Crise econômica de 2008

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Crise econmica de 2008-2012

A crise econmica de 2008-2012, tambm chamada de Grande Recesso,[1] um desdobramento da crise financeira internacional precipitada pela falncia do tradicional banco de investimento estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito domin, outras grandes instituies financeiras quebraram, no processo tambm conhecido como "crise dos subprimes".

Alguns economistas, no entanto, consideram que a crise dos subprimes tem sua causa primeira no estouro da "bolha da Internet" (em ingls, dot-com bubble), em 2001, quando o ndice Nasdaq (que mede a variao de preo das aes de empresas de informtica e telecomunicaes) despencou.[2]

De todo modo, a quebra do Lehman Brothers foi seguida, no espao de poucos dias, pela falncia tcnica da maior empresa seguradora dos Estados Unidos da Amrica, a American International Group (AIG). O governo norte-americano, que se recusara a oferecer garantias para que o banco ingls Barclays adquirisse o controle do cambaleante Lehman Brothers,[3] alarmado com o efeito sistmico que a falncia dessa tradicional e poderosa instituio financeira - abandonada s "solues de mercado" - provocou nos mercados financeiros mundiais, resolveu, em vinte e quatro horas, injetar oitenta e cinco bilhes de dlares de dinheiro pblico na AIG para salvar suas operaes. Mas, em poucas semanas, a crise norte-americana j atravessava o Atlntico: a Islndia estatizou o segundo maior banco do pas, que passava por srias dificuldades.[4]

As mais importantes instituies financeiras do mundo, Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Sua; Socit Gnrale, na Frana declararam ter tido perdas colossais em seus balanos, o que agravou ainda mais o clima de desconfiana, que se generalizou. No Brasil, as empresas Sadia,[5] Aracruz Celulose[6] e Votorantim[7] anunciaram perdas bilionrias.

Para evitar colapso, o governo norte-americano reestatizou as agncias de crdito imobilirio Fannie Mae e Freddie Mac, privatizadas em 1968,[8] que agora ficaro sob o controle do governo por tempo indeterminado.

Em outubro de 2008, a Alemanha, a Frana, a ustria, os Pases Baixos e a Itlia anunciaram pacotes que somam 1,17 trilho de euros (US$ 1,58 trilho /R$ 2,76 trilhes) em ajuda ao seus sistemas financeiros. O PIB da Zona do Euro teve uma queda de 1,5% no quarto trimestre de 2008, em relao ao trimestre anterior, a maior contrao da histria da economia da zona.[9]

ndice [esconder] 1 Histria 1.1 Origem 1.2 A superexpanso (super-boom) de 60 anos 1.3 Riscos e poderes regulatrios 1.4 Crise do subprime

2 O socorro governamental 3 Consequncias 3.1 Mundo 3.2 Brasil

4 Anlises e prognsticos 5 Crise das dvidas soberanas

6 Ver tambm 7 Referncias 8 Ligaes externas

[editar] Histria

Segundo George Soros, presidente do conselho da Soros Fund Management, a crise atual foi precipitada por uma "bolha" no mercado de residncias e, em certos aspectos, muito similar s crises que ocorreram desde a Segunda Guerra Mundial, em intervalos de quatro a 10 anos. Entretanto, Soros faz uma importante distino entre essa crise e as anteriores, considerando a crise atual como o clmax de uma superexpanso ("super-boom") que ocorreu nos ltimos 60 anos. Segundo Soros, os processos de expanso-contrao ("boom-bust") giram ao redor do crdito, e envolvem uma concepo errnea, que consiste na incapacidade de se reconhecer a conexo circular reflexiva entre o desejo de emprestar e o valor das garantias colaterais. Crdito fcil cria uma demanda que aumenta o valor das propriedades, o que por sua vez aumenta o valor do crdito disponvel para financi-las. As bolhas comeam quando as pessoas passam a comprar casas na expectativa de que sua valorizao permitir a elas refinanciar suas hipotecas, com lucros. Isso foi o que aconteceu nessa ltima crise.[10]

[editar] Origem

Tudo comeou em 2001, com o furo da "bolha da Internet". Para proteger os investidores, Alan Greenspan, presidente da Reserva Federal Americana, decidiu orientar os investimentos para o setor imobilirio.[11] Adotando uma poltica de taxas de juros muito baixas e de reduo das despesas financeiras, induziu os intermedirios financeiros e imobilirios a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imveis, principalmente atravs da Fannie Mae e da Freddie Mac, que j vinham crescendo muito desde que diferentes governos e polticos dos Estados

Unidos as usaram para financiar casas aos mais pobres. O governo garantia os investimentos feitos por essas duas empresas. Bancos de vrios pases do mundo, atrados pelas garantias do governo, acabaram emprestando dinheiro a imobilirias atravs da Fannie Mae e da Freddie Mac, que estavam autorizadas a captar emprstimos em qualquer lugar do mundo.

Foi assim criado o sistema das hipotecas subprimes, emprstimos hipotecrios de alto risco e de taxa varivel concedidos s famlias "frgeis", ou seja, para os clientes apelidados de "ninja" (um acrnimo para "sem renda, sem emprego e sem patrimnio"). Na realidade, eram financiamentos de casas, muitas vezes conjugados com a emisso de cartes de crdito, concedidos a famlias que os bancos sabiam de antemo no ter renda familiar suficiente para poder arcar com suas prestaes.

Num passo seguinte, os bancos que criaram essas hipotecas criaram derivativos negociveis no mercado financeiro, instrumentos sofisticados para securitiz-las, isto , transform-las em ttulos livremente negociveis - por elas lastreados - que passaram a ser vendidos para outros bancos, instituies financeiras, companhias de seguros e fundos de penso pelo mundo afora. Por uma razo que se desconhece, as agncias mundiais de crdito deram a chancela de AAA - a mais alta - a esses ttulos.

Quando a Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juros para tentar reduzir a inflao, desregulou-se a mquina; o preo dos imveis caiu, tornando impossvel seu refinanciamento para os clientes ninja, que se tornaram inadimplentes em massa, e esses ttulos derivativos se tornaram impossveis de ser negociados, a qualquer preo, o que desencadeou um efeito domin, fazendo balanar o sistema bancrio internacional, a partir de agosto de 2007.

A jornalista Hanna Rosin argumenta que os milhes de adeptos da teologia da prosperidade podem ter influenciado o problema no mercado imobilirio, que causou a crise econmica de 2008-2009, por ignorar fatores como salrios por hora e extrato de conta bancria, bem como causa e efeito, e um clculo prudente dos gastos oferecidos, em favor de "milagres financeiros e a idia de que o dinheiro uma substncia mgica que vem como um dom do alto".[12]

[editar] A superexpanso (super-boom) de 60 anos

Nos ltimos 60 anos, cada vez que a expanso do crdito entrou em crise as autoridades financeiras agiram injetando liquidez no sistema financeiro e adotando medidas para estimular a economia. Isso criou um sistema de 'incentivos assimtricos', conhecido nos Estados Unidos como moral hazard, que encorajava uma expanso de crdito cada vez maior. George Soros comenta: "O sistema foi to bem sucedido que as pessoas passaram a acreditar naquilo que o ento presidente Reagan chamava de "a mgica dos livres-mercados" e que eu chamo de fundamentalismo de livre mercado. Os fundamentalistas de livre mercado acreditam que os mercados tendem a um equilbrio natural e que os interesses de uma sociedade sero alcanados se cada indivduo puder buscar livremente seus prprios interesses. Essa uma concepo obviamente errnea porque foi a interveno nos mercados, no a ao livre dos mercados, que evitou que os sistemas financeiros entrassem em colapso. No obstante, o fundamentalismo de livre mercado emergiu como a ideologia econmica dominante na dcada de 1980, quando os mercados financeiros comearam a ser globalizados, e os Estados Unidos passaram a ter um dficit em conta-corrente".[10]

A globalizao permitiu aos Estados Unidos sugar a poupana mundial, e consumir muito mais do que produzia, tendo seu dfict em conta-corrente atingido 6,2% do PIB em 2006. Seus mercados financeiros 'empurravam' os consumidores a tomar emprestado, criando cada vez mais instrumentos sofisticados e condies favorveis ao endividamento. As autoridades financeiras colaboravam e incentivavam esse processo, intervindo - para injetar liquidez - cada vez que o sistema financeiro global se visse em risco. A partir de 1980 os mercados financeiros mundiais comearam a ser desregulamentados, tendo sua superviso governamental progressivamente relaxada at virtualmente desaparecer.[10]

A superexpanso (super-boom) saiu dos trilhos quando os instrumentos financeiros se tornaram to complicados que as autoridades financeiras governamentais se tornaram tecnicamente incapazes de avaliar os riscos desses instrumentos financeiros, e

passaram a se utilizar dos sistemas de gerenciamento de riscos dos prprios bancos privados. Da mesma maneira, as agncias de anlise de crdito internacionais se baseavam nas informaes fornecidas pelos prprios criadores dos instrumentos sintticos; s vsperas da quebra da Fannie Mae, essas agncias ainda classificavam os derivativos de emprstimos subprime como um risco AAA. "Foi uma chocante abdicao de responsabilidade", classificou Soros.[10]

[editar] Riscos e poderes regulatrios

Para alguns analistas, a primeira metade da dcada de 2000 ser relembrada como a poca em que as inovaes financeiras superaram a capacidade de avaliao de riscos tanto dos bancos como das agncias reguladoras de crdito. O caso do Citigroup emblemtico: o banco sempre esteve sob fiscalizao do Federal Reserve, e seu quase colapso indica que no apenas a regulamentao ento vigente foi ineficaz como o governo norte-americano, mesmo depois de deflagrada a crise, subestimou sua severidade.[13] O Citigroup no esteve sozinho dentre as instituies financeiras que se tornaram incapazes de compreender totalmente os riscos que estavam assumindo. medida que os ativos financeiros se tornaram mais e mais complexos, e cada vez mais difceis de serem avaliados, os investidores passaram a ser reassegurados pelo fato de que tanto as agncias internacionais de avaliao de crdito de bnus (bonds) como os prprios agentes reguladores, que passaram a nelas se fiar, aceitavam como vlidos os complexos modelos matemticos - de impossvel compreenso para a maioria das pessoas - usados pelos criadores dos produtos financeiros sintticos, que "provavam" que os riscos eram muito menores do que veio a se verificar na realidade.[13] Na opinio de George Soros, a posio das agncias reguladoras financeiras estadunidenses demonstrou "uma chocante abdicao de suas responsabilidades".[14]

[editar] Crise do subprime

Ver artigo principal: Crise do Subprime

Em Birmingham, no incio de 2007, fila de clientes diante do Banco Northern Rock, o primeiro banco a sofrer interveno no Reino Unido, desde 1860. A crise do subprime foi desencadeada em 2006, a partir da quebra de instituies de crdito dos Estados Unidos que concediam emprstimos hipotecrios de alto risco (em ingls: subprime loan ou subprime mortgage), arrastando vrios bancos para uma situao de insolvncia e repercutindo fortemente sobre as bolsas de valores de todo o mundo. A crise foi revelada ao pblico a partir de fevereiro de 2007, culminando na Crise econmica de 2008.[15][16]

Subprimes so crditos bancrios de alto risco, que incluem desde emprstimos hipotecrios at cartes de crditos e aluguis de carros, eram concedidos, nos Estados Unidos, a clientes sem comprovao de renda e com histrico ruim de crdito -- a chamada clientela subprime. As taxas de juros eram ps-fixadas, isto , determinadas no momento do pagamento das dvidas. Por esta razo, com a disparada dos juros nos Estados Unidos, muitos muturios ficaram inadimplentes, isto , sem condies de pagar as suas dvidas aos bancos.

Desde outubro de 2008 a crise financeira global levou falncia muitas instituies financeiras nos EUA e dos pases europeus, ameaando o sistema financeiro global.

A partir do 18 de julho de 2007, essa crise do crdito hipotecrio provocou uma crise de confiana geral no sistema financeiro e falta de liquidez bancria (falta de dinheiro disponvel para saque imediato pelos correntistas do banco).

O problema que se iniciou com as hipotecas subprime espalhou-se por todas as obrigaes com colateral, ps em perigo as empresas municipais de seguros e resseguros e ameaou arrasar o mercado de swaps, multitrilionrio em dlares. As obrigaes dos bancos de investimentos em compras alavancadas se tornaram um passivo. Os hedge-funds, criados para ser supostamente neutros em relao aos mercados, se provaram no to neutros e tiveram que ser resgatados. O mercado de commercial-papers paralisou-se, e os instrumentos especialmente criados pelos bancos para tirar as hipotecas de seus balanos j no conseguiam mais encontrar fontes externas de financiamento (funding). O golpe final veio quando o mercado de emprstimos interbancrio - que o ncleo do sistema financeiro - paralisou-se. Os bancos centrais de todos os pases desenvolvidos se viram obrigados a injetar rapidamente no sistema financeiro mundial um volume de recursos jamais injetado antes, e a estender crditos para uma variedade de papis financeiros, e tipos de instituies, jamais socorridos anteriormente.[10]

Mesmo os bancos que no trabalhavam com os chamados "crditos podres" foram atingidos. O banco britnico Northern Rock, por exemplo, no tinha hipoteca-lixo em seus livros. Porm, adotava uma estratgia arriscada - tomar dinheiro emprestado a curto prazo (a cada trs meses) s instituies financeiras, para emprest-lo a longo prazo (em mdia, vinte anos), aos compradores de imveis. Repentinamente, as instituies financeiras deixaram de emprestar dinheiro ao Northern Rock, que, assim, no incio de 2007, acabou por se tornar o primeiro banco britnico a sofrer interveno governamental, desde 1860.[17]

Na sequncia, temendo que a crise tocasse a esfera da chamada "economia real",[18] os bancos centrais foram conduzidos a injetar liquidez no mercado interbancrio, para evitar o efeito domin, com a quebra de outros bancos, em cadeia, e que a crise se ampliasse em escala mundial.

Segundo o FMI declarou em 7 de outubro de 2008, as perdas decorrentes de hipotecas do mercado imobilirio subprime j realizadas contabilizavam 1,4 trilho de dlares e o valor total dos crditos subprime ainda em risco se elevava a 12,3 trilhes, o que corresponde a 89% do PIB estadunidense.

[editar] O socorro governamental

Desde que a crise de confiana se agravou e se generalizou, paralisando o sistema de emprstimos interbancrio mundial, o governo estadunidense decidiu pr de lado suas teorias neoliberais e passou a socorrer ativamente as empresas financeiras em dificuldades.

Um pacote, aprovado s pressas pelo congresso estadunidense, destinou setecentos bilhes de dlares de dinheiro do contribuinte americano a socorro dos banqueiros. Desde a quebra do Bear Stearns[19] at outubro de 2008, o governo estadunidense e a Reserva Federal j haviam despendido cerca de dois trilhes de dlares na tentativa de salvar instituies financeiras.

Os pases da UE tambm despenderam vrias centenas de bilhes de euros na tentativa de salvar seus prprios bancos.

Em abril de 2009, o G-20, reunido em Londres, anunciou a injeo de US$ 1 trilho na economia mundial de maneira a combater a crise financeira global.

[editar] Consequncias

Oferta de emprstimos sem comprovao de renda, nos Estados Unidos. [editar] Mundo

As demisses decorrentes da crise tm gerado reaes desesperadas na Frana. Em maro de 2009, em trs oportunidades trabalhadores franceses fizeram refns devido a demisses: dia 13, funcionrios da Sony detiveram o presidente da empresa no pas por uma noite, forando o pagamento de indenizaes maiores pelas demisses; no dia 25, o diretor de operao da 3M foi detido por um dia, sendo libertado aps aceitar oferecer melhores condies aos 110 empregados demitidos; e no dia 31, os funcionrios da Caterpillar fizeram quatro diretores da empresa refns, aps o anncio do plano de cortar 733 empregos na unidade.[20]

Por outro lado, as emisses de CO na Unio Europeia foram reduzidas em 6% em 2008 em decorrncia da crise, de acordo com o instituto de pesquisa Point Corbon, sediado em Oslo.[21]

[editar] Brasil

Este artigo ou seo pode conter informaes desatualizadas. Se sabe algo sobre o assunto abordado, edite o artigo e inclua informaes mais recentes.

Evoluo do ndice Ibovespa entre 1994 e julho de 2009. possvel observar a forte queda do Ibovespa durante o auge da crise. Alguns economistas defendem que a crise do subprime no afetar significativamente o Brasil.[22] De todo modo, segundo a maioria dos analistas, todos os pases do mundo sero tocados, em algum momento, em maior ou menor grau, pelos feitos da crise deflagrada nos Estados Unidos, devido globalizao dos negcios entre pases.

No Brasil, o efeito mais imediato foi a baixa das cotaes das aes em bolsas de valores, provocada pela venda macia de aes de especuladores estrangeiros, que se atropelaram para repatriar seus capitais a fim de cobrir suas perdas nos pases de origem. Em razo disso, ocorreu tambm uma sbita e expressiva alta do dlar. Posteriormente, grandes empresas brasileiras exportadoras sentiram o baque da falta de crdito no mercado mundial para concretizar seus negcios com parceiros estrangeiros. A recesso que atingiu uma grande parte dos pases desenvolvidos tambm afetou o comrcio externo. Empresas como Embraer e Cummins por exemplo, que tm seus faturamentos altamente dependentes de vendas ao exterior, tiveram que cortar postos de trabalho e reduzir drasticamente o ritmo de produo. Grandes empresas siderrgicas no Brasil tambm desligaram alguns fornos. Em efeito cascata, empresas menores fornecedoras desses grandes conglomerados tambm foram atingidas.

Como o Brasil realizou profundas reformas econmicas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, como o PROER, implementando sistemas mais rgidos de controle ao sistema financeiro domstico, o Brasil ficou menos exposto ao cerne da crise, que foi a contaminao sistmica do mercado financeiro internacional. Alm disso, a economia brasileira encontra-se numa posio bem mais confortvel para enfrentar essa tempestade mundial do que em crises anteriores. O modelo econmico adotado pelo pas desde fins dos anos 1990 - metas de inflao, cmbio flutuante e responsabilidade fiscal - fez com que um colcho de proteo, atravs da obteno consistentes reservas cambiais e de forte credibilidade internacional, salvaguardasse a economia. No obstante, por estar incluso no comrcio mundial, o pas ainda assim sentiu efeitos colaterais pesados.

De imediato entretanto, os maiores prejuzos com a crise foram das empresas que especulavam com derivativos de cmbio- e fizeram a aposta errada.[5][6][7] O governo anunciou que no pretende cobrir, com dinheiro pblico, as milionrias perdas privadas, decorrentes de apostas mal-sucedidas.

A alta do dlar, embora possa eventualmente causar alguma presso inflacionria, tende a aumentar a competitividade internacional das exportaes do pas, j que o preo dos produtos brasileiros, em dlares, cai. No entanto, para os setores da economia brasileira que dependem de importaes de produtos industrializados sem similar nacional (mquinas e equipamentos, sobretudo produtos de alta tecnologia) ou mesmo de algumas commodities, como o trigo, o dlar alto um problema.

No mercado interbancrio, houve uma paralisao quase total dos emprstimos normalmente concedidos pelos grandes bancos aos menores. Num primeiro momento, o Banco Central do Brasil decidiu isentar os grandes bancos de uma parte do depsito compulsrio, a qual deveria ser destinada a emprstimos aos bancos menores. Mas, devido ao clima de quase pnico que se instaurou nos mercados financeiros em geral, tal medida no se revelou suficiente: os grandes bancos continuavam no concedendo emprstimos aos menores. Assim, o Banco Central decidiu adquirir as carteiras de crdito de que os bancos pequenos desejassem se desfazer, desde que oferecessem garantias. Houve presso ainda para que os bancos estatais comprassem bancos

menores em dificuldades. Assim, o Banco do Brasil comprou 49% das aes do banco Votorantim, injetando liquidez, mas no ficando com o controle acionrio da instituio.

Para evitar a falta de liquidez (falta de dlares) nos mercados de cmbio, o Banco Central tem realizado leiles de venda de swaps cambiais e, para evitar especulaes, em outubro de 2008, realizou at mesmo vrios leiles de venda de dlar fsico vista (moeda), utilizando as reservas internacionais do Brasil, o que no era feito desde 2003. Com isto, o BC no pretendia derrubar as cotaes do dlar, nem lhes impor um teto, mas somente aumentar a liquidez do mercado.[23]

Por outro lado, o Banco Central tem-se mostrado atento a quaisquer indcios de falta de liquidez no sistema bancrio brasileiro, tendo liberado, por mais de uma vez, vrias dezenas de bilhes de reais dos depsitos compulsrios, especialmente para os bancos mdios e pequenos, preferindo dessa forma irrigar o sistema bancrio, em vez de reduzir os juros bsicos (taxa Selic), o que ainda poderia provocar presses inflacionrias. Se a economia mundial entrar em uma conjuntura de deflao, o que no impossvel, s ento os juros podero ser reduzidos sem medo.

Em setembro de 2009, a agncia Moody's informou sobre a elevao de rating da dvida do governo para grau de investimento, desde a deflagrao da crise econmica de 2008/2009. A classificao tambm foi dada pelas agncias Fitch Ratings e a Standard & Poor's, em 2008. Assim, o Brasil foi o primeiro pas a receber a elevao de categoria.[24]

[editar] Anlises e prognsticos Soros George Soros, em seu livro The New Paradigm for Financial Markets (2008), diz que "estamos em meio a uma crise financeira no vista desde a crise de 1929"[25] e declara que essa crise poderia, em tese, ter sido evitada:

desgraadamente temos a idia de fundamentalismo de livre mercado, que hoje a ideologia dominante, e que pressupe que os mercados se corrigem; e isso falso porque geralmente a interveno das autoridades que salvam os mercados quando eles se atrapalham. Desde 1980 tivemos cinco ou seis crises: a crise bancria internacional de 1982, a falncia do banco Continental Illinois em 1984 e a falncia do Long-Term Capital Management, em 1998, para citar trs. A cada vez, so as autoridades que salvam os mercados, ou organizam empresas para faz-lo. As autoridades tm precedentes nos quais se basear. Mas, de alguma maneira, essa idia de que os mercados tendem ao equilbrio e que seus desvios so aleatrios ganhou aceitao geral e todos estes instrumentos sofisticados de investimentos foram baseados nela.[25]

Walter Williams O professor e economista americano Walter Williams, em entrevista ao programa de televiso Milnio, do canal Globo News, fez a seguinte anlise:

Mas isto (a crise) foi causado pelo governo, pela Fannie Mae, Freddie Mac e outros, e pelas regulamentaes do governo americano, que obrigam os bancos a concederem emprstimos a quem eles no concederiam de outra maneira. Foi a chamada Lei de

Reinvestimento Comunitrio que possibilitou aos pobres comprarem casa prpria. Obrigaram os bancos a fazer emprstimos. [...] Eles disseram aos bancos: "Se quiser abrir outra agncia, tem que nos mostrar que concedeu emprstimos a pobres, negros ou minorias." E fizeram chantagem com os bancos. [...] Foi causada (a crise) pelo governo.

Luiz Incio Lula da Silva O presidente Lula, falando na abertura da reunio do G20 financeiro, que se realizou em novembro de 2008, em So Paulo, para debater alternativas para a crise internacional, ecoando George Soros, tambm criticou a crena dogmtica na autoregulao dos mercados:

Ela (a crise) conseqncia da crena cega na capacidade de auto-regulao dos mercados e, em grande medida, na falta de controle sobre as atividades de agentes financeiros. Por muitos anos, especuladores tiveram lucros excessivos, investindo o dinheiro que no tinham em negcios mirabolantes. Todos estamos pagando por essa aventura. Esse sistema ruiu como um castelo de cartas e com ele veio abaixo a f dogmtica no princpio da no interveno do Estado na economia. Muitos dos que antes abominavam um maior papel do Estado na economia passaram a pedir desesperadamente sua ajuda.

[editar] Crise das dvidas soberanas

Ver artigos principais: Crise do limite de dvida dos Estados Unidos de 2011 e Crise da dvida pblica da Zona Euro

O desdobramento mais recente da crise financeira e econmica internacional de 20082009 foi o da insolvncia das naes desenvolvidas. O grande acmulo da dvida governamental fez estourar a capacidade de endividamento dessas naes e causou uma enorme turbulncia financeira ao provocar o temor de que essas naes no pudessem honrar com seus compromissos e decretassem o calote da dvida[26]. A principal consequncia da crise das dvidas soberanas foi a grande instabilidade social causada pelos cortes dos benefcios sociais[27].

Em naes como o Japo - que detm o maior percentual de endividamento - a relao dvida-PIB j ultrapassa os 200% [28][29]. Nos Estados Unidos, entretanto, est a maior dvida bruta entre todas as naes do mundo, que j supera os 14,3 trilhes de dlares[30]. Nesse ponto, aliado s recentes crises de insolvncia na Grcia, Irlanda e Portugal, e ao temor de que a Espanha, a Itlia e o Reino Unido[31] tambm no consigam honrar seus compromissos, o mercado financeiro sofreu um forte abalo[32].

Porm, o estopim da segunda crise - que j vem sendo chamada de "dj vu de 2008"[33], por acontecer exatamente trs anos depois do primeiro estouro da crise do subprime - se deu pela desconfiana de que talvez os EUA no conseguissem honrar seus compromissos. A crise do limite de dvida dos EUA, que levou a um longo processo negocial e de debate no Congresso Americano sobre se o pas deveria aumentar o limite de dvida, e, caso afirmativo, em que montante, fez crescer a especulao internacional sobre a real capacidade de solvncia americana[34]. A crise forjou um fim quando um acordo complexo entre ambas as partes conseguiu elevar o limite de gastos em 31 de julho de 2011. Aps a sua aprovao no Congresso e Senado, foi ratificado pelo Presidente Barack Obama, ficando o acordo conhecido

como Budget Control Act of 2011 em 2 de agosto, data limite para o acordo[35]. Porm o mercado no reagiu positivamente ao acordo, e nos dias que se seguiram, a maior parte das bolsas de valores mundiais fecharam em forte queda[36].

Diante do quadro da crise, a agncia de classificao de notas de crdito Standard & Poor's (S&P) rebaixou pela primeira vez na sua histria a nota da dvida pblica dos Estados Unidos de AAA para AA+, devido crescente dvida e ao pesado dficit de oramento[37]. Imediatamente ao rebaixamento da nota de crdito dos EUA, as bolsas de valores mundiais calcularam altssimas perdas. Seguiu-se ainda que os dados divulgados no ms de agosto apontavam que as economias da Zona do Euro haviam crescido menos do que o previsto, sendo que algumas j estavam em profunda recesso[38]. Depois de inmeras perdas, algumas aes de bancos se recuperaram nas semanas seguintes de agosto, com os mercados acionrios globais, em parte, recuperados aps o rebaixamento da nota da dvida estadunidense[39].

A crise da dvida pblica da Zona Euro uma crise econmica iniciada na Grcia e que se estendeu aos demais pases da Europa desde 2010.

ndice [esconder] 1 Histria 2 Socorro financeiro 2.1 Emprstimo Grcia 2.2 Emprstimo a Portugal

3 Protestos nas ruas

4 Referncias

[editar] Histria

Dvida pblica em razo do PIB em 2007.

Dvida pblica em razo do PIB em 2009/2010. A origem da crise das dvidas pblicas remonta a 2007, quando saiu a pblico a falncia da Lehman Brothers, colocando assim um ponto final a anos de desenfreada especulao financeira mundial. Esta "bomba" empurrou o sistema financeiro global para a beira do abismo e a economia ficou muito prxima de uma nova Grande Depresso.

Os governos de alguns estados lanaram, naquela altura, uma operao para salvar os bancos, comprometendo, dessa forma, somas enormes de fundos pblicos, que superaram 20% do PIB mundial. Com isto, conseguiram ganhar tempo, impedir o agravamento da situao e o consequente colapso dos mercados financeiros, ficando a situao sem controlo. No entanto, no conseguiram reverter a crise.

Esta interveno, que pretendia recuperar as taxas de lucro, que por sua vez permitiriam abrir um novo ciclo histrico de crescimento, deu no entanto, lugar a uma nova fase da crise: a da dvida pblica, que afeta em particular os grandes estados, como os Estados Unidos (com um tero do total mundial), a Europa e o Japo, acabando por se concentrar com muita violncia na Unio Europeia, em especial nos Estados-membro perifricos.

Tornou-se pblico que durante anos o governo grego assumiu profundas dvidas, gastando descontroladamente, o que contrariava os acordos econmicos europeus. Quando chegou a crise financeira global, o dficit oramental subiu e os investidores exigiram taxas muito mais altas para emprestar dinheiro Grcia.

A crise comeou com a difuso de rumores sobre o nvel da dvida pblica da Grcia e o risco de suspenso de pagamentos pelo governo grego. A crise da dvida grega teria sido iniciada no final de 2009, mas s se tornou pblica em 2010. Resultou tanto da crise econmica mundial como de fatores internos ao prprio pas - forte endividamento (cerca de 120% do PIB) e dficit oramentrio superior a 13% do PIB.

A situao foi agravada pela falta de transparncia por parte do pas na divulgao dos nmeros da sua dvida e do seu dficit. Segundo o economista Jean Pisani-Ferry, nos ltimos dez anos, a diferena mdia entre o dficit oramentrio real e a cifra notificada Comisso europeia foi de 2.2% [1] do PIB.[2]

Diante das srias dificuldades econmicas da Grcia, a Unio Europeia adotou um plano de ajuda , incluindo emprstimos e superviso do Banco Central Europeu. O Conselho Europeu tambm declarou que a UE realizaria uma operao de bailout do pas, se fosse necessrio.[3] A ameaa de extenso da crise a outros pases, nomeadamente Portugal e Espanha,[4][5] levou-os a tomar medidas de austeridade.[6]

Segundo alguns analistas, em ltima instncia, essa crise poderia significar rebaixamento das dvidas de todos os pases da Europa.[7] Os ataques especulativos

Grcia foram considerados por alguns, inclusive pelo governo grego, como ataques Zona Euro - atravs do seu elo mais fraco, a Grcia.[8]

Todos os pases da Zona Euro foram afetados pelo impacto que teve a crise sobre a moeda comum europeia. Houve receios de que os problemas gregos nos mercados financeiros internacionais despoletassem um efeito de contgio que fizesse tremer os pases com economias menos estveis da Zona Euro, como Portugal, Repblica da Irlanda, Itlia e Espanha que, tal como a Grcia, tiveram que tomar medidas para reajustar as suas contas.

A partir de maro de 2010, a Zona Euro e o Fundo Monetrio Internacional (FMI) debateram conjuntamente um pacote de medidas destinadas a resgatar a economia grega, que foi bloqueado durante semanas devido em particular a divergncias entre a Alemanha, economia lder da zona, e os outros pases membros. Durante essas negociaes e perante a incapacidade da Zona Euro de chegar a um acordo, a desconfiana aumentou nos mercados financeiros, enquanto o euro teve uma queda regular e as praas bolsistas apresentavam fortes quedas.

Finalmente, em 2 de maio de 2010, a Unio Europeia (UE) e o FMI acordaram um plano de resgate de 750 bilhes de euros para evitar que a crise se estendesse por toda a Zona Euro. A essa medida adicionou-se a criao, anunciada a 10 de maio, de um fundo de estabilizao coletivo para a Zona Euro. Ao mesmo tempo, todos os maiores pases europeus tiveram que adotar os seus prprios planos de ajuste das finanas publicas, inaugurando uma era de austeridade.[9]

A crise provocou nova discusso sobre a coordenao econmica e integrao fiscal da zona, sendo apontadas as faltas de um tesouro e de um oramento consolidado da Zona Euro como problemas mais importantes.[10][11]

[editar] Socorro financeiro

[editar] Emprstimo Grcia

Em 2 de maio, os pases da Zona Euro, o FMI e a Grcia chegaram a um acordo, envolvendo emprstimos no valor de 110 bilhes de euros ao pas e condicionado execuo de um programa de ajuste estrutural da economia grega.[12] Em 8 de maio, o presidente francs Nicolas Sarkozy e a chanceler alem Angela Merkel anunciaram que os 16 pases da Zona Euro iriam elaborar um plano de defesa da moeda europeia, at a abertura dos mercados, no dia 10, para evitar novos ataques especulativos moeda europeia. A base jurdica para tal plano repousa no artigo 122-2 do tratado europeu, que estipula que "quando um estado-membro experimentar dificuldades, ou uma sria ameaa de graves dificuldades, em razo de catstrofes naturais ou de acontecimentos excepcionais que escapem ao seu controle, o Conselho, a partir de proposta da Comisso, pode conceder, sob certas condies, assistncia financeira da Unio ao estado-membro em questo."[13]

A chanceler Merkel ressaltou a determinao dos lderes europeus em blindar o euro contra a especulao. Merkel disse tambm que os lderes europeus esto indo alm do plano de resgate para a Grcia, pois avaliam que "a estabilidade da Zona do Euro como um todo ainda no est assegurada apenas com o programa grego". Segundo ela, todos os membros da Zona do Euro devem "de forma segura e rpida" reduzir seus dficits oramentais. Merkel ressaltou a necessidade de uma regulao mais forte para o mercado financeiro. J o presidente Sarkozy declarou que "o euro um elemento essencial da Europa. Ns no podemos deix-lo na mo de

especuladores".[14]

[editar] Emprstimo a Portugal

Em 16 de maio de 2011, os ministros das finanas da Zona Euro aprovaram oficialmente o emprstimo de 78 bilhes de euros a Portugal. O emprstimo ser dividido igualmente pelo Mecanismo Europeu de Estabilizao Financeira, pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e pelo Fundo Monetrio Internacional.[15] De acordo com o ex-ministro das finanas portugus, Teixeira dos Santos, a taxa de juro mdia do emprstimo dever rondar os 5,1%.[16] Portugal torna-se assim no terceiro

pas da Zona Euro, aps a Irlanda e a Grcia, a receber apoio financeiro internacional para suplantar dificuldades financeiras.

Estima-se que entre 30.000 e 70.000 portugueses passaram a trabalhar nas excolnias (principalmente Brasil[17] e Angola[18]) durante a poca da crise financeira.[19][20][21][22]

[editar] Protestos nas ruas

Ao longo do ano de 2010, foram feitos muitos protestos populares contra as medidas de austeridade adotadas na Zona Euro na Grcia e, em menor escala, na Irlanda, na Itlia e na Espanha. Nesse perodo, segundo a anlise do filsofo poltico Slavoj iek, construram-se duas perspectivas acerca da crise. A viso dominante prope uma naturalizao despolitizada da crise: medidas regulatrias so apresentadas no como decises baseadas em escolhas polticas, mas como imperativos de uma lgica financeira neutra, isto , se queremos estabilizar nossas economias, simplesmente temos que engolir a plula amarga. J segundo a viso dos trabalhadores, pensionistas e estudantes - aqueles que protestam nas ruas - as medidas de austeridade constituem uma nova tentativa do capital financeiro internacional de desmantelar o que resta do estado social.

De acordo com a primeira perspectiva, o Fundo Monetrio Internacional aparece como um agente neutro da disciplina e da ordem; na segunda perspectiva, aparece como agente opressivo do capital global.[23

Em economia, recesso uma fase de contrao no ciclo econmico, isto , de retrao geral na atividade econmica por um certo perodo de tempo, com queda no nvel da produo (medida pelo Produto Interno Bruto), aumento do desemprego, queda na renda familiar, reduo da taxa de lucro e aumento do nmero de falncias e concordatas, aumento da capacidade ociosa e queda do nvel de

investimento.[1][2][3][4][5][6]

De maneira um tanto simplista, costuma-se considerar que uma economia entra em recesso aps dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Tal idia surgiu a partir de um artigo de Julius Shiskin, publicado em 1974 pelo New York Times.[7] Entretanto, a "regra prtica" mostrou-se falha, por exemplo, na recesso de 2001 (estouro da bolha das empresas ponto com e o surpreendente colapso da chamada "nova economia"), quando desapareceram 2,7 milhes de empregos - mais do que em qualquer recesso ps-guerra.[8] Da mesma forma, acredita-se que a recesso seja causada por uma queda generalizada nos gastos, e, assim, os governos costumam responder recesso com polticas macroeconmicas expansionistas - expanso da oferta de meios de pagamento e do gasto pblico; reduo de tributos - o que, entretanto, pode resultar em nova crise, a exemplo do que ocorreu aps o colapso das pontocom, quando uma grande expanso do crdito inflou uma outra bolha, a das hipotecas, dando lugar crise do subprime,[9] enquanto que a expanso do gasto pblico engendrou, algum tempo depois, a crise da dvida soberana na zona euro.

ndice [esconder] 1 Tipos de recesso 2 Recesso e depresso 3 Referncias 4 Ver tambm

[editar] Tipos de recesso

Informalmente, os economistas se referem a diferentes tipos de recesso, segundo a forma assumidas pela curva de evoluo do PIB em cada caso. Assim, a alternncia de perodos de queda e de crescimento define recesses em forma de V, U, L ou W.

A curva em V expressa uma curta e aguda contrao, seguida de recuperao acelerada e sustentada, tal como a que ocorreu em 1990, a partir da Guerra do Golfo, com a resultante alta dos preos do petrleo, aumento da inflao, elevado desemprego, aumento do deficit pblico e lento crescimento do PIB, pelo menos at 1992 ou 1993.[10]

A curva em forma de U (recesso prolongada) ocorreu em 1973 com a guerra do Yom Kipur e o primeiro choque do petrleo, logo aps a Revoluo Iraniana. A recesso do Japo em 1993-1994 foi do tipo U e a de 1997-1999 foi do tipo L. J os tigres asiticos experimentaram recesses do tipo U entre 1997 e 1998, exceto a Tailndia, que se afundou em uma recesso tipo L.[11]

A recesso em forma de L ocorre quando a economia no volta a crescer por muitos anos (a chamada "dcada perdida"). Pode ser considerada como o tipo mais severo de recesso ou, mais apropriadamente, como depresso.

J a curva em W caracteriza a chamada recesso double-dip, como a que ocorreu em 1980, durante o segundo choque do petrleo, quando a economia entra em recesso, emerge por um curto perodo em que h algum crescimento, mas rapidamente volta a cair em recesso.

[editar] Recesso e depresso

Caracterizada por uma reduo expressiva do nvel de atividade econmica, a recesso todavia considerada como uma fase normal dos ciclos econmicos prprios da economia capitalista, sendo bem menos severa que a depresso. Uma

queda acentuada do PIB (cerca de 10%), por um perodo relativamente longo (trs ou quatro anos) j caracteriza uma depresso[12]

A crise econmica de 2008 afetou particularmente os EUA, o Japo e a Europa Ocidental, que, desde ento, entraram em um perodo recessivo. Tecnicamente, entretanto, ainda no se configura uma depresso econmica nesses pases.

Em Portugal, no incio de Janeiro de 2009, o jornalista Srgio Anbal comentava as perspectivas da economia do pas:

"Recesso forte e rpida ou depresso prolongada e dolorosa: na actual conjuntura econmica as escolhas no so muitas para Portugal e para o resto do mundo ocidentalizado, e o melhor que se pode esperar mesmo que, depois de um ano de 2009 negativo, com crescimento abaixo de zero e subida do desemprego, se possa iniciar logo a seguir uma recuperao. Neste momento, este cenrio mais um desejo do que uma previso. Em ocasies anteriores, como a da Grande Depresso dos anos 30, uma crise financeira de grandes propores levou a uma dcada de estagnao econmica. Os mais pessimistas, como o Nobel Paul Krugman, dizem que o mais provvel que o mesmo acontea agora. Os mais optimistas defendem que os governos e os bancos centrais j aprenderam com os erros do passado e esto a resolver a situao. Para uma economia pequena como Portugal, a dependncia em relao ao exterior quase total. Por isso, por muitos estmulos econmicos que o Governo apresente, se Portugal conseguir travar a recesso a partir de 2009 ser porque, no resto do Mundo, j se iniciou uma recuperao." [13]

Dois dias depois, numa entrevista dada SIC, o Primeiro-Ministro Jos Scrates admitiu que Portugal provavelmente entraria em recesso.