Crônica
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CrônicaPor: JESUS RIOS
A ilusãoe adesgraça é Arte, tudo é arte, até
mesmo a sua gravata
O mais rico dos ricos pode ser lunático ao ponto de construir uma grande casa, mansões
ou o morar lá encima, no 19º andar onde sente o vento veloz das turbinas áreas
sussurrarem em seus ouvidos e rosto adentro.
Coitado, mal sabe que esta sendo bobo ao viver feito máquina robótica em um mundo
lunático. O mais belo dessa ilusão são as colunas dóricas, jônicas e coríntias que
seguram a laje pesada de toda uma arquitetura desenvolvida. As cores externas e
internas de referências Pantone, fazem deslumbrar durante o dia e ainda mais a noite.
Os quadros despendurados sobre as paredes são de obras primas, criação reflexiva de
um ser humano ou de um ser irracional capitalistanato correndo contra o tempo em
busca de fama e reconhecimento na mídia, vivo e depois de morto.
A arte é o que resta para o pobre engravatado. Investe o que tem e não tem em um
habitat 10 vezes maior que a massa de seu corpo. Para quê tanto desperdícios? Ou será a
busca do super-conforto enganoso, já que goza apenas 30% de todo o luxo arquitetônico
investido? Mais triste ainda é quando o costume visual pelo que tem chega, ou seja, o
olhar estrangeiro foi perdido e este imóvel que é belo, passa a ser algo natural ou
enjoativo, sem graça, mesmo sem perder a beleza.
Para completar o pacote coitado, esqueceu-se do mais importante: a casa principal de
todo o infinito de sua existência física e simbólica ao ar. Na sua principal casa ele não
investe. A casa que ficará para eternidade, até os fins da décima ou quinquagésima
geração. Esta casa quando bem feita é uma luxúria dentro de um condomínio onde
apenas meio metros as separam uma das outras.
Esta casa “ante-preocupada” serve como espelho para muitos, no dia 12 de Outubro de
cada ano brasileiro. São obras de arte baixas, forrada de mármores claros, escuros e
espelhados. Potes de bronze, a imagem do Criador e seus intercessores Santos. Muitos
valem metade daquela mansão... Outras são irmãs gêmeas do Morumbi ou do Maracanã.
E o mais pobre, dos Pobres, mas que não deixa de ser arte tem-se característica ao
semiárido brasileiro.
Além de investir na casa gigante, é preciso cair à ficha e ser mais responsável o bastante
de se lembrar da outra casa menor. O bastante e necessária para o seu corpo antes de
apodrecer e ser comido pelos bichos, os quais dão a prova real ao que ainda estão vivos,
que são todos iguais, que a gravata não serve para nada sob a terra ou o cal.
-Coitado! Coitado! Infelizmente Senhor, a sua gravata não tem serventia alguma neste
lugar abafado, sem oxigênio e escuro, mas que não deixa de ser arte, a desgraça ou o
sentido enganoso que a vida lhe passara é arte. Pode não ser para você, mas para quem
te odeia mesmo inexistente, em óbito... É ARTE.