Critérios Para Seleção de Materiais Acusticos Utilizados Em Recintos Fechados p Diferentes...
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UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Dissertação de Mestrado
Critérios para seleção de materiais acústicos
utilizados em recintos fechados para diferentes
tipologias
Autor: Mônica Mesquita Lamounier
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Gouvêa dos Santos
Setembro de 2008
UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Mônica Mesquita Lamounier
Critérios para seleção de materiais acústicos
utilizados em recintos fechados para diferentes
tipologias
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Materiais da REDEMAT, como parte
integrante dos requisitos para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: Análise e Seleção de Materiais
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Gouvêa dos Santos
Ouro Preto, setembro de 2008
―Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: Sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não
tem Deus, há de a gente perdidos no vai e vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo
facilitar – são todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo.‖
João Guimarães Rosa
DEDICATÓRIA
―À minha família e amigos com amor‖
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos àqueles que de alguma forma contribuíram
para a realização deste trabalho.
Em especial agradeço:
À Deus, pelo dom da vida e pela proteção em todos os momentos;
À minha família, base de tudo, pelo apoio, esforço, dedicação e incentivo. Meus
pais, Hamilton e Rosângela, pelo amor incondicional e minhas queridas irmãs,
Melissa e Milena pela amizade fraterna;
Ao André, pela amizade, amor e companheirismo, sempre incentivando nos
momentos difíceis;
À Redemat, em especial ao coordenador Prof. Fernando Gabriel, por me
permitir fazer parte do Programa de pós-graduação;
Ao Prof. Dr Paulo Santos Assis, que me apresentou a Redemat;
Ao meu orientador Prof. Dr. Cláudio Gouvêa dos Santos, que acreditou em
mim, me motivou, apoiou e esteve sempre disponível nas diversas horas de
aperto;
Ao meu co-orientador Prof. Eduardo Bauzer que, mesmo com a distância, foi
muito importante para a conclusão deste trabalho;
Aos queridos colegas de mestrado, em especial a Maira, Marquito, Lilian, Lillia,
Tiaguinho, Tays, Victor, pelo incentivo e apoio, que me ajudaram muito a
vencer as dificuldades;
Aos queridos amigos que Ouro Preto me proporcionou, Urano e Tatá, pelo
carinho, apoio e abrigo;
Ao Graciliano do Núcleo de Valorização de Materiais Minerais, pela realização
dos ensaios de adsorção de nitrogênio e densidade real;
Ao Leandro do Laboratório de Infravermelho, pela realização do FTIR;
À FIAT, pela realização dos ensaios de impedância acústica;
Aos colegas de laboratório, Jussara, Lázaro e Carlúcio, que, além de me ajudar
com a parte química, me proporcionaram momentos únicos;
Às repúblicas Quitandinha e Pif-Paf, por muitas vezes me acolherem e pela
amizade;
E finalmente, a todos que contribuíram de forma direta ou indireta por essa
conquista.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.1 – IMAGEM ILUSTRATIVA MOSTRANDO A FREQÜÊNCIA. (A) FORMA DA ONDA DE UM TOM PURO
NA FREQÜÊNCIA F; (B) ESPECTRO SONORO DO TOM PURO. FONTE: BISTAFA, 2006................... 9 FIGURA 3.2 – IMAGEM ILUSTRATIVA MOSTRANDO A FREQÜÊNCIA. (A) FORMA DE ONDA DE UM RUÍDO; (B)
ESPECTRO SONORO DO RUÍDO. FONTE: BISTAFA, 2006. ......................................................... 9 FIGURA 3.3 – ESQUEMA ILUSTRANDO A PROPAGAÇÃO SONORA AO AR LIVRE. .................................... 10 FIGURA 3.4– ESQUEMA ILUSTRANDO A ENERGIA INCIDENTE. ............................................................ 11 FIGURA 3.5– ESQUEMA ILUSTRANDO A ENERGIA ABSORVIDA. ........................................................... 11 FIGURA 3.6 – ESQUEMA MOSTRANDO A ISOLAÇÃO E A ABSORÇÃO SONORA E COMO ELA AUXILIA NO
TRATAMENTO ACÚSTICO. FONTE: AKUSTIK ............................................................................. 26 FIGURA 3.7 – ESQUEMA MOSTRANDO A ABSORÇÃO SONORA, NA APLICAÇÃO 1 E A ISOLAÇÃO SONORA,
NA APLICAÇÃO 2. FONTE: AKUSTIK ......................................................................................... 26 FIGURA 3.8 –ISOSOUND GLASS FABRICS,COMERCIALIZADOS PELA ISOVER. FONTE: ISOVER. ........ 30 FIGURA 3.9 –GRÁFICO COM VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO EM FUNÇÃO DA FREQÜÊNCIA
PARA O ISOSOUND® GLASS FABRICS, COMERCIALIZADOS PELA ISOVER. FONTE: ISOVER ..... 30 FIGURA 3.10 – IMAGEM ILUSTRATIVA PAINÉIS PS, COMERCIALIZADOS PELA ROCKFIBRAS. FONTE:
ROCKFIBRAS. ........................................................................................................................ 31 FIGURA 3.11 –GRÁFICO COM VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO EM FUNÇÃO DA FREQÜÊNCIA
PARA OS PAINÉIS PS®, COMERCIALIZADOS PELA ROCKFIBRAS. FONTE: ROCKFIBRAS. .............. 32 FIGURA 3.12 – IMAGEM ILUSTRATIVA DE DRYWALL, COMERCIALIZADOS PELA KNAUF. FONTE: ISAR. ... 34 FIGURA 3.13 – IMAGEM ILUSTRATIVA DE SONEX, COMERCIALIZADOS PELA ILBRUCK. FONTE: ILBRUCK.
............................................................................................................................................ 35 FIGURA 3.14 –GRÁFICO COM VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO EM FUNÇÃO DA FREQÜÊNCIA
PARA O SONEX, COMERCIALIZADOS PELA ILBRUCK. FONTE: ILBRUCK. ...................................... 36 FIGURA 4.1 – IMAGEM ILUSTRATIVA DE PISO FLUTUANTE, EPS, COMERCIALIZADOS PELA ABRAPEX.
FONTE: ABRAPEX. ................................................................................................................. 42 FIGURA 5.1 – IMAGEM DO APARELHO DE FTIR ................................................................................ 60 FIGURA 5.2 – IMAGEM DO APARELHO DE BET ................................................................................. 61 FIGURA 5.3 – IMAGEM DO PICNÔMETRO. ......................................................................................... 63 FIGURA 5.4 – IMAGEM DO APARELHO DE IMPEDÂNCIA ACÚSTICA. FONTE: BRUEL & KJAER, 2004 .. 64 FIGURA 5.5 – ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO TUBO DE IMPEDÂNCIA. FONTE: BRUEL & KJAER,
2004. ................................................................................................................................... 64 FIGURA 6.1- ESPECTRO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO DO GESSO ................................................. 67 FIGURA 6.2- ESPECTRO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO DA ESPUMA DE POLIURETANO, AMOSTRA I. .. 68 FIGURA 6.3- ESPECTRO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO DA ESPUMA DE POLIURETANO, AMOSTRA II. . 69 FIGURA 6.4 - GRÁFICO COM RESULTADOS DE IMPEDÂNCIA OBTIDOS PARA DIFERENTES AMOSTRAS DE
PU D28................................................................................................................................ 72 FIGURA 6.5 - GRÁFICO COM RESULTADOS DE IMPEDÂNCIA OBTIDOS PARA DIFERENTES AMOSTRAS DE
PU D33................................................................................................................................ 73 FIGURA 6.6 - GRÁFICO COM RESULTADOS DE IMPEDÂNCIA OBTIDOS PARA DIFERENTES AMOSTRAS DE
PU D23................................................................................................................................ 75 FIGURA 6.7 - GRÁFICO COM RESULTADOS DE IMPEDÂNCIA OBTIDOS PARA DIFERENTES AMOSTRAS DE
PS. ...................................................................................................................................... 76 FIGURA 6.8 - GRÁFICO DO THERMATEX. ......................................................................................... 77
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1: RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL SONORO E O TEMPO DE EXPOSIÇÃO ...................................... 17 TABELA 3.2: NÍVEL DE CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DE NCA PARA AMBIENTES EXTERNOS, EM DB(A) ...... 19 TABELA 3.3: NÍVEL DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO ............................................................. 19 TABELA 5.1: ESPECIFICAÇÃO DAS ESPUMAS DE POLIURETANO ........................................................ 57 TABELA 5.2: ESPECIFICAÇÃO DO POLIESTIRENO ............................................................................. 57 TABELA 6.1: PRINCIPAIS BANDAS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO NA AMOSTRA DE
GESSO .......................................................................................................................................... 67 TABELA 6.2: PRINCIPAIS BANDAS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO NAS AMOSTRAS DE
ESPUMA ACÚSTICA ......................................................................................................................... 69 TABELA 6.3: BET DAS AMOSTRAS .................................................................................................. 70 TABELA 6.4: DENSIDADE DAS AMOSTRAS ....................................................................................... 70
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................. 3 CAPÍTULO 2 – OBJETIVOS ..................................................................................... 6
2.1 - Objetivos Gerais ................................................................................................... 6
2.2 - Objetivos Específicos ........................................................................................... 6
CAPÍTULO 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 7 3.1 - Generalidades ....................................................................................................... 7
História da acústica ................................................................................................. 7 Grandezas e unidades acústicas ............................................................................... 7
O som e suas propriedades ....................................................................................... 8
Mecanismos de transmissão ................................................................................... 14 Os Efeitos do Som no Homem ................................................................................ 15
3.2 – Normas e Legislação ......................................................................................... 18 3.3 - Acústica arquitetônica e de ambientes ............................................................... 20
Tratamento acústico ............................................................................................... 23 Isolamento acústico ................................................................................................ 27 Materiais acústicos absorventes ............................................................................. 27 Materiais de importância encontrados no mercado............................................... 29 Fibra de Vidro ........................................................................................................ 29 Lã de Rocha ............................................................................................................ 31 Gesso Acartonado .................................................................................................. 32
Espumas Acústicas ................................................................................................. 35
CAPÍTULO 4 – PROJETO ACÚSTICO ...................................................................... 37 4.1 - Problemas mais freqüentes ............................................................................ 37 4.2 - Como escolher o tipo de material .................................................................. 39
Escolha da estrutura ............................................................................................... 41 Escolha das divisões ............................................................................................... 41
Escolha de revestimentos........................................................................................ 43 4.3 – Roteiro para projeto acústico ........................................................................ 45 4.4 – Tipologia por ambiente ................................................................................. 46
Casas de máquina ou Equipamentos ...................................................................... 46 Auditórios ............................................................................................................... 47
Escolas .................................................................................................................... 48 Estabelecimentos comerciais .................................................................................. 48 Residências ............................................................................................................. 49 Templos Religiosos ................................................................................................. 50
Estúdios .................................................................................................................. 50 Hospitais ................................................................................................................. 51 Indústrias ................................................................................................................ 52
CAPÍTULO 5 – METODOLOGIA .............................................................................. 54 5.1 – Materiais selecionados .................................................................................. 54
Espumas de poliuretano ......................................................................................... 54 Poliestireno ............................................................................................................. 57
Gesso ...................................................................................................................... 58 5.2 – Métodos ......................................................................................................... 60 Espectroscopia na Região do Infravermelho ......................................................... 60 BET ......................................................................................................................... 61 Impedância Acústica............................................................................................... 63
CAPÍTULO 6 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................... 66
6.1– Espectroscopia na Região do Infravermelho ................................................. 66 6.2 – BET ............................................................................................................ 70 6.3 – Impedância Acústica ................................................................................. 72
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES ............................................................................... 80 CAPÍTULO 8 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................... 82 CAPÍTULO 9 – REFERÊNCIAS ............................................................................... 83
1
Resumo
Os problemas de acústica, antes considerados somente para lugares
específicos como teatros e cinemas, atualmente causam transtornos tanto em
áreas residenciais como em áreas comerciais. O presente trabalho consiste de
um estudo comparativo entre os principais materiais usados no tratamento
acústico de recintos fechados, a fim de identificar as principais causas desses
problemas e avaliar as medidas que têm sido utilizadas para resolvê-los.
Observou-se que fatores como montagem, técnica construtiva e projeto
interferem de maneira significativa e, por isso, devem ser utilizados segundo
procedimentos específicos para cada tipo de material. Na avaliação dos
materiais foram realizados ensaios importantes, tais como análise por
espectroscopia na região do infravermelho, picnometria e porosimetria, para se
avaliar a composição físico-química dos materiais, bem como avaliar suas
densidades e porosidades. As propriedades acústicas dos materiais foram
determinadas através de medidas de impedância.
Palavra-chave: Acústica arquitetônica; BET; FTIR; Impedância Acústica.
2
Abstract
Acoustic problems, once concerning just specific places such as auditoriums
and movie theaters, cause a lot of nuisance these days, both in residential and
commercial areas. The present work is a comparative study between most
common materials used in the acoustic treatment of closed precincts, in order to
identify the main causes of theses problems and evaluate solutions that have
been used to solve them. It was observed that some factors, such as
assembling, building technique and design interfere in a significant extent and,
therefore, must be used according specific procedures for each type of material.
In evaluating the materials, important tests were performed such as infrared
spectroscopic analyses, picnometry and porosimetry, in order to assess
chemical composition of the materials, as well as their density and porosity.
Acoustic properties of the materials were determined by impedance
measurements.
3
Capítulo 1 – Introdução
A Acústica é a ciência dos fenômenos associados ao som, incluindo sua
geração, transmissão e efeitos. O termo som se refere não somente à
sensação produzida no sistema auditivo, mas também a perturbações em
freqüências muito baixas (infra-sons) ou muito elevadas (ultra-sons), que não
são ouvidas por uma pessoa com a audição normal.
Diferentemente da luz, cujo grau de efeito é praticamente em linha reta, com
movimento de ondas eletromagnéticas, as ondas sonoras, com movimento
ondulatório mecânico, sofrem alguns efeitos devido ao seu curto comprimento
de onda em relação aos objetos (NEPOMUCENO,1968). Dentre estes efeitos
temos: dispersão, espalhamento e difração.
O crescimento das cidades e a redução no custo das construções resultaram
em mudança no padrão de vida e, neste caso específico, de moradia da
população. Prédios começaram a ser construídos para atender a nova
demanda populacional. Como conseqüência tem-se o ruído, que é um som
sem harmonia.
A preocupação com a acústica arquitetônica não se restringe mais a auditórios
e teatros, visto que é uma necessidade a ser considerada em qualquer tipo de
construção. Os ruídos em edificações geram incômodos não só para
moradores, mas também para usuários, no caso de áreas comerciais.
4
A origem desse incômodo é quase sempre o próprio prédio. Sendo assim, o
responsável pela construção deve prever e providenciar soluções para esse
tipo de situação.
Em residências, o incômodo causado pelo som de fundo é mais evidenciado,
principalmente com sons decorrentes de impactos e em dormitórios, onde o
silêncio é extremamente importante. Quanto mais elevado o padrão da
edificação, mais os moradores ou usuários investem para se ter maior
privacidade.
Nesse contexto, fez-se necessária a combinação de diversos materiais em
forros, pisos, paredes e divisórias para se obter resultados satisfatórios e
reduzir sons indesejados. Para isso, deve-se levar em consideração o
desempenho acústico dos materiais a serem aplicados. Para se ter uma idéia
da importância de um projeto acústico, basta considerar que o tratamento
acústico de um edifício na fase de projeto representa de 1% a 1,5% do preço
total da construção, enquanto que, para se obter o mesmo desempenho em um
estágio mais avançado do que na fase de projeto, o custo pode chegar a 15%
do valor da construção (LOTURCO, 2005).
A tendência do planejamento das cidades modernas, com zoneamento
apropriado, distribuindo as áreas por função de atividades (zona comercial,
zona residencial, zona mista entre outras), bem como a sistematização dos
transportes, é a solução mais avançada e definitiva do problema de ruído
(SILVA, 2002).
5
Considerando-se a importância cada vez maior da redução do ruído nas
construções modernas, o estabelecimento de critérios bem como a
compreensão desses critérios para a seleção de materiais utilizados como
isolantes acústicos tem assumido um papel cada vez mais relevante. Este
trabalho pretende ser uma contribuição para essa discussão.
6
Capítulo 2 – Objetivos
2.1 - Objetivos Gerais
Identificar os principais problemas acústicos, suas causas e as medidas
necessárias para sanar esses problemas.
Efetuar um estudo comparativo dos principais materiais usados no tratamento
acústico de recintos fechados.
2.2 - Objetivos Específicos
Com base nos custos de produção e aplicação, pretende-se avaliar a
viabilidade da utilização de diferentes materiais acústicos, bem como sugerir
aqueles mais adequados para ambientes específicos. Além desses, são
também objetivos específicos deste trabalho:
Caracterização físico-química de amostras de gesso, espumas de poliestireno
expandido e espumas de poliuretano.
Determinação de propriedades acústicas desses materiais, através de ensaios
de impedância acústica.
Comparação entre as propriedades desses materiais com as de um produto
comercial à base de poliuretano.
7
Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica
3.1 - Generalidades
História da acústica
A acústica como estudo do som remonta ao tempo dos filósofos gregos, que
investigaram as primeiras relações entre a altura de um som com o
comprimento de uma corda. Pitágoras descobriu a lei da harmonia, segundo a
qual dois sons estão em harmonia se a relação entre suas freqüências for igual
à razão entre dois números inteiros pequenos. Foi somente no final do século
XVII, que apareceram as primeiras noções e idéias ligando a altura de um som
ao número de vibrações por segundo.
Estudos posteriores sobre vibrações e velocidade de propagação sonora,
assim como o desenvolvimento da teoria ondulatória do som, contribuíram para
estabelecer as bases científicas da Acústica. Essas bases foram importantes
para o surgimento de estudos relacionados à acústica arquitetônica. Embora os
materiais acústicos sejam empregados desde a década de 50, existem poucos
estudos relativos à avaliação do comportamento acústico desses materiais.
Grandezas e unidades acústicas
Tendo como base o decibel, a escala A, é usualmente utilizada para medir os
diversos níveis de amplitude ou de pressão sonora. A escala A é o nível obtido
a partir do valor médio quadrático da pressão sonora referente ao intervalo de
tempo, é uma curva que se assemelha a curva do ouvido humano. Na prática
8
chamamos níveis de som ou de ruído os diversos graus dessa amplitude
(SILVA, 2002).
Cada país, através de seus órgãos normalizadores e agências reguladoras,
estabelecem métodos para quantificar e avaliar o impacto que o ruído produz
nas pessoas (BISTAFA, 2006).
Segundo Silva (2002) o valor médio da potência da voz humana é de 50 micro-
watt e um indivíduo falando em campo aberto, sem obstáculos, só é ouvido a
pouco mais de uma dezena de metros de distância da fonte. Nesse contexto,
sabe-se que qualquer som originado das proximidades, como o vento, veículos
e máquinas, irá mascarar a fala, tornando-a inaudível.
O som e suas propriedades
A definição do termo som inclui além da sensação percebida pelo ouvido,
perturbações fora da faixa audível. A faixa dos sons audíveis tem freqüência
limitada pelos valores entre cerca de 16Hz a 20.000Hz. Sons com freqüência
abaixo de 16Hz chamam-se infra-sons, e sons com freqüência acima desta
faixa são os ultra-sons. Para uma mesma velocidade, a freqüência (medida em
ciclos por segundos ou Hz) é inversamente proporcional ao comprimento de
onda. Sons agudos têm freqüência grande e comprimento de onda pequeno.
Sons graves têm freqüência pequena e comprimento de onda grande.
9
Sabe-se que o som puro, Figura 3.1(a) é um som em uma única freqüência, o
que é confirmado pelo espectro sonoro da Figura 3.1(b). Já o ruído, composto
de varias freqüências é representado na Figura 3.2(a) e seu espectro está
ilustrado na Figura 3.2(b). Esse é caracterizado por cobrir uma ampla faixa de
freqüências. Nos gráficos temos a relação de T (tempo) com P e de Peficaz com
freqüência, em que P é o nível de pressão sonora e Peficaz é o nível de pressão
sonora eficaz, que caracteriza a sensação da amplitude sonora (BISTAFA,
2006).
Figura 3.1 – Imagem ilustrativa mostrando a freqüência. (a) forma da onda de um tom
puro na freqüência f; (b) espectro sonoro do tom puro. Fonte: BISTAFA, 2006.
Figura 3.2 – Imagem ilustrativa mostrando a freqüência. (a) forma de onda de um ruído;
(b) espectro sonoro do ruído. Fonte: BISTAFA, 2006.
10
Segundo Silva (2002) o termo barulho define qualquer som que não é
desejável. Já o termo ruído é uma mistura de sons cujas freqüências diferem
entre si por um valor inferior à discriminação do ouvido. Tanto o barulho como o
ruído resultam de um agrupamento de som desordenados.
As ondas sonoras precisam de um meio material para se propagar. Este meio,
que deve permitir a vibração, pode ser sólido, liquido ou gasoso. A propagação
sonora ao ar livre ocorre normalmente como descrita abaixo.
Figura 3.3 – Esquema ilustrando a propagação sonora ao ar livre.
Primeiramente, a fonte emite determinada potência sonora (Figura 3.3), criada
no ar por variações de pressão. A partir daí, o nível sonoro vai se atenuando à
medida que o som se propaga, em forma de ondas, entre a fonte e o receptor,
ao longo de determinada trajetória (BISTAFA, 2006).
Ao entrar em contato com o meio receptor, a onda sonora incidente se
subdivide, parte é absorvida e parte é refletida (Figura 3.4). Da energia
absorvida, parte se dissipa e a outra parte é transmitida atravessando o
material (Figura 3.5). A absorção quando causada por atrito, ocorre quando a
onda sonora penetra pelos poros no interior de cada material. A quantidade de
energia sonora que penetra por um determinado material configura o que se
11
denomina coeficiente de absorção, sendo que a absorção é maior para
freqüências agudas.
Figura 3.4– Esquema ilustrando a energia incidente.
Figura 3.5– Esquema ilustrando a energia absorvida.
Um material será considerado tão bom absorvente de som quanto maior for a
movimentação das moléculas em seu interior, uma vez que o som se dissipa e
é amortecido por estas moléculas. Quando se quer avaliar a absorção, além da
porosidade, outros fatores que são de grande relevância são tortuosidade e
densidade. Espessura, freqüência e a orientação das fibras também
influenciam.
Quando o material não tem características que o classificam como um bom
absorvedor haverá refração e se o material for suficientemente fino a onda o
atravessará e irá se propagar para o outro lado, embora atenuada, efeito
conhecido por transmissão sonora. Tudo isso acontece em segundos,
dependendo da espessura do material e das dimensões do ambiente (SILVA,
2002). As paredes e divisórias vibram devido à energia das ondas sonoras.
Quanto mais rígidas e mais pesadas melhores serão suas características
isolantes do som em detrimento aquelas feitas com material leve e flexível.
Energia Incidente
Energia Absorvida
Energia Refletida
12
A velocidade de propagação do som é função da densidade do meio em que
ele se propaga. Quanto mais denso o meio, menor será a transmissão. A
velocidade do som independe da sua altura, amplitude ou timbre.
O volume sonoro refere-se ao modo com que a sensação do som é recebida
pelo ouvido humano. À medida que o volume sonoro aumenta, aumenta
também a amplitude sonora. E esta nada mais é do que a média no tempo da
quantidade de energia transportada pela onda por unidade de área e por
unidade de tempo através de uma superfície perpendicular à direção de
propagação. A amplitude de variação da pressão determina a amplitude do
som (SILVA, 2002).
Quanto mais polida a superfície mais refletora ela será. A onda incide sobre a
superfície e continua a se propagar no meio com a mesma velocidade. No eco,
observa-se a reflexão de um som de pequena duração em uma grande área,
havendo distinção do som original e do som refletido. Quando não há distinção,
ocorre reverberação. Se a superfície é pelo menos quatro vezes maior que o
comprimento de onda, ocorre reflexão direcional, onde o ângulo de incidência é
igual ao ângulo de reflexão.
Dentre os fenômenos que as ondas sonoras refletidas podem apresentar,
temos:
Difração: é a mudança sofrida na direção de uma onda sonora, quando
ao se encontrar com um obstáculo, a onda sonora o contorna (SILVA,
2002). Para um mesmo obstáculo ou orifício, quanto maior o
13
comprimento de onda, maior será a difração. Se a superfície é pequena
em relação ao comprimento de onda também ocorre difração.
Difusão/ Dispersão: ocorre quando a superfície é do mesmo tamanho
do comprimento de onda, o som muda de direção, mas de maneira
aleatória, ou seja, não direcional.
Refração: ocorre quando ao atravessar meios com índices de refração
diferentes, a onda sonora muda de velocidade e de direção de
propagação.
Nos recintos fechados ainda podem ocorrer:
Interferência: quando diferentes ondas sonoras se encontram,
alterando a amplitude das mesmas.
Ressonância: quando corpos sólidos distintos são atingidos por uma
onda sonora e vibram pelo efeito de reflexão cumulativa, que resulta na
ampliação de determinadas freqüências.
A propagação sonora ao ar livre é diferente da propagação nos recintos
fechados. Quando ao ar livre, o som vai se atenuando, à medida que se afasta
da fonte, e sendo absorvido até atingir um nível que não pode mais ser ouvido.
Dentro de um recinto fechado, porém, o som é parcialmente absorvido e
refletido por elementos como paredes, tetos e móveis. A direção de
propagação sonora depende das formas limítrofes dos ambientes. Segundo
Silva (2002), podemos dizer que, o volume sonoro em um ambiente fechado é
um pouco maior do que ao ar livre e a amplitude sonora será mais uniforme.
14
Mecanismos de transmissão
Para solucionar os problemas acústicos é importante entender mecanismos e
características dos barulhos e ruídos, que muitas vezes são nocivos ao
homem.
As ondas sonoras classificam-se segundo sua transmissão em (LOTURCO,
2005):
Transmissão por meio do ar: são produzidos dentro da massa de ar
do ambiente e que se transmitem, através do próprio ar, independente
de contato com a estrutura, até nossos ouvidos.
Transmissão por impacto: ocorre quando o canal transmissor é a laje,
as paredes ou pilares, são produzidos pelo choque de elementos,
sólidos ou líquidos, transmitindo-se através destes até o nosso corpo,
sendo percebido sob forma de vibração ou sensação sonora. O som de
impacto pode, portanto, caminhar depois de atravessar esse elemento
até os nossos ouvidos, através do ar.
A transmissão por impacto pode ainda ser subdividida em transmissão por
meio da estrutura da própria construção ou canalizações diversas, onde
vibrações se transmitem e podem assumir valores que inviabilizam a utilização
de um ambiente para certos tipos de atividades mais acuradas. E ainda
transmissão por superfícies limítrofes dos recintos fechados, como paredes,
pisos e aberturas.
O controle dos sons deve levar em conta o mecanismo de transmissão sonora,
uma vez que a maneira de combater um som gerado no ar é completamente
15
diferente da maneira utilizada para combater os sons de impacto (SILVA,
2002).
A propriedade que mais influi na transmissão é a densidade: quanto mais
denso o material, maior será sua resistência ao movimento e menor será a
transmissão, ou seja, mais isolante o material será. Outra propriedade que
também influencia na transmissão é a rigidez do material: quanto mais rígido,
mais ele irá transmitir.
Cada material apresenta um coeficiente de transmissão e é a partir dele que se
calcula a perda por transmissão (TL), que é a quantidade em decibels que o
som perde ao passar de um lado para o outro de uma estrutura. Quanto maior
a resistência ao movimento, maior será a TL. A perda por transmissão aumenta
com a freqüência.
Os Efeitos do Som no Homem
O som por ser uma sensação sonora captada pelos nossos ouvidos causa
alguns efeitos nas emoções humanas. Ao considerarmos o efeito do som no
nosso ouvido, devemos levar em conta que o mesmo pode nos influenciar de
duas maneiras: física ou psicologicamente. Estes efeitos podem ou não ser
insignificantes. Segundo Sales (2001), apesar de não ser um fenômeno visível,
o ruído é extremamente prejudicial à saúde.
Problemas como perda da audição, stress, hipertensão, perda de sono, falta de
concentração, conversação, relaxamento, baixa produtividade, deterioração da
qualidade de vida e redução de oportunidades de repouso são alguns dos
16
transtornos causados pelo ruído, que causam impacto psicológico, podendo
prejudicar a saúde mental.
O som pode provocar efeitos adversos não somente no sistema auditivo.
Suspeita-se que os efeitos não-auditivos do ruído se manifestem na função
cardiovascular (hipertensão, variações da pressão sangüínea e/ou dos
batimentos cardíacos), provocando adicionalmente distúrbios respiratórios,
perturbação e alterações na saúde física e mental. Essa diversidade de efeitos
faz com que o ruído seja considerado fator de stress generalizado. Os efeitos
fisiológicos podem ser temporários ou permanentes e são similares aos
causados por outros tipos de stress (BISTAFA, 2006).
Segundo Bistafa (2006), em certas situações somos agentes ativos, ou seja,
somos geradores de ruídos, como quando operamos aparelhos e
equipamentos ruidosos. Em outras situações, não somos geradores, mas sim
agentes passivos, vítimas do som produzido por outros agentes ativos. Apesar
de ser prejudicial em ambos os casos, a condição de agente passivo é pior,
uma vez que os transtornos gerados pelo ruído são impostos pelo ambiente.
O controle do ruído era visto mais como ônus do que como benefício. Há até
pouco tempo, o ruído não entrava na questão de produtos de consumo, pois os
usuários estavam dispostos a suportar mais ruído em troca de potência. Nos
últimos anos, porém, uma nova tendência vem sendo observada.
Consumidores e usuários que adquirem equipamentos industriais e produtos
de consumo mostram-se mais conscientes em caracterizar o ruído como um
17
fator importante na decisão de compra. Níveis de ruído estão sendo incluídos
nas especificações de vários tipos de equipamento industrial, como motores e
bombas, quando antes eram apenas disponibilizadas informações superficiais
do desempenho acústico (BISTAFA, 2006).
Devido às diferenças fisiológicas e psicológicas entre os indivíduos, o grau de
incômodo não pode ser, cientificamente medido para uma determinada pessoa.
Apesar dos efeitos causados pelo som ter um componente psicológico, a
medição sonora nos dá uma indicação precisa de quando um som se torna
prejudicial à audição e faculta a escolha de medidas corretivas (SILVA, 2002).
Ou seja, para um mesmo indivíduo, dependendo da freqüência de um som,
para uma determinada quantidade pré-fixada de energia sonora, sua
percepção ou sua audibilidade varia sensivelmente.
Segundo Silva (2002) o som não precisa ser muito alto para incomodar, o
nosso ouvido é mais sensível às variações dos sons de baixa freqüência que
aqueles de média e alta freqüência. Além do mais, os danos auditivos de um
ruído não dependem somente do seu nível de amplitude, mas também do seu
tempo de exposição (Tabela 3.1).
Tabela 3.1: Relação entre o nível sonoro e o tempo de exposição
Leqa (q=5min) Exposição máxima diária
85dB(A) 8h
90dB(A) 4h
95dB(A) 2h
100dB(A) 1h
105dB(A) 0,5h
110dB(A) 0,25h
Fonte: Silva, 2002.
18
Quando nos submetemos à influência de um som de alta amplitude, cujo nível
de pressão sonora (NPS) está acima de 100dB(A), sentimo-nos mal. Se essa
amplitude se aproximar do limiar da dor, ou seja, 140dB(A), o incômodo é muito
maior e pode até romper o tímpano. Esse efeito passa de psicológico a efeito
físico do som (SILVA, 2002).
3.2 – Normas e Legislação
Para evitar danos à saúde pública, causados pelo excesso de ruídos,
característicos das atividades, sobretudo as industriais do mundo moderno,
governos de vários países têm estabelecido normas para o controle nos níveis
de ruídos. Os critérios adotados são vários, como o estabelecimento de um
limite do nível de pressão acústica, considerado como de conforto, ou mesmo
aceitável para a finalidade a que se destina, de acordo com o horário e até
mesmo com o tempo de duração (COSTA, 2003).
No Brasil, os critérios adotados devem ser os da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), cujo procedimento consta das normas NBR-
10151:2000 e NBR-10152:1987. A NBR-10151 (Tabela 3.2) estabelece as
condições e métodos para medição e avaliação da aceitabilidade do ruído em
comunidades. Essencialmente, essa norma requer a medição do nível de
pressão sonora equivalente, o LAeq, que deve ser corrigido com +5dB caso o
ruído tenha características impulsivas ou de impacto, e caso o ruído tenha
componentes tonais. O nível sonoro corrigido é então comparado com o nível
critério de avaliação (NCA). A NBR-10152 fixa níveis de ruído compatíveis com
o conforto acústico em ambientes diversos, adotando as curvas de NC (Tabela
3.3 e Anexo 1) para estabelecer os níveis de ruído compatíveis com o conforto
19
acústico em ambientes diversos. Nessa norma, as curvas NC são
denominadas curvas de avaliação de ruído (BISTAFA, 2006).
Tabela 3.2: Nível de critério de avaliação de NCA para ambientes externos, em dB(A)
Tipos de áreas Diurno Noturno
Áreas de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residencial. 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa. 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10151:2000.
Tabela 3.3: Nível de Ruído para Conforto Acústico
Tipos de áreas dB(A) NC
Hospitais Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35-45 30-40
Laboratórios, Áreas para uso do público 40-50 35-45
Serviços 45-55 40-50
Escolas
Bibliotecas,Salas de Música, Salas de desenho 35-45 30-40
Salas de Aula, Laboratórios 40-50 35-45
Circulação 45-55 40-50
Hotéis
Apartamentos 35-45 30-40
Restaurantes, Salas de Estar 40-50 35-45
Portaria, Recepção, Circulação 45-55 40-50
Residências Dormitórios 35-45 30-40
Salas de Estar 40-50 35-45
Auditórios Salas de concertos, Teatros 30-40 25-30
Salas de conferências, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35-45 30-40
Restaurantes 40-50 35-45
Escritórios Salas de reunião 30-40 25-30
Salas de gerência, Salas de projeto e administração 35-45 30-40
Salas de computadores 45-65 40-60
Salas de Mecanografia 50-60 45-55
Igrejas e Templos 40-50 35-45
Locais para esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45-60 40-55
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10152:1987.
20
Têm-se ainda a Norma NR-15 do Ministério do Trabalho. Essa determina que o
trabalhador não deve ser submetido a um ruído contínuo ou intermitente maior
do que 85 dB durante 8 horas de trabalhos diárias (SLAMA, 1996).
Os problemas da área urbana são regulados pela resolução n° 1, de 08/03/90,
do CONAMA – Conselho Regional do Meio Ambiente, atendendo mais ao
incômodo comunitário.
3.3 - Acústica arquitetônica e de ambientes
O problema causado pelos ruídos tem sido abordado com uma importância
crescente nas construções, podendo ser detectado pelo simples fato do
morador de um andar superior ter um piso de madeira ou pedra. Nessa
situação, grande parte do som do apartamento de cima é ouvido no andar
inferior. Esse problema pode ser resolvido pelo "tratamento acústico‖, na fase
da execução do projeto a um custo baixo se levarmos em conta os prejuízos e
transtornos que o excesso de ruído pode causar.
A acústica arquitetônica estuda as condições acústicas de cada sala em si
favorecendo a audibilidade e as condições de conforto. O problema tornou-se
relevante de fato, quando se constatou o prejuízo real que o excesso de ruído
pode causar fisicamente e/ou psicologicamente ao ser humano exposto a ele.
Para que as condições sejam satisfatórias, a índice de articulação ou
inteligibilidade deve ser superior a 90%, garantindo-se uma relação satisfatória
entre o som útil e o som prejudicial (NEPOMUCENO, 1968).
21
Todos os materiais têm características acústicas que podem ser desejadas, ou
não. Como exemplo típico, tem-se o ar como acústico, pois é através dele que
os sons chegam aos ouvidos. Em outro exemplo, tem-se o vácuo absoluto,
comportando como isolante acústico, uma vez que este não permite a
transmissão sonora. Em elementos arquitetônicos, tem-se que uma parede de
concreto maciça, com alto índice de redução sonora e também com elevados
níveis de reflexão sonora, também pode ser considerada como importante
material acústico. Já no caso de materiais que evitam a reflexão sonora, mas
não isolam o som, têm-se as fibras (lã de rocha, lã de vidro, lã cerâmica),
espumas de poros abertos, tecidos e carpetes.
Nas paredes, pode ser facilmente verificado se o som foi transmitido de uma
sala a outra via ar ou via parede. Se a transmissão ocorre via corpo, uma fonte
isolada (como máquina de escrever, por exemplo) não é ouvida no outro
ambiente. O amortecimento do som nos edifícios depende do fator de perdas
do material que circunda a fonte de propagação do som sobre a superfície total
(NEPOMUCENO, 1968). Dentro do exemplo, tem-se que a máquina de
escrever praticamente não existe, mas esta poderia ser substituída por um
relógio ou uma impressora, por exemplo.
Tipos de Materiais Acústicos
Os materiais acústicos podem ser absorventes, difusores, refletores ou
isolantes.
22
Absorventes: Tem grandes coeficientes de absorção, não deixam o som
passar de um ambiente para o outro e evitam eco (materiais porosos como lã
ou fibra de vidros revestidos, manta de poliuretano, madeira aglomerada,
carpetes grossos e cortinas pesadas).
Difusores: Refletem o som de forma difusa, sem ressonâncias. Em geral, são
materiais refletores sobre superfícies irregulares (pedras ou lambris de
madeira).
Isolantes: Impedem a passagem de ruído de um ambiente para outro. Está
relacionado ao peso próprio de cada material: quanto mais pesado, maior será
seu poder de isolação (tijolo maciço, pedra lisa, concreto, gesso, drywall,
madeira e vidro com espessura mínima de 6mm)
Refletores: Podem ser isolantes, e aumentam a reverberação interna do som.
(azulejos, cerâmica, pedras lisas, massa corrida, madeira, papel de parede).
A capacidade de determinado material ou estrutura absorver e isolar o ruído
são as principais medidas de seu desempenho acústico. Freqüentemente as
funções da absorção e da isolação sonora são confundidas. A absorção sonora
é utilizada principalmente no controle do tempo de reverberação de
determinado recinto. Embora a incorporação de absorção implique também na
redução de ruído do recinto, normalmente essa redução é de apenas uns
poucos decibels. No entanto o conforto acústico gerado com o aumento da
absorção normalmente da à impressão de que os níveis sonoros foram
reduzidos mais do que as medições objetivas revelam. Portanto a absorção
não deve ser a principal medida mitigadora do ruído, principalmente quando o
nível de ruído for elevado (BISTAFA, 2006).
23
Tratamento acústico
Quando se fala em tratamento acústico, quer se obter, através de um conjunto
de operações, a atenuação no nível de energia sonora entre a fonte sonora e o
receptor. Segundo Silva (2002) isso pode ser alcançado com três
procedimentos:
Isolamento atenuador: quando a fonte sonora estiver em ambiente
diferente do ouvinte. Neste caso, deverá ser feito o barramento da
energia decorrente da fonte de onda, por barreira ou painel isolante.
Tratamento absorvente: quando a fonte sonora estiver no mesmo
ambiente do ouvinte. Para estes casos, deve ser feito um processo
atenuador, para minimizar o nível do ruído através do revestimento de
superfícies internas por materiais acústicos absorventes.
Isolamento atenuador e tratamento absorvedor combinados: quando
se quer atenuar fontes sonoras de ambientes externos ou do próprio
ambiente.
Outra maneira de isolar o som transmitido é com o uso de materiais conhecidos
como ―sanduíches‖. Estes materiais são compostos por uma mistura entre um
material leve e outro rígido e ainda de um material poroso ou resiliente que,
pelo efeito do amortecimento, atenua o nível de ruído devido aos poros no
interior dos materiais, dissipando a energia, antes que se reflita ou se
transmita, tanto para o ambiente, quanto para os materiais vizinhos.
Quando mais distante a fonte de ruído, menor será o nível deste ruído. A
isolação sonora é medida através da perda por transmissão (PT ou TL), sendo
24
utilizada para impedir que o ruído de um recinto se transmita para um recinto
contíguo. Uma estrutura com características isoladoras é geralmente densa e
reflexiva, e normalmente oferece propriedades estruturais (BISTAFA, 2006).
A perda por transmissão de uma parede pode ser bem melhorada se a parede
é dupla e internamente estes dois planos são separados por um espaço de ar.
Dependendo do tamanho do espaço entre as duas paredes, os dois planos
comportam-se como duas paredes distintas, e a TL total fica próxima da soma
das TLS individuais.
A abertura, mesmo que pequena, é suficiente para que o som atravesse o
material, apesar de atravessar com alguma perda. Para que o isolamento seja
efetivo, devem ser evitadas rachaduras ou aberturas em qualquer componente.
Paredes e teto devem ser balanceados para terem aproximadamente a mesma
perda por transmissão.
Mesmo que os absorvedores não sejam bons isolantes, a absorção pode
contribuir para o isolamento sonoro. Isso é mais evidente com sons de baixa
freqüência em salas pequenas.
Ao incidir sobre o material, a onda sonora faz com que o ar nele contido
transmita a vibração da onda para as paredes das células, as quais, vibrando,
transformam-se em calor (efeito imperceptível, devido à fácil dissipação desse
calor ambiente). Esta propriedade faz com que a reverberação diminua.
25
Se o ambiente isolado acusticamente for utilizado para alguma finalidade que
gere ruídos, como home theater, guitarra, bateria, etc, deve-se utilizar
absorvedores acústicos, os quais irão absorver os ruídos, evitando a reflexão
excessiva das ondas sonoras. Ou seja, diminui ou elimina o nível de
reverberação num mesmo ambiente. Nestes casos se deseja, além de diminuir
os níveis de pressão sonora do recinto, melhorar o índice de articulação.
Contrariamente aos materiais de isolamento, estes são materiais leves (baixa
densidade), fibrosos ou de poros abertos. Tecidos com trama muito estreita,
que não permitem o ar atravessá-lo, são ineficazes, assim como aqueles que
apresentam trama muito esparsa, que permitem enxergar através deles.
Percebe-se que a propriedade fundamental dos materiais absorventes é a
―resistência ao fluxo de ar‖ – a maximização da absorção sonora requer uma
resistência ótima através do material (BISTAFA, 2006).
A capacidade de absorção se refere a quanto o material pode dissipar a
energia que incide sobre ele, por meio da transformação da energia mecânica
vibratória em energia térmica.
A Figura 3.6 ilustra os efeitos produzidos por uma barreira entre a fonte de
ruídos e o receptor. Quanto menor o ruído transmitido através da barreira,
maior será o coeficiente de isolação. Um dos modelos empregados para
compreender esses efeitos é o do conjunto massa-mola (Figura 3.7, aplicação
1), no qual a finalidade do material mola (efeito elástico) é amortecer a pressão
da onda sonora, enquanto a massa se opõe ao movimento desencadeado,
forçando o retorno da onda ou a sua dissipação. Na Figura 3.7, aplicação 2, o
26
material isolante não é usado no mesmo recinto da fonte sonora, mostra-se
grande eficácia na utilização do mesmo.
tratamento
acustico
sons propagados
pela estrutura
sons
propagados
por via
aérea
sons
refletidos
sons
absorvidos
por
materiais
acusticos
Figura 3.6 – Esquema mostrando a isolação e a absorção sonora e como ela auxilia no tratamento acústico. Fonte: Akustik
fonte
absorçao/mola
massabase
div
isoria
Aplicaçao 1
fonte mola
massa
base
acabamento
div
isoria
Aplicaçao 2
Figura 3.7 – Esquema mostrando a absorção sonora, na aplicação 1 e a isolação sonora,
na aplicação 2. Fonte: Akustik
27
Isolamento acústico
Isolamento acústico é um fator de extrema importância no controle do ruído das
edificações, ocorre quando se minimiza a passagem do som de um recinto
para outro vizinho.
Segundo Silva (2002) a característica básica de um isolador é sua elasticidade,
isto é, a capacidade de voltar a sua forma original quando uma força deixa de
agir. A propriedade física que define essa capacidade é a sua rigidez, que é a
razão entre a força aplicada e a deflexão que o isolador apresenta. Essa
característica permite que o isolador armazene energia de vibração, impedindo
que esta seja transmitida para a estrutura de apoio.
O isolamento acústico em muitos casos, não será suficiente para o
condicionamento sonoro do edifício, é necessário sempre levar em conta, o
tratamento acústico do local com materiais absorventes adequados.
Materiais acústicos absorventes
A energia sonora absorvida em um compartimento é o principal fator na
redução de seu nível de ruído ou do controle das múltiplas reflexões (SILVA,
2002).
Um material é absorvente quando uma grande parte de energia sonora que
nele incide é retida, transformando-se em energia mecânica ou calorífica ou
transmitindo-se (SILVA, 2002).
28
A capacidade de absorção representa o quanto o material pode dissipar a
energia sonora incidente, por meio da transformação da energia mecânica
vibratória em energia térmica. Forros e paredes com recheio absorvente, como
lãs minerais, podem corrigir o tempo de reverberação do som. Porém, a
reverberação não pode ser totalmente eliminada, porque impediriam a
inteligibilidade (AIDAR, 2006).
Segundo Silva (2002) as características mais importantes na escolha de um
material acústico são: aparência; resistência ao fogo; resistência mecânica;
facilidade de montagens; isolamento térmico.
Praticamente todos os materiais existentes no mercado ou isolam ou absorvem
ondas sonoras, embora com diferentes eficácias. Um material que tem grande
poder de isolamento acústico quase não tem poder de absorção acústica, e
vice-versa. Quanto mais leve e poroso o material mais absorvente e menos
isolante este material será. E quanto mais denso, compacto e rígido, mais
isolante e menos absorvente. Alguns outros materiais têm baixo poder de
isolamento acústico e também baixo poder de absorção acústica (como
plásticos leves e impermeáveis), pois são de baixa densidade e não tem poros
abertos.
Como não existe um material que resolva todos os problemas acústicos, cada
projeto deve ser elaborado de acordo com as peculiaridades exigidas em cada
recinto, que sejam aquelas que se relacionam com as características técnicas
29
do som, como também aquelas que melhor satisfaçam as exigências
decorativas, estéticas e funcionais da obra arquitetônica (SILVA, 2002).
Materiais de importância encontrados no mercado
Fibra de Vidro
A fibra de vidro é um material absorvedor, que apresenta elevado coeficiente
de absorção acústica. É usada em forros ou em paredes duplas, no processo
construtivo conhecido como massa-mola-massa, substituindo com vantagens
as paredes pesadas, uma vez que dificulta a transmissão dos sons devido a
sua descontinuidade e a grande elasticidade. Sua resistência ao calor é ainda
superior à do poliuretano, mas apresenta o inconveniente de ser prejudicial ao
contato, devendo na maior parte das vezes ser protegida por meio de resinas
ou chapas perfuradas (COSTA, 2003).
Um exemplo comercial de material isolante acústico a base de fibra de vidro é
o IsoSound Glass Fabrics (Figura 3.8 e Figura 3.9), produzido pela ISOVER
(Anexo 2). Esse produto é um painel rígido, absorvedor acústico, constituído
por lã de vidro aglomerada com resinas sintéticas e fornecido com revestimento
em véu de vidro ou tecido de vidro, em uma ou em ambas as faces. Pode ser
utilizado como revestimento de paredes de alvenaria ou como divisória piso-
teto.
30
Figura 3.8 –Isosound Glass Fabrics,
comercializados pela ISOVER. Fonte: ISOVER.
Figura 3.9 –Gráfico com Variação do coeficiente de absorção em função da freqüência para o
Isosound® Glass Fabrics, comercializados pela ISOVER. Fonte: ISOVER.
0 1000 2000 3000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Isosound
Absorç
ao
Frequência
31
Lã de Rocha
A lã de rocha apresenta resistência ao calor superior ao poliuretano, porém é
prejudicial ao contato, devendo também ser protegida por meio de resinas ou
chapas perfuradas (COSTA, 2003).
Como exemplo deste tipo de material tem-se os Painéis PS, comercializados
pela Rockfibras (Figura 3.10 e Figura 3.11). Tratam-se de painéis em lã de
rocha basáltica THERMAX®, aglomerados com resinas especiais. São
fornecidos em várias densidades e espessuras, de modo a serem utilizados em
baixas, médias e altas temperaturas.
As Placas PS apresentam baixa condutividade térmica, conservando energia e
garantindo conforto térmico com baixos investimentos. Para temperaturas até
250°C, recomenda-se o PSL; para temperaturas até 500°C, recomenda-se o
PSE; já para temperaturas até 750°C, recomenda-se o PSR (Anexo 3).
Figura 3.10 – Imagem ilustrativa Painéis PS, comercializados pela Rockfibras. Fonte: Rockfibras.
32
Figura 3.11 – Gráfico com Variação do coeficiente de absorção em função da freqüência
para os Painéis PS®, comercializados pela Rockfibras. Fonte: Rockfibras.
Gesso Acartonado
Sistema composto por duas divisórias leves separadas por um material
absorvente (que aumenta o isolamento). Por fora, parece uma parede de
alvenaria. Por dentro combina perfis de aço galvanizado e placas de gesso
revestidas com folhas de papelão em ambos os lados. Nesse caso, o papelão é
comparado ao concreto armado, garantindo resistência a tração (similar ao
aço) e o gesso possibilita resistência a compressão (similar ao concreto). O
sistema forma um sanduíche que permite a introdução de lã mineral em seu
miolo, o que confere uma acústica melhor além de alta resistência mecânica.
0 1000 2000 3000 4000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
PSL - 32 (5)
PSL - 32 (10)
PSE - 64 (5)
PSE - 64 (10)
PSR - 80 (5)
PSR - 80 (10)
Ab
so
rça
o
Frequência
33
Essa configuração, segundo Sales (2001), faz com que estruturas e vedações
fiquem mais leves. Por este motivo, oferecem uma significativa redução no
peso da estrutura, além de um aumento da área útil dos ambientes por causa
da sua menor espessura. De acordo com o fabricante Knauf enquanto uma
parede de tijolos comuns com aproximadamente 10cm de espessura pesa
entre 155 e 165kg/m2, uma parede de gesso acartonado de mesma espessura
pesa menos de 25kg/m2.
Gesso acartonado ou simplesmente drywall, tem esse nome por não necessitar
de argamassa para a sua construção, ao contrário do que ocorre na construção
convencional.
Dependendo da sua finalidade, a parede pode ser montada com perfis mais
largos, receber mais de uma chapa de cada lado e ainda ser complementada
com lã de vidro ou lã mineral no seu interior, para melhorar o seu isolamento
acústico ou térmico. A utilização de lã mineral e outros isolantes térmicos no
interior de paredes, tetos e revestimentos contribuem para regular e estabilizar
a temperatura.
Os índices de isolação são determinados, primeiro, pela densidade do material
utilizado como recheio e depois, pela espessura e quantidade de placas de
gesso utilizadas na confecção da parede. Conseqüentemente é possível elevar
a capacidade de absorção do fechamento até níveis predeterminados.
34
O drywall, fabricado pela Lafarge GYPSUM , segundo o próprio fabricante,
confere isolamento acústico entre 36 a 52dB (Figura 3.12). O gesso já
apresenta naturalmente alta resistência ao fogo. As chapas Resistentes ao
Fogo (RF), também conhecidas como "chapas rosa", contêm retardantes de
chama em sua fórmula, sendo indicadas para uso em áreas especiais (saídas
de emergência, escadas enclausuradas, etc.). As chapas Resistentes à
Umidade (RU), também conhecidas como "chapas verdes", contêm elementos
hidrofugantes e são indicadas para uso em áreas úmidas como banheiros,
cozinhas e áreas de serviço.
Figura 3.12 – Imagem ilustrativa de Drywall, comercializados pela Knauf. Fonte: Isar.
35
Espumas Acústicas
A Espuma Absorvedora Acústica é um material absorvente, que permite isolar
ou absorver ruídos incômodos, provenientes de outros ambientes ou mesmo
aqueles reverberados (eco).
Dos produtos utilizados comercialmente, podemos citar a linha SONEX,
fabricada pela empresa IllBruck (Figura 3.13 e Figura 3.14). Trata-se de
espumas de poliuretano, cuja absorção diminui a reverberação sonora nos
ambientes, conseqüentemente diminui a amplitude sonora dos ruídos (Anexo
4).
Figura 3.13 – Imagem ilustrativa de Sonex, comercializados pela Ilbruck. Fonte: Ilbruck.
36
Figura 3.14 –Gráfico com Variação do coeficiente de absorção em função da freqüência para o Sonex, comercializados pela Ilbruck. Fonte: Ilbruck.
0 1000 2000 3000 4000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
20/35
27/35
35/35
42/35
50/75
66/75
75/125
Ab
sorç
ao
Frequência
37
Capítulo 4 – Projeto Acústico
Segundo Silva (2002) o projeto acústico de um determinado local é feito para
controlar ou corrigir a entrada ou saída de ruído, ecos ou reflexões
indesejadas, ressonância e reverberação, para melhorar a inteligibilidade da
palavra, a musicalidade e a percepção dos sons em geral.
Devido a tantas variáveis, os especialistas afirmam que não existem soluções
genéricas para projetos acústicos. O que se pode ser feito é uma combinação
de diversos materiais usados em forros, pisos, paredes e divisórias, obtendo-se
assim resultados satisfatórios e reduzindo os sons indesejáveis (AIDAR, 2006).
4.1 - Problemas mais freqüentes
Um dos problemas mais graves com relação à acústica arquitetônica refere-se
ao incômodo causado pelo som dos passos e quedas de objetos sobre lajes. O
problema é recorrente para quem reside em edifícios sem tratamento acústico
adequado.
Para solucionar problemas com ruídos deve-se buscar a fonte deste, que
podem ser aéreos ou de impacto. Os ruídos externos são na maioria das vezes
aéreos e ocasionados fora do limite da estrutura. Os ruídos internos decorrem
de atividades dos usuários ou dos equipamentos na edificação. De maneira
geral, o desconforto depende do volume em decibels, do tempo de exposição e
da freqüência de onda. Para situações como campainhas, por exemplo, ou
seja, quando as freqüências são mais baixas, ocorre irritabilidade. Porém, para
38
freqüências mais altas, como equipamentos e automóveis, dependendo da
freqüência com que ocorrem pode não exigir tratamento específico
(LOTURCO, 2005).
A transmissão do som dos passos depende da condutividade acústica do
material, da qualidade do assoalho e também do tipo de sapatos utilizados.
Esses ruídos provocam grande desconforto, por serem ouvidos claramente
pelo vizinho de baixo. Como resultado de uma eficiente excitação por contato,
a laje se torna irradiadora de energia sonora em ampla faixa de freqüências,
devido ao movimento vibratório induzido pela excitação localizada.
A transmissão sonora em lajes pode ocorrer por via aérea ou impacto. A
redução de som aéreo varia com a espessura, mas o de impacto depende mais
do amortecimento. O desempenho acústico para ruídos aéreos, melhora com o
aumento da densidade, uma vez que é definido pela relação peso/m². Em
residências a transmissão de ruído por laje é grande fonte de incômodo. Para
amenizar e alguns casos resolver o problema, deve-se usar piso flutuante,
carpete ou forro suspenso (LOTURCO, 2005).
Cada tipo de revestimento usado no piso, como carpete, madeira, granito, tem
um diferente índice de amortecimento. Esse índice influencia a transmissão de
som de impacto, mas pouco influencia quando a transmissão é por via aérea. O
uso de materiais como o carpete pode diminuir significativamente a
transmissão de ruído de impacto.
39
Como já foi dito anteriormente, em aberturas, o ruído atravessa e trafega por
qualquer orifício, por menor que seja. Mais especificamente no caso de janela,
a espessura e o tipo dos vidros devem ser escolhidos em função do ruído
externo e do ambiente.
Para o caso da abertura ser porta, ocorre transmissão de ruído de áreas
externas. As portas devem ser mais espessas e vedadas para ambientes como
quartos e home theater. De maneira geral, em áreas nas quais se espera uma
privacidade maior, devem ser usadas portas mais espessas e pesadas. Alguns
ambientes exigem um cuidado maior, como casas de máquina, que demandam
portas acústicas.
4.2 - Como escolher o tipo de material
Para a escolha do material deve-se levar em conta se este será usado para
corrigir, reduzir ou eliminar ruídos. Os elementos empregados para reduzir a
transmissão sonora podem ser isolantes ou absorventes. Materiais isolantes
evitam que o ruído gerado em um ambiente passe para outro, podendo refletir
nos revestimentos e causar reverberação. E os materiais absorventes reduzem
a transmissão entre ambientes e a reflexão (LOTURCO, 2005).
Para recintos em que a especificação deve ser mais precisa, deve-se
considerar a taxa de ocupação e a forma do espaço. O corpo humano, por
exemplo, absorve muitos sons e ruídos, devendo-se considerá-lo como taxas
40
de ocupação flutuantes, podendo variar a taxa de absorção acústica média do
recinto (LOTURCO, 2005).
Na isolação sonora de paredes e divisórias, a resistência de cada material está
mais relacionada com a espessura do que com a densidade. Para densidades
menores, a rigidez é menor, assim como sua capacidade de deformação. Para
materiais mais densos, as espessuras podem ser menores. Placas
―sanduíches‖, com fibras minerais, lã de vidro ou de rocha, também
apresentam bons resultados acústicos. Os índices de isolação são
determinados pelo tipo de material usado como recheio do ―sanduíche‖ e
também pela espessura e tipo das placas.
Divisórias tipo piso-teto bloqueiam a transmissão sonora, sendo por isso, bons
isoladores sonoros. A isolação sonora da divisória protege este recinto dos
ruídos produzidos externamente. A grandeza física associada à isolação
sonora de um material é o índice de redução sonora, que caracteriza a
atenuação imposta pela divisória à transmissão sonora. Esta atenuação
depende da freqüência do som transmitido, para sons graves, ou seja, com
baixa freqüência, a transmissão é maior do que para sons agudos, com altas
freqüências (GODOY, 2006).
Quanto mais denso, maior tenderá a ser sua isolação sonora. Qualquer
abertura, por menor que seja, pode prejudicar este efeito, uma vez que sabe-se
que por onde o ar passa, passa também o som.
41
Para melhorar o desempenho de portas e esquadrias, essas apresentam o
interior preenchido por materiais fonoabsorvedores de alta densidade e
borrachas de vedação para aumentar a pressão de fechamento.
Escolha da estrutura
A estrutura deve ser feita com materiais diferentes, uma vez que as estruturas
heterogêneas são favoráveis a não propagação de ruídos. Porém, se a
estrutura tiver que ser homogênea, dever-se-á separar os elementos leves da
ossatura do prédio e construí-los de modo que não tenham freqüências de
ressonância. Para evitar a propagação de ruídos aéreos ou de impacto pela
estrutura, deve-se fazer tratamento acústico interno e isolar algumas partes da
estrutura.
Escolha das divisões
As divisões deverão ser escolhidas de maneira que o índice de redução
acústica fique entre 45 e 50dB. Quando se quer aumentar o índice de redução
acústica para valores acima de 50dB, deve-se construir parede dupla (com ou
sem material isolante entre elas).
As precauções a serem tomadas para utilização de paredes divisórias deverão
ser função da natureza e da concepção estrutural do edifício, bem como dos
revestimentos adotados. Para isolar as paredes divisórias das lajes, usa-se
materiais que evitam o engastamento das mesmas e impedem a formação de
42
curtos-circuitos ou passagem direta do som, da laje para a parede. Para isso,
usa-se o piso flutuante (SILVA, 2002).
Figura 4.1 – Imagem ilustrativa de piso flutuante, EPS, comercializados pela Abrapex. Fonte: Abrapex.
Segundo Silva (2002), os tipos de parede se definem como:
Paredes entre unidades independentes e áreas de circulação -
Recomenda-se a utilização de paredes com pelo menos duas camadas
de chapas de gesso em cada uma das faces. A estrutura pode ser
simples ou dupla. No caso de estrutura dupla, elas podem ser
independentes ou solidarizadas.
Paredes internas a uma mesma unidade - Recomenda-se a utilização
de paredes com pelo menos uma camada de chapa de gesso em cada
face.
Paredes incorporando vigas, pilares ou tubulações internas a uma
mesma unidade - Esta parede possui uma camada de chapa de gesso
em cada face. A sua espessura é variável em função dos elementos a
serem inseridos no interior da mesma.
contrapiso
piso
acabado
laje
EPS
43
Paredes de altas performances mecânicas - Esta parede possui pelo
menos duas camadas de chapa de gesso em cada face. A sua
espessura é variável.
Paredes de altas performances acústicas - Esta parede possui pelo
menos duas camadas de chapa de gesso em cada face. A sua
espessura é variável. As duas estruturas devem necessariamente ser
independentes e deve-se prever lã mineral para aumentar o isolamento
acústico.
Escolha de revestimentos
Segundo Silva (2002) este tipo de revestimento pode ser classificado em três
categorias:
Muito refletores: pinturas, mármores, todas as películas muito finas
aplicadas sobre a alvenaria; com coeficientes de absorção da ordem de
até 0,01. As placas de gesso tem coeficiente de absorção 0,05.
Ligeiramente absorventes: pintura fosca granulada, papel pintado
poroso, tapeçaria, lambris de madeira, etc., cujos coeficientes médios de
absorção são superiores a 0,1.
Muito absorventes: painéis perfurados (ou não) cobrindo colchão de lã
de vidro, lã mineral ou de rocha, produtos porosos, cujos coeficientes
médios de absorção podem ser superiores a 0,5. Para absorções
consideradas excelentes, o coeficiente deve estar entre 0,75 a 1. E para
materiais com absorções consideradas boas, os índices ficam entre 0,65
a 0,75.
44
Os revestimentos devem ser escolhidos de modo que a média dos coeficientes
de absorção para halls, corredores, caixas de escada, etc., não seja inferior a
0,15 e, para os compartimentos principais do prédio, que não seja inferior a
0,40 (o que corresponde a um tempo de reverberação de aproximadamente 1
segundo para uma sala de 4x4m.).
Para o revestimento da fachada em locais com índices de até 65dB(A), janelas
e paredes comuns são suficientes para isolar o ruído. Porém, para índices
maiores, superiores a 65 dB, deve-se ter uma precaução maior.
Os ruídos provenientes da rua dependem mais do local de origem, sendo
resultantes da conformação das ruas e da própria cidade como um todo.
Nestas condições, uma parede comum de fachada (de alvenaria, com
aproximadamente 15cm) isola em torno de 40 a 45dB(A). Se, afastarmos a
fonte ou abafando-a (implantando uma barreira vegetal espessa, por exemplo)
a sensação do ruído pode ser atenuada.
Porém, para andares mais altos das edificações, em que o abafamento
proporcionado pela vegetação não interfere, o ruído de uma fonte distante
incomoda mais. Para estas situações, as janelas deverão ser herméticas, com
vidro duplo, entre outros cuidados extras.
Segundo Silva (2002), o revestimento do piso deve ser considerado tanto
quanto ao seu coeficiente refletor, como no ponto de vista do isolamento,
principalmente para os ruídos de impacto.
45
No caso de estruturas homogêneas, os cuidados com o piso deverão ser muito
maiores que aqueles com as estruturas heterogêneas e a adoção de piso
flutuante é um imperativo (SILVA, 2002). Quando não há piso flutuante, o piso
sobreposto ao cimentado se torna muito sensível aos sons de impacto, o que
faz com que a transmissão do ruído por impacto seja integral. Uma solução
paliativa é o uso de carpete ou tapetes.
4.3 – Roteiro para projeto acústico
Segundo Silva (2002), o projeto acústico deve seguir um roteiro para qualquer
tipo de uso, conforme sugerido a seguir:
1. Observar e classificar os tipos de ruídos (nível de ruído nos diversos
pontos do terreno; mapear fontes de ruído existentes);
2. Objetivos do projeto (estabelecer o ruído médio admissível; fazer a
distribuição e determinar os diversos níveis de som; calcular os tempos
de reverberação; calcular o nível de rebaixamento do ruído interno;
calcular o isolamento acústico, desejável ou necessário; calcular o índice
de redução acústica;
3. Na etapa do lançamento do projeto (observar o isolamento do som;
prognósticos de tratamento acústico de superfícies; estudo das formas e
superfícies interiores);
4. Cálculos (transmissão dos sons; superfícies de absorção e
reverberação; tempo de reverberação; fator de isolamento acústico;
rebaixamento do nível de ruído);
46
5. Detalhes (estrutura; tetos e forros; divisões internas; aberturas; outros
elementos);
6. Cautela com as instalações especiais (condicionamento de ar e
ventilação; iluminação e instalações elétricas; hidráulico-sanitárias;
sistema de amplificação sonora; elevadores e escadas rolantes;
máquinas em geral.
4.4 – Tipologia por ambiente
Para cada tipo de uso, deve-se previamente fixar o seu nível médio de ruído
admissível. Os ecos devem ser eliminados e o tempo de reverberação deve ser
o adequado (SILVA, 2002).
Casas de máquina ou Equipamentos
Instrumentos, aparelhos e eletrodomésticos, não deverão ser ligados as
paredes, pisos ou divisões, estruturas, uma vez que transmitem vibrações
indesejáveis. A adoção de lençóis ou calços isoladores atenuam essas
vibrações.
Para o sistema de calefação e para as colunas de aquecimento deverão ser
instalados sobre suportes de borracha ou sobre molas amortecedoras,
devendo ser, sempre enclausurados.
Tubos e dutos deverão ser dotados de juntas flexíveis e possuir isolamento
absorvente interior, quando localizados em ambientes que requerem silêncio.
Motores e guinchos dos elevadores deverão ser dotados de bases
antivibratórias. Caixas de escada e elevadores devem ser revestidas materiais
47
absorventes, para dificultar a transmissão dos sons a distância, que geram
ecos palpitantes.
Auditórios
Nestes recintos, segundo Silva (2002), é necessária que o índice de articulação
seja considerada ótima, ou seja, superior a 90, segundo as normas
estabelecidas, deve-se ter alguns cuidados.
O teto deve ser com material refletor nas proximidades do palco e material
absorvente no fundo do auditório. A altura não deve ultrapassar 6 a 7m, o para
não aumentar o seu tempo de reverberação. O material do palco e suas
proximidades devem ser refletores como o teto, para que o som seja dirigido a
atinja todo o auditório.
As paredes laterais, não deverão ser paralelas ou apresentar ligeira
divergência, para se evitar reflexões nocivas. A parede de fundo não pode ser
côncava e deve ser revestida de material altamente absorvente para evitar
concentração de energia. As cadeiras deverão ser do tipo poltrona, estofadas,
para aumentar as superfícies de absorção.
As alas e passagens devem ser revestidas com tapetes comuns ou de
borracha ou outro material absorvente. Para barrar sons externos, os auditórios
devem possuir paredes simples (ou duplas) e lajes espessas e pesadas ou
isolamento especial.
48
Escolas
Os auditórios escolares devem ser projetados levando-se em conta sua
versatilidade. Como são ambientes ruidosos, os auditórios das escolas devem
ser feitos em locais mais tranqüilos, afastando-os sempre das ruas ou estradas
movimentadas e das quadras esportivas, em que o nível de ruído chega a 60-
70dB(A). Esses ruídos externos não só prejudicam a audibilidade das palavras
como desviam a atenção dos alunos.
Uma boa arborização que constitua barreiras entre os diversos prédios,
isolando-os é de grande efeito nestes casos. Cada tipo de local, dependendo
de seu uso, deve receber um tratamento característico e que lhe seja próprio.
Ambientes como salas de aula e laboratórios devem ser isolados dos ruídos
externos. Outros como galerias, halls ou os corredores não devem servir de
meios transmissores dos ruídos.
Um local que exige um cuidado especial nas escolas são as bibliotecas, além
das salas de música e os auditórios. Estes ambientes devem ser tranqüilos e
livres de ruídos externos.
Em ambientes destinados ao lazer, como quadras poliesportivas, apenas a
localização destes em um local afastado das áreas destinadas as salas de aula
já reduz significativamente o ruído.
Estabelecimentos comerciais
Por estarem em áreas comerciais, com excesso de tráfego e de pessoas nas
ruas, estes ambientes tem um grave problema que é reduzir o nível de ruído.
49
Dentro dos recintos a aglomeração de pessoas já é o suficiente para gerar um
ruído próprio. Para estes casos, o tratamento acústico não só reduz o nível
como elimina parte dos ruídos externos.
Outro inconveniente no que diz respeito a área como supermercado é com
relação ao tipo de construção, por requerem estruturas leves, resistentes e
econômicas, e geralmente se utiliza estruturas metálicas, cobertas com telhas
de cimento amianto. Porém, telhas de fibrocimento aquecem e irradiam grande
quantidade de energia calorífica para o ambiente, estas estão sendo banidas
da construção civil devido a sua nocividade ambiental. O isolamento das
coberturas de fibrocimento por materiais acústicos absorventes vem, também,
melhorar as condições internas de temperatura, pois, quase todos eles são, ate
certo ponto, bons isolantes térmicos (SILVA, 2002). Um novo tipo de telha,
telha dupla, tem sido amplamente utilizada em construções deste porte. Estas
são revestidas internamente com lã de vidro ou espuma rígida de poliuretano.
Residências
Quando as moradias estão situadas em zonas residências, geralmente, não se
faz necessário cuidados acústicos especiais. Exceto para ambientes
específicos como quartos de dormir, salas de música ou home teather.
Porém quando estes estiverem em zonas comerciais, como é o caso de hotéis,
os seus salões, suas salas de estar, os seus halls e os seus corredores devem
merecer um tratamento acústico conveniente. E suas lajes de piso devem ser
isoladas para que não haja transmissão dos ruídos de impacto, o piso flutuante
pode resolver este problema.
50
Templos Religiosos
Para qualquer tipo de igreja as precauções com os ecos, com as ressonâncias,
com as superfícies e com o isolamento do ruído externo devem ser
cuidadosamente observadas, a fim de que o projeto acústico se torne o mais
perfeito possível.
Em todas as igrejas, desde que sua área comporte um grande número de
pessoas, começam a aparecer problemas que impõem o seu tratamento
acústico. Para templos para mais de 10³ pessoas, o projeto acústico deverá ser
completado sempre com um sistema apropriado, eletroacústico, de
amplificação sonora.
Estúdios
Segundo Silva (2002) o projeto tem que ser o mais perfeito. O aparelhamento
de transmissão ou gravação exige baixos níveis de ruído local e sua
sensibilidade é tal que costuma captar e amplificar certos sons de freqüências
determinadas, presentes no recinto, causando serias perturbações nos
receptores ou nas fitas gravadas.
De um modo geral, podemos dizer que os projetos de estúdios devem prever
um tempo de reverberação ótimo para cada caso. Apresentar um nível de ruído
inferior a 30dB(A). Prover isolamento perfeito contra os ruídos externos e
contra as vibrações estranhas. Ter freqüência de transmissão uniforme e isenta
de ressonâncias ou interferências prejudiciais. E possibilitar boa difusão dos
sons.
Como se tem necessidade de variar os tempos de reverberação dos estúdios
empregam-se neles painéis móveis ou cilindros rotativos, revestidos de
51
materiais absorventes do som, que possibilitam a variação das superfícies de
absorção.
Para isolar os sons nos estúdios deve-se inicialmente, deve-se usar paredes
espessas e densas, muitas vezes é necessário o uso de paredes duplas, para
impedir tanto a entrada dos sons externos como a saída dos sons internos. Em
casos que só as paredes não é suficiente, é necessário ainda o emprego de
painéis isolantes formando camadas alternadas, de lã de vidro, com placas de
vários materiais rígidos e com espaços vazios, conhecida como ―sanduíches‖,
para que grande parte da energia sonora seja absorvida e não atravesse para
o outro lado.
As vibrações incômodas resultantes das tubulações hidráulico-sanitárias, dos
dutos de condução de ar e das máquinas devem ser totalmente eliminadas.
Para os sons de alta freqüência, o uso de painéis de materiais rijos,
convenientemente localizados, distribui satisfatoriamente os sons. Já para as
faixas de baixa freqüência, usam-se grandes superfícies convexas, ou
protuberâncias irregulares, como meio de difusão sonora (SILVA, 2002).
Hospitais
A primeira medida é a localização, que deve ser em um lugar tranqüilo. A
acústica nestes casos age como corretivo, uma vez que quase sempre se
situam em locais ruidosos. As medidas necessárias para o silêncio interno em
um hospital são aquelas como: tratamento acústico ou cuidados especiais nos
sistemas de ventilação ou condicionamento de ar, nas bombas, elevadores,
disciplina, entre outras (SILVA, 2002).
52
Os materiais empregados deverão assegurar boas condições de higiene,
segurança e limpeza. Não deverão permitir a proliferação de bactérias. Devem
ser incombustíveis e facilmente laváveis. Os pisos dos corredores e halls
deverão ser cobertos com passadeiras de borracha, sobre base flutuante, para
amortecer os ruídos dos passos, dos impactos de objetos ou do tráfego de
carrinhos de serviço.
Indústrias
O estudo acústico de uma indústria deve ser precedido de um minucioso
estudo de fontes de ruído e níveis sonoros vizinhos, uma vez que as indústrias
causam incômodo e também são incomodados por indústrias vizinhas. As
precauções devem ser consideradas com relação à penetração do ruído na
indústria, bem como contra a saída do seu próprio ruído para o exterior.
Há necessidade de reduzir-se o ruído interior e de eliminar-se certos barulhos
localizados, tanto sob o ponto de vista de higiene do trabalho como para
satisfação das exigências legais.
Segundo Silva (2002) considerando que o ruído industrial é nocivo a saúde do
operário e afeta sua produtividade, com graves inconvenientes para a
população vizinha, resultando num mal social de grande significação e que
esse mal tende a se agravar devido a crescente mecanização devemos ter os
seguintes cuidados:
No zoneamento industrial, deve-se considerar o fator ruído das
máquinas para proteger a população vizinha, amenizando o incômodo
gerado pelo excesso de ruído;
53
Deve-se admitir o nível máximo de ruído igual a 85dB(A) no interior do
estabelecimento;
Aplicação de revestimentos de materiais absorventes do som, para
reduzir o ruído aéreo; adoção de equipamento o mais silencioso
possível, acompanhado de boa manutenção, para reduzir o ruído na
fonte sonora.
54
Capítulo 5 – Metodologia
5.1 – Materiais selecionados
Para a escolha de um material acústico deve-se levar em conta se ele será
usado para corrigir, reduzir ou eliminar ruídos. Qualquer material, desde que
devidamente especificado pode atender a uma finalidade acústica. Para que
um material seja considerado acústico, os parâmetros de principal relevância
são: porosidade, tortuosidade e densidade. A porosidade é a característica de
um material conter poros. Esta característica é causada pela descontinuidade
da matéria, ou seja, pelos espaços existentes entre as partículas que formam
qualquer tipo de matéria. Esses espaços podem ser maiores ou menores,
tornando a matéria mais ou menos densa.
Estes parâmetros fazem com que a onda sonora seja dissipada (perca energia)
em seu interior, quanto mais poros houver, e quanto mais tortuoso estes forem,
mais permitirão a penetração e absorverão as ondas sonoras. Quanto mais
denso, mais isolante o material será. E quanto mais rígido, mais ele irá
transmitir.
Na execução do presente trabalho os seguintes materiais foram selecionados:
Espumas de poliuretano
Segundo Callister (2006) as espumas são materiais plásticos que contêm uma
porcentagem volumétrica relativamente alta de pequenos poros. Tanto os
55
materiais termoplásticos quanto os materiais termofixos podem ser usados
como espumas. O processo de espumação é conduzido pela incorporação em
uma batelada de material de um agente de insuflação, o qual, mediante
aquecimento, se decompõe com a liberação de um gás. As bolhas de gás são
geradas ao longo de toda a massa então fluida; com o resfriamento, essas
bolhas de gás permanecem no meio sob a forma de poros, dando origem a
uma estrutura tal qual a de uma esponja. O mesmo efeito é produzido pelo
borbulhamento de um gás inerte através de um material enquanto este se
encontra em estado fundido.
O poliuretano é um produto sólido, com textura de espuma e aparência entre
a cortiça e o poliestireno expandido (isopor). É um elastômero, composto por
repetições de monômeros de uretano, sendo obtido a partir da reação química
que ocorre entre o grupo isocianato, —NCO, e a hidroxila de álcoois, —OH, de
acordo com a seguinte equação (POLY-URETHANE, 2007):
—N=C=O + R—OH —NH—CO—OR
Os poliuretanos são formados pela utilização de isocianatos difuncionais ou
polifuncionais e poliálcoois (polióis) ou polímeros contendo grupos alcoólicos
terminais.
O poliuretano pode ser classificado como elastômero. Segundo Callister (2006)
esses materiais possuem a habilidade de sofrerem elevadas deformações e a
seguir retornarem elasticamente, tais como, molas, às suas dimensões
56
originais. Em um estado sem tensões, um elastômero será amorfo e composto
por cadeias moleculares que se encontram altamente torcidas, dobradas e
espiraladas. A deformação elástica, mediante a aplicação de carga de tração,
consiste simplesmente em se desenrolar, distorcer e retificar parcialmente a
cadeia, tendo como resultado o alongamento das cadeias na direção da
tensão. Com a liberação da tensão, as cadeias se enrolam novamente,
voltando às suas conformações antes da aplicação da tensão, e o objeto
macroscópico retorna a sua forma original.
Ainda segundo Callister (2006) os elastômeros são formados através de
ligações cruzadas, um processo conhecido como vulcanização, que é realizado
através de uma reação química irreversível, conduzida normalmente a uma
temperatura elevada. A magnitude do modulo de elasticidade é diretamente
proporcional a densidade das ligações cruzadas. Ou seja, para produzir uma
borracha capaz de ser submetida a grandes deformações sem rompimento das
ligações da cadeia principal, devem existir poucas ligações cruzadas, e estas
devem ser bastante separadas na cadeia.
Para a presente pesquisa foram utilizadas espumas de várias densidades e
espessuras. Densidade 33, de 1cm, 2cm e 5cm e 5cm pro de espessura.
Densidade 28, de 1,5cm, 3cm e 5cm de espessura. Densidade 28 de 5cm de
espessura e densidade 28 também de 5cm de espessura perfilada. Densidade
20, de 3cm de espessura. Densidade 23, de 2cm e 5cm de espessura. Essas
amostras foram compradas no comércio, e suas marcas são especificadas na
Tabela 5.1.
57
Tabela 5.1: Especificação das Espumas de Poliuretano
Densidade Espuma de PU
Espessura Marca Preço/m²*
D33
1cm Delsolo R$16,30
2cm Ortobom R$30,10
5cm Ortobom R$75,20
D28
1,5cm Ortobom R$15,75
3cm Ortobom R$49,10
5cm Ortobom R$63,80
5cm soft Ortoflex R$50,00
5cm perfilada Ortoflex R$50,00
D20 3cm Delsolo R$15,70
D23 2cm Delsolo R$16,43
5cm Delsolo R$24,65
* os preços citados acima foram atualizados em maio de 2008.
Poliestireno
O poliestireno é um polímero sintético orgânico, que pode ser fundido e
solidificado repetidas vezes sem modificação significativa nas propriedades
básicas. Trata-se de um polímero rígido e barato, bastante utilizado e perdendo
em popularidade apenas para o polietileno (CLARIANT, 2007).
Foram utilizadas as espessuras 1 e 5cm e um material conhecido
comercialmente por ―pluma de isopor‖. Estas também foram compradas no
comércio, da marca Isar.
Tabela 5.2: Especificação do Poliestireno
Espessura OS
Marca Preço por placa
1cm Isar R$1,00
5cm Isar R$4,00
Pluma de isopor Isar R$2,70
* os preços citados acima foram atualizados em maio de 2008.
58
Gesso
O gesso é uma substância, normalmente vendida sob a forma de um pó
branco, produzida a partir do mineral gipsita, sendo composto basicamente de
sulfato de cálcio hidratado. Quando a gipsita é esmagada e calcinada, ela
perde água, formando o gesso, através da reação:
2[CaSO4.2H2O] → 2[CaSO4.½H2O] + 3H2O
Misturado com água, ele endurece rapidamente, adquirindo forma definitiva
dentro de oito a doze minutos. Devido à sua facilidade em absorver água, o
gesso é considerado como isolador térmico, retira umidade do ar, quando esta
está elevada e a devolve, quando o ar está seco (SILVA, 2002).
Foi utilizado o gesso em pó da marca Globo, a R$2,50/kg (valor atualizado em
maio de 2008. E foram feitas amostras com o gesso puro e misturando-se o
gesso com isopor. Nas espessuras 1cm, 2,5 cm e 5cm.
Para verificar as propriedades acústicas, os materiais selecionados foram
ensaiados e seus resultados foram comparados com aqueles fornecidos por
produtos vendidos no mercado para uso específico.
Os materiais foram caracterizados por espectroscopia na região do
infravermelho, a fim de determinar a presença de grupos funcionais específicos
em sua estrutura química. O BET foi feito para avaliar a porosidade, importante
para definir o nível e absorção de cada material.
59
Medidas de impedância acústica também foram feitas, a fim de fazer um
estudo comparativo entre os diferentes materiais e identificar parâmetros que
permitam avaliar a potencialidade de aplicação dos mesmos no tratamento
acústico de recintos fechados.
60
5.2 – Métodos
Espectroscopia na Região do Infravermelho
Segundo Sperling (1992), a espectroscopia na região do infravermelho é
considerada uma técnica experimental importante para a identificação de
características estruturais poliméricas.
Figura 5.1 – Imagem do aparelho de FTIR.
A radiação denominada infravermelha corresponde à parte do espectro
eletromagnético situada entre a região do visível e das microondas. A interação
da fração infravermelha da radiação eletromagnética com um polímero resulta
na absorção de certos comprimentos de onda correspondentes a energia de
transição entre estes vários estados vibracionais-rotacionais dos grupos de
átomos presentes na amostra. Certos grupos funcionais produzem bandas de
absorção características, a despeito da composição do polímero (RAGHAVAN,
1995).
61
Os espectros foram obtidos em um espectrômetro FTIR-Nicolet, modelo Impact
410, com resolução de 4cm-1. A análise foi realizada no intervalo de 4000 a
650cm-1, média de 16 varreduras para todas as espumas acústicas (Figura
5.1).
BET
Todos os parâmetros relacionados a porosidade e superfície específica podem
ser determinados por um aparelho de BET, que utiliza o principio da adsorção
de um gás na superfície do sólido, através de técnica de BET desenvolvida por
Brunauer, Emmett e Teller (PENA, 2002).
Figura 5.2 – Imagem do aparelho de BET.
62
A Figura 5.2 ilustra o aparelho NOVA 1000, da Quantachrome, da UFOP. O
procedimento operacional do BET consiste primeiramente em se desgaseificar
uma massa conhecida da amostra, submetendo-a ao vácuo e sob uma
determinada temperatura, no caso 170°C, com o objetivo de se eliminar
possíveis contaminantes presentes. Em seguida se estabelecem valores
desejados de pressão relativa durante o ensaio e a amostra mantida a
temperatura de ebulição do nitrogênio líquido (77K ou -196°C), é submetida a
um pequeno fluxo de N2 gasoso. Atingida a pressão relativa estabelecida, o
volume de nitrogênio absorvido na superfície é registrado e armazenado em
disquete no aparelho [Quantachrome,1999]. Foram usados valores
progressivos de pressão relativa no intervalo de 0,05 a 0,98 (PENA, 2002).
Ainda segundo Pena (2002), o fenômeno da absorção de N2 é fortemente
dependente das propriedades físicas do sólido, em particular de sua estrutura
de poros. Assim, foram obtidas como resultado do ensaio nesse tipo de
aparelho, tabelas e gráficos com informações sobre área superficial específica,
volume total de poros, tamanho médio dos poros, distribuição de tamanhos de
poros, volume de microporos, isotermas de adsorção – dessorção, de cuja
forma se podem extrair informações sobre a forma de geométrica dos poros.
A Figura 5.3 mostra o picnômetro que é utilizado para medir a densidade de
cada amostra.
63
Figura 5.3 – Imagem do picnômetro.
Impedância Acústica
A impedância é uma função de transferência que relaciona um conjunto de
entradas a um conjunto de saídas e neste caso especifico, segundo Bistafa
(2006), as moléculas do ar, no movimento vibratório, deslocam-se da posição
de equilíbrio com uma velocidade chamada velocidade de partícula. Define-se
impedância acústica específica, como a razão entre a pressão sonora e a
velocidade das partículas. A impedância acústica específica depende do meio
de propagação e do tipo de onda presente (onda plana, esférica, etc.).
O método do tubo de impedância é usado para medir o coeficiente de absorção
de materiais com poros abertos. É um método eficaz para determinação rápida
e eficiente dos coeficientes de absorção sonora. O tubo tem geralmente seção
circular com paredes rígidas (EVEREST, 2000).
64
Figura 5.4 – Imagem do aparelho de Impedância Acústica. Fonte: BRUEL & KJAER, 2004.
Pr
Pi
amostra
onda plana
fonte
sonoraamplificador
microfone
Figura 5.5 – Esquema do funcionamento do tubo de impedância. Fonte: BRUEL & KJAER, 2004.
Para os ensaios de impedância foi utilizado o equipamento da marca Bruel &
Kjaer, modelo 4206 (Figura 5.4) do laboratório da empresa FIAT em Betim. No
método do tubo de impedância (Figura 5.5) inicialmente o material é cortado de
forma que se ajuste no porta amostra do tubo e o equipamento é então
calibrado. No tubo de impedância é gerado por onda acústica unidimensional
pela fonte sonora (alto-falante). Durante o processo de calibração, a freqüência
é obtida pelas variáveis dos dois microfones interligados e calculados a partir
do valor padrão. Quando a onda atinge a amostra, parte do som é refletido.
Sendo propagado de volta através do tubo e passa pelo microfone novamente.
65
Para se obter o resultado, é feito um cálculo a partir da leitura feita, com a
diferença entre os dois valores, dados pelos dois microfones, com o valor da
distância da amostra, e só então é possível saber se a onda é incidente ou
refletida. Uma parte do som que não é refletido atravessa a amostra.
Dependendo da amostra, a onda é mais ou menos atenuada. A parte do som
que não é absorvida pela amostra se propaga como onda plana pelo tubo,
passando novamente pelos dois microfones no tubo. Para amostras com
diâmetro 100mm é feita uma medida da banda de baixa freqüência. E para
amostras de diâmetros menores é feita uma medição de banda de alta
freqüência (com amostras de diâmetro menor 30mm) (Bruel & Kjaer, 2004).
66
Capítulo 6 – Resultados e Discussões
6.1– Espectroscopia na Região do Infravermelho
A espectroscopia na região do infravermelho permite identificar grupos
funcionais presentes nas moléculas, bem como identificar a presença de
impurezas e aditivos, ou a quantidade relativa de dois monômeros em um
sistema polimérico.
A análise por infravermelho foi utilizada neste trabalho para identificar a
estrutura química da espuma acústica de diferentes marcas e do gesso.
O espectro de infravermelho do gesso foi obtido em pastilha de KBr (Figura
6.1) e apresenta picos característicos do grupos sulfato entre 1080 a 1150 cm-1
(3) e também entre 580 e 670 cm-1 (4). A presença da hidroxila devido à água
de hidratação é observada na faixa entre 3100 a 3700 cm-1 (1) além de um pico
médio próximo a 1620 cm-1 (2).
O espectro de infravermelho é obtido pela passagem de radiação através da
amostra de interesse observando os comprimentos de ondas e as bandas de
absorção. Essas bandas são causadas pela absorção de radiações
eletromagnéticas e sua conversão é dada em movimentos moleculares
específicos. As amplitudes das bandas são expressas como transmitância ou
absorbância. A transmitância é definida como a razão entre a energia radiante
transmitida por uma amostra e a energia radiante que nela incide. A
absorbância é definida pelo logaritmo, na base 10, do recíproco da
67
transmitância. A análise desses espectros permite então, a identificação dos
grupos funcionais presentes no material analisado (SPERLING, 1992)
Figura 6.1: Espectro na região do infravermelho do gesso
Tabela 6.1: Principais bandas de absorção na região do infravermelho na amostra de gesso
Numero no
Espectro Amplitude da
banda Numero de onda
cm-1
Grupos de Absorção
Tipo de vibração
1 Forte 3100 a 3700 OH Estiramento
2 Médio 1620 OH Estiramento
3 Forte 1080 a 1150 SO4
2 – Deformação axial
4 Forte 580 a 670 SO4
2 – Deformação axial
Os espectros de infravermelho de duas amostras de poliuretano são mostrados
nas Figuras 6.2 e 6.3. Embora se trate de produtos comerciais e apesar de as
absorções estarem superpostas a ruídos, algumas atribuições podem ser
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000
10
20
30
40
50
1
3
4
2
%T
rans
mitâ
ncia
Número de onda (cm-1)
68
feitas. As bandas centradas em 3450 cm-1 (1) correspondem a vibrações de
estiramento da ligação –NH; em torno de 2960 cm-1 aparecem as bandas de
estiramento de grupos –CH2 (2); as bandas correspondentes ao estiramento do
grupo –NCO– aparecem próximo a 2270 cm-1 (3). Na região entre 1750-1400
cm-1 aparecem várias bandas que não são facilmente distinguíveis; entretanto
é razoável supor que a banda de estiramento da ligação –C=O, que ocorre em
torno de 1700 cm-1, seja uma delas (4). Essa região também é típica das
bandas de dobramento de ligação –N–C–O.
Figura 6.2: Espectro na região do infravermelho da espuma de poliuretano, amostra I.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50020
25
30
35
40
45
4
2
3
1% T
rans
mitâ
ncia
Número de Onda (cm-1)
69
Figura 6.3: Espectro na região do infravermelho da espuma de poliuretano, amostra II.
Tabela 6.2: Principais bandas de absorção na região do infravermelho nas amostras de espuma acústica
Numero no
Espectro Amplitude da
banda Numero de onda
cm-1
Grupos de Absorção
Tipo de vibração
1 Forte 3450 NH Estiramento
2 Forte 2960 CH2 Deformação axial
3 Forte 2270 NCO Deformação axial
4 Forte 1700 C=O ou NCO Estiramento
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50025
30
35
40
45
3 4
21
% T
rans
mitâ
ncia
Número de Onda (cm-1)
70
6.2 – BET
Tabela 6.3: BET das amostras
Características das amostras Parâmetros de porosidade
Identificação Transmissão Superf. Especif. (m²/g)
Vol. Total dos Poros
(cm³/g)
Vol.dos Microporos
(cm³/g)
Área dos Micropor
os (m²/g)
Diâmetro Médio dos
Poros (Å)
Tamanho Máx. Dos
Poros (Å)
Gesso 0,999951 4,658 0,01110 0,002083 5,897 95,32 1397,1
Pluma 0,993442 1,513 0,0007357 2,083 301,0 2143,0 2143,0
PU - D20 (esp. 3cm)
0,988325 3,397 0,01122 0,001401 3,968 697,4 5508,5
PU - D23 (esp. 2cm)
0,944179 3,325 0,007454 0,001304 3,693 61,96 7408,4
PU - D23 (esp. 5cm)
0,999445 8,364 0,01057 0,002710 7,672 50,54 0,0106
PU - D28-soft (esp. 5cm)
0,998760 5,338 0,01008 0,003942 11,16 75,54 7732,4
PU - D28 (esp. 5cm)
0,991117 1,783 0,01008 0,003942 11,16 75,54 7732,4
PU - D33 (esp. 1cm)
0,995395 3,315 0,006514 0,001304 3,693 61,96 8408,3
PU D33-Pró (esp. 5cm)
0,991571 1,905 0,003592 0,0008438 2,389 75,42 5699,6
Tabela 6.4: Densidade das amostras
Identificação Densidade g/cm³
Gesso 2,661
Pluma 0,488
PS (esp. 1cm) 0,679
PU - D20 (esp. 3cm) 0,798
PU - D23 (esp. 2cm) 0,825
PU - D23 (esp. 5cm) 0,834
PU - D28-soft (esp. 5cm) 0,784
PU - D28 (esp. 5cm) 0,804
PU - D33 (esp. 1cm) 0,815
PU- D33-Pró (esp. 5cm) 0,824
Os resultados obtidos nos ensaios BET (Tabela 6.3) forneceram dados de
grande relevância para a absorção acústica, como densidade e porosidade.
Entretanto pouco se pode concluir. O que pode se observar é que para se
melhorar o produto, tanto a porosidade quanto a densidade deve ser
71
aumentada. Ou seja, a absorção será melhor em materiais cuja densidade é
elevada do que em materiais com densidades baixas.
O mesmo para a porosidade, (Tabela 6.4) quanto mais poroso o material, mais
ele irá absorver, uma vez que a onda sonora penetra nos poros. Porém, se o
material tem a superfície lisa, ocorre reflexão e não absorção acústica. Os
poros reduzem a área da seção reta através da qual uma carga é aplicada, e
os poros atuam também como concentradores de tensão. Por estes motivos,
podemos dizer que a porosidade exerce um efeito negativo sobre a resistência
a flexão. Uma observação que também pode ser feita a partir da Tabela 6.4 é
que os produtos vendidos no mercado com densidades específicas não
representam corretamente suas densidades reais.
Porém, deve-se levar em conta que os poros reduzem a área da seção reta
através da qual uma carga é aplicada, e atuam também como concentradores
de tensão (CALLISTER, 2006). Por estes motivos, podemos dizer que a
porosidade exerce um efeito negativo sobre a resistência a flexão.
72
6.3 – Impedância Acústica
Figura 6.4 - Gráfico com resultados de impedância obtidos para diferentes amostras de PU D28.
A Figura 6.4 apresenta os resultados do ensaio de impedância obtido para
diferentes amostras de poliuretano de densidade 28. Observa-se que o
poliuretano de 5cm de espessura (representado no gráfico pela linha de cor
vermelha) e o de 3cm (no gráfico representado pela linha de cor verde)
apresentam resultados bem parecidos, com bons índices de absorção com
freqüências relativamente baixas (abaixo de 800Hz) tendo seu pico próximo de
1 (o máximo para coeficiente de absorção). Mantendo-se na faixa 0,8 a 0,97
para freqüências de até 7000Hz.
A amostra do poliuretano soft de espessura 5cm (representada no gráfico pela
linha de cor azul claro) é bem parecido com as citadas acima, porém,
deslocada para a direita, ou seja, ela demora um pouco mais para absorver. Só
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PU - D28 (5)
PU - D28 (3)
PU - D28 (1,5)
PU - D28 soft (5)
PU - D28 perf. (5)
Ab
sorç
ão
Frequência
73
quando a freqüência atinge 1500Hz é que o coeficiente de absorção fica
próximo de 0,9. Apresenta o maior índice de absorção na freqüência 4500Hz,
com valores superiores a 0,9.
Para o poliuretano de 1,5cm de espessura (representado no gráfico pela linha
de cor azul) ocorre também um deslocamento para a direita, e a absorção
chega em seu máximo, próximo a 1, na freqüência 4000Hz.
O poliuretano de 5cm perfilado (representado no gráfico pela linha de cor rosa)
tem seu pico entre 3000Hz e 3500Hz de freqüência a 0,9. E este logo decai
para pouco mais de 0,7 a uma freqüência de 6000Hz.
Figura 6.5 - Gráfico com resultados de impedância obtidos para diferentes amostras de PU D33.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PU - D33 pro (5)
PU - D33 (1)
PU - D33 (5)
PU - D33 (2)
Ab
sorç
ão
Frequência
74
A Figura 6.5 apresenta os resultados do ensaio de impedância obtido para
diferentes amostras de poliuretano de densidade 33. Observa-se que o
poliuretano de 5cm de espessura (representado no gráfico pela linha de cor
verde) e o pró (no gráfico, representado na linha de cor preta) e ainda o de 2cm
de espessura (cor azul, no gráfico) apresentam resultados bem próximos. A
amostra com 2cm de espessura (cor azul) absorve aproximadamente 0,8 na
freqüência de 1500Hz. Nessa mesma freqüência, a amostra com 5cm de
espessura (linha verde) apresenta um coeficiente próximo a 0,9, enquanto que
a amostra de 5cm de espessura pró (linha cor preta) aproxima-se do
coeficiente de absorção igual a 1,0.
Já a amostra com 1cm de espessura (representada no gráfico pela linha na cor
vermelha) apresentou um resultado diferente, uma vez que a essa mesma
freqüência (1500Hz) tem um coeficiente de absorção inferior a 0,2. E somente
quando a freqüência fica acima de 4000Hz é que os índices de absorção ficam
superiores a 0,6.
75
Figura 6.6 - Gráfico com resultados de impedância obtidos para diferentes amostras de
PU D23.
A Figura 6.6 apresenta os resultados do ensaio de impedância obtido para
diferentes amostras de poliuretano de densidade 23. Observa-se que o
poliuretano de 2cm de espessura (representado no gráfico pela linha de cor
vermelha) a uma freqüência de 1000Hz atinge um índice de absorção de 0,1.
Índice que aumenta para 0,2 a uma freqüência acima de 1500Hz. O poliuretano
de 5cm de espessura (representado no gráfico pela linha de cor preta) em uma
freqüência próxima a 1000Hz ela responde a índices próximos a 1, atingindo
0,8 em uma freqüência de 2500Hz.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PU - D23 (5)
PU - D23 (2)
Ab
sorç
ão
Frequência
76
Figura 6.7 - Gráfico com resultados de impedância obtidos para diferentes amostras de
PS.
A Figura 6.7 apresenta os resultados do ensaio de impedância obtido para
diferentes amostras de poliestireno. Somente o poliestireno com 5cm de
espessura (representada no gráfico pela linha de cor preta) forneceu resultados
significativos. Para esse material observa-se que a uma freqüência de 1200Hz
o índice de absorção é de 0,1, que aumenta a partir da freqüência 3000Hz,
com seu pico entre 4500 e 5000Hz atingindo um índice de absorção de
aproximadamente 0,95. E este decai rapidamente para 0,2 quando a
freqüência atinge 5000Hz.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PS (5)
Ab
sorç
ão
Frequência
77
Figura 6.8 - Gráfico do Thermatex.
A impedância relativa usada como referência nos testes para comparação foi o
material designado comercialmente como THERMATEX. A curva média do
material mostra que a uma freqüência superior a 125Hz ela apresenta um
índice superior a 0,3. Este aumento se torna constante e a uma freqüência de
1000Hz, quando atinge o índice de absorção 0,6.
Com base nos gráficos acima, podemos afirmar que, dentre as amostras
testadas, as que apresentaram um comportamento comparável ao da
THERMATEX a uma freqüência de 1000Hz, atingindo um coeficiente de
absorção 0,6 foram a amostra de poliuretano D28 soft com 5cm de espessura
(representada na Figura 6.4 pela linha de cor azul claro), com índice de
absorção de aproximadamente 0,72, a amostra D28 com 5cm de espessura
0 1000 2000 3000 4000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Thermatex
Absorç
ao
Frequência
78
(representada na figura 6.4, pela linha de cor vermelha) e a de 3cm de
espessura (Figura 6.4, representada pela linha de cor verde), ambas com
índices de absorção de aproximadamente 0,98. A Figura 6.5 mostra também
que as amostras de poliuretano da classe D33 com espessura 2cm (Figura 6.5,
linha de cor azul), 5cm (Figura 6.5, linha de cor verde) e 5cm pró (Figura 6.5,
linha de cor preta) atingiram índices próximos a 0,6, mesmo índice do produto
THERMATEX.
Já na Figura 6.6, em que amostras de poliuretano D23 são representadas, tem-
se que apenas a amostra com 5cm de espessura (representada na Figura 6.6
pela linha de cor preta) apresentou índice de absorção superior ao do
THERMATEX 0,98.
De modo geral, pode-se observar através das Figuras 6.4 a 6.6, para o
poliuretano, quanto mais denso, conforme esperado mais absorvente o material
será. Podemos observar também que quanto mais for a espessura do material,
mais ele irá absorver. De modo geral, para as amostras de poliuretano
avaliadas observa-se uma tendência melhora significativa do coeficiente de
absorção com o aumento da espessura.
Pela Figura 6.7, podemos observar que diferentemente do poliuretano que
responde ao ensaio de impedância com freqüências baixas, o poliestireno só
apresenta uma absorção relativa para freqüências acima de 4000Hz.
79
Finalmente, cabe acrescentar que existe um limite de ―saturação‖ para cada
material. A partir deste limite, o aumento da densidade não mais influenciará
nos resultados obtidos (BAUZER, 2007).
O Thermatex é um produto apropriado que atende tanto a características
térmicas quanto a características acústicas, enquanto que a presente análise
só faz referência a análise acústica, sem se ater as características térmicas ou
outras de outra natureza.
A análise no gesso não pode ser efetuada devido a restrições na operação do
aparelho de impedância acústica.
80
Capítulo 7 – Conclusões
A partir do estudo teórico do assunto, pode-se observar que fatores como
montagem, técnica construtiva e projeto influenciam decisivamente no
resultado final quando se quer avaliar o nível de absorção de um determinado
material. Isto reforça o conceito de que os projetos devem ser feitos por
pessoas especializadas e executados por mão-de-obra também especializada,
com técnicas indicadas para cada tipo de uso e de material.
A partir dos ensaios realizados, pode-se confirmar que a técnica de BET é uma
técnica satisfatória para se obter a porosidade, porque além de área externa
das partículas, ela engloba também a área interna e os microporos. E a partir
dai concluir que materiais porosos são bons absorvedores.
A densidade real, também obtida no ensaio de BET, uma vez que se encontra
associada a este método, é uma relação entre a massa e o volume. O aumento
da densidade melhora a absorção, o que pode ser observado em materiais
como o poliuretano.
Ao comparar-se as amostras selecionadas com o material vendido no mercado
THERMATEX, pode-se concluir com base nos gráficos apresentados que o
poliestireno (Capítulo 6, Figura 6.7) não é um bom isolante acústico. E ao
comparar-se o mesmo THERMATEX (Capítulo 6, Figura 6.8) as amostras de
poliuretano tem-se um custo beneficio satisfatório da espuma de poliuretano
D23, com 5cm de espessura (Capítulo 6, Figura 6.6, representada pela linha de
cor preta), uma vez, que esta apresentou o melhor resultado de porosidade e
81
também um bom desempenho no ensaio de impedância, e seu custo é baixo,
R$24,65/m² se comparado ao THERMATEX, cujo custo é de R$120,00/m².
Outros materiais que também apresentaram bom desempenho no ensaio de
impedância foram os poliuretanos D28 (Capítulo 6, Figura 6.4), com 5cm
(representada pela linha de cor vermelha) e 3cm de espessura (representada
pela linha de cor verde), cujos preços são respectivamente, R$63,80/m² e
R$49,10/m².
82
Capítulo 8 – Sugestões para Trabalhos Futuros
Efetuar um estudo comparativo dos principais materiais usados no tratamento
acústico, através da caracterização de suas propriedades térmicas e
mecânicas.
Estabelecer a viabilidade da utilização dos mesmos, com base nos custos de
produção e aplicação.
Avaliar até que ponto a densidade melhora a absorção, e o nível de saturação
para isso seria necessário um número maior de ensaios.
83
Capítulo 9 – Referências
ABRAPEX: banco de dados da Abrapex. Disponível em http://www.abrapex. com.br/31z12IsoAcuPF.html. Acesso em 10 de Março de 2008.
AIDAR, F. H. Conforto Acústico. Revista Techné n° 106. Janeiro de 2006. AKUSTIK: banco de dados da Akustic. Disponível em: www.akutisc.com.br. Acesso em: 05 Fev 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10.152: Níveis de Ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, dez 1987. 4p. _________.NBR 10.151: Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Rio de Janeiro, 2000. 7p. BAUZER, E. M. Notas de aula do curso de acústica ENG033. Belo Horizonte, 2007. BISTAFA, S. R.. Acústica aplicada ao controle de ruído. 1a ed, São Paulo: Edgard Blücher, 2006. 368p. BRUEL & KJAER. Tecnhical Documentation. Impedance/ Transmission. Loss Measurement Tube, 2004. CALLISTER, W. D.. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais: uma abordagem integrada. 2 a ed, Rio de Janeiro: LTC, 2006. CLARIANT: Banco de dados da Clariant S. A. Division CP Química de polímeros BU Emulsiones. Disponível em: www.todoquimica.com.br. Acesso em 09 Agosto 2007. COSTA, E. C. Acústica técnica. 1a ed., São Paulo: Edgard Blücher, 2003. 127p. EVEREST, F. A. The master handbook of acoustics. 4th ed., TAB Books, 2000. 615p. GODOY, M. Desempenho Acústico de Divisórias para Escritórios. Revista Techné n° 109. Março de 2006. ILBRUCK ACOUSTIC: Banco de dados da Ilbruck acoustic. Disponível em www.illbruck.com.br. Acesso em 19 Mar 2007. ISAR: Banco de dados da Isar - isolamentos térmicos. Disponível em: www.isar.com.br. Acesso em 19 Mar 2007. ISOVER: Banco de dados da Isover, Saint Gobains. Disponível em: www.isover.com.br. Acesso em 19 Mar 2007.
84
LAFARGE BRASIL: Banco de dados da Lafarge Brasil. Disponível em: www.gypsum.com.br. Acesso em 25 Mar 2007. LOTURCO, B. Barulho Domado. Revista Techné n° 96. Março de 2005 NEPOMUCENO, L. X. Acústica técnica. 1a ed, São Paulo: Etegil, 1968. 578p. PENA, E. Q. Caracterização dos Parâmetros Intrínsecos de Porosidade e de Superfície Específica de Pellet Feed de Minérios de Ferro do Quadrilátero Ferrífero Empregando o Método de Adsorção de Nitrogênio.78p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Materiais),Redemat, 2002. POLYURETHANE: Banco de dados da Poly-urethane. Disponível em: poly-urethane.com.br. Acesso em: 16 Abril 2007. RAGHAVAN, D. Characterization of biodegradable plastics. Polymers Plastics Tecnology Engeneer, London, 1995. ROCKFIBRAS: Banco de dados da Rockfibras: isolantes térmicos e acústicos. Disponível em: www.rockfibras.com.br. Acesso em 25 Mar 2007. SALES, U. C. Mapeamento dos problemas gerados na associação entre sistemas de vedação e estrutura metálica e caracterização acústica e vibratória de painéis de vedação. 249p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Ouro Preto, 2001. SILVA, Pérides. Acústica arquitetônica e condicionamento de ar. 4 ed. Belo Horizonte: Edital E. T. Ltda., 2002. SLAMA, J.G. O uso de materiais absorventes no controle do ruído industrial: possibilidades e limitações, Acústica e Vibrações, número 17. Julho de 2006. SPERLING, L.H. Introduction to phisical polymer science. Bethlrhem : Wiley Interscience Publication, 1992. 593p. TERMPERVIDROS: Banco de dados da Tempervidros. Disponível em www.tempervidrosdomario.com.br. Acesso em 16 Abril 2007. VIBRASOM: Banco de dados da Vibrasom: tecnologia acústica. Disponível em www.vibrasom.ind.br. Acesso em 25 Março 2007. ROCKFIBRAS: Banco de dados da Rockfibras: isolantes térmicos e acústicos. Disponível em: www.rockfibras.com.br. Acesso em 25 Mar 2007.
85
ANEXOS
ANEXO 1
Níveis de pressão sonora correspondentes às curvas de avaliação (NC)
Curva 63 Hz dB
125 Hz dB
250 Hz dB
500 Hz dB
1 KHz dB
2 KHz dB
4K Hz dB
8 K Hz dB
15 47 36 29 22 17 14 12 11
20 50 41 33 26 22 19 17 16
25 54 44 37 31 27 24 22 21
30 57 48 41 36 31 29 28 27
35 60 52 45 40 36 34 33 32
40 64 57 50 45 41 39 38 37
45 67 60 54 49 46 44 43 42
50 71 64 58 54 51 49 48 47
55 74 67 62 58 56 54 53 52
60 77 71 67 63 61 59 58 57
65 80 75 71 68 66 64 63 62
70 83 79 75 72 71 70 69 69
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10152:1987.
86
Curva de Avaliação de ruído (NC), NBR 10152/1987 da ABNT. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
87
ANEXO 2
Coeficiente de Absorção Sonora
Produto
Freqüência (Hz)
125 250 500 1000 2000 4000
Isosound 0,21 0,58 0,84 1,00 0,99 1,03
Fonte: SAINT-GOBAIN VIDROS S.A. - Divisão ISOVER - Certificado n.º 882.067 - IsoSound Glass Fabrics - IPT/SP
ANEXO 3
Coeficiente de Absorção Sonora
Produto Esp. (cm)
Freqüência (Hz)
125 250 500 1000 2000 4000
PSL – 32 5 0,16 0,52 0,82 0,92 0,94 0,96
PSL – 32 10 0,85 0,98 1,01 1,11 1,09 1,18
PSE – 64 5 0,16 0,66 1,00 1,05 1,02 1,04
PSE – 64 10 0,87 1,23 1,19 1,15 1,12 1,09
PSR – 80 5 0,14 0,68 1,00 1,04 0,96 1,00
PSR – 80 10 0,88 1,23 1,19 1,16 1,12 1,09
Fonte: Testes efetuados de acordo com as Normas ISO/R-354 e ASTM - C - 423 – 81. Fonte: Rockfibras.
ANEXO 4
Coeficiente de Absorção Sonora
Freqüência (Hz)
Produto 125 250 500 1000 2000 4000
20/35 0,06 0,10 0,21 0,38 0,55 0,81
27/35 0,09 0,14 0,31 0,62 0,91 0,94
35/35 0,11 0,21 0,48 0,71 0,86 0,94
42/75 0,10 0,23 0,50 0,77 0,99 0,96
50/75 0,13 0,34 0,72 0,94 0,90 0,97
66/75 0,15 0,45 0,69 0,95 0,94 0,98
75/125 0,23 0,68 0,98 1,04 0,97 0,99
Fonte: Ilbruck