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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TEOLOGIA DA VIDA RELIGIOSA CRISTOLOGIA JULHO DE 2013

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃOTEOLOGIA DA VIDA RELIGIOSA

CRISTOLOGIA

JULHO DE 2013

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CRISTOLOGIA

CONTEXTO A FORMAÇÃO NA VIDA RELIGIOSA

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CRISTOLOGIA – Um contexto

LG 44 – A Vida Religiosa é...A profissão dos conselhos evangélicos aparece assim como um sinal, que pode

e deve atrair eficazmente todos os membros da Igreja a corresponderem animosamente às exigências da vocação cristã.

E porque o Povo de Deus não tem na terra a sua cidade permanente, mas vai em demanda da futura, o estado religioso, tornando os seus seguidores mais livres das preocupações terrenas, manifesta também mais claramente a todos os fiéis os bens celestes, já presentes neste mundo; é assim testemunha da vida nova e eterna, adquirida com a redenção de Cristo, e preanuncia a ressurreição futura e a glória do reino celeste.

O mesmo estado religioso imita mais de perto, e perpetuamente representa na Igreja aquela forma de vida que o Filho de Deus assumiu ao entrar no mundo para cumprir a vontade do Pai, e por Ele foi proposta aos discípulos que O seguiam.

Finalmente, o estado religioso patenteia de modo especial a elevação do reino de Deus sobre tudo o que é terreno e as suas relações transcendentes; e revela aos homens a grandeza do poder de Cristo Rei e a potência infinita com que o Espírito Santo maravilhosamente atua na Igreja.

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CRISTOLOGIA – Um contexto

LG 44 – A Vida Religiosa é...A profissão dos conselhos evangélicos aparece assim como um sinal, que

pode e deve atrair eficazmente todos os membros da Igreja a corresponderem animosamente às exigências da vocação cristã.

E porque o Povo de Deus não tem na terra a sua cidade permanente, mas vai em demanda da futura, o estado religioso, tornando os seus seguidores mais livres das preocupações terrenas, manifesta também mais claramente a todos os fiéis os bens celestes, já presentes neste mundo; é assim testemunha da vida nova e eterna, adquirida com a redenção de Cristo, e preanuncia a ressurreição futura e a glória do reino celeste.

O mesmo estado religioso imita mais de perto, e perpetuamente representa na Igreja aquela forma de vida que o Filho de Deus assumiu ao entrar no mundo para cumprir a vontade do Pai, e por Ele foi proposta aos discípulos que O seguiam.

Finalmente, o estado religioso patenteia de modo especial a elevação do reino de Deus sobre tudo o que é terreno e as suas relações transcendentes; e revela aos homens a grandeza do poder de Cristo Rei e a potência infinita com que o Espírito Santo maravilhosamente atua na Igreja.

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CRISTOLOGIA – Um contexto

Vita Consecrata, 1 A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de

Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus — virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente «visibilidade» no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus.

Ao longo dos séculos, nunca faltaram homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, escolheram este caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele de coração « indiviso » (cf. 1 Cor 7,34). Também eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos. Contribuíram assim para manifestar o mistério e a missão da Igreja, graças aos múltiplos carismas de vida espiritual e apostólica que o Espírito Santo lhes distribuía, e deste modo concorreram também para renovar a sociedade.

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CRISTOLOGIA – Um contexto

Vita Consecrata, 1 A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de

Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus — virgem, pobre e obediente — adquirem uma típica e permanente « visibilidade » no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus.

Ao longo dos séculos, nunca faltaram homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, escolheram este caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele de coração « indiviso » (cf. 1 Cor 7,34). Também eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos. Contribuíram assim para manifestar o mistério e a missão da Igreja, graças aos múltiplos carismas de vida espiritual e apostólica que o Espírito Santo lhes distribuía, e deste modo concorreram também para renovar a sociedade.

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CRISTOLOGIA

UM OBJETO JESUS DE NAZARÉ, O CRISTO DE DEUS

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CRISTOLOGIA – Um objetoJesus Cristo

Jesus + CristoHomem + Salvador

Plenamente Humano + Plenamente Divino

Verdadeiro humano + verdadeiro Deus

Humano verdadeiro + Deus verdadeiro

União sem confusão + distinção sem separaçãoVanildo Luiz Zugno - www.zugno.blogspot.com

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CRISTOLOGIA – Um objeto

Dizer que Jesus é o Cristo significa... Superação da Teologia judaica: “ninguém jamais viu a

Deus” (cf. 1Jo 4) Superação da Metafísica Grega: o Ser-é e o não-ser-

também-é (Parmênides) Deus é e o ser humano também é

Superação do dilema religioso da modernidade: ou Deus ou o humano (para que o ser humano possa ser autênticamente humano precisa negar a possibilidade

da existência de Deus) Superação da compreensão da religião/d@ religios@

como aquele que, para aproximar-se de Deus, necessita afastar-se do humano

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CRISTOLOGIA – Um objeto

Dizer que Jesus é o Cristo significa... Colocar-se a questão: Como afirmar que o

Verbo de Deus se fez/faz humano e que o humano se fez/faz/fará divino?

Encarnação (kénosis) e divinização (théiosis) “O que não foi assumido não foi redimido”

Em Jesus Em cada pessoa humana Em cada religioso e em cada religiosa Nas estruturas da VR

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CRISTOLOGIA – Um objeto

Gaudium et Spes, 22 Na realidade, o mistério do homem só no mistério do

Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. (...) «Imagem de Deus invisível» (Col. 1,15), Ele é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, n'Ele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada à sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado.

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CRISTOLOGIA – Um objetoLumen Gentium 46 Procurem os religiosos com empenho que, por seu intermédio, a

Igreja revele cada vez mais Cristo aos fiéis e infiéis, Cristo orando sobre o monte, anunciando às multidões o reino de Deus, curando os doentes e feridos, trazendo os pecadores à conversão, abençoando as criancinhas e fazendo bem a todos, obediente em tudo à vontade do Pai que O enviou.

Finalmente, tenham todos presente que a profissão dos conselhos evangélicos, ainda que importa a renúncia a bens de grande valor, não se opõe, contudo, ao verdadeiro desenvolvimento da pessoa humana, más antes a favorece grandemente. (...) Nem se pense que os religiosos, pela sua consagração, se tornam estranhos aos homens ou inúteis para a cidade terrena. Pois, mesmo quando não prestam uma ajuda direta aos seus contemporâneos, têm-nos sempre presentes dum modo mais profundo, no amor de Cristo, e colaborara espiritualmente com eles, a fim de que a construção da cidade terrena se funde sempre no Senhor e para Ele se oriente, não seja que trabalhem em vão os que edificam a casa. Vanildo Luiz Zugno - www.zugno.blogspot.com

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CRISTOLOGIA – Um objeto

Medellín, 12,3 Isto quer dizer, de uma parte, que o religioso deve encarnar-se no mundo

real, e hoje com maior audácia que em outros tempos: não podendo alhear-se dos problemas sociais, do sentido democrático, da mentalidade pluralista etc., dos homens que vivem a seu lado. E assim, nas circunstâncias concretas da América Latina (nações em via de desenvolvimento, com escassez de sacerdotes etc.), exigem dos religiosos uma especial disponibilidade, segundo seu próprio carisma, para inserirem-se nas linhas de uma pastoral efetiva. Por outra parte, em meio a um mundo que marcha para a secularização e o esfriamento da fé e da caridade, o religioso deve ser o sinal de que o Povo de Deus não tem uma cidadania permanente neste mundo, mas que busca a futura mediante o estado religioso «que deixa seus seguidores mais livres dos cuidados terrenos, manifesta melhor aos fiéis os bens celestiais - já presentes nesta vida - e, sobretudo, dá um testemunho da vida nova e eterna conquistada pela redenção do Cristo, prenuncia a ressurreição futura e a glória do reino celestial» (LG 44) . Ou, conforme expressa a Lumem Gentium em outra passagem: «Os religiosos, por seu estado, dão claro e exímio testemunho de que o mundo não pode ser transfigurado nem oferecido a Deus sem o espírito das bem-aventuranças».

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CRISTOLOGIA

UM MÉTODO EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO

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CRISTOLOGIA – Um método“E vós, quem dizeis que eu sou?” Mt 16,15

As muitas fontes de acesso a Jesus:

a) A fé da Igreja/koinonia: sensus fidelium (aquilo em que nós acreditamos) (At 2,22-24)

b) A liturgia: damos graças a Deus por aquilo que experimentamos em e com Jesus (Rm 1,8)

c) O kerygma: aquilo que ouvimos, nós anunciamos (1Jo1,2-5)

d) A Escritura: O anúncio feito tradição escrita (Hb 1,1)

e) O dogma: o jeito consensuado de dizer em que acreditamos

f) O Magistério: o consenso guardado para que neles todos se reconheçam

g) A Teologia: dizer de novo o já conhecido para que possa ser novamente compreendido

h) A Arte: expressão estética da experiência de vida nova em Jesus Cristo

i) As outras ciências ajudam a entender quem é Jesus a quem chamamos de CristoVanildo Luiz Zugno - www.zugno.blogspot.com

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CRISTOLOGIA – Um método

“Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6,68)

É preciso voltar a Jesus...A busca do Jesus histórico se torna central na

Cristologia...As várias fases da busca do Jesus histórico:a) A Old Questb) A New Questc) A Thirth Questd) O Jesus Histórico na Teologia Latinoamericana

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CRISTOLOGIA – Um método

As três fases do estudo histórico de Jesus no séc. XX A primeira fase está vinculada à obra de A. Schweitzer

(Investigação sobre a vida de Jesus) de 1906 onde mostra que os grandes humanistas do séc. XIX haviam projetado sobre Jesus seus pressupostos culturais, sociais e religiosos ignorando o caráter apocalíptico e contracultural de sua mensagem. O Jesus profeta escatológico havia sido transformado em “bom burguês”...

Sua conclusão é de que o conhecimento da vida de Jesus, tal qual ela teria sido, além de impossível, é inútil, pois, o que interessa não é o Jesus histórico, mas o Cristo da fé.

Na sequência de Schweitzer, a maioria dos exegetas, sobretudo no campo protestante (p. ex., Bultmann) renunciaram a qualquer tentativa de escrever a história de Jesus.

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CRISTOLOGIA – Um métodoAs três fases do estudo histórico de Jesus no séc. XX A segunda fase se inicia na metade do séc. XX com um

trabalho de E. Käsemann (O problema do Jesus Histórico, original de 1953) onde demonstrava a necessidade teológica e a possibilidade histórica de abordar com imparcialidade os fatos da vida e da mensagem de Jesus.

A partir desta obra fora escritas outras de tipo histórico: Jesus de Nazaré (1956), de G. Bornkamm Jesus, o homem de Nazaré e seu tempo (1969), de H.

Braun Jesus, o Judeu (1973) e A religião de Jesus, o judeu , de G.

Vermes Todas elas têm em comum o fato de tentar compreender a

pessoa de Jesus a partir do contexto religioso judaico

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CRISTOLOGIA – Um métodoAs três fases do estudo histórico de

Jesus no séc. XX A terceira fase surgiu a partir dos anos

setenta, se consolidou com os oitenta e continua em plena produção, especialmente por autores norteamericanos.

Os descobrimentos do entorno judeu, os textos de Flávio Josefo e do rabinismo antigo, os novos métodos literários e o estudo mais preciso da história e da antropologia cultural permitem situar e entender melhor a vida de Jesus.Vanildo Luiz Zugno - www.zugno.blogspot.com

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CRISTOLOGIA – Um método

As três fases do estudo histórico de Jesus no séc. XXPrincipais representantes da terceira fase: E. P. Sanders, Jesus e o judaísmo (1985) apresenta a Jesus como

um profeta escatológico, testemunha da gratuidade de Deus e mensageiro de um Reino que se abre para Israel (os 12) e todos os povos;

J. D. Crossan, Jessus. A vida de um camponês judeu (1991) e Jesus: uma biografia revolucionária (1996) que apresenta a Jesus como um sábio e carismático ambulante, amigo da mesa compartilhada (comensalidade aberta) e testemunha da gratuidade divina;

J. P. Meier, Um judeu marginal (1991ss) reelabora toda a investigação sobre o tema e mostra a Jesus como um pretendente ao messianismo, mestre sábio e carismático assassinado;

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CRISTOLOGIA – Um método

As três fases do estudo histórico de Jesus no séc. XXPrincipais representantes da terceira fase: R. E. Brown, A morte do Messias I-II (1994 ss) recolhe e avalia os

temas do conflito de Jesus com seu entorno valorizando sua morte a partir da ação e mensagem;

G. Theissen e A. Merz, O Jesus histórico (1996) que oferece o melhor estudo de conjunto sobre o marco social da mensagem e da vida de Jesus, profeta e carismático, mestre e poeta.

J. D. G. Dunn, Jesus e o Espírito Santo (1975) e A chamada de Jesus Histórico (1992) acentua os aspectos carismático-pneumatológicos de Jesus e da Igreja;

J. Gnilka, Jesus de Nazaré; História e mensagem (1993), se situa na linha da crítica histórico-literária;

E. Schüssler Fiorenza, Cristologia feminista crítica (2001) e Em Memória dela (1989) estuda Jesus na vertente feminista.

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CRISTOLOGIA – Um método

Ler:GIBELLINI, Rosino. A Teologia do século

XX. São Paulo: Loyola, 1998. P. 45-46 e 363-368

MEIER, John Paul. Um judeu marginal. Repensando o Jesus histórico. 2 ed. Rio de Janeiro: Imago, 1992. Vol. I: As raízes do problema da pessoa de Jesus. Pp. 199-200

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CRISTOLOGIA – Um método

O Jesus histórico na Cristologia latinoamericana:“O mais histórico de Jesus histórico é sua prática,

isto é, sua atividade para operar ativamente sobre sua realidade circundante e transformá-la numa direção determinada e buscada, na direção do Reino de Deus. É a prática que em seu tempo desencadeou história e que chegou até nós como história desencadeadora. Histórico é aqui – como afirma Moltmann da ressurreição de Cristo – o que desencadeia a história.” SOBRINO, 1985, p. 103)

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CRISTOLOGIA – Um método

O Jesus histórico na Cristologia latinoamericana:

Ler: SOBRINO, Jon. Jesus o libertador I. A história de Jesus de Nazaré. 2ed. Petrópolis: Vozes, 1996. Pp. 82-90

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CRISTOLOGIA

UMA CHAVE DE LEITURA: O SEGUIMENTO

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Perfecta CaritatisPrincípios gerais para a sua renovação 2. A conveniente renovação da vida religiosa compreende

não só um contínuo regresso às fontes de toda a vida cristã e à genuína inspiração dos Institutos mas também a sua adaptação às novas condições dos tempos.

Esta renovação, sob o impulso do Espírito Santo e a orientação da Igreja, deve promover-se segundo os princípios seguintes:

a) Dado que a vida religiosa tem por última norma o seguimento de Cristo proposto no Evangelho, deve ser esta a regra suprema de todos os Institutos.

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Naquela época ali viveu Jesus, um homem sábio... Pois ele era capaz de proezas surpreendentes e ensinava as pessoas a aceitarem a verdade com alegria. Ele conseguiu converter muitos judeus e muitos gregos... Quando Pilatos, ao saber que ele havia sido acusado pelos homens mais influentes dentre nós, condenou-o à crucificação, aqueles que o amavam em primeiro lugar não desistiram de sua afeição por ele... E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não desapareceu até hoje. (Josefo, Antiguidades Judaicas 18.63)

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Cristo, o iniciador do nome, foi condenado à morte no reinado de Tibério, por sentença do procurador Pôncio Pilatos, e a perniciosa superstição foi reprimida naquele momento, para depois surgir mais uma vez, não apenas na Judéia, a pátria da doença, mas na própria capital, onde todas as coisas horríveis ou vergonhosas do mundo se juntam e encontram eco. (Tácito, Anais 15.44).

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Seguimento: uma categoria fundamental para compreender a relação do cristão com Deus:

Quando os evangelhos contam a primeira relação séria e profunda que Jesus estabelece com determinadas pessoas, expressam essa relação mediante a metáfora do seguimento:

a) Os primeiros discípulos junto ao lago (Mt 4,20.22 e par)b) A vocação de Levi (Mt 9,9 e par)c) O episódio do jovem rico (Mt 19,21 e par)d) A versão que dá o Evangelho de João dos primeiros crentes (Jo

1,37.38.40.43)e) Pessoas que não quiseram ficar com Jesus (Mt 8,19.22 e par; Lc

9, 59.61)Em todos estes casos, o termo técnico que é utilizado para

expressar o que está em jogo – a relação com Jesus – é a metáfora do seguimento.

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

nos Evangelhos, a chamada de Jesus segue sempre um esquema fixo e uniforme:

a) Jesus passa (Mc 1,16.19; 2,14)b) Vê a alguém (Mc 1,16.19; Jo 1,47)c) Identifica a atividade profissional dessa pessoa (Mc

1,16.19;2,14;Lc 5,2);d) A chamada (Mc 1,17-20;2,14; Jo 1,37)e) O “deixar tudo” (Mc 1,18.20; não aparece em Mc 2,14; mas

sim em Lc 5,11.28)f) A pessoa chamada segue a Jesus (Mc 1,18.20;2,14;Lc 5,11) Os relatos evangélicos de vocação desembocam sempre no

mesmo final: o seguimento, que é a formulação prática e concreta da relação que, a partir de então, a pessoa estabelece com Jesus.

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

“E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.” (Mc 8,34; Mt 16,24;Lc 9,23. Cf. Mt 10,38; Lc 14,27)

O chamado ao seguimento é dirigido aos discípulos

O chamado é dirigido às multidões...O seguimento não é um privilégio para alguns,

mas condição para todo aquele que quer ser cristão!

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Seguimento X imitação O verbo seguir/akolouzein aparece 90 vezes no Novo

Testamento: Mt: 25 vezes Mc: 18 vezes Lc: 17 vezes Jo: 19 vezes At: 4 vezes Pe: 1 vez Ap: 6 vezes Seguir é uma palavra tipicamente evangélica Seguir é uma palavra que caracteriza exclusivamente a

relação com Jesus

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Seguimento X imitação O verbo imitar/mimeomai não aparece

nenhuma vez nos Evangelhos Nos demais escritos do NT apenas duas

vezes se fala da imitação de Cristo (1Cor 11,1; 1Tes 1,16)

E uma vez da imitação de Deus (Ef 5,1) No NT, a idéia de imitação, referida a Cristo

ou a Deus, é infrequente e rara e está completamente ausente dos evangelhos...

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Seguimento X imitação a relação fundamental que se estabelece

entre o cristão e Jesus se coloca, nos evangelhos, a partir da idéia do seguimento, enquanto que a idéia de imitação deles está ausente;

A espiritualidade tradicional quase sempre fala de imitação e poucas vezes de seguimento (p. ex, as Imitação de Cristo);

Serão imitação e seguimento a mesma coisa?

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

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IMITAÇÃO SEGUIMENTO

Copiar um modelo Assumir um destino

Um modelo imóvel, estático e fixo Supõe sempre a presença de um agente principal que se move e avança, de tal modo que, pelo

fato deste deslocamento, haver a necessidade do seguimento

Não há a idéia de ação, atividade ou tarefa a realizar – tudo já está

dado

Implica ação, atividade ou tarefa a realizar, pois aquilo que foi feito

necessita ser completado

O sujeito do seguimento se orienta em direção ao modelo

para retornar sobre si mesmo e fazer em si aquilo que o outro é

O sujeito do seguimento sai de si mesmo e se entrega totalmente em função de um objetivo que

está fora de si

O centro de interesse está em si mesmo

O centro de interesse está situado no objetivo que se

persegue

O “espelho” como paradigma O “caminho” como paradigma

A vaidade como virtude suprema A missão como virtude suprema

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura“Segundo a concepção imitativa [dos votos] o valor dos votos

consiste em reproduzir diretamente certas virtudes e atitudes de Jesus. A intenção desta concepção é evidentemente boa e cristã. Mas seus pressupostos não são de todo corretos. Em primeiro lugar porque, embora o celibato de Jesus apareça claro, sua obediência e pobreza não são, sem mais, as que se refletem nos votos. Jesus foi pobre e obediente, mas os mecanismos para isso não foram os da vida religiosa. Jesus não teve um superior nem teve determinações jurídicas para possuir as coisas. Além disso, já é sabido que Jesus não chamou à sua imitação, mas a seu seguimento. Nisto está implícito agir como Jesus, isto é, imitá-lo. Mas não se pode adequar. Segundo a concepção imitativa também se poderia fazer voto de itinerar, de pregar em parábolas, de lutar contra os poderosos, etc. portanto, sem negar a boa intenção desta concepção, é preciso sublinhar que os votos não deveriam ser um caminho de imitação, mas de seguimento de Jesus. E esta distinção é tanto mais necessária pelo fato de que na história das ordens religiosas, quando desaparece o primeiro entusiasmo, não é raro que se use a imitação através dos votos, para não “imitar” outros aspectos fundamentais da vida de Jesus.” (SOBRINO, 1982, p. 316).

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

“...existe o que se pode chamar concepção apostólica dos votos, isto é, um exercício daquelas áreas da vida moldada pelos votos, pelo reino de Deus. Os votos são estruturas históricas para viver o seguimento de Jesus. O fato de serem pelo Reino de Deus implica tanto que neste reino está a justificação última do ‘anormal’ dos votos, como e sobretudo na construção do reino se verificará se os votos são meios adequados ou não de vida cristã.”

(...)

O conteúdo a realizar através dos votos não é outra coisa senão o seguimento de Jesus. Esta é a norma absoluta de todo cristão e também do religioso. Isto é o que se verifica, além de toda sacralização precipitada e ideologizada, o valor cristão dos votos.” (SOBRINO, 1982, p. 317-319).

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CRISTOLOGIA – Uma chave de leitura

Ler: SOBRINO, Jon. A fé em Jesus Cristo. Ensaio a partir das vítimas. Petrópolis: Vozes, 2000. Pp. 477-478

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Cristologia – exercício de leitura

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Mt 4,18-25; Mc 1,16-20; Lc 5,1-11; Jo 1,35-51 chamado aos pescadores

Mt, 4,25; Mt 8,1-4; Mc 3,7; Mc 4,1-20; Lc, 7,1-10; Jo 6,1-4 as multidões Mt 9, 9-13; Mc 2,13-27; Lc 5,27-31 levi/Mateus Mt 19, 16-22; Mc 10, 17-22; Lc 18, 18-23 o jovem rico Mt 20, 29-34; Lc 18, 35-43; Mc 10, 46-52 a multidão e os cegos de

jericó Mt 27,55-56; Mc 15,41; Lc 23, 26-32; Lc 23,49 as mulheres Mc 9, 38-40; Lc 9, 49-50 os que não seguem a Jesus Mt 8, 18-22; Lc 9, 57-62 a radicalidade do seguimento Mt 10, 17-39; Mt 16, 24-36; Lc 23,26 ruptura e conflitividade Mt 19, 27-30; Mc 10,28-31; Lc 18, 28-30 a recompensa dos seguidores Mc 10, 32-34 o medo dos que seguem Jesus Jo 8, 12; Jo 10, 4-27 seguir a luz; seguir o bom pastor

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15 de abril de 2023

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Cristologia – exercício de leitura

Vanildo Luiz Zugno - www.zugno.blogspot.com

Onde Jesus chama para o seguimento? Quando Jesus chama para o

seguimento? A quem Jesus chama para o seguimento? Como Jesus chama para o seguimento? Quais as condições que Jesus apresenta

para o seguimento? Para que Jesus chama ao seguimento?