Crônica O poder de ser um “Augustiano” E · tégia de Lilith'" de Alex Antunes o filme norteia...

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“Na cidade que nunca dorme essa rua virou parada obrigatória. Dividida en- tre a alta e a baixa, ela é sinônimo de diversidade, trabalho, moda, diversão, música e festa. A Rua Augusta é plural. E mesmo quando a manhã chega e as luzes morrem, ela não perde o seu brilho.” Revista Sampa + Rua Augusta 2BCSNJO - USJT Outubro/2015 E O poder de ser um “Augusano” m um dia sem graça e no tédio total fui convi- dada para conhecer um local em São Paulo, e mesmo sendo paulistana não o conhe- cia, ou melhor, não a conhe- cia, não sabia quem foi, quem é ou como é, mas fui, mesmo porque é uma vergonha não conhecer a própria cidade em que se vive. Enfim, aceitei o convite e fui conhecer a tão fa- mosa dona Rua Augusta. Logo de cara percebi que se tratava de algo total- mente diferente, pra começar, ela é dividida ao meio pela Avenida Paulista. Então de um lado era tudo muito chique, glamoroso e até esnobe, luga- res caros, lojas de grife, quase uma passarela ao ar livre. Do outro reina a diversidade, há bares populares, botecos mes- mo, tem casas de show, dança, puteiros, salões de beleza 24 horas, lojas de roupas das mais variadas e gente de todos os - pos possíveis. Ali, naquela parte que é conhecida como Baixo Augus- ta, percebi que as pessoas que a frequentam tem um verda- deiro caso de amor com aque- le lugar, posso ousar e dizer até que lá foi criada uma nova nomenclatura, quem vive por lá é um Augusano. E ser Augusano não é para qualquer um não, há pré-requisitos fundamentais, você tem que respeitar toda e qualquer tribo que exista por lá, você tem que aceitar e apoiar a diversidade, você tem que gostar de música, muita música, conversas de bar, e ser adepto à filosofia de boteco, e admirar seres novagos, aliás, é o que mais pinta por lá, seres amantes da noite, e eles che- gam a ser até poécos. Mas para ser um Augus- ano, mais do que dever, você pode! Pode amar quem quiser, independente de orientação sexual, credo e visão políca. Você pode dançar e cantar até o dia amanhecer. Você pode provar dos mais diversos e bons drinks. Você pode pular carnaval no bloco que por lá passa todos os anos, o Acadê- micos do baixo Augusta. Aliás, lá você pode tudo, ou quase tudo. Porque se tem uma coisa que você pode na Rua Augusta é poder, poder ser feliz. Porque se tem uma coisa que você pode na Rua Augusta é poder, poder ser feliz. Crônica Raquel Borges 12 Sampa + Rua Augusta

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Page 1: Crônica O poder de ser um “Augustiano” E · tégia de Lilith'" de Alex Antunes o filme norteia a história de Alex, interpretado por Mário Belotto, um jornalista que mora na

“Na cidade que nunca dorme essa rua virou parada obrigatória. Dividida en-tre a alta e a baixa, ela é sinônimo de diversidade, trabalho, moda, diversão, música e festa. A Rua Augusta é plural. E mesmo quando a manhã chega e as luzes morrem, ela não perde o seu brilho.”

Revista Sampa + Rua Augusta 2BCSNJO - USJT Outubro/2015

E

O poder de ser um “Augustiano”

m um dia sem graça e no tédio total fui convi-dada para conhecer um

local em São Paulo, e mesmo sendo paulistana não o conhe-cia, ou melhor, não a conhe-cia, não sabia quem foi, quem é ou como é, mas fui, mesmo porque é uma vergonha não conhecer a própria cidade em que se vive. Enfim, aceitei o convite e fui conhecer a tão fa-mosa dona Rua Augusta. Logo de cara percebi que se tratava de algo total-mente diferente, pra começar, ela é dividida ao meio pela Avenida Paulista. Então de um lado era tudo muito chique, glamoroso e até esnobe, luga-res caros, lojas de grife, quase uma passarela ao ar livre. Do outro reina a diversidade, há bares populares, botecos mes-mo, tem casas de show, dança, puteiros, salões de beleza 24 horas, lojas de roupas das mais variadas e gente de todos os ti-pos possíveis. Ali, naquela parte que é conhecida como Baixo Augus-ta, percebi que as pessoas que a frequentam tem um verda-deiro caso de amor com aque-le lugar, posso ousar e dizer até que lá foi criada uma nova nomenclatura, quem vive por lá é um Augustiano.

E ser Augustiano não é para qualquer um não, há pré-requisitos fundamentais, você tem que respeitar toda e qualquer tribo que exista por lá, você tem que aceitar e apoiar a diversidade, você tem que gostar de música, muita música, conversas de bar, e ser adepto à filosofia de boteco, e admirar seres notívagos, aliás, é o que mais pinta por lá, seres amantes da noite, e eles che-gam a ser até poéticos. Mas para ser um Augus-tiano, mais do que dever, você pode! Pode amar quem quiser, independente de orientação sexual, credo e visão política. Você pode dançar e cantar até o dia amanhecer. Você pode provar dos mais diversos e bons drinks. Você pode pular carnaval no bloco que por lá passa todos os anos, o Acadê-micos do baixo Augusta. Aliás, lá você pode tudo, ou quase tudo. Porque se tem uma coisa que você pode na Rua Augusta é poder, poder ser feliz.

Porque se tem uma coisa que você pode

na Rua Augusta é poder, poder ser

feliz.

Crônica

Raquel Borges

12 Sampa + Rua Augusta

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Diretor da Faculdade de LACCEProfº Rosário Antonio D’Agostino

Coordenador do Curso de Jornalismo

Profº Anderson Fazoli

Sampa + Rua Augusta é uma publi-cação experimental produzida por alunos do segundo ano do curso de Jornalismo (2BCSNJO), para a disciplina: Processo de Captação e Edição em Jornalismo Impres-so (Procedji), sob orientação do professor Moacir Assunção

Estes fasciculos abordam diversos temas (12) relevantes a Cidade de São Paulo

Outubro/2014

Equipe

Editora ChefeRaquel Borges Porto

201314165

RepórteresLeonardo Souza

201411243Leticia Marques

201409491Matheus Caixeta

201300319Rodrigo Lima

201412675

DiagramaçãoRodrigo Lima

ImpressãoGuaracopy

Foto Capa: Rodrigo Lima

Equipe

Foto

: Leo

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m dos cartões de visita de São Paulo, a Rua Augusta tem em seus 3,5 km de extensão um mundo de possibilidades para todos os gostos e necessidades, tanto para os solares quanto aos notívagos,

e que vão desde bares, shopping Center, cinema, baladas, teatros, gale-rias, lojas, bancos, empresas, restaurantes, salões de beleza, a academias. Dividida ao meio pela Avenida Paulista, as duas partes ficaram po-pularmente conhecidas como alta e baixa Augusta. A alta é onde estão lo-calizados os comércios e programações voltados para a classe média alta. E na Augusta baixa há uma maior diversidade de classes sociais, orienta-ções e senso crítico, sendo assim, mais acessível. Nesta edição do Sampa + buscamos tratar sobre os mais diversos assuntos sobre essa tão famosa rua, a sua contextualização histórica, for-mação, o seu dia e noite, costumes de quem a frequenta. Além do retorno dos blocos de rua, com o Acadêmicos do Baixo Augusta, e espaços como a praça Roosevelt, que é um braço importante da Augusta e que foi revitali-zado a fim de retomar um espaço de lazer pertencente à população. Procuramos também expor assuntos como a especulação imobi-liária na região, que tem dividido opiniões entre aqueles que acreditam que ela tem feito a rua perder a sua essência, que é a da pluralidade, bem como creem que esse “boom” da construção civil é responsável pelo pos-sível fim do Parque Augusta, uma importante área verde composta por um resquício de mata atlântica. E aqueles que são a favor, pois, uma das razões, é que valoriza a região. Isto posto, esta revista pretende frisar a importância dessa rua para a cidade de São Paulo, tanto como pólo econômico, quanto uma re-ferência positiva para a sua população ao ter os braços abertos à diver-sidade e respeito. Procuramos atiçar em você, caro leitor, a vontade de conhecê-la e se entregar à energia contagiante da Rua Augusta.

Boa Leitura! .

UAugusta, robusta, apavora, mas não assusta

aseado no livro "A Estra-tégia de Lilith'" de Alex Antunes o filme norteia a

história de Alex, interpretado por Mário Belotto, um jornalista que mora na rua Augusta e acaba de ser despedido de seu emprego e também termina um caso com sua ex chefe e amante. A partir daí o jornalista se embrenha nas intrínsecas aventuras que a Rua mais polêmica da cidade de São Paulo poderiam lhe proporcionar. A história vai mostrando a busca do personagem por ou-tros tipos de relacionamentos sejam eles amorosos ou espiritu-ais, onde encontra em uma espé-cie de xamã, um guia que ira lhe conduzir ao longo da trama. Essa "voz" que fala com ele é uma voz feminina que desestrutura seu modo masculino de ver a vida e o

aproxima cada vez mais de um mun-do espiritual que antes o era desco-nhecido. O filme é conturbado como o próprio diretor afirma, pois assim como a cidade de São Paulo o filme também tem a intenção de retratar a confusão da conhecida Baixa Au-gusta, berço das casas de prostitui-ção, bares, baladas, etc. Essa atmos-fera é o cenário dessa história e os personagens são todos frutos desse mundo, moradores ou frequentado-res da via sempre com suas histórias e experiências já vividas ali. O filme tem direção de Fran-cisco César Filho, que é responsável por outros curta metragens muito conhecidos e premiados internacio-nalmente, direção de arte de Rafa-el Ronconi, produção executiva de Eliane Bandeira e direção de foto-grafia de Aloysio Raulino.

O filme foi realizado pela Anhan-gabaú produções entre março e abril de 2008.

B

Augustas- O filme que entrou no mais profundo do que ela é de verdade

Poster do filme

Por: Leonardo SouzaResenhas

Da história para a inovaçãodocumentário “Augusta 120" elaborado por um grupo de estudantes da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, com dire-ção de Misáel Mainetti, foi inspirado na música de 1963 "Rua Augusta" cantada por Ronnie Cord e teve como objetivo central a conclusão da gradu-ação desses jovens no curso de jorna-lismo em novembro de 2003. Em um jogo de entrevistas os formandos Ana Cristina Sachs, Isis Rosa N Diniz, Marina Sarruf e Tarci-la Ferro vão contar o surgimento da rua conhecida a princípio como Maria augusta e que ao longo do tempo se transformou somente em Augusta, seus personagens que mudaram a vi-são de uma Rua típica paulistana nar-ram suas experiências e visão sobre esse desenvolvimento. Esses "Antigos" jovens pau-listas que iam a rua para viver suas

experiências mais excêntricas, viram nascer nas canções de Caetano o mo-vimento tropicalista, se identificaram com essa rebeldia, essa forma de fu-gir da realidade e mostrar ao mundo a sua identidade estampada em um símbolo. Essa visão de inovação que-brou as barreiras entre o proibido e o possível, a liberdade é um símbolo e a Augusta se transformou em uma passagem de inovação ao futuro. Moda, cultura, tendências surgiam primeiramente lá e se espa-lhavam por São Paulo através dessa juventude cativa. O surgimento da divisão entre alta e baixa Augusta trouxe a rua uma nova perspectiva sobre o que seria dali para frente a alta Augusta como uma versão rica e sofisticada, enquanto a baixa o mun-do underground com casas de banho, prostituição, estacionamentos e ba-res.

Todas essas histórias até chega-rem nos dias de hoje e a visão de uma nova Augusta que ainda possui prosti-tuição e a divisão entre alta e baixa, mas que agora leva consigo a características de uma rua eclética, sem preconceitos, cheia de contrastes e diferenças que por sua vez são sugadas perante a misti-ficação de público e horário. Do dia a noite "A rua Augusta não tem botão de liga e desliga", se-gundo os criadores do documentário que vão ao longo das gravações destrin-chando esse mundo que é a Rua Augus-ta.

O

Foto reproduçãoFoto reprodução

11 Sampa + Rua Augusta2 Sampa + Rua Augusta

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á bem pouco tempo, São Paulo era apenas a cidade dos gran-des centros comerciais, da

cultura limitada aos museus, cinemas, casas de shows, porém, essa realidade tem mudado e a cultura tem se espar-ramado com cores e festas pelas suas ruas. Alexandre Youssef, 40, é um dos responsáveis por essa mudança tam-bém por fundar o Acadêmicos do Baixo Augusta De São Paulo, o produtor cul-tural e advogado formado pela Univer-sidade Mackenzie, foi assessor especial do Ministro da Justiça, José Carlos Dias em 1999 e 2000, e Coordenador de Ju-ventude da Prefeitura de São Paulo, en-tre 2001 e 2004. Foi um dos criadores do site cultural OVERMUNDO, pelo qual ganhou o prêmio de arte eletrôni-ca,o Golden Nica. Comentarista e colaborador do programa dominical “Esquenta” da Rede Globo, e apresentador do progra-ma da Globo News “Navegador”, além de colunista político da revista Trip. Fundou e dirigiu as extintas casas de shows Studio SP e Studio RJ, referências da cultura alternativa e responsáveis por lançar novos nomes da música. Foi em 2009 que fundou o blo-co Acadêmicos do Baixo Augusta, e se-gundo ele a ideia surgiu da necessidade de disputar a cidade contra a caretice, o mau humor, o cinza, os carros, etc. E fa-zer isso através de um bloco de carnaval pareceu ser o ideal.

A Rua Augusta, mais especifi-camente, o baixo Augusta, foi escolhi-do, segundo ele, pelo amor à cidade. E é um novo bairro que virou uma marca da cidade associada à diversidade. Para ele, isso merecia ser celebrado, pois aproximar o samba desse universo é algo com potencial transformador. Existe uma Associação Cultu-ral sem fins lucrativos que comanda o bloco. A diretoria é composta por You-ssef, Alexandre Natacci, Francio de Ho-landa, Luciano Calçolari e Mara Natac-ci. Além de outros muitos associados fundadores como o escritor Marcelo Rubens Paiva. O bonito desfile que vemos nos carnavais atuais, nem sempre foi assim, Alê disse que enfrentou muitos proble-mas para que pudessem sair às ruas, inclusive, no primeiro ano, ele recebeu ordem de prisão e quase foi levado para a delegacia, não fosse por todos os ad-vogados que estavam brincando o car-naval e saíram em sua defesa contra, se-gundo ele, essa absurda arbitrariedade praticada pela Polícia Militar. Nos anos seguintes, eles tive-ram muitos problemas para obter auto-rização para o desfile, a causa teria sido a burocracia da gestão do Prefeito Gil-berto Kassab. Enfim, felizmente obtive-ram resultado positivo quando a atual administração liberou o carnaval pela cidade toda e o oficializou na lei que re-gula o carnaval de rua. Quanto à estrutura para rece-ber os blocos, ele afirmou que a cidade está descobrindo o potencial e a força do carnaval de rua e está se esforçan-do para se adaptar. E temos hoje em dia uma estrutura razoável que sempre vai precisar ser melhorada, à medida que os blocos crescem. O acadêmicos é conhecido como um bloco ativista, e Youssef acre-dita que essa denominação existe por-que estão fortemente associados com a ideia de retomada do carnaval e da rua como espaço público de lazer. “Somos a favor da diversidade em todas as suas formas de expressão e contra

qualquer tipo de preconceito”, afirmou Youssef, que também nos disse alguns dos temas “ativistas” dos carnavais pas-sados “Eu quero botar meu bloco na Rua” “Ocupa Augusta” “Flower Power” “Desbunde na Augusta”. Ao ser questionado sobre o grande número de pessoas que compa-receram no último desfile, 100 mil pes-soas, ele foi categórico e disse que o blo-co vem crescendo de forma consistente e impressionante e isso está relaciona-do com a retomada do carnaval de rua como um todo. E que eles sabiam que ia ser grande, mas sempre é uma bela surpresa ver o tamanho da multidão. Alexandre Youssef sente que atingiu o seu objetivo com o bloco e percebe que a retomada do carnaval e das ruas é algo irreversível em São Pau-lo. Afirmou também que é uma grande satisfação poder viver esse momento e fazer parte desse contexto, e já adiantou o tema para o carnaval de 2016, que é “Família Augusta” com o slogan “De todo jeito nos gusta... bem vindo à Fa-mília Augusta” outro tema “ativista”.

Alexandre Youssef

H

Ocupa a AugustaAlexandre Youssef, de advogado a produtor cultural, de ativista a precursor do retorno do carnaval de rua paulistano

Bloco de rua Baixo Augusta durante o Carnaval Paulistano

“Somos a favor da diversidade em todas as suas formas de expressão e contra qualquer

tipo de preconceito” -Alê Youssef .

Foto: Facebook Pessoal

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PerfilGuia CulturalCaos AugustaRua Augusta, 584 - Centro Telefone: (11) 2365-1260Aberto todos os diasO Caos é um misto de loja de antiguidades durante o dia e um bar à noite

Blitz HausRua Augusta, 657 – Bela Vista

Telefone: (11) 2924-5083Aberto de quinta-feira ao domingo

Casa com inspiração retrô, tem a decoração toda inspirada em desenhos anima-dos clássicos, televisores de tubo transmitindo animações.

Com três andares e ambientes, reúne balada, games e gastronomia em um único lugar

Teatro AugustaRua Augusta, 943 - Cerqueira CésarTelefone: (11) 3151-4141Funcionamento da bilheteria física: • Quarta, Quinta e Sexta das 14h às 21h30. • Sábado das 13h às 23h30. • Domingo das 13h às 20h.Reinaugurado em 1999, o Teatro Augusta (antigo auditório Augusta), foi comple-tamente reformado para oferecer muito conforto, segurança, acústica perfeita, café/bar, galeria de arte, além de grandes sucessos de público e crítica.

Calçadão Urbanóide: Food Trucks na Rua AugustaRua Augusta, 1201 - Consolação

Funcionamento: Domingo à terça-feira, do meio-dia às 22h; quarta-feira à sába-do, do meio-dia à meia-noite

Vitrine Bar e PizzariaRua Augusta, 1221Telefone: (11) 3255-0087Funcionamento: Segunda à domingo: 17h às 4h

Salões de belezaRetrô

Rua Augusta, 902Telefones: (11) 3100 - 1680 (11) 3151 – 5820

Horário de atendimento: De Terça a Sexta-feira, das 11h às 23h Sábado das 10h às 20h

Circus AugustaRua Augusta, 1365 – ConsolaçãoTelefones: (11) 3253 – 1698 (11) 3283 – 5863Horário de agendamento: Ter - Qui - Sex: 11h às 23h Quarta: 12h às 21h Sábado: 10h às 20h

Berlin HairR. Augusta, 2183 - Cerqueira César

Telefones: (11) 3062-3704 (11)3083-4169

Horário de Atendimento: Segunda a Sexta-Feira, das 10:00 às 21:00 Sábado, das 10:00 às 20:00

Por: Raquel Borges

10 Sampa + Rua Augusta 3 Sampa + Rua Augusta

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oje em dia falar da noite paulis-tana e não existir relações com a Rua Augusta se totalmente

ilógico. A rua mais badalada de São Pau-lo, onde todas as tribos, estilos e coisas se encontram em um lugar só. Por trás de tudo isso que acontece na região, existe vastas histórias que complemen-tam o que tornaram a Augusta de hoje. Ligando os Jardins ao centro da cidade Paulistana e com uma extensão de 3.020m, a Augusta passa cortando pelo menos três bairros, Consolação, Cerqueira César e Jardins. A rua íngre-me, composta por diversas, lojas, bala-das, restaurantes, bancos, empresas e shoppings tem suas primeiras referên-cias, armazenadas em documentos his-tóricos da cidade de São Paulo datada no ano de 1875, chamando-se de Rua Maria Augusta e mudando de nome só em 1897 para o nome que conhecemos até hoje, somente Augusta. Localizada numa região de ter-ras do português Manuel Antônio Viei-ra, a área era chamada de Chácara do Capão. Segundo documentos históricos da cidade de São Paulo foi comprado em em 05 de abril de 1880, no inte-rior dessa área ele abriria futuramente o Bairro da Bela Cintra. Hoje em dia se formos pensar em termos de tamanho, o loteamento dessa chácara abrangia partes também do Morro do Caaguaçú que hoje conhecemos como Avenida Paulista, ou como era chamada antiga-mente até 1880 de Rua da Real Grande-za. A história da região começou a mudar quando em 1880 Manuel Antô-nio Vieira decidiu começar a Urbaniza-ção da área, e dessa maneira o Bairro de bela Cintra teria uma via de acesso rápi-do até o centro da cidade. Pelo fato do território ser bastante íngreme foi cria-da uma trilha de terra batida cortando o meio da chácara, para que pudessem ser transportados produtos para o ou-tro lado da região e também servir de locomoção para pessoas. O transporte antigamente era feito com bondes pu-

xados por burros, já que não existia ele-tricidade no local. Dez anos depois, em 1890, com a chegada da energia elétri-ca, foram instalados bondes movidos a eletricidade, se oficializando como Rua Maria Augusta. Com o passar do tempo, partes da chácara começaram a ser vendidas dando origem a pequenos loteamen-tos. Foi aí que a rua começou a ganhar mais vida, não somente a Augusta, mas também outras ruas e avenidas do en-torno. Surgiram residências, pequenos edifícios e comércios, e aos poucos foi crescendo. Na década de 1950 a rua co-meçou a ganhar um caráter comercial, como hoje ela se caracteriza. Grande parte do comércio “fino” da cidade de São Paulo começou a se instalar na re-gião, como shoppings, cinemas, e mais tarde fez com que os moradores do lo-cal abrissem mão de suas casas para a abertura de novos comércios. Por vol-ta da década de 1960 foram criados os primeiros clubes e danceterias, o que acabou atraindo jovens de vários movi-mentos culturais. Pode não parecer, mas so-mente na década de 1970 a Augusta começou a receber adaptações para o trafego de automóveis, o que anterior-mente provocava um grande congestio-namento na região, já que era um local onde passavam muitos bondes elétri-cos, dificultando a locomoção de outros automóveis. Foi então que com investi-

mentos da prefeitura ela começou a receber várias reformas e deco-rações, modificando o calçamento, retirando uma parte dos postes que estavam obsoletos, instalando sinalização adequada, iluminação e a eliminação dos bondes elétri-cos, dando origem às novas cal-çadas. Deixando-a com uma cara mais moderna e menos poluída. A região é fortemente ativa, principalmente nos fins de semana, as baladas e danceterias abrem as portas para a diversão das pessoas, sendo frequentada por todos os tipos de público. Com isso, na rua também foram abertos diversos Prostíbulos em seu entor-no, intensificando a prostituição na região. O real motivo do nome Augusta não tem um significado especifico. Segundo dados histó-ricos, Mariano Antônio Vieira não quis homenagear nenhuma pessoa e sim colocar um nome prestigiado e que significasse um título de No-breza. Podemos falar que Augus-ta é o retrato fiel e diversificado da vida dos paulistanos, atingindo vários públicos e atraindo sempre novas pessoas, acompanhando a modernidade e mantendo sempre a imagem da rua mais badalada da noite paulistana.

A Augusta desconhecidaUm título de Nobreza dado pelo português Manuel Antônio Vieira, a Augusta hoje é um símbolo paulista-no, e faz parte da vida baladeira e comercial da cidade de São Paulo.

H Foto: Matheus Caixeta

Reportagem

área que foi reaberta em 2012 possui agora cerca de 200 árvores que deram ao

local um ar mais aconchegante e um verde em meio as construções típicas da região e que se localiza, entre a rua Augusta e a rua da Con-solação, no centro de São Paulo. O local que era tipicamente frequentado por artistas de teatro por possuir diversas casas neste segmento por lá, além de muitos bares e restaurantes conceituados, o que atrai muitas pessoas para curtir essa noite na Roosevelt, ago-ra também é espaço para uma ju-ventude que curte esportes. Após a reforma a praça ga-nhou diversos obstáculos para ska-te e bicicleta e tem sido cogitada a criação até mesmo de um “Ska-te Plaza”, inclusive já existe por lá um piso liso e ecológico típico para a prática do esporte. Além disso o espaço verde tem sido frequentado cada vez mais por famílias e outros públicos quem antes tinham um certo receio de ir para lá. “Agora é bem mais seguro e podemos ficar tranquilos aqui, claro não é perfeita e nem se pode exigir muito de um espaço aberto como esse, sempre tem mendigos ou usuários de drogas, mas tem a polícia agora que fica sempre de olho, sempre fazendo rondas e assim também conseguimos ficar mais sossegados”, afirma Francisco Negrão, funcionário de um dos ba-res ao redor da praça. Todavia continua sendo um local muito frequentado pelos ar-tistas, aos redores se encontram o Teatro Studio Helena Gariba, Es-paço Satyros e o Parlapatões entre outros que tem apresentações diá-rias e aos fins de semana com gran-

des nomes da comédia e da drama-turgia. “Aqui a gente aprende, transforma nossos conhecimentos como artista, para gente que faz teatro poder conversar com pesso-as mais experientes ou até mesmo dividir experiências é uma gran-de forma de aprender, fora que é a oportunidade de fazer Network (contatos)”, disse Sancler Pantano, ator e estudante de teatro que fre-quenta a praça com constância. A praça que foi inaugurada em 25 de janeiro de 1970, já possui 45 anos de história que inclusive conta com um período de fecha-mento. Ainda na inauguração hou-ve exposição de Cândido Portinari e show da Orquestra sinfônica de São Paulo entre outras apresentações. Mas por volta da déca-da de 80 começou a sofrer com a degradação pela falta de manu-tenção do lugar e muitas casas de shows deixaram a praça para buscarem outros lugares, mas em 2005 foi fechada e agora vive essa nova fase recuperando seu posto de marco em São Paulo. “Foi muito triste ver a praça daque-la forma, não era nada agradável passar por lá e ver a situação da-

quele lugar, hoje está bem melhor, mais bem frequentada e muito di-ferente do que foi, ainda não tive a oportunidade de trazer meus filhos para brincar aqui. Mas assim que eu tiver um tempo irei trazê-los, pois tenho certeza que vão adorar o ambiente”, declarou Arlete La-cerda, que trabalha aos redores da Roosevelt. Com tudo isso ainda se tem muitas melhorias a serem feitas no local, pois lá ainda se encontram muitos moradores de rua que uti-lizam o ambiente como ponto de encontro para comprar e usar dro-gas, mas não se pode negar a im-portância do local na construção da história da Rua Augusta. A Praça Roosevelt é hoje um ponto de diversão e entretenimen-to dentre os tantos que a Augusta proporciona e favorito entre eles. De skatistas a travestis o local é o preferido quando o assunto é bate papo ao ar livre ou qualquer outra atração, pois o que mais se vê por lá são opções para se divertir.

A

O verde em meio ao caos Após reforma na praça Roosevelt o local tem se tornado um point entre os Skatistas e um belo jardim ao ar livre

Reportagem

Por: Rodrigo Lima

Foto: Página do Facebook, Praça Rosevelt

Por: Leonardo Souza

9 Sampa + Rua Augusta4 Sampa + Rua Augusta

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Rua Augusta tem hoje uma grande facilidade para construção de prédios resi-

denciais dentro do mercado imobi-liário por ser conhecida pela grande diversidade de gêneros. O público mais interessado por imóveis na região são pessoas com alto poder aquisitivo e os mais jovens. “Um lugar que tem como características atrair menos famílias tende a tombar mais casas para que sejam erguidos prédios residenciais ou até condomínios de pequeno porte”, afirmou o corretor de imó-veis, Paulo Carvalho, de 38 anos de idade. Assim descreveu a atual situ-ação da rua e acrescentou que esse mercado apenas sobreviverá na re-gião com a construção de prédios comerciais ou residenciais de luxo. Muitos imóveis na região pertencem às construtoras de grande porte. Com esses terrenos, constroem ou reformam estabele-cimentos antigos para vender aos interessados, que transformam as propriedades em casas de massa-gem, casas noturnas, padarias, lo-jas, bancos e teatros. Consequen-temente, a região atrai um público especifico no momento, enquanto famílias tradicionais se mudam por conta dos barulhos de carros cor-rendo, música alta e outros proble-mas relacionados à vida noturna. Joel Lacerda tem 80 anos de idade e é morador da Rua Au-gusta há 30 anos. Ele disse que na época em que comprou o imóvel, o corretor afirmou que não demora-ria muitos anos para oferecessem propostas altíssimas pela residên-cia, partindo do princípio de que a tendência da rua seria tornar-se um grande comercio a céu aberto. O homem que lhe vendeu a casa até hoje tenta entrar em contato fazen-do ofertas para que Joel abra mão

da casa e more em outra região. “Para atrair novamente as pessoas mais tradicionais, que não gostam de muito barulho e prefe-rem ter mais privacidade e seguran-ça em relação aos filhos e a família, estão sendo construidos edifícios de três a seis andares com sistemas de isolamento acústico”, afirmou Larissa Mendel, 30 anos, corretora da rede Cyrela e que trabalha em uma unidade situada na região da Augusta. Atualmente a rua está di-vidida em duas partes, Baixo Au-gusta e Alto Augusta, objetivando equilibrar as atrações com residên-cias. Hoje, no baixo, existem mais atrações e menor número de pré-dios para moradia. Com o tempo, a preferência das construtoras é equiparar essa situação atraindo pessoas para fins lucrativos, tanto por um lado da rua quanto para o outro. “Rua Maria Augusta foi uma das trilhas encontradas por um ba-rão para alcançar a riqueza, porém instalaram-se historicamente casas de alto padrão. Com o tempo, as residências foram sumindo até se tornar efetivamente um negócio da China, ou seja, venderam a ter-ra aos portugueses, que só pensam

em negociar”, disse Lourenzo Mar-tins, 50 anos, historiador e arqueó-logo. Ele mora na região desde que nasceu e disse que a história da rua é o que São Paulo passa nos dias atuais: regiões que são perigosas e ao mesmo tempo entretém a popu-lação. A história da Rua Augusta assusta muitas pessoas que pesqui-sam por ela. Um lugar de São Paulo que foi conhecido como o reino da prostituição e dos elevados índices de criminalidade não poderia ser um ambiente bom para se conviver. Hoje é sinônimo de riqueza e luxo, mas nos anos 1960 e 1970 a região era o lugar em que os jovens busca-vam a liberdade para expressarem o sufoco de estarem presos por di-tadores na época do governo mili-tar no Brasil. Reduto dos mais novos des-de 1960, a Augusta é um bom resu-mo da pluralidade paulistana. Uma das mais populares da cidade, a rua liga o antigo centro ao luxuoso bair-ro dos Jardins. Sempre buscando a atualização e evolução, a área sem-pre recebe novos espaços e rein-venta alguns estabelecimentos com a ajuda do mercado imobiliário, que estuda a região antes de construir algo que não dará retorno.

Mercado de construção civil vem crescendo na Rua AugustaAs atrações ajudam o mercado imobiliário a crescer na região mais paulistana da cidade

A

ReportagemFoto reprodução: U

ol Notícias

Artigo

á três anos, eu embarcava em um ônibus, com uma mochila nas costas e esta-

va ansiosa para realizar um sonho: me encontrar com alguns amigos e aproveitar uma noite quente de sexta feira na Rua Augusta. Esse programa pode pare-cer corriqueiro para grande parte dos paulistas, então por qual mo-tivo essa também paulista que vos escreve estava tão animada para evento? Explico, apesar de ter nascido em São Paulo, morava a vinte e quatro anos em Campinas, no interior do Estado. Mesmo com as frequentes visitas á casa de pa-rentes na Capital, poucas eram as oportunidades de passear pela cidade, principalmente pela área central. Já no início da vida adulta essa realidade, ainda bem, mu-dou. Fiz amigos em São Paulo, por conta do meu trabalho em comu-nicação e da participação de cur-sos e eventos de social media. No início do mês de outubro um grupo de amigos estava marcando um happy hour na Augusta, para a grande maioria deles era só mais um sexta agradável em uma rua de barzinhos da cidade, para mim era a realização de um sonho. Aproveitei a viagem de ônibus para fazer a maquiagem,

assim o trajeto pareceria mais cur-to e a ansiedade menor. Chegando em São Paulo, desembarquei na Zona Sul e pe-guei um táxi para “chegar mais rápido” ao meu destino. Neste momento, você já pode perceber o quão ingênua eu era em relação ao transito e questões de mobi-lidade urbana na cidade. Se está imaginando que fiquei quase uma hora presa no transito, acertou! Cheguei ao meu destino, o Ibotirama Bar, um tanto quanto inebriada. As luzes neon, os mais diferentes grupos de pessoas su-bindo e descendo a rua, os putei-ros ao lado de baladas, barzinhos com as mais diferentes propos-tas, pequenas galerias, lojas de móveis, salões de cabeleireiros, cinemas, vendedores ambulan-tes, lojas colaborativas, sex shops, padarias, teatros, empreendimen-tos imobiliários, motéis, hotéis, supermercados, prédios residen-ciais, uma faculdade, diversos res-taurantes, um clube de stand up, lojas especializadas em roupas e sapatos para travestis e mulheres trans, uma radio, farmácias e toda uma sorte de comércio under-ground em um só local.

Encontrei meus amigos, bebemos cerveja e comemos alguns petis-cos; levantei algumas vezes para fumar na parte de fora do bar e não acreditava que pudesse existir um local tão bacana como aquele que estava visitando pela primeira vez. Lembro de ter comentado com um amigo que a cena under-ground do interior era pratica-mente inexistente e de ter ima-ginado como teria sido a minha adolescência se morasse em São

Paulo e tivesse a oportunidade de frequentar a Rua Augusta. No início do ano seguinte, re-alizei o grande sonho da minha vida, voltar para a minha amada terra, para minha amada São Paulo. Hoje sempre que posso, pas-seio pela Rua Augusta. Quando vou me encontrar com algum amigo para um happy hour, marco de nos encontrarmos na Estação Consola-ção e na grande maioria das vezes acabamos escolhendo ficar por al-gum bar da Augusta. Quando quis voltar a fre-quentar uma igreja protestante, escolhi a Capital Augusta, que pro-move seus encontros de domingo em alguma balada da rua. Quando quero comprar algo novo e exclusivo sempre dou uma olhada nos baza-res e lojas coletivas da Rua Augusta. Quando vou cortar o cabelo, vou no Retro Hair, na rua Augusta. Quando recebo amigos de outros estados, acabamos sempre indo em uma ba-lada, na Augusta, mais uma sorte de exemplos do meu cotidiano. A Rua Augusta me escolheu e eu escolhi a Rua Augusta. Foi paixão a primeira vista, simples assim!

Minha Primeira Vez Na AugustaTexto de Andrea Menezes, Consultora de imagem pessoal, 27 anos

H

“A Rua Augusta me escolheu e eu escolhi a Rua Augusta. Foi paixão a primeira vista,

simples assim!-Andrea Menezes .

Por: Matheus Caixeta

8 Sampa + Rua Augusta 5 Sampa + Rua Augusta

Page 6: Crônica O poder de ser um “Augustiano” E · tégia de Lilith'" de Alex Antunes o filme norteia a história de Alex, interpretado por Mário Belotto, um jornalista que mora na

Cyrela, construtora que com-prou o terreno que fica entre as ruas Caio Prado e Marques

de Paranaguá, quer a construção de um condomínio de luxo, mas mante-rá uma parte do parque. O projeto já está no papel e na maquete e os res-ponsáveis afirmaram que a área de construção será de 33% da capacida-de do local. Em abril desse ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a abertura de um dos três portões. Se-gundo a decisão, as construtoras, pro-prietárias de uma parte do terreno, poderão cercar o local com muros e colocar seguranças. Além disso, o par-que passará a ter horário de abertura e fechamento semelhante aos demais e a Guarda Civil Metropolitana será a responsável. Hoje não existe parque, o lugar está coberto de tapumes com frases de efeitos e muitas são ofensas contra a construtora Cyrela. Manifes-tantes exaltados foram contidos pelos policiais civis, Motta Souza, 25 anos, e Luciano Almeida, 31 anos, que tra-balham no 4°DP que fica em frente ao antigo parque. Eles disseram que hou-ve confrontos em alguns finais de se-mana, entre eles e os manifestantes. A última abertura para as pessoas que não conheciam o par-que ocorreu no dia primeiro de Julho de 2015 e foi um dia de festa para

os manifestantes, que iam todos os finais de semana em frente ao par-que com cartazes e faixas de apoio a natureza. Alguns fazem parte de pro-jetos ambientais a favor da preserva-ção da natureza e o responsável por essas manifestações foi o ativista Ju-lio Manoel Lopes, 21 anos de idade e estudante de gestão ambiental na PUC. “O dinheiro não traz vitória para ninguém porque empreiteiros estra-gam as maiores riquezas do mundo e agem como selvagens e irracionais”, disse Julio, que observou uma árvore da qual a raiz estava podre e pulou o portão para cuidar do plantio. “A Augusta, lugar mais fre-quentado de São Paulo, não quer respirar concreto e tijolos”, disse Luiz Muniz, 65 anos de idade, que é taxista e trabalha desde os 25 anos de idade em frente ao terreno. Ele frequentou o parque durante anos e seu ponto fica próximo ao lugar. Quando soube que iria fechar, não mediu esforços e também participou das manifesta-ções. De acordo com o segurança Ângelo Lorenzo, os seguranças con-tratados pela construtora não podem realizar nenhuma entrevista sem au-torização dos contratantes, e todas as pessoas que quiserem conhecer o ter-reno devem entrar em contato com a Cyrela.

O projeto da construtora con-traria as reivindicações do movimento popular que defende a permanência do parque na totalidade do terreno. “A postura do movimento não vai mu-dar por conta disso. A discussão tam-bém atinge a situação da crise hídrica no Estado. Dizem que se mantiverem as árvores e a parte verde, ocorrerão menos incidências de zona de calor, que impedem a vinda das chuvas”, afirmou Daniel Biral, membro dos advogados ativistas e participante do movimento a favor do parque Augus-ta. Durante o evento Virada Sus-tentável, que o ocorreu no dia 30 de Agosto de 2015, moradores da região gritaram frases como “todos vão mor-rer se desativar o verde”. Uma das moradoras organizou uma corrente em volta ao parque como um gesto de abraço. Dentre os movimentos em prol da preservação do Parque está o Organismo Parque Augusta, que foi criado em 2013 e tem como objetivo que o Parque seja patrimônio público. A organização utilizou recursos legis-lativos e montou um abaixo-assinado para enviar ao subprefeito da Sé, Al-cides Amazonas. O documento neces-sitaria de 1 milhão de assinaturas até o dia 13 de dezembro de 2014, mas conseguiu apenas 350 mil em um ano. O lugar abrigou o Colégio Des Oiseaux que pertencia ao grupo Agos-tiniano da Igreja Católica e também o Projeto SP, onde se apresentaram vá-rias bandas nacionais. Essa proprieda-de que já foi pública, hoje é privada. Uma reunião foi agendada com o prefeito e as construtoras por uma das maiores organizações am-bientais de São Paulo. Ela ocorrereu dia 14 de Outubro a fim de organizar como será mantido esse cuidado com a parte verde, que foi destinada à me-mória do Parque Augusta. Além des-sa parte, estão estudando para que o nome do condomínio e lojas fosse “Parque Augusta”.

Parque Augusta sobrevivendo com luxoO Parque, que é um dos poucos lugares verdes em São Paulo, foi desativado para construções de condo-mínio e lojas

Reportagem

Augusta além de ser co-nhecida como um dos melhores lugares para di-

versão noturna na cidade de São Paulo, o local também é bem fa-moso por ser um ponto de encon-tro LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexu-ais e Transexuais), pois a rua acaba sendo uma grande carnavalização, onde as pessoas podem ser o que quiserem. Os grupos LGBT, são os que mais frequentam as casas na Augusta, a rua antigamen-te era conhecida por ser um pon-to de prostitui-ção e hoje já não tem somente essa “fama”, pois com a chegada dos homossexu-ais ao local a sua reputação se destina não somente às garotas de programa, mas também como um ponto de encontro dos homoafetivos, e isso não gera o menor problema para quem não é dessa orientação sexual. De acordo com Luiz Felipe Akahoshi, publicitário e designer “O movimento LGBT que frequen-ta a Augusta não interfere na qua-lidade da balada, nos gêneros das músicas, afinal, são pessoas co-muns, porém, com gosto diferen-tes basta respeitar e curtir junto. Deve ser por causa dessa união que essa rua é bem frequentada”, afirmou o Publicitário. Mas assim como em todo lugar, o preconceito consegue ser explícito e como a Augusta é fre-quentada por pessoas de várias orientações sexuais, não acaba

sendo apenas um ponto de encon-tro para diversão, muito precon-ceituosos frequentam o lugar só para expor horror e intolerância ao grupo. A Avenida Paulista, que faz cruzamento com a Rua Augusta, divide um grande índice de agres-sões contra homossexuais e muitos foram espancados covardemente

por es- tarem so-zinhos, fazendo com que as pessoas do mo-vimen- to LGBT sempre andem em grupo. “Nós temos medo de sermos espancados a qualquer momento e sem razão, você vê na televisão, você presencia quando ao sair de casa, então eu tenho receio de vir para balada sozinha tenho sempre que andar acom-panhada em grande número, não posso nem sair de mãos dadas com a minha namorada. As pes-soas não precisam entender só precisam respeitar”, disse Carolina Pereira, estudante de Ciências Bio-

lógicas. Mesmo com tantos pre-conceitos, a rua consegue ser de todos, inclusive do movimento mais colorido, o LGBT. Alguns ba-res e baladas são até destinados a esse público, e quem for simpati-zante também é bem vindo. Esses locais fazem com que as pessoas se sintam mais a vontade e goste ainda mais de frequentar a “Dona

Augusta”. Segundo Juliana Noriega,

garota de programa “A rua te oferece mo-

mentos de liber-dade, você pode ser quem você é, principalmen-te de noite, nin-guém te olha

com cara feia e nem te julga por

você ser uma traves-ti, prostituta ou gay.

Sabemos que o precon-ceito existe, mas quando

estamos aqui, nessa rua, pode-mos acreditar por um instante em um mundo sem preconceito” afir-mou Juliana Podemos até imaginar um mundo sem preconceito, onde as pessoas se respeitem acima de tudo, porém infelizmente sabemos que isso está muito longe de acon-tecer, mas ainda bem que ainda existem locais que permitem que as pessoas sejam livres, felizes e elas mesmas. O movimento LGBT prefere a Augusta pela liberdade que ela oferece e a Augusta prefe-re todos pela diversidade que to-dos nós oferecemos.

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A diversidade de gêneros na rua mais colorida da capital paulistanaEntre liberdade e preconceito, homossexuais preferem um local para ser eles mesmos

Reportagem

Por: Matheus CaixetaPor: Leticia Marques

7 Sampa + Rua Augusta6 Sampa + Rua Augusta