Cuidados-na-alimentação-e-nutrição-de-tambaqui-em-piscicultura-intensiva

51
Cuidados na alimentação e nutrição de tambaqui em piscicultura intensiva Dra. Eliane Yoshioka Pesquisadora Embrapa Amapá

Transcript of Cuidados-na-alimentação-e-nutrição-de-tambaqui-em-piscicultura-intensiva

Cuidados na alimentação e

nutrição de tambaqui em

piscicultura intensiva

Dra. Eliane Yoshioka

Pesquisadora Embrapa Amapá

Por que criar peixes? A PISCICULTURA é uma atividade zootécnica voltada para a criação de peixes.

O cultivo de peixes é uma excelente alternativa para a produção de alimento de alto valor nutritivo.

Piscicultura Intensiva

uso de rações balanceadas na alimentação dos peixes

densidades de estocagem altas

viveiros com sistema de abastecimento e escoamento controlados

povoados com peixes de valor comercial

Para a criação ser economicamente viável, a ração deve proporcionar

elevada conversão alimentar capaz de promover um crescimento

rápido e, o peixe, por sua vez, deve alcançar alto valor de mercado.

Espécies de interesse para a região Norte do Brasil: tambaqui (Colossoma macropomum)

matrinxã (Brycon amazonicus)

pirarucu (Arapaima gigas)

pirapitinga (Piaractus brachypomus)

jaraqui (Semaprochilodus insignis)

curimatã (Prochilodus nigricans)

apaiari (Astronotus ocellatus)

... entre outras... Fonte: google images

Espécies de interesse para a região Norte do Brasil: tambaqui (Colossoma macropomum)

matrinxã (Brycon amazonicus)

pirarucu (Arapaima gigas)

pirapitinga (Piaractus brachypomus)

jaraqui (Semaprochilodus insignis)

curimatã (Prochilodus nigricans)

apaiari (Astronotus ocellatus)

... entre outras... Fonte: google images

Características do tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)

Pode atingir 1,0 m de comprimento padrão e pesar 30 kg

Classe Actinopterygii

Ordem Characiformes

Família Characidae

Eigenmann, 1915; Britiski, 1977; Val e Almeida-Val, 1995; Marcon e Wilhelm Filho, 1999; Gomes et al., 2010; Dairiki e Silva, 2011.

Temperatura média da água entre 25 e

34°C

Tolerância às mudanças de pH (entre 4 e

8)

Alta tolerância à hipóxia (~1 mg/L)

Tolera baixos níveis de oxigênio na água –

desenvolvimento de prolapso labial

(aumenta em cerca de 30% a conteúdo de

oxigênio no sangue)

Prolapso labial

EXPANSÃO DO

LÁBIO INFERIOR

Características do tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)

Pode atingir 1,0 m de comprimento padrão e pesar 30 kg

Classe Actinopterygii

Ordem Characiformes

Família Characidae

Eigenmann, 1915; Britiski, 1977; Val e Almeida-Val, 1995; Marcos e Wilhelm Filho, 1999; Gomes et al., 2010; Dairiki e Silva, 2011.

Temperatura média da água entre 25 e

34°C

Tolerância às mudanças de pH (entre 4 e

8)

Alta tolerância à hipóxia (~1 mg/L)

Tolera baixos níveis de oxigênio na água –

desenvolvimento de prolapso labial

(aumenta em cerca de 30% a conteúdo de

oxigênio no sangue)

Alimenta-se inicialmente de zooplâncton e, quando adulto,

de frutos e sementes na

natureza: omnívoro.

Pirapitinga Piaractus brachypomus

Tambaqui Colossoma macropomum

Tambatinga

Hibridização

Tambaqui Colossoma macropomum

Pacu Piaractus mesopotamicus

Tambacu

Hibridização

Os peixes apresentam diferentes: Métodos reprodutivos

Crescimento

Ciclos de vida

Respostas às alterações ambientais

Hábitos alimentares

Estudo sobre alimentação e nutrição de peixes

Morfologia e Fisiologia do sistema digestório

Hábito e comportamento alimentares

Exigência dos principais nutrientes da dieta

Ecologia e técnicas de produção

Atratividade, palatabilidade, tempo de trânsito gastrointestinal

Digestibilidade dos nutrientes dos alimentos

Processamento dos alimentos

Formulação das dietas com menor custo de produção

Manejo alimentar em condições de cultivo

•Fases de desenvolvimento:

• Larvicultura

• Alevinagem

• Recria

• Terminação

Garantir o desenvolvimento, o crescimento e a

sobrevivência

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

IMPORTÂNCIA DO

ALIMENTO VIVO

NAS FASES

INICIAIS

Manejo e Alimentação

saúde dos animais ração de boa qualidade qualidade da água

custos da alimentação dos peixes (cerca de 70%) • diminuição dos custos com a produção

• utilização de ingredientes adequados à dieta

• aumento da produção!!!!

A nutrição tem por base o conhecimento das

exigências nutricionais.

Deve-se conhecer a composição química e o valor

nutritivo dos alimentos que podem compor uma dieta e

utilizar o manejo alimentar adequado para cada sistema

de criação, adaptado de acordo com a espécie e a fase

de produção. Furuya, 2001

Foto

: E

.Yoshio

ka

Nutrição Em cultivo, alimentação à base de ração peletizada ou extrusada

a quantidade de proteína pode variar de 18 a 40%, de acordo

com a fase de desenvolvimento do animal.

O teor calórico é de 12 a 17 kJ/g (53-67 kJ/g de proteína).

Uso de suplementação de ácido ascórbico (vitamina C) é

importante na dieta de juvenis de tambaqui, como também em

situações de estresse (manejo na piscicultura).

Uso de enzimas exógenas em dietas para tambaqui – aumento

da digestibilidade dos alimentos e do desempenho dos animais.

Araújo-Lima e Goulding, 1997; Carneiro Sobrinho et al., 1989; Andrade et al., 1993; Chagas e Val, 2003, 2006; Gomes et al., 2010.

A relação energia/proteína da dieta interfere de forma

expressiva na determinação da concentração ótima de

proteína em rações para peixes.

Baixa relação energia/proteína pode comprometer a

utilização da proteína, resultando em diminuição na taxa

de crescimento.

Níveis excessivos podem diminuir o consumo normal da proteína e outros nutrientes, prejudicando o desenvolvimento dos peixes

Cho, 1992 Sá e Fracalossi, 2002; Cotan et al., 2006; Oishi et al., 2010.

A alimentação em excesso leva ao desperdício,

à perda econômica e a uma descarga de matéria

orgânica no sistema.

A alimentação abaixo do mínimo necessário

pode resultar em menor crescimento, podendo

representar perda econômica.

Pereira Filho, 1995; Roubach et al., 2002.

BIOMETRIA

pesagem medição

averiguar crescimento dos peixes

Acompanhamento nutricional

Densidade de estocagem 1 peixe/m3

Taxa de alimentação x % biomassa – conforme fase de desenvolvimento

% Proteína Bruta na ração

55% 40 mínimo: 28 a 32%

Frequência alimentar

5 x ao dia 1 x ao dia

Biomassa total (BT) BT = peso médio do peixe x número de exemplares Taxa de alimentação (TA) TA = biomassa total x porcentagem de alimentação

Exemplo: se for alimentar com 10% da biomassa Peixes com 50 g x 1.000 peixes = 50.000 g ou 50 kg TA = 10% x 50 kg = 5,0 kg de ração / dia Utilizando a frequência de 5 refeições diárias, temos que fornecer 1 kg de ração por refeição, 5 vezes ao dia.

Granulometria das rações extrusadas

14 – 20 mm

6 – 8 mm

4 - 6 mm

2 - 4 mm

1,5 – 1,7 mm

0,8 – 1,0 mm

Peso peixe (g) Ração (% biomassa) Refeições

2 – 50 g (recria) 10 3 -5

50 - 100 7 3

100 – 500 3 2

500 – 1000 2 2

Acima 1000 1,5 1

Manejo Alimentar

CÁLCULOS

Ganho de peso = (peso final – peso inicial) Produção = (kg de peixe / m3) Sobrevivência = (Número peixes inicial – Número peixes final)

Coeficiente de variação (CV) =(Desvio padrão/média) x 100

Há outras formas de se alimentar os tambaquis durante seu cultivo?

Fontes alternativas

Conteúdo e qualidade dos aminoácidos presentes

Custos

Pureza

Estabilidade de oferta

Origem

Valor nutricional adequado e constante

Digestibilidade

A maioria dos frutos e sementes

consumidos pelos peixes são

oriundos de plantas nativas. (Pereira Filho, 1995)

Foto

: E

. A

bim

ora

d

Frutos da Eschweilera tenuifolia (macacarecuia) e Hevea

spruceana (seringueira barriguda) são consumidos por matrinxã e

por tambaqui, além de Euterpe oleracea (açaí), Mauritia flexuosa

(buriti), Psidium acutangulum (araçá), entre outros (Maia, 2001).

mucajá

tucumã buriti

açaí Fotos: E.Yoshioka

11

Pouco conhecimento há sobre a produção das espécies

nativas, com pouco ou nenhum domínio das técnicas do

seu cultivo.

Sabe-se que frutos de Myrciaria dubia (camu-camu)

apresentam produção de 9,5 a 12,7 ton por ha por ano. (Maia, 2001)

Fonte: google images

12

O conceito de que um alimento barato

sempre reduz o custo de produção e faz

aumentar a receita líquida por área de cultivo

é errôneo!!

Alimentos de alta qualidade, corretamente

balanceados e preparados apresentam menor potencial

poluente, possibilitando um acréscimo de produção por

unidade de área muito superior ao aumento no custo de

produção, o que resulta em incremento da receita líquida

obtida por área de cultivo (Roubach et al., 2002).

14

Para isto, faz-se necessário:

• Análise bromatológica de cada ingrediente, para se conhecer

os seus nutrientes;

• Averiguar se o ingrediente pode ser incluído na ração e em

que nível podem substituir os itens tradicionais.

Ex.1: uso de farinha de pupunha em rações para alevinos de tambaqui

para substituir farinha de milho.

Ex.1: inclusão de até 30% de farinha de castanha do brasil em dietas

para alevinos de tambaqui. (Pereira Filho, 1995; Mori-Pinedo et al., 1999; Santos et al., 2010)

Uma alternativa é o uso de ingredientes regionais que podem ser utilizados em rações

para tambaquis.

Um grande entrave para a viabilidade do uso de

alimentos alternativos e regionais se deve a

fatores como:

Sazonalidade de produção;

Distribuição não uniforme das espécies

florestais;

Ausência de sistemas produtivos estabelecidos

para estas espécies;

Elevado preço de mercado de determinados

produtos na safra;

Limitado conhecimento sobre a eficiência

nutricional e o aproveitamento desses produtos

pelos peixes.

Guimarães e Storti Filho, 2004 Fonte: E. Yoshioka

Fonte: E. Yoshioka

INGREDIENTES MS PB EE FB MM

Soja 93,24 45,27 20,47 17,19 4,34

Milho 88,60 11,79 6,13 6,12 1,54

Castanha 98,29 15,25 55,86 30,17 3,22

AÇAI (Caroço) 94,16 5,50 4,07 23,60 1,39

BURITI 93,48 6,37 2,77 30,21 3,67

MUCAJÁ 92,05 5,67 21,91 26,05 3,81

TUCUMÃ 93,80 5,54 16,87 28,38 1,96

MANDIOCA (hastes e folhas) 95,24 9,38 2,71 41,92 8,77

BANANA (folhas e caule) 92,99 10,24 1,87 35,87 12,50

FARELO DE BAGAÇO DE CANA DE AÇUCAR88,20 1,83 1,40 42,49 2,42

INGREDIENTES ANALISADOS

Análises realizadas pelo Laboratório de Nutrição Animal (LNA), da Embrapa Pecuária Sudeste (CPPSE).

Estação de Piscicultura Embrapa Amazônia Oriental

Belém, PA

Fonte: google images

& E. Yoshioka

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

1 2 3 4 5 6

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio

COCO

GIRA

DENDÊ

TUCU

CONTROL

PROB COMP

PROB INOC

0 15 29 49 59 77

Dias

Crescimento de tambaqui

Foto

s: E

. Y

oshio

ka

Hematologia

A compreensão da fisiologia e das alterações ambientais às quais os

peixes possam ser expostos, possibilitam a identificação das

condições adversas e o desenvolvimento de métodos para

atenuar os efeitos na saúde de peixes cultivados.

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!)

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!) ideal ração com estabilidade na água = extrusada

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!)

ideal ração com estabilidade na água = extrusada

verificar a saciedade dos peixes (os peixes estão comendo??)

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!)

ideal ração com estabilidade na água = extrusada

verificar a saciedade dos peixes (os peixes estão comendo??)

distribuição da ração por todo o viveiro, sempre observando o

consumo da ração pelos peixes e a qualidade da água

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!) ideal ração com estabilidade na água = extrusada

verificar a saciedade dos peixes (os peixes estão comendo??)

distribuição da ração por todo o viveiro, sempre observando o

consumo da ração pelos peixes e a qualidade da água

monitoramento da quantidade de alimento consumida

Cuidados na alimentação dos tambaquis

alimentar sempre nos mesmos horários

alimento fornecido = alimento consumido (excesso = retirar!!) ideal ração com estabilidade na água = extrusada

verificar a saciedade dos peixes (os peixes estão comendo??)

distribuição da ração por todo o viveiro, sempre observando o

consumo da ração pelos peixes e a qualidade da água

monitoramento da quantidade de alimento consumida

manter ração armazenada em local apropriado

É importante verificar a umidade e a temperatura do local de armazenamento.

Evitar a incidência de raios solares, que podem prejudicar alguns componentes da dieta.

Evitar a umidade do chão: recomenda-se a construção de estrados de madeira para colocar os sacos de ração, pelo menos, de 10 a 15 cm do solo.

Limpar o local de armazenamento diariamente e, se necessário, usar

produtos específicos para combater a praga.

Em caso de suspeita de contaminação (por urina de rato ou por fungos, por exemplo), não fornecer o alimento aos peixes.

Evitar encostar as pilhas de sacos na parede, para evitar a umidade.

Verificar o período de estocagem da ração (à temperatura ambiente) que pode ser de, no máximo, 90 dias.

Fonte: google images

& E. Yoshioka

MANEJO ALIMENTAR Obtenção de lotes mais homogêneos na despesca

Aumenta a produtividade

Manter uma boa qualidade de água

Melhora a qualidade do produto a ser vendido Explorar o potencial de crescimento da espécie cultivada

Garantir o bom estado sanitário do plantel

Aproveitamento do material produzido

Couro de tambaqui

Fonte: E. Yoshioka

Eliane Yoshioka

Embrapa Amapá

[email protected]

(96) 4009 9544