colo ou manipulá-la com certa facilidade, mas com delicadeza
para não correr risco de machucá-la. Portanto as dicas a seguir, são somente para
casos de pacientes maiores em idade e/ou altura e/ou peso.
Lembre-se sempre de explicar para a criança o que vai fazer e como irá fazer,
passando segurança e tranquilidade a ela.
A melhor maneira de auxiliar o paciente a passar de sentado para em pé é
apoiá-lo pela cintura e colocar o joelho do cuidador entre os joelhos do paciente. Esta
orientação é válida para quaisquer tipos de dificuldades, independente da doença da
criança, podendo ser uma simples fraqueza muscular. Se for possível para o paciente,
peça que este incline o tronco para frente, no momento de se levantar. O pé do
cuidador irá apoiar os pés do paciente, dando suporte e impedindo que ele deslize.
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O cuidador também pode realizar a transferência da criança, da cama para uma
poltrona, por exemplo, abraçando o paciente pela cintura e fazendo com que ele
abrace o pescoço do cuidador, assim ele pode ir girando o paciente e posicionando-o
tranquilamente.
Imagem ilustrativa de como ajudar o paciente a se locomover.
Trabalhando a dois
No caso de pacientes muito pesados, ou no caso do cuidador estar
apresentando quaisquer dificuldades nas transferências, peça ajuda a outra pessoa.
Explique ao paciente o que será realizado.
Quem for apoiar a parte superior do corpo do paciente deve segurá-lo próximo
ao próprio corpo. O outro cuidador fica de apoio para movimentação do paciente, para
dividir o peso da pessoa manipulada ou para segurar os membros inferiores desta.
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Levantem o paciente juntos. Sempre trabalhando em equipe e sincronizados,
passando confiança ao paciente. Dobrem as pernas e não forcem a coluna.
Para ajudar a criança a sentar, os cuidadores podem utilizar um plástico ou
cobertor, caso estejam com dificuldade; cada cuidador fica de um lado da cama,
olhando para o paciente, eles devem colocar um joelho na cama no nível do quadril do
paciente e a outra perna fixa no chão. Com uma mão, devem segurar a mão do
paciente e com a outra segurar o plástico/cobertor. Quando estiverem bem
posicionados, podem trazer o paciente para frente enquanto sentam-se em seus
calcanhares.
Vale lembrar que os cuidadores devem sempre usar sapatos baixos, bem
ajustados e amarrados para não correr o risco de sofrerem acidentes.
Estimulando o paciente a andar
Se a criança cuidada consegue andar, mesmo que com dificuldade, é
importante que o cuidador anime, estimule e apoie o paciente a fazer pequenas
caminhadas, de preferência em lugares arejados.
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Em uma criança maior que apresenta dificuldades para andar, a melhor
maneira de auxiliá-la é o cuidador ou familiar apoiar o lado que apresenta maiores
dificuldades, colocando uma mão embaixo do braço do paciente, ou da sua axila,
segurando com sua outra mão, a mão do mesmo, dando-lhe apoio e segurança. Em
casos de maior desequilíbrio, o cuidador deve estar à frente do paciente segurando-o
firmemente entre as mãos e os cotovelos e incentivando que olhe para frente ao
andar. Encoraje e elogie a criança a cada passo, a cada progresso.
Imagem representando a posição de como ajudar um paciente a andar.
É sempre importante lembrar-se de tirar objetos perigosos do caminho (como
tapetes, mesas, banquinhos, fios de tomada) quando for ajudar o paciente a andar.
Os passeios externos devem ser incentivados, porém estão subordinados ao
grau de dependência apresentado.
A criança que sofre de alguma doença mental deve ser estimulada a fazer o
mesmo trajeto durante as caminhadas e o cuidador deve mostrar a ela os pontos de
referência, falando o nome das coisas que vão encontrando pelo caminho.
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Capítulo 2
Alimentação
Laís de Oliveira Toledo
1. CUIDADOS COM A BOCA
As crianças podem apresentar desconfortos bucais causados por uma
candidíase bucal, úlceras aftosas (“aftas”), herpes e outras demais infecções, inclusive
dentárias. Além de apresentarem, com frequência após o uso de medicamentos,
quimioterapia ou radioterapia, a sensação de boca seca (xerostomia). Para aliviar esse
tipo de sintoma é importante o aumento na ingestão de água, manter uma boa higiene
oral e utilizar protetor labial. É válido também evitar respirar pela boca, lamber os
lábios e jejum prolongado.
Existem também recomendações alimentares, como o de chupar frutas cítricas,
para estimular a salivação do paciente, porém se o alimento não for bem tolerado essa
dieta nao é válida. Devem-se evitar, também, alimentos muito temperados.
Doenças da Boca
Para avaliarmos qualquer alteração na boca é necessário que saibamos como é
uma boca saudável. A região externa da boca se aproxima da textura da pele, já a
interna é avermelhada e úmida, e as gengivas são um pouco mais claras em relação a
mucosa da boca. A língua não é lisa e possui papilas, nas quais ficam os botões
gustativos (responsáveis pelo paladar). As alterações na boca podem se originar de
lesões locais ou manifestações de doenças sistêmicas. Algumas doenças presentes na
boca de crianças são:
Alterações de coloração:
O revestimento bucal, incluindo o “céu da boca”, deve apresentar-se em sua
cor róseo-avermelhada saudável. Por isso, é indispensável a inspeção da boca da
criança sempre, pois se a mucosa bucal se tornar pálida, o paciente pode estar
anêmico, ou se houver áreas em carne viva e sangramento, pode ser uma infecção por
fungos. Muitas vezes, alterações na mucosa podem ser causadas por resíduos
alimentares, como balas, pirulitos com corante, mas é imprescindível o cuidado e, se
persistir qualquer alteração, procurar um profissional de saúde.
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Alterações dos lábios:
Os lábios podem sofrer alterações de tamanho, de cor e de superfície. Essas
podem ser inofensivas como também podem indicar problemas de saúde geral. Uma
reação alérgica causada por alimentos, remédios, ou uso de cosméticos, pode fazer
com que os lábios aumentem de volume. Várias outras condições podem fazer com
que os lábios aumentem de volume, como machucados e queimaduras de sol. Uma
descamação labial pode ser causada por exposição ao sol, ou ao tempo frio e seco, ou
até por reação alérgica. No entanto, o médico deve ser sempre procurado quando se
trata de crianças em tratamento e em cuidados. Pois uma lesão aumentada com
pontos vermelhos pode acarretar um câncer, ou manchas castanhas podem ser um
sinal de doença intestinal hereditária ou então um ressecamento e rachaduras labiais
serem sintomas da desnutrição ou também falta de vitamina do complexo B.
Alterações da língua:
O trauma é a causa mais comum das afecções da língua. Frequentemente a
língua é mordida acidentalmente, mas ela cicatriza rapidamente.
Aftas:
São pequenas feridas que aparecem na parte interna da boca acompanhadas
de grande dor, principalmente quando a língua e os dentes encostam nela ou na
ingestão de alimentos quentes e temperados. A sua causa é desconhecida, mas o
estresse, reações a medicamentos e a baixa imunidade em crianças favorecem o
aparecimento destas. As aftas aparecem com mais frequência no interior do lábio, no
interior da bochecha, no palato mole ou sobre a língua. É identificada como uma ferida
circular esbranquiçada e com a borda avermelhada, acompanhadas de muita dor.
Podem ser grandes ou pequenas. As pequenas são mais comuns, ocorrem em grupos
de duas ou mais e desaparecem em até 10 dias. Já as grandes além de deixarem
cicatrizes e terem a forma irregular, demoram semanas para cicatrizar e podem causar
febre e aparecimento de íngua no pescoço. Muitas crianças apresentam aftas
repetidamente, para estas o ideal é a consulta com um médico ou um dentista. E é
essencial a higiene bucal, com uma boa escovação e uso de antissépticos bucais.
Infecção oral por herpes:
A infecção oral por herpes pode aparecer rapidamente sem motivo aparente,
causando muita dor. O bebê, mesmo saudável, tem predisposição a contrair o herpes
labial de um adulto. Já crianças em tratamento, ou manutenção de alguma doença
ficam mais susceptíveis a infecção por herpes, essas crianças tendem a apresentar
inflamação e dores na boca, além de febre, mal-estar e irritabilidade. Deve-se tomar
cuidado para não confundir o aparecimento de herpes com outra doença ou até
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mesmo o aparecimento dos dentes. Apesar de a criança melhorar em
aproximadamente uma semana, o vírus do herpes simples nunca mais deixará o corpo
dela e a infecção apresenta novos episódios em outro momento da vida (herpes
secundário).
Pode ocorrer a herpes oral em fases mais avançadas da infância, a qual traz
sintomas mais graves. Podem surgir a partir de lesões bucais, de febre, de intoxicações
alimentares, de medicamentos ou de ansiedade. Na parte externa as feridas aparecem
nos lábios formando uma crosta, já no interior da boca as ulcerações aparecem no
“céu da boca” com maior frequência. Apresenta um incômodo e causa dor. Nas
crianças com sistema imune afetado por doenças, por quimioterapias, radioterapias ou
transplantes, o risco é maior. As feridas na boca interferem na alimentação e
favorecem a disseminação do vírus. A melhor forma de lidar com a doença é aliviando
a dor, para que o paciente infantil possa se alimentar e se hidratar, evitando maiores
danos a saúde dessa criança.
Tumores e lesões bucais:
Lesões na boca que durem mais de duas semanas e não são dolorosas devem
ter devida atenção, pois como a criança, muitas vezes por não doer, não esboça
incômodo é necessário que o cuidador tenha sempre o hábito de observar a boca do
doente.
Algumas doenças virais, como o sarampo, também podem causar anomalias no
interior das bochechas. As infecções que se disseminam a partir de dentes cariados da
arcada inferior podem ser graves, por isso a higiene bucal adequada é fundamental
para a prevenção. Pode acontecer alguma alteração também quando o paciente morde
o lado interno da bochecha com frequência, o que ocasiona a formação de uma
elevação por irritação. Essa elevação é indolor e firme e deve ser avaliada pela equipe
de saúde que, se necessário, encaminhará o paciente à cirurgia.
Em crianças é muito comum o aparecimento de verrugas nos dedos, visto que o
sistema imune do paciente em cuidados paliativos está muitas vezes ineficiente, e ao
levar a mão na boca pode haver contaminação da boca. A observação desses
pacientes é essencial e, caso haja alguma alteração, o médico ou dentista devem ser
procurados.
Halitose:
O mau hálito é causado na sua maioria por restos alimentares entre os dentes e
a má higiene bucal. Nestes casos, uma boa escovação e o uso do fio dental solucionam
o problema. Algumas doenças podem causar a halitose, como a insuficiência hepática,
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insuficiência renal (odor de urina), diabetes grave e descompensado (odor de acetona)
e abscesso pulmonar.
Distúrbios das glândulas salivares:
A saliva é importante para manter a umidificação da boca, oferecendo uma
proteção contra cáries dentárias. A falta de saliva pode ser decorrente de uma
pequena ingestão de líquidos, de certos medicamentos, da respiração pela boca ou por
doenças que afetem as glândulas salivares.
Cárie dental
As cáries dentárias ocorrem como um resultado das interações entre o esmalte
do dente, carboidratos da dieta e flora oral. Bactérias podem aderir e colonizar os
dentes, causando as cáries. A dieta tem um papel significativo na formação das cáries,
um exemplo clássico são as cáries de mamadeira. Por exemplo, ao deixar a criança
dormir ao se amamentar, acumulam-se líquidos contendo açúcar ao redor dos dentes,
predispondo à cárie. Deve haver a higienização da boca até mesmo nos bebês.
A cárie dentária é conceituada como uma doença de caráter infecciosa, com mais de
um fator (fatores primários, secundários e gerais), sendo imprescindível a interação
desses fatores para o surgimento da doença.
Muitos pais desconhecem que a “doença” cárie é transmissível, ou seja, uma
pessoa poderá transmitir para a outra, através de compartilhamento de copos e
talheres, o que exige um cuidado, também, dos cuidadores, principalmente com
crianças com alguma doença. A higiene oral oferece boa proteção, mas crianças
menores que 8 anos não tem a capacidade de escovar seus próprios dentes
adequadamente, a escovação deve ser realizada pelos pais ou responsáveis . O
suplemento de flúor não é indicado para crianças com menos de 6 meses de idade.
Sangramento das gengivas
O sangramento das gengivas denuncia a presença de inflamação na gengiva.
Esta inflamação é causada por bactérias que se aderem sobre estruturas sólidas, tais
De forma clara e sucinta, são esses os fatores:
- Primários: micro-organismos causadores de cárie e dieta rica
em carboidratos;
- Secundários: higiene bucal deficiente e ausência de flúor no
ambiente;
- Gerais: fatores socioeconômicos e culturais.
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como: dentes, restaurações e aparelhos odontológicos, formando uma camada a qual
chamamos de placa bacteriana. Essas placas podem aparecer principalmente após as
refeições, por isso o cuidado com a criança a fim de realizar uma boa higiene bucal
evita a instalação de microrganismos infecciosos nas gengivas.
Feridas na boca
Toda a ferida que dure mais de duas semanas tem de ser examinada por um
dentista ou por um médico, mesmo que não seja dolorosa. São menos preocupantes
as feridas dolorosas do lábio ou do interior da bochecha, já que se pode tratar de aftas
ou de uma mordedura acidental, de aparelhos odontológicos, formando uma camada a
qual chamamos de placa bacteriana.
A fim de evitar ou não tornar as feridas na boca mais graves, dê preferência a
alimentos bem cozidos ou macios, como sopas, miolo de pão, gelatina, pudins. Se for
preciso e se facilitar a deglutição, molhar pão ou biscoito em chás, sopas ou leite. Não
comer alimentos apimentados ou ácidos que possam irritar a mucosa da boca. A
temperatura dos alimentos e bebidas deve ser fria ou ambiente. Além disso, vale
lembrar que sucos naturais de laranja, goiaba e caju podem ajudar na cicatrização de
feridas, pois contém vitamina C. Os cuidados com a boca devem ser bem realizados,
pois esses desconfortos trazem a diminuição da alimentação, o que pode até mesmo
agravar o quadro da criança.
Sempre é necessário tomar cuidado com as crianças e, ao alimentá-las, dê
preferência a alimentos líquidos usando um canudo ou copo ao invés de colher, para
evitar ainda mais lesões na boca. Além disso, priorizar a higiene das mãos da criança
e do cuidador.
Uma boa higiene bucal
A higiene bucal nas crianças deve ser feita pelos seus responsáveis,
principalmente se a criança tiver menos de 8 anos ou qualquer aumento de
sensibilidade na boca. Em primeiro lugar, a limpeza da boca deve ser realizada com
uma gaze, da seguinte maneira:
Posicione a criança em pé ou sentada;
Umedeça a gaze com soro fisiológico, troque durante a limpeza, usando
até 4 gazes;
Enrole-a em seu dedo indicador;
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Passe primeiro em todos os dentes e depois na língua e bochechas da
criança.
Tudo isso, evita que machuque a boca da criança, que muitas vezes está
sensível por uso de medicamentos e aftas. Além de manter a higiene, evitando
também a cárie de mamadeira. Existem também escovas de dente próprias para esse
tipo de limpeza, porém têm maior custo. São as “escovas de dedo”, que vestem o
dedo indicador e possuem cerdas de silicone.
Com o uso dessas escovas ou de escovas normais, em crianças maiores de 6
anos a pasta de dente é muito importante. Mas de qualquer forma, peça sempre que a
criança bocheche e cuspa toda espuma que ficar na boca. É válido lembrar que as
pastas com menos quantidade de flúor são melhores para elas, pois se a criança
ingerir acidentalmente a pasta não ocorrerá o excesso de flúor no organismo. E é
importante ressaltar que na água potável que bebemos já existe boa quantidade de
flúor para as crianças, sem ser necessário o uso dessas em pastas de dente nessa
idade.
2. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
A alimentação saudável é essencial para o crescimento, desenvolvimento e
manutenção da saúde em crianças e adultos. Os hábitos alimentares inadequados
acarretam problemas de saúde imediatos e, também, a longo prazo. Alguns fatores
podem interferir na formação do hábito alimentar na infância, durante os períodos da
alimentação materna, alimentação mista e da alimentação escolar.
A preferência pelo sabor doce e alimentos com um maior teor energético são
importantes fatores fisiológicos na formação do hábito alimentar. A alimentação dos
pais costuma ser decisiva na formação do hábito alimentar da criança.
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A alimentação saudável, além de proporcionar prazer, fornece energia e outros
nutrientes que o corpo precisa para crescer, desenvolver e manter a saúde. A
alimentação deve ser a mais variada possível para que o organismo receba todos os
tipos de nutrientes. Os maus hábitos alimentares podem trazer prejuízos à saúde,
como a obesidade.
A infância é o período de formação dos hábitos alimentares, iniciando desde a
gestação e amamentação, devendo a mãe estar atenta quanto à variedade de
alimentos na dieta, o que facilita a aceitação dos alimentos mais tarde.
A OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros
meses de vida e adequadamente complementado até os dois anos de idade. As
crianças, em geral, tendem a preferir alimentos com alta densidade energética. No
entanto, o consumo exagerado de alimentos muito calóricos pode limitar a ingestão de
uma dieta variada, pois rapidamente a criança fica satisfeita.
A influência dos pais, assim como a de outros cuidadores na alimentação das
crianças, não somente se dá em relação às atitudes tomadas, como também pelo
exemplo dado, já que a observação de outras pessoas se alimentarem favorece a
aceitação por novos alimentos. Por isso, os adultos deveriam, então, dar mais
importância à realização de suas refeições junto às crianças. E não deixar que apenas
a televisão influencie na preferência alimentar.
Os dez passos para uma alimentação saudável
É importante que a alimentação seja saborosa, colorida e equilibrada, que
respeite as preferências individuais e valorize os alimentos da região, da época e que
sejam acessíveis do ponto de vista econômico. Para se ter uma alimentação
equilibrada, com todos os nutrientes necessários para a manutenção da saúde, é
preciso variar os tipos de alimentos, consumindo-os com moderação.
Os nutrientes dos alimentos fornecem calorias, que são a quantidade de
energia utilizada pelo corpo para a manutenção de suas funções e atividades. Uma
alimentação que fornece mais calorias do que o organismo gasta em suas atividades
diárias pode provocar o excesso de peso e obesidade. Uma alimentação que fornece
menos calorias que o necessário pode levar à perda de peso e desnutrição.
Os passos podem ser seguidos não só pelas crianças, mas pelos seus
cuidadores e suas famílias. Oriente quem prepara a alimentação da criança ou caso
você mesmo prepare, fique atento às dicas.
1º passo: As frutas, legumes e verduras devem ser consumidos 5 vezes
por dia. Tenha vegetais no prato do almoço e do jantar. Tenha sempre uma fruta no café da manhã e acrescente mais uma nos lanches da manhã e da tarde.
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2º passo: Coma feijão 4 vezes por semana. Na hora das refeições, coloque uma concha de feijão no seu prato, assim você estará evitando a anemia.
3º passo: Diminua o consumo de alimentos gordurosos, como carne com gordura aparente, salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos, para apenas uma vez por semana. Prefira os alimentos cozidos ou assados.
4º passo: Consuma pouco sal. Ninguém precisa de mais que uma pitada de sal por dia.
5º passo: Faça pelo menos 3 refeições e 1 lanche por dia. Não pule as refeições. Fazendo todas as refeições, você evita que o estômago fique vazio por muito tempo, diminuindo o risco de ter gastrite e de exagerar na quantidade quando for comer.
6º passo: Diminua o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar para no máximo 2 vezes por semana. Além de favorecer o ganho de peso excessivo, pode predispor a criança a ter cáries se não houver uma boa higiene bucal.
7º passo: Reduza o consumo de refrigerantes. A melhor bebida é a água.
8º passo: Coma devagar. Faça das refeições um ponto de encontro da família. Não se alimente assistindo TV.
9º passo: Mantenha o seu peso dentro de limites saudáveis. Calcule o IMC da criança e compare de acordo com a tabela.
IMC=
10º passo: Seja ativo. Faça atividade física, se possível. Caso a atividade
física de maior esforço não seja possível, deve-se procurar pela fisioterapia ou até mesmo exercícios que possam ser feitos em casa.
Muitas vezes, as crianças precisam de cuidados especiais e isso inclui uma dieta
específica, a qual será indicada por um médico ou nutricionista, de acordo com o
estado de saúde de cada indivíduo. Os pais ou cuidadores devem ajudar a criança para
que essa dieta diferenciada não seja ruim para ela.
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Vitaminas e suas principais fontes
http://nutbiobio2010.blogspot.com.br/2011/01/vitaminas.html
Outras recomendações gerais para a alimentação
Não é fácil alimentar uma criança, principalmente se algo a incomoda, por isso
o cuidador precisa ter muita calma e paciência, estabelecer horários regulares, criar um
ambiente tranquilo, sem distrações.
Para receber a alimentação, a criança deve estar sentada e nunca
deitada, para evitar engasgos.
Se a criança cuidada consegue se alimentar sozinha, o cuidador deve
estimular e ajudá-la no que for preciso: preparar a mesa, servir a bebida e cortar os
alimentos. Lembrar que a criança precisa de um tempo maior para se alimentar, por
isso não se deve apressá-la.
A pessoa que prepara os alimentos deve cuidar de sua higiene pessoal,
com a finalidade de evitar a contaminação dos alimentos.
Quando a criança cuidada estiver sem apetite, o cuidador deve oferecer
alimentos saudáveis e incentivá-la a comer. A pessoa com dificuldades para se
alimentar aceita melhor alimentos líquidos e pastosos, como:
- legumes amassados, - purês, - mingau de aveia ou amido de milho, - vitamina de frutas com cereais integrais.
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Pirâmide da boa alimentação
http://www.nutricaoemfoco.com/2008/10/11/a-piramide-alimentar/
Orientação alimentar para aliviar sintomas
A alimentação para aliviar os sintomas consiste em equilibrar as deficiências do
organismo através de maneiras de se alimentar. Para isto, foram separadas dicas de
alimentação pelos principais sintomas que acometem as crianças.
Náuseas e vômitos:
Em primeiro lugar, as crianças com vômito devem ser hidratadas, para isso o
cuidador necessariamente deve oferecer água em pequenas quantidades, e durante
todo o dia. As refeições também devem ser menores e oferecidas durante todo
tempo.
Os alimentos mais frios e mais secos são mais aceitos em pacientes nessas
condições, por não exalarem cheiros que possam agravar ainda mais a náusea. É de
extrema importância que a criança mastigue bem os alimentos, caso isso não seja
possível, dê preferência a alimentos menores, amassados ou até pastosos.
Logo após as refeições, o cuidador deve manter a pessoa sentada para evitar
que os episódios de náuseas e vômitos se repitam.
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Dificuldade para engolir (disfagia):
Nunca se deve deixar a criança optar por não se alimentar. Para facilitar a
deglutição, mantenha a pessoa sentada ou encostada em travesseiros para que
não tenha engasgos.
A criança com dificuldade para engolir aceita melhor os alimentos mais leves
e macios, líquidos, alimentos pastosos como as gelatinas, pudins, vitaminas de frutas
espessas, sopas, mingaus, purê de frutas, polenta mole com caldo de feijão, por
exemplo.
Caso o paciente queira comer alimentos de consistência mais dura ou secos, o
cuidador preferencialmente devem oferecê-los embebidos em leite ou em sopas.
Intestino preso (constipação intestinal):
A melhor estratégia para o bom funcionamento intestinal é ter horários fixos
para se alimentar e evacuar. Se, mesmo assim, os sintomas de intestino preso
persistirem, deve-se aumentar na dieta a ingesta de alimentos ricos em fibras
(arroz, aveia, verduras, legumes, mamão, laranja, ameixa e grãos).
Em contrapartida, alguns alimentos devem ser evitados por possuírem
tanino, pois podem prender ainda mais o intestino, como: banana, caju, goiaba, maçã
e chá preto/mate.
Diarreia:
As principais características da diarreia são o aumento do número de
evacuações e a perda de consistência das fezes, as quais se tornam aguadas. Isso
pode causar uma desidratação, mais frequente em bebês, crianças e idosos. Nestes
casos, é importante beber muito líquido, porém só água não resolve, visto que é
fundamental a reposição de sódio e outros sais minerais, então se aconselha dar à
criança soro, mas não o caseiro, pois este deixou de ser recomendado por não existir
um padrão de medida para os ingredientes e, com isso, um controle de sua eficiência.
Deve-se procurar o Soro para Reidratação Oral (SRO), distribuído nos postos de
saúde gratuitamente, e dar à criança uma colher de sopa (15 ml) a cada 15 minutos
ou após evacuar. Nas farmácias, devem pedir o soro tipo 90, que tem medida
equivalente ao distribuído nos postos. Se os sintomas não cederem, aconselha-se
procurar um serviço de saúde para uma avaliação adequada. O soro caseiro deve ser
utilizado somente em casos de emergência, quando não foi conseguido obter o soro de
reidratação oral.
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Como fazer:
A forma correta de se preparar um soro caseiro é adicionar 3,5 gramas de sal e
20 gramas de açúcar em um litro de água. Normalmente diz-se que estes valores
equivalem numa colher-padrão (tipo de colher com uma extremidade maior e outra
menor) a um lado pequeno raso com sal e duas vezes o lado grande raso com açúcar,
ou diz-se que esses valores equivalem a uma colher pequena rasa de sal e uma colher
de sopa rasa de açúcar em um litro de água, porém este tipo de “medida” é muito
perigoso por não ser exato e por ser muito subjetivo o que cada um considera uma
colher grande ou pequena. Por isso, o correto é pesar e adicionar os valores exatos
indicados. É importante lembrar que se exagerar na quantidade, a ingestão de muito
sal pode ser prejudicial à saúde da criança e tanto o aumento quanto a diminuição da
quantidade de ingredientes não irá ajudá-la a hidratar-se corretamente.
Não se deve deixar de comer, pois o organismo necessita de nutrientes. É bom
evitar também na dieta da criança alimentos muito temperados ou com alto teor de
gordura, leite, café e suco de frutas até que as fezes voltem ao normal.
Ao tratar crianças com alguma doença, seja qual for a causa, é válida a maior
preocupação com a higiene dos alimentos e a qualidade da água (sempre tratada
ou fervida), mesmo que seja para fazer gelo. É bom ressaltar ainda a existência da
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intolerância à lactose, principalmente em crianças e bebês, que muitas vezes causa
diarreia.
No caso de pacientes com intolerância à lactose (tipo de açúcar presente na
composição do leite), estes têm que seguir uma dieta que evite leite e alguns de seus
derivados. É importante consultar o médico sobre quais produtos posem substituir o
leite, pois é importante que a criança não deixe de consumir alimentos com cálcio para
que não comprometa seu crescimento ósseo. Atualmente, no mercado, existem
inúmeros produtos que podem ser consumido pelas pessoas com intolerância à
lactose, como produtos lácteos fermentados (como iogurte), leite de vaca tratado com
lactase (enzima que degrada a lactose), fórmulas de leite de soja ou de arroz. Mas é
importante consultar o médico também sobre esses produtos, pois existem fases do
crescimento infantil que não podem consumir, por exemplo, uma quantidade muito
elevada de soja.
Gases (flatulência):
A formação de gases causa muito desconforto às pessoas acamadas e
principalmente em crianças. Muitas vezes o choro de um bebê pode ser causado por
um desconforto abdominal gerado pelos gases. Para evitar a formação de gases é
importante aumentar a ingestão de líquidos e evitar couve, repolho, brócolis,
grãos de feijão, couve-flor, cebola, alho cru, bebidas gasosas, doces concentrados e
queijos amarelos.
Caso os gases já estejam causando incômodo, os exercícios são uma boa
maneira de eliminá-los. Se a criança não consegue movimentar-se sozinha, ajude-a,
com massagens abdominais e movimentos com os membros inferiores (pernas).
Alimentação por sonda (dieta enteral)
A dieta enteral é fornecida na forma líquida por meio de uma sonda, que é
colocada do nariz ou boca, para o estômago ou intestino. Assim, é possível fornecer os
nutrientes que a pessoa necessita independente da sua cooperação, fome ou vontade
de comer.
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Em algumas situações, a pessoa recebe alimentação mista, ou seja, alimenta-se
pela boca e recebe um complemento alimentar pela sonda. A nutrição enteral pode ser
preparada em casa ou industrializada. As dietas caseiras são preparadas com alimentos
naturais cozidos e passados no liquidificador e coados, a fim de manter a consistência
líquida. A dieta industrializada já vem pronta para o consumo, tem custo alto e maior
duração.
A alimentação destas sondas deve ser prescrita pelo médico ou nutricionista e a
sonda deve ser colocada pela equipe de enfermagem. Já os cuidados externos da
sonda podem ser feitos pelo cuidador, tomando muito cuidado para não deslocá-la.
Ao passar a dieta:
É preciso que a criança esteja sentada com as costas bem apoiadas,
evitando que restos alimentares entrem nos pulmões.
Injete a dieta na sonda lentamente. Esse cuidado é importante para
evitar diarreia, formação de gases, “estufamento” do abdome, vômitos e também para
que o organismo aproveite melhor o alimento e absorva seus nutrientes.
Se a sonda se deslocar ou tiver sido retirada acidentalmente, não tente recolocá-la,
chame a equipe de saúde!
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A quantidade de alimentação administrada de cada vez deve ser de, no
máximo, 350 mL, várias vezes ao dia, ou de acordo com a orientação da equipe de
saúde.
Ao terminar a alimentação enteral injete na sonda 20 mL de água fria,
filtrada ou fervida, para evitar que os resíduos de alimentos “entupam” a sonda.
A sonda deve permanecer fechada sempre que não estiver em uso.
A dieta enteral de preparo caseiro deve ser guardada na geladeira e
retirada 30 minutos antes do uso.
A dieta deve ser dada em temperatura ambiente.
Ao preparar e administrar a dieta enteral:
Lave o local de preparo da alimentação com água e sabão.
Lave bem as mãos com água e sabão antes de preparar a dieta.
Pese e meça todos os ingredientes da dieta.
Utilize sempre água filtrada ou fervida.
É bom verificar sempre se a nutrição está ajudando a recuperação da criança, para isso observa-se:
Disposição Aperto de mão firme Se o paciente consegue caminhar cada dia mais Pele rosada e menos flácida Músculos mais fortes Peso
Engasgo
O engasgo ocorre quando um alimento sólido ou líquido entra nas vias
respiratórias, podendo desencadear complicações, como:
Aspiração – quando líquidos ou pedaços muito pequenos de alimentos chegam
aos pulmões, o que pode provocar pneumonia.
Sufocamento – ocorre quando pedaços maiores de alimentos ou objetos param
na garganta (traqueia) e impedem a passagem do ar.
Engasgos leves, com líquidos, não são tão graves assim, principalmente se a
criança estiver rosada. Por isso, é necessário deixar a criança em pé, durante 15
minutos após ter mamado. Para evitar problemas maiores, nunca deixe moedas,
brincos, pilhas de relógio ou qualquer objeto pequeno ao alcance das crianças.
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Cuidador, ao perceber que a criança cuidada está engasgada, tente primeiro
retirar com o dedo o pedaço de alimento que está provocando o engasgo. Caso não
consiga siga as manobras, de acordo com a idade da criança.
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Cápí tulo 3
A importância da comunicação
Ana Caroline Balducci Scafi
A comunicação é uma interação na qual trocamos mensagens, ideias e
sentimentos com outra pessoa. Esta, por sua vez, pode ter seu comportamento
influenciado, com diversas reações, e pode responder de duas formas: verbal e não
verbal.
Comunicação verbal: é feita usando palavras, faladas ou escritas.
Comunicação não verbal: não é expressa por palavras. É realizada através de
gestos, expressões faciais, desenhos, dentre outros. Muitas vezes é utilizada de
maneira inconsciente (a pessoa nem percebe que está comunicando ao outro).
Este capítulo apresentará certos aspectos nos quais a comunicação, tanto
verbal quanto não verbal, está envolvida ao falarmos sobre crianças em cuidados
paliativos.
1. CONVERSANDO SOBRE A DOENÇA
Muitos pais se preocupam em como dizer para seus filhos que eles estão
doentes ou até mesmo que a morte está próxima. As razões para isso podem ser por
sentimento de culpa, medo de enfrentar o desconhecido, expressar seus próprios
sentimentos, e principalmente por acharem que a criança não tem capacidade para
lidar com a doença e suas repercussões.
Por outro lado, ao contrário do que os pais pensam, as crianças sabem que tem
algo acontecendo, podem não entender o que é, mas sabem que não estão bem, que
estão escondendo algo delas e ainda, dependendo do caso, sabem que vão morrer.
Portanto, negar à criança o conhecimento do que está a acometendo, mesmo
que com boas intenções, pode gerar nela ansiedade e ainda um sentimento de
desconfiança, que pode até mesmo atrapalhar no tratamento da doença.
Não existe uma receita única de como se comunicar com a criança, isso
depende da cultura da família, bem como suas histórias e sentimentos envolvendo vida
e morte. É baseando-se nesses elementos que a criança constrói a concepção do que
está acontecendo com ela. Quando o diagnóstico é feito, deve-se procurar explicar, de
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maneira clara e verdadeira, a situação para a criança, dando esperança a ela sempre
que possível. É fundamental ouvir o que ela tem a dizer. No entanto, se contar o que
está sentindo é difícil para a maioria das pessoas, para as crianças pode ser ainda
mais, por isso muitas delas passam a expressar-se através de seus comportamentos,
ficando agressivas e deprimidas, por exemplo. É importante, nesses casos, estimulá-las
a dar nome ao que estão sentindo para que elas compreendam que é normal sentir
raiva ou tristeza e que ninguém tem as palavras certas sempre. Encorajar esse diálogo
com elas ajuda a diminuir a ansiedade muitas vezes criada. (pernas).
Como a doença e a morte são vistas pela criança e como lidar com isso?
Algumas crianças, quando não são conscientizadas sobre seu diagnóstico,
costumam interpretar sua doença como uma coisa mágica, ou até mesmo acreditam
que seu estado deve-se a algo de errado que fizeram. Quando uma criança descobre
que está doente, ela precisa de explicações sobre a natureza da doença e seu
tratamento. Esses esclarecimentos devem ser feitos de acordo com sua idade e
maturidade, erra-se muitas vezes tanto por dar pouca informação quanto por explicar
demais.
Já o modo como elas pensam em morte varia de acordo com a idade. Para uma
criança entre 2-3 anos, não é aconselhado relacionar a morte com o sono, pois ela
pode relacionar o fato de estar indo dormir com o de não acordar nunca mais, o que
pode resultar em insônia e visitas noturnas ao quarto dos pais.
As crianças entre 3-6 anos encontram-se em uma fase fantasiosa da vida que é
ainda alimentada pelas histórias, televisão e filmes. Os sonhos e pesadelos que elas
têm muitas vezes são considerados reais, e, com isso, grande parte delas acha que a
morte é reversível ou violenta e horrível. Elas, frequentemente, não falam sobre seus
medos, mas esses podem levar a mudanças de comportamento, a perda de controle
do xixi (urinam na cama, ou mesmo na roupa) e insônia. Pode-se notar, também, que
algo está as afetando por seus desenhos e brincadeiras.
Entre 6-10 anos, as crianças já fazem mais deduções, então é possível dizer
que já possuem noção de algo além da vida, independente de terem ensinamentos
religiosos.
Acima de 10 anos, elas já não apresentam problemas com o conceito de morte,
já a entendem de uma forma mais complexa. Nos adolescentes, ainda é possível ver,
com evidência, o que chamamos de cinco fases do luto: negação, raiva, depressão,
barganha e aceitação.
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Jeitos de se comunicar além da conversa
O brincar:
Quando pensamos em brincadeiras, geralmente pensamos somente que ela representa uma forma da criança se divertir, mas a realidade é outra. O brincar representa muito mais que diversão na vida de uma criança, é uma prática fundamental para o desenvolvimento infantil. Através da brincadeira, explora-se, dentre outros fatores, a curiosidade, linguagem e autoconfiança. Ela pode ser usada como forma de comunicação e terapia com a criança, pois, durante sua prática, a realidade e a fantasia se misturam. Assim, ela tanto pode ser útil como uma maneira de descobrir os sentimentos e medos que a criança não fala quanto uma forma de ajudar na preparação para procedimentos, como no caso de usar, por exemplo, bonecas para demonstrar como uma cirurgia será feita.
O desenhar:
Como o brincar, o ato de desenhar ou colorir serve de via para a comunicação
infantil, e é tão importante quanto. O desenho é uma maneira acessível a praticamente
todas as crianças e, por mais simples que seja, pode conter diversas informações sobre
o que elas estão sentindo, grande parte das vezes, inconscientemente. Tais
informações podem ser colhidas através da análise do que foi desenhado e, ainda, de
quais as cores usadas.
Relacionando com a família
Os pais:
O estabelecimento de uma comunicação eficiente não é importante somente
para com a criança doente. A doença desta afeta toda a estrutura familiar e, quando
essa influência não vem acompanhada de uma comunicação eficiente que procure
ajudar a família, pode gerar outros conflitos, como desestabilizar o casamento dos
pais.
Durante o curso da doença de uma criança é possível observar uma divisão de
papéis entre os pais. Normalmente a mãe é quem fica a cuidar do paciente enquanto o
pai continua trabalhando para sustentar a família. O que, dependendo da tensão
existente, pode gerar ressentimento de ambos os lados, o pai se sentir excluído do
tratamento de seu filho e a mãe se sentir sobrecarregada devido aos cuidados
despendidos.
Uma boa dica para que a tensão instalada diminua, para evitar brigas entre o
casal, o qual deve procurar manter-se unido neste momento difícil, é ter a presença de
uma pessoa amiga próxima, a qual seja de confiança tanto do marido quanto da
esposa e que sirva de ouvido neutro para os problemas.
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Ainda com relação aos pais, é importante lembrar que estes devem continuar a
prestar atenção nos deveres da casa e nos outros filhos. Quando existe uma criança
doente dentro de casa, há uma tendência grande de a atenção estar tão voltada a ela,
que as outras responsabilidades são deixadas de lado. Se estas estiverem relacionadas
a outros filhos, estes podem sentir-se deixados de lado enquanto o irmão doente
recebe toda a atenção.
Os Irmãos:
Como citado anteriormente, algumas vezes os irmãos da criança doente podem
sentir-se abandonados, o que pode levá-los a apresentar quadros de desordens
emocionais como ansiedade, depressão, ciúmes, medos e comportamentos obsessivos,
além de má conduta, problemas escolares e de atenção.
Outro fator envolvido entre os irmãos doente e saudável é a grande
preocupação. Aquele que está bem de saúde apresenta sentimentos de culpa, por o
irmão estar enfermo e ele não e, ainda, medo de perdê-lo. Já o doente também
demonstra tais sentimentos, porém resultantes de outros fatores, a culpa deste é por
sentir que está trazendo problemas à família e a raiva por não estar bem como o
irmão. Faz-se importante, nesses casos, estimular a comunicação deles e entre eles,
para que possam expressar o que estão sentindo e entender que o que sentem é
normal.
Apesar dessa soma de emoções, é importante citar que os irmãos saudáveis
tendem a ter pelos outros um grande instinto de proteção e cuidado, fundamentais
para o tratamento e acompanhamento do outro.
Conclusão
Estabelecer uma comunicação eficiente, não só com a criança doente, mas,
também, entre todos os envolvidos no processo da doença é fundamental para a boa
evolução das relações familiares, e assim, do tratamento e acompanhamento da
enfermidade.
É importante lembrar, também, que as crianças sentem o que está acontecendo
com elas e, muitas vezes, só não o falam para não preocupar os pais. Enquanto que os
pais não contam a verdade para não preocupá-las. Deve-se, portanto, procurar não
esconder informações de ambos os lados.
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Cápí tulo 4
Medicação, hospitalização e importância dos
tratamentos
Laís Rezende Sobreiro
1. MEDICAÇÃO
A medicação está presente na maioria dos tratamentos, seja em casa ou no
hospital; seja de forma contínua ou em momentos necessários. Quando a medicação é
feita em casa, deve-se ter somente uma pessoa responsável por esta, o cuidador –
afinal, é uma ação de grande responsabilidade e isso diminui as chances de erros. É
ele quem vai administrar as doses, conhecer o paciente, conhecer o medicamento e o
horário – que devem ser sempre respeitados.
Se for necessário transferir a responsabilidade, eventualmente, para outra
pessoa (como parentes, enfermeiros, babás, entre outros), é necessário que o
cuidador ensine a outra pessoa, treinando-a e assegurando-se de que esta fará da
melhor forma possível.
É importante analisar se a pessoa que ficará responsável pelo procedimento
terá chance de sucesso, pois algumas crianças podem resistir bravamente antes de
aceitar o tratamento. Conversar e “negociar” com a criança e explicar que o
procedimento será um benefício para ela são algumas formas que devem ser tentadas
antes de se usar métodos de imposição – como a força – pois, entendendo como uma
obrigação, ela sempre associará o procedimento como um evento prejudicial e sempre
haverá dificuldades em uma nova tentativa.
Além disso, o cuidador sempre deve estar atento para:
O medicamento: deve-se sempre conhecê-lo, saber seus efeitos (os
esperados e os indesejáveis), o porquê dele ser administrado e como ele pode
melhorar a situação do paciente. As bulas são, muitas vezes, difíceis de serem lidas,
mas trazem muitas informações úteis de efeitos, administração e doses. Mas, além da
bula, é também fácil e eficiente perguntar ao médico sobre o medicamento. Questione-
o sobre tudo: efeito, doses, como tomar, se pode ter alimentos ou não junto à
administração, que horas é melhor ser tomado, o porquê de tomá-lo e todas as outras
dúvidas que podem surgir; conheça também se este medicamento pode ser usado com
outros e se é necessário intervalos entre eles. É importante ir para casa sem dúvidas,
mesmo tendo a bula como aliada. Siga sempre atentamente o receituário feito pelo
médico. Confira se é mesmo o medicamento certo na hora de administrá-lo.
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Atenção: O organismo infantil metaboliza os medicamentos e a eles reage de
forma diferente do organismo adulto – Fique atento se o medicamento é de uso
infantil ou adulto, se pode ou não ser usado. Questione o médico.
A dose: fundamental para o tratamento, a dose deve sempre ser respeitada
em seu valor exato. Para não esquecê-la ou confundi-la, deixe escrito próximo ou na
embalagem do medicamento, confira sempre antes do procedimento.
Muitas vezes as doses são divididas de acordo com a idade, mas as crianças
podem variar muito quanto à estatura e peso dentro de qualquer faixa etária. Uma
dose recomendada e expressa em termos do peso da criança pode ser a mais fácil de
interpretar e administrar. Jamais se deve “chutar” (tentar adivinhar) a dose. Quando
em dúvida, consulte o médico responsável. Tomando essa precaução, pode-se evitar
que a criança receba um medicamento inadequado ou uma dose perigosa de um
remédio.
As colheres de uso doméstico não são suficientemente exatas para medir
remédios líquidos. Uma colher medidora cilíndrica é muito melhor para determinar
doses infantis e uma seringa oral é preferível para a administração da dose exata do
remédio na boca de um bebê.
Atenção: Sempre devemos remover a cobertura da ponta da seringa oral antes
do uso: a criança poderá engasgar se a cobertura for acidentalmente impelida até a
traqueia.
E vários medicamentos infantis são comercializados em mais de uma forma. O
cuidador deve ler cuidadosamente a bula todas as vezes que um novo remédio infantil
for adquirido.
Horário: Seja de dia ou de noite, o horário também nunca pode ser
desrespeitado, assim evitando o reaparecimento de sintomas como febre ou dor, ou
mesmo para dar continuidade no tratamento. Junto ao lembrete da dose, marque
sempre os horários. Se o cuidador for uma pessoa distraída, que se esquece mais
facilmente dos horários, recomenda-se sempre utilizar despertadores para não deixar
nenhum horário passar. Os intervalos menores que os recomendados podem
potencializar efeitos adversos; já os intervalos maiores podem interferir na ação do
medicamento. E se o medicamento for dado à noite: acenda as luzes e redobre a
atenção quando for administrar!
Via de administração: não se esquecer de sempre confirmar o local onde o
medicamento deverá ser usado (por exemplo: nariz, boca ou ouvido) – fundamental
para evitar erros.
Se o medicamento for via oral, atenção:
Comprimidos e cápsulas: devem ser tomados com água; não macerar o
comprimido; não abrir as cápsulas.
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Gotas podem ser diluídas com pouco de água; seguir o número de gotas
prescrito; não administrar direto na boca.
Líquidos (xaropes, solução, elixir, suspensão): administrar sempre a
medida prescrita; após, pode-se dar um pouco de água.
Siga sempre as orientações do médico!
Para os medicamentos a serem aplicados nos olhos deve-se: aquecer o
produto nas mãos, instilar nos olhos o número de gotas indicado, não encostar o bico
do frasco nos olhos.
Para os ouvidos: deitar a cabeça para o lado oposto ao ouvido a ser tratado,
instilar as gotas recomendadas sem encostar o conta-gotas na orelha, não colocar
algodão seco para tampar, pois ele pode absorver o medicamento.
Uso nasal: fazer a limpeza inicial do nariz, estender a cabeça para trás e
manter por um minuto após aplicar o medicamento.
Em todos os casos, antes de administrar, realize a higienização das próprias
mãos – é sempre fundamental.
Uma dica para nunca confundir estes fatores determinantes é o uso de tabelas
bem visíveis (como, por exemplo, na porta da geladeira ou próxima do leito) -
principalmente para medicamentos tomados em uso contínuo e/ou em certo período.
Para o cuidador que tem dificuldade ou não lê, recomenda-se o uso de
desenhos (por exemplo, para representar os horários: se o medicamento é tomado de
manhã, pode-se fazer o desenho de um sol na embalagem/caixa do remédio, se
tomado à tarde, a imagem de um meio-sol atrás da montanha, se tomado a noite, o
símbolo de uma lua ou estrelas). Marcar as doses já tomadas também evita o erro de
administrá-las duas vezes ou mais, ou esquecê-las. Veja um exemplo:
TABELA DO MEDICAMENTO: XXXXX – DOSE: YYYYY – Via: Oral
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7
Manhã (7h)
√
√
√
Tarde (15h)
√
√
Noite (23h)
√
√
Muitas vezes o uso de mais de um medicamento pode confundir, vale, também,
fixar, de maneira clara, uma tabela com os nomes, horários e doses próximo ao leito,
junto dos remédios ou em locais bem visíveis. Exemplo:
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Manhã 7h00 9h00
Medicamento XXX Medicamento YYY
1 comprimido 1 colher de sopa
Tarde
15h00 Medicamento XXX 1 comprimido
Noite 20h00 23h00
Medicamento ZZZ Medicamento XXX
30 gotas 1 comprimido
Desta forma, é mais fácil lembrar-se dos medicamentos. Além disso, quando for
necessária ajuda de outra pessoa, a tabela ajudará a deixá-la mais bem informada.
Se tiver dificuldades em elaborar a tabela, solicite ajuda ao posto de saúde, ao
serviço de apoio de hospital ou ao próprio médico. Nesta tabela também vale usar
desenhos que facilitem sua compreensão, como já explicados acima.
Conservação: é importante garantir a proteção do medicamento à luz solar e
ao calor, lembrando que há medicamentos que às vezes devem ser mantidos em
refrigeração – mas somente quando indicados. Quanto ao local, indica-se conservar os
medicamentos sempre fora do alcance de crianças (evite, por exemplo, guardá-los no
armário do banheiro ou em prateleiras baixas), em locais livres também de poeira,
insetos ou onde fiquem “esquecidos”. Mantenha-o em sua embalagem original, em
lugar fresco, arejado e com a bula. Se necessário carregá-lo, ao usar bolsa de pano,
colocar dentro de um plástico e ao viajar, não colocá-lo no porta-luvas ou locais onde
possam ficar na temperatura diferente da recomendada.
O prazo de validade: cada medicamento tem seu prazo de validade impresso
na embalagem do produto e deve ser rigorosamente respeitado. Além disso, o prazo
impresso na embalagem refere-se ao frasco fechado, e após aberto, novo prazo será
observado, de acordo com a bula.
Atenção: Se existir qualquer dúvida, nunca administrar a medicação sem
esclarecê-la. Ligue para o médico para as necessárias explicações.
Caso um erro ocorra, ele deve ser admitido imediatamente, pois pode ser
necessário realizar algumas intervenções para neutralizar ou minimizar seus efeitos. É
importantíssimo procurar ajuda imediata quando isto acontecer.
Reações adversas a medicamentos são qualquer tipo de efeito prejudicial ou
indesejável, não intencional, que aparece após a administração de um remédio em
doses normalmente utilizadas. Sempre que notadas, devem ser imediatamente
notificadas ao médico.
A reação alérgica é uma resposta imprevisível que pode ocorrer após a
administração do medicamento. Pode ser desencadeada pelo fármaco principal, seus
conservantes, corantes ou outros agentes químicos usados no seu preparo.
60
Não há como saber antecipadamente se o paciente será ou não alérgico à
medicação. Alergia em familiares não é indicativo de que se repetirá em outros. O
médico sempre deve ficar ciente do acontecimento para orientar as necessárias
providências quanto ao tratamento da alergia e a troca do medicamento que deverá
ser usado.
As manifestações alérgicas podem ocorrer de várias formas: manchas
avermelhadas no corpo, nas palmas das mãos e dos pés, prurido (coceira) na pele,
inchaço dos lábios ou das pálpebras e, em casos extremos, fechamento “da garganta”
(edema de glote). A glote localiza-se no final da garganta e é responsável pela entrada
e saída de ar para os pulmões. Numa reação alérgica, esta estrutura pode inchar até
fechar a passagem de ar, podendo levar o paciente à parada respiratória e, caso não
receba atendimento médico rapidamente, à morte. Por essa razão, caso seja
observada uma reação alérgica com dificuldade para respirar, ligue para o socorro.
Sempre que uma alergia se manifestar, além de avisar o médico
imediatamente, deve-se continuamente lembrar em novas ocasiões. Anote o nome do
que causou a alergia e conte a todos os médicos. Fique atento para novas alergias.
Atenção: Não se esqueça de que é importante o médico estar ciente de tudo
aquilo que foi administrado ao paciente, principalmente no caso dos medicamentos.
Para não haver dúvidas, anote os nomes e as doses, além dos horários e compartilhe
essas informações com ele, sempre que possível.
Se não se sentir seguro para fazer determinado procedimento na administração
dos medicamentos, busque ajuda. Porém, tente aprender (com segurança) como fazer
– há muita chance de adquirir habilidades com o passar do tempo e treino.
Medicina alternativa é o conjunto de práticas de diagnóstico e terapia sem
validação científica, diferente das práticas médicas convencionais. É possível encontrar
duas áreas distintas onde se manifesta essa medicina popular: a medicina caseira,
baseada principalmente nas ervas medicinais, e a medicina religiosa, baseada
principalmente na benzedura. Estas duas áreas são de uso comum e generalizado.
É válido usá-las no caso de acreditar em seu sucesso. Há tradições que são de
família e, se isso é importante para o cuidador e para aquele que é cuidado, pode ser
utilizado dependendo do que se trata. Deve ser lembrado que determinadas práticas
têm ação como os medicamentos e podem interferir no organismo e até levar a
intoxicações, além disso, podem também interagir com alimentos e os medicamentos
já tomados diariamente pelo paciente, podendo interferir no efeito destes. Por isso,
assim como no uso dos remédios, tudo que vai ser feito e usado deve ser avisado,
questionado e discutido com o médico, antes de ser feito. Mesmo assim, qualquer ação
que já tenha sido realizada também deve ser contada ao médico.
Importância de tratamentos auxiliares - Um tratamento paliativo
compreende muito mais que adequados recursos para alívio de dor e outros sintomas.
61
É necessário um trabalho multiprofissional para abranger todas as necessidades do
paciente e sua família. Os cuidados paliativos podem ser realizados em qualquer caso e
qualquer lugar. Para isso, é importante uma equipe com diferentes profissionais que
sempre prestem assistência com qualidade, jamais deixando de respeitar a vontade do
paciente.
Terapia Ocupacional é o tratamento das condições físicas, mentais e sociais,
através de atividades específicas para ajudar as pessoas a alcançarem seu nível
máximo de funcionalidade e independência. Aplicadas de maneira direta ou indireta,
física ou mental, ativa ou passiva, preventiva, corretiva ou adaptativa, são relacionadas
às necessidades terapêuticas, pessoais, sociais e culturais daquele que é cuidado,
refletindo os fatores ambientais que influenciam sua vida.
O profissional de Terapia Ocupacional busca recuperar a função física e
humana, elevar o perfil das ações motoras e mentais, reabilitar através das atividades,
promover o indivíduo na esfera biopsicossocial. Portanto, essa terapia deve ser
aplicada quando houver limitação funcional, seja ela física, mental ou social.
Em sua prática, o terapeuta ocupacional tem como recurso terapêutico as
atividades, sejam elas artísticas, expressivas, manuais, de lazer, autocuidado, entre
outras. O principal objetivo é orientar o cuidador acerca dos estímulos positivos ao
paciente e treiná-lo para que seja um facilitador da independência nas atividades da
vida diária. A escuta e o acolhimento do familiar e do cuidador também têm espaço na
intervenção terapêutica ocupacional.
A fisioterapia é uma área da saúde que utiliza recursos físicos para a
habilitação e reabilitação de diversas doenças. Em pediatria, é usada no tratamento de
enfermidades neurológicas, traumatológicas, respiratórias, genéticas e ortopédicas,
com extenso uso. Alguns dos objetivos da fisioterapia são: prevenir que a doença
crônica tenha episódios agudos; manter habilidades físicas; promover novas
habilidades; melhorar a qualidade de vida do paciente. Para que tenha resultados
positivos, é necessária que seja realizada regularmente e, se possível, diariamente,
para isso cuidadores e familiares devem ser treinados para aprender a fazer e ajudar o
paciente nos exercícios fisioterapêuticos.
Psicologia: o trabalho do psicólogo junto ao paciente, sua família e a equipe
de cuidados paliativos oferece uma contribuição bastante significativa para alívio de
sintomas, melhora de qualidade de vida e aprimoramento de comunicação entre os
envolvidos, favorecendo um processo de vida digna para pacientes e familiares em
cuidados paliativos. O psicólogo poderá criar uma relação de confiança com o doente e
facilitar no sentido de diminuir a sua ansiedade, estresse, depressão, dor e sofrimento.
Junto da família, o psicólogo poderá, da mesma forma, facilitar o fornecimento
de informação, facilitar a compreensão, decisões e aceitação do processo de doença,
promovendo a comunicação com os profissionais ou com o familiar doente.
62
A psicologia nos cuidados paliativos ajuda a quebrar o isolamento, facilitando a
expressão de emoções; realiza o suporte emocional de ambas as partes, reduz
conflitos e facilita a resolução de alguns problemas. O apoio psicológico também é
essencial para o cuidador, atingindo vários objetivos, aproximando-o ainda mais do
doente e suas necessidades e das necessidades do próprio cuidador.
Nutrição: é comum o paciente apresentar falta de apetite, desinteresse pelos
alimentos e recusar aqueles alimentos que gosta, associado a sintomas indesejáveis da
própria doença e dos tratamentos farmacológicos. Isto pode levar a um
comprometimento ainda maior do estado nutricional interferindo na qualidade de vida.
Assim, o nutricionista tem papel essencial, diminuindo os efeitos colaterais ocasionados
pelo tratamento e atua de forma ativa sendo responsável não só por assegurar uma
adequada ingestão alimentar, mas relacionando também as condições físicas,
psicológicas, e crenças as quais irão interferir na melhora da qualidade de vida da
criança.
Assistência Social: A atuação do assistente social em equipes de atenção
paliativa pode ser resumida em conhecer paciente, família e cuidadores nos aspectos
socioeconômicos, visando oferecer informações e orientações legais, burocráticas e de
direitos, imprescindíveis para o bom andamento do cuidado ao paciente.
Cabe também ao profissional avaliar a rede de suporte social dos envolvidos
para, junto a eles, acioná-la em situações apropriadas; conhecer e estabelecer uma
rede interinstitucional, no intuito de garantir atendimento preciso ao paciente, além de
ser como interlocutor entre paciente/família e equipe nas questões relacionadas com
aspectos culturais e sociais que envolvem o cuidado de forma geral.
Fonoaudiólogo: por causa de medicações, quimioterapia, radioterapia e
quadros de imunodepressão, com o tempo podem ocorrer alterações para engolir,
náuseas, vômitos, falta de apetite, desidratação, alteração do nível de consciência e
alterações de comunicação no paciente. Esses aspectos estão associados à
fonoaudiologia. O profissional tem o papel de manter a deglutição segura e possível
por via oral - por meio de adequações de postura, manobras e exercícios, além de
garantir a consistência adequada do alimento e outras medidas que vão auxiliar no
cuidado.
A comunicação dos pacientes pode apresentar-se alterada (por rebaixamento
do nível de consciência, efeitos colaterais das medicações, alterações de mobilidade e
tônus da musculatura facial, déficit de memória, nível de atenção reduzido e uso de
palavras incoerentes) dificultando a relação paciente-equipe e a vida daquele que é
cuidado. Assim, cabe também ao profissional de fonoaudiologia buscar alternativas de
comunicação de manifestações do paciente, na tentativa de garantir maior
aproximação com paciente, cuidador e familiares.
Esteja sempre preparado: Há alguns pontos básicos que são importantes
para um bom acompanhamento. Fique atento em cuidados simples que pode facilitar
em casos de consultas, idas ao hospital ou eventuais emergências:
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Tenha uma pasta onde ficam guardados os exames, receitas e os
documentos necessários para uma eventual consulta, como carteira de identidade e
cartão do plano de saúde.
Tenha um resumo formulado pelo(s) médico(s) que assiste ao doente,
onde fiquem evidentes as doenças acompanhadas, sequelas, complicações, alergias e
outros fatores importantes.
Deixe anotado o telefone de contato médico, clínica, posto de saúde ou
hospital de referência. Atenção, também, para contatos se for necessário um sistema
de locomoção.
Além disso, é importante ter preparado uma bolsa com utensílios
essenciais ao dia a dia, como peças de roupas, fraudas, toalhas, materiais de higiene
pessoal e objetos que são importantes. Muitas vezes são necessárias hospitalizações às
pressas. Tendo tudo pronto, em um momento como este, evitamos esquecer tudo
aquilo necessário e que fará falta.
Esclareça e anote as datas das próximas consultas e exames que
eventualmente forem solicitados.
Toda pessoa que é cuidada por determinado tempo torna-se conhecedora de
suas limitações e dores, percebendo quando algo não está como o habitual. Sempre é
importante ouvi-la com atenção.
2. FAZENDO DA HOSPITALIZAÇÃO UMA EXPERIÊNCIA MAIS
AGRADÁVEL
A hospitalização precisa ser bem compreendida pela criança, deve-se evitar
situações difíceis e traumáticas durante o seu período de internação. Para isto, ela
necessita receber suporte físico e emocional por parte de seu cuidador, sua família e
de toda a equipe de saúde envolvida em seu tratamento.
No processo de Hospitalização, a criança precisa:
Da presença do cuidador, da mãe ou responsável: neste difícil momento
determinado pela doença e hospitalização, a criança necessita do apoio e amor
daquele que mais confia. A ausência da mãe, cuidador ou da família, leva ao
sentimento de abandono, gerando ansiedade, insegurança, agressividade, transtornos
emocionais, transtornos do sono, perda de peso, depressão, regressão e atraso no
desenvolvimento.
Além disso, ela precisa saber o que está acontecendo, na medida do possível. É
importante esclarecer as informações sobre sua doença e razões da hospitalização de
acordo com a sua idade. O ambiente hospitalar é sentido pela criança como uma
situação nova e, portanto, desconhecida. É necessário esclarecer as informações sobre
a doença, os exames, a alimentação que ela passará a ter, as roupas que deverá usar,
64
os horários a serem seguidos, as pessoas que cuidarão de sua saúde: médicos,
enfermeiras, técnicas e auxiliares.
Quando não esclarecemos determinados procedimentos, não estamos
protegendo as crianças, mas deixando-as mais ansiosas e nervosas; dificultando sua
vivência e agravando sua qualidade de vida.
O ambiente: é o primeiro aspecto que envolve a criança hospitalizada. Para
ela os objetos do local de internação são desconhecidos, tudo é novo e estranho,
podendo assustar. O efeito do ambiente depende da criatividade de quem cuida e das
regras locais. Através de desenhos pendurados nas paredes, objetos familiares,
brinquedos prediletos pode-se diminuir a tensão emocional e trazer o sentimento de
segurança de casa, por exemplo, quando ela sente o cheiro de algo conhecido em um
objeto vindo de casa.
Mas antes de se tomar qualquer iniciativa, deve-se pedir autorização da equipe
de saúde da pediatria, pois qualquer objeto levado ao quarto da criança apresenta o
risco de contaminação, pode não ser adequado para sua idade ou pode fornecer algum
risco que não esperamos.
Ruídos: sabemos que em uma pediatria é impossível evitar o choro, gritos e
barulho, inclusive de equipamentos e que estes ruídos podem gerar alterações
importantes na criança. Por isso, procure evitar ao máximo os barulhos desnecessários
para prevenir estes problemas e gerar maior conforto. Além de evitar, pode-se
amenizar a tensão da criança com a distração delas.
Recreação: é necessária para que a criança continue a exercer suas
habilidades como coordenação dos movimentos, desenvolvimento das sensibilidades e
tudo que contribui para seu desenvolvimento e para que possa expressar-se e interagir
com o meio. A recreação apresenta uma importante contribuição para a diminuição do
estado de ansiedade.
Televisão: procure manter ela ligada somente nos horários de programas
infantis e muito cuidado com o que a criança assiste ou joga.
As visitas: as crianças que permanecem internadas sem a presença constante
da mãe, pai ou responsável devem receber visitas diárias, de acordo com os horários
estabelecidos pelo hospital. Com as visitas, elas apresentam-se mais seguras e
confiantes.
O psicólogo: atua no sentido de fazer com que a hospitalização e a situação
de doença sejam mais bem compreendidas pela criança e sua família, bem como a
evitar situações difíceis e traumáticas. As crianças expressam seus medos, dúvidas,
angústias e aliviam seu sofrimento.
O banho: deve ser diário; é indispensável à saúde, pois proporciona bem-
estar, estimula a circulação sanguínea e protege a pele contra diversas doenças. Se
você for o responsável pelo banho durante a hospitalização, lembre-se de perguntar à
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equipe de enfermagem sobre os cuidados com certas áreas do corpo em que a criança
esteja recebendo tratamentos; lave bem as mãos, prenda os cabelos, verifique a
ordem e as condições de higiene do local e de todo o material utilizado, verifique se a
temperatura da água está agradável, evite exposição da criança ao frio e corrente de
ar. Em banhos de banheira é importante: lavar e desinfetar a banheira e apoiar a
cabeça da criança em seu antebraço. Em banhos de chuveiro: auxilie a criança no
preparo do banho, a providenciar seus objetos de uso pessoal e a retirar suas roupas;
certifique-se que o piso não seja escorregadio; supervisione o banho da criança em
relação à limpeza de determinadas áreas do corpo.
Higiene dos dentes: escove os dentes da criança pela manhã, após as
refeições e antes de dormir. Traga a escova de casa, pois esta é de uso pessoal.
As roupas: informe-se como são as regras daquele local e naquele momento.
Muitas crianças hospitalizadas usam roupas que são do hospital. As roupas devem ser
trocadas diariamente e encaminhadas para lavagem evitando acúmulo de bactérias e
vírus presentes no ar.
Toda vez que cuidadores, pais e visitantes entrarem no hospital, é necessário:
lavar muito bem as mãos;
não sentar na cama do paciente;
não comer de sua comida;
não usar seus talheres ou o mesmo copo;
não deixar cair restos de comida no chão.
Assim, protegemos não só aquele que estamos cuidando, mas todas as outras
pessoas: pacientes, outros visitantes, funcionários do hospital ou o próprio cuidador.
Muitas vezes, é necessário:
Fazer a restrição dos movimentos da criança, ou seja, a imobilização do
local em que será aplicado o tratamento (exemplo: braços ou pernas) ou intervenção.
É realizado na maioria das vezes em crianças pequenas, mas somente em casos de
extrema necessidade. Já com as crianças maiores, uma boa conversa, orientação e
informação do exame ou tratamento que será realizado podem tranquilizá-las e
facilitar qualquer procedimento.
Não leve qualquer tipo de alimento para a criança, pois para cada
tratamento há uma dieta diferente e as regras do hospital devem ser respeitadas.
O jejum da criança – varia de acordo com o tipo de procedimento a ser
realizado. Pode ter duração de 08 horas ou mais, pode ser apenas de alimentos ou
também de água. Sempre que indicado, é importante respeitá-lo.
Não faça qualquer tipo de procedimento com a criança sem antes
consultar ao médico ou à equipe de enfermagem;
Uma boa orientação sobre a necessidade e importância de um
medicamento ou exame para sua recuperação faz com que a criança aceite e colabore
com os procedimentos. Evite o uso da força e da imposição antes de tentar conversar.
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O Aprendizado: quando a criança se vê no ambiente hospitalar,
impossibilitada de frequentar a escola, é envolvida por uma série de sentimentos, de
pensamentos, de medos e descobertas. É retirada da sua rotina e colocada em uma
rotina desconhecida, com pessoas e situações desconhecidas. Assim, ela precisa do
apoio de alguém que tenha o papel do professor. O pedagogo hospitalar pode ser este
adulto com o qual a criança sabe que pode contar, tanto para fazer suas perguntas,
quanto para depositar sua confiança, pois a imagem mais geral que é tida do professor
é a de alguém que sabe tudo, que pode ensinar de tudo.
Diante de uma internação longa, a criança tem seu direito garantido a um
acompanhamento escolar que permita, ao final de seu tratamento, o retorno para sua
escola de origem, sem que haja reprovação por faltas (frequência) ou por excesso de
conteúdos não estudados por este aluno-paciente.
Além de toda esta questão pedagógica, a classe hospitalar, juntamente com o
pedagogo hospitalar, pode gerar nos alunos-pacientes uma série de relações afetivas
muito relevantes no decorrer de todo o período de hospitalização, levando até mesmo
a colaborar nos procedimentos médicos, diminuindo sintomas como dor e ansiedade e
facilitando a comunicação entre paciente e equipe médica. Procure e questione este
tipo de apoio no hospital, converse com os psicólogos e toda a equipe de apoio.
Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados:
Visando orientar a conduta dos profissionais de saúde no ambiente hospitalar a
Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou e apresentou o texto abaixo, na vigésima
sétima Assembléia Ordinária do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e
do Adolescente - CONANDA - com sede no Ministério da Justiça em Brasília, aprovado
por unanimidade e transformado em resolução de número 41 em 17 de outubro de
1995.
1. Direito a proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer
forma de discriminação.
2. Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem
distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa.
3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por
qualquer razão alheia ao melhor tratamento de sua enfermidade.
4. Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o
período de sua hospitalização, bem como receber visitas.
5. Direito a não ser separado de sua mãe ao nascer.
6. Direito a receber aleitamento materno sem restrições.
7. Direito a não sentir dor, quando existam meios para evitá-la.
8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados
terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua fase
cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário.
9. Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação
para a saúde, acompanhamento do curriculum escolar, durante sua permanência
hospitalar.
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10. Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente do seu
diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os procedimentos
a que será submetido.
11. Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua família.
12. Direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e
terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu
próprio, quando tiver discernimento para tal.
13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para sua cura,
reabilitação e ou prevenção secundária e terciária.
14. Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência ou
maus tratos.
15. Direito ao respeito à sua integridade física, psíquica e moral.
16. Direito à prevenção de sua imagem, identidade, autonomia de valores, dos
espaços e objetos pessoais.
17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a expressa
vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, resguardando-se a
ética.
18. Direito à confidência dos seus dados clínicos, bem como direito a tomar
conhecimento dos mesmos, arquivados na Instituição, pelo prazo estipulado por lei.
19. Direito a ter seus Direitos Constitucionais e os contidos no Estatuto da
Criança e Adolescente, respeitados pelos hospitais integralmente.
20. Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados
todos os recursos terapêuticos disponíveis.
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Cápí tulo 5
Cuidando da dor e de outros sintomas
Paloma Alves da Silva Ferreira
Enjoos e vômitos
Nos primeiros meses do bebê, os vômitos normalmente são causados por
problemas simples, como mamar demais ou muito rápido. Depois desses primeiros
meses, quando a criança vomita, é provável que ela tenha pegado algum vírus que
cause gastroenterite, embora os vômitos possam também acompanhar infecções no
sistema respiratório, infecções urinárias ou até otites (há crianças que vomitam quando
têm febre ou quando tomam remédios, por exemplo). Enjoos e vômitos são efeitos
colaterais comuns durante o tratamento de algumas doenças como o câncer. Aqui vão
algumas dicas que poderão ser úteis no cuidado ao paciente:
Evite frituras e alimentos gordurosos;
Procure não beber líquidos durante as refeições. Beba-os nos intervalos;
Chupar gelo pode ajudar a diminuir o enjoo;
Beba sucos ou chupe picolés de frutas cítricas, como limão;
Faça pequenas refeições em menor intervalo de tempo;
Não fique muito tempo sem comer. Lembre-se: quanto mais tempo de
estômago vazio, mais enjoado vai ficar;
Coma devagar e mastigue bem os alimentos;
Não se alimente durante os episódios de vômitos. Aguarde um tempo para
voltar a se alimentar;
Escove os dentes ou lave a boca com frequência.
A abordagem ideal de náuseas e vômitos inclui reavaliação periódica desses
sintomas por meio da atribuição do valor de 0 a 10 e da avaliação de outros sintomas
associados como pirose, boca seca, dor, perda do apetite, fadiga.
Sudorese
Suor excessivo pode ser um sintoma muito desgastante e de difícil controle
para o paciente sob Cuidados Paliativos. Muitas vezes a sudorese é pior à noite ou
limitada ao período noturno, levando a distúrbios do sono. No manejo da sudorese são
recomendadas medidas dietéticas, tais como evitar cafeína e alimentos picantes;
diminuir a temperatura do ambiente; manter o ambiente mais ventilado; preferir
70
roupas de algodão, que absorvem melhor o suor; dormir sobre uma tolha para manter
os lençóis secos em caso de sudorese noturna.
Desidratação
Sede, boca seca, saliva espessa, olhos fundos, moleira baixa, moleza,
diminuição da elasticidade da pele, urina escura e em pouco volume são os sinais
comuns de desidratação nos bebês. É preciso combatê-la com soro que repõe a água e
os sais minerais perdidos pelo organismo, mas não o caseiro, que deixou de ser
recomendado, porque não existe um padrão de medida para os ingredientes e, com
isso, um controle de sua eficiência. Deve-se procurar o Soro para Reidratação Oral
(SRO), encontrado nos postos de saúde, e dar à criança uma colher de sopa (15 ml) a
cada 15 minutos ou após evacuar. Nas farmácias, devem pedir o soro tipo 90, que tem
medida equivalente ao distribuído nos postos. Se os sintomas não cederem, aconselha-
se procurar um serviço de saúde para uma avaliação adequada.
Como evitar
Dê líquidos à criança, como água filtrada, sucos naturais, água de coco e
chás, menos o de erva-mate, pois tem cafeína e é diurético (faz urinar mais vezes),
podendo intensificar a desidratação. Adoce pouco, porque o açúcar em excesso é
laxativo (ajuda a “soltar” o intestino). Sol, só antes das 10 h e após as 16 h. Evite
deixar a criança em locais pouco ventilados. Ofereça alimentos pré-cozidos e frutas.
Lave bem as mãos antes de ir para a cozinha e tenha o mesmo cuidado com as
frutas e verduras. Mantenha-os sempre limpos e guardados em locais frescos.
Guarde os alimentos perecíveis na geladeira. Vista a criança com roupas leves,
claras, de preferência de algodão, que não impede a transpiração normal.
Convulsões
Sempre que ocorrerem é necessário proteger o corpo da criança,
principalmente a cabeça, para que ela não se machuque contra objetos, afastando-os.
Não segure seus membros e aguarde socorro. As convulsões febris em crianças
ocorrem subitamente quando a temperatura do corpo atinge 39 a 40°C. Dê um banho
frio e mantenha uma toalha de água com álcool sobre o corpo, levando-a rapidamente
ao Pronto Socorro.
Desmaio
Caracterizam-se como sinais de desmaio na criança: palidez, suor, pulso e
respiração fracos. Como procedimento inicial, nestes casos, deve-se sentar ou deitar a
71
vítima. Abaixar a cabeça dela e realizar leve pressão sobre a nuca. Após procedimento,
deve-se ligar para o atendimento médico mais próximo.
Hipoglicemia
A hipoglicemia acontece quando os níveis de glicose (tipo de açúcar) no sangue estão baixos demais.
Ela não é uma doença, é uma reação que ocorre como consequência de vários
fatores, sendo o mais comum deles ficar muito tempo sem comer (jejum de 3 horas ou mais). Por essa razão, recomenda-se que a criança se alimente de 3 em 3 horas com refeições mais reforçadas na hora do café da manhã, almoço e jantar e com refeições mais leves (como fruta, gelatina, um pedaço de pão, entre outras opções) durante os intervalos entre as principais refeições.
Outros fatores que podem causar hipoglicemia são: alguns tipos de doenças
(principalmente diabetes), excesso de exercício físico, uso de alguns tipos de medicamentos (como a aspirina, por exemplo) e não tomar insulina na dose ou no horário certos.
As manifestações mais comuns da hipoglicemia são: tontura, enjoo, visão turva ou borrada, tremores, sensação de fome, muito sono e desmaio.
A hipoglicemia na criança com diabetes é decorrente do desequilíbrio entre a dose de insulina, a alimentação e a atividade física. Todas as vezes que não houver uma combinação de horários destes três fatores, a criança fica sujeita a ter hipoglicemia.
Como tratar:
Ao perceber algum sinal deve-se fazer um teste de glicemia capilar (ponta do
dedo). Se o resultado estiver abaixo de 60mg/dl, recomenda-se a ingestão de 30
gramas de glicose. Portanto dê à criança:
3 colheres de chá de açúcar
ou 3 colheres de chá de geléia comum
ou 1 copo de 120ml de refrigerante (não diet)
ou 1 copo de suco de frutas
ou tablete de açúcar em gel
Depois de ingerir um desses alimentos, a criança deve permanecer em repouso
durante 15 minutos. Passado este tempo, faz-se de novo o teste de glicemia. Se o
resultado ainda estiver abaixo dos 60mg/dL, repetir a ingestão de açúcar ou alimento
nas quantidades sugeridas acima. Depois de fazer novo teste de glicemia e o resultado
ultrapassar os 60mg/dL, a criança ainda deve comer um pequeno lanche: sanduíche de
pão com queijo e um copo de leite (não oferecer fruta). Isso proporcionará uma
reserva de glicose para as próximas horas e o nível da glicemia deverá se estabilizar.
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Hipoglicemia noturna:
Na hipoglicemia noturna o sono é agitado, a criança fica inquieta, tem
pesadelos e acorda chorando, às vezes já entra em convulsão. No momento em que os
pais percebem, o tratamento deve ser feito esfregando açúcar na mucosa da gengiva e
da bochecha. Não se deve dar líquido à criança, pois ela poderá engasgar. Para
prevenir, recomenda-se fazer um teste de glicemia capilar (ponta do dedo), por volta
das 2 ou 3 horas da madrugada, para saber se há queda na taxa de açúcar da criança.
Se o resultado for abaixo de 80mg/dL, é preciso acordar a criança e dar-lhe algo que
lhe proporcione uma alimentação leve, como um copo de leite.
MANIPULAÇÃO DO CURATIVO PELO CUIDADOR
Como fazer um curativo
Lave muito bem as mãos. Retire o curativo com cuidado para que ele não
encoste na ferida e lave novamente as mãos (para o caso de contato acidental com a
lesão). Lave bem a lesão com soro fisiológico (solução de cloreto de sódio a 0,9%).
Com uma gaze estéril (totalmente livre de bactérias) limpe ao redor da ferida, sem
encostar na lesão. Cubra a ferida, sem apertar, com outras gazes e coloque
esparadrapo. Volte a lavar as mãos.
Como cuidar de grandes feridas que tem secreção?
Retire o curativo sujo com cuidado sempre molhando, com água limpa ou soro
fisiológico. Lave bem as mãos e coloque um novo par de luvas. Lave bem a ferida com
uma gaze umedecida com água limpa ou soro fisiológico, passando ao redor. Use outra
gaze para o meio da ferida. Por fim, seque com uma gaze sem esfregar. Cubra a ferida
com gaze umedecida na solução orientada pelo profissional da área de saúde. Use
esparadrapo ou atadura de crepon para prender a gaze. Jogue as gazes e luvas usadas
no lixo e lave as mãos novamente.
Feridas que não cicatrizam
A alimentação deve ser variada e balanceada, para garantir todos os nutrientes
importantes para o bom funcionamento do corpo. Alguns dos principais nutrientes que
auxiliam no processo de cicatrização são proteínas, vitaminas e minerais.
PROTEÍNAS: essenciais para a formação das células do corpo. Ajudam a
prevenir e combater infecções e na cicatrização de feridas. Podem ser encontradas em
maior quantidade nos alimentos de origem animal, como carnes, aves, peixes, ovos,
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leite, queijo, iogurte e nos de origem vegetal, como feijões, lentilha, soja, ervilha e
milho.
VITAMINAS: vitamina A, pode ser encontrada no fígado, em gema de ovo,
folhas verdes (como brócolis, espinafre) e na cenoura; vitamina C, encontra-se em
frutas ácidas, como maracujá, limão, laranja, morango, abacaxi, goiaba, melão, kiwi,
acerola; vitaminas do complexo B encontradas em carnes, aves, peixes, alimentos
integrais, verduras e feijões.
O que é ostomia?
Trata-se de um novo caminho feito por cirurgia para facilitar a respiração
(traqueostomia), a alimentação e medicação( gastrostomia e jejunostomia), a
evacuação (colostomia e ileostomia) ou saída de urina (nefrostomia e urostomia), nas
situações em que o paciente não pode fazê-lo do modo habitual.
Orientações aos pacientes que usam sonda alimentar
A sonda para suporte alimentar é um tubo fino, feito de borracha macia e
flexível usado para alimentar e introduzir os medicamentos necessários ao tratamento.
O paciente que usa sonda não ficará dependente de alguém para poder se alimentar. É
importante, sempre que possível, que a alimentação seja colocada pelo próprio
paciente, pois ele aprenderá, com o tempo, o jeito certo de fazê-lo, de acordo com
suas necessidades.
Antes de preparar a dieta, é fundamental lavar as mãos com água e sabão e
secar, de preferência, em toalhas de papel ou toalhas limpas. Use água filtrada e
fervida na preparação da solução. Liquidifique bem os alimentos e coe em peneira fina.
Se for necessário, coloque uma gaze na peneira. As soluções devem ser preparadas
em quantidade suficiente para um dia, no máximo. Os excessos podem estragar de um
dia para o outro. Guarde a dieta na geladeira para conservar o alimento. As
preparações podem ser aquecidas em banho-maria, fora do fogo, até alcançar a
temperatura ambiente. Nunca introduza na sonda a solução muito quente ou gelada,
pois, além de danificar a sonda, pode causar danos no estômago que é sensível a
extremos de temperatura. O frasco com a preparação da dieta deve ser colocado bem
alto, acima da cabeça. O gotejamento deve ser no máximo de 60 gotas por minuto,
pois um fluxo muito rápido pode causar diarreia ou vômitos. A solução da dieta deve
ser dada com o paciente sentado, ou com a cabeceira elevada, caso ele esteja
acamado. O medicamento que não for líquido, como comprimidos e drágeas, também
pode ser colocados através da sonda, desde que previamente triturado até virar pó e
depois diluído em água. Após passar a dieta ou a medicação, a sonda deve ser lavada
com 30ml de água.
IMPORTANTE: não esqueça de oferecer água, sucos ou chás nos intervalos das
refeições para evitar a desidratação.
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Mesmo que o paciente não esteja mastigando os alimentos, mantenha sua boca
bem limpa e seus dentes escovados três vezes ao dia, para evitar cáries e infecções.
Após a limpeza da boca, é fundamental passar vaselina ou manteiga de cacau nos
lábios para evitar rachaduras e ressecamento. Se possível, todos os utensílios devem
ser exclusivamente destinados à alimentação do paciente e lavados diariamente. A
narina, onde foi introduzida a sonda, deve ser limpa diariamente, com cotonete
umedecido, afim de evitar acúmulo de crostas e ferimentos neste local. É importante,
também, verificar se a sonda está bem fixada na face. Deve-se trocar o adesivo de
fixação sempre que estiver descolando. É imprescindível manter a sonda fechada após
seu uso. Caso contrário, haverá retorno daquilo que estiver no estômago.
Limpeza do material:
Lave todo material (seringa, equipo para dieta, frasco da dieta) com sabão
neutro e água, logo após o uso, enxaguando-o bem. No final do dia, deixe o material
de molho por 30 minutos em solução contendo água limpa e água sanitária (para cada
cinco copos de água comum, acrescentar uma colher de sopa de água sanitária).
Guarde o material em um lugar bem limpo e seco.
O que fazer caso surja algum problema com a sonda?
Quase todos os problemas com sondas alimentares têm soluções simples. As
complicações mais frequentes são obstrução por alimentos ou remédios ou saída
acidentalmente pelo nariz: após tosse, espirro, ânsia de vômito ou ao movimentar-se
durante o sono. Nestes casos, procure a equipe especializada no hospital onde a
criança está se tratando ou entre em contato com o médico ou enfermeiro responsável
pela criança. Caso a sonda saia, não tente colocar de volta, entre em contato com a
equipe de saúde.
Como controlar o fluxo:
No processo de administração de medicamentos o tempo de infusão deve ser
considerado mesmo na administração em bolus (administração Intravenosa direta com
duração menor que 1 minuto). Recomenda-se que o medicamento deve ser
administrado conforme recomendado em referências ou a uma taxa de 1 mL por
minuto, caso não exista informação disponível. Especialmente na administração em
bolus, os efeitos adversos ocorrem ao mesmo tempo e velocidade que os efeitos
terapêuticos. Desta forma, ao administrarmos lentamente podemos parar
imediatamente a administração caso seja observada qualquer reação durante a
injeção. A administração direta (na seringa) deveria ser realizada em pelo menos 1
minuto; entretanto, sempre seguir as recomendações do fabricante.
75
Orientações à pessoa traqueostomizada
Tubo traqueal é um tubo de plástico ou de metal desenvolvido para auxiliar a
respiração do paciente. Após a traqueostomia, é por meio desse tudo que o ar entra e
sai dos pulmões. As partes que compõem o tubo traqueal de metal dividem-se em
cânula e sub-cânula. É muito importante mantê-las sempre limpas e livres de
obstruções, para evitar bloqueios à entrada de ar, acúmulo de secreções e mal cheiro.
Mantendo a traqueostomia limpa:
Para manter limpa e livre de infecções a pele e o tubo traqueal, é preciso seguir
orientações: retirar a subcânula, lavá-la com água e detergente líquido, escovando-a
por dentro para retirar toda secreção acumulada. Recolocar a subcânula dentro da
cânula que estará no pescoço do paciente. Trocar as gazes que estão entre a pele do
paciente e o tubo traqueal. Colocar duas gazes dobradas entre o tudo traqueal e a pele
do pescoço do paciente. Faça limpeza no pescoço do paciente e ao redor do tubo
traqueal utilizando uma gaze umedecida com água potável ou soro fisiológico 0,9%.
Realize este cuidado cinco vezes ao dia ou sempre que necessário. Recomenda-se o
uso da gravata traqueal, presa ao redor do pescoço do paciente, para manter o tubo
traqueal coberto quando o paciente for para rua ou em lugares empoeirados. A
gravata não deverá ficar apertada nem frouxa: deve haver um espaço entre ela e o
pescoço, suficiente para passar dois dedos.
Tosse e nebulizações:
É comum ter tosse após a traqueostomia. Isto se deve à quantidade de
partículas de poeira que entram pelo orifício da traqueostomia e que serão eliminadas
pela tosse. Muitas vezes a subcânula pode sair durante acessos de tosse. Caso isso
aconteça, lave-a com água e sabão e recoloque-a dentro da cânula. É indicado ao
paciente fazer nebulizações para evitar ressecamento nas vias respiratórias. As
nebulizações deverão ser realizadas somente com soro fisiológico. Faça-as três vezes
ao dia e sempre que necessário. Durante a nebulização, coloque a máscara do
nebulizador no pescoço em direção ao tubo traqueal.
Ajustando o cotidiano com o uso do tubo traqueal:
A pessoa traqueostomizada precisa de tempo para adaptação. Procure ter
paciência. Saiba que a pessoa que você ama não mudou. O paciente deve levar a vida
de maneira fácil, para isso aconselha-se : durante o banho usar um chuveirinho para
auxiliar o paciente; colocar um protetor de plástico no pescoço cobrindo o tubo
traqueal, caso sinta necessidade, mas com o tempo o paciente irá se acostumar e vai
perceber que não haverá necessidade de usar plástico como protetor.
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Incentive a pessoa traqueostomizada a voltar para suas atividades diárias e manter-se
em público com o uso do tubo traqueal. Tenha paciência, pois em alguns momentos
seu familiar ou amigo pode ficar triste. Encoraje-o a levar uma vida tranquila.
Orientações sobre ostomias para saídas de fezes e urinas
Cuidados com a bolsa coletora:
Utilizar sempre a bolsa adequada ao tipo de estoma (intestinal ou urológico), de
acordo com as orientações e indicações do profissional especializado. Certifique-se de
que o tamanho do estoma (orifício cirúrgico) está correto. O orifício de abertura da
bolsa deve ser igual ou no máximo 3 milímetros maior que o estoma. Guarde as bolsas
de reserva em lugar arejado, limpo, seco e fora do alcance da luz solar.
Quando esvaziar a bolsa:
Isto dependerá do tipo de ostomia que o paciente tem.
Dispositivos para ileostomias e urostomias deverão ser esvaziados quando
estiverem com pelo menos1/3 de seu espaço preenchido. É necessário esvaziar
constantemente para que ele não pese muito e descole da pele. Dispositivos para
colostomias podem ser esvaziados sempre que necessário, geralmente uma ou duas
vezes por dia.
Para tomar banho preciso tirar a bolsa?
Proteja a bolsa usando um plástico e fitas adesivas durante o banho. Isto vai
garantir maior durabilidade e integridade da pele ao redor do estoma.
Quando trocar?
É necessário conhecer a durabilidade e o ponto de saturação (ponto máximo de
durabilidade da bolsa). A coloração da placa protetora (resina sintética) é amarela.
Troque o dispositivo quando ela estiver ficando quase completamente branca. A partir
daí há risco de descolamento da placa e vazamento do conteúdo. Fazer a troca
preferencialmente na hora do banho, pois é mais fácil descolar o adesivo com a
umidade. IMPORTANTE: para seu conforto e segurança, sempre que o paciente sair de
casa é aconselhável levar um kit contendo bolsas de reserva, toalha de mão, sabonete
neutro, um recipiente contendo água limpa e um saco plástico.
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Cuidados com o estoma:
Observar sempre a cor (deve ser vermelho vivo), o brilho, a umidade, a
presença de muco, o tamanho e a forma. A limpeza do estoma deve ser feita
delicadamente. Não é necessário nem aconselhável esfregá-lo.
Cuidados com a pele ao redor do estoma:
A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com água e sabonete
neutro, sem esfregar com força, nem usar esponjas ásperas. Os pelos ao redor do
estoma devem ser aparados bem curtos, com tesoura. Exponha a pele ao redor do
estoma (sempre que possível) ao sol de manhã, de 15 a 20 minutos por dia. Tenha
cuidado de sempre proteger o estoma com gaze umedecida. Não utilize substâncias
agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio,
merthiolate, pomadas e cremes. Estes produtos podem ressecar a pele, ferindo-a e
causando reações alérgicas. ATENÇÃO: tome cuidado com os insetos, em especial as
moscas. Não permita que nenhum inseto pouse no estoma ou ao redor dele.
Como trocar a bolsa de uma peça?
Retire delicadamente a bolsa para não traumatizar a pele. Use gaze ou algodão
embebido em água morna, ou faça isso durante o banho da criança, pois facilita a
retirada da bolsa. Jogue a bolsa usada no lixo. Limpe delicadamente a pele ao redor do
estoma com sabão neutro e água morna. Seque bem ao redor do estoma. Recorte a
bolsa do tamanho do estoma. Se for necessário, use o mensurador para estomas. Se
melhor lhe convir, poderá deixar a bolsa recortada antes das trocas. Retire o papel que
protege a resina. Coloque a bolsa de baixo para cima. Certifique-se de que a bolsa
esteja bem adaptada à pele. Retire o ar de dentro da bolsa. Feche com o “clamp”.
Como trocar a bolsa de duas peças?
Retire o “clamp” e esvazie-o completamente. Desconecte a bolsa da placa
colocada ao corpo. Embaixo do chuveiro, procure soltar a placa, suavemente
pressionando a pele e ao mesmo tempo soltando o adesivo. Limpe durante o banho a
pele periestomal (ao redor do estoma) e o próprio estoma com movimentos suaves.
Use sabão neutro, retirando os restos de fezes, urina ou de adesivos. Após o banho,
depois de secar o corpo, procure secar bem a pele periestomal. Retire o papel que
protege a resina e segure-o com as duas mãos. Procure posicionar o estoma
procurando esticar o corpo durante a colocação. Adapte a placa de baixo para cima,
parte por parte, procurando encaixá-la no estoma, do centro para a extremidade.
Procure não deixar pregas ou bolhas de ar que facilitem vazamentos e que acabam
fazendo com que o dispositivo descole. Certifique-se de que a placa esteja bem
adaptada à pele. Encaixe a bolsa coletora na placa. Retire o ar de dentro da bolsa e
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coloque “clamp” para fechar. Se a criança utilizar cinto, coloque-o após todos estes
passos.
Como será sua vida social e familiar?
A criança poderá fazer as mesmas coisas que fazia antes, viajar, passear,
caminhar ao ar livre, praticar alguns esportes e brincar. A criança poderá usar
praticamente as mesmas roupas que usava antes, pois os dispositivos usados
atualmente são quase imperceptíveis sob as roupas. Exercícios físicos e esportes
podem ser praticados, até mesmo as atividades aquáticas. A criança deverá evitar
apenas alguns esportes de grupo em que possa ocorrer trauma corporal com outra
pessoa como futebol e basquete. É aconselhável orientar-se com o médico da criança
antes de qualquer atividade física.
Orientações ao paciente com gastrostomia
Para proteger a pele ao redor da gastrostomia é necessário limpar
cuidadosamente a pele em volta do estoma com uma gaze umedecida com água
limpa. Deve-se colocar duas vezes gazes dobradas em cada lado da sonda,mantendo-
as limpas e secas.
Orientações ao paciente com nefrostomia
Para realizar o curativo de nefrostomia (comunicação cirúrgica entre o sistema
urinário e o meio externo) é necessário limpar cuidadosamente a pele em volta do
cateter com o sabão clorexidina degermante. Retirar o sabão com gaze umedecida
com soro fisiológico. Limpar cuidadosamente o cateter com álcool 70%, próximo à pele
até a sua conexão com a bolsa coletora. Fechar o curativo conforme orientação do
profissional da saúde.
Anemia ou sangramento
Caso ocorram, o paciente deve ingerir alimentos ricos em ferro. As fontes mais
importantes são o fígado e miúdos de animais em geral; carne bovina e gema de ovos.
Além desses, é importante a criança comer também beterraba, verduras de folhas
verde-escuro, inhame, feijões, lentilha, ervilha seca e açaí. Após a ingestão desses
alimentos, é aconselhável a ingestão de suco de frutas cítricas, rica em vitamina C,
para facilitar o aproveitamento do mineral ferro pelo organismo. Evite associar
refrigerantes, mate, chá ou café aos alimentos ricos em ferro, pois este dificultam o
aproveitamento deste mineral pelo organismo.
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Hemorragia
A hemorragia abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a 5 minutos. Os procedimentos iniciais que devem ser realizados são: pressão diretamente sobre a ferida para estancar a hemorragia. Nunca use torniquete para hemorragia - exceto perna e/ou braço amputado, esmagado ou dilacerado.
No caso de HEMORRAGIA INTERNA deve-se observar os sinais como pulso fraco, pele fria, suores abundantes, palidez intensa e mucosas descoradas, sede, tonturas ou criança inconsciente.
HEMORRAGIA NASAL: Deve-se posicionar a cabeça para traz e comprimir a narina sangrante durante 5 minutos e soltar levemente.
HEMORRAGIA DOS PULMÕES: deve-se deitar a vitima em posição lateral, compressas frias, se possível, aguardar a chegada do socorro médico HEMORRAGIA DO ESTÔMAGO: deve-se colocar a vitima sentada ou deitada com a cabeça elevada. Coloque compressas frias (gelo) sobre o estômago e aguarde socorro médico. SINAIS : Enjoo (náusea), dor, vômitos com sangue escuro (cor de borra de café).
1. COMO TER MAIS SEGURANÇA NOS CUIDADOS COM O MEU
PACIENTE
Que cuidados devo ter para proteger meu paciente e as pessoas
que ajudam a cuidar dele?
Lave sempre as mãos com água e sabão antes e depois que cuidar do
seu doente;
Retire anéis, pulseiras e relógios porque eles podem transmitir doenças
ao paciente;
Dê banhos diários no doente;
Mantenha a casa limpa e arejada, principalmente o quarto do paciente;
Mantenha roupas de camas limpas e troque-as regularmente;
Procure não deixar que pessoas com gripe, resfriado ou outra virose
fiquem abraçando e beijando o seu paciente.
Como diminuir o risco de queda?
EM CASA
Retire tapetes do caminho do paciente;
Certifique-se de que todas as tomadas estão cobertas com protetor de
tomadas e que não há extensões e fios no caminho do paciente;
Evite que o paciente ande de meia;
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Dê preferência ao uso de calçado de borracha;
Não deixe os pisos encerados ou molhados;
Mantenha os locais por onde o paciente anda bem iluminados;
Afaste os móveis para facilitar a locomoção do paciente;
Coloque tapetes antiderrapantes dentro e fora do banheiro,
principalmente no local do banho;
No caso de uso de cama hospitalar, mantenha sempre as grades
elevadas, especialmente na ausência do cuidador;
No caso de cadeira de rodas, antes de mobilizar o paciente, confira se
as rodas estão travadas;
NO BANHEIRO
Instale uma tampa menor no vaso sanitário;
Mantenha um banquinho para que a criança consiga alcançar a pia para
lavagem das mãos;
Use capachos e tapetes antiderrapantes;
Não use chaves na porta dos banheiros.
FORA DE CASA
Conserte calçadas e degraus quebrados;
Remova soleiras altas das portas;
Limpe caminhos e remova entulhos;
Instale corrimão em escadas e rampas;
Instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas.
EVITE QUE O PACIENTE FIQUE DESACOMPANHADO EM CASA.
2. CONVÍVIO COM A DOR
No controle da dor avaliam-se suas possíveis causas e seus efeitos na vida do
paciente, investigando fatores desencadeantes e atenuantes que possam influenciar o
seu impacto. O familiar é um pilar fundamental para incentivar a adesão ao
tratamento, já que uma analgesia insuficiente se traduz em sobrecargas física e
psicológica para o paciente e sua família.
Escala Visual Analógica (EVA)
É um método de auto avaliação representado por uma linha reta de 10 cm,
onde em um dos extremos se discrimina a ausência de dor e no outro, a dor
insuportável
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Sobre essa linha o paciente deve marcar a posição mais aproximada da intensidade da sua dor e podemos utilizar a escala numérica para qualificá-la. A dor é considerada leve quando a intensidade varia de 1 a 3 na EVA (escala visual analógica); a intensidade de 4 a 7 é considerada dor moderada; e de 8 a 10, dor severa. O registro da intensidade deve incluir não somente o momento da dor, mas também quando a mesma é aliviada ou exacerbada.
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Aliviando a dor
O manejo da dor implica a consideração de três aspectos, que podem estar
combinados: identificar e tratar a causa da dor, quando possível, através de medidas
farmacológicas e/ou medidas não-farmacológicas. A abordagem do tratamento não-
farmacológicos da dor é realizada através de diversas técnicas como a utilização de
técnicas de relaxamento, distração e imaginação dirigida; terapia física por aplicação
de calor com loção tópica, banho quente ou compressa em casos de espasmos
musculares e artralgias; terapia física por aplicação de frio em casos de dor
musculoesquelética, contusão e torção; acupuntura em casos de dor devida a
espasmos musculares, disestesias e nevralgias; massoterapia nos casos em que se
desejam relaxamento muscular e sensação de conforto; neuroestimulação elétrica
transcutânea (TENS) em casos de dor por compressões tumoral nervosa, óssea e em
região de cabeça e pescoço.
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84
Cápí tulo 6
O Cuidador
Andressa Brunheroto
O verbo cuidar em português denota ter cuidado, tratar de, assistir. Cogitar,
imaginar, pensar, meditar. Aplicar a atenção no outro, dar uma parte de nós em
benefício do próximo. Ter preocupação por, respeitar, considerar.
Assim, o cuidador deve possuir afinidade com o cuidar, ter o dom de se doar,
suprimindo as limitações da criança, de acordo com cada doença, para que ela possa
seguir com sua vida da melhor maneira possível. Limitações estas tanto físicas quanto
emocionais, psicológicas, sociais e espirituais, ou seja, deve-se ter uma visão global do
paciente.
O que é ser cuidador
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), o cuidador é
aquele que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas
ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene
pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”
Se cuidar
O autocuidado deve existir tanto no cuidador quanto no doente. Muitas vezes o
cuidador cuida do outro, mas acaba esquecendo de si mesmo, da sua qualidade de
vida, necessidades físicas, mentais e emocionais. Tal situação é frequente, pois a
doação no dia a dia é tanta, que ele vai ficando sem vontade de se cuidar, até mesmo
com baixa autoestima, abandona tarefas que faziam parte da sua rotina.
Além disso, o cuidador deve estimular a criança a se auto cuidar também, de
modo que ela adquira autonomia, consiga aprender a lidar com suas próprias
limitações e tenha facilidade de adaptação conforme cada situação, tudo isso com o
intuito de melhorar a qualidade de vida.
Conforme o trecho acima o cuidador possui muitas tarefa como:
85
manter próximo o contato entre a família, equipe de saúde e a criança;
conhecer sobre a doença;
estimular e ajudar em qualquer tarefa do dia a dia;
fazer adaptações em casa, caso necessário;
acompanhar nos passeios e caminhadas;
ajudar na alimentação e montagem da dieta;
colaborar com a higiene pessoal (ex.: tomar banho, escovar os dentes,
trocar a fralda);
ajudar na mobilidade;
administrar os medicamentos nos horários e doses corretas;
estimular a educação e a atividade mental;
acompanhar em consultas e exames;
conversar, entre outras.
Com tantas tarefas, o cuidador deve ter empatia, possuir o dom de querer
cuidar, acolher o outro, ser uma pessoa amorosa, humana e atenciosa. Não
esquecendo que pode ser tanto um cuidador formal – alguém treinado, quanto
informal – algum familiar ou amigo, o que no caso da criança é mais comum, sendo os
pais os cuidadores.
Algumas profissões de maneira geral da equipe de saúde, também fazem parte dos
cuidadores, como: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais – equipe
multiprofissional.
Cuidando do cuidador
É comum encontrar cuidadores sobrecarregados, estressados que lidam com
situações que provocam constantemente medo, impotência, sofrimento, conflitos,
dificuldades no envolvimento com a criança e sobre a questão da morte. Por isso, é
indispensável o autocuidado, que trará benefícios não só para o cuidador, mas também
para a criança.
Abaixo estão alguns itens que podem ajudar o cuidador:
Revezamento nos horários entre os cuidadores, sendo necessário dias de
folga;
Momento livre para o lazer, relaxamento e relacionamento social (assistir
TV, massagens, passeios);
Atividades físicas;
Grupos de ajuda que realizam atividades como: conversas em grupo,
compartilhando os sentimentos e experiências dos colegas em comum;
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Atividades individuais como: arte terapia (desenho, pintura, colagem) que
tem a função de desbloquear sentimentos, ampliar o autoconhecimento,
desenvolver a criatividade e proporcionar o bem-estar;
Cursos novos, relacionados ou não a área;
Psicoterapia, acompanhamento psicológico.
Relação com a equipe de saúde
É de extrema importância a constante comunicação entre o cuidador e a equipe
de saúde, pois é o cuidador é a principal fonte para a equipe médica dos
acontecimentos rotineiros, fatos ocorridos relacionados a criança que podem
influenciar no tratamento.
Também é importante deixar claro ao cuidador que a realização de
determinados procedimentos – como aplicar uma injeção – ele não está apto a fazer (a
menos que o cuidador seja um enfermeiro treinado), caso contrário se ele fizer e
houver algum erro, colocará em risco o bem-estar da criança.
A parceria é necessária ao cuidador, pois ele adquiri sempre mais informações
da equipe de saúde, para que as tarefas cotidianas sejam mais fáceis de serem
realizadas e para a melhora da qualidade de vida da criança.
Relação com a família
Se o cuidador da criança não for o pai, a mãe, ou algum familiar, a entrada de
um desconhecido na vida da família e da nova situação causa uma grande mudança
para a criança e para os que convivem junto a ela. Assim, se for um cuidador formal,
ele não deve levar seus valores para dentro do domicílio ou do quarto de um hospital,
ele tem que aceitar os valores da família e ambos se adaptarem um ao outro.
É essencial o revezamento dos horários dos cuidadores, para que não fique
cansativo e para que eles tenham um tempo para cuidarem de si mesmos. Quando o
cuidador é a própria família, as vezes ocorre o silêncio entre ela e a criança, como
forma de proteção, pois ambos evitam falar do assunto para não causar sofrimento
para o outro, o que não é saudável.
Serviços sociais que a cidade oferece podem ser procurados, para ajudar no
bem-estar da criança na casa, como: ajuda financeira, distribuição de refeições
gratuitas, serviço de enfermagem e fisioterapia, materiais específicos disponíveis
(luvas, fraldas) e outros.
87
Relação com a criança
Com o tempo de convivência, o cuidador e a criança vão estabelecendo vínculos
mais fortes, adquirindo amizade e confiança, mesmo se os cuidadores forem os pais, o
laço familiar só tende a ser reforçado. Cada um conhece a cada dia mais o outro, isso,
muitas vezes, faz com que a comunicação seja facilitada, deixando as palavras de lado
e um olhar ou toque vão sendo de grande relevância.
É nessa relação que vários sentimentos vão surgindo como: medo, dor,
angústia, desespero, esperança, impotência, estresse, vergonha, agressividade,
conformismo, amor, compaixão, dentre tantos outros.
Pode haver ocasiões em que a criança apresenta resistência aos cuidados (por
exemplo, ela pode se negar a tomar o medicamento), causando certo estresse e
cansaço; em tal situação a melhor maneira de resolvê-la é negociar, fazer acordos,
para que ela saia um pouco da rotina, daquele cansaço e se sinta de algum modo
beneficiada. Às vezes, um “não” tem outros significados como: “deixa para depois” ou
“eu não gosto” ou “eu não quero”.
De modo algum, o cuidador deve falar na presença da criança, sobre ela, mas
como se ela não estivesse presente. A criança deve ser valorizada, sua existência, seus
pensamentos, ações, histórias, vivências, desejos, sentimentos e sonhos! Esse erro só
tende a causar irritação e mais resistência da criança, para corrigir tais erros, estimule
os risos, a diversão é sempre uma boa maneira de deixar tudo mais leve.
Embaraço de sentimentos
A adaptação da família a uma nova realidade, a uma nova estrutura familiar
decorrente da criança a ser cuidada gera um desafio, o de descobrir novas
capacidades: força e talento para lidar com dias alegre e tristes.
A criança pode passar por situações desagradáveis nessa fase como: o
afastamento da escola, dos amigos, de brincadeiras, devido a nova rotina composta de
exames, consultas, procedimentos. Isso pode atrapalhar seu desenvolvimento.
Os cuidadores, na maioria das vezes os pais, doam o seu tempo por completo à
criança, fazem todo o necessário para proporcionar o tratamento adequado, podendo
vir a ter problemas financeiros e desencadeando sentimentos como raiva, estresse,
preocupação, cansaço, impotência e culpa, pois pensam que poderiam ter feito algo
para evitar a doença.
Também há a angústia pela falta de diagnóstico, o medo de perder o filho,
saber que essa criança tem desejos, sonhos e vontades ainda a serem realizados ao
88
longo da vida e o cuidador tem expectativas quanto ao futuro da criança, insegurança
pelo futuro, angústia pela hospitalização e outros.
Assim é de extrema importância que haja apoio, confiança, conforto,
esperança, tranquilidade e segurança para lidar com as dificuldades da situação.
O cuidado feito com amor é gratificante, valorizado e respeitado.
Dicas para o cuidador
Movimente os dedos das mãos e dos pés, massageie os pés;
De manhã, se espreguice para alongar os músculos;
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Compressas quentes relaxam os músculos;
Movimente o pescoço de baixo para cima e de cima para baixo e de um lado para o outro;
Estique os braços e gire-os, na forma de círculos, alternando os sentidos;
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Encha o pulmão de ar e levante os ombros até as orelhas, depois solte o ar
e abaixe os ombros devagar. Faça movimentos circulares com os ombros;
Coloque uma mão na cintura e o outro braço estique para o alto, passando
por cima da cabeça e incline o corpo lateralmente para o lado que está
com a mão na cintura. Faça o mesmo do outro lado;
Deitado, mantenha uma perna esticada e com a outra, leve o joelho até o
peito.
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Função dos grupos de ajuda para cuidadores
Os grupos de cuidadores tem como objetivo principal ajudar e apoiar o cuidador
nas suas tarefas afim de que ele se sinta mais seguro.
ONGs que também são um grupo, têm a função de unir, interagir, amparar,
informar, orientar, humanizar e conscientizar os cuidadores.
É a partir dessa união e do compartilhamento das dificuldades e experiências
que se acha a melhor forma de praticar a ação de cuidar e o alívio das dores.
Maus tratos
Infelizmente os maus tratos contra a criança e o adolescente é uma triste
realidade, o que se torna cada dia mais importante nossa união nessa luta. As
experiências traumáticas na infância podem gerar traumas e consequências na
personalidade difíceis de serem revertidas na fase adulta.
Abusos físicos, sexuais e psicológicos, abandono e negligência, desencadeia
sentimentos de medo, culpa, raiva e desamparo e normalmente o agressor é alguém
próximo da criança, até o próprio cuidador. As causas podem ser conflitos familiares,
problemas econômicos, estresse, problemas mentais e outros. Assim profissionais de
saúde e cuidadores devem ser conscientizados e treinados para lidarem com esse tipo
de situação, caso necessitem um dia.
O que fazer:
Ter consciência que maus tratos tem consequências no futuro, tomar o máximo
de cuidado com o jeito que trata a criança, sempre educadamente. Em casos de maus
tratos observados e realizados contra qualquer criança e adolescente, o cuidador deve
obrigatoriamente, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em
seu artigo 13, notificar o Conselho Tutelar da sua localidade, que analisará a
procedência da informação, ajudará a vítima e sua família em cada contexto e chamará
poder público à sua responsabilidade.
A não notificação de maus tratos da unidade escolar, de saúde e profissionais
como médicos e professores pode receber multa de três a 20 salários mínimos.
Denúncia:
Deve-se notificar o Conselho Tutelar da sua localidade, ou denunciar ao
Ministérios Público, Delegacia Policial, ou ligar para o Disque Denúncia, que estes
notificarão o Conselho. A denúncia pode ser anônima.
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Entender o fim
Com o chegar da morte, sentimentos como raiva, culpa, alívio, e medo vêm à
tona. Raiva por não aceitar a morte, culpa por não ter feito seu máximo para com a
criança, alívio, pois acaba-se o sofrimento tanto da criança quanto dos cuidadores, e
medo por não saber como será a vida sem a criança mais por perto.
Há uma grande dificuldade de aceitar a morte como algo natural, é necessário
entender que tanto a criança como o cuidador possuem limitações, e que, mesmo a
morte sendo inevitável, o objetivo é que o processo final seja tranquilo e não doloroso
de todas as formas.
Nessa hora o cuidador deve aceitar suas emoções, sentimentos, sua nova
realidade e entender a maneira individual com que cada um lida com a morte.
A morte
Óbito em casa, sem assistência médica: procurar o serviço de verificação
de óbitos, se não houver, encontrar um médico mais próximo do local para
emitir o atestado de óbito, que deve conter a informação da falta de
assistência médica na morte.
Óbito no hospital: o hospital dará as informações necessárias para a família
ou cuidador obter a declaração de óbito.
Com a declaração de óbito em mãos, o documento deverá ser levado a um
Cartório de Registro para registrar o óbito. Esse registro resultará na Certidão de Óbito,
necessário para o sepultamento e outras medidas.
Serviços e direitos
A assistência social realiza uma política por meio de programas e projetos
denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que tem como objetivo
acolher as famílias que estão num momento de fragilidade e vulnerabilidade. A
proteção social previne contra situações de risco e inclui a família socialmente pelo
desenvolvimento de potencialidades, estímulo dos vínculos familiares e comunitários,
ações de convivência, atividades socioeducativas e acesso à renda Benefício de
Prestação Continuada (BPC), Benefícios Eventuais. Estes serviços e benefícios são
administrados pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
É o CRAS que ajuda pessoas e famílias em situações de abandono, maus tratos
físicos, e/ou psíquicos, pessoas em situação de rua, de trabalho infantil, abuso sexual,
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cumprimento de medidas socioeducativas, entre outras. Estimula a inserção social, a
autonomia individual, os vínculos afetivos e a redução das infrações aos direitos
humanos.
Legislação
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 8.069 de 13 de julho de
1990);
Lei de Acessibilidade (Lei nº 10.098/00; Decreto nº 5.296/04);
Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Lei
nº 7853/89; Decreto nº 3298/99).
Telefones úteis
Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração contra Crianças e
Adolescentes – 100
Disque-saúde – 0800 61 1997
Polícia – 190
Corpo de Bombeiros – 193
SAMU – 192
Endereços eletrônicos
Ministério da Previdência Social - www.previdenciasocial.gov.br
Guia do Cuidador -
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf
Ministério da Saúde - www.saude.gov.br
Maus Tratos -
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/notificacao_maustratos_crianca
s_adolescentes.pdf
Instituto Abrace (ONG destinada a dar amparo e conforto aos pais de
crianças internadas em UTI) - http://www.institutoabrace.org.br
94
CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) -
http://portal.mj.gov.br/sedh/conanda/Politica%20e%20Plano%20Decenal
%20consulta%20publica%2013%20de%20outubro.pdf
Ministério da Educação – www.mec.gov.br
O Cuidador - http://www.ocuidador.com.br/
Conselho Tutelar -
http://portal.mj.gov.br/sipia/frmMapeamentoConsulta.aspx
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Cápí tulo 7
Primeiros Socorros
Franciele Maria de Carvalho
“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento
de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização
e de envolvimento afetivo com o outro.”( Leonardo Boff )
A atitude de um cuidador de crianças deve ser redobrada, além de prevenir os
acidentes domiciliares, que geralmente podem acontecer, é necessário, também, ser
rápido no socorro das complicações de uma doença, como as convulsões, parada
cardiorrespiratória, epistaxe, hemoptise, asfixia, entre outros. Neste capítulo você irá
aprender o que são esses termos e quais ações deve realizar.
O que são primeiros socorros?
Os primeiros socorros são as primeiras ações a se realizar em situações de
emergência para que a vida do doente seja preservada. É importante salientar que os
primeiros socorros não salvam vidas, nem curam as doenças, eles aliviam a dor, o
desespero e retiram o agente causador da situação, quando possível.
Quem deve realizá-los?
Caso exista um profissional de saúde ou bombeiros próximo do local, é
preferível que eles realizem os primeiros socorros. Porém, se eles demorarem a
chegar, o cuidador deve começar as realizar as ações que aqui serão comentadas.
Depois de tomadas as devidas ações, não importando quem as faça, é
necessário levar a vítima ao hospital.
1. CONVULSÕES
As convulsões são descargas elétricas que ocorrem no cérebro, podem ser
causadas nas crianças até 2 anos por febre elevada, como também por batidas na
cabeça, remédios, meningite, desidratação grave, epilepsia, hipoglicemia (quando a
glicose diminui: pode ocorrer quando a pessoa fica muito tempo sem comer e em
diabéticos ) e causas desconhecidas.
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A criança em convulsão perde a consciência; cai inesperadamente; contorce o
corpo; o olhar pode ficar vago; aumenta a produção de saliva, ou seja, fica babando;
pode cerrar os dentes e morder os lábios e a língua; urinar e evacuar.
Ações que devem ser tomadas:
Mantenha a calma;
Peça para alguém ligar para o corpo de bombeiros ou chamar uma
ambulância;
Afaste qualquer objeto de perto da criança;
Não segure seus braços ou pernas;
Abra as roupas;
Se estiver com a cabeça batendo, deve-se colocar um apoio por baixo;
Vire a cabeça de lado, pois se a criança começar a babar, isso impedirá que
ela se afogue;
Não tente segurar a língua da criança, ao invés disso segure o queixo para
manter a boca aberta ou coloque um pano entre os dentes se a boca
estiver relaxada e der tempo, caso a boca já esteja travada, não force a
abrir;
Peça silêncio e tente diminuir a luz do local;
Se ela morder os lábios ou cerrar os dentes não tente abrir a boca;
Não dê à criança nenhum tipo de remédio, isso pode fazer com que ela
engasgue;
Espere a crise passar;
Não deixe a criança dormir até que os bombeiros ou ambulância cheguem;
Em casos de convulsão por febre, junto com essas
manobras, aplique compressas frias para tentar
diminuir a temperatura da criança.
Durante a crise, observe quanto tempo durou a convulsão, quais partes do
corpo movimentaram, se houve algum fator desencadeante (febre, batida na cabeça,
remédios) se a criança babou, urinou ou evacuou. Estas informações serão
importantes para a equipe médica.
2. PARADA RESPIRATÓRIA
Parada respiratória é quando a pessoas não apresenta respiração, ficando
imóvel, roxa, inconsciente e sem movimentos no tórax. É importante lembrar que se o
coração para de bater, a pessoa não respira, porém se a pessoa deixar de respirar o
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coração pode bater por um pequeno tempo. Em média, o cérebro suporta 6 minutos
sem oxigenação, assim em tais casos cada minuto é muito importante.
Para saber se a pessoa está respirando:
Aproxime a sua cabeça da cabeça da criança e olhe em direção ao peito da
mesma;
Tente ver movimentos de respiração no tronco;
Verifique se você está sentido a saída do ar do nariz e boca dela em sua
face;
Tente escutar algum barulho da respiração;
Se esses sinais não forem encontrados, a criança está em parada
respiratória, chame os bombeiros e inicie uma respiração artificial.
Como fazer uma respiração artificial:
1. Deite a criança de barriga para cima;
2. Abra as suas roupas;
3. Incline a cabeça da criança: coloque uma das suas mãos
na testa, e o indicador e o dedo médio debaixo do queixo,
isto também facilitará a abertura da boca;
4. Sele a boca da criança com a sua boca, e
tampe o nariz da mesma. Em crianças até um ano de
idade deve-se selar a boca e o nariz;
5. Respire e solte um pouco de ar dentro da
boca e nariz da criança. Em crianças até um ano, deve-
se soltar apenas o ar das bochechas;
6. Verifique se junto com a manobra houve movimentos do tórax da criança,
se sim é sinal que a respiração boca a boca está sendo eficiente;
7. Repita a operação 10 vezes durante um minuto.
3. PARADA CARDÍACA
Sempre que o coração para, a pessoa também não respira, assim parada
cardíaca é também chamada de parada cardiorrespiratória. Crianças com paradas
cardiorrespiratórias, não apresentam respiração nem pulso palpável.
O pulso acompanha as batidas do coração e pode ser palpável em diversos
locais, os mais fáceis de serem encontrados são:
No punho: coloque o dedo médio e indicador sobre o polegar e vai
deslizando em sentido ao punho, realizando leve pressão nos dedos até
encontrá-lo.
No pescoço: lateralmente ao pomo de adão pressione os dedos médio e
indicador. De todos os pulsos, este é o último a desaparecer.
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(pulso radial) (pulso carotídeo)
Caso não encontre os pulsos, é provável que a criança também não esteja
respirando, chame os bombeiros e inicie as seguintes manobras:
Deite a criança de barriga para cima no chão;
Abra as sua roupas;
Ajoelhe-se ao lado dela;
Ache o osso que divide o tórax no meio e que une as costelas, ele está
localizado entre os mamilos e é chamado de esterno;
No esterno, desça sua mão em direção ao estomago da criança, ache o
final do osso, meça dois dedos acima e coloque o seu punho neste lugar;
em seguida, coloque a outra mão por cima, entrelace os dedos;
Afaste os dedos das costelas, para evitar fraturas;
Estenda o seu braço, e faça pressão sobre o tórax da criança, alivie a
pressão sem retirar a mão do tórax. Repita esse movimentos quinze vezes
e faça duas respirações boca a boca. Avalie o pulso;
Repita essas manobras até a criança ter pulso palpável ou os bombeiros
chegarem;
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CRIANÇAS MENORES DE UM ANO: imagine uma linha entre os
mamilos, coloque 3 dedos no meio dela, sobre o esterno. Retire
um dedo, ficando apenas o indicador e o dedo médio, e realize
as pressões da maneira indicada acima;
Se recuperado o pulso e a respiração, aqueça a criança e leve-a
imediatamente ao hospital.
4. HEMORRAGIA
Hemorragia é a saída de sangue dos vasos sanguíneos.
Hemorragias por feridas: deve-se comprimir a região com pano limpo, não
aproximando as bordas das feridas com as mãos. Também deve-se elevar a região
ferida em uma altura maior que a do coração, não remover qualquer corpo estranho
(vidro, madeira, prego, etc.) que estiver na ferida, não usar torniquetes, não colocar
borra de café, nem sal, nem açúcar. Agasalhe a vítima. Se a
hemorragia cessar e a ferida for pequena e não tiver nenhum corpo
estranho, lave-a com água e sabão, não coloque água oxigenada, pois
ela retarda a cicatrização e a coagulação do sangue. Se a ferida for
pequena e superficial não é necessário realizar curativo; sendo o
machucado mais profundo o curativo deve ser colocado apena para dormir.
Caso a hemorragia não pare, leve a criança ao hospital.
Hemorragia nasal (Epistaxe): Sente a criança, coloque a cabeça para trás,
pressione a narina que está sangrando durante 5 minutos ou aplique gelo. Se o
sangramento for recorrente é recomendável levar ao médico.
Hemorragia dos pulmões (hemoptise): Ocorre quando a criança tosse com
sangue. Deite-a em posição lateral, realize compressas frias. Leve a criança ao
hospital.
Hemorragia do estômago (hematemese): Ocorre quando a criança ou vomita
sangue vivo ou sangue escuro com aspecto de borra de café. Ela pode apresentar
também enjoo e dor. Enquanto aguarda socorro médico, sente a criança, deixe a
cabeça elevada e aplique gelo na boca do estômago.
5. DESMAIOS
O desmaio ocorre por uma baixa oxigenação ou falta de glicose (hipoglicemia)
no cérebro. A pessoa que vai desmaiar fica pálida, a vista escurece, o pulso fica fraco,
sente-se uma moleza e pode acabar caindo e ficando inconsciente.
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Se a criança ainda não desmaiou, coloque ela sentada ou deitada, peça para
respirar fundo e eleva as suas pernas.
Se ela já desmaiou: deite a criança, abra a sua boca, incline a cabeça para trás
e para o lado (para impedir que ela se engasgue com a própria saliva) e eleve as
pernas.
6. QUEIMADURAS
As queimaduras são causadas pelo excesso de calor sobre o corpo, pode ser
pelo fogo, radiações UV (sol), eletricidade, vapores ou substâncias químicas.
Quando a criança se queimar, é importante lembrar que não se
deve passar pasta de dente, manteiga, vinagre ou qualquer outra
substância, o melhor remédio para a queimadura é a água corrente:
faça compressas com pano umedecido com água fria na região ou, em
casos dos membros, mergulhe na água fria. Caso formarem bolhas,
elas não devem ser estouradas.
Se a criança ainda estiver com a roupa queimando, abafe o corpo com um
cobertor grosso, acalme-a. Não retire roupas ou outros objetos que possam estar
coladas na pele. Chame o socorro médico.
Caso houver queimadura nos olhos, lave-os com soro
fisiológico ou água abundantemente. A água não deve ser em jatos
com pressão, isto pode levar à cegueira. Cubra os olhos com um
pano limpo umedecido e leve a criança imediatamente para o
hospital.
Em queimaduras químicas, como por soda cáustica, deve lavar o local
abundantemente com água corrente, por cerca de 20 minutos, ou até que a substância
saia. Leve a criança para o hospital.
7. CORPOS ESTRANHOS
São qualquer objeto que possa penetrar em alguma parte do corpo, como
nariz, ouvido, olhos. Exemplos: areia, grãos diversos, brincos, vidro, sementes, pedras,
mosquitos, formigas, etc.
Nos olhos:
Em primeiro lugar: não deixe a criança esfregar os olhos. Tente pedir para a
criança piscar os olhos algumas vezes, se não sair, peça-a para parar.
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Lave o olho com soro fisiológico ou água corrente. Caso não resolva, abra os
olhos da criança, verifique em qual local se encontra o corpo estranho: se estiver na
parte colorida dos olhos ou na parte superior da pálpebra, não faça nenhum
procedimento além de tampar os olhos da criança e levá-la a um hospital.
Se o corpo estranho estiver na parte branca do olho, pegue
uma haste flexível com algodão nas pontas e umedecida com água
limpa, tente retirar com muita delicadeza. Toque apenas nas
laterais do olho e na pálpebra inferior. Tente apenas UMA vez,
caso não consiga retirar, tampe os olhos da criança e leve-a para
o hospital.
No nariz:
Tampe a narina livre e a boca da criança, peça para ela expirar,
como se fosse espirrar, com força. Caso o corpo estranho não saia, não
tente tirá-lo com uma pinça, isto pode empurrá-lo ainda mais para
dentro. Apenas leve a criança ao hospital.
No ouvido:
Não tente retirar o corpo estranho, você poderá lesar o tímpano da criança e
causar problemas auditivos. Não coloque nenhum líquido, pomada ou óleo. Apenas
leve a criança ao médico.
Na garganta – engasgo:
Se a criança engolir um corpo estranho, verifique se ela está com dor ou falta
de ar, senão espere sair pelas fezes. Caso contrário, deve-se tomar os procedimentos
abaixo.
Peça para a criança tossir, isto geralmente a faz expelir o que engoliu. Se não
adiantar bata com a mão em forma de concha em suas costas. Caso ainda não
adiantar, deve-se realizar a seguinte manobra:
Em crianças menores (bebês): deite-a
de bruços sobre uma das suas mãos e com a outra dê
4 tapas fortes nas costas, entre as escapulas (asinha).
Não havendo resultado, vire a criança de costas
coloque os dedo médio e indicador no meio do peito
(como descrito para a massagem cardíaca) e faça
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quatro compressões fortes. Se ainda não der certo, leve-a imediatamente
para o hospital, e faça respiração boca a boca durante o caminho.
Em crianças maiores conscientes: deixa a criança em
pé e posicione-se atrás dela. Abrace-a, coloque uma
das mãos fechadas, em forma de punho, sobre a boca
do estômago, apoie a outra mão por cima e realize
fortes pressões para dentro. Repita por seis vezes, se
necessário. Isso provavelmente resolverá. Se não,
leve-a imediatamente para o hospital e faça respiração
boca a boca durante o caminho.
Em crianças maiores inconscientes: deite a
criança de costas no chão. Coloque a mão da mesma
forma e no mesmo lugar explicado anteriormente.
Realize fortes pressões sobre a boca do estômago.
Repita por seis vezes, se necessário. Isso
provavelmente resolverá. Caso não, leve-a
imediatamente para o hospital e faça respiração boca
a boca durante o caminho.
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Agrádecimentos
Mais um ano de trabalho, de dedicação e mais uma vez temos um belo resultado. E, como não poderia ser diferente, há muito o que agradecer. Agradeço a cada uma das autoras dos capítulos, que se esforçaram para fazer um ótimo trabalho em seus textos, às meninas responsáveis pela edição artística, Fernanda e Mariana, que fizeram um trabalho impecável, e à Letícia que mais uma vez nos ajudou, com muita competência, com a revisão ortográfica e de conteúdo para que pudéssemos ter esse trabalho de tamanha qualidade.
Como já é de praxe, entre cada capítulo você encontrará fotos e frases. Neste Manual, resolvemos colocar frases de filmes infantis, que já ficam de dica para um momento de lazer. Vale ressaltar, também, que os textos dos capítulos não têm referências bibliográficas, mas ao final do Manual separamos outras fontes de pesquisa que julgamos importantes.
Em nome de toda a equipe do Manual gostaríamos de agradecer o apoio que nos tem sido dado pela Faculdade de Medicina de Itajubá, principalmente ao Dr. Kleber Lincoln Gomes, que carinhosamente apadrinhou nosso projeto e nos apoia e incentiva tanto. É claro, também, que não posso deixar de agradecer a nossa mentora, professora e amiga Dra. Graça que nos proporcionou tudo isso. Sem a força, apoio e dedicação que ela nos deu todo esse tempo não teríamos chegado até aqui.
Por fim, ao nosso saudoso mestre e amigo Prof. Dr. Marco Tullio, que tenho certeza, estaria nos aplaudindo, orgulhoso, na primeira fila, no lançamento de mais um fruto das sementes que ele plantou em nós. Sinto-o presente em cada uma dessas páginas, fotos e em cada detalhe deste Manual, mas, principalmente, no nosso amor ao Cuidar do próximo. Nós continuaremos daqui a sua missão, saudosos do seu abraço, das suas palavras, mas sentindo a sua presença em cada uma de nossas conquistas.
Anic Campos Alves
Coordenadora do Subprojeto Manual
Acadêmica do 4º ano de Medicina da Faculdade de Medicina de Itajubá
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Nosso Contato:
www.artedocuidar.org
Sites Sugeridos:
Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer
www.graacc.org.br
Associação de Assistência à Criança Deficiente
www.aacd.org.br
Instituto Nacional do Câncer :
www.inca.gov.br
Viva a Vida – Entidade de Apoio à Pessoa com Câncer em Itajubá:
http://www.vivaavidadeitajuba.com.br
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Fichá Te cnicá
Titular da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos:
Prof. Dr. Marco Tullio de Assis Figueiredo
Assistente da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos e Supervisora
do Projeto Arte do Cuidar:
Profª Dra. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Coordenação Editorial:
Anic Campos Alves
Revisão Final:
Profª Dra. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Anic Campos Alves
Letícia Leme Resende
Edição gráfica:
Anic Campos Alves
Fernanda Garcia Bueno Wolf
Mariana Matielo Ribeiro
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Projeto “A Arte do Cuidár”
Supervisora: Profª. Dra. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Presidente: Laís Novaes Ayres
Vice-presidente: Aline Melon Ruegger
1ª secretária: Iara Ballaminut da Silveira
2ª secretário: Matheus Ribeiro
1ª tesoureira: Izabela C. S. Morales
2ª tesoureira: Marilia Vilela Masson
Coordenadora Manual: Anic Campos Alves
Secretária: Ana Flávia Alvarenga Hostalácio Lima
Coordenadora Vídeo: Gabriela Hernandes de Oliveira
Secretária: Mariane Tenaglia
Coordenadora Site: Mariane Tenaglia
Coordenadora Cursos: Paloma Alves da Silva Ferreira
Secretária: Iara Ballaminut da Silveira
Coordenadora Estágios: Rita de Cássia Franco Etrusco
Secretária: Natieli de Natali Momesso
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A Instituiçá o
FMIT
Diretor: Prof. Dr. Rodolfo Souza Cardoso
1º Vice-Diretor: Prof. Dr. José Marcos dos Reis
2º Vice-Diretor: Prof. Dr. Ângelo Flávio Adami
Assessora Pedagógica: Profª Leila Rubinsztajn Direzenchi
Administradora Escolar: Econ. Ângela Bacci Fernandes
Secretária de Ensino: Sandra Regina Junqueira
AISI
Presidente: Prof. Dr. Kleber Lincoln Gomes
Vice Presidente: Sr. Luiz Carlos Alonso Capasciutti
Secretário: Sr. Camilo de Assis Silva
Conselho Fiscal: Dr. Fredmarck Gonçalves Leão Sr. Gil Fernando Ribeiro Grillo
Suplentes: Sr. Benedito Rita Sr. José Algeu Machado Sr. Roberto Silva Leite
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