Cuba Resumo
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Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Sociais
Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas
Disciplina: Estudos Comparados das Américas
Prof.: Dr. Camilo Negri
Aluna: Luana Marinho 10/0034314
Cuba e a Teoria da Dependência
Este breve relatório se impõe o desafio de imaginar os desdobramentos
socioeconômicos em Cuba, a partir do início da abertura ampliada do país ao comércio e
capital exterior, tendo como fundamento teórico a Teoria da Independência – tal como
desenvolvida por Enzo Falleto e Fernando Henrique Cardoso. Em virtude da natureza
sucinta do estudo, a primeira parte tem por intento sintetizar o sistema produtivo e a
estrutura político-social da ilha, desde a formalização de sua independência (em 1898)
até a saída de Fidel Castro do poder. Já a segunda e última pretende sintetizar as
características econômicas e sócio-políticas mais atuais do país e vislumbrar suas
possibilidades de inserção no mercado internacional.
1) De Martí à saída de Fidel
Em 1898, após a vitória contra a Espanha, os Estados Unidos conquistam o
domínio sobre Cuba, sobretudo através da Emenda Platt. Herdeira das intenções
anexionistas estadunidenses que remontam ao governo de Thomas Jefferson, por meio
deste dispositivo constitucional, à nova potência mundial anglo-americana era outorgado
o direito de intervenção na ilha, sempre que os interesses das duas Nações e a
“civilização” fossem ameaçados. Posto de outro modo, de colônia exportadora de açúcar
da espoliadora Coroa espanhola, Cuba se transformou em Protetorado político-
econômico, em uma sociedade de enclave dos Estados Unidos, até, de fato, a Revolução
de 1959.
Sob o regime neocolonial, Cuba recebia investimentos diretos na indústria
açucareira, no setor de transportes, na indústria petroquímica e no turismo. Empresas
estadunidenses lá se instalaram e passaram a dominar a produção. As antigas oligarquias
locais se transformaram, quando muito, em intermediários dos interesses das
multinacionais. Embora a produção tenha se diversificado, a mudança não bastou para
fomentar o surgimento de um “setor médio” e promover a industrialização. Assim como
fora no sistema colonial, a produção cubana continuava gravitando em torno da
exportação de açúcar, a enorme margem de lucro continuava a se acumular na potência
imperialista, e sistema todo funcionava a partir de uma forte dominação e clivagem
sóciorracial. O sangue e suor dos negros, cubanos, camponeses ou incipientes operários,
pobres e explorados eram o sustentáculo do logro das elites brancas (criolla ou anglo-
americana).
No início na década de 1930, um crescente descontentamento social com a política
despojadora e imperialista dos Estados Unidos e a crise econômica permitiu o levante
contra o presidente Gerardo Machado. Tal levante, conhecido como “Revolta dos
Sargentos”, contou com respaldo popular (incluso do PSP – Partido Socialista Popular) e
com a participação do futuro ditador Fulgêncio Batista. Este governou informalmente
Cuba desde então, primeiro através de uma série de presidentes de fachada, depois
formalmente, como Presidente (1940-1944) e como Ditador (1952-1959), ambos após
golpes militares. Em seu percurso estadista, Batista acabou por abandonar o anti-
imperialismo para se alinhar com os interesses econômicos estadunidenses. Disto
resultaram crescentes repressões, torturas, perseguições políticas, corrupção, turismo
sexual, enriquecimento ilícito e o agravamento da baixa distribuição de renda – tudo
apoiado, evidentemente, por Washington.
Quando o Exército Rebelde entra triunfalmente em Havana, em 1959, Fidel
Castro, Che Guevara e Raúl Castro anunciaram a libertação cubana no jugo imperialista
ianque. Deu-se início a uma série de transformações estruturais, como reforma agrária,
estatização de empresas e bancos estrangeiros e propriedades das elites cubanas,
alfabetização e cuidados médicos para a infortunada população. Em resposta a medidas
de tais sorte, no início da década de 1960 os Estados Unidos cortam os laços diplomáticos
com Cuba e lhe impõe o famigerado Bloqueio Econômico, que oficialmente continua em
vigor após cinco décadas.
Tal bloqueio também era imposto a todos os outros países ocidentais que, junto
com os Estados Unidos, repelissem as atrocidades de um governo como o castrista. De
modo que Cuba viu-se, então, obrigada a declarar-se comunista e recorrer ao apoio (ou
antes dependência) da União Soviética. Ao largo dos anos, até a queda do Muro de
Berlim, Cuba havia conseguido manter um crescimento econômico de cerca de 4% ao
ano. Contudo, às custas de um acúmulo vultuoso dívida externa e dependência para como
os soviéticos e demais países do Bloco Socialista. Neste contexto de embargo e
isolamento, Che Guevara viu desmoronar seus planos de diversificação da economia e
industrialização. A tecnologia industrial que chegava, quando chegava a ilha, era
obsoleta. Assim, por recomendação mesmo de Kruchev, Fidel viu-se obrigado a investir
na exportação do produto primário que sempre simbolizara a dependência cubana: o
açúcar.
2) Raúl Castro e o devenir
Em suma, apesar da pouca diversificação econômica, Cuba não conseguiu
constituir seus próprios alicerces internos. Assim, após o fim da União Soviética, a ilha
mergulhava numa crise vertiginosa. Não havia comida nas prateleiras e o país mal havia
combustível para gerar o mínimo de energia e atividade. Não obstante, em 1992 as
sanções estadunidenses contra Cuba ganham força de lei. Ao problema da desnutrição
somaram-se problemas de saúde a ela associados e o governo viu-se na obrigação de
produzir suplementos alimentares, além de administrar o racionamento de alimentos.
A partir da década de 1990, o país conseguia se reerguer graças ao turismo e às
remessas de dinheiro advindas do exterior. Ademais, apesar do embargo, o país voltara a
realizar transações comerciais com alguns países europeus (fonte de capital e de
investimentos), com a China e também recebia ajuda de países da América Latina
(sobretudo após a criação da ALBA).
Em fevereiro de 2008, Fidel Castro renuncia ao cargo, o qual é assumido por seu
irmão, Raúl Castro. O novo governo, ainda declaradamente socialista, realizou e tem
realizado reformas de caráter liberal, abrindo o país aos interesses e capitais estrangeiros.
De acordo com o conteúdo do sítio do Ministério do Comércio Exterior e da
Inversão Estrangeira (MINCEX) de Cuba:
“El 2 de marzo de 2009 mediante el Decreto Ley Nº. 264 se dispone la
creación del nuevo Ministerio del Comercio Exterior y la Inversión
Extranjera como Organismo de la Administración Central del Estado,
asignándole como objetivo y misión esencial la de preparar y proponer
al Gobierno la política integral del Estado y del Gobierno en cuanto a
la actividad de comercio exterior, la creación de empresas mixtas, la
colaboración económica con otros países, organizaciones y
asociaciones extranjeras, y las inversiones que se negocien. Una vez
aprobada dicha política por éste, le corresponde al Mincex el dirigir,
ejecutar, coordinar y controlar el cumplimiento en todas las entidades a
nivel del país, sobre la bases de las estrategias de desarrollo en ellas
estabelecidas”.
Ainda de acordo com o sítio:
“El comercio exterior de Cuba ejerce un fuerte y determinante impacto
en la economía del país, por tal motivo entre sus objetivos se encuentra
la diversificación de sus socios comerciales, el trabajar por lograr un
reordenamiento de la política comercial en la búsqueda de mercados
favorables para sus exportaciones, en la diversidad y competitividad de
sus renglones exprtables, así como en el objetivo estratégico de la
sustitución de exportaciones. En el año 2009, al igual que el resto de los
países subdesarrollados, sufrió el impacto de la crisis económica
mundial, unido a la permanecia del bloqueo norteamericano impuesto
al país desde hace más de 50 años, a los daños provocados por
fenómenos asociados al cambio climático y al incremento de los precios
y la reducción de la demanda. Dentro de los principales socios
comerciales de Cuba, se encuentran Venezuela, China, Rusia, España y
Brasil. Cuba mantiene relaciones comerciales con más de 170 países.
Desde los años 90, la exportación de servicios ha tenido un creciente
papel en la economía cubana, lo que se manifiesta en su influencia cada
vez más importante en los resultados del comercio exterior cubano. La
venta de servicios profesionales, especialmente en salud, ingeniería,
informática y biotecnología, se consolidan como la mayor fuente de
divisas del país. El ambiente sano y seguro que brinda Cuba para los
negocios en general es un punto a favor determinante para promover las
exportaciones de bienes y servicios, la colaboración, la inversión
extranjera y avanzar en la sustitución de importaciones, contribuyendo
de esta forma al desarrollo productivo y científico-técnico del país”.
Portanto, a partir de um levantamento demasiado superficial, pode-se supor que
a inserção de Cuba no mercado internacional não se dará em termos de um país
desenvolvido. Tampouco, ao menos de acordo com os dados oficiais providos pelo
Governo, essa inserção se dará, com mediação de uma única potência econômica, em
termos definitivos de compra de produtos industrializados e tecnologia, pagos com a
venda de produtos primários. De todo modo, para que a economia cresça de forma a
tornar-se cada vez mais independente do contexto e demandas internacionais, é
imperativo que o país construa seu parque industrial e tecnológico, bem como solidifique
seu mercado interno.