Crítica do Livro "Clube da Luta" (Fight Club) de Chuck Palahniuk

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7ª ARTE CULT: “CLUBE DA LUTA” ( Fight Club): O AUTO-RETRATO AMARGO DO CONSUMISMO Por Leo Pires Existem filmes que devem ser vistos e re-vistos. Obras da sétima arte que se destacam pelo seu roteiro e criatividade (e não por um combo de explosões e efeitos especiais a cargo de maquiar péssimas tramas e render público), que mudam nosso jeito de enxergar o mundo. O Filme Clube da Luta é isso: genial. É o desmascaramento de nós mesmos perante nossos bens e desej os materiais, ond e nos vim os escravos de uma sociedade manipulada pela propaganda, nos fazendo comprar o que não queremos e o que não pre cisamos em termos de necessidade humana; com pra mos com o simples intuito de querer possuir status. Esta é a imagem central do filme, que percorre toda a podridão psicológica humana para provar isto. Um trabalho espetacular, realizado por nada meno s que pelo brilhante dir etor David Fincher, o mesmo que dirigiu Seven (outro filme explêndido). O filme tem a marca registrada do diretor – remanescente do mundo da publicidade - onde closes em objetos inanimados, viagens de câme ra alucinantes, ti meline pirado e uma fotografia sombria compõem o clima perfeito para um roteiro fantástico. O filme é decorrente da obra de Chuck Palahniuk, escritor norte- americano que afirmou que desde jovem curtia ler, mas achava os livros maçantes. Decidiu então escrever um livro que ele mesmo gostaria de ter lido. Nasceu então, o Fight Club. Assim como em Seven, David Fincher chamou para compor o elenco principal o galã Brad Pitt, na talvez melhor performance de sua carreira. Para comple tar o time pro tago nist a, surg em Edward Nort on, atuando de forma brilhante, e Helena Bonham-Carter. A trama do filme é baseada na vida de um jovem executivo (Edward Norton) de uma metrópole, onde ele é vítima do que podemos chamar de doença da sociedade contemporânea informatizada, que o faz repensar - de formas extremas - sobre seu papel em seu contexto social. Para isso ele conta com a ajuda de um outsider chamado Tyler Durden (Brad Pitt) e da misteriosa Marla Singer (Helena Bonham-Carter). O personagem vivido por Edward Norton curiosamente não tem nome, sendo o pro tago nista da trama onde nós mesmo pode mos nos identificar. Sofrendo de insônia, o perso nag em procura uma cura, participan do de grup os de pess oas doentes e vici adas. Louco não? Eis que ele conhece Tyler Durden, um vendedor/fabricante de sabão que acaba transformando sua vida completamente e juntos formam uma organização intitulada Clube da Luta. O Clube da Luta é de certa forma uma metáfora para a libertação do ser humano, quanto a seus desejos e necessidades materiais; é a revolta contra a pub licidade cretina e seus status sociais que por anos nos enga naram, nos fazendo acreditar que podí amos ser belos, saudáveis e felizes se consumíssemos seus produtos. Tyler diz: “A TV nos convenceu de que , um dia, seríamos milionários ou estrelas de cinema. Mas agora sabemos que não seremos, e isso nos deixa muito, muito zangados...” Esta libertação vem através da dor, através da liber ação da raiva contra nós mesmos, onde o canalizador para tal é a luta entre nós mesmos, em um recinto fechado fora do alcance do mundo exterior. E Tyler, claro, dita as regras do clube. O Clube da Luta se alastra como uma doença contagiosa, onde todos os homens de todos os cantos do país exibem suas cicatrizes de suas lutas e de certa forma, se reconhecem uns aos outros. O Clube toma proporções gigantescas e sai dos porões para o mundo. E é onde a coisa começa a esquentar..

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7ª ARTE CULT:

“CLUBE DA LUTA” (Fight Club): O AUTO-RETRATO AMARGO DO CONSUMISMO

Por Leo Pires

Existem filmes que devem ser vistos e re-vistos. Obras da sétimaarte que se destacam pelo seu roteiro e criatividade (e não por um combode explosões e efeitos especiais a cargo de maquiar péssimas tramas erender público), que mudam nosso jeito de enxergar o mundo. O Filme Clube

da Luta é isso: genial. É o desmascaramento de nós mesmos perante nossosbens e desejos materiais, onde nos vimos escravos de uma sociedademanipulada pela propaganda, nos fazendo comprar o que não queremos e oque não precisamos em termos de necessidade humana; compramos com osimples intuito de querer possuir status.

Esta é a imagem central do filme, que percorre toda a podridãopsicológica humana para provar isto. Um trabalho espetacular, realizadopor nada menos que pelo brilhante diretor David Fincher, o mesmo quedirigiu Seven (outro filme explêndido). O filme tem a marca registrada dodiretor – remanescente do mundo da publicidade - onde closes em objetos

inanimados, viagens de câmera alucinantes, timeline pirado e umafotografia sombria compõem o clima perfeito para um roteiro fantástico.

O filme é decorrente da obra de Chuck Palahniuk, escritor norte-americano que afirmou que desde jovem curtia ler, mas achava os livrosmaçantes. Decidiu então escrever um livro que ele mesmo gostaria de terlido. Nasceu então, o Fight Club.

Assim como em Seven, David Fincher chamou para compor o elencoprincipal o galã Brad Pitt, na talvez melhor performance de sua carreira.Para completar o time protagonista, surgem Edward Norton, atuando deforma brilhante, e Helena Bonham-Carter.

A trama do filme é baseada na vida de um jovem executivo (EdwardNorton) de uma metrópole, onde ele é vítima do que podemos chamar dedoença da sociedade contemporânea informatizada, que o faz repensar - deformas extremas - sobre seu papel em seu contexto social. Para isso eleconta com a ajuda de um outsider chamado Tyler Durden (Brad Pitt) e damisteriosa Marla Singer (Helena Bonham-Carter).

O personagem vivido por Edward Norton curiosamente não tem nome,sendo o protagonista da trama onde nós mesmo podemos nos identificar.Sofrendo de insônia, o personagem procura uma cura, participando degrupos de pessoas doentes e viciadas. Louco não? Eis que ele conheceTyler Durden, um vendedor/fabricante de sabão que acaba transformando suavida completamente e juntos formam uma organização intitulada Clube daLuta. O Clube da Luta é de certa forma uma metáfora para a libertação doser humano, quanto a seus desejos e necessidades materiais; é a revoltacontra a publicidade cretina e seus status sociais que por anos nosenganaram, nos fazendo acreditar que podíamos ser belos, saudáveis efelizes se consumíssemos seus produtos. Tyler diz: “A TV nos convenceu de

que, um dia, seríamos milionários ou estrelas de cinema. Mas agorasabemos que não seremos, e isso nos deixa muito, muito zangados...”

Esta libertação vem através da dor, através da liberação daraiva contra nós mesmos, onde o canalizador para tal é a luta entre nósmesmos, em um recinto fechado fora do alcance do mundo exterior. E Tyler,claro, dita as regras do clube. O Clube da Luta se alastra como umadoença contagiosa, onde todos os homens de todos os cantos do país exibemsuas cicatrizes de suas lutas e de certa forma, se reconhecem uns aosoutros. O Clube toma proporções gigantescas e sai dos porões para omundo. E é onde a coisa começa a esquentar..

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Apesar de todos estes aspectos macabros, o filme não temapelação pornográfica, lutas por droga e mal aparecem armas de fogo. Alémde contar com momentos hilários e sarcásticos, que valem a pena conferir.

E há infinitas mensagens subliminares, onde inserções depelícula foram feitas ao longo do filme. Portanto ao assistir, fiquem deolhos abertos! Por isso é um filme que, segundo a crítica, deve serassistido pelo menos duas vezes. Com a trilha sonora sensacional e

original dos Dust Brothers, que mesclam batidas de Drum ‘n Bass comguitarras em overdrive e bateria padrão. É filme pra se aumentar o volumee viajar. O Cd com a trilha sonora também é item obrigatório.

Porém, Clube da Luta é um filme que denuncia a sociedade, porisso não teve a projeção na mídia que deveria ter, tocando naquela feridaque a sociedade ”major” insiste em esconder.

Sua edição brasileira para DVD dá uns vacilos imperdoáveis naslegendas, onde “fight club” é traduzido como “clube da briga”!? Edependendo da versão do dvd, alguns erros de português amadores.Recomendo alugar o DVD duplo, onde o disco de extras é primoroso,mostrando como foram realizadas as façanhas das câmeras e efeitos visuaisque com certeza te chocaram no filme. Mas não há nenhum erro de legenda.na versão em VHS, até mesmo o audio (pelo incrível que pareça) é melhor

em VHS (a não ser, é claro, que você possua um equipamento surroundmostruoso). Fica aí então a minha dica.

Finalizo, em nome de Tyler, convidando a todos: JOIN THE FIGHTCLUB!

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