CTI: UMA VISÃO INSTITUCIONAL...O planejamento estratégico e institucional 58 2.3. O Processo de...

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O objetivo deste documento é fornecer informações para potenciais candidatos a Diretor do CTI, descrevendo o histórico das atividades nos últimos 8 anos, compartilhando informações de gestão, de diretrizes científicas e tecnológicas, bem como outras que possam ser de interesse para o candidato. CENTRO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO RENATO ARCHER 2011-2018 CTI: UMA VISÃO INSTITUCIONAL Subsídios para o Plano Diretor

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O objetivo deste documento é fornecer

informações para potenciais candidatos

a Diretor do CTI, descrevendo o histórico

das atividades nos últimos 8 anos,

compartilhando informações de gestão,

de diretrizes científicas e tecnológicas,

bem como outras que possam ser de

interesse para o candidato.

CENTRO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO RENATO ARCHER

2011-2018

CTI: UMA VISÃO

INSTITUCIONAL

Subsídios para o Plano Diretor

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Contato

Endereço: Rodovia Dom Pedro I (SP-65), Km

143,6 - Amarais - Campinas, SP - CEP 13069-

901

Telefone: (19) 3746-6000

Fax: (19) 3746-6243

Atendimento ao Público: [email protected]

Website: www.cti.gov.br

Equipe responsável

Centro de Tecnologia da Informação Renato

Archer - CTI

Diretoria

Coordenação de Planejamento e Melhorias de

Processos (COPMP)

Coordenação de Atuação Regional (COARE)

Divisão de Acompanhamento e Apoio a Políticas

em Tecnologia Digital (DIPTD)

Divisão de Acompanhamento e Apoio a Políticas

em Tecnologia Social (DIPTS)

Divisão de Relações Institucionais (DIRIN)

Coordenação-Geral de Projetos e Serviços (CGPS)

Coordenação Geral de Competências

Institucionais (CGCI)

Coordenação-Geral de Administração (CGAD)

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Sumário Apresentação 8

O CTI e suas particularidades 15

1.1. O que somos? O desafio do polimorfismo institucional 15

1.2. Quem somos? Gestão de Pessoas e capital intelectual 22

Reflexões... 25

Sobre a necessidade de preservar as áreas do CTI e manter o equilíbrio nas relações de

poder 25

Reflexões... 30

O desafio da perda de pessoal no CTI: aposentadorias 30

1.3. Como funcionamos? O papel do regimento interno. 33

A linha do tempo 35

Reflexões... 38

O risco da cristalização de áreas de pesquisa no regimento interno 38

O regimento interno do CTI vigente 40

1.4. O papel da direção do CTI: a diretoria, as coordenações gerais e

as divisões. 44

1.5. Outras instâncias de governança 50

Reflexões... 51

Sobre cargos comissionados, meritocracia e segregação entre atividades meio e fim 51

Planejamento estratégico: Impacto e oportunidades novo marco legal de

CT&I 52

2.1. A lei n° 13.243/2016 53

2.2. O Decreto n° 9.283/2018 57

Reflexões... 58

O planejamento estratégico e institucional 58

2.3. O Processo de construção institucional do Planejamento

Estratégico e do MVV 60

Linha do tempo 60

2.4. Missão, visão e valores 64

A MISSÃO DO CTI 65

A VISÃO DO CTI 66

OS VALORES DO CTI 67

O CTI: para além do seu regimento interno 68

Reflexões... 68

Uma forma sinérgica de aumentar a eficiência no serviço público 68

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3.1. Laboratórios abertos como tendência mundial 71

3.2. COLAB, Laboratório Aberto e Parque Tecnológico 73

Reflexões... 80

Laboratórios Abertos: a busca constante por mais eficiência e eficácia 80

3.3. Esforços Multi-institucionais 83

O Complexo Tecnológico e Educacional (CTE) 83

O Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva – CNRTA 86

WASH! - Workshop para Aficionados em Software e Hardware 88

Parque Tecnológico - CTI-Tec 92

Orçamento e gestão financeira 95

Reflexões... 96

Sobre a necessidade de garantir a segurança operacional do CTI 96

4.1. As ações orçamentárias na loa 98

Ação Orçamentária - código 20UL 98

Ação Orçamentária - código 2000 98

4.2. Os Contratos do CTI 99

Supressões realizadas entre 2015 – 2018 100

Sistemas de Informações Gerenciais e Tecnológicas 101

4.3. Perspectivas 2019 102

Obrigações Contratuais - Informações de contratos vigentes do órgão: 102

Obrigações Legais 103

Uma visão geral 110

1. RNPDTA - Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em TA 111

2. Sistema de Governança de Políticas Públicas de Inclusão Social e

Produtiva. 111

3. Avaliação de produtos 111

4. Qualificação de produtos eletrônicos 111

5. Implementação da CERTICS 111

6. Desenvolvimento de Circuito Integrado para Energy Harvesting 111

7. Dragão do Mar 111

8. Núcleo de Melhoria de Processos de Software 112

9. Núcleo de Concepção de Sistemas de Hardware – NCSH 112

10. Serviços técnicos para auxílio no aprimoramento tecnológico do

sistema eletrônico de votação 112

11. Desenvolvimento de competências em energia solar fotovoltaica

integrada às edificações e tecnologias fotovoltaicas orgânicas 112

12. Sistemas Fotônicos e Nanoestruturados 112

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13. Núcleo de Empacotamento Eletrônico – NEE 112

14. Rede SIBRATEC de Serviços Tecnológicos de TICs aplicáveis às

novas mídias 113

15. CNRTA - Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva

113

16. Núcleo de Robótica e Visão Computacional – NRVC 113

17. Núcleo de Gestão Empresarial – NGE 114

18. Núcleo de Segurança de Sistemas de Informação – NSSI 114

19. DTITA - Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Tecnologia

Assistiva no CTI Renato Archer – DTITA 114

20. Implantação das Plataformas de Coleta de Dados Pluviométricos

(PCDs) 114

21. Metodologia e ferramenta de software público 115

22. Centro de Recondicionamento de Computadores - CRC junto ao

Programa Ambientronic 115

23. HEARTCOM 115

24. Plataforma Tecnológica de biosensor para diagnóstico point-of-

care da dengue – BIOCARE 115

25. Capacitação em Tecnologias 3D 115

26. Pesquisa, desenvolvimento e inovação em displays, fatores

humanos, células solares e eletrônica orgânica 115

27. Laboratório de Imageamento para Micro/Nanoeletrônica e

Tecnologias 3D – LIMicro 115

28. Avaliação do legado de Relatórios Demonstrativos Anuais (RDAs)

da Lei de Informática 116

29. Avaliação do legado de Relatórios Demonstrativos Anuais (RDAs)

da Lei de Informática 116

30. Projetos de Integração em Microeletrônica e Óptica com aplicação

em Sistemas de Comunicações Ópticas 116

31. Pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias de

fabricação de microssistemas e suas aplicações 116

32. CITAR - Desenvolvimento de Circuitos Integrados Tolerantes à

Radiação 116

33. Plataforma inovadora de expansão de capilaridade,

autoprovisionamento e autoserviço para acesso internet GPON+BPLC

PEXAI-FO 116

34. Arquiteturas e frameworks para desenvolvimento de software para

a Internet 116

35. DynaWeb: Evolução da Pragmática na Web Social 117

36. Workshop de Aficionados em Software e Hardware - O WASH 117

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37. Implementação da Ação SIGTEC 118

38. Internet das Coisas (IoT) a Web das Coisas (WoT) e Inteligência

Coletiva (IC) 118

39. Desenvolvimento de uma cabeça magnética de alta performance

118

Projetos, em destaque 119

6.1. Apoio a Políticas em Tecnologias Digitais 120

1. Pesquisa e Desenvolvimento em Metodologias de Avaliação 121

1.1. CTENIC 121

1.2. PDISOFT 123

1.3. AvalRDA 125

1.4. Sistema Prisional 126

1.5. Metodologias Líquidas 131

1.6. Matriz de Quadrantes 133

1.7. Abordagem categorizada 135

1.8. Ética nas comunicações 135

Avaliação de Projetos e Processos de P&D&I 138

2.1 Lei do Bem 138

2.2. AvalRDA 141

2.3. CERTICS 143

3. Automatização de Processos de Avaliação 144

3.1 Plataforma RDAnalytics 144

3.2. Plataforma CERTICSys 146

Referências Bibliográficas 147

6.2. SIBRATEC 155

Rede PDE SIBRATEC 155

a. Escopo 155

b. Tecnologia/Resultados 155

c. Futuro 156

REDE SIBRATEC DE EXTENSIONISMO TECNOLÓGICO 157

a. Escopo 157

b. Tecnologia/Resultados 157

c. Futuro 158

6.3. PROJETO TSE 159

a. Escopo 159

b. Tecnologia/Resultados 159

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c. Futuro 160

6.4. Atividades do Projeto CITAR de Microeletrônica do CTI Renato

Archer 160

a. Parceiros Públicos e Privados 161

a. Perspectivas de Uso da Tecnologia Desenvolvida 163

a) Infraestrutura 163

b) Componentes 165

c) Capacitação de Recursos Humanos 167

b. Sistemas 167

a) Sensor de Estrelas Autônomo - SEA 167

b) Simulador de Câmeras – SimuCam 168

c. Conclusão 171

6.5. Projeto REMATRONIC 172

a. Contextualização 172

a) Mineração Urbana 172

b) Resíduos Eletroeletrônicos 172

c) Resíduos eletroeletrônicos na mineração urbana 173

d) O CTI Renato Archer contribui para o desenvolvimento da

mineração Urbana 174

b. O Projeto REMATRONIC 174

a) Introdução 174

b) Estado-da-arte no processamento das placas eletrônicas 175

c) Rápida descrição do processo REMATRONIC 177

d) Processamento físico 178

e) Processamento hidrometalúrgico 178

f) Processamento biometalúrgico 179

g) Bibliografia 180

6.6. Suporte à expansão da rede observacional e ao desenvolvimento

do ambiente computacional do Centro Nacional de Monitoramento e

Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN 181

a. Introdução 181

b. Fases e cronograma do projeto 185

c. Tema T1: Gestão de Implantação da Rede de Plataformas de Coleta de

Dados Ambientais. 186

d. Tema T2: Sistema de Gerenciamento da Rede de Coleta e Integração

de Dados (SGRP e SALVAR) 190

e. Tema T3: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. 192

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a) Objetivos Específicos 193

I. Subprojeto I: 193

II. Subprojeto II: 194

III. Subprojeto III: 196

IV. Subprojeto IV: 197

f. Conclusão 198

Artigo publicado 199

6.7. Tecnologias 3D no CTI 200

ProIND : Tecnologias 3D para a Indústria 200

ProEXP : Tecnologias 3D para Experimentos 201

6.8. A Qualificação e Análise de Produtos Eletrônicos 202

a. Tecnologia/Resultados 203

b. Futuro 204

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Apresentação

ste documento apresenta à sociedade e aos segmentos

governamentais interessados, de forma transparente e

responsável, os esforços engendrados pelo Centro de

Tecnologia da Informação Renato Archer na busca do

aprimoramento de suas competências institucionais e na

contribuição para a defesa e promoção da ciência, tecnologia e

inovação

Além disso, o documento traz conceitos básicos que são

fundamentais para a compreensão da sua atuação, servindo

como subsídio para a construção do Plano Diretor do CTI

2019-2022 e, de forma acessória e complementar, para o plano

de gestão a ser apresentado pelos candidatos ao cargo de

diretor do CTI (conforme edital de seleção aberto e publicizado

pelo MCTIC).

Temos ainda a intenção de que esse relatório possa servir tanto

para os pesquisadores da comunidade CTI quanto para os

profissionais que pretendem celebrar parcerias com o CTI, e

principalmente para as ICT e empresas parceiras, fornecendo

informações que possam contribuir para a expansão e

consolidação do papel do CTI no cenário brasileiro de PDI.

E

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Por fim, apresentamos uma coleção de reflexões sobre os

diferentes temas aqui apresentados, buscando trazer aos

leitores um compêndio das lições apreendidas durante os

quase oito anos de gestão. Essas reflexões sobre as

perspectivas e desafios permanentes da instituição podem

contribuir com o planejamento da sua expansão, consolidação

e integração.

O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CTI é

uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia,

Inovações e Comunicações (MCTIC). A atividade finalística do

CTI é a pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I).

O CTI Renato Archer atua em dois papéis, como unidade de

pesquisa e como ICT pública. Compreender as características,

as possibilidades e os desafios de cada papel a ser executado é

parte relevante do processo de gestão e consolidação do papel

institucional do CTI.

É fundamental ainda reconhecer e entender o papel que o CTI

desempenha como ator integrante do Sistema Nacional de

Ciência, Tecnologia e Informação. Os principais atores desse

sistema são as Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação

(ICTs), as entidades da gestão pública e as empresas. Diversos

papéis devem ser desempenhados por esses atores: tomar

decisões estratégicas, realizar pesquisas, elaborar programas,

etc. como definido na Estratégia Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação 2016-2022.

Cabe ainda observar que existem diversas trajetórias de

evolução dos Sistemas Nacionais de Ciência, Tecnologia e

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Inovação (SNCTIs). “Essas trajetórias estão diretamente

relacionadas com as estratégias de desenvolvimento que cada

país adota, cabendo aos Governos Nacionais o papel de

protagonista na articulação dos elementos constituintes de cada

Sistema. Por outro lado, os investimentos privados são

fundamentais para o desenvolvimento científico e tecnológico.

Evidencia-se, nesse cenário, que as trajetórias de evolução dos

SNCTIs são aquelas que primam pela integração contínua das

políticas governamentais com as estratégias empresariais”

(ENCTI 2019-2022).

Em consonância com a ENCTI, a regulamentação do novo

Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação abriu um

horizonte de novas possibilidades, impactando todo o processo

de planejamento em curso. Muito se escutou. Muito se

explicou em função das novidades trazidas pelos instrumentos

legais nacionais. O processo interno de aprendizagem e

amadurecimento tomou bastante tempo, por isso foi rico em

debates e discussões.

Os documentos estruturantes para a construção do

planejamento estratégico e institucional do CTI estão prontos

e aderentes ao marco legal nacional. Devem agora ser

analisados e incrementados de forma estruturada pela

comunidade, levando em conta todas estas alterações recentes

do marco regulatório. Desta forma teremos, ao final, um plano

alinhado com as novas diretrizes nacionais e que respeite o

histórico coletivo de construção dos seus instrumentos.

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Destaca-se, ainda, a importância da definição da política de

inovação do CTI e seu impacto sobre os demais instrumentos

acima elencados. Conforme já esclarecido neste texto, o marco

legal da inovação sofreu alterações estruturantes nos últimos

2 anos. A política de inovação do CTI deve refletir estas

alterações, criando diretrizes e orientações técnicas para a

consolidação dos avanços permitidos pela nova legislação.

Desta forma, a “política do CTI em gestação” deverá abordar os

seguintes temas estruturantes: objetivos institucionais de

desenvolvimento, diretrizes para a atuação do CTI no processo

de fomento à inovação, considerando o seu papel duplo: como

unidade de pesquisa do governo federal e como ICT pública.

A política deve ser acompanhada ainda de modelo de sistema

de gestão da política de inovação, que compreende

procedimentos, regras e orientações referentes à promoção e

aplicação dos incentivos à inovação, à pesquisa científico-

tecnológica e à prestação de serviços técnicos especializados

no âmbito da Política de Inovação do CTI.

O impacto positivo das novas alternativas de parcerias

públicas e privadas; de utilização da infraestrutura, dos

laboratórios e do capital intelectual do CTI; das formas de

captação, gestão e aplicação das receitas oriundas dos

instrumentos presentes na Lei de Inovação, ainda serão

sentidos pela comunidade, proporcionando ao CTI a

sustentabilidade, o protagonismo e a relevância desejada no

cumprimento da sua missão institucional. Entretanto,

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estabelecer os instrumentos de gestão que permitirão

aproveitar essas novas alternativas não será tarefa fácil.

A principal dificuldade advém de uma constatação oriunda da

análise típica dos administradores de uma unidade de

pesquisa. Esta análise levará à conclusão de que, mesmo

numa instituição voltada estatutariamente para “ciência e

tecnologia”, seu “core business” é a garantia de “compliance”

no uso dos recursos públicos.

Em outras palavras, assim como o “business” de uma cadeia

de sanduíches não é necessariamente “alimentação”, mas

estar nos principais pontos de venda da cidade; ou o

“business” de uma bomboniere não é necessariamente

“chocolates”, mas oferecer uma boa experiência para o

consumidor que busca presentear alguém, o “business” de um

centro de pesquisa, por força de seu caráter público, é, acima

de tudo, a garantia de aderência de suas atividades à legislação

e às expectativas dos órgãos de controle.

Evidente, que, se o estatuto do CTI (Regimento Interno

estabelecido pela Portaria nº 5.146/2016) define que a missão

central da instituição é “ciência e tecnologia”, também é uma

atividade de “compliance” garantir que esta missão está sendo

seguida.

Mas as exigências dos órgãos de controle vão muito além da

verificação de que a missão da instituição está sendo seguida.

A constatação de que a busca pelo “compliance” domina as

atividades de uma instituição pública é muito esclarecedora

para os cientistas/gestores que, por vezes, se frustram com a

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complexidade e morosidade de alguns processos realizados no

âmbito de uma unidade de pesquisa.

No serviço público, uma parte significativa da energia

despendida por seus servidores está direcionada à garantia de

que os procedimentos estão aderentes às regras e à legislação,

o que é a própria definição de “compliance”.

Mesmo sabendo que as empresas estão cada vez mais

buscando “compliance”, é preciso reconhecer que no serviço

público as consequências do não cumprimento da legislação

podem ser muito mais severas para seus colaboradores

estatutários.

Os cientistas, oriundos da atividade fim e que assumem cargos

de gestão, devem aprender rápido para se adaptarem a esta

realidade mais severa. De forma geral, pode-se dizer que não é

possível o aproveitamento completo dos seus “skills”, os quais

não seriam totalmente necessários, muito menos

intrinsecamente suficientes para atender ao “job description”

de um gestor público.

Ao longo dessa gestão, a interação com diretores de outras

instituições de pesquisa mostrou que esta percepção é

generalizada e decorre de uma característica muito peculiar da

forma como o Estado Brasileiro se organiza em relação aos

demais.

O artigo 37 da Constituição Federal é o dispositivo legal que

define os princípios da administração pública, a saber:

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência (LIMPE). Esses princípios, usando uma metáfora,

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definem o 4x1 do “compliance” em relação à performance. Isto

porque os 4 primeiros (LIMP) são ligados à isonomia e

transparência do serviço público, contra apenas um princípio

ligado à performance, ou seja, a dita “eficiência” (E), que acaba

ficando solitária.

Por fim, cabe ressaltar a oportunidade única em que o CTI se

encontra. O processo de construção dos instrumentos

elencados neste texto exigiu uma cadência típica da atividade

pública, ou seja, não impositiva. Cabe ao próximo gestor do

CTI prosseguir com este trabalho, considerando todas as

transformações que se impõem constantemente ao marco

regulatório. Os rumos filosóficos e estratégicos estão traçados

pelo novo marco legal. Agora cabe o esclarecimento dos planos

táticos e operacionais que permitam efetivamente implantar as

novas alternativas trazidas pela legislação recente.

Campinas, outubro de 2018

Victor Pellegrini Mammana

Diretor do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer

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O CTI e suas

particularidades

1.1. O que somos? O

desafio do polimorfismo

institucional

O Centro de Tecnologia da Informação

Renato Archer - CTI é uma unidade de

pesquisa do Ministério da Ciência,

Tecnologia, Inovações e Comunicações

(MCTIC). A atividade finalística do CTI é a

pesquisa, desenvolvimento e inovação

(P&D&I). Inaugurado em 1982, atua, desde

então, na pesquisa e no desenvolvimento

em tecnologia da informação. O CTI

congrega competências na qualificação de

produtos e processos, na engenharia de

protótipos e produtos da Tecnologia da

Informação, em projetos especiais de

pesquisa e desenvolvimento, na

informatização de sistemas

1

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socioeconômicos, de educação, de meio-

ambiente e infraestrutura, bem como no

desenvolvimento e prestação de serviços

inovadores.

O CTI Renato Archer, de acordo com o seu Regimento Interno vigente

(Portaria MCTIC 5.146/2016), atua em dois papéis: como unidade de

pesquisa e como ICT pública. Compreender as características, as

possibilidades e os desafios de cada papel a ser executado é parte

relevante do processo de gestão e consolidação do papel institucional do

CTI.

“Art. 1º O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer

- CTI é unidade de pesquisa integrante da estrutura do

Ministério da Ciência e Tecnologia - MCTIC, na forma do

disposto no Decreto nº 8.877, de 18 de outubro de 2016.

Art. 2º O CTI é Instituição Científica e Tecnológica - ICT, nos

termos da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004,

regulamentada pelo Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de

2005, e pode ser apoiada por fundação privada nos termos da

Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, regulamentada pelo

Decreto nº 7.423, 31 de dezembro de 2010”.

É fundamental reconhecer e entender também o papel que o CTI

desempenha como ator integrante do Sistema Nacional de Ciência,

Tecnologia e Informação. Muitos atores compõem o SNCTI, e diversos

papéis devem ser desempenhados por esses atores: tomar decisões

estratégicas, operar instrumentos, realizar pesquisas, elaborar

programas, etc. como definido na Estratégia Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação 2016-2022:

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17

“ Cabe aos atores políticos a definição de diretrizes estratégicas

que nortearão as iniciativas do Sistema. O poder decisório

desses atores deriva tanto dos resultados da democracia

representativa (Poderes Executivo e Legislativo), como das

escolhas realizadas no âmbito das entidades de representação

setoriais (empresários, trabalhadores e pesquisadores). Às

agências de fomento compete o domínio dos instrumentos que

viabilizarão as decisões tomadas pelos atores políticos. Já aos

operadores do Sistema compete a execução das atividades de

PD&I planejadas.

(...) É no terceiro nível de atores do SNCTI, os operadores de

CT&I, que são geradas as inovações, desenvolvidas as

tecnologias e realizadas as pesquisas que foram objeto de

diretrizes no nível político e de alocações de recursos no nível

das Agências de Fomento.

Enquanto que nos outros dois níveis as atividades são

desempenhadas majoritariamente por gestores do

Sistema, neste nível as iniciativas contam com o trabalho

de pesquisadores e tecnologistas.

Diversos arranjos institucionais são admitidos para os

operadores de CT&I, sendo o de maior relevância para o

SNCTI os Programas de Pós-Graduação instalados em

universidades públicas. É nelas que a maior parte da

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produção científica nacional ocorre, devendo-se aos

docentes dessas universidades a primazia dessa

atividade. Essas universidades podem ser tomadas como

ICTs, devendo-se considerar também sob essa

nomenclatura outros operadores relevantes para o SNCTI,

tais como: os Institutos de Pesquisa; os Institutos Federais

de Educação, Ciência e Tecnologia (IFE); e os Institutos

Estaduais de CT&I. Nesse nível, cabe destacar o papel

exercido pelos INCTs que congregam as unidades de

pesquisa de maior excelência no País.”

http://www.finep.gov.br/images/a-

finep/Politica/16_03_2018_Estrategia_Nacional_d

e_Ciencia_Tecnologia_e_Inovacao_2016_2022.pdf

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Ao analisar os atores que compões o sistema de acordo com a ENCTI é

importante observar que existem outros grupos de operadores

relacionados com os processos de desenvolvimento tecnológico e de

inovação empresarial, para além das ICT e IES.

Esses operadores podem se articular em diferentes modelos de parceria

para compor ecossistemas de inovação circunscritos territorialmente,

nos moldes dos polos tecnológicos ou clusters de alta tecnologia.

Conforme descrito na ENCTI e consolidado pelas inovações legais que

sucederam a sua publicação, as entidades também podem compor

outros ecossistemas de inovação, com intensidades variadas de

relacionamento entre startups e empresas inovadoras já consolidadas

no mercado. Esses atores privados utilizam diversos instrumentos

disponíveis no SNCTI, seguindo as tendências internacionais de apoio à

inovação, e apresentam como desafio contínuo para a expansão do

SNCTI o aumento da interação entre universidades e empresas.

A crescente integração com a academia e o setor produtivo amplia a

capacidade do CTI em atender demandas da indústria e da sociedade

em geral, estimulando um ciclo de P&D dinâmico, flexível e

diversificado.

O CTI atua como um escritório de projetos, capaz de entregar

resultados no tempo certo e no contexto de uma visão de longo prazo.

A atuação do CTI também se expressa no atendimento direto a políticas

públicas do Governo Federal, em cooperação com governos locais,

como é o caso do Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência

(Viver Sem Limite), Política de Alerta Antecipado de Catástrofes,

Programa Brasil Maior, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Política

Nacional de Semicondutores e a Estratégia Nacional de Defesa, entre

outros.

Vale ressaltar que o CTI não dispõe de personalidade jurídica ou de

autonomia orçamentária, financeira e de recursos humanos, embora

seja uma unidade gestora. Por outro lado, de acordo com a Portaria

MCTIC nº 409, de 2006, o MCTIC delega ao Diretor do CTI o poder de

estabelecimento de convênios com entidades públicas e/ou privadas.

A Portaria MCTIC nº 5.146, de 2016, em seu artigo 6º, destaca as

competências gerais do CTI. Da relação de 21 competências pode-se

destacar que ao CTI compete, numa visão geral:

− Promover, executar projetos de pesquisa e

desenvolvimento em tecnologia da informação nas

diversas áreas onde sua aplicação gere benefícios e

bons resultados socioeconômicos no contexto das

políticas públicas associadas;

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20

− Desenvolver competências nas suas áreas de

atuação tecnológica e disponibilizar serviços de

apoio às empresas, ao governo e à sociedade em

geral, sempre buscando envolver inovação, atuar em

área estratégica ou em setor com notória escassez de

oferta;

− Desenvolver atividades e projetos inovadores que

assegurem o acompanhamento e o desenvolvimento

de tecnologias de ponta, contribuindo para a

emergência de novas tecnologias, inclusive aquelas

consideradas alternativas de baixo custo de

produção;

− Atuar como articulador nacional de projetos na

implementação das políticas de governo na área de

sua competência e junto a agentes econômicos,

oferecendo para a sociedade brasileira saberes,

competências, capacitação, metodologias, serviços,

produtos e soluções, principalmente aquelas de

caráter inovador, voltadas para a promoção do

desenvolvimento humano;

- Contribuir, através de suas competências, para a

formulação de políticas públicas, voltadas para o

desenvolvimento humano, visando o avanço social,

cultural, econômico, político e ambiental da

sociedade;

− Gerir e desenvolver as atividades de apoio e

promoção às empresas de base tecnológica, sua

incubação e sua inserção nos mercados nacional e

internacional;

− Expandir regionalmente sua atuação no

desenvolvimento da tecnologia da informação,

mediante estabelecimento de núcleos de pesquisa,

escritórios ou campi avançados regionais;

− Fomentar a participação de representantes da

comunidade científica, tecnológica, empresarial ou

local, na definição, gestão e execução das políticas

públicas sob sua responsabilidade;

− Gerar, aplicar e disseminar conhecimentos em

tecnologia da informação e em áreas correlatas, além

de produzir e fornecer à sociedade componentes,

equipamentos e sistemas, software, métodos e

protótipos, abrangendo também ações em

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qualificação de produtos eletrônicos, em resíduos

eletrônicos, em tecnologia assistiva, em fotônica, em

células solares, em sistemas eletrônicos para

monitoramento ambiental e climático, incluindo

alerta antecipado de catástrofes, em manufatura

avançada, Design House, em automação, em

robótica, em visão computacional, aprendizado de

máquina, reconhecimento de padrões, em redes, em

engenharia de software, em qualidade de software,

em qualidade de processos, em mostradores de

informação, em sistemas para a gestão de

informação, em sistemas para a gestão empresarial,

em sistemas para avaliação e gestão de políticas

públicas, em pesquisa operacional, em simulações

diversas, em segurança da informação e forense

computacional, em micro e nanoestruturas, em

materiais, em processos físico-químicos, em

microeletrônica, em empacotamento eletrônico, em

sistemas corporativos, em disseminação científica e

tecnológica, entre outros e

− Contribuir para a evolução das políticas públicas

definidas pelo Governo Federal com forte interação

com os setores produtivo, educacional, cultural e

acadêmico e realizar atividades de produção e oferta

de bens e serviços inovadores, nas suas áreas de

conhecimento, estrategicamente selecionados em

prol do desenvolvimento do país.

As competências tecnológicas da Instituição estão

estruturadas em duas grandes áreas de atuação:

− Componentes e Hardware: Esta área congrega as

seguintes competências: tecnologias

tridimensionais; concepção de sistemas de

hardware; microssistemas, empacotamento

eletrônico; qualificação e análise de produtos

eletrônicos; e mostradores de informação;

− Software: Esta área reúne as seguintes

competências: tecnologia para o desenvolvimento de

software; robótica e visão computacional; melhoria

de processos e qualidade de software; tecnologias de

rede; e segurança de sistemas de informação.

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1.2. Quem somos?

Gestão de Pessoas e

capital intelectual

O CTI é composto por um quadro de servidores

públicos federais. Seus servidores estão

submetidos à lei 8.112, portanto são

servidores estatutários. Isto significa que têm

obrigações e uma relação com o empregador

bastante diferente da existente no caso da

CLT.

O CTI Renato Archer conta com um quadro de

114 servidores, sendo 108 de cargos efetivos

das carreiras de C&T. O número atual

representa, aproximadamente, 60% do total de

187 vagas, de provimento efetivo, disponíveis

para o Centro. Atualmente o custo total com a

folha de pagamento do CTI é de R$ 3.5 milhões

por mês, distribuídos entre servidores ativos,

aposentados e pensionistas.

Figura 1 - Folha de pagamento do mês de setembro/2018

A maior força de trabalho do CTI está

concentrada em cargos da área finalística

(atividades fim), onde mais de 70% dos

servidores estão alocados. O gráfico abaixo

representa a quantidade de servidores nas

atividades fim (Pesquisadores, Tecnologistas e

Técnicos) e atividades Meio (Cargos em

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23

Comissão, Analistas em C&T, Técnicos e

Médico).

Figura 2 - Servidores alocados - Atividades Fim e Meio

Em termos de capacitação profissional, a força

de trabalho do CTI se mostra altamente

qualificada, com formação de ponta em

diversas áreas do conhecimento. Atualmente

mais de 70% dos servidores possuem

aperfeiçoamento de sua graduação inicial e

33% possui o grau de doutor.

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24

Figura 3 - Nível de Formação dos servidores

Em 2018, contamos com 27 cargos comissionados e 24 funções gratificadas,

representadas conforme distribuição abaixo:

Figura 4 - funções gratificadas

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Reflexões...

Sobre a necessidade de preservar as áreas do CTI

e manter o equilíbrio nas relações de poder

Em 2016 todo o poder executivo federal passou por uma reestruturação que

compreendeu não só a revisão acelerada das competências institucionais, mas

também a redução dos cargos em comissão disponíveis na estrutura federal.

Neste contexto foi exigido do CTI Renato Archer uma rápida revisão de sua

estrutura de cargos, mas não existem formas “seguras” de fazer alterações

intempestivas envolvendo a extinção e integração de áreas. Por este motivo, o

regimento de 2016 adotou um formato que permitia, apesar da extinção de DAS,

manter todas as áreas de atuação do CTI. O formato escolhido buscava

flexibilizar a criação e extinção no médio prazo, de maneira que a estrutura do

CTI pudesse se acomodar, de forma orgânica, às alterações, criando também

um maior dinamismo para o acompanhamento da evolução tecnológica da área

de TI. Como resultado positivo das alterações requeridas ao CTI, pode-se dizer

que, agora, com a flexibilização das áreas passa a ser possível aproveitar melhor

os resultados do planejamento estratégico vindouro.

A primeira medida do CTI, quando foi demandada a redução do número de DAS

no final de 2015, foi buscar, de forma participativa, uma visão sobre quais áreas

deveriam ser extintas ou unidas a outras.

Neste intento, organizou reuniões internas. Sem surpresa, foi observada uma

resistência por parte de cada técnico para esta extinção/integração.

A diversidade de áreas do CTI é considerada uma grande conquista da

instituição e perdê-las por uma questão de redução do tamanho da máquina

administrativa federal seria um desperdício para o país, principalmente se for

levado em conta o tempo necessário para consolidá-las desde a criação do CTI

em 1982.

Simultaneamente, o CTI tem lideranças nacionais em quase todas as suas áreas

de atuação, uma situação em que a redução no número de chefias representaria

a criação artificial de relações de poder entre profissionais de igual estatura

técnico-científica. Pior ainda seria a artificialidade de juntar dentro da mesma

“caixinha” hierárquica temas totalmente distintos. No longo prazo, este tipo de

situação poderia resultar em atrofia de áreas, conflitos, desmotivação e

desorganização institucional.

Portanto, tendo em vista estes aspectos, fica difícil dizer quem teria a

legitimidade para redefinir peremptoriamente e intempestivamente as relações

de poder internas entre profissionais com independência científica e tecnológica.

Da mesma forma, seria difícil identificar quem teria o conhecimento técnico

amplo suficiente para decidir, unilateralmente e num prazo curto, quais áreas

deveriam ser extintas.

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26

Reforça esta visão a grande longevidade das chefias do CTI: das 14 divisões

técnicas, apenas 4 foram apontadas pelo atual Diretor (DQS, DRVC, DCSH e

DTR). As demais áreas tiveram suas lideranças mantidas (algumas há décadas

nas chefias) ou foram indicadas a partir de consulta aos grupos internos, no

caso de aposentadorias, por exemplo.

Portanto, apenas um processo lento, amplo e cuidadoso de Planejamento

Estratégico, acompanhado de um esforço de “Roadmapping” Tecnológico,

conseguiria estabelecer novas relações de poder e novo conjunto de

competências científico-tecnológicas para o CTI.

O gráfico abaixo mostra claramente que a força de

trabalho do CTI não sofreu a devida renovação

principalmente na década de 90, como evidencia o

“gap” de servidores na faixa de 20 a 25 anos de

serviço. Embora os governos recentes tenham atuado

para recuperar a força de trabalho das unidades de

pesquisa, outro aspecto chama a atenção no gráfico é

que o CTI hoje tem cerca de 31 servidores em

condições, ou muito próximos das condições, para se

aposentar.

Figura 5 - Tempo de Casa dos servidores

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Figura 5 - Tempo de Casa dos servidores comparativo IFSP e CTI

A necessidade de recursos humanos é quantificada

através de estudos realizados pelo CTI e enviada ao

Ministério periodicamente, para compor o “Quadro de

Necessidades”.

A reposição de pessoal é pleiteada junto ao MCTIC

visando a realização de Concurso Público, que no

momento estão sem previsão para acontecer, de

acordo com o Ofício-Circular nº 27/2017/SEI-

MCTIC, emitido em 20/01/2017, pelo Coordenador-

Geral da Secretaria Executiva do MCTIC. Contudo, a

quantidade de vagas demandadas pelo CTI junto ao

MCTIC para reposição do quadro de pessoal não foi

plenamente contemplada nos últimos certames

realizados, colocando em risco a segurança de

operação da instituição.

Outro fator impactante é que a seleção de pessoal

para carreira de Gestão, Planejamento e

Infraestrutura, por razões orçamentárias, tem sido

feita de modo centralizado no MCTIC, porém o modelo

de seleção adotado generaliza o perfil de vagas

disponibilizadas em concursos, o que inviabiliza a

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especificação de certos perfis necessários à Unidade,

a exemplo dos perfis de contador e bibliotecária.

Deve-se atentar ainda ao fato das atratividades das

carreiras de C&T possuírem hoje excessivo foco nos

títulos (mestrado e doutorado), por meio da

Retribuição de Titulação (RT) para analistas,

tecnologistas e pesquisadores. Esta focalização em

títulos acaba criando disparidades salariais entre

profissionais, as quais nada têm a ver com a

contribuição de cada um para o serviço público.

Esta situação é particularmente séria para as

atividades meio, dado que o estímulo à realização de

pós-graduação afasta o profissional daquelas

habilidades que realmente são necessárias para as

atividades da administração, uma vez que a obtenção

de um título acadêmico não, necessariamente, resulta

em melhora da capacitação para a realização das

atividades administrativas.

O CTI vem defendendo a implantação do sistema de

Saberes e Competências, presente nos Institutos

Federais, para estimular o foco da atuação dos

servidores em temas realmente pertinentes à

instituição, principalmente nas áreas meio.

Exposta esta visão das deficiências estruturais da

carreira de C&T, cabe enfatizar que, no curto prazo, o

cenário da força de trabalho do CTI não é promissor,

tendo em vista que 20 servidores se aposentaram em

2017 e que há ainda um expressivo número de

aposentadorias que podem vir a ocorrer no período de

2018 a 2021, como já dito.

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Com a efetivação dessas previsões de aposentadoria, haverá uma perda

de quase 50% da força de trabalho vigente no início de 2017 e mais de

60% em relação ao número total de cargos do CTI.

Figura 6 - Previsão dos servidores ativos por carreira

O panorama se agrava quando visualizamos o quadro de aposentadorias

previstas até o ano 2021, uma vez que poderemos perder mais de 33%

dos servidores em atividade das carreiras de C&T. Considerando o total

de 187 vagas disponíveis, atingiremos um quadro inferior a 40% do total

de vagas disponíveis para o CTI Renato Archer, ocupadas como servidores

de cargo efetivo, das carreiras da C&T.

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30

Reflexões...

O desafio da perda de pessoal no CTI:

aposentadorias

Boa parte da pesquisa e desenvolvimento no Brasil, como em muitos

outros países, é realizada por instituições públicas, que vêm alertando a

sociedade sobre a perda de competências decorrentes da aposentadoria

de seus servidores públicos.

Várias entidades científicas do país anunciaram antecipadamente o

iminente apagão na área, como resultado desta perda de pessoal.

No caso do CTI, o sinal de alerta de perda de pessoal se acendeu no início

dos anos 2000, o qual foi amplamente divulgado pelos gestores de então.

Naquela época previa-se o desmonte da instituição a partir de 2015

simplesmente por falta de profissionais.

Algumas medidas foram tomadas, principalmente através da edição de

concursos públicos que repuseram parte da equipe na primeira década

deste século. Isto atrasou um pouco o desmonte, também porque a força

de trabalho do CTI se mantinha relativamente numerosa graças ao

compromisso de seus servidores, que, mesmo “aposentáveis”, se

mantinham nos postos de trabalho usufruindo do abono permanência.

Os anúncios da mídia sobre mudanças na aposentadoria de servidores,

a partir de 2016, causaram muita insegurança na comunidade do CTI,

tendo ocorrido um forte movimento pela consumação das

aposentadorias. A equipe do CTI sofreu uma redução, em poucos meses,

de quase 30% em sua força de trabalho. Boa parte destas aposentadorias

ocorreu nas atividades meio o que aprofundou o risco operacional do CTI,

principalmente nas áreas típicas da administração pública: logística,

suprimentos, RH, patrimônio e financeiro. A área de infraestrutura e

manutenção também foi bastante afetada.

Quando se considera o senso comum de que o serviço público federal

seria inchado e ineficiente, como interpretar os fatos relatados acima?

Afinal, é comum ouvirmos dizer que o serviço público brasileiro tem

servidores demais.

Mas, a percepção de inchamento do serviço público por parte da

sociedade não está de acordo com a realidade percebida no ambiente das

unidades de pesquisa. Não é muito noticiado que o poder executivo

brasileiro, que concentra a prestação direta de serviços para o cidadão e

as atividades de P&D, é relativamente pequeno quando comparado com

a maioria dos países desenvolvidos.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE1)

é uma entidade internacional que congrega 35 países praticantes dos

princípios da democracia representativa e da economia de mercado.

Neste grupo estão, majoritariamente, os países mais desenvolvidos do

planeta. Entre os países membros da OCDE estão Grã-Bretanha, Suíça,

Canadá, Austrália, França e Suécia.

Todos os países citados acima têm percentualmente mais servidores do

que o Brasil, segundo o estudo “Employment in the Public Sector2”,

disponível no sítio da própria OCDE. A média da razão entre o número

de servidores públicos e o total de trabalhadores nos países da OCDE é

pelo menos o dobro da média brasileira. O estudo mostra, também, que

pelo menos 26 dos 35 países da OCDE têm o tamanho relativo do setor

público maior do que o Brasil.

No caso dos países nórdicos, este índice chega a ser quase três vezes

maior em relação ao nosso país. Mesmo os Estados Unidos, um país

considerado como modelo em termos de liberalismo, têm 2 vezes mais

servidores públicos civis federais do que o Brasil em relação ao tamanho

da população. Esses dados foram levantados pelo Ministério do

Planejamento brasileiro no final da década passada a partir de consultas

ao US Office of Personnel Management. Este percentual não leva em conta

a quantidade de servidores militares, o que aumentaria muito o número

relativo de servidores federais nos Estados Unidos comparativamente

com o Brasil.

Os números mostram que, pelo menos no caso do poder executivo, uma

parte da insatisfação do cidadão com os serviços públicos tem origem em

certa escassez de pessoal, e não em excesso.

Esta afirmação fica mais contundente quando se leva em conta que a

distribuição de funcionários públicos dentre as várias áreas de prestação

de serviços ao cidadão desprivilegia a educação, a segurança e a saúde,

por exemplo, que acabam bastante desfalcadas em termos de pessoal. As

estatísticas não tratam da área de C&T, mas há razões para acreditar que

os números seriam piores ainda.

Mesmo um esforço substancial de melhoria da produtividade do setor

público brasileiro não permitiria atingir a qualidade dos serviços

prestados na OCDE, simplesmente por insuficiência de funcionários.

Todos os elementos tratados aqui não implicam que o serviço público

brasileiro esteja isento de áreas de excelência, apesar do desfalque de

1 https://www.oecd.org/ 2 https://www.oecd-ilibrary.org/governance/government-at-a-glance-2015/public-sector-employment-

as-a-percentage-of-total-employment-2009-and-2013_gov_glance-2015-graph48-en

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pessoal. Ao mesmo tempo, não descartam a necessidade de busca por

mais eficiência.

Esta busca envolve uma modernização dos processos administrativos, do

sistema disciplinar e da avaliação de desempenho dos servidores

públicos, temas espinhosos, mas que nossa sociedade precisa enfrentar

com transparência e diálogo responsável, sem prejuízo para a

independência técnica de atuação dos servidores de carreira.

Se por um lado as estatísticas mostram que o Estado brasileiro é

relativamente pequeno comparado com países desenvolvidos, por outro,

este mesmo Estado precisa buscar uma melhoria contínua de suas

entregas para a sociedade, para que esta esteja confortável em mantê-lo

em níveis suficientes de operação.

Isto posto, é preciso refletir com responsabilidade sobre o risco de uma

redução irracional do Estado brasileiro, que nos distanciaria cada vez

mais da realidade de bem-estar dos países da OCDE, talvez nos

aproximando da realidade diametralmente oposta representada por

países como o Haiti, por exemplo.

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1.3. Como

funcionamos? O papel do

regimento interno.

A atuação do CTI está centrada na pesquisa

e desenvolvimento de soluções, apoiadas na

tecnologia da informação, destinadas a

empresas, instituições de ensino e,

principalmente, no atendimento de políticas

públicas estabelecidas pelo Governo

Federal.

Esta atuação pode ocorrer de uma das

seguintes maneiras:

− Projetos de pesquisa: desenvolvimento e

inovação estabelecidos com entidades

públicas ou privadas. Esses projetos são

custeados com recursos oriundos do

Orçamento Geral da União, agências de

fomento, CNPq, FAPESP, FINEP, BNDES,

dentre outras fontes;

− Prestação de serviços tecnológicos: são as

tecnologias desenvolvidas internamente

sendo disponibilizadas ao mercado, na

forma de prestação de serviços, em

atendimento a demanda específica;

− Atuação em redes de cooperação: para

apoiar o desenvolvimento tecnológico das

empresas e outras entidades, visando a

melhoria da qualidade dos produtos e

serviços;

− Estabelecimento de cooperações técnico-

científicas nacionais e internacionais.

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34

Vale destacar que a Instituição é um importante agente

promotor de inovação na sociedade brasileira,

fomentando o desenvolvimento de projetos e ações de

P&D com o uso de Tecnologias da Informação e da

Comunicação, cujas soluções tecnológicas resultantes

podem afetar tanto o ciclo de vida de produtos quanto o

de processos. O CTI se propõe a atuar como um

importante agente mobilizador e, também, executor, das

ações voltadas ao atendimento das políticas públicas

estabelecidas pelo Governo Federal e, para tal, mantem

estreita colaboração com as Secretarias do MCTIC.

Como unidade da administração direta do governo

federal o CTI tem sua atuação normatizada a partir do

seu regimento interno, publicado pelo Ministro de

Estado do MCTIC. O regimento interno representa não

apenas a maneira como o CTI se organiza, com as suas

atribuições institucionais, mas também contém as

diretrizes do alinhamento entre o CTI e a política

nacional de CTI.

O atual regimento do CTI é resultado do resgate da

proposta original de regimento apresentada ao

Ministério de Planejamento em 2006, que sofreu a

posteriori, inadvertidamente, alterações por parte

daquele ministério, conforme histórico mais adiante.

Dentre as características principais do atual regimento

do CTI, estão:

a) estruturação em matriz de competências

b) estabelecimento de laboratório aberto

c) reforço das estruturas de controle interno

d) melhoria do controle interno por meio da

segregação de funções

e) fortalecimento da infraestrutura de laboratórios

f) melhor equilíbrio entre estabilidade e dinamismo

no estabelecimento das áreas de competência do CTI

g) preservação das áreas de competência históricas do

CTI

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35

A linha do tempo

O regimento válido até 2016, estabelecido pela Portaria MCT 907/2006,

foi publicado quando o Centro de Tecnologia da Informação Renato

Archer (CTI) ainda era Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA).

Embora a proposta de Regimento Interno do então CenPRA apresentada

ao Ministério naquela época tivesse envolvido um grande esforço de

elaboração por parte da comunidade interna, o fato é que o regimento

que foi efetivamente publicado pelo MCT acabou sofrendo,

inadvertidamente e sem debate, modificações profundas pelo Ministério

do Planejamento (MPOG). Tais mudanças desfiguraram a proposta inicial

e fizeram com que a estrutura do CTI, praticada a partir de 2006, e nos

quase 10 anos subsequentes, deixasse de refletir os anseios

organizacionais originais.

No contexto de um Regimento Interno diferente do planejado, a

comunidade do CTI teve que se adequar para cumprir a missão

institucional, mesmo enfrentando as deficiências decorrentes destas

modificações involuntárias. Dentre as principais perdas ocasionadas por

esta intervenção externa, estava a impossibilidade de atuação plena na

forma de uma “matriz de competências”, estrutura que já vinha sendo

almejada há alguns anos. Além disso, a versão efetivamente publicada

misturava áreas fim e meio entre as coordenações, talvez por uma

tentativa de distribuir numericamente as divisões pelas coordenações

gerais, criando um regimento totalmente desfigurado.

Não obstante a necessidade legal de cumprimento dos ditames do

regimento desfigurado, o CTI nunca se conformou com as limitações

decorrentes dessas alterações. Na gestão 2007-2011 houve um esforço

de revisão do regimento que, infelizmente, não foi aprovado porque previa

um aumento impraticável no número de cargos comissionados.

Na gestão atual, várias reuniões sobre laboratório aberto, escritório

compartilhado de serviços, entre outros, foram realizadas com vistas a

embasar uma proposta que substituísse o regimento “defeituoso” de

2006.

O interesse pela matriz de competências tinha origem, em parte, na

necessidade de dar uma resposta ao desmantelamento da estrutura dos

Institutos de Microeletrônica, Computação e Automação, ocorrido no

final da década de 90. Por outra parte, a estruturação em matriz criava

as bases para a operação no formato de Laboratório Aberto, uma

aspiração que remonta aos tempos da Comissão Tundisi, no final do

século passado.

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36

A operação em “Matriz de Competências” permite uma forma muito mais

eficiente de aproveitamento dos recursos institucionais uma vez que

desestimula sobreposição e pulverização de esforços. De acordo com a

proposta original de 2006, grosso modo, o conceito de Matriz de

Competências se consolidaria pelo compromisso das divisões da

Coordenação Geral de Tecnologia da Informação (CGTI) em estabelecer e

disponibilizar competências tecnológicas/científicas para o atendimento

da demanda gerada pela Coordenação Geral de Aplicações da Informática

(CGAI), na qual seriam estruturadas as coordenações de Projetos e

Serviços (CPC e CSS), entre outras áreas.

Semelhantemente à estrutura desejada pelo CTI, o ex-Diretor do INPE,

Dr. Marco Antonio Raupp (que posteriormente também dirigiu o LNCC)

já propunha a estruturação das Unidades de Pesquisa do MCT na forma

de Matriz de Competências, como posteriormente tomou conhecimento

esta Diretoria através de relato do próprio Ex-Ministro.

A estruturação de “Laboratórios Abertos” no CTI era uma diretriz traçada

pelo Plano Diretor do período 2011-2015, mas que ainda não podia ser

atendida plenamente justamente por conta das já mencionadas

alterações inadvertidas do regimento de 2006, que impediram a

consolidação da Matriz de Competências.

Complementa a estrutura da matriz de competências o conceito de

“escritório compartilhado”, que permite a otimização de recursos, através

do compartilhamento de serviços.

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37

Todos os conceitos acima são importantes para a

implantação de uma arquitetura de barramento de

serviços na instituição, a qual requer mudanças

profundas de cultura organizacional.

Portanto, embora os esforços de estudo do regimento em

2005-2006 buscassem formar as bases para o

estabelecimento de um Laboratório Aberto no CTI, as

modificações introduzidas pelo Ministério do

Planejamento impediram que a estrutura organizacional

do CTI estivesse preparada para tal.

Em 2016 houve uma demanda, da parte do MCTIC, pela

redução do número de cargos comissionados (DAS) em

todas as unidades de pesquisa. Esta demanda foi

resultado da reforma administrativa da administração

federal anunciada em outubro de 2015 para redução do

número de cargos em comissão durante a recente crise

econômica do país, a qual foi efetivada a partir da

mudança de governo de 2016. A redução de cargos

comissionados exigia uma nova revisão do regimento, sob

pena da gestão ficar inviável.

Esta demanda abriu espaço para que o CTI revisasse

aquele regimento alterado pelo MPOG e, portanto, serviu

para que, definitivamente, o conceito de laboratório

aberto pudesse ser plenamente instituído no CTI. Além

de ser a forma planejada para o CTI ao longo de muitos

anos de reflexão e debates, o formato de laboratório

aberto passou a ser essencial para evitar os prejuízos

advindos da redução de cargos determinada a partir de

2016.

Sem a completa reformulação do Regimento, como foi

feito em 2016, o simples ajuste no número de cargos

poderia reduzir indevidamente a diversidade de atuação

da instituição, com redução de sua capacidade de

produção científica e tecnológica, prejudicando também

o funcionamento básico da instituição, ou seja, seu

sistema operacional.

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38

Reflexões...

O risco da cristalização de áreas de pesquisa no

regimento interno

O dinamismo da área de Tecnologia da Informação (TI) já não é mais uma

surpresa para a sociedade e a Lei de Moore nem chega mais a causar

espanto. As instituições de P&D que param no tempo perdem

rapidamente relevância no setor de TI. Ao mesmo tempo, sabe-se que a

chave do sucesso para o P&D em áreas de alta complexidade é a

estabilidade de objetivos e foco dos esforços próprios.

Portanto, regimentos internos de instituições de P&D devem buscar um

bom equilíbrio entre esses dois polos opostos: dinamismo e estabilidade.

A partir do final da primeira década deste século começou a ocorrer um

questionamento sobre se os temas de P&D cobertos pela estrutura

regimental do CenPRA (2006) refletiriam as tendências da área de

Tecnologia da Informação no mundo.

Novas temáticas, como Computação nas Nuvens, Internet das Coisas, Big

Data não estavam presentes no regimento, por exemplo.

Ao mesmo tempo, o regimento do CTI de 2006 tinha elementos de P&D

típicos do século passado. Além disso, algumas de suas divisões atuavam

fora da descrição regimental para continuar “na crista da onda” do P&D,

acompanhando os desafios contemporâneos da área.

Outra característica inerente ao Serviço Público Federal é que este não

tem dinamismo suficiente para gerar regimentos na velocidade requerida

para o acompanhamento das evoluções tecnológicas.

Os questionamentos mencionados acima demonstram que pode ser

temerário para um centro de pesquisa cristalizar em sua estrutura

regimental as áreas de pesquisa. Por outro lado, se a realidade de

evolução do universo digital atropela as instituições que não são capazes

de se reinventar continuamente, a falta de estabilidade nos esforços leva

a instituição para rotas erráticas e imediatistas, sem que se aprofunde

nas complexas temáticas de P&D. Nos dois casos os resultados são

igualmente devastadores.

Alguns elementos devem ser considerados quando se analisa o equilíbrio

entre dinamismo e estabilidade, como segue:

Pelo lado do dinamismo:

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39

1. Os regimentos internos são esteios da estrutura burocrática do

Governo e não podem ser constantemente mudados, uma vez que

a execução de processos administrativos precisa ocorrer numa

estrutura estável, sob pena de instabilidade nos diversos

normativos requeridos para a operação ou, pior, perda de

aprendizagem organizacional a cada mudança, criando um

ambiente caótico de gestão. Então, se por um lado é conveniente

que os regimentos sejam estáveis, por outro não convém cristalizar

temas de pesquisa no regimento, sob pena da área fim da

instituição se tornar obsoleta ao longo do tempo. Afinal, o regime

rápido de evolução da área fim não pode ser aplicado a área meio.

2. A existencia de divisões de pesquisa estáticas, calcadas no

regimento interno é desnecessária e não contribui para a eficácia e

eficiência do trâmite de processos administrativos, sendo um

elemento de enrijecimento institucional que não se coaduna com a

realidade dinâmica da área de TI.

E pelo lado da estabilidade:

3. O pequeno quadro de servidores limita a diversidade de

conhecimentos e, ao mesmo tempo, os servidores não conseguem

se capacitar na velocidade necessária para abarcar todas as áreas

emergentes de TI.

4. A constante troca de foco de pesquisa é um elemento de

desmotivação das equipes, bem como de desperdício de recursos.

5. A infraestrutura de pesquisa da instituição tem um tempo

característico de consolidação, limitando a velocidade de evolução,

principalmente no caso de áreas emergentes intensivas em

infraestrutura.

Retirar as amarras do Regimento à evolução dos temas de pesquisa em

tecnologia da informação, aumentando a liberdade dos pesquisadores, é

o ponto de partida para evitar que a instituição fique obsoleta e perca

relevância no cenário de P&D de TI mundial. O ponto de chegada é

garantir meios para que a instituição ofereça estabilidade de esforços,

sem que a retirada de amarras lance a instituição numa rota errática.

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40

O regimento interno do CTI vigente

O Governo Federal passou por um processo de reestruturação que

resultou na extinção de milhares de cargos comissionados, incluindo

centenas no MCTIC. A reestruturação foi determinada pelo Ministério do

Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e se consolidou com a entrada

em vigor do Decreto nº 8.877, de 18 de outubro de 2016, que alterou a

estrutura do Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações

(MCTIC). Na mesma ocasião foram alterados também os regimentos

internos das unidades centrais do Ministério e das unidades de pesquisa,

dentre as quais, o CTI.

O CTI passou a ser regido pela Portaria MCTIC nº 5.146, de 14 de

novembro de 2016, que estabeleceu o seu novo regimento interno. A nova

organização do CTI foi sugerida com o cuidado de manter todas as

competências históricas existentes, além de promover a aceleração dos

processos internos promovendo a eficiência Institucional.

Figura 1 - Organograma do CTI Renato Archer

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41

Vantagens da nova organização

● As competências técnicas do CTI terão um campo livre para se desenvolverem;

● O acesso aos equipamentos, infraestrutura e serviços administrativos será democratizado, com normas claras para reserva, utilização, financiamento e

gestão

● Os pesquisadores terão incentivo para buscar novas fontes de financiamento e

parcerias tecnológicas para o desenvolvimento de projetos conjuntos.

● Os Núcleos tecnológicos constituem estruturas não hierarquizadas.

● Os Núcleos serão coordenados por lideranças técnicas e pesquisadores identificados com o tema de pesquisa, com

uma organização mais adequada.

● Flexibilidade de funcionamento e extinção dos Núcleos, os quais serão regidos por normas avaliadas pelo Comitê Técnico-

Científico do CTI.

● Uma nova linha de pesquisa que se desenvolva e ganhe relevância suficiente

pode constituir uma nova competência na estrutura do CTI.

● Qualquer servidor do CTI pode propor a criação de um Núcleo.

● Um Núcleo evita o congelamento por normas burocráticas.

● Outras Instituições podem utilizar as estruturas dos Laboratórios Abertos,

promovendo a eficiência no uso da infraestrutura e o desenvolvimento de projetos colaborativos de desenvolvimento

tecnológico

● Maior controle da estrutura do CTI por parte da sociedade brasileira.

O novo regimento do CTI, estabelecido a partir de 2016, buscou viabilizar

numa mesma estrutura o dinamismo de áreas fins desvinculados do

regimento e a estabilidade da pesquisa, através de uma estrutura de

governança com controle externo.

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A integração destes dois conceitos num mesmo regimento foi conseguida

no novo regimento através das seguintes características:

a) Respeito à vocação de pesquisa da instituição através do registro

genérico das áreas de atuação no próprio regimento;

b) Fixação das competências de gestão, infraestrutura e controle da

instituição no regimento, criando um “sistema operacional” que

garanta a funcionalidade administrativa da instituição;

c) estabelecimento de um sistema dinâmico de pesquisa e

desenvolvimento baseado em Núcleos e não na estrutura

hierárquica convencional (divisões com cargos comissionados),

cuja criação, operação e extinção passa por instâncias colegiadas

de decisão, bem como análise pelos pares.

A maior parte dos servidores da área finalística do CTI passam a estar

submetidos diretamente ao Coordenador-Geral de Processos e Serviços sem a intermediação de chefias intermediárias.

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Todas as antigas divisões técnicas do CTI foram rearranjadas dentro dos

Núcleos para desenvolvimentos das competências técnicas do CTI, aos quais os servidores poderão estar vinculados de acordo com seus

conhecimentos e sua atuação pregressa.

De uma forma geral, a maior parte dos chefes de Divisão permaneceram como chefes dos Núcleos. As competências técnicas do CTI, organizadas

em Núcleos, garante a perenidade das áreas de competência desenvolvidas historicamente, além de facilitar a criação de novos

Núcleos alinhados com as mais recentes tendências tecnológicas mundiais.

Para auxiliar nestas tarefas a Coordenação-Geral conta com três Divisões, as Divisões de Gestão, Acompanhamento e Controle da Prestação de Serviços e de Gestão, Acompanhamento e Controle de

Contratos e Convênios de P&D&I, destinadas a gerenciar as relações do órgão com a iniciativa privada e com instituições parceiras e a Divisão de Planejamento e Análise de Desempenho, que compilará os dados e

indicadores prestando o apoio necessário à gestão dos projetos.

Portanto, essa forma de trabalho é mais dinâmica e evita a cristalização

da estrutura, sem a necessidade de revisões do Regimento Interno para atender às exigências do desenvolvimento de novas áreas de pesquisa em

razão da evolução científica e tecnológica.

Os Núcleos serão os principais demandantes dos serviços, no tocante aos

projetos de pesquisa, prestados pela COLAB, através das divisões de infraestrutura e pelas divisões de gestão e administrativas do CTI.

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44

1.4. O papel da direção

do CTI: a diretoria, as

coordenações gerais e as

divisões.

As relações hierárquicas dentro de uma

unidade da administração direta são

regidas principalmente pela Lei 8.112 e pelo

Regimento Interno da Unidade e se

diferenciam sobremaneira das relações

existentes no setor privado ou mesmo na

universidade. O instrumento disciplinar

típico do Governo Federal é o Processo

Administrativo Disciplinar, que também é

altamente regulamentado. Treinamento

neste tipo de atividade é recomendável para

qualquer gestor.

O Centro de Tecnologia da Informação

Renato Archer é uma Unidade de Pesquisa

do MCTIC que é gerida por um Diretor

escolhido para um mandato de quatro anos,

com possibilidade de uma recondução, por

Comitê de Busca criado pelo Ministro de

Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações, em conformidade com os

artigos 9º e 10 do Regimento Interno do CTI.

O Diretor executa suas atividades através

de atos administrativos, que são também

ações regulamentadas e requerem um

sistema de registro público e transparente

conhecido como “Processo Administrativo”.

Os atos administrativos têm uma série de

características e princípios que precisam

ser observadas, caso contrário são nulos.

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Do ponto de vista da forma como o governo se

organiza, o CTI é uma unidade gestora, o que

significa que é responsável pela gestão de seu

próprio orçamento. Para isso, o Diretor do CTI

(autoridade máxima da instituição) recebe a

atribuição de “ordenador de despesas”.

Existe uma portaria específica que diz o que o

Diretor do CTI pode ou não fazer (Portaria MCT

nº 407, de 29/06/2006). A primeira coisa que

um novo Diretor deve fazer é tomar

conhecimento de quais são estas atribuições.

A atividade de ordenação de despesas é muito

regulamentada e requer treinamento

específico para sua execução, uma vez que

pressupõe uma série de obrigações, vedações

e cuidados ao profissional que por ela se

responsabiliza. A não observância destas

obrigações e vedações é uma forma de

improbidade, razão pela qual o referido

treinamento é aconselhável.

Portanto, um Diretor de instituição de

pesquisa deve estar preparado para direcionar

sua carreira para questões administrativas

durante o período em que estiver no comando

da instituição. A responsabilidade por todos os

atos administrativos é do Diretor, que tem a

obrigação de fiscalizar, controlar, planejar,

programar, organizar e comandar as

atividades.

No caso de um cientista, este requisito de

envolvimento com questões meramente

administrativas pode exigir estudo e

preparação em novos assuntos, uma vez que

o aumento da segurança jurídica da gestão

requer muitas horas de dedicação aos

processos administrativos, dos mais

corriqueiros aos mais complexos.

De forma geral, o papel de um gestor de

Unidade de Pesquisa é criar um sistema

operacional de pesquisa que sirva de base para

as atividades de P&D da instituição.

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Normalmente, é o gestor da unidade de pesquisa que:

I. Garante o “compliance” das atividades

administrativas, evitando situações de risco

para os praticantes de atos administrativos;

II. Garante a segurança das instalações,

evitando situações de risco para a

integridade física de seus colaboradores e

visitantes, protegendo também o patrimônio

público de sinistros;

III. Garante o bom uso dos recursos

públicos, observando os princípios da

administração pública;

IV. Facilita a definição das diretrizes de cada

área, dando independência para que os

pesquisadores desempenhem suas funções

de prospecção com autonomia técnico-

científica

V. Contribui para a atração de recursos,

apoiando e estimulando as iniciativas dos

pesquisadores, sem com eles competir

VI. Consegue manter a linha mestra de

atividades da instituição, seguindo o

regimento interno e evitando que a

instituição atue de forma fragmentada ou

que assuma rotas erráticas, com respeito à

criatividade e à independência técnico-

científica de seus colaboradores

VII. Garante a disponibilidade e qualidade de

funcionamento da infraestrutura e dos

serviços básicos

VIII. Promove o bem-estar dos servidores e

colaboradores.

A Divisão de Relações Institucionais (DIRIN) está vinculada à Diretoria,

de modo a atender todo o órgão e a auxiliar a Direção nas atividades de

comunicação social e institucional.

A Coordenação de Planejamento e Melhoria de Processos (COPMP) auxilia

a Direção da unidade de pesquisa no planejamento da instituição, na

melhoria de processos internos de trabalho, nas funções de controle de

atos administrativos e realizará as funções de Ouvidoria do órgão.

Responsável, também pelo estabelecimento de uma política institucional

de gestão de riscos e de controle interno. O estabelecimento desta

coordenação no regimento interno foi uma resposta à recomendação da

CGU emitida através da Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 01,

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de 2016, que dispõe sobre controles internos, gestão de riscos e

governança no âmbito do Poder Executivo Federal.

A Diretoria do CTI foi reforçada ainda com a Coordenação de Atuação

Regional (COARE), a qual opera disciplinando a atuação da instituição

em projetos de pesquisa informados pela realidade regional do país, com

a possibilidade de estabelecimento de mais três núcleos regionais. A

COARE é uma forma de projetar a missão do CTI para todas as regiões

do país sem que o CTI precise estabelecer custosa infraestrutura.

Os Núcleos, atualmente existentes, são o Núcleo Regional de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação em Tecnologia da Informação no Nordeste,

CTI-NE, com sede em Fortaleza/CE e o Núcleo Regional de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação – P, D&I no Sul, CTI-Sul, em fase de

implantação em Londrina/PR.

A infraestrutura básica destes núcleos é mantida pelo Governo do Estado

e Município, respectivamente. Há a possibilidade de estabelecimento de

mais dois núcleos regionais segundo o regimento interno.

Com a finalidade de auxiliar a direção no apoio e na interlocução com as

políticas públicas do Governo Federal, foram criadas duas novas

Divisões, a de Acompanhamento e Apoio a Políticas em Tecnologia Social,

à qual está vinculado o CNRTA, e a de Acompanhamento e Apoio a

Políticas em Tecnologia Digital.

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Por fim, as competências técnicas e administrativas estão estruturadas

em três coordenações gerais:

Coordenação-Geral de Projetos e Serviços (CGPS)

As competências técnicas desenvolvidas pelo CTI estão concentradas na

CGPS e utilizam um ou vários dos serviços oferecidos pela instituição para garantir o sucesso dos projetos:

A CGPS abriga a maioria dos pesquisadores do CTI, constituindo-se em uma Coordenação-Geral destinada a propor projetos de pesquisa e

aplicações inovadoras, obter financiamento e implementar ferramentas modernas de gestão e avaliação de projetos.

Coordenação Geral de Competências Institucionais (CGCI)

A CGCI garante as infraestruturas necessárias à execução de projetos e

parcerias, bem como administra os laboratórios abertos. A CGCI abrange uma série de serviços técnicos oferecidos aos pesquisadores do CTI, compreendendo a Divisão de Inovação Tecnológica, a Divisão de

Infraestrutura Computacional e de Sistemas de Informação, as Divisões de Infraestrutura Predial e Manutenção e a Divisão de Projetos de

Infraestrutura.

Coordenação-Geral de Administração (CGAD)

A Coordenação-Geral de Administração (CGAD), provê as necessidades administrativas para o CTI, tais como:

● Gestão de compras,

● Gestão de contratos,

● Gestão do patrimônio e de suprimentos;

● Gestão de pessoas e serviços; e

● Gestão financeira

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50

1.5. Outras instâncias de

governança

Para assessoramento e orientação do Diretor

do CTI no planejamento das atividades científicas e tecnológicas, o CTI tem como órgão colegiado vinculado o Conselho Técnico e

Científico – CTC. O CTC contém 11 membros, de acordo com o artigo 41 do Regimento Interno.

Além do Diretor do CTI, do Coordenador-Geral de Projetos e Serviços e do

Coordenador-Geral de Competências Institucionais, compõem o CTC um membro do quadro permanente das carreiras de pesquisa em ciência e tecnologia e de desenvolvimento tecnológico, um membro escolhido entre

agentes públicos que exerçam suas atividades no CTI, três membros escolhidos entre especialistas de outras Unidades de Pesquisa do MCTIC ou de outros órgãos da Administração Pública atuantes em áreas afins

às do CTI e três membros representantes da comunidade científica, tecnológica ou empresarial também atuantes em áreas afins às do CTI.

Ao CTC compete apreciar e supervisionar a implementação da política científica e tecnológica, pronunciar-se sobre o relatório anual de atividades, acompanhar a avaliação de desempenho dos servidores do quadro de pesquisadores e tecnologistas, acompanhar a aplicação dos

critérios de avaliação de desempenho institucional, dentre outras funções de assessoramento previstas no artigo 42 do Regimento Interno.

Anualmente, o CTI celebra com a Diretoria de Gestão das Unidades de Pesquisa e Organizações Sociais um Termo de Compromisso de Gestão, no qual são estabelecidos os compromissos da equipe de gestão do CTI e da DPO para assegurar a excelência científica da entidade, nos termos do

artigo 47 do Regimento Interno.

O CTI dispõe também de uma Comissão de Ética, constituída pela Portaria nº 75/2017/SEI-CTI, de 10 de outubro de 2017, que zela pela

aplicação do Código de Ética do Servidor Público Federal, Decreto nº 1.171/1994, no âmbito da Unidade de Pesquisa.

Outras instâncias de governança que devem ser mencionadas são o Comitê de Tecnologia da Informação, Comunicação e Segurança, a

Comissão Permanente de Formação de Recursos Humanos, Comissão Permanente de Licitação e a Subcomissão Permanente de

Acompanhamento da Avaliação de Desempenho – SubCAD da Gratificação de Desempenho de Atividade de C&T - GDACT.

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51

Reflexões...

Sobre cargos comissionados, meritocracia e

segregação entre atividades meio e fim

É comum em unidades de pesquisa a confusão entre o papel do cargo

comissionado e o reconhecimento da excelência técnico-científica. Em muitas

situações o pesquisador nem faz questão de ocupar o cargo comissionado por

razões pecuniárias, mas na condição de líder técnico-científico acaba buscando

esta posição para que possa ter liberdade na proposição de rumos em sua área

de atuação. Este zelo pela liberdade técnico-científica deve ser festejado e não

criticado. Por este motivo, o regimento de 2016 estabelece uma forma de

garantir esta liberdade, sem perda de regularidade e sem a necessidade de uma

profusão de cargos.

A estrutura hierárquica de qualquer Unidade Gestora deve ser prioritariamente

destinada para a operação institucional. Os cargos disponíveis devem ser

destinados para manter a regularidade dos processos administrativos, da

infraestrutura e do controle, com vistas a garantir um sistema operacional

funcional para as áreas fins. Quando o servidor da área fim tem que se dedicar

para a área meio, há uma deterioração na qualidade e amplitude de seus

resultados. Pesquisadores que tiveram a oportunidade de atuar em instituições

de ponta estrangeiras sabem o quanto é reconfortante poder contar com

sistemas operacionais funcionais que garantam um efetivo suporte à pesquisa.

Quando o cargo comissionado é utilizado para reconhecer excelência

acadêmica, é comum “perder o cientista sem que se ganhe o gestor”.

Outras formas de reconhecimento de mérito devem ser buscadas para estimular

o crescimento constante dos indicadores de inovação/científicos da instituição.

No caso do CTI, a direção tem feito um esforço para viabilizar os estímulos

previstos nos Artigos. 8º e 9º da Lei 10.973/04, ou seja, a previsão de

pagamento de retribuição pecuniária3 e bolsas para atividades voltadas à

inovação.

Esta é a verdadeira forma e reconhecimento de mérito que produzirá um aumento significativo na produção técnico-científica da instituição, respeitando o papel que os pesquisadores devem desempenhar.

Assim, estabelecidos os mecanismos de incentivo à inovação, pode a instituição prescindir dos cargos comissionados como elementos de reconhecimento acadêmico e tecnológico.

3 https://www.cti.gov.br/pt-br/cti-efetua-pagamento-de-retribuição-pecuniária-sob-forma-de-

gratificação-adicional-variável

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52

Planejamento

estratégico:

Impacto e

oportunidades

novo marco

legal de CT&I

A regulamentação do novo Marco Legal da

Ciência, Tecnologia e Inovação abre um

horizonte de novas possibilidades para o

ecossistema da pesquisa, do

empreendedorismo e da inovação no Brasil,

devendo ser cuidadosamente analisado

pelas ICT púbicas e unidades de pesquisa

do governo federal. Os aspectos

estruturantes para a visão de médio e longo

prazo da política nacional de CT&I estão

presentes nos instrumentos elencados

neste texto, e trouxeram ao CTI o desafio de

interpretar e ajustar os instrumentos

internos em curso à luz das novas

orientações nacionais.

2

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53

2.1. A lei n° 13.243/2016

Amplamente divulgado na mídia comum e

técnica, o novo marco legal da inovação, foi

aprovado em 11 de janeiro de 2016, a Lei n°

13.243/2016. A nova lei é resultado de um

processo de cerca de cinco anos de discussões

entre atores do Sistema Nacional de Inovação

(SNI) nos âmbitos das Comissões de Ciência e

Tecnologia da Câmara e do Senado.

Estas discussões tinham como ponto de

partida o reconhecimento e a necessidade de

alterar pontos na Lei de Inovação

10.973/2004 e em outras nove leis

relacionadas ao tema (Lei da Informática, Lei

do Bem, etc), de modo a reduzir obstáculos

legais e burocráticos e conferir maior

flexibilidade às instituições atuantes neste

sistema.

Ao todo, nove leis foram modificadas pelo

Marco Legal publicado em 2016. Alguns

dispositivos são inéditos, outros visam

clarificar pontos polêmicos que careciam de

segurança jurídica para serem implementados

de forma efetiva.

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54

Entre outras novidades relevantes, destaca-se a permissão de que professores

e pesquisadores de ICT púbicas em regime de dedicação integral desenvolvam

pesquisas dentro de empresas e a previsão de que laboratórios universitários

e das ICT púbicas sejam usados em parceria com outras ICT públicas e

privadas, empresas e pessoas físicas, mediante acordo especifico e

remuneração financeira ou não financeira.

Destaca-se ainda, em função da sua relevância para as ICT públicas, a

importância da alteração da redação do art. 18, que passa a ser:

“Art. 18. A ICT pública, na elaboração

e na execução de seu orçamento,

adotará as medidas cabíveis para a

administração e a gestão de sua

política de inovação para permitir o

recebimento de receitas e o pagamento

de despesas decorrentes da aplicação

do disposto nos arts. 4º a 9º, 11º e 13º,

o pagamento das despesas para a

proteção da propriedade intelectual e

o pagamento devido aos criadores e

aos eventuais colaboradores.

Parágrafo único. A captação, a gestão

e a aplicação das receitas próprias da

ICT pública, de que tratam os arts.

4º a 8º, 11º e 13, poderão ser

delegadas a fundação de apoio,

quando previsto em contrato ou

convênio, devendo ser aplicadas

exclusivamente em objetivos

institucionais de pesquisa,

desenvolvimento e inovação, incluindo

a carteira de projetos institucionais e a

gestão da política de inovação. ” (NR)

Publicação da revista Radar nº 43 - Fevereiro de 2016 do IPEA,

intitulada “O NOVO MARCO LEGAL DA INOVAÇÃO NO BRASIL: O QUE

MUDA NA RELAÇÃO ICT-EMPRESA?”, da autoria de Cristiane Vianna

Rauen (Doutora em economia pela Universidade Estadual de Campinas

-Unicamp. Tecnologista do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência

e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação -

IBICT/MCTI) pondera que:

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55

“Em vista de as alterações serem muito recentes, até este

momento foram publicados alguns posicionamentos de

associações de classe e opiniões jornalísticas sobre o novo

marco legal da C,T&I. Este artigo, no entanto, traz uma

proposta de sistematização dessas mudanças e de seus

principais impactos, em particular sobre os aspectos

relacionados à temática da interação instituição científica e

tecnológica (ICT)-empresa

Inspirada na Lei de Inovação francesa2 e no Bayh-Dole Act

americano, a Lei nº 10.973/2004 (Brasil, 2004) representa o

marco legal da inovação no Brasil. Estruturada em sete

capítulos, quatro dos quais voltados ao estímulo à atividade

inovativa em diferentes esferas, a Lei de Inovação pode ser

definida como um arcabouço jurídico-institucional voltado ao

fortalecimento das áreas de pesquisa e da produção de

conhecimento no Brasil, em especial da promoção de

ambientes cooperativos para a produção científica, tecnológica

e da inovação no país. (...)

Entre os temas tratados pela Lei de Inovação, grande peso é

dado ao estabelecimento de mecanismos de incentivo à

interação ICT-empresa e ao fortalecimento dos agentes

intermediadores dessa relação, como as instituições de apoio

(na figura das fundações de apoio – Lei nº 8.958/1994) e os

chamados núcleos de inovação tecnológica (NITs).

Os artigos que especificam os tipos e as formas de

operacionalização dessa interação na Lei de Inovação são:

Artigo 4º , que estabelece as regras sobre compartilhamento

ou permissão para utilização de laboratórios e instalações de

ICTs com empresas ou organizações de direito privado sem

fins lucrativos; Artigo 8º , que estabelece as regras e os

incentivos sobre a prestação de serviços por ICTs a instituições

privadas; e Artigo 9º , que estabelece as regras e os incentivos

da celebração dos acordos de parceria entre ICTs e

instituições privadas para o desenvolvimento tecnológico.

As principais formas de estímulo que a lei estabelece nesses

artigos, visando à interação de instituições e de pesquisadores

com empresas para a realização dessas atividades, são:

recebimento de remuneração pela ICT, nos termos de contrato

ou convênio, para o compartilhamento ou a permissão para

uso de laboratórios ou instalações, conforme previsto no Artigo

4º ; recebimento de retribuição pecuniária, diretamente da ICT

ou da instituição de apoio associada, pelo pesquisador

envolvido na prestação de serviço prevista no Artigo 8º e

recebimento de bolsa de estímulo à inovação, diretamente da

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56

instituição de apoio associada à ICT ou de agência de fomento,

pelo pesquisador envolvido nas atividades previstas no

acordo de parceria firmado com empresas, conforme

especificado pelo Artigo 9º .

O objetivo da lei era que tais possibilidades funcionassem

como formas efetivas de estímulo ao maior engajamento de

ICTs e seus pesquisadores em atividades de inovação com

empresas. No entanto, durante os anos de vigência da Lei de

Inovação, estes incentivos – contrapartidas financeiras à ICT,

retribuição pecuniária e pagamento de bolsas aos

pesquisadores envolvidos em atividades de inovação – foram

subutilizados e, de modo geral, as parcerias público-privadas

para o desenvolvimento tecnológico permaneceram em

patamares aquém dos desejados. ”

As principais dificuldades observadas na promoção da interação ICT-

empresa advêm da ausência, na própria de Lei de Inovação, de definições

claras sobre as práticas e o modo de operação da gestão da inovação por

ICTs em parcerias com instituições privadas. Desta dificuldade se

destaca a importância da regulamentação da Lei a partir de Decreto

específico. O mesmo foi publicado em fevereiro de 2018, trazendo novas

diretrizes ao processo já em curso.

Em função do exposto, é inegável a conclusão de que a

regulamentação do novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e

Inovação abre um horizonte de novas possibilidades para o

ecossistema da pesquisa, do empreendedorismo e da inovação

no Brasil, devendo ser cuidadosamente analisado pelas ICT

púbicas e unidades de pesquisa do governo federal. Os aspectos

estruturantes para a visão de médio e longo prazo da política

nacional de CT&I estão presentes nos instrumentos já

elencados neste texto, e trouxeram ao CTI o desafio de

interpretar e ajustar os instrumentos internos em curso à luz

das novas orientações nacionais.

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57

2.2. O Decreto n°

9.283/2018

Em consonância com o processo

participativo que caracterizou a promulgação

da Lei nº 13.243/2016, O Ministério da

Ciência, Tecnologia, Inovação e

Comunicações (MCTIC) colocou em consulta

pública o decreto de regulamentação do

Marco Legal da Ciência, Tecnologia e

Inovação em 2017. Na consulta pública, feita

em duas etapas, a população apresentou

contribuições sobre os dispositivos da lei

10.973/2004, já em texto compilado com

alterações posteriores, que exigem algum

tipo de regulamentação e, num segundo

momento, sobre a minuta de decreto.

No início de 2018 ocorre a publicação do

Decreto n° 9.283/2018. Mais uma vez, de

forma coordenada nacionalmente, elementos

novos passam a integrar a política de CT&I e

seus pressupostos, gerando a necessidade de

nova reflexão.

O decreto nº 9.283/2018 regulamenta uma

das leis mais relevantes para a atuação do

CTI, a Lei da Inovação (nº 10.973/2004).

Publicada pela primeira vez em 2004, ela

recebeu ao longo dos anos uma série de

alterações, com destaque para as realizadas

em 2016, mas ainda não tinha um decreto

que a regulamentasse.

O decreto nº 9.283 publicado ao início de

2018 tem cerca de 70 páginas e 84 artigos.

Sua complexidade e importância são

inquestionáveis. Ele regulamenta elementos

fundamentais da lei de inovação, que tem

impacto direto na política de inovação do CTI

que estava sendo gestada. O CTI, bem como

as demais unidades de pesquisa do MCTIC,

se viu na responsabilidade de rever as suas

práticas e normativos em curso de forma a

atender ao novo decreto.

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58

Reflexões...

O planejamento estratégico e institucional

A regulamentação do novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação

abriu um horizonte de novas possibilidades, impactando todo o processo

de planejamento em curso.

A elaboração e construção do planejamento estratégico e institucional é

um processo complexo, que deve ser amadurecido ao longo do tempo e

que deve contemplar os dois papeis ocupados pela instituição e descritos

acima.

Além da importância inequívoca da participação da comunidade

envolvida, o que assegura ao processo transparência, democracia e

aderência a realidade, é necessário observar ainda outros elementos de

contexto que podem ser externos a instituição.

O primeiro plano diretor do CTI, na sua atual gestão, contemplou o

período de 2011 a 2015. O novo plano para 2016 a 2019 estava em

“gestação”. O avanço na sua concepção dependia da análise qualitativa e

quantitativa dos indicadores e metas definidos no plano 2011 - 2015,

bem como do balanço sobre os avanços obtidos, a superação de fraquezas

e desafios identificados em 2011, e quais seriam as novas oportunidades

para o CTI no cenário nacional.

Em 2016 a definição e publicação da estratégia nacional, do novo marco

legal da inovação e do novo regimento interno do CTI trouxeram

elementos novos e estruturantes ao processo de planejamento estratégico

e institucional do CTI. Em que pese as iniciativas já em curso, teria sido

imprudente avançar sem o amadurecimento da influência destes

instrumentos oficiais nos documentos internos em elaboração.

Com a publicação do novo regimento, o processo de planejamento

estratégico (PE) no CTI se iniciou, de forma oficial, em dezembro de 2016,

através das reuniões da Divisão de Relações Institucionais (DIRIN) para

definição da agenda de trabalho.

Em fevereiro de 2017 foi realizado o “Workshop de Planejamento

Estratégico” para sensibilização da comunidade do CTI. Compareceram

no CTI empresas e consultores que apresentaram metodologias utilizadas

nas atividades de Planejamento Estratégico.

Em 27 de junho de 2017, o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações

e Comunicações (MCTIC) iniciou a mobilização, apoiada pela a Escola

Nacional de Administração Pública (ENAP), a definição de diretrizes,

objetivos, metas e Mapa estratégico do MCTIC.

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59

Em 25 de agosto de 2017 a Portaria nº 50/2017/SEI-CTI constituiu o

grupo de trabalho (GT-PE) para viabilizar a realização do Planejamento

Estratégico. No dia 06 de outubro de 2017, o GT-MVV responsável pela

elaboração de proposta de redação para a Missão, a Visão e os Valores do

CTI apresentou os resultados do trabalho em reunião para o Diretor do

CTI e o Coordenador do GT-PE.

Em 13 de dezembro de 2017, a Portaria nº 7.204 publicou a aprovação

do Planejamento Estratégico do Ministério de Ciência, Tecnologia,

Inovações e Comunicações para o período de 2018 a 2022. Sua

publicação deu origem a processo imediato de desdobramento dos

objetivos estratégicos do Ministério em ações estratégicas das unidades

de pesquisa, com impacto direto no planejamento já em curso pelo CTI.

Conforme se pode observar pelos relatos presentes neste documento,

muitas foram as ferramentas de construção utilizadas no processo

descrito. Além da composição dos GTs, a comunidade CTI foi convidada

a participar de uma série de palestras estruturadas que contemplavam

os temas centrais relacionados ao planejamento estratégico e

institucional. Consultas estruturadas, de forma eletrônica, e mesas

individuais de comunicação entre as equipes também foram realizadas.

Muito se escutou. Muito se explicou em função das novidades trazidas

pelos instrumentos legais nacionais.

O processo interno de aprendizagem e amadurecimento foi tomou

bastante tempo, por isso foi rico em debates e discussões.. Os

documentos estruturantes para a construção do planejamento

estratégico e institucional do CTI estão prontos e aderentes ao marco

legal nacional. Devem agora ser analisados e incrementados de forma

estruturada pela comunidade. Desta forma teremos, ao final, um plano

alinhado com as novas diretrizes nacionais e que respeite o histórico

coletivo de construção dos seus instrumentos.

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60

2.3. O Processo de

construção institucional

do Planejamento

Estratégico e do MVV

O processo de planejamento estratégico (PE) no CTI se iniciou em

dezembro de 2016, através das reuniões da Divisão de Relações

Institucionais (DIRIN) para definição da agenda de trabalho. Em fevereiro

de 2017 foi realizado o “Workshop de Planejamento Estratégico” para

sensibilização da comunidade do CTI. Compareceram no CTI empresas e

consultores que apresentaram metodologias utilizadas nas atividades de

Planejamento Estratégico.

Linha do tempo

O Workshop de Planejamento Estratégico foi realizado pela

DIRIN, entre os dias 17 e 24 de fevereiro, com

apresentação de palestras por especialistas em PE como

forma de realizar a sensibilização do público interno para

as atividades. Participaram os seguintes especialistas:

Adauto Delgado (consultor de Empresas em PE.

Especialista indicado pelo Professor Dr. Miguel Bacic, do

Instituto de Economia da UNICAMP); Eliezer Arantes da

Costa Dias (consultor de Empresas em Planejamento

Estratégico -PE- Future Trends TDPG Ltda. Especialista

indicado por Antonio J. Balloni, CTI); Consultores da

empresa Aquila4 os palestrantes Leonardo Rischelle e

Vinicius Aroeira; e Adriano Pedro Bom (Sócio Diretor da

PROPTER desenvolvimento gerencial. Especialista

indicado pelo Professor Dr. Miguel Bacic, do Instituto de

Economia da UNICAMP).

Em 25 de agosto de 2017 a Portaria nº 50/2017/SEI-CTI

constituiu o grupo de trabalho (GT-PE) para viabilizar a

realização do Planejamento Estratégico. O Grupo de

Trabalho (GT-PE) e o grupo de trabalho (GT-MVV) forma

incumbidos das seguintes responsabilidades,

respectivamente: viabilizar a realização do Planejamento

Estratégico; levantar subsídios para definição de proposta

4 http://www.institutoaquila.com.br

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61

de missão, visão e valor para o planejamento estratégico

do CTI.

O trabalho executado pelos GTs observou as seguintes

referências legais:

● Regimento Interno do CTI - Portaria MCTIC nº 5.146, de

14 de novembro de 2016;

● Portaria nº 50/2017/SEI-CTI de 25 de agosto de 2017;

● Portaria MCTIC 7.204, de 13 de dezembro de 2017 (DOU

Nº 239 de 14 de dezembro de 2017);

● Memorando nº 928/2018/SEI-CTI de 15 de agosto de

2018 (3265982);

● Memorando nº 932/2018/SEI-CTI de 15 de agosto de

2018 (3268522).

Entre os dias 25 de agosto a 12 de setembro de 2017, o

GT-PE concentrou-se no trabalho de prestar apoio aos

Núcleos tecnológicos do CTI para o preenchimento da

planilha com informações de projetos e serviços atuais e

as propostas de futuros. O preenchimento e entrega das

planilhas foi encerrado no dia 02 de outubro de 2017 com

o Roadmap dos Núcleos do CTI.

No dia 06 de outubro de 2017, o GT-MVV responsável pela

elaboração de proposta de redação para a Missão, a Visão

e os Valores do CTI apresentou os resultados do trabalho

em reunião para o Diretor do CTI e o Coordenador do GT-

PE.

O GT-PE realizou reuniões nos dias 29 de setembro e 17

de novembro de 2017, e nos dias 27 de fevereiro e 02 de

março de 2018. Nestas reuniões foram discutidos o

andamento do processo de planejamento estratégico do

MCTIC, a proposta de Visão, Missão e Valor formulada pelo

grupo designado para esta finalidade na Portaria CTI nº

50/2017, o modo de validação deste trabalho pela

comunidade do CTI e o processo de elaboração do

Planejamento Estratégico da unidade de pesquisa. Além

disso, foram discutidos os critérios de seleção de

servidores e colaboradores externos que participarão das

oficinas presenciais de planejamento estratégico e as

metodologias de Planejamento Estratégico que orientarão

a realização das referidas oficinas, notadamente, a

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62

metodologia Balanced ScoreCard (BSC) e Ziel-Orientierte

Projekt Planung (ZOPP).

Reuniões realizadas para a discussão e definição de

atividades do planejamento estratégico: 29 de setembro,

01 de novembro, 17 de novembro de 2017, 27 de novembro

de 2017, 27 de fevereiro e 02 de março de 2018.

O GT-PE realizou diversas reuniões e discutiu

possibilidades e oportunidades para o PE do CTI Renato

Archer. Diversos fatores podem demandar esforço para a

execução do PE, particularmente a escolha da metodologia

e forma realização do PE. Os fatores a considerar quando

da escolha por uma ou mais das metodologias são: a

complexidade do problema, a familiaridade com a

situação, o tempo disponível, a capacitação de pessoas,

recursos financeiros adequados e disponibilidade de

pessoal para executar o planejamento.

O PE pode ser considerado um processo adaptativo, apesar

de resultar em planos de trabalhos e diretrizes que podem

sofrer modificações em decorrência da evolução do

ambiente e das dimensões de análise eleitas para o PE.

Atualmente, o MCTIC passa por um franco processo de

corte nos recursos orçamentários o que é sentido pelo CTI.

Esta condição tem impactado negativamente as diversas

atividades em curso ou planejadas.

O GT-PE desenvolveu diversas atividades com vistas a

propiciar as melhores condições para a tomada de decisão

para o Diretor do CTI Renato Archer. Após a análise de

todas as condicionantes para a execução do PE do CTI

Renato Archer e perante as condições orçamentárias e

operacionais atuais do CTI, este Grupo de Trabalho

recomendou a adoção do planejamento estratégico do

MCTIC em virtude das vantagens perante as demais

metodologias de PE.

A referida adoção seria realizada junto com o MCTIC, a

partir do desdobramento dos objetivos estratégicos do

MCTIC e envolveria previamente a comunidade em Grupos

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63

de Trabalho que elaborarão as propostas a serem

discutidas com o a Administração Central.

Insta esclarecer que em 13 de dezembro de 2017, a

Portaria nº 7.204 publicou a aprovação do Planejamento

Estratégico do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações

e Comunicações para o período de 2018 a 2022.

A partir de janeiro de 2018, iniciou-se para as unidades

centrais do MCTIC o processo de desdobramento dos

objetivos estratégicos do Ministério em ações estratégicas

dessas unidades. O mesmo processo está em curso junto

as Unidades de Pesquisa, inclusive o CTI, no segundo

semestre de 2018.

fonte: http://planejamentoestrategico.mctic.gov.br

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64

2.4. Missão, visão e

valores

No dia 15 de junho de 2018, foi realizada

palestra no auditório do CTI para

apresentar os resultados do GT-MVV

incumbido de formular uma proposta de

Missão, Visão e Valores para a Unidade,

tendo sido aberta consulta pública à

comunidade sobre o resultado dos

trabalhos. Os resultados compilados após

a consulta pública são aqui apresentados.

Figura 7 - Resultado de Consulta Pública

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65

Missão CTI

No CTI, estamos comprometidos em

gerar, aplicar e disseminar

conhecimentos em Tecnologia da

Informação e correlatas, em articulação

com entes públicos e privados,

promovendo inovações que contribuam

para o desenvolvimento humano e

atendam às necessidades da população

brasileira.

A MISSÃO DO CTI

Podemos definir a missão como a razão de ser de uma

empresa, o propósito pelo qual trabalham e se esforçam

os seus sócios e colaboradores. A missão deve ser a

carteira de identidade da organização, deve esclarecer

qual o seu negócio, ser concisa e objetiva.

E por que é tão importante esta definição? Segundo Philip

Kotler, “Você pode não aprender muito ao ler a missão de

uma empresa – mas você aprenderá muito ao tentar

escrevê-la“. Ou seja, a definição da missão é um grande exercício de

aprendizado e auto avaliação.

A missão deve responder a pergunta mais básica que uma empresa pode

se propor: para que existimos? Embora se trate de uma questão distante

do dia a dia, é ela que dá sentido as ações diárias.

A cada definição estratégica para o negócio e a cada tomada de decisão,

os gestores devem avaliar se suas decisões estão alinhadas com a missão

da empresa. Afinal, uma virtude muito comum em bons gestores é saber

dizer não para falsas oportunidades. E muitas vezes são consideradas

falsas por não estarem alinhadas com a missão da organização.

Art. 5º - O CTI tem por missão gerar, aplicar e

disseminar conhecimentos em Tecnologia da

Informação, em articulação com os agentes

socioeconômicos, promovendo inovações que atendam

às necessidades da sociedade. (Regimento Interno CTI)

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66

A VISÃO DO CTI

Ter uma visão de futuro é simplesmente querer chegar a

algum lugar. Todo gestor de alguma forma tem uma visão

de futuro para sua empresa, mas nem sempre a

formalizam, ou definem uma estratégia para alcançar

seus objetivos.

A visão de uma organização procura responder onde a

empresa quer chegar e o que deseja ser no futuro. Sua

visão deverá ser e conter o sonho de todos. Preferencialmente deve ser

construída com a participação dos colaboradores, buscando expressar

um sonho também desejável por eles.

Esse sonho deverá ser inspirador, realizável, objetivo, ter uma dimensão

perceptível e com um prazo para acontecer.

E por que é tão importante a definição da visão? Simples, porque ela será

responsável por toda a elaboração do planejamento estratégico. A

definição das ações, objetivos secundários e estratégias de negócios

estarão sempre alinhadas com a visão, procurando maneiras de atingir

este grande objetivo.

Visão

Ser reconhecido como

protagonista no

desenvolvimento

sustentável da população

brasileira, provendo

inovações em tecnologia

da informação.

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67

OS VALORES DO CTI

Os valores são os princípios que regem as ações e

comportamentos de todos os indivíduos que fazem parte

de uma empresa, como sócios, acionistas e

colaboradores.

Para entendermos melhor o que são os valores,

precisamos distinguir valores e crenças. Uma crença é

algo em que eu acredito como sendo certo, justo ou bom.

Um valor, por sua vez, é uma crença segundo a qual eu ajo, ou seja, ela

está muito mais ligada ao comportamento do que somente a crença.

Os valores devem ser seguidos por todos dentro da organização. Então,

para que tenham maiores efeitos, suas definições devem ser criadas em

conjunto com os colaboradores. Por padrão, a empresa deve definir entre

5 e 6 valores, e após definidos, devem ser seguidos e cobrados como

mandamentos.

É importante que todos sigam a risca os valores da empresa, tornando-

os sua própria identidade, e fazendo com que a organização seja

reconhecida pelos seus valores e seus comportamentos.

Os valores do CTI apresentados neste documento espelham uma

construção histórica e institucional, conforme apresentado nos

diagramas a seguir.

Tabela 1 - Valores para o CTI (proposta)

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68

O CTI: para além

do seu

regimento

interno

Reflexões...

Uma forma sinérgica de

aumentar a eficiência no

serviço público É natural que as pessoas, quando imersas

em seus afazeres e compenetradas nos

detalhes de uma determinada atividade

profissional, percam a noção de como seus

resultados poderiam se integrar a outros

para formar um todo mais amplo e rico do

que a intenção original.

Isto também acontece, em certa medida,

com instituições de pesquisa com missão

delimitada e definida.

Uma instituição de pesquisa pública, como

o Centro de Tecnologia da Informação

Renato Archer, por exemplo, tem suas áreas

de atuação muito explicitamente definidas

3

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69

em seu Regimento Interno e, assim, é

natural que a dedicação da sua equipe

focalize tais áreas. Este direcionamento à

missão evita que a instituição entre em

rotas erráticas, o que implicaria em um

indesejado uso ineficiente dos recursos

públicos alocados.

Portanto, o direcionamento é necessário

porque as instituições públicas têm

recursos limitados e não podem, por mais

sedutores que possam ser, abraçar todos os

temas de pesquisa e desenvolvimento

(P&D), sob pena de não terem fôlego para

entregar resultados apropriáveis pela

sociedade.

Por outro lado, uma excessiva focalização

pode resultar em perda de oportunidades,

porque é comum a atividade de P&D gerar

resultados que podem ser usados pelas

mais variadas áreas e nem sempre a

proposta inicial, que motivou a pesquisa,

consegue antecipar estas oportunidades.

A focalização excessiva, que pode resultar

em isolamento, dificulta também o aporte

de recursos financeiros, humanos,

intelectuais e culturais por parte da

sociedade, que pode não compreender o

papel daquela instituição. O isolamento

prejudica também a disponibilização de

infraestrutura laboratorial por outras

partes interessadas, que poderiam

contribuir para atingir o resultado almejado

e também propiciar rotas derivativas.

Existe uma forma de tirar proveito da

objetividade advinda da focalização das

instituições, sem prejuízo para uma visão

mais ampla sobre como aproveitar seus

resultados.

Quando instituições com missões bem

definidas e complementares coabitam um

campus, fazendo com que seus membros

compartilhem espaços de convivência, a

troca de informações, de conhecimentos,

saberes e competências, mesmo no âmbito

informal, tende a aumentar a probabilidade

de aproveitamento dos resultados de formas

inusitadas. Este compartilhamento é um

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caminho natural para se alcançar inovações

disruptivas.

Portanto, a coexistência de instituições no

mesmo espaço físico é uma excelente forma

de estimular tais resultados inesperados,

conduzindo à ideia de que o “todo é maior

que a soma das partes”, uma máxima

adaptada da Gestalt. É das sinergias

resultantes dos esforços multi-

institucionais e da riqueza e da diversidade

humana em convívio que se pode esperar o

que há de melhor na pesquisa científica. Os

exemplos neste sentido são numerosos e

cada dia mais frequentes.

Mas é possível que alguém pergunte: num

mundo em que a interação virtual é

crescente, haveria a necessidade dessa

atuação fisicamente próxima para promover

a almejada sinergia? Afinal, por meio da

internet, as distâncias podem ser anuladas

e a presença virtual pode ser tão intensa

quanto a real.

Entretanto, a atividade de P&D nem sempre

pode ser realizada virtualmente, porque é

comum que dependa do uso presencial de

laboratórios de alto custo de implantação e

operação, nos quais atuam equipes

altamente especializadas. Portanto, o

compartilhamento dessas infraestruturas,

além da sinergia no aproveitamento de

resultados, promove uma otimização de

recursos. Em outras palavras, equipes que

teriam o desempenho limitado pela falta de

recursos para infraestrutura, num esforço

multi-institucional, adquirem a capacidade

de explorar o máximo de seu potencial em

benefício de todo o desenvolvimento

científico e tecnológico.

Em suma, a ideia

de estimular e efetivar

“esforços multi-

institucionais” tem

como vantagens:

A promoção de sinergias, que

permite o aproveitamento mútuo de resultados

de pesquisas, potencializando

inovações disruptivas;

A promoção do

uso racional da infraestrutura,

reduzindo ociosidade e aumentando o

aproveitamento; O

compartilhamento

dos custos da infraestrutura,

tornando mais eficiente o uso de recursos, dentre

outros benefícios, associados ou

correlatos

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71

3.1. Laboratórios abertos

como tendência mundial

O conceito de laboratório aberto, ou de uso

compartilhado, vem sendo explorado desde

o final do século passado como uma

referência no uso eficiente de recursos de

P&D. Research Facilities de alto custo são

compartilhadas com vários pesquisadores,

que através da busca constante por

financiamento, garantem a

sustentabilidade da infraestrutura.

O conceito se estende à prestação de

serviços de fronteira tecnológica para

empresas e demais instituições, que para

usufruírem da infraestrutura contribuem

com o financiamento de seus custos de

operação.

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Mais do que simplesmente promover um uso eficiente destas facilities,

laboratórios abertos acabam por acelerar a inovação em si, uma vez que

se transformam em espaço ricos para a geração de conhecimentos, nos

quais a convivência entre agentes de inovação promove uma intensa troca

de experiências.

As referências mais conhecidas de laboratórios de uso compartilhado são

o sincrotron, tais como o Advanced Light Source de Berkeley, que também

operam na forma de laboratórios abertos. Também compartilham sua

infraestrutura de pesquisa os aceleradores de partículas e os laboratórios

para área médica. É comum a existência de laboratórios compartilhados

voltados para a pesquisa em materiais e componentes eletrônicos,

principalmente envolvendo micro e nanotecnologias, mas também em

empacotamento (e.g. o Packaging Solution Center da Hitachi).

Um laboratório na área de componentes que conquistou grande respeito

foi o Microlab, de Berkeley. Na área de prototipagem rápida os

laboratórios abertos também são cada vez mais presentes,

principalmente no contexto educacional, como é o caso dos Fab Labs do

MIT, cujo modelo bem-sucedido está em processo de disseminação pelo

mundo todo.

O modelo de laboratório aberto é particularmente atraente para setores

de P&D nos quais as infraestruturas de pesquisa são caras e o fluxo de

financiamento é flutuante e dependente de fontes complementares de

fomento. O emprego de laboratórios abertos é a base para a constituição

de centros de Open Innovation no setor privado, por exemplo. Exemplos

clássicos são os esforços de desenvolvimento da indústria aeronáutica,

mas podem ser encontrados também no setor de componentes

eletrônicos, como é o caso já citado da Hitachi, entre tantos outros. Em

todos os casos citados, o compartilhamento de infraestrutura, a interação

entre agentes de inovação, a circulação de ideias e a formação de

ambientes ricos em conhecimento são elementos buscados através dos

laboratórios compartilhados.

O sucesso de parques tecnológicos integrados a centros de pesquisa

também depende da estruturação de laboratórios abertos, porque só

assim as empresas podem aproveitar da infraestrutura de P&D, como

elemento de atratividade. Exemplos modernos de centros de inovação

aberta para o setor de Varejo têm sido explorados por empresas como

Google, e vem sendo denominados “Retail Lab”

No Brasil, o sucesso obtido pelo Laboratório Nacional de Luz Sincrotron

(atual CNPEM), bem como os resultados obtidos por esforços como o do

LabNano do CBPF, LNCC e LNA, estimulam o emprego desta forma de

organização das competências institucionais.

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73

3.2. COLAB, Laboratório

Aberto e Parque

Tecnológico

Anteriormente foi mencionado que as infraestruturas de pesquisa costumam ter um certo grau de ociosidade. Foi mencionado, também,

que o “Laboratório Aberto” é um modelo de operação voltado para o uso mais eficiente dessas infraestruturas.

Ao integrar mais instituições no modelo de Laboratório Aberto é possível reduzir ainda mais esta ociosidade e, melhor ainda, racionalizar e otimizar o conjunto de recursos disponibilizados.

A alteração promovida na estrutura do CTI com a criação da Coordenação do Laboratório Aberto e Parque Tecnológico (COLAB) atende a um antigo

objetivo estratégico do CTI, o de implementar uma infraestrutura de laboratório aberto e do tipo multiusuário para uso compartilhado, adequando-se ao que há de mais moderno na gestão de equipamentos

científicos com uso eficiente da estrutura, reduzindo a ociosidade e facilitando projetos de colaboração com a identificação de novas

oportunidades de pesquisa.

Toda a estrutura da COLAB destina-se a prover serviços de qualidade de

infraestrutura laboratorial prioritariamente para os pesquisadores do CTI, mas também para usuários externos que tenham projetos de pesquisa aderentes à missão do CTI.

Desta forma, será promovida uma gestão adequada, que viabiliza a manutenção dos equipamentos e renovação da infraestrutura

laboratorial com sustentabilidade e amplamente franqueada aos pesquisadores do CTI com técnicos capacitados para obtenção dos melhores resultados nas pesquisas propostas.

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A adaptação à nova filosofia organizacional está sendo acompanhada de

uma definição de normas de funcionamento dos laboratórios, agendamento, utilização e custeio, composição de equipamentos.

Ressalte-se que enquanto as novas normas estão sendo estabelecidas a gestão desses equipamentos permanece sob a responsabilidade dos projetos nos quais eles estão envolvidos e dos Núcleos técnicos que os

utilizam.

A Infraestrutura Laboratorial Multiusuária Aberta do CTI – subordinada

à Coordenação do Laboratório Aberto e Parque Tecnológico (COLAB)

iniciou suas atividades em março de 2017. Esta infraestrutura

laboratorial dividida em 13 laboratórios é apoiada por 14 profissionais

que operam, capacitam e organizam os agendamentos solicitados pelos

usuários.

As quatro divisões coordenadas pela COLAB estão relacionadas às áreas

de conhecimento, à saber: Divisão de Infraestrutura para Caracterização

e Qualificação, Divisão de Infraestrutura para Nano e Microssistemas,

Divisão de Infraestrutura para Sistemas Mecatrônicos e Eletrônicos,

Divisão de Infraestrutura para Sistemas Mesoscópios.

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Tabela 2 - Laboratórios e responsáveis

Laboratório Localização

Laboratório de Software Prédio III, superior, sala 6

Laboratório de Eletrônica Prédio II, térreo,

sala 1000

Oficina Mecânica Prédio III, térreo,

sala 1400

Instrumentação óptica e telecom

Prédio IV Sala

anexa ao auditório

Laboratório de Processos Físico-Químicos

Prédio I, térreo

Laboratório de Processos Orgânicos

Prédio I, térreo

Laboratório de

Instrumentação Científica Prédio I, térreo

Laboratório de

Movimentos, Ambiente Virtual e Fatores Humanos

Prédio III, térreo

Sala Limpa para Nano e Microssistemas

Prédio I, térreo

Laboratório de Caracterização Óptica,

Eletroquímica e Displays

Prédio I, superior

Laboratório de

Biotecnologia Prédio I, térreo

Laboratório de Biomateriais

Prédio II, térreo

Sala Limpa de Empacotamento

Eletrônico

Prédio I, superior

Apresentamos a seguir dados gerenciais de monitoramento e acompanhamento do uso

da infraestrutura de laboratório aberto do CTI.

Em 2017 foram capacitados 49 usuários internos e externos ao CTI.

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Figura 8- Usuários do COLAB 2017

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Figura 9 - Utilização da infraestrutura

Figura 10 - Utilização da Infraestrutura Laboratorial DICAQ

Figura 11 - Utilização da Infraestrutura DIMEC

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Figura 12 - Utilização da Infraestrutura DIMES

Figura 13 - Utilização da Infraestrutura DINAM

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O campo “Projeto” foi inserido no Sistema de Agendamento em 22/maio/2017.

A estatística foi iniciada a partir de junho/2017.

Figura 14 - Sistema de agendamento - registro de projetos

O campo “Ordem de Serviço” foi inserido no Sistema de Agendamento em

22/maio/2017. A estatística foi iniciada a partir de junho/2017

Figura 15 - usuários atendidos

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Reflexões...

Laboratórios Abertos: a busca constante por

mais eficiência e eficácia

É comum ouvir dizer que pesquisa e desenvolvimento (P&D) são atividades de

alto custo e há bons motivos para justificar esta percepção.

O sucesso na atividade de pesquisa requer uma combinação de muitas

capacidades humanas, de longa maturação, que se apoiam em uma

infraestrutura complexa, diferenciada e em constante evolução. Este sucesso

depende, também, de formas de registro e troca de informações entre

pesquisadores.

Além disso, a pesquisa é o processo pelo qual se buscam novos conhecimentos,

então ela é intrinsecamente imprevisível. Esta imprevisibilidade talvez seja

maior do que em outras áreas.

Num contexto em que é impossível a certeza sobre qual é a rota de investigação

que efetivamente produzirá o resultado desejado, é papel das instituições de

pesquisa manter uma infraestrutura variada e dinâmica, que esteja sempre

disponível e atualizada para a sociedade. Isto certamente tem um custo.

Ou seja, todos os elementos citados acima levam a um custo elevado de

operação das unidades de pesquisa.

Mesmo considerando essas características que inerentemente levam ao alto

custo, as lideranças científicas não devem se eximir de fazer uma busca contínua

por otimização e racionalização. É por isso que os cientistas/pesquisadores estão

constantemente buscando reduzir a imprevisibilidade por meio da antecipação

de tendências. Para isso, se utilizam de métodos de prospecção científica e

tecnológica, que, apontando rumos preferenciais, permitem otimizar esforços.

Mesmo estes métodos têm muitas limitações e devem ser usados com

parcimônia para evitar a inanição indevida de áreas cujo ápice ainda está por

vir.

Assim, é natural que os equipamentos e processos disponibilizados por uma

entidade de pesquisa tenham uma taxa de utilização dispersa. Isto significa que,

diferentemente do setor produtivo, alguma ociosidade para parte dos

equipamentos é aceitável neste contexto. Portanto, o jeito de tratar a ociosidade

num laboratório de pesquisa tem que ser diferente do adotado em uma indústria

de commodities, por exemplo.

Muitas vezes a sustentação de uma capacidade crítica ou disruptiva de pesquisa

requer o constante investimento em capacitação de pessoal, atualização de

equipamentos e manutenção. Mesmo em atividades industriais, a

desmobilização de capacidades visando economia por causa de uma ociosidade

sazonal pode resultar, inadvertidamente, em um custo maior quando for

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necessário restabelecê-la. Especialmente, no caso de estruturas de

pesquisa,pode nem ser possível recuperar a capacidade desmobilizada, porque

aquela competência, por ser única, acaba se perdendo para sempre.

Isto cria um dilema para o esforço de otimização de recursos em atividades de

pesquisa, cuja solução minimalista seria simplesmente abrir mão de

capacidades valiosas. Esta medida implicaria em desrespeito ao esforço da

própria sociedade que as estabeleceram, bem como a diminuição dos horizontes

de pesquisa e desenvolvimento, podendo comprometer o futuro. O Brasil já

cometeu esse erro por diversas vezes.

Uma alternativa para enfrentar o dilema, em adição à constante prospecção

científica e tecnológica já mencionada, é a mudança estrutural na forma de

organização das entidades de pesquisa. Esta mudança deve levar à

racionalização da infraestrutura através da facilitação de seu

compartilhamento. Isto implica mudar o formato tradicional dos laboratórios de

pesquisa, que costumam ser fragmentados e com sobreposições.

Este saudável compartilhamento causa um incremento da demanda pelo uso

dos laboratórios, porque facilita seu acesso através da transparência de

agendamento e do rateio de custos.

Em todo o mundo isto vem sendo feito através do modelo de laboratório aberto,

quando uma dada instituição, normalmente pública, concentra seus esforços

para manter a infraestrutura que será utilizada por toda a comunidade

científica, explicitando papéis.

A instituição de pesquisa pública acaba se especializando em prover serviços

para os demais. A orientação a serviços numa atividade de pesquisa cria uma

interface clara entre o provedor e o demandador, estabelecendo uma forma de

“barramento de serviços”, que é um conceito bastante moderno de organização

de atividades.

Inicialmente o modelo de laboratório aberto foi empregado para grandes

“facilities” de física, tais como aceleradores de partículas, porque são

infraestruturas tão caras que requerem esforços multinacionais para sua

viabilização. Um exemplo são os aceleradores e sincrotron espalhados pelo

mundo, que permitem aos pesquisadores internacionais utilizarem suas

instalações.

O conceito de laboratório aberto não ficou restrito a laboratórios de física de

partículas ou de luz sincrotron, tendo se estendido para outras áreas, inclusive

para atividades tecnológicas.

Assim como nos espaços de coworking para negócios, os laboratórios abertos

nas áreas de fármacos e materiais, entre outros, se transformaram na forma

preferida de organização, na qual uma miríade de projetos é executada através

do compartilhamento da infraestrutura, que conta com uma equipe específica

para sua manutenção e atualização.

Mas operacionalizar um laboratório aberto não é simples. A coexistência de

múltiplos projetos num mesmo espaço tem seu preço. Como em qualquer

condomínio residencial, há questões sobre como dividir os custos entre os

usuários e sobre como formar fundos de reserva, por exemplo. Há também

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questões de propriedade intelectual, confidencialidade, capacitação,

agendamento, ouvidoria, mudança de cultura e governança que precisam ser

tratadas.

Em termos de mudança de cultura, o aspecto mais difícil é enfrentar um certo

“patrimonialismo” inerente ao sentimento de pertencimento por parte do

pesquisador. É normal e, até certo ponto, saudável, que um pesquisador

desenvolva este sentimento de pertencimento em relação à infraestrutura

pública sob sua responsabilidade, para que não se estabeleça uma situação de

“cavalo sem dono”, que em muitos casos redunda em abandono e, também,

perda de competências.

Mas é inaceitável que o sentimento de pertencimento se transmute em

sentimento de propriedade, em que critérios estranhos ao interesse público

comecem a nortear a disponibilização da infraestrutura para os colegas

cientistas.

O estabelecimento de laboratórios abertos exige que o pesquisador adote uma

nova postura com relação a este sentimento de pertencimento, desapegando de

conveniências em nome da construção de um ambiente verdadeiramente

inclusivo e eficiente para toda a comunidade científica.

O formato de laboratório aberto é um meio moderno de organização da

infraestrutura de pesquisa, que permite maior eficiência no uso de recursos

públicos porque cria as regras que garantem o sentimento de pertencimento,

importante para a motivação do pesquisador, mas, ao mesmo tempo, promove

um uso mais eficiente dos recursos.

O CTI Renato Archer, desde as análises da Comissão Tundisi na década de 90,

vem buscando formas de implantar o modelo de Laboratório Aberto. A Portaria

MCTIC nº 5.146/2016 permitiu ao CTI iniciar esta implantação, a qual ainda

requer uma série de ajustes e estabelecimento de regulamentos.

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3.3. Esforços

Multi-

institucionais

Desde 2012, o CTI Renato Archer vem desenvolvendo um novo conceito

de compartilhamento de infraestrutura que explora o conjunto de

vantagens descritos no inicio deste capítulo.

Este conceito vem sendo reconhecido na cidade de Campinas pelo epíteto

de “Complexo Tecnológico Educacional (CTE) ”, o qual se consolidou

através do estabelecimento de múltiplos convênios entre as seguintes

instituições: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São

Paulo, Campus Campinas (IFSP), Fundação de Apoio à Capacitação em

Tecnologia da Informação (FACTI), Parque Tecnológico do CTI (CTI-Tec) e

Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA).

O Complexo Tecnológico e Educacional (CTE)

O Complexo Tecnológico e Educacional (CTE) visa, em seu conceito,

fomentar e impulsionar processos de inovação e formar cidadãos

comprometidos com o desenvolvimento social e econômico. O conceito de

CTE é praticado em todo o mundo. No Brasil o sistema formado entre o

CTA e o ITA é um tradicional exemplo de CTE. Na Europa, são exemplos

os ecossistemas existentes ao redor dos Institutos Fraunhofer

(Alemanha) e Carnot (França).

Em um ambiente de CTE constrói-se a sinergia entre agentes dos setores

acadêmicos, de P&D e de produção industrial, todos eles produtores de

ideias, de métodos e processos de base tecnológica, visando a oferta de

bens e serviços à Sociedade.

O CTE adota a premissa de que “o todo é maior do que a soma das

partes”. Este tipo de ambiente vem sendo promovido conjuntamente

pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo

Ministério da Educação (MEC) como forma de aproximar mais suas

unidades de ensino e pesquisa com o setor produtivo. No caso do

ecossistema que se estrutura em torno do CTI Renato Archer, o respectivo

Complexo Tecnológico Educacional está voltado para a interação com a

cadeia produtiva regional e nacional, bem como a formação de

profissionais na área da ciência tecnológica e inovação (C&T&I) e o

atendimento das demandas sociais, uma conjunção das missões das

instituições envolvidas.

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O CTE nasce da

integração das

atividades de um

centro de pesquisa e

desenvolvimento

(CTI), de uma

universidade e escola

técnica (IFSP), de um

parque tecnológico

(CTI-Tec), de um

centro de referência

em tecnologia

assistiva (CNRTA) e

de uma escola de

experiência do uso

social da tecnologia

(Escola Criativa,

Tecnológica e Social),

todos articulados em

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torno de uma Fundação de apoio (FACTI), que potencializa a relação com

o setor produtivo e a sociedade em geral.

A presença do Instituto Federal São Paulo no campus do CTI dá uma

característica peculiar a este esforço multi-institucional: a capacidade de

formação de recursos humanos.

O principal ativo de qualquer atividade de pesquisa são os pesquisadores

e pesquisadoras. Por mais custosa que seja a infraestrutura de pesquisa,

o corpo de pesquisadores será sempre o principal valor da organização.

Por isso, ao atrair uma escola para suas premissas, o CTI acabou

ganhando uma nova fonte inestimável de profissionais de alta qualidade.

Em termos de qualidade, o IFSP se diferencia tanto no ensino superior

quanto no técnico de nível médio, o que pode ser atestado pela relação

candidato/vaga em seus vestibulares e pelo alto grau de empregabilidade

de seus egressos.

Para a cidade de Campinas e sua região metropolitana (RMC), a

consolidação do conceito de CTE através de sua possível formalização

institucional, representa uma das melhores notícias para o ambiente de

inovação da cidade e região, oferecendo para os jovens uma oportunidade

singular de envolvimento com um ambiente vibrante de pesquisa e

desenvolvimento e tudo de bom que disto decorre.

Em 2019 o CTE poderá entrar em uma nova fase, com a atração de mais

entidades para o campus do CTI, especialmente no setor educacional e

produtivo. É para isso que a equipe do CTI Renato Archer tem trabalhado

com afinco, através de uma interação muito forte com o IFSP e,

principalmente, com a UNICAMP, que tem sido uma contribuinte de

primeira hora para a criação deste novo conceito para a cidade.

Aliás, para que se faça justiça à história, deve-se registrar que o CTI é um

“spin-off” da UNICAMP. Em suas origens está o trabalho de planejamento

de professores daquela instituição, o qual é a gênese de tudo que o CTI

conquistou ao longo de seus 35 anos de existência.

Vivemos em um dos tempos mais difíceis da economia nacional, com

cortes de investimentos em áreas vitais, inclusive nas fontes de fomento

à pesquisa, desenvolvimento e inovação e com diminuição na demanda

por serviços, particularmente os tecnológicos, P&D e serviços estes,

especialidades da sinergia CTI/FACTI. Esses momentos atingem,

duramente o ecossistema "CTE", catalisado pelo CTI e também

protagonizado pela Facti. Com seu auto-aprimoramento em curso, o

ecossistema CTE estará preparado para corresponder, em face tanto dos

riscos que continuarem quanto das oportunidades que surgirem.

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O Centro Nacional de Referência em

Tecnologia Assistiva – CNRTA

“Tecnologia Assistiva é

uma área do conhecimento, de

característica interdisciplinar, que

engloba produtos, recursos,

metodologias, estratégias, práticas e

serviços que objetivam promover a

funcionalidade, relacionada à

atividade e participação, de pessoas

com deficiência, incapacidades ou

mobilidade reduzida, visando sua

autonomia, independência, qualidade

de vida e inclusão social”.

http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/publicacoes/te

cnologia-assistiva

O Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva -

CNRTA foi instituído pela Portaria MCTI 139 de 23 de fevereiro

de 2012, e por meio da Portaria MCTIC 5416 de 06 de novembro

de 2016 está vinculado ao Centro de Tecnologia da Informação

Renato Archer, pertencendo ao seu Regimento Interno.

A missão do CNRTA é motivada pela articulação entre diversos

segmentos, como P&D, Indústria, Comércio, Usuário,

Prestadores de serviço, para alavancar a oferta de soluções de

Tecnologia Assistiva que atendam às reais demandas da

sociedade. Assim, em continuidade a este propósito, o CNRTA

conta em 2018 com uma equipe multidisciplinar, constituída

por 14 bolsistas pesquisadores, entre eles dois bolsistas com

deficiência, e 2 servidores (um deles com deficiência), cuja

atuação tem por objetivo criar um Sistema de Informação

fundamentado na caracterização e na classificação dos esforços

de pesquisa, desenvolvimento e inovação em Tecnologia

Assistiva (TA) no país.

Toda atuação do CNRTA encontra-se em consonância com os

objetivos estabelecidos pela Portaria que o instituiu, sobretudo

no que se refere apoiar aos órgãos públicos na formulação e

implementação de políticas públicas de inclusão em prol da

qualidade de vida e da autonomia de pessoas com deficiência,

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com mobilidade reduzida e idosas,

assegurando-lhes o acesso aos

recursos de Tecnologia Assistiva de

que elas necessitam.

A Inauguração do Centro Nacional de

Referência em Tecnologia Assistiva –

CNRTA ocorreu em 20 de julho de

2012 em Campinas – SP e contou com

autoridades de esferas

governamentais,

pesquisadores/profissionais ligados à

temáticas pertinentes a pessoas com

deficiência, bem como cidadãos

interessados.

Durante o processo de

implantação do CNRTA e

consequente inauguração, foram

mobilizados esforços para

implementar medidas de

acessibilidade, que se refletiram no

CTI como um todo, dentre as quais

destacam-se: Placa de inauguração

em braille, instalação de piso tátil

no acesso ao CNRTA, mapa tátil

da sala de situação, banheiros

adaptados, maquete tátil do CTI,

sinalização e identificação nas portas

das dependências do CTI, proposição

do site do CTI/CNRTA com

ferramentas de acessibilidade. O

próprio evento prezou por esta

característica acessível, contando

com intérprete de LIBRAS, por

exemplo.

Um dos conhecimentos e desafios

que sempre convivemos é um

processo de construção, é o desenho

universal, ou seja, a perspectiva de se

construir um ambiente físico e digital

sem barreiras, cujas condições de acesso contemplem a

pluralidade de demandas de todas as pessoas.

O CNRTA, com o papel de articulador da Rede Nacional de

Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva (RNPDTA),

promoveu entre os coordenadores dos núcleos participantes da

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rede um espaço para contato, troca de experiências e

informações por meio de uma lista de discussão online. O

CNRTA constantemente alimentou este ambiente com a

divulgação de editais, chamadas públicas, congressos e outros

eventos na área, de forma a estimular a participação dos grupos

de pesquisas atuantes em TA. O portal RNPDTA, disponível em:

rnpdta.cti.gov.br também contribuiu para esta interação.

O papel do CNRTA é fundamental para que a missão seja

executada, atendendo às expectativas criadas quando de sua

concepção junto à integração dos núcleos atuantes na área de

Tecnologia Assistiva.

Como o CNRTA é um articulador entre diversos Agentes, os

públicos alvos são: gestores de governos, pesquisadores,

representantes do setor industrial e associações afins,

profissionais que trabalham com PcD´s, idosos, usuários de TA.

Os beneficiários dos resultados de apoio a pesquisas científicas

e tecnológicas desenvolvidas nos diferentes núcleos e

instituições atuantes na área de TA serão para as pessoas com

deficiência, com mobilidade reduzida e idosas e que passarão a

contar com os recursos tecnológicos para promover processos

de inclusão social previstos na Convenção da ONU, na Lei

Brasileira de Inclusão e no Plano Viver sem Limite.

WASH! - Workshop para Aficionados em Software e

Hardware

O WASH é uma parceria entre o CTI,

Instituto Federal de Ciência e

Tecnologia do Estado de São Paulo

Câmpus Campinas e outros parceiros,

que desenvolvem atividades de cultura

digital e cidadania, desde 2014. É uma

atividade de educação informal no

contraturno escolar, voltada a grupos

de alunos do ensino médio e

fundamental.

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Este programa segue as diretrizes da Estratégia

Nacional de Ciência e Tecnologia ENCT/MCTIC, bem

como, atende a várias políticas públicas, a saber:

Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia;

Plano Nacional de Educação;

Políticas Públicas de Telecomunicações;

Plano Nacional de Banda Larga;

Política Nacional de Cultura Viva;

Lei nº 12.965, de 23 de Abril de 2014 -

Estabelece princípios, garantias, direitos e

deveres para o uso da Internet no Brasil

Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais.

Dentre suas características principais estão a

independência em relação ao currículo escolar, a

orientação a projeto, a promoção da iniciação

científica com ênfase no aprendizado tecnológico e

dos valores do método científico e o estímulo à

autonomia e ao protagonismo dos educandos.

O WASH é uma atividade de promoção da “Science,

Technology, Engineering and Mathematics” (STEM) e

se diferencia de outros programas por canalizar seus

recursos orçamentários para bolsas de iniciação

científica aos alunos do ensino médio, que atuam

como multiplicadores no programa, com

aproveitamento da infraestrutura existente (foco do

investimento em pessoas e não em equipamentos).

O programa enfatiza o aprendizado e a multiplicação

da ferramenta Scratch (software gratuito do grupo

Lifelong Kindergarten no Media Lab do Instituto de

Tecnologia de Massachusetts (MIT) dos Estados

Unidos e idealizado por Mitchel Resnick). Esta

ferramenta incentiva a linguagem de programação

para iniciantes de todas as faixas etárias, elaboração

de jogos, histórias animadas, programas interativos e

estimula o desenvolvimento da criatividade e

habilidades no uso do computador.

Além das oficinas são disponibilizadas bolsas de

iniciação científica para os educandos que iniciam

sua trajetória em pesquisa a partir do ensino médio.

Com o programa WASH é possível promover o

investimento na comunidade em tempo real,

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transformando os bolsistas de iniciação científica em

multiplicadores do conhecimento obtido através da

vivência nas oficinas com as crianças.

A experiência nos tem apontado resultados positivos

através da apropriação das ferramentas de

aprendizagem pelos educandos, com efeitos colaterais

positivos na melhora do desempenho escolar, com

dinamização da capacitação de professores em

metodologias consagradas no mundo todo. São

também resultados subsidiários a obtenção de

prêmios em diversas modalidades, participação em

eventos científicos, de educação e de tecnologia, nos

níveis regional e nacional.

O WASH, fará 05 anos em novembro de 2018 e temos

muito a comemorar, pois envolveu diretamente em

suas oficinas e eventos de disseminação e

popularização da ciência para mais de 4 mil pessoas.

Neste período foram ofertadas oficinas em linguagem

de programação para 2816 pessoas nos municípios

de Campinas, Diadema, São José dos Campos e

atende semanalmente 60 crianças, foram

disponibilizadas 147 bolsas de iniciação científica que

são financiadas por emenda parlamentar nos valores

de R$ 161,00 e R$ 400,00 para o ensino médio,

técnico e graduação, além dos bolsistas terem

participado de vários eventos científicos com

produção de conhecimento na forma de artigos e

relatórios. Atualmente o programa conta com 57

bolsistas em Campinas e região.

Mais informações em: www.cti.gov.br/wash,

http://projetowash.joomla.com/,

http://www.scratchbrasil.net.br/

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Parque Tecnológico - CTI-Tec

O Parque Tecnológico CTI-Tec foi criado pela

Portaria n° 877 do Ministério da Ciência,

Tecnologia e Inovação – MCTI, de 20/10/2010,

com implantação estabelecida na sede do Centro

de Tecnologia da Informação Renato Archer – CTI,

localizado da Rodovia D. Pedro I, km 143,6, em

Campinas, SP.

A entidade gestora do Parque Tecnológico CTI-Tec

é o CTI – Centro de Tecnologia da Informação

Renato Archer. Sendo o CTI uma unidade de

pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação (MCTI), conforme definido no Decreto n°

5.886, de 06/09/2006, fica claramente

estabelecido que a gestora é uma entidade sem

fins lucrativos.

A criação do CTI-Tec decorreu da necessidade de

viabilizar a sinergia entre empresas, Instituições

Científicas e Tecnológicas (ICT) e organizações de

direito privado sem fins lucrativos que atuam em

setores tecnológicos de interesse do País, por meio

de compartilhamento de infraestrutura,

conhecimentos, tecnologias e serviços

tecnológicos na área de Tecnologia da Informação

e Comunicação – TIC.

O Parque Tecnológico do CTI Renato Archer, CTI-Tec, permite

o estabelecimento de um ecossistema em que a presença de empresas

juntamente com um Instituição de Ensino, IFSP, e de uma Instituição

Científica e Tecnológica – ICT, no caso o CTI, com seus respectivos grupos

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de pesquisa e desenvolvimento, formam a base necessária para a geração

de soluções inovadoras, possibilitando um processo de coevolução e de

autossustentação do conjunto.

O CTI-Tec proporcionará condições favoráveis para o estabelecimento de

um sistema que possibilite o desenvolvimento de empresas de base

tecnológica com os seguintes objetivos:

• Criar um ecossistema tecnológico propício à

geração de produtos inovadores e com alto valor

agregado;

• Favorecer a sinergia e ações de cooperação entre

empresas visando ao aumento de competitividade;

• Assegurar acesso à infraestrutura laboratorial e

de competências e habilidades concentradas no

CTI Renato Archer;

• Assegurar acesso a um conjunto de facilidades de

infraestrutura (restaurante, transporte,

comunicações, segurança etc.) que poderá

diminuir o custo operacional das empresas e

entidades instaladas no Parque, inclusive para o

próprio CTI Renato Archer;

• Viabilizar a instalação de empresas em local de

fácil acesso a Campinas e região e com conexões

logísticas com o resto do País e outros mercados;

• Viabilizar conexões com as demais entidades de

pesquisa e ensino, especialmente as da Região

Metropolitana de Campinas – RMC;

• Contribuir para o aumento das atividades de P&D

das empresas instaladas no Parque;

• Apoiar o acesso das empresas aos mercados

nacional e internacional.

O credenciamento do Parque Tecnológico CTI-Tec no Sistema Paulista de

Parques Tecnológicos foi obtido em 19 Janeiro de 2016, este marco

possibilita potencializar a atratividade de empresas. As empresas que se

instalarem em parques tecnológicos participantes do SPTec poderão

participar do programa estadual de incentivos fiscais, chamado “Pró-

Parques”. Instituições de apoio e empresas de base tecnológica poderão

utilizar créditos acumulados de ICMS ou diferir o imposto para

pagamento de bens e mercadorias a serem utilizados na realização de

investimentos e no pagamento de ICMS relativo à importação de bens

destinados ao ativo imobilizado.

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94

O CTI-Tec contará com:

I - módulos industriais para instalação das

entidades, os quais conterão uma área comum

constituída de sanitários e vestiários (masculinos e

femininos), recepção, sala de reunião e sala

técnica;

II - centro de convenções composto de auditório,

salas de reunião multiuso, salas de apoio e foyer

com recepção, espaço para exposições e sanitários;

III - entreposto aduaneiro, composto de galpão e

salas de escritório;

IV - área de lazer para uso compartilhado;

V - infraestrutura complementar: ruas,

estacionamentos, biblioteca e outros;

VI – prédio para a gestão do CTI-Tec.

Além dos módulos industriais, o CTI-Tec poderá disponibilizar áreas para

a implantação de infraestrutura por empresas que queiram abrigar

atividades de P,D&I por um período limitado, sendo a infraestrutura

implantada, após o período de uso previamente acordado entre as partes,

incorporada ao patrimônio do CTI.

O processo de seleção das entidades a serem instaladas no CTI-Tec será

realizado por meio de editais, que conterão os requisitos mínimos exigidos

à candidatura das entidades, indispensáveis à definição das regras de

convivência e permanência.

É facultado ao CTC do CTI avaliar e aprovar, sem a necessidade de

editais, propostas de instalação de entidades que se proponham a

construir a infraestrutura necessária, edificações inclusive, para abrigar

suas atividades, desde que atendam todas elas os objetivos e princípios

do CTI-Tec.

Toda a infraestrutura construída pelas entidades, no caso previsto no

parágrafo primeiro deste artigo, será incorporada ao patrimônio do CTI

após o término de seus respectivos contratos ou convênios, sem ônus

para o CTI.

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95

Orçamento e

gestão

financeira

O CTI recebe um orçamento federal para:

a) Sustentar sua folha de pagamento,

b) Fazer pequenos investimentos em

equipamentos e infraestrutura

c) Garantir o custeio de sua

operação através do pagamento de

contratos.

Nos últimos anos os recursos descritos

acima suportam a atividade vegetativa do

CTI e são insuficientes para investimentos

na ampliação da atuação finalística.

Portanto, é correto dizer que o orçamento

anual do CTI é limitado ao pagamento dos

servidores do CTI, água, energia elétrica e

parte dos insumos de P&D. Raramente este

orçamento é suficiente é para a aquisição de

um novo equipamento, por exemplo.

O investimento para a ampliação da

infraestrutura e das equipes de P&D precisa

ser financiado através de recursos captados

4

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96

via agências de fomento, setor privado,

termos de descentralização, incentivos

fiscais, emendas parlamentares, entre

outros.

Portanto, o trabalho dos servidores do CTI

alocados na atividade fim envolve a

constante busca por financiamento.

O CTI pactua anualmente com o MCTIC o

Termo de Compromisso de Gestão (TCG)

com vistas a estabelecer metas e

indicadores de desempenho a serem

alcançados, a fim de avaliar o seu

desempenho. O CTI, para atingir as metas

pactuadas com o MCTIC, desenvolve

projetos, atividades e ações de P&D por

meio dos Núcleos de Competência,

alinhados às Políticas Públicas do Governo

Federal e à Estratégia Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2019.

Reflexões...

Sobre a necessidade de garantir a segurança

operacional do CTI A complexidade da operação de Unidades Gestoras do Governo Federal tem

crescido substancialmente. Os normativos para compras, recursos humanos,

indicadores, controle orçamentário, patrimônio, gestão de contratos, gestão da

relação com a fundação de apoio, normas de segurança e meio ambiente têm se

transformado num emaranhado regulatório que coloca em risco todos os

servidores envolvidos com a operação, principalmente o Ordenador de Despesas

e seus prepostos em cargos comissionados.

A redução substancial de servidores na área meio por conta de aposentadorias

e os desligamentos voluntários de jovens servidores por razões salariais têm

dificultado a sustentação da segregação de funções, elemento importante do

sistema de controle interno do Governo Federal. Aliás, recorrentemente a

Controladoria Geral da União vem apontando para a necessidade de garantir a

segregação de funções pelo menos nas 5 áreas típicas da administração pública:

RH, patrimônio, logística, financeiro e suprimentos.

Esta situação tem sido particularmente preocupante na questão da atribuição

de senhas dos sistemas de informação federais, tais como SIAFI ou SIAPE. Como

se sabe, a segregação nestes casos é imperiosa, razão pela qual a administração

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do CTI tem buscado um cuidado especial para garanti-la, principalmente

através da utilização dos instrumentos de gratificação.

Mais recentemente, através de solicitações de auditoria (SAs), a CGU vem

requerendo o estabelecimento de Controle Interno no CTI, aumentando a

demanda por mais cargos na administração.

Na área de infraestrutura a situação não é diferente. A título de exemplo, um

esforço concentrado promovido pelo atual diretor no início da gestão (2011)

identificou dezenas de itens de segurança predial que precisariam sofrer

intervenção. Destes, em torno da metade conseguiu ser resolvida ao longo da

gestão. O motivo principal para este resultado intenso, mas limitado é o número

insuficiente de homens-hora disponíveis na divisão de infraestrutura para

realizar manutenção preventiva, corretiva e para projetos de intervenção na

estrutura predial. Para que possa manter os quase 20 mil metros quadrados

de área construída do CTI, a Divisão de Infraestrutura tem que se valer de um

contrato de terceirização que frequentemente é ameaçado por

contingenciamentos orçamentários.

Na área de infraestrutura computacional, a mistura de atividades de suporte

dos sistemas corporativos e com a operação de redes também é uma ameaça

para a garantia dos serviços de informática. Para que o CTI não se veja numa

situação irônica de “casa de ferreiro espeto de pau”, a Divisão de Suporte

Computacional tem que se valer de um contrato de terceirização que, além de

insuficiente, também é constantemente ameaçado por contingenciamentos.

Portanto, do ponto de vista do corte de DAS, uma redução das áreas de gestão

e infraestrutura seria desastrosa para a capacidade operacional da Unidade

Gestora, expondo todos os envolvidos a riscos.

A forma como esta proposta de regimento foi estruturada garante a devida

segurança operacional da instituição seguindo métodos consagrados na gestão

pública, com respeito às 5 áreas típicas da administração, incluindo controle

interno, fortalecendo a área de manutenção e projetos prediais e mantendo as

áreas de suporte computacional, relações externas e acompanhamento e

controle de indicadores.

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98

4.1. As ações

orçamentárias na loa

Considerando a execução física e financeira das ações orçamentárias vinculadas

à Lei Orçamentária Anual – LOA, de responsabilidade do CTI Renato Archer,

destacamos:

Ação Orçamentária - código 20UL Responsável pelos recursos disponíveis para o desempenho de atividades-fim do instituto, visando à realização de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico bem como a modernização da infraestrutura científica, tecnológica e de inovação.

O planejamento é realizado anualmente para a eficiente utilização dos recursos

desta Ação. Cada área técnica e de gestão deve orçar os necessários e suficientes

recursos para provimento dos entregáveis de cada projeto e, especialmente, no

que tange à manutenção dos equipamentos e à infraestrutura que dão suporte

operacional e institucional aos projetos.

A priorização dos itens de planejamento é aprovada pela direção deste Centro

considerando o grau de instrução da demanda para dar andamento à aquisição

de cada item pretendido.

Esta ação possui dois Planos Orçamentários - PO 1 e PO 2, identificados

internamente como as fontes OGU STI e OGU P&D, respectivamente. É

importante citar que esta ação também possui a fonte RDA cujo orçamento está

associado a receita diretamente arrecadada por meio de prestação de serviços

tecnológicos.

Ação Orçamentária - código 2000 (ação sob a coordenação do Ministério) responsável pela administração da unidade com a finalidade de constituir um centro de custos para os serviços administrativos; manutenção e uso da frota veicular; manutenção dos bens imóveis; despesas com tecnologia da informação e comunicações sob a ótica da "atividade-meio", que incluem o desenvolvimento de sistemas de informações, aquisição de equipamentos e contratação de serviços técnicos e administrativos de apoio; capacitação de servidores e ferramentas de uso geral; despesas com viagens e locomoção incluindo aquisição de passagens, pagamento de diárias e afins; demais “atividades-meio” necessárias à gestão da unidade.

De acordo com as ações acima descritas, o detalhamento das despesas

contendo a previsão dos gastos para o ano de 2019, segue a seguinte

classificação: (1) despesas com custeio – ODC, que são aquelas aplicadas nas

despesas com os contratos de prestação de serviços, diárias, passagens,

aquisição de material de consumo, entre outras; e (2) despesas com capital –

ODK, definidas como recursos aplicados no patrimônio, tais como obras,

construções, instalações e aquisição de material permanente e de equipamentos

em geral. Abaixo, apresenta-se quadro demonstrativo com a previsão da PLOA

para o ano de 2019 com as respectivas ações vinculadas às fontes de recursos:

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Lei Orçamentária Anual - LOA 2019

Ação do PPA

Fonte de recursos

(nomenclatura do

CTI)

LOA ODC LOA ODK LOA

ODC+ODK

2000 OGU ADM 6.200.065,00 200.000,00 6.400.065,00

2000 - PO

13 CAPACITAÇÃO 80.000,00 80.000,00

20 UL - PO 2 OGU P&D 1.097.528,00 200.000,00 1.297.528,00

20 UL - PO 1 OGU STI 100.000,00 100.000,00

20 UL - PO 2 RDA P&D 192.472,00 192.472,00

Total 7.670.065,00 400.000,00 8.070.065,00

Tabela 3- Lei Orçamentária Anual - LOA 2019 (Fonte: DIPAD)

Vale observar que o Orçamento da União para as atividades de custeio em 2018

é de R$ 7.450.065,00, sendo que R$ 7.209.029,16 já estão comprometidos com

contratos continuados para garantir o adequado funcionamento da Instituição.

Custeio - Orçamento da União 7.450.065,00 (A)

Despesas com contratos continuados (custos

rígidos) 7.209.029,16 (B)

Recursos a serem utilizados com demandas

essenciais para o CTI 241.035,84 (A-B)

Tabela 4 - Informações de orçamento (Fonte: DIPAD)

4.2. Os Contratos do CTI

O CTI atualmente possui 32 (trinta e dois) contratos vigentes, que dão suporte a manutenção das despesas essenciais, tais como, a prestação de serviços continuados de mão-de-obra, correios, secretariado, manutenção de infraestrutura, telefonia, manutenção de equipamentos, como água, energia, esgoto, entre outros.

Esta gestão administrativa é subsidiada por 17 (dezessete) servidores envolvidos diretamente nas execuções contratuais, sendo 10(dez) gestores, 13 (treze) gestores substitutos e 13 (treze) fiscais técnicos/administrativos, evidenciando o acumulo de responsabilidades na gestão e fiscalização de vários contratos ao mesmo tempo, por parte de alguns servidores.

Contamos com a Divisão de Logística e Apoio Administrativo, que é a responsável pela gestão administrativa dos contratos, renovações e aditivos do Órgão.

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100

Considerando que o CTI conta com 114 servidores ativos, contamos com quase 20% da força de trabalho da unidade envolvida diretamente na execução das funções de gestão e fiscalização dos contratos.

Em razão das inúmeras restrições orçamentárias dos últimos anos, medidas de contenção foram adotadas para manter, minimamente, a gestão da infraestrutura de logística administrativa e manutenção patrimonial do campus.

Nesse sentido foram implementadas ações que garantissem as condições de funcionamento da instituição, o que resultou em várias revisões e supressões

dos contratos vigentes para adequar suas limitações orçamentárias à

manutenção básica indispensável, sem comprometer a essência de sua missão.

Supressões realizadas entre 2015 – 2018

CONTRATO

EMPRESA OBJETO % ANO DA SUPRES-

SÃO

172.00 Tech for - Serviços Técnicos em Tecnologia da Informação

Prestação de serviços continuados e tecnologia da informação.

14,02% (TA 05)

2015

176.00 Strategic - Vigilância e Segurança Patrimonial

Prestação de serviços continuados de vigilância e segurança patrimonial

4,86% (TA 05)

2015

272.00 Natureza Viva - Limpeza, Asseio e Conservação

Contratação de serviços de

limpeza, Asseio e Conservação

do bem imóvel com

fornecimento de toda a mão de

obra, saneantes

domissanitários, materiais,

equipamentos e ferramentas,

bem como no fornecimento de

material de higiene;

26,11% (TA 01)

2016

277.00 Strategic - Vigilância Armada

Prestação de serviços continuados de vigilância armada

83,2359%

(TA 02)

2017

294.00 NTL - Suporte

Técnico em Tecnologia da Informação e Comunicação

Contratação de Serviços

continuados de suporte técnico em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)

4,7672% (TA 01)

2017

Fonte: Divisão de Logística e Apoio Administrativo

Cabe ressaltar o esforço das equipes da área de gestão para viabilizar as metas propostas. Considerando as restrições orçamentárias, o cenário de ajuste

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imposto pelas várias aposentadorias, todas as metas de execução do último ano

foram cumpridas, apesar das dificuldades de planejamento e de execução.

Sistemas de Informações Gerenciais e Tecnológicas

Importante ressaltar que o CTI utiliza o SIGTEC - Sistemas de

Informações Gerenciais e Tecnológicas - para a gestão dos projetos e dos

recursos orçamentários alocados. Esse sistema permite o controle dos

projetos de P&D da instituição, incluindo os vinculados ao seu

funcionamento cotidiano, com o objetivo de registrar toda a

documentação dos projetos, processos de compras, pagamento de diárias

e passagens, relatórios de atividades, dentre outros documentos

relevantes.

O Sistema de Informações Gerenciais e Tecnológicas – SIGTEC,

desenvolvido no CTI, é o principal instrumento de monitoramento da

execução e de acompanhamento dos resultados da gestão para realização

das metas estabelecidas no planejamento institucional.

Esse sistema confere segurança, transparência e coerência aos processos

institucionais, abrangendo planejamento, execução, acompanhamento e

controle de atividades administrativas, científicas e tecnológicas.

Adicionalmente, permite registrar os processos de geração de

conhecimento, acessar e atualizar as informações, o que agiliza as

práticas institucionais.

Os dados para determinação dos indicadores de desempenho

apresentados nos Relatórios Anuais do Termo de Compromisso de Gestão

da Instituição e nos Relatórios de Gestão são oriundos do SIGTEC. Isto

garante elevado grau de rastreabilidade e de credibilidade às informações

contidas nestes relatórios.

Além dos dados para compor os indicadores de desempenho, o SIGTEC

disponibiliza informações relacionadas aos projetos tecnológicos em

desenvolvimento na instituição, aos documentos gerados e todas as

informações administrativas necessárias para facilitar a prestação de

contas. Como banco de dados, o SIGTEC é um verdadeiro arquivo

histórico vivo da Instituição. Vale ressaltar que este Sistema de Gestão

está presente em outras 11 Unidades de Pesquisa do MCTIC e precisa ser

mantido e aperfeiçoado.

Um esforço grande tem sido empenhado junto ao Ministério para que

sejam garantidos recursos para o aperfeiçoamento da ferramenta e o

suporte técnico às unidades de pesquisa que dela se utilizam. Há,

também, novos interessados que poderão se beneficiar de sua aplicação

caso haja recursos suficientes para instalação de novas unidades desta

importante ferramenta de gestão.

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O CTI atuou fortemente para produzir a evolução do SIGTEC, com

mudanças de plataforma tecnológica e interfaces, resultando numa

ferramenta muito mais amigável e completa. No entanto, a falta de

recursos impediu a finalização do sistema, que se encontra em fase de

desenvolvimento (status: 50% projetado). Pleitos têm sido feitos junto ao

MCTIC para garantir a finalização do sistema.

4.3. Perspectivas 2019

Obrigações Contratuais - Informações de contratos vigentes do órgão:

Tabela 5 - Quadro Resumo de Contratos, agregando quantidade e valor – total de contratos do órgão.

Nº CONTRATADO OBJETO VALOR¹ Renovável

?

219.00

SEC FIGUEIREDO Nacionalização de itens importados na modalidade de importação direta

R$ 57.000,00 Não

232.0

0 INTERATIVA Assistente de fiscalização R$ 147.178,56 Sim

233.0

0 INTERSEPT Secretária

R$

1.104.057,36 Sim

241.0

0

TRTEC

INFORMATICA

Renovação dos softwares FOTIGATE

300C e FORTIANALYZER 200D R$ 85.895,66 Não

243.0

0

TARGET

ENGENHARIA E

CONSULTORIA

Renovação do software TARGET

GEDWEB R$ 4.755,73 Não

254.00

TELEMATICA Sistema de acesso R$ 2.922,93 Sim

261.0

0 CORREIOS Sedex R$ 23.500,00 Sim

265.0

0

TORINO

GARANTIA Garantia workstation R$ 278,54 Não

269.0

0 VILAGE Marcas e Patentes R$ 75.935,42 Sim

277.00

STRATEGIC

PROTEÇÃO - Vigilância

Vigilância armada e segurança patrimonial

R$ 127.313,52 Não

278.0

0

STRATEGIC

CONSULTORIA -

Porteiro

Porteiros R$ 83.857,44 Não

279.0

0 TROPICALIENTE Cessão de uso para lanchonete Não se aplica Sim

280.0

0

TICKET

SERVIÇOS

Manutenção e abastecimento da

frota R$ 134.901,81 Sim

281.00

TELEFÔNICA Serviço de telefonia fixo comutado R$ 156.900,00 Sim

282.0

0 TRAVELERS Seguro patrimonial R$ 15.099,00 Sim

283.0

0

STRATEGIC

PROTEÇÃO -

Vigilância

Vigilância armada R$ 167.156,64 Sim

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289.00

MPE ENGENHARIA

Manutenção da infraestrutura R$

1.384.920,36 Sim

292.0

0 AIR LIQUIDE Nitrogênio e locação de tanque R$ 42.491,32 Sim

294.0

0 NTL Suporte TI

R$

1.081.555,44 Sim

295.0

0 ALTAIR Software gratuito Não se aplica Sim

297.0

0

STRATEGIC

CONSULTORIA - Porteiro

Porteiros R$ 300.660,48 Não

298.0

0 CPFL

Fornecimento e distribuição de

energia R$ 984.000,00 Sim

299.0

0 ITAÚ SEGUROS Seguro da frota R$ 7.269,60 Não

300.0

0 EBC Publicações legais R$ 50.000,00 Sim

301.0

0 LIGA Limpeza e conservação R$ 708.000,00 Sim

302.00

LIDERANÇA Jardinagem R$ 96.381,72 Sim

304.0

0 COPIMAQ Copiadoras R$ 70.018,80 Sim

306.0

0

ACQUARELLA

DISTRIBUIDORA

DE AGUA

Água mineral R$ 20.250,00 Sim

307.0

0 LIDERANÇA Líder de jardinagem R$ 71.107,68 Sim

308.0

0 DECOLANDO Agenciamento de passagens aéreas R$ 332,75 Sim

309.0

0 ENGETAX Manutenção do elevador R$ 3.780,00 Não

¹ Valor global – ano Fonte: Divisão de Logística e Apoio Administrativo - DILAD

Obrigações Legais O CTI possui uma Divisão de Gestão, Acompanhamento e Controle de Contratos e Convênios de P&D&I, responsável pela execução dos contratos, convênios e outras formas de ajustes em pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de auxiliar a direção do CTI na gestão destes instrumentos, atualizando regularmente indicadores pertinentes aos Termos de Compromisso de Gestão.

As atividades de P&D desenvolvidas nos Núcleos de Competência técnico-cientificas, são efetivadas por meio de convênios, redes, contratos, acordos de cooperação e parcerias com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que geram resultados que contribuem para as ações de inovação em processos e produtos.

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Tabela 6 - As obrigações e compromissos assumidos pelo CTI

OBJETO PRAZO/VIGÊNCIA DADOS DO

INSTRUMENTO

PARCEIRO

Início Término

Projeto: Recuperação de Materiais Eletroeletrônicos (REMATRONIC) a ser desenvolvido com recursos do BNDES/Funtec

19/03/201

9 Acordo

Gerenciamento de Resíduos Industriais -

GRI

Pesquisa, Desenvolvimento e

Comercialização de papel de relevo para impressoras térmicas (fusoras)

01/04/2014

01/04/2019

NDA TECASSISTIV

A

Desenvolvimento de Dispositivos Para Manufatura Aditiva e Simulação Computacional Para Aplicação em Engenharia e Bioengenharia

20/03/2015

20/03/2019

Acordo

Escola de Engenharia

de São Carlos da

Universidade de São Paulo.

Painel de Instrumentos 3D simulado e suas evoluções

09/04/2014

09/04/2019

NDA MAGNETI MARELLI

Título do Projeto: Projeto Multi Usuário Brasileiro

24/03/2015

24/03/2020

Acordo Parceiro: CEITEC

Carta de Intenções 03/06/20

15 03/06/202

0 Carta de Intenções

Parceiro: Aventuras

Produções e Edições

Educativas Ltda.

Carta de Intenções 21/07/20

15 21/07/202

0 Carta de Intenções

Parceiro: Visom

Tema: Desenvolvimento conjunto de uma solução hibrida utilizando tecnologia GPON e BPLC, de acordo com projeto submetido no programa Inova Telecom.

27/03/2015

27/03/2020

NDA PADTEC

Tema: O interesse das partes em negociar a contratação pela Treetech de serviços de consultoria e de realização de ensaios na área de testes de perda de vida acelerada e outros, que ambas as partes reconhecem como "Propósito" e que poderá ensejar a subsequente assinatura, por ambas as partes, de um Contrato de Prestação de Serviços relacionado ao mesmo Propósito.

09/04/2015

09/04/2020

NDA Treetech Sistemas

Digitais Ltda.

Carta de Intenções 11/12/20

15 11/12/201

8 Carta de Intenções

National University of Singapore

Plataforma Aberta de Tecnologias para Internet das Coisas e suas Aplicações (Projeto

HIPERCONSENSE)

10/10/2016

10/10/2019

Acordo

FINEP - FUNTTEL,

CPQD, Instituto

Atlântico, FACTI

Tema: assuntos relativos ao desenvolvimento do projeto do hospital Dante Pazzanese e GEHC.

19/10/2015

19/10/2020

NDA GE

Healthcare - Latin America

Título do Projeto: Estudo de viabilidade da combinação de plataforma simuladora instável atrelada a games como atrativo e fidelizador aos tratamentos de reabilitação.

15/09/2015

15/09/2020

NDA Fisioatual

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Carta de Intenções 07/04/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

IEEE

Tema: "Máquina Térmica de ciclo Diferencial" e "Sistema de Testes Múltiplos (STM)", ambos com patentes requeridas, e Projeto e construção de um Laboratório e um modelo experimental de Máquina Térmica para geração de energia as partir de fontes alternativas, termossolar e resíduos.

21/07/2015

21/07/2020

NDA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDA

DE CATÓLICA

DO PARANÁ - PUCPR e

ASSOCIAÇÃO PARANAENS

E DE CULTURA -

APC

Carta de Intenções 16/11/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

University at Buffalo (SUNY)

Carta de Intenções 01/07/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

Kasetsart University

(KU)

Carta de Intenções 05/10/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

IFSP

Carta de Intenções entre CTI e BCF Solutions

01/02/2016

Indeterminado

Carta de Intenções

BCF Solutions

Carta de Intenções 03/08/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

Município de São José dos

Campos

Carta de Intenções 15/10/20

15 Indetermina

do Carta de Intenções

Universidade São Francisco

Tema: Transmissores/Receptores Fotônicos Integrados

10/12/2015

10/12/2020

NDA BrPhotonics

Tema: Toda e qualquer informação, de propriedade da Parte Reveladora e a qual a Parte Receptora tenha acesso por força das negociações e/ou do relacionamento estabelecido entre elas, abrangendo: i Tecnologias e know-how voltados ao desenvolvimento e fornecimento de soluções para automação de máquinas, equipamentos e processos industriais, abrangendo todas as

etapas de um projeto, desde a concepção conceitual da solução, definição de melhor arquitetura de hardware, desenvolvimento de projetos mecânico, hidráulico, pneumático, elétrico e software específico; ii Tecnologias e know-how de fabricação máquinas e equipamentos especiais, incluindo partes como dispositivos mecânicos, atuadores, painéis elétricos de controle e potência, instrumentação e testes de

equipamentos e sistemas completos de automação industrial; e iii Tecnologias e know-how de prestação de serviços ligados à automação industrial, tais como especificação de equipamentos, montagem, instalação, comissionamento e start-up.

10/12/2015

10/12/2020

NDA

Acquest Geologia e Geofísica

Ltda. e Jonfra Automação Industrial

Ltda.

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106

Tema: Identificar oportunidades/desenvolvimento/integração de soluções, visando maior governança operacional e a redução das perdas aparentes e/ou comerciais em redes de distribuição da AEGEA, valendo-se de soluções em Tecnologia de Informação e Comunicações.

08/04/2016

08/04/2021

NDA AEGEA

Título do Projeto: Tecnologias que possam suportar o tema de Produto Ampliado e Experiências – com o foco de instrumentalizar as consultoras para uma experiência de consultoria diferenciada que encante o cliente final e apoie a recomendação de produtos.

03/02/2016

03/02/2021

NDA Natura

Tema: Pesquisa & Desenvolvimento de sensores inteligentes para monitoração on-line de parâmetros

diversos em equipamentos de alta tensão, tais como gases dissolvidos no óleo, temperaturas e outros, visando o diagnóstico de estado desses equipamentos e a detecção e prevenção de defeitos em estágio incipiente.

08/04/2016

08/04/2021

NDA Radice

Desenvolver projetos que viabilizem como produtos comerciais as pesquisas de bancadas realizadas na área de SAW, principalmente naquelas concernentes aos projetos em andamento./ Desenvolver projetos cooperativos que aumentem ac carteiras de produtos oferecidos ao mercado pela empresa Táquion em consonância com os ajustes de propriedade intelectual e licenciamento acordados./ Trabalhar para captação de recursos de forma

conjunta para aprimorar e desenvolver projetos aderentes a estratégia industrial e comercial da empresa.

04/04/2016

Indeterminado

Carta de Intenções

Taquion

Desenvolvimento de capacitação para operadores de unidade recicladora para a recepção, segregação, destinação e certificação de materiais recicláveis componentes de equipamentos eletrônicos e de comunicação, com enfoque, mas não restrito à Tecnologia Assistiva para surdos com aulas em libras e português. Energia solar fotovoltaica. Certificação ambiental. Economia criativa. Mineração 2.0.

18/03/2016

18/03/2021

Carta de Intenções

Escola Viveiro

Tema: Projetos de P&D referentes a tecnologias Eólicas e Fotovoltaicas.

25/08/2016

25/08/2021

NDA Ingeteam/

Facti

Aplicativo na área de Tecnologia Assistiva desenvolvido pelo ELDORADO, bem como, composição de parceria com a finalidade de buscar possíveis parceiros e/ou ações para sua viabilização, dentro da rede cooperativa do CTI-CNRTA (Centro

25/08/2016

25/08/2021

NDA Instituto de Pesquisas Eldorado

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Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva).

Desenvolvimento de produtos para de ITS – Intelligent transport systems; Desenvolvimento de produtos para Segurança e Automação.

30/08/2016

30/08/2021

Carta de Intenções

Flexmedia

1) Pesquisa de produtos eletrônicos; 2) Produção de equipamentos eletrônicos; e 3) Distribuição de equipamentos eletrônicos.

01/08/2016

01/08/2018

Carta de Intenções

Constanta Industrial

Ltda.

Reciclagem de resíduos eletroeletrônicos.

01/10/2016

01/10/2021

Carta de Intenções

SINCOOPROD

Prospecção, concepção e validação de algumas das soluções do projeto DTITA – Desenvolvimento Tecnológico

e Inovação em Tecnologia Assistiva, com o objetivo de agregar valor à solução desenvolvida e garantir sua aplicabilidade.

10/10/20

16

10/10/202

1

Carta de

Intenções CEI

Transferência de tecnologia de gerenciamento de identidade do CTI para a IT2S

08/02/2017

08/02/2022

NDA IT2S

Informações técnicas e detalhes sobre o módulo de processamento ESC-MX6 da Emsyscon e informações sobre o desenvolvimento de LEITOR DIGITAL AUTÔNOMO PARA CEGOS.

11/08/2017

11/08/2022

NDA Emsyscon Solutions

Utilização da metodologia de aprendizagem multidisciplinar referida como "WASH workshop de aficionados em software e hardware"; desenvolvimentos relacionados aos conhecimentos em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC); atividades, projetos ou programas relacionados à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em TIC.

09/11/2016

09/11/2021

Carta de Intenções

Sindicato dos Metalúrgicos

do ABC

Tecnologia Assistiva; Prospecção de novas oportunidades e necessidades técnicas.

06/11/2017

06/11/2022

Carta de Intenções

ABRIDEF

Tecnologias Sustentáveis para

cidades inteligentes.

28/11/20

17

28/11/202

2

Carta de

Intenções NUTEC

Pesquisa e Disseminação Científico-Tecnológica no Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini - Aniversário de 40 Anos.

08/06/2018

08/06/2023

Acordo

Secretaria de Cultura da Prefeitura

Municipal de Campinas

CAE - Chave de Assinatura Eletrônica, dispositivo para assinaturas em documentos digitais.

14/06/2017

14/06/2022

NDA SOULEGAL /

Selo Autêntico

Informação sobre desenvolvimento de novos tipos de sensores de ondas acústicas superficiais feitos pelos especialistas de SAWDES. Novos

conceitos em desenvolvimento de sensores acústicos de vários tipos que estão em desenvolvimento em SAWDES, implementação destes conceitos em topologias de circuitos feitos pelos especialistas de SAWDES. Arquivos de design de circuitos de

04/07/2017

04/07/2022

NDA SAWDES

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108

SAW feitos pelos especialistas de SAWDES.

Análises físico-químicas que envolvam radiação infravermelha (FTIR, por exemplo); análises físico-químicas que envolvam métodos de fluorescência de raios-X; interpretação de resultados de análises químicas; participação conjunta em propostas científicas que envolvam instituições de apoio à pesquisa (FAPESP, CNPq, FINEP etc).

01/02/2018

01/02/2023

Carta de Intenções

IFSP Capivari

Segurança e defesa cibernética; computação de alto desempenho; tecnologia da informação e comunicações; e capacitação de recursos humanos.

17/08/2017

17/08/2022

Carta de Intenções

DCT-Exército

Projetos de Automação desenvolvidos por ambas as partes para aplicação nos setores da SAMSUNG, incluindo especificações e documentos de Projetos de Automação desenvolvidos pela SAMSUNG, permitindo que o CTI auxilie a SAMSUNG apresentando Consultoria técnica para Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos de Automação, realização de treinamentos e compartilhamento de documentações técnicas necessárias para aplicação dos projetos em questão, nos setores da SAMSUNG.

18/08/2017

18/08/2022

NDA Samsung

Atendimento tecnológico do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, por meio do programa da Rede Paulista SIBRATEC de Extensão Tecnológica na modalidade PROLIMP, no que se refere à implantação da norma ABNT IECQ-QC 080000 - Sistema de Gestão para substâncias perigosas em produtos e componentes elétricos e eletrônicos – Requisitos.

18/09/2017

18/09/2022

NDA FANEM

Desenvolvimento de um protótipo industrial de conjunto de sensores digitais de software voltado à área de saúde para uso em interface alternativa em aparelho móvel.

02/05/2017

02/05/2022

NDA SAWDES

Análise do Movimento, Biomecânica e

Interação Humano-Computador; Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento de soluções em Tecnologia Assistiva; Manufatura Aditiva, Modelagem Computacional e Impressão 3D de protótipos.

01/11/2017

01/11/2020

Carta de Intenções

Bioxthica

Tecnologias Sustentáveis para cidades inteligentes.

28/11/2017

28/11/2022

Carta de Intenções

NUTEC

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109

Desenvolvimento de produtos para de ITS – Intelligent transport systems; Desenvolvimento de produtos para Segurança e Automação.

30/08/2016

30/08/2021

Carta de Intenções

Flexmedia

1) Pesquisa de produtos eletrônicos; 2) Produção de equipamentos eletrônicos; e 3) Distribuição de equipamentos eletrônicos.

01/08/2016

01/08/2018

Carta de Intenções

Constanta Industrial

Ltda

Reciclagem de resíduos eletroeletrônicos.

01/10/2016

01/10/2021

Carta de Intenções

SINCOOPROD

Prospecção, concepção e validação de algumas das soluções do projeto

DTITA – Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Tecnologia Assistiva, com o objetivo de agregar valor à solução desenvolvida e garantir sua aplicabilidade.

10/10/2016

10/10/2021

Carta de Intenções

CEI

Transferência de tecnologia de gerenciamento de identidade do CTI

para a IT2S.

08/02/20

17

08/02/202

2 NDA IT2S

Utilização da metodologia de aprendizagem multidisciplinar referida como "WASH workshop de aficionados em software e hardware"; desenvolvimentos relacionados aos conhecimentos em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC); atividades, projetos ou programas relacionados à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em TIC.

09/11/2016

09/11/2021

Carta de Intenções

Sindicato dos Metalúrgicos

do ABC

Primeiro Termo Aditivo ao Acordo MCTI/CTI nº CNV-009.13 com ITS Brasil.

10/12/2016

10/12/2019

Termo Aditivo

ITS Brasil

Desenvolvimento de um protótipo industrial da interface de documentação para as pessoas com deficiência motora grave baseado em aparelho móvel.

04/04/2018

04/02/2019

Acordo de cooperação técnica e científica

SAWDES

Fonte: DIPDI - Divisão de Gestão, Acompanhamento e Controle de Contratos e Convênios de P&D&I

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Uma visão geral

O Centro de

Tecnologia da Informação Renato Archer desenvolve projetos, atividades e ações de

P&D por meio dos Núcleos de Competência, alinhados as Políticas Públicas do Governo Federal e a Estratégia

Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2019. Este capítulo apresenta um compilado resumido das

principais atividades e ações concluídas recentemente ou em curso. Objetivando

acrescentar elementos sobre a visualização geral da atuação do CTI.

5

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111

1. RNPDTA - Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em TA

Este projeto visa a criação da RNPDTA - Rede Nacional de Pesquisa e

Desenvolvimento em TA, a qual foi fomentada por meio de Chamadas

Públicas pela SECIS/MCTI e com recursos da FINEP e do CNPq. Existem

cinquenta e duas (52) Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento que

integram esta Rede com oitenta e quatro (84) Núcleos em TA. A maioria

destas Instituições estão em Universidades Públicas e Institutos de

Pesquisas.

2. Sistema de Governança de Políticas Públicas de Inclusão Social e

Produtiva.

Este projeto visa o desenvolvimento de um Sistema de Governança de

Políticas Públicas de Inclusão Social e Produtiva (SGPPI), em apoio à

tomada de decisões requeridas para o MCTIC alcançar os indicadores da

realização do Planejamento Orçamentário aplicável, a partir de Ação

Conjunta DEPIS (Coordenação) e CNRTA (Apoio Estratégico-

Operacional).

3. Avaliação de produtos

Este projeto constitui na prestação de serviços tecnológicos nas seguintes

áreas: i) Avaliação da qualidade de produtos e processos de software e ii)

Análise de falhas de HW, caracterização Elétrica / Física / Química de

HW e qualificação, análise de conformidade e ensaios de confiabilidade

de HW.

4. Qualificação de produtos eletrônicos

Este projeto visa o desenvolvimento de técnicas e métodos de caracterização, qualificação e análise de falhas de produtos e processos eletrônicos, através de atividades de capacitação tecnológica, formação de recursos humanos, desenvolvimento de novos métodos e técnicas de análise e modernização e adequação da infraestrutura tecnológica.

5. Implementação da CERTICS

Certificação de Tecnologia Nacional de Software - Implantação de uma unidade de avaliação de software resultante de desenvolvimento tecnológico e inovação realizados no País (tecnologia nacional) Gestão de Qualificação de Software Gestão de Qualificação de Software - Projeto para gestão das atividades do âmbito da Divisão de Qualificação

6. Desenvolvimento de Circuito Integrado para Energy Harvesting

Caracterização e Qualificação - O projeto proposto consiste no desenvolvimento de um circuito integrado (CI) de sinal misto destinado a

aplicações de "Energy Harvesting", especificamente para carregadores solares de baterias de íons de lítio.

7. Dragão do Mar

Desenvolvimento de Robô Aquático Grande, Avançado, Offshore, dedicado à Operação, Manutenção, Auxílio e Reparo - Desenvolvimento de robô submarino tipo ROV light work class, subsistemas e componentes críticos, promovendo a capacitação laboratorial no

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Nordeste para o desenvolvimento de tecnologia submarina para lâminas d’água de 3000 m de profundidade.

8. Núcleo de Melhoria de Processos de Software

NMPS - Este PRJ representa o programa do Núcleo de Melhoria de Processo de Software (NMPS) que realiza pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, articulações e serviços tecnológicos na área de Melhoria de Processo de Software, Sistemas e Serviços.

9. Núcleo de Concepção de Sistemas de Hardware – NCSH

O projeto consiste em promover a capacitação institucional nos temas: Projeto de Circuitos Integrados e Sistemas Eletrônicos; Projeto de Sensores Integrados Inteligentes; e no Desenvolvimento de Hardware Configurável para Teste de Circuitos. O tema sobre Projeto de Circuitos Integrados consiste no desenvolvimento de processos tecnológicos para a realização de circuitos eletrônicos: analógicos; digitais; de potência; e de rádio frequência. O tema sobre Projeto Sistemas eletrônicos contempla o desenvolvimento de sistemas complexos baseado em microprocessadores e sistemas embutidos. O tema sobre projeto de Sensores Integrados Inteligentes consiste no desenvolvimento de métodos de análise e projeto de captores, integrados monoliticamente à eletrônica de processamento numérico. O tema sobre desenvolvimento de Hardware Configurável para Teste de Circuitos consiste no projeto de um sistema de hardware, dedicado ao teste de circuitos eletrônicos, ajustável a aplicações específicas. Este sistema é controlado por microcomputador e integra: equipamentos; instrumentos; ferramentas; sensores e software.

10. Serviços técnicos para auxílio no aprimoramento tecnológico do sistema

eletrônico de votação

Serviços especializados de suporte na especificação de dispositivos eletrônicos de hardware e de software a serem aplicados no sistema eletrônico de votação, com foco na otimização de segurança e redução de custos utilizando circuitos personalizados. Contratação de serviços especializados de análise de falhas de hardware das urnas eletrônicas do modelo 2002.

11. Desenvolvimento de competências em energia solar fotovoltaica integrada

às edificações e tecnologias fotovoltaicas orgânicas

Com este projeto estaremos complementando os recursos necessários para a implantação dos laboratórios de montagem de módulos fotovoltaicos e de desenvolvimento de células solares orgânicas no CTI. Também daremos início a atividades de P&D visando o desenvolvimento de componentes eletrônicos aplicados a sistemas fotovoltaicos.

12. Sistemas Fotônicos e Nanoestruturados

Desenvolvimento de metodologia e ambiente para projeto e implementação de dispositivos em fotônicos em silício ou outros materiais, e suas aplicações a sistemas de tecnologia da informação e comunicação.

13. Núcleo de Empacotamento Eletrônico – NEE

O Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias de Empacotamento Eletrônico tem por objetivo principal capacitar o CTI em tecnologias de empacotamento eletrônico, buscando manter e atualizar

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as tecnologias já implantadas, ampliar os limites tecnológicos existentes e desenvolver novas tecnologias de empacotamento eletrônico, além de tecnologias convergentes, de maneira a permitir uma ampliação do espectro de utilização da infraestrutura existente atendendo novos setores da sociedade e da academia, com a possibilidade de fabricação e empacotamento de dispositivos micro e nanofabricados entre outros dispositivos, e de outros tipos de sistemas eletrônicos. O Projeto também busca o desenvolvimento de novas tecnologias de empacotamento eletrônico, tais como: o projeto e fabricação de substratos para a montagem de Multi-Chip-Modules (MCM); tecnologia de empilhamento de matrizes (stacked die); tecnologia de afinamento de wafer (wafer griding); tecnologia de montagem System in Package (SIP); tecnologia through silicon via (TSV); simulação das características térmicas, mecânicas, eletromagnéticas de estruturas de empacotamento, entre outras.

14. Rede SIBRATEC de Serviços Tecnológicos de TICs aplicáveis às novas

mídias

Participação em Rede de Serviços Tecnológicos do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), com o objetivo de capacitar laboratório do CTI para a oferta de serviços de avaliação de conformidade de middleware de TV Digital para o SBTVD-T (Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre).

15. CNRTA - Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva

O Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), vinculado ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, constitui uma das ações para a implementação do Plano Viver sem Limite (Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência) lançado em 2011, no âmbito da ciência e da tecnologia e está a cargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação/Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social (MCTI/SECIS). Sua atuação tem caráter interministerial, intersetorial e intergovernamental articulando programas de políticas públicas ligados a instituições de pesquisa, setor produtivo, entidades de e para pessoas com deficiência, bem como aos diversos ministérios que executam o Plano Viver sem Limite. O CNRTA tem como tarefa contribuir para o planejamento, elaboração e implementação da Política Nacional de Tecnologia Assistiva (TA) ao articular nacionalmente uma rede cooperativa de pesquisa, desenvolvimento e inovação nesta área, impulsionando também a criação de um novo modelo de política industrial em TA.

16. Núcleo de Robótica e Visão Computacional – NRVC

As atividades do LRVC nas áreas de robótica e visão computacional foram iniciadas em 1995, com o objetivo de desenvolver tecnologia e soluções voltadas a aplicações industriais, de serviço, ambientais e educacionais. As atividades de pesquisa e desenvolvimento nestas áreas incluem

modelagem, simulação e controle de veículos robóticos terrestres, aéreos e subaquáticos; autonomia de sistemas robóticos; arquiteturas de hardware e software para sistemas robóticos; processamento de imagens e métodos aplicados de visão computacional, além de plataformas multimídia distribuídas abertas para serviços telemáticos. As atividades de serviço por demanda nestas áreas incluem inspeção robotizada terrestre ou subaquática e desenvolvimento de sistemas de visão computacional dedicados.

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17. Núcleo de Gestão Empresarial – NGE

O projeto foi concebido para contemplar, de forma dinâmica, os interesses de pesquisa da DTSD. Trata-se de um projeto exploratório, multidisciplinar, que objetiva capacitar a equipe da Divisão em suas duas áreas de pesquisa: a) Competitividade Organizacional e b) Tecnologias para Gestão Colaborativa, abrangendo os seis seguintes temas: a) Estratégias Competitivas, b) Benchmarking, c) Inovação e Aprendizagem Organizacional, d) TI para Gestão de Organizações, e) Organizações em Rede e f) Engenharia do Conhecimento.

18. Núcleo de Segurança de Sistemas de Informação – NSSI

Segurança de Sistemas de Informação é o conjunto de tecnologias de hardware e software, metodologias e ferramentas que protege a confidencialidade, integridade e disponibilidade destes sistemas e das informações por eles recebidas, transmitidas, armazenadas e processadas. Como todo país moderno, o Brasil vem usando a tecnologia da informação para otimizar processos, automatizar operações e ganhar eficiência. E, como em outros países, isto foi feito, na maior parte das vezes, de forma descontrolada, sem muito planejamento, sem preocupação com um treinamento adequado para os usuários e, principalmente, para os administradores de sistemas. Junte-se a isso um total desinteresse por parte dos fabricantes de software em desenvolver produtos que incorporem tecnologias relevantes de programação segura e que sejam adequadamente testados, e temos as condições ideais para a exploração destes sistemas visando um sem número de propósitos maliciosos ou hostis. Este projeto visa o desenvolvimento de tecnologias, metodologias e ferramentas, voltadas para a segurança de sistemas de informação (SSI), isto é, que permitam a proteção destes sistemas e as informações neles contida contra-ataques, modificações ou uso não autorizado.

19. DTITA - Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Tecnologia Assistiva

no CTI Renato Archer – DTITA

Desenvolver Leitor Digital Autônomo, criar Rede Nacional de Captura de Movimentos, aprimorar a Interface de Comunicação AUXILIS, desenvolver Lousa Digital com Resposta Motora, estabelecer Técnicas de Prototipagem Rápida para Próteses, desenvolver Display Táctil Baseado na Tecnologia SAW e desenvolver Modelo de Gestão.

20. Implantação das Plataformas de Coleta de Dados Pluviométricos (PCDs)

Projeto de Soluções de Software de Apoio às Redes de PCDs e Implantação das Plataformas de Coleta de Dados Pluviométricos (PCDs), como parte do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, que prevê o mapeamento das áreas de risco e a estruturação de um sistema de monitoramento, alerta e resposta a desastres naturais, com o objetivo de proteger vidas, garantir a segurança das pessoas, minimizar

os danos decorrentes de desastres e preservar o meio ambiente. Uma rede com cerca de dez mil Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) ambientais com transmissão automática dos dados via sinal de telefonia está sendo implantada no país e, devido à magnitude desta rede, faz-se necessário o desenvolvimento de ferramentas próprias para sua implantação, gerenciamento e manutenção. Nesse sentido foi estabelecida uma cooperação entre o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) e o CEMADEN, para auxiliar na realização de soluções de software

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de apoio para a rede de PCDs, bem como demais atividades de implantação da rede associada.

21. Metodologia e ferramenta de software público

Desenvolvimento de metodologia e ferramenta de software público de arquitetura aberta para gestão de riscos de segurança da informação na Administração Pública Federal.

22. Centro de Recondicionamento de Computadores - CRC junto ao Programa

Ambientronic

Lançamento do Centro de Recondicionamento de Computadores - CRC junto ao Programa Ambientronic. Esta solenidade contou com a presença do Ministro de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, em 09/07/2016.

23. HEARTCOM

Desenvolvimento de comunicação de dados médicos, clínicos e técnicos wireless entre VAD e terminais remotos - Desenvolvimento de um módulo de um controlador para dispositivo de assistência ventricular implantável (VAD) com capacidade de coletar informações fisiológicas, operacionais e de localização do paciente e transmitir em tempo real para uma unidade de monitoramento remoto.

24. Plataforma Tecnológica de biosensor para diagnóstico point-of-care da

dengue – BIOCARE

Desenvolver um sistema biosensor para utilização em diagnósticos point-of-care de dengue, de resultado qualitativo rápido e de baixo custo.

25. Capacitação em Tecnologias 3D

O projeto visa desenvolver capacitação para aplicação e desenvolvimento de técnicas de manipulação tridimensionais tais como prototipagem rápida, CAD (Computer Aided Design) e outras, aplicadas ao apoio e fomento de seu uso em ambientes multidisciplinares.

26. Pesquisa, desenvolvimento e inovação em displays, fatores humanos,

células solares e eletrônica orgânica

Este projeto se refere a atuação da DSID (Divisão de superfícies de interação e displays) em pesquisa, desenvolvimento e inovação em materiais, processos, e dispositivos, objetivando a prototipagem de equipamentos e sistemas voltados para o atendimento das demandas prioritárias de governo e do setor produtivo em sistemas de interação homem-máquina (e.g. displays, tablets e telas de toque), superfícies de interação ambiental (sensores) e de conversão energética (dispositivos de conversão de energia fotovoltaica), incluindo serviços relacionados a estas competências. Além disso, este projeto engloba, também a avaliação destes sistemas, atuando em ergonomia, usabilidade, avaliação de conforto, eficiência de conversão, etc.

27. Laboratório de Imageamento para Micro/Nanoeletrônica e Tecnologias 3D

– LIMicro

Modernização e requalificação do Laboratório de Imageamento para Micro/Nanoeletrônica e Tecnologias 3D (LImicro) destinado a projetos multiusuário em microeletrônica e impressão 3D.

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28. Avaliação do legado de Relatórios Demonstrativos Anuais (RDAs) da Lei

de Informática

Presente projeto tem como objeto a avaliação do legado de Relatórios Demonstrativos Anuais (RDAs), totalizando 1900 RDAs, que foram encaminhados à Secretária de Política de Informática - SEPIN/MCTI por empresas beneficiárias da Lei de Informática - Lei nº 8.248/91 (LI), a partir do ano de 2006, para justificar o uso de incentivos previstos por esta Lei nesse período. A duração prevista para o projeto é de 27 meses.

29. Avaliação do legado de Relatórios Demonstrativos Anuais (RDAs) da Lei

de Informática

Evolução tecnológica da ferramenta Colossus para acompanhamento e análise de fontes abertas na Internet em apoio às atividades de inteligência.

30. Projetos de Integração em Microeletrônica e Óptica com aplicação em

Sistemas de Comunicações Ópticas

O objetivo deste CONVÊNIO é permitir, facilitar e incentivar a conjugação de esforços entre o CTI e o CPqD, em atividades de pesquisa, desenvolvimento e prestação de serviços cooperativos e integrados, na área de Projetos de Integração em Microeletrônica e Óptica com aplicação em Sistemas de Comunicações Ópticas, consideradas de interesse comum, sem prejudicar a ação individual e independente de ambas as instituições.

31. Pesquisa, desenvolvimento e inovação em tecnologias de fabricação de

microssistemas e suas aplicações

O Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias de Micro e Nano Fabricação tem por objetivo principal capacitar o CTI em tecnologias de micro e nanofabricação, buscando manter e atualizar as tecnologias já implantadas, ampliar os limites tecnológicos existentes e desenvolver novas tecnologias de microfabricação, além de tecnologias convergentes, de maneira a permitir uma ampliação do espectro de utilização da infra-estrutura existente atendendo novos setores da sociedade e da academia, com a possibilidade de fabricação de dispositivos micro e nanofabricados entre outros dispositivos.

32. CITAR - Desenvolvimento de Circuitos Integrados Tolerantes à Radiação

Desenvolvimento de Circuitos Integrados Tolerantes à Radiação - consolidar competências para o ciclo completo de desenvolvimento de circuitos integrados tolerantes a radiações, para aplicações aeroespaciais e afins.

33. Plataforma inovadora de expansão de capilaridade, autoprovisionamento

e autoserviço para acesso internet GPON+BPLC PEXAI-FO

Projeto de integração das tecnologias de comunicação por fibras óticas

do tipo passive optical network (PON) com comunicação do tipo power line communication (PLC) para aumentar a capilaridade de redes de telecomunicação em regiões remotas.

34. Arquiteturas e frameworks para desenvolvimento de software para a

Internet

Este projeto propõe desenvolver tecnologias para arquiteturas de serviços seguros e confiáveis, deslocando–se o nível de abstração do software para o serviço, da sintaxe para a semântica e do programa fonte para o modelo.

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Nesse contexto, tem como metas pesquisar e desenvolver novas tecnologias, ferramentas e métodos para a concepção e construção de software dirigido para a Internet, enfocando as questões de arquitetura, interoperabilidade, flexibilidade, agilidade, eficiência, complexidade, colaboração, compartilhamento e reuso. A partir dessas premissas foram identificadas como prioritárias as seguintes áreas: Web de serviços conduzida por modelos e Computação Social para o foco de pesquisa e desenvolvimento.

35. DynaWeb: Evolução da Pragmática na Web Social

Este documento apresenta uma proposta para o desenvolvimento do projeto: DynaWeb: Evolução da Pragmática na Web Social, a ser executado em parceria entre o CTI Renato Archer e o Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Este plano de trabalho visa promover a cooperação científica e tecnológica entre as instituições através de semelhanças e complementaridade de

competências e objetivos de grupos de pesquisas na Divisão de Software para Sistemas Distribuídos do CTI Renato Archer (DSSD – CTI Renato Archer) e o Instituto de Computação da Unicamp (IC – Unicamp). A pesquisa a ser conduzida tem caráter aplicado e foco principal no desenvolvimento de tecnologias para sistemas Web, em particular, em explorar o design de mecanismos computacionais para interação e gerenciamento de conteúdo dinâmico da Web social. Nestes ambientes, usuários interagem entre si em múltiplos contextos expressando significados e intenções a todo tempo. O conhecimento gerado neste contexto é vasto, e pode ser entendido como uma construção em um processo sociocultural dinâmico. Mecanismos que possibilitem às pessoas explorá-lo de maneira mais eficiente, através de representações adequadas das informações compartilhadas podem ser úteis para diversas áreas e também pode trazer benefícios de natureza pessoal e social. Entretanto, para construção destes mecanismos de interação é necessário saber modelar e visualizar representações de conhecimento levando em conta as relações socioculturais em desenvolvimento. Ou seja, é necessário capturar e evoluir dinamicamente um modelo computacional que represente aspectos do conhecimento junto ao contexto social, incluindo também as intenções durante a interação. É importante ainda haver uma maneira mais eficiente e completa, que possa melhor lidar com os significados e as intenções compartilhados nos contextos de interação, assim como a evolução destes aspectos com o tempo. Este plano propõe a construção de um framework para modelar sistematicamente a evolução dos significados e intenções no contexto de aplicações da Web Social. Para tanto utilizará as bases conceituais e metodológicas da Semiótica Organizacional para a investigação e proposta de solução, incluindo, do ponto de vista técnico, aspectos, métodos e artefatos da Web Semântica. Os resultados esperados incluem

métodos para a construção de modelos computacionais que representem a semântica e a sua relação com as intenções explícitas levando em consideração a dinâmica dos sistemas da Web Social.

36. Workshop de Aficionados em Software e Hardware - O WASH

Workshop de Aficionados em Software e Hardware é uma oficina de iniciação à programação de computadores oferecida pelo CTI Renato Archer. O objetivo é oferecer para as comunidades interna e externa a oportunidade de desenvolver habilidades relacionadas a conhecimentos

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em Ciências e Software Livre. O WASH destina-se às crianças alfabetizadas, adolescentes e adultos de qualquer idade ou escolaridade. Será dada ênfase à programação Scratch, que é uma linguagem de computador voltada para iniciantes. O Scratch permite obter resultados rapidamente, tais como: jogos, histórias animadas e programas interativos. Funciona também como um estímulo à aprendizagem de matemática, português, lógica, entre outras disciplinas.

37. Implementação da Ação SIGTEC

Expansão e Aperfeiçoamento do Sistema de Informações Gerenciais e Tecnológicas - SIGTEC, nas Unidades de Pesquisa do MCTIC.

38. Internet das Coisas (IoT) a Web das Coisas (WoT) e Inteligência Coletiva

(IC)

Plataforma Aberta de Tecnologias para a Internet das Coisas. Introdução de novos benefícios sociais e econômicos dos investimentos feitos pelo

país nas infraestruturas de comunicações móveis - inclusive para as indústrias atuantes no setor.

39. Desenvolvimento de uma cabeça magnética de alta performance

Projeto destinado ao desenvolvimento de uma cabeça magnética de alta performance que disponibiliza os dados criptografados a usuários autorizados e circuito integrado proprietário para leitora de cartões magnéticos com alta performance e segurança.

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Projetos, em

destaque

Este capítulo encontra-se em construção, em função das

contribuições ainda em elaboração pelas equipes

técnicas e núcleos de competência do CTI.

Dentre as iniciativas que caracterizam e agregam à

atuação do CTI na política de ciência, tecnologia e

inovação nacional algumas se destacam, seja pelo

tamanho da equipe, seu grau de envolvimento, pelos

recursos aportados, pela construção histórica do tema,

pelas parcerias relevante, etc.

Este documento é mais uma possibilidade de promover a

divulgação e difusão das atividades desenvolvidas,

reconhecendo a qualidade do trabalho realizado e a

dedicação e competência das equipes.

6

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6.1. Apoio a Políticas

em Tecnologias

Digitais

O CTI atua como prestador de serviços especializados para políticas em tecnologias digitais por meio de seu Laboratório de políticas públicas – poli.TIC, criado em 2011.

As competências desenvolvidas no poli.TIC são fruto de uma década de pesquisa, desenvolvimento e aplicação de conhecimentos em diferentes instrumentos de política. Seu foco de atuação atual está direcionado para atividades de Pesquisa e Desenvolvimento em metodologias de avaliação, avaliação de projetos de P&D&I, automatização de processos de avaliação e certificação de software como tecnologia desenvolvida no país.

A DIPTD (anteriormente chamada de DMPS - Divisão para Melhoria de Processos de Software) tem como vocação original a análise de melhoria de processos e, a partir desta vocação, se desenvolveu e especializou em construção de metodologias, automatização e implementação de avaliações como apoio a instrumentos de política pública.

Foram realizados oito (8) significativos projetos neste período que envolveram o trabalho de, aproximadamente, 100 especialistas e um montante na ordem de R$ 50 milhões. Os projetos realizados neste período foram: Software Público Brasileiro, CTENIC, CERTICS, PDISOFT, Ecossistemas Digitais, RDSys, AvalRDA, Avaliação do Sistema Prisional e, iniciado em 2018, o projeto Ética nas Comunicações. Com a realização destes projetos e de pesquisas adjacentes a eles foram consolidadas as seguintes competências do poli.TIC:

1. Pesquisa e Desenvolvimento em Metodologias de Avaliação

3. Automatização de Processos de Avaliação

2. Avaliação de Projetos e Processos de P&D&I

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1. Pesquisa e Desenvolvimento em Metodologias de

Avaliação

1.1. CTENIC

Em 2010, o Brasil adotou um instrumento de política de margem de preferência em compras públicas, estabelecido pela Lei 12.349/2010 e regulamentada pelo Decreto 7.546/2011. De acordo com a Lei 12.349/2010, produtos e serviços resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país podem obter margens de preferência de até 25% em compras governamentais. A margem de preferência foi estabelecida para um conjunto de setores, dentre eles o de software.

No primeiro semestre de 2011, o MCTI demandou ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI Renato Archer), o desenvolvimento de uma metodologia para avaliar e certificar software resultante de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país. As principais dificuldades desta demanda decorreram das características que distinguem o software dos bens manufaturados para os quais tipicamente as margens de preferência são oferecidas. Em software é impossível, por exemplo, distinguir conteúdo nacional e estrangeiro. Além disso, a dinâmica da economia do software não é a mesma da dos bens manufaturados, especialmente no que se refere à formação de preços e às estruturas de custos. Em software, a importância da inovação e do desenvolvimento local de competências para a apropriação e geração de valor justifica a adoção de uma nova perspectiva para o uso da margem de preferência como instrumento de política pública.

Foi realizado então o projeto CTENIC para o qual foi montada uma equipe multidisciplinar incluindo especialistas em políticas públicas, engenharia de software, melhoria de processo, gerência de projeto, economia e aspectos jurídicos. No projeto foi necessário entender com maior profundidade a dinâmica atual de desenvolvimento da indústria de software no Brasil, suas possíveis trajetórias (cenários) e uma análise da contribuição de um mecanismo de certificação para seu desenvolvimento. Para isto foram conduzidas diversas atividades incluindo diferentes stakeholders.

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A partir da leitura da exposição de motivos da Lei 12.349/2010, da literatura acerca da relação entre desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento nacional, e das experiências e particularidades das políticas de compras públicas em software e TI em outros países, incluindo EUA, China, Coreia do Sul e África do Sul, foram consideradas as contribuições potenciais que a aplicação da metodologia poderia ter para o desenvolvimento nacional sustentável focalizada nos temas autonomia tecnológica, negócios intensivos em conhecimento e capacidade de inovação.

Para o desenvolvimento da metodologia CERTICS foram realizadas atividades para reunir e também construir insumos teórico-práticos para o equacionamento do desafio técnico da certificação. Foram realizadas cerca de 20 entrevistas exploratórias com representantes de empresas,

entidades governamentais compradoras de software, policy makers e agências de fomento. Foi realizado um estudo de cenários com 50 especialistas para aprofundar o entendimento da trajetória do setor de software no Brasil e análise da contribuição de um mecanismo de certificação para seu desenvolvimento. Em paralelo, foram realizados levantamentos de fontes secundárias, tanto para caracterização do setor como das teorias relacionadas à economia da inovação, gestão da inovação, etc.

A partir dos levantamentos e estudos realizados ficou evidente que a variedade de forma que um software pode ser disponibilizado, sua transversalidade a diversos processos produtivos e nichos demandaria uma metodologia de alta complexidade para avaliação, se focalizarmos a análise do artefato software. A estratégia então foi a de focalizar os processos relacionados ao desenvolvimento de software, ou seja, avaliar em que medida os processos correlatos ao desenvolvimento de um artefato de software criaram novos conhecimentos, novas capacidades e novos negócios no País.

O consenso que se formou foi o de focalizar a agregação no País e não propriamente a origem da tecnologia da informação. Em outras palavras, determinadas tecnologias podem ter sido geradas no exterior, mas sua absorção e domínio no País levou à construção de diversos resultados, que posteriormente viemos a definir como competências. E o fio condutor para o entendimento destes resultados é a avaliação dos processos correlatos ao software ao longo do

tempo e a maneira como se dão no presente momento.

Para definir que tipos de resultados seriam focalizados na metodologia, cada software e serviços relacionados foram analisados sob a ótica de sua contribuição para o desenvolvimento do país, focalizando: 1) a contribuição para a autonomia tecnológica do País; 2) a contribuição para o aumento da capacidade de inovação; 3) a contribuição para a geração de negócios intensivos em tecnologia.

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Estas três dimensões têm ligações intrínsecas e se reforçam mutuamente. Estas três dimensões escolhidas estão também presentes na literatura utilizada para o desenvolvimento do trabalho. Para atender a estas dimensões, foi construído também um novo olhar para o conceito de tecnologia nacional: avaliar o que um software e serviços correlatos, a partir do seu desenvolvimento, criam ou ampliam competências no Brasil.

Versões preliminares desta metodologia, com níveis mais altos de abstração, foram exercitadas para software em quinze empresas e os resultados orientaram novas versões mais detalhadas. Uma destas versões foi apresentada em um painel de especialistas com 60 participantes, dentre empresários, entidades governamentais compradoras de software, acadêmicos, consultores e policy makers. Os resultados deste Painel orientaram uma nova versão com melhorias na metodologia. Esta versão foi então divulgada em mais de trinta apresentações individualizadas para grupos de stakeholders selecionados (agências de fomento, associações de empresas, etc), onde foram coletados mais elementos de melhoria na metodologia. Em maio de 2012 foi publicada a versão 1.0 da metodologia. De agosto a dezembro de 2012 foram realizadas uma consulta pública e duas audiências públicas para revisão da metodologia. Nesse período houve 4.686 visitas ao site da CERTICS (www.certics.cti.gov.br) e a página da CERTICS foi visualizada 18.922 vezes. Durante o período de Consulta Pública foram realizadas duas Audiências Públicas: uma em Brasília/DF e outra em Campinas/SP. No canal da Consulta Pública foram recebidos 333 comentários (122 participantes e 91 instituições).

As manifestações enviadas na consulta pública foram analisadas e com base nestas análises foi desenvolvida e publicada a versão 1.1 da metodologia. No início de junho a metodologia CERTICS foi lançada em um evento público pela SEPIN no CTI Renato Archer. Neste evento foi apresentada a versão 1.1 da metodologia e a publicação da portaria 555 de 2013 do MCTI que estabelecia a metodologia CERTICS como o instrumento para atender a demanda da Lei 8.248/1991, do Decreto 5.906/2006, da Lei 8.666/1993 e Decreto 7.174/2010 para margem adicional de preferência em compras públicas para software resultante de desenvolvimento e inovação tecnológicas realizadas no País.

1.2. PDISOFT

O lançamento do Programa TI Maior, em agosto de 2012, atestava a importância do software e da pesquisa e desenvolvimento (P&D) em software na agenda e na estratégia governamental do Brasil. Conduzido à época pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o também denominado Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação 2012-2015 foi alicerçado em cinco eixos: a) Desenvolvimento econômico e social, b) Posicionamento internacional, c) Inovação e empreendedorismo, d) Competitividade, e) Pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. Esse programa trazia, como macro-metas, elevar a colocação do Brasil no ranking mundial de tecnologia da informação (TI), o PIB e as exportações do setor, a participação de TI no PIB nacional, e a geração de empregos qualificados.

Com um pacote de investimentos da ordem de R$ 486 milhões até o ano de 2015, o Plano TI Maior englobava medidas que iam do instrumento CERTICS, por meio do qual, empresas de tecnologia nacional certificadas teriam preferência nas compras governamentais de produtos e serviços de software, à composição de uma agenda para um marco regulatório competitivo que aperfeiçoasse a legislação brasileira e promovesse novos mecanismos de

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incentivo, envolvendo a Lei da Informática (Lei n°8.248/91) e a Lei do Bem (Lei n° 11.196/05). Daí a relevância de se adotar, alinhar e aprimorar (quando existentes) metodologias de avaliação de atividades de P&D no contexto do Plano TI Maior, incluindo o setor de software, já que o Brasil almejava avançar como player global do setor.

Já era conhecido, no entanto, o desafio que os instrumentos de estímulo à inovação enfrentavam em termos da identificação e mensuração das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), especialmente nas áreas mais intensivas em conhecimento, como é o caso do setor de software. Parte das dificuldades residia em questões conceituais, que se refletiam correntemente em certa confusão no tratamento de tais atividades. Tratando-se do setor de software, as dificuldades eram ainda maiores: o caráter intangível das atividades de desenvolvimento e comercialização dos produtos e serviços desse setor, somado ao dinamismo com que inovações reconfiguram os padrões de funcionamento de seu respectivo mercado, intensificam a dificuldade de se identificar e mensurar atividades de PD&I relacionadas.

A expressão Pesquisa e Desenvolvimento, ou simplesmente P&D, foi incorporada há tempo aos vocabulários empresariais e da gestão pública. O uso do termo leva a diferentes entendimentos conforme a expressão seja empregada nos diversos contextos e ambientes: científico, de negócios ou de políticas. Normalmente admite-se que P&D é um processo que compreende tanto atividades de natureza científica, normalmente associadas ao trabalho de pesquisa, quanto de engenharia, normalmente associada a atividades de desenvolvimento.

Já a inovação tecnológica envolve, conceitualmente, diversas atividades além da P&D e ela se manifesta em novos produtos ou produtos aperfeiçoados lançados no mercado e no emprego de novos processos ou processos aperfeiçoados como métodos de produção.

Pesquisa, desenvolvimento e inovação tiveram definições consolidadas nos Manuais de Frascati e de Oslo, documentos elaborados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com o objetivo de homogeneizar os conceitos e práticas dos levantamentos estatísticos dos países-membros da organização. A partir daí as definições passaram a ser empregadas em vários outros países, inclusive no Brasil.

Mesmo a adoção dos Manuais de Frascati ou de Oslo como referência para análise das atividades de P&D de empresas brasileiras de software ainda deixa espaço para imprecisão, seja porque as definições desses manuais tratam de maneira mais genérica as atividades de P&D, seja porque a indústria brasileira de software e serviços possui, em muitos casos, um estágio de maturidade pré-inovativo.

Uma caracterização simples e direta do que é P&D&I tecnológica em software não é uma questão completamente resolvida. Na realização de um benchmarking internacional, foram encontrados exemplos de países como Reino Unido, Austrália e Canadá, com uma preocupação em esclarecer o que pode ou não ser enquadrado ou qualificado como P&D no desenvolvimento de software, a fim de satisfazer critérios de isenção fiscal no caso de políticas de estímulo a P&D nas empresas. Tais esclarecimentos estão disponíveis em manuais ou roteiros de preenchimento de pleitos de isenção ou crédito fiscal por parte das empresas que desenvolvem software. Do que foi possível analisar, tais esclarecimentos seguem as linhas gerais dos conceitos, critérios e exemplos

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do Manual de Frascati, porém, fazendo-o de forma mais refinada e didática, com o objetivo de evitar pleitos indevidos por parte das empresas.

O surgimento do Projeto PDISOFT - Pesquisa, desenvolvimento e inovação em software - se deu neste contexto, diante da necessidade de se criar um modelo de referência conceitual para identificação e avaliação de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica em software e que fosse devidamente adequado ao contexto brasileiro para expressar com maior clareza as especificidades e particularidades que envolvem tais atividades.

Por solicitação da Secretaria de Política de Informática, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi desenvolvida pela equipe do PoliTIC, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, atividade de avaliação de 217 processos da lei do Bem

A experiência acumulada pelos especialistas resultante da avaliação possibilitou intenso debate com os técnicos desta Secretaria e troca de informações de elevada importância, seja sobre o processo de avaliação, seja sobre o desenho do instrumento e do método de avaliação criado.

Com o objetivo de orientar avaliadores na identificação de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (PD&I) em produtos e serviços de software para avaliações CERTICS, Lei do Bem, Lei de Informática e outros instrumentos, a equipe do projeto PDISOFT criou uma “Guia Orientativa” para ajudar a disciplinar o raciocínio do avaliador no processo de identificação e avaliação de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (PD&I) em software (CTI, 2013).

1.3. AvalRDA

A Secretaria de Política de Informática (SEPIN) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) estabeleceu parceria com o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) para realização do trabalho de avaliação de um legado (formado no período de 2006 a 2016) de aproximadamente 3100 Relatórios Demonstrativos Anuais (RDA’s) contendo mais de 20.000 projetos de P&D em TIC. Os projetos foram desenvolvidos pelas empresas beneficiárias como contrapartida na obtenção dos incentivos fiscais concedidos pela Lei de Informática (Lei 8.248/91). Para a realização deste trabalho foi necessária a formação de uma equipe de especialistas de diversas áreas para: a construção de uma metodologia técnico/científica para as avaliações, denominada Metodologia Específica Versão 1.1, o desenvolvimento de uma plataforma de avaliação denominada RDAnalytics e também de uma política de segurança da informação específica do Projeto AvalRDA, denominada POSIC AvalRDA, sendo os três produtos inovadores. A experiência da avaliação adquirida pelas duas equipes envolvidas no processo, a do CTI e a da contratada, permitiu a elaboração e evolução de indicadores fundamentais para a gestão das atividades e da própria Lei de Informática. Toda a tecnologia desenvolvida ao longo do projeto foi transferida para os servidores do MCTIC,

responsáveis pelas avaliações no órgão, bem como a plataforma desenvolvida, o RDAnalytics, que foi transferida e instalada no sítio do MCTIC.

A Lei 8.248/91 – “Lei de Informática” (LI) é um instrumento de política industrial que dispõe sobre capacitação e competitividade dos setores de informática e automação e concede benefícios (incentivos fiscais) para produtos qualificados. Para fazer jus a esses benefícios, as empresas devem seguir duas exigências: atender ao Processo Produtivo Básico (PPB) estabelecido para o produto incentivado e investir recursos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

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As empresas, para pleitear o incentivo, devem preencher o RDA – Relatório Demonstrativo Anual, que é uma exigência da regulamentação da LI. O Decreto 5.906/2006 estabelece em seu Art.33 o encaminhamento anual ao MCTI de relatórios demonstrativos do cumprimento das obrigações estabelecidas no Decreto, relativas ao ano calendário anterior, incluindo informações descritivas das atividades de P&D previstas no projeto elaborado e os respectivos resultados alcançados.

A metodologia foi inteiramente elaborada tendo por base a legislação vigente à época da realização dos projetos e da apresentação dos RDA’s, congregando em um só documento técnico as informações contidas nos manuais e demais documentos de orientação do preenchimento do Sigplani. Esta metodologia foi testada e passou por vários refinamentos até chegar em sua versão final.

Em março de 2015, o CTI, atendendo ao previsto na Portaria MCTI nº. 863/2014, publicou a sua Política de Segurança da Informação e Comunicações

específica do Projeto AVALRDA (POSIC/AvalRDA/CTI). Trata-se de norma elaborada pelo CTI com o propósito de disciplinar o tratamento das informações protegidas por sigilo, isto é, aquelas obtidas a partir dos RDA’s – e utilizadas na elaboração de pareceres (CTI, 2015).

A partir de maio do mesmo ano as equipes do CTI e a contratada de profissionais especialistas incumbidos da avaliação dos relatórios demonstrativos foram treinadas na metodologia de avaliação e nas normas da POSIC AvalRDA.

Toda a experiência acumulada a partir deste trabalho permitiu a elaboração e evolução de indicadores fundamentais para a gestão das atividades e da própria Lei de Informática.

1.4. Sistema Prisional

Desde setembro de 2016, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI, Campinas) estabeleceu uma frente de pesquisa acerca das condições individuais e de reintegração social de egressas do sistema prisional brasileiro, no âmbito de uma de uma ação multidisciplinar e multi-institucional promovida principalmente pelo Ministério Público Federal de Campinas: Grupo de Apoio e Inovação ao Sistema Prisional (GIA). A pesquisa Metodologia de modelagem e avaliação das condições individuais e de integração social de detentos em cumprimento de pena está sendo desenvolvida junto ao Laboratório de Instrumentos de Políticas para TIC – poli.TIC, da Divisão de Acompanhamento e Apoio a Políticas em Tecnologia Digital (DIPTD).

O trabalho está inserido nas atividades de atuação do poli.TIC, na construção de metodologias de avaliação de políticas públicas. Ainda que o Laboratório tenha concentrado seus esforços no desenvolvimento de instrumentos para avaliação de políticas voltadas à tecnologia de informação e comunicação, suas atividades não são restritas apenas a estes espectros das políticas públicas. Ao descrever sua atuação, o poli.TIC salienta a constituição de metodologias para análise de situações complexas, no qual se pode inserir o sistema prisional. O Laboratório, por meio de seus projetos, tem reunido “condições para apoiar gestores públicos e formuladores de políticas” (ALVES et al., 2017, p. 41), que é objetivo da pesquisa no sentido de formular e formatar metodologias de modelagem e avaliação, neste caso, do sistema prisional, especificamente de mulheres egressas.

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1.4.1. A proposta metodológica

O projeto de pesquisa denominado Metodologia de modelagem e avaliação das condições individuais e de integração social de detentos em cumprimento de pena se propõe a levantar e a sistematizar informações que possam ser usadas como insumo para a melhoria das condições dos detentos e para o (re)planejamento de políticas públicas destinadas ao sistema prisional brasileiro. A metodologia elaborada está inserida no paradigma qualitativo de processos investigativos disciplinados, em cuja construção observou-se a natureza do objeto de estudo, a validade das interações pesquisador-objeto de estudo e um conjunto de métodos e técnicas para a efetiva construção do conhecimento (MUNIZ, LEUGI, HOLANDA, ALVES, 2017).

A pesquisa se organiza principalmente em três etapas. Primeiramente, uma (1) análise do sistema prisional brasileiro, que pretende produzir uma avaliação das condições das prisões em termos históricos e também dos fundamentos filosóficos, sociais e culturais que subsidiam a lógica de encarceramento como se apresenta desde o século XIII até os dias de hoje.

Dessa análise surge a proposta teórico-metodológica que embasa a etapa de número dois. Ademais, é parte do processo de pesquisa qualitativa, nos termos aqui defendidos, que os resultados da coleta de dados (2) retro-alimentem a perspectiva teórico-metodológica utilizada (1) no sentido de alterá-la e adequá-la à realidade dos participantes. Em segundo lugar, (2) uma análise qualitativa das vivências de pessoas encarceradas, especialmente quando se encontram na situação de egressas.

A opção em trabalhar com mulheres egressas se deu por vários motivos entre eles: a não autorização para que a investigação se desse nas penitenciárias; a invisibilidade das mulheres no sistema prisional; aumento expressivo do encarceramento feminino nas últimas décadas. Para compor essa análise também foram incluídos como participantes alguns familiares e profissionais ligados ao sistema prisional, a fim de compreender condições particulares que afetem a reintegração social e a reincidência de pessoas que tenham passado pelo sistema prisional. Essa análise qualitativa está sendo conduzida com base em uma metodologia interdisciplinar para compreensão das experiências dos participantes, e servirá de base para a reformulação e aprimoramento da própria metodologia ao longo do estudo.

A interdisciplinaridade é fundamentada tanto no item (1), que apontou para uma pluralidade de vieses de análise, como também reflete a diversidade da própria equipe de pesquisa. A equipe é composta por pesquisadores de distintas e complementares áreas do conhecimento. Essa multiplicidade de vieses baseada na interdisciplinaridade embasa os procedimentos do projeto de pesquisa. É necessário que o procedimento de coleta de dados, mas também o procedimento de análise destes mesmos dados, reflita as condições subjetivas dos(as) participantes de pesquisa do modo mais abrangente e fidedigno possível.

Por todas estas razões, o método escolhido tem empregado os procedimentos de entrevistas semiestruturadas, grupos focais e histórias de vida que serão produzidas no contexto da pesquisa e nos quais os(as) participantes têm liberdade para direcionar os rumos da conversa com o(a) pesquisador(a).

De posse dos resultados das etapas 1 e 2 a equipe de pesquisa tem produzido e sistematizado os itens A e B, como detalhado a seguir:

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a) Refinando a metodologia, no sentido mais radical e originário do termo, ou seja, uma avaliação de métodos atualmente usados para mensuração tanto das condições de bem-estar de detentos, quanto de sua reinserção social enquanto egressos.

b) Produzindo recomendações que possam ser usadas na formulação de políticas públicas que interfiram nas condições apontadas pelos participantes de pesquisa, com base também na literatura disponível, a fim de que se consiga um sistema que melhor dê conta de demandas provenientes de mulheres egressas do cárcere otimizando sua reinserção social extramuros e consequentemente reduzindo a reincidência. Este modelo de análise está sendo efetivado de modo que se possa generalizar os resultados deste estudo para outras unidades prisionais, considerando as peculiaridades e condições específicas de cada unidade quando da implementação.

Tendo em vista a complexidade, amplitude e dificuldade de acesso do nosso objeto de estudo, percebemos que o emprego de um único método delimitaria a atuação do pesquisador na coleta e análise dos dados. Por isso, nos baseamos no conceito de “metodologia líquida” desenvolvido por Alves e Holanda (2016), no poli.TIC. A opção se deu por meio de discussões empreendidas na DIPTD, do CTI, em que a pesquisa está sendo desenvolvida e, ainda, por estar em consonância com os pressupostos dos vários autores pesquisados.

No caso da elaboração da metodologia de avaliação do sistema prisional, as “metodologias líquidas” tornam-se apropriadas, devido às suas características multifacetadas. Por esse motivo, produzimos uma metodologia não estática, mas sim processual e que possa ser “moldável” ao contexto analisado.

Desse modo, a matriz metodológica aqui defendida é calcada na hermenêutica, fenomenologia, dialética e interacionismo simbólico, visto que se mostram adequadas, uma vez que o interesse central do estudo está na compreensão das reações e motivações dos atores, e não na identificação de regularidades. Assim, a escolha dos métodos e abordagens busca combinar os méritos das orientações interpretativista e realista (no caso, baseado em múltiplas realidades), conforme a aplicabilidade e especificidade requeridas pelo problema social proposto.

1.4.2. Resultados parciais da pesquisa e sua aplicabilidade

Já é possível constatar alguns desdobramentos para novas frentes de investigação. A aplicação da metodologia e análise dos dados mostraram que há uma ausência de políticas públicas para egressos do sistema prisional, sobretudo em relação às mulheres. Há apenas recomendações, mas nenhuma política concreta (Muniz, Leugi, & Alves, 2017). Há dados preocupantes em relação ao expressivo aumento do número de mulheres encarceradas nos últimos 16 anos, que, de acordo com informações do INFOPEN (2017), cresceu 656%, enquanto que o número de homens presos, no mesmo período, teve um acréscimo de 293%. Além disso, as egressas do sistema prisional, segundo

indicadores oficiais, usualmente estão alienadas do mercado formal de trabalho pelo estigma da “ex-presidiária”, mas também por diversos tipos de exclusão (social, geográfica, educacional, entre outras).

Diante desses dados, os pesquisadores da DIPTD decidiram enviar propostas de pesquisa ao CNPq e FAPESP, abrindo frentes de trabalho na área de formulação e implementação de políticas públicas de geração de renda para egressas do cárcere.

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a) Chamada CNPq/SESCOOP Nº 007/2018: Criação de alternativas de inclusão social pelo trabalho para mulheres egressas do sistema prisional pelo fomento a iniciativas de Economia Solidária e desenvolvimento territorial: Uma proposta para formação de rede de articulação e de articuladores em política pública.

A Chamada CNPq/SESCOOP tem por intuito financiar projetos de pesquisa que desenvolvam conhecimento científico na área do cooperativismo. O CNPq propôs quatro linhas de pesquisa para a submissão dos projetos. A proposta do poli.TIC foi enviada para a Linha de Pesquisa 1 que trata dos “Impactos econômicos e sociais do cooperativismo - projetos de CT&I que busquem compreender as relações existentes entre o cooperativismo e os impactos nas comunidades nas quais as cooperativas estão inseridas, assim como os seus reflexos sociais e econômicos ao país”.

O projeto de pesquisa submetido ao CNPq se assentada sobre a expertise

institucional do CTI, sobretudo da DIPTD em metodologias de pesquisa e avaliação de políticas públicas. O projeto enviado tem como objetivo a formação e a articulação de uma rede de cooperação entre atores engajados com a população alvo, com vistas à fundamentação de propostas de políticas públicas de geração de renda para egressas do cárcere, residentes nas periferias metropolitanas de Campinas. A proposta apresentada é também um projeto de inclusão social pelo trabalho, considerando como pilares, fundamentalmente, a economia solidária, a governança participativa e com o desenvolvimento territorial como pano de fundo para o planejamento estratégico de ações.

Tendo em vista as dificuldades enfrentadas por essas mulheres em conseguirem trabalho, após saírem do cárcere, a proposta enviada ao CNPq, se pretende inovadora justamente por abordar as possibilidades de reinserção pela via da construção de uma rede de articulação para apoio e fomento a empreendimentos auto gestionários, nascidos nos territórios onde essas mulheres habitam.

O Brasil compartilha de responsabilidades assumidas em acordos nacionais e internacionais para a melhoria da condição de vida pós-cárcere (Wolff, 2016), especialmente mulheres (Conselho Nacional de Justiça, 2016; Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania, 2013). Nessa conjuntura, de adequação conceitual, de contexto socioeconômico específico de uma potencial população alvo e de responsabilidades assumidas pelo Estado brasileiro, uma proposta de construção de rede, valendo-se das já estabelecidas e priorizando a compreensão do território (Secretaria Nacional de Assistência Social, 2014) a fim de assessorar e capacitar mulheres egressas do cárcere para gerar renda, se faz justificada.

Os princípios norteadores do projeto são: Economia Solidária, tanto pelos seus princípios, pelo contexto das egressas e por haver dificuldade de inserção no

mercado de trabalho formal (Sanchez et al., 2010; Secretaria Nacional de Economia Solidária, 2015; Singer, 2002); Desenvolvimento Territorial, pela perspectiva de recolocar a renda gerada novamente no território e comunidade onde tais mulheres residem, promovendo não só sua emancipação individual, mas também a melhoria de indicadores socioeconômicos locais (p. ex. Lussi & Shiramizo, 2013; Tafuri, 2014; Tafuri & Gonçalves Junior, 2015); e a governança participativa, no sentido de orientar quais atores serão incluídos e como a dinâmica das redes deve ser organizada (Frey, 2004; Frey, Penna, &

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Czajkowski Junior, 2005; Ostrom, 1990, 2005; Penna, Frey, & Czajkowski Junior, 2007).

A política pública a ser formulada será baseada, portanto, na participação e colaboração da própria população que delas usufruirá (Frey, 2004; Marin & Mayntz, 1991; Milani, 2008; Schneider, 2005)

Uma das atividades previstas neste projeto de pesquisa é a realização de um curso de formação e capacitação das egressas do cárcere sobre Economia Solidária. Os pesquisadores, mesmo antes do resultado da Chamada do CNPq, resolveram estruturar um curso que será oferecido nos meses de outubro a dezembro de 2018, em uma organização da sociedade civil denominada PROGEN (Projeto Gente Nova), no bairro Jardim Bassoli, em Campinas. O bairro foi escolhido devido a constatação, a partir do auxílio da equipe de profissionais do PROGEN, que naquele local há diversos obstáculos para as mulheres egressas do cárcere e também para as que se encontram desempregadas, em conseguir trabalho. O bairro é bem distante do centro do município, inviabilizando o deslocamento, principalmente para aquelas que são mães, pois não há creche na região. Dessa forma, a Economia Solidária apresenta-se como alternativa para geração de trabalho e renda para essa mulheres. O curso então se propõe a introduzir o tema para elas, salientando as possibilidades de trabalho que possa ser realizado no próprio bairro. Com isso não haverá a necessidade de deslocamento e poderão encontrar maneiras solidárias para o cuidado dos seus filhos. Os pesquisadores organizarão o curso como bolsistas do CTI, desempenhando o papel de introdutores e auxiliadores de especialistas na área, que serão convidados para ministrar os conteúdos mais específicos. Os conteúdos básicos serão dados pelos próprios pesquisadores/bolsistas.

Participam desse projeto os pesquisadores Cátia Regina Muniz e Guilherme Bergo Leugi, e a chefe da DIPTD Angela Maria Alves, como coordenadora.

b) Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP: Construção de metodologia de inclusão social de egressas do cárcere pela via do emprego apoiado: Uma proposta para formulação de políticas públicas de geração de trabalho e renda

O Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP existe desde 1998 e foi criado com a finalidade de dar suporte a projetos de pesquisa, no Estado de São Paulo, que se proponham a formular e implementar políticas públicas consideradas de relevância social. O projeto de pesquisa deve ser concebido e realizado por meio de parceria entre instituições em que o proponente formule a política pública e o parceiro a implemente.

Considerando-se os resultados parciais da pesquisa que culminou na elaboração de uma metodologia de modelagem e avaliação das condições individuais e sociais de egressas do cárcere, que mostram a necessidade de formulação de uma política específica para esse público, os pesquisadores da DIPTD irão enviar uma proposta de pesquisa para esse Programa da FAPESP.

A condições para o financiamento do órgão de fomento que prevê que o projeto seja produzido por duas instituições, permitiu que o poli.TIC firmasse uma parceria com a Associação Brasileira de Emprego Apoiado (ABEA). A intenção é a condução e execução de pesquisa para formulação de uma metodologia de emprego apoiado e inclusão social de mulheres egressas do cárcere. O projeto de pesquisa tem sido construído com diálogo entre pesquisadores do CTI e representantes da ABEA. Uma proposta de convênio entre CTI e ABEA já está

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em processo. O momento é oportuno para um projeto deste tipo, especialmente após a publicação do Decreto 9.450 de 24 de julho de 2018, que institui a Política Nacional de Trabalho no âmbito do Sistema Prisional - Pnat, “voltada à ampliação e qualificação da oferta de vagas de trabalho, ao empreendedorismo e à formação profissional das pessoas presas e egressas do sistema prisional”, bem como inserir as pessoas privadas de liberdade e egressas do cárcere no mercado de trabalho e promover a geração de renda. A política prevê a reserva de vagas para presos ou egressos, em contratações feitas pela União, em valor crescente a depender da quantidade de funcionários da empresa, variando de 3% a 6%.

Assim, a pesquisa tem como objetivo a formulação de uma metodologia, com base no emprego apoiado, para (re)inserção social mulheres egressas do cárcere, com a intenção de elaboração de uma política pública de geração de trabalho e renda para esse público, residentes nas periferias metropolitanas de Campinas. O projeto prevê, como citado, a implementação da política pública desenvolvida

pelo CTI pela instituição parceira, que no caso será a ABEA, podendo ser aplicada por outras instituições com as devidas alterações a depender do contexto social. Como resultados, para além de possibilitar à ABEA a implementação de uma estratégia de política pública, é esperado que se produza uma metodologia, enquanto tecnologia social, de assessoramento para geração de renda que possa ser considerada em diferentes contextos de populações marginalizadas ou estigmatizadas.

Participam desse projeto os pesquisadores Cátia Regina Muniz e Guilherme Bergo Leugi, e a chefe da DIPTD Angela Maria Alves, como coordenadora. O presidente da ABEA, Jesus Carlos Delgado Garcia, a representa nessa parceria.

1.5. Metodologias Líquidas

Ao se considerar as políticas públicas direcionadas às TIC, a mudança constante dos padrões tecnológicos traz maior complexidade à avaliação dos fatores condicionantes das políticas, bem como dos impactos delas decorrentes. Tal aspecto agrava as consequências do fator tempo-espaço examinado por Bauman em seu conceito da modernidade líquida. Além disso, o uso das TIC na cadeia produtiva e pelas pessoas no seu cotidiano gera implicações diretas nas relações sociais, na força de trabalho e na esfera individual, inclusive no modo como os usuários (res)significam as políticas públicas em tecnologias. A dinâmica implícita em tais fatores também contribui para delinear as condições “liquidas” da sociedade atual.

Por ser de natureza plural e complexa, atuando em âmbitos social, político, tecnológico, econômico e humano, as políticas de TIC são compostas de elementos interconectados, quando não, indissociáveis, de tal sorte que a observação de seu funcionamento integral revela mais sobre o efeito dos seus resultados do que a análise particionada de seus subsistemas. Tal tipo de abordagem, alguns autores definem como sistêmica, inserida no paradigma da

complexidade ou mesmo como de visão holística, tanto por concentrar a atenção no efeito gregário do todo, como às propriedades que resultam da relação entre as partes, muitas vezes, contraintuitivas, dos sistemas sociais (cf. Jackson, 2000; Morin, 2002; Forrester, 1971).

Medições quantitativas, análises das relações de causa e efeito entre partes e setores que integram as políticas podem ser úteis em certo grau, mas não são suficientes para explicar grande parte dos problemas do mundo real. Parte significativa dos efeitos de uma política pública é intangível, ou pelo menos, de

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aferição indireta, quando temos que lançar mão de indicadores intermediários para obter alguma resposta.

No caso das TIC, fatores cambiantes estão intrinsecamente presentes, permeando as dimensões humana, econômica e social. Como assinala Santos, “as opções tecnológicas são sempre questões sócio-técnicas, e devem ser encaradas pela sociedade como de interesse público” (2003, p.12). E a complexidade inerente aos sistemas sócio-técnicos requer um paradigma de estudo não reducionista, que parta antes de tudo de uma visão ampla e integrada do que se pretende observar, priorizando as sínteses que sucedem as análises e assumindo que nas análises não se perdem a visão do todo. As limitações que a análise segmentada impõe ao estudo dos problemas complexos são perceptíveis quando se deseja observar a influência dos aspectos sociais e humanos. De acordo com Morin, o conhecimento não é insular, mas peninsular (1999). Portanto, para alcançá-lo é necessário ligá-lo ao continente de que faz parte e não o segregar em dimensões objetivamente mensuráveis.

A presença do fator humano na efetivação de uma política traz dificuldades ao processo de modelagem e à tradução em variáveis quantitativas. Existem fatores endógenos (preferências, valores, percepções) e exógenos (conjuntura macroeconômica) influenciando a implantação e efetividade dos programas de uma política. Nesse ponto, as metodologias das ciências sociais – em particular, no campo da etnografia, da antropologia de consumo e da economia comportamental – têm ampliado seu potencial de contribuição.

Como alternativa às práticas reducionistas, apresentam-se as abordagens integradoras, sistêmicas, multi e supradisciplinares, balizadas pelo paradigma da complexidade – para usar o termo cunhado por Morin –, que oportunamente surgem das lacunas do pensamento simplificador dominante no meio científico. Mais do que nunca se torna aqui fundamental que as pesquisas para desenvolvimento de metodologias de avaliação considerem, ab initio, a dimensão ontológica (relativa à natureza do objeto de estudo), a epistemológica (relativa à validade das interações avaliador-modelo-objeto de estudo) e a metodológica (relativa à construção do conhecimento).

Apesar da fluidez, na natureza leve e flexível que queremos associar as configurações de metodologia voltadas a finalidades analíticas específicas, há uma complexidade imanente nesse exercício. Na própria expressão de Bauman, estendendo e revelando as sutilezas embutidas no uso da metáfora líquida, é possível depreender a necessidade de um esforço específico: “Manter os fluidos em uma forma requer muita atenção, vigilância constante e esforço perpétuo...” (2001, p. 14-15). É natural sermos levados a atribuir confiabilidade a repetições na aplicação prática de uma metodologia, e que aplicações ad hoc podem significar incipiência em termos metodológicos e epistemológicos. Entretanto a experiência acumulada no emprego dos métodos independe, ou até mesmo é enriquecida, de serem configurados em estruturas metodológicas destinadas a

um fim específico. Cabe ressaltar que o rigor, a atenção e a consciência da incerteza são características determinantes e imprescindíveis na atividade do pesquisador/analista, em qualquer circunstância.

Torna-se assim fundamental o desenvolvimento de abordagens analíticas capazes de avaliar de forma integral os impactos de uma política pública atuando em ambientes complexos e multidisciplinares. As metodologias “líquidas” representam uma tentativa nessa direção, e os autores destas reflexões, ao longo dos anos e participando em diferentes equipes de trabalho, vêm aplicando-as em projetos de pesquisa, entre eles:

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Elaboração e aplicação de metodologias de planejamento de serviços e de avaliação de políticas públicas de TIC, incluindo análise de risco e abordagens quali e quanti.

Desenvolvimento de metodologias de análise de viabilidade tecno-econômica, político-regulatória e sócio-técnica de serviços e soluções de telecomunicações, incluindo dinâmica de sistemas e simulação baseada em agentes (abordagem bottom-up).

Elaboração de uma metodologia para conceituação de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) em software, incluindo um panorama de uso de indicadores de PD&I em software no Brasil e no exterior, e a análise do impacto desses indicadores no contexto de instrumentos de incentivo para subsidiar a gestão das políticas públicas em âmbito federal.

Desenvolvimento de uma plataforma de certificação de softwares

resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no país, abarcando metodologia de avaliação, estrutura jurídica para regulamentar a certificação e operacionalização do processo em esfera nacional.

Concepção de uma plataforma web para acompanhamento de indicadores e avaliação ex post de políticas públicas para o setor de TIC.

Desenvolvimento e aplicação de uma metodologia de avaliação de projetos de P&D no âmbito da Lei de Informática.

Com base na experiência acumulada com esses projetos, percebe-se o alcance e a profundidade que essa combinação de métodos e técnicas imprime ao processo analítico. E mesmo sendo construída a partir de aplicações no ambiente das TIC, pode-se afirmar que essa abordagem tem aplicação multissetorial, sendo potencialmente adequada a estudos sócio-técnicos em geral.

Finalmente, outro aspecto importante a ser ressaltado é o fato de que o conhecimento construído com a abordagem metodológica deve ser usado a partir de uma perspectiva transformadora. Pouco valia é atribuída ao exercício de avaliação de uma política, notadamente as de interesse público, se ela não é conduzida com o propósito de transformação e melhoria das condições atuais.

1.6. Matriz de Quadrantes

Matriz de Quadrantes foi um recurso metodológico desenvolvido para apoiar a análise da qualidade dos projetos de P&D avaliados no âmbito do projeto Lei de Informática. Medir a efetividade dos investimentos em P&D é sempre um desafio para os gestores devido às peculiaridades das atividades e projetos dessa

natureza. No âmbito da empresa, buscam-se medidas que relacionem o investimento em P&D com o desempenho econômico-financeiro da empresa, a sua produtividade ou a introdução de novos produtos ou processos em seu portfólio oferecido ao mercado. Não obstante, P&D carrega também um aspecto intangível, pois envolve conhecimento e aprendizagem, dimensões cuja mensuração é mais complexa, não obstante a evidente relação entre elas e as atividades de P&D. Maior ainda é o desafio do gestor público para avaliar a eficácia de políticas públicas voltadas ao incentivo à execução de P&D pelas empresas privadas.

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A Lei 8.248/1991, conforme o seu preâmbulo, “dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e automação, e dá outras providências”. Da maneira como formulado, o enunciado permite interpretações diversas do real objetivo desse instrumento de política pública. Não obstante o seu preâmbulo, a Lei gerou expectativas no sentido de materializar o desiderato genérico de ampliar a capacitação e a competitividade do setor nacional de informática e automação.

A questão de se medir os resultados da Lei de Informática frente aos seus objetivos não foi, portanto, de fácil abordagem. Por essa razão, a opção foi de ir mais a fundo na conceituação de “capacitação e competitividade” e, daí, extrair elementos que ajudassem na avaliação dos efeitos da lei.

Foram realizadas pesquisas que fundamentaram as definições de capacitação e competitividade tecnológicas utilizadas na análise dos dados resultantes da avaliação de RDAs da Lei de Informática. Em particular, destacamos o papel do avanço tecnológico ou inovação tecnológica para o objetivo competitividade e o

caráter investigativo do processo de P&D para o objetivo de capacitação tecnológica.

Uma atividade investigativa busca respostas para problemas cuja solução não é imediata, não se obtém com o estoque de conhecimentos disponíveis “na prateleira”; requer novos conhecimentos, pois os existentes não são suficientes para atingi-la. A atividade investigativa demanda testes e validações de hipóteses e conhecimentos antes que estes conhecimentos sejam empregados de maneira rotineira, isto é, incorporados ao estoque de conhecimentos dos profissionais da área.

Um projeto de P&D busca dar solução ao problema que o originou. A resposta corresponde à resolução de uma incerteza científica ou tecnológica, que existe porque a solução do problema não é prontamente aparente para alguém familiar com o estoque básico de conhecimentos e técnicas comuns naquela área de interesse.

Logo, existe um encadeamento natural desde o problema ou desafio colocado para o projeto até o seu resultado. Tal encadeamento, em última análise, representa a contribuição do projeto para o aprendizado da equipe que o executa (por extensão, para a organização ou para o país).

Voltando ao atendimento dos critérios que mapeiam os objetivos da Lei de Informática nos projetos das empresas beneficiárias, buscou-se coadunar os resultados oriundos da aplicação da Metodologia AvalRDA numa abordagem semi-qualitativa, com vistas a avaliar o atendimento aos objetivos de promoção da capacitação e competitividade.

A abordagem proposta adotou como unidade básica de análise os projetos incentivados pela Lei de Informática, tendo os critérios e graus da Metodologia como apoio mensurável analítico.

A categorização dos projetos segundo esses critérios e graus, portanto, é distribuída numa matriz de avaliação qualitativa, composta por quadrantes que mapeiam a relação entre competitividade e capacitação (ou, em outras palavras, entre o Avanço Tecnológico e o Processo de Desenvolvimento, fatores condicionadores do binômio competitividade-capacitação, que expressam objetivos esperados da LI e estão associados aos projetos de P&D stricto sensu). Desta maneira, a matriz concebida com tal propósito foi denominada de Matriz de Quadrantes AT x PD (em alusão ao acrônimo formado a partir desses dois fatores). Para efeito de facilidade de tratamento e de rápida visualização, a

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matriz foi dividida em quatro partes ou quadrantes: Prosperidade, Esforço, Talento e Precariedade.

1.7. Abordagem categorizada

A Abordagem Categorizada dos projetos de P&D&I pode ser entendida como um detalhamento analítico importante para avaliar o impacto das tratativas e processos adotados em projetos de PD&I. É um passo adicional em relação à metodologia baseada na Matriz AT x PD mencionada, cujos eixos expressam objetivos esperados dos mecanismos de incentivo que compõem a Lei de Informática, especificamente os referentes ao avanço tecnológico e ao processo de desenvolvimento das empresas beneficiadas.

Esse detalhamento analítico aplica-se a projetos que já alcançaram uma condição de prosperidade (quadrante com melhores resultados), à luz dos critérios que fundamentam a avaliação dos projetos segundo a metodologia AvalRDA (CTI/FACTI, 2015) e a subsequente aplicação dos resultados à Matriz AT x PD. A abordagem aqui apresentada prima por caracterizar os impactos resultantes dos esforços de cooperação e da inclusão de aspectos de multidimensionalidade metodológica na aprendizagem organizacional e na inovação alcançada pelos projetos ou políticas em questão. Mesmo tendo sido motivada a partir das pesquisas metodológicas de avaliação no âmbito da Lei de Informática, a abordagem de análise categorizada pode ser empregada para avaliar a qualidade de projetos de PD&I em geral.

Tal categorização traz o foco analítico para o patamar de sustentabilidade que o projeto – ou mais genericamente, o ecossistema digital – alcançou ao ser executado. Nesse sentido, o foco em sustentabilidade eleva a análise para além dos aspectos de competitividade mercadológica que as abordagens precedentes priorizam. A inovação e o diferencial competitivo passam a ser modulados pelo conceito de ecologia, em que a autorregulação e o equilíbrio evolutivo entre todas as partes do ecossistema tornam-se as finalidades últimas, como um sistema vivo.

O conceito amplo de cooperação, de ecossistemas como elo entre cultura tecnológica e natureza, e a concepção e condução de projetos segundo perspectivas multidimensionais criam o alicerce para a inovação e o desenvolvimento sustentável, em bases perpetuadas e “solidárias”.

1.8. Ética nas comunicações

As inovações nas tecnologias de informação e comunicação (TICs) no século XXI revolucionaram a forma como nos relacionamos e interagimos uns com os outros e também a maior parte das nossas atividades diárias. Junto com esta revolução veio a necessidade de repensar abordagens no planejamento, desenvolvimento e implementação de TICs e a ética envolvida nisso (STAHL et al, 2017; POEL, 2016; WRIGHT, 2011). Neste escopo, dentro do poli.TIC, surgiu o projeto intitulado “Ética nas comunicações”, voltado ao objetivo de analisar,

compreender e monitorar, através de um enfoque ético, os desenvolvimentos recentes e impactos de políticas públicas referentes à área de tecnologia da informação e comunicação.

O primeiro case estruturado dentro desta linha de pesquisa é uma proposta de pesquisa enviada ao “WhatsApp Research Awards for Social Science and Misinformation”, com o seguinte título: “'Going viral' is social: A national strike

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organized via WhatsApp, a case”5. - na área de exploração: Processamento de informações de conteúdo problemático. A proposta enviada se propõe a estudar os determinantes do comportamento de compartilhamento de mídia através de novas tecnologias com enfoque no estudo de caso da greve dos caminhoneiros de 2018 no Brasil onde a plataforma Whatsapp teve importância central.

Assim, o projeto parte da premissa de que o entendimento da natureza da comunicação – seja através de sistemas de mensagem instantânea, conference calling, telefones celulares ou mesmo em pessoa – permaneceu em sua maior parte inalterado. Tecnologias com o Whatsapp prosperam não só por oferecerem novas maneiras de fazer novas coisas, mas especialmente por causa de sua eficiência sem paralelos em melhorar a forma como já nos comportávamos como espécie e como sociedade ou grupo em referência às nossas relações sociais.

Desde Durkheim (1974) e Mauss (DURKHEIM, MAUSS, 2009), mas também considerando o trabalho de autores mais recentes nas ciências sociais como Durham (2004) e Elias (1991; ELIAS, SCOTSON, 2008), novas formas de pensar o indivíduo sob a luz dos seus relacionamentos sociais emergiram. Percepções e representações são, destes pontos de vista, dependentes do contexto social do qual as pessoas fazem parte. Estes relacionamentos são estruturais e consistentes, mas também maleáveis. A existência das pessoas é modelada pelos seus relacionamentos, que por sua vez são negociados e transformados através do uso da linguagem. Indivíduos e sociedade são mutuamente implicados, eles definem as condições de existência um do outro, e a linguagem tem um papel central nesta dinâmica.

Informação, notícias e a mídia envolvem a linguagem em suas diferentes formas, seja em formato de áudio, vídeo ou texto em todas as suas variações. A linguagem é um protocolo de interação sistemático e compartilhado entre pessoas que são partes de certos grupos. Sua eficiência pode ser verificada através do exame dos efeitos que suas instâncias têm em outras pessoas (AUSTIN, 1962; ERVIN-TRIPP, 1964; HALLIDAY, 1973; BROWN e FISH, 1983; GUERIN, 2003). Em outras palavras, a linguagem é uma forma de influenciar pessoas, como um código que foi aceito entre grupos de indivíduos variando em número e territórios. O código é aprendido, usado, subvertido, tem suas funções mantidas ou alteradas durante interações, através de relacionamentos sociais e por causa destes relacionamentos também (GUERIN, 2016a; 2016b; BORDIEU, 1996; JAWORSKI et al, 2006; VAN DIJK, 2008). Linguagem, portanto, é um caminho de afetar pessoas: palavras não fazem nada para nada além de outras pessoas. Devemos notar, entretanto, que apesar de ser um “código” compartilhado, não há um “único” código. Linguagens e estratégias de comunicação são amplos e infinitamente diversos. Códigos de conduta implícitos na linguagem definem grupos, subgrupos e sociedades em geral (BUCHOLTZ e HALL, 2004; MOLONEY e WALKER, 2007; TAJFEL e FORGAS, 2000). Isto também é verdade para comunicação mediada pela tecnologia (ELLISON et al, 2007; MALIK et al, 2016).

Neste sentido, quando pensamos em funções da linguagem, eventos como a disseminação de pontos de vista particularmente enviesados, rumores, lendas urbanas e estórias fabricadas - que agora atraem muita atenção dado que estamos falando incrementalmente mais sobre “fake news” – não são novidade (GUERIN e MIYAZAKI, 2006; EDER e ENKE, 1991; ALLPORT e POSTMAN, 1947; KNAPP, 1944; ROSNOW, 2001; DIFONZO e BORDIA, 2007; SAUNDERS, 2013).

5 Endereço oficial na Web: https://www.whatsapp.com/research/awards/

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Estas são formas bem conhecidas de utilização da linguagem, ou melhor, são formas conhecidas de afetar outras pessoas com palavras dentro de grupos e subgrupos. Estas formas não são “externalidades” do meio utilizado para comunicação, nem do tipo específico de tecnologia e os comportamentos comuns dos usuários, são partes da “experiência humana”, num sentido mais amplo. O uso da linguagem é sempre funcional em direção a outra pessoa ou grupo. Além disso, mesmo que a cultura seja algo construído socialmente, as pessoas vivem e experimentam-na de forma diversa, mudando-a e adaptando-a, não seguindo necessariamente toda “regra” social e normas ao pé da letra (SAHLINS, 1985). Estas apropriações e subversões individuais sobre as regras sociais aplicam-se à tecnologia também. A utilização de computadores pode ser “ressignificada” dependendo da comunidade em que estas máquinas estão (MUNIZ, 2017), e diferentes formas de utilizá-las emergem em diferentes relacionamentos e contextos. A mídia social também cria essas formas divergentes. O comportamento de “compartilhar” e outros caminhos de engajar com conteúdo variam de acordo com as percepções e atitudes dos usuários, mas

também de acordo com a audiência (HOUGHTON et al, 2013; BARASCH e BERGER, 2014; SCHERIBER, 2017; THEERTHAANA, 2018).

Desta maneira, considerando que (a) informação e notícias são partes da linguagem, mas registradas de forma diferente; e (b) compartilhar e enviar informações e notícias são formas de uso da linguagem, analisáveis em termos das estratégias e relacionamentos sociais envolvidos, o projeto propôs duas questões de investigação principais: 1) quais são as propriedades sociais da decisão de compartilhar ou não uma notícia em meios como o WhatsApp?; e 2) quais são as propriedades que facilitam ou promovem o fluxo de informação, comportamental e/ou socialmente, quando se trata de compartilhamento de conteúdo em meios como o WhatsApp?

No intuito de responder estas questões, fundamentamos a realização de um estudo de caso sobre a greve dos caminhoneiros de 2018 no Brasil (DEMORI e LOCATELLI, 2018; LIMA, 2018; REVERDOSA et al, 2018). Em maio de 2018, um grande contingente de trabalhadores do setor de transporte, autônomos e empregados, paralisaram suas atividades afetando diversas esferas da vida cotidiana no Brasil. Pessoas de todo o país ficaram sem combustível, dado que os postos de combustíveis não eram reabastecidos devido às interrupções da cadeia de transporte. Em suma, os caminhoneiros buscavam melhores condições de trabalho, segurança e mudanças nas políticas de preço do combustível focadas na diminuição do preço do diesel. De acordo com diversas reportagens, os grevistas se organizaram principalmente através da plataforma WhatsApp, compartilhando informações em grupos que já existiam anteriormente aos eventos e decidindo de forma descentralizada sobre o timing, locais de bloqueio, etc (DEMORI e LOCATELLI, 2018; LOPES, 2018; LINHARES et al, 2018). As peculiaridades deste significante evento social e político abrem margem para grandes linhas de investigação sobre o comportamento de “compartilhamento” e difusão de notícias e informação, sejam estas falsas ou fatos. A mídia relatou e agora alguns acadêmicos estão começando a investigar o fato de que além da organização da greve, os eventos de maio serviram também para a expansão da radicalização de discursos políticos, alguns dos quais tem bastante efeito em certos locais da política nacional no Brasil (PHILLIPS, 2018; BARONAS e BONANI, 2018).

Os avanços tecnológicos e a transformação digital impactando quase todos os setores da sociedade têm aumentado a complexidade do ecossistema digital. A greve dos caminhoneiros e o uso da tecnologia tornando um movimento político

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de alcance nacional em realidade é um exemplo disso. Estas mudanças no nosso mundo geram uma demanda crescente por criatividade na avaliação de metodologias focadas em TICs. Uma abordagem sistêmica é necessária para enfrentar os desafios epistemológicos e ontológicos colocados por este estado das coisas (HOLANDA et al, 2005). Para conseguir um resultado adequado e significante em relação aos usos cotidianos reais da tecnologia devemos considerar as pessoas, as comunidades, códigos de conduta, estruturas de parentesco e relações sociais em conjunto com a tecnologia e seus parâmetros (STAHL et al, 2017; WRIGHT, 2011; Directorate General for Research and Innovation of the European Commission, 2011; DAMORADAN e OLPHERT, 2006; PENNA et al, 2007). Neste sentido, o projeto busca construir uma metodologia para compreender o comportamento do usuário, especialmente o comportamento de compartilhamento, com uma abordagem multidisciplinar, dentro da chave de abordagens relacionais e funcionais das ciências sociais, para criar um framework contextual aplicável não somente para o caso da greve dos caminhoneiros, mas potencialmente para qualquer análise micro ou macro sobre disseminação de conteúdo, quando algo se torna “viral”.

Com relação à técnica de coleta de dados do referido projeto, partiu-se da construção de um questionário para ser utilizado em surveys relacionadas a três grupos principais: trabalhadores do setor de transporte autônomos, trabalhadores do setor de transporte empregados e o público geral. Esta ferramenta investigativa deve cobrir questões desde relacionamentos sociais até investigações diretas sobre padrões de compartilhamento, assim como informação sobre o contexto de tal comportamento. Os participantes serão perguntados sobre seus hábitos e afiliações, o que também esclarecerá os potenciais vieses comuns encontrados no comportamento de “compartilhamento”. Os dados devem ser analisados quantitativamente e qualitativamente, com enfoque nos padrões de comportamento e contextos de escolha e ação em diferentes grupos de participantes.

Uma investigação como essa pode ajudar a entender não apenas o comportamento dos usuários de tecnologia no caso particular do WhatsApp, mas também pode trazer insights para a elaboração e implementação de políticas, considerando a perspectiva do usuário final e o seu uso no dia-a-dia dado que, efetivamente, este uso estará afetando diretamente a formulação de qualquer política (LIPSKY, 2010). Os resultados servirão para identificar e listar as variáveis contextuais mais importantes na compreensão do comportamento de compartilhamento e através desta identificação podemos dar passos na direção de uma nova análise social contextual da “viralização”. Mais ainda, existe uma falta de estudos com enfoque nesses aspectos e isso se torna ainda mais uma necessidade se considerarmos países como o Brasil onde o WhatsApp tem altas taxas de adoção.

Avaliação de Projetos e Processos de P&D&I

2.1 Lei do Bem

Como outros países, o Brasil também adota incentivos fiscais, inclusive de Imposto de Renda, para estimular as atividades de P&D nas empresas. O marco legal é a Lei no 11.196, de novembro de 2005, conhecida como “Lei do Bem”. Em seu capítulo 3, a Lei descreve vários incentivos para empresas que executem atividades de “pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica”.

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O Decreto no 5.798, de junho de 2006, regulamenta a Lei do Bem e define o entendimento das expressões “inovação tecnológica” e “pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica”.

Os estudos desenvolvidos no Projeto PDISOFT e a criação do modelo de referência para identificação e avaliação de pesquisa, desenvolvimento e inovação em software (CTI,2013) proporcionou à equipe do PoliTIC a oportunidade de avaliação dos processos da Lei do Bem no ano de 2013, dos projetos desenvolvidos pelas empresas beneficiárias do incentivo no ano base 2012, cujos resultados foram apresentados na Nota Técnica TRT0320113 (CTI, 2013). Primeiramente foi gerada uma base de dados extraída de 23 campos, de um total de 65 campos, que constam no formulário eletrônico, remetido pelas empresas que pleitearam os incentivos fiscais, o FORM PD&I, mais outros quatro dados compilados pela equipe, com informações sobre as atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Abaixo, encontra-se a lista das informações coletadas que compõem a base de dados.

O preenchimento e envio do formulário ao MCTI é feito de forma obrigatória até a data de 31 de julho do ano subseqüente de cada exercício fiscal, conforme previsto no Art. 14 do Decreto nº 5.798, de 07 de junho de 2006 (Decreto que regulamentou o Capítulo III da Lei do Bem). A análise dos projetos foi realizada com base no modelo conceitual desenvolvido pela equipe do poliTIC, modelo este constituído, resumidamente de duas visões ou duas perspectivas: a visão do processo pelo qual é conduzida a atividade em análise, que está associada à pesquisa & desenvolvimento, P&D; e a perspectiva de produto ou resultado da atividade executada, que está associada à inovação tecnológica: P&D - Processo pelo qual foi conduzida a atividade. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - Resultado da atividade executada.

A aplicação ipsis litteris do modelo se mostrou impraticável, pois informações essenciais ao modelo não constam do formulário de declaração de informações das atividades de PD&I das empresas ao MCTI (FORM PD&I).

Para tornar as análises mais objetivas e comparáveis, foram estabelecidos critérios padronizados para cada categoria, Inovação tecnológica e P&D.

Para Inovação tecnológica os critérios foram:

Mínimo 1

(M1)

Indícios de que foi desenvolvido ou utilizado método, algoritmo, arquitetura ou ferramenta original.

Mínimo 2

(M2)

Indícios de que foi desenvolvido um novo produto, processo ou sistema. A mera atualização tecnológica de um produto, processo ou sistema não caracteriza, necessariamente, o resultado como sendo novo.

Mínimo 3

(M3)

Indícios de introdução de novas funcionalidades ou características ao produto, processo ou sistema existente. A mera atualização tecnológica de um produto, processo ou sistema não caracteriza, necessariamente, o resultado como sendo novo.

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Para P&D, os critérios foram:

Mínimo 4 (M4)

Indícios de atividade sistemática para o desenvolvimento do produto, processo ou sistema.

Mínimo 5 (M5)

Indícios de atividades investigativas ou experimentais, tais como a realização de testes não-rotineiros, análises, protótipos ou provas de conceito.

Em paralelo, os projetos foram, individualmente, analisados pela ótica do Modelo PDISOFT (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Software). Isto é, na ausência de informações essenciais, buscaram-se, o mais possível, indícios que permitissem enquadrar os projetos, da melhor maneira possível, dentro do

Modelo. Esse foi mais um recurso comparativo e auxiliar do que um critério determinante para o enquadramento final de cada projeto. Esse enquadramento final foi conseqüência, exclusivamente, da análise segundo os “critérios mínimos”, indicados acima.

Os critérios PDISOFT foram:

Inovação tecnológica

PDISOFT 1 (P1)

Benchmarking de mercado ou resenha que demonstre a inovação tecnológica.

P&D

PDISOFT 2 (P2)

Explicitação de um desafio ou incerteza tecnológica e apresentar indícios de pelo menos 3 dos 4 elementos: Sistemático, Investigativo, Experimental, Documentado

A experiência da avaliação possibilitou verificar algumas falhas na descrição dos projetos, na apresentação dos dispêndios e nos anexos. Sejam falhas cometidas pelas empresas ou pela própria ineficiência da estrutura do FORMP&D disponibilizado pelo MCTI, as mesmas foram apresentadas e discutidas na Nota Técnica TRT0320113 (CTI, 2013), assim como algumas recomendações também foram feitas.

Análise estatística foi gerada a partir dos dados obtidos das avaliações dos 217 processos da área de software apresentados em 2013, possibilitando maior aprofundamento nos estudos da equipe do Laboratório poli.TIC. Importante

destacar que a Sepin acatou o resultado das avaliações feitas pela equipe do CTI em 98% dos processos apresentados pelas empresas, ou seja, 214 processos, os quais podem ser encontrados em MCTI, 2013.

O PDISOFT foi desenvolvido diante da necessidade de uma ação estruturada para atender a quatro questões importantes: a) reduzir leituras ambíguas ou interpretações excessivamente frouxas do conceito de P&D quando aplicado à tecnologia de software; b) deixar evidente a prioridade de P&D e dos conceitos do Manual Frascati quando da aplicação de incentivos fiscais; c) alinhar o

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entendimento dos conceitos da Lei do Bem com aqueles dos Manuais de Frascati e Oslo, utilizados como documentos de referência pelo MCTI; d) aproximar as práticas brasileiras dos melhores exemplos internacionais em termos de orientação às empresas de software que buscam incentivos fiscais para P&D.

O modelo conceitual e o framework de caracterização procuram resolver os quatro pontos acima, pois:

● analisam tanto o produto, associado à inovação (ênfase do Manual de Oslo), quanto o processo empregado para chegar a ele, associado a P&D (foco do Manual Frascati). Assim alinham os dois conceitos dos manuais da OCDE e fazem a ponte com as definições da Lei do Bem;

● introduzem a figura do Radar de P&D que estabelece critérios baseados em evidências para evitar ambiguidades de interpretação e para priorizar P&D na análise de projetos, como se espera da Lei do Bem;

● colhem inspiração, especialmente o Radar de P&D, em práticas internacionais. Um conjunto de evidências, podendo ser diretas ou indiretas. As evidências diretas são documentos, registros (inclusive objetos) ou fatos que demonstrem de forma explícita a resposta afirmativa aos quesitos. Já as evidências indiretas são evidências que permitem inferir se determinado quesito foi atendido, mesmo que não haja documento, registro ou fato que explícito que cumpra essa função. Dúvidas hoje existentes para enquadrar projetos na Lei do Bem poderão ser dirimidas pelo uso do Modelo por parte dos avaliadores. Além disso, o modelo e o framework podem servir como um guia ou recomendação para as empresas submeterem seus pleitos, facilitando a análise por parte dos avaliadores e reduzindo as incertezas jurídicas que cercam a o uso dos benefícios por parte das empresas.

2.2. AvalRDA

A Lei de Informática (Lei nº. 8248/91) é o maior instrumento de incentivos à indústria de TICs no Brasil e seu uso por empresas vem se ampliando. Para justificar estes incentivos a empresa deve comprovar gastos em atividade de P&D e o cumprimento de parte das atividades de fabricação do produto incentivado, em território nacional.

A operacionalização destes incentivos para um produto incentivado se dá por meio de três instrumentos definidos no próprio corpo da Lei: o Plano de Pesquisa e Desenvolvimento, que a empresa precisa apresentar para justificar o pleito, o enquadramento no Processo Produtivo Básico referente ao produto a ser incentivado e o Relatório Demonstrativo Anual de Resultados (RDA), que é a principal ferramenta de acompanhamento e de verificação dos dispêndios em P&D.

O RDA verifica em que medida os gastos realizados com P&D estão adequados com o previsto na legislação e registra os resultados obtidos por estes dispêndios (qualificação de mão de obra, patentes geradas, etc.) para subsidiar a avaliação pelo corpo técnico da SEPIN/MCTIC. A partir das informações coletadas pelos RDA’s, é possível se avaliar a evolução dos Projetos de P&D apresentados pelas empresas.

A Secretaria de Política de Informática (SEPIN) do MCTIC é responsável pela gestão e aplicação da Lei de Informática no âmbito deste Ministério. De acordo com o Decreto nº 5.906 de 26 de Setembro de 2006, deverão ser encaminhados ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações os relatórios

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demonstrativos do cumprimento das obrigações estabelecidas no Decreto, relativas ao ano-calendário anterior, incluindo informações descritivas das atividades de pesquisa e desenvolvimento previstas no projeto elaborado e os respectivos resultados alcançados.

Os relatórios demonstrativos são apreciados pelo Ministério, que comunicará os resultados da sua análise técnica às respectivas empresas e à Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.

Para a fiscalização do cumprimento das obrigações previstas neste Decreto, o MCTIC realizará inspeções e auditorias nas empresas e instituições de ensino e pesquisa, podendo, ainda, solicitar, a qualquer tempo, a apresentação de informações sobre as atividades realizadas.

A Portaria MCTI nº. 863/2014 ampliou o papel do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer para auxiliar a Secretaria de Política de Informática e colaborar na revisão, melhoria e sistematização da atual metodologia de

avaliação dos RDA’s, bem como avaliá-los.

Como se verificou durante a realização da primeira parte do projeto, muito embora os RDA’s existam como instrumento desde a implantação da Lei de Informática, a inexistência de um processo de análise formalmente definido e suportado por uma plataforma automatizada eficaz foi uma das causas de atraso na análise dos RDA’s, resultando na formação do legado. A ausência de uma visão geral sobre as informações constantes nos RDA’s na forma de séries históricas e de análises estatísticas, dentre outros fatores, dificultam a gestão da Lei de Informática, que exige uma análise mais ampla e qualitativa dos resultados gerados pelo conjunto de empresas incentivadas, identificação de melhorias necessárias na Lei e prestação de contas à sociedade.

Assim sendo, objetivando agilizar a avaliação dos RDA’s, a SEPIN solicitou ao CTI que codificasse, na forma de metodologia, os procedimentos, critérios e validações que compõem o processo de análise desses relatórios e que vêm sendo praticados por esta Secretaria ao longo dos anos.

A metodologia foi inteiramente elaborada tendo por base a legislação vigente à época da realização dos projetos e da apresentação dos RDA’s, congregando em um só documento técnico as informações contidas nos manuais e demais documentos de orientação do preenchimento do Sigplani. Esta metodologia passou, então, a ser aplicada na análise dos RDA’s a partir do ano-base 2006. Em sua concepção, a metodologia tem por objetivo consumir o legado composto por RDA’s a partir do ano-base de 2006. Sua utilização visa a assegurar a rastreabilidade das análises, sua repetibilidade e automatização, bem como minimizar a possibilidade da formação de novos legados de RDA’s pendentes para avaliação. Ademais, a metodologia objetiva tornar mais transparentes e concretos os critérios que a SEPIN/MCTI vem aplicando na análise dos RDA’s, facilitando o diálogo do Ministério com as empresas e demais instituições

parceiras, sempre tendo como maior objetivo permitir o contínuo aprimoramento da gestão da Lei de Informática. (CTI,2015b)

A metodologia não é um documento que promove inovações na ordem jurídica e nem modifica os deveres das empresas com relação às informações que deveriam prestar quando da apresentação dos respectivos RDA’s. Todas as referências utilizadas pela metodologia foram extraídas da legislação, dos manuais de preenchimento e demais outras orientações expedidas pela

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SEPIN/MCTI de 2006 em diante. A Figura 3 a seguir traz uma representação simplificada da abordagem do processo.

A Metodologia é composta por modelos de referência e métodos de análise. O primeiro Modelo de Referência trata do enquadramento de projetos como P&D e inclui o conjunto de critérios e sua respectiva gradação. O segundo modelo de referência trata do conjunto de atributos para análise de dispêndios. Os métodos de análise apresentam a sequência de análise e linha de corte, definida para o contexto da avaliação do legado para o enquadramento de projetos como P&D e para aprovação de dispêndios.

Ao longo do processo de avaliação e em função das particularidades encontradas na descrição dos projetos, foram produzidos documentos para apoiar a operação de avaliação, submetidos à metodologia e seu método e de grande importância para a avaliação. São eles:

• orientações relativas a pré-análise, inclusive para o avaliador

reconhecer se o projeto é de TI; • orientações circunstanciadas relativas à análise de

enquadramento – denominado Manual de Enquadramento; • orientações circunstanciadas relativas à análise de dispêndios,

denominado Manual de Dispêndios; • tratamento de situações específicas/casos especiais, tais como

projetos de ensaios e testes, programa de projetos, projetos de engenharia, processo produtivo, e etc – denominado Manual de Casos Especiais.

Os documentos foram entregues à SEPIN/MCTIC, os quais apoiam e proporcionam ao avaliador maior precisão e eficiência no processo de avaliação.

O poli.TIC foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia, plataforma de avaliação, seleção e treinamento de aproximadamente 20 avaliadores e operação do processo de avaliação de 30.000 projetos de P&D&I que constituíam um legado de 10 anos do MCTI.

2.3. CERTICS

A Metodologia CERTICS define quatro áreas de competência: Desenvolvimento Tecnológico (DES), Gestão de Tecnologia (TEC), Gestão de Negócios (GNE) e Melhoria Contínua (MEC). Desenvolvimento Tecnológico (DES) refere-se ao domínio do conhecimento nas tecnologias relevantes presentes no software, para que seja possível o seu desenvolvimento tecnológico, manutenção, suporte e evolução. Este domínio do conhecimento está concentrado nos requisitos e na arquitetura do software. O domínio do conhecimento, nas tecnologias relevantes presentes no software e o conhecimento, na plataforma utilizada para a construção do software e na plataforma de execução, potencializam a criação ou ampliação das competências tecnológicas e correlatas no País.

A Área de Competência Gestão de Tecnologia (TEC) envolve o estabelecimento

de ações direcionadoras para a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, a absorção de tecnologias e/ou aquisição de tecnologias existentes a serem incorporadas no software, levando em consideração a autonomia e inovação tecnológicas como fatores relevantes. A Área de Competência Gestão de Negócios (GNE) refere-se à administração de ações voltadas para a promoção e o aumento de negócios baseados em conhecimento, a partir do software. Compreendem esforços relacionados ao monitoramento de tendências de mercado do software para a incorporação ou não destas tendências na

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estratégia de negócio da Organização, ações de antecipação e atendimento das necessidades dos clientes do software e iniciativas voltadas para a evolução do negócio relacionado ao software.

A Área de Competência Melhoria Contínua (MEC) abrange um conjunto de atividades, coerentes entre si, que apoiam e potencializam de forma integrada as outras áreas, objetivando a melhoria contínua. Essa Área de Competência envolve atividades para a administração, a capacitação e a motivação de recursos humanos, bem como para a disseminação dos aspectos tecnológicos e para a realização de melhorias nos processos das atividades tecnológicas e correlatas do software.

Para obter a CERTICS para um software, a empresa detentora dos direitos deste software tem de apresentar evidências que os resultados esperados definidos na metodologia para cada Área de Competência foram atendidos. Desta forma pode ser concluído que houve pesquisa, desenvolvimento e inovação para este

software.

Os primeiros certificados CERTICS foram publicados pelo MCTI-SEPIN em janeiro de 2014. O tempo médio para a realização das avaliações e certificações era de dois meses contados a partir da assinatura do contrato até a publicação do certificado. Este tempo depende da dedicação da empresa solicitante em fornecer as informações necessárias sobre as evidências. A visita para análise das evidências é feita em um ou dois dias dependendo do porte da empresa.

3. Automatização de Processos de Avaliação

3.1 Plataforma RDAnalytics

A plataforma RDAnalytics é um conjunto de ferramentas e bancos de dados para apoiar a análise de Relatórios Demonstrativos Anual (RDA’s) da LI.

A plataforma RDAnalytics opera em três camadas: Cliente, Conexão e Servidor. A primeira camada é onde opera o usuário, seja ele Avaliador, Parecerista, Revisor, Gestores da operação de avaliação, analistas de negócios e de sistemas, analista de suporte e do banco de dados. A camada de conexão entre o usuário e o servidor pode ser via Intranet (como recomendado na arquitetura física) ou Internet (exemplo: analistas da SEPIN/MCTI), desde que esta conexão seja realizada através de conexão segura e criptografada. A camada do servidor é onde estão instalados todos os serviços que serão providos pela plataforma RDAnalytics. A arquitetura detalhada da plataforma RDAnalytics apresenta todos os serviços e componentes de software para executar a tarefa de avaliação de um RDA. Os principais componentes da arquitetura são o sistema RDAnalytics (aplicação Java/front-end das atividades de avaliação), um BI

(Business Intelligence) com funcionalidade de ETL (Extract, Transform and Load), o diretório de usuários que utiliza o protocolo LDAP (Lightweight Directory Access Protocol), uma engine de processo baseada em um BPMS (Business Process Management Suite) e servidores de aplicação. Este conjunto de aplicações, suítes e serviços, utilizam protocolos padrão de comunicação e integração, tais como Web services e o HTTPS (Hypertext Transfer Protocol Secure).

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O desenvolvimento da plataforma RDAnalytics envolveu escolhas arquiteturais e utilização de plataformas de software maduras, como, por exemplo, a arquitetura orientada a serviços (SOA) e a linguagem Java. Adicionalmente, a maioria das abordagens arquiteturais já tinham sido utilizadas em projetos passados pelas equipes de desenvolvimento que fizeram parte deste projeto.

A definição da arquitetura da plataforma RDAnalytics e a metodologia utilizada no seu desenvolvimento estão baseadas em quatro abordagens, que agrupam conceitos, métodos, metodologia, plataformas, ferramenta de acompanhamento de atividades do projeto, escolhas arquiteturais e técnicas de implantação de novas versões em produção.

A primeira abordagem é baseada no Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software. Este Manifesto é detalhado em doze princípios, e a metodologia específica, que implementa estes princípios e é utilizada pelas equipes de desenvolvimento, é o SCRUM (Metodologia Ágil). Estes conceitos e princípios formam a base para a definição da arquitetura, da dinâmica do desenvolvimento (ciclos curtos de implementação e entrega), e da própria ferramenta de acompanhamento das atividades de implementação.

A segunda abordagem envolve escolhas arquiteturais que formam outro pilar da definição da arquitetura da plataforma RDAnalytics e, em última análise, é a base para todas as tecnologias de software que compõe a plataforma (utilizadas e a serem implementadas). Estas escolhas arquiteturais levaram em conta a abordagem ágil. Por exemplo, ao definirmos a utilização da arquitetura orientada a serviços (SOA) e suas abordagens de reutilização de serviços (software) e baixo acoplamento entre eles, estamos aderentes a um dos princípios do Manifesto Ágil, que prevê mudanças de requisitos após o desenvolvimento e entrega contínua e adiantada de versões funcionais do software.

A terceira abordagem envolve a forma de entrega contínua, definida como Continuos Delivery, e está alinhada com o Manifesto Ágil e seu princípio que define que software em funcionamento é a medida primária de progresso.

Por fim, a quarta abordagem envolve a ferramenta gerencial para o acompanhamento das várias fases de desenvolvimento da plataforma RDAnalytics, também faz uso de princípios ágeis em sua concepção, e privilegia o trabalho cooperativo entre as equipes, como define o Manifesto ágil. O Teamwork é a ferramenta de acompanhamento do projeto RDSys que facilita esta comunicação, e permite grande integração entre as equipes

A Segurança da Informação e Comunicações é um aspecto fundamental da plataforma RDAnalytics para garantir a Integridade, Confidencialidade e Autenticidade dos dados e informações utilizados no projeto e na operação de avaliação. Entre outros, a plataforma RDAnalytics tem, pelo menos, cinco barreiras de acesso entre o usuário e os dados de RDA e do Parecer Técnico, resultante do processo de avaliação. Na Figura 2 podem ser visualizadas estas barreiras de segurança que separam o avaliador ou gestor, das informações armazenadas na plataforma RDAnalytics (dados do RDA, do Parecer Técnico etc.).

Nos locais físicos onde as avaliações são realizadas, foram implementados outros mecanismos de segurança de acesso aos terminais dos avaliadores e aos servidores e equipamentos de rede, etc.

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A arquitetura provê, além de funcionalidades relativas ao ciclo do processo de análise e revisão de RDA, funcionalidades de apoio, disponíveis a partir dos softwares que compõe a plataforma. Estas funcionalidades estão relacionada à consulta à base de dados de RDA, definição de avaliador, análise de RDA, revisão colaborativa de RDA, pesquisa de qualidade dos projetos, validação de RDA, integração com o sistema de protocolo do MCTI e tratamento de dúvidas e geração de base de conhecimento

A estrutura física (hardware e topologia da rede de dados) propostos para a plataforma RDAnalytics estão dimensionados e descritas. O desenvolvimento da plataforma RDAnalytics utiliza a metodologia ágil SCRUM com uma abordagem orientada a processos.

3.2. Plataforma CERTICSys A plataforma CERTICSys é um software web-based que implementa estas fases do Método CERTICS. A plataforma CERTICSys está disponível no sítio eletrônico da CERTICS: www.certics.cti.gov.br. Qualquer empresa ou instituição legalmente constituída no Brasil, que realize atividade de desenvolvimento de software, pode se cadastrar, indicar o seu produto, e solicitar uma avaliação.

O CERTICSys é uma plataforma que, em vários aspectos, é inovadora. Concebida e desenvolvida a partir do Método CERTICS baseado na Norma ISO/IEC 15504, a plataforma CERTICSys pode, a partir de algumas customizações, implementar outros métodos de avaliação baseado neste standard. A opção pelo SCRUM e sua filosofia ágil 15 foi determinante para o desenvolvimento da plataforma em um prazo relativamente curto (5 meses). Além disso, tivemos duas equipes pequenas (três profissionais da FACTI e cinco profissionais da empresa terceira) que, mesmo fisicamente alocadas em sites remotos, atuaram de forma integrada no desenvolvimento da plataforma CERTICSys. A ferramenta de acompanhamento de projetos facilitou a comunicação e o compartilhamento de artefatos do projeto de software. Outro fator determinante para a evolução e melhoria da plataforma foi o domínio prévio da disciplina de BPM e da suíte de BPMS pela equipe interna, e a internalização pela equipe da FACTI das outras tecnologias utilizadas no desenvolvimento do front end web. O treinamento do uso da plataforma CERTICSys é parte importante de todos os cursos oficiais sobre a Metodologia CERTICS. As sugestões e críticas feitas durante estes treinamentos e também durante as avaliações são registradas e alimentam o processo de evolução e melhoria contínua da plataforma CERTICSys. A arquitetura do CERTICSys, em uma visão de alto nível dos seus principais componentes, é apresentada na Figura a seguir.

Figura 1 - arquitetura da plataforma CERTICSys

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155

6.2. SIBRATEC

Rede PDE SIBRATEC

a. Escopo

A partir de 2008, o CTI Renato Archer tomou a iniciativa de trabalhar em

cooperação, no modelo de rede tecnológica, com seus tradicionais

parceiros de serviços tecnológicos voltados ao setor de tecnologia da

informação (TI). A Rede TSQC (Rede de Tecnologia, Serviços, Qualificação

e Certificação) composta por laboratórios de referência nacional (CTI, INT,

ITA, CTA, INPE, IPT) estruturou, com apoio do MCT/FINEP, um sistema

de cooperação robusto para oferecer serviços de qualificação e

certificação, em especial, para placas eletrônicas (nuas e montadas) e

para componentes eletrônicos (circuitos integrados).

Em 2010 o Ministério da Ciência e tecnologia (MCT) criou o Programa

SIBRATEC (Sistema Brasileiro de Tecnologia), composto de laboratórios

brasileiros de referência, atuando em redes tecnológicas temáticas, nos

Serviços Tecnológicos, Centros de Inovação e de Extensão Tecnológica.

Neste novo contexto, a então Rede TSQC ampliou sua atuação

incorporando além dos atuais laboratórios de placas e componentes

eletrônicos, novos laboratórios de produtos eletrônicos (CTPIM, FUCAPI,

CIMATEC, INATEL, FITEC, TECPAR, MagLab, CIENTEC e LABELO)

passando a ser denominada Rede PDE SIBRATEC (produtos e

dispositivos eletrônicos) com atuação em vários Estados brasileiros.

b. Tecnologia/Resultados

A Rede PDE SIBRATEC composta por 13 laboratórios brasileiros de

referência atua, sob a coordenação do NAPE/CTI, em tecnologias

voltadas aos serviços tecnológicos de qualificação e certificação de

processos, produtos, placas e componentes (dispositivos) eletrônicos. O

principal objetivo da Rede PDE SIBRATEC é apoiar as empresas

brasileiras em seus processos de inovação tecnológica, desde a fase de

desenvolvimento de seus processos e produtos até a qualificação e

certificação segundo normas internacionais, visando atender demandas

específicas de qualidade dos mercados interno e externo.

Para garantir a qualidade o SIBRATEC, coordenado pelo MCTIC/FINEP,

fez investimentos significativos nos laboratórios (capacitação, qualidade

e infraestrutura) e como resultado os serviços tecnológicos dos

laboratórios da Rede PDE SIBRATEC são acreditados, segundo a norma

ISO/IEC 17025:2017, pela CGCRE/INMETRO, com reconhecimento

internacional. A Rede PDE SIBRATEC oferece centenas de ensaios

acreditados voltados a produtos, processos e componentes eletrônicos

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atendendo anualmente centenas de demandas de inovação de empresas

brasileiras do setor de TI.

Desde de 2008 a Rede PDE SIBRATEC suporta o Programa

AMBIENTRONIC, cooperação do Ministério da Ciência, Tecnologia,

Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Indústria, Comércio

exterior e Serviços (MDIC) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), sob

coordenação do CTI Renato Archer, voltado a oferecer tecnologias de

sustentabilidade (ecodesign, RoHS, ACV (Análise do Ciclo de Vida),

logística reversa, reuso e reciclagem) às empresas de TI, para diminuir o

impacto de seus processos e produtos no meio ambiente. Vários eventos,

capacitações e projetos foram desenvolvidos dentro do AMBIENTRONIC,

sendo os mais relevantes o apoio ao MDIC na estruturação da chamada

do acordo setorial de logística reversa de resíduos eletroeletrônicos, para

atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), projeto piloto de

adequação RoHS para fabricantes de eletromédicos (ABIMO), projeto

piloto de logística reversa da cidade de São Paulo (cooperação MDIC e

Jica/Governo do Japão), projeto de descarte de urnas eletrônicas

(cooperação CTI/TSE), projeto Rematronic; de recuperação de metais

preciosos de placas eletrônicas (cooperação CTI/GRI com financiamento

do BNDES) e regulamentação da normalização da RoHS (Restriction of

Hazardous Substances) em apoio ao MMA.

A Rede PDE SIBRATEC tem também uma atuação relevante junto ao

processo de normalização do setor, coordenando e apoiando os trabalhos

do COBEI/ABNT para gerar normas brasileiras alinhadas com as boas

práticas internacionais, além de representar o Brasil em fóruns

internacionais da IEC e IECQ. Como resultado deste trabalho a Rede PDE

SIBRATC gerou inúmeras normas voltadas a qualificação de placas e

componentes eletrônicos em, em especial, à sustentabilidade como a

norma ABNT NBR16156 de manufatura reversa de resíduos

eletroeletrônicos, norma nacional para disciplinar a reciclagem de

resíduos neste setor.

c. Futuro

Para atender a demanda de qualificação e certificação de novas

tecnologias, no setor de TI, a Rede PDE SIBRATEC tem acompanhado as

tendências tecnológicas e, alinhada com as políticas de públicas do

governo na área de tecnologia, tem propostas de trabalhos futuros. Neste

sentido junto ao MCTIC está estruturando um projeto de "rede de

laboratórios para certificação de cadeiras de rodas", um estudo de

demandas das tecnologias de IoT e Manufatura Avançada (Indústria 4.0)

do MCTIC, projeto de cooperação dos laboratórios RoHS com MMA e

IBAMA e MCTIC e também o projeto "Centro de Recuperação e Reciclagem

de Computadores (CR2C)" do MCTIC, a ampliação da atuação do Projeto

Rematronic para outras matrizes de resíduos (baterias de lítio, elementos

de terras raras, monitores de tela plana etc.), apoio a parceiros Ibero-

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Americanos e redes Internacionais de manejo de e-waste e apoio aos

países do BRICS na estruturação de laboratório para iluminação de

estado sólido (LEDs etc).

REDE SIBRATEC DE EXTENSIONISMO TECNOLÓGICO

a. Escopo

O Projeto Rede Paulista SIBRATEC de Extensão Tecnológica, do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo visa promover a melhoria da competitividade das Micro, Pequenas e Médias empresas do Estado de São Paulo, através da realização de serviços de extensão tecnológica (Atendimentos), que viabilizem a solução de dificuldades tecnológicas pontuais das empresas, através do acesso às informações tecnologias e orientações necessárias.

O NAPE/CTI participa da Rede Paulista de Extensão Tecnológica, sob coordenação do IPT, com a finalidade de aplicar, de forma prática nas empresas, o conhecimento acumulado por instituições de pesquisas e universidades através de atendimentos.

b. Tecnologia/Resultados

O NAPE, através da Rede Paulista de Extensão Tecnológica, apoia as

empresas nas seguintes linhas de atuação:

· Qualificação e Certificação de Processos e Produtos Eletrônicos

· Caracterização e Teste Elétrico de Componentes Eletrônicos

· Ensaios de Confiabilidade e Análise de Falhas de Produtos Eletrônicos

· Produtos Eletroeletrônicos Ambientalmente Corretos

(AMBIENTRONIC)

QUALIMINT: Qualificação de produtos para o mercado interno.

· Identificar e solucionar rapidamente as anormalidades do produto ou processo eletrônico;

· Viabilizar a evolução tecnológica efetiva do produto ou processo eletrônico;

· Estruturar em níveis tecnológicos a qualidade necessária que o

produto ou processo seja certificado.

PROLIMP: Produção mais limpa

· Adequar produtos/processos às normas e regulamentos ambientais.

· Estruturar a gestão de resíduos, visando a destinação correta e reciclagem;

· Viabilizar a redução de emissões/rejeitos, de matérias-primas, água e energia;

· Dentre os atendimentos oferecidos, merecem destaque:

· Adequação a norma ABNT IECQ/QC 080000:2010 - Sistema de gestão para substâncias perigosas em produtos e componentes elétricos e eletrônicos - Requisitos

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· Adequação a norma ABNT NBR 16156:2013 - Resíduos de

equipamentos eletroeletrônicos - Requisitos para atividade de manufatura reversa

Como incentivo ao desenvolvimento tecnológico das Micros, Pequenas e Médias Empresas do Estado de São Paulo, os Atendimentos da Rede

Paulista de Extensão Tecnológica são conduzidos por especialistas do NAPE/CTI e são parcialmente subsidiados pela FINEP/MCTI e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do

Estado de São Paulo, em até 90% do valor real do Atendimento, permitindo assim que estas empresas tenham acesso à tecnologia que

necessitam.

Os resultados do NAPE nos últimos anos, apesar de quantitativamente

parecerem pequenos, foram de grande importância para o setor pois, na maioria das vezes, viabilizou o negócio da empresa que sozinha não teria como superar suas dificuldades tecnológicas.

· Primeira rodada (2009-2012) 10 Atendimentos / 7 empresas

· Segunda rodada (2013-2019) 13 Atendimentos / 12 empresas Importante esclarecer que a metodologia de Atendimento de

Extensionismo possui particularidades voltadas a Micro, Pequenas e

Médias Empresas, que o tornam mais demorada, pois exige uma

sequência de etapas e aprovações visando o sucesso do Atendimento.

Outro ponto importante é que a empresas deste setor tipicamente possui

grandes dificuldades para responder, em tempo, as demandas do

Atendimento, seja por falta de recursos humanos ou financeiros que, de

modo geral, acaba estendendo o Atendimento.

Principais Projetos:

· Adequação de recicladoras de REEE à norma ABNT NBR 16156:

· Adequação de empresas à Diretiva RoHS:

c. Futuro

Segundo os estudos realizados as perspectivas futuras de extensionismo

no Brasil, na área de TI, são muito grandes. A análise mostra que

seguramente com a aprovação do acordo setorial de logística reversa de

resíduos eletroeletrônicos regulamentado pela PNRS, atualmente em

trâmite no Ministério do Meio Ambiente (MMA), haverá uma demanda

significativa para adequação das recicladoras de REEE à norma ABNT

NBR 16156. Outra demanda latente é a adequação de empresas locais à

RoHS Brasileira, regulamentação em curso no MMA, e que deverá

desencadear demandas de adequação do processo de manufaturas,

segundo a norma QC080000 ou similares e adequação dos produtos

mediante a realização de ensaios laboratoriais das substâncias que

compõe os produtos eletroeletrônicos. Finalmente um setor altamente

tecnológico mas, muitas vezes carente de suporte em tecnologias

específicas são as startups de hardware, mercado que merece um

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159

atendimento especial, principalmente nas áreas de tecnologia de ponta

como IoT, Manufatura Avançada e Equipamentos Eletromédicos.

6.3. PROJETO TSE

a. Escopo

A competência do NAPE/CTI na área de qualificação de hardware pode

ser ratificada através dos resultados obtidos em convênios e contratos de

serviços estabelecidos entre TSE, a FACTI e o CTI, desde 2009, onde o

Núcleo de Qualificação e Análise de Produtos Eletrônicos (NAPE) do CTI

vem desenvolvendo metodologia específica para qualificação e análise do

hardware das urnas eletrônicas do TSE. Este trabalho permitiu conceber

métodos de qualificação e avaliação, incluindo ensaios normativos, para

cada um dos modelos das urnas eletrônicas (engenharia, qualificação e

produção), que asseguram a funcionalidade, robustez e confiabilidade do

hardware, o qual fazem parte a urna eletrônica, seus subconjuntos e

componentes. O desenvolvimento deste trabalho resultou numa

diminuição significativa dos defeitos e falhas das urnas, no correr dos

anos, em especial durante as eleições; isso trouxe mais segurança,

eficiência e economia ao sistema eletrônico de votação brasileiro.

b. Tecnologia/Resultados

O sistema eletrônico de votação tem uma particularidade, operação a cada dois anos, que exige ensaios não convencionais de confiabilidade para garantir sua robustez. Para tanto, foram planejadas atividades aplicando os conceitos de confiabilidade; através de experimentos e ensaios, na estruturação de uma metodologia de conservação (manutenção preventiva e corretiva) das urnas eletrônicas, que tem como objetivo a identificação de melhores práticas em relação ao armazenamento das urnas com foco na conservação do hardware e de outros componentes que podem sofrer degradação devido ao longo período de não operação, das condições ambientais de armazenamento aos quais são submetidas.

O NAPE desenvolveu um trabalho detalhado para analisar as falhas apresentadas pelas urnas eletrônicas, durante os períodos de operação ou armazenamento visando identificar os mecanismos de falhas mais críticos e suas prováveis causas, para recomendar possíveis soluções ou ações preventivas; bem como estudos, proposição de ensaios e simulações para estimar a vida útil destes equipamentos.

Outro resultado importante deste trabalho foi o levantamento e especificação dos requisitos mínimos de qualidade aceitáveis para a

aquisição dos subconjuntos e componentes da urna eletrônica assegurando a qualidade e confiabilidade do hardware da urna e

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diminuindo significativamente as falhas durante o processo de

desenvolvimento e, em especial, do uso das urnas em eleições.

Por fim, visando o aprimoramento tecnológico do sistema eletrônico de votação, com foco nos conceitos de sustentabilidade tecnológica de produto eletrônico, vêm sendo desenvolvidas as especificações e análises de novas tecnologias eleitorais com vistas ao atendimento às normas ambientais e aos requisitos legais relativos ao descarte e reciclagem de urnas eletrônicas, processo esse em acordo as melhores práticas internacionais e recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

c. Futuro

Apoio ao TSE, no estudo, avaliação e qualificação de novas tecnologias,

para o desenvolvimento de novas urnas visando garantir a qualidade e

confiabilidade do hardware do sistema eletrônico de votação brasileiro.

6.4. Atividades do

Projeto CITAR de

Microeletrônica do

CTI Renato Archer

O Projeto CITAR tem como objetivo “Consolidar, no Brasil, a competência para a realização do ciclo completo de desenvolvimento de Circuitos Integrados de Aplicação Específica (ASICs) tolerantes à radiação ionizante, para uso nos satélites científicos brasileiros, incluindo as seguintes etapas: especificação, projeto, simulação, layout, envio para fabricação, encapsulamento, testes elétricos e funcionais, testes de radiação e qualificação de componentes eletrônicos para uso em aplicações espaciais”. Note que o domínio desta tecnologia transborda para outras áreas estratégicas como equipamentos médicos e militares.

Algumas das componentes da “Motivação do Projeto CITAR” são listadas abaixo:

• Domínio da Tecnologia Rad Hard para mitigar embargos;

• Aumento da Confiabilidade de Projetos de Sistemas utilizando componentes COTS qualificados no Brasil;

• Garantia da independência tecnológica na área de componentes eletrônicos de uso espacial;

• Iniciativa de cunho estratégico nacional para as áreas espacial, defesa e médica;

• Sinergia entre instituições de P&D na área espacial;

• Criação de um Cluster Tecnológico Industrial na área de componentes eletrônicos estratégicos.

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Destas componentes, destaca-se os embargos nos processos de compra de componentes para uso em satélites brasileiros, que são recorrentes e minam a soberania e independência nacional na área espacial, ficando a mercê da tecnologia de outras nações.

Os resultados esperados deste projeto estão pontuados abaixo:

• Formar um substrato científico e tecnológico com pessoal capacitado na área de componentes eletrônicos;

• Desenvolver três Circuitos Integrados robustos para o INPE;

• Operacionalizar a infraestrutura de testes de componentes sob ação da radiação ionizante;

• Estruturar a rede de fornecedores de serviços e insumos necessários ao desenvolvimento de componentes qualificados para aplicações espaciais.

Para fazer o desenvolvimento tecnológico e alcançar o objetivo proposto, o INPE

realizou a especificação de três componentes eletrônicos de uso específico para

serem desenvolvidos e a operacionalização da respectiva estrutura de testes que

possa qualificar componentes eletrônicos para uso nos satélites brasileiros.

Estes componentes têm uso recorrente em todos os projetos de satélites e são

utilizados em quantidade de algumas dezenas. Os componentes escolhidos

tiveram como critério a função e a robustez esperada: “Comandos de Controle

do Satélite - Proteção de TID e SEE”; “Comunicação de Alta Velocidade On-

board – Imunidade a TID e SEE”; “Alimentação do Satélite – Proteção de In-

Rush e Latch-up”. Cada componente acima foi considerada uma meta do Projeto

CITAR, a “Infraestrutura Laboratorial e Pessoal – Capacitação Nacional” foi

considerada a quarta meta do Projeto. Note que mais importante que os

componentes propriamente ditos é a criação da capacidade de realizar projetos

de ASICs desta natureza. Cada meta acima tem seus desafios tecnológicos e a

superação destes, o registro e a manutenção da equipe qualificada é que fazem

a consolidação da tecnologia.

O Projeto CITAR já realizou 75% das atividades propostas em suas metas, que

corresponde a ao valor financeiro aportado. Os resultados obtidos são relevantes

para o setor espacial. As tecnologias desenvolvidas no contexto do projeto estão

sendo disponibilizadas para a sociedade gerando tanto conhecimentos

científicos, produtos de alto teor tecnológico, acesso a equipamentos e satélites

de alta complexidade e abrindo portas para cooperações internacionais com

lideranças técnicas da área de componentes eletrônicos e sistemas para uso no

espaço.

a. Parceiros Públicos e Privados

O Projeto CITAR é um projeto Multi Institucional coordenado pelo CTI Renato

Archer/MCTIC e conta com sete instituições co-executoras e outras instituições

colaboradoras por meio de convênios bilaterais com estas instituições

executoras. Ainda conta com o apoio do CNPq na gestão de um programa de

bolsas. A gestão dos recursos financeiros do projeto é realizada pela FACTI –

Fundação de Apoio a Capacitação em Tecnologia da Informação, vinculada ao

CTI. A Tabela abaixo apresenta as característica e envolvimento de cada

instituição.

Sigla Nome da Instituição Função no Projeto Vínculo

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CTI Centro de Tecnologia

da Informação

Executor Projeto de Componentes e Sistemas, Teste elétricos e funcionais, Encapsulamento Eletrônico

MCTIC

INPE Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais Co-Executor Especificação, Qualificação e Aplicações

MCTIC

AEB Agência Espacial

Brasileira Co-Executor Cooperações Internacionais

MCTIC

IEAv Instituto de Estudos

Avançados Co-Executor Teste de TID “Total Dose Ionization” com raios gama

MD

IFUSP Instituto de Física da

USP

Co-Executor

Teste de SEE “Single Event Effect” com íons pesados

Governo

SP

FEI Fundação Educacional

Inaciana

Co-Executor

Teste de TID “Total Dose Ionization” com raios X Ferramentas de Simulação elétrica e 3D dos efeitos da radiação

Privada

IMT Instituto Mauá de

Tecnologia

Co-Executor

Desenvolvimento de Sistemas Avançados para CubeSat. Desenvolvimento de Equipamentos

Privada

PUC-RS Pontífice Universidade do Rio Grande do Sul

Colaborador via CTI Teste EMC e EMI em FPGA e Processadores Rad Hard

Privada

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Colaborador via IEAv Desenvolvimento de Componentes e Técnicas de Mitigação em FPGA

Privada

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

Colaborador via CTI e INPE Desenvolvimento de Componentes Eletrônicos

Governo SP

UFC Universidade Federal do Ceará

Colaborador via CTI Desenvolvimento de Sistemas Avançados para CubeSat

MEC

UP Universidade de

Padova - Itália

Colaborador via INPE

Teste de SEE “Single Event Effect” com íons pesados Itália

US Universidade de Sevilha

Colaborador via IFUSP Projeto de Componentes e Sistemas, Teste de radiação

Espanha

Tabela 1 - sigla, nome, função e vínculo das principais instituições envolvidas no Projeto CITAR

A Figura 1 apresenta uma representação gráfica das instituições executoras do

Projeto CITAR, circunscrevendo as funções e instituições e indicando as inter-

relações entre elas. O CTI e o IMT estão contidas nos círculos em verde e se

referem ao desenvolvimento de componentes e sistemas, no círculo em azul o

INPE e a AEB serão os usuários finais da tecnologia, no círculo em amarelo

indica as instituições relacionadas com os testes de radiação ionizantes.

Figura 2 - Representação gráfica das instituições executoras do Projeto CITAR

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163

Um resultado de grande importância do Projeto CITAR foi o alinhamento das

ações das instituições para atingirem o objetivo estabelecido. Esta tem sido uma

característica marcante deste projeto, com os recursos alocados nas instituições

foi possível a operacionalização de todos os laboratórios básicos necessários

para o desenvolvimento dos componentes eletrônicos para aplicações espaciais,

fazendo uso das facilidades já existentes em cada instituição. Laboratórios como

o Laboratório de Radiação Ionizante - LRI do IEAv, do Pelletron do IFUSP teriam

custado duas ou três dezenas de milhões de reais para serem implantados se

fossem construídos desde início.

Outra característica importante é que além de implantar a infraestrutura dos

laboratórios, estes foram operacionalizados pela capacitação de recursos

humanos para realizarem experimentos que até então não se tinha o domínio

tecnológico para tal. Outro fato relevante foi a institucionalização do

conhecimento, por exemplo, os profissionais que estão na operação do LRI do

IEAv todos foram capacitados pelo Projeto CITAR, foram bolsistas, contratados

CLT, fizeram mestrado e doutorado e passaram no concurso do IEAv, foram

quatro profissionais nesta situação.

No IFUSP e na FEI os professores e funcionários destas instituições foram

capacitados para realizarem os experimentos de testes em componentes

eletrônicos sob a ação da radiação ionizante. O IMT capacitou professores e

contratou profissionais para o desenvolvimento de sistemas para uso espacial,

hoje são mais de 7 profissionais envolvidos no projeto mantido pela própria

instituição.

O INPE e o CTI ainda não tiveram a oportunidade reter o capital humano

capacitado de forma permanente, pois não houve concurso, porém, o pessoal

tem sido mantido na medida do possível com Bolsas PCI destas instituições, e

há um notório interesse das instituições de preverem vagas para profissionais

atuarem nesta área em concursos futuros. Atualmente estas instituições

depende na maioria de bolsas e dos recursos do Projeto CITAR para manter suas

equipes.

a. Perspectivas de Uso da Tecnologia Desenvolvida

a) Infraestrutura

A Figura 2 apresenta um resumo dos resultados obtidos em relação a

implantação da infraestrutura laboratorial que está em operação no contexto do

Projeto CITAR.

Os impactos para o setor espacial são significativos. Hoje, em decorrência do

Projeto CITAR, o INPE pode realizar nas instalações do IFUSP grande parte dos

testes de SEE com íons pesados previstos pelas normas e no IEAv a totalidade

dos testes de Radiação Ionizante em relação ao TID segundo as normas

internacionais, podem assim qualificar componentes para uso no espaço.

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Figura 3 - Relação dos laboratórios que estão operacionais em decorrência das ações do projeto CITAR

Antes do Projeto CITAR os testes de TID em componentes eletrônicos eram

realizados no exterior e sem o acompanhamento de especialistas Brasileiros. No

mês de abril o INPE e o IEAv assinaram um acordo para formalizar esta atividade

de testes de radiação Gama dos componentes do INPE que serão utilizados nos

satélites brasileiros, a Figura 3 retrata este acordo de intenções assinado pelas

duas instituições. A metodologia de teste desenvolvida permite identificar se o

componente atende as especificações quanto a tolerância à radiação ou se é um

componente falso. Para o teste de um único componente são necessárias pelo

menos 40 horas. Segundo o relatório de uso do LRI do IEAv no Biênio de

setembro de 2015 a setembro de 2017 o Laboratório de Radiação Ionizante do

IEAv teve sua utilização intensa, totalizando 13.380 horas e 11.380 Krad,

atendendo as necessidades do INPE e de universidades brasileiras.

Destaco que a Embraer também será usuária do LRI para realizar os testes dos

equipamentos embarcados em suas aeronaves.

Na FEI foi criado um laboratório para teste de TID utilizando Raio X. Este

laboratório segue a tendência atual do uso de RX para fazer testes em

componentes eletrônicos.

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Figura 4 - O INPE e o IEAv assinaram protocolo de intenções, onde o principal objeto de interesse do INPE são os serviços de Testes de Radiação Ionizante por Raios Gama e Teste de SEE por

Neutrons

O CTI e o IEAv estão e o CTI e o INPE estão tomando as providências necessárias

para também celebrarem um convênio bilateral nos moldes daquele realizado

entre o IEAv e o INPE para a manutenção dos relacionamentos institucionais

além do contexto do Projeto CITAR.

De forma resumida o Projeto CITAR possibilitou criar no Brasil toda a

infraestrutura básica para o desenvolvimento e teste de Circuitos Integrados

para aplicações espaciais.

b) Componentes

A Figura 4 mostra a imagem dos layouts das pastilhas fabricadas no escopo da

Meta 2 do Projeto CITAR que trata do desenvolvimento da tecnologia SpaceWire.

CI #1 – SpaceWire (meta 2) – die de 4030 por 3830 µm

CI #2 – LVDS Transceiver e Buffer (meta 2) – die de 2270 por 870 µm

CI #3 – LVDS Transceiver (meta 2) – die de 1460 por 870 µm

CI #4 – Circuitos analógicos diversos (meta 4) – die de 1070 por 870 µm. Regulador de 3.3V para 1.8V, Transistores ELT (NMOS e PMOS), CLAMP tipo NMOS(4.4V) e PMOS(5.3V), Inversor de RF padrão TIA

CI #5 – Multigates e blocos analógicos (meta 4) – die de 4030 por 1070 µm. Inclui diversas portas e lógica “configurável”, oscilador baseado em cristal, regulador de 3.3V para 1.8V e amplificadores operacionais.

Protótipos destes componentes passaram pelos testes funcionais, elétricos e de

radiação atendendo a todas as especificações estabelecidas pelas normas e pelo

INPE.

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Figura 5 - Relação de protótipos de componentes fabricados. Imagens dos layouts dos ASICs fabricados no contexto da meta 2 – ASIC SpaceWire

Dentre as atividades de capacitação de recursos humanos em projetos foi

desenvolvido o circuito de um conversor analógico/digital (ADC) do tipo sigma

delta (ΔΣ), saída de 16 bits, desenvolvido e fabricado na tecnologia de 0,6 μm da

XFAB (XC06), a mesma tecnologia em implantação no CEITEC, para prova de

conceito funcional. A Figura 5 mostra imagens deste desenvolvimento.

Figura 6 - Projeto do Conversor Analógico Digital -A/D de 10 bits. (a) Layout; (b) Foto do DIE do conversor A/D, área de 1,8mm x 1,6mm; (c) Resultados de medidas (sinais analógicos e digitais); (d) Imagem do arranjo experimental (medidas para testes funcionais).

A primeira versão do ASIC da Meta 3 foi fabricada no CEITEC e está em fase de

testes funcionais. Os ASICs da Meta 1 estão com o layout aguardando recursos

da FINEP para envio para a fabricação.

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c) Capacitação de Recursos Humanos

A capacitação de recursos humanos no Projeto CITAR está ocorrendo de duas

formas: 1) aprendizado durante a execução das atividades do projeto para o

pessoal contratado pelo Projeto CITAR; 2) Workshops, seminários e escolas

abertas a toda comunidade científica.

Foram realizadas diversas edições do WORKSHOP SOBRE OS EFEITOS DAS

RADIAÇÕES IONIZANTES EM COMPONENTES ELETRÔNICOS E FOTÔNICOS

DE USO AEROESPACIAL - WERICE AEROESPACIAL nos anos de 2012, 2013,

2014 e 2015, realizado em São José dos Campos, SP, Brasil.

Trata-se de um evento científico de âmbito nacional, de periodicidade anual,

envolvendo pesquisa, desenvolvimento e inovação em microeletrônica com

aplicação nos setores aeroespacial e defesa. Os eventos são promovidos

anualmente, com sucesso, pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv) do

Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespaciais (DCTA) do Comando da

Aeronáutica (COMAer) com apoi do Projeto CITAR. O evento acontece desde

2008, abordando os problemas decorrentes dos efeitos das radiações ionizantes

de origem cósmica em componentes, circuitos integrados e equipamentos

eletrônicos embarcados em satélites e aeronaves. Tipicamente o evento conta

com 150 particpantes.

Em 2017, no INPE foram realizados seminários para tratar do uso de FPGAS

em aplicações espaciais com mais de 100 inscritos. Em janeiro de 2018 foi

promovida uma Escola de Verão Internacional pelo IFUSP para uso das

facilidades de testes de componentes eletrônicos sob o efeito da radiação

ionizante no contexto do Projeto CITAR. Teve duração de 15 dias com 30

profissionais participando.

b. Sistemas

a) Sensor de Estrelas Autônomo - SEA

A primeira integração dos projetos do CITAR nos modelos de engenharia do INPE

ocorreu ao integrar o “CITAR SpaceWire IP” em um FPGA do Sensor de Estrelas

Autônomo (SEA).

O IP do CITAR SpaceWire foi implementado no FPGA (família Cyclone I da Altera)

do SEA, sem que houvesse necessidade mudança no hardware. Apesar do

Cyclone I (que é uma FPGA bem antigo) não possuir a opção de driver LVDS, já

haviam drivers e receivers LVDS nas placas do SEA. Essa é um bom exemplo

da utilização de IP, onde uma nova funcionalidade foi alcançada sem a

necessidade de novos componentes. A Figura 6 abaixo mostra um diagrama de

blocos do SEA com o CITAR SpaceWire IP integrado no FPGA.

A rotina de comunicação do software embarcado do SEA foi adaptada para

utilização do protocolo SpaceWire. O CITAR SpaceWire IP foi implementado

também em um kit de FPGA DE0-SoC-NANO, para estabelecer a comunicação

entre um PC e o SEA. O kit conecta-se ao PC por conexão Ethernet, como pode

ser visto no diagrama da Figura 7. O processador ARM do kit realiza a conversão

dos dados trafegando na conexão SpaceWire para o padrão Ethernet utilizado

pelo computador, que executa o software de gerenciamento do Sensor de

Estrelas (SSTP).

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168

Com este arranjo experimental a engenharia de desenvolvimento de sistemas do

INPE passou utilizar esta montagem para dar continuidade no desenvolvimento

do equipamento SEA. Este aumento na velocidade possibilitou melhorias em

outras partes do SEA, por exemplo, facilitou o processo de calibragem e ajuste

do sensor de imagem.

Figura 7 - Arranjo experimental do kit de FPGA DE0-SoC-NANO com IP SpaceWire, para estabelecer a comunicação entre um PC e o SEA.

Figura 8 - Foto da montagem experimental do SEA comunicando via SpaceWire com um kit de FPGA e com um PC.

Com este arranjo o INPE concluiu esta versão do Projeto do Sensor. Com

tecnologia e conhecimento adquirido durante a execução do projeto CITAR, hoje

temos condições de projetar o sistema eletrônico de um eventual novo projeto

do SEA 100% tolerante a radiação, livre de embrago do ITAR ou de outra

regulamentação estrangeira, com

b) Simulador de Câmeras – SimuCam

No escopo da Meta2, foi escolhida uma relevante aplicação da tecnologia

SpaceWire com meio de consolidar o conhecimento aplicado desta tecnologia. O

Brasil ficou com a responsabilidade de realizar o desenvolvimento de um

equipamento simulador de câmera, nomeado SimuCam, que terá se uso

recorrente no planejamento e desenvolvimento de arquiteturas da rede de

comunicação de dados, internas aos satélites, que venham a utilizar o protocolo

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SpaceWire como meio de comunicação de dados entre cargas úteis. Os

simuladores de câmera constituem uma parte crucial do equipamento de

suporte de solo dos satélites.

O SimuCam foi concebido inicialmente para atender as rígidas especificações

técnicas do satélite PLATO, que está sendo construído por um consórcio de

países majoritariamente europeus, sendo liderado pela Agência Espacial

Francesa (CNES) a qual, execpcionalmente, atribuiu ao IMT (Brasil) a

responsabilidade do desenvolvimento do simulador de câmeras.

Este simulador é único e de alta complexidade, não havendo solução comercial

integrada em um único equipamento disponível, mesmo no mercado

internacional, e a formação de um simulador de câmeras pela associação de

equipamentos comerciais é de elevado custo e de menor desempenho, sendo o

maior diferencial que o simulador de câmeras desenvolvido pelo IMT permitirá

gerar um grande fluxo de dados utilizados para validar todos os algoritmos

científicos implementados nos computadores de bordo (N-DPU), este aspecto é

essencial para o sucesso da missão, atendendo assim completamente as

expectativas do consórcio.

Destaco, que além de atender a missão PLATO, o SimuCam foi concebido para

ser utilizado de forma flexível e permiti configurar diferentes redes baseadas no

protocolo SpaceWire, atendendo às diversas missões futuras. É um gerador

dados SpaceWire versátil, foi construído para atender até 8 canais e será

utilizado para testes de diversos sub-sistemas. No contexto do Projeto CITAR, o

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, receberá pelo menos um

destes equipamentos para planejar e simular o tráfego de dados nos projetos de

seus futuros satélites. Também, que o desenvolvimento do SimuCam superou

as expectativas e despertou o interesse de empresas do setor aeroespacial em

transformar o projeto do SimuCam em efetivamente um produto comercial.

Assim, o IMT está em fase de negociação de transferência tecnológica para uma

empresa multinacional do setor espacial de grande porte com inserção no

mercado internacional, que tem fabricação no Estado de São Paulo, com a

perspectiva para que o SimuCam seja produzido e exportado do Brasil para os

países interessados. Parabenizo ao IMT, com o apoio do Projeto CITAR, pela

habilidade em transformar projetos de pesquisas e acadêmicos em inovação de

relavancia global.

Pelo fato do Brasil ter participado do desenvolvimento deste equipamento para

a Missão PLATO os pesquisadores Brasileiros terão acesso aos dados científicos

deste satélite com o mesmo nível de prioridade que os pesquisadores Europeus

participantes do consórcio. Em outras palavras o Brasil além de ter acesso as

especificações técnicas do satélite participando do desenvolvimento, também

passou a ter direito de uso de um investimento de aproximadamente quinhentos

milhões de Euros realizado pela comunidade européia. Isto demosntra os

benefícios de se envolver em projetos de cooperação tecnológica.

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A Figura 8 mostra a concepção esquemática de uma das câmeras da nave

espacial PLATO. Para uma descrição detalhada da missão, o livro vermelho do

projeto encontra-se disponível no site da ESA6.

Figura 9 - Figura esquemática de uma das câmeras da nave espacial PLATO.

A Figura 9 mostra o diagrama esquemático do tráfego de dados de uma das

Câmeras do satélite PLATO e a foto do painel do SimuCam com oito links

SpaceWire. Este equipamento está em teste para validação funcional do

protótipo. Os testes de qualificação estão planejados para início de 2019. O

projeto do SimuCam será produzido no Brasil e exportado para os demais países

europeus, a expectativa é que inicialmente sejam produzidos 17 equipamentos

para atender a demanda da missão PLATO. Será o instrumento mais complexo

do mercado para emular tráfego de dados SpaceWire.

6 Link para o livro vermelho do projeto. http://sci.esa.int/plato/59252-plato-definition-study-report-red-

book/

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Figura 10 - Diagrama esquemático do tráfego de dados de uma das Câmeras do satélite PLATO e a foto do painel do SimuCam com oito links SpaceWire

c. Conclusão

O Projeto CITAR é um demonstrador que os trabalhos realizados por múltiplas

instituições trazem resultados de alto valor agregado, sendo a sociedade a maior

beneficiada. No projeto CITAR o maior resultado será a institucionalização do

conhecimento em cada unidade de pesquisa, que se dará pela preservação do

capital humano capacitado pelo Projeto, fato que tem acontecido parcialmente

em algumas instituições executoras do Projeto.

Outro ponto relevante é tem sido possível estabelecer relacionamentos com

instituições e pesquisadores internacionais tendo acesso aos conteúdos de alto

valor tecnológico como é caso com os pesquisadores da Agencia Espacial

Europeia – ESA, inclusive participando de Grupos de Trabalho contribuindo

para a melhoria da tecnologia.

Os componentes produzidos e testados no contexto do Projeto CITAR têm

atingido as expectativas estabelecidas pelas as especificações fornecidas pelo

INPE, e poderão ser utilizados como um propulsor para o desenvolvimento da

indústria local de sistemas tolerantes a radiação para aplicações espaciais,

tendo a certeza que é possível fazer no Brasil o Projeto e a Qualificação de

componentes eletrônicos para esta natureza de aplicação, bem como

transbordar a tecnologia para outras áreas como de Defesa e Medicina que tem

desafios tecnológicos similares

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172

6.5. Projeto

REMATRONIC

a. Contextualização

a) Mineração Urbana

A humanidade tem demandado um grande consumo das jazidas naturais,

principalmente daqueles metais mais utilizados na composição dos produtos

tecnológicos. E essa pressão tem se intensificado nos últimos anos, provocando

previsões alarmistas de esgotamento eminente de alguns metais mais raros, tais

como o ouro e o índio.

Algumas publicações apontam a popularização dos produtos eletrônicos como

a principal causa para o alarde, já que metais raros são utilizados na fabricação

desses produtos, como por exemplo, a tecnologia de LCD que aumentou a

demanda pelo elemento índio, provocando algumas previsões de esgotamento

desse elemento em apenas 13 anos.

Estudos estão sendo realizados para a substituição desses elementos mais

escassos, porém, o problema principal está na facilidade de extração e

mineração do material, sendo que, quanto mais difícil for a obtenção, maior

serão os custos (financeiros, sociais e ambientais) envolvidos no processo.

A mineração urbana busca nos resíduos produzidos pela sociedade os insumos

que podem retornar aos processos produtivos, um conceito que tem sido

mundialmente estimulado, por reduzir a contaminação ambiental e a pressão

do consumo sobre as jazidas naturais.

Também devem ser consideradas as centenas de milhares de pessoas que

retiram seu sustento dos lixões e aterros sanitários, em condições insalubres e,

muitas vezes, indignas. Os processos de mineração urbana visam inserir estas

pessoas no mercado de trabalho, gerando renda e qualidade de vida.

O aspecto econômico da reinserção na cadeia produtiva de insumos

provenientes da reciclagem de resíduos reduz o custo de produção, o custo de

captação de recursos nas jazidas naturais, além de criar um novo nicho

econômico.

b) Resíduos Eletroeletrônicos

Dado ao constante avanço tecnológico e à popularização dos produtos da

Tecnologia da Informação, o volume de equipamentos eletroeletrônico

descartado tem aumentado significativamente. O descarte inadequado dos

Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE) libera metais pesados,

causando impacto ambiental e riscos para a saúde pública.

Estudo elaborado em parceria pela Universidade das Nações Unidas, a União

Internacional de Telecomunicações (também ligada à ONU) e Associação

Internacional de Resíduos Sólidos, estima que a quantidade de lixo eletrônico

gerada no mundo em 2016 alcançou o recorde de 45 milhões de toneladas, um

volume 8% maior em relação a 2014, quando foram descartados 41 milhões de

toneladas.

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173

A China aparece como a maior produtora mundial de REEE, com 7,2 milhões

de toneladas, enquanto o segundo lugar fica com os Estados Unidos, gerando

6,3 milhões de toneladas. Nesse período o Brasil produziu 1,5 milhão de

toneladas, figurando como o maior gerador da América Latina (que, no total,

gerou 4,2 milhões de toneladas), uma média de 7,1 kg/habitante.

Esses valores se tornam mais significativos quando se constata que apenas 20%

desses resíduos foram reciclados e que sua maior parte terminou em aterros

sanitários, onde podem resultar na contaminação do meio ambiente e prejuízos

para a saúde pública (OGAWA, 2018).

c) Resíduos eletroeletrônicos na mineração urbana

A fim de reduzir o impacto ambiental do descarte incorreto dos produtos

eletroeletrônicos, vários países criaram políticas para restringir o uso de

substâncias perigosas na fabricação desses produtos e incentivar processos de

reciclagem dos REEE.

Nesse sentido, em 2010, o Brasil estabeleceu a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS) que especifica ações para a gestão ambientalmente correta dos

resíduos sólidos, incluindo os REEE que são tratados na PNRS como resíduos

perigosos, com logística reversa obrigatória, pela qual estão responsabilizados

os fabricantes, comércio, governo e população.

A implementação da logística reversa de produtos eletroeletrônicos no Brasil

depende ainda de um acordo setorial que deve ser assinado entre fabricantes,

comercio e governo. As cláusulas desse Acordo estão em discussão nos fóruns

especializados há mais de cinco anos, sendo que o ponto mais polêmico ainda

está na determinação da fonte dos recursos necessários para pagar o custo

dessa logística.

A proteção ao meio ambiente pode resultar utópica quando se impõe ao

progresso econômico, sendo indispensável considerar o retorno financeiro para

garantir a perenidade das soluções adotadas.

No mundo todo a cadeia reversa dos produtos eletroeletrônicos ainda é

deficitária, porém, nos países tecnologicamente desenvolvidos esse déficit

apresenta forte tendência de redução, graças às técnicas de mineração urbana

que vêm sendo desenvolvidas e empregadas na recuperação dos materiais de

alto valor agregado, existentes nos REEE. A extração adequada e a

comercialização desses materiais resultam em maiores ganhos para os agentes

da cadeia reversa local, reduzindo o custo da destinação correta dos REEE e

aumentando a quantidade de resíduos tratada.

Pelo fato de o Brasil não ter uma planta de reciclagem de REEE desenvolvida, a

conta a pagar pela logística reversa dos eletroeletrônicos é uma das mais altas

do mundo. Principalmente porque, atualmente, as partes mais valiosas dos

REEE são exportadas e os materiais de alto valor agregado são extraídos nos

países que possuem tecnologia apropriada.

Como ocorre no caso das latas de alumínio no Brasil, ao agregar valor no final

da cadeia reversa dos produtos eletroeletrônicos incentiva-se o aumento do

volume da coleta e o encaminhamento correto dos REEE, reduzindo os riscos

ao meio ambiente e à saúde pública, criando empregos de qualidade no País.

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Portanto, o descarte incorreto dos REEE no Brasil ainda é um sério problema

ambiental e deve ser enfrentado com tecnologia apropriada, focada no

desenvolvimento e implantação de processos de mineração urbana para baixar

custo de extração e gerar empregos e renda na cadeia de logística reversa.

d) O CTI Renato Archer contribui para o desenvolvimento da mineração

Urbana

Visando contribuir significativamente para solucionar os problemas ambientais

que os produtos eletroeletrônicos podem causar e apoiar a efetiva implantação

da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o CTI vem desenvolvendo

atividades de P&D&I focadas na aplicação das tecnologias para a

sustentabilidade, visando criar inovações apropriadas à realidade do Brasil, que

resultem em maior lucratividade na cadeia reversa desses produtos,

concorrendo para viabilizar economicamente essa cadeia no País.

Nessa área da mineração urbana o Projeto para Recuperação de Materiais

Preciosos de Placas Eletrônicas (REMATRONIC) é o Projeto de maior relevância

que vem sendo desenvolvido pelo CTI.

b. O Projeto REMATRONIC

a) Introdução

A maior parte dos REEE contém metais, polímeros, cerâmicos e compósitos.

Segundo o PNUMA (2012) os resíduos provenientes dos computadores contêm

32% de metais ferrosos, 18% de metais não ferrosos, 15% de vidros, 12% de

placas eletrônicas e uma menor parte de outros materiais.

As placas eletrônicas, apesar de representarem, em média, apenas 12% do peso

de um computador, concentra a maior parte dos materiais com alto valor

agregado existente no equipamento, tais como ouro, platina, prata e paládio;

metais de base como cobre, ferro, zinco e estanho. Porém, também contêm

metais pesados como chumbo, mercúrio etc. e materiais compósitos e

poliméricos com retardantes de chamas, que podem causar danos ao meio

ambiente e à saúde pública.

Para se ter uma comparação com a mineração convencional, as minas de ouro

altamente produtivas normalmente produzem de 1 a 2 gramas de ouro por

tonelada de minério, enquanto na mineração urbana, uma tonelada de telefones

celulares pode render até 300 gramas de ouro. Sem contar que encontrar novas

fontes naturais de ouro está se tornando uma tarefa de alto custo, uma vez que

as minas no topo da superfície estão cada dia mais raras e as minas que restam

são de difícil acesso.

A presença de grande quantidade de materiais com alto valor agregado e de

materiais perigosos ao meio ambiente, tornam prioritária a reciclagem das

placas eletrônicas, tanto pelo fator econômico, quanto pelo ambiental. Mas,

estas placas possuem composição bastante heterogênea, devido à presença de

materiais de naturezas diferenciadas (como metais, polímeros e cerâmicas) o

que torna a sua reciclagem complexa, sob o ponto de vista tecnológico e

econômico.

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Atualmente não existe no Brasil ou mesmo na América Latina empresa

capacitada para a reciclagem de placas eletrônicas, sendo que essa parte dos

REEE é exportada para processamento na Ásia ou Europa.

Diante desse cenário, cresce em importância a visão estratégica de fazer com

que os materiais de alto valor agregado permaneçam no Brasil, para aumentar

os ganhos financeiros na cadeia reversa dos produtos eletroeletrônicos,

objetivando contribuir para viabilizar a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS). Com essa visão, em 2012, o CTI, apoiado pela empresa Gerenciamento

de Resíduos Industriais (GRI), do Grupo SOLVÍ, e pela Fundação de Apoio à

Capacitação em TI (FACTI), apresentou ao fundo tecnológico (FUNTEC) do

BNDES o Projeto de P&D&I, denominado REMATRONIC.

O projeto REMATRONIC visa desenvolver processo inovador para recuperar

diversos materiais de alto valor agregado presentes nas placas eletrônicas,

levando em conta o volume de REEE gerado no Brasil e o mercado interno para

sucatas, devendo, por tanto, ser financeiramente viável ao tratar baixa

quantidade de matéria-prima.

Após ampla análise de relevância e viabilidade econômica, realizada pelo

BNDES, em meados de 2014 o projeto REMATRONIC foi aprovado pelo FUNTEC

com recursos da ordem de R$ 8 milhões.

Atualmente encontra-se em fase de otimização industrial e transferência

tecnológica para a GRI um processo inovador desenvolvido no âmbito do Projeto

REMATRONIC, para a extração de ouro e prata das placas eletrônicas

inservíveis. Tendo sido requeridos dois pedidos de privilégio de patentes.

O desenvolvimento desse Projeto pelo CTI trouxe ganhos tecnológicos

importantes para o Brasil, não apenas pela possibilidade de recuperar no País

os metais preciosos das placas eletrônicas, mas principalmente por ter

resultado na formação e amadurecimento de Equipe brasileira especializada em

mineração urbana aplicada aos REEE, além da instalação no CTI de laboratório

especializado nessa área, que, pelos recursos que contém, ser único na América

Latina. Esses recursos devem ser utilizados em outros projetos semelhantes ao

REMATRONIC.

Nesse sentido, o CTI realiza constantemente projetos de prospecção para

conhecer a viabilidade econômica da reciclagem de outras partes dos produtos

eletroeletrônicos que, tal qual as placas eletrônicas, contêm material de alto

valor agregado e busca por parcerias estratégicas nessa área.

b) Estado-da-arte no processamento das placas eletrônicas

No mundo existem cerca de quatro grandes empresas especializadas em

recuperar os metais preciosos de placas eletrônicas, todas elas utilizando

processo pirometalúrgico seguido por processo hidrometalúrgico.

A pirometalurgia inclui processos de fusão, pirólise, sinterização, reações com

fases gasosas a alta temperatura, entre outros. É essencialmente um método de

concentração de metais em uma fase metálica, pela rejeição da maioria dos

materiais não-metálicos em uma fase de escória (HOFFMANN, 1992), através da

incineração. Na incineração, a sucata cominuída é queimada sob condições

controladas, visando a decomposição térmica dos materiais sem interesse

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econômico, restando uma mistura metálica fundida, que passa a ser refinada

por processo pirometalúrgico e hidrometalúrgico, seguido de eletrólise. (SUM,

1991). O processamento pirometalúrgico possui poucas etapas e aceita

qualquer tipo de sucata, incluindo a eletrônica.

Embora os processos pirometalúrgicos sejam comprovadamente bem-sucedidos

na extração dos metais de interesse, o consumo de energia nos fornos é muito

alto, necessitando de grandes volumes de sucatas para processamento, visando

garantir um rendimento satisfatório. Além desse fato, a pirometalurgia

apresenta outras desvantagens, tais como, a formação de dioxinas e furanos,

perdas de metais por volatilização, aumento da quantidade de escória nos

fornos, levando à perda de metais nobres e de base, além da impossibilidade de

recuperar metais como Al e Zn (SUM, 1991, FELIX, 1994, HOBERG, 1993 e

SPOEL, 1990).

Devido à essas desvantagens, surgiram pesquisas no sentido de buscar

processos alternativos focados nos métodos hidrometalúrgicos que apresentam

vantagens em relação aos processos pirometalúrgicos, tais como menor risco de

poluição atmosférica e menor consumo energético, separação mais fácil dos

principais componentes da sucata, redução de custos possibilitando a

viabilidade do processo a partir de menor volume de matéria-prima.

Como desvantagens o processo hidrometalúrgico apresenta tempo de

processamento mais longo e dificuldades para tratar matérias-primas

complexas, como é o caso das sucatas eletrônicas. Sendo que, no caso das

placas eletrônicas, há a necessidade de cominuição, visando expor o material

metálico à ação das soluções de ataque. Outras desvantagens dos processos

hidrometalúrgicos relacionam-se com o fato desses processos lidarem com

grandes volumes de soluções e resultarem em efluentes corrosivos, tóxicos e

contendo metais de base.

O processo hidrometalúrgico consiste de uma série de ataques químicos sobre

as placas eletrônicas cominuídas, com soluções ácidas e cáusticas (GLOE,

1990), visando dissolver o material sólido. As soluções que resultam desses

ataques são tratadas para isolar os metais de interesse, através de processos

que envolvem extração por solventes, precipitação, cementação, troca iônica,

filtração e destilação, dentre outros (SUM, 1991). Posteriormente o material

isolado é tratado através de processos de eletro-refino, redução química, ou

cristalização para a recuperação e purificação do metal de interesse (Sum 1991,

CUI E ZHANG 2008).

Outra área estudada para a recuperação de metais a partir de placas eletrônicas

é a biometalurgia, que tem como base microrganismos capazes de criar as

condições necessárias para biolixiviar metais preciosos. Essa tecnologia,

quando combinada com a hidrometalurgia, pode contribuir para reduzir os

custos de investimento e de operação no tratamento das placas eletrônicas, em

comparação aos métodos convencionais.

Com frequência os processos da biometalurgia são mencionados como

ambientalmente amigável, por contribuir para a redução do consumo de

reagentes químicos concentrados, energia e condições agressivas ao meio

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ambiente. Além disso, a biolixiviação também pode ser usada no tratamento dos

efluentes do processo hidrometalúrgico.

Os processos biotecnológicos apresentam como vantagens o fato de serem mais

simples de operar e de baixo custo. Como desvantagens apresentam os períodos

de reação mais longos.

Uma das premissas do Projeto REMATRONIC é eliminar a etapa pirometalúrgica

do processo de tratamento das placas eletrônicas, por questões de economia de

energia, ambientais e por buscar processo de baixo custo de implementação.

Para cumprir esse objetivo o desenvolvimento do Projeto focou nos processos

hidro e biometalúrgicos, considerando que, quando comparados à

pirometalurgia, essas tecnologias demandam menos recursos de infraestrutura

e investimento. E, quando se considera as grandes distâncias entre as

localidades no Brasil, a flexibilidade dessas tecnologias permite o

desenvolvimento de pequenas plantas locais, como uma opção para viabilizar

economicamente o empreendimento.

c) Rápida descrição do processo REMATRONIC

Resumidamente o processo REMATRONIC baseiam-se nas seguintes

tecnologias-chave: processamento mecânico, processamento hidrometalúrgico,

processamento biometalúrgico e caracterização físico-química.

Amostragem, caracterização e dosagem dos componentes metálicos das placas

eletrônicas

Para que fosse possível conhecer a efetividade de cada uma das etapas do

processamento das placas eletrônicas, foi necessário desenvolver um método

para a dosagem dos teores dos metais de interesse no lote de placas a ser

tratado, bem como, ao final das diferentes etapas do processo. Esse método de

dosagem foi motivo de pedido de prioridade para patente.

As placas eletrônicas caracterizam-se pela grande diversidade de materiais e

heterogeneidade de componentes em sua composição, onde se destacam

substratos não metálicos (ex.: polímeros, resinas, fibra de vidro), material

cerâmico, metais de base (ex.: cobre, zinco, ferro), metais pesados e/ou tóxicos

(ex.: chumbo, mercúrio, cádmio) e metais preciosos (ex.: ouro, prata).

Essa característica é um grande complicador quando se busca conhecer com

precisão os teores dos metais preciosos em diferentes lotes de placas eletrônicas

sendo que, antes do desenvolvimento do Projeto Rematronic, não havia no Brasil

laboratório capacitado para caracterizar esses teores.

A maior dificuldade do processo de caracterização de um lote de placas

eletrônicas encontra-se na fase de amostragem, devido à necessidade de

trabalhar com amostras de, no máximo, 1g a qual deve representar

estatisticamente todo o lote a ser caracterizado. Para superar essa dificuldade

foi necessário desenvolver um método específico de amostragem e

homogeneização das amostras.

Posteriormente a amostra é digerida em solução ácida, assistida por radiação

de micro-ondas, que permite a solubilização da amostra em um tempo bem

menor, quando comparado com as técnicas de solubilização tradicionais. Por

ser tratar de um sistema fechado de decomposição de amostras, é possível

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178

trabalhar com pressão no sistema e sob temperaturas elevadas (220 - 230°C)

sem que ocorra a perda de componentes voláteis da amostra.

Após a solubilização, as amostras são dosadas pela técnica de ICP OES, que se

baseia na emissão de radiação nas regiões ultravioleta e visível, por átomos ou

íons no estado de plasma.

Os átomos ou íons, quando em estado de plasma, emitem radiação em inúmeros

comprimentos de onda e em diferentes intensidades. Devido à complexidade da

matriz das placas eletrônicas, que é formada por uma grande variedade de

elementos químicos, demandou-se grande esforço para determinar o melhor

comprimento de onda para a dosagem de cada metal de interesse, que não

apresentasse interferências químicas e espectrais.

d) Processamento físico

Os metais preciosos contidos nas placas eletrônicas estão associados a outros

metais estruturais, encapsulados por polímeros e resinas ou ainda no interior

de componentes eletrônicos. Os objetivos do processamento mecânico são de

concentrar os metais de interesse e torná-los mais acessíveis aos ataques

químico e bioquímico.

O processo consiste em uma sequência de operações manuais e mecânicas que

resultam em partículas concentradas em metais preciosos, com a menor

quantidade de materiais sem valor agregado ou que possam interferir nas

etapas de bio e hidrometalurgia.

No Projeto REMATRONIC o processamento mecânico foi desenvolvido para

expor os metais de interesse aos ataques biológicos e químicos, além de gerar

frações concentradas em ouro e cobre com o mínimo de impurezas, superando

as seguintes metas:

Definição dos equipamentos mecânicos para o processamento dos

resíduos de placas eletrônicas;

Concentração dos metais de interesse em frações com mínimo de

impurezas;

Liberação dos metais de interesse para o ataque biológico e químico;

Desenvolvimento da rota processual mecânica em escala industrial, para

beneficiamento dos resíduos de placas eletrônicas.

e) Processamento hidrometalúrgico

A hidrometalurgia consiste em etapas de separação por soluções aquosas,

realizadas em série, para separar os metais de interesse de um substrato, os

principais passos desse processamento são:

Lixiviação;

Concentração e Purificação;

Recuperação.

A lixiviação é o primeiro passo do processo e pode ser considerada a etapa mais

importante, pois determina e, em alguns casos, limita a escolha das técnicas

que serão utilizadas nas etapas seguintes (concentração e purificação). Esta

etapa consiste na dissolução seletiva de metais de interesse através do contato

do sólido com uma fase aquosa contendo ácidos, bases ou agentes

complexantes.

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A etapa de Concentração e Purificação consiste no tratamento do licor produzido

na lixiviação e visa a purificação e a concentração da solução contendo o metal

de interesse dissolvido, até os níveis de pureza adequados à etapa seguinte de

recuperação. O tratamento do licor envolve processos tais como: precipitação,

adsorção em carvão ativado ou em resinas poliméricas de troca iônica e extração

por solventes.

Eventualmente esta etapa pode levar à obtenção de subprodutos e pode ser

aplicada ao tratamento de efluentes, visando à concentração e a remoção de

contaminantes.

A Recuperação é a última etapa do processo e tem como objetivo a recuperação

dos metais de interesse, sendo que estes podem ser obtidos na forma de sal ou

hidróxido metálico, através de processos de precipitação e cristalização ou na

forma metálica. No segundo caso, podem se utilizadas reações de redução em

fase aquosa, como a cementação (redução via oxidação de um metal menos

nobre), a redução por hidrogênio ou a eletrorrecuperação.

No Projeto REMATRONIC o desenvolvimento do processamento

hidrometalúrgico passou pelas seguintes etapas:

Levantamento bibliográfico da etapa de lixiviação;

Ensaios de lixiviação em escala de bancada;

Otimização das etapas de lixiviação em escala de bancada;

Otimização das etapas de lixiviação em escala técnica;

Levantamento bibliográfico da etapa de concentração e purificação dos

metais de interesse;

Ensaios de concentração e purificação dos metais de interesse em

escala de bancada.

f) Processamento biometalúrgico

Os processos biometalúrgicos são considerados inovadores por suas

características de reduzir impactos ambientais, em relação aos processos de

mineração convencionais como a pirometalurgia. Esses processos também são

conhecidos como Biolixiviação ou Biohidrometalurgia, os quais utilizam micro-

organismos normalmente encontrados em ambientes de minas, com capacidade

de solubilizar metais a partir de minérios. A partir desses processos que já são

utilizados comercialmente na mineração convencional, verificou-se que a

literatura especializada cita a utilização desses processos na extração de metais

a partir de resíduos eletroeletrônicos, mas sem aplicação comercial.

No projeto Rematronic a biohidrometalurgia teve seu desenvolvimento focado

em consonância com os processos mecânico e hidrometalúrgico para o

processamento de placas eletrônicas. Este tipo de resíduo eletroeletrônico

possui características que trazem desafios tecnológicos para o uso dos

processos biometalúrgicos quando comparados ao ambiente natural dos micro-

organismos, tais como, a presença de metais em altas concentrações, além de

polímeros e compostos orgânicos que são inibidores do crescimento microbiano.

Para avaliar a viabilidade dos processos de biolixiviação gerarem material de

entrada para os processos hidrometalúrgicos foram necessários estudos em

biorreatores que simulam as condições de processo industrial. Tais estudos

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permitiram levantar dados para a avaliação técnica e financeira e para o

escalonamento do processo na escala industrial.

g) Bibliografia

OGAWA, V., Jan, 08, 2018, Planeta gera volume recorde de lixo eletrônico,

Reportagem disponível em:

https://www.folhadelondrina.com.br/geral/planeta-gera-volume-recorde-de-

lixo-eletronico-997534.html. Acessado em 24 de setembro de 2018.

PNUMA, Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Disponível em www.pnuma.org.br/. Acessado em: janeiro de 2013.

HOFFMANN, J.E., 1992, “Recovery of Precious Metals from Electronic Scrap”.

Journal of Metals, v. 44, pp. 43 - 48.

SUM, E. Y. L.; “The recovery of metals from electronic scrap”. Journal of

Metals,v. 43, pp. 53-61, 1991.

FELIX, N., RIET, C., 1994, “Recycling of Electronic Scrap. Proceedings”:

Precious Metals Conference, pp. 159 -169, Vancouver, Canada.

HOBERG, H., 1993, “Applications of mineral processing in waste treatment

and scrap recycling”, in: Proceedings of the XVIII International Mineral

Processing Congress, Sydney, Australia, 1993, Australasian Institute of

Mining & Metallurgy, Parkville, Australia, pp. 27.

SPOEL, H., 1990 “The current status of scrap metal recycling”. Journal of

Metals, April, v. 42, pp. 38–41.

GLOE, K., MÜHL, P., KNOTHE, M., 1990, “Recovery of precious metals from

electronic scrap, in particular from waste products of the thick-layer

technique”, Hydrometallurgy, v. 25, pp. 99-110.

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181

6.6. Suporte à

expansão da rede

observacional e ao

desenvolvimento do

ambiente computacional

do Centro Nacional de

Monitoramento e Alertas

de Desastres Naturais –

CEMADEN

a. Introdução

São crescentes no Brasil o número e a intensidade dos desastres provocados,

especialmente, por inundações, deslizamentos e secas, ocasionando

impactantes perdas de bens e vidas humanas. Em 2009, inundações históricas

em Manaus (AM), tiveram mais de 400 mil pessoas atingidas. Em janeiro de

2010, ocorreram os desastres associados a deslizamentos em Angra dos Reis

(RJ) e inundações em São Luiz do Paraitinga (SP). No início de 2011, o país

vivenciou mais uma catástrofe na região Serrana do Rio de Janeiro. Para se

compreender a dimensão desses desastres, entre 1991 e dezembro de 2010,

foram registradas 1.783 vítimas fatais por desastres no Estado do Rio de

Janeiro, enquanto em janeiro de 2011 contabilizaram-se mais 905 mortes, 300

desaparecidos e mais de 300 mil afetados em um conjunto de somente sete

municípios da Região Serrana, particularmente em Petrópolis, Nova Friburgo e

Teresópolis. Com relação às perdas e danos, estimativas do Banco Mundial

apontam para custos totais da ordem de R$ 5 bilhões. Isso levou a mobilizações

nos governos e na sociedade. No Governo Federal, percebeu-se a dispersão de

iniciativas ministeriais em prevenção de desastres e buscou-se a conformação

de um Programa multissetorial que permitisse a atuação coordenada entre os

órgãos envolvidos. A partir do diálogo conjunto, ao longo da elaboração do PPA

e, em seguida, aperfeiçoado no Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta

a Desastres, coordenado pela Casa Civil, foram construídos os eixos que

definiram a atuação governamental na prevenção: mapeamento das áreas de

risco, estruturação de sistema de monitoramento e alerta, obras estruturantes

e, em médio prazo, o fortalecimento dos órgãos de defesa civil.

Em agosto de 2012, foi lançado o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta

a Desastres Naturais cujo objetivo é proteger vidas, garantir a segurança das

pessoas, minimizar os danos decorrentes de desastres e preservar o meio

ambiente. O Plano articula ações de diferentes instituições, divididas em quatro

eixos temáticos - prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta e resposta a

desastres:

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Figura 11 - Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais articula ações divididas em quatro eixos temáticos - prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta e resposta

a desastres.

Eixo Prevenção - a prevenção contempla as obras do Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC) voltadas à redução do risco de desastres naturais, com

destaque para obras de contenção de encostas, drenagem urbana e controle de

inundações, construção de sistemas de captação, distribuição e

armazenamento de água potável nas regiões do semiárido para enfrentamento

aos efeitos da seca.

Eixo Mapeamento - prevê o mapeamento de áreas de alto risco de deslizamento,

enxurradas e inundações em 821 municípios prioritários. Nesses municípios,

serão elaborados planos de intervenção, que identificam a vulnerabilidade das

habitações e da infraestrutura dentro dos setores de risco, bem como propõem

soluções para os problemas encontrados, além do apoio à elaboração de cartas

geotécnicas de aptidão urbana, subsidiando o projeto de novos loteamentos.

Eixo Monitoramento e alertas - as ações previstas neste eixo têm como objetivo

o fortalecimento do Sistema de Monitoramento e Alerta, especialmente por meio

da ampliação da rede de observação e da estruturação do CEMADEN e do

CENAD. Contempla também a implantação das Salas de Situação Estaduais

para monitoramento hidrológico e a elaboração do Atlas de Vulnerabilidade a

Inundações.

Eixo de Resposta a Desastres - Este eixo envolve um conjunto de ações voltadas

ao aumento da capacidade de resposta frente à ocorrência de desastres, tais

como a criação da Força Nacional de Emergência e a mobilização da Força

Nacional de Segurança no apoio aos estados e municípios quando ocorrerem

desastres de grande magnitude, visando a acelerar a execução das ações de

recuperação e socorro.

Certamente, não será possível eliminar os impactos decorrentes de eventos

climáticos extremos, mas, por meio de ações de prevenção, previsão e alerta, é

possível reduzir os danos ao patrimônio e à infraestrutura e a perda de vidas.

Nesse sentido, foram criadas instituições voltadas à reunião e articulação de

especialidades relevantes ao enfrentamento de eventos extremos, notadamente

o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais –

CEMADEN e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres –

CENAD. O CEMADEN reúne e produz informações e sistemas para

monitoramento e alerta de ocorrência de desastres naturais em áreas

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suscetíveis de todo o Brasil, enquanto o CENAD tem por objetivo gerenciar ações

estratégicas de preparação e resposta a desastres, conforme ilustra a figura 26.

Nessa estrutura, o CEMADEN cria e envia ao CENAD alertas de possíveis

ocorrências de desastres nas áreas de risco mapeadas. O CENAD transmite os

alertas aos estados, aos municípios e a outros órgãos federais e apoia as ações

de resposta a desastres.

Figura 12 - Fluxo de informações

Em articulação com vários parceiros, o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia

e Inovação) criou, mantém e amplia um Sistema Nacional de Monitoramento e

Alertas de Desastres Naturais para responder ao crescimento dessas

ocorrências no País. Dentre as ações estabelecidas para o funcionamento desse

sistema, foi criado em 2012 o CEMADEN, vinculado à Secretaria de Políticas e

Programas de Pesquisas e Desenvolvimento (SEPED), do MCTI. Uma rede de

radares meteorológicos e de Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) foi

planejada a ser implantada nacionalmente visando prover dados ao sistema

CEMADEN de monitoramento ambiental e alerta de desastres naturais. O

Centro de Tecnologia da Informação - CTI Renato Archer, por meio de suas

divisões DSSD – Divisão de Software para Sistemas Distribuídos e DTR – Divisão

de Tecnologias de Rede, entre 2013 e 2017 manteve vínculo de interesse técnico

e científico com o CEMADEN. Nesse sentido, foi estabelecida em 2013 uma

cooperação entre o CTI Renato Archer e o CEMADEN, entidades essas

vinculadas ao MCTI. Constitui objeto deste convenio de cooperação visando

atividades de pesquisa e de desenvolvimento para o aperfeiçoamento e evolução

dessa rede de PCDs, bem como atividades para a implantação progressiva dos

sistemas de apoio à decisão de emissão de alertas. Nesse contexto, este

documento contém um relato desse projeto, seus objetivos e resultados. As

atividades estão divididas em três temas, como mencionado: (T1) Gestão da

Rede de Plataformas de Coleta de Dados Automáticos; (T2) Desenvolvimento de

software; e (T3) Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em assuntos tecnológicos

relacionados. Este projeto está registrado no SIGTEC-CTI como - PRJ05.17 –

Projeto CEMADEN – Implantação da Rede e Plataforma de Coleta de Dados

(PCDs).

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184

A implementação dessa rede de PCD´s consiste em projeto de caráter inovador,

uma vez que foi planejada e executada a instalação de um número expressivo

de plataformas automáticas de coleta de dados ambientais (3.000 em dois anos).

Por ser inovador, a experiência inicial se depara com alguns obstáculos para o

seu pleno funcionamento tais como à configuração, transmissão, calibração etc.

Desta forma, a colaboração do CTI para solucionar estes obstáculos é

fundamental, o que requer um acompanhamento minucioso em todo o processo

de instalação das novas PCD´s, configuração e testes de transmissão, de forma

a permitir o refinamento e calibração da rede de PCD´s integrada à plataforma

SALVAR. Para tanto, inicialmente, considera-se a otimização da implantação da

rede de PCD´s permitindo a supervisão completa do CTI, no contexto deste

Projeto, incluindo a instalação de unidades de PCD´s segundo orientação do

CEMADEN quanto à seleção das áreas de risco, e garantindo o pleno

funcionamento inicial desta rede. Ressaltando-se que a avaliação da solução

atual para especificação do sistema deverá considerar, não somente unidades

instaladas pelo CTI no contexto deste projeto, mas todas as PCD´s instaladas

no território nacional que são gerenciadas remotamente pelo sistema. Objetivos

do projeto estabelecidos no Acordo de Cooperação são descritos a seguir;

A ampliação da rede de PCDs do CEMADEN;

A diversificação da rede de monitoramento de desastres ambientais do

CEMADEN, através do desenvolvimento e da implantação de novas PCDs

com funcionalidades e sensores diferenciados, reconhecidas como PCDs

Aqua, PCDs Agro meteorológicas, PCDs Hidro e sensores de umidade do

solo, entre outros;

A pesquisa e o desenvolvimento em tecnologias de novos sensores e em

redes de comunicação de dados para o provimento de acesso e

monitoramento para sensores instalados em locais rurais (sem cobertura

de rede GSM/GPRS);

A prestação de serviços técnicos especializados em gestão, implantação,

otimização, configuração e calibração de diferentes tipos de PCD para

aplicações diversificadas pelo CEMADEN, as quais serão parte integrante

de rede de milhares de sensores de monitoramento ambiental e climáticos

conectados a uma central de integração e monitoramento;

A pré-análise de dados pluviométricos em áreas de risco no país, de modo

a antecipar as ações da defesa civil nas comunidades envolvidas.

O presente projeto estabelecido nesse acordo de cooperação buscou garantir o

suporte à expansão da rede observacional e ao desenvolvimento do ambiente

computacional do CEMADEN pelo CTI/ MCTI. Pode-se também apresentar

como resultados alcançados com a execução do Termo: o desenvolvimento e a

implantação progressiva dos sistemas de apoio à decisão para emissão de

alertas; o desenvolvimento e a implantação progressiva dos sistemas de apoio à

decisão para emissão de alertas; o desenvolvimento, a implantação e ampliação

da rede PCD contendo funcionalidades adicionais àquelas já existentes; a

atualização do sistema de gerenciamento da rede de plataformas de coletas de

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dados do CEMADEN em operação; o planejamento da arquitetura da rede

construída de maneira a suportar uma ampliação de escala e

interoperabilidade; a evolução das plataformas computacionais “Salvar” e de

Gestão da Rede de Pluviômetros, incorporando funcionalidades adicionais às

versões existentes; a formação de recursos humanos no domínio de software

para gestão e análise de dados de redes e sensores diferenciados; e a

disseminação do conhecimento por meio de publicações científicas.”

Figura 13 - Esquerda) Plataforma pluviométrica automática de coleta de dados. (Direita) Camada

de PCDs pluviométricas da Rede de Monitoramento e Alertas do CEMADEN.

O CEMADEN, entidade criada em dezembro de 2012, tem como missão

institucional implantar uma rede de coleta de dados meteorológicos e

hidrológicos, formada por milhares de plataformas de coleta de dados e distintos

dispositivos sensores. Essa implantação foi realizada em fases e de forma

contínua, tendo o trabalho sido iniciado em 2013. Na primeira fase de

implantação, encerrada em 2014, a rede era composta por cerca de 2300 PCDs

pluviométricas automáticas e 50 PCDs Agro meteorológicas, dentre outras.

b. Fases e cronograma do projeto

Entre agosto a dezembro de 2014 – Plano de Trabalho enviado à CJU para

análise dos Projetos SGRP/SALVAR, Gestão e instalação e P&D&I em Redes e

Sensores da DTR. 04 de dezembro – Parecer favorável da CJU. Em razão dos

eventos acima, as datas efetivamente cumpridas neste cronograma ficaram:

a) Pesquisa e desenvolvimento de novos sensores e de redes de

comunicação de dados - 06 fevereiros/2015 a 26 abril/2016.

b) Transporte, logística e instalação e testes ambientais das PCDs - 22

dezembro/2014 a 20 abril/2016.

c) Monitoramento da inclusão das PCD´s na rede do CEMADEN, com

emissão de relatórios periódicos – 22 dezembro/2014 a 20 abril/2016.

d) Gestão logística de apoio e acesso aos municípios e seus pontos de

instalação, pré-configuração e testes – 22 dezembro/2014 a 20

abril/2016.

e) Transporte, instalação e testes ambientais das PCD´s – 22

dezembro/2014 a 20 abril/2016.

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f) Monitoramento da inclusão das PCDs na rede do CEMADEN com emissão

de relatórios mensais – 22/Dezembro/2014 a 10 novembro/2015.

g) P&D em tecnologias de redes de comunicação para acesso e

monitoramento de PCDs instaladas em locais sem cobertura da rede

GSM/GPRS - 06 fevereiros/2015 a 26 abril/2016.

h) Evolução do software para gerenciamento remoto (SGRP) e da Plataforma

Salvar – 22/Dezembro/2014 a 10 novembro/2015.

i) Relatório parcial de prestação de contas – 01/07/2015 a 30/09/2015.

j) Relatório final de prestação de contas – 01/07/2016 a 30/09/2016.

Essas dez fases desse projeto são apresentadas na tabela a seguir onde as

mesmas estão distribuídas em atividades nos três temas definidos acima.

Figura 14 - Fases do projeto distribuídas em atividades nos três temas predefinidos

Atividad

e/ Temas

T1 (Gestão de

implantação)

T2 (Desenvolviment

o SALVAR/SGRP)

T3 (Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação)

(1) X

(2) X

(3) X

(4) X

(5) X

(6) X

(7) X

(8) X

(9) X X X

(10) X X X

c. Tema T1: Gestão de Implantação da Rede de Plataformas de

Coleta de Dados Ambientais.

Esse tema de atuação produziu resultados expressivos para expansão da rede de plataformas de coleta de dados do CEMADEN. O CTI realizou trabalhos e obteve resultados expressivos na expansão da rede de Plataformas de Coleta de Dados. Como mostrado nas tabelas abaixo, pode-se verificar a partir de cada um dos relatórios apresentados a evolução da expansão da referida rede nacional.

A equipe apresentou também o desenvolvimento de um protótipo de equipamento para teste de níveis de sinal GSM/GPRS de telefonia para o auxílio de instalações de PCDs Automáticas. Deu-se início às instalações das PCDs

denominadas Acqua e Agrometeorológicas, no Semiárido Brasileiro.

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Figura 15 - Expansão da Rede de PCDs Automáticas, Acqua e Agro

Tabela 2 - Resumo da Gestão da Rede

OPERAÇÃO PCD´S

INSTALADAS

PCD´S

TRANSMITINDO

PERCENTUAL DE

SINALIZAÇÃO

VOLTA AO MUNDO (AL, PE, PB, GO, TO e

PA) 125 125 100%

TIÊTE (SP) 96 96 100%

FARROUPILHA (RS) 78 78 100%

ÂNGULO MORTO (SP)

06 06 100%

RAPIDIM (MG) 43 43 100%

RELÂMPAGO (DF) 1 1 100%

CERRADO (DF e GO) 7 7 100%

BARRIGA VERDE (SC)

31 31 100%

ARAUCÁRIA (PR) 16 16 100%

XINGU (MT) 24 24 100%

PANTANAL (MS) 22 22 100%

JUSSARA (MA/PI) 121 121 100%

CATALÃO (GO) 1 1 100%

SANHAÇO (MG/PE) 117 117 100%

EXU (AL/BA/PE/SE) 188 188 100%

PONTA DO SEIXAS (PB/RN)

69 69 100%

ZÉ MARIA – FASE I (CEARÁ)

101 101 100%

ZÉ MARIA – FASE II (PIAUÍ)

60 60 100%

MONTEIRO (AL/BA/PE)

41 41 100%

PÔR-DO-SOL (CE/RJ)

44 44 100%

TAPA BURACO (PR/SC)

39 39 100%

TOTAL 1230 1230 100%

Concluindo, o somatório de instalações computou um total de 1230 PCDs instaladas, sendo 594 estações do tipo Agro meteorológicas instaladas no semiárido brasileiro. 636 estações pluviométricas automáticas, todas com

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sinalização comprovada, ou seja, dados transmitidos e coletados no SGRP. Os dados apresentados na figura 31 indicam que o CTI/FACTI contribuíram para a instalação de 46 % do total de PCDs pluviométricas instaladas.

Figura 16 - Mapa ilustrativo da situação de implantação da Rede Observacional do CEMADEN em

julho de 2016

Figura 17 - situação de implantação da Rede Observacional do CEMADEN em agosto de 2016.

Expansão da Rede de PCD´s – Projeto Semiárido

Estudo e logística para instalações no semiárido das estações agro meteorológicas, conhecidas como PCDs Acqua e PCDs Agro. As plataformas

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desse projeto são de dois tipos distintos. A PCD tipo Acqua realiza aquisição dos seguintes dados ambientais: índice pluviométrico e umidade do solo em um ponto. A PCD do tipo Agro adquire os seguintes dados ambientais: índice pluviométrico e umidade do solo em quatro pontos, velocidade e direção do vento, temperatura e umidade relativa ambiente, radiação total e radiação líquida.

Figura 18 - Distribuição e modelos de PCDs instaladas no semiárido brasileiro

Tabela 3 - Instalações das PCDs

Semiárido Instalações Acqua e Agro

Estado Planejado Instalado Acqua Agro %

AL 20 20 17 3 100

BA 213 212* 179 33 99*

CE 101 101 85 16 100

MG 39 39 33 6 100

PE 79 79 66 13 100

PI 60 60 50 10 100

PB 42 42 35 7 100

RN 27 27 23 4 100

SE 14 14 12 2 100

TOTAIS 595 594 500 94 99.8

* Observação: Atendendo à solicitação do CEMADEN, não foi instalada uma estação meteorológica do tipo Agro, na Bahia, para ser instalada no Rio de Janeiro (Olimpíadas).

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Figura 19 - Imagens de algumas instalações de PCDs da Rede Observacional do CEMADEN

d. Tema T2: Sistema de Gerenciamento da Rede de Coleta e

Integração de Dados (SGRP e SALVAR)

Visa o apoio à execução do Projeto Institucional do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) para o desenvolvimento e a evolução do software para gerenciamento remoto das plataformas de coleta de dados (PCDs), que compõem a rede de coleta de dados do sistema de monitoramento e emissão de alertas de desastres naturais, e da plataforma de integração, manipulação e visualização de dados para a tomada de decisões e emissão de alertas do CEMADEN. O correspondente escopo está estruturado num conjunto de atividades de desenvolvimento de código e de agregação de novas funcionalidades, possibilitando a sua expansão, aperfeiçoamento e evolução, bom como de transferência de conhecimento, implantação e apoio ao uso do sistema nas instalações do CEMADEN.

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Figura 20 - Operação do Sistema SALVAR na inauguração da Sala de situação do CEMADEN em 2015, São José dos Campos –SP.

A ação conjunta da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (SEPED) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Unidades de Pesquisa CEMADEN e CTI, levou ao desenvolvimento e implantação progressiva do SGRP e SALVAR. Essa ação conjunta resultou no aperfeiçoamento e na evolução desses sistemas, por meio do desenvolvimento de novas funcionalidades em atendimento às necessidades específicas da missão do CEMADEN. Essas ações foram realizadas nas dependências do CTI e do CEMADEN, de acordo com os subprojetos SGRP e SALVAR, detalhados a seguir: Subprojeto SGRP foi executado em 13 iterações. O primeiro período do projeto foi utilizado para o planejamento das iterações, onde foi detalhado o escopo e o cronograma para cada iteração, este primeiro período correspondeu aos primeiros 15 dias do contrato. As 12 primeiras iterações tiveram duração de um mês cada, a última iteração teve duração de 15 dias. As iterações cobriram os seguintes itens:

a) Integração ao SGRP de novos modelos de PCDs como hidrológicas,

Agrometeorológicas e Geotécnicas, implementando os respectivos

protocolos de comunicação remota a partir da documentação dos

protocolos ou Software Development Kits – SDKs fornecidos pelos

fabricantes;

b) Evolução do módulo de gestão de manutenção da rede de PCDs,

avaliando a implementação: 1 – de rotinas para definição

automática de demandas de manutenção e; 2 – de controle de

estoque e contabilização de vida útil de componentes;

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c) Evolução do controle de qualidade de dados ambientais, avaliando

além de limiares físicos, a consistência espacial e temporal dos

dados coletados;

d) Aperfeiçoamento da interface gráfica, introduzindo a

funcionalidade de geração de gráficos e tabelas, a partir das

aquisições no bando de dados para diagnóstico das PCDs.

e) Prestação de suporte técnico à operação do SGRP que consistirá

em sanar dúvidas, corrigir possíveis falhas, aperfeiçoar o ambiente

operacional e acompanhar a implementação de novas versões;

f) Aperfeiçoamento da base de dados visando à recuperação da

informação operacional e de prevenção de acidentes, considerando

o uso de técnicas como o tratamento de grandes volumes de dados,

construção de “data warehouse” para mineração de dados e

geração de relatórios gerenciais;

g) Estudo preliminar e proposta para desenvolvimento de uma

plataforma para extração de conhecimento dos dados e das

evidências aplicadas na prevenção de acidentes.

e. Tema T3: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

Este subprojeto T3 teve como objeto a execução de atividades de pesquisa visando à evolução do desenvolvimento tecnológico da rede das Plataformas de Coleta de Dados (PCDs), que compõem o Sistema Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do CEMADEN. Com a crescente demanda governamental em serviços e soluções para a área de meteorologia nacional, a DTR (Divisão de Tecnologia de Redes), uma das divisões de pesquisa e desenvolvimento do CTI Renato Archer, estabeleceu em 2014 uma parceria com o CEMADEN, com o objetivo de:

1. Fomentar projetos de P&D em diferentes tecnologias de rede e

sensores para aplicações em meteorologia e agrometeorologia; 2. Promover a confiabilidade nas redes de monitoração via

diferentes redes eletrônicas de acesso a estações meteorológicas tais como: redes Ethernet, IP, Telemetria (Satélites, Celular, Rádio enlaces VHF e UHF).

3. Desenvolver métodos para a análise de dados meteorológicos estruturados ou não estruturados (Big Data), através da mineração de dados em diversas fontes e bancos de dados, contendo informação meteorológica ou hidrológica.

4. Realizar testes em campo de equipamentos e redes meteorológicas tais como as PCDs pluviométricas e agro-meteorológicas.

5. Realizar testes laboratoriais de analise de solos da região semiárida. Prospectar e desenvolver sensores de deslizamentos de solo e monitoramento de níveis hidrológicos;

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6. Promover o registro da propriedade intelectual e a disseminação de resultados de P&D em revistas indexadas, seminários, palestras e demais eventos especializados.

a) Objetivos Específicos

1. Desenvolvimento de aplicativos para “smartphones”, como prova de conceito, para apoiar atividades de emissão de alertas às comunidades em áreas de risco, de forma a antecipar a prevenção da ocorrência de perdas humanas e materiais advindos de desastres naturais;

2. Desenvolvimento de métodos para a análise de dados meteorológicos estruturados ou não estruturados (Big Data). Mineração de dados em diversas fontes de informação meteorológicas como dados em arquivos gerados por PCDs, plataformas de apoio do CEMADEN, tais como o “Salvar”, "GPRS", satélites especiais (GRACE-NASA) e qualquer informação disponibilizada por fontes públicas de meteorologia;

3. Desenvolvimento de análises estatísticas nos dados pesquisados, com o objetivo de se produzir modelos e indicadores de desastres naturais vinculados a mudanças climáticas, tais como a quebra de safra na região do semiárido nordestino e predição da existência de reservas subterrâneas de água no território nacional;

4. Testes ambientais em campo e em laboratório de plataformas meteorológicas e hidrológicas de coleta de dados conhecidas como PCDs Aqua e PCDs Agro. Testes funcionais de sensores de deslocamento de solo, sensores pluviométricos de diferentes princípios de operação, entre outros, com o objetivo de elaborar procedimentos de melhoria nos processos de monitoramento, adaptação de novas funcionalidades e testes de confiabilidade destes equipamentos;

5. P&D em telemetria, com a utilização de diversas técnicas e tecnologias de transmissão tais como: redes de satélites, rede de telefonia celular, rede de comunicações ópticas, rede de comunicação sem fio por rádio enlace (VHF, UHF, Microondas), wireless (IEEE 802.x), PLC (Power Line Comunications). Adaptação de equipamentos de meteorologia, a meios alternativos de telemetria.

I. Subprojeto I:

Prospectar a possibilidade de utilização de sensores com funcionalidades diferenciadas daqueles que compõem atualmente compõem o Sistema Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do CEMADEN. Em particular foi investigada a utilização de sensores para pequenos deslocamentos superficiais do solo, visando reduzir efeitos catastróficos de grandes deslizamentos do solo e de desbarrancamentos.

Os sistemas presentemente instalados e em consideração pelo acordo de

cooperação CEMADEN\CTI incluem uma variedade de tipos de plataformas de aquisição de dados meteorológicos. Uma vez que boa parte do hardware usado por essas plataformas de coleta de dados é de conteúdo tecnológico externo e está em constante aprimoramento tecnológico, é justificável o dispêndio de recursos de pesquisa e desenvolvimento no sentido de nacionalizar parte desses sistemas e agregar novas funcionalidades aos mesmos.

Dentre as funcionalidades desenvolvidas incluem-se a pesquisa por novas interfaces de registro, armazenamento, compactação e transferência de dados.

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Pesquisa por sensores inovadores, tanto do ponto de vista de aquisição de novos tipos de dados como de sensores mais eficientes (por exemplo, do ponto de vista de eficiência energética). A guisa de orientação quanto aos estudos, foram desenvolvidas as seguintes atividades:

- Análise da viabilidade de incorporação de sensores de deslocamento de solo. Prospecção de tecnologias existentes na área de sensores de deslocamento, bem como eventual sugestão de desenvolvimento futuro de sensores inovadores.

- Estudo e montagem de uma plataforma de múltiplos sensores. Os tipos

de sensores que foram integrados por meio dessa atividade são: sensores de temperatura, tanto do ar como do solo; sensores de umidade;

- Implantação de novo laboratório de P&D da DTR. O objetivo dessa

atividade foi prover infraestrutura de apoio para pesquisa e

desenvolvimento em todas as atividades descritas nesse plano, no que ela encontra sua justificativa. O laboratório de P&D da DTR hoje contém recursos para: o desenvolvimento e incorporação de novos sensores à plataforma de aquisição de dados; a execução de testes rápidos de protótipos; a criação de experimento de redes e novos mecanismos de conexão; a programação de novas interfaces de operação de dispositivos de hardware.

O resultado da linha de pesquisa foi a elaboração e publicação de relatórios e artigos científicos sobre sensores que possam ser incorporados em versões futuras das plataformas.

II. Subprojeto II:

Desenvolver estudos e modelos para o levantamento de parâmetros previsores da existência de reservas subterrâneas de água. Desenvolver pesquisas em aplicações inovadoras a partir de processamento em alto desempenho de dados de satélites especiais (GRACE-NASA) e dados hidrológicos e meteorológicos nacionais, visando obter modelos e indicadores de desastres naturais vinculados a mudanças climáticas. Nesse desenvolvimento, ênfase foi dada à região dos mananciais aquíferos da SABESP no estado de São Paulo. Estudo teve como objetivo correlacionar os dados de variação de estoque aquífero do Sistema Cantareira com as medidas pluviométricas obtidas na superfície. A depleção de conteúdo total pode ser inferida com base na construção de modelos que incluem o escoamento da água através do solo (figura 35)

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Figura 21 - Monitoramento das Bacias do Sistema Cantareira

Dentro da proposta de realização de pesquisa e desenvolvimento no consórcio CEMADEN/CTI houve a realização de estudos de correlação entre uma grande quantidade de dados de fluxo pluviométrico no território brasileiro e medidas de campo gravitacional realizado pelo satélite gêmeo GRACE (Gravity recovery and climate experiment) e seus sucessores como o GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer).

O experimento de mapeamento de anomalias gravitacionais realizado por medidas ultrassensíveis de posição de satélites desse tipo permitiu inferir variações sazonais no campo gravitacional local, com nível de precisão nunca antes obtido. Uma fonte óbvia de variação desse campo são as mudanças na quantidade de água estocada no subsolo, que é severamente afetada pelo regime de chuvas e pelos processos ainda desconhecidos de escoamento e trocas hidrodinâmicas entre o continente e os oceanos. O objetivo foi explorar a existência de dados redundantes nesse e em outros tipos de experimentos com satélites da NASA de forma a aumentar o grau de confiabilidade das medidas em solo, bem como prover recursos de dados adicionais para se monitorar a variação do armazenamento de água no subsolo.

A determinação do estoque de água subterrâneo é de fundamental importância para a aplicação de políticas de aproveitamento desses recursos, na ocorrência crescente de níveis insuficientes de precipitação para repor o estoque da superfície em determinadas regiões do país. Os resultados do estudo têm impacto direto na adoção de medidas para exploração do estoque subterrâneo (disponível nos aquíferos), bem como consequências indiretas do tipo:

Formação de uma base de conhecimento mais detalhado do fluxo hidrodinâmico em território nacional, que se verifica não só através dos rios, mas por vias subterrâneas que incluem trocas com o oceano;

Extração e aproveitamento de dados de medidas gravimétricas para eventuais aplicações em aumento de confiabilidade de previsão climática, o que é dependente da disponibilidade do recurso;

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Correlação com dados das PCDs, o que inclui contratação de serviço de análise de solo (para medida de porosidade, granulometria e condutividade hidráulica de solo). Esse estudo teve como objetivo correlacionar de forma ampla os dados de variação de estoque aquífero com as medidas pluviométricas obtidas na superfície. A depleção de conteúdo total pode ser inferida com base na construção de modelos que incluem o escoamento da água através do solo, o que justifica a realização de medidas de solo.

Figura 22 - Desenvolvimento de interface de análise, tratamento e extração de dados para o

sistema GRACE para o Sistema Cantareira.

Em direção a esses objetivos, houve o desenvolvimento de uma interface de análise, tratamento e extração de dados para o sistema GRACE. Isso se torna necessário uma vez que os dados disponíveis publicamente não são tratados e requerem pré-processamento. Aquisição de software e processadores numéricos para implementação de análises numéricas. A execução dessa atividade incluiu: a pesquisa da literatura recente e trabalhos anteriores de mapeamento de campo gravimétrico local utilizando dados da sonda GRACE; a implementação de um algoritmo de tratamento dos dados por soma de termos polinomiais (componentes de expansão de multipolo) do campo gravitacional; a conversão e análise dos resultados em termos da equação de balanço hidrodinâmico. Disponibilização dos resultados de forma gráfica e implantação de um processo numérico com recurso adquirido para o fim. Maiores informações no ANEXO III

III. Subprojeto III:

Pesquisar e prospectar tecnologias alternativas de redes de comunicação de dados para o provimento de acesso e monitoramento para PCDs instaladas em locais rurais (sem cobertura da rede GSM/GPRS ou em áreas com cobertura intermitente). Nesse subprojeto foi prospectado desenvolvido e testado um protótipo de Data Logger microprocessado para uso da rede LAN com protocolo contendo sensores metrológicos de temperatura, umidade e pressão atmosférica.

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A interface de comunicação para envio periódico dos dados das PCDs se dá por meio do sistema GSM/3G, que faz uso do serviço de interface de dados das diversas operadoras de telefonia. Embora tenha sido demonstrada a viabilidade desse sistema de comunicação, há claramente limites para o crescimento da quantidade de dados que trafegam por ele, tanto em qualidade (tempo de latência, por exemplo) como em quantidade (periodicidade e variedade de dados). Testes de stress são naturalmente limitados, requerendo ao acúmulo histórico de dados para verificação de conformidade de transferência no caso de aumento inesperado de tráfego (por exemplo, na ocorrência de múltiplos alarmes em curto período de tempo).

Portanto, a prospecção de alternativas para a transferência de dados é altamente recomendada. Para esse fim, as seguintes atividades foram realizadas: – Elaboração de relatórios sobre alternativas de transferência de dados, com

apoio em testes de laboratório. Essa atividade visou reproduzir a presença de erros previsíveis e usuais de transferência, tanto no hardware já existente como em propostas de hardware diferentes. Prevê-se interação com grupos do CEMADEN que têm contato direto com os erros mais comuns observados na rede instalada, de forma a se reproduzir seu comportamento e prover subsídios que orientem a busca de alternativas. Dentre essas vias alternativas, a implantação de uma MVO (mobile virtual operator) já foi vista presentemente como uma maneira de se aumentar o nível de governança da rede, o que implica em desenvolver um nível de independência em relação aos operadores de telefonia existentes.

IV. Subprojeto IV:

Pesquisar e desenvolver uma primeira versão de um aplicativo para “smart-phones” visando a emissão, para a população local, de alertas regionais de desastres naturais. As atividades deste subprojeto serão realizadas aplicando-se o método iterativo, onde cada iteração tem como produto um conjunto de funcionalidades desenvolvidas e testadas.

Por meio de dispositivos telefônicos ou portais da rede, um serviço de alerta se justifica possibilitando à população a colheita de informes em tempo real, principalmente em áreas previamente escolhidas pelo sistema de monitoramento como representando os maiores riscos. Um aspecto importante para a validação da eficiência da política de prevenção de desastres é a confirmação do recebimento, acionamento e atuação local, o que exige que algum tipo de disseminação mais abrangente da informação seja disponível. As seguintes atividades foram realizadas nessa linha de pesquisa: - Desenvolvimento de um sistema de alarme via envio de SMS por meio de portal contendo entrada para cadastramento de usuário. O objetivo essa atividade foi prover um serviço à comunidade sobre o risco iminente que seja independente do tipo de sistema operacional em uso (tipo de telefone celular);

- Desenvolvimento de um software aplicativo para telefone celular, com base na plataforma operacional de maior uso, que forneça alarmes e outras informações climáticas para áreas julgadas de risco. Esse software deve ser baixado via rede e instalado no celular, permitindo a recepção de dados customizados pela autoridade responsável por emitir o alarme. É parte dessa atividade definir os requisitos desse software, assim como suas principais funcionalidades, verificando os recursos de dados disponíveis pelas autoridades responsáveis pela emissão dos alarmes bem como a interface disponível de integração.

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- Processo de documentação do software de forma a permitir sua atualização e desenvolvimentos posteriores, por equipe diferente da responsável pelo primeiro desenvolvimento, observada a possibilidade de incorporação de novos alarmes no futuro, ou seja, o objetivo desta atividade foi facilitar e permitir o aproveitamento do software no futuro.

Figura 23 - Imagem do sistema de disseminação de alertas

As entregas em função de cada mês do Tema T3: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação encontram-se apresentadas no ANEXO II.

f. Conclusão

A colaboração Técnico-Científica, entre o CTI e o CEMADEN realizados através do TED supracitado seguiu o cronograma planejado, tendo atingido os resultados esperados, no período. Das três áreas analisadas, a Gestão da Evolução da Rede é que permite maior objetividade de análise, em vista da atividade em si. Pode-se computar o montante de instalações numericamente e também o desenvolvimento de um protótipo inovador para verificar qualidade de sinal de telefonia celular e auxiliar instalações. O Tema: Desenvolvimento de Software tem resultados importantes, porém são resultados entrelaçados e de mensuração mais delicada, principalmente no caso de o subprojeto SALVAR. Com as iterações previstas no planejamento evolutivo dos entregáveis, implementou-se diversas facilidades nas plataformas SGRP/SALVAR tais como, melhorias em interface de usuário, relatórios, tratamento e planejamento de minerações de dados em grande volume (“datawarehouse”). Suporte técnico às equipes do CEMADEN na operação do sistema, assim como nas atualizações dos diversos “releases”, implementados ao longo do desenvolvimento. O Tema: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação apresentou resultados expressivos, como as correlações com os dados do projeto GRACE-NASA, que demonstram a depleção de reservas hídricas do Sudeste. Foi apresentado protótipo de datalogger, que habilita uma PCD semiautomática para aquisição de dados via internet. Resultados promissores das análises numéricas utilizando “regressores” matemáticos demonstram viabilidades, para a previsão de eventos meteorológicos.

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Artigo publicado

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6.7. Tecnologias

3D no CTI

Desde 1997, o CTI tem investido na pesquisa, desenvolvimento e aplicação das

tecnologias 3D em diversas áreas do conhecimento, apoiando indústrias,

hospitais e universidades em PD&I por meio de três programas que funcionam

em regime de laboratório aberto: ProIND, ProMED e ProEXP, respectivamente.

Esses programas têm colaborado com quase 200 teses de universidades,

mostrando forte comprometimento com a formação de recursos humanos de

alto nível.

Esses programas visam difundir tecnologias 3D e manter o Brasil atualizado

nessas tecnologias, com destaque à impressão 3D. Para tanto, desenvolve

aplicações utilizando o estado da arte, além de desenvolver tecnologia nacional.

O CTI, por meio desses programas, integra o Instituto Nacional de Biofabricação

(Biofabris), Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia

(BRAINN) do programa CEPID/FAPESP e colabora ativamente com as iniciativas

governamentais e empresariais, no Brasil e exterior, para difusão da impressão

3D.

ProIND : Tecnologias 3D para a Indústria

Iniciado em 1997, o ProIND vem induzindo

aplicações das tecnologias de impressão

3D nas empresas nacionais, fornecendo,

rapidamente, protótipos físicos de

qualquer complexidade geométrica. Essas

tecnologias encurtam a cadeia de

desenvolvimento de produto, aumentando

a competitividade das empresas. Além de

protótipos visuais, podem gerar, também,

em pouco tempo, protótipos funcionais,

ferramental e peças complexas para uso

final.

Mais de 600 empresas têm sido

beneficiadas por meio de serviços

tecnológicos e de consultoria em tecnologias

3D, em especial, as micro, pequenas e

médias empresas. Ao prover serviços

especializados e escassos no Brasil de apoio

à inovação nas indústrias, o ProIND mostra

plena aderência ao Plano Brasil Maior do

Governo Federal. Dentre as empresas

apoiadas, estão as que fabricam produtos

para saúde e acessibilidade.

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ProMED: Tecnologias 3D para a Saúde

Iniciado em 1999, o ProMED vem induzindo

a aplicação de tecnologias 3D (virtuais e

físicas) nos hospitais públicos e clínicas

nacionais, apoiando cirurgias complexas.

Como benefícios, tem-se a melhoria da

qualidade cirúrgica, concomitantemente à

redução de custos e tempos de cirurgia,

internação e recuperação dos pacientes que,

assim, ganham em qualidade de vida. Já o

governo é beneficiado com diminuição de

gastos com saúde e previdência.

Com o software InVesalius, associado à

produção de biomodelos físicos com

impressão 3D, o ProMED tem apoiado cerca

de 200 hospitais. Mantém um termo de

cooperação com o Ministério da Saúde desde

2009 para incorporar essas tecnologias 3D

ao SUS.

Com suporte do CNPq e da FAPESP, o

ProMED desenvolve pesquisa com simulação

computacional em bioengenharia e

biofabricação com destaque à bioimpressão

de órgãos.

ProEXP : Tecnologias 3D para Experimentos

Iniciado em 2007, o ProEXP é um

programa de indução e aplicação do uso

da impressão 3D em experimentos

científicos. No âmbito das universidades,

o ProEXP tem viabilizado projetos de

pesquisa de mestrado, doutorado e pós

doutorado em diferentes áreas do

conhecimento tais como engenharias,

artes, arquitetura, química, biologia,

design, etc. Na graduação, tem

viabilizado projetos de iniciação

científica, TCCs e projetos de competição

dos cursos de engenharia nas áreas de

robótica, carros e aviões conceituais.

Além das universidades, tem projetos em

parceria com centros de pesquisa tais

como, INPE, INT, CENPES (Petrobrás),

Embrapa, CBPF.

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No âmbito da inclusão social, o ProEXP

tem viabilizado, pelo emprego da

impressão 3D, vários projetos para o

desenvolvimento de dispositivos para

acessibilidade e educação.

6.8. A Qualificação

e Análise de Produtos

Eletrônicos

Criado em 1989, o então Laboratório de Caracterização de Microestrutura

(LACAM), desenvolvia tecnologia para realizar caracterização, qualificação e

testes de componentes eletrônicos, em especial de circuitos integrados. Desde o

início o Laboratório trabalhou em várias linhas de atividades como a pesquisa

e o desenvolvimento de novos componentes eletrônicos; serviços tecnológicos

voltados a inovação de novos produtos da indústria; bem como a análise de

falhas de componentes em desenvolvimento ou mesmo já colocados no mercado,

tendo como primeiros clientes a indústria de TI, os centros de pesquisa, a

academia e, fortemente, o governo.

Com a evolução da indústria de tecnologia da informação (TI) no país, o

Laboratório passou, no decorrer dos anos, a adequar suas competências a

outras demandas do mercado local, como a qualificação de placas eletrônicas

(placas de circuito impresso nuas e montadas) e seus componentes (cabos,

conectores, solda etc.), e posteriormente de produtos eletrônicos (computadores,

equipamentos eletrônicos, displays etc.).

Em meados dos anos 1990 o laboratório desenvolveu cooperação com centros

de pesquisas internacionais, IMEC/Bélgica, CNM/Espanha e CSATA/Itália, o

que permitiu desenvolver novos procedimento de caracterização de processo de

manufatura de circuitos integrados (PCM), utilização de tecnologia não

convencionais de análise de componentes (DVCS e FIB) e análise de falhas de

circuitos integrados.

No decorrer do tempo o laboratório desenvolveu competências para realizar

todas etapas do ciclo final de desenvolvimento de componente eletrônico (back-

end), desde da validação do protótipo, passando pela caracterização,

qualificação e testes do produto; bem como, quando necessário, a análise de

eventuais falhas.

A partir de 2006, quando a Comunidade Europeia estabeleceu as diretrizes

RoHS (Restriction of Hazardous Substances) e WEEE (Waste of Electrical and

Electronic Equipament) o Laboratório, seguindo recomendação do MCTIC,

passou a desenvolver tecnologias para apoiar a sustentabilidade do setor

eletroeletrônico, ou seja, tecnologia para diminuir o impacto dos

eletroeletrônicos ao meio ambiente, isso foi feito através do Programa

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AMBIENTRONIC; cooperação entre MCTI, MDIC e MMA, com coordenação do

NAPE/CTI.

O Núcleo de Qualificação e Análise de Produtos Eletrônicos (NAPE) acumula

uma vasta experiência em testes de circuitos integrados, apoiando o processo

de desenvolvimento de componentes desde a etapa de planejamento dos testes,

durante o design do componente, até a realização dos testes do produto final.

Além de desenvolver a metodologia de teste do componente, utilizando as

informações da concepção e do design e ensaios padronizados por normas

internacionais, o NAPE desenvolve as rotinas de automatização dos testes e a

infraestrutura de hardware (placa de testes, jigas e interfaces) para reduzir o

tempo e aumentando a segurança e a confiabilidade dos testes dos

componentes.

O Núcleo é formado por um corpo técnico especializado de pesquisadores da

área de engenharia elétrica, física, química e biologia, composto por servidores

do CTI Renato Archer e colaboradores contratados pela FACTI (Fundação de

Apoio) que atuam em pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de qualificação

e certificação de processos, produtos e componentes eletroeletrônicos,

oferecendo serviços tecnológicos, capacitação e consultoria nesta área.

a. Tecnologia/Resultados

Para desenvolver as etapas de validação, caracterização, qualificação e teste dos

componentes, o NAPE possui um conjunto de competências que abrangem a

análise de diversos tipos de circuitos e tecnologias:

· Teste Elétrico: Circuitos Digitais, Analógicos, Sinais Mistos e RF;

· Ensaios de Qualificação/Confiabilidade: Ensaios acelerados, ESD e Latch-up

· Ensaios mecânicos: Vibração, Shear Test e Pull Test; · Análise de Falhas: Cross-Section (análise da microsseção), Microscopia

Óptica e Eletrônica de varredura (SEM)

Outro ponto relevante do NAPE é possuir infraestrutura dedicada a testes de

circuitos integrados, resultado de investimento significativo do MCTIC através

do Programa SIBRATEC, a infraestrutura é composta de equipamentos de

última geração como wafer prober (manual e semiautomático), testador de

componentes para várias tecnologias de circuitos (Teradyne Microflex), bancada

para testes de componentes de alta frequência (RF), além de analisadores de

semicondutores e outros equipamentos dedicados. Na área de confiabilidade,

um conjunto de câmaras climáticas e de choque térmico que permite realizar

ensaios acelerados normativos de componentes eletrônicos.

Como principais resultados nos últimos anos, além da realização de serviços

tecnológicos de qualificação de componentes, vários acreditados pela

CGCRE/INMETRO segundo a ISO/IEC 17025:2017, destacamos a seguir três

grandes projetos:

Projeto EH01CQ: Circuito integrado (CI) destinado a aplicações "Energy

Harvesting“;

Atuação: Testes elétricos; Ensaios térmicos; Infraestrutura de teste;

Resultados: Teste e qualificação do CI, infraestrutura (hardware/software) e

transferência de tecnologia para Test House internacional;

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Projeto Memristor: Tecnologia de Memórias resistivas;

Atuação: Caracterização do processo de manufatura dos dispositivos;

Resultados: Protocolos de teste para caracterização elétrica e transferência de

tecnologia para laboratórios da HP (Hewlett-Packard) (EUA).

Projeto IDTV01: Circuito integrado (CI) destinado à recepção de sinal de TV

Digital

Atuação: Testes elétricos; Infraestrutura de teste

Resultados: Teste do CI, infraestrutura (hardware/software)

b. Futuro

Atuação nas novas demandas de componentes voltados à aplicação da área de

Smart Cities, indústria 4.0, IoT (Internet of Things), Setor de Equipamentos

Eletromédicos, em especial estabelecer cooperação com os fabricantes locais de

componentes (memória, sensores, RFID etc.) e o CEITEC.